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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 ELEMENTOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS – O CASO DA OLIVICULTURA EM MARIA DA FÉ, MINAS GERAIS [email protected] APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais ANDRÉ LUIZ MEDEIROS; MIGUEL RIVERA PERES JÚNIOR; LUIZ FERNANDO CARVALHO; ADRIANO HIGINO FREIRE. UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, LAVRAS - MG - BRASIL. Elementos e desafios na construção de cadeias produtivas – O caso da olivicultura em Maria da Fé, Minas Gerais. Grupo de Pesquisa: ANDRÉ LUIZ MEDEIROS – UNIFEI/UFLA; MIGUEL RIVERA PERES JÚNIOR – IFMG/UFLA; LUIZ FERNANDO CARVALHO – UFSJ/UFLA; ADRIANO HIGINO FREIRE – UFLA. Resumo Este trabalho apresenta a experiência embrionária de construção da cadeia produtiva de azeite em Minas Gerais, a partir do esforço conjunto de três instituições empenhadas na introdução da cultura da fruta da oliveira no país e do consequente processamento e beneficiamento do produto e de sua comercialização. São discutidos aqui os papéis e tarefas destas instituições, os desafios projetados para este empreendimento e o modelo básico que dá curso á criação e desenvolvimento da cadeia, como também o modelo teórico sobre cadeias produtivas proposto por Alencar (2001), que trata das relações entre atores que integram uma cadeia agroindustrial como condutor das nossas observações de campo. Como conclusão, apresentamos os indicadores e condicionantes da dinâmica deste empreendimento, na perspectiva de que o otimismo em relação às possibilidades de sucesso que se percebe nesta experiência, não é infundado. Palavras-chaves: Cadeias produtivas; Olivicultura; Azeite; Maria da Fé/MG. Abstract This paper presents the early stages of construction experience in the production chain of oil in Minas Gerais, from the joint effort of three institutions involved in introducing the culture of fruit tree in the country and the subsequent processing and product processing and marketing. We discuss here the roles and tasks of these institutions, the challenges this new development designed for the basic model that gives way to the creation and development of the chain, as well as the theoretical model of supply chains proposed by Alencar (2001), which deals with the relationships between actors incorporating an industrial chain as a driver of our field observations. In conclusion, we present the

Elementos e desafios na construção de cadeias produtivas ... · Em Maria da Fé, sul de Minas Gerais, um grupo de cerca de 50 produtores está desenvolvendo uma área com com mais

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ELEMENTOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS – O CASO DA OLIVICULTURA EM MARIA DA FÉ, MINAS GERAIS [email protected] APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais ANDRÉ LUIZ MEDEIROS; MIGUEL RIVERA PERES JÚNIOR; LUIZ FERNANDO CARVALHO; ADRIANO HIGINO FREIRE. UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, LAVRAS - MG - BRASIL.

Elementos e desafios na construção de cadeias produtivas – O caso da

olivicultura em Maria da Fé, Minas Gerais.

Grupo de Pesquisa: ANDRÉ LUIZ MEDEIROS – UNIFEI/UFLA; MIGUEL RIVERA PERES JÚNIOR – IFMG/UFLA; LUIZ FERNANDO CARV ALHO –

UFSJ/UFLA; ADRIANO HIGINO FREIRE – UFLA.

Resumo Este trabalho apresenta a experiência embrionária de construção da cadeia produtiva de azeite em Minas Gerais, a partir do esforço conjunto de três instituições empenhadas na introdução da cultura da fruta da oliveira no país e do consequente processamento e beneficiamento do produto e de sua comercialização. São discutidos aqui os papéis e tarefas destas instituições, os desafios projetados para este empreendimento e o modelo básico que dá curso á criação e desenvolvimento da cadeia, como também o modelo teórico sobre cadeias produtivas proposto por Alencar (2001), que trata das relações entre atores que integram uma cadeia agroindustrial como condutor das nossas observações de campo. Como conclusão, apresentamos os indicadores e condicionantes da dinâmica deste empreendimento, na perspectiva de que o otimismo em relação às possibilidades de sucesso que se percebe nesta experiência, não é infundado. Palavras-chaves: Cadeias produtivas; Olivicultura; Azeite; Maria da Fé/MG. Abstract This paper presents the early stages of construction experience in the production chain of oil in Minas Gerais, from the joint effort of three institutions involved in introducing the culture of fruit tree in the country and the subsequent processing and product processing and marketing. We discuss here the roles and tasks of these institutions, the challenges this new development designed for the basic model that gives way to the creation and development of the chain, as well as the theoretical model of supply chains proposed by Alencar (2001), which deals with the relationships between actors incorporating an industrial chain as a driver of our field observations. In conclusion, we present the

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indicators and determinants of this dynamic development, in view of the optimism about the possibilities of success is perceived in this experiment, is not unfounded. Key Words: Supply chain; Olive; Olive oil; Maria da Fé/MG.

1. INTRODUÇÃO

Considerado como uma das bases de sustentação da economia brasileira e um dos principais responsáveis pela entrada de dólares no mercado interno, o agronegócio brasileiro perdeu força em 2009, devido principalmente a retração da demanda e à redução dos preços internacionais das commodities, que são justificadas pela crise financeira mundial. Especialistas afirmam que a queda nas exportações do agronegócio deve chegar a US$ 20 bilhões, levando-as a um patamar próximo de US$ 50 bilhões (AZEVEDO, 2009).

De acordo com Macedo (2009), a balança comercial do agronegócio teve queda de 6,9%, se comparado o primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008. Enquanto, nos seis primeiros meses de 2008, o país tinha vendido US$ 33,785 bilhões em produtos agropecuários, em 2009 o valor foi de US$ 31,443 bilhões. As informações, da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, também mostram que as importações no período foram 9,6% inferiores, ficando em US$ 5,087 bilhões. Com o resultado, o saldo comercial do agronegócio caiu de US$ 28,155 bilhões, no primeiro semestre de 2008, para US$ 26,356 bilhões de janeiro a junho deste ano.

Para Flôres Júnior (2009), há consenso que, a crise na economia mundial iniciada por volta de setembro de 2008 dá força ao protecionismo, diminuindo, assim, o comércio entre os países. Com isso, é necessário pensar em estratégias comerciais para os longos tempos de crise, em que muitos mercados tradicionais (como o da soja, da carne bovina e do café, por exemplo) sofrerão sensível contração. O autor afirma que o conteúdo tecnológico pode ser um fator adicional para o crescimento estimulando a criação de polos de pesquisa e também industrial. Ele complementa afirmando que esse é o grande desafio para um país como o Brasil. Pois, com a crise, os parceiros comerciais do Brasil também passaram a adotar medidas protecionistas, a saída, portanto, seria descobrir nichos favoráveis ao agronegócio.

É nesse sentido, a que a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé / MG, vem trabalhando. Apesar da produção de azeitonas não estar na pauta de produção agrícola do país, a Epamig, há quatro décadas, vem trabalhando em pesquisas sobre a fruta e promovendo o melhoramento genético da planta. Uma das justificativas do trabalho da Epamig é que, hoje, o Brasil é o quinto maior importador mundial de azeitonas e terceiro de azeite. Todos os anos são gastos 400 milhões de dólares com a compra desses produtos importados.

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Apesar de algumas tentativas produtivas terem sido feitas nos estados de São Paulo e Paraná na década de 1960, elas não obtiveram sucesso em função das condições climáticas, pois a oliveira exige clima frio e altas altitudes. Amparado no melhoramento genétido que a Epamig conseguiu na planta, começam a surgir algumas outras iniciativas no país. Em Maria da Fé, sul de Minas Gerais, um grupo de cerca de 50 produtores está desenvolvendo uma área com com mais de 100.000 árvores, sendo que a primeira safra comercial deverá ser colhida em 2010. As oliveiras mineiras deverão produzir em torno de 2.000 toneladas de azeitonas por ano – o que deve gerar em torno de 400.000 litros de azeite.

Por outro lado, apenas avanço genético da planta, garantindo a produção da fruta no Brasil, não é suficiente para a consolidação da cultura. É necessário criar condições comerciais para os produtos, mesmo porque essa é uma atividade nova no país. Assim, investir em pesquisas ligadas à gestão produtiva, custo de produção, formação de preço de venda e estrutura comercial dos produtos é de fundamental importância. Pois, de nada adianta produzir azeitonas e azeite se eles não tiverem condições de serem comercializados.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar o caso da olivicultura na região de Maria da Fé/MG, apresentar cadeias produtivas de outras regiões produtoras de azeitona e azeite no mundo e propor uma estrutura de cadeia produtiva para a região produtora de Maria da Fé/MG. 2. CADEIA PRODUTIVA

Ao longo de anos, vários autores tem discutido sobre complexos agroindustriais e cadeias produtivas (Baggio et al., 1983; Batalha, 1997; Bellato, 1986; Belik, 1997; Calegario, 1996; Delgado, 1985; Dias e Guimarães, 1997; Fonseca, 2000; Silva, 1996; Kageyama et al., 1990; Lamounier, 1994; Lopes, 1992; Machado Filho et al., 1996; Mezzomo, 1997; Müller, 1981; Müller, 1982; Ramos e Reydon, 1995; Silva, 2000; Sorj e Wilkinson, 1983; Zylbersztajn e Neves, 2000). Entretanto, é no trabalho de Alencar et al. (2001) que se tem uma visão geral e abrangente dos atores que fazem parte de uma cadeia produtiva e ou de um complexo agroindustrial. A Figura 1, proposta por Alencar (2000) resume as relações que podem ser estabelecidas entre os atores sociais que integram um dado complexo e fornece os elementos gerais para a discussão dessas relações no interior e fora de uma cadeia.

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Figura 1. Relações entre atores que integram uma cadeia agroindustrial Fonte: Alencar (2000, p.79)

Analisando a Figura 1, Alencar et al. (2001), ao descreverem o fluxo da produção de um bem, revelam a possibilidade de existirem situações de mercado típicas de concorrência imperfeita. Ou seja, de acordo com os autores, no interior de uma cadeia, podem-se identificar segmentos de mercado representando as relações comerciais que se estabelecem entre o setor a montante e o agropecuário e entre este e o setor a jusante.

De modo geral, as empresas que atuam nos setores a montante e a jusante são poucas, organizadas em associações de interesses e interagem com um grupo amplo, heterogêneo e disperso de produtores. Além dessas características amplas dos setores a montante e a jusante, outras específicas são comentadas nos trabalho de Alencar et al. (2001), tais como:

− esses setores são amparados por eficientes estruturas administrativas que aliada aos investimentos em novas tecnologias, permite que essas empresas concorram entre elas e conquistem novos mercados, inclusive o internacional;

− além do investimento em tecnologia, destaca-se também outros tipos como: novos processos de produção, contratação e manutenção dos serviços de bons executivos, treinamento de pessoal em diferentes níveis, contratação de serviços de boas empresas de consultoria e marketing.

Por outro lado, essas características das empresas que atuam nos setores a montante e a jusante, de certa forma, limita a capacidade de ações coletivas dos atores localizados no setor agropecuário. Este cenário, para Alencar et al. (2001) favorece a possibilidade de que as relações entre os setores a montante e agropecuário assumam características de oligopólio e as relações entre a agropecuária e o setor a jusante características de oligopsônio. Além disso, outros pontos são destacados sobre o setor agropecuário, tais como: (ALENCAR et al., 2001):

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− pelo menos teoricamente, os produtores rurais são os atores que dispõem de menores recursos para negociar seus interesses no interior de uma cadeia (mesmo que essa negociação seja entendida como uma aliança estratégica);

− a expressão “atores diferenciados” da Erro! Fonte de referência não encontrada., representa a heterogeneidade social existente no campo, identificada por diferentes tipos de produtores e de trabalhadores rurais;

− embora muitas unidades de produção familiar possuam níveis relativamente elevados de capital e comercialização, elas apresentam rendas líquidas baixas, garantindo somente a permanência dos produtores e de suas famílias no processo produtivo.

Mesmo sabendo que a categorização apresentada por Alencar et al. (2001) apresenta limitações, ela cumpre o seu papel ao mostrar a existência de diferentes atores sociais no campo, os quais podem ter (ALENCAR, 1997):

a) diferentes interesses, até mesmo conflitantes;

b) uma visão distinta de mundo;

c) diferentes problemas;

d) acesso diferenciado aos benefícios institucionais da sociedade (crédito, assistência técnica, resultados de pesquisa, educação, serviço de saúde, etc.);

e) diferentes níveis de facilidade ou dificuldade para se organizarem;

f) diferentes dimensões de poder (acesso aos centros de decisões e capacidade de influenciá-los).

Além da descrição dos setores a jusante, a montante e agropecuário, o trabalho de Alencar et al. (2001) também examina a capacidade que tais atores possuem de influenciar as decisões que são tomadas no âmbito das estruturas do Estado. E, para isso, eles basearam-se no trabalho de Lamounier (1994). Assim, de acordo com os autores existem atores ou grupos de atores que possuem maior e menor capacidade de influir no processo de definição das políticas destinadas à agricultura. Há um conjunto de atores “efetivamente significativos”, constituído por: (a) atores governamentais, (b) congresso nacional, (c) médios e grandes produtores e (d) agroindústria. E outro conjunto de atores que “pouco influi”, formado principalmente por: (a) pequenos produtores e (b) trabalhadores rurais.

O trabalho de Alencar et al. (2001) ressalta, ainda, a diversidade social no campo, a situação de mercado e os recursos e limites de poder dos diferentes atores sociais, mostrando que o padrão agrícola envolve o setor rural numa complexa rede de relações de interesses. Esse trabalho é importante, por servir como pano de fundo das relações estruturais que serão apresentadas pelas cadeias produtivas da azeitona e do azeite por diferentes autores, relatando seus aspectos em diversas regiões produtoras, como segue.

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3. CADEIA PRODUTIVA DA OLIVICULTURA NO MUNDO

O trabalho de Tardáguila et al. (1996) além de destacar a notável importância do setor de azeite tanto para a Espanha quanto internacionalmente. Faz também uma ampla abordagem das estruturas produtivas e da qualidade do azeite. Além disso, como ponto alto do artigo, os autores cobram uma estratégia de atuação tanto do setor privado quanto do público.

Para eles, cabe ao setor privado uma definição mais clara das variáveis estratégicas de longo prazo (principalmente produto e distribuição) e das variáveis táticas a curto prazo (como preço e promoção) forçando, assim, as empresas a aumentarem sua competitividade. Segundo o autor, as estratégias de atuação se justificam, principalmente:

− pela mudança na mentalidade da população, deixando de usar o azeite de oliva apenas em saladas, como também para o cozer alimentos;

− em função da entrada de capital estrangeiro (principalmente no setor de distribuição) e da perda do controle da indústria e dos canais de distribuição, vários problemas podem surgir nas diferentes etapas da cadeia (produção, industrialização, distribuição e até mesmo na comercialização), podendo destacar a perda do poder de negociação e o surgimento de diferentes produtos (mudando, consequentemente, o posicionamento das marcas e market share das diferentes empresas);

− pelo tamanho do canal de comercialização do azeite de oliva na Espanha, que, em muitos casos, são demasiadamente grandes (formados principalmente por: agricultores, moinhos, corretores, refinarias, envasadores, atacadistas e varejistas), o que dificulta ações de marketing do produto e diminui o poder de negociação dos agentes da cadeia.

Por fim, Tardáguila et al. (1996) ressaltam que, o azeite, sendo um produto tipicamente mediterrânico, considerando ainda o volume de produção e o emprego que gera na Espanha, seria necessário realizar uma promoção genérica, principalmente por instituições públicas, para defender os interesses do setor externamente, podendo, assim, abrir e desenvolver novos mercados.

No mesmo sentido do trabalho anterior, o trabalho de Crescimanno et al. (2002) analisa os principais fatores estruturais no setor de óleo de oliva orgânico na Sicília (Itália) e os efeitos da Política de Desenvolvimento Sustentável Européia. Os autores concluem que a acirrada concorrência, tanto no mercado local quanto no mercado externo, representa uma ameaça para grande parte das empresas que cultivam oliveira na Itália. Podendo levar a uma maior marginalização e perda de oportunidade do setor produtivo, principalmente por estar excessivamente focado na qualidade do produto, deixando outros aspectos importantes de lado. Ainda para os autores, a exceção de um pequeno número de empresas grandes e bem gerenciadas que estão trabalhando para atingir um nicho de mercado que absorva o produto de alta qualidade, as demais empresas que cultivam oliveira, individualmente, encontrarão grandes dificuldades para atingir a capacidade necessária para competir tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

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Para evitar esse problema, os autores propõem uma integração horizontal dos produtores de oliveira em bases totalmente diferentes das do passado, melhorando, portanto, as estruturas de produção, cooperativas e associação (CRESCIMANNO et al., 2002). Para os autores, esse tipo de integração mostrou bons resultados em outros países da União Européia, sendo que o principal destaque deve ser dado na concentração de fornecedores e na melhoria da coordenação dos produtores.

Em consonância com os trabalhos anteriores, o trabalho de Garcia Brenes (2005) traz uma ampla abordagem da organização industrial do azeite de oliva na região de Andalucía, na Espanha, que, em 2005, era responsável por quase 37% da produção de mundial de azeite. De acordo com o autor, a organização industrial do azeite sofreu transformações importantes nos últimos cinquenta anos, sendo que o resultado final dessa evolução pode ser visto na Figura 2.

O autor comenta que os produtores passaram a ser organizar em cooperativas para assumir a atividade agroindustrial dos moinhos (esmagadoras – almazaras). Além disso, eles tem feito esforços para modernizar o processo de produção o que produziu uma melhora na qualidade do azeite e do desaparecimento dos custos ecológicos que o sistema tradicional causava. Por outro lado, os grandes investimentos dos moinhos tem causado o desaparecimento de um número elevado de estabelecimentos e a concentração desta indústria. Que, por outro lado, tem um papel secundário no mercado do produto final, que é controlado pelos principais grupos alimentícios e de distribuição comercial de grandes dimensões.

Figura 2. Cadeia agroalimentar do azeite de oliva Fonte: Garcia Brenes (2005)

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Já no caso das refinadoras-envasadoras, Garcia Brenes (2005) detecta uma forte concentração empresarial, acompanhada da eliminação das empresas menos competitivas. Sendo que nos últimos anos esse setor tem passado por um processo de reestruturação intenso onde as companhias multinacionais tem saído do mercado, frente as primeiras empresas do setor de azeite da Espanha. Nesse caso, as empresas que atuam nesse setor apresentam situação financeira mais favorável do que os moinhos, sendo o elo da cadeia que apresenta maior rentabilidade.

Outro trabalho que merece ser destacado é o dos autores Anania e D’Andrea (2007). Nesse trabalho os autores apontam tendências recentes no comércio mundial de óleo de oliva e a atual estrutura de comercialização, avaliando os atores, as tendências, as políticas, as perspectivas e a necessidade de pesquisas.

Dentre as principais conclusões de Anania e D’Andrea (2007), é que o fator chave para o futuro do mercado mundial de azeite é a evolução da demanda. No trabalho, os autores afirmam que a demanda agregada do produto continuará crescendo em muitos países (desenvolvidos e em desenvolvimento). Entretanto a taxa em que o consumo continuará crescendo dependerá da efetividade dos programas de promoção específicos em dado país, sendo que a expansão do mercado deve levar em consideração vários fatores, como características de consumo e diferenciação de produtos.

Outro ponto destacado pelos autores é a estrutura da indústria. Segundo eles, o aumento na concentração e na multinacionalização do componente de engarrafamento da indústria, com um número muito pequeno de empresas, que possuem rótulos mais valiosos, e controlando a maior parte do azeite vendido nos maiores mercados, torna este mercado imperfeitamente competitivo. Com isso, conflitos entre a indústria de engarrafamento (e alguns exportadores estrangeiros), de um lado, e os produtores dos maiores países produtores, por outro lado, existem e não são fáceis de serem resolvido em um futuro próximo. Assim, a solução natural para os conflitos existentes seria a efetiva coordenação horizontal e vertical (extensão de país para país) ao longo da “cadeia”, porém esta é dificultada pela dispersão da produção de azeite e atividades de esmagamento (moinhos), visto o elevado nível de concentração da indústria de engarrafamento, que permite a este último exercer poder de mercado. Por fim, os regimes de proteção estrita, e a sua aplicação eficaz nas devidas indicações geográficas são possivelmente a melhor maneira de fazer os produtores de azeite aumentar seu poder de mercado dentro da “cadeia” e capturar os consumidores que realmente atribuem valor à origem específica do produto. 4. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Para o alcance dos objetivos estabelecidos neste trabalho, desenvolveu-se uma pesquisa básica, a partir de uma perspectiva exploratória-descritiva. O estudo exploratório visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 1999, p. 43). Já a pesquisa descritiva é um

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delineamento da realidade, pois descreve, registra, analisa e interpreta os processos atuais mediante comparação e contraste (LAKATOS; MARCONI, 2001).

Como o objeto de estudo – a olivicultura em Maria da Fé, MG – é ainda escassamente estudado, a abordagem exploratória se explica e justifica. Já a abordagem descritiva fez-se necessária uma vez que era fundamental, para uma primeira aproximação com o objeto, investigar e descrever de que forma se deu o processo de evolução da olivicultura na região.

Com relação à forma de abordar o problema optou-se pela utilização da abordagem qualitativa. Alguns aspectos básicos caracterizam a perspectiva qualitativa. De acordo com essa abordagem, um fenômeno pode ser compreendido mais facilmente no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo, assim, ser analisado de forma integrada. Para que isso ocorra, é necessário que o pesquisador vá a campo para compreender o fenômeno a partir da visão que as pessoas nele envolvidas têm dessa realidade (GODOY, 1995).

Como técnicas de pesquisas, optou-se por utilizar a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e o estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi empregada para verificar, a partir de estudos, principalmente internacionais, de que forma se estruturam as cadeias produtivas ligadas à olivicultura. Já a pesquisa documental, que consiste no exame de materiais de natureza diversa que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reexaminados (GODOY, 1995), serviu para que se conhecesse melhor a evolução histórica da olivicultura no Brasil e, em especial, na região de Maria da Fé.

Este trabalho se caracteriza, também, como um estudo de caso, que é uma estratégia apropriada quando se quer lidar com condições contextuais – como é o caso do objeto deste trabalho. Esse procedimento é adequado quando se quer examinar acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. É importante destacar, ainda, que o estudo de caso não é uma técnica de coleta de dados, mas sim uma estratégia de pesquisa abrangente (YIN, 2005). 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para melhor compreender o processo de estruturação da cadeia produtiva do azeite, a partir da iniciativa que vem sendo desenvolvida em Maria da Fé, optou-se por analisar os resultados obtidos em duas etapas. Na primeira, será empreendida uma análise da cadeia produtiva do azeite à luz da proposta de Alencar et al. (2001) observando, além dos aspectos relacionados diretamente ao setor agropecuário, também aqueles situados à montante e à jusante.

Na segunda etapa, será feita uma análise comparativa entre a cadeia produtiva do azeite em outros países, a cadeia produtiva da soja (apontada como uma referência consistente para o caso) e o modelo de cadeia do azeite que vem se estruturando no país. Entende-se que a análise de cadeias já consolidadas (do azeite e de outros produtos) traz importantes subsídios para a compreensão dos possíveis caminhos que a atividade pode trilhar no Brasil.

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5.1 Análise da emergente cadeia produtiva do azeite

Conforme salientado, a análise da cadeia produtiva do azeite será feita a partir da proposta de Alencar et al. (2001). Na perspectiva dos autores, as cadeias produtivas devem ser analisadas a partir da verificação da dinâmica dos agentes envolvidos, dividindo-os em três grandes grupos: o setor agropecuário (elo central da cadeia) e os elementos à montante e à jusante desse elo central. Além desses agentes, os autores destacam a importância do estado e do setor financeiro para a dinâmica da cadeia.

A análise das cadeias estudadas permitiu inferir que há dois elementos que podem ser assumidos como centrais de uma possível cadeia produtiva do azeite brasileira: o produtor rural dedicado ao plantio das oliveiras e um agente processador e ou envasador tanto dos frutos (azeitona de mesa) quanto do azeite.

No caso de Maria da Fé, o processo de produção dos frutos encontra-se em um estágio inicial. Apesar disso, é prevista para 2010 a primeira colheita que permitirá uma produção em escala comercial.

Um passo importante já foi dado na estruturação desta cadeia ao se criar na região a associação de produtores. A Associação dos Olivicultores do Forte de Mantiqueira foi fundada em fevereiro de 2009. Ela é uma sociedade civil, sem fins lucrativos que e tem como objetivo o exercício de mútua colaboração entre os sócios, visando à prestação de serviços que possam contribuir para o fomento e racionalização das atividades agropecuárias e para melhorar as condições de vida de seus integrantes com especial ênfase na produtividade no setor da olivicultura (PMMF, 2009).

A criação dessa associação pode ser o embrião para o futuro desenvolvimento de uma cooperativa. A organização da produção olivícula em cooperativas, que é um modelo de sucesso na Europa. Nos casos de leite e café, em Minas Gerais, ainda que com problemas constantes, pode-se dizer que são experiências a serem seguidas.

Outro ator que tem desempenhado um papel importante na estruturação da produção de azeitona em Maria da Fé é a Epamig. Por meio da Fazenda Experimental Maria da Fé, na qual funciona o Núcleo Tecnológico Epamig Azeitona e Azeite, a instituição vem desenvolvendo, desde 1998, pesquisa inédita com a cultura da oliveira, para produção de azeitonas e azeite de oliva, buscando uma alternativa a mais para os agricultores da região.

De acordo com o Dr. Emerson Dias Gonçalves (pesquisador coordenador do projeto de olivicultura na Epamig) e o Dr. João Vieira Neto (pesquisador e integrante do projeto de olivicultura na Epamig) o papel da instituição, em ordem à sua vocação e ao instituído estatutariamente, é de realizar a pesquisa básica de plantio e de colocar à disposição do mercado novas tecnologias. Outra função que, em seu entendimento, a Epamig traz para si, é a de fornecer diretrizes para um possível modelo de produção. Essas funções, a partir da perspectiva dos pesquisadores, têm sido bem desempenhadas pela instituição.

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A articulação existente entre a Epamig, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e a Associação dos Olivicultores é outro aspecto que os pesquisadores vêm como positivo nesse estágio inicial da cadeia. Segundo eles, essa parceria pode contribuir para a resolução dos problemas decorrentes da estruturação da atividade. Um deles já é, inclusive, alvo de projeto de extensão que busca auxiliar os olivicultores da gestão de custos das propriedades – um aspecto crítico para a maioria dos produtores rurais.

Eles colocam, no entanto, que uma das questões centrais para o sucesso da dinâmica de uma cadeia – a existência de uma coordenação institucional feita por um órgão que assuma de forma definitiva e organizada este papel – ainda não está bem equacionada na região. No momento, esta atribuição tem ficado a cargo da Epamig, que, como já foi dito não tem, dentre seus objetivos, exercer essa função.

Outro problema importante que os pesquisadores enxergam nesses primeiros passos da estruturação da cadeia produtiva do azeite é ausência de regulamentações específicas para a atividade. Segundo eles, não há no Brasil legislação que padronize e regulamente a produção (ou importação) de mudas e o cultivo de azeitona nem a produção de seus derivados. O que existe atualmente são apenas regras para a comercialização do produto importado. Questões de certificação, qualidade e rastreamento da produção também ainda não estão previstas nas normatizações brasileiras. Esse é, no entendimento dos pesquisadores, um dos maiores gargalos para a estruturação da cadeia produtiva do azeite no país.

Percebe-se assim que, apesar de o Estado atuar no processo através da Epamig, há ainda, conforme propõe Alencar et al. (2001), a necessidade de uma maior articulação dos agentes no sentido de influenciar a instituição de um conjunto de ações públicas voltadas para o incentivo da atividade.

Apesar das limitações apontadas pelos pesquisadores da Epamig, quando indagados sobre as perspectivas de evolução da cadeia produtiva do azeite no Brasil, ambos se mostraram otimistas. De acordo com eles, uma das possíveis configurações futuras dessa cadeia, seria bastante semelhante àquela que caracteriza a produção de soja e derivados no país, como apresentado na Figura 4.

A soja chegou ao Brasil, no final do século XIX, trazida dos EUA. Foi nas décadas de 1960 e 1970, entretanto, que ocorreram a expansão e consolidação dessa cultura no país. Incentivada pelas políticas públicas de subsídios agrícolas, a cultura da soja se firmou nos três estados da região sul do país levando a produção nacional a superar a marca de 15 milhões de toneladas por ano, em 1979 (EMPRAPA SOJA, 2009).

Nas duas últimas décadas do século passado, a cultura da soja se expandiu para a região central do país. Em um curto espaço de tempo, os estados da região Centro-Oeste assumiram a liderança na produção de soja no país, sendo responsável, nos primeiros anos do século XXI, por mais de 60% da produção nacional (EMPRAPA SOJA, 2009).

Para 2009, as estimativas apontavam uma produção de mais de 57 milhões de toneladas. E para 2010, dando seqüência à escalada da produção da soja no Brasil, as

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projeções oficiais previam um crescimento de 13,8% na produção, o que a levaria a um patamar de quase 65 milhões de toneladas (IBGE, 2009).

Para acompanhar esse dinâmico processo de desenvolvimento da cultura da soja no país foi se estruturando uma complexa estrutura produtiva. Conforme se observa na Figura 3, essa cadeia conta atualmente com um repertório extenso de participantes que vai da pesquisa até os consumidores finais (no Brasil e no exterior).

Em todos os níveis (antes da propriedade, na propriedade e depois da propriedade) é possível vislumbrar semelhanças com a emergente cadeia produtiva do azeite no país. A comparação entre a cadeia produtiva da soja, as cadeias produtivas de azeite de outros países (discutidas no referencial teórico) e a embrionária cadeia produtiva do azeite brasileira é o tema da próxima seção deste trabalho.

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Figura 3 - Cadeia produtiva da soja Fonte: EMATER, PR, 1995 apud Roessing et al, 2001, p. 340 Obs.: T = transporte

Pesquisa / Melhoramento Geração de tecnologias

Produção de fertilizantes

Revenda de insumos e equipamentos

T

Indústria de combustíveis, máquinas e

equipamentos

Indústria de corretivos,

defensivos e sementes

Unidade produtiva

Grão Semente

Unidade armazenadora (Coop./Estatais/Emp.priv.)

Indústria

Farelo Óleo refinado

Óleo bruto

Atacado

Varejo

Consumo interno

T T

Antes da propriedade

T

Agente importador priv. (Draw Back)

T

Humano Industrial Animal

Agente exportador

Consumo externo

T

T

Na propriedade

Depois da propriedade

Análise do solo / correção Preparo do solo Plantio / Tratos culturais Colheita

Limpeza Secagem Armazenamento Classificação

Coop. empr.

Grão Farelo Óleo

T

T

T T

T

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5.2 Análise comparativa

Para realizar a análise comparativa das cadeias, optou-se por partir da proposição de uma possível estrutura da cadeia produtiva do azeite no Brasil (Figura 4). Para elaboração dessa proposta, tomou-se como base a cadeia produtiva da soja no Brasil e os modelos de cadeia analisados na revisão teórica efetivada.

No setor a montante, a cadeia proposta pode ser representada de forma absolutamente igual à configuração da cadeia da soja no Brasil. Os mesmos agentes que atuam como fornecedores de insumos para o cultivo da soja têm que estar presentes na olivicultura.

Nesse ponto, já se esbarra em um primeiro entrave para o desenvolvimento da atividade no país. Conforme afirmam os pesquisadores da Epamig, ainda não há uma produção de insumos específicos para o plantio de oliveiras. Obviamente que a inexpressividade da produção olívicula no Brasil explica este fato. Acredita-se, no entanto, que o alto grau de internacionalização da produção de insumos no país, com a presença de empresas com atuação global, permitiria contornar este problema com rapidez.

Já no setor agropecuário – a olivicultura, propriamente dita – surgem possibilidades distintas daquelas observadas na produção da soja. Mesmo porque, segundo o presidente da Associação dos olivicultores, o perfil dos produtores é totalmente distinto dos produtores tradicionais, formado principalmente por profissionais liberais (como médicos, dentistas, engenheiros, agrônomos, entre outros) que veem a atividade como um investimento e não esperam retorno em curto prazo. Não se prevê, em um primeiro momento, a existência dos “mega produtores” de soja que atuam no Brasil. A tendência, seria a prevalência de pequenos produtores, organizados ou não em cooperativas. Emerson Gonçalves e João Vieira Neto (Epamig) ressaltam, contudo, que já na região de Maria da Fé, alguns produtores plantando em áreas maiores. Segundo os pesquisadores essa tendência deveria ser analisada com cuidado, uma vez que o retorno da atividade é de médio ou longo prazo.

Sejam pequenos ou grandes, organizados em cooperativas ou não, o que se observou com relação aos produtores olivículas é que, grosso modo, a produção é repassada para unidades armazenadoras (cooperativas, empresas privadas ou estatais) na forma in natura ou prensada. Quando vendido in natura, as azeitonas são comercializadas com unidades extratoras. Já quando o fruto é prensado na unidade agrícola, a pasta resultante é vendida para unidades refinadoras.

Uma possibilidade que existe – prevista no modelo – é a produção do azeite extra virgem que, conforme aponta o modelo desenvolvido por Garcia Brenes (2005), não passa pelo processo de refino.

Aqui aparece, mais um elo com problemas na cadeia do azeite brasileiro. Não há, no Brasil, empresas consolidas que façam a extração e/ou o refino de. No país, há apenas engarrafadoras que envasam azeites importados ou os misturam a óleo de soja produzindo o azeite composto.

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Pesquisa / Melhoramento Geração de tecnologia

Produção de fertilizantes

Revenda de insumos e equipamentos

Atacado

Varejo

Consumo interno

Setor a montante

Agente exportador

Consumo externo

Setor agropecuário Unidade produtiva

Fruto in natura

Fruto prensado Azeite

Azeitona em conserva Produção

artesanal

Consumidor final

(agroturismo)

Indústria de combustíveis, máquinas e

equipamentos

Indústria de corretivos,

defensivos e sementes

Rejeitos

Setor a jusante Indústrias diversas

Indústria (óleo de oliva)

Extratora (Cooperativas/Empresas privadas)

Unidade armazenadora (Coop./Estatais/Emp.priv.)

Refinadora (Cooperativas/Empresas privadas)

Engarrafadora (Cooperativas/Empresas privadas)

Agente importador

(azeite)

Figura 4. Modelo parcial de cadeia produtiva de azeite no Brasil Fonte: Proposta do trabalho

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No caso de Maria da Fé, a Epamig, vem assumindo, também, esse papel. Com a aquisição de uma máquina de prensagem, a Fazenda Experimental é quem se encarrega de processar a produção local. Mais uma vez, contudo, a instituição de pesquisa vê desempenhado um papel que não lhe cabe. Como forma de incentivar a produção inicial – ainda incipiente – a iniciativa é extremamente válida e a capacidade de processamento, suficiente. No entanto, para o desenvolvimento de uma atividade de produção em escalas maiores, a ausência dos agentes de extração e refino na cadeia, torna-se um obstáculo substantivo

Os pesquisadores apontam outra possibilidade com relação aos produtores da região de Maria da Fé. Segundo eles, a exemplo do que ocorre com a atividade vinícola no Rio Grande do Sul, os olivicultores poderão agregar o agroturismo a seu negócio. Nesse caso, eles poderão optar por produzir artesanalmente (toda sua produção ou parte dela), tanto a azeitona em conserva quanto o azeite e comercializá-los diretamente junto aos turistas. Experiências bem sucedidas nesse sentido são relatadas nos principais países produtores da Europa.

Com relação ao agente extrator/refinador, uma alternativa prevista no modelo, contempla a importação de azeitonas (in natura ou prensadas) como forma de dar escala à produção. Em contrapartida, o modelo prevê também a exportação de matéria prima para processamento em outros países.

Outro aspecto destacado pelos pesquisadores da Epamig que o modelo contempla é o encaminhamento dado aos rejeitos do processo. O caroço da azeitona, a massa que sobra do processo de prensagem e a água nele utilizada, constituem rejeitos apresentam um alto potencial de dano ao meio ambiente. Ademais, a correta destinação desses rejeitos além de contribuir com a preservação ambiental – um dos fatores críticos da atividade, segundo Garcia Brenes (2005) – pode representar uma fonte de renda significativa para os olivicultores e os produtores de azeite.

Por último, o setor a jusante do modelo, tem-se o consumidor final. Nesse ponto, há uma carência de estudos sobre o comportamento do consumidor brasileiro de azeite. Não se conhece ao certo, quais os atributos esses consumidores valorizam nesse tipo de produto, muito menos o grau de aceitação que eles teriam a um produto nacional de qualidade.

Esse também se configura como um problema uma vez que conforme afirmam Emerson Gonçalves e João Vieira Neto, o preço de venda do azeite a ser produzido na região, deve ficar em torno de R$ 20,00 a R$ 30,00. Nesse patamar, o produto nacional concorreria na mesma faixa de preços dos azeites importados de países tradicionais e que, supostamente, gozam de um reconhecimento de qualidade já consolidado junto ao consumidor.

Na Figura 5, apresenta-se o que pode ser o sequenciamento de atividades e o posicionamento dos agentes da cadeia, pelo “Esquema Básico da Cadeia do Azeite”, em ordem ao que se pôde apurar na investigação, nas entrevistas e na análise de cadeias similares, especialmente da soja. Nele se identificam os mais diversos agentes que integram sua estrutura mínima de funcionamento e abrimos espaço para eventuais novos

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componentes que certamente surgirão pela extensão e amadurecimento de suas atividades. O destaque fica por conta de dois agentes sempre presentes em atividades de cunho econômico e social: o Estado e o Sistema Financeiro.

Na configuração desta cadeia, ao Estado é reservado um importante papel, que esquematicamente pode se dá em três vertentes: na pesquisa básica, no financiamento dos agentes da cadeia e na institucionalização do setor.

Em relação à pesquisa, aponta-se o Estado como fomentador da atividade, em vista da tradição brasileira de concentrar parte significativa da pesquisa básica nacional nas

Pesquisa / Melhoramento Geração de tecnologia

Produção de fertilizantes

Revenda de insumos e equipamentos

Atacado

Varejo

Consumo interno

Setor a montante

Agente exportador

Consumo externo

Setor agropecuário Unidade produtiva

Fruto in natura

Fruto prensado

Azeite

Azeitona em conserva Produção

artesanal Consumidor

final (agroturismo)

Indústria de combustíveis, máquinas e

equipamentos

Indústria de corretivos,

defensivos e sementes

Rejeitos

Setor a jusante Indústria

Indústria (óleo de oliva)

Extratora (Cooperativas/Empresas privadas)

Unidade armazenadora (Coop./Estatais/Emp.priv.)

Refinadora (Cooperativas/Empresas privadas)

Engarrafadora (Cooperativas/Empresas privadas)

Agente importador (azeite)

ES

TA

DO

SE

TO

R F

INA

NC

EIR

O

Figura 5. Esquema Básico da Cadeia do Azeite. Fonte: Proposta do trabalho

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universidades e em institutos públicos criados para este fim. Neste caso especificamente, em que se trata de uma experiência embrionária, entende-se que o papel do Estado se reveste de importância ainda maior. Primeiro, porque poucos ou nenhum investidor privado se adiantaria nesta iniciativa e se ocuparia desta atividade de alto custo, de grande incerteza quanto a resultados e de longa maturação. Segundo, porque se assim for, este investidor terá para si a propriedade dos resultados da pesquisa, monopolizando este elo tão crucial para o desenvolvimento da cadeia.

Quanto ao financiamento, a situação toma outros contornos. Por sua aderência à lógica de mercado, aquele agente financeiro que perceber vantagens de rentabilidade, segurança e retorno mais imediato, se aproximará do membro da cadeia necessitado de aporte financeiro. O papel do estado é justamente de (re)equilibrar as distorções operadas pelo mercado e de “corrigir” as assimetrias entre os muitos agentes da cadeia, oferecendo então o crédito que fomentaria aqueles empreendedores em condições de desvantagem. Resta saber que condições são estas e onde se situam estes agentes ao longo da cadeia.

Já na institucionalização da cadeia, o Estado cumpre um de seus papéis mais relevantes, tal qual se daria em outras atividades: o reconhecimento formal dos agentes; a promulgação de normas, em forma de resoluções, leis, decretos e de outros dispositivos reguladores da atividade; a garantia de equidade de direitos, pela fiscalização e auditagem das ações dos componentes da cadeia, na produção, comercialização e no consumo. Não é de mais lembrar que em diferentes situações, ou o Estado é chamado para intervir, como em outras sua presença se faz como um agente interessado na dinâmica da cadeia.

Como anunciado acima, o outro agente de destaque é o Setor Financeiro (SF). Parte de seu papel foi abordado quando ele se apresenta junto com o Estado para fomentar financeiramente os empreendimentos. Só resta sublinhar uma participação de outra ordem a ele reservada e que inclui o Estado, por meio de seus agentes financeiros, como os bancos estatais. Embora o Setor Financeiro não esteja diretamente na cadeia, ele funciona como um “termômetro” da dinâmica da cadeia, na medida em que é ou não procurado e na medida em que contribui para o aumento ou diminuição das atividades, em vista do custo do aporte financeiro e suas conseqüências no fluxo de transferências financeiras ao longo da cadeia. 6. CONCLUSÃO

O otimismo que se percebe nas declarações dos atuais agentes envolvidos nesta experiência, em relação às possibilidades de sucesso no desenvolvimento da cadeia da azeitona e do azeite, não é infundado. Os dados e informações sobre os níveis atuais e futuros de consumo são de tal sorte, que por si só emulam iniciativas e motivam os investimentos financeiros, em pesquisas, equipamentos e trabalho.

Acompanhar de forma sistemática o nascimento da cadeia se mostra, neste estudo, como de fundamental importância. O intuito, na verdade, foi descrever criticamente este empreendimento que se inicia e indicar os limites das possibilidades do seu andamento. Esta contribuição se faz necessária na medida em que avançam as pesquisas e que alguns

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agentes se dispõem a investir suas economias no rol de negócios que se apresentam como promissores.

Pelo estudo de outras cadeias pode-se inferir que há dois elementos que podem ser assumidos como centrais desta futura cadeia no país: o produtor rural dedicado ao plantio das oliveiras e um agente processador e ou envasador tanto dos frutos (azeitona de mesa) quanto do azeite. Esta centralidade deve ser vista como dois nós de uma rede que se estende largamente e necessita da participação atenta e ativa de outros agentes.

O papel do Estado deve ultrapassar a simples regulamentação do setor e se projetar para aquilo que hoje faz a EPAMIG na pesquisa básica, no melhoramento de espécies; participa no incentivo e fomento financeiro dos empreendimentos e credencia os agentes, para manutenção da qualidade indispensável dos produtos e serviços que transitam pela cadeia até os consumidores finais. Sem o Estado, é certo que poderá haver um retardamento da auto-suficiência na produção de azeitona e azeite, ou pelo menos a concorrência menos desvantajosa do Brasil neste setor.

A semelhança com a cadeia da soja constitui-se em elemento norteador dos próximos passos a serem dados na busca de estruturação definitiva da cadeia da azeitona. As faltas e excessos naquela experiência, hoje tida como exitosa, são parâmetros valiosos tanto para a coordenação das primeiras iniciativas quanto para qualquer outro provável participante. Inclusive, como apuramos, no setor a montante, a cadeia proposta pode ser representada de forma absolutamente igual à configuração da cadeia da soja no Brasil.

Problemas não faltarão, mas a dinâmica econômica e o amadurecimento das instituições ligadas ao setor no país hão de dar conta destes entraves na direção do desenvolvimento de uma atividade que mobiliza toda a economia e pode ser muito promissora na criação de novos empregos e geração de renda no campo e na cidade.

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