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Eliane Dantas Rocha Plasticidade neuronal e glial do sistema olivo-cerebelar induzida pela neurotoxina 3-acetil-piridina e o papel neuroprotetor da minociclina num modelo de ataxia Universidade Federal do Rio de Janeiro IBCCFº 2008

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Eliane Dantas Rocha

Plasticidade neuronal e glial do sistema olivo-cerebelar induzida pela neurotoxina

3-acetil-piridina e o papel neuroprotetor da minociclina num modelo de ataxia

Universidade Federal do Rio de JaneiroIBCCFº

2008

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Plasticidade neuronal e glial do sistema olivo-cerebelar induzida pela neurotoxina

3-acetil-piridina e o papel neuroprotetor da minociclina num modelo de ataxia

Eliane Dantas Rocha

Tese submetida à pós-graduação de Ciências Biológicas (Biofísica) para concorrer ao título de Doutor em Ciências

Orientador: Dra Leny Alves CavalcanteLaboratório de Neurobiologia do Desenvolvimento

Rio de Janeiro Dezembro

2008

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Título: Plasticidade neuronal e glial do sistema olivo-cerebelar induzida pela neurotoxina 3-acetil-piridina e o papel neuroprotetor da minociclina num modelo de ataxia

Autor: Eliane Dantas RochaTese de Doutorado submetida à avaliação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Biofísica) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade do Brasil, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor.

Aprovada por:

Profª. _________________________________________________

Dra. Leny Alves Cavalcante Orientador

Prof. __________________________________________________

Dra. Ana Maria Blanco Martinez

Prof. __________________________________________________

Dra. Cecilia Hedin Pereira

Prof. __________________________________________________

Dra. Flavia Carvalho Alcantara Gomes

Prof. __________________________________________________

Dr. Mario Fiorani

Prof. __________________________________________________

Dra. Luciana Barreto Chiarini

Prof. __________________________________________________

Dra Silvana Allodi

Rio de Janeiro2008

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iv

Ficha Catalográfica

Rocha, Eliane Dantas

Plasticidade neuronal e glial do sistema olivo-cerebelar induzida pela neurotoxina 3-acetil-piridina e o papel neuroprotetor da minociclina nummodelo de ataxia / Eliane Dantas Rocha: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

Tese de Doutoradoxv e 1681.Ataxia cerebelar 2. Oliva inferior 3. Neurodegeneração 4. 3-acetil-piridina 5. Regeneração 6. Minociclina

I. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – IBCCFºII. Tese

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Ao meu sobrinho João Victor

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AGRADECIMENTOS

À Deus por todos os anjos que permitiu caminharem comigo, que me ensinaram e me

acompanharam e cuidaram de mim e acompanham e cuidam ainda. Hoje eu percebo que

foram muitos.

Aos primeiros anjos que me acolheram aqui quando eu cheguei, os meus pais. Deus não

poderia ter atribuído a tarefa de cuidar de mim a anjos mais zelosos. Obrigado pelos bons

exemplos que me deram, por me ensinarem a acreditar no amor, na solidariedade, na amizade

e na verdade. E a minha mãe novamente, que continua aqui cuidando de mim quando eu

deveria estar cuidando mais dela.

Ao meu pai, a quem eu morrerei amando mesmo na sua ausência.

À minha querida irmã e ao meu querido sobrinho João Victor. O contato com ele sempre

acalma o meu coração.

À Dra. Leny Cavalcante pela orientação cuidadosa deste trabalho, pela amizade, pela forma

carinhosa com que cuida de todos nós do laboratório e por me proporcionar uma oportunidade

única de aprendizado.

Aos queridos Viviane e Felipe, companheiros de bancada. Acompanharam de perto e

dividiram comigo erros e acertos, lágrimas e sorrisos. Muito obrigado.

Aos meus amigos do laboratório, Fernanda, Lítia, Igor, Tainá e Paulinho porque contrubuíram

para tornar minhas tarefas no laboratório mais amenas.

Ao Wagner, de todos, o amigo mais recente, companheiro de trabalho, que contribuiu nos

momentos de indecisão experimental, compartilhou dos meus erros e também dos meus

acertos.

Aos amigos de antes, de antes do doutorado, Serginho e Glauce, Paulo e Lourdes. Obrigado

pela amizade e pelo incentivo.

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vii

Aos novos amigos da Marinha que contribuiram para tornar meus finais de domingo mais

leves, depois de horas de trabalho no laboratório. Bem lembrado, sem os sábados e domingos

eu não teria dado conta de terminar esta tese.

À Paula, do biotério do Instituto de Bioquímica Médica, pelo fornecimento de muitos dos

animais utilizados em meus experimentos e pela sua atenção em atender aos meus pedidos.

Às queridas Rita Luppi, Vera e Paula Calmon por todo carinho e amizade que me dedicam.

Aos meus amigos e companheiros de trabalho de Petrópolis, os prezados professores Andrea

Tannus, Izabel Romero, Carlos Lacerda, Vanderson e Victor que fizeram de muitas terças-

feiras dias de flores e sorrisos.

Ao meu querido amigo Antonio Jose, pela amizade, pela sua generosidade e seu sorriso largo

que alegra nossos dias de trabalho.

À profª. Derly Streit pelo apoio e amizade durante o período de realização desta tese.

À Bernadete, pela amizade e pela colaboração durante a organização das imagens desta tese.

Ao prof. Onesio pela amizade de muitos anos.

À todas as pessoas que mesmo sem compreender exatamente o que eu fazia me apoiaram

simplesmente porque gostam verdadeiramente de mim.

Aos meus alunos que não permitem que eu me torne arrogante. Cada pergunta sem resposta é

um exercício de humildade que me leva a melhorar o que faço como professora.

Ao Jefferson, um herói da resistência. Acompanhar uma rotina como a minha só por amor.

Muito obrigado pelo seu amor, pelo tempo que dedica a mim, pelo cuidado que tem comigo.

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RESUMO

O cerebelo recebe informações de origem periférica e central que são essenciais para a coordenação do movimento voluntário. Parte destas informações chegam por meio das fibras trepadeiras, procedentes do núcleo olivar inferior (NOI). Muitos neurônios do NOI degeneram após o tratamento com 3-acetilpiridina (3AP), o que resulta em descoordenação motora. No entanto, a recuperação espontânea do padrão normal da atividade motora é observada alguns dias após o tratamento. Os objetivos deste trabalho foram analisar as alterações do comportamento motor e histológicas no NOI e no cerebelo em resposta a 3AP e testar a ação neuroprotetora da minociclina (MINO). Ratos Wistar de 30-35 dias foram submetidos a injeção intraperitoneal de 3AP e BrDU e eutanasiados 24h, 4, 10 e 21 dias após o início do experimento. Os animais tratados com 3AP e controle foram submetidos ao teste de caminhada para quantificação das alterações motoras observadas e em seguida perfundidos-fixados com PF 4%. Foram feitas imuno-histoquímica e histoquímica em cortes coronais do NOI e do cerebelo e as imagens, analisadas por microscopia convencional e confocal. As imagens digitais coletadas foram utilizadas para contagem de células. Para testar a ação da MINO, os animais receberam injeções simultâneas de 3AP e MINO, seguida de uma dose 12h após e doses subsequentes diárias apenas de MINO. Os resultados mostraram a redução quase total da densidade numérica de neurônios do NOI 24h, 4 e 10 dias após o tratamento com a neurotoxina. Novas células foram adicionadas ao NOI a 24h, 4 e 10 dias, mas, neurônios (β-III tubulina positivos) só foram comprovados aos 21 dias. Observamos aumento de astrócitos e de células NG2 positivas, estas especialmente 4 e 10 dias após o tratamento com a 3AP. Microglia marcadamente reativa (identificada pela marcação com lectina IB4 G. simplicifolia) e em maior número foi observada no NOI aos 4 dias. No cerebelo, ocorreu acentuada redução dos neurônios de Purkinje aos 4 e 10 dias e aumento das células NG2 positivas na camada molecular. Os resultados revelaram também aparentes mudanças na expressão de marcadores fenotípicos gliais (GFAP, NG2, lectina IB4) e neuronais (calbindina) no NOI e no cerebelo em resposta a 3AP. Além de neurogênese no NOI foi observada sinaptogênese reativa na camada molecular cerebelar 21dias após o início do experimento, o que pode explicar a recuperação motora espontânea. A MINO teve efeito protetor sobre os neurônios do NOI, o que levou a uma redução do efeito da 3AP sobre a atividade motora e também na ativação microglial observada aos 4 dias. Os resultados nos permitem concluir que o efeito da 3AP sobre o NOI parece resultar, além da ação neurotóxica, da intensa ativação da microglia, que acentua o dano neuronal inicial induzido pela 3AP. A MINO foi capaz de prevenir as alterações motoras provocadas pela 3AP. Esta ação parece resultar primeiro do aparecimento 24h após o tratamento de microglia reativa amebóide, que deve atuar como neuroprotetora e segundo, pela inibição da microglia reativa grosseiramente ramificada observada no NOI aos 4 dias.

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ABSTRACT

The cerebellum receives information of peripheral and central origin that is essential to the coordination of the voluntary movement. Part of this information is relayed by the climbing fibers that proceed from the inferior olivary nucleus (ION). Many ION neurons degenerate after treatment with 3-acetylpyridine (3AP), resulting in loss of motor coordination. Nevertheless, there is spontaneous recovery of the normal pattern of motor activity a few days after 3-AP treatment. The objectives of this work were to analyze changes in motor behavior and in the histology of OIN and cerebellum in response to 3AP and to test the neuroprotective action of minocyclin (MINO). Thirty to thirty five day old Wistar rats were submitted to a single intraperitoneal (IP) injection of 3AP plus IP BrDU injections at 24 h, 4, 10, and 21 days after starting experiments. Both untreated controls and 3AP-treated animals were submitted to the walking test for quantification of motor disturbances and, after that, perfusion-fixed with 4% paraformaldehyde. Serial coronal sections of ION and cerebellum were stained by the Nissl method and digital images used for neuronal counting. Other series were used for histochemistry and immunonistyochemistry and analyzed by conventional and confocalmicroscopy. To test MINO action, the animals received simultaneous IP injections of 3AP and MINO, followed by another dosis 12h later and, in other cases, additional daily doses of MINO only until sacrifice. The results showed a near total reduction of the numerical density of ION neurons at 24h, 4d, and 10d after 3AP. BrDU+ cells appeared in increasing numbers at 24h, 4d, and 10d after 3AP but III tubulin-reactive neurons were found at 24d only. We observed apparent increases of GFAP+ or NG2+ cells, with the last type increasing particularly at 4d and 10d. Numerous reactive (strongly stained with G. simplicifolia lectin –IB4) microglia was observed in ION at 4 days. In the cerebellum, there was marked reduction of numbers of Purkinge cells at 4 and 10 days and increased numbers (and/or size) of NG2+in the molecular layer. The results also revealed apparent changes in the expression of glialphenotypic markers (GFAP, NG2, IB4) and calbindin+ neurons in ION in response to 3AP. In addition to neurogenesis in ION, reactive synaptophysin+ puncta (synaptogenesis) were observed 21 days after beginning of the experiments, providing an explanation for spontaneous motor recovery. MINO had a neuroprotector action on ION, leading to the reduction of effects of 3AP on motor activity and also on activation of microglia at 4d. The results suggest that, in addition to the neurotoxic action, the effect of 3AP on ION neurons may result from intense activation of microglia that augments the initial, direct neuronal damage. MINO was able to prevent the motor disturbances provoked by 3AP. This protective action seems to result first from the appearance of reactive ameboid microglia that may provide neuroprotection and second by inhibition of the reactive, roughly branched microglia observed in ION at 4 days.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ARNm – Ácido ribonucleico mensageiroBrdU – 5-Bromo 2’- deoxiuridinaBDNF – Fator de crescimento derivado do cérebroCB – calbindinaEGF – Fator de crescimento epidérmicoFGF2 – bFGF – Fator básico de crescimento de fibroblastoGC – GalactocerebrosídeoGFAP – Proteína ácida do filamento glialIL1 – Interleucina 1IFNγ – Interferon gamaLPS – LipopolissacarídeoMBP – Proteína básica de mielinaMINO – MinociclinaNADP – Nicotinamida adenina fosfatoNOI – Núcleo olivar inferiorPDGFRα – Receptor α do fator de crescimento derivado de plaquetasPLP – proteína proteolipídeoSNC – Sistema nervoso centralSNP – Sistema nervoso periféricoTGFβ- Fator de crescimento transformante betaTNFα – Fator de necrose tumoral alfaZSV – Zona subventricular3AP – 3-acetilpiridina3APADP – 3-acetilpiridina adenina dinucleotídeo fostafo3APAD – 3- acetilpiridina adenina dinucleotídeo

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Neurônios e circuitos do cerebelo .................................................................................. 3

Figura 2 Estrutura das tetraciclinas ............................................................................................... 25

Figura 3 Efeito da neurotoxina 3AP no comportamento motor .................................................... 43

Figura 4 Teste de caminhada ......................................................................................................... 45

Figura 5 Efeito da 3AP nos neurônios do NOI 24h e 4 dias .......................................................... 48

Figura 6 Efeito da 3AP nos neurônios do NOI 10 e 21 dias .......................................................... 50

Figura 7 Imuno-histoquímica para calbindina D-28K no NOI 24h e 4 dias ................................... 53

Figura 8 Imuno-histoquímica para calbindina D-28K no NOI 10 e 21 dias .................................. 55

Figura 9 Imunofluorescência para GFAP no NOI 24h e 4 dias .................................................... 58

Figura 10 Imunofluorescência para GFAP no NOI 10 e 21 dias .................................................... 60

Figura 11 Alterações nas células NG2+ no NOI em resposta à 3AP 24h ...................................... 63

Figura 12 Alterações nas células NG2+ no NOI em resposta à 3AP 4 dias ................................... 65

Figura 13 Alterações nas células NG2+ no NOI em resposta à 3AP 10 dias ................................. 67

Figura 14 Alterações nas células NG2+ no NOI em resposta à 3AP 21 dias ................................. 69

Figura 15 Resposta da microglia no NOI em ratos submetidos à 3AP 5h ...................................... 73

Figura 16 Resposta da microglia no NOI em ratos submetidos à 3AP 24h e 4 dias ...................... 75

Figura 17 Resposta da microglia no NOI em ratos submetidos à 3AP 10 e 21 dias ...................... 77

Figura 18 Resposta da microglia em regiões próximas ao 4º ventriculo ....................................... 79

Figura 19 Efeito da minocilcina na recuperação motora de animais submetidos à ação da 3AP ... 83

Figura 20 Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI 24h ..................................... 85

Figura 21 Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI 4 dias ................................. 87

Figura 22 Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI 10 dias................................ 89

Figura 23 Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI 21 dias ............................... 91

Figura 24 Efeito da 3AP nos neurônios de Purkinje do cerebelo 24h e 4 dias .............................. 94

Figura 25 Efeito da 3AP nos neurônios de Purkinje do cerebelo 10 e 21 dias .............................. 96

Figura 26 Alterações na expressão de calbindina D-28K e na morfologia dos neurônios de Purkinje

24h e 4 dias .................................................................................................................................... 99

Figura 27 Alterações na expressão de calbindina D-28K e na morfologia dos neurônios de Purkinje 10

e 21 dias ......................................................................................................................................... 101

Figura 28 Efeito da 3AP nas células NG2+ do cerebelo 24h ........................................................ 104

Figura 29 Efeito da 3AP nas células NG2+ do cerebelo 4 dias .................................................... 106

Figura 30 Efeito da 3AP nas células NG2+ do cerebelo 10 dias .................................................. 108

Figura 31 Efeito da 3AP nas células NG2+ do cerebelo 21 dias .................................................. 110

Figura 32 Imuno-histoquímica de dupla marcação para BrdU e β-III Tubulina 24h 2e 4 dias .... 113

Figura 33 Imuno-histoquímica de dupla marcação para BrdU e β-III Tubulina 10 e 21 dias ...... 115

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Figura 34 Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina e sinaptofisina 24h ............... 118

Figura 35 Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina e sinaptofisina 4 dias ........... 120

Figura 36 Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina e sinaptofisina 10 dias ......... 122

Figura 37 Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina e sinaptofisina 21 dias ......... 124

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xiii

SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................... viii

ABSTRACT ...................................................................................................................... ix

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ x

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................... xi

SUMÁRIO ........................................................................................................................ xiii

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ATAXIAS ....................................... 1

1.2. O SISTEMA OLIVOCEREBELAR ................................................................ 2

1.3. MODELO DE LESÃO NEURAL: 3-ACETILPIRIDINA .............................. 5

1.4. PROGENITORES E CÉLULAS TRONCO ................................................... 6

1.5. CÉLULAS GLIAIS ......................................................................................... 10

1.5.1. Astrócitos .......................................................................................... 10

1.5.2. Oligodendrócitos ............................................................................... 12

1.5.2.1 Mielina ................................................................................. 14

1.5.3. Polidendrócitos .................................................................................. 15

1.5.4. Microglia ............................................................................................ 17

1.6. MARCADORES FENOTÍPICOS GLIAIS E NEURONAIS ......................... 19

1.6.1. GFAP ................................................................................................. 19

1.6.2. CNPase .............................................................................................. 21

1.6.3. Lectina de Griffonia simplicifolia ...................................................... 22

1.6.4. β-III Tubulina ..................................................................................... 23

1.6.5. Calbindina .......................................................................................... 24

1.7. MINOCICLINA E SUA AÇÃO NEUROPROTETORA ................................ 24

2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 30

3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 32

3.1. ANIMAIS ......................................................................................................... 32

3.2. ANTICORPOS E OUTROS LIGANTES ........................................................ 32

3.3. INJEÇÃO INTRAPERITONEAL DE 3-ACETIL-PIRIDINA ........................ 33

3.4. INJEÇÃO INTRAPERITONEAL DE 5-BROMO 2’- DEOXIURIDINA....... 33

3.5. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MOTOR .............................................. 34

3.6. PREPARAÇÃO DO TECIDO .......................................................................... 34

3.7. COLORAÇÃO PELO MÉTODO DE NISSL (CRESIL VIOLETA) ............... 35

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xiv

3.8. PROCEDIMENTOS DE IMUNO-HISTOQUÍMICA ...................................... 35

3.8.1. Imuno-histoquímica de dupla marcação ............................................. 35

3.8.2. Imuno-histoquímica de marcação simples .......................................... 38

3.9. HISTOQUÍMICA DE LECTINA ..................................................................... 39

3.10. TRATAMENTO COM MINOCICLINA ........................................................ 39

3.11. QUANTIFICAÇÃO DAS REAÇÕES IMUNO-HISTOQUÍMICA E

HISTOQUÍMICA ..................................................................................................... 40

4. RESULTADOS

4.1. EFEITO DA NEUROTOXINA 3AP NO COMPOTAMENTO MOTOR ........ 41

4.2. EFEITO DA 3AP NOS NEURÔNIOS DO NOI ............................................... 46

4.3. ALTERAÇÕES NA EXPRESSÃO DE CALBINDINA D-28K NOS

NEURÕNIOS DO NOI EM RESPOSTA À 3AP ..................................................... 51

4.4. ALTERAÇÃO NA MORFOLOGIA DOS ASTRÓCITOS DO NOI EM

RESPOSTA À 3AP ................................................................................................... 56

4.5. ALTERAÇÕES NAS CÉLULAS NG2 POSITIVAS DO NOI EM

RESPOSTA À 3AP ................................................................................................... 61

4.6. RESPOSTA DA MICROGLIA DO NOI EM RATOS SUBMETIDOS À

AÇÃO DA 3AP ......................................................................................................... 70

4.7. EFEITO DA MINOCICLINA NA RECUPERAÇÃO MOTORA DE RATOS

SUBMETIDOS À AÇÃO DA 3AP ........................................................................... 80

4.8. EFEITO DA MINOCICLINA NA MORFOLOGIA DA MICROGLIA DO

NOI ............................................................................................................................ 80

4.9. EFEITO DA 3AP NOS NEURÔNIOS DE PURKINJE DO

CEREBELO ............................................................................................................... 92

4.10. ALTERAÇÕES NA EXPRESSÃO DE CALBINDINA D-28K E

NA MORFOLOGIA DOS NEURÔNIOS DE PURKINJE ....................................... 97

4.11. EFEITO DA 3AP NAS CÉLULAS NG2 POSITIVAS DO

CEREBELO ............................................................................................................... 102

4.12. RESPOSTA DE PROLIFERAÇÃO CELULAR OBSERVADA ATRAVÉS

DE DUPLA MARCAÇÃO COM BrdU E β-III TUBULINA NO NOI DE

RATOS SUBMETIDOS À AÇÃO DA 3AP .............................................................. 111

4. 13. EFEITO DA 3AP NOS CONTATOS SINÁPTICOS NA CAMADA

MOLECULAR DO CÓRTEX CEREBELAR ............................................................ 116

5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 125

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xv

6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 136

7. PERSPECTIVAS ................................................................................................. 138

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 139

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1

INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ATAXIAS

O cerebelo recebe uma grande quantidade de informações sensoriais cujos efeitos

sobre o cerebelo são vitais para a realização do movimento normal. Entretanto, uma lesão

grave no cerebelo não interfere na percepção sensorial ou na força muscular, mas, é capaz de

gerar descoordenação motora importante, caracterizada principalmente por movimentos

voluntários irregulares e imprecisos. Apesar da descoordenação motora, a locomoção ainda é

possível mas o modo de andar é instável (Nicholls e cols., 2001). Tal descoordenação,

conhecida como ataxia, pode afetar a postura do tronco, quando a lesão cerebelar ocorre na

linha média; a marcha, quando ocorrem lesões paravérmicas; e, seletivamente, os membros,

quando ocorrem lesões laterais do cerebelo. A ataxia, no homem, pode ainda se manifestar

como disartria, isto é, fala enrolada com má articulação das palavras, quando ocorrem lesões

vérmicas (Lundy-Ekman, 1998).

As ataxias cerebelares constituem um grupo de doenças neurodegenerativas de causas

variadas que incluem mutações genéticas, fatores ambientais, câncer e outros fatores

indeterminados. Cerca da metade das ataxias estão relacionadas a mutações genéticas e têm

sido classificadas, de acordo com o processo patológico envolvido, como mitocondrial,

metabólica, por defeitos no sistema de reparo do ADN, por defeitos na formação da estrutura

tridimensional de proteínas e alterações em canais iônicos (Harding, 1993).

A ataxia não resulta apenas de lesões cerebelares. A interferência na transmissão

somato-sensorial para o cerebelo, seja por lesão espino-cerebelar ou por distúrbios periféricos,

também pode produzir ataxia.

Até o momento, não há tratamento efetivo para nenhum dos tipos de ataxia e como a

etiologia da ataxia é variada, uma única abordagem terapêutica não tem sido possível. Em

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2

muitos tipos de ataxia cerebelar tem sido experimentada, com certa dificuldade, como

estratégia terapêutica, a ação de substâncias neuroprotetoras. Embora as células de Purkinje,

do córtex cerebelar, sejam os neurônios mais comumente afetados, outras populações

neuronais podem também ser comprometidas, o que parece dificultar a resposta terapêutica.

Alguns autores consideram que a utilização de substâncias com ação neuroprotetora

combinada a estratégias terapêuticas mais atuais, como por exemplo, as terapias gênica e com

células tronco, possa contribuir de forma mais significativa para o reparo das áreas afetadas e

consequente melhora na descoordenação motora nos pacientes com ataxia (Fernandez e cols.,

2005).

1.2 O SISTEMA OLIVO-CEREBELAR

O cerebelo recebe informações de origem periférica e central através de diferentes

sistemas pré-cerebelares que terminam em diferentes camadas do córtex cerebelar. Essas

informações chegam ao cerebelo através das fibras trepadeiras, que se originam no complexo

olivar inferior, no bulbo, e fazem sinapses com as células de Purkinje, e das fibras musgosas,

originadas na medula espinhal, na formação reticular, no sistema vestibular e nos núcleos

pontinos (figura 1). As informações recebidas pelo cerebelo são, então, integradas para

produzir os ajustes apropriados na atividade dos “neurônios motores superiores”,

especialmente os do córtex motor, e daí na atividade das vias descendentes. Assim, pode-se

dizer que a função primária do cerebelo é detectar diferenças ou “erros motores” entre o

movimento em curso e o movimento. pretendido e, a partir dessas projeções para os

“neurônios motores superiores”, corrigir o erro. Essa correção também pode ocorrer como

uma forma de aprendizado motor quando a informação da correção é armazenada (Purves e

cols., 2001).

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Adaptado de Purves e cols., Neuroscience, 2001.

Figura 1: Neurônios e circuitos do cerebelo. (A) – Tipos de neurônios no córtex cerebelar e (B) –Esquema mostrando a convergência de sinais para os neurônios de Purkinje a partir das fibras paralelas, neurônios de circuitos locais, além das conexões estabelecidas com as fibras trepadeiras.

A função de coordenação motora executada pelo cerebelo é crítica e depende muito da

atividade das células de Purkinje, que são neurônios calbindina positivos. Barski e

colaboradores demonstraram que a deleção seletiva do gene relacionado à proteína ligante de

cálcio calbindina D-28K, em células de Purkinje cerebelares, provoca déficit severo na

transmissão sináptica e no controle motor cerebelar (Barski e cols., 2003).

O complexo olivar inferior, que representa uma das principais fontes de aferências

para o cerebelo, em mamíferos, é constituído pela oliva principal e pelas olivas acessórias

dorsal e medial e vários subnúcleos menores. Estudos realizados por Ramón y Cajal,

publicados em 1909 e 1911 (ver Ramon y Cajal, 1911), possibilitaram a primeira descrição

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detalhada dessa área do tronco cerebral. A população de neurônios olivares é relativamente

homogênea e, com exceção de poucos interneurônios, é constituída por dois tipos de

neurônios. Um tipo principal, com corpo celular esférico (com diâmetro entre 15-30 µm) e

uma complexa arborização dendrítica. Este tipo de neurônio é predominante na oliva principal

e na parte rostral das olivas acessórias medial e dorsal. O outro tipo de neurônio tem

arborização radial, longa e difusa e é predominante na parte caudal da oliva acessória medial.

Estudos ultraestruturais desses neurônios têm mostrado que as espinhas dendríticas estão

frequentemente acopladas por meio de junções gap (De Zeeuw e cols., 1989; De Zeeuw e

cols., 1990). Em rato, o núcleo olivar inferior é constituído por cerca de 48.800 células

(Schild, 1970) que se projetam diretamente para 350.000 células de Purkinje. O axônio de

cada neurônio olivar inferior atravessa a linha média a nível bulbar e, após ingressar no

pedúnculo cerebelar contralateral, ramifica-se na substância branca cerebelar para inervar, em

média, sete células de Purkinje.

Três variedades de astrócitos foram identificadas na oliva inferior nos diferentes

animais estudados: astrócitos fibrosos, que apresentam prolongamentos longos, são

imunorreativos para GFAP e estão localizados entre os feixes de fibras mielinizadas,

astrócitos protoplasmáticos, que apresentam menos filamentos intermediários que o primeiro

tipo e astrócitos com véu, que apresentam uma estrutura lamelar organizada ao redor da

arborização dentrítica neuronal. Além disso, estudos ultraestruturais permitiram a

identificação de áreas de contato entre as células gliais. Oligodendrócitos e seu

prolongamentos formam junções comunicantes com astrócitos e junções aderentes com

outros oligodendrócitos (Bozhilova-Pastirova e Ovtscharoff, 2000).

1.3 MODELO DE LESÃO NEURAL: 3 –ACETIL-PIRIDINA

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Uma variedade de procedimentos podem ser utilizados para observação e estudo das

respostas do sistema nervoso a lesão, que incluem modelos de isquemia, produzidos por

diferentes procedimentos de oclusão de vasos sanguíneos, lesões induzidas por trauma

mecânico, por injeção intracerebral de neurotoxinas e injeção intraperitonial da neurotoxina

3-acetil-piridina (3AP) (Gibb e cols., 1988; Harukuni e Bhardnaj, 2006; Marsala e cols.,

2007).

A 3AP é um antagonista competitivo da nicotinamida capaz de induzir degeneração em

várias regiões do sistema nervoso após administração sistêmica. Embora a perda neuronal

induzida pela 3AP já tenha sido demonstrada no hipocampo, na substância nigra pars

compacta e em vários outros núcleos do tronco cerebral, em roedores o núcleo olivar inferior

é o mais severamente afetado, o que sugere uma ação seletiva da 3AP em certos sub-sistemas

neurais (Desclin, 1974; Balaban, 1985).

No cérebro, a 3AP é rapidamente convertida em 3AP-adenina dinucleotídeo (3APAD)

e em 3AP-adenina dinucleotídeo fosfato (3APADP) pela NADP-glico-hidrolase, levando a

perda funcional da niacinamida e NADP e subsequente impedimento da transferência de íons

H+ em muitas reações enzimáticas dependentes de niacinamida/ NADP (revisto em Wullner e

cols., 1997).

A neurotoxicidade seletiva central da 3AP observada poderia ser explicada, segundo

Hicks e outros autores, por deficiências de niacinamida no plasma, pela permeabilidade das

células a 3AP, pela eliminação da neurotoxina e outros fatores metabólicos neuronais (Hicks,

1955). Trabalhos mais recentes sugerem que o estresse oxidativo pode estar relacionado com

a toxicidade da 3AP, que pode ser atenuado pela ação de substâncias anti oxidantes (Schulz e

cols., 1995).

Estudos de microscopia eletrônica e óptica mostraram que os neurônios olivares

inferiores sofrem rápida degeneração eletro-densa e que há um completo comprometimento

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bilaterial do núcleo olivar inferior 12 h após a injeção com a 3AP. Além disso, uma intensa

proliferação astrocitária foi também observada em 12 h enquanto a atividade microglial

apareceu mais tardiamente, 60 h após a injeção. Adicionalmente, evidenciou-se alterações

degenerativas no córtex cerebelar com as varicosidades (protuberâncias nas terminações

axonais) das fibras trepadeiras exibindo aspecto degenerativo 24h após a injeção com essa

neurotoxina (Anderson e Flumerfelt, 1980).

Dados da literatura sugerem o uso da 3AP para obtenção de um modelo experimental

de ataxia, em virtude do efeito produzido sobre o núcleo olivar inferior (Fernandez e cols.,

1998). Lopez-Garcia e colaboradores demonstraram que a injeção intraperitoneal de 3AP foi

capaz de causar uma lesão seletiva no cortex cerebral medial de lagartos adultos, com rápida

degeneração da camada granular (Revisão: Lopez-Garcia e cols., 2002). A degeneração

descrita foi seguida por um aumento no número de neuroblastos proliferantes e consequente

processo de regeneração e o desaparecimento transitório da microglia, que reapareceu cerca

de duas semanas após a indução da lesão (Lopez-Garcia e cols., 1994).

1.4 PROGENITORES E CÉLULAS TRONCO

A neurogênese reativa demonstrada por Lopez-Garcia (1994) no córtex cerebral

medial de lagartos adultos em resposta a 3AP, comentada anteriormente, não foi a única

descrição de neurogênese em encéfalo de aninais adultos.

Altman já havia sugerido a persistência da neurogênese no encéfalo de roedores

adultos, em um trabalho intitulado “Are new neurons formed in the brains of adult animals?”,

publicado na Science (Altman, 1962), mas isso só foi confirmado em 1977, quando Kaplan e

Hinds, usando microscopia eletrônica e autorradiografia com timidina tritiada, demostraram a

presença de novos neurônios no bulbo olfatório e no giro dentado hipocampal (Kaplan e

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Hinds, 1977). Também a partir de 1977, vários estudos em vertebrados não mamíferos

(anfíbios, peixes, répteis e aves) mostraram a formação de novos neurônios na vida adulta,

principalmente em estruturas relacionadas com a visão (John e Easter, 1977; Raymond e

Easter, 1983) ou com o canto dos pássaros (Nottebohm, 1985) e no hipotálamo (Chetverukhin

e Polenov, 1993).

A gênese de novos neurônios, em encéfalo de mamíferos adultos, tem sido

documentada na camada subgranular do giro dentado (Revisão: Gage, 2000) e na zona

subventricular (ZSV) dos ventrículos laterais (Luskin, 1993; Lois e Alvarez-Buylla, 1994;

Gage, 2000) e tem sido demonstrada a produção de novos neurônios em hipocampo de

humanos (Eriksson e cols., 1998). A ocorrência de axogênese e sinaptogênese em indivíduos

adultos foi demonstrada, mesmo em ausência de processos patológicos, em resposta a fatores

hormonais, estresse, entre outros (Theodosis e Poulain, 1993; Frankfurt, 1994). A noção do

encéfalo adulto como uma estrutura imutável foi então substituída pela idéia da plasticidade,

que vem sendo confirmada em diferentes trabalhos e que sugerem que esta neurogênese

sustentada na vida adulta é consequência da persistência de células tronco neurais dentro de

áreas restritas do SNC.

O termo “ célula tronco neural” é usado para designar células que apresentam duas

propriedades principais: capacidade de divisão simétrica para gerar grande número de células

idênticas (multiplicação) e também, de divisão assimétrica para produzir células progenitoras

que poderão dar origem a diferentes tipos celulares, como neurônios e células gliais

(multipotencialidade) (Gage, 2000; Momma e cols., 2000).

A área germinativa da ZSV telencefálica, no adulto, é principalmente constituída por

quatro tipos celulares distintos: células ependimárias que estão voltadas para o lúmen do

ventrículo, neuroblastos migrantes (células tipo A), circundados por astrócitos (células tipo B)

e, por último, células agrupadas e relacionadas aos neuroblastos (células tipo C). Vários

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estudos têm tentado determinar que células da zona subventricular são células tronco, embora

ainda com resultados controversos. Em 1999, Johansson e cols. apresentaram evidências de

que as células ependimárias seriam as células tronco neurais, enquanto outros resultados,

apresentados por Doetsch e cols., no mesmo ano, sugeriram serem as células tipo B.

Estudos realizados in vitro também têm contribuído para aumentar o conhecimento

sobre as células tronco neurais. A utilização de diferentes marcadores de proliferação celular

(como 5-bromo 2’-deoxiuridina - BrdU) e de diferentes tipos celulares (calbindina: neurônios,

nestina: progenitores, proteína ácida de filamentos gliais – GFAP: astrócitos, entre outros)

permitiu mostrar que as células tipo B proliferam em cultura, formando neuroesferas que

possuem a capacidade de gerar tanto neurônios como células gliais (Reynolds e cols., 1992;

Reynolds e Weiss, 1992; Lois e Alvarez-Buylla, 1993). Além disso, tem sido observado que

as capacidades proliferativa e multipotencial dessas células parece ser regulada por fatores

internos, como hormônios, neurotransmissores e fatores de crescimento e também por

estímulos ambientais, como as variações sazonais e estímulos sensoriais (Cayre e cols., 2002).

Em relação aos fatores de crescimento, por exemplo, observou-se que a adição de FGF-2

(bFGF: fator básico de crescimento de fibroblastos) ou EGF em meio de cultura induziu a

proliferação de células progenitoras, permitindo a formação de clones de células a partir do

hipocampo ou da ZSV de roedores adultos (Reynolds e Weiss, 1992; Gage e cols., 1995). Foi

demonstrado também que BDNF parece atuar como um fator de sobrevivência para os

neurônios recém formados (Kirschenbaum e Goldman, 1995).

Células tronco neurais, isoladas a partir do quarto ventrículo e do canal central da

medula espinhal de camundongos adultos, formam neuroesferas in vitro em resposta a

algumas combinações de fatores de crescimento, como EGF e FGF-2 (Weiss e cols., 1996).

Em rato, a injeção intratecal de EGF e FGF-2 aumentou significativamente a proliferação de

células ao redor do canal central (Kojima e Tator, 2000), embora a injeção apenas de FGF-2

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no interior do ventrículo lateral de rato tenha sido suficiente para produzir aumento das

células proliferativas no cérebro (Kuhn e cols., 1997). Muito pouco é conhecido sobre quais

os fatores de crescimento são necessários e suficientes para induzir a proliferação de células

tronco no interior do quarto ventrículo e do canal central da medula espinhal. Martens e

colaboradores demonstraram que células tronco e progenitores endógenos, localizados ao

redor do quarto ventrículo e no canal central da medula espinhal, proliferam em resposta a

injeção intraventricular de fatores de crescimento (Martens e cols., 2002). Além disso,

demonstrou-se que células progenitoras neurais foram geradas em cultura, a partir da medula

óssea, na presença dos fatores de crescimento bFGF e EGF , bem como se diferenciaram em

neurônio e glia (Kabos e cols., 2002).

Mezey e colaboradores demostraram a geração de microglia e macroglia, a partir de

células de medula óssea, em diferentes regiões do encéfalo de camundongo. O mesmo grupo

estudando cérebro de mulheres, após a morte, que receberam transplante de medula óssea de

doadores homens, demonstrou a geração de novos neurônios especialmente no hipocampo e

no córtex cerebral (Eglitis e Mezey, 1997; Mezey e cols., 2003). Curiosamente, um outro

estudo demonstrou que a microglia, em cultura, seria uma fonte potencial de neurônios,

astrócitos e oligodendrócitos (Yokoyama e cols., 2004). Estes dados sugerem a análise do

papel de citocinas, que são largamente produzidas pela microglia (Hanisch, 2002) ou agem

sobre elas, no desenvolvimento e na plasticidade do sistema nervoso.

Outra importante observação feita foi a da existência de células tronco neurais

multipotentes no cerebelo. Lee e colaboradores isolaram estas células e demonstraram, in

vitro, que são capazes de se diferenciar em astrócitos, oligodendrócitos e neurônios (Lee e

cols., 2005). Mais recentemente, Bonfanti e cols. (2008) observaram a gênese de

progenitores glial e neuronal no córtex cerebelar de coelhos adultos.

É aceito que certos neurônios no SNC de animais adultos mantém o seu potencial para

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formação de novos contatos sinápticos em resposta a lesão ou outros estímulos. Este

mecanismo é conhecido como sinaptogênese reativa e já foi demonstrado em diferentes

regiões do cérebro (revisto em Hamori, 1990 e Nadler, 2003). Mais recentemente, Letellier e

cols. (2007) observaram que parte dos eventos iniciais da sinaptogênese podem ser

reproduzidos quando ocorre reinervação em sistemas relativamente maduros em resposta a

lesão. Essas observações destacam a sinaptogêsene reativa como um mecanismo que pode

contribuir pra recuperação de lesões no SN.

1.5 CÉLULAS GLIAIS

1.5.1 Astrócitos

No SNC os astrócitos correspondem a aproximadamente 50% de todas as células

gliais (Reinchenbach, 1989) e são derivadas durante o desenvolvimento principalmente da

glia radial, após ter sido completada a geração e migração neuronal (Schmechel e Rakic,

1979a; Barradas e cols., 1989; Voigt, 1989).

A análise morfológica permitiu classificar os astrócitos em fibrosos e

protoplasmáticos. Os astrócitos fibrosos apresentam corpo celular pequeno, prolongamentos

finos e longos e são encontrados tipicamente na substância branca. Já os astrócitos

protoplasmáticos apresentam corpo celular maior que os fibrosos, possuem prolongamentos

curtos e ramificados e são tipicamente encontrados na substância cinzenta (Privat e cols.,

1995).

Os astrócitos exibem uma forte interligação estrutural com os neurônios em todas as

regiões do SNC. As membranas somática e dendrítica são envolvidas por prolongamentos dos

astrócitos. Na substância branca, os prolongamentos dos astrócitos organizam a estrutura

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conhecida como aparelho nodal, nos nós de Ranvier (Sims e cols., 1985). Estes

prolongamentos também formam especializações em contato com outros elementos teciduais

do SNC, como vasos sanguíneos (pés terminais perivasculares), que recentemente tem sido

relacionados à indução de propriedades de barreira na vasculatura neural (Garcia e cols.,

2004) e também com as meninges.

Além da interligação estrutural com os neurônios, os astrócitos apresentam-se

interligados entre si pela presença de junções comunicantes (Giaume e Mc Carthy, 1996).

Assim, os astrócitos parecem constituir um sincício que controla a homeostasia extracelular e

cria condições ideais para a atividade neuronal (Montgomery, 1994).

A morfologia astrocitária pode ser influenciada por vários fatores incluindo interações

com neurônios (Hatten, 1985), neurotransmissores (Cornell-Bell e cols., 1992) e durante

estados fisiológicos, como lactação (Salm e cols., 1985) ou fisiopatológicos, como a

desidratação (Perlmutter e cols., 1985).

Os astrócitos, além das relações estruturais com os neurônios, desempenham

atividades consideradas essenciais para a função neuronal e, conseqüentemente, para a

atividade cerebral normal. Os astrócitos contribuem para a migração neuronal, influenciam o

crescimento de neuritos, dão suporte à sinaptogênese e estão relacionados à plasticidade

sináptica; participam na manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico, da barreira hemato-

encefálica e modulam as respostas imune/inflamatórias e funções fagocíticas (Walz, 2000).

Mais recentemente, tem sido atribuída aos astrócitos a participação na regulação da

transmissão sináptica (Newman, 2003). Além disso, os astrócitos garantem suprimento

energético para os neurônios (Tsacopoulos e Magistretti, 1996).

Os astrócitos também são capazes de proteger os neurônios contra a toxidade de

determinadas substâncias. Apresentam sistemas enzimáticos específicos que permitem o

metabolismo da amônia, radicais livres e glutamato, entre outros (Meister, 1988; Yudkoff e

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cols., 1990). Estudos mostraram que a capatação do glutamato, do espaço extracelular, pelos

astrócitos pode minimizar a excitotoxicidade neuronal (Brown, 2000).

1.5.2 Oligodendrócitos

Os oligodendrócitos constituem um outro integrante da glia no SNC. Este tipo glial é

responsável pela formação de uma estrutura altamente especializada, a bainha de mielina, que

se constitui de camadas multilamelares de mielina ao redor dos axônios no SNC. Diferente

disto, no sistema nervoso periférico, cada célula de Schwann (do tipo mielinizante) forma

bainha de mielina em apenas um axônio. A bainha de mielina produz um isolamento elétrico

ao redor das fibras nervosas que torna possível a rápida transmissão de sinais neurais no

sistema nervoso.

O termo oligodendroglia foi introduzido por del Rio Hortega em 1928 para a descrição

de células que apresentavam poucos prolongamentos, quando impregnadas pelo carbonato de

prata, e eram mais abundantes na substância branca.

Os oligodendrócitos se originam de precursores localizados na zona ventricular

ventral, em estágios precoces da vida embrionária. O desenvolvimento dos oligodendrócitos é

melhor entendido na medula espinal do que no cérebro. Na medula espinhal, os

oligodendrócitos parecem originar-se a partir de uma área muito restrita na zona ventricular,

num processo dependente dos fatores de transcrição (Olig 1 e Olig 2) e de sinalização por

Sonic Hedgehog (Orentas e cols., 1999). A partir dessa área, as células precursoras de

oligodendrócitos migram para alcançar todas as partes da medula e atingir os axônios alvo,

onde, então, começam a expressar altos níveis dos produtos do gene da mielina e embainhar

os axônios.

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Os precursores de oligodendrócitos podem ser distinguidos de outras células neuro-

epiteliais pela expressão do ARNm do receptor α do PDGF (PDGFRα) e do ARNm da dm20,

resultante do processamento alterantivo do gene plp (Pringle e cols., 1993; Timsit e cols.,

1995). Estas células, embora sejam encontradas em localidades próximas, não coexpressam

ARN de plp/ dm20 e PDGFRα, sugerindo serem essas duas populações de células

neuroectodérmicas linhagens oligodendrogliais distintas (Spassky e cols., 1998).

Os oligodendrócitos atravessam muitos estágios ao longo do desenvolvimento até

atingirem a maturidade. Sendo assim, a observação da expressão de marcadores antigênicos e

dos estados mitótico e migratório destas células se constituem recursos importantes para a

identificação de estágios ontogenéticos distintos. Alguns desses marcadores antigênicos são

característicos de cada fase do desenvolvimento dos oligodendrócitos. Os precursores

neuroepiteliais expressem o marcador Olig1, enquanto os precursores de oligodendrócitos

expressam PDGFRα e A2B5. As células conhecidas como pró-oligodendrócitos são positivas

para O4. E os oligodendrócitos pré-mielinizante e mielinizante expressam, respectivamente,

galactocerebrosideo (GC) e proteína proteolipídeo (PLP) e proteína básica de mielina (MBP)

(Jessen, 2004).

Os oligodendrócitos são células altamente sensíveis a vários tipos de agressões como

anóxia, radicais livres, entre outros. Nos últimos anos, observou-se que células do SNC adulto

expressam o proteoglicano condroitin sulfato NG2, o receptor α de PDGF e são O4+ (Levine

e cols., 1993; Pringle e cols., 1992; Reynolds e Hardy, 1997). Estas células constituem os

precursores adultos de oligodendrócitos, atualmente denominadas polidendrócitos e

consideradas o quarto tipo glial do SNC (Nishiyama e cols., 2002).

1.5.2.1 Mielina

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A mielina central é formada como uma extensão das membranas plasmáticas dos

oligodendrócitos, que se espiralizam, produzindo camadas concêntricas, multilamelares, ao

redor dos axônios. Esta estrutura apresenta compartimentos individualizados, como a região

paranodal que pode estar envolvida com o fluxo iônico nos nodos de Ranvier e a mielina

internodal composta por mielina compacta, as incisuras de Schmidt-Lanterman e o

componente radial (Kirschner e Blaurock, 1992). No entanto, a composição da mielina é

distinta da do oligodendroplasmalema (Newman e cols., 1995).

A mielina confere importantes vantagens ao SN dos vertebrados, como o aumento da

velocidade de condução do impulso nervoso, fidelidade na transmissão do sinal a longas

distâncias e economia metabólica e de espaço, em contraste com o SN dos invertebrados,

onde a eficiência da condução é, geralmente, atribuída ao aumento do calibre axonal

(Baumann e Pham-Dinh, 2001). Além disso, a mielina é um alvo importante de atenção uma

vez que está envolvida numa variedade de condições patológicas como leucodistrofias e

esclerose múltipla, no SNC e neuropatias periféricas, no SNP. Por outro lado, pelo seu

elevado teor de proteínas inibitórias do crescimento de neuritos, a mielina central exerce uma

influência negativa sobre a plasticidade no SNC, impedindo a regeneração após lesões

(Schwab, 1996).

1.5.3 Polindendrócitos

Além dos clássicos constituintes celulares do SNC que incluem neurônios, astrócitos,

oligodendrócitos e microglia, a identificação de um quarto tipo glial, os polidendrócitos, vem

acrescentando novos conhecimentos sobre estrutura e função do SN.

Ao longo de, pelo menos, duas décadas, diferentes autores referiram-se a estas células

usando diferentes nomes. Em 2002, o termo polidendrócitos foi introduzido por Nishiyama e

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colaboradores, como sinônimo de células que expressam o proteoglicano condroitin sulfato –

NG2, que foi identificado por Stallcup e colaboradores há mais de 25 anos (revisto em

Nishiyama, 2007).

Os primeiros estudos de identificação das células NG2 positivas in vivo, feitos em

córtex cerebelar adulto, mostraram células com morfologia estrelada (revistos em Stallcup,

2002) e nenhuma imunorreatividade para GFAP ou filamentos intermediários identificados

por ultraestrutura (Levine e Card, 1987). Estudos posteriores revelaram que a distribuição

espacial e temporal destas células estava mais estreitamente relacionada ao desenvolvimento

de oligodendrócitos do que de astrócitos (Levine e cols., 1993; Nishiyama e cols., 1996a). No

entanto, foi a demonstração de que células NG2 positivas expressam também o receptor α

para PDGF (PDGFR α) que sustentou a idéia de que os polidendrócitos seriam células

precursoras de oligodendrócitos in vivo (Nishiyama e cols., 1996a, 1997).

Após o desenvolvimento, os polidendrócitos persistem no SNC. Em virtude desta

observação, podemos supor que a permanência destas células, após a formação e

amadurecimento da mielina, poderia contribuir para manutenção e reparo desta estrutura.

No SNC adulto normal, os polidendrócitos proliferam lentamente (Levine e cols.,

1993). Por outro lado, a proliferação aumenta nos tratos da substância branca de

camundongos com defeitos genéticos na mielinização (Wu e cols., 2000) e também em

resposta à vários tipos de lesão desmielinizante induzidas química ou imunologicamente (Di

Belo e cols., 1999; Mason e cols., 2000; Watanabe e cols., 2002). Além disso, Reynolds e

colaboradores (2002) mostraram que estas células, após a indução da lesão, apresentaram

imurreatividade para NG2 e CNPase, sugerindo que os polidendrócitos proliferam e se

diferenciam em oligodendrócitos em resposta a lesão desmielinizante.

Os polidendrócitos formam “sinapses” com os neurônios. Vários trabalhos

demonstraram a presença de canais iônicos dependentes de voltagem e receptores

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ionotrópicos para neurotransmissores nestas células. Comunicações entre polidendrócitos e

neurônios foram demonstradas em hipocampo e em outras regiões anatômicas do SN, como a

camada molecular do córtex cerebelar onde os dendritos das células de Purkinje e os

polidendrócitos são inervados pelas fibras trepadeiras (revisto em Nishiyama, 2007).

Além da mudança na proliferação comentada anteriormente, alterações na expressão

de NG2 e nos prologamentos celulares foram demonstradas em diferentes condições de lesão

do SNC (Levine, 1994; Bu e cols., 2001) e embora esta reação seja diferente daquela exibida

pelos astrócitos, ocorre também na zona da cicatriz glial (Silver e Miller, 2004), o que poderia

sugerir que de alguma maneira a presença destas células pudesse interferir no processo de

progressão do dano ou na recuperação.

Vários estudos mostraram que o NG2 purificado inibe o crescimento axonal (revisto

em Chen e cols., 2002a) e causou colapso do cone de crescimento axonal, além de inibir o

crescimento de neuritos em neurônios cerebelares e de gânglio de raíz dorsal (Chen e cols.,

2002b; Ughrin e cols., 2003). Por outro lado, Yang e colaboradores (2006) mostraram que os

polidendrócitos, que possuem NG2 na sua superfície, promoveram o crescimento de neuritos

em co-culturas com axônios. E ao contrário do que foi mostrado com o NG2 purificado, não

houve colapso dos cones de crescimento axonal quando ocorreu contacto com os

polidendrócitos. É possível que o contato direto com os polidendrócitos de alguma maneira

contribua para o crescimento axonal e a recuperação da lesão.

1.5.4 Microglia

A primeira investigação sistemática da microglia foi realizada por del Rio Hortega,

em 1918, utilizando o método de impregnação por carbonato de prata. A análise de seções de

tecido nervoso permitiu a observação de células com corpo celular reduzido com arborização

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grande e extremamente ramificada. Apesar de muitos estudos envolvendo a microglia, até

hoje não há clareza sobre as funções desempenhadas por estas células no SN. Diferentemente

dos outros tipos gliais, a microglia tem origem mesodérmica (Cuadros e Navascues, 1998).

A identificação da microglia pode ser feita através da utilização de diferentes métodos,

além da impregnação pela prata. Métodos histoenzimáticos, como nucleosídeo difosfatase e

tamina pirofosfatase, desenvolvido por Novikoff e Goldfisher (Novikoff e Goldfisher, 1961),

por ligação de determinadas lectinas, como as derivadas de Griffonia simplicifolia e de

Lycopersicon esculentum, a glicoconjugados da membrana microglial (Streit e cols., 1985) e

por imuno-histoquímica, utilizando anticorpos monoclonais que reconhecem antígenos

específicos de células da linhagem de monócitos e macrófagos (Perry e cols., 1985; Cuadros e

cols., 1992).

As células microgliais estão presentes em grande número na maioria das áreas

encefálicas, mas sua distribuição não é uniforme. É mais abundante na substância cinzenta do

que na branca especialmente nas regiões do hipocampo, bulbo olfatório, núcleos da base e

substância nigra. Outro aspecto também interessante, descrito por Lawson e colaboradores

em 1990, é o fato da morfologia microglial variar de acordo com sua localização. Na

substância cinzenta observaram células com arborização radial enquanto na substância branca,

arborização longitudinal (alinhadas ao eixo das fibras nervosas), em áreas de barreira hemato-

encefálica frouxa observaram microglia mais arredondada e com prolongamentos mais curtos

e menos ramificados (Lawson e cols., 1990).

Durante o desenvolvimento, a microglia apresenta uma morfologia mais arredondada e

poucos prolongamentos. Esta forma é conhecida como microglia amebóide. Após o

nascimento e com o decorrer das primeiras semanas pós-natais, a morfologia microglial é

modificada, as células passam a apresentar um corpo celular mais reduzido e são evidenciados

muitos prolongamentos, finos e ramificados. Esta microglia, agora conhecida como

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ramificada, encontrada no cérebro adulto normal, é capaz de responder a condições de lesão e

em consequência, assumir um estado ativado. A microglia ativada exibe mudanças na sua

morfologia e é capaz de expressar propriedades funcionais e antigênicas, semelhantes às dos

macrófagos periféricos (Kreutzberg, 1996; Moore e Thanos., 1996).

A reação microglial à lesão e condições patológicas no cérebro e na medula espinhal

vem sendo descrita há vários anos. Esta reação inicialmente surge como um mecanismo de

defesa do sistema nervoso central e posteriormente, parece atuar de modo a acentuar os

prejuízos desencadeados pela condição patológica. Vários trabalhos demonstraram a relação

entre ativação microglial e neurodegeneração, como a característica da doença de Alzheimer e

desmielinização de axônios na esclerose múltipla (Benveniste, 1997; Akiyama e cols., 2000;

Pocock e Liddle, 2001).

A ativação microglial, já comentada anteriomente, é caracterizada por alterações

morfológicas e também funcionais, em reposta à lesão, que incluem aumento de proliferação,

aumento do volume celular e morfologia amebóide, capacidade fagocítica, aumento da

expressão de moléculas do complexo de histocompatibilidade II (MHC II), além da produção

de citocinas (Gehrmann e Kreutzberg, 1995). Ainda em relação as mudanças funcionais, a

microglia ativada pode liberar substâncias potencialmente citotóxicas (radicais livres, óxido

nítrico, proteases, aminoácidos excitatórios) e citocinas (IL-1, IFN-γ ou TNF-α) (Banati e

cols., 1993a e b; Rothwell e Luheshi, 2000), sugerindo a participação da microglia na

progressão do processo patológico. Em contrapartida, as células da microglia também podem

desempenhar papel protetor. O TGF-ß1, sintetizado e liberado pela microglia ativada, reduz a

formação da cicatriz glial (Lindholm e cols., 1992) e é também capaz de bloquear a

proliferação e induzir apoptose da microglia (Böttner e cols., 2000).

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1.6 MARCADORES FENOTÍPICOS DE CÉLULAS GLIAIS E NEURONAIS

A identificação de marcadores fenotípicos celulares, em especial marcadores para

células neuronais e gliais, e a utilização dos mesmos têm permitido a análise não apenas

morfológica mas também a compreensão das interações entre essas células e as respostas

celulares às alterações do seu micro-ambiente. Neste trabalho como utilizamos alguns desses

marcadores torna-se necessário uma breve descrição sobre aqueles do nosso interesse.

1.6.1 GFAP

Os astrócitos fibrosos e citoplasmáticos se caracterizam pela presença de filamentos

finos no seu citoplasma, sendo porém esses filamentos mais abundantes na forma fibrosa da

célula. (Mori e Leblond, 1969). Poucos anos depois foi verificado que o principal componente

dos filamentos intermediários dos astrócitos era uma única proteína ácida, que foi então

denominada proteína glial fibrilar ácida (GFAP) (Eng e cols., 1971).

No SNC, a GFAP é encontrada exclusivamente em corpos celulares e prolongamentos

de astrócitos (Bignami e Dahl, 1973, 1974a). Outras observações mostraram que a

distribuição de GFAP não parece estar limitada às estruturas filamentosas intracelulares pois

foi encontrada uma marcação difusa no citoplasma, sem qualquer associação com organelas

subcelulares (Schachner e cols., 1977). Outros trabalhos também mostraram que GFAP está

presente em pituícitos de rato e nos tanicitos de camundongos, o que foi usado para indicar a

existência de uma relação entre estes tipos celulares e os astrócitos convencionais (Bascó e

cols., 1981; Suess e Pliska, 1981). Embora alguns estudos tenham demonstrado a presença

de GFAP, no citoplasma e prolongamentos, de células envolvidas com a formação da mielina,

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no início de desenvolvimento (Choi e Kim, 1984; Raff e cols., 1983) não há evidências de que

GFAP seja de fato expressa em oligodendrócitos, em neurônios, ou em microglia.

De forma análoga ao SNC, no SNP , a imunorreatividade de GFAP parece estar

restrita às células gliais que não formam mielina, sugerindo uma divisão de tarefas semelhante

àquela que ocorre no SNC entre astrócitos e oligodendrócitos (Dahl e cols., 1982; Jessen e

Mirsky, 1980; Yen e Fields, 1985).

A abundância de GFAP nos astrócitos, e a marcada conservação entre os vertebrados

sugerem uma função crítica para esta proteína. No entanto, essa função ainda permanece

pouco entendida. A expressão de GFAP está relacionada à diferenciação dos astrócitos (Dahl,

1981; Bovolenta e cols., 1984). Além disso, sua expressão é dramaticamente regulada de

forma positiva no processo de gliose em astrócitos hipertrofiados (Amaducci e cols., 1981;

Mathewson e Berry, 1985; Eddleston e Mucke, 1993), o que sugere a participação da GFAP

na determinação da complexa morfologia astrocitária, neste caso, que inclui processos

múltiplos que fazem contato com a parede de vasos sanguíneos, embainham sinapses

neuronais e se interdigitam com a superfície pial. Sendo assim, a utilização de GFAP como

um marcador glial é de extrema importância em diversas patologias, em que os astrócitos

exibem hiperplasia e hipertrofia.

1.6.2 CNPase

A 2’,3’-nucleotídeo cíclico 3’ fosfodiesterase é uma proteína citoplasmática,

localizada na interface entre a bainha de mielina e o axônio e/ ou nas alças mielínicas para-

nodais que contém citoplasma (Braun e cols., 1988) e que não está presente na mielina

compacta. Esta proteína é capaz de hidrolizar, in vitro, nucleotídeos cíclicos 2’,3’

exclusivamente (Whitfeld e cols., 1955). Entretanto, esta atividade enzimática foi considerada

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irrelevante pela aparente ausência de nucleotídeos 2’,3’ em tecidos animais (Braun e cols.,

1990).

Foi em 1962, que Drumond e colaboradores demonstraram a presença da CNPase, em

níveis maiores aos já conhecidos em outros tecidos, em material proveniente do sistema

nervoso, porém a relação com a mielina só foi demonstrada mais tarde (Drummond e cols.,

1962).

A CNPase possui duas isoformas, uma com 46 KDa, a CNPase I e uma outra com 48

KDa, a CNPase II. Essa isoformas, resultantes do processamento alternativo do ARNm,

parecem ser reguladas de maneira distinta com a CNPase II sendo expressa antes da CNPase I

(Scherer e cols., 1994).

A análise da distribuição celular e ontogênica da CNPase pelo SNC revelou que seu

ARNm aparece no período pré-natal, com a expressão da proteína nos oligodendrócitos,

precedendo o processo de mielinização (Tsukada e Kurihara, 1992). Vários outros trabalhos

realizados durante o desenvolvimento tanto in vitro quanto in vivo indicam que a CNPase é

um marcador precoce de oligodendrócitos (Scherer e cols., 1995; Barradas e cols., 1998).

Como citado anteriormente, a CNPase apresenta uma distribuição assimétrica. Este

tipo de distribuição não é exclusivo da CNPase. Outras proteínas da mielina também

apresentam distribuição assimétrica, com por exemplo MBP (proteína básica de mielina), PLP

(proteína proteolipídica), e MOBP (proteínas básicas associadas à mielina) na mielina

compacta e MAG (glicoproteína associada à mielina), MOG (glicoproteína de

mielina/oligodendrócitos) e Cx32 (conexina 32) na mielina não compacta. É possível que este

tipo de distribuição tenha algum significado funcional. Estudos mostraram a associação da

CNPase e da MOG com microdomínios de oligodendrócitos enriquecidos em

glicoesfingolipídeos e colesterol. Esses microdomínios parecem estar envolvidos no controle

do transporte de proteínas pela célula e na modulação de cascatas de sinalização celular.

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Desse modo, esses resultados sugerem que a CNPase e também MOG estejam envolvidas em

vias de sinalização celular (Kim e Pfeiffer, 1999).

1.6.3 Lectina de Griffonia simplicifolia

Há uma variedade de marcadores microgliais que permitem estudar tanto sua

localização como migração e morfogênese. Dentre os marcadores mais utilizados podemos

destacar o receptor ao complemento tipo 3 (CR3) e o antígeno F4/80, uma glicoproteína de

membrana, expressa em macrófagos e microglia de camundongo (Perry e cols., 1993). Além

destes, encontramos as lectinas, que são uma classe de proteínas que se ligam especificamente

a resíduos de carboidratos, com configurações e sequências específicas, dos glicolipídeos e

glicoproteínas (Spicer e Schulte, 1992). Estas proteínas podem ser de origem animal ou

vegetal (Spicer e Schulte, 1992).

A isolectina B4, derivada de Grinffonia simplicifolia, que é um ligante da D-

galactose, reconhece uma glicoproteína da membrana de células da microglia de mamíferos

tanto placentários quanto marsupiais (Streit e cols., 1988; Cavalcante e cols., 1995).

Microglia com diferentes morfologias, amebóide, ramificada, perivascular, podem ser

identificadas através de reação histoquímica com a isolectina B4.

A função da ligação de lectinas com glicoproteínas nas células microgliais não está

completamente esclarecida. Estudos mostraram que moléculas da matriz extracelular ou

moléculas de adesão podem direcionar a migração neuronal, crescimento de axônios e

estabilizar a estrutura do cérebro adulto através de suas interações. Além disso, lectinas

endógenas, secretadas pela própria célula, durante a embriogênese podem também estar

envolvidas em interações célula-célula. Foi sugerido que essas lectinas possam funcionar

como pontes entre glicoconjugados de superfície das células nervosas e gliais, sustentando

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dessa maneira a adesão para as células gliais guiarem a migração neuronal (Koval e cols.,

1994).

1.6.4 Tubulina -III

Os microtúbulos, heterodímeros de - e -tubulina, são componentes ubíquos das

células eucariotas e participam de inúmeros processos. A versatilidade funcional dos

microtúbulos parece ser aumentada pela existência de várias isoformas das subunidades e ,

codificadas por diferentes genes. Após a tradução, essas isoformas sofrem modificações e

exibem distribuição ontogênica, tecidual, e até mesmo, celular distintas (Ludueña, 1998).

Vários trabalhos mostram que a complexidade das tubulinas parece ser máxima no

SNC. Durante o desenvolvimento, várias isoformas são expressas (Denoulet e cols., 1982;

Gozes e Littaer, 1978). Entre essas, a tubulina -III é encontrada quase que exclusivamente

em neurônios (Burgoyne e cols., 1988; Caccamo e cols., 1989).

A isorfoma -III desta proteína parece desempenhar um papel especial no

desenvolvimento neuronal. Ela não é incorporada nos microtúbulos de neurônios em cultura

antes da diferenciação e essa incorporação acompanha a expressão das proteínas associadas à

microtúbulos 2 (MAP2). A fosforilação de um resíduo serina na tubulina -III parece estar

relacionada com a organização e desorganização dos microtúbulos durante o crescimento de

neuritos (Diaz-Nido et al., 1990; Gard e Kirschner, 1985).

A expressão da tubulina -III também é alterada em condições patológicas.

Moskowitz e Oblinger (1995) sugeriram que o aumento nos níveis desta proteína, observado

em neurônios sensoriais axotomizados, facilitem o crescimento axonal no processo de

regeneração.

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1.6.5 Calbindina

A manutenção da concentração intracelular dos íons Ca++ é crítica para inúmeras

funções celulares. A homeostase do cálcio intracelular é garantida por uma grande família de

proteínas conhecidas como proteínas ligantes de cálcio.

No sistema nervoso central várias destas proteínas já estão bem descritas e incluem

parvalbumina, calretinina, calmodulina, calcineurina, a família S100 e calbindina (Baimbridge

e cols., 1992).

A calbindina (CB) é expressa em muitos neurônios. Vários trabalhos têm mostrado

que a presença da CB parece oferecer vantagem aos neurônios em vários aspectos. Neurônios

do hipocampo, em cultura, que apresentam CB são mais efetivos na redução da concentração

do cálcio intracelular quando comparados com neurônios que não apresentam esta proteína

(Mattson e cols., 1991). Neurônios motores e do hipocampo, transfectados com cADN para

CB, apresentaram aumento na capacidade de tamponamento do cálcio e houve aumento na

sobrevivência após lesão esclerótica e excitotoxicidade (Ho e cols., 1996).

A expressão da CB parece seguir a maturação dos neurônios e por isso tem sido

utilizada como um marcador de neurônios maduros (McDonald e Wojtowicz, 2005).

1.7 MINOCICLINA E SUA AÇÃO NEUROPROTETORA

As tetraciclinas e seus análogos apresentam uma estrutura química conservada que

consiste em um sistema de anéis carboxiamida naftaceno tetracíclico (figura 2). A atividade

antibiótica destas substâncias é conferida pela presença de um grupamento dimetilamino, no

último anel, em sua estrutura. A remoção de tal grupamento reduz as propriedades

antibióticas, mas aumenta as ações não antibióticas. A utilização desta estratégia permitiu o

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desenvolvimento de várias tetraciclinas quimicamente modificadas e os compostos semi-

sintéticos da tetraciclina, onde estão incluídas a doxiciclina e a minociclina (MINO) (Nelson,

1998).

Diferentes trabalhos mostraram que a MINO além da ação antibiótica é capaz de

exercer ações não antibióticas que resultam em neuroproteção. Essas ações incluem

modulação da microglia e indiretamente de células imune e subseqüente liberação de

citocinas, quimiocinas, mediadores lipídicos da inflamação entre outras.

As citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-1β e IL-6 são produzidas por células

microgliais, astrócitos, neutrófilos e macrófagos e aumentam a inflamação e a resposta imune.

Chen e colaboradores, em 2000, demonstraram que a MINO é capaz de reduzir a liberação de

IL-1β. Além disso, demonstrou-se que os níveis de ARN mensageiro para TNF-α

diminuíram, bem como foi possível prevenir a produção de TNF-α induzida por LPS, em

Figura 2: Estrutura das tetraciclinas. Os derivados semisintéticos, incluídos na tabela, resultam de modificações em um ou mais dos sítios identificados como R1, R2, R3 e R4 na estrutura conservada.

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culturas primárias de células gliais, em resposta ao tratamento com a MINO (Lee e cols.,

2003; Lee e cols., 2004). Adicionalmente mostrou-se que esta substância é capaz de aumentar

a citocina IL-10, que possui ação anti-inflamatória (Lee e cols., 2003).

Outro efeito que poderia contribuir para explicar a ação neuroprotetora, relacionada à

menor ativação microglial, é a modificação nos níveis de quimiocinas. Estas substâncias

atuam como quimioatrativos que guiam a microglia, os astrócitos e as células infiltrantes do

sistema imune para sítios de lesão no sistema nervoso. Em relação a esta questão,

demonstrou-se que a MINO suprimiu a produção de quimiocinas, induzidas por LPS, em

células BV2 semelhantes a microglia, e diminuiu a expressão do receptor CXCR3 (Kremlev e

cols., 2004). A diminuição da expressão deste receptor pode contribuir para diminuir o dano

causado pela ativação e recrutamento de células envolvidas na progressão da lesão.

A MINO também modifica a produção de mediadores lipídicos da inflamação. O

tratamento com MINO inibe a atividade da fosfolipase A2, nas formas secretada e não

secretada desta enzima, in vitro (Pruzanski e cols., 1992), podendo desta maneira inibir a

formação do ácido araquidônico e a conseqüente formação de prostaglandinas e leucotrienos.

A síntese destas substâncias envolve a ativação de duas vias específicas, uma dependente das

ciclooxigenases (COXs) e a outra dependente de lipooxigenases. O pré-tratamento com

minociclina, em modelo de isquemia focal, reduziu quase completamente os níveis de COX 2

e em 55% os níveis de prostaglandinas 2 (Yrjanheikki e cols., 1999). Em 2004, Song e

colaboradores demonstraram que o tratamento com a MINO teve ação protetora para células

PC12 em condições de isquemia e inibiu a ativação da lipoxigenase-5.

Outro aspecto importante envolvido em situações de dano neuronal, observado em

muitas doenças neurodegenerativas, é o da liberação de óxido nítrico pela microglia (Dawson

e Dawson, 1998) e a MINO, segundos vários trabalhos, parece interferir neste mecanismo. A

produção de óxido nítrico induzido por hipóxia, em culturas de microglia, diminuiu após o

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tratamento com a MINO (Suk, 2004). A expressão da sintase induzida do óxido nítrico foi

reduzida em 30% pelo tratamento com a MINO em modelo de isquemia global (Yrjanheikki e

cols., 1998). Em modelo de Huntington, injeções diárias de MINO inibiu a atividade desta

mesma enzima em 72% (Chen e cols., 2000).

As reações celulares ao dano no sistema nervoso não se reduzem às descritas para a

microglia. Os astrócitos também tornam-se reativos e podem contribuir para a piora da lesão.

Embora em alguns modelos a MINO pareça não afetar a resposta dos astrócitos (Yrjanheikki

e cols., 1999; Du e cols., 2001), há trabalhos que demonstram que a mesma é capaz de

diminuir a resposta astrocitária em condições de agressão ao sistema nervoso (McPhail e

cols., 2004; Ryu e cols., 2004). Nestas condições, a redução da resposta astrocitária pode

diminuir a liberação de mediadores inflamatórios pelos astrócitos e assim diminuir a formação

da cicatriz glial.

Os efeitos descritos acima para a MINO permitem que seja atribuída a ela, além da

ação classicamente conhecida, uma outra, a anti-inflamatória. Esta última poderia explicar a

ação neuroprotetora da MINO que vem sendo descrita há alguns anos em diferentes modelos

de lesão no sistema nervoso. Alguns exemplos desta outra ação são descritos a seguir.

Os primeiros estudos realizados em modelo de isquemia global, em gerbils, mostraram

que a MINO aumenta a sobrevivência dos neurônios piramidais da área CA1 hipocampal em

71% e 77% quando administrada 30 minutos e 12h após o início da lesão, respectivamente

(Yrjanheikki e cols., 1998). Estes mesmos pesquisadores, em 1999, mostraram que o

tratamento com MINO diminuiu o volume do infarto em 63% quando utilizada 4h após

experimentos de isquemia focal (Yrjanheikki e cols., 1999). Tal efeito neuroprotetor da

MINO foi relacionado à redução da ativação da microglia, sugerindo indiretamente uma ação

danosa dessas células em condição de lesão do sistema nervoso central. Além disso, foi

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demonstrado que a minociclina é capaz de reduzir os níveis de ARN mensageiro para

caspase-1, uma enzima envolvida na inflamação e morte celular (Yrjanheikki e cols., 1998).

Estudos com a MINO em outros modelos de lesão no sistema nervoso também

mostraram seus efeitos benéficos. O tratamento de camundongos R6/2, modelo de doença de

Huntington com este fármaco aumentou a sobrevivência dos animais em 14% e resultou em

melhor resposta motora (Chen e cols., 2000). A MINO foi capaz de inibir a ativação da

microglia e proteger neurônios da substância nigra após a injeção de 6-hidroxidopamina no

núcleo estriado de camundongos (He e cols., 2001). Em modelo de doença de Parkinson,

usando 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina, a MINO diminuiu a neurodegeneração

nigroestriatal (Du e cols., 2001; Wu e cols., 2002). Brundulla e colaboradores, em 2002,

sugeriam o uso da MINO como possibilidade terapêutica para esclerose múltipla.

O efeito da MINO na sobrevivência e função de precursores de oligodendrócitos

transplantados, em ratos mutantes com defeitos na formação de mielina, também foi

observado. Zhang e colaboradores, demonstraram que o pré-tratamento com a MINO resultou

em sobrevivência e mielinização pelas células transplantadas (Zhang e cols., 2003).

Vários outros artigos, publicados por diferentes grupos, mostraram que a MINO tem

ação neuroprotetora também em modelo de lesão da medula espinal. Administrada 1h após a

lesão medular reduziu o extensão do dano e facilitou significativamente a recuperação de

camundongos (Wells e cols., 2003). Adicionalmente, o mesmo grupo observou que a

recuperação funcional, após o tratamento com a MINO, foi mais efetiva do que a obtida com

metilprednisolona, atualmente a única opção de tratamento farmacológico para pacientes com

lesão de medula espinal. O tratamento de ratos com a MINO após a lesão medular reduziu a

expressão de citocinas pró-inflamatórias e aumentou a expressão das citocinas anti-

inflamatórias (Lee e cols., 2003). Por outro lado, o pré-tratamento de ratos, 30 minutos antes

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da indução da lesão, diminuiu a inflamação, a morte de neurônios, a retração axonal com

consequente aumento da recuperação funcional (Stirling e cols., 2004).

Recentemente demonstrou-se que a MINO foi capar de prevenir a cavitação e impediu

o aparecimento da glia limitante em ratos com lesão cortical induzida por rompimento de

vasos sanguíneos pias (Hua e cols., 2006). Em outro trabalho o uso da MINO reduziu a

ativação da microglia, melhorando o deficit no comportamento motor em modelo transgênico

de amilóide microvascular cerebral (Fan e cols., 2007).

Todos os efeitos da MINO descritos anteriormente e sua ação neuroprotetora têm sido

atribuídos à redução da ativação microglial, normalmente observada em resposta à situações

de agressão ao SNC.

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OBJETIVOS

GERAIS:

Analisar a plasticidade do sistema olivo-cerebelar em resposta ao dano neuronal

induzido pela neurotoxina 3AP.

Investigar a ação neuroprotetora da minociclina no modelo de ataxia cerebelar

induzido por 3AP.

ESPECÍFICOS:

Analisar as alterações motoras decorrentes do dano no NOI induzido por 3AP e

correlacionar a progressão do dano, bem como a recuperação espontânea da atividade

motora, observada neste modelo, com as alterações teciduais observadas durante o

período experimental.

Analisar, através do método de Nissl, modificações na densidade neuronal no NOI e

na camada de células de Purkinje do cerebelo.

Analisar, através de imuno-histoquímica para calbindina, GFAP, CNPase ou NG2 e

de histoquímica para lectina de G. simplicifolia, as alterações citológicas e /ou

histológicas que ocorrem no NOI em resposta a 3AP.

Analisar, através dos métodos mencionados as alterações que ocorrem no cerebelo em

decorrência do dano neuronal no NOI causado pela 3AP.

Verificar, através de dupla marcação para BrdU e β-III tubulina, a ocorrência de

neurogênese reativa no NOI em resposta a 3AP.

Verificar, através de imuno-histoquímica para sinaptofisina a ocorrência de

sinaptogênese reativa na camada molecular e/ ou nas células de Purkinje cerebelares.

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31

Testar o efeito da minociclina na recuperação da atividade motora dos animais

atáxicos.

Analisar o efeito da minociclina na resposta microglial no NOI induzida pela ação da

3AP.

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32

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Animais

Todos os experimentos foram realizados de acordo com as normas de segurança

estabelecidas pelo comitê de ética para uso de animais (CEUA) da UFRJ, licença sob o

número IBCCF 020. Neste trabalho foram utilizados ratos Wistar fêmeas e machos, com

idade de 30 a 35 dias (N = 6 em cada experimento). Os animais foram fornecidos pelo centro

de criação de animais de laboratório (CECAL) biotério Central da FIOCRUZ e pelo biotério

Instituto de Bioquímica da UFRJ.

3.2 Anticorpos e outros ligantes

Anticorpos primários - anti-BrdU (monoclonal Sigma, 1:500), anti-βIII tubulina (policlonal

Convance, 1:1000), anti-Calbindina D-28K (monoclonal Swant, 1:1000), anti-GFAP

(policlonal Sigma,1:100), anti-NG2 (policlonal Chemicon, 1:100), anti-Sinaptofisina

(policlonal Santa Cruz, 1:100), anti-CNPase (monoclonal Sigma, 1:100).

Anticorpos secundários - anti-IgG de camundongo conjugado com Cy3 (Sigma, diluição

1:200) ou com alexa 488 (Molecular probes, diluição 1:500), anti-IgG de coelho conjugado

com Cy3 (Sigma, diluição 1:300) ou alexa 488 (Molecular probes, diluição 1:200) e anti-IgG

de cabra conjugado com Cy3(Sigma, diluição1: 100).

Lectina – isolectina IB1-B4 de Griffonia simplicifolia-BS1 conjugada com biotina (Sigma,

diluição 1: 8).

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33

3.3 Injeção de 3- acetil-piridina (3AP)

Os ratos foram submetidos a uma única injeção intraperitoneal de 3AP (Sigma) diluída

em solução salina (0,9% NaCl), na concentração de 70 mg/Kg de massa corporal e

eutanasiados 24h, 4, 10 e 21 dias após a referida injeção. Animais, injetados apenas com

salina 0,9%, foram eutanasiados nos mesmos tempos e utilizados como controle.

3.4 Injeção de 5-bromo 2’-deoxiuridina (BrdU)

Os ratos injetados com 3AP e apenas com salina foram submetidos a injeção

intraperitoneal de BrdU (Sigma) diluído em NaOH 0,007 N, na concentração de 50mg/ Kg de

massa corporal. As injeções de BrdU (indicadas pelas setas em preto) e as perfusões

intracardíacas (indicadas pelas setas em vermelho) foram feitas conforme a descrição abaixo:

ANIMAIS CONTROLE

Salina 0,9%

BrdU BrdU BrdU BrdU BrdU

0 dia _ 3° dia 6° dia 9° dia ________ _ 20dia_____

1° dia 4° dia 7° dia 10° dia 21°dia

Período do experimento

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34

ANIMAIS TRATADOS COM 3AP

3-AP

BrdU BrdU BrdU BrdU BrdU

0 dia _3° dia 6° dia 9° dia ________ 20° dia____

1° dia 4° dia 7°dia 10° dia 21°dia

Período do experimento

3.5 Análise do comportamento motor

A análise do comportamento motor foi feita através do avaliação da caminhada. Após

o pincelamento das patas de cada animal com tinta azul (anteriores) e vermelha (posteriores),

os mesmos foram colocados para caminhar, por uma distância de 60 cm, sobre uma trilha de

papel. Este teste foi realizado 24h, 4, 10 e 21 dias após a injeção com a 3AP. A distância entre

a pegada direita e esquerda foi medida tanto para as patas anteriores quanto para as

posteriores. Para a comparação dos dados motores obtidos dos animais controle e tratados, no

teste de caminhada, foi usado o ANOVA Two-Way e o pos-test Bonferroni.

3.6 Preparação de tecido

Os animais foram fixados por perfusão intracardíaca iniciada com solução salina 0,9%

por 5 min, seguida de solução fixadora de paraformaldeído 4% em tampão fostato 0,1 M pH

7,4 por 20 min e paraformaldeído 4% com 10% de sacarose por mais 15 min. Após a fixação,

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a cabeça do animal foi rapidamente removida e em seguida, o encéfalo dissecado e pós-

fixado em paraformaldeído 4% com 10% de sacarose por 2h, sendo a seguir transferido e

mantido em tampão fosfato 0,1M pH 7,4 com 30% de sacarose (para crioproteção), a 4º C.

Posteriormente, o material, incluído em OCT, foi seccionado, em plano coronal, em criostato

a – 20 C, em cortes de 14m. Os cortes obtidos foram recolhidos em lâminas cobertas

com poli-L-lisina na concentração de 400µg/ml e organizadas de forma seriada. O mesmo

procedimento descrito acima, com paraformaldeído 4% em tampão fosfato 0,1M pH 6,8, foi

feito para obtenção das condições necessárias à imunomarcação com anticorpo anti- NG2.

3.7 Coloração pelo Método de Nissl (Cresil violeta)

Cortes adjacentes aos imunorreagidos eram submetidos à deslipidação com soluções

de etanol em concentrações crescentes (70% a 100%), reidratados e corados em solução

aquosa de violeta de cresila a 0,25%. Após lavagem com água destilada, fazia-se a

diferenciação da coloração e desidratação com soluçoes crescentes de etanol, seguidas de

clarificação em xilol e montagem em Entellan.

3.8 Procedimentos de imuno-histoquímica

3.8.1 Imuno-histoquímica (dupla marcação)

Os cortes obtidos contendo o núcleo olivar inferior e o cerebelo foram submetidos a

reações imuno-histoquímicas de dupla marcação com anticorpos primários anti-βIII tubulina,

contra um marcador neuronal precoce e anti-BrdU, contra marcador de proliferação celular

(5-bromo 2’ deoxiuridina), com anti-NG2 (marcador de precursores de oligodendrócitos) e

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anti-CNPase e com anti-calbindina D-28K, marcador neuronal e anti-sinaptofisina, marcador

de terminal pré-sináptico.

Para identificação do fenótipo neuronal das células proliferativas foram realizadas

reações de dupla marcação com os anticorpos primários anti-BrdU (1:500) e anti-βIII

tubulina (1:1000). Esta dupla marcação foi feita seguindo as etapas descritas abaixo:

Os cortes foram lavados com PBS 10mM pH 7,4 (5x 5 min). A seguir foi feito feito

bloqueio das reações inespecíficas com 10% de soro normal de cabra (NGS) em PBS por uma

hora, à temperatura ambiente. Após esse período, o material foi novamente lavado e incubado

com o primeiro anticorpo primário anti-βIII tubulina diluído em PBS-triton 0,3% / albumina

de soro bovino (BSA) 1%, por um período de 18h, à 4º C.

No dia seguinte o material foi lavado em PBS (3x 5 min) e fixado com solução de

paraformaldeído 4% em tampão fosfato 0,1 M pH 7,4 por 15 min. Após a fixação, o material

foi novamente lavado, primeiro PBS (3x 5min) e em seguida com HCl 2N, a 37º C, em

banho-maria, durante 30mim. O material lavado em PBS (8x 5 min) foi submetido ao

tratamento com tripsina 0,1% , a 37º C, em B.O.D., por 20 min. Após lavagens em PBS (3x 5

min), foi feito um segundo bloqueio com NGS 10% em PBS-triton X-100 0,3% durante 30

min, a 37º C, em B.O.D.. Terminado o tempo de bloqueio, o material foi incubado com o

segundo anticorpo primário anti-BrdU diluído em PBS- triton X-100 0,3% / BSA 1% a 37º C,

em B.O.D., por 2h. Após lavagem em PBS (1x 5 min) e lavagens em PBS triton X-100 0,3%

( 5x 5 min), foi feita a incubação com os anticorpos secundários fluorescentes: anti-IgG de

camundongo conjugado com Cy3 (Sigma, diluíção 1:200) ou com fluoresceína (Santa Cruz,

diluição 1:25), ou anti-IgG de coelho conjugado com Cy3 (Sigma, diluição 1:300) ou alexa

488 (Molecular probes, diluição 1:500) diluídos em PBS triton X-100 0,3%/ BSA 1% por 2

h, à temperatura ambiente. Após esta incubação, os cortes foram lavados em PBS e montados

em solução de p-fenilenodiamino em glicerol (5 mg de fenilenodiamino-1,4 em 500µl de PBS

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0,15 M, 3,5 ml de glicerol e 1 ml de tampão carbonato-bicarbonato pH 9,0). O material foi

analisado e fotografado em microscópio confocal Zeiss.

Para verificar se as células NG2 positivas eram também CNPase positivas, a dupla

marcação foi feita utilizando-se os anticorpos primários anti-NG2 (1:100) e anti-CNPase

(1:100) diluídos em PBS triton X-100 0,3%/ BSA 1%, seguindo as etapas descritas abaixo:

Após lavagens dos cortes com PBS triton X-100 0,3% (5x 5 min), foi feito bloqueio com

NGS a 10% em PBS por 1h, em câmara úmida. Terminado o tempo de bloqueio, os cortes

foram incubados com os anticorpos primários por 18h, à 4° C. Após o período de incubação,

os cortes foram lavados em PBS triton X- 100 0,3% (5x 5 min) e incubados com os anticorpos

secundários fluorescentes, anti-IgG de camundongo conjugado com Cy3 (diluição 1:100) e

anti-IgG de coelho conjugado com alexa 488 (diluição 1: 200) diluídos em PBS triton 0,3% /

BSA 1%, por 2 h, à temperatura ambiente. Ao final desta incubação, foram feitas lavagens

lavados com PBS (5x 5min), os núcleos das células foram corados com DAPI, e os cortes

montados com o meio de montagem contendo de p-fenilenodiamino descrito acima.

Para identificação dos contatos sinápticos das fibras trepadeiras com as células de

Purkinje cerebelares foi feita dupla marcação com anticorpos primários anti-Calbindina D-

28K (1: 1000) e anti-Sinaptofisina (1: 100) em diluídos em PBS triton 0,3% / BSA 1%,

seguindo as etapas abaixo:

Após lavagens em PBS triton X-100 1% ( 5x 5min), foi feito bloqueio com solução de

NGS 5%, BSA 5% em PBS triton 1%, por um período de 3 h. Terminado o bloqueio, os

cortes foram incubados com os anticorpos primários por 18h, à 4° C e então lavados com

PBS (3x 5min). Após lavagens, foi feita a incubação com os anticorpos secundários

fluorescentes, anti-IgG de cabra conjugado com Cy3 (1: 100) e anti-IgG de camundongo

conjugado com alexa 488 (1: 400) diluídos em PBS triton X-100 0,3% / BSA 1%, por 2h. Os

cortes foram lavados em PBS (3x 5 min) e montados com o meio de montagem descrito

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acima. O material obtido foi analisado e fotografado em microscópio Axioscope Zeiss.

3.8.2 Imuno-histoquímica (marcação simples)

Reações imuno-histoquímicas simples foram feitas com anticorpos primários contra

marcador neuronal (calbindina D-28K), de astrócitos (GFAP), de precursores de

oligodendócitos (NG2), seguindo o protocolo abaixo:

Os cortes foram lavados com PBS triton X-100 0,3% (5x 5 min). A seguir foi feito

bloqueio das reações inespecíficas com NGS 10% em PBS por uma hora, à temperatura

ambiente. Após esse período, o material foi novamente lavado e incubado com o anticorpo

primário anti-calbindina D-28K (1:500; policlonal, Chemicon) ou anti-GFAP (1:100;

policlonal, Sigma) ou anti-NG2 (1:100, policlonal, Chemicon) diluído em PBS-triton 0,3% /

BSA 1%, por um período de 18h, à 4º C.

No dia seguinte, após lavagens em PBS triton X-100 0,3% (5x 5 min), foi feita a

incubação, por 40 min, com anticorpo biotinilado contra imunoglobulinas de coelho (anti-

NG2, e anti-calbindina D-28K, policlonais), diluído 1:15 ou com anticorpo secundário

fluorecente anti-IgG de camundongo conjugado com alexa 488, diluído 1: 500 em PBS triton

X-100 0,3% / BSA 1% durante 2h, à temperatura ambiente. Após lavagens em PBS (6x 5

min), foi feita a incubação dos cortes com extra-avidina marcada com peroxidase (Sigma),

diluída 1:20 em PBS, durante 30 minutos, à temperatura ambiente. Após esta incubação, os

cortes foram novamente lavados, em PBS (5x 5 min) e em tampão acetato 0,05M (pH 5,0),

durante 5 minutos. A revelação da peroxidase foi feita utilizando-se H2O2, como substrato, e o

cromógeno o 3-amino-9-etil-carbazol (AEC), como acoplador durante 5 a 10 min. Nas

reações reveladas pela peroxidase, uma etapa de inativação das peroxidases endógenas foi

realizada logo após a lavagem incial dos cortes com PBS triton X-100 0,3%. Ao final do

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39

tempo de revelação, cortes foram lavados com água deionizada (5x 5 min) e as lâminas

montadas com gelatina de glicerina.

Nas reações finalizadas com o anticorpo secundário fluorescente, o procedimento de

lavagens e montagens seguiu como o descrito acima, na dupla marcação. A análise do

material e o registro das imagens foi feita em microscópio Axioscope Zeiss.

3.9 Histoquímica de lectina

Para identificação da microglia utilizamos a lectina de Griffonia simplicifolia-BS1,

isolectina IB1-B4 conjugada com biotina. Os cortes de tronco cerebral, contendo o núcleo

olivar inferior, foram lavados em PBS (1x 5 min) e em seguida, submetidos a etapa de

inativação das peroxidases endógenas com H2O2 0,5%, por 10 minutos. Após esse período, os

cortes foram lavados com PBS triton X-100 0,3% (5x 5 min) e submetidos a incubação com

a lectina diluída no mesmo tampão de lavagem, na concentração de 25µg/ml, por 18h à 4ºC.

Os cortes foram lavados em PBS triton X-100 0,3% (5x 5 min) e incubados com extra-

avidina conjugada com peroxidase em PBS triton 0,3%, diluíção1:20, por 20 min, à

temperatura ambiente. Após esta incubação, os cortes foram novamente lavados, em PBS (2x

5 min) e em tampão acetato 0,05M (pH 5,0).

A revelação foi feita utilizando-se H2O2, como substrato, e o cromógeno o 3-amino-9-

etil-carbazol (AEC), como acoplador durante 5 a 10 min. Após revelação os cortes foram

lavados com água deionizada (5x 5 min) e as lâminas montadas com gelatina de glicerina.

O material foi analisado e fotografado em microscópio Axioscope Zeiss.

3.10 Tratamento com Minociclina

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Os animais controle e injetados com 3AP foram submetidos ao tratamento com

minociclina. A minociclina, diluída em solução salina 0,9%, foi administrada por via

intraperitoneal no início do experimento, isto é, juntamente com a injeção de salina 0,9% nos

animais controle e com a injeção de 3AP nos animais experimentais, na concentração de

50mg/Kg de massa corporal. Doze horas após o início do experimento, os animais receberam

uma segunda injeção de minocilcina e doses subsequentes foram feitas diariamente, no

mesmo horário, na concentração de 25 mg/ Kg. Animais controle, injetados apenas com

salina 0,9%, e animais injetados apenas com 3AP também foram utilizados.

3.11 Quantificação da reações imuno-histoquímica e histoquímica

Para cada experimento de marcação imuno-histoquímica e histoquímica, foram

selecionadas três seções de tecido por animal. Em cada seção, uma imagem digital incluindo a

área de interesse foi capturada e utilizada para contagem de células marcadas com apenas um

dos anticorpos ou duplamente marcadas. A área determinada (m2), onde as células foram

contadas, foi medida em cada imagem usando o programa para análise de imagens Image J

versão 1.38x. Os dados obtidos das contagens, nas áreas de interesse, foram apresentados

como média ± S.E.M. Para comparação dos resultados obtidos entre dois grupos foi feito o

test t , e para aqueles entre mais de dois grupos, o ANOVA seguido de pós-teste de múltipla

comparação. Os níveis de significância estão indicados nos gráficos apresentados nos

resultados.

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RESULTADOS

4.1 EFEITO DA NEUROTOXINA 3AP NO COMPORTAMENTO MOTOR

Os animais submetidos à injeção intraperitoneal de 3AP foram observados a partir do

início do experimento até o momento da perfusão intracardíaca. Todos os animais injetados

apresentaram alterações motoras observadas cerca de 3h após a injeção da neurotoxina, tendo,

como características marcantes, a extensão das patas posteriores e a consequente perda da

capacidade de sustentar a parte posterior do corpo (figura 3). O teste de caminhada (figura

4A), feito para avaliar as alterações motoras, mostrou diferenças importantes em vários

aspectos. Em animais controle, a marcação observada das patas anteriores foi caracterizada

pela sobreposição das patas posteriores ipsolaterais (figura 4B). Além disso, pouca ou

nenhuma diferença foi observada em relação às distâncias entre as patas anteriores e entre as

patas posteriores, bem como entre a pata anterior e sua ipsolateral posterior. Nos animais

tratados com 3AP , a sobreposição das patas, comentada acima, foi muito menos frequente

(figura 4C). Outra observação importante foi o aumento da distância entre as patas anteriores

e entre as patas posteriores, mais marcante nas últimas (figura 4E). Esse resultado confirma

um dado já conhecido, inclusive em humanos com ataxia, onde o aumento da distância das

passadas e o alargamento do apoio consequente, contribui para a manutenção da postura

corporal afetada pela ataxia (Victor e Ropper, 2005).

As alterações motoras persistiram por vários dias e, somente após 10 a 21 dias a partir do

início do experimento, foi possível observar recuperação dos padrões normais de atividade

motora.

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Figura 3. Efeito da 3AP no comportamento motor. A figura mostra ratos após injeção

intraperitoneal de 3AP. Em A é possível observar a modificação no posicionamento das patas

posteriores, característica observada em todos os animais tratados com a neurotoxina. Em B e

C, observar a incapacidade do animal de sustentação da parte posterior do corpo e o

alargamento do apoio característico (observar o aumento da distância entre as patas

posteriores), em repouso e durante a tentativa de locomoção, respectivamente.

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43

A

C

A

B

C

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44

Figura 4. Teste de caminhada. A imagem apresentada em A mostra um animal durante o

teste de caminhada, após o pincelamento das patas anteriores e posteriores, respectivamente,

com tinta azul e vermelha. Os resultados característicos deste teste, obtidos de animais

controle e de animais submetidos à ação da 3AP são mostrados, respectivamente, em B e C.

Notar a sobreposição das marcações das patas posteriores (vermelho) sobre as patas anteriores

(azul) nos animais controle (B). Notar também o acentuado aumento da distância entre as

patas posteriores (linha perpendicular verde) e o eixo central da caminhada (indicado pela

linha vertical em verde) nos animais atáxicos (C). A quantificação das alterações observadas

são apresentadas nos gráficos D (EPD – medida da distância do centro da pata anterior ao

eixo central da caminhada) e E (EPT – a mesma medida, porém obtida a partir da pata

posterior). As diferenças de EPT observadas entre os animais controle e tratados com 3AP

forma estatisticamente significativas. p< 0,01 (para os tempos de 24h e 10 dias), p< 0,001 (4

dias).

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45

24h 4 dias 10 dias 21 dias0

1

2

3

4

5controle3AP

EP

T (

cm)

ED

24h 4 dias 10 dias 21 dias1.0

1.5

2.0

2.5

3.0 controle3AP

EP

D (

cm)

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46

4.2 EFEITO DA 3AP NOS NEURÔNIOS DO NOI

A ação neurotóxica da 3AP, já descrita por outros autores (Torres-Aleman e cols.,

1998), produz lesão seletiva dos neurônios do NOI. A reprodução deste modelo em nosso

laboratório permitiu a confirmação deste efeito. A coloração pelo método de Nissl, que cora a

substância de Nissl (retículo endoplasmático rugoso) dos neurônios e o núcleo das células

gliais, mostrou uma redução dos neurônios da oliva inferior 24 horas após o tratamento com a

3AP quando comparado ao observado em animais controle (figuras 5B e 5D). Esse efeito foi

também observado nos animais atáxicos perfundidos aos 4 e 10 dias após o início do

experimento (figuras 5E e 6D). Aos 21 dias, já era possível observar alguns neurônios corados

(figura 6E).

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47

Figura 5. Efeito da 3AP nos neurônios do NOI 24h e 4 dias. Coloração de Nissl em seções

coronais do tronco cerebral contendo o NOI. Em A, montagem mostrando a organização

característica dos neurônios no NOI. Barra de calibração: 50μm. A área delimitada pela linha

desenhada em preto, em A, indica o local de onde foram obtidas as imagens, em maior

aumento, mostradas em B, C, D e E. Imagens de animais controle e tratados com 3AP

(colunas) eutanasiados 24h (B e D) e 4 dias (C e E) pós injeção. Barra de calibração: 25μm

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Figura 6. Efeito da 3AP nos neurônios do NOI 10 e 21 dias. Coloração de Nissl em seções

coronais do tronco cerebral contendo o NOI. Em A, montagem mostrando a organização

característica dos neurônios no NOI. Barra de calibração: 50μm. A área delimitada pela linha

desenhada em preto, em A, indica o local de onde foram obtidas as imagens, em maior

aumento, mostradas em B, C, D e E. Imagens obtidas de animais controle e tratados com 3AP

(colunas) eutanasiados 10 dias (B e D) e 21 dias (C e E) pós injeção. Notar que nos animais

tratados há pouquíssimos neurônios grandes aos 10 dias (D) e que estes neurônios são mais

numerosos aos 21 dias (cabeças de setas) (E). O gráfico, em F, apresenta a quantificação dos

neurônios grandes do NOI corados com cresil violeta , feita em cortes coronais de tronco

cerebral, de animais controle e tratados com a neurotoxina (p< 0,0001 para todos os tempos).

Barra de calibração: 25μm

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50

24h 4 dias 10 dias 21 dias0

25

50

75

100controle3AP

F

neu

rôn

ios

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51

4.3 ALTERAÇÕES NA EXPRESSÃO DE CALBINDINA D-28K NOS NEURÔNIOS

DO NOI EM RESPOSTA À 3AP

A análise dos resultados da imuno-histoquímica para calbindina D-28K não indicou

alterações na marcação para esta proteína em animais controle eutanasiados em diferentes

idades. Marcação citoplasmática e um número relativamente abundante de neurônios foram

observados no NOI dos animais controle. Em contraste, não foram observados neurônios

calbindina positivos 24h após o tratamento com 3AP (figura 7C). Por outro lado, aos 4 dias

observamos um aumento no número de células imunomarcadas com valores próximos aos de

animais controle (comparar as figuras 7D e 7B). Aos 10 e 21 dias, embora tenham sido

observadas marcação para calbindina no NOI dos animais atáxicos, a marcação foi menor do

que o observado nos animais controle nos mesmos tempos (figura 8).

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52

Figura 7. Imuno-histoquímica para calbindina D-28K no NOI. As imagens mostradas em

A e C foram obtidas de cortes coronais de tronco cerebral de animais controle e tratados com

3AP após 24h, respectivamente e, em B e D, após 4 dias. Notar a ausência de

imunorreatividade após 24h (C) e o aumento após 4 dias (D). Barra de calibração: 25μm.

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53

24h 4d

Controle

3AP

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54

Figura 8. Imuno-histoquímica para calbindina D-28K no NOI. As imagens mostradas em

A e C foram obtidas de cortes coronais de tronco cerebral de animais controle e tratados com

3AP após 10 dias, respectivamente e, em B e D, após 21 dias. Observar a marcante redução

da imunorreatividade para calbindina nos neurônios no NOI após o tratamento com a

neurotoxina (C e D). O gráfico, em E , mostra os resultados da quantificação das células

calbindina positivas no NOI de animais controle e tratados. Diferenças estatisticamente

significativas foram observadas entre o grupos controle e tratado após 24h (p< 0,0009) , aos

10 dias (p< 0,0008) e 21 dias (p< 0,04). Barra de calibração: 25 μm.

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55

10d 21d

Controle

3AP

24h 4 dias 10 dias 21 dias0

10

20

30

40 controle3AP

E

ne

urô

nio

s c

alb

ind

ina

+

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56

4.4 ALTERAÇÃO NA MORFOLOGIA DOS ASTRÓCITOS NO NOI EM

RESPOSTA À 3AP

A imuno-histoquímica para GFAP revelou a presença de poucos astrócitos nos animais

controle às 24h, 4, 10 e 21 dias, os quais foram mais facilmente visualizados no NOI dos

animais perfundidos aos 21 dias após o início do experimento (aproximadamente 56 dias de

idade) (figura 10B). Deve-se notar que resultados idênticos foram obtidos pela

imunofluorescência ou pelo método da biotina-avidina-HRP (não mostrado). Nos animais

tratados com 3AP foi possível observar uma marcação mais intensa, especialmente, nos

tempos de 24h e 4dias (figuras 9C e 9D). Além disso, os astrócitos no NOI apresentaram

morfologia compatível com astrócitos protoplasmáticos. Uma menor imunoreatividade para

GFAP foi encontrada nos animais tratados com 3AP e perfundidos aos 10 e 21 dias (figuras

10C e 10D).

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Figura 9. Imunofluorescência para GFAP no NOI. Em A e B são mostradas imagens do

NOI de animais controle e em C e D, de animais tratados com a 3AP. A imunomarcação foi

feita utilizando-se anticorpo primário anti-GFAP policlonal Sigma. Uma intensa

imunorreatividade foi observada no NOI 24h e 4 dias após o tratamento com a neurotoxina.

Pouca ou nenhuma imunorreatividade foi observada nos cortes obtidos de animais controle.

Em azul são mostrados os núcleos corados pelo DAPI. Barra de calibração: 25 μm.

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24h

4d

controle 3AP

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Figura 10. Imunofluorescência para GFAP no NOI. Em A e B são mostradas imagens do

NOI de animais controle e em C e D, de animais tratados com a 3AP. A imunomarcação foi

feita utilizando-se anticorpo primário anti-GFAP policlonal Sigma. Imunorreatividade para

GFAP foi observada no NOI, 10 e 21 dias após o tratamento com a neurotoxina. Astrócitos

imunomarcados no NOI foram observados em animais controle eutanasiados 21 dias após o

início do experimento. Em azul são mostrados os núcleos corados pelo DAPI. O gráfico, em

E, mostra os resultados da quantificação das células GFAP positivas no NOI dos animais

controle e tratados com 3AP. Os valores de p encontrados foram os seguintes: 24h (p= 0,003)

, 4 dias (p< 0,001), 10 dias (p= 0,0002) e 21 dias (p= 0, 02). Barra de calibração: 25μm.

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60

Controle 3AP

10d

21d

24h 4 dias 10 dias 21 dias0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5controle3AP

E

ls G

FA

P+

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61

4.5 ALTERAÇÕES NAS CÉLULAS NG2 POSITIVAS NO NOI EM RESPOSTA À

3AP

A imuno-histoquímica para NG2 revelou um aumento no número de células NG2

positivas no NOI e uma imunomarcação virtualmente maior do que o observado nos animais

controle, aos 4 e 10 dias após o tratamento com a 3AP (figuras 12D e 13D). Aos 21 dias não

observamos diferenças entre os animais controle e tratados com 3AP. Nos animais controle,

foram encontradas células NG2 positivas apenas no tempo de 24h (figura 11A).

Como era nosso objetivo saber se essas células também expressavam CNPase foi feita

dupla marcação imuno-histoquímica. Esta reação mostrou que as células NG2 positivas

observadas no NOI aos 4 e 10 dias nos animais tratados com 3AP não apresentaram marcação

para CNPase. Entretanto, células marcadas apenas com CNPase foram identificadas nos

animais tratados com 3AP, aos 4, 10 e 21 dias (figuras 12E, 13E e 14E). As observações dos

cortes duplamente imunorreagidos na região do NOI, nos períodos supracitados, revelaram

uma diminuição gradual de células CNPase positivas.

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Figura 11. Alterações nas células NG2 positivas no NOI em resposta a 3AP. Imuno-

histoquímica de dupla marcação para NG2 e CNPase no NOI 24 horas após o tratamento com

a 3AP. As imagens mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e as mostradas

em D, E e F, de animais tratados com a 3AP. Foram utilizados anticorpos primários anti-

CNPase monoclonal e anti-NG2 policlonal. Anticorpos secundários marcado com Cy3 e

Alexa 488 foram utilizados. Observar a ausência de marcação para NG2 (verde) ou CNPase

(vermelho) no NOI 24h após o tratamento. Os núcleo corados pelo DAPI são mostrados em

C e F. Barra de calibração: 25μm.

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NG2

CNPase

DAPI

24h

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64

Figura 12. Alterações nas células NG2 positivas no NOI em resposta a 3AP. Imuno-

histoquímica de dupla marcação para NG2 e CNPase no NOI 4 dias após o tratamento com a

3AP. As imagens mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e as mostradas

em D, E e F, de animais tratados com a 3AP. Foram utilizados anticorpos primários anti-

CNPase monoclonal e anti-NG2 policlonal. Anticorpos secundários marcados com Cy3 e

Alexa 488 foram utilizados. Neste tempo foi possível observar imunoreatividade para NG2

(verde) e CNPase (vermelho) após o tratamento. Os núcleos corados pelo DAPI são

mostrados em C e F. Barra de calibração: 25 μm.

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65

NG2

CNPase

DAPI

4 d

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Figura 13. Alterações nas células NG2 positivas no NOI em resposta a 3AP. Imuno-

histoquímica de dupla marcação para NG2 e CNPase no NOI 10 dias após o tratamento com

a 3AP. As imagens mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e as mostradas

em D, E e F, de animais tratados com a 3AP. Foram utilizados anticorpos primários anti-

CNPase monoclonal e anti-NG2 policlonal. Anticorpos secundários marcados com Cy3 e

Alexa 488 foram utilizados. Imunorreatividade para NG2 (verde) e CNPase (vermelho)

continuam a ser observadas após o tratamento com a neurotoxina. Os núcleo corados pelo

DAPI são mostrados em C e F. Barra de calibração: 25μm.

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10 d

NG2

CNPase

DAPI

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68

Figura 14. Alterações nas células NG2 positivas no NOI em resposta a 3AP. Imuno-

histoquímica de dupla marcação para NG2 e CNPase no NOI 21 dias após o tratamento com

a 3AP. As imagens mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e as mostradas

em D, E e F, de animais tratados com a 3AP. Foram utilizados anticorpos primários anti-

CNPase monoclonal e anti-NG2 policlonal. Anticorpos secundários marcado com Cy3 e

Alexa 488 foram utilizados. Notar a redução da imunorreatividade para NG2 (verde) e

CNPase (vermelho). Os núcleo corados pelo DAPI são mostrados em C e F. O gráfico, em G,

mostra os resultados da quantificação das células NG2 positivas no NOI. Diferença

estatisticamente significativa só foi observada aos 10 dias (p< 0,0001). Barra de calibração:

25 μm.

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21 d

NG2

CNPase

DAPI

24h 4 dias 10 dias 21 dias0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

controle

3AP

G

ls N

G2

+

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70

4.6 RESPOSTA DA MICROGLIA DO NOI EM RATOS SUBMETIDOS À AÇÃO DA

3AP E CONTROLE

Além das alterações motoras e do dano neuronal, era do nosso interesse avaliar que

outras alterações teciduais ocorreriam em consequência do tratamento com a 3AP. Desde que

existem controvérsias a respeito de alterações na microglia em resposta à 3AP (Ogawa e cols.,

1992) iniciamos a investigação deste tópico.

Os animais que receberam a injeção intraperitoneal de 3AP foram sacrificados 5h, 1,

4, 10 e 21 dias após o início do experimento. Com exceção de um aumento pronunciado de

um glicoconjugado (IB4+) na parede dos vasos, não detectamos diferenças entre os animais

tratados e controle, após 5h da injeção da 3AP (figura 15), indicando que a reação microglial,

neste modelo, não parece manifestar-se de forma aguda. Nenhuma marcação foi encontrada

no NOI dos animais controle o que esta de acordo com a rara marcação para lectina em

microglia, já foi descrita, em regiões do tronco cerebral de ratos (Lawson e cols., 1990).

Entretanto, a partir do 1º dia foi possível observar microglia com morfologia mais

arredondada no NOI, e com uma intensa resposta nos animais eutanasiados 4 dias após o

início do experimento (figura 16). Nestes animais, a microglia apresentou um aspecto

amebóide, com corpo celular aparentemente maior que a microglia controle. Além disso, os

prolongamentos são grosseiros e a marcação aparentemente mais intensa para a lectina,

típicos de microglia reativa. Uma marcação de menor intensidade e células com

prolongamentos mais delgados que os normalmente visualizadas aos 4 dias, foram observadas

nos animais eutanasiados aos 10 e 21 dias após a injeção da 3AP (figura 17). Nossos

resultados também permitiram observar a presença de microglia reativa em regiões próximas

a zona subventricular do quarto ventrículo, mais numerosa aos 4 dias pós injeção, mas

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71

também presente aos 10 e 21 dias (figura 18), diferente do que foi observado no NOI, que

apresentou marcação já no 1º dia pós injeção.

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72

Figura 15. Resposta da microglia em ratos submetidos à ação da 3AP após 5h.

Histoquímica de lectina para identificação de microglia em região próxima ao 4º ventrículo

(*) e no NOI 5h após a injeção com a 3AP. As imagens obtidas dos animais controle são

mostradas em A (região próxima ao 4º ventrículo) e B (NOI). As imagens obtidas de animais

submetidos ao tratamento com a neurotoxina são mostradas em C (4º ventrículo) e em D

(NOI). Neste curto período de tempo, apenas vasos sanguíneos foram visualizados. Barra de

calibração: 25 μm.

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73

Controle 3AP

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Figura 16. Resposta da microglia no NOI em ratos submetidos à ação da 3AP.

Histoquímica de lectina para identificação de microglia no NOI. Em A e B são mostradas

imagens de animais controle e em C e D de animais tratatados com a 3AP. Em A e C, após

24h e em B e D, após 4 dias, a partir do início do experimento. Microglia intensamente

marcada pela lectina e morfologia compatível com microglia reativa (cabeças de seta) foi

observada aos 4 dias. Barra de calibração: 25 μm.

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75

24h

4 d

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76

Figura 17. Resposta da microglia no NOI em ratos submetidos à ação da 3AP.

Histoquímica de lectina para identificação de microglia no NOI. Em A e B são mostradas

imagens obtidas de animais controle e em C e D, de animais tratatados com a 3AP. Em A e

C, após 10 dias e em B e D, após 21 dias a partir do início do experimento. Aos 10 e 21 dias,

pós injeção, microglia marcada pela lectina ainda estava presente (cabeças de seta), porém

com morfologia aparentemente menos reativa. Em E são mostrados os resultados da

quantificação das células marcadas pela lectina no NOI, em cortes coronais, de animais

controle e tratados com a 3AP. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas

entre os animais controle e tratados, eutanasiados 24h pós injeção (p< 0,0015), 4 dias (p<

0,0001) 10 dias (p< 0,05).Barra de calibração: 25 μm.

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24h 4 dias 10 dias 21 dias0

5

10

15

20

25controle3AP

E

ls le

cti

na

+

10 d

21 d

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78

Figura 18. Resposta da microglia em regiões próximas ao 4º ventrículo de ratos

submetidos à ação da 3AP. Histoquímica de lectina para identificação de microglia em

regiões próximas ao 4º ventrículo (*). As imagens mostradas em A, B, C e D foram obtidas a

partir de cortes coronais de tronco cerebral de animais controle e as imagens E, F, G e H, de

animais tratados com 3AP. A e E resultados 24h após a injeção, B e F aos 4 dias, C e G aos

10 dias e D e H aos 21 dias. Notar a presença de microglia reativa principalmente aos 4 dias

(cabeças de seta) após o tratamento com a 3AP. Barra de calibração: 25μm.

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79

24h

4d

10d

21d

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80

4.7 EFEITO DA MINOCICLINA NA RECUPERAÇÃO MOTORA DE ANIMAIS

SUBMETIDOS À AÇÃO DA 3AP

A ação neuroprotetora da minociclina já foi descrita em outros modelos de lesão no

sistema nervoso (Stirling e cols., 2005). Assim sendo, decidimos analisar se a minociclina

seria capaz de produzir algum efeito sobre a recuperação motora, já observada naturalmente,

neste modelo induzido pela 3AP. A injeção simultânea de minociclina e 3AP e as doses de

minociclina diárias subsequentes provocaram redução acentuada das alterações motoras

comumente observadas após a injeção de 3AP. Os resultados do teste de caminhada

mostraram que o tratamento com a minociclina foi capaz de minimizar as alterações motoras

observadas nos animais atáxicos, especialmente aquela descrita anteriormente como

alargamento do apoio (figura 19 E). A análise quantitativa do teste de caminhada confirmou

estas observações (figura 19F).

4.8 EFEITO DA MINOCICLINA NA MORFOLOGIA DA MICROGLIA DO NOI

Um dos efeitos descritos e que pode explicar a ação neuroprotetora da minociclina é a

redução a ativação da microglia em resposta ao dano neuronal. Considerando esta evidência,

a etapa seguinte foi analisar se a minociclina seria capaz de provocar alguma alteração

microglial. A histoquímica de lectina para identificação de microglia mostrou que a

minociclina afeta a microglia no NOI neste modelo de ataxia induzida pela 3AP. O

tratamento com a minociclina levou ao aparecimento de uma microglia com corpo celular

intensamente marcado pela lectina IB4, com raros e espessos prolongamentos, 24h após a

injeção simultânea com 3AP (Figura 20D). Além disso, foi capaz de induzir o

desaparecimento da microglia reativa que aparece aos 4 dias em resposta a injeção da 3AP

(Figura 21D). A microglia que também é observada 21 dias após a injeção com a 3AP

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81

apenas, desaparece após o tratamento com a minociclina (Figura 23D). Nenhuma diferença,

em relação aos animais controle, foi observada após o tratamento apenas com minociclina.

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Figura 19. Efeito da minociclina na recuperação motora de animais submetidos à ação

da 3AP. A imagem apresentada em A mostra um animal durante o teste de caminhada, após

o pincelamento das patas anteriores e posteriores, respectivamente, com tinta azul e

vermelha. Os resultados mostrados foram obtidos de animais controle (B), controle tratados

apenas com minociclina (MINO) (C), de animais submetidos à ação da 3AP somente (D) e

tratados com 3AP + MINO. Notar, em E, que o tratamento dos animais simultaneamente

com 3AP + MINO reduz a alteração motora observada no teste de caminhada dos animais

após o tratamento com a neurotoxina apenas (D). Em F, é mostrada a quantificação desses

resultados obtidos após 24h (p< 0,01).

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83

24h

Controle 3AP 3AP+Mino0

1

2

3

4

**

EP

T (

cm

)

F

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84

Figura 20. Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI de animais

submetidos à ação da 3AP e controle. As imagens mostradas em A, B, C e D foram

obtidas de animais eutanasiados 24h após o início do experimento nas seguintes condições:

A – controle, B - controle + MINO, C – 3AP e D - 3AP + MINO. O histograma, em E,

mostra o resultado da quantificação das células marcadas pela lectina no NOI, feita em cortes

coronais (valores de p< 0,05). A injeção simultânea de minocilina com 3AP induz o

aparecimento de microglia intensamente marcada pela lectina no NOI (observar cabeças de

seta em C). Barra de calibração: 25 µm.

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85

24h

Controle Controle + 3AP 3AP+0

3

6

9

12

15

MINO MINO

******

Nº d

e cé

ls

E

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Figura 21. Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI de animais

submetidos à ação da 3AP e controle. As imagens mostradas em A, B, C e D foram

obtidas de animais eutanasiados 4 dias após o início do experimento nas seguintes condições:

A – controle, B - controle + minociclina (MINO), C – 3AP e D - 3AP + MINO. O

histograma, em E, mostra o resultado da quantificação das células marcadas pela lectina no

NOI, feita em cortes coronais (p< 0,05). Microglia marcada pela lectina foi observada no

NOI após o tratamento com a 3AP (cabeças de seta). Notar a ausência de microglia reativa

no NOI de animais submetidos à ação da 3AP e tratados com minociclina (D). Barra de

calibração: 25 µm.

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87

4 dias

Controle Controle + 3AP 3AP+0

5

10

15

20

25

MINO MINO

***

Nº d

e cé

ls

E

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88

Figura 22. Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI de animais

submetidos à ação da 3AP e controle. As imagens mostradas em A, B, C e D foram

obtidas de animais eutanasiados 10 dias após o início do experimento nas seguintes

condições: A – controle, B - controle + minociclina (MINO), C – 3AP e D - 3AP + MINO.

O histograma, em E, mostra o resultado da quantificação das células marcadas pela lectina

no NOI, feita em cortes coronais. Nenhum efeito foi evidenciado nos animais injetados com

3AP + MINO. Barra de calibração: 25 µm.

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89

E

10 dias

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

CONT CONT+mino

3AP 3AP+ mino

**

n° c

éls

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90

Figura 23. Efeito da minociclina na morfologia da microglia no NOI de animais

submetidos à ação da 3AP e controle. As imagens mostradas em A, B, C e D foram

obtidas de animais eutanasiados 21 dias após o início do experimento nas seguintes

condições: A – controle, B - controle + minociclina (MINO), C – 3AP e D - 3AP + MINO.

A microglia marcada pela lectina e evidenciada no NOI, em resposta à 3-AP, desapareceu

nos animais injetados com 3AP + MINO. O histograma, em E, mostra o resultado da

quantificação das células marcadas pela lectina no NOI, feita em cortes coronais. Não foram

observadas diferenças estatisticamente significativas. Barra de calibração: 25 µm.

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91

21 dias

Controle Controle + 3AP 3AP+0

5

10

15

20

MINO MINO

Nº d

e cé

ls

E

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92

4.9 EFEITO DA 3AP NOS NEURÔNIOS DE PURKINJE DO CEREBELO

Os neurônios olivares inferiores projetam seus axônios para o cerebelo e constituem

uma das principais aferências que fazem sinapse com os neurônios de Purkinje. Em virtude

disto, decidimos acompanhar as alterações cerebelares em decorrência do dano no NOI

causado pela 3AP.

A coloração, pelo método de Nissl, de cortes coronais do cerebelo mostrou uma

aparente redução no número de neurônios de Purkinje no córtex cerebelar. Essa diminuição

já foi observada 24 horas após o tratamento com a 3AP e também aos 4 dias (figura 24). Aos

10 e 21 dias (figura 25), uma redução, menos evidente, foi também observada.

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93

Figura 24. Efeito da 3AP nos neurônios de Purkinje do cerebelo 24h e 4 dias. Coloração

de Nissl em seções coronais do cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. Imagens de

animais controle (A e B) e tratados com 3AP (C e D), eutanasiados 24h (A e C) e 4 dias (B e

D) pós injeção. Notar regiões da monocamada de neurônios de Purkinje mostrando a

ausência destas células (cabeças de seta). CM - camada molecular e CG – camada granular.

Barra de calibração: 25 µm.

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94

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95

Figura 25. Efeito da 3AP nps neurônios de Purkinje do cerebelo 10 e 21 dias. Coloração

de Nissl em seções coronais do cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. Imagens de

animais controle (A e B) e tratados com 3-AP (C e D) eutanasiados 10 (A e C) e 21 dias (B e

D) pós injeção. Notar regiões da monocamada de neurônios de Purkinje mostrando ainda a

ausência destas células (cabeças de seta). O gráfico, em E, mostram a quantificação dos

neurônios de Purkinje em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com

3AP. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas nos animais eutanasiados,

24h, 4 e 10 dias (p< 0,0001). Aos 21 dias não foi observada diferença estatisticamente

significativa. CM – camada molecular e CG – camada granular. Barra de calibração: 25 µm.

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96

24h 4 dias 10 dias 21 dias0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5controle3AP

E

ne

urô

nio

s d

e P

urk

inje

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97

4.10 ALTERAÇÕES NA EXPRESSÃO DE CALBINDINA D-28K E NA

MORFOLOGIA DOS NEURÔNIOS DE PURKINJE.

A imuno-histoquímica para calbindina revelou desorganização na monocamada formada

pelos neurônios de Purkinje, caracterizada pela presença de grandes lacunas sem células

imunomarcadas, além de células com morfologia irregular, em algumas células observamos

dendritos enquanto em outras estes parecem ausentes, bastante diferente do que foi

observado no cerebelo dos animais controle perfundidos nos mesmos tempos, 24h, 4, 10 e 21

dias (figuras 26 e 27). Além das mudanças evidentes na morfologia desses neurônios, foi

observada, à inspeção visual, uma redução na expressão de calbindina no cerebelo dos

animais tratados com 3AP. Tal redução foi observada nos referidos neurônios e também nos

seus prolongamentos dendríticos na camada molecular do córtex cerebelar. Deve-se notar

que entre os animais controle pode haver variações na intensidade de marcação, mas

intensidades aparentemente maiores são sempre encontradas nos controles tanto aos 10 e 21

dias como também nos animais perfundidos 24h e 4 dias após o início do experimento.

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98

Figura 26. Alterações na expressão de calbindina D-28K e na morfologia dos neurônios

de Purkinje 24h e 4 dias. Imuno-histoquímica para calbindina D-28K em cortes coronais de

cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens mostradas em A e C foram

obtidas de animais controle e C e D, de animais tratados com a neurotoxina. Os resultados

desta imunomarcação, 24h após o início do experimento, são mostradas em A e B e em C e

D, após 4 dias. Notar a redução da imunorreatividade nos neurônios de Purkinje após o

tratamento com a 3AP e a irregularidade na monocamada bem como na morfologia destes

neurônios. Barra de calibração: 25µm.

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99

24 h

4 d

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100

Figura 27. Alterações na expressão de calbindina D-28K e na morfologia dos neurônios

de Purkinje 10 e 21 dias. Imuno-histoquímica para calbindina D-28K em cortes coronais de

cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens mostradas em A e C foram

obtidas de animais controle e C e D, de animais tratados com a neurotoxina. Os resultados

desta imunomarcação, 10 após o início do experimento, são mostradas em A e B e em C e D,

após 21 dias. Aos 21 dias após o tratamento com 3AP o resultado foi semelhante ao

observado nos animais controle em termos de intensidade de marcação, permanecendo,

entretanto a diferença em termos de densidade numérica de células de Purkinje entre

controles e tratados. O gráfico, em E, mostra a quantificação dos neurônios de Purkinje em

cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. Diferenças

estatisticamente significativas foram observadas em todos os tempos. Valores de p foram os

seguintes: 24h e 4 dias (p< 0,0001), 10 dias (p< 0,0006) e 21 dias (p< 0,003). Barra de

calibração: 25 µm.

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101

10 d

21 d

24h 4 dias 10 dias 21 dias0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0controle3AP

E

ne

urô

nio

s c

alb

ind

ina

+

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102

4.11 EFEITO DA 3AP NAS CÉLULAS NG2 POSITIVAS DO CEREBELO

Células NG2 positivas cerebelares também são alvos das fibras trepadeiras. Assim sendo,

decidimos investigar as possíveis modificações, nestas células, decorrentes do dano

provocado no NOI pela 3AP. Células NG2 positivas estão presentes no córtex cerebelar dos

animais controle e são mais numerosas na superfície. Nos animais atáxicos observamos um

aumento no número de células NG2 positivas após o tratamento com 3AP. Este aumento foi

maior 24h e 4 dias após o tratamento (figuras 28 e 29). Um aumento menos pronunciado foi

observado após 10 dias de tratamento (figura 30). Nos animais eutanasiados 21 dias após o

início do experimento não foi encontrada diferença estatisticamente significativa no número

de células NG2 positivas (figura 31).

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103

Figura 28. Efeito da 3AP nas células NG2 positivas do cerebelo 24h. Imuno-

histoquímica para NG2 em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com

3AP. As imagens apresentadas em A e B mostram, respectivamente, córtex cerebelar de

animais controle e tratado com 3AP eutanasiados 24h pós injeção. Notar a intensa marcação

(verde) e o aumento na densidade numérica de células NG2 positivas após o tratamento. As

imagens em C e D motram os núcleos corados pelo DAPI, respectivamente, nos mesmos

campos de onde foram obtidas as imagens mostradas em A e B. Barra de calibração: 25 µm.

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104

NG2

DAPI

24 h

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105

Figura 29. Efeito da 3AP nas células NG2 positivas do cerebelo 4 dias. Imuno-

histoquímica para NG2 em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com

3AP. As imagens mostradas em A e B mostram, respectivamente, córtex cerebelar de

animais controle e tratado com 3AP eutanasiados 4 dias pós injeção. Notar a intensa

marcação (verde) e o aumento na densidade numérica de células NG2 positivas após o

tratamento. As imagens em C e D motram os núcleos corados pelo DAPI, respectivamente,

nos mesmos campos de onde foram obtidas as imagens mostradas em A e B. Barra de

calibração:25µm.

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106

4 d

NG2

DAPI

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107

Figura 30. Efeito da 3AP nas células NG2 positivas do cerebelo 10 dias. Imuno-

histoquímica para NG2 em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com

3AP. As imagens mostradas em A e B mostram, respectivamente, córtex cerebelar de

animais controle e tratado com 3AP eutanasiados 10 dias pós injeção. Notar a marcação

(verde) e ainda densidade numérica de células NG2 positivas maior após o tratamento. As

imagens em C e D motram os núcleos corados pelo DAPI, respectivamente, nos mesmos

campos de onde foram obtidas as imagens mostradas em A e B. Barra de calibração: 25 µm.

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108

10 d

NG2

DAPI

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109

Figura 31. Efeito da 3AP nas células NG2 positivas do cerebelo 21 dias. Imuno-

histoquímica para NG2 em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados com

3AP. As imagens mostradas em A e B mostram, respectivamente, córtex cerebelar de

animais controle e tratado com 3AP eutanasiados 21 dias pós injeção. As imagens em C e D

motram os núcleos corados pelo DAPI, respectivamente, nos mesmos campos de onde

foram obtidas as imagens mostradas em A e B. O gráfico, em E, mostra os resultados da

quantificação destas células feita em cortes coronais de cerebelo de animais controle e

tratados com 3AP. Diferenças estatisticamente significativa foram observadas 24h

(p=0,0015), 4 dias (p< 0,0001) e 10 dias (p=0,01) pós injeção. Barra de calibração: 25 µm.

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110

21 d

NG2

DAPI

24h 4 dias 10 dias 21 dias0

4

8

12

16

20controle3AP

E

céls

NG

2+

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111

4. 12 RESPOSTA DE PROLIFERAÇÃO CELULAR OBSERVADA ATRAVÉS DA

DUPLA MARCAÇÃO COM BrdU E βIII-TUBULINA NO NOI DE RATOS

SUBMETIDOS À AÇÃO DA 3AP

Os experimentos para identificação de proliferaçao celular, a partir da incorporação de

BrdU, e identificação do perfil fenotípico das células proliferativas do NOI, foram feitos

utilizando-se técnica imuno-histoquímica de dupla marcação com anticorpos anti-BrdU e

anti-III-tubulina (marcador precoce de neurônios). Nossos resultados mostraram células

marcadas com anticorpo anti-BrdU no NOI dos animais eutanasiados 1, 4 e 10 dias após o

tratamento com a 3AP (figuras 32 e 33). Nestes períodos não foi evidenciada

imunoreatividade para III-tubulina. Entretanto, após os 21 dias, foi marcante a presença de

células duplamente imunomarcadas (figura 33E e 33F).

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112

Figura 32 . Imuno-histoquímica de dupla marcação para BrdU e β-III tubulina no NOI

de animais controle e tratados com 3AP. Em A e B são mostradas imagens de microscopia

confocal obtidas de cortes de tronco cerebral de animais controle e em C e D, de animais

tratados com 3AP, eutanasiados 24h e 4 dias após o início do experimento. Foram

utilizados anticorpos primários anti-BrdU monoclonal e anti-β-III tubulina policlonal.

Anticorpos secundários marcado com Cy3 e Alexa 488 foram utilizados. Células marcadas

apenas com BrdU (vermelho) foram observadas no NOI dos animais tratados com a 3AP

(D). Em E, imagem de corte da mesma região onde os anticorpos primários foram omitidos.

Barra de calibração: 20μm.

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113

24h

4d

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114

Figura 33. Imuno-histoquímica de dupla marcação para BrdU e β-III tubulina no

NOI de animais controle e tratados com 3AP. Em A e B são mostradas imagens de

microscopia confocal obtidas de cortes de tronco cerebral de animais controle e em D e

E, de animais tratados com 3AP, eutanasiados 10 e 21 dias após o início do

experimento. Foram utilizados anticorpos primários anti-BrdU monoclonal e anti-β-III

tubulina policlonal. Anticorpos secundários marcado com Cy3 e Alexa 488 foram

utilizados. Aos 10 dias, células marcadas apenas com BrdU (vermelho) foram

observadas no NOI dos animais tratados com a 3AP (D). Células duplamente marcadas,

positivas para BrdU e para β-III tubulina (verde) foram observadas no NOI aos 21 dias

nos animais tratados (E). Em C, imagem de corte da mesma região onde os anticorpos

primários foram omitidos. Barra de calibração: 20μm. Em F é mostrada uma região, em

maior aumento, com células duplamente marcadas (barra de calibração: 8μm) e em G, o

histograma com os resultados da quantificação das células duplamente marcadas no

NOI dos animais controle e tratados com a neurotoxina aos 21 dias (p = 0,001).

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115

21 dias

Controle 3AP0

20

40

60

***C

éls

Brd

U/ß

III T

ubul

ina

+

G

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116

4.13 EFEITO DA 3AP NOS CONTATOS SINÁPTICOS NA CAMADA

MOLECULAR DO CÓRTEX CEREBELAR

O modelo de ataxia empregado neste trabalho é conhecido pelo dano no NOI e

também pela recuperação motora espontânea que é observada alguns dias após o início

do experimento e que se acentua no período entre o 10º e o 21º dia. Em virtude desta

observação decidimos analisar as alterações nos contatos sinápticos nos neurônios de

Purkinje e na camada molecular, onde observamos uma resposta mais intensa das

células NG2 positivas, que também são alvos das fibras trepadeiras.

A imuno-histoquímica de dupla marcação com os anticorpos anti-Calbindina

D28-K e anti-sinaptofisina revelou uma redução acentuada na densidade numérica de

contatos sinápticos formados com os neurônios de Purkinje e na camada molecular, 24

horas e 4 dias após o tratamento com a 3AP (figuras 34 e 35) Essas observações foram

confirmadas pela a quantificação dos pontos marcados pela sinaptofisina (figura 34G) .

Aos 10 dias, já foi possível observar um aumento na densidade numérica desses

contatos sinápticos (figura 36), comparado com o observado nos animais tratados com

3AP 24h e 4 dias, e aos 21 dias o resultado foi semelhante ao observado nos animais

controle (figura 37). Neste último caso a diferença observada, a partir da quantificação,

não foi estatisticamente significativa (figura 37G).

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117

Figura 34. Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina D28K e

sinaptofisina em cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens

mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e em D, E e F, de animais

tratados com 3AP e eutanasiados 24h após o tratamento. Foram utilizados anticorpos

primários anti-calbindina D-28K monoclonal e anti-sinaptofisina policlonal e anticorpos

secundários marcados com Cy3 e Alexa 488. Em A e D, imunomarcação para

calbindina (verde) e em B e E, para sinaptofisina (vermelho). Notar a marcante redução

nos contados sinápticos (pontos marcados em vermelho) após tratamento com a

neurotoxina. Em C e F são mostradas as sobreposições das imagens mostradas

anteriormente. Barra de calibração: 25 µm.

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118

Calbindina

Sinaptofisina

24 h

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119

Figura 35. Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina D28K e

sinaptofisina em cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens

mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e em D, E e F, de animais

tratados com 3AP e eutanasiados 4 dias após o tratamento. Foram utilizados anticorpos

primários anti-calbindina D-28K monoclonal e anti-sinaptofisina policlonal e anticorpos

secundários marcados com Cy3 e Alexa 488. Em A e D, imunomarcação para

calbindina (verde) e em B e E, para sinaptofisina (vermelho). Notar a redução nos

contados sinápticos (pontos marcados em vermelho) após o tratamento com a

neurotoxina. Em C e F são mostradas as sobreposições das imagens mostradas

anteriormente. Barra de calibração: 25 µm.

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120

4 d

Calbindina

Sinaptofisina

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121

Figura 36. Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina D-28K e

sinaptofisina em cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens

mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e em D, E e F, de animais

tratados com 3AP e eutanasiados 10 dias após o tratamento. Foram utilizados anticorpos

primários anti-calbindina D-28K monoclonal e anti-sinaptofisina policlonal e anticorpos

secundários marcados com Cy3 e Alexa 488. Em A e D, imunomarcação para

calbindina (verde) e em B e E, para sinaptofisina (vermelho). Observar a

imunorreatividade para sinaptofisina no cerebelo após o tratamento com a neurotoxina.

Em C e F são mostradas as sobreposições das imagens mostradas anteriormente. Barra

de calibração: 25 µm.

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122

10 d

Calbindina

Sinaptofisina

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123

Figura 37. Imuno-histoquímica de dupla marcação para calbindina D-28K e

sinaptofisina em cerebelo de animais controle e tratados com 3AP. As imagens

mostradas em A, B e C foram obtidas de animais controle e em D, E e F, de animais

tratados com 3AP e eutanasiados 21 dias após o tratamento. Foram utilizados anticorpos

primários anti-calbindina D-28K monoclonal e anti-sinaptofisina policlonal e anticorpos

secundários marcados com Cy3 e Alexa 488. Em A e D, imunomarcação para

calbindina (verde) e em B e E, para sinaptofisina (vermelho). Observar o notável

aumento de pontos marcados com sinaptofisina nos animais tratados com a neurotoxina

e longa sobrevida. Em C e F são mostradas as sobreposições das imagens mostradas

anteriormente e em G, os resultados da quantificação dos pontos marcados pela

sinaptofisina, feita em cortes coronais de cerebelo de animais controle e tratados.

Diferenças estatisticamente significativas foram observadas 24h (p< 0,0001), 4 dias (p<

0,0009) e 10 dias (p=0,009) após o tratamento com a 3AP. Barra de calibração: 25 µm.

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124

21 d

Calbindina

Sinaptofisina

24h 4 dias 10 dias 21 dias0

50

100

150

200

250controle3AP

G

po

nto

ss

ina

pto

fis

ina

s+

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125

DISCUSSÃO

Neurotoxicidade da 3AP. Os contatos sinápticos das fibras trepadeiras com os

neurônios de Purkinje interferem de forma direta na atividade destes neurônios no controle

motor, de modo que a perda dessas aferências leva a alterações severas na coordenação

motora.

O uso de diferentes protocolos experimentais de intoxicação pela 3AP mostrou que

esta neurotoxina é capaz de produzir lesões seletivas no sistema nervoso central

(Balaban,1985) e com um efeito pronunciado sobre os neurônios do NOI, o que sugeriu o seu

uso para obtenção de um modelo experimental de ataxia cerebelar (Fernandez e cols., 1998).

Desta maneira, este modelo de lesão neural, que é acompanhado por uma recuperação

espontânea da atividade motora normal, constitui-se em um interessante recurso capaz de

auxiliar no estudo e na compreensão de mecanismos de plasticidade do tecido nervoso em

resposta ao dano neuronal.

Mudanças no padrão normal da caminhada de ratos e descoordenação motora foram

observadas por nós neste modelo de ataxia cerebelar induzido pela 3AP. As alterações no

comportamento motor observadas incluíram o alargamento do apoio e a dificuldade de

sustentação da parte posterior do corpo.

A investigação histológica do efeito da 3AP no sistema olivocerebelar nos permitiu

fazer uma série de observações que podem contribuir para esclarecer a progressão do dano e a

recuperação caracteristicamente observada neste modelo. A coloração de cortes coronais de

tronco cerebral pelo método de Nissl, permitiu observar o efeito neurotóxico da 3AP no NOI

24h após o tratamento, o que está de acordo com o descrito por Ogawa (Ogawa e cols., 1992).

Aos 4 dias, a ausência de neurônios corados é evidente e coincide com o período de maior

severidade das alterações motoras observadas nos ratos tratados com a 3AP. A recuperação

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motora espontânea observada nos períodos subsequentes foi acompanhada pelo

reaparecimento de neurônios corados no NOI, especialmente aos 21 dias, onde foi possível

observar um número maior destes.

A calbindina e a atividade de neurônios do NOI e do cerebelo. As alterações

observadas em relação aos neurônios no NOI não se restringem a redução numérica dos

mesmos. A expressão de calbindina D-28K (CB), uma proteína ligadora de cálcio, presente

nos neurônios olivares inferiores e de Purkinje e essencial para a atividade destes no controle

motor cerebelar (Barski e cols., 2003), é muito afetada nos animais tratados com a 3AP. Vinte

e quatro horas pós injeção não observamos células marcadas positivamente para CB no NOI.

Em contraste, aos 4 dias pós injeção, observamos um aumento acentuado desta marcação.

Este aumento da expressão de CB pode sugerir um mecanismo compensatório com o objetivo

de manter a atividade dos neurônios remanescentes no NOI, o que permitiria, ainda que de

modo precário, a transmissão de sinais para o cerebelo. Este aumento, porém, não foi

sustentado, pois houve redução da imunomarcação para CB aos 10 e 21 dias, e nem foi

suficiente para permitir a recuperação imediata da coordenação motora.

Ao contrário do que observamos no NOI, a marcação para CB nos neurônios de

Purkinje diminuiu acentuadamente 24h e 4 dias após o tratamento com a neurotoxina. A

perda das aferências olivares pelos neurônios de Purkinje, em consequência da ação da 3AP,

sobre os neurônios do NOI, alterou não apenas a expressão de CB como também induziu

mudanças na morfologia dos neurônios de Purkinje e a perda da regularidade da

monocamada, do córtex cerebelar, constituída por estas células. Esta última alteração,

mostrando a ausência dos referidos neurônios, foi também observada e muito evidente 24h e

4 dias após o tratamento com a 3AP quando a coloração pelo método de Nissl foi realizada.

Barski e cols. (2003) mostraram que a deleção seletiva do gene relacionado a CB, nos

neurônios de Purkinje, provoca déficit severo na transmissão sináptica e no controle motor

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cerebelar. Além disso, a presença da CB parece ter um efeito favorável aos neurônios. A

transfecção de cDNA para esta proteína, em neurônios motores e hipocampais, aumentou o

tamponamento de cálcio e também a sobrevivência dos mesmos após a lesão da esclerose

lateral amiotrófica e excitotoxicidade (Ho e cols., 1996). Estas observações corroboram a

idéia de que as alterações motoras observadas nos animais após o tratamento com 3AP

podem ser resultantes, pelo menos em parte, da redução da expressão desta proteína ligadora

de cálcio nos neurônios de Purkinje.

Vários fatores como, por exemplo, a interação com neurônios e neurotransmissores,

são capazes de alterar a morfologia dos astrócitos (Hatten, 1985; Cornell-Bell e cols., 1992).

Alterações na morfologia astrocitária e também na expressão de GFAP são observadas em

diferentes condições de lesão no SN. Em nossos resultados também observamos alterações

nos astrócitos. Um aumento evidente da imunomarcação para GFAP no NOI foi observado

24h e 4 dias após o tratamento com a 3AP. Aos 10 e 21 dias após o tratamento esta marcação

foi menos evidente. Como a expressão de GFAP é regulada positivamente no processo de

gliose (Eddleston e Mucke, 1993), já era esperado que o dano induzido pela 3AP nos

neurônios do NOI provocasse reatividade astrocitária. O processo de gliose e todas as

alterações que caracterizam o mesmo estão relacionados com a formação da cicatriz glial, o

que têm sido referido como um impedimento para a regeneração e reparo do tecido nervoso

lesado (revisto em Fitch e Silver, 2008). Entretanto, trabalhos mais recentes têm sugerido um

papel destas células no reparo de áreas lesadas no SN. Populações de astrócitos de nichos

neurogênicos proliferam após lesão perinatal e, no caso de camundongos jovens, podem se

diferenciar em neurônios e oligodendrócitos que migram para o córtex cerebral, substituindo

células que foram perdidas (revisto em Vaccarino e cols., 2007). É importante destacar que

em nossos resultados, as alterações mais marcantes observadas em relação aos astrócitos

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ocorreram 24h e 4 dias após o tratamento com a 3AP, o que coincide com o período em que

observamos também alterações motoras mais severas nos animais atáxicos.

Diferentes trabalhos reportaram as células NG2 positivas como capazes de responder

rapidamente a condições de lesão do cérebro e da medula espinhal, com mudanças evidentes

24h após a indução da lesão (Levine, 1994; Nishiyama e cols., 1999; Jones e Tuszynski,

2003). Estas células estão presentes no SN adulto normal porém são menos numerosas do

que o observado durante o desenvolvimento e proliferam lentamente (Levine e cols., 1993).

Por outro lado, já foi demonstrado que a proliferação das células NG2 positivas aumenta nos

tratos do encéfalo de camundongos com defeitos na mielinização (Wu e cols., 2000) e

também em resposta a lesões desmielinizantes induzidas química ou imunologicamente

(Mason e cols., 2000). Em nossos ensaios, numerosas células NG2 positivas foram

observadas no NOI dos ratos tratados com a 3AP 4 e 10 dias após o início do experimento.

Nos animais controle, foram raras as células NG2 positivas encontradas no NOI.

Sinapses estabelecidas entre polidendrócitos e neurônios já foram descritas no

hipocampo (Bergles e cols., 2000; Jabs e cols., 2005), mas também em outras regiões

anatômicas do SN como o cerebelo. Na camada molecular do córtex cerebelar, os dendritos

dos neurônios de Purkinje e os polidendrócitos são inervados pelas fibras trepadeiras (Lin e

cols., 2005). Em virtude destas observações, decidimos investigar se alguma alteração nas

células NG2 positivas poderia ser observada no cerebelo após o tratamento com a 3AP. A

densidade numérica das células NG2 positivas no cerebelo foi maior do que observado no

NOI, o que está de acordo com o mostrado por Dawson e cols. (2003) e revisto em Nishiyama

(2007). Além da densidade numérica de células NG2 positivas aumentada na camada

molecular do córtex cerebelar, um aparente aumento na expressão do NG2 foi observado

especialmente nos animais atáxicos eutanasiados 24h e 4 dias após o início do experimento.

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O papel dos polidendrócitos no sistema nervoso adulto e do próprio NG2 são ainda

alvos de discussão. Estudos in vitro mostraram considerável potencial inibitório do

proteoglicano NG2 sobre o crescimento axonal (Dou e Levine, 1994; Ughrin e cols., 2003).

Por outro lado, Yang e cols. (2006) mostraram que estas células fornecem um substrato

adesivo para o cone de crescimento axonal e promove o seu crescimento, mesmo em presença

de altos níveis do proteoglicano NG2.

Além das observações relativas a este tipo glial no NOI e no cerebelo em resposta a

3AP, nós visualizamos, em cortes coronais do tronco cerebral, no mesmo nível ântero-

posterior da marcação de NG2 no NOI, células NG2 positivas ao longo da linha média,

formando um rastro, desde a zona próxima a ZSV do quarto ventrículo até a região do NOI

(dados não mostrados). Este rastro de células NG2 positivas só foi observado 10 dias após o

início do experimento, tempo este intermediário entre o período de maior severidade da

alteração motora observada e a recuperação espontânea já comentada anteriormente. Embora

o significado deste resultado não esteja claro, pode sugerir que as células NG2 positivas

observadas no NOI sejam provenientes de outra região do tronco cerebral que não

propriamente o NOI. Além disso, já foi demonstrado que as células NG2 positivas podem

contribuir para gênese de neurônios (Belachew et cols., 2003; Aguirre e Gallo, 2004) e

funcionar como células tronco neural multipotentes (Belachew e cols., 2003).

A reação microglial à lesão e condições patológicas no cérebro e na medula espinhal é

conhecida há vários anos, no entanto, ainda não está claro o limite entre ativação microglial

capaz de contribuir para piorar ou melhorar o dano neuronal produzido em condições de lesão

do SNC. A reatividade da microglia já foi demonstrada por Ogawa e cols. (1992) no mesmo

modelo de lesão neural utilizado em nossos experimentos. Nestes observamos microglia no

NOI dos animais 24h após o tratamento com 3AP. Porém, foi 4 dias após o tratamento que

observamos microglia intensamente marcada pela lectina IB4 e com morfologia

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marcadamente reativa. Deve-se destacar que foi também neste período que observamos as

alterações motoras mais severas nos animais tratados com a 3AP.

A microglia ativada em reposta à lesão do SNC participa da patogênese de desordens

neurológicas através da secreção de várias moléculas inflamatórias como citocinas e óxido

nítrico (Hanish, 2002). Essas moléculas servem de sinais para outras células, por exemplo,

astrócitos que amplificam sua resposta inflamatória resultando em acúmulo de agentes

neurotóxicos. Além disso, a microglia ativada libera mediadores inflamatórios que recrutam

mais microglia para o sítio de lesão, uma vez que, além de produzir, é também alvo de muitos

destes mediadores (revisto em Garden e Möller, 2006). Estas observações corroboram a idéia

de que a microglia intensamente reativa observada aos 4 dias pós-injeção, em nossos ensaios,

pode contribuir para acentuar o dano induzido pela 3AP.

Um outro aspecto importante que deve ser considerado é o fato de que aos vinte e um

dias, quando não observamos mais alterações na caminhada, a presença de microglia reativa

nos animais tratados com 3AP foi eventual, e em comparação com os animais controle, a

diferença observada não foi estatisticamente significativa.

A ação neuroprotetora da minociclina (MINO) já foi descrita em vários modelos de

lesão no sistema nervoso e a principal evidência que justifica esta ação parece ser a redução

da ativação da microglia em resposta ao dano neuronal (revisto em Stirling e cols., 2005).

Como observamos em nossos resultados, microglia marcadamente reativa no NOI em um

período que é coincidente com aquele em que observamos maior severidade das alterações

motoras nos animais tratados com 3AP, decidimos verificar se a MINO seria capaz de

proteger os neurônios do NOI da ação neurotóxica da 3AP. Em nossos ensaios a MINO foi

capaz de induzir o aparecimento de microglia intensamente marcada pela lectina IB4 e com

morfologia amebóide no NOI 24h após o início do experimento. A observação dos animais no

teste de caminhada feito após a injeção simultânea de 3AP e MINO, seguida de doses diárias

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subsequentes desta última, mostrou um padrão de caminhada muito semelhante ao observado

nos animais controle. A quantificação destes dados confirmou as observações do

comportamento motor feitas por nós durante o período experimental. A administração da

MINO juntamente com a 3AP parece exercer uma ação protetora sobre os neurônios do NOI,

o principal alvo da 3AP (Fernandez e cols., 1998), prevenindo assim a ocorrência das

alterações motoras, especialmente aquela descrita como alargamento do apoio, por nós

observadas quando os animais eram submetidos à ação apenas da 3AP.

Além do descrito acima, a MINO foi também capaz de provocar desaparecimento da

microglia reativa que observamos no NOI 4 dias após o tratamento com a 3AP. Como

comentado anteriormente, os efeitos neuroprotetores da MINO têm sido atribuídos à redução

da ativação microglial. Ryu e cols (2004) demonstraram que a MINO inibiu a morte neuronal

e a ativação microglial induzidas por peptídeo β-amiloide em hipocampo de rato. Em modelo

de lesão neural induzida por hipóxia isquêmica, a MINO foi capaz de atenuar a lesão, reduzir

a ativação microglial e melhorar o comportamento motor (Fan e cols., 2006). A MINO

também preveniu a cavitação em ratos após lesão induzida por desvascularização cortical

(Hua e Wals, 2006). Em outro trabalho, demonstrou-se que a MINO reduziu ativação

microglial e melhorou o déficit motor observado em modelo transgênico de amilóide

microvascular cerebral (Fan e cols., 2007).

As alterações motoras mais severas foram observadas no mesmo período em que a

microglia reativa aparece no NOI após o tratamento com a 3AP, o que sugere que a atenuação

das alterações motoras nos animais tratados com 3AP e MINO decorra realmente da redução

da ativação microglial, assim como o que foi mostrado em outros modelos de lesão neural já

referidos acima.

Por outro lado, o fato de a MINO induzir o aparecimento de microglia com aspecto

amebóide 24h após o início do experimento somado ao fato de o comportamento motor não

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ser significativamente alterado pode sugerir que esta microglia reativa, que aparece 24h após

o tratamento com 3AP e MINO, possa de alguma maneira contribuir para proteção dos

neurônios do NOI. O mecanismo que explica esta proteção é desconhecido por nós neste

modelo mas poderia estar relacionada, por exemplo, à síntese de substâncias ou fatores

neuroprotetores liberados pela microglia em resposta à ação da MINO. A microglia é

conhecida como fonte e alvo de diferentes citocinas, tanto pró-inflamatórias quanto anti-

inflamatórias (Hanisch, 2002.). A produção destas últimas pela microglia ativada em resposta

ao tratamento com a MINO poderia explicar o efeito neuroprotetor e a atenuação do dano

motor induzido em resposta a neurotoxicidade da 3AP no NOI. Já foi demonstrado em

diferentes modelos animais, que a MINO diminui a ativação da enzima caspase 3, envolvida

no mecanismo de apoptose (Stirling e cols. 2004). A atividade desta enzima também foi

diminuida pela MINO após lesão da medula espinhal, lesão traumática do cérebro e doença

de Huntington (revisto em Stirling e cols. 2005).

Este resultado é até certo ponto contraditório. Lopez-Garcia e cols. (2002), em um

estudo sobre neurogênese no córtex medial de lagartos, mostrou que durante o período de

neurogênese a microglia desaparece, sugerindo a presença da microglia como um

impedimento ao processo de regeneração. Nos nossos experimentos com a MINO, os

resultados sugerem que a microglia pode, dependendo do estado ou grau de ativação, ter

efeito benéfico aos neurônios, pelo menos no NOI. Nós acreditamos que outros experimentos

serão necessários para que possamos explicar de que maneira a microglia ativada, que aparece

24h, após a injeção da 3AP nos ensaios com a MINO, promove neuroproteção.

Um outro tópico importante entre todos já discutidos até aqui é a questão da

recuperação motora espontânea observada nos animais atáxicos. A observação dos animais

após o tratamento com a 3AP, e a análise do comportamento motor realizada através do teste

de caminhada, confirmaram um dado que já era conhecido. Do 10º ao 21º dia após o início do

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experimento, observamos nos animais tratados com a 3AP uma redução progressiva dos

sinais de ataxia e recuperação do padrão normal da atividade motora.

Embora a recuperação motora espontânea observada neste modelo não seja inédita, a

descrição dos mecanismos que a justificam não são muito claros. Bergman e cols. (1997)

correlacionaram o recrescimento de axônios, após lesão no córtex entorrinal de ratos, com a

expressão de sinaptofisina, uma proteína característica de vesículas sinápticas. Isso nos levou

a investigar como estariam os contatos sinápticos na camada molecular, onde é observada a

arborização dendrítica dos neurônios de Purkinje e sobre a qual são estabelecidos os contatos

sinápticos das fibras trepadeiras. As reações de dupla marcação para calbindina D28K,

marcador dos neurônios de Purkinje, e anti-sinaptofisina, um marcador pré-sináptico,

mostraram que na fase inicial, entre 24h e 4 dias após o tratamento com a 3AP, período em

que foram observadas também as alterações motoras mais severas, houve redução dos pontos

imunomarcados pelo anticorpo anti-sinaptofisina. Entretanto, a observação desta mesma

dupla marcação nos cortes de cerebelo obtidos dos animais tratados com a 3AP e

eutanasiados 10 e 21 dias após o início do experimento, mostrou aumento dos pontos de

imunorreatividade tipo sinaptofisina em relação aos animais controle, indicando que, pelo

menos em parte, a recuperação motora espontânea observada ocorre em decorrência da

reinervação dos neurônios de Purkinje pelas fibras trepadeiras derivadas de neurônios

sobreviventes do NOI. O mecanismo referido acima é conhecido como sinaptogênese reativa

e já foi demonstrado em diferentes regiões do cérebro (revisto em Hamori, 1990 e Nadler,

2003).

Durante o desenvolvimento, na primeira semana pós-natal, como parte dos eventos da

sinaptogênese, ocorre eliminação de sinapses e há também um refinamento a nível sub-

celular, com a translocação dos terminais das fibras trepadeiras do corpo celular dos

neurônios de Purkinje para sua localização nos dendritos proximais (Mason e cols., 1990).

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Nos nossos resultados observamos sinais de novos contatos sinápticos no corpo celular dos

neurônios de Purkinje, o que parece recapitular o padrão normal observado durante o

desenvolvimento. Letellier e cols. (2007) observaram que parte dos eventos iniciais da

sinaptogênese podem ser reproduzidos quando ocorre reinervação em sistemas relativamente

maduros em resposta a lesão.

Além da reinervação dos neurônios de Purkinje pelas fibras trepadeiras derivadas dos

neurônios do NOI, a reorganização estrutural deste núcleo, com a formação de novos

neurônios, podería contribuir para justificar a recuperação da atividade motora já comentada.

Em virtude disto, realizamos reações imuno-histoquímicas de dupla marcação com

anticorpos anti-BrdU, um marcador de proliferação celular, e anti-βIII-tubulina, marcador

precoce de neurônios, para analisar a resposta proliferativa no NOI. Os resultados mostraram

resposta proliferativa apenas, sem marcação concomitante com anti-βIII- tubulina, no NOI

24h, 4 e 10 dias após o tratamento com a 3AP, marcação esta que não foi observada no NOI

dos animais controle. Diferente disto, muitas células duplamente marcadas foram observadas

no NOI dos animais submetidos à ação da 3AP e eutanasiados aos 21 dias. Este resultado

sugere a ocorrência de um mecanismo de repovoamento do NOI com novos neurônios

também como justificativa para a recuperação espontânea do padrão normal da atividade

motora observada. Deve-se notar também que aos 21 dias pós injeção não observamos mais

diferenças na caminhada dos animais atáxicos em relação aos controle. A origem destes

novos neurônios, porém, não é conhecida.

Estudos in vitro demostraram a presença de células com características de células

tronco neurais, nas regiões ao redor do terceiro e quarto ventrículos e no canal central da

medula espinhal (Weiss e cols., 1996). Além disso, Martens e colaboradores (2002)

demonstraram que as mesmas células tronco endógenas, referidas anteriormente, e

progenitores da região ao redor do quarto ventrículo e do canal central da medula espinhal

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proliferam in vivo em resposta a infusão de fatores de crescimento exógenos, como FGF2 e

EGF. Itokazu e cols. (2006) demonstraram que entre as células epiteliais do plexo coroide

existem progenitores neurais que proliferam em resposta a infusão de EGF e FGF2 no interior

do quarto ventrículo. Estas células, em resposta ao dano produzido pela 3AP, poderiam

migrar em direção ao NOI possibilitando assim o repovoamento com novos neurônios e a

reorganização estrutural deste núcleo.

Outra possível fonte de células tronco que explicaria os novos neurônios no NOI, em

nossos experimentos, seria o próprio cerebelo. Lee e cols. (2005) isolaram células tronco do

cerebelo no período pós-natal e demonstraram que estas foram capazes formar neuroesferas e

originar astrócitos, oligodendrócitos e neurônios in vitro e também após transplante no

cerebelo. Estas células poderiam migrar a partir do cerebelo, ao longo dos axônios dos

neurônios olivares inferiores remanescentes, em direção ao NOI e lá originar novos

neurônios.

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CONCLUSÕES

1. A 3AP provocou morte de neurônios no NOI, acarretando alterações na coordenação

motora. Este efeito foi observado 24h, 4 e 10 dias após o tratamento com a

neurotoxina. Aos 21 dias, embora raros, observamos neurônios corados no NOI dos

animais tratados.

2. Houve diminuição do número de neurônios calbindina positivos no NOI dos animais

submetidos a ação da 3AP 24h, 10 e 21 dias. Por outro lado, aos 4 dias foi significativo

o aumento dos mesmos, bem como o aparente aumento da expressão de calbindina.

3. Aumento no número de astrócitos e na imunomarcação para GFAP nos animais

tratados com 3AP foram observados em todos os tempos experimentais. Poucos

astrócitos foram vizualizados no NOI dos animais controle.

4. Células NG2 positivas aumentou no NOI dos animais tratados com 3AP. Este aumento,

porém, foi estatisticamente significativo naqueles animais eutanasiados 10 dias após o

início do experimento.

5. Não observamos microglia reativa 5 h após o tratamento com a 3AP, indicando que

pelo menos no NOI, não houve uma resposta aguda da microglia nesta condição. Ao

contrário disto, microglia reativa foi observada no NOI em resposta à 3AP,

especialmente aos 4 dias. Estes últimos resultados foram evidenciados no mesmo

período em que observamos as alterações motoras mais severas nos animais atáxicos.

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6. A minociclina (MINO) protegeu o NOI contra o dano gerado pela 3AP e diminuiu as

alterações motoras observadas nos animais atáxicos. A MINO inibiu a reatividade da

microglia e induziu o aparecimento de microglia amebóide 24h após o início do

experimento, sugerindo a participação destas em mecanismos de neuroproteção.

7. A 3AP induziu redução no número de neurônios de Purkinje no córtex cerebelar e

também a expressão de calbindina por estes e provocou uma desorganização na camada

de células de Purkinje no córtex cerebelar, com marcantes alterações na morfologia

destes neurônios.

8. A 3AP induziu aumento no número de células NG2 positivas na camada molecular do

córtex cerebelar.

9. A 3AP induziu resposta proliferativa no NOI. Células marcadas apenas com anticorpo

anti-BrdU foram observadas no NOI, 24h, 4 e 10 dias após o tratamento com a 3AP.

Células duplamente marcadas (BrdU e beta III tubulina positivas) no NOI 21 dias após

o tratamento, indicando a neurogênese reativa no NOI com uma provável justificativa

para a recuperação motora espontânea observada no modelo estudado.

10. Redução, estatisticamente significativa, no número de pontos sinaptofisina positivos foi

observada na camada molecular do córtex cerebelar 24h, 4 e 10 dias após o tratamento

com a 3AP. Aos 21 dias, os resultados mostraram o aumento dos pontos sinaptofisina

positivos, sugerindo a sinaptogênese reativa como um mecanismo envolvido na

recuperação motora.

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PERSPECTIVAS

Pretendemos estender estes estudos com a 3AP com o objetivo de investigar o plexo

coroide como uma possível fonte de precursores neurais que contribua para o esclarecimento

sobre a origem dos neurônios responsáveis pelo repovoamento do NOI, observado aos 21 dias

após o tratamento com a neurotoxina. Como já foi demonstrado, há progenitores neurais entre

as células epiteliais do plexo coroide (Itokazu e cols., 2006). Assim sendo, o estudo terá o

objetivo de analisar a resposta proliferativa e migração dessas células, de seu local de origem

em direção ao NOI.

Pretendemos também estender os estudos com a minociclina com o objetivo de

esclarecer a participação da microglia reativa (com morfologia amebóide), identificada 24h

no NOI após o tratamento com a minociclina, no mecanismo neuroprotetor sugerido pelos

nossos resultados.

As células NG2 positivas podem contribuir para gênese de neurônios (Belachew et

cols., 2003; Aguirre e Gallo, 2004) e funcionar como células tronco neural multipotentes

(Belachew e cols., 2003). Em virtude desses achados, pretendemos verificar se a minocilcina

seria capaz de modificar a resposta das células NG2 positivas no cerebelo e no NOI, bem

como a expressão do proteoglicano NG2 induzida pela 3AP, de modo que seja possível

relacionar as alterações observadas nestas células com o processo de recuperação e/ou

neuroproteção observada em nossos experimentos.

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