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Elite Lisbon

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EDITORIAL

OS QUE FORAM E OS QUE VÊM

A PARQ abordou a questão da emigração dos jovens portugueses muito antes de 2011, tendo até como exemplo a nossa própria equipa criativa que muito antes da anunciada crise já tinha feito as malas porque o mercado era pequeno, não oferecia perspetivas de evolução e pagava mal. Por isso, em 2010 quisemos contar a experiência de quem se acomodava ao novo lar há menos de um ano. Desta vez, quisemos fazer o inverso, porque Lisboa é cada vez mais uma cidade atrativa para um grande número de criativos. O mercado cresceu? Parece-nos que não. Mas, num mundo globalizado, uma plataforma a partir de Lisboa, com tudo que esta tem para oferecer, parece ser para muitos uma boa aposta. Nesta edição, quisemos trazer este tema às nossas páginas centrais. E já que nos estão a valorizar tanto, é de não perder dois pesos pesados da cultura nacional. TÓ TRIPS, dos DEAD COMBO, na área da música, e MARCO SOUSA SANTOS, no design, a produzirem o melhor que se faz no mundo.

Estamos no Outono, ainda assim, porque o tempo permite, não te esqueças de ler a tua PARQ num espaço verde.

por Francisco Vaz Fernandes

DIRECTORFrancisco Vaz Fernandes [email protected]

EDITORFrancisco Vaz [email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALRui Lino [email protected]

COORDENAÇÃO DE MODADaniel RibeiroSérgio Simões

DIRECÇÃO DE ARTEValdemar Lamego [email protected]

www.k-u-n-g.com

PERIOCIDADE: BimestralDEPÓSITO LEGAL: 272758/08REGISTO ERC: 125392

EDIÇÃOConforto Moderno Uni, Lda.NIF: 508 399 289

PARQRua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.1000-251 LisboaT. 00351.218 473 379

IMPRESSÃOEURODOIS 12.000 exemplares

DISTRIBUIÇÃOConforto Moderno Uni, Lda.A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2015 PARQ.

ASSINATUR A ANUAL12 euros

TEXTOSAna RodriguesBeatriz TeixeiraCarla CarboneCarlos Alberto OliveiraFrancisco Vaz FernandesJoana TeixeiraJoão ChurroMarcelo LisboaMaria São MiguelMariana ViseuPaula MelâneoPedro LimaRoger WinstanleyRui Lino RamalhoRui Miguel AbreuTeresa Melo

FOTOS

Ana Luísa SilvaAndy DyoAntónio BernardoCelso ColaçoDiogo SimãoJoão PauloMaria RitaMatilde TravassosPedro MineiroSal NunkachovSilvia Martinez

ST YLING

Diogo RibeiroJoana BorgerMorgana AndradeSérgio Simões

Beatriz Marxen @Karacter

com vestido BALMAIN x H&M

Miguel Vital @Karacter

com casaco de cabedal BALMAIN x H&M

fotografado por ANTÓNIO BERNARDOstyling de SERGIO SIMÕES ass. styling MORGANA ANDR ADE

make-up LUCIANO FIALHO

3PARQ Magazine n.47 Ano VII Out.Nov. 2015

PARQ Magazine n.47 Ano VII Out.Nov. 2015

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Antes de se chamar CONVERSE, chamava‑se “Converse Rubber

Show Company”. A empresa foi fundada em 1908, em Boston, Massachusetts, pelo senhor MARQUIS MILLS CONVERSE, e era especializada no fabrico de calçado com sola de borracha.

A partir de 1915, a marca passou a dedicar‑se inteiramente ao universo desportivo. Dois anos depois, nasciam os primeiros All Star, com um design revolucionário, que se tornariam um must para os jogadores de basquetebol. Na década de 20, CHARLES CHUCK HOLLIS TAYLOR, jogador de basquetebol da Escola Secundária de Colombus, tornou‑se no embaixador do icónico Chuck Taylor All Star, ao desenhar e assinar o modelo que chegou até aos nossos dias.

Em 1936, ano em que o basquetebol se estreava enquanto desporto medalhado, nos Jogos Olímpicos de Berlim, toda a seleção norte‑americana calçou Chucks e venceu o ouro. MICHAEL JORDAN comprou as suas primeiras Chuck aos sete anos, por apenas quatro dólares.

A CONVERSE foi uma das forças aliadas dos EUA, durante a Segunda Guerra Mundial, ao fornecer calçado protetor, botas, parkas e outro tipo de equipamentos às tropas norte‑americanas.

Os Chuck Taylor All Star apareceram pela primeira vez no cinema em 1960, no filme “Tall

Story”, naquela que também seria a estreia de JANE FONDA no grande ecrã. Quem as calçou foi ANTHONY PERKINS, o eterno “Psycho” de HITCHCOCK.

O segundo episódio de um sneaker com quase 100 anos de história

Converse

Texto por Rui Lino Ramalho

Converse Chuck Taylor All Star II

Catálogo da Converse Rubber Show Company 1920

Campanha publicitária da Converse em 1962

Capa de catálogo da converse 1994 com um dos seus modelos icónicos, o Stars and Bars.

O lendário Chuck Taylor – 1925

Cartaz onde se evidência a participação da Converse nos esforços de guerra.

Palmilha Lunarlon

Quase um século depois, a CONVERSE lançou, no passado dia 28 de julho, a sequela do emblemático sneaker Chuck Taylor All

Star. O Converse Chuck Taylor All Star II é uma adaptação contemporânea da clássica silhueta, apresentando, pela primeira vez, a tecnologia Lunarlon e acabamentos premium.

Lançado, pela primeira vez, em 1917, e considerado um dos sneakers mais icónicos de sempre, o Chuck Taylor All Star é agora adaptado aos tempos modernos. Apesar da atualização, a nova versão preserva alguns dos atributos da antecessora, como é o caso da tradicional sola branca, da biqueira em borracha e do logótipo All Star.

O novo Chuck Taylor All Star II é marcado pela introdução da palmilha Lunarlon, da Nike –que lhe confere maior amortecimento–, de um forro perfurado em camurça –para maior respirabilidade–, e de um colar acolchoado em espuma e uma cómoda língua para um conforto a 360º. Além disso, o Chuck II apresenta uma variedade de detalhes premium, entre os quais, o logótipo da marca bordado, uma

sola nova e maior, e ilhoses monocromáticos fosco. Ao criar este novo sneaker, a CONVERSE exponenciou os espíritos criativos de todo o mundo, juntando- se a eles em tournée, em salas de concerto e estúdios de arte, nas calçadas e nas festas à noite.

De acordo com RICHARD COPCUTT, Vice-Presidente e General Manager da Converse All Star, este «é um sneaker que surgiu de uma ideia simples: a obsessão. Ouvimos as pessoas que amam os seus Chucks e percebemos que queriam uns sneakers que lhes permitissem fazer mais».

Disponíveis, em exclusivo, nas lojas TAFF, por 70€ (modelo low-top) e 75€ (modelo hi- top).

COISAS QUE NÃO SABIAS ACERCA DA CONVERSE

54You Must Fashion You Must Fashion

You Must Fashion You Must Fashion

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Rómulo Celdrán

A definição comum de espaço habitável, geralmente conectada com o Ser Humano, pode igualmente ser transposta para um universo mais materialista: o dos objetos. Evidenciando o caráter extensivo no que toca

às suas funções, tal como no Homem, o objeto está também ele posicionado numa estrutura espácio-temporal muito própria e atua, oscilante, com vista à conquista vagarosa do território onde se apresenta.

Assim, no trabalho do artista plástico e escultor espanhol RÓMULO CELDRÁN –Macro– o objeto é o líder imprevisível, capaz de quebrar os limites físicos e mentais do espaço vivo. Seja pelo seu cariz estético, funcional, material ou emocional, a série Macro explora, através de esculturas gigantes de poliestireno policromado, placas de espuma policromada, alumínio e resina, o poder dos objetos mais banais do dia-a-dia, desde molas da roupa a sacos de água quente, passando por fósforos, esponjas...

Explodem os detalhes, pronunciam-se os padrões,

caracteriza-se a complexidade, surge a atenção. No fundo, ao redimensionar o objeto, CÉLDRAN convida o visitante a explorar cenários que passam despercebidos numa realidade que cresce cada vez mais rápido.

Como tal, a alteração da escala dimensional, que o olho humano normalmente perceciona, quebra a correspondência natural entre o tamanho real de um objeto e a distância entre estes dois elementos. Vê-se uma tampa de caneta mordiscada, um par de luvas gasto, uma carica entortada, até as gotas de água numa cuvete de gelo derretido.

Fascinado pela subtileza material, CÉLDRAN acredita que “existe algo mágico no mundo das escalas, uma espécie de memória emocional que nos convida a sentir a relação com os objetos macro como se fossem um jogo”.

Tal como em crianças, Macro relembra-nos a sensação de que o mundo é bem maior do que nós, despertando a curiosidade, a vontade de brincar, de redescobrir, qual ironia da perceção.

Estes e outros trabalhos podem ser observados no site oficial do artista.

www.romuloceldran.com

A hipérbole do objeto

Texto por Teresa Melo

8You Must Ar te

You Must Ar te

FREDPERRY.COM

Authentic Store LisboaRua do Ouro, 234

Authentic Store PortoArrábida Shopping, Lj 107

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A ZEST compilou num único livro os melhores trabalhos de street art em Portugal, durante o ano de 2014. Trata-se do primeiro volume de um ‘Best of ’ que, de acordo com a editora, passará a ser publicado anualmente.

O álbum inédito compreende mais de 200 peças de arte urbana realizadas no ano passado, por quase uma centena de artistas, embora nem todos sejam tugas. De acordo com o editor da ZEST, NUNO SEABRA LOPES, o grande objetivo é «realçar que a street art não existe só nas grandes cidades, mas por todo o país». Reconhecimento para os já consolidados e montra para os que ainda dão os primeiros passos,

o livro inclui ainda um diretório com os contactos dos artistas.

Fez-se inicialmente uma pré-seleção de 900 obras, que posteriormente viriam a ser condensadas nas cerca de 200

que foram reunidas na coletânea. Esta é a segunda incursão da editora pelo cosmo da arte urbana, depois da publicação de Street Art Lisbon. No final de 2015, a ZEST começa já selecionar as obras para o próximo volume. O livro pode ser encontrado nas principais livrarias portuguesas, a um custo de 12€. As compras feitas online beneficiam de um desconto de 10%.

Assinalando a primeira exibição da obra completa em Portugal, na sua versão digital restaurada, seis ilustradores portugueses foram convidados a celebrar o imaginário de TATI, criando novos cartazes exclusivos para cada uma das longas-metragens do realizador. CATARINA SOBRAL, ANDRÉ LETRIA, JOÃO FAZENDA, SARA‑A‑DIAS, MARTA MONTEIRO e MADALENA

MATOSO aceitaram o desafio. As suas criações estiveram em exibição no Espaço Nimas (Lisboa) e no Teatro Municipal Campo Alegre (Porto), entre 20 de agosto e 16 de setembro.

A iniciativa foi uma homenagem à reconhecida ligação entre o imaginário de TATI e a ilustração, perpetuada na silhueta de Monsieur Hulot. A personagem, desempenhada pelo próprio

TATI, foi “habitando” os filmes do realizador (e não só), inspirando os famosos cartazes em silhueta de PIERRE ÉTAIX, amigo de TATI e seu assistente de realização em diversas ocasiões. A silhueta de M. Hulot, canalizando a longa figura caricatural e os gestos toscos de um Charlot à moda parisiense, foi uma das muitas ocasiões em que a relação com a ilustração se tornou evidente.

Por ocasião do lançamento das cópias digitais restauradas dos filmes de TATI pela Criterion Collection, o ilustrador belga DAVID MERVEILLE foi convidado a desenhar toda a caixa. MERVEILLE é autor de vários livros para crianças desenhados em torno da figura de M. Hulot e reconhece a influência do trabalho de ÉTAIX na construção do universo de TATI.

Em Portugal, há muitos espaços vazios por preencher, mas só alguns podem ser preenchidos com azulejos de madeiras –os de edifícios antigos por esse país fora, cujos azulejos caem ou são roubados. Numa

tentativa criativa de restaurar o património tradicional, à sua maneira, a designer JOANA ABREU deu asas à imaginação e criou o projeto Preencher Vazios.

JOANA ABREU fotografa azulejos de fachadas quase despidas, modifica-os esteticamente, alterando as suas cores e acrescentando frases inspiradoras de autores portugueses, e cola os novos

desenhos em quadrados de madeira que depois encaixa entre os outros azulejos.

Até ao momento, são já 14 os edifícios no Porto com a sua marca, que surpreendem quem

por eles passa com mensagens inesperadas como: "Faz com que o dia de hoje seja diferente do de ontem". Os transeuntes agradecem e JOANA promete continuar a sua missão de preencher os vazios pela cidade tripeira. Já reparaste na tua rua hoje?

The street book

Preencher vazios Jacques Tati

Tati

Tati

Tati

Tati

Tati

Texto por Joana Teixeira

Texto por Ana Rodrigues

Texto por Rui Lino Ramalho

Paulo Arraiano, Walk&Talk, São Miguel, Açores

O Meu Tio por Catarina Sobral

As Férias de Sr Hulot por Marta Monteiro

Playtime por João Fazenda

Parade por Madalena Matoso Mr. Dheo, Porto

Seis ilustradores portugueses à

solta no universo

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AMY WINEHOUSE tinha dois amores, que em nada eram iguais, e não tinha a certeza de qual gostava mais. Este texto não é sobre ela. É sobre o pai e o marido, que a ‘mataram’.

O primeiro apontamento a fazer acerca do documentário Amy

é: ficámos mocados só de o ver. Concretizemos: aquela voz psicotrópica é viciante e, por mais que a inalemos (auditivamente, entenda-se), teremos sempre uma underdose, porque o que é bom nunca é demais.

Completaram-se, no passado dia 23 de julho, quatro anos desde a morte de AMY WINEHOUSE. É natural que nos questionemos se tão pouco tempo de carreira justificava a realização de um documento biográfico tão mediático. A dissipação das nossas dúvidas decorre da visualização

do mesmo. ASIF KAPADIA teve a hombridade de nos conduzir pela catacumba profunda, escura e fria que foi a vida de AMY, sem nunca nos induzir no erro apetecível de acreditar que ela não foi mais do que isso mesmo. Só que foi. Era uma heroína (nada de leituras subversivas) improvável,

a começar pela sua terrível articulação verbal e inglês poluído, e a terminar na sua falta de sexyness, que cada vez mais a “música” incumbe. Patinho feio, ovelha negra, chamem-lhe o que quiserem. AMY WINEHOUSE era, transcrevendo uma frase do filme, «uma alma antiga num corpo jovem». Proporia até “uma alma jazz num corpo pop”. Uma coisa que vocês não sabiam é que a cantora britânica também era bochechuda. Mas isso foi só até descobrir a por si apelidada «dieta ideal», vulgarmente conhecida por bulimia. Coisas más aconteciam

quando levava os dedos à goela, mas coisas espantosas se passavam quando lá levava o coração –que era quase sempre.

É óbvio que bulimia, álcool e drogas são uma combinação potencialmente letal. Mas não tanto quanto MITCHELL WINEHOUSE

e BLAKE FIELDER-CIVIL, pai e ex-marido de AMY. Comecemos pelo primeiro. Ainda mal sabia andar, já AMY sabia o que era não ter um pai por perto. MITCHELL foi a primeira grande carência a pedir substitutos –nunca à altura– como o álcool e as drogas. Mas a verdade é que ela sempre venerou o chão que ele pisava. Aliás, basta recordarmos o momento da sua primeira overdose. Eles (os amigos) bem tentaram levá-la para a reabilitação, mas ela disse não e não e não. Coincidência ou não, o pai era o único a defender que ela não precisava daquilo para nada. Por

outro lado, isso valeu-lhe Rehab, o single dos singles. Engatatão por natureza, BLAKE deu de caras com AMY quando ainda era comprometido. Não foram opostos que se atraíram, foram passados que se colaram. BLAKE tinha tido uma infância igualmente desestruturada e de más recordações. Os dois tornaram-se psicólogos um do outro. Os dois medicavam-se um ao outro. Os dois destruíram-se um ao outro: ele foi para trás das grades, ela foi para debaixo da terra. MITCHELL e BLAKE foram sempre o fantasma das composições de AMY. Ambos foram a sua razão de existir e desistir.

«Será que vais ser famosa?», perguntava-lhe NICKY SHIMANSKY, seu manager entre 1999 e 2006. «Acho que não aguentaria, acho que enloquecia», respondia ela. Esta curta frase diz muito da sua autenticidade. AMY WINEHOUSE não foi feita para os holofotes, para as grandes audiências, para os apetites dos paparazzi. AMY sempre se esteve a cagar para nós todos, era um ‘I-don’t-give-a-shit’ mascarado de cantora famosa. Não precisava de nós para nada, mas teve o azar de gostarmos tanto dela. AMY nasceu para o jazz e era nele que sempre deveria ter permanecido. Em 128 minutos de documentário, o único momento em que a sua felicidade foi verdadeira e completa foi quando cantou ao lado do ídolo TONY BENNETT. AMY não era mais do que alma, e uma alma não tem necessariamente de habitar um corpo.

Vinte e sete é cedo, sim. Como o foi para JIMI HENDRIX, KURT COBAIN, JANIS JOPLIN, JIM MORRISON e outros. Mas não nos interessa o que “poderia ter sido”. Guardamos o que foi.

Texto por Rui Lino Ramalho

AmyWinehouse

Uma carreira curta. Um legado enorme.

12You Must Cinema

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Back to the Future

«Whoa. Wait a minute, Doc. Are you trying to tell me that my mother has got the hots for me?»Era desta forma que a Universal apresentava o filme Back to

the Future (BttF), em Julho de 1985. Trinta anos depois, parece que foi ontem.

A premissa é simples: o que aconteceria se um jovem recuasse no tempo e tivesse que lidar com os seus próprios pais? Assim ganharam vida o Marty McFly (MICHAEL J. FOX) e Doc Brown (CHRISTOPHER LLOYD), que acompanhámos em aventuras, enviesando o curso do tempo, à boleia do carro com mais pinta alguma vez criado: o DeLorean.

Um argumento inicialmente rejeitado por ser “pouco sexual” relativamente a outros êxitos da década (quem não se recorda das curvas de Jessica Rabbit?), foi apontado como um filme para crianças. Já a Disney achou pouco adequada uma história em que a mãe se apaixona pelo próprio filho. Apenas em 1985 o projeto avançou para produção e estreou, ainda nesse ano, pela Universal.

O primeiro episódio de BttF

estreou com excelentes críticas

e um extraordinário retorno de bilheteira, que anteciparam um lucrativo franchise. Além da saga, existem também uma série televisiva, inúmeras re-edições, livros, jogos, uma série de banda-desenhada e a sua própria atração nos parques da Universal Studios.

BttF não foi, nem de longe nem de perto, a primeira ficção científica a colocar o público do grande écran frente a frente com a possibilidade de viajar no tempo. Na sua larga maioria, são filmes que estabelecem essa possibilidade no domínio do mágico, ou que se consomem na sua complexidade científica, em cenários mais ou menos distópicos.

BttF trouxe outra proposta: uma ficção científica que é também uma história de coming-of-age, e cujo enredo foi cuidadosamente talhado para abordar a cultura juvenil norte-americana. Mais que mera matemática, Marty recua até 1955 e descobre a cultura baby boomer em que os pais cresceram. BttF era assim um produto apetecível a várias faixas etárias, sem abandonar a nuance edipiana que lhe rompe a inocência. Afinal –sim, Marty: «your mom had the hots for you».

Que prev i sões es tavam cer tas?A efeméride não poderia, portanto, passar sem um vislumbre sobre o segundo filme da saga, que nos leva justamente até ao dia 21 de outubro de 2015 –marquem nas vossas agendas. Para esta sequela, GALE e ZEMECKIS esboçaram um hipotético cenário futuro, que é, acima de tudo, uma caricatura sem quaisquer pretensões científicas sobre o Mundo e a tecnologia de 2015. Mas, a verdade é que, nos pequenos detalhes, se podem encontrar algumas previsões mais ou menos corretas:

Écrans p lanosAssistimos à rápida expansão das tecnologias plasma e LCD, que erradicaram os antigos televisores de cinescópio das nossas salas de estar. No filme, também é recorrente a ideia de “múltiplos écrans”, apesar de esta se traduzir num mero mosaico de écrans.

Video chat Basicamente, o Skype.

Video jogos que não necess i tam de mãosNo Café 80’s, Marty percebe que as máquinas de jogos dos anos 80 são verdadeiros monumentos,

uma vez que no futuro nenhum videojogo necessita de controlos físicos. Não chegámos assim tão longe, mas tecnologias como o Microsoft Kinect ou a Wii chegaram suficientemente perto.

Acessór ios in te l igentesDoc acede a informações através dos seus óculos, em tempo real e em interacção com o seu ambiente, naquilo que podemos considerar um esboço dos atuais Google Glasses. Igualmente, usa um relógio de pulso capaz de prever a meteorologia com extraordinária precisão. Apesar do iWatch já ser uma realidade, ainda não temos meios para prever a meteorologia ao segundo.

Téni s que se a tam sozinhosNão deveríamos considerar esta uma previsão bem-sucedida. Na verdade a Nike, que desenhou os ténis utilizados por Marty McFly no filme, propôs-se a tornar a ficção realidade e criou um protótipo idêntico e funcional.

Nosta lg ia dos anos 80Provavelmente, a previsão mais sublime do filme. Chegado a 2015, Marty visita o Café 80’s, onde encontra uma panóplia de objetos que fizeram furor naquela década, e diante dos quais é obrigado a encarar a sua juventude como uma atração do passado. Apesar de tudo, essa nostalgia parece ser popular entre os jovens do futuro, manifesta nas roupas que vestem –caricaturas futuristas desenhadas sobre a extravagância da década. Um regresso cíclico de tendências anteriores na moda talvez não fosse difícil de prever; contudo, não podemos deixar de associar esta previsão ao interesse estético de movimentos como o cyberpunk, vaporwave, seapunk, entre outros, profundamente ligados à tecnologia e à cultura de consumo que emergiram nas décadas de 80 e 90.

Um filme feito no passado, sobre o futuro, e analisado no presenteTexto por Ana Rodrigues

14You Must Cinema

You Must Cinema

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Todas as gerações têm os seus ídolos cinematográficos. De CHARLIE CHAPLIN a HUMPHREY BOGART, de DIANE KEATON a NICOLE KIDMAN. E a nossa? Quais são os nomes que daqui a 50 anos todos os amantes da 7ª arte se vão lembrar como sendo “muita bons”? É para abrir a discussão que lançamos este TOP 5 (sem ordem específica) dos melhores atores da nova geração. Seria pouco provável escolher meninos e meninas que não tenham estado envolvidos em franchises, por isso fazêmo-lo sem restrições. A única restrição que colocamos é as escolhas não serem baseadas em critérios pseudo-intelectualões. So, shall we begin?

Michael FassbenderMichael FassbenderMichael FassbenderMichael FassbenderMichael FassbenderMichae l FassbenderM i c h a e l F a s s b e n d e rM i c h a e l F a s s b e n d e r

Michael FassbenderSeguindo as pisadas de LAURENCE OLIVIER e (obviamente) de IAN MCKELLEN, FASSBENDER é já dos rostos britânicos mais reconhecidos do grande ecrã. Ainda não carregou (sozinho) com um grande blockbuster às costas e também não parece estar inclinado para tal. Com uma filmografia invejável, que dança entre uma miríade de super-heróis e aliens (X-Men: Days of Future

Past, Prometheus), adaptações Shakespearianas (Macbeth), assim como dramas e comédias soberbas (12 Years a Slave, Inglourious

Basterds), Fassy é um nome que certamente constará nas prateleiras e corações de gerações vindouras.

Tom HardyTom HardyTom HardyTom HardyTom HardyTom HardyTo m H a rd yTo m H a r d yT o m H a r d yT o m H a r d yT o m H a r d yT o m H a r d y

Tom HardyEm 2008, quando o mundo inteiro falava do Joker de HEATH LEDGER, a única performance que poderia ter eclipsado a do australiano ficou escondida no meio da Europa. Em Bronson, TOM HARDY solidificou o seu lugar enquanto um dos atores mais intensos da nova geração de Hollywood. Debaixo do cinto, leva já êxitos de bilheteira como Inception, The Dark Knight Rises, Mad Max: Fury Road e sucessos mais subtis como Warrior, Lawless e Locke. Embora tenha sofrido de algum typecast nos seus últimos projetos, não há como negar que apenas vimos a ponta do icebergue dos talentos possuídos por este extraordinário ator.

Léa SeydouxLéa SeydouxLéa SeydouxLéa SeydouxLéa SeydouxLéa SeydouxL é a S e yd o u xL é a S e y d o u xL é a S e y d o u xL é a S e y d o u xL é a S e y d o u xL é a S e y d o u x

Léa SeydouxÉ possível que ainda não conheças esta jovem francesa, mas isso não faz dela uma desconhecida. As suas participações em Inglorious

Basterds, Midnight in Paris, Mistérios de Lisboa, Mission:

Impossible - Ghost Protocol, Grand

Budapest Hotel, The Lobster (triplamente galardoado no festival de Cannes 2015), assim como o seu papel de Bond Girl no novo filme da saga James Bond, Spectre, mostram que o mundo está de olho em SEYDOUX. Mas se qualidade de interpretação é o que procuras, experimenta espreitar o vencedor da edição de 2013 do festival de Cannes: La vie d’Adèle. Deve dissipar quaisquer dúvidas em relação aos dons desta beldade.

Scarlett JohanssonScarlett JohanssonScarlett JohanssonScarlett JohanssonScarlett JohanssonScar let t JohanssonS c a r l e t t J o h a n s s o nS c a r l e t t J o h a n s s o nS c a r l e t t J o h a n s s o nS c a r l e t t J o h a n s s o n

Scarlett JohanssonHá dois ou três anos, talvez achássemos a inclusão da loirinha de Home Alone 3 nesta lista uma parvoíce. Mas a verdade é que SCARLETT tem conseguido equilibrar a sua constante presença em filmes do Universo Marvel e comédias românticas, com alguns dos mais fabulosos filmes do novo milénio. Filmes como Ghost World, Lost in Translation, Match Point, The Prestige e, mais recentemente, Under the Skin e Her, comprovam a versatilidade e arrojo da atriz norte-americana. Embora a beleza seja um factor-chave para o seu reconhecimento, não achamos que venha a ser esse motivo pelo qual será lembrada mais tarde.

Oscar IsaacOscar IsaacOscar IsaacOscar IsaacOscar IsaacOscar I saacO s c a r I s a a cO s c a r I s a a c O s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a c O s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a c O s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a cO s c a r I s a a c

Oscar IsaacCom um trabalho consistente, mas sempre em segundo (ou terceiro) plano, a mestria de ISAAC só chegou às luzes da ribalta através do clássico moderno dos irmãos COHEN, Inside Llewyn Davis. Com Drive, A Most Violent Year e Ex Machina já no currículo, é contudo o futuro que se avizinha decisivo para fazer de OSCAR um dos nomes mais sonantes desta geração. A protagonização na nova trilogia da saga Star Wars e a interpretação de um dos vilões mais temidos da história da Marvel (Apocalypse), soa a épico e, quem sabe, com um Oscar no horizonte.

Cinema Os grandes atores da nova geração

Texto por Diogo Simão

Tom Hardy

Michael Fassbender Scarlett Johansson

Léa Seydoux Oscar Isaac

1716You Must Cinema

You Must Cinema

You Must Cinema

You Must Cinema

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HugoCosta

HugoCosta

CostaHugo

HugoCosta

HugoCosta

Fotografia António BernardoProdução: Conforto Moderno

Modelos: Rita Costa @elite Tomás Alves @Karacter Agency

Make-Up Cristina Cottinelli Roupa, Hugo Costa FW15

www.notjustalabel.com/designer/hugo-costa

Texto por Rui Lino Ramalho

Artigo completo em www.parqmag.com

A convite do Portugal Fashion, acompanhámos HUGO COSTA na sua ida a Berlim, no passado dia 6 de julho, para apresentar a coleção primavera/ verão 2016 Individual, na abertura da Berlin Fashion Week. Após o desfile, HUGO COSTA, ainda extasiado, falou à PARQ. A questão interventiva é uma preocupação para o designer português, de 32 anos, que diz querer deixar um legado para as pessoas. «A ideia é cada vez mais

passar a identidade do criador. Quando compras uma peça da minha marca, compras um bocadinho de mim também. Tu compras um objeto que queres ter para sempre. E é isso que eu quero tentar fazer, cada vez mais.» É precisamente esse ‘bocadinho de si’ que, segundo o próprio, é o segredo para tornar cada peça irrepetível. Em jeito de provocação, perguntámos‑lhe o que aconteceria quando esse bocadinho se esgotasse.

A resposta foi esclarecedora: «A inspiração vem de todo o lado. Vem até do acordar e ter a família ao lado. Pode ser a luz, uma sombra. Se se esgotar, tem de se fazer de outra maneira».Esta linguagem sui generis que HUGO COSTA constrói não é direcionada a um ou mais mercados em particular. O criador afirma não pensar nisto «de um ponto de vista comercial. Se eu comprar um casaco que vai custar 500 ou 600 euros numa

loja, eu não queria que fosse mais um igual a outros». Esta ideia é fortemente veiculada, por exemplo, na coleção Individual, que COSTA levou a desfile em Berlim. Trata‑se de uma coleção «caracterizada pelo estampado». A unicidade de cada peça é garantida, essencialmente, pela sua «componente gráfica, componente manual e craftwork». O próprio garante que um dos estampados –um print de uma mão– foi, literalmente, feito pela sua mão.

1918You Must Moda

You Must Moda

You Must Moda

You Must Moda

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Palo Alto MarketSe és daqueles que transpiram e fervilham a cada edição de uma feira de segunda mão, respira fundo que este artigo é para ti. Diretamente de Barcelona, apresentamos-te os mais recentes rumos dos mercados de rua e o que poderás encontrar nos próximos meses de compras.

Quem chega aos Anjos, tende a perder-se antes de descobrir o famoso armazém da já popular FEIRA DAS ALMAS. É

praticamente um cliché fácil de cumprir se não estamos habituados a passear pela zona. Muitos, provavelmente, já voltaram para casa sem conseguirem descobrir a entrada. Outros, tiveram a sorte de chegar à escadaria, arriscar com toda a curiosidade e passar pelo pequeno portão de ferro. E é precisamente esse elemento de caça ao tesouro que aqui é

requerido. Longe do óbvio ou das convencionais rotas turísticas, os mercados vintage estão a ganhar cada vez mais destaque nas agendas de fim-de-semana da Catalunha. Se procuras algo irreverente, original ou com assinatura, ousa apanhar um avião ou simplesmente toma nota.

O PALO ALTO MARKET é tudo menos central. Quem vai é porque quer, quem lá chega é porque sabe. Entrar no PALO

ALTO é como explorar um jardim encantado, onde a decoração, com um toque novo boémio, arrebata o coração e estampa de imediato um sorriso na cara daqueles que por lá passam. São luzes que caem por entre trepadeiras, são dezenas de foodtrucks pintadas ao estilo dos anos 50, são bandas e DJ’s imparáveis durante horas. São também artistas,

cabeleireiros, lojas e designers. Neste open space, dividido entre interiores e exteriores de uma antiga fábrica, não há restrições no que toca à possibilidade de aumentar este grupo criativo. A garantia é de que no final do dia os bolsos transbordarão de cartões de contacto.

Mas se a família não é só constituída por jovens hipsters com gostos retro, há também workshops e exposições para entreter os mais

novos e fascinar os pais. O objetivo é que a visita dure a tarde inteira, sem pressas ou desorganizações.

Por isso, esqueçam o mítico LES ENCANTS e tenham em atenção o ecológico LOST&FOUND no bairro do Born, o VINTAGE MARKET DA UNIVERSITAT, para relíquias do século passado, e o da ESTACIÓ DE FRANCIA, para lojas que normalmente só vendem online. Guarda uns trocos para gastar e participa nesta tendência reciclada. Talvez este também seja o rumo certo para aqueles que querem expor, vender e dar-se a conhecer.

Agora que já tens (mais) um motivo a chamar por ti em Barcelona durante este outono, faz as malas e rende-te de vez à magia da “maneira antiga de comprar”.

Mercados, para que vos quero?Texto por Mariana Viseu

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WWW.MODALISBOA.PT#LISBOAFASHIONWEEK

PÁTIO DA GALÉPRAÇA DO MUNICÍPIO

UMA INICIATIVA CONJUNTA

PATROCÍNIOS

PARCEIRO DE MEDIATV INTERNACIONALHOTEL OFICIAL TV OFICIALPARCEIROS E COLABORAÇÕES

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Mike Ghost

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MikeGhost

Oriundo de Quarteira e sediado em Lisboa há aproximadamente dez anos, MIGUEL CORREIA –conhecido por MIKE GHOST– é autêntico na procura da beleza ideal da juventude contemporânea. São os olhares,

os espaços, as posturas captadas, como se desejasse manter um diário visual da vida comum.

As coisas aconteceram com a espontaneidade evidente. Conhece a fotografia por via

da música, «pelo facto de andar em tour com as minhas bandas e sentir a necessidade de começar a registar os momentos com receio que ninguém o faria e consequentemente não ter registos». No passaporte,

carregava as viagens com FOR THE GLORY, MEN EATER, RIDING PANICO, DEVIL IN ME, SAM ALONE, MORE THAN A THOUSAND e o seu projeto a solo MIKE GHOST. Ao pescoço, a máquina fotográfica.

No currículo, tem a experiência inesquecível de um editorial para a FRIGHTMARE CLOTHING. E eis que In The Crossfire There’s

a Story chega finalmente no dia 5 de junho de 2015. Neste livro, composto pelas suas melhores fotografias dos últimos dois anos, o artista apresenta uma ideia muito direta: a de compilar o seu trabalho como veículo para entrar no mercado.

Bruto, cada retrato é aquilo que efetivamente se sente, evidência da escolha particular do processo. Não descartando totalmente o digital –«sou fotógrafo, não sou um hipster que pega em analógico só porque agora é trendy»–, a preferência incide na técnica clássica da fotografia. «É a naturalidade e o que isso representa, sem efeitos e layers de edição.»

Sublinha a diversão enquanto matéria-prima do seu trabalho e, na sua honestidade, afirma: «não sou melhor que o próximo, simplesmente tenho a minha maneira de o fazer. Hoje em dia, já tenho alguns projetos para livros em cima da mesa com príncipio, meio e fim, mas para já não passam de projetos».

mikeghost.tumblr.com

Curso intensivo de intimidade em analógico para uma geração digital

Texto por Teresa Melo

2322You Must Moda

You Must Moda

You Must Moda

You Must Moda

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Neste outono/inverno 2015, a FRED PERRY alia-se à MARSHALL, para lançar uma coleção cápsula única, com um design clássico e um estilo intemporal.O que é que moda tem que ver com música? Bom, neste caso, tudo. É importante frisar a influência que o clássico pólo FRED PERRY teve nas subculturas musicais nos últimos 60 anos. Também, nas últimas décadas, os amplificadores MARSHALL têm-se mantido de pedra e cal no mundo da música.

A coleção colaborativa celebra o espírito dos representantes das duas marcas –FREDERICK PERRY e JIM MARSHALL–, incluindo quatro pólos de malha e dois modelos de calçado. Peças intemporais, como o pólo JCM em algodão piqué, tentam replicar a rede da superfície do amplificador, apropriando-se de detalhes base do seu design. Botões MARSHALL AMPLIFICATION adornam cada modelo, para além da tradicional coroa de louros FRED PERRY.

No calçado, o clássico modelo Kingston, disponível em preto JCM e branco bluesbreaker com ilhó dourado, recebeu um tratamento idêntico. Esta edição limitada de calçado tem também a marca MARSHALL AMPLIFICATION no calcanhar.

A coleção estará disponível em todas as Fred Perry Authentic Shops.

You Must Moda

You Must Moda

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Fred Perry Aumenta

o volumeTexto por Maria São Miguel

Durante meses, seguimos o anúncio de uma coleção da H&M desenvolvida por OLIVIER ROUSTEING, diretor criativo da BALMAIN, que vai estar disponível a partir de 7 de novembro. Como se sabe, estas parcerias são sempre envolvidas por uma dose de secretismo e expetativas alimentadas por pequenas revelações que vão aguçando a curiosidade dos interessados. Primeiro, foram dois looks que KENDALL JENNER e JOURDAN DUNN usaram na noite da Billboard Music Awards, quando o criador falou pela primeira vez da parceria; depois, mais recentemente, GIGI

HADID vestia outro look na noite da Harper’s Bazaar, realizada na semana da moda em Nova Iorque. A par de declarações esparsas de OLIVIER ROUSTEING, ficávamos a saber que o ADN e o espírito Haute Couture –que é uma tradição da casa francesa– iriam estar na íntegra no logo, H&M x BALMAIN.Tal como aconteceu com todos os outros grandes designers das parcerias anteriores, OLIVIER ROUSTEING veio propor um mix das suas peças mais emblemáticas desde que está a frente da casa BALMAIN, só que agora com um valor acessível ao comum dos mortais. O mesmo

quer dizer que nesta coleção para mulher e para homem, vamos ter a mesma fantasia e profusão de elementos decorativos e de detalhes que alimentam em geral as suas conceções, onde nunca falta um sentido jovem, sexy e chic.É uma coleção muito vasta, abarcando várias tendências, e conta com uma profusa gama de acessórios, incluindo ainda um perfume. Por isso, o problema poderá estar na hora de optar, dado que é uma coleção limitada, que vai estar apenas em algumas lojas, e com um número de peças reduzido no online, pelo que, não haverá tempo para hesitações.

xH&MH&MH&MH&M

BalmainBalmainBalmainBalmainTexto por Maria São Miguel

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Diz-se que quando se fecha uma porta, há sempre outra que se abre. E se no 87 da Rua do Carmo lamentamos o desaparecimento de um ícone da moda nacional, não deixamos de saudar uma marca de origem americana que nos tem feito olhar para o chão. A NEW BALANCE começou modestamente a fazer palmilhas, mas depressa passou para o calçado de desporto, sendo uma das grandes referências nos anos 80. Hoje, continuam –tanto no retro running, como no sapato de alta competição– a dar cartas, porque tiveram a seu favor a qualidade de produção. Ou seja, é uma marca que voltou à tona, por não se deixar seduzir pelos apelos de uma produção de baixo custo e mantendo-se a produzir no Reino Unido com métodos e padrões de qualidade tradicionais que lhe dão hoje valor reconhecido.

São 500 m2 dedicados aos amantes da marca, com uma oferta de sneakers e roupa desportiva que engloba uma coleção dedicada ao futebol.

Quem nunca reparou nas ÓTICAS OCR é porque, com certeza, está a precisar de óculos. Eles andam nisto há mais de 40 anos, em lugares tão comuns quanto a Rua do Conde de Redondo, a Rua Castilho, Campo de Ourique ou Praça do Chile. Numa casa de tradição onde se chegaram a cortar lentes à la mano, não é de estranhar que se continue a apostar na produção e distribuição de marcas made in Portugal, como a RETRO P e a NUNO BALTAZAR EYEWEAR.

As prateleiras da ÓTICAS OCR contam sempre com uma seleção das últimas tendências de 50 marcas internacionais, entre as quais, ANDY WOLF, DITA, IC BERLIN, GARRETT LEIGHT, ILLESTEVA, JOHNNY LOCO, JPLUS, MASSADA EYEWEAR, MYKITA, OLIVER and CLAIRE GOLDSMITH, SUPER, THIERRY LASRY e THOM BROWNE, a par de marcas já reconhecidas como CÉLINE, CHANEL, DIOR, FENDI, GIORGIO ARMANI, JIMMY CHOO, MARC JACOBS, PRADA, RALPH LAUREN, RAY-BAN e PERSOL.

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Texto por Maria São Miguel

Nesta estação, a coleção casual da MERRELL inspira-se nos modelos tradicionais de montanha, complementada com avanços tecnológicos explorados na sua linha de performance. Procuram no essencial oferecer um calçado que é uma mistura de tradição e novas tecnologias, podendo ser usado tanto em momentos de lazer, como num contexto de trabalho. Para Homem, destacamos o modelo Epiction Mid, um exemplo de versão estilizada da bota de montanha que segue alguns aspetos das tendências de moda, como a sua sola transparente e atacadores com cores que se saltam à vista. Para Mulher, as tendências são canos mais altos e mistura de materiais como a pele e a malha de lã. É assim que se apresentam os modelos Eventry, robustos para suportar a rudeza do campo, mas igualmente elegantes para serem usados num evento social.

Aventura CasualTexto por Maria São Miguel

A POLAROID acaba de lançar uma nova câmara digital instantânea. Chama- se Polaroid Snap e tem uma particularidade: não precisa de tinta para imprimir as fotografias.

Para os amantes do ‘aqui e agora’, não há nada melhor que uma POLAROID, seja ela qual for. É fotografar, imprimir, esperar uns instantes até que a imagem esteja totalmente nítida, et voilà!No caso da Polaroid Snap, o processo é ainda mais simples. Em vez de tinta, a nova câmara recorre ao calor para ativar os cristais de cor presentes no papel fotográfico. Além dos seus dez megapixéis e da impressora de tecnologia ZINK incorporada, para fotografias no formato 2×3, a Snap inclui entrada para cartões microSD até 32GB.Outra das novidades deste aparelho é o modo “Photobooth”, que permite tirar seis fotografias em apenas dez segundos. Os modos de captura de imagem são três: a cores, a preto e branco e vintage. Um dos seus pontos menos positivos é o facto de ter uma distância focal fixa, isto é, não dispõe de zoom.A Polaroid Snap deverá chegar ao mercado no fim de 2015, por 100 dólares.

Polaroid SnapTexto por Rui Lino Ramalho

Epiction Mid Waterproof 149.90€

Eventry Bluff Waterproof 139.90€

Fraxion 99.90€

2726You Must Moda

You Must Moda

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Todos nós temos aquele amigo que conhece a nossa cidade como a palma da mão. É também na palma da mão que vais ter todas as informações relevantes sobre a cidade de Lisboa, com a aplicação CoolFriend em Lisboa. Lançada no final de julho deste ano, a app CoolFriend em Lisboa não precisou sequer de uma semana para ultrapassar apps de referência na categoria “Viagens”, como o TripAdvisor, Booking e FourSquare. JÚLIA VILAÇA, de 26 anos, recriou o conceito

para a capital portuguesa, depois de uma estreia de sucesso na cidade de Braga. O CoolFriend em Lisboa apresenta apenas o melhor de Lisboa, em formato de roteiro, permitindo organizar uma estadia de acordo com os interesses do utilizador. JÚLIA VILAÇA revela que foi a sua própria necessidade a criar o engenho: a fundadora do BY COOL WORLD sentia dificuldades em planear uma viagem por causa do excesso, variedade e

desagregação de informação. A aplicação está disponível para download gratuito para iOS e Android. Para o futuro, JÚLIA ambiciona ser a melhor amiga nas 30 cidades mais cosmopolitas do mundo, a começar por Nova Iorque já em 2016.

Aplicações para corrida é coisa que não falta. Mas, por enquanto, só há uma tecnologia preocupada com a evolução da técnica do atleta. Chama-se Tune e está a ser desenvolvida em Portugal. Ao contrário de tantas outras, a tecnologia Tune não se limita a monitorizar variáveis como distância, velocidade, tempo, calorias queimadas, entre outras. Criado no Porto pela

KINEMATIX, empresa dedicada a estudar os movimentos do corpo, este wearable analisa e fornece informações acerca da técnica de corrida, medindo o tempo de contacto de cada passada e do calcanhar com o piso. O Tune não só ajuda a melhor a performance de corrida, como pode ser determinante na prevenção de lesões. Trata-se de um pequeno aparelho,

inserido nas sapatilhas, que é ligado a uma palmilha e conetado a uma aplicação para smartphone, para a qual serão enviados todos os dados recolhidos desde o início da atividade física. Depois de registado o desempenho e analisados os resultados, o Tune irá conceber planos de treino personalizados para cada utilizador, com base no seu perfil de corrida, ajudando este

a traçar novas metas. O objetivo é assentar corretamente o pé ao correr, apoiando o calcanhar o menor tempo possível e com menos esforço, o que permitirá aprimorar a técnica de corrida, adaptando a sua duração e intensidade à capacidade do atleta. Ainda em fase de testes, o Tune deverá começar a ser comercializado em dezembro deste ano.

Louboutin Lipsticks Depois de colorir as solas dos nossos sapatos e as unhas das nossas mãos, CHRISTIAN LOUBOUTIN quer dar cor aos nossos lábios. A aventura pelo mundo da cosmética continua e o designer lança agora uma coleção de batons. Chama‑se Rouge

Louboutin Lipsticks e é composta por três gamas e um total de 38 batons. Quanto ao design, mantém‑se a imagem de marca com acabamento pontiagudo. Este bem precioso vem ainda com uma fita de seda que pode ser colocada ao pescoço, bem longe de mãos gananciosas. À venda na loja online da maison.

Black Opium EauUm êxito de bilheteira exige sequela, certo? Depois do sucesso do Eau de Parfum, a YVES SAINT LAURENT lança Black Opium

Eau de Toilette. A diferença está no toque floral, que, ainda assim, não perde o efeito misterioso, sensual e altamente feminino da irmã mais velha. Para agarrar a partir do mês de Outubro com um preço a rondar os 100€.

Eau de Cèdre

Dizem que não há duas sem três, mas quando o assunto é GIORGIO ARMANI, um quarto elemento não é demais. O nº4 da linha Eaux pour Homme chama‑se Eau de Cèdre e a embalagem, tal como as anteriores, foi inspirada no casaco, desta vez de veludo. Uma representação do estilo informal e descontraído tão característico do gentleman do século XXI. A partir de 67€.

#wantA mulher DSQUARED2 é muita coisa: leal, divertida, impulsiva, determinada, interessante, autêntica e muito sexy. O desafio de colocar tudo isto num frasco deu origem a um objeto de desejo cujo aroma tem notas de tangerina, gengibre, pimenta e rosa. Do

you want? A partir de 49€.

Cool Friend

Tune Tune Tune TuneTune Tune Tune Tune

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Texto por Rui Lino Ramalho

Texto por Rui Lino Ramalho

Texto por Beatriz Teixeira

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Beach HouseBeach HouseBeach HouseBeach HouseBeach HouseBeach HouseBeach HouseBeach House

Ao longo dos seus dez anos de carreira, os BEACH HOUSE foram cada vez mais fazendo jus ao seu nome. BEACH HOUSE é um lugar para visitar e permanecer, enquanto o calor e o conforto das canções nos encher a alma. É cada vez mais sinónimo de um lugar onde os momentos existem sem tempo e pairam no ar, suspensos! Depression Cherry, o quinto álbum da banda, tinge ainda mais esse lugar privilegiado, onde a memória não tem horizonte à vista.

Assumidamente mais próximo dos dois primeiros álbuns, com BEACH HOUSE e DEVOTION, a banda regressa à simplicidade do processo criativo, privilegiando a melodia e o uso de instrumentos mais simples, afastando-se dos arranjos sumptuosos dos seus últimos discos –o que evidencia o desejo de se centrarem na sua essência enquanto banda. Efetivamente, a premissa “menos é mais” volta a imperar.

A riqueza musical desta banda de Baltimore assenta na incrível e melodiosa voz de VICTORIA LEGRAND e na espantosa complementaridade instrumental de ALEX SCALLY. O puzzle perfeito para orquestrar a banda sonora dos nossos sentimentos mais íntimos. “Beyond Love” poderia pautar um desses momentos, numa viagem ao nosso interior.Num universo extremamente contemplativo, o tema “10:37” resulta numa fascinante ode à consciencialização. Apesar de registar uma composição próxima das canções de Bloom, certamente evocada pelo ambiente sombrio e pela percussão militante, contrasta com a quase ausência de letra, curiosamente um dos elementos mais fortes da banda.

Poder-se-ia dizer que “PPP” e “Bluebird” são temas tipicamente BEACH HOUSE, uma espécie de trademark, com que a banda nos tem vindo a habituar. Sobretudo pelos elementos luxuriantes e letras com contornos elípticos. Aliás, sente-se um pouco por todo o álbum uma certa familiaridade, embora não tão identificável quanto isso.

O tema de abertura “Levitation” declara de imediato que a banda reduziu ao máximo aestrutura da canção, moldando-a com um monocórdico sintetizador, órgãos barrocos e laivos de bateria mecanizada. Contudo, a sua familiaridade continua presente. A voz de LEGRAND exala o conforto e proximidade que tanto nos faz sentir conectados à sua música.

Não há caminhos fáceis, parece sussurrar o primeiro single a ser retirado do álbum, Sparks. Os órgãos vintage são acompanhados pela guitarra rude, causando uma espécie de vertigem, como

que rompendo o lado etéreo da canção. Revivalismo shoegaze no seu expoente máximo, revisitando claramente territórios das suas bandas de referência como os SLOWDIVE ou os COCTEAU TWINS. Apesar de tudo, a Dream Pop dos BEACH HOUSE tem já,

claramente, a sua identidade muito bem estruturada e consolidada. Nunca um solilóquio foi tão romanticamente retratado como “Space Song”. A voz ternurenta da cantora e os sintetizadores estão de tal forma em harmonia que facilmente somos transportados para uma floresta encantada, povoada por bolas de sabão carregadas de melodia.Subitamente, damos conta que o álbum está a terminar com a chegada do tema “Days of

candy”. Este arranca com um maravilhoso coro, para depois ser acompanhado pelo sussurro celeste de LEGRAND. Só mais

tarde se junta um belíssimo instrumental, bastante depois da canção ter respirado por entre todos os possíveis lugares vazios. Depression Cherry é como que uma porta para um lugar onde podemos visitar as nossas experiências, que tal como os nossos sonhos, nem

sempre são boas, sendo que aqui não se deixa que se transformem em pesadelos. Nesse lugar, o abandono, o desamor, a melancolia ou a solidão podem permanecer. E com a devida proximidade controlada por cada um de nós, podemos olhá-los e tentar percebê-los. Aqui, o tempo e o espaço são moldados ao nosso sabor, assim nós estejamos preparados para os visitar. E poderemos fazê-lo, as vezes que quisermos.

De certa forma, usando a melodia doce e terna, a banda vocaliza que, por muito mau que tenha sido um momento, faz parte da

vida, e se escutarmos com muita atenção o que tem para nos dizer, há sempre uma lição a ser retirada. Há sobretudo um forte enfoque na consciencialização de que o que vivemos, para além de nos definir como pessoas, torna-nos mais fortes.

Cherry pop

Cherry pop

Cherry pop

Texto por Carlos Alberto Oliveirawww.punch.pt

3332Soundstation Beach House

Soundstation Beach House

Soundstation Beach House

Soundstation Beach House

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Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. DreDr. Dre Dr. Dre Dr. DreDr. Dre

O regresso de DR. DRE aos discos é um dos mais relevantes factos musicais de 2015.

Straight Outta Compton, o filme com que Hollywood reconhece a relevância histórica dos N.W.A. –NIGGAZ WIT' ATTITUDES– retrata DR. DRE como um tipo duro, capaz de enfrentar inimigos e de aguentar o peso do mundo nos ombros, como acontece na cena em que confronta o temível SUGE KNIGHT, um dos papões com que certamente os pais da geração hip hop assustam as criancinhas que não querem comer a sopa. Previsivelmente, o filme

deixa de fora alguns casos polémicos, como o espancamento da jornalista DEE BARNES, uma das mulheres com que o famoso produtor terá tido altercações que descambaram em agressões físicas. Dada a notoriedade do filme, que liderou o box office durante algumas semanas contra todas as expetativas dos especialistas de Hollywood, o caso regressou às páginas dos jornais levando DRE a emitir um pedido de desculpas através do New York Times, imediatamente aplaudido pela corporação Apple, de que o homem que inventou a marca Beats é hoje uma das mais visíveis faces para a frente de negócio representada pela Apple Music.

Este caso leva a que se considerem algumas coisas: ICE CUBE, seu companheiro nos N.W.A. sempre se apresentou como um "tough

guy", vestindo na perfeição a pele do gangsta rapper que tanta tinta fez correr nos anos 90. E, no entanto, é como entertainer para a toda a família que o rapper se tem afirmado nos últimos anos, graças a uma série de bem sucedidas comédias produzidas por Hollywood. Ou seja: será que estes são "tough guys" que hoje usam, respetivamente, a face de um respeitável homem de negócios e de um bonacheirão ator, ou será que essas são as suas verdadeiras caras e o que eles fizeram para sobreviver nas violetas ruas de Compton nos anos 80 é que se pode considerar um artifício e uma máscara?

O que o filme de F. GARY GRAY deixa claro é que a obra gravada dos N.W.A. foi tanto retrato fiel de uma amarga realidade social, quanto exercício livre de arte, de expressão. O que lança uma nova luz sobre praticamente todo o hip hop que a crítica quase sempre leu como reflexo literal das ruas.

Daí que a capa de Compton: A Soundtrack, o disco com que DRE finalmente colocou um ponto final na que ameaçava ser uma interminável espera por Detox, o álbum que deveria ter sucedido aos históricos The Chronic e 2001,

apresente o nome do famoso bairro de Los Angeles como as letras de Hollywood que se transformaram num ícone de uma indústria. Ou a visão das ruas de uma América violenta como uma construção, uma narrativa necessariamente pessoal e subjetiva. E DR. DRE faz tudo isso com um álbum incrivelmente relevante, extremamente bem produzido, com veteranos como SNOOP DOGG e ICE CUBE a dividirem espaço com um expoente da nova geração como KENDRICK LAMAR. Atores de um fantástico filme sonoro que DRE dirige com mão de mestre revelando ser, afinal, um Dr. por mérito próprio na ciência de sobrevivência a uma América que historicamente tem castigado os negros.

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

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O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor

O bom doutor Texto por Rui Miguel Abreu

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Soundstation Dr. Dre

Soundstation Dr. Dre

Soundstation Dr. Dre

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Milana & MykolaTkachenko

Milana & Mykola Tkachenko

28 anos Ucrânia

Começo por evocar ANTÓNIO VARIAÇÕES: “Muda de vida, se tu não vives satisfeito, muda de vida, estás sempre a tempo de mudar, muda de vida, não deves viver contrafeito (...)”. Quando temos um primeiro-ministro que, delicadamente, nos exporta como mercadoria para outras paragens, torna-se (ainda) mais difícil olhar para dentro com olhos esperançosos. Se isto cá está tão mau quanto se diz, decorre que quem está de fora pode não rachar lenha, mas quer é distância de nós. Errado. Das duas, uma:

ou eles são muito ingénuos, ou nós somos muito tapados. Afinal, o que é que nós temos que eles querem? Afinal, o badalado american dream também tem uma versão lisboeta (embora beta). O saudoso Atlântico (que, copiando os romanos, podemos chamar de “Mare Nostrum”) tem uma quota-parte importante neste fenómeno. Mas não é tudo. Estas são apenas algumas estórias de quem mudou de vida, ou porque não vivia satisfeito (mesmo vivendo bem), ou porque sim. Este artigo é um verdadeiro PARQ das nações.

De uma ponta da Europa à outra. A 11 de janeiro de 2011, MILANA e MYKOLA aterraram em Lisboa, deixando a Ucrânia para trás. Não se pode dizer que tenham caído de paraquedas: antes da mudança, visitaram Portugal por duas vezes e ficaram rendidos às pessoas, ao clima, à natureza e, claro, ao oceano –que lá para aqueles lados é escasso (é escusado falar no Mar Negro, até porque para negro já basta o cenário daquele país nos últimos anos). «Não é um país que nós queríamos para os nossos filhos viverem», justificam. Ela

é fotógrafa. Ele é programador informático. Para MILANA, tem sido difícil singrar num mercado tão saturado como é o da fotografia em Portugal: «o problema dos profissionais começa quando é preciso baixar o preço para obter clientes». Depois de se ter dedicado a fotografar casamentos nestes últimos quatro anos, MILANA começa a sentir necessidade de procurar um novo registo. O fotojornalismo de rua é uma forte possibilidade. Quanto a MYKOLA, a história é bem diferente: «Esta profissão tem muitas oportunidades porque

posso trabalhar em qualquer lugar. Em Portugal, há várias startups com ideias interessantes, mas também há grandes empresas nacionas com necessidade de programadores». Além disso, MYKOLA tem planos para investir em projetos seus, como por exemplo, desenvolver aplicações móveis. Para já, foi MILANA quem durante nove meses andou a desenvolver uma aplicação que os dois criaram. O primeiro filho de ambos nasceu no ano passado. Pode ter cabelos e olhos claros, mas é português.

Texto por Rui Lino RamalhoFotografia por Andy Dyo

Quando se fecha uma porta, Lisboa abre uma janela

3736Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

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Lucy Crook

Lucy Crook

Lucy Crook

Há mais de 12 anos que Portugal era a segunda casa de LUCY CROOK. Peniche, onde os pais compraram casa, tem sido sempre o seu destino de férias durante este período (e que bela iniciação à costa portuguesa). Em setembro deste ano, Lisboa passou a ser a sua primeira casa, depois de ter vivido até aos 18 anos na Holanda e dos 18 até esta altura em Londres (pelo meio, ainda houve uns períodos em Sidney e Nova Iorque). Por agora, em bom inglês, é tempo de ‘settle down’: «Espero ficar por muito tempo. Eu e

o meu namorado temos pensado num sítio onde pudéssemos assentar. Nós adoramos Portugal, ele gosta de surfar, eu gosto do sol». Mas há outro motivo: chama‑se Hotpod

Yoga. LUCY foi introduzida ao Yoga durante uma viagem à Índia. Inicialmente, achou‑o secante. Depois, percebeu que lhe limpava a mente. Agora, quer dar aulas. O Hotpod Yoga é um conceito criado no Reino Unido, em 2013, e que LUCY quer agora importar para Lisboa. É praticado numa espécie de sala insuflável, com capacidade para 20 pessoas,

que é artificialmente aquecida para tornar os músculos mais flexíveis. Neste momento, LUCY ainda está à procura de espaços e confessa já ter provado a famosa burocracia portuguesa. Está consciente dos riscos, mas tem «um feeling que há mercado para este yoga aqui». Mesmo tendo chegado há tão pouco tempo, já diz que «Lisboa tem uma alma histórica, mas ao mesmo tempo é moderna».

Uma viajante nata. Da China para Espanha, de lá para a Dinamarca, daqui para a Finlândia, e desta para Portugal. Formou-se em gestão na China, mas sempre quis conhecer outras realidades. A 5 de outubro de 1910, implantou-se a República, e a 5 de outubro de 2012, foi HANQI quem se implantou cá, depois de se inscrever no EDP Trainee Programme. Ironia do destino ou não, atualmente trabalha na direção de marketing corporativo da EDP (escreve-se assim ou EDC?). Já habituada a choques culturais, HANQI HUANG diz

encontrar mais semelhanças entre portugueses e chineses do que diferenças. Desde que chegou a Lisboa, tornou-se numa pessoa mais calma e de mente mais aberta. Tudo mudou para melhor, mas claro que a comida da mamã deixa sempre aquela saudade, até porque «não tem nada a ver com a dos restaurantes chineses cá». Quanto à menina e moça, HANQI não lhe poupa elogios: «O tamanho de Lisboa é perfeito para mim, é fácil de ir a todo o lado. É uma cidade muito bonita, muito viva e sobretudo internacional». Para breve, juntamente

com uma amiga, tenciona dar formação de mandarim e da cultura chinesa focada no ramo empresarial. À parte disso, HANQI é apologista do tão latino ‘carpe diem’: «Acho que a vida não é para planear. Eu nunca pensei vir a morar num país chamado Portugal. Para mim tudo é à base do ‘follow your heart’».

Hanqi Huang

Hanqi Huang

Lucy Crook

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Huang Hanqi

Huang

Hanqi Huang

Hanqi HuangHanqi HuangHanqi HuangHanqi HuangHanqi Huang 30 anos

Holanda

29 anos

29 anos

China

China

3938Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

Central Parq Imigrantes

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Leo AlmeidaLeo AlmeidaLeo Almeida

Francili CostaFrancili CostaFrancili Costa

Para Lisboa, com amor. Não é um filme de Woody Allen, mas de CHIARA FERRO. Já passaram dez anos desde que CHIARA trocou Itália por Portugal. Não veio em busca de uma vida melhor, até porque Turim lhe enchia as medidas, tanto a nível profissional, como pessoal. Trabalhou em vários restaurantes e tinha um prato cheio de bons amigos. Mas o amor tem razões que a razão desconhece. E Lisboa tinha a razão das razões. A primeira vez que CHIARA esteve por cá foi na Expo'98: foi o suficiente para ficar encantada. «O que me

fascina em Lisboa é que ainda é uma capital de dimensão humana», confessa. A paixão pela culinária e o desejo de abrir um restaurante já eram antigos. Durante os primeiros anos em Lisboa, CHIARA cozinhou no tacho de outros. O sonho realizou-se mais tarde, muito por culpa da sua atual sócia TÂNIA MARTINS. Osteria - Cucina di Amici, situado no encantador bairro da Madragoa, é especializado em comida italiana, mas CHIARA não fecha as portas a outras experiências: «O meu talento é fazer comida que me traz conforto.

Sou uma curiosa, estudo todas as cozinhas do mundo». O futuro é ainda um ponto de interrogação na vida de CHIARA FERRO. Por enquanto, Lisboa é a sua casa, exceto das três vezes por ano que visita o berço.

Truta grelhada, com puré de batata-doce, feijão com azeite de dendê e banana picante; seguido de frango com caril de amendoim e arroz; para fechar com bolo de frutas oleaginosas em calda de tâmaras e mel. Foi com este ‘pequeno’ mimo que FRANCILI e LEO nos brindaram enquanto conversávamos com eles. Para além de um casal, os dois são colegas de trabalho. Juntos, criaram a Prato&Píxel, uma produtora de audiovisuais, cujo local de trabalho é a cozinha. Parece estranho mas faz sentido: quando o vídeo está em rendering, eles aproveitam para

se dedicar ao cooking; ou quando precisam de tratar de assuntos sérios com clientes, recebem-nos à mesa e oferecem-lhes um banquete. Dito de outra forma: conhaque é trabalho e trabalho é conhaque. FRANCILI e LEO encontram inúmeras analogias entre o processo de edição de vídeo e o de confeção de alimentos: «Picar a cebola parece a decoupage. É um trabalho chato, mas tem de ser feito. É preciso deixar tudo pronto para a montagem do vídeo, como acontece com o mise en place na culinária». Neste momento, estão a finalizar

o documentário Versos que Atravessam, que pretende fazer uma ponte entre os vários falantes da lusofonia, em especial através do rap. Quando deixam o Rio de Janeiro para rumar a Lisboa, alugam um escritório no Village Underground para trabalhar. Por enquanto, ainda não irão ficar por cá definitivamente, mas isso faz parte dos planos. Aliás, Lisboa tem tudo o que o Rio tem de bom, com a vantagem de os fazer sentir completamente seguros.

Chiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara FerroChiara Ferro

41 anos Itália

27 anos Brasil

34 anos Brasil

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Page 22: Elite Lisbon

Marco Sousa Santos

Marco Sousa Santos

Marco Sousa Santos

Marco Sousa Santos

QQ uQ u aQ u a sQ u a s e

QQ uQ u aQ u a sQ u a s e Texto por Carla Carbonew w w.galer iabessapereira .com

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concessões de vária ordem. Em Quase, propus-me mostrar, entre outras, peças que ficaram antes dessa “conclusão”, e nesse sentido sim, as peças em exposição representam um “movimento” projetual, uma dinâmica de ensaio e erro, e como tal uma narrativa significante.

CC: Como surgiu esta vontade de contar a história dos objetos até eles serem produto final?

MS: É um desejo natural de quem faz design. A necessidade de mostrar que os objetos não nascem por acaso, e que a sua existência não é aleatória nem fugaz.

CC: O que acha que se escapa deste processo autoritário do perfeito mecanizado?

MS: O futuro será feito da tensão entre esse perfeito mecanizado e o perfeito natural.

CC: Tomando como exemplo uma tablete de chocolate: Muitas vezes, a fábrica, deixa sair uma “barra de chocolate” com defeito, uma peça com um risco ou fissura. Na verdade, o objeto parece servir na sua função básica, mas ainda assim é rejeitado pelo cliente, ou mesmo antes, não passa da linha de controlo de qualidade. Quer a máquina dizer-nos algo? Estaremos perante a ideia de que é preciso dar lugar aos acasos, aos imprevistos, para assim desviar o design da normalização formal, estética e conceptual?

MS: O Design é uma metodologia indisciplinada, e os bons “atores” dessa prática sabem como transformar o erro em novidade, contrariando através da surpresa e da emoção, a normalidade do mercado e da máquina de vender.

CC: Quando pensou em Quase, dirigia a exposição para um propósito pedagógico, como suporte para o ensino do design (sabendo que é docente, poderia estar a pensar nos seus alunos), ou antes um laboratório, em aberto, para daí surgirem outros caminhos (para o design), para a discussão do papel do design e seus contornos?

MS: Na verdade, a exposição serviu para mostrar coisas que estão guardadas (não produtos), longe das pessoas, colegas ou alunos, e isso serve sempre para suscitar nas pessoas leituras diversas, sejam elas de discussão ou de aprendizagem em torno do processo do design.

CC: Quando penso em Quase (e esta é uma interpretação mais pessoal), vejo alguns objetos que se hibridizam, alguns intermédios que reivindicam uma identidade. Como a linguagem expositiva está associada quase sempre ao legado das artes, essas

peças hibridas, em aberto, (à procura de forma e função), parecem situar-se na charneira da arte, do object trouvé, da escultura. Parecem instalação artística pura, de linguagem conceptual. Quer comentar? a) Que opinião tem da mestiçagem das disciplinas? b) Que diz dos designers que operam entre a arte e o design? c) Que procurou ao colocar esses objetos em diálogo com os outros todos?

MS: O Design é uma disciplina transversal a todas as formas de representação plastic, estética, e técnica, e nesse sentido ele apropria-se delas e usa-as em seu proveito. Mas mais do que na Arte, ou na cultura material funcional, é na natureza e na sua inigualável riqueza plástica, estética e técnica, que o design melhor se reinventa. É importante não confundir Arte e Design, a não ser que coloquemos um urinol na parede de uma galeria de arte.

A exposição Quase, de MARCO SOUSA SANTOS, que decorreu em julho, na Galeria Bessa Pereira, apresenta toda uma cartografia de objetos, antes mesmo de serem objeto final. A história, por detrás dos objetos –expressa em modelos, em protótipos– acrescenta valor e sentidos, e abre-nos uma janela para os gestos, quase impercetíveis, que têm lugar nesses objetos hibridizados, de coisas intermédias. Nos vários modelos patentes na exposição de MARCO SOUSA SANTOS podem ver-se as nuances em cada linha, em cada contorno, fixado das formas.

Foi talvez no último quarto do século XX, que se começou a dar importância, em contextos expositivos e museológicos, ao discorrer histórico do processo até o objeto fixar os seus contornos definitivos. Parece que, em 1980, os primeiros protótipos e modelos viram

a luz do dia em espaços expositivos, como no Departamento de Design Industrial Holandês, ou mais tarde, em 1998, no Museu Boijmans Van Beuningen de Roterdão. Este Museu permitiu que peças em estado intermédio pudessem ser vistas pelo grande público, nomeadamente na exposição The Origin of Things.

Os modelos enriquecem todo um trabalho expositivo, por meio de uma intensão documental. THIMO TE DUITS, no seu livro The

Origin of Things, ilustrou de forma magistral o mapeamento destes objetos, a sua cronologia formal e conceptual, com GEORGE PEREC e o seu livro La Vie, Mode d’Emploie: Um apartamento em Paris é descrito pelo escritor como evidenciando objetos que parecem simular histórias dos seus habitantes e os relacionamentos

estabelecidos entre eles. Como que em fragmentos, trata-se da reconstrução dos objetos, tendo como mote a mudança.

Ora, os objetos de MARCO SOUSA SANTOS registam esta mudança, levantam o véu das tensões que se estabelecem na sua evolução desses mesmos objetos, até ao resultado final. Vejamos o que o designer tem a dizer sobre a exposição.

CC: De Quase, fica a impressão de ter sido uma experiência pioneira em Portugal – Uma exposição dedicada ao processo, ao percurso da construção da peça até ela ser definitiva, até ela ser produto.

MS: Quase é uma exposição sobre o meu percurso recente de experimentação em diferentes materiais. Entre vidro, madeira e metal,

a exposição apresenta alguns dos resultados da exploração de cada um desses materias em ambiente workshop, ou seja, para cada material, uma abordagem de projeto e respetiva experimentação tecnológica que é apresentada sob forma de protótipos e modelos experimentais.

CC: As peças que resultaram das várias etapas do projeto parecem conferir movimento, acrescentar uma narrativa, uma história ao objeto final. Considera que, por vezes, o produto final fecha, limita, a linguagem do processo, deixando para trás muitas outras possibilidades, muitos outros caminhos?

MS: Em Design, o processo (materiais, tecnologia, desenho, criatividade, ensaio) está condicionado pelo objetivo funcional e de mercado a que o projeto se destina. Para que um projeto se transforme em produto, é efetivamente necessário “fechá-lo” e isso pode implicar

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Numa manhã, fomos até ao café Biarritz, em Alvalade, falar com TÓ TRIPS. Um pouco constipado, falou-nos do novo disco, do amor pela guitarra, da história do rock em Portugal e dos seus ideais. Foi uma hora de conversa, em que o membro dos DEAD COMBO nos contou a sua experiência no mundo da música e como foi aprendendo com a vida ao longo dos anos. Foram anos de aventuras pelo universo do Rock’n’Roll: ninguém fica ileso.

JC: Ouvimos o novo álbum Guitarra Makaka e gostámos bastante. Achamos que conseguiste criar uma personalidade muito tua e começa a ser fácil reconhecer a tua guitarra. Concordas?

TT: O que eu procuro fazer sempre na guitarra, isto é uma coisa muito básica, se gostas de tocar um instrumento. Eu gosto muito de guitarra e se eu gosto de tocar aquele instrumento, a única coisa que eu posso fazer é conhecer novas formas de o tocar. A cena que mais me fascina na música é procurar e descobrir.

Tenho um projeto com a ADRIANA SÁ e o JOHN KLIMA que se chama TIMESPINE, e a ADRIANA toca um zither. Eu cheguei lá com a afinação standard de guitarra e aquilo não colava com aquele instrumento. Afinei pelo instrumento dela e tive em casa a estudar aquela afinação, que acabou por originar este disco. A afinação tanto pode dar para ser uma cena portuguesa, uma cena africana como uma cena árabe. É fácil misturar isso.

JC: Quais foram os concertos que mais te marcaram?TT: Gosto de tocar, mas também gosto muito de ver tocar.

Concertos que me marcaram bué, porque eu nunca tinha visto esse tipo de gente, foram os THE GUN CLUB no Cinema Império, com o guitarrista dos CRAMPS, uma banda dos anos 80, vieram cá em 88 ou 89, levei um enxerto de porrada no concerto, mas isso não interessa. Uma japonesa no baixo, o gajo era um agarrado do caraças, um gajo todo de fatinho, nunca tinha visto pessoal daquele. Outro concerto foi no Reading em 1990, fui lá para ver os SONIC YOUTH, eles ainda não tinham vindo cá. Depois vi uma banda que já tinha ouvido falar, que eram os CRAMPS, vi aquilo ao vivo, fiquei mesmo surpreendido, um gajo de cuecas em salto alto a cantar com duas gajas todas tipo pin-ups. Outro concerto importante foi o dos XUTOS, no Rock Rendez Vous, no 1º de agosto, que aquilo estava à pinha, foi muito importante para mim e para a malta nova na altura. Era uma banda fora do resto das bandas, mais rebelde. Conhecer essa malta toda fez parte da minha formação de vida, ir aos sítios, estar nos acontecimentos, isso faz parte das experiência de vida das pessoas, se querem ser músicos.

JC: Aprende-se muito a ver concertos?TT: Sim, aprendes muito, lembras-te de coisas que nunca tinhas

pensado fazer e quando as tentas fazer não as fazes igual mas sim à tua maneira, uma coisa que tu nunca te lembrarias de fazer. Como a afinação deste disco, eu nunca me lembraria desta afinação nem pela net. Como tocar com outras pessoas, sempre aprendi muito com os outros.

Uma vez, o CARLOS BICA, que é contrabaixista (um músico do caraças), disse-me uma coisa que nunca me esqueci. Eu disse-lhe: “tu tocas para caraças” e ele respondeu: “oh pá isto ainda há muito que descobrir”. Um gajo que toca aquele instrumento há bué anos. Devemos sempre ser curiosos e isso vai acabar por nos dar a nossa personalidade no instrumento, não nos podemos limitar aos standards.

JC: Quais foram os primeiros guitarristas que te fizeram pensar “Quero ser aquele gajo”?

TT: Pá, quando tinha a tua idade, não gostava muito de guitarristas, sempre gostei mais de bandas do que guitarristas, desatinava com guitarristas que cantavam. Sempre gostei mais de bandas. Hoje em dia, já sei apreciar guitarristas.

Mas nunca fui muito o gajo do guitar hero. Quando gravei as primeiras malhas para os DEAD COMBO, até pensei “agora estou armado em guitarrista”. Sempre gostei mais de bandas e da imagem da música, lembro-me de passar pela Rua do Carmo antes até do incêndio

no Chiado, onde havia umas lojas de discos. Tinha saído o disco dos Ramones e eu pensei “curtia bué ser como eles, todos rasgados e o caraças”. E depois também sempre me interessei por esse lado da estética, dos bilhetes, dos cartazes. Tive a sorte de andar na escola Antonio Arroio, mas antes andei no Dom Pedro V e abriu o Rock Rendez Vous lá ao pé. Foi uma lufada de ar fresco, na altura não havia nenhuma sala que passasse aquele tipo de som, havia o 2000 em Cascais, passava WHITESNAKE, AC/DC, LED ZEPPELIN, era boa música mas não era tão indie na altura (risos) como CURE, BAUHAUS ou JOY DIVISION.

JC: Nomes como o ANTÓNIO SÉRGIO foram importantes para esse acontecimento?

TT: Sim, o ANTONIO SÉRGIO, como o gajo que abriu o Rock Randez Vous, uma geração de malta da idade do ZÉ PEDRO dos XUTOS, essa geração que são dez anos mais velhos que eu, que se juntaram e começaram a fazer coisas. Desde o MANUEL REIS do Frágil, no Bairro Alto, desde uma data de malta do cinema, da dança, foi a primeira geração de pessoal pós 25 de Abril que tentou fazer qualquer coisa à maneira portuguesa. A geração zero, que fez aparecer outras coisas. Já sou da segunda leva, da geração que viu os XUTOS, os HERÓIS DO MAR e os MINAS E ARMADILHAS. Eu sou da geração dos POP DEL ART e dos MÃO MORTA... segunda metade dos anos 80.

Depois fui para a António Arroio onde parava bué pessoal das artes como o MANUEL JOÃO VIEIRA e havia imensos concertos, que acho que foi uma coisa que se perdeu um bocado hoje em dia. Quer dizer, também não ando no liceu. (risos)

JC: Quando começaste a tocar, tiveste uma série de bandas: os AMEN SACRISTI, LULU BLIND e SANTA MARIA, GASOLINA EM TEU VENTRE. Como era a tua vida na altura, os ensaios, os concertos?

TT: Acho que é o que os miúdos querem fazer. Como qualquer miúdo que gosta de música, sonhávamos sempre em ter concertos. Tivemos a sorte de nos anos 90 os XUTOS nos convidarem para fazer as primeiras partes. Para uma banda pequena, as primeiras partes dos XUTOS era uma coisa importante. Abrimos para SONIC YOUTH no Campo Pequeno. Ainda hoje gosto de ensaiar, conhecer bandas, estar com as pessoas. Gosto muito das pessoas que estão no ramo da música.

JC: Achas importante haver uma conexão forte com as pessoas com quem tocas?

TT: Sim, de amizade, de gang. As pessoas estarem juntas, serem amigos, viverem juntos, em que a banda faz parte da vida dessas pessoas. Nos anos 90, com os LULU BLIND, acontecia bué, um gajo passava bué tempo juntos, saíamos juntos, só não vivíamos juntos, mas passei muito tempo da minha vida com a banda, mesmo fora de tocar e ir beber copos, um gajo passava quase 24 horas a falar sobre música. São ansiedades que depois um gajo acaba por perder.

JC: Como é que começou a tua relação com o PEDRO GONÇALVES?

TT: Eu já o conhecia do Dom Pedro V, e os LULU BLIND ensaiavam em Almada numa sala do SÉRGIO GODINHO. O PEDRO tocava com o SÉRGIO e, de vez em quando, via-o. Um dia fui vê-lo e depois do concerto fui-lhe pedir boleia: “Hey tudo bem? Olha lá, tens boleia?”, “Epá eu não tenho carro”. Então fomos os dois a pé. Eu, nessa altura, tinha tido um convite do HENRIQUE AMARO para gravar uma malha em homenagem ao CARLOS PAREDES e convidei o PEDRO.

JC: A comunicação musical que deu origem aos DEAD COMBO é uma comunicação perfeita?

TT: Sim (risos), somos amigos, e ao nível da música acho que resulta fixe. Foi a primeira vez que tive uma banda em que tanto eu como o PEDRO partimos para aquilo sem expectativas. Nos anos 90, nos LULU BLIND, um gajo estava sempre a dizer “vamos fazer aquilo”, sempre cheios de ansiedade, depois a montanha paria um rato, gastavas imensa energia. Com os DEAD COMBO foi diferente, já estava cansado de ter bandas, gosto muito de bandas, mas já estava farto que as pessoas trouxessem os problemas pessoais para os ensaios

TóTrips

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À descobertaTexto por João ChurroFotografia por António Bernardo

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e para o trabalho das bandas. Então decidi: “vou fazer uma merda sozinho e convido pessoal para tocar”. Não queria que os outros me estragassem uma coisa que eu gosto que é a música. Às vezes, os problemas das bandas não é a cena da música, estragam-se as bandas por coisas que não têm nada a ver com a música, com tretas. E eu queria continuar a ter o meu sonho ou o meu recreio, que é quase uma parte terapêutica, em que eu preciso da música para isso. É o meu escape.

JC: A tua forma de tocar mudou desde que entraste para os DEAD COMBO?

TT: Sim, mas a minha forma de tocar mudou muito desde que eu deixei o emprego para me dedicar à música, desde que dediquei mais tempo a tocar, e aí evoluí bué. Sempre tive bandas e tinha um emprego, trabalhava em publicidade e depois resolvi aos 35 anos dar uma oportunidade a mim próprio, e investir naquilo que achava que devia investir. Para quando chegar aos 60 não dizer “eish, quando era novo é que sabia o que tinha feito, agora não, agora já foste” (risos. )

JC: Quando os DEAD COMBO ganharam mais notoriedade, as coisas mudaram?

TT: Nós somos os mesmos gajos. Em 2011, lançámos o Lisboa

Mulata, e só a partir daí é que um gajo começou a ganhar dinheiro para viver da música. Agora tenho a sorte de conseguir viver da música, mas também tenho a noção que é uma coisa muito efémera, hoje consigo amanhã já não sei. Mas também não penso no amanhã, quer dizer, penso porque tenho filhos, mas em relação à música, trabalho para ter as coisas que quero, por isso é que eu digo que se as pessoas quiserem, conseguem.

JC: Quais é que foram as pessoas que te ajudaram mais na tua vida?TT: Muita gente, posso dizer algumas.... O JORGE FERRAZ,

que me mostrou outras coisas que na altura não ouvia, como SONIC YOUTH, ensinou-me a gostar de BEATLES. O ZÉ PEDRO dos XUTOS, que ajudou bastante os LULU BLIND. O HENRIQUE AMARO, que apostou no principio dos DEAD COMBO. A MARTA FERREIRA, que era manager dos XUTOS. O PEDRO GONÇALVES dos DEAD COMBO. Bué pessoas, como JOÃO RIBAS, pessoas muito variadas e diferentes entre si, mas que estiveram lá no momento certo como o ANTONIO SÉRGIO e a ANA CRISTINA FERRÃO, EDGAR PÊRA, BRUNO ALMEIDA, o pessoal da ZDB...

A ZDB foi muito importante para mim e para a minha vida, no sentido de me abrir a cabeça, de fazer ver outras coisas, usarem outras linguagens, diferente do que estás habituado. É muito importante para não teres preconceitos em relação às coisas. A tendência quando um gajo é mais novo é de ser mais quadrado, só curtia cenas pesadas, nos anos 90 só ouvia rock mais pesado, Grungelhada Hardcore ou Metal. Mas há outras coisas, e agora não é que não oiça isso, mas oiço muito mais coisas. Cenas africanas, cenas que às vezes até podem ser foleiras mas com as quais aprendes alguma coisa. É fixe um gajo ser eclético.

JC: Tens uma guitarra que seja importante para ti?TT: A Epiphone que eu uso nos DEAD COMBO é toda oca, tem

um som muito fixe. Tenho uma antiga, que é uma Telecaster, que usava nos LULU BLIND, às vezes toco com ela nos LADRÕES DO TEMPO. Curto bué das Telecasters, têm um som limpo maravilhoso, mesmo cristalino.

JC: És um guitarrista de pedais?TT: Não sou muito um gajo de pedais, curto bué de reverb,

que é um efeito que me acompanhou desde sempre, desde o tempo do Rock Rendez Vouz, sempre curti dos echos e dos reverbs, mas não gosto muito de pedais, não é por aí. Gosto muito do meu amplificador, que é um pequenino, verde, de 15 watts a válvulas, e dos twin reverb. Depende do que for para tocar: se for rockalhada gosto dos Marshall, mas a essência não está na tecnologia.

JC: Vimos o teu videoclip para a múscia First God e lemos o excerto que tens na parte de dentro da capa Danças

A Um Deus Desconhecido. Parece haver uma certa relação com a natureza e com o regresso às nossas origens.

TT: Estávamos a falar de pedais e tecnologia... quando eu gravei este disco, o EDUARDO VINHAS produziu o disco e deu-me dois, um com efeitos e outro sem efeitos. Depois, ele mostrou-me os dois e eu

disse-lhe “pá, isso tem tantos efeitos, tem coisas fixes” e algumas coisas acabaram por ficar, mas eu gramava que às vezes as coisas fossem mais primitivas, tem um reverb natural mas não tem que ser cheio de efeitos. Hoje em dia, vivemos numa sociedade onde se perdeu muito isso, as pessoas ligam muito ao consumismo e a ter tecnologia, aplicações, às vezes é fixe voltarmos às origens. Por exemplo, dos sítios onde estou mais calmo é na praia em frente ao mar ou numa montanha. Uma vez, fui com o EDGAR PÊRA aos Alpes, ficámos lá meia hora em silêncio a olhar para as montanhas, foi uma cena poderosa. Pegar nas nossas origens e reformular essas origens, estás a perceber? Essas origens

já foram, mas lá no fundo a génese é a mesma, temos de continuar a trabalhar esse lado. Eu tento sempre procurar isso no meu imaginário.

JC: Tens medo do futuro da música?TT: A partir do momento em que há jovens, há futuro, seja da

música seja do que for. As coisas mudaram bastante e vão mudar mais. As pessoas já não compram discos, ouvem nas plataformas. Uma coisa que melhorou bastante foi a ligação com o lá fora. Os DEAD COMBO já foram tocar lá fora à conta de cenas da net. Outra coisa que mudou é que as bandas agora já não têm de ser uma cópia chapada do que havia lá fora como nos anos 90. São gajos que querem ser quem são, já não estão preocupados em ser os NIRVANA. Querem ser os PAUS ou os DEAD COMBO, e já não é só para tocar cá, é para tocar lá fora também. São tão válidos como os gajos lá de fora. O que não falta é pessoal a fazer coisas fixes na música. As coisas estão a mudar, mas ainda bem.

JC: O que é que te imaginas a fazer o no futuro?TT: Gosto de fazer gravuras e tocar, acho que sou um

gajo sortudo, tanto toco com o ZÉ PEDRO, como toco com o ZÉ MIGUEL, são completamente opostos. Um gajo tem que ser aberto para isso, e tirar coisas positivas do que se faz.

A minha vida não é assim tão estável, não tenho um emprego e é a incerteza que me faz andar. Sou um gajo que não curte nada estar parado, gosto de estar a fazer coisas, tenho medo de envelhecer, não quero parar. Parar só se for para fazer outra coisa. Nunca deixei de aprender com as experiências. Acho que a música me tornou um gajo mais porreiro, não me rejo pelo ordenado, mas sim por estar bem com a vida, temos de estar bem connosco para estar bem com os outros. A velhice é uma ganda merda (ups estamos numa zona de velhos), mas tem uma coisa fixe: tornas-te mais tolerante em relação às outras coisas e a coisas diferentes, se fores um gajo aberto e se quiseres continuar a ver as coisas e a descobrir.

JC: Uma mensagem que queiras deixar?TT: As pessoas não devem deixar de acreditar, porque vão

conseguir, pode não ser hoje nem amanhã, nem para o ano, mas acredita que conseguem. Conheço muitos músicos que já não ouvem música, ou deixaram de descobrir música. Acho que é uma coisa importante não parar de ouvir coisas novas, que é essa curiosidade que nos faz andar. Se estamos aqui os dois sentados em 2015, o que é que se passa aí hoje? É isso que faz um gajo estar vivo, gostar de ouvir músicas dos outros e trabalhar bué naquilo que gostamos.

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Central Parq Entrevista

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Joseph, pullover FRED PERRY, jeans CHEAP MONDAY, botas CAT

Maryana, casaco BILLABONG, t-shirt VOLCOM, aneis MAGNÓLIA, saia FLY GIRL, botas DR. MARTENS

d i s s o c i a t i v ei s s o c i a t i v e ds s o c i a t i v e d is o c i a t i v e d i so c i a t i v e d i s sc i a t i v e d i s s oi a t i v e d i s s o ca t i v e d i s s o c it i v e d i s s o c i ai v e d i s s o c i a tv e d i s s o c i a t ie d i s s o c i a t i vd i s s o c i a t i v e

fotograf ia: Ana Luísa Si lva

styl ing: Sérgio Simões assist ido por Morgana Andrade

make-up: Cr ist ina Cot t inel l i

modelos: Joseph @ Elit e Li sbon & Maryana T. @ Jus t Model s

Agradec imentos ao Ver t igo Climbing Cente r

5150

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Joseph, chapéu NEW ERA, camisola CHEAP MONDAY

Maryana, t-shirt PEPE JEANS, camisola BILLABONG, camisa e calças CHEAP MONDAY, botas CAT

5352

Page 28: Elite Lisbon

Joseph, cap NEW ERA, casaco FRED PERRY, t-shirt PEPE JEANS

Maryana, chocker H&M, anéis MAGNÓLIA, camisa CHEAP MONDAY, t-shirt PEPE JEANS

Maryana, casaco e jeans LEVI’S, sweater PEPE JEANS, camisola

ERICEIRA SURF SHOP, ténis MERRELL

5554

Page 29: Elite Lisbon

Maryana, chocker H&M, camisa RVCA, top BILLABONG

Joseph, gorro NEW ERA, óculos EMPORIO ARMANI, t-shirt PEPE JEANS,

camisa PEPE JEANS, jeans LEVI’S, meias H&M, ténis CONVERSE

5756

Page 30: Elite Lisbon

Joseph, casaco ELEMENT, camisa RVCA, jeans LEVI’S, ténis CONVERSE

Maryana, t-shirt VOLCOM, camisola RVCA, calças

SUPERTRASH, ténis PALLADIUM

5958

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Kiss the past

Kiss the past

Kiss the past

Kiss the past

fotograf ia: João Paulostyl ing: Daniel Bapt ista Ribeiro & Rita Cerqueira

assist ido por Joana Borges make-up & hair : Tom Perdigão

modelo: Francisco Soares @ Elit e Li sbon

set design: Car los Correia de CarvalhoAgradec imentos Le il oe ira Bidding

camisola COS, fato H&M, cinto COS, luvas LUÍS CARVALHO,

casaco NAÍR XAVIER

<casaco H&M, fato LUÍS CARVALHO, colete em pêlo CARLOS GIL, sapatos COS

6160

Page 32: Elite Lisbon

camisola de gola alta H&M, casaco LE COQ SPORTIF, camisola

COS, saia PEDRO PEDRO, sapatos COS, casaco NAÍR XAVIER

camisa CARHARTT, blusão DIESEL, calças GANT, sapatos COS, mochila COS

6362

Page 33: Elite Lisbon

camisa GANT DIAMOND G, colete GANT, camisola H&M, calças LE

COQ SPORTIF, casaco ERMENEZILGO ZEGNA, sapatos TOMMY HILFIGER

chapéu produção, camisa CARHARTT, casaco DIESEL, calças COS, sapatos MIGUEL VIEIRA, blusão DIESEL

6564

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Cacilhas

Cacilhas

Cacilhas

Cacilhas

Cacilhas

À saída do cacilheiro, embalado pelas ondas do lado Norte da margem, está à beira Tejo calcetada a irmã mais nova de Lisboa. Cacilhas do jardim deitado ao rio, da antiga Lisnave, do Cristo Rei abraçando a ponte. E em Cacilhas, de uma estrada desabrochou calçada, e da calçada desabrochou uma rua animada – a Rua Cândido dos Reis nunca mais foi a mesma e, por isso, está na moda.

Onde comer

À porta lê-se "ESTAMINÉ 1955" e não é preciso procurar muito –o cheiro a hambúrgueres gourmet vai buscar-nos ao barco. Gourmet, mas portugueses acima de tudo!Os criadores procuravam um espaço histórico para abrir o seu cantinho de "hambúrgueres típicos", o seu estaminé contemporâneo de comida portuguesa, e encontraram-no em Cacilhas, numa rua com tantos restaurantes, mas sem concorrência. Restauraram a antiga leitaria do Sr. Brito e homenagearam, através do nome, a data de abertura do espaço. O ESTAMINÉ 1955 envolve a gastronomia tradicional em duas redondas fatias de pão e serve-a temperada com ingredientes como couve, presunto e alheira –não há hambúrguer mais Lusitano! Tentam agradar a gregos e troianos com nacos de novilho guarniçados à moda de Portugal de Norte a Sul. Ora temos o Tripeiro, o Funchalense ou o Galo de Barcelos; ora comemos banana

numa cama de agrião ou ovo escalfado em cebolada de tomate.Uma hamburgueria à portuguesa, com certeza!

Onde beber

Apetece-te uma birra? Há uma casa de cervejas pronta para te matar a sede! "Birraria" é um bar-galeria criado por alguém com um apelido apropriado –JOÃO BIRRA–, que criou a nova paragem obrigatória de fim-de-semana. Neste espaço, convive-se, bebe-se com gosto e variedade, e aprecia-se arte. O criador embebeda os clientes com arte, enquanto lhes serve copos de cerveja artesanal ou, para os amantes de bebidas espirituosas, um gin português tinto, distinto pela sua apresentação, ou um Jinzu –bebida híbrida entre gin e sake. Com um design moderno e clean, focado nas paredes forradas com trabalhos de artistas em ascenção, as mesas enchem-se de copos vazios entre comentários sobre a arte que JOÃO BIRRA promove na sua galeria embebida em cevada. Já tens planos para o próximo fim-de-semana?

Onde comprar

Toda a gente tem uma memória da casa dos avós: a mobília antiga, os bibelôs em cima da televisão ainda com botões, as toalhas de renda e os panos de croché... Entrar na CASA DA AVÓ BERTA é reviver essa decoração característica de uma forma nostálgica. Entramos numa sala de família e somos

convidados a sentir-nos em casa, rodeados de produtos artesanais 100% portugueses. A neta e bisneta da Avó Berta honram a memória do seu tempo com cerâmicas de Bordallo Pinheiro, sabonetes Castelbel Porto, lápis de Viarco, livros de receitas com sardinha e bacalhau, chocolates Regina, licores caseiros, conservas Graciete e tantas coisas mais, que só encontraríamos na casa dos nossos avós. A família da Avó Berta abre-nos a porta para uma experiência revivalista, e se quiseres saborear um lanche com tradição também há bolachas caseiras e uma groselha fresquinha à tua espera na esplanada.

De Cacilhas para o barco a pedalar! A moda das bicicletas FIXIE customizadas chegou à margem sul do Tejo pelas rodas da MUNDO FIXIE –um espaço onde

cada bicicleta tem uma identidade própria e é materializada à medida do cliente. Os criadores, dois amigos de longa data, promovem a fuga à produção em massa ao construírem bicicletas com personalidade –"tornando cada bicicleta numa extensão do seu utilizador". Dentro do espaço, encontramos uma decoração ao estilo retro, com peças de bicicletas espalhadas pelas paredes, e um sofá antigo que convida a sentar e beber um copo de vinho nesta oficina, que também põe a fome a andar de rodas com um menu amigo dos vegetarianos.

A nova cara de Cacilhas Texto por Joana Teixeira

Fotografias por Silvia Martinez

Estaminé 1955 Estaminé 1955 Mundo Fixie

Birraria

Casa da Avó Berta Casa da Avó Berta

6766Parq Here Espaços

Parq Here Espaços

Parq Here Espaços

Parq Here Espaços

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