28

em - Agência ECCLESIA · sociais, culturais, familiares e religiosos fortalecerá a nossa autoestima, esperança e alegria de viver D. António Vitalino, bispo de Beja, 22.04.13

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte,Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.:218855472; Fax: 218855473. [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08-11 - Nacional12- Opinião D. Manuel Linda14 - A semana de Sónia Neves16-23 - Entrevista D. Manuel Martins24-33 - Dossier - Liberdade

34: Espaço Ecclesia36-39 - Internacional40 - Cinema42 - Multimedia44 - Estante46 - Vaticano II48 - Agenda50 - Liturgia52 - Programação Religiosa53 - Por estes dias54 - Fundação AIS

Foto da capa: Radio VaticanFoto da contracapa: Agência Ecclesia

2

Opinião

Ideais de abrilemD. AntónioFerreira GomesEntrevista a D. Manuel Martins[ver+]

LiberdadeVários olhares sobre o tema emdestaque na celebração do 25 deabril[ver+]

A lição do Papaaos seus padresFrancisco deixa orientações no DiaMundial das Vocações[ver+]

D. Manuel Linda

3

Dias de liberdade

Paulo Rocha, AgênciaEcclesia

A sociedade ocidental vive da conquista deliberdades, da capacidade que pessoas einstituições têm de poder escolher. Felizmente asatuais gerações fazem parte dessa “tribo”,traduzida no exercício da democracia. Nãoapenas a que permite ser governo ou oposição,mas também a que enquadra toda a organizaçãosocial em eleições, mesmo aquelas mais oumenos previsíveis.Um regime positivo, assumido como o melhorpara proporcionar a dignidade de vida a todos oscidadãos, onde a instrução pessoal e a proteçãosocial são indicadores centrais. Portanto, ummodelo de organização da sociedade a defender.A excessiva proximidade a qualquer realidadeimpede a sua valorização.Não criar distanciamentos críticos geraindiferença, permite o desgaste, cria demasiadaszonas cinzentas. Também no que se refere a estebem cultural maior, a liberdade.

4

Recordar o 25 de abril, reverimagens e depoimentos, ouvir oambiente das ruas desses tempostem de ser uma ocasião paramotivar a participação de cadacidadão na construção de umasociedade mais justa. E é nessa“revolução” que interessa participar:a que promove o bem comum. Nãoé necessário outra!O direito ao trabalho/emprego éjustamente um dos estandartes dassociedades em liberdade. Noentanto, o crescimento dos índicesde desemprego indica que algo vaimal na organização desse bemmaior da democracia.Na Doutrina Social da Igreja, não sedefende apenas o direito aoemprego nem o trabalho éapresentado exclusivamente nosentido “objetivo e material”. Mas

afirma-se que o trabalho é uma“atividade que exprime sempre apessoa”, um meio onde encontra arealização de uma “vocação naturale sobrenatural” (CDSI, 101).Se o direito ao trabalho se distanciardo dever de descobrir e concretizarum projeto de vida, o mundo laboralpode fragilizar a organização socialdas sociedades livres, cada vezmais atingidas pela impossibilidadede garantir emprego para todos epela limitação de oferecer proteçãosocial a quem cai no desemprego.Os dias de liberdade exigem, assim,que dois princípios fundamentais daDoutrina Social da Igreja estejamentre as prioridades de todos oscidadãos: a construção do bemcomum e a possibilidade de umtrabalho que seja a realização deum itinerário vocacional.

5

Relatório do Conselho da Europa denuncia sobrelotação e falta decondições de alimentação e saúde nas prisões portuguesas24.04.2013

6

A liberdade religiosa não é umaopção mas antes uma necessidade.No mundo atual marcadamenteglobalizado, onde as culturas seentrecruzam e fiéis de diferentesreligiões têm de viver lado a lado, aliberdade religiosa não é um luxoque possa ser descartado porcapricho ou mania, é um imperativopara qualquer sociedade quepersiga o progresso e a harmoniade vidaCardeal Gianfranco Ravasi,presidente do Conselho Pontifíciopara a Cultura, na abertura daconferência TEDx intitulada “Via daReconciliação, em Roma, 19.04.13

Exercitai na alegria e na caridadesincera a obra sacerdotal de Cristo,determinados unicamente a agradara Deus e não a vós mesmos. Sedepastores, não funcionários! Sedemediadores, não intermediáriosHomilia do Papa Francisco, 50.º DiaMundial de Oração pelas Vocações,20.04.13

Para além dos investimentos emordem à criação de emprego e dacorrespondente procura de trabalhopor parte das pessoas, precisamosde formação para novos hábitos deurbanismo e de ocupação do nossotempo. Despertar para os valoressociais, culturais, familiares ereligiosos fortalecerá a nossaautoestima, esperança e alegria deviverD. António Vitalino, bispo de Beja,22.04.13 O Cristianismo não é uma teoria, éuma experiência, uma experiênciaque se comunica. Uma dasfraquezas da Igreja hoje, porventuradas Igrejas do Ocidente, étransformar o Cristianismo numdiscursoD. José Policarpo. JornadaDiocesana da Juventude, Lisboa,21.04.13

7

Igreja une cada vez mais bibliotecas

A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra é a maisrecente parceira do projeto Cesareia, através do quala Igreja Católica está apostada em divulgar epotenciar o património bibliográfico de naturezareligiosa existente no país. Em declarações prestadasà Agência ECCLESIA, o presidente da ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturais e ComunicaçõesSociais classificou a adesão da biblioteca setecentistacomo “uma excelente notícia” e uma motivação extrapara quem quer colocar a herança literária cristã cadavez mais “à disposição” das pessoas.“Trata-se de uma biblioteca do Estado, sem ligaçãoinstitucional à Igreja, mas em razão dos seusconteúdos e da sua história, faz todo o sentido recebê-la e integrá-la no nosso catálogo”, realçou D. PioAlves.A presença daquele acervo “emblemático” no projetoCesareia foi confirmada ao bispo auxiliar do Portodurante o 3.º Encontro Nacional sobre a Biblioteca e oLivro em Instituições Eclesiais, que decorreuprecisamente no meio do arquivo literário do Paláciode Mafra.Teresa Amaral, responsável por aquele espólio desde1994, adiantou que, numa primeira fase, “serãointroduzidos cerca de 15 mil livros” no catálogo onlinedesenvolvido pelo projeto Cesareia, lançado em 2008.Para além da promoção do património literárioreligioso, o trabalho coordenado pela ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturais e ComunicaçõesSociais pressupõe a formação técnica e arequalificação dos recursos humanos que lidamdiariamente com aquele tipo de obras.

8

Até agora, já aderiram perto de trêsdezenas de bibliotecas sobretudoligadas a instituições da Igreja.De acordo com Sandra CostaSaldanha, diretora do SecretariadoNacional para os Bens Culturais daIgreja, o projeto Cesareia registouum crescimento “significativo” nosúltimos meses, especialmente juntodas “instituições com maisdificuldades”. “Estamos a conseguiriniciar a catalogação em algumasinstituições e a fornecer o apoionecessário, isto com o objetivo finalde engrossar um

catálogo coletivo que tem vindo aaumentar bastante, com mais de800 mil registos neste momentodisponíveis online”, salienta aquelaresponsávelApesar desta evolução, a IgrejaCatólica ainda tem um caminho“considerável” a percorrer paraconseguir reunir todas as bibliotecasreligiosas no mesmo banco digitalde dados. Segundo D. Pio Alves, osprincipais obstáculos residem na“escassez de meios financeiros,humanos e tecnológicos dasdioceses”.

9

Dia Mundial das ComunicaçõesSociais

A Igreja Católica convida osjornalistas portugueses a estarempresentes no encontro deapresentação do Dia Mundial dasComunicações Sociais 2013, sob otema “Redes Sociais, portais deverdade e fé”. O encontro estámarcado para o dia 8 de maio, pelas16h00, no auditório do FórumPicoas, em Lisboa, e conta com apresença de Abílio Rodrigues, daPortugal Telecom, que falará sobre“O desenvolvimento tecnológico dasredes sociais”, e do professor

Bento Oliveira, que abordará o tema“Perfil do iEvangelizador”. D. PioAlves, bispo auxiliar do Porto epresidente da Comissão Episcopalda Cultura, Bens Culturais eComunicações Sociais, vai falar aospresentes sobre “Portais deVerdade e de fé”. O encontro vai serintroduzido pelo cónego João AguiarCampos, diretor do SecretariadoNacional das Comunicações Sociaisda Igreja, organismo que promove ainiciativa. Maisinformações: www.ecclesia.pt/dmcs

10

Igreja preocupado com estado dasprisõesO coordenador da PastoralPenitenciária da Igreja Católicacriticou hoje as condições dealgumas prisões portuguesas, apósa divulgação de um relatório doConselho Europeu sobre a visitaefetuada em 2012 a prisões,esquadras e centros de detenção.“Quando um tribunal aplica umapena de prisão priva a pessoa deliberdade durante algum tempo masnão a priva de outros direitos”,declarou à Agência ECCLESIA opadre João Gonçalves.

O responsável lamentou a falta de“condições de habitabilidade” e asdeficiências na alimentação ecuidados de saúde que se verificamem algumas cadeias. O recluso “nãopode sofrer mais do que uma penapelo mesmo crime, pelo que todasas outras penas que a prisãoimplique já são excedentes”,acentuou, antes de lembrar que a“instabilidade interior” pode ter comoconsequência o surgimento de“conflitos”.

11

Páscoa conjuga-se com DireitosHumanos

D. Manuel LindaBispo auxiliar de Braga

Já o fiz muitas vezes sem conta. Mesmo assim,não consigo rezar o Salmo 8 sem uma espéciede calafrio interior: “Senhor, nosso Deus, como éadmirável o teu nome em toda a terra! Que é ohomem para te lembrares dele, o filho do homempara com ele te preocupares? Fizeste delequase um ser divino; de glória e de honra ocoroaste. Deste-lhe poder sobre a obra das tuasmãos. Tudo submeteste a seus pés”.Pois é. Recuso-me a ver o homem como meroproduto da evolução cega, agregado mais oumenos feliz de células que se organizaram emtecidos e órgãos. Não! O que diviso é um serdotado de inteligência ordenadora, capacitadopara o diálogo e para a colaboração com osemelhante, habilitado para o exercício amorosodo poder sobre as criaturas do mundo, portadorde uma dignidade radicalmente superior aquanto existe e chamado a um destino meta-temporal.Por isso, com propriedade, se pode dizer deleque é “quase um ser divino”.Dizem-me que, na antiga sede da Sociedade dasNações, em Genebra, transcreveram parte desteSalmo, para acentuar a dignidade, a honra e aglória da pessoa. Fico feliz por saber que, para osamantes da paz, a dignidade do homem é motivode assombro e deslumbramento. Como tal, promessa de que o mundo ou se edificasobre a dignidade humana ou, simplesmente, nãose edifica

12

Em perceção da fé, sei dondederiva essa dignidade: do facto deDeus o ter feito “à sua imagem esemelhança”, de lhe confiar a tarefade continuar a obra da Criação e,fundamentalmente, de o terelevado, em Jesus Cristo, àdimensão de seu filho. Importa teristo presente, pois sem bases, nãohá construção que se aguente. Porexemplo, essa magnífica«arquitectura» que é a Declaraçãodos Direitos Humanos. Amentalidade laicista diz que nãoimporta onde se fundamentam: oimportante é estarmos de acordocom eles e salvaguarda-los.Permito-me discordar rotundamente:se os não descobrirmos no sólidofundamento

de expressão da dignidade dapessoa, facilmente caímos naarmadilha de os julgarmosconcessão do Estado. E este nãopode dar o que não tem. Só lhecompete reconhecer, defender eajudar a promover a dignidade daspessoas, expressa em direitosinalienáveis, invioláveis e universais.Neste tempo de Páscoa, comfrequência, dou comigo a pensarque o acontecimento redentor deJesus Cristo só se compreendenesta necessidade de restaurar adignidade humana, profundamenteafectada pelo mal e pelo pecado. Ea dignidade exprime-se em direitos.Por isso, Páscoa também seconjuga com direitos humanos.

13

A liberdade de ser…

Sónia NevesAgência Ecclesia

As primeiras vezes que ouvi falar na palavraliberdade foi em jeito de recordação… Na minhacidade de Aveiro realizou-se o primeiroCongresso Republicano, em oposição ao regimedo Estado Novo.Não percebia bem o que era ser livre maslembro-me de os meus avós contarem a agitaçãosubtil, quase misteriosa, de uma ida a umcongresso destes, num teatro conhecido dacidade.“Não tínhamos liberdade para nada, havia medoe não nos deixavam falar. Íamos de fugida!”.Aquela frase encerrava toda a minha primeiranoção de liberdade. Eram longas as conversas aquerer saber mais, onde a minha curiosidade sealinhava à vontade de agora falar do quepassaram “noutros tempos”, como diziam.Hoje pergunto-me o que é isso de liberdade?Gosto da palavra, da forma como soa e dosvalores que traz atracados. A liberdade éencarada numa forma extrema de “se fazer o quequiser” mas não a vejo assim. O dicionário dizque é o “direito de proceder conforme nospareça, contando que esse direito não vá contrao direito de outrem”.Acredito, mas vejo a liberdade de formas várias.Encontro liberdade naqueles que procuram fazero bem e estar ao serviço dos outros, como ocaso dos vicentinos, que esta semana

14

celebraram o bicentenário denascimento do seu fundador,Frederico Ozanam.Há liberdade nas palavras de ânimodo evangelho de domingo, o BomPastor, a liberdade que cada crentetem de seguir a Deus. Foi aindaeste o domingo escolhido paraencerrar a semana das vocações, averdadeira liberdade, como assimentendo. A profissão, cada um élivre de escolher a que quer, mas avocação é mais do que isso, é averdadeira liberdade depois daescolha, o sentimento de satisfaçãoque leva cada um a traçar ocaminho da felicidade.Não posso deixar de associar aliberdade ao clima, (parecedespropositado), mas a primaverachegou com o seu vigor só estasemana que antecede o feriadoaprumado à liberdade. O sol raiouquente e o vento amainou trazendoa liberdade nos passeios, nas idas àpraia, num gelado no jardim ousimplesmente num sorriso na idapara o trabalho.

Também é no Amor que a liberdadese torna presente, nos maispequenos momentos que podemparecer grandes, a liberdade deestar, de ser quem é, de “rir comuma rapariga”, como dizia ojornalista e escritor Miguel EstevesCardoso, nas páginas de um jornalneste domingo. Na roda gigante queé o Amor, a liberdade terá de andarsempre de mãos dadas.A liberdade pode ser pintada detodas as cores mas vejo-a sempreem harmonia, numa forma de estarbem comigo e com os outros… Soulivre porque tenho um sorriso nacara e acredito no que o PapaFrancisco dizia: "Nunca sejaishomens e mulheres tristes: umcristão não o pode ser jamais!"

15

Os ideais de abrilno magistério

de um bispo

16

D. Manuel Martins, bispo eméritode Setúbal, aborda a atualsituação portuguesa, nos 39 anosda revolução de abril, tendo comopano de fundo a vida e obra de D.António Ferreira Gomes (1906-1989).O prelado é administrador daFundação SPES, que procuramanter viva a memória dofalecido bispo do Porto. Agência ECCLESIA (AE) - Quem foiD. António Ferreira Gomes?D. Manuel Martins (MM) – Paramim, foi o bispo por antonomásia,na Igreja portuguesa e não só, noséculo XX. O trabalho, o seutestemunho, a sua mensagem, elepróprio, bispo e cidadão, marcou aIgreja naquele tempo e a sociedadeportuguesa.Podemos dizer do magistério de D.António Ferreira o que dizemos doConcílio Vaticano Il, que foi umgrande acontecimento eclesial, umPentecostes na Igreja, masacontecendo na Igreja, aconteceuno mundo e por causa do mundo.

Sendo a Igreja continuadora deCristo, ela tem de estar ao serviçodo mundo: uma Igreja que não serveo mundo, não serve para nada, nãoprecisava de existir. AE – Pode dizer-se que D. AntónioFerreira Gomes antecipou os ideaisde abril?MM – Tenho toda a certeza disso,porque ele era um homem cujaidentidade, digamos, era aliberdade, o entusiasmo pelaliberdade, o culto da liberdade.Aliás, sentia o que todos nósdevíamos sentir: a liberdadeidentifica-se com a nossa própriadignidade.D. António Ferreira Gomes era umhomem livre, por identidade, e quecultivava o sentido da suadignidade. Por isso, era muitosensível a tudo aquilo que ferisse aliberdade.Nós vivíamos num tempo em quehomem era ferido na sua liberdadee a própria Igreja era ferida na suaessência, na sua missão, na suarazão de ser.

17

AE – Uma das frases do testamentodo bispo do Porto dizia: ‘Homemlivre, sempre aspirei a dedicar estaliberdade a uma causa quesuperasse a minha vida’. Define bemo homem?MM – Como disse, D. AntónioFerreira Gomes sempre viveu oideal da liberdade, ele mergulhava eimergia da liberdade. Porconseguinte, tudo aquilo que ferialiberdade, fosse do homem, fossedo povo português onde estavainserido, fosse da Igreja,incomodava-o muito e fez disso asua grande lição pastoral. AE – Em 2013, D. António FerreiraGomes ficaria muito chocado?MM – Ele ficou muito contente como 25 de Abril, tão contente que atépublicou uma carta pastoral sobre aliberdade, mas logo se começou aassustar quando entramos naqueleperíodo do PREC, com tantaviolação e atentado à liberdade, emtodos os mundos, do familiar aopolítico. Todas as suas homilias doDia Mundial da

Paz, a 1 de janeiro, eram depoismais de lamento das agressões quese faziam à paz.Todas as suas homilias do DiaMundial da Paz, a 1 de janeiro, eramdepois mais de lamento dasagressões que se faziam à paz. AE – Essa aspiração à paz e àliberdade valeu o exílio (1959-1969)…MM – Todo o testemunho de D.António Ferreira Gomes, a sua açãotinham como pano de fundo apreocupação evangélica e eclesialde exigir sempre liberdade, lamentarsempre as situações em que ela nãoexistia. A sua ação pastoral tinhacomo fundamento a dignidade divinado homem, do povo, da Igreja.Não foi por este ou aquele discurso,era ele próprio, foi isso que mereceuo descontentamento profundo,permanente e crescente dopresidente do Conselho, AntónioOliveira Salazar.Salazar procurava há muito tempo aoportunidade de o exilar,ameaçando até com a denúncia

18

da Concordata, e procurando juntoda Santa Sé que fosse exoneradode bispo do Porto, mesmo que semexílio. Chegou a mandarembaixadores especiais à Santa Sé. AE – E o que diz hoje este homem?MM – Todos os escritos que digamrespeito à liberdade, à dignidade dapessoa e aos direitos humanos sãode ontem, são de hoje e são detodos

os séculos. Ele estava no seutempo, perfeitissimamente. Haviaquem dissesse que a grandecaraterística de D. António FerreiraGomes, que o prejudicava até nasua ação pastoral, era ser umhomem que via o amanhã, que nãovivia debruçado sobre os problemasde hoje, tinha uma perceçãoespecial para o que chamamos ossinais dos tempos.

19

AE – Vendo a sociedadeportuguesa, que assuntos etemáticas mereceriam atualmenteuma nota pastoral?MM – É muito difícil. A gente nãosabe a quantas andas, não sabesobre quantas minas pousamos osnossos pés. Vivemos, realmente,num terreno minado, num tempo –se calhar estou a exagerar, quecheira a pólvora.Não digo pólvora de guerra, mas deperturbação social. Oxalá meengane, mas tenho a perceção deque da maneira como as coisasestão a correr e a evoluir, damaneira como o povo está arelacionar-se com o poder – o povocontra o poder e o poder ignorandoo povo -, numa relação antagónica,alguma coisa pode acontecer epode não demorar muito tempo.Nós não podemos esquecer que hámuito desespero guardado, contido,em muitos milhões dos nossoscompatriotas. Ponho-me na peledeles, das pessoas que sabem queperderam o trabalho

Ninguém está seguro.Isto é uma perturbação,vivemos na ditadura domedo. ou que o vão perder amanhã, quetêm todos os seus compromissossociais, familiares, etc., a cumprir.Mesmo uma pessoa que julga ter umtrabalho constante, amanhã nãosabe se o tem, por mais fixo queseja. Nós vemos como é que asinstituições estão construídas, asempresas que parecem mais sólidasde um dia para o outro caem.Ninguém está seguro.Isto é uma perturbação, vivemos naditadura do medo.

20

AE - São limites da democracia? MM – Já comecei a dar a resposta.Há um autor francês que diz querealmente a democracia é o menosmau dos regimes, retomando opensamento de Churchill, mas queas democracias são as que maisportas abrem às ditaduras.Nós vivemos numa ditadura e senão quisermos ir mais longe, temosesta à mão, que palpamos, que é aditadura do medo.Vivemos sob a ditadura do medo,mesmo as pessoas que à partida eno imediato não têm razão para termedo.Essa gente do dinheiro, porexemplo, já anda com medo de operder, anda a deslocá-lo de aquipara além.Nem confia para ter oseu dinheiroem Portugal.

21

AE – Perdeu-se a liberdade?MM – Se vivemos em ditadura,perdeu-se a liberdade.Por conseguinte, precisávamos deoutro 25 de Abril, com aexperiência de desenvolvimento daconsciência democrática que játemos, mas que fizesse de nósuma sociedade consciente eresponsável onde o mais poderosonão roubasse o menos poderoso.Precisamos de um 25 de Abril quegarante a paz, que se baseie najustiça.Podemos ter a chamada paz podree viver com os pés cheios de lama,isso não se pode chamar paz, nãose pode chamar liberdade.Precisamos de um 25 de Abril que,tanto quanto possível na nossahumana natureza, se identificassecom o 25 de Dezembro.

22

Citações “O diálogo da Igreja com a Culturatem de pôr o homo ecclesiasticusem conversação de ideias com asculturas.” (Antologia, vol. 3, 122) “Ser homem é ser livre. Ser livre,dentro da natureza criada, é serhomem... É pela inteligência evontade,... que o homem é livre. Éigualmente pelo espírito que ohomem realiza a suatranscendentalidade” (Antologia,vol. 2, 120) “Foi (como os grandes bisposmedievais) um construtor; foi, comeles, um lutador. Na coragem, nodesassombro, na lealdade, naclareza, foi bem um lutadormedieval. [...] Como sacerdotedevo-lhe tudo, porque lhe devo aordenação sacerdotal, talvez aprimeira que conferiu nestaDiocese” (Justiça 30-03-1942;Documento VP n.º 4, 11-04-1970)

“A Igreja deve ser ‘Cristo espalhado’no espaço do orbe e ‘prepetuado’ notempo histórico. Se... a Igreja não éou desiste de tentar ser o organismodo amor de Deus no mundo e a estemundo, que poderá ela ser?!...”(Antologia, vol. 2, 40) “Em vez de uma sociedade assentesobre o separatismo entre categoriassociais... e no casticismo abominadorde misturas, podemos idear umasociedade em que o valor e serviçoseja o critério de distinção e em que afraternidade humana seja o cimentode união, não entre gente bem, masentre gente boa” (Antologia, vol. 1,115)

Fotos: Fundação SPES

23

Quem nos garante a liberdade?

Hermínio Rico

Acima de tudo o resto, nós próprios! Quando somoslivres para escolher, são as escolhas que fazemosque, em grande parte, determinam se continuaremos ater liberdade para escolher. É a responsabilidade quegarante a liberdade. A liberdade é capacidade quetemos de sonhar, desejar e optar. Mas nem todo osonho é possível, nem todo o desejado estáimediatamente ao nosso alcance. A liberdade nuncadeixa de estar condicionada pelos limites da realidade.É a forma como gerimos, no tempo, de modo realista eresponsável, o prosseguimento dos nossos sonhos ea satisfação dos nossos desejos que garante quanto anossa liberdade perdura e a medida em que cresce oudiminui. Em cada presente colhemos aresponsabilidade com que usámos a liberdade nopassado e semeamos a liberdade disponível no futuro.Se algo, fora de nós, nos quer impedir de sonhar enão nos dá a possibilidade de escolher, está a tirar-nos a liberdade. É preciso resistir-lhe. Mas se alimitação presente à nossa capacidade de escolharesulta de opções tomadas no passado que nosfecharam hipóteses, temos que assumir aresponsabilidade por termos hipotecado a nossaliberdade. Desvalorizar a liberdade acontece tantoquando nos resignamos a que não nos deixemescolher, como quando queremos recusar aresponsabilidade pelas escolhas feitas. Querer serlivre é estar pronto a arriscar, assumir sempre asconsequências das decisões tomadas, tanto

24

para o bem como para o mal. Atirarpara fora de nós as culpas pelasmás escolhas próprias e esperar deoutros a resolução das suasconsequências desastrosas é faltade maturidade: muito desejo deliberdade, mas pouca assunção daresponsabilidade.A liberdade é sempre projeto ecaminho. Nunca está definitivamenteadquirida, nem há nada que apossa garantir, dispensando anossa vigilância e empenho em adesenvolver e aprofundar. Avalorização da liberdade expressa-se no esforço continuado de alargarhorizontes para o sonho e fazercrescer a

capacidade de satisfação dosdesejos, tanto para nós como paraaqueles que virão a seguir. Gastarliberdade egoistamente, sematenção ao futuro, é atentado àliberdade.Seja onde for que esteja a nossacapacidade de escolha presente, anossa responsabilidade chama-nosa procurar entregar às geraçõesfuturas o máximo de liberdadepossível, mesmo que isso peça,agora, sacrifícios grandes para,responsavelmente, conseguirmos, omais rapidamente possível, minoraros efeitos de ter malbaratado aliberdade recebida.

25

Liberdade, quem a tem chama-lhesua!

Mário da Silva MouraPresidente da ComissãoJustiça e Paz da Diocesede Setúbal

“Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhesua” era o refrão duma canção qualquer do meutempo de infância, ainda em tempos de ditadura,com censura ao que se escrevia ou mesmo aoque se cantava! Quantos discos do Zeca Afonsoou do Adriano de Oliveira tive de ouvir ásescondidas!Passou há dias mais um aniversário do 25 deAbril de 1974, feriado já sem significado paramuita gente atualmente – é gente que não sabe,nem tem experiência do que foi viver décadassem poder comentar, escrever, reunir,manifestar-se, até cantar o que lhe bemaprouvesse.As pessoas com menos de 50 anos não tiverampor isso a experiência da falta de liberdade parapoderem viver esse feriado que passou com umacerta emoção.Sofri as inclemências do lápis azul (ou eravermelho?) enquanto diretor de dois jornais, fuialvo de queixas ás autoridades por falar eescrever a minha opinião sobre coisas que nãoconvinham ao poder estabelecido, sofri atrasosem nomeações profissionais pelo obstáculo doparecer da PIDE.Não posso pois deixar de passados tantos anospoder escrever e falar á minha vontade.No entanto muita coisa se foi modificando na vidapolítica e social nos últimos anos que me foidando uma nova sensação duma limitação áminha liberdade tão amada.

26

A censura hoje é mais sofisticada ecamuflada pois se exerce pelasburocracias, pelas demoras ássoluções do que se pede, pelasexigências disto e aquilo,enredando-nos numa verdadeirateia inibidora dos nossos objetivos.E tantas vezes tudo se faz conformeas exigências regulamentares edepois alguém nos ultrapassa porinfluência dum cartão partidário, porexemplo, ou por preconceitos deraça, cor ou religião.E começamos a sentir que afinal aliberdade conquistada não é assimtão límpida quanto isso.E já não quero falar do verdadeirobig brother que nos envolveenviando imagens da nossapassagem por um banco, por umaqualquer loja, até por esta ouaquela rua de mais movimento,centralizando algures num

computador as minhas receitas dafarmácia, as minhas visitas aomédico ou até um bom almoço ondepedi a minha legal fatura – afinal aliberdade conquistada em 25 deAbril parece ser uma ficção.E como cristão que me prezo nadacontribuí para o bispo que preside áminha diocese, nem mesmo para opároco da minha paróquia, como heide pensar na liberdade?E se nas minhas leituras teológicasencontro com alguma frequência umou outro teólogo que apreciocondenado pelo Santo Ofício, entãoa minha plena consciência daliberdade, tão querida pelo Jesusque me apaixonou, sente-seprofundamente abalada.Por isso me vem á mente a cançãoda minha infância: “liberdade,liberdade, quem a tem chama-lhesua!”

27

liberdade João Paulo II, ‘Sollicitudo Rei Socialis’, n.º 46

Um desenvolvimento somente económico não estáem condições de libertar o homem; pelo contrário,acaba até por o escravizar mais. Umdesenvolvimento que não abranja as dimensõesculturais, transcendentes e religiosas do homem eda sociedade menos ainda contribui para averdadeira libertação, na medida em que nãoreconhece a existência de tais dimensões e nãoorienta para elas as próprias metas e prioridades. Oser humano será totalmente livre só quando for elemesmo, na plenitude dos seus direitos e deveres; o mesmo se deve dizerda sociedade inteira.

Bento XVI, Milão, 2 de junho de 2012

A liberdade não é um privilégio para alguns, masum direito para todos, um direito precioso que opoder civil deve garantir. Todavia, liberdade nãosignifica arbítrio do indivíduo, mas implica aocontrário a responsabilidade de cada um. Esteconstitui um dos elementos principais dalaicidade do Estado: assegurar a liberdade, a fimde que todos possam propor a sua visão da vida comum, mas sempre norespeito pelo próximo e no contexto das leis que visam o bem de todos.

28

Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n.º 336

A doutrina social da Igreja considera a liberdade da pessoano campo económico um valor fundamental e um direitoinalienável a ser promovido e tutelado: Cada um tem odireito de iniciativa económica, cada um usarálegitimamente os seus talentos, a fim de contribuir para umaabundância proveitosa a todos e recolher os justos frutosdos seus esforços.

Concílio Vaticano II, constituição pastoral Gaudium et Spes, n.º 17

É só na liberdade que o homem se podeconverter ao bem. Os homens de hojeapreciam grandemente e procuram comardor esta liberdade; e com toda arazão. Muitas vezes, porém, fomentam-na dum modo condenável, como se elaconsistisse na licença de fazer seja oque for, mesmo o mal, contanto queagrade. A liberdade verdadeira é umsinal privilegiado da imagem divina nohomem. (…) Exige, portanto, a dignidadedo homem que ele proceda segundo aprópria consciência e por livre adesão,ou seja movido e induzido pessoalmentedesde dentro e não levado por cegosimpulsos interiores ou por mera coaçãoexterna.

29

Pacem in Terris foi basepara revolução do 25 de abril

A luta pela liberdade e pelos direitos dos cidadãos,formuladas 11 anos antes da revolução do 25 de abrilna encíclica Pacem in Terris, abriram caminho para aRevolução dos Cravos, afirma José Rodrigues.“Naquele tempo foram documentos da Igreja com estaenvergadura que foram marcando as etapas dosjovens, forjando uma escola de consciências, desolidariedade, de descoberta de valores para a vida epara o tempo”, explica numa entrevista à AgênciaECCLESIA o vice-presidente nacional da LigaOperária Católica – Movimento de TrabalhadoresCristãos (LOC-MTC) que em 1963, data da publicaçãoda encíclica de João XXIII, tinha 12 anos e começava aenvolver-se na Juventude Operária Católica (JUC).As propostas do Papa Roncalli apontavam aimportância de “olhar o homem como pessoa, comdireito a ter uma vida digna, a ter direito ao trabalho, ater direito à liberdade”, numa altura em que emPortugal estava “em ditadura” e era preciso “escondertudo”.João XXIII apresentava uma “visão larga” sobre otempo que havia de vir, dizendo que as organizações“precisavam de liberdade” e “denunciando o que oEstado Novo não queria que se denunciasse”.Entre 1963 e 1974 uma geração que aspirava àliberdade começa a formar-se e “documentos destaenvergadura” marcaram os jovens num caminho quese “inicia naquele tempo”, onde a Igreja era a únicacom “espaços de liberdade”.

30

“Os primeiros dirigentes sindicaisforam formados na JOC”, explicaJosé Rodrigues, reformado daLisnave onde participou nomovimento sindical, recordando tersido nos espaços eclesiais que asolidariedade e os direitos formarama sua consciência.O vice-presidente nacional da LOCafirma a presença de “Jesus Cristono compromisso dos militantes queacreditavam no seu projeto deliberdade e de dignidade daspessoas” e tinham como meta “oEvangelho”.José Rodrigues lamenta queatualmente se viva “num mundoteórico”, pois os jovens militantes“são estudantes” que “não colocamna vida o que aprendem na escola”.Ao olhar para as manifestações quepercorrem as cidades onde osmanifestantes reclamam direitos, odirigente lamenta que osmanifestantes nem sempre “tenhamconsciência dos seus deveres”.“Cada um tem o direito de exigir,porque é um direito que lhe assistemas tem o dever de ser capaz decontribuir e exigir de si”.

Para José Rodrigues a encíclica deJoão XXIII não perde atualidade. “Foiescrita num tempo com gente queadivinhava os sinais e por umhomem de vistas largas, sábio”,aponta, acrescentando não sernecessário “inventar nada” masantes “utilizar bem os meios” queexistem.A Pacem in Terris “deve serproclamada e conhecida” para que“todos os homens de boa vontadenão tenham vergonha de assumirque por aqui passam valores e nóstemos ferramentas para os colocarem marcha”.

31

Liberdade, onde te encontro? A procura de liberdade é um tema comum, mas há

muitos caminhos a seguir...António José Barbosa, da Paróquia da Brandoa,Diocese de Lisboa, procurou durante muitos anos umalibertação verdadeira. “Enveredei pelo mundo dadroga, consumi drogas pesadas e estive 10 anospreso por tráfico de estupefacientes e pequenosroubos”, confessa ao microfone da ECCLESIA.Hoje tem 48 anos, é casado e tem uma filha. A suaprocura de liberdade deu lugar à fé que encontrou, eagora vai renovando no caminho neocatecumenal.“Hoje sou um homem novo e só Deus permitiu estecaminho, onde morri e nasci para a vida”.O pediatra José, como quer ser tratado, sente aliberdade na profissão que um dia sonhou ter. “Desdepequeno que sonhava ser médico e consegui…Cuidar das crianças para mim é tudo, pagaria para astratar, como costumo dizer!”.Há 29 anos que a sua profissão se tornou umavocação e as oito horas de trabalho se estendem pordias a fio. Procura a sua liberdade em cada criançaque trata e as que vêm de instituições são para eleuma prioridade. “Tento sempre procurar esta liberdadede ajudar quem precisa porque estas crianças deviamser os heróis das nossas consultas”.O médico sente a sua liberdade nas visitas que faz àsinstituições e na forma como transforma as suasconsultas, “às vezes até cantadas em rap”, como diz.O padre José Luís Costa é o capelão do HospitalPrisional São João de Deus, em Caxias. A cada diaencontra novas histórias de quem procura

32

libertar-se da doença e da reclusão.“Sei de muitas realidades pelogrupo de voluntários que meapoiam. Mas a presença do capelãoé tomada como alguém a quem serespeita”.Os cerca de 150 reclusos que seencontram internados abordam opadre José Luís Costa para pedirem“dinheiro, tabaco ou um cartão parao telemóvel”. “Não sejamosingénuos, procuram-me para tudo…Mas depois percebem que soupadre e diferente e, às vezes,chega-se a conversasinteressantes”, conta o capelão.Para o sacerdote, que acompanhaesta busca constante de liberdade,mostrar que a “Igreja os entende eaceita” é um dos objetivos.O escutismo pode ser entendidocomo outra das formas de procurarliberdade. O chefe Ricardo Perna,do

agrupamento 467 da Charneca daCaparica, região de Setúbal,confirma que “não seria tão livre senão fosse escuteiro”.Entrou para o escutismo há 25 anose sente cada acampamento como sefosse o primeiro: “Há umaadrenalina própria de cada umpoder ser como é naqueles dias”.Hoje, como chefe, asresponsabilidades aumentaram maso caminho que faz com os jovens dá-lhe uma paz diferente para oquotidiano. “As noites passadasa ver as estrelas não se esqueceme dos acampamentos trago uma pazinterior que não se explica, só sevive e sente estando lá”.Estes testemunhos podem serouvidos nos dias 22, 23 e 24 deabril, às 22h45, e no dia 26, pelas18h30 e 22h45, no programaECCLESIA na Antena 1.

33

Um cinema que questiona dogmas Inês Gil, professora universitária de Cinema, considera

que “os melhores filmes para evangelizar são os quequestionam” e “põem em causa os dogmas”, e nãoaqueles que apresentam a mensagem cristã demaneira óbvia. Em entrevista ao programa ‘70X7’(RTP-2), a jurada do prémio atribuído pela IgrejaCatólica no festival IndieLisboa, que decorre atédomingo, observa que a Sétima Arte pode servir de“divertimento” mas também constitui oportunidadepara “refletir”.“[Os criadores] procuram olhar um determinado tema,convidando-nos também a fazê-lo, e assim nósdescobrimos, provavelmente, uma verdade que estárelacionada com a nossa vida”, sublinha MargaridaAtaíde, do mesmo júri. A autora das apreciaçõescinematográficas publicadas semanalmente naAgência ECCLESIA acentua que “muitos filmes”aprofundam “valores cristãos e universais”, mesmoquando são realizados por pessoas “não crentes”,além de proporcionarem a aproximação a “realidadesmuito distantes” dos espetadores.Para Margarida Ataíde os festivais de cinema refletem“o pulsar” cinematográfico ao divulgarem obras quenão passam no circuito comercial, mostrando que umtrabalho “não tem de ser necessariamente rentávelpara ser bom, útil, importante ou proveitoso”.O prémio ‘Árvore da Vida’, no valor de dois mil euros,é concedido pelos secretariados nacionais dasComunicações Sociais e da Pastoral da Cultura daIgreja Católica a um filme realizado por um cineastaportuguês.

34

A distinção manifesta pelo quartoano consecutivo uma “relação deamizade” com o festivalinternacional de cinemaindependente, revelando a“disponibilidade de escuta mútua”entre a organização e a Igreja,assinala Margarida Ataíde.Inês Gil salienta que a “novageração” de realizadores”portugueses é “muito interessantedo ponto de vista humano”.O realizador Jorge Paixão da Costarealça que o IndieLisboa é “umoásis” num país “onde o deserto étotal”, além de constituir a “provaque há

possibilidade de um cineasta serealizar sem grandes meios”. “Ostemas que agradavam no início docinema sonoro têm-se perpetuado”,nota o professor de Cinema,acrescentando que a Sétima Arte, “etudo o que é cultura”, é em Portugal“uma espécie de parente pobre dospobres”.Os prémios da 10.ª edição doIndieLisboa são anunciados eentregues no sábado, em sessãoagendada para as 21h30 no grandeauditório da Culturgest,antecedendo o encerramento dofestival, marcado para domingo.

35

Lição de Franciscopara os padres do mundo

O Papa ordenou este domingo 10 padres paraa Diocese de Roma, numa missa a quepresidiu na Basílica de São Pedro, noVaticano, pedindo-lhes que sejam “pastores” enão funcionários da Igreja.“Conscientes de ter sido escolhidos de entreos homens e postos ao seu serviço nas coisasde Deus, cumpri, com alegria e caridadesincera, a obra sacerdotal de Cristo,procurando unicamente agradar a Deus e nãoa vós mesmos. Sede pastores, e nãofuncionários; sede mediadores, e nãointermediários”, pediu Francisco, na homilia dacelebração que decorreu no 50.º Dia Mundialde Oração pelas Vocações.O Papa argentino repetiu o que fazia enquantoarcebispo de Buenos Aires e retirou-se, antesda missa, para um momento de oração nasacristia, juntamente com os que iam serordenados, para os consagrar à Virgem Maria.“Hoje, em nome de Cristo e da Igreja, eu vospeço: por favor, não vos canseis de sermisericordiosos. Com os santos óleos, dareisalívio aos enfermos e também aos idosos: nãovos envergonheis de tratar com ternura osidosos. Ao celebrar os ritos sagrados e elevarao Céu, nas diversas horas do dia, a oraçãode louvor e de súplica, tornar-vos-eis voz doPovo de Deus e da humanidade inteira”,declarou depois, durante a celebração daEucaristia.

36

Numa reflexão sobre o papel dospadres na Igreja Católica, o Papadisse que cada um deles tem amissão de prosseguir a “missãopessoal de mestre, sacerdote epastor” de Jesus Cristo, ao “serviçodo Povo de Deus”. “Oferecei atodos a Palavra de Deus que vóspróprios recebestes com alegria.Lembrai-vos das vossas mães,avós, catequistas, que vos deram aPalavra de Deus, a fé”, prosseguiu.Francisco destacou a importânciada “palavra e do exemplo” na vidade cada padre, chamados a “unir osfiéis numa única família paraconduzi-los a Deus”.

"Tende sempre diante dos olhos oexemplo do Bom Pastor, que veiopara servir, não para ser servido, eprocurar os que estavam perdidos",acrescentou.O Papa ordenou em seguida os dezpadres, impondo as mãos sobre asua cabeça e ungindo-lhes aspróprias mãos, visivelmenteemocionado, num momento que seconcluiu sob os aplausos daassembleia.Entre os novos sacerdotes inclui-seum engenheiro argentino, da mesmanacionalidade do Papa, doisindianos, um croata e seis italianos,tendo o mais velho 44 anos e o maisjovem 26.

37

O outro aniversário do PapaUma festa de «aniversário»diferente para Jorge MarioBergoglio: o Papa presidiu estaterça-feira no Vaticano à missaevocativa de São Jorge, seuonomástico.Na celebração que decorreu naCapela Paulina com a participaçãode dezenas de cardeais, Franciscorecordou que o Papa Paulo VI(1897-1978) dizia ser “umadicotomia absurda querer vivercom Jesus sem a Igreja, seguirJesus fora da Igreja, amar Jesussem a Igreja”. “A identidade cristã éuma pertença à Igreja, à Igrejamãe”, acrescentou.A Igreja está entre as“perseguições do mundo” e a“consolação” de Deus, afirmouFrancisco na homilia da eucaristiaevocatória do mártir que o ritocatólico, sírio e bizantino assinalama 23 de abril.“No momento em que começa aperseguição, começa a atividademissionária da Igreja”, sublinhouFrancisco, referindo-se à tradiçãoassociada a São Jorge, que terásido morto cerca do ano 303 aotestemunhar a fé.

Ao começar a homilia, Franciscodirigiu uma saudação aos membrosdo Colégio Cardinalício presentes:“Obrigado porque me sinto bemacolhido por vós. Obrigado. Sinto-mebem convosco”.O decano (presidente) deste colégio,D. Angelo Sodano, apresentou umamensagem de felicitações no início dacelebração, pedindo o dom da“fortaleza” e lembrando os quesofrem “por causa da sua fé”.No fim da missa Francisco deteve-sepor instantes, em oração, diante deum ícone da Virgem Maria.Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 dedezembro de 1936 em Buenos Aires;tornou-se arcebispo da capitalargentina em 1998, foi criado cardealem 2001 e eleito Papa a 13 de marçode 2013.

38

Guerra sem fim na SíriaO Papa apelou no Vaticano ao fimdo “derramamento de sangue” naSíria e repetiu o seu pedido delibertação dos dois bispos ortodoxossequestrados esta segunda-feiranesse país. “O rapto dosmetropolitas greco-ortodoxo e siro-ortodoxo de Alepo, sobre cujalibertação há notícias contraditórias,é mais um sinal da trágica situaçãoque está a atravessar a queridanação síria, onde a violência e a asarmas continuam a semear morte esofrimento”, disse, durante aaudiência pública semanal.

Francisco repetiu o convite deixadono dia de Páscoa para que cesse o“derramamento de sangue”, sepreste “a necessária assistênciahumanitária” às populações e “seencontre quanto antes uma soluçãopolítica para a crise” na Síria. OPapa disse rezar pelos bispossequestrados "para que regressemrapidamente às suas comunidades"e pediu a Deus que "ilumine oscorações".A guerra na Síria já provocou ummilhão de refugiados, 2,5 milhões dedeslocados e quase 100 mil mortos.

39

Net Rádio Católica

www.netradiocatolica.com

Como nos aproximamos do dia mundial dasComunicações Sociais, que este ano secelebra a 12 de maio, vamos apresentando aolongo das próximas semanas, projetos cristãosque têm o seu suporte principal na internet.Assim, esta semana como propostaapresentamos uma rádio!Na era da multimédia, dos avançostecnológicos e da internet pode parecerestranha a sugestão que fazemos. A net rádiocatólica, não é uma rádio qualquer, como onome indica emite somente através da internetconteúdos exclusivamente cristãos desdejunho de 2005. Entre música, entrevistas edebates não esquecendo a transmissão diáriada recitação do terço, encontramos ummanancial de programas para todos os gostose para todas as idades, sempre tendo comoinspiração o Evangelho. Como o Bispo deSetúbal escreveu, certamente esta é umamaneira de “levar mais longe o Evangelho daalegria, da esperança, da paz e da vida que éJesus Cristo Senhor Nosso".Logo na página inicial, começamos a ouvir aemissão online e encontramos umaquantidade enorme de informaçõesdisponíveis. Para além dos habituaisdestaques, temos ainda os vídeos NRC,olhando depois para as sugestões deprogramação e para a litúrgia do dia, onde adificuldade que se nos

40

apresenta prende-seessencialmente em saber ondevamos clicar. Todos estes conteúdossão bastante interativos e com umaqualidade elevada, possuindo aindaa vantagem de podermos ouvir osprogramas a qualquer hora, nãonecessitando para isso de estarmosem frente ao computador numdeterminado momento.Somente a título informativoapresentamos alguns programasque consideramos terem bastanteinteresse de serem seguidos:“Geração XXI” tem como objetivo adivulgação de novas bandas enovos artistas cristãos; “Conversascom … Emanuel Magalhães” umprograma de entrevistas onde sãoconvidadas personalidades paradebater e comentar temas daatualidade;

“Caminho de Emaús”, produzidopela Paulus, em que somos levadosa refletir sobre as leituras daeucaristia dominical; e ainda o “LusoFonias” produzido pela FundaçãoEvangelização e Culturas emparceria com a Rádio Renascença,sempre tendo em conta o carátermissionário e evangelizador.Como facilmente verificamos estesítio vale bem ser adicionado aosnossos favoritos e ser acedido comregularidade, pois além de ficarmosa conhecer as informações eclesiaismais relevantes podemos sempresentir a alegria, a força e aespiritualidade que a música deinspiração cristã nos transmite.

Fernando Cassola [email protected]

41

Portugal leva livros a Bogotá

As delegações portuguesas das editorascatólicas Paulus e Paulinas marcam presença naFeira Internacional do Livro de Bogotá, que seprolonga até 1 de maio, com Portugal a assumiro estatuto de país convidado. Em comunicadoenviado à Agência ECCLESIA, o diretor editorialda Paulus classifica a iniciativa como “umexcelente momento” para “estreitar laços com omercado” latino-americano, atualmente “muitopromissor”.O irmão Darlei Zanon destaca o facto do “novoPapa”, Francisco, ser proveniente daquelaregião, o que “pode trazer novidades” e a mais-valia de Portugal ser em 2013 o país convidadodo certame. “Nos últimos três anos 17 projetosda Paulus Portugal foram traduzidos epublicados na América Latina”, salienta oreligioso que vai aproveitar a ocasião para“conhecer melhor a produção” literária daAmérica Latina.As Paulinas também estão representadas nostand da delegação colombiana e no Pavilhãode Portugal, levando para a feira 32 obrasoriginais.No âmbito da iniciativa que decorre na capital daColômbia está também agendada a exibição deduas reportagens multimédia da Renascença:"O mundo de Agustina", sobre Agustina Bessa-Luis, e "As pessoas de Pessoa", sobre o espóliode Fernando Pessoa.

42

Esta é a segunda vez que a línguaportuguesa está presente na FILBo,depois do convite que aorganização concedeu ao Brasil noano passado. Com mais de três milmetros quadrados, o pavilhãoportuguês foi inaugurado pelopresidente da República, AníbalCavaco Silva.A estrutura permite mostrar aosvisitantes obras de escritoresportugueses.

No total, mais de duas dezenas deautores lusos devem passar peloevento, quer através daapresentação de livros quer atravésda participação nas múltiplasatividades que compõem oprograma nacional na FILBo.Incluído nesse grupo está o padre epoeta José Tolentino Mendonça,diretor do Secretariado Nacional daPastoral da Cultura.

43

O papel dos leigos A XXV edição das Jornadas Teológicas,

promovidas em Braga pela revista "Cenáculo" epela Associação de Estudantes da Faculdade deTeologia, teve este ano como tema 'O tempo dosleigos no templo de Deus', à luz do ConcílioVaticano II.Em entrevista ao programa ‘Ser Igreja’, JoãoDuque, diretor da Faculdade de Teologia deBraga, referiu que, em virtude dascomemorações dos 50 anos concílio, foiresolvido concentrar esta semana “numa dastraves mestras” saídas deste encontro eclesialmundial. Para este teólogo e leigo, é necessário“reconhecer que grandes passos se deramdepois do Concílio no que ao papel dos leigos dizrespeito”, sublinhando que, “do ponto de vista damentalidade teórica”, o papel dos leigos “estáperfeitamente assumido”.Já quanto ao funcionamento do papel dos leigosnas comunidades, João Duque tem uma opiniãodiferente, garantindo que “há ainda muitocaminho a percorrer”.Recordando que, no que à aplicação do VaticanoII diz respeito “há um centralismo excessivo naquestão da celebração eucarística”, João Duquereferiu que é necessário atentar também na“intervenção dos cristãos no mundo”. “Temos deenfrentar a indiferença religiosa com um certoativismo”, confessou.

44

Salientando que o Vaticano II “foi umconcílio que explorou a vocaçãofundamental de todo o cristão”, otambém presidente do CentroRegional de Braga da UniversidadeCatólica, garantiu que o concílio“colocou um acento muito específicona atividade do leigo”.O responsável da Faculdade de

Teologia bracarense reconheceuainda que “a Igreja tem de seapresentar ao mundo de um modounitário”, recordando que deveexistir “maior proximidade entre otrabalho laical e os ministrosordenados”. Departamento Arquidiocesano deComunicação Social – Braga

45

abril 2013

Dia 26* Aveiro - Agueda (Cineteatro SãoPedro) - Sessão/debatesubordinada ao tema «Economia eo mundo operário: Oportunidades». * Guarda - Seia (CISE) - Conferência sobre «A fé ensina aser feliz?» pelo padre TolentinoMendonça. * Fátima - Casa de Nossa Senhoradas Dores - Encontro nacional domovimento Fraternitas sobre «QueFraternitas queremos, para queIgreja?». (26 a 28) Dia 27* Lisboa - Paulinas Multimédia - Sessão de autógrafos do padreTolentino Mendonça.

* Braga - Joane - Sector dacatequese da paróquia organiza o«Roteiro da Fé».* Faro - Altura (Centro Pastoral) -Encontro do bispo do Algarve comos conselhos pastorais eeconómicos paroquiais da vigarariade Altura.* Viseu - Encerramento (início a 4 deabril) do Festival Tramontana sobreo estudo do património imaterialreligioso do concelho de São Pedrodo Sul. * Braga - Famalicão (Auditório daFundação Cupertino de Miranda) -Conferência sobre «Ano da Fé - aamabilidade e a credibilidade do quecremos» por José Carlos Carvalho,professor da UCP.* Bragança - Liceu de Bragança - Conferência sobre «Ler aSacrosanctum Concilium, a SagradaLiturgia na vida da Igreja» pelopadre Carlos Aquino, da diocese doAlgarve. * Portalegre - Festa dos finalistasdas escolas superiores dePortalegre.* Coimbra - Celebração do Patronodo Corpo Nacional de Escutas, SãoJorge.

46

* Leiria - Fátima (Igreja matriz) - Missa «às escuras» presidida pelopadre Rui Marto para mostrar àpopulação como é viver comdeficiências visual. * Portalegre - Abrantes - Diadiocesano da catequese com otema «50 anos do II Concílio doVaticano».* Coimbra - Sala do Memorial daIrmã Lúcia (Carmelo de SantaTeresa) - Encontro de Reparadorasdo Coração Imaculado de Maria. * Porto - Casa diocesana de Vilar - Encontro «Espaços “NaFÉ” – ONosso Aprofundamento na Fé»sobre «Viver Cristo» promovido pelaJOC. * Porto - Gondomar (Colégio dasIrmãs da Caridade do SagradoCoração de Jesus do Taralhão)(21h30m) - Conferência sobre«Povo de Deus - Povo Sacerdotal, àluz da Sacrosanctum Concilium»pelo padre Bernardino Costa eintegrada no ciclo de conferênciassobre o Ano da Fé. * Leiria - Visita às igrejas paroquiaisde Albergaria dos Doze, CasaisBernardos e Rio de Courospromovida Departamento doPatrimónio Cultural da Diocese deLeiria-Fátima. * Vaticano - Praça de São Pedro - Jornada mundial dos crismandos edos crismados integrada no Ano daFé. (27 e 28)

Dia 28 * Vaticano - Praça de São Pedro - OPapa Francisco ministra osacramento da confirmação. * Setúbal - Almada (Santuário deCristo Rei) - Encontro de jovenssobre «Cristo Nossa Vida». * Santarém - Marmeleira -Celebração do patrono do CorpoNacional de Escutas seguido do«Grande Jogo de São Jorge».* Lisboa - Odivelas (Parque Urbanodo Silvado) - Actividade da juntaregional do Corpo Nacional deEscutas com o tema «Eu Amo» paracelebrar o patrono do escutismo.* Madeira - Funchal - Celebração dopatrono do Corpo Nacional deEscutas, São Jorge.* Lisboa - Alcobaça (sacristia doMosteiro de Alcobaça) (16h00m) -Lançamento do livro «ArquiteturaCisterciense - Espiritualidade,Estética, Teologia» de Duarte NunoMorgado e editado pela «Paulus».* Aveiro - Seminário de Aveiro -Encontro de formação paravisitadores de doentes que seráorientado por D. António FranciscoSantos sobre «Maria, mulher de fé emodelo de crente».

47

Ano C – 5º Domingo do TempoPascal Seguir Cristoé amar comoJesus nosama

«Disse Jesus aos seus discípulos: Dou-vos ummandamento novo: que vos ameis uns aos outros.Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: sevos amardes uns aos outros».São palavras da segunda parte do evangelho destequinto domingo do tempo pascal, a identificar osseguidores de Cristo no amor, na capacidade de amaraté ao dom total da vida.“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis unsaos outros”. Jesus não inventou o amor. Os homens eas mulheres não esperaram que Jesus viesse parasaber um pouco o sentido da palavra “amor” e doverbo “amar”. Aliás, o mandamento de “amar o seupróximo como a si mesmo” encontra-se já no Livro doLevítico.Então, como compreender a novidade do testamentofinal de Jesus? Ele próprio nos dá a chave: “Como Euvos amei, amai-vos também uns aos outros”. Sóolhando Jesus saberemos como Ele nos ama. A suavida concretiza esta palavra. Isto vai para além daquiloque, humanamente, podemos fazer.Ele diz-nos para perdoar setenta vezes sete, semqualquer limite ao perdão. “Amai os vossos inimigos erezai pelos vossos perseguidores”… “Pai, perdoai-lhesporque não sabem o que fazem”… São João escreveque “tendo amado os seus que estavam no mundo,amou-os até ao fim”, isto é, até à plenitude do amorcuja Fonte é o seu Pai.A maneira de Jesus nos amar ultrapassa a nossamaneira de amar. O amor que Ele nos convida

48

a viver entre nós é mesmo novo!Jesus não nos diz: “Eu amei-vos.Agora, desenrascai-vos, fazeiesforço para Me imitar!” Ele diz-nos:“Como Eu, que vos amo e vos dou oamor infinito do Pai, deixai-vos amar,como uma criança que se deixatomar nos braços da sua mãe e doseu pai. Vinde até Mim. Àquele quevem até Mim, não o abandonarei.Então, poderei derramar sobre vósa força do próprio Amor que é Deus.Assim, encontrareis a força para iralém das capacidades humanas,podereis, dia após dia, aprender aamar-vos como Eu vos amo”.No caminho desta semana,

certamente vamos encontrarhomens, mulheres, jovens, crianças.Como cristãos, somos convidados aamá-los “como” Jesus, semfingimentos, gratuitamente,sinceramente, dando-nos a elescom o melhor de nós mesmos.A nossa vida de batizados deve sersinal no meio da descrença e daindiferença do mundo. Todos verãoque somos discípulos de Cristo,segundo o amor que tivermos unspara com os outros. Seguir Cristo éamar como Jesus nos ama.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

49

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missada igreja de NossaSenhora-a-Branca,Braga 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 28 - Diocese dePortalegre-Castelo Branco. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 29 -Entrevista às presidentes daJuventude Operária Católicae Liga Operária Católica.Terça-feira, dia 30 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II comTeresa Messias;Quarta-feira, dia 01 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja, com Alfredo Bruto da Costa;Quinta-feira, dia 02 - Memórias do 25 de abril.Entrevista a D. Manuel Martins. Rubrica "O Passadodo Presente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 03 - Apresentação da liturgia dominicalpelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves. Antena 1Domingo, dia 28, 06h00 - Neste programa evocamos aliberdade, os direitos e os deveres que o 25 de abril, o1 de maio e a enciclica «Pacem in Terris» assinalam. Segunda a sexta-feira, dias 29 de abril a 3 de maio -Fátima Jovem: testemunhos de quem se prepara parair à peregrinação nacional de jovens a Fátima

50

O Papa inicia no próximo domingo uma série deencontros mundiais inseridos no programa decelebrações do Ano da Fé, que vão reunir no Vaticanopessoas de várias proveniências à volta de umatemática específica. O pontapé de saída é dado pelosjovens crismandos e alguns dos peregrinos serãocrismados pelo próprio Francisco. Entre sexta-feira e domingo reúnem-se em Fátima osmembros da Fraternitas, para o seu 34.º EncontroNacional. Este é um Movimento eclesial que congregapadres dispensados do exercício do ministério,casados ou não, e suas esposas ou viúvas “em tornoda amizade, da convivência, da solidariedade e daespiritualidade”. O 1 de maio, considerado hoje o dia do trabalhador,foi, durante muitos anos um dia de reivindicações emesmo de lutas violentas pela promoção da classeoperária. A Igreja quis dar uma dimensão cristã a estedia e nesse sentido Pio XII, em 1955, colocou a ‘Festado trabalho’ sob a proteção de São José. O Teatro do Ourives apresenta entre 2 e 4 de maiouma leitura encenada de ‘Job ou a tortura pelosamigos’, peça do filósofo francês Fabrice Hadjadj, nalivraria Ferin, Lisboa, sempre às 21h00. A dramaturgiae encenação é de Júlio Martín, que traduziu a peçacom a atriz Sara Ideias.

51

Sudão do Sul: a aldeia da paz do Bispo Paride Taban

O antídoto da violênciaPrimeiro, foi o inferno. A guerrafratricida no Sudão deixou um rastode violência, de horror e de morte.Em 2005 foi assinado um acordode paz, que iria conduzir a umreferendo e à divisão do país. Oreferendo trouxe uma enormeesperança e inspirou um bispo acriar uma aldeia onde todospudessem aprender a viver emcomunidade. Tinha tudo parafalhar…O bispo queria apenas aproximarpessoas. Quando todos olhavamem volta, ainda toldados pelo ódio,pela violência, viam apenasinimigos. Ele, o bispo, via pessoas.E percebia que estavam todosirremediavelmente abandonados.Havia uma enorme solidão por ali,por causa da guerra. Da guerracivil que, durante duas décadas,deixou um rasto de mais de 2milhões de mortos, que enlutou asfamílias como se fosse umacicatriz, uma marca que não seapaga mais do corpo e não seesquece mais da memória.

Quando olhava em volta, o BispoParide Taban via famílias perdidas,destroçadas, crianças sem futuro,gente sem rumo. Imaginar uma aldeiaonde todos pudessem viver emcomunidade, independentemente dasorigens e

52

da religião, era arriscado. Mas oprojecto, que tinha tudo parafalhar, correu bem. A aldeia tornou-se num sucesso e hoje é exemplode progresso. Ali nada é imposto.Todos são chamados a contribuirpara a vida colectiva. Casa grandeA aldeia é a casa grande ondetodos se albergam apesar dasdiferenças. Todos aprenderam quetêm mais em comum do que asdivergências que alimentaram anosde guerra. A aldeia, a que o bispoTaban chamou de Santa TrindadePacífica, no estado de Kuron, éhoje um oásis de desenvolvimento.As crianças vão à escola, há umposto de saúde, campanhas devacinação, desenvolveram-setécnicas agrícolas, os terrenosforamirrigados, diversificaram-se asculturas. Mas, mais importante, naaldeia aprendeu-se a respeitar ooutro.Em Março, a ONU entregou aoBispo emérito do Sudão do Sul,Paride Taban, o prémio SérgioVieira de Mello por ter promovido odiálogo e a reconciliação entretribos e facções na sua aldeia deSanta Trindade Pacífica.

Ao agradecer, Taban, de 76 anos,cujo projecto é apoiado pelaFundação AIS, disse que a sua vidatem sido “uma caminhada de muitosanos à procura da paz”. Às vezes, osmaiores monumentos são apenaslugares que mal se vislumbram nomapa. É o caso da aldeia de SantaTrindade Pacífica, no Sudão do Sul,onde cristãos, islâmicos, católicos eevangélicos vivem em paz. Afinal, hásempre um antídoto à violência. Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

53

Conquista

Livre não sou, que nem a própria vidaMo consente.

Mas a minha aguerridaTeimosia

É quebrar dia a diaUm grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.Trago-a dentro de mim como um destino.

E vão lá desdizer o sonho do meninoQue se afogou e flutua

Entre nenúfares de serenidadeDepois de ter a lua!

(Miguel Torga, "Cântico do Homem")

54