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ISSN 0100-1485 ENTREVISTA Idalina Vieira Aoki, pesquisadora do Laboratório de Eletroquímica e Corrosão do DEQ/USP Ano 10 Nº 49 Out/Dez 2013 ENTREVISTA Ano 10 Nº 49 Out/Dez 2013 Idalina Vieira Aoki, pesquisadora do Laboratório de Eletroquímica e Corrosão do DEQ/USP EM BUSCA DA PERFEIÇÃO INSPEÇÃO DE PINTURA INSPEÇÃO DE PINTURA EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

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ISSN 0100-1485

ENTREVISTA

Idalina Vieira Aoki,pesquisadora doLaboratório deEletroquímicae Corrosãodo DEQ/USP

Ano 10Nº 49Out/Dez 2013

ENTREVISTA

Ano 10Nº 49Out/Dez 2013

Idalina Vieira Aoki,pesquisadora doLaboratório deEletroquímicae Corrosãodo DEQ/USP

EM BUSCA DA PERFEIÇÃOINSPEÇÃO DE PINTURAINSPEÇÃO DE PINTURA

EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

Capa49:Capa35 11/29/13 12:18 PM Page 1

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Sumário

4Editorial

O grito contido

6Entrevista

A nanotecnologia aplicada àsolução anticorrosiva

8ABRACO Informa

ABRACO abre espaço privilegiadopara o estudo da corrosão

14Inspeção de Pintura

Em busca da perfeição

34Opinião

Seu fornecedor é também seu parceiro?Erick Pedretti Nobre

C & P • Outubro/Dezembro • 2013 3

A revista Corrosão & Proteção é uma pu bli cação oficial daABRACO – Asso ciação Bra sil eira de Corrosão, fundada em17 de outu bro de 1968. ISSN 0100-1485

Av. Venezuela, 27, Cj. 412Rio de Janeiro – RJ – CEP 20081-311Fone: (21) 2516-1962/Fax: (21) 2233-2892www.abraco.org.br

Diretoria Executiva – Biênio 2013/2014PresidenteEng. Rosileia Mantovani – Jotun Brasil

Vice-presidenteDra. Denise Souza de Freitas – INT

DiretoresAécio Castelo Branco Teixeira – química uniãoEng. Aldo Cordeiro DutraCesar Carlos de Souza – WEG TINTASM.Sc. Gutemberg de Souza Pimenta – CENPESIsidoro Barbiero – SMARTCOATEng. Pedro Paulo Barbosa LeiteDra. Simone Louise Delarue Cezar Brasil

Conselho Científico M.Sc. Djalma Ribeiro da Silva – UFRNM.Sc. Elaine Dalledone Kenny – LACTECM.Sc. Hélio Alves de Souza JúniorDra. Idalina Vieira Aoki – USPDra. Iêda Nadja S. Montenegro – NUTECEng. João Hipolito de Lima Oliver –PETROBRÁS/TRANSPETRODr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPEDr. Luís Frederico P. Dick – UFRGSM.Sc. Neusvaldo Lira de Almeida – IPTDra. Olga Baptista Ferraz – INTDr. Pedro de Lima Neto – UFCDr. Ricardo Pereira Nogueira – Univ. Grenoble – FrançaDra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ

Conselho EditorialEng. Aldo Cordeiro Dutra – INMETRODra. Célia A. L. dos Santos – IPTDra. Denise Souza de Freitas – INTDr. Ladimir José de Carvalho – UFRJEng. Laerce de Paula Nunes – IECDra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQSimone Maciel – ABRACODra. Zehbour Panossian – IPT

Revisão TécnicaDra. Zehbour Panossian (Supervisão geral) – IPTDra. Célia A. L. dos Santos (Coordenadora) – IPTM.Sc. Anna Ramus Moreira – IPTM.Sc. Sérgio Eduardo Abud Filho – IPTM.Sc. Sidney Oswaldo Pagotto Jr. – IPT

Redação e PublicidadeAporte Editorial Ltda.Rua Emboaçava, 93São Paulo – SP – 03124-010Fone/Fax: (11) [email protected]

DiretoresJoão Conte – Denise B. Ribeiro Conte

EditorAlberto Sarmento Paz – Vogal Comunicaçõ[email protected]

RepórterCarlos Sbarai

Projeto Gráfico/EdiçãoIntacta Design – [email protected]

GráficaAr Fernandez

Esta edição será distribuída em dezembro de 2013.

As opiniões dos artigos assinados não refletem a posição darevista. Fica proibida sob a pena da lei a reprodução total ouparcial das ma térias e imagens publicadas sem a prévia auto -ri zação da editora responsável.

Artigos Técnicos

22Procedimentos para ensaios

de proteção catódica em campode práticas

Por Eduardo G. B. Leitee Simone Louise D. C. Brasil

28Influência da solubilização na

resistência à corrosão de revestimentotipo “clad” de aço inoxidável

AISI 904LPor Bruno Alberto R. S. Barbosa,

Fernando B. Mainier, Juan M. Pardal eSérgio S. Maior Tavares

Sumário48:Sumário/Expedient36 11/29/13 5:08 PM Page 1

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ano de 2013 ficará marcado pelas manifestações sociais de reivindicação. O começo foitímido, focado contra o aumento do transporte coletivo e, daí, como todos acompanharam, passoua questionar a qualidade e a quantidade de investimentos para setores cruciais para o desenvolvi-

mento de uma nação: educação, saúde, habitação e transporte público, além de cobrar mais transparênciana administração pública em todas as suas instâncias e gritar contra a corrupção e a impunidade.

É bem provável que tenha ocorrido uma onda de inconformismo após anos de certa letargia dasociedade, eventualmente rompida por movimentos sindicais, mas que também vinham perdendo capaci-dade de mobilização. A conexão mais adequada que se faz é com as aspirações das “Diretas Já”, cerca de trêsdécadas atrás. De qualquer forma, com passar dos anos, caberá aos estudiosos explicar o ocorrido e seuimpacto na sociedade.

Agora, pode-se perguntar: como não apoiar anseios tão justos de uma sociedade que exercita deveres edireitos democráticos, fazendo prevalecer a sua vontade e conscientizando toda a classe política da força dovoto nas eleições? Somos todos “clientes” dos governos e, assim, como nos protege o Código dos Direitos

do Consumidor, também temos que exigir reciprocidade de quemnos representa em seus cargos políticos.

As ofertas de emprego são compatíveis com as taxas de cres -cimen to do país, porém temos que avaliar os números do ponto devista da falta de competividade da indústria nacional. Em pre ga -mos mais trabalhadores do que nos países mais desenvolvidos paraexecutar a mesma operação. Daí, a justificativa dos baixos índicesde desemprego.

A falta de infraestrutura adequada, que se arrasta por anos, aconcentração dos transportes de carga por via rodoviária, que dificultam o escoamento da safra agríco-la, além das condições péssimas das estradas, são entraves que fazem com que o Brasil onere os seus cus-tos e perca competividade em relação aos outros países. O governo atual ensaia alguns passos de me -lhoria com a concessão de rodovias e aeroportos, por exemplo. Todavia, o sentimento é de que tudo émuito lento e muito oneroso para a sociedade, que vê a riqueza do país ser dilapidada por erros históri-cos replicados nas políticas públicas.

São grandes as chances de uma evolução mais consistente. Por exemplo, novas tecnologias serão trazi-das pelas empresas privadas que irão operar os aeroportos. O aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, seráadministrado pelo Consórcio Aeroportos do Futuro, formado por Odebrecht e TransPort, com 60 % departicipação, e a operadora do grupo Changi Airport, do aeroporto de Cingapura Changi, com 40 %. Oaeroporto asiático foi eleito em 2012 pela 20ª vez como o melhor do mundo, de acordo com a revistaBusiness Traveller. Que a agência reguladora cobre do operador privado um serviço com a qualidade equi -valente, é tudo o que se deseja.

Novos tempos – Para 2014, ano de muita movimentação, com a realização da Copa do Mundo e eleiçõespara os governos federal e estadual, espera-se uma economia mais ativa e saudável do que a de 2013.

Fica a torcida pela seleção e principalmente para que o Brasil seja a cada dia uma nação mais justa e queuse os recursos públicos de maneira sábia, objetivando atender toda a comunidade. Ainda é muito frus-trante saber que apenas um terço da população tem acesso ao sistema de saneamento básico. Vamos embusca de vitórias, no campo e na vida.

Boa leitura!

Os editores

O grito contido

Carta ao leitor

Como não apoiar anseios tão justos de uma

sociedade que exercita deveres e direitos

democráticos, conscientizando, toda

a classe política da força do voto?

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Editorial48:Editorial36 11/29/13 5:06 PM Page 1

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Eventos envolvidos• 34º Congresso Brasileiro de Corrosão• 5th International Corrosion Meeting• X Congreso Iberoamericano de Corrosión y Protección• 19º Concurso de Fotografia de Corrosão e Degradação

de Materiais• 34ª Exposição de Tecnologias para Prevenção e

Controle da Corrosão

O maior evento internacional decorrosão realizado no Brasil

19 a 23 de maio de 2014Fortaleza – CE

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A nanotecnologia aplicada àsolução anticorrosiva

Idalina Aoki está à frente do Laboratório de Eletroquímica e Corrosão da USP. De lá saem

pesquisas importantes que devem nortear o futuro da proteção à corrosão

Entrevista

acharel em Química comAtribuições Tecnológicasem 1977, pelo Instituto

de Química da Universidade deSão Paulo (USP), Idalina VieiraAoki desenvolveu uma consis -ten te carreira como pesquisado-ra. Ainda nos anos de 1980, tor -nou-se mestre e doutora em En -genharia (1982 e 1987, respecti-vamente) pela Escola Politécnicada USP, e desde 1984 é docentedo Departamento de EngenhariaQuímica (DEQ) da USP, ondeleciona na graduação (na disci-plina de Corrosão e Seleção deMateriais) e na pós-graduação(Cor rosão e Processos de Prote -ção em Materiais Metálicos).

Responsável pelo Laboratóriode Eletroquímica e Corrosão doDEQ, desde 1990, Idalina tempesquisado os seguintes temas:corrosão atmosférica, inibidoresde corrosão e tratamento de su -perfícies metálicas tais como açocarbono e alumínio com polissi-lanos e revestimentos híbridos.Atu almente o foco da sua pes qui -sa está no desenvolvimento demicrocápsulas contendo agen tesde autorreparação ou inibidorespara serem aditivados em tintas etambém o desenvol vimento denanorreservató rios contendo ini -bidores de corrosão obtidos pelométodo layer-by-layer, sobre na -no partículas de sílica mesoporosae mineral haloisita.

Cotting, químico da Escola Poli -técnica da USP, que é meu orien-tado de doutorado e foi meu orien-tado no mestrado, desenvolveuuma microcápsula de paredes depolímero poliestireno com um ini -bi dor de corrosão em seu interior.Quando misturadas à tinta quereveste a parte externa dos tubos ereservatórios, as pequenas cápsulasficam a postos aguardando qual-quer efeito mecânico que provoquedano na tinta e sua consequenteruptura. Quando isso acontece, ascápsulas liberam a substância ini -bidora que retarda o processo decor rosão na região danificada datinta. Os testes feitos em laboratóriosão promissores. A equipe fez a ava -liação em um conjunto de seis pla-cas, três com a tinta aditivada e trêssem. Durante cinco dias, as placasforam expostas a uma "supermare-sia", uma névoa de composição sa -lina com concentração de sal maiordo que a água do mar, em contatodireto com as placas. Após o período,a placa sem a tinta aditivada apre-sentou produtos de corrosão na áreado defeito previamente provocadono corpo de prova e corrosão sob acamada de tinta após seu destaca-mento ao passo que as placas com atinta aditivada apresentaram poucoou nenhum produto de corrosão.

Quando iniciou-se esse projeto?Idalina – Quando fui procuradapela Petrobras em 2010, começa -

Como foi feita essa pesquisa deencapsulamento dos inibidoresde corrosão para tintas?Idalina Vieira Aoki – Durantemuito tempo trabalhei com o usode inibidores de corrosão da formaclássica. Sempre estou atenta a tu -do que acontece nesse segmento, in -clusive com acesso a todas as publi-cações, e percebi que a palavra self-healing (autorrepação) estava emevidência. Tanto em relação ao pré-tratamento como à pintura falava-se nesse efeito de autorreparação e, éclaro, que existem várias formas dese ob ter esse efeito. Atualmente osini bi dores costumam ser mistura-dos di retamente com as resinas, po -rém eles sofrem reações químicasque im pedem sua atuação e pre -judi cam o desempenho das tintas.As microcápsulas permitem que ore vestimento das estruturas metáli-cas adquira características de au -tor reparação. O inibidor utilizadoé uma mistura de cério (-III) e umsilanol, substância derivada do silí-cio. Uma das principais aplicaçõesda tinta aditivada com as micro -cápsulas contendo o inibidor é naproteção de dutos e tanques de ar -mazenamento de petróleo, o quelevou o estudo a receber o PrêmioPetrobrás de Tecnologia deste ano(veja mais informações no box).

Como o pesquisador desen-volveu esse inibidor?Idalina – O pesquisador Fernando

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Idalina V. Aoki

Por Carlos Sbarai

Entrevista49:Entrevista36 11/29/13 12:20 PM Page 1

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mos a falar sobre essa questão doself-healing, que apesar de saberque existem várias formas de au -torreparação, precisávamos buscaruma mais poderosa, que era en -capsular inibidores de corrosão ouformadores de filme e colocar essascápsulas dentro da tinta para queessa propriedade de self-healing semanifestasse. Isso pode acontecercom um aquecimento, mudançade pH, a incidência de radiaçãoUV, onde temos que ter algumestímulo de dano externo. Ou seja,alguma coisa que quebre essas cáp-sulas ou mecanicamente ou por in -cidência de irradiação ou mes mopela ação da temperatura. Quan -do se encapsula um formador defilme, sendo essa cápsula rompidapor algum estímulo externo será li -berado um formador de filme.Com isso, quando o defeito ficarexposto ao ar, vai provocar o seufechamento.

Qual o foco dessa tecnologia?Idalina – O grande foco desse tra-balho é trazer essa realidade para aindústria de pintura para fins in -dustriais, onde se quer que essa pro-teção atue por muito tempo. É sa -bido que quando é feita a pinturade uma tubulação, de um tan que,em algum momento terá que pas-sar por manutenção e com essa tec-nologia podemos re duzir significa-tivamente a frequência de ma nu -tenção. Isso gera uma grande eco -nomia para o se tor, além de ain daampliar o tem po de ins pe ção dessestanques. Ao contrário de se fazer amanu tenção a cada seis meses, porexem plo, podemos fazer a cadaano. Isso trará muitos benefícioseconômicos. Vale ressaltar que es satecnologia é uma tendência mun -dial. Recentemente apresentamoses se trabalho em um con gresso daFederação Europeia de Corro são,na Turquia, e todos fi car am muitoimpressionados com os nossos resul-tados, inclusive por que apresenta-mos os resultados de ensaios práti-

cos, além daqueles de ordem maiscientífica. Isso significa ainda queestamos cami nhando par a par comos maiores laboratórios do mundo.

Quais são os próximos passosdaqui para frente?Idalina – A Petrobras já contratouum segundo projeto, dando con-tinuidade a esse primeiro, objeti-vando a realização de ensaios decampo. Como ficou tudo compro -

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va do que funciona, a ideia agoraé pintar alguns corpos de prova etambém tanques da própria Pe -tro bras para saber qual será o tem -po de manutenção, o que mos tra are al intenção da empresa em que -rer aplicar a nova tec no logia naprá tica. Isso significa ainda quedentro de um ano tere mos resul-tados inte ressantes para o merca-do e in teressados em ma nutençãoindustrial.

A nanotecnologia veio para ficar e a prova disso é que empresasde grande porte, como a Petrobras, vem investindo nessa nova reali-dade. Na Universidade de São Paulo – USP, o químico FernandoCotting criou um revestimento inteligente feito com microcápsulascapazes de inibir a corrosão de metais quando colocadas em tintas.“Uma troca de ideias com a professora Idalina Vieira Aoki me levoua trabalhar nesse sistema de revestimentos autorreparadores e daí emdiante fomos desbravando o assunto e hoje somos o único grupo aquino Brasil que trabalha exaustivamente com esse tema”.

Sua pesquisa chamou tanta atenção que ganhou o PrêmioPetrobras de Tecnologia. “Depois de buscar informações em muitosartigos foi que descobrimos no setor farmacêutico informações arespeito do encapsulamento de substâncias ou fármacos, o que noslevou a puxar para o segmento de corrosão. O composto dessasmicrocápsulas de poliestireno tem sal de cério (elemento terra rara) esilanol, substância derivada do silício. A união desses componentesdentro de microcápsulas permite que o revestimento das estruturasmetálicas adquira características de autorreparação. Uma das princi-pais aplicações é na proteção de dutos e tanques de armazenamentode petróleo”, explica Cotting.

“Essas microcápsulas podem ser adicionadas à tinta durante suafabricação ou serem misturadas antes da pintura. Quando a super-fície metálica sofre algum tipo de impacto, as microcápsulas se rom -pem e a substância inibidora exerce sua ação. Atualmente, existemos inibidores de corrosão, mas, na maioria das vezes, não são com -pa tíveis com as tintas, o que prejudica seu desempenho e pode atéestragar sua formulação. Percebi a necessidade de aumentar a vidaútil dessas tintas, que por conta de falhas durante a sua aplicação ouaté mesmo por conta de algum dano mecânico, como o impacto,le vava ao início do processo de corrosão sobre o metal pintado”,afirma Cotting.

Já no doutorado, o pesquisador tem planos para aplicar a tec-nologia de encapsulamento de substâncias formadoras de filme asquais poderiam ser utilizadas também na indústria automotiva. "Emvez de encapsular inibidores de corrosão, vamos tentar fazer isso coma própria resina da tinta", explica. O resultado traria a "regeneração"da tinta em carros ou em outras estruturas. "Se o veículo sofrer umrisco, as microcápsulas seriam rompidas e se encarregariam depreencher o espaço danificado ou arranhado da tinta", diz Cotting.

INSPIRAÇÃO NA APLICAÇÃO FARMACÊUTICA

Entrevista49:Entrevista36 11/29/13 12:20 PM Page 2

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ABRACO Informa

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Inaugurado em outubro na sede da Associação Brasileira de Corrosão – ABRACO, o “EspaçoProfessor Vicente Gentil” já nasceu com vocação de ser grande. Mal abriu suas portas para abrigara biblioteca da entidade e já recebeu todo o acervo do Professor Vicente Gentil, ilustre expoente daprevenção e combate à corrosão no Brasil.

Durante a cerimônia da inaguração, a presidente da entidade, Rosileia Mantovani, destacou oquanto a associação vem contribuindo para o crescimento do mercado de corrosão no Brasil. “Éuma imensa alegria realizar esse evento, justamente no momento em que a ABRACO acaba decompletar 45 anos de existência”, comemora a gestora. Ao ressaltar a efetiva participação deinúmeros profissionais na criação e desenvolvimento da ABRACO, ela fez questão de citar oProfessor Vicente Gentil, Aldo Cordeiro Dutra, Laerce de Paula, Gutemberg de Souza Pimenta elamentou não ter tempo para enumerar todos os outros colaboradores, instrutores e associados quecerraram fileiras para alcançar o nível de excelência no atendimento ao mercado. “A entidade é frutode um intenso trabalho em equipe, realizado por uma sucessão de diretorias que sempre se dis-puseram a investir e incentivar seu desenvolvimento”, comentou.

Apesar de toda a evolução, Rosileia acredita que ainda há muito o que fazer. “Aliás, quero aproveitaresta oportunidade para informar aos presentes que estamos criando um grupo de trabalho com focoexclusivo no atendimento aos associados a fim de intensificar a participação de todos. Queremos criarum programa diferenciado para rever benefícios e melhor atendê-los”, revela a presi dente.

Outro momento marcante foi, sem dúvida, a apresentação de Aldo Cordeiro Dutra que brindoua todos com a história da ABRACO desde seu nascimento até os dias de hoje. “… lembro-me queo brilhante professor Vicente Gentil tinha acabado de ministrar um curso, e eu, impelido pelaimportância do tema corrosão, pedi a palavra para dizer que estava na hora de termos uma associ-ação para o estudo da prevenção e do combate à corrosão aqui no Brasil. Minha sugestão foi aprova-da unanimemente, mediante votação, por mais de 600 participantes. Ali nascia a ABRACO”,relembra Dutra.

Logo após essa palestra, o engenheiro Laerce de Paula Nunes, relembrou, saudoso, como o pro-fessor Gentil influenciou sobremaneira sua atuação na corrosão e iluminou o rumo que ele acaboutrilhando em sua vida profissional. “Estava impressionado com o tema corrosão quando a Petrobrasapareceu, um dia, oferecendo um curso de corrosão que, naquela época, já era ministrado pelo pro-fessor Gentil. Fiz o curso e conheci mais de perto o mestre. A alegria e a determinação com que elenos recebia me deram a certeza de que era aquilo mesmo que deveria fazer”, recorda Nunes.

Um momento de muita emoção foi a homenagem prestada à esposa do professor Vicente Gen -til, Vilma Gentil. Ela lembrou o carinho que o professor nutria pela ABRACO. “Não tenho dúvi-da de que meu marido gostaria de colocar seus livros à disposição da ABRACO. Sei que havia vários

ABRACO abre espaço privilegiado para o estudo da corrosão

Aldo Maestrelli e Aldo Cordeiro Dutra inauguram oficialmente o Espaço Professor Vicente Gentil

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pretendentes para ficar com sua biblioteca, mas, sabendo que esta entidade morava em seu coração,não poderia deixar de respeitar sua vontade”, explica Vilma Gentil.

O evento contou com a participação do organizador do primeiro curso de corrosão, Aldo Maestrelli.“Eu me sinto aqui como um pai que abandona um filho em tenra idade e retorna 45 anos depois paraencontrá-lo adulto, forte e vigoroso. Digo isso, com muito orgulho, porque eu também participei doinício da ABRACO. Naquela época, fui motivado a criar um curso de corrosão quando percebi que omercado encontrava-se carente desse conhecimento”, observa Maestrelli.

Outro ponto relevante foram os comentários unânimes referentes à atuação de Gutemberg deSouza Pimenta à frente da presidência da ABRACO. Gutemberg contribuiu significativamentepara a solução do grave problema financeiro da associação, abrindo caminho para o futuro promis-sor que vivencia hoje, com plena estabilidade econômica e lastro para seguir em busca de novosdesafios. Sua participação na organização dos congressos da associação também foi enaltecido pelosdepoentes com ênfase no reconhecimento da sua dedicação e abnegação em prol da ABRACO.Companheiros e amigos aguardam ansiosos seu retorno às atividades da associação.

Os 45 anos de atividades da ABRACO foram enfatizados no evento

Rosileia Mantovani, presidente da ABRACO, dirigiu os trabalhos de apresentação da cerimônia

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Uma justa homenagem também foi prestada ao “Sr. Walter”. Ícone da ABRACO, Walter Marquesda Silva, secretário executivo da associação por mais de 30 anos, dedicou-se, de corpo e alma, a esta -belecer as diretrizes da entidade. Sua atuação foi marcada por sua abnegação no cumprimento do deverprofissional. Em reconhecimento à sua contribuição, a Sala de Reuniões da associação leva seu nomecomo lembrança perene de seu legado como guardião dos interesses da entidade.

A história da ABRACO estaria incompleta sem as palavras de Adalgiza Barcellos, funcionária daABRACO há 28 anos. “Cheguei aqui quando a associação contava com apenas três pessoas: o pro-fessor Walter Arno Mannheimer, a Marisa Gaspar e um office-boy. Na verdade, seria apenas para daruma força ao 12° Senacor – Semionário Nacional de Corrosão, que foi realizado em Salvador. Edesde então, não me distanciei mais da ABRACO. E se depender de mim, ficarei por muito maistempo porque tenho um carinho muito grande pela associação”, enfatiza Adalgiza.

A biblioteca da ABRACO, segundo sua responsável Yla Bonder, é especializada em corrosão, pro-teção anticorrosiva e assuntos afins. Seu objetivo é auxiliar a comunidade técnica, servindo de fonte de

Vilma Gentil oficializa a doação do acervo do Professor Vicente Gentil

Parte da equipe dos funcionários da ABRACO

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pesquisa, recuperação e disseminação da informação. Seu acervo é composto por livros, periódicos, nor-mas, trabalhos técnicos, anais de eventos e fotografias de corrosão. Os serviços prestados pela bibliote-ca incluem pesquisa bibliográfica, repasse detrabalhos técnicos / publicações e consultalocal e virtual.

Biblioteca fortalecidaCom a incorporação do acervo pessoal do

Professor Vicente Gentil à biblioteca daABRACO, ela passa a figurar entre as maiscompletas da América Latina. Composta porlivros, principalmente das áreas de Química,Corrosão e assuntos correlatos, a bibliotecacontém coleções de periódicos, apostilas decursos, anais de congressos, folhetos técnicos,teses de mestrado e dissertações de doutora-do. A coleção de slides e fotografias técnicasultrapassa 3.000 exemplares, sendo riquíssi-ma fonte de pesquisa.

Sobre o conteúdo do acervo pessoal doProfessor Gentil, Yla Bonder explica: “Trata-se de documentos, fotografias, recortes dejornais, diplomas, certificados, manuscritos,anotações de aulas, programas de cursos, per-meando toda sua trajetória profissional,desde os tempos de estudante da EscolaNacional de Química, da Universidade doBrasil”, relata Yla.

Em função da qualificação do acervo, estefoi apresentado ao Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação, através do MAST –Museu de Astronomia e Ciências Afins, que

Diretores, funcionários, colaboradores e convidados da ABRACO

Parte do acervo da biblioteca da ABRACO

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mantém, em sua estrutura, a Coordenação de Documentação e Arquivo, responsável pelo desenvolvi-mento de pesquisas no campo da arquivologia e da conservação preventiva de documentos referentes àciência e tecnologia.

E, após rigorosa avaliação, o MAST propôs um acordo de cooperação com a ABRACO. “Oobjetivo desse acordo será organizar a documentação pessoal de Vicente Gentil; divulgar o trabalhodo professor nas pesquisas de corrosão; disseminar o estudo sobre a corrosão no Brasil; e, finalmente,produzir uma biografia básica sobre Vicente Gentil”, comenta Yla.

Prestação de contasRosileia Mantovani aproveitou o evento para relatar aos convidados as ações que a ABRACO

executou ao longo deste ano, como, por exemplo, a compra de mais duas salas (agora são 16) e opatrocínio do livro sobre os 80 anos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro(Fundão). “Estamos revisando o estatuto.

A ideia é ampliar a abrangência da entidade para atender melhor a comunidade. Foi realizada a audi-toria contábil e financeira da associação e recentemente oficializamos um acordo de parceria com aNACE International – The Corrosion Society, objetivando o intercâmbio de informações. Outro pontorelevante refere-se ao fato de estarmos tornando mais seguro e confiável nosso sistema de informática.Com isso, conseguimos deixar o setor de certificação totalmente independente, garantindo assim a con-fiabilidade do sistema de certificação”, declara Rosileia.

Além disso, Rosileia comentou que a entidade continua trabalhando firme na área de cursos eestá em desenvolvimento o projeto “Construindo o Futuro”, a primeira iniciativa de responsabili-dade social da entidade.

“Finalmente, quero destacar, na área de certificação, o processo de acreditação junto aoINMETRO. Estamos nos preparando para a certificação de pintor jatista, hidrojatista e proteçãocatódica”, comenta Rosileia.

Durante 17 anos, Mariza Gaspar Eiras de Figueiredo traba -lhou na ABRACO. “Foi uma honra ter me dedicado por esse pe -ríodo à associação. Quero parabenizar as diretorias, colaboradorese todos aqueles que direta ou indiretamente, com esforço e dedi-cação, fizeram a ABRACO ser hoje uma instituição reconhecidamundialmente”, comentou Mariza que, por outros compromis-sos, não pode participar da solenidade dos 45 anos da instituição.

Em mensagem à diretoria, Mariza reforçou: “Peço a Deus queos ajudem a levar o animus narrandi às futuras gerações que aíestiverem, a fim de que a ABRACO possa completar 100 anos deexistência e, quiçá, muito mais, fazendo história e trabalhando fiel

e firmemente com grande magnitude, para que seus objetivos e suas metas continuem sendo atingi-dos plenamente. Minha eterna gratidão por tudo que aí aprendi”.

Ex-colaboradora da ABRACO valoriza a história da associação

Adalgiza Barcellos Laerce de Paula Nunes Aldo Cordeiro Dutra

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO

MISSÃODifundir e desenvolver o conhecimento da corrosão e da proteção anticorrosiva, congregando empresas, entidadese especialistas e contribuindo para que a sociedade possa garantir a integridade de ativos, proteger as pessoas e o meioambiente dos efeitos da corrosão.

ATIVIDADESCursosMinistra cursos em sua própria sede, que conta com modernas instalações. Também são realizados cursos em parceriacom importantes instituições nacionais de áreas afins e cursos in company, sempre com instrutores altamente qualificados.

EventosOrganiza periodicamente diversos eventos como: congressos, seminários, palestras, workshops e fóruns, com o objetivo depromover o intercâmbio de conhecimento e informação, além de compartilhar os principais avanços tecnológicos do setor.

Qualificação e CertificaçãoMantém um programa de qualificação e certificação de profissionais da área de corrosão e técnicas anticorrosivas, por meiodo seu Conselho de Certificação e do Bureau de Certificação.

BibliotecaPossui uma Biblioteca especializada nos temas corrosão, proteção anticorrosiva e assuntos correlatos. O acervo é compostopor livros, periódicos, normas técnicas, trabalhos técnicos, anais de eventos e fotografias da ação corrosiva.

CB-43Coordena o CB-43 – Comitê Brasileiro de Corrosão, que abrange a corrosão de metais e suas ligas no que concerne àterminologia, requisitos, avaliação, classificação, métodos de ensaio e generalidade. O trabalho é desenvolvido desde 2000,após aprovação da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ComunicaçãoUtiliza canais de comunicação para informar ao mercado e à comunidade técnico-empresarial todas as novidades da área,conquistas da Associação, dos filiados e de parceiros, por meio de boletins eletrônicos, site, redes sociais e revista.

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Inspeção de Pintura

s processos corrosivos estão presentes em todos os locais e atodo instante da nossa vida. Assim, a deterioração de au -tomóveis, eletrodomésticos, estruturas metálicas e instalações

industriais, são problemas com o qual nos deparamos a todo instante.A pintura industrial constitui-se no método de proteção anticorrosivade maior utilização na vida moderna. Pela sua simplicidade, a pinturatem sido o revestimento mais utilizado pelo homem para proteger assuas construções e também os materiais metálicos. Sua importânciapara o setor anticorrosivo levou a Revista Corrosão & Proteção a tra -çar um amplo panorama sobre o tema, consultando especialistas reno-mados que comentam praticamente sobre todos os pontos que en -volvem a questão. Acompanhe.

O gerente de treinamento técnico da Sherwin Williams do Brasil –unidade Sumaré e professor do curso de inspetor de pintura nível 1 daAssociação Brasileira de Corrosão – ABRACO, Celso Gnecco, explicaque a pintura industrial está sustentada por três pilares: a tinta, o pre -paro da superfície e o método de aplicação. “Como digo nos cursos,trata-se de um tripé, pois nenhum item é mais importante do que ooutro. Sem excelência nas três fases não se alcança o resultado desejado”.

Gnecco comenta que, embora a tecnologia de tintas tenha evoluí-do muito nos últimos anos, quando a pintura é de muita responsabi -lidade o preparo de superfície tem que ser o mais rigoroso possívelpara que o sistema de pintura tenha o máximo desempenho. “A qua -lidade da pintura depende fundamentalmente do preparo da superfí-cie. Há necessidade de remoção de todos os contaminantes que pode-riam prejudicar o perfeito contato das tintas com o substrato e, aomesmo temp, criar rugosidade adequada para a aderência das tintas emelhor desempenho dos sistemas de pintura. Esta é a função dopreparo de superfície”, argumenta.

Para o engenheiro químico Segehal Matsumoto, especialista empintura industrial e marítima e também professor da ABRACO, éimportante considerar o “layout anticorrosivo”, isto é, o levantamentoda presença de frestas, regiões de difícil acesso, presença de metais dis-similares, entre outros que dificultam a aplicação de uma boa barreirade pintura anticorrosiva. “Também é fundamental o tratamento dosmateriais antes da preparação da superfície. É preciso quebrar as quinas,que no mercado marítimo é conhecido como ‘adoçamento’. Há aindaque se remover respingos de solda e preencher porosidades. Ou seja, apreparação da superfície que vai receber a pintura deve atender a normaISO 8501 partes 1 e 3. Esta norma relata que o desempenho de umapintura anticorrosiva sobre o aço é substancialmente afetado pelo esta-do da superfície imediatamente antes da aplicação da tinta”.

Sobre a questão da preparação da tinta, Celso Gnecco acha ne -cessário que o assistente técnico do fabricante da tinta a ser utilizada,antes de iniciar os trabalhos de pintura, promova um treinamento decomo preparar as tintas mono ou bicomponente e mostre na prática

Especialistas traçam um panorama sobre o setor de pintura, seus avanços tecnológicos

e a importância da inspeção nesse processo

Em busca da perfeição

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como seguir as instruções das fi -chas técnicas de cada tinta a serusada. Assim, avalia Gnecco, ospintores ou os encarregados depreparação das tintas passam ater mais ciência da importânciade preparar a tinta corretamente.“A ficha técnica é como se fosse a‘bula’ de um remédio. Lá há asindicações e contra indicações decomo preparar a tinta, e dadosde como fazer o melhor uso doproduto para alcançar a máximaqualidade na pintura. Se a tintafor preparada de forma errada,de nada adianta todos os outroscuidados com preparação de su -perfície ou técnicas de aplica ção.Haverá necessidade de removê-la ou ‘derrubar a tinta’, comodi zem os pintores, e reiniciarto do o trabalho, gerando cus tose atra sos na obra”.

Matsumoto explica que nor-malmente as tintas utilizadas napintura anticorrosiva são de doiscomponentes como epóxi e poli-uretano. “Estas tintas têm rela çãode mistura. Então, não é sim ples -mente misturar, mas sim atendera proporção correta e ho moge -neizar os componentes cuidado -samente. Quando se faz o inven-tário de um paiol de tin ta, conta-mos a quantidade de com ponen -te A de uma determinada tintaepóxi. E quando contamos ocom ponente B é co mum encon-trar quantidade me nor. Deveriater a mesma quantidade de com-ponente A e B. Isso ocorreporque quando pre para mos tintade dois componentes, não seatenta para a proporção de mis-tura. E a quantidade diferente decomponentes A e B no paiol éFo

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sumoto acredita que embora mais onerosa, uma especificação de pin-tura anticorrosiva deveria ter no mínimo duas demãos. “Especificaçãode pintura com demão única de alta espessura, exige que a aplicaçãoseja perfeita, sem falhas ou seja, zero defeito. Um dos métodos paraaplicação da tinta é por pulverização sem ar, também conhecido comopintura com pistola sem ar ou airless spray. Este método de aplicaçãotem grande produtividade e, portanto, é indicado para grandes áreasco mo em navios e tanques de es tocagem por exemplo. A boa técnicada pintura anticorrosiva exi ge a aplicação de demão de re for ço oustripe coat (aplicado a trincha em áreas críticas como cor dões de solda,quinas e cantos pa ra reforçar a espessura da tinta). Acrescenta que paraa pintura interna de tanque ou regi ões imersas é indicada a aplica çãode dois stripe coats.

Outro método de aplicação utilizado é com pulverização com arou pistola convencional, destina-se a pequenas áreas e também quan-do se deseja qualidade estética na pintura de acabamento. Pintura comrolo e trincha tem seu espaço em pintura de manutenção de platafor-ma, pintura de manutenção de bordo e também em aplicação deesquema de pintura convencional.

Celso Gnecco concorda com Matsumoto na questão das demãos,porém acrescenta que hoje em dia existem produtos que podem seraplicados em apenas uma demão, pois as tintas evoluíram tanto e sãotão aderentes, coesas, de alta espessura e tão impermeáveis que a pos-sibilidade de falhas é reduzida, mas mesmo assim podem ocorrer. Averificação de falhas com aparelho Holiday Detector é obrigatóriaquando se trata de pintura que ficará em contato, como, por exem plo,com água doce e com água do mar. A diminuição da ocorrência de fa -lhas é minimizada pelo emprego de esquema de pintura, com múlti-

prova disso. Em todas as obrasdeve ter um responsável pela pre -paração da tinta. E este prepa ra -dor de tinta deve ser treinado porum Ins petor de Pintura Certifi -ca do. A preparação de tintas éuma das etapas mais importantespara o sucesso da proteção anti-corrosiva por pintura”.

AplicaçõesSobre a questão da aplicação,

dos critérios e das demãos, Mat -

Celso Gnecco, gerente de treina-mento técnico da SherwinWilliams do Brasil

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não é o inspetor que executa apintura, mas ele deve acompan-har passo a passo todo o proced-imento para que nada que sejafeito resulte em perda de tempoe desperdício de material, emresumo, em prejuízos para aobra. “Dizemos nos cursos que afunção do Inspetor não é só a deaprovar ou reprovar uma pintu-ra, mas muito mais do que isso é

plas demãos como o próprio Matsumoto comentou e novas técnicasde inspeção como a dos pigmentos OAP (pigmentos opticamente ati-vados) que permitem com luz ultravioleta (UV) ir acompanhando aaplicação e verificando a ocorrência de falhas como falta de tinta(baixa espessura), pinholes ou poros com correção imediata, enquan-to a tinta ainda não curou. Assim, a possiblidade de falhas fica reduzi-da ou até mesmo eliminada. A confirmação após a cura, pelos méto-dos tradicionais de teste de descontinuidade com aparelho HolidayDetector garante a integridade do revestimento, sem falhas”.

A norma ABNT NBR 15218 – Critérios para qualificação e certi-ficação de inspetores de pintura industrial, o item 2.11 diz: Inspeçãoé o testemunho, avaliação e registro de todas as etapas inerentes aosserviços de pintura industrial. Tanto o Inspetor de Pintura Nível 1como o de Nível 2 têm suas atividades de inspeção definidas nestanorma. “O projeto e o contrato de execução da pintura devem trazerprocedimentos e cláusulas de como deverá ser feita a inspeção e fre-quência de realização de testes para obter a máxima qualidade na pin-tura, tanto em obras novas como em obras de manutenção. Em qual-quer obra é importante a inspeção e deve ser realizada em todas as suasetapas. A qualidade não é função só do inspetor, mas do pessoal queexecuta todos os itens da pintura”, observa Gnecco.

Para atender tal exigência a mão de obra deve ser treinada e, prin-cipalmente, conscientizada da importância de cada detalhe da pre -paração da superfície, da aplicação da tinta e da seleção das tintas cor-retas para o ambiente em que irão trabalhar. Como explica Gnecco,

Segehal Matsumoto, engenheiroquímico

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mostrar para o pintor onde eleerrou e como fazer para corrigiro erro e aprimorar a sua técnica.Fazendo isso, estará contribuin-do para melhorar a mão de obrae evitar que um dia tenhamosque importar pintores”, diz Cel -so Gnecco.

Espessura de proteçãoA pintura anticorrosiva basi-

camente protege por barreira,isto é, o filme de tinta aplicadoisola o aço carbono do meio cor-rosivo que, na zona atmosférica,são o oxigênio, a água e os ele -trólitos contidos nesta água. Im -pe dindo que o aço não entre emcontato com estes elementos aferrugem resultante de corrosãoeletroquí mica não ocorrerá. “Aespecificação de pintura projetao tipo de tinta e a espessura defilme seco que deve ser aplicadacomo barreira isolante. A cadademão aplicada, mede-se a es -pes sura de filme úmido e espes-sura de filme seco. O medidor deespessura de filme seco é digitalde precisão micrométrica. Já omedidor de espessura úmidamede em faixas de 25 microme -tros no mínimo, dando apenasuma ideia da es pessura que estásendo aplicada. O medidor deespessura de filme úmido é uminstrumento que todo pintorindustrial deve usar, explicaMatsumoto.

Quando se mede a espessurade filme seco, a tinta está aplica-da e seca. O inspetor apenas cons -

tata a espessura aplicada não tendo controle sobre a espessura. Na pin-tura marítima, mais importante que medir a espessura de filme seco écontrolar o volume de tinta aplicada por área. Esta técnica é utilizadamundialmente e conhecida como Volume Area Control. O assistentetécnico do fabricante de tinta calcula a área do navio a ser pintada no“plano de expansão de chapeamento” e depois calcula a quantidade detinta a ser aplicada em cada região. Esta quantidade é função do rendi-mento prático de cada tinta. E depois, todos envolvidos na pinturacontrolam a quantidade de tinta aplicada, não devendo sobrar ou fal-tar para cada área calculada.

Como esclarece Matsumoto, o meio mais agressivo para o aço é oambiente marítimo que tem o sal como eletrólito presente na água. Eproteger o aço contra este meio agressivo é uma tarefa simples: bastacolocar uma barreira para que o meio agressivo não entre em contatocom o aço. “Em um carro zero, a espessura da pintura é na ordem de100 micrometros. Em plataforma de petróleo a espessura da pinturaanticorrosiva é de 300 micro metros no mínimo. E porque a platafor-ma enferruja e o carro não? Muitos consideram o meio agressivo marí-timo o grande responsável. A pintura aplicada é comprovadamenteresistente ao meio agressivo, isto é, o ambiente marítimo não ataca apintura”, argumenta Matsumoto.

Ainda segundo ele, se o aço enferrujou é porque houve falha nabarreira. Enfatiza que o ambiente marítimo é o meio mais agressivo aoaço, mas não é o meio mais agressivo para a pintura. “Observando odia a dia da pintura, chegamos à conclusão que o meio mais agressivopara a pintura é o próprio homem que danifica a pintura através dedanos mecânicos e queimas principalmente. Pensam que pinturaresiste a tudo. E quando ocorrem danos à pintura, a barreira se que-bra e o meio agressivo ataca o aço que enferruja. Proteger o aço con-tra corrosão é uma tarefa simples porque depende de nós, profissio naisda pintura anticorrosiva. Difícil é proteger a pintura que não dependede nós” conclui Matsumoto.

Avanços tecnológicosNa opinião do engenheiro químico e pesquisador na Eletrobras –

CEPEL, Fernando Fragata, as duas técnicas de proteção corrosiva maisusadas para estruturas metálicas expostas na atmosfera é a pintura e agalvanização. “No caso da pintura anticorrosiva tivemos muitosavanços tecnológicos nesse setor, principalmente em função das leis deproteção ao meio ambiente e a saúde dos trabalhadores, com destaquepara a área de tratamento de superfície, que foram criados novosmétodos de preparação como o hidrojateamento de alta pressão e coma utilização de abrasivos. No setor de matéria-prima temos avançosimportantes porque hoje existe uma preocupação muito grande paraevitar metais pesados na composição das tintas e até mesmo dos sol-ventes, que são substâncias agressivas tanto para o ser humano, quan-to para o meio ambiente”.

Portanto, fazer tintas com menor teor possível de solventes ou atémesmo eliminá-lo é uma tendência mundial. Fragata comenta que,ainda no campo da técnica de avaliação de tintas, os equipamentos demensuração que medem a eficiência de tintas evoluíram muito.“Antes, esperávamos cerca de três anos pelo resultado de uma pesquisapara avaliar uma tinta; atualmente temos equipamentos de laboratórioque realizam o mesmo trabalho em cerca de sete meses e temos umaposição do desempenho comparativo de uma nova tinta ou de umnovo revestimento. Hoje, por exemplo, nós temos resinas especiais

Fernando Fragata, pesquisadorda Eletrobras (CEPEL)

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cartão de visita” e saí de lá com aalma lavada, porque quando apintura é bem feita o resultado ésurpreendente. Sem dúvida, es -ses setores de linha branca, auto-mobilística e aeronaves evo luí -ram muito”, comenta Fragata.

Formação é fundamentalFragata chama a atenção para

algumas obras espalhadas pelo

que permitem fazer tintas de espessuras elevadas por demão e combaixa viscosidade, ou seja, facilmente aplicável pelos métodos conven-cionais. Na área de pintura anticorrosiva no setor industrial, como naPetrobras ou Eletrobras, onde a pintura é utilizada em grandes estru-turas metálicas e a estética não é tão fundamental, ocorreu uma grandeevolução também”, explica Fragata.

Fragata chama a atenção para o setor da indústria automobilística,na qual, por intermédio de um esforço conjunto, dos profissionais dasdiferentes áreas das empresas se mobilizaram e conseguiram pratica-mente acabar com a corrosão nesse segmento. “Antigamente quando secomprava um carro usado o parâmetro era o estado do veículo em ter-mos de corrosão, mas hoje isso acabou. Quando o consumidor vaicomprar um carro usado ele busca saber outras variáveis. Isso significaque conseguimos atingir excelência no tratamento de superfície e umatinta altamente sofisticada. O setor de aeronave é outro que a evoluçãofoi muito grande. Recentemente em visita a Embraer tive a oportu-nidade de ver a excelência que existe hoje no setor aeronáutico”.

Fragata explica que a pintura de um avião tem que ser muito espe-cial, até porque a aeronave sai de solo com uma temperatura de 40 ºCe em menos de vinte minutos a temperatura está –30 ºC. Existe umnível de radiação ultravioleta enorme e, por isso, as tintas têm que serde altíssima qualidade assim como a preparação de superfície. “Percebique na Embraer a pintura é tratada com extremo cuidado e os pintoressão verdadeiros artistas. A frase mais bonita que ouvi até hoje foi ditapor um diretor da Embraer que me falou “aqui a pintura é o nosso

Joaquim Pereira Quintela,consultor técnico da Petrobras

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país nas quais a excelência dapin tura não é aplicada, muitoem função do cronograma aper-tado de entrega. “Quando asobras começam a sofrer porpressão para que se cumpradeterminado prazo, normal-mente deixa a desejar sobre aquestão da pintura. Com isso asconsequências são catastróficasporque a corrosão não deixabarato, então para evitar isso épreciso entender que a pressa éinimiga da perfeição na área depintura. A pintura tem que serrespeitada e se o cronograma estáatrasado o problema não poderecair na pintura. Quando umchefe de um setor industrialper gunta a seu colaborador se oequipamento está pronto e eleresponde que sim, mas só falta apintura, este demonstra clara-mente que a pintura não é im -portante para ele. Esse tipo dementalidade está perdurando epreci samos entender que a pre -para ção de superfície é a etapamais importante”.

Fragata diz que em pinturaanticorrosiva não existe milagre,quanto melhor o preparo da su -perfície melhor o desempenho

da pintura. Por isso, ele destaca a evolução significativa na área de for-mação de pessoal. “De 27 anos atrás até os dias de hoje, quando aPetrobras começou a exigir a presença de inspetores qualificados nassuas obras foi montado dentro da ABRACO um curso de formaçãode inspetor de pintura, do qual estou lá desde o primeiro curso atéhoje, e temos detectado uma melhoria substancial na qualidade dosserviços executados. Atu almente temos mais de mil inspetores qualifi-cados exercen do funções importantes. A rele vância dessa disciplina étão significativa que tanto no Brasil como nos Estados Unidos essescursos estão sempre superlotados. Não é por menos, pois essa é aforma mais indicada para a redução do custo da proteção anticorrosi-va. O objetivo maior é o de fazer com que o revestimento dure o maiortempo possível, conservando a qualidade e para isso é necessário umaboa pre paração de superfície, uma aplicação adequada e consequente-mente o processo como um todo requer inspeção em todas as suas eta-pas”, comenta Fragata.

Fernando Fragata explica que com 38 anos de trabalho tem sem-pre se dedicado a divulgar as técnicas de proteção de pintura, de formaa fazer com que a pintura seja uma técnica bastante valorizada. “Aspessoas que me conhecem sabem o quanto eu batalho para que a pin-tura seja respeitada. Recentemente ajudei a elaborar o primeiro semi-nário brasileiro de pintura anticorrosiva, no qual vamos reunir pessoasimportantíssimas do setor, inclu indo os principais formadores deopinião. Destaco o meu amigo Joaquim Quintela, a quem deixo regis -trado uma homenagem pela sua dedicação e luta para o desenvolvi-mento do setor de pintura anticorrosiva industrial no Brasil. Ele jáescreveu seu nome na história da pintura anticorrosiva. Também vouapresentar para a Petrobras a criação do fórum brasileiro de pinturaanticorrosiva com o objetivo de solucionar rapidamente problemas,onde podemos ter duas ou três reuniões por ano sem ter que esperarnormas para que decisões sejam tomadas”.

Fragata ainda destacou os cursos de formação de inspetores de pin-tura da ABRACO, onde há boas surpresas, com profissionais que

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caso da indústria au to mobilísticao resultado é perfeito porquetodos os profissio nais envolvidostraba lham em har monia. A uni ãodo químico de tintas, do meta -lúrgico que se le cionou o tipo dechapa, do ins petor de pinturaque controla os processos eaprovação gerencial constituemesse exemplo de sucesso”.

entram com zero conhecimento e hoje são respeitados nos mais altosníveis desse segmento de mercado. “Eu sempre uso como exemplo umaaluna minha chamada Tatiana Meireles, que, apesar do nível superior,sabia muito pouco sobre pintura. Hoje ela trabalha em uma empresa emAngra dos Reis, é muito respeitada pela classe e eu sinto orgulho de tersido seu professor, além de ver na prática a importância que esse curso tempara a formação de profissionais competentes para o país”.

UsuárioDo ponto de vista do usuário, o consultor técnico da Petrobras,

Joaquim Pereira Quintela, acredita que qualquer tipo de especificaçãoou tecnologia pode cair por terra e ficar sem a função para qual ela foideterminada se não tiver uma inspeção correta. “Não importa otamanho do projeto, seja de pequeno, médio ou grande porte, ele de -veria ter um profissional de pintura pelo menos nas fases iniciais parasaber exatamente como será conduzido. Para uma plataforma, porexemplo, que é um projeto grande porte, as condições climáticas locaise a estrutura disponível no estaleiro podem exigir característicasespecíficas dos revestimentos. Hoje, no Brasil, temos estaleiros comclima predominantemente quente e úmido e outros com tempera -turas no inverno abaixo de 5 °C”, comenta.

Um bom exemplo comentado por Quintela foi a construção deuma plataforma em Angra dos Reis, na qual durante 130 dias do anoregistrou-se uma umidade relativa do ar na casa dos 85 %, que é umnú mero problemático para a pintura. “A Petrobras tem obras em váriosestaleiros no Brasil e no mundo. Tintas que podem ser ideaispara locais como Cingapura ou Bahrein, com umidade etemperatura muito elevadas, não terão o mesmo desempen-ho em outros locais como, por exemplo China e Coreia doSul, com invernos muito rigorosos (temperaturas abaixo de–10 °C) e umidade baixa. Diante desse cenário, é importan-tíssima uma especificação técnica correta por um profissio nalcom amplo conhecimento de química de tintas e equipe deinspeção atuante e conhecedora de todo o processo. Por issoque o profissional de pintura tem que estar preparado eprestar suporte técnico desde o início do projeto. Com issoele vai determinar a especificação de pintura correta”, expli-ca Quintela.

Para ele, depois disso, o projeto tem que montar o Paint -ing Plan (Planejamento da Pintura), baseado nas con diçõesclimáticas, características das tintas e estrutura do estaleiro.Importante saber também quantas cabines (gal pões) de pin-tura ele tem, se são climatizadas, quando será construído, oque será construído em galpões, como, onde e quando serãofeitas as emendas de blocos. Isso porque tinta é química e oprofissional tem que conhecer química. Para Quintela é pre-ciso acabar com a ideia que a pintura prejudica o andamen-to da obra, ao contrário, uma pintura bem planejada nãoatrapalha a obra e aumenta muito a vida útil da unidade.

Quintela chama a atenção para o fato de que nessa áreahá muitas pessoas julgando que dominam o tema pintura,mas na verdade não estão preparadas. “O profissional de pin-tura capacitado estabelece tais condições antecipadamente eapresenta soluções adequadas às necessidades do empreendi-mento. Seguir esse raciocínio e conduzir um trabalho emequipe são princípios básicos para a receita do sucesso. No

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INSPEÇÃO DE PINTURA

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Artigo Técnico

Procedimentos para ensaiosde proteção catódica

em campo de práticas

cuito entre tubo camisa (proteçãomecânica) e tubo-condução (pro-tegido catodicamente).

AbstractIn 2009, the ABNT NBR

15653 standard (“Critérios paraqualificação e certificação de pro -fissionais de proteção catódica”)has been published. Aiming toconsider the requirements of thestandard, a training center thatincorporates experiences of othercountries was built. This trainingcenter is located in CTDUT(Cen tro de Tecnologia em Dutos),in Campos Elíseos, Duque de Ca -xias – RJ. As the standard referspreferably to onshore structures, thetraining center has some facilitiessuch as: buried pipelines with dif-ferent coatings, an above groundstorage tank, impressed currentand galvanic anode beds, rectifiersand a system able to simulateinterference current. This paperpresents some practical proceduressuggested for study and evaluationof parameters of CP systems in thefield, according to ABNT NBR

15653. The practical proceduresinclude: on/off potential measure-ments, evaluating the operation ofinsulation joints, interferencecheck ing between CP systemsusing impressed current and certi-fication short circuit betweenmechanic insulation tube (me -chan ical protection) and pipeline(cathodically protected).

IntroduçãoA Proteção Catódica (PC)

possui um enorme campo deaplicação e é uma necessidade domercado promover a capacitaçãodos profissionais envolvidos comessa técnica. No final da décadade 60, foram publicadas normasdedicadas à proteção catódica,incluindo esclarecimentos datécnica, especificação de requi-sitos básicos e recomendações.Em 2009, foi editada a normaABNT NBR 15653 – “Crité -rios para qualificação e certifi-cação de profissionais de pro-teção cató dica” 1.

Segundo o Inmetro, a certifi-cação de pessoas avalia as habili-

Simone LouiseD. C. Brasil

Por Eduardo G.B. Leite

ResumoEm 2009 foi editada a norma

ABNT NBR 15653 – “Critériospara qualificação e certificaçãode profissionais de proteção ca -tódica”. Visando atender a nor -ma, foi construído um campopa ra realização de atividades prá -ticas que incorpora experiênciasconsolidadas em outros paíseson de há centros de capacitaçãode profissionais em proteção ca -tódica. Este campo está localiza-do no Centro de Tecnologia emDutos – CTDUT, em CamposElíseos, Duque de Caxias – RJ.Tendo em vista que a norma serefere, preferencialmente, a ativi-dades vinculadas a instalaçõester restres, o campo de práticasconta com diversas instalaçõestais como: tubulações enterradascom diferentes tipos de revesti-mentos, tanque de armazena-mento, leitos de anodos galvâni-cos e inertes, retificadores, juntasde isolamento e sistema para si -mulação de corrente de interfe -rência. A capacitação profissio -nal inclui treinamento e avali-ações em campo, que compõemo sistema de qualificação. Nestetrabalho são sugeridas algumasprá ticas que poderiam ser adota -das para estudo e avaliação depa râmetros de sistemas de pro-teção catódica em campo, con-forme a norma ABNT NBR15653. Os procedimentos apre-sentados in cluem: medição depotenciais on/off, avaliação dofuncionamento de juntas de iso -lamento, verificação de in ter -ferência en tre sistemas de pro-teção catódica por corrente im -pressa e avaliação de curto-cir-

Preparation of test procedures for cathodic protection on field practices

Figura 1 – Visualização do campo de proteção catódica – CTDUT

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dades e os conhecimentos de al -gumas ocupações profissionais, epode incluir, entre outras, as se -guintes exigências:• formação – a exigência de cer -

to nível de escolaridade visa as -

segurar nível de capacitação;• experiência profissional – a ex -

periência prática em setor es -pecífico permite maior com -pre ensão dos processos envolvi-dos e identificação rápida das

oportunidades de melhorias;• habilidade e conhecimentos

teóricos e práticos – a capaci-dade de execução é essencialpara atuar e desenvolver-se naatividade.

A norma ABNT NBR156531 estabelece os requisitos ea sistemática para qualificação ecertificação de pessoas em pro-teção catódica, visando pro-mover a capacitação de profis-

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TABELA 1 – PARÂMETROS MEDIDOS NO RETIFICADOR 1

Parâmetros elétricos do Retificador Valores MedidosVAC (V) 217VCC (V) 3,4

Figura 2 – Planta esquemática para demonstração das práticas

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sionais para níveis 1 ou 2. Paracada nível, existem atribuições eresponsabilidade básicas ineren -tes no campo da PC. Os can-didatos a profissionais, em am bosos níveis, são submetidos a exameteórico e prático de qualificaçãoem proteção catódica se gundoAnexos presentes na nor ma. Paraaprovação, o candidato deveobter uma pontuação superior a70 % do valor total dos exames.

O certificado, indicando onível para o qual o profissionalestá qualificado, deve ser emitidopelo organismo de certificaçãode pessoal (OPC). O organismocertificador deve tornar público einformar, quando solicitado, asituação da certificação dos pro -fissionais. A certificação emqual quer dos dois níveis tem umprazo de validade de 60 meses(cinco anos), a contar da data deemissão do certificado.

O presente trabalho tem co -mo objetivo apresentar procedi-mentos práticos elaborados como objetivo de estudar e avaliar pa -râmetros de sistemas de Pro te çãoCatódica em campo, conforme anorma ABNT NBR 156531.

MetodologiaVisando atender a norma, foi

construído um campo para reali -

zação de atividades práticas queincorpora experiências consoli-dadas em outros países onde hácentros de capacitação de profis-sionais em proteção catódica.Este campo está localizado noCentro de Tecnologia em Dutos– CTDUT, em Campos Elíseos,Duque de Caxias – RJ. Tendoem vista que a norma se refere,preferencialmente, a atividadesvinculadas a instalações terres -tres, o campo de práticas incluitubulações enterradas com dife -rentes tipos de revestimentos,tan que de armazenamento, leitosde anodos galvânicos e inertes,retificadores, juntas de isolamen-to e sistema para simulação decorrente de interferência.

Os procedimentos aqui su -geridos visam permitir que ospro fissionais em treinamentorea lizem práticas que abordemsituações encontradas em cam -po. Os profissionais são treina-dos e posteriormente avaliadoscom relação aos conhecimentosadquiridos. Os procedimentosen volvem tanto a parte relativaao profissional que está sendoava liado, quanto ao instrutor/ava liador.

A Figura 1 permite a visuali -zação do campo de práticas emproteção catódica localizada no

CTDUT. A Figura 2 apresentauma planta esquemática, em ter-mos de dimensões e localizações,contendo apenas as estruturas eequipamentos utilizados nesse es -tudo. O campo práticas apresen-ta várias instalações, mas so menteparte do campo está re presentadanessa figura de forma a facilitar avisualização e a di dá tica das práti-cas destinadas ao projeto. Nessetrabalho foram escolhidos quatrotemas relacionados à proteçãocatódica e, a seguir, são descritoos objetivos de cada prática.

Potenciais on/off• Medir os potenciais naturais e

os potencias on/off de dutos;• Manusear o retificador e medir

seus parâmetros elétricos(VAC, VCC);

• Verificar a presença de falhasno revestimento a partir dospotenciais medidos.

Junta de Isolamento• Verificar os potenciais em junta

de isolamento segundo normaespecífica2;

• Identificar defeitos na junta deisolamento.

Corrente de interferência• Verificar os potenciais on/off

em duto revestido com coaltar

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TABELA 2 – POTENCIAIS MEDIDOS NOS PONTOS DE TESTE (ELETRODO DE CU/CUSO4)

Ponto Estrutura Potencial Potencial Potencial off (V) Potencial off (V)de Teste medida Natural (V) on (V) Sem coupon Com coupon

Ciclo 1 / Ciclo 2 Ciclo 1 / Ciclo 2PTE1 Duto 10” -0,64 -2,73 -1,15 / -1,14 -1,11 / -1,10PTE6 Duto 10” -0,64 -2,87 -1,14 / -1,15 -1,12 / -1,12

TABELA 3 – POTENCIAIS MEDIDOS NO PONTO DE TESTE (ELETRODO DE CU/CUSO4)

Ponto de Medição Potencial on do lado protegido (V) Potencial on do lado isolado (V)PTE1 -2,73 -0,60

PTE1 (após defeito) -1,84 -1,78

TABELA 4 – POTENCIAIS MEDIDOS NOS PONTOS DE TESTE (ELETRODO DE CU/CUSO4)

Ponto de Medição Potencial on Coaltar (V) Potencial off Coaltar (V)PTE6 (item b) -2,66 -1,15PTE6 (item d) -3,41 -2,70

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d. Nos PTEs, observar o com-portamento dos potenciaison/off. Programar 12 segundoson e 3 segundos off (2 ciclos);

e. Ligar os coupons simulandofalha nos PTEs (instrutor/avaliador);

f. Nos mesmos PTEs, repetir averificação do potencial offprogramando o mesmo ciclodo item (d);

Para validação da prática, fo -ram realizadas medidas em cam -po e as Tabelas 1 e Tabela 2 apre-sentam os resultados obtidos. Asmedidas foram feitas com umeletrodo de cobre/sulfato decobre.

Os dois valores de potencialoff, tanto no item (d) quanto noitem (f), se devem à existência dedois ciclos off realizados durantea prática. A análise desses resulta-dos mostra que, mesmo com a

em presença de duto revestidocom PE3L protegido catodica-mente.

Tubo camisa• Medir potenciais naturais e

on/off de dutos enterrados;• Identificar curto-circuito entre

tubo camisa e dutos enterra-dos;

• Verificar o funcionamento cor-reto de tubo camisa em cruza-mento de via.

Procedimentos sugeridosOs procedimentos descritos

foram testados em campo e, como intuito de facilitar a compreen-são do leitor, os equipamen tos/componentes utilizados em ca -da prática estão representadospor diferentes cores na Figura 2.Sendo assim, o leitor pode acom-panhar os procedimentos obser-vando sempre a cor referida àprática. Vale, ainda, ressaltar quealguns equipamentos podemapresentar mais de uma corquan do estes forem aplicados emmais de uma prática.

Procedimentos práticos –Potenciais on/off: Cor Azula. Medir os potenciais naturais

de duto de 10” revestido comPE3L (polietileno tripla cama-da) em pontos de testes(PTEs);

b. Energizar o equipamento reti-ficador RE1;

c. Medir os parâmetros elétricosdo retificador RE1 (VAC eVCC);

presença de cupons simulandofa lhas de revestimento, os poten-ciais off mantiveram-se dentro dafaixa de proteção catódica con-siderada (-0,85 VCu/CuSO4 e- 1,2 VCu/CuSO4), o que sig-nifica dizer que a corrente aplica-da foi suficiente para a proteçãocatódica, mesmo em presença defalhas simuladas, considerada aose conectar o coupon ao duto.

Procedimentos Práticos –Junta de Isolamento: CorLaranjaa. Energizar o equipamento reti-

ficador RE1 de forma a prote-ger catodicamente por corren -te impressa o duto de 10” comPE3L;

b. Verificar se há passagem decor rente para a parte aérea(iso lada) da estrutura. Essa ve -rificação pode ser efetuada

C & P • Outubro/Dezembro • 2013 25

Figura 3 – Componentes de uma junta isolante

TABELA 5 – POTENCIAIS MEDIDOS NOS PONTOS DE TESTE (ELETRODO DE CU/CUSO4)

Ponto Estrutura Potencial Potencial Potencialde Medição medida Natural (V) (item d) (V) (item f) (V)

PTE1 Duto 10” -0,64 On Off On Off-2,73 -1,15 -1,89 -0,83

PTE2 Duto 10” -0,66 On Off On Off-2,65 -1,13 -1,33 -0,72

PTE2 Tubo Camisa -0,56 On Off On Off-0,52 – -1,23 –

PTE3 Duto 10” -0,34 On Off On Off-2,78 -1,13 -1,91 -0,82

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me dindo o potencial on antese depois da junta de isolamen-to no PTE1. A diferença depotencial entre as partes maiorou igual a 100 mV indica obom funcionamento da juntade isolamento2;

c. Efetuar um defeito na junta deisolamento para que ocorra apassagem de corrente para aestrutura (instrutor/avaliador);

d. Executar novamente o pro-cedimento (b) na junta de iso-lamento.A Tabela 3 fornece os resul-

tados da medição dos potenci-ais dessa prática. Nesse caso ficaevidente que há passagem decor rente para a parte que deve-ria estar isolada pela junta, umavez que a diferença entre os la -dos protegido e isolado é,aproximadamente, de 60 mV esabe-se que, uma diferença me -nor que 100 mV entre as par -tes, indica o mau funcionamen-to da junta2. O problema doisolamento pode estar ligado aocartucho isolante, ao disco deCe leron ou à arruela isolanteco mo mostra a Figura 3. Naprática, por conta de vibra çõescomuns existentes nos du tos, omais provável que ocorra é odesgaste do cartucho isolante(estojo).

Procedimentos Práticos –Corrente de interferência:Cor Verdea. Ligar o terminal negativo (-) ao

duto de 22” revestido com co -altar e o terminal positivo (+)ao leito de anodos inertes noequipamento Retificador RE1.Energizar o equipamento;

b. Medir os potenciais on/off(mesmo ciclo utilizado na pri -meira prática) no ponto deteste PTE6 para o duto 22” decoaltar;

c. O instrutor/avaliador, semconhecimento do candidato,deve ligar a junta de isolamen-to JI2 e colocar em funciona-mento contínuo o retificador

RE2, promovendo a proteçãocatódica por corrente impressado duto de PE3L 10”. A se -guir, o equipamento deve serenergizado;

d. Repetir o procedimento (b);e. Medir o potencial on em todos

os PTEs do campo de prática.A Tabela 4 mostra os poten-

ciais on/off medidos durante aterceira prática. Nos valores doitem (b), observa-se que, emcon dição off, o potencial do duto22” de coaltar (revestimento debaixa eficiência) está dentro dafaixa de proteção catódica con-siderada (-0,85VCu/CuSO4 a- 1,2 VCu/CuSO4) indicando obom funcionamento do sistema.Já com relação aos potenciaismedidos no item (d), o que se vêé uma variação drástica dospotenciais em relação ao item (b)e, além disso, o potencial emcondição off (-2,70 V) indica asuperproteção do duto de 22” decoaltar. Essa variação dos poten-ciais, entre os itens, se deve aosurgimento de um sistema inter-ferente (duto PE3L 10”) queprovocou o aumento do poten-cial no duto com coaltar, preju-dicando seu funcionamento se -guro. Vale ressaltar que o can-didato não sabe da existência deoutro sistema de proteção cató -dica (com o uso do RE2). Ocandidato deve deduzir que osurgimento de um potencialmais negativo (-2,70 V) no item(d) pode ter surgido a partir deum sistema interferente. Logo,deve certificar-se qual o tipo desistema causador dessa interfe -rência através da verificação dospotenciais on em todos os PTEs(item e) presentes em campo.Com isso descobriria que oPE3L 10” recebe uma correntecatódica proveniente de outrosistema, causando interferênciano duto com coaltar.

Procedimentos Práticos –Tubo camisa: Cor Vermelhaa. Verificar, no painel de con -

trole, se o duto de 10” comPE3L está em curto-circuitocom o tubo camisa e, caso es -teja, deve desconectar (ins tru -tor/avaliador);

b. Medir os potenciais naturaisdo duto de 10” com PE3L nospontos de testes (PTEs) indi-cados com cores vermelhas;

c. Energizar o equipamento reti-ficador RE1;

d. Medir os potenciais on/off (12segundos on e 3 segundos off –2 ciclos) do duto de 10” comPE3L e o potencial on do tubocamisa nos PTEs;

e. Curto-circuitar o duto de 10”com PE3L ao tubo camisa(instrutor/avaliador);

f. Repetir o procedimento (d).Os potenciais medidos na

quarta prática estão apresentadosna Tabela 5. Observam-se que ospotenciais naturais no duto de10” com PE3L não se encon-tram em faixa de proteção, de -monstrando que o sistema prote-tor (RE1), inicialmente, não estáem funcionamento. Ao energizaro equipamento retificador RE1 eaplicar o on/off (coluna do itemd), os valores dos potenciais nacondição off estão dentro da faixade proteção (-0,85 VCu/CuSO4

a -1,20 VCu/CuSO4). Pelo valordo potencial on medido no tubocamisa observa-se que esse não seencontra em curto com o dutode 10” com PE3L. Cabe ressaltarque não é necessário medir opotencial off do mesmo, uma vezque a função do tubo camisa éatuar na proteção mecânica doduto protegido catodicamente.

Por sua vez, no procedimen-to do item (f), pode-se observarque todos os potenciais do dutode PE3L 10” medidos nos pon-tos de testes, aumentaram emrelação ao item (d), a ponto doduto, na condição off, não estarprotegido catodicamente. Emou tras palavras, os potenciais offdo duto de PE3L 10” não se en -contram na faixa de proteção(- 0,85 a -1,2 V). Esse fato se

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Critérios para qualificação e certifi-cação de profissionais de proteçãocatódica. (2009)

2. Norma N-2801 PETROBRAS –Inspeção de Sistemas de ProteçãoCatódica de Dutos Terrestre. (2005)

3. Norma ISO 15589-1. Petroleum andNatural Gas Industries – CathodicProtection of Transportations Systems.(2003)

4. DUTRA, A. C. & NUNES, L. P.,Proteção Catódica: Técnica deCombate à Corrosão (5ª edição) – Ed.Interciência, Rio de Janeiro, 2011.

5. GENTIL, V., Corrosão, Editora LTC,6ª Edição, 2011.

6. Inmetro – Mecanismo de certificação.Acesso em novembro de 2012. Site:www.inmetro.gov.br/qualidade/certi-ficacao.asp.

de 10” com PE3L (-1,84V)com a parte isolada do duto dePE3L 10” (-1,78 V), invalidan-do o uso desta junta em termosda norma N-2801 Petrobras2.Isso comprova a grande impor -tância do uso e manutençãoperiódica de juntas de isola-mento em transições de estru-turas protegidas catodi ca mente.

• Prática 3: Diante de um sistemainterferente, o duto de 22” comcoaltar apresenta po tencial offde -2,70 V (fora da faixa de pro-teção: -0,85 VCu/CuSO4 a- 1,20 VCu/CuSO4), superpro-tegendo a estrutura. Com isso,observa-se como sistemas depro teção catódica podem terin fluência sobre outros, cau-sando uma grande variação depotencial.

• Prática 4: O aumento dos po -tenciais observado nesta prá -tica ao longo do duto de 10”com PE3L, permite concluirque existia fuga de correntedo duto de PE3L 10” para otubo camisa, através do curtocircuito criado pelo instrutor/avaliador. Por esse motivo, opotencial on do tubo camisadiminuiu para -1,23 V. Nessaprática, foi avaliada a presençade curto-circuito entre umtubo camisa e um duto-con-dutor protegido por correntecatódica. Além disso, observa-se um complemento da práti-ca 4 na realização da prática 1,criando um novo dispositivo(tu bo camisa) para simular apresença de grande área semrevestimento em conexãocom o duto.

Pode-se concluir que, emfunção da variedade dos compo-nentes e equipamentos pre-sentes, diversas condições práti-cas de sistemas de proteçãocatódica podem ser avaliadaspelo profissional em capacitação.

Referências Bibliográficas1. Norma ABNT NBR 15653 –

deve ao curto-circuito, criado pe -lo instrutor, entre o duto de 10”com PE3L e o tubo camisa. Issopode ser comprovado diante dovalor do potencial on lido notubo camisa (-1,23 V). Uma ou -tra consequência observada foi oaumento considerável do poten-cial do duto de PE3L 10” próxi-mo ao tubo camisa (-0,72 V),justificando que a parte maispre judicada do duto condutor,com o curto, foi próximo aoponto de medição PTE2.

ConclusõesA fim de cobrir a necessida -

de do mercado de profissionaisde proteção catódica, está emim plantação o processo de trei -namento, qualificação e certifi -ca ção considerando a normaABNT NBR 156531 – “Cri -térios para qualificação e certifi-cação de profissionais de pro-teção catódica”. Visando aten-der a norma, foi construído umcampo de práticas, localizadono Centro de Tecnologia emDu tos – CTDUT, em CamposElíseos, Duque de Caxias – RJ.Neste trabalho, o campo deproteção catódica foi utilizadopara verificação de quatro pro-cedimentos práticos sugeridos,sobre os quais cabem os se guin -tes comentários:• Prática 1: A prática proposta

permite a obtenção de potenci-ais off na presença de couponssimulando falhas em revesti-mento. Como sugestão decom plementação à prática, po -de-se promover a ligação deum maior número de couponsno sistema, de forma a ser pos-sível verificar uma maior des -po larização da estrutura.

• Prática 2: O procedimentopermite avaliar juntas de isola-mento com a criação, por partedo instrutor/avaliador, de umafalha na junta isolante. Obser -va-se a aproximação dos poten-ciais na parte protegida do duto

Contato: [email protected]

Eduardo G. B. LeiteEng Químico - INT, Mestrando doPrograma de Pós-graduação emTecnologia de Processos Químicos eBioquímicos (Escola de Química / UFRJ)

Simone L. D. C. BrasilEngenheira Química pela Escola deQuímica da UFRJ, com Mestrado eDoutorado em Corrosão, pelo Programade Eng. Metalúrgica e de Materiais daCOPPE/UFRJ. Professora da Escola deQuímica/UFRJ desde 1997.Atuação em linhas de pesquisarelacionadas ao estudo da corrosãoe sistemas de proteção.

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Artigo Técnico

Influência da solubilização naresistência à corrosão derevestimento tipo “clad”

de aço inoxidável AISI 904L

fully studied with regard to micro -structure and properties changes.In this work, a clad of AISI 904Lwas applied to a ASTM A335 –P9 (9 % Cr – 1 % Mo) structur-al steel. The pitting corrosion wasanalyzed by cyclic polarization testin 3,5 % NaCl solution. Theintergranular corrosion of the cladwere investigated by electrochemi-cal etch and double loop electro-chemical polarization reactivationtest (DL-EPR). The material wasalso solubilized at 1100 ºC during2 h and its microstructural changeswere investigated. The results werecompared to the clad as receivedand AISI 904L annealed. Thesolution treatment provokes a sig-nificant increase on corrosionresistance and some changes inmechanical properties.

IntroduçãoO aço inoxidável AISI 904L

(UNS N08904) apresenta estru-tura austenítica estável, altas con-centrações de cromo, níquel emolibdênio, sendo hoje conside -rado um “super-austenítico”.Devido à boa resistência à cor-rosão, conformabilidade e eleva-da tenacidade, este material vemsendo empregado em ambientescada vez mais severos. Uma dasaplicações do AISI 904L é naforma de clad, ou seja, um reves-timento espesso aplicado sobreum material menos nobre.

Durante o processo de fabri-cação de um tubo bimetálico deaço P9 (9 % Cr – 1 % Mo) comclad de aço AISI 904L dois tubosde partida são montados numaoperação de hidroconformaçãoon de o tubo interno de AISI

904L é levado à deformaçãoplás tica e o tubo externo e maisespesso de aço P9 deforma-seapenas elasticamente. Em segui-da, o conjunto montado é co-ex -trudado a quente, sendo em se -guida, submetido a tratamentotérmico de alívio de tensões a760 ºC por períodos de até 12 h.Este tratamento térmico é neces -sário para o bom desempenhodo aço P9, mas pode provocar al -terações na microestrutura e pro-priedades do aço AISI 904L.

Muitas vezes o aço pode tam-bém ser submetido a um trata-mento térmico de solubilização,também chamado de recozimen-to, o qual tem o objetivo de solu -bilizar segundas fases que cau -sam efeitos deletérios às propri -edades mecânicas e/ou resistên-cia à corrosão.

Ensaios eletroquímicos po -dem ser utilizados para avaliar aresistência à corrosão de metaise ligas. No caso dos aços inoxi -dá veis, destacam-se os ensaiosde polarização cíclica em solu -ção de cloretos, para a determi-nação do potencial de pite e derepassiva ção (Epite e Erp). Outroensaio mui to aplicado nos açosinoxidá veis, com o objetivo dese avaliar o grau de sensitização,é o ensaio de polarização eletro-química de reativação cíclica(PERC ou “DL-EPR – “doubleloop eletrochemical polarzationreativation test”).

Neste trabalho a resistência àcorrosão de um clad de 904Laplicado sobre um aço ao cromo-molibidênio tipo P9 pelo proces-so de co-extrusão foi avaliada pordiversos ensaios eletroquímicos e

Por BrunoAlberto R. S.

Barbosa

ResumoOs revestimentos tipo clad

são uma forma econômica e efi -ci ente de proteção anticorrosiva,muito usada nas indústrias quí -mi cas e petroquímicas. Entretan -to, os processos de fabricação re -a lizados para a confecção doequi pamento “cladeado” mere-cem especial atenção com rela çãoaos seus efeitos na microes tru turae propriedades. Neste tra ba lhoum clad de aço AISI 904L aplica-do sobre o aço ao cro mo tipoASTM A335 – P9 (9 % Cr – 1 %Mo) foi avaliado por ensaios decorrosão intergranular e por pi -tes. Utilizou-se os ensaios de po -la ri zação eletroquímica de reati-vação cíclica (PERC) para quan-tificar o grau de sensitização e,pa ra avaliar a resistência à cor-rosão por pites, o ensaio de po la -ri zação cíclica em solução 3,5 %NaCl. Este material foi posteri -or mente solubilizado a 1100 ºCpor 2h e além dos testes de resis -tência à corrosão, também foramavaliadas as alterações microes -tru tu rais provocada pela solubili -zação. Os resultados foram com-parados com o aço AISI 904Lrecozido, condição que se obtémsuas melhores propriedades. Foiobservado que a solubilização re -a li zada na peça “cladeada” provo-ca um aumento significativo naresistência à corrosão e alteraçõesem suas propriedades mecânicas.

AbstractStainless steel clad is an econo -

mical solution to provide corrosionresistance to structural steels. How -ever, the fabrication processes usedto obtain clad pieces must be care-

Influence of solution treatment on the corrosion resistance of AISI 904L stainless steel clad

Co-autores:FernandoBenedictoMainier, JuanManuel Pardal,Sérgio SoutoMaior Tavares

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comparada ao clad solubilizado a1100 ºC por 2 h, bem comocom o próprio AISI 904L corre-tamente recozido. Também fo -ram traçados perfis de dureza doclad e do substrato próximo àinterface.

MetodologiaUm tubo bimetálico 904L

/P9 foi recebido com o his tóricode tratamento térmico de alíviode tensões a 760 oC realizadopor 12 horas. Foi também rece-bida uma barra forjada e solubi-lizada de aço AISI 904L paraensaios comparativos.

Após as realizações dos en -saios no Clad A, este foi so lu -bilizado a 1100 ºC por 2 h e res-friado ao ar gerando, então, aamostra Clad B. A tabela 1 mos -tra a identificação das amostrasproduzidas e ensaiadas.

As microestruturas foramava liadas através de microscopiaótica (MO) e eletrônica de var -redura (MEV). Foram realizadosdois ataques eletroquímicos pararevelar a microestrutura. Para re -velar fases intermetálicas em açosinoxidáveis austeníticos e duplexé indicado o ataque com solução10 % KOH (3 V, 10-15 s) 1, aopasso que para revelar a presençade carbonetos de cromo, o ata -que mais indicado é feito comácido oxálico (9 V, 60-90 s) 2.

Para a confecção dos eletrodosde trabalho para ensaios eletro-químmicos amostras de dimen-sões 10 mm x 10 mm x 5 mmforam cortadas no sentido trans-versal e, então, fixadas a um fiode cobre revestido de maneira ase manter um contato tal queper mitisse a passagem de umacor rente através do conjunto.Em seguida foi feito o embuti-

mento em resina acrílica com se -cagem a frio. Após a secagem daresina, os eletrodos foram lixadose polidos de acordo com o pro-cedimento especificado para ca -da ensaio.

Os ensaios de polarização cí -clica foram realizados a tempera -tura ambiente e em solução3,5 % NaCl seguindo a normaASTM G-61 3. Após a estabiliza-ção do potencial de circuitoaber to, a varredura se iniciou apartir deste até o potencial cor -res pondente a uma densidade decorrente de 10-3 A/cm2. Nesteponto, a varredura era revertidapara o sentido catódico. A taxade variação do potencial nestesensaios foi de 0,17 mV/s. O po -tencial de pites correspondeàque le em que se observa umaumento abrupto da corrente. Opotencial de repassivação é aque-le no qual a curva de retorno (ca -

tódica) intercepta a curva de ida(anódica).

O ensaio PERC (ou DL-EPR) é utilizado para avaliar asusceptibilidade à corrosão in -ter granular, ou seja, o grau desensitização, do material nasdiversas condições de processa-mento, seguindo a normaASTM G-108 4. Este ensaio,realizado em temperatura ambi-ente, consiste em fazer o poten-cial da amostra variar do valorde circuito aberto até cerca de300 mV (ECS) com uma taxade varredura de 1,0 mV/s, retor-nando em seguida pelo sentidocatódico até o valor inicial.

A partir da curva obtida noensaio obtém-se o grau de sensi-tização do material como sendoa razão entre a corrente de reati-vação (Ir) e a corrente de ativação(Ia). Quanto maior for esta ra -zão, mais sensitizado está o ma -

C & P • Outubro/Dezembro • 2013 29

TABELA 1 – IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS ENSAIADAS

Amostra Tratamento recebidoClad A Clad com tratamento térmico de alívio de tensões a 760 ºC por até 12 hClad B Clad solubilizado a 1100 ºC por 2 h após tratamento de alívio de tensões

904L CR Material base sem tratamento térmico

a b

Figura 1 – Microestrutura do Clad A atacado eletroliticamente comsolução 10% KOH, mostrando a interface (a) e distante mais de 300 mda interface (b)

a b

Figura 2 – Microestrutura do Clad A atacado com solução de ácidooxálico, mostrando a interface (a) e distante mais de 300 μm da inter-face (b)

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No entanto, a precipitação decarbonetos de cromo não apre-sentou o mesmo comporta -men to, pois mesmo ao se afas-tar da interface, os contornosde grão continuaram bem reve-lados (fi gu ra 2 (b)). Caberessaltar que a precipitaçãomais intensa mos trada na figu-ra 2 (a), próxima a interface,não se trata apenas de carbone-tos de cromo, pois o ataquecom ácido oxálico também re -ve la as fases intermetálicas.

A figura 3(a-b) mostra ima-gens de elétrons retroespalhadosobtidas no MEV da amostra doClad A polida e sem ataque.Nota-se a presença de precipita-dos de tonalidades diferentes. Osresultados de EDS mostraramcomposições diferentes para estespontos, conforme a Tabela 2.Analisando a figura 3(b), o ponto1 apresenta um brilho maisintenso, indicando que a fase alipresente possui um nú meroatômico médio maior. De fato,este ponto apresentou mai orconcentração de Mo e menorconcentração de Ni, sugerindo setratar de fase chi (χ), Já os pontos3 e 4 estão empobrecidos em Nie enriquecidos em Cr e Mo, oque sugere se tratar de fase sigma(σ). O ponto 2 tem composiçãotípica da matriz austenítica.

A figura 4 (a-b) mostra oClad B atacado com solução deácido oxálico, observando-se quepróximo à interface a precipi-tação diminuiu em relação aoClad A, principalmente a preci -pitação intragranular. Observa-setambém que a mais de 250 µm

sa turado foi usado como refe -rência. Todos os ensaios foramrealizados em tri pli cata.

Resultados e discussãoAs figuras 1(a-b) e 2(a-b)

mostram imagem do Clad A ata-cado com soluções de KOH eácido oxálico, respectivamente.No ta-se, nas figuras 1(a) e 2(a),intensa precipitação intra e inter-granular e presença de grãos maisfinos na região mais próxima ainterface, sugerindo que pode terhavido uma recristalização nestaregião. Conforme se afasta dainterface, a precipitação intra-granular diminui concentrando-se mais nos contornos dos grãos.A precipitação de fases inter-metálicas diminuiu com o afasta-mento da interface (figura 1 (b)).

terial e, consequentemente, maissusceptível a corrosão intergra -nu lar. Lopez 5 sugeriu uma solu -ção, para aços duplex, contendo2 mol/L H2SO4 + 0,01 mol/LKSCN + 0,5 mol/L NaCl. Defato, após testes preliminares foicomprovado que esta solução eramais adequada para análise doaço AISI 904L que a soluçãopadrão 0,5 mol/L H2SO4 ++ 0,01 mol/L KSCN, normal-mente utilizadas para aços aus -teníticos do tipo AISI 304L 6.

Os ensaios eletroquímicosfo ram realizados em um po ten -cios tato/galvanostato, com ae -ra ção natural, utilizando umacé lula convencional de três ele -trodos. Um fio de platina foiutilizado como contra eletrodoe um ele trodo de calomelano

30 C & P • Outubro/Dezembro • 2013

TABELA 2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS PONTOS 1, 2, 3 E 4 DA FIGURA 3(b)E A ESPECIFICAÇÃO DO 904L SEGUNDO A NORMA ASTM A240 7

Ponto %Cr %Mo %Ni %Fe1 25,7 22,9 17,2 balanço2 19,1 6,1 22,9 balanço3 38,3 14,1 13,6 balanço4 45,4 15,3 9,9 balanço

Especificação AISI 904L 19 a 23 4 a 5 24 a 26

a b

Figura 3 – Imagens de MEV do Clad A (a) e no modo retroespalhado(b), próximo à interface P9/904L

a b

Figura 4 – Microestrutura do Clad A atacado eletroliticamente comsolução 10% KOH, mostrando a interface (a) e distante mais de 300xmda interface (b)

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vista da resistência à corrosãointergranular. A média dos resul-tados obtidos no ensaio PERCsão apresentados na tabela 3.

A figura 8 (a-b) mostra doisdos gráficos obtidos no ensaio depolarização cíclica para o Clad A(a) e Clad B (b), e a tabela 4 apre-senta as médias dos valores depotencial de pites e de repassi-vação encontrados nos ensaios.Nota-se que o processo de fabri-cação do clad diminui conside -ravelmente o potencial de pites(Epite) do material. Por outro la -do, o processo de solubilizaçãoao qual o Clad B foi submetidorecupera as características de re -sistência à corrosão por pites domaterial, visto que os valores en -contrados se aproximam dosobtidos para o 904L CR.

vado um aumento significativoda microdureza no Clad B, re -flexo do tratamento térmico que,para este material, funcionoucomo uma têmpera, ou seja, ge -rou martensita.

A figura 7(a-b) mostra doisdos gráficos obtidos no ensaioPERC do Clad A (figura 7a) eClad B (figura 7b). Nota-se queo Clad A apresentou um grau desensitização diferente de zero eque o Clad B e o 904L CR tive -ram grau de sensitização nulo.Tal comportamento mostra queo material fica sensitizado du ran -te o processo de fabricação doclad, e que o processo de solubi-lização é benéfico do ponto de

da interface a precipitação di -minui consideravelmente e queapós 400 µm praticamente nãoforam observadas fases inter-metálicas por microscopia ótica.

A figura 5 mostra o Clad Batacado com solução de ácidooxá lico, reforçando o resultadoen contrado com o ataque deKOH, pelos quais uma faixa domaterial do clad permaneceucom precipitados grosseiros eintergranulares após a solubi-lização. O fato de a precipitaçãoresistir à temperatura de solubi-lização em uma faixa próxima,mas não adjacente, à interface,sugere que nesta região, devidoà difusão, o material do clad en -contra-se com uma composiçãoquímica diferente, contendo,por exemplo, elementos queelevam a faixa de estabilidadeda fase sigma.

A figura 6 mostra o perfil demicrodureza, com carga de50 gf, a partir da interface, tantodo P9 quanto do AISI 904L nasformas ensaiadas. Analisando oAISI 904L observa-se que adureza diminui conforme seafas ta do P9 e que próximo àinterface a solubilização diminuia dureza, estando de acordo coma diminuição da precipitação defases deletérias, que endurecem efragilizam o material. Ao se afas-tar da interface, a microdurezado Clad B vai se aproximandoaos valores encontrados para oClad A. No lado do P9 é obser-

C & P • Outubro/Dezembro • 2013 31

TABELA 3 – RESULTADO DOS ENSAIOS DE PERC

Amostra Grau de sensitização (Ir/Ia)904L CR 0,0Clad A 0,53Clad B 0,0

TABELA 4 – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE POLARIZAÇÃO CÍCLICA EM SOLUÇÃO3,5 % NACL NA TEMPERATURA AMBIENTE

Amostra Epite (V (ECS)) Erp (V (ECS))904L CR 1,06 0,858Clad A 0,506 -0,018Clad B 1,07 0,966

Figura 5 – Microestrutura doClad B atacado com solução deácido oxálico mostrando a interface

Figura 6 – Perfil de microdureza, a partir da interface, do P9 e do AISI904L nas formas ensaiadas

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maneira que AISI 904L recozi-do. O potencial de repassivaçãoencontrado no Clad B tambémfoi próximo ao do 904LCR,0,966 e 0,858 V(ECS) respec -tivamen te. Já o clad sem trata-mento apresentou Epite (0,506V (ECS)) e Erp (-0,018 V(ECS)) mais baixos;

• O ensaio de PERC mostrouque o material quando solubi-lizado fica menos susceptível acorrosão intergranular, umavez que a amostra tratada apre-sentou grau de sensitização nu -lo, mesmo valor encontrado noAISI 904L recozido, en quantoque o clad sem tratamentoapresentou um grau de sensiti-zação de 0,53;

• Através do perfil de microdu -reza traçado foi possível ob -servar que o processo de fabri-cação do clad endurece o AISI904L devido à intensa precipi-tação, principalmente na inter-face P9/904L e que o processo

ter granular de um tubo bimetáli-co de P9 (9,0 % Cr – 1,0 % Mo)com clad de AISI 904L. Tam -bém foram avaliadas as conse-quências do processo de solubi-lização, a 1100 ºC por 2 h, nomaterial e as principais conclu -sões são apresentadas a seguir:• Durante o processo de fabri-

cação do clad ocorre a precipi-tação de fases deletérias, comocarbonetos de cromo, as faseschi (χ) e sigma (σ), e que opro cesso de solubilização dimi -nui significativamente a quan-tidade des tes precipitados.

• O processo de solubilizaçãome lhorou a resistência à cor-rosão por pites do material“cla deado”, conforme compro-vado através dos ensaios de po -larização cíclica em solução3,5 % NaCl a temperaturaambiente, o qual apresentoupotencial de pite acima de1,0 V (ECS) e ausência de pitesna amostra ensaiada, da mesma

Uma análise da resistência àcorrosão também pode ser feitaem relação ao potencial de repas-sivação, onde valores mais eleva-dos indicam que o material émais resistente. O Clad B apre-sentou altos valores de Erp, pró -ximos aos valores do Epite e bemparecidos com os encontradospa ra o 904L CR, mostrando quede fato o processo de solubiliza-ção melhora a resistência a cor-rosão por pites do material.

As superfícies das amostrasen saiadas por polarização cíclicaforam observadas após os ensaiosem microscópio ótico, de modoa verificar a formação de pites.Conforme esperado, as amostras904L CR e Clad B não apresen-taram pites. Somente a amostraClad A apresentou pites tal comoapresentado na figura 9 (a-b).

ConclusõesEste trabalho avaliou a resis -

tência à corrosão por pites e in -

32 C & P • Outubro/Dezembro • 2013

a b

Figura 7 – Gráficos obtidos dos ensaios de PERC para o Clad A (a) e Clad B (b)

a b

Figura 8 – Gráficos obtidos dos ensaios de polarização cíclica a temperatura ambiente, em solução 3,5% deNaCl para o Clad A (a) e Clad B (b)

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Nacional da Argentina (2002), mestradoem Engenharia Mecânica pelaUniversidade Federal Fluminense (2004)e Doutorado em Engenharia Mecânicapela Universidade Federal Fluminense(2009). Desde então é Professor da UFF -Universidade Federal Fluminense, atuan-do no Departamento, no Programa dePós-Graduação em Engenharia Mecânicae no Mestrado Profissional em MontagemIndustrial. Exerce atividades de coorde-nação do Laboratório de TecnologiaMecânica (LTM) e da equipe Baja-SAEdo Laboratório de Mobilidade (LABMO-BIL) da UFF. Tem experiência na área deEngenharia de Materiais e Metalúrgica,com ênfase na soldagem e caracterizaçãode metais e ligas, atuando principalmentenos seguintes temas: aços inoxidaveisduplex, aços maraging, propriedadesmecânicas, resistência à corrosão de ligas,propriedades magnéticas e modelagem emligas endurecíveis por precipitação.

Sérgio Souto Maior TavaresBolsista de Produtividade em Pesquisa doCNPq - Nível 1CPossui graduação em EngenhariaMetalurgica pela Universidade Federal doRio de Janeiro (1990), mestrado emEngenharia Metalúrgica e de Materiaispela Universidade Federal do Rio deJaneiro (1993) e doutorado emEngenharia Metalúrgica e de Materiaispela Universidade Federal do Rio deJaneiro (1997). Pós Doutoramento noLaboiratoire de Christallographie doCNRS – Grenoble. Atualmente é professorassociado 3 da Universidade FederalFluminense. Tem experiência na área deEngenharia de Materiais e Metalúrgica,com ênfase em Propriedades Físicas dosMetais e Ligas, atuando principalmentenos seguintes temas: metalurgia física deaços inoxidáveis, corrosão, análise de fa -lhas e metalurgia física da soldagem.

Sensitization Behavior of GrainBoundary Engineered AusteniticStainless Steels. Materials Science andEngineering A. A527, p.4275-4280,2010.

7. AMERICAN SOCIETY FORTESTING AND MATERIALS,ASTM A240/A240M: (2010)Standard Specification for Chromium-Nickel Stainless Steel Plate, Sheet, andStrip for pressure Vessels and forGeneral Applications, ASM, 2010,Philadelphia/USA

Bruno Alberto Ramos Souza BarbosaPossui graduação em EngenhariaQuímica pela Universidade FederalFluminense (2008) e mestrado emEngenharia Química pela UniversidadeFederal Fluminense (2011) na área decorrosão. Desde 2011 cursa doutorado emengenharia mecânica na UniversidadeFederal Fluminense.

Fernando Benedicto MainierPossui graduação em EngenhariaQuímica pela Universidade Federal doRio de Janeiro (1967) e doutorado emEducação pela Universidade Federal doRio de Janeiro (1999). Atualmente é pro-fessor titular e Diretor da Escola deEngenharia da Universidade FederalFluminense. Tem experiência na área deEngenharia de Materiais e Metalúrgica,com ênfase em Corrosão, atuando princi-palmente nos seguintes temas: corrosão,meio ambiente, ensaios de corrosão, conta-minações e inibidor de corrosão.

Juan Manuel PardalBolsista de Produtividade em Pesquisa doCNPq - Nível 2Possui graduação em EngenhariaMecânica - Universidad Tecnológica

de solubilização diminui estaprecipitação e, consequente-mente, a dureza na interface.Em contrapartida o P9 apre-sentou um aumento significati-vo da microdureza após oprocesso de solubilização, poisexperimentou transformaçãomartensítica.

Referências bibliográficas1. AMERICAN SOCIETY FOR

TESTING AND MATERIALS,ASTM A262 Standard Practices forDetecting Susceptibility to Inter -granular Attack in Austenitic StainlessSteels, ASM, 1993, Philadelphia/USA

2. TAVARES, S.S.M., MOURA, V.,COSTA, V.C., FERREIRA, M.L.R.,PARDAL, J.M., Microstructuralchanges and corrosion resistance of AISI310S steel exposed to 600-800 °C.Materials Characterization, v. 60, p.573-578, 2009.

3. AMERICAN SOCIETY FORTESTING AND MATERIALS,ASTM G61 Standard Test Method forConducting Cyclic PotentiodynamicPolarization Measurements forLocalized Corrosion Susceptibility ofIron-, Nickel-, or Cobalt-Based Alloys,ASM, 2009, Philadelphia/USA

4. AMERICAN SOCIETY FORTESTING AND MATERIALS,ASTM G108 Standard Test Methodfor Electrochemical Reactivation (EPR)for Detecting Sensitization of AISIType 304 and 304L Stainless Steels,ASM, 2004, Philadelphia/ USA

5. LOPEZ, N., CID, M., PUIGGALI,M. Influence of s-phase on MechanicalProperties and Corrosion Resistance ofDuplex Stainless Steel. CorrosionScience, v.41, p. 1615-1631, 1999.

6. JONES, R., RANDLE, V.

C & P • Outubro/Dezembro • 2013 33

a b

Figura 9 – Imagem dos pites encontrados no Clad B após dos ensaios depolarização cíclica a temperatura ambiente, em solução 3,5% de NaCl

Bruno49:Cristiane43 11/29/13 1:03 PM Page 6

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Opinião

os anos 80, o Japão criouo conceito Just in Time,que na tradução livre é

“Na Hora Certa”. Trata-se de umsistema de administração da pro-dução que determina que nadadeve ser produzido, transportadoou comprado antes da hora exa -ta. Não existe estoque parado.

Nos últimos quinze anos, amaior de manda pela bus ca daqualidade, além de pre ços cadavez mais competitivos, fez comque a distância entre o cliente e ofornecedor diminuísse cada vezmais, tornando o diálogo entre osdois mais efetivo e dinâmico.

Hoje, não há como umaempresa isolada ser compe ti tivaem um mundo tão globali zado.O empreendimento faz par te deuma cadeia de compra dores efornecedores, cujo objetivo é asatisfação dos consumidores.

É frequente a criação de pro -cessos para melhorar esse laçoentre cliente e fornecedor, istoporque os fornecedores são partefundamental em todo o processo.Portanto, faz-se necessário sele-cionar e avaliar muito bem osabastecedores para que se possagarantir a qualidade das matérias-primas fornecidas por eles.

Neste contexto, falamos do“for necedor-parceiro”, que é opro vedor que não enxerga apenasa venda de curto pra zo, mas tam-bém ajuda a entender as necessi-dades dos seus clientes e a criar de -mandas que talvez você não veja.

O fornecedor, além de par-ceiro, é parte da empresa, ondehá profissionais trabalhando para

Erick Pedretti Nobre

Seu fornecedor é também seu parceiro?Um dos maiores desafios de um gestor é conseguir estabelecer uma relação de parceria

com profissionais e empresas envolvidos direta ou indiretamente nos projetos

Erick Pedretti NobreEspecialista em segurança da informação, wireless, e Account Manager da empresa CYLK.Con ta to: www.cylk.com.br

fornecer serviços e produtos de qualidade, tendo que gerar lucros paraambas as empresas. Um dos maiores desafios de um gestor é conseguirestabelecer uma relação de parceria com profissionais e empresasenvolvidos direta ou indiretamente nos projetos.

Quando pensar em criar uma parceria, é importante estabelecer umponto único de contato, pois quando se tem diversos parceiros pararesolver um problema podem ocorrer coisas embara ço sas. A clareza nasresponsabilidades é fundamental para evitar o famoso jogo de empurra,onde se perde horas para solucionar o problema. Um parceiro quepossa lhe ajudar em várias camadas é sempre uma decisão inteligente.

Qualquer parceria de longo prazo requer que cliente e parceiro seconheçam muito bem, inclusive as limitações de cada um. Entender onegócio de cada parte é fundamental para que possíveis ajustes sejamrealizados a tempo, evitando constrangimentos futuros no cliente final.É importante estarem intimamente alinhados nos projetos para que nofinal de cada operação, o sucesso seja comemorado por todos. Osfornecedores muitas vezes trabalham para cumprir um acordo ao pé daletra. Já os parceiros de negócios estão dispostos a fazer o que for pre-ciso para a parceria dar certo.

No mercado de tecnologia, e de resto em todos os mercados, a ideiado “Bom, Bonito e Barato” nem sempre se traduz em sucesso quandofalamos em serviços críticos do negócio. Imagine uma empresa finan-ceira, por exemplo, uma corretora de valores, onde os clientes comprame vendem milhares de ações a cada milésimo de segundo. E se a rede dacorretora fica fora do ar por algum tempo? A resposta vem de matériano Financial Times: foram necessários apenas 45 minutos para que umdefeito na rede de serviços, responsável por automatizar as transações nabolsa da Knight Capital, gerasse um prejuízo de U$ 440 milhões. AKnight Capital é uma das principais empresas do segmento detransações eletrônicas de alta frequência, que se utilizam de supercom-putadores e de algoritmos para lucrar com possibilidades mínimas deganho em casas decimais, que surgem em fração de segundos na bolsa.

Dessa forma, compartilhe informações com seus principais for -necedores, para que eles também obtenham melhorias em seus negó-cios e repassem essas melhorias para a sua empresa. Isso garante a com-petitividade de ambas as empresas no médio e longo prazo.

Lembrem-se: a qualidade de seu produto começa no seu fornece-dor. Comprador: tenha parceiro de negócios e não apenas um fornece-dor de produtos ou serviços.

34 C & P • Outubro/Dezembro • 2013

Opinião49:Opinião40 11/29/13 12:17 PM Page 1

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