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em chamas? Sabem a história triste Do bom reitor? Mísero, toda a vida Levou com dor. Fez quanto bem podia, Mas... afinal Morre, e na pobre campa Nem um sinal. Nem uma cruz ao menos Se ergue no chão! Geme-lhe só no túmulo A viração. Vedes, além, na relva Junto ao rosai, Flores que há desfolhado O vendaval? Cobrem-lhe a lousa humilde; A criação Paga-lhe assim a dívida De compaixão. Pobres, que amava tanto, Nunca, ao passar, Choram, curvando a cara Para rezar. Nunca, ao romper do dia, O lavrador Pára e lamenta a sorte Do bom reitor.

em chamas

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Page 1: em chamas

em chamas? 

Sabem a história triste

Do bom reitor?

Mísero, toda a vida

Levou com dor.

Fez quanto bem podia,

Mas... afinal

Morre, e na pobre campa

Nem um sinal.

Nem uma cruz ao menos

Se ergue no chão!

Geme-lhe só no túmulo

A viração. 

Vedes, além, na relva

Junto ao rosai,

Flores que há desfolhado

O vendaval?

Cobrem-lhe a lousa humilde;

A criação

Paga-lhe assim a dívida

De compaixão.

Pobres, que amava tanto,

Nunca, ao passar,

Choram, curvando a cara

Para rezar.

Nunca, ao romper do dia,

O lavrador

Pára e lamenta a sorte

Do bom reitor.

As criancinhas nuas

Que estremeceu,

Page 2: em chamas

Já nem sequer se lembram

Do nome seu.

No salgueiral vizinho,

Ao pôr do Sol,

Vai carpir-lhe saudades

O rouxinol.

Lágrimas... pobre campal

Ai, não as tem;

Só da manhã o orvalho

Rociá-la vem.

Da solitária Lua