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O quinta edição da EM Curitiba traz o ritmo que a moda, a cultura e os casamentos da cidade têm. Confira tudo aqui, no seu portal de estilo.
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MODACULTURANOIVAS
EDIÇÃO 05JULHO 2015
ritmo
Em CURITIBA
EDITORIAL
... Tic Toc ...Você acorda em um dia qualquer. Confere o whats app. Email.
Facebook. Instagram. Afinal, madrugada não é desculpa para
parar, nem por um minuto. Levanta. Coloca o sachê de café na
sua máquina. Sai em seu carro em direção as veias entupidas de
uma cidade. Trânsito. Instagram. Trabalha na mais alta tecnologia.
Whats App. Come. A hora que dá. Um lanche qualquer. Tem que
comprar um presente. Vai ao shopping. Volta para casa. Pede
uma pizza. Facebook. Este foi seu dia, que acabou sem sequer te
dar tempo para pensar em como ele havia começado.
Rotina e ritmo intenso estão a cada dia mais próximos de se
tornarem sinônimos. Ser “improdutivo” é inadmissível, e o conceito
de deste adjetivo significa hoje: não ser multi tarefas. Mas, onde
vamos parar assim? Apenas caminhamos mas rápido em direção
ao final. Entre emails e engarrafamentos somos engolidos pelas
redes sociais numa tentativa desesperada de nos relacionarmos,
mas sem perder tempo. Por favor, não me ligue, manda um whats.
O ritmo perdeu um pouco do seu tom. E, hoje, aquilo que
se conduz pelo tempo natural é transformado em produto
diferenciado. Esta é nossa busca nesta edição. Te levar a conhecer
um outro lado. Procuramos olhar estes processos e nos conectar
com tantas outras propostas que existem dentro da nossa rotina.
Buscar um equilíbrio é cada vez mais difícil se pensarmos
na sedução das coisas fáceis e rápidas, em contraposição aos
discursos apaixonados daqueles que retomam algo que talvez
já não nos sirva mais da forma como era feita antigamente.
Compreender e escolher um meio termo é fundamental para nos
posicionarmos como donos de nossas próprias histórias. Talvez
assim, possamos dar a verdadeira importância para todas as
facilidades que rodeiam nossa existência, sem contudo, sermos
engolidos pela dinâmica que constroem.
Não somos uma máquina e não precisamos escolher um
partido nesta dicotomia inexistente. Nem tanto ao fast nem tanto
ao slow, quem faz o ritmo da sua vida é você. Já parou para
pensar nisso? Ou ainda não deu tempo?
EXPEDIENTE
Mayara Rocha
(Fórum Model Management)
fotografada por
Emerson Corrêa
Beleza: Kelli Giordano
Diretora de Redação: CARMELA SCARPI ([email protected])
Diretora Executiva: HARRIETE SCARPI
Projeto Gráfico e Diagramação: LIzI SUE
Redação: ALÉXIA SARAIVA; BEATRIz MATTEI: CARMELA SCARPI; HELLEN
ALBUQUERQUE; MONIQUE BENOSKI; RENATA ORTEGA.
Colaboradores: CRISTINA MACIEL, EMERSON CORRÊA, HELOÍSA STROBEL
JORGE (REPTILIA), JANAINA CLAUDINO, KELLI GIORDANO, FÓRUM MODEL
MANAGEMENT (MEI WELLER).
Revisão: CARMELA SCARPI
A revista digital EM Curitiba é uma publicação produzida pela equipe do grupo Even More. Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução de qualquer tipo de conteúdo sem a autorização prévia e por escrito. Todas as informações técnicas, bem como anúncios e opiniões expressados, são de responsabilidade dos autores que estes assinam.
Serviço de atendimento ao consumidor: [email protected]
Anúncio e Publicidade: [email protected]
#05
SUMÁRIO
MODA10Velocímetro da Moda
18Histórias Feitas à Mão
22AVESSO
48Beleza Contínua
CULTURA NOIVAS46Alimentação, uma Primoridade?
58Doce Infância
62Um a Um
80Mercado Sob Medida
86Não se Renda
108Feito de Detalhes
68Perfil: Iria Braga
116ENTREVISTACristina Maciel
MODA
MODA
CURITIBA10
O consumidor chega na frente quando
equilibra os métodos de produção
e define os limites de velocidade do
próprio guarda-roupa
dA ModAVelocímetro
Carmela Scarpi
WWW.EVENMORE.COM.BR 11
dA ModAEnquanto você lê esta revista o mundo da moda ao seu redor
produzirá peças, desenhará novas coleções e caminha para colocar
à venda a próxima roupa com a qual, talvez, você não consiga mais
viver sem. Isto é fato. A diferença está na quantidade em que todas
as ações descritas acima serão executadas. Porque os métodos
mudam, os caminhos se coincidem e se afastam, mas o objeto final
é um: estamos falando de moda.
E se ontem esta moda era ter acesso às mais imperiais cadeias
de fast fashion, vide as não menos imperiais filas na recente H&M
brasileira; hoje o hype tem se desvirtuado para aquela roupa
produzida à mão com materiais sustentáveis e cheias de conceito.
Sem nos adentrarmos aqui a julgamentos de valor, a questão é que
vem se estabelecendo uma dicotomia entre os títulos “fast” e “slow”,
cunhados em função (e em oposição) do crescimento mundial de
marcas como a zara, nos anos 2000.
O que acontece é que nem tudo cabe dentro deste dois termos.
Mesmo aqueles que o fazem, possuem questões internas híbridas
que garantem um resultado eficaz dentro dos próprios ideais de
produção. Mas, o maniqueísmo para o qual sempre tendemos, nos
fazem acreditar, a cada dia mais, em matérias e mais matérias que
condenam e absolvem os métodos de produção sem, contudo, tentar
entendê-los. E, principalmente, perceberem que eles condizem com
um desejo que vem, antes, de nós: consumidores.
MODA
CURITIBA12
Para a especialista em marketing
voltado à moda, Patrícia Gaspar,
o fast fashion não surgiu por
consequências econômicas apenas,
mas principalmente como um reflexo
da vida e do momento do próprio
consumidor. Para ela, o ato de adquirir
virou uma afirmação externa de nosso
pertencimento e existência, por reflexo
das incertezas e ansiedades inerentes
à sociedade atual.
Produtos se tornam, então,
indispensáveis pelo que eles
representam, e não mais pelo que
podem proporcionar como objeto. “O
fast fashion é um modelo de negócio
que responde perfeitamente às
necessidades de informação rápida
somada à falta de tempo da grande
maioria do mercado consumidor”,
afirma Patrícia. E, por meio desta
condição, o modelo de produção se
define, para ela, em três premissas:
informação de moda rápida, alta
velocidade na produção e preços
acessíveis.
Seguindo esta lógica, para oferecer
a rapidez a preços inferiores, a
empresa partirá inevitavelmente para a
diminuição de custos de produção. O
que acarreta na terceirização de mão
de obra. A nível global, essa estratégia
enseja a busca por países que oferecem
este serviço a preços ínfimos e com
pouco ou nenhum controle sobre as
condições de trabalho. O resultado?
Já conhecemos. Notícias e escândalos
sobre utilização de trabalho escravo,
que sustenta o sonho de roupas com
preço “amigo”.
Mas, a lógica funciona em proporções
menores também e, muito embora
continue com a premissa da
terceirização, não necessariamente
se vincule a condições precárias
de trabalho ou valores abaixo do
mercado. Por força da demanda por
novas coleções, gerada pelos próprios
consumidores, muitas empresas
precisam adaptar este modelo para
criar uma competitividade no mercado
e até mesmo a ilusão do fast fashion.
É o caso da confecção curitibana,
Vivan. Mesmo sem encurtar o
período de produção, a marca utiliza
a antecipação de confecção para
conseguir oferecer a cada semana, de
5 a 6 modelos novos. Liane Liberato,
que está à frente da empresa, comenta
que por optar pelo método de revenda
é preciso despertar o interesse
constante. “Lançamentos semanais
são o chamariz da venda”, comenta.
Caso opta-se por estabelecer coleções
inteiras e semestrais, não conseguiria
o fluxo de saída atual.
Hoje, a Vivan produz cerca de 36
modelos por mês, que saem a cada
semana, em pequenos lançamentos.
Rápido, mas nem tanto
WWW.EVENMORE.COM.BR 13
De cada modelo são confeccionadas
em média 150 peças, com variações,
a depender da demanda. O que fecha
uma conta com 5.400 itens mensais.
Pode não parecer muito se comparado
à produção de 200 mil peças diárias da
Riachuelo, em 2014. Mas, a premissa
é a mesma: entregar novidades em
tempos menores com preços mais
acessíveis.
Contudo, para a Vivan, a organização
de produção é totalmente diferente. As
coleções são planejadas por semestre
(primavera/verão e outono/inverno) e
então desmembradas mensalmente. O
estudo de tendência dos lançamentos
é feito pela equipe de estilismo nos 6
meses anteriores à fase de confecção.
E esta, por sua vez, demanda 4 meses
para chegar às lojas. Alinhar a produção
desta máquina que conta com 30
funcionários fixos, mais a terceirização
de 12 facções*, é o maior desafio.
Muito embora o tempo de resposta às
necessidades de mercado seja maior
do que as empresas de fast fashion
tradicionais, as adaptações podem
ser feitas quando há necessidade.
“Existe um estudo constante de
tendência, mas às vezes a gente erra.
Ano passado fizemos calças do estilo
flare e não vendeu nada. Tivemos que
adaptar e fazer skinny”. Possuir essa
dinâmica à mão, portanto, é uma forma
de viabilizar mudanças mais rápidas.
Com este fluxo em andamento,
Liane pretende expandir o negócio
pela possibilidade de se aumentar a
quantidade de produção, na mesma
engrenagem em que são feitas as
peças atuais. A dificuldade reside no
fato dela trabalhar com revendedoras,
o que a impossibilita abrir o consumo
na internet ou trabalhar diretamente
com o cliente final. “Temos uma loja
física, onde sentimos o cliente, mas o
foco é a revenda. Apesar disso, existe
um projeto de expansão para Ponta
Grossa, Irati, e outras regiões com o
formato de lojas para atacado como
as que temos hoje em Curitiba”, revela
Liane.
Com duas lojas de atacado e uma
de rua, a Vivan continua refém da
demanda contínua por novidades,
mas com uma produção adaptada do
modelo fast fashion que comporte
suas necessidades e possibilidades.
Liane ainda diz que, muito embora
o processo aparente velocidade,
ele é extremamente cuidadoso com
questões de qualidade e durabilidade.
”Apesar dos lançamentos constantes,
nosso cliente, muitas vezes, compra
uma peça para durar uma estação
inteira e, se não entregarmos esse
produto para ele, ele vai reclamar”, diz.
MODA
CURITIBA14
Devagar, mas nem tanto
Preocupações com qualidade e
durabilidade são também alguns dos
fatores que deram (re)surgimento à
proposta contrária ao ritmo acelerado
de produção das grandes empresas;
e que hoje leva o nome de slow
fashion. Não que a prática seja grande
novidade, na realidade foi de onde
tudo começou. O novo neste meio
tempo são os grupos de pessoas
que resolveram questionar a contínua
aceleração das nossas atividades
diárias, dentre elas, a produção e o
consumo da moda em si. E a contra
proposta é o resgate a métodos mais
artesanais e de durabilidade (estética
e funcional).
“O slow fashion nasce na contra
mão desse modelo [fast]. Seus
diferenciais se estabelecem sobre
uma concepção de design que busca
o desenvolvimento de produtos
melhores, mais duráveis e de apelo
atemporal. Cresce a quantidade de
pessoas que se conscientizam em
relação aos excessos do consumo e
ao mesmo tempo desejamos um ritmo
de vida menos acelerado e o resgate
daquilo que realmente importa”,
defende Patrícia.
Produtoras de artigos mais específicos
e exclusivos, as marcas que possuem
conteúdo artesanal - e outras questões
que excedam ao mero confeccionar
vestimentas - encaram um momento de
oportunidade, mas também o desafio
de se posicionarem no mercado. Com
preços evidentemente mais elevados,
umas das grandes dificuldades é fazer
o consumidor compreender o valor
embutido nas peças.”O consumidor
brasileiro, em particular, só compreende
o preço elevado como indicativo de
prestígio ou status. É difícil justificar o
preço elevado do slow fashion quando
o designer ou a marca não possuem
o apelo óbvio do status. Reeducar o
consumidor é algo que leva tempo”,
analisa Patrícia.
Claro que este mesmo empecilho
acarreta dificuldades para marcas
como a Vivan, que fogem um pouco
da cadeia padrão do fast fashion.
Contudo, para empresas como a
também curitibana Reptilia, este preço
WWW.EVENMORE.COM.BR 15
é ainda mais complicado de justificar.
Com desenvolvimento de peças em
tecidos mais caros e utilizando diversos
métodos manuais, o valor final se eleva
mesmo diante de algumas providência
para manter a concorrência. “Você
pode diminuir o preço dos produtos
se não embutir tantas despesas extras
no custo da peça. De qualquer forma,
como estilista de uma marca pequena,
concordo que é uma competição
difícil, às vezes esmagadora”, comenta
Heloísa Strobel Jorge, criadora da
marca.
De qualquer forma, para ela, existe
uma percepção mais adequeda em
relação a outras marcas e uma boa
consciência de parte dos clientes.
“O consumidor de produtos como o
meu entendem a diferenciação de
preços, de processos e de materiais”.
Com três anos no mercado, a Reptilia,
assim como a já citada Vivan, procura
não se definir totalmente dentro de
um método de produção. “Hoje em
dia fala-se muito de slow fashion,
que pode se traduzir de diferentes
maneiras. Sob alguns ângulos sou
sim uma estilista que trabalha no slow
fashion: minhas coleções são anuais,
as peças são atemporais, os materiais
são sustentáveis e têm um ciclo de
reciclagem, além do uso de materiais
mais duráveis que prometem uma
peça para muitos anos. Mas existem
outros ângulos do que eu não consigo
seguir à risca. Por isso prefiro não me
limitar ao conceito”, justifica.
Mesmo com os fatores artesanais e
a redução da mão de obra envolvida,
muito pela questão da hiper
especialização das técnicas, marcas
como a Reptilia também sofrem
alguma pressão mercadológica.
Com coleções inicialmente anuais,
ela sentiu necessidade de aumentar
para coleções por semestre por
conta dos eventos internacionais dos
quais participava. Hoje, com uma loja
showroom recém inaugurada, Heloísa
diz que a necessidade de atualização
de peças é ainda maior, o que de fato,
estimula a produção criativa.
MODA
CURITIBA16
Consumir é também avaliar
Para avaliar imparcialmente as
necessidades e perspectivas, vemos
que, sim, ambos os métodos estão
atrelados ao seu público. E este
público não é dividido. Somos todos
nós, que queremos consumir um
produto da última temporada, mas ao
mesmo tempo precisamos de algo que
sobrevenha a todas elas, em estética
e durabilidade. Queremos novidades,
mas acreditamos que os clássicos são
essenciais.
O fast fashion pisa no freio com um
consumidor menos alienado ante as
políticas de barateamento de produção,
mas que ao mesmo tempo anseia a
oportunidade que os preços menores
oferecem ao poder de consumo de
novas tendências. O slow fashion chega
para rebater a efemeridade de roupas
produzidas num ritmo maior, trazendo
junto uma experiência e características
sustentáveis fundamentais, mas luta
constantemente para justificar o valor
do seu produto, sem conseguir atingir
um mercado de forma democrática.
Dentre as dificuldades e facilidades de
cada método - isso sem nem entrarmos
na questão da produção convencional
- o interessante é termos informação
suficiente para saber porquê e quando
optar por cada uma delas. Público alvo,
demanda, tamanho e abrangência
também são fatores que não entram
em nosso panorama, mas influenciam
muito no processo utilizado.
Militar contra posturas abusivas, que
podem surgir de ambos os lados, é
importante, tanto como é entender as
dinâmicas das produções e saber se
posicionar diante de diferentes marcas.
A convergência de procedimentos hoje
se mostra um caminho muito fértil, e
corrobora com a recente manifestação
da trendhunter Li Edelkoort, um dos
WWW.EVENMORE.COM.BR 17
nomes mais influentes da moda no
mundo. Recentemente, ela avaliou
em seu manifesto anti-fashion a
condenação do futuro da moda como
a conhecemos hoje, em seu modelo
despreocupado e compulsivo, que
sucumbe diante de um consumidor
mais consciente.
Afinal, a autonomia do consumidor
é o que possibilita que cada um
dos procedimentos se aperfeiçoe e
coexistam. “ No armário e na carteira
há espaço para as duas coisas, porque
a resposta é o equilíbrio”, conclui
Heloísa. E, convenhamos o futuro está
aí para trazer possibilidades a todos
os profissionais da moda e fazer, das
ruas, lugares mais bem vestidos, num
sentido amplo.
*o termo facções é utilizado para definir um
grupo organizado de costureiras que prestam
serviços terceirizados.
Tempo Relativo:
Comparando: a Vivan, marca mais popular
que produz 5.400 peças mensais, demanda
4 meses para que estas cheguem às lojas.
A Reptilia, que é da mesma cidade, possui
o mesmo tempo de confecção. Contudo,
ele significa um período otimista de uma
produção bem reduzida. “Depende da
coleção, das facilidades em se trabalhar com
tal material ou tal técnica”, comenta Heloísa.
Gigante:
Hoje, a empresa Guararapes, que comanda
a marca Riachuelo, é o maior grupo de varejo
têxtil do país. Como estratégia empresarial,
eles comandam as vendas e a parte industrial
em conjunto, o que facilita as respostas
às mudanças do mercado. Além de ser
detentora de sua própria transportadora e
também da financeira, a Guararapes possui
um parque fabril no Rio Grande do Norte,
com área de 150.000m². A média de tempo
para produção e chegada às lojas hoje é de
10 dias.
Definições:
Os termos fast e slow fashion não possuem
definições pacificadas, contudo, um modelo
de produção fast fashion tem como premissa
antecipar ao máximo a viabilidade de
informações de moda nas lojas. Tempo de
resposta é uma característica importante.
Em contrapartida, o slow fashion busca
um resgate à produção sustentável e mais
artesanal. Para isso, aposta em modelos
atemporais e de alta durabilidade.
Curiosidades
MODA
CURITIBA18
WWW.EVENMORE.COM.BR 19
Do corte à última prova o ofício
de alfaiate prevalece
por Hellen Albuquerque
MODA
CURITIBA20
Apressei o passo pela Rua XV desviando dos guarda-chuvas que vinham na contramão. A garoa era insistente. Entrei na Galeria já mirando o botão do elevador. Num prédio de 20
andares por onde passam cinco mil pessoas diariamente é de se esperar que demore a vinda do transporte.
O Edifício Tijucas fica no coracão de Curitiba, durante a década de 1970 era conhecido como reduto dos alfaiates. Alfaiate é aquele que cria roupas masculinas de forma artesanal e sob
medida. Hoje, 17 deles ainda ocupam salas.
Uma arte aprendida cedo e passada por
gerações, como me conta timidamente Carlos
Figueiredo, o primeiro a abrir as portas de seu
ateliê para mim. “Eu aprendi aos 15 anos com
meu pai, ele e os irmãos eram alfaiates em
Minas Gerais. Quando ele foi servir o exército
aprendeu mais sobre a profissão dentro do
Quartel onde fazia os uniformes. Ele é alfaiate
até hoje no interior do Paraná”.
Em Curitiba desde 1986, presenciou o
desenvolvimento da indústria fast fashion, em
que tudo é para ontem e as coleções mudam
a cada semana, processo de ritmo contrário
ao das suas criações.
“Hoje as confecções
são industrializadas, no
tempo do meu pai era
tudo à mão, artesanal
mesmo. A diferença
é que eu faço a roupa
exatamente como o
cliente gosta”.
Nove andares abaixo, na sala 213, Ferdinando
Nardeli guarda as histórias de quem
praticamente inaugurou o Tijucas. Natural de
Rio do Cedro (SC) veio para Curitiba nos anos
1950, sendo um dos primeiros alfaiates a se
estabelecer no edifício. “Andei pela cidade e vi
o Tijucas, ele tinha sido inaugurado faz pouco
tempo, mas eu tive um pressentimento que aqui
seria o centro da cidade. Então aluguei uma
sala e em janeiro de 1960 comecei a trabalhar”,
conta com o sotaque forte de neto de italianos.
Nardeli, que já foi síndico do Tijucas e participa
há décadas do Sindicato Patronal dos Alfaiates,
Carlos Figueiredo - alfaiate
WWW.EVENMORE.COM.BR 21
Pedro e seu oficial Davi tentavam dar conta de
todas as encomendas. “Sexta feira é corrido”,
suspira.
Há 40 anos em Curitiba,
Pedro Salves de Medeiros
teve sua primeira sala no
Tijucas em 1992. Da sua
sacada no 9º andar assistiu
desde os protestos pelo
impeachment de Collor
às transições da largura
de lapela usadas pelos
senhores da Boca Maldita.
“Hoje os homens querem terno slim, bem justo
ao corpo. Não existe uma maneira só de usar
o terno, depende muito do que está na moda”,
conta mostrando diferentes costumes em seus
manequins da sala de prova.
Medeiros já atendeu diversos clientes em
transição, daqueles que nunca tinham entrado
em uma alfaiataria e hoje não trocam suas
roupas sob medida por nada. “Nosso serviço é
feito para o corpo da pessoa. A gente mede,
depois corta, prova... A roupa sai certa. Quando
se compra em uma loja não é algo para você,
é feito em grande escala, então você precisa
ir arrumar. E roupa quando começa a mexer já
não é a mesma”.
já tendo sido por vezes presidente, é uma das
referências da cidade quando se trata de roupas
masculinas. “A profissão
de alfaiate é pessoal. A
confecção tomou conta
durante uma época, mas
uma roupa pronta é feita
dentro do molde e o
corpo não é um molde”.
Ele ainda explica que até
a entrega são feitas ao
menos três provas para
garantir que o terno se
ajuste adequadamente.
A qualidade dos tecidos e cuidado com a
costura conferem, também, maior durabilidade.
“Uma roupa de alfaiate é mais cara que uma
roupa em uma loja. Mas as roupas que nós
fazemos duram décadas”, completa.
Em constante busca de atualizações, ele viaja
com a esposa, Donzila Marcelo, sempre que
pode e fica atento às tendências. “Eu gosto
de ver a moda internacional, quando viajo fico
olhando o que as pessoas usam nas ruas”.
Voltei ao elevador, subi mais alguns andares
até a sala 902. Fui entrando sem bater, como
pedia o aviso em uma placa do lado de fora.
Duas máquinas de costura rugiam aceleradas,
“Hoje as confeccões são industrializadas, no tempo do meu pai era tudo a mão, artesanal mesmo. A diferenca é que eu faco a roupa exatamente como o cliente gosta”
Ferdinando Nardeli - alfaiate Davi - oficial
MODA
CURITIBA22
Sobre a profissão acabar, nenhum dos alfaiates
concorda. Em uma era de pasteurização
de estilos, um costume único é marca de
identidade. “Assim como a profissão passa de
pai para filho, o costume de comprar roupas
com alfaiate também.
Quando a gente vê que
uma peça ficou bonita dá
uma satisfação... Tem que
tudo ser feito com amor”,
finaliza Pedro.
Os aprendizesComo durante a Idade
Média quando tudo
era manufaturado, para
aprender as técnicas
da alfaiataria era preciso encontrar um
Mestre Artesão. Aquele que além de deter o
conhecimento, também possui as ferramentas
para fazer surgir o terno. Carlos, Pedro e
Ferdinando viveram esse processo muito
jovens.
“Quando eu tinha 15 anos meu pai reuniu meus
14 irmãos e pediu para todo mundo ir aprender
uma profissão. Podíamos aprender ferreiro,
barbeiro, alfaiate... Falei com o Fausto Bertódio,
alfaiate famoso na nossa cidade”, relembra
Ferdinando. O tempo de aprendizado durava
de dois a três anos, período que se ficava nos
ateliês sem receber salário algum.
Ao dominar todas as etapas de construção
do costume, se cresce na hierarquia que
segue a mesma nomenclatura medieval. Como
conta Pedro. “Depois dos
três anos e meio que levei
para aprender, comecei a
trabalhar como oficial, como
fiquei por oito anos. Para
então me estabelecer como
alfaiate sozinho”.
O oficial é contratado
com base salarial e ganha
por peça produzida. Nesta
etapa ainda existem aqueles
que se especializam em
uma única peça, como os calceiros (calças) ou
camiseiros (camisas).
“Quando meu pai trabalhava, ele tinha seis
oficiais, por exemplo, três calceiros e três
fazendo o terno. Ele tirava as medidas, cortava,
fazia a prova, depois da prova monta o paletó”,
explica Carlos.
Em Curitiba, já houve curso técnico ministrado
na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal
do Paraná), atualmente cancelado. Várias
tentativas iniciadas pelo Sindicato não
tiveram continuidade e a cidade segue sem
especializações na área.
“Assim como a profissão passa de pai para filho, o costume de comprar roupas com alfaiate também. Quando a gente vê que uma peca ficou bonita dá uma satisfacão...
Pedro Medeiros - alfaiate
WWW.EVENMORE.COM.BR 23
Além de profissão, a Alfaiataria influenciou a moda de forma que se tornou característica de roupas industrializadas. As pecas de alfaiataria, mesmo sendo prêt-à-porter, apresentam o corte típico de roupas masculinas feitas artesanalmente, com cortes retos e uso de tecidos clássicos.
FUNÇÕES
Mestre-Alfaiate - também pode ser o dono do ateliê, domina
todos os processos de produção.
Contra-Mestre - auxilia o Mestre-alfaiate e se dedica a tirar
medidas, fazer moldes, cortar tecidos e provar as peças do
vestuário.•
Ajudante de Contra-Mestre - corta os tecidos, usando
moldes, ou sob orientação do Contra-Mestre;
Oficial-Alfaiate - costura as peças do vestuário;
Oficial de Paletó - é o oficial que confecciona o paletó
completo ou peças a rigor como: Diner-jaque, fraque e casaca;
Meio-Oficial - é o aprendiz de oficial, que auxilia costurando
pences, fazendo bolsos, enquartando frentes, ilhargas e
mangas;
Ajudante - é o aprendiz que faz o ponto mole, chuleia,
acolchoa entretelas, lapelas e baixo de gola;
Coleteiro - confecciona todos os tipos de coletes;
Calceiro - confecciona todos os tipos de calça, inclusive o
culote;
Acabador - faz ombros, golas e prega mangas;
Buteiro - faz reparos em geral;
Passador - encarregado de passar todas as peças do
vestuário;
Aprendiz de Alfaiate - é o que se inicia na profissão.
Fonte: Brasil Profissões (adaptada)
MODA
CURITIBA24
Modelo: Mayara Rocha
(Fórum Model Management)
Beleza: Kelli Giordano
Fotografia: Emerson Corrêa
Styling:Carmela Scarpi
Assistência: Lizi Sue
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AVESSO
POR DENTRO
ÉQUE
SE
DES-
CO-
BREM_
HISTÓRIASAS
MODA
CURITIBA26
Anéis: Maria dolores design Brinco: Maria dolores designPulseiras: AustralCamisa: JACUCasaco: JACUVestido: JACUSapato: Apuê
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MODA
CURITIBA28
WWW.EVENMORE.COM.BR 29
Anéis: Maria dolores designBrinco: Maria dolores designVestido: NovoLouvreCasaco: NovoLouvreSapato: Apuê
MODA
CURITIBA30
WWW.EVENMORE.COM.BR 31
MODA
CURITIBA32
Brinco: Maria dolores designPulseira: Maria dolores designBata: ReptiliaCalça: Arad Tailored JeansSapato: NovoLouvre
WWW.EVENMORE.COM.BR 33
MODA
CURITIBA34
WWW.EVENMORE.COM.BR 35
Anel: Maria dolores designColar: Maria dolores designBolsas: Pine Ax Vestido: NovoLouvreSapato: Tutu Ateliê de Sapatilha
MODA
CURITIBA36
Anel: Maria dolores designColar: Maria dolores designBolsas: Pine Ax LeathergoodsVestido: NovoLouvreSapato: Tutu Ateliê de Sapatilha
WWW.EVENMORE.COM.BR 37
MODA
CURITIBA38
WWW.EVENMORE.COM.BR 39
Anel: Maria dolores designColar: Maria dolores designBrinco: Maria dolores designVestido: Arad Tailored Jeans Saia: JACUSapato: Tutu Ateliê de Sapatilha
MODA
CURITIBA40
WWW.EVENMORE.COM.BR 41
MODA
CURITIBA42
WWW.EVENMORE.COM.BR 43
Brinco: AustralPulseira: Austral
Casaco: NovoLouvreEcharpe: Reptilia
MODA
CURITIBA44
WWW.EVENMORE.COM.BR 45
MODA
CURITIBA46
Anel: Maria dolores design
Brinco: Maria dolores design
Bolsa: PineAxVestido: Arad
Tailored Jeans Sapato: Tutu Ateliê
de Sapatilha
WWW.EVENMORE.COM.BR 47
MODA
CURITIBA48
BELEZA CONTíNUAConheça alguns hábitos que farão a diferença no resultado final para a pele e o cabelo tão desejados
por
Monique
Benoski
A preocupação estética é algo que independe
de idade, sexo, altura ou estrutura corporal.
Porém, nem sempre é fácil conquistar o
objetivo; como a tão sonhada pele de neném
ou o cabelo solto e macio. E os resultados
mais concretos neste direcionamento, às
vezes, não são encontrados de forma rápida.
Alguns tratamentos exigem mais tempo e mais
disciplina para trazerem o efeito desejado.
Juliana Merheb Jordão, médica dermatologista
formada pela Sociedade Brasileira de
Dermatologia, afirma que o cuidado para a pele
que exige mais atenção é o já bem comentado
uso do filtro solar. Ela explica que esta é, na
verdade, a maior prevenção em longo prazo
para o envelhecimento e as doenças - como o
câncer de pele. E, se não existir a disciplina, não
existirá o efeito esperado. “Nenhum protetor
solar dura mais que duas horas na pele.
Muitas pessoas aplicam somente pela manhã
e esquecem que ambientes fechados, com luz
branca ou exposição às telas de computadores,
também causam manchas. Para esses lugares,
o filtro solar deve ser utilizado da mesma forma”,
relata.
Além disso, Juliana acredita ser importante a
rotina de limpeza da pele ao acordar e antes de
dormir. O uso de sabonetes já é suficiente para
essa higienização, mas ressalta que devem ser
específicos para cada tipo de pele. “Para uma
pele seca, o sabonete deve ser hidratante;
para uma pele oleosa, o sabonete deve ter
componentes que controlem a oleosidade;
para uma pele sensível, o sabonete deve ser
hipoalérgico”, exemplifica. Ela ressalta, ainda,
que os tônicos são necessários apenas para
aquelas pessoas que utilizam maquiagens mais
pesadas, ou para aquelas com a pele mais
oleosa.
De acordo com a dermatologista, o tipo de
pele que tende a envelhecer primeiro é a pele
seca. As pessoas que possuem pele oleosa
envelhecem muito mais tarde. Por isso, a dica
de Juliana é que todos utilizem cremes para
manter a pele hidratada e, por consequência,
prevenir o envelhecimento precoce. “O ideal é
que sejam utilizados cremes pela manhã, para
evitar o ressecamento que ocorre durante o
dia, e também antes de dormir, principalmente
se for depois do banho, porque a higienização
resseca a pele. Eu gosto muito de usar a vitamina
C, porque além de ser um ótimo antirrugas, ela
também potencializa o filtro solar”, conta.
Todo o cuidado dedicado à pele na infância, na
adolescência ou na fase adulta inicial, refletirá
na fase adulta ou idosa. A dermatologista ainda
alerta: se o uso de cremes e filtros solares não
é feito desde cedo, as consequências virão no
futuro. “Hoje temos muita informação sobre os
problemas que a falta de cuidados com a pele
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pode nos trazer, então não existem desculpas
para não se cuidar. Antigamente, os preços
dos cremes e filtros solares eram bem mais
altos, mas hoje, eles têm um valor muito mais
acessível ao público em geral, o que facilita
bastante a prevenção”, afirma.
Toda essa informação, aliada à tecnologia,
permitiram também que os cabelos adentrassem
ao mundo dos cuidados estéticos em longo
prazo. Hoje, segundo o cabeleireiro e diretor
artístico Viktor I, as novas técnicas permitem
que as pessoas encontrem efeitos fantásticos
em alguns tratamentos. O Realinhamento dos
Fios, por exemplo, é indicado para cabelos
muito rebeldes e com muito volume. Viktor
explica que esse procedimento tem três
etapas, que podem ser realizadas no mesmo
dia ou em dias alternados. “Primeiro, é feita
uma nutrição profunda, com um produto que
junta as camadas de queratina dos fios, depois
de uma pausa vem o processo de secagem.
Depois, ainda, é feita a prancha, que regulará
a intensidade da redução do volume. Dura em
torno de duas horas e meia”, conta.
Outro tratamento é a Plástica Capilar. “Esse
tem quatro etapas, a limpeza do couro
cabeludo e higienização dos fios, nessa fase é
utilizado um pré-shampoo que abre a cutícula
do cabelo, depois vem a reposição dos lipídios,
que traz brilho e maciez aos fios, então é
feita uma selagem com prancha, para que os
ingredientes fiquem na medula do cabelo, a
parte mais profunda do fio e para finalizar vem
a secagem. “Tanto o Realinhamento dos Fios
quanto a Plástica Capilar, apesar de serem
realizados em algumas horas e durarem de 60
a 90 dias, exigem tempo e disciplina, porque o
cabelo só ficará com o resultado esperado se
for lavado com um shampoo específico indicado
pelo cabeleireiro e sempre secado para que os
componentes termo ativos que foram aplicados
funcionem”, ressalta.
Existem alguns procedimentos para a pele
que são feitos clinicamente e também devem
ser refeitos com regularidade para que o
resultado não desapareça. Juliana Jordão
exemplifica falando da aplicação da toxina
botulínica, o botox, que de quatro a seis meses
deve ser refeita para manter o efeito alcançado
e prevenir a aparição de rugas profundas no
futuro. “O preenchimento, que tem cerca de um
ano e meio de duração, deve ser refeito para
manter as linhas de expressão menos visíveis.
O produto, depois de algum tempo, é
absorvido e o que sobra é o colágeno que
ele produziu, esse colágeno vai sumindo pelo
envelhecimento natural e, por isso, sugiro
reaplicações”, explica.
“Hoje temos muita informação sobre os problemas que a falta de cuidados com a pele pode nos trazer, então não existem desculpas para não se cuidar. Antigamente, os preços dos cremes e filtros solares eram bem mais altos, mas hoje, eles têm um valor muito mais acessível ao público em geral, o que facilita bastante a prevenção.” Juliana Jordão
MODA
CURITIBA50
PELE
por
JULIANA
JoRdÃo
Juliana acredita que a cultura do uso diário dos cremes está
bem difundida e que seus pacientes já chegam com uma
regularidade boa para fazer trocas dos produtos. O que a
dermatologista ainda sente falta é a disciplina com o uso do
filtro solar. “Às vezes pode ser por preguiça, pelo uso diário de
maquiagem, às vezes pela falsa impressão de que não precisa
utilizar em ambientes fechados”.
1 - Pele Oleosa: Capital Soleil Toque Seco 30 - Vichy - R$ 60,00
2- Pele Seca: Anthelios Ae Gel Creme Velouter - La Roche-Posay - R$ 70,00
3- Pele Sensível: Photoage Mineral Color - dermage - R$ 70,00
Filtro Solar 1
2
3
4 - Pele Oleosa: Lha Cleansing Gel - Skin Ceuticals - R$ 50,00
5- Pele Mists: Purete Thermale - Vichy - R$ 60,00
6- Pele Sensível: Fisiogel Sabonete - Stiefel - R$ 40,00
Sabonete4
5
6
7- Pele Oleosa: Serum 10 - Skin Ceuticals - R$ 50,00
8- Pele Seca: C-Superieur 16% - Roc - R$ 130,00
ANTIRRUGAS COM VITAMINA C: 7
8imagens reprodução*valores aproximados
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CABELo
por
VIKToR I
Para Viktor I, os cuidados com os cabelos funcionam, inclusive, como
tratamentos para pessoas que possuem autoestima baixa. “Antigamente,
só existiam tratamentos com maior durabilidade no segmento SKIN
CARE (cuidados com a pele) e hoje já foram trazidos para o HAIR CARE
(cuidados com o cabelo). A busca maior, com certeza é por tratamentos
de longa duração, as mulheres têm muita coisa para fazer atualmente.
Elas não têm tempo para ficar no salão. Agora basta lavar, secar e ficar
feliz com seu cabelo”.
Procedimento de Salão
1 - Inoar Argan oil- Inoar - R$ 110,00
2- Inoar Aplle Jelly Teen Line-Inoar- R$ 150,00
Plástica Capilar1
2 Procedimento de Salão
3 - Máscara Kérastase Nutri-Thermique - R$ 180,00
4- Kérastase Nutritive Concentré Óleo-Fusion - R$ 50,00
5- Kérastase Fusio dose Concentré Vita-Ciment - R$ 60,00
6- Kérastase Fusio dose Booster Polyphénols - R$ 25,00
7- Kérastase Masquargil - Valor não Informado
Realinhamento dos Fios
Procedimento para casa
8 - Shampoo: Kérastase Nutritive Bain Satin 2 - R$ 100,00
9- Condicionador: Kérastase Nutritive Lait Vital - R$ 130,00
Manutenção
34
5
6
7
8
9
MODA
CURITIBA52
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CULTURA
CULTURA
CURITIBA54
ALImEnTAçãO,UMA PRIORIDADE?
Conciliar uma rotina acelerada e alimentação saudável pode ser difícil, mas não impossível
por Aléxia Saraiva
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WWW.EVENMORE.COM.BR 55
Quem nunca deixou de preparar uma refeição
com cuidado para ceder à praticidade de um
prato pronto congelado? Viver em uma época
em que o tempo é tão precioso muitas vezes
faz prioridades básicas mudarem de posição na
hierarquia. É o caso da alimentação.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 54%
dos adultos curitibanos estão acima do peso e
19% são obesos. Além disso, 20% da população
local tem colesterol alto, e apenas 37% pratica a
quantidade de exercícios físicos recomendada
pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
que são 150 minutos semanais. O desafio de
encontrar tempo para coincidir uma rotina
corrida com um cardápio saudável – realidade
de muitos – é enfrentado por Ana Marques,
empresária e revisora de textos.
Ana começou a rever sua alimentação quando
sua mãe foi diagnosticada com diabetes
em 1984, e passou a procurar opções mais
saudáveis para ajudar na dieta, chegando a
cortar o consumo de carne, mesmo que dez
anos depois. Mas, foi quando virou fiscal das
Feiras Verdes – tradicionais feiras de orgânicos
de Curitiba - que se encontrou propriamente
com a alimentação orgânica, a qual compõe
grande parte do seu cardápio diário. “Digamos
que eu seja uma curiosa no que diz respeito à
alimentação”, ela conta.
Os orgânicos são alimentos plantados sem
agrotóxicos e dependem o mínimo possível de
insumos e de tecnologias não renováveis, além
de uma série de outros requisitos. No entanto,
seu preço acaba por tornar essa possibilidade
menos viável. É o que explica Vinicius Gouveia,
chef do restaurante Vila Roti, que já passou
mais de dez anos trabalhando nos Estados
Unidos e na Espanha com culinária vegetariana
e vegana. “O custo da comida no Brasil não te
permite usar 100% de produtos orgânicos ou
não industrializados”. Mesmo assim, Vinicius
procura preparar, ele mesmo, itens como
massas e molhos.
Para se diferenciar dos cerca de 90 restaurantes
concorrentes ao redor do seu, Vinicius trabalha
com o conceito de gastronomia criativa. “O
segredo da criatividade é você pegar que tem
e fazer ficar bom, pegar um ingrediente que
ninguém dá nada e fazer dele algo mais gostoso.
Todos os dias eu crio um prato diferente. Já fiz
cerca de 20 mil”, explica. Segundo Vinicius, é
o cardápio diferenciado – e saudável – que
fideliza os clientes ao restaurante.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 54% dos adultos curitibanos estão acima do peso e 19% são obesos. Além disso, 20% da população local tem colesterol alto, e apenas 37% pratica a quantidade de exercícios físicos recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são 150 minutos semanais.
CULTURA
CURITIBA56
Quando fugir da dieta faz bem
Depois de trocar a profissão de designer
pela de chef, Carolina Garofani criou a
Caramelodrama, uma confeitaria que propõe
alternativas mais saudáveis, incluindo as
sobremesas, no cardápio com menos culpa.
Para isso, o segredo é simples: ingredientes de
qualidade. “A confeitaria implica em um cuidado
com a matéria-prima, que é a parte principal do
produto final. Você pode ter resultados ruins
com uma matéria-prima boa, mas você nunca
vai ter um resultado bom com uma matéria-
prima ruim”, define.
Seguindo esse conceito, Carolina procura
usar produtos orgânicos e locais, e prepara ela
mesma todos os ingredientes que pode: o pão
e a massa de biscoito são feitos na confeitaria,
além de uma horta mantida nos fundos da casa
que garante os temperos da casa. O chocolate
belga Barry Callebaut também é a opção para
manter a qualidade dos produtos finais num
nível maior.
Todo esse cuidado é visível. A primeira página
do cardápio já diz: “a diferença entre o remédio
e o veneno é a dose”. E é por isso que a logo da
Caramelodrama é uma colher. “Quando você
fala de doce, o balde já está chutado. A gente
brinca: amarre sua dieta no portão e deixe ela lá
fora. Eu acho que se você vai se dar ao luxo de
comer um doce, você pode muito bem comer o
melhor que você pode encontrar”, conta.
A conscientização e suas consequências
Segundo a chef, há um cuidado crescente da
população em saber o que se está comendo.
“Estou vendo uma preocupação bem maior
das pessoas em entender o que elas estão
colocando dentro delas e dentro dos filhos. É
só você olhar o tanto de loja orgânica que tem
por aí”.
Um produto orgânico é mais do que um
alimento sem agrotóxicos ou aditivos químicos.
Ele é resultado do conceito de trabalhar em
harmonia com a natureza, obedecendo normais
rígidas de certificação que garantem o trabalho
adequado do solo e dos recursos naturais,
como água, plantas e animais.
Em Curitiba, esses alimentos podem ser
encontrados nas Feiras Orgânicas promovidas
pela prefeitura, além de ter uma área especial
no Mercado Municipal. É de lá que vêm os
alimentos comprados por Ana, por exemplo.
“Por eu ser vegetariana, os orgânicos estão
presentes na minha dieta de manhã, de tarde
e de noite. Minha dieta não é 100% orgânica
porque o seu organismo fica muito indefeso
contra qualquer agroquímico, qualquer coisa
que você come fora de casa faz você cair
doente”. Mesmo mantendo no cardápio
aproximadamente 20% de alimentos não
orgânicos, Ana consegue contar nos dedos o
que compra de industrializado.
“...a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”
WWW.EVENMORE.COM.BR 57
Nunca é tarde para começar
Tanto Ana quanto Carolina têm suas dicas
para começar a deixar a alimentação mais
saudável. Beber água, colorir o prato e olhar
o rótulo dos alimentos são os três primeiros
passos básicos, segundo Ana. Já a dica da chef
é fazer um processo gradual. “Eu caminhei para
isso. Eu disse ‘não quero mais comer produto
industrializado, não quero mais tomar suco de
caixinha, não quero mais tomar refrigerante’.
Você vai se ajustando, vai construindo, e
conforme você vai entendendo onde conseguir
os alimentos e como você vai fazer o processo,
isso se torna natural, não é uma dificuldade”,
ela conta.
Conciliar a vida saudável com suas outras
responsabilidades é a maior prioridade da
vida de Ana. “Eu vou ficar velha, e pra eu
chegar lá bem, eu tenho que ter o meu corpo
bem. Eu só tenho isso se eu me alimentar
“... Você vai se ajustando, vai construindo, e conforme você vai entendendo onde conseguir os alimentos e como você vai fazer o processo, isso se torna natural...”
bem. É uma filosofia de vida com um objetivo
específico: envelhecer bem, física, mental e
espiritualmente”. Um movimento crescente
e uma preocupação atual, saber o que você
coloca dentro de você mesmo é um passo em
uma busca por qualidade de vida que exige
certa disciplina, mas que conquista cada dia
mais adeptos.
Serviço:
Vila Roti - Rua Mateus Leme, 757 - São Francisco
-seg a sáb - 11:30 às 14:30.
Caramelodrama - Alameda Presidente Taunay,
434 - Batel - seg e ter - 10h às 19h - qua a sex -
10h às 20h30 - sáb - 10h às 19h.
Mercado Municipal de Curitiba - Av. Sete de
Setembro, 1865 - Centro - seg - 07h às 14h - ter
a sab - 07h às 18h - dom - 07h – 13h.
Detalhe horta da
Caramelodrama
CULTURA
CURITIBA58
Foto Aléxia Saraiva
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DOCE infânciaPassear entre casas bonitas em um dia ensolarado
é um ótimo contexto para deixar a vida mais doce.
Uma placa com logo de colher indica a confeitaria
Caramelodrama, um ambiente amplo e bonito que
lembra uma casa de vó. A expectativa de comer
por lá é grande, já que a chef Carolina Garofani
garante doces com os melhores ingredientes que se
pode encontrar. Em meio a sofás, cadeiras e mesas
variados, estantes com bules de chá e uma luminária
com páginas de livros – tudo arranjado da forma
mais aconchegante possível -, se lê no cardápio que
mesmo que não precisemos de açúcar para viver,
ele tem um papel fundamental nos sorrisos do nosso
dia-a-dia. Como não sorrir com isso?
Desviar os olhos para a vitrine de doces é uma
tentação; uma insatisfação positiva. É como ser
uma criança numa loja de brinquedos antes do
Natal, podendo escolher seu presente. Uma batalha
interna para eleger aquilo que pode ser a opção
mais gostosa possível, sem nunca saber se você
está mesmo certo. É como estar em uma livraria sem
saber como escolher um livro, porque cada um será
uma experiência diferente.
Escolho o primeiro prato: paninostromboli. Um
sanduíche de pão bolinho, feito no dia, com salmão
- o mais fresco possível. Provar um prato com uma
qualidade tão alta faz as memórias ficarem em
câmera lenta: o gosto do cream cheese, o toque
de mel, o pão crocante por fora e macio por dentro.
Um suco de laranja que parece que acabou de sair
do pé acompanha o prato, o que torna o gosto da
infância mais palatável. Você sente que a qualidade
da combinação é algo diferente, fora do comum.
por Aléxia Saraiva
CULTURA
CURITIBA60
Às 11h da manhã de uma quinta-feira, não é de
se esperar que o lugar esteja cheio. Os únicos
clientes além de mim são uma mãe e suas filhas,
duas meninas pequenas que são a definição da
palavra adorável. Elas correm de abelhas que
costumam ficar nos fundos da casa, e entre o
suco e o sanduíche cabem várias risadas.
A escolha do doce é muito delicada: devo
trocar o chocolate (?) por doce de leite (?) ou
por caramelo(?) qual o outro ingrediente (?)
laranja ou avelãs(?) em forma de mousse ou de
brownie (?) de torta ou de bolo? A decisão tem
um nome novo: gianduia. Palavra que sintetiza
o encontro da pasta formada por 70% de
chocolate misturados à 30% de pasta de avelã,
ou seja, uma mistura clássica. É uma torta alta,
um pedaço grande, e o cardápio indica que se
trata de um mousse.
Esse não é só um pedido que agrada
ao paladar. A visão te impede de dar a primeira
colherada por longos segundos de observação.
Como um doce pode ser tão lindo? Será que o
gosto é tão bom quanto isso é bonito? Mais uma
vez a sensação de impotência: eu sou digna de
comer a tal gianduia?
A curiosidade se torna impassível, e
a sensação é maravilhosa. É leve. É como
sentir um veludo. Desmancha na boca. Até a
casquinha de chocolate e as duas avelãs que
enfeitam por cima têm um sabor sensacional.
E, por fim, a satisfação é tão plena que a
promessa de voltar é indubitável.
A Caramelodrama fica na Alameda Presidente
Taunay, 434, no Batel.
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CULTURA
CURITIBA62
UMa a
WWW.EVENMORE.COM.BR 63
a U Ma
Processos de impressão e encadernação manual produzem livros artesanais e experiência única aos leitores
RenataOrtega
CULTURA
CURITIBA64
Uma a uma, as minúsculas letras batidas no
teclado vão compondo as palavras, até o limite
de uma linha completa. A máquina de linotipos
transfere, então, a imagem dos caracteres para
uma barra de chumbo – fundida a 270° C –,
cabendo ao tipógrafo organizá-las em páginas.
Com as matrizes textuais prontas, resta aplicar
tinta mecanicamente sobre cada uma delas e
decalcá-las no papel escolhido para o miolo.
Enquanto isso, as gravuras que adornarão a
capa começam a ser esculpidas na madeira
– pelo ilustrador. Ao mesmo tempo, o
encadernador inicia o processo que inclui
recortar, colar e encapar papel espesso com
tecido. Quando as matrizes de xilogravura ficam
prontas, um rolo embebido espalha tinta nos
detalhes elevados do entalhe; até que tecido
e tinta se encontram sob a prensa, revelando a
bela figura de capa.
Para terminar – miolo impresso e capa pronta
–, falta ainda dar ao livro sua forma final. As
páginas de papel branco são vincadas, divididas
em cadernos, costuradas e coladas pelas mãos
ágeis do encadernador. A folha de guarda
– serigrafada, cada uma, em uma máquina
controlada manualmente – faz, então, a junção
entre o miolo e seu invólucro. Está pronto mais
um exemplar artesanal, após quase um ano do
início do trabalho!
Embora a descrição pareça referir-se ao
processo “antiquado” de produção de livros das
primeiras décadas do século XX, ela narra uma
empreitada bastante atual: a confecção de livros
totalmente artesanais que vem sendo colocada
em prática, nos últimos anos, pela Editora Arte
& Letra – em parceria com o encadernador
Daniel Barbosa (Caderno Listrado) e a gráfica
Linotipadora Expressa (São Paulo).
Em 2014, a casa editorial curitibana lançou
três títulos nesse formato: “A mão na pena”,
de Dalton Trevisan, “Uma questão moral”, de
Cristovão Tezza, e “A busca”, conto de Luiz
Ruffato (veja resenha abaixo) – que receberam
o nome de coleção “Livros artesanais”. Cada
obra possui tiragem limitada e numerada de
250 exemplares. Além de textos inéditos e
escritos especialmente para o estilo artesanal,
contam ainda com xilogravuras de André Ducci
e Frederico Tizzot.
Estes textos nacionais e contemporâneos,
contudo, foram a segunda leva do projeto
iniciado em 2013, com o objetivo exclusivo
de publicar volumes impressos em tipografia
e com encadernação manual. Naquele ano,
haviam sido lançados os clássicos “Um coração
singelo”, de Gustave Flaubert, “Assassinatos na
Rua Morgue”, de Edgar Allan Poe, e “Luzes”,
conto de Anton Tchekhov – 200 unidades de
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cada, já esgotadas, com gravuras de Frederico
Tizzot, Santidio Pereira e Mariana Leme.
Para o editor da Arte & Letra Frederico Tizzot,
em síntese, a coleção reflete o ideal da casa
editorial curitibana, fundada em 2004: o de
publicar não apenas bons livros, mas livros bem
feitos. Ao resgatar um processo de produção
que já se perdeu no tempo, a editora pretende
que a obra literária torne-se uma obra de arte
em si – e não se limite a um mero suporte para
o texto, entre os tantos existentes hoje.
O processo totalmente artesanal garante
ainda que cada exemplar seja único, com
pequeníssimas variações. Além disso, a textura
do tecido de algodão que cobre a capa, o relevo
das impressões ou mesmo o cheiro da tinta e
dos demais materiais utilizados propiciam ao
leitor uma experiência única, que ultrapassa
a visual, estimulando outros sentidos (tátil e
olfativo, sobretudo) e criando novas formas de
se relacionar com o livro.
...a editora pretende que a obra literária torne-se uma obra de arte em si.
CULTURA
CURITIBA66
WWW.EVENMORE.COM.BR 67
A busca de Ruffato
O Uruguai é um país fascinante; de belas paisagens,
um povo afável e histórias incríveis. Não é de
surpreender que o escritor mineiro Luiz Ruffato tenha
escolhido a pequena cidade de Dolores – com seus
pouco mais de 15 mil habitantes, vivendo às margens
do Rio San Salvador, no granero del Uruguay – como
cenário de “A busca” (Arte & Letra, 2014).
A novela, em suas 65 páginas, relata o drama de El
Gordo, um trabalhador uruguaio, pai de família, em
busca do rastro do próprio pai, que sumiu durante
a ditadura daquele país. O narrador, contudo, é um
engenheiro brasileiro – Dório Finetto; um viajante
(a trabalho) e observador perspicaz, capaz de se
misturar à vida local por onde passa e colecionar
pequenas-grandes histórias.
Por meio de uma narrativa sensível, o verdadeiro
dilema de El Gordo vai, então, se revelando. O
abandono do pai, a morte precoce da mãe, o
trabalho, o casamento e os filhos, um acidente, uma
viagem, a negação... e, finalmente, o encontro com
um desconhecido – que pode culminar na aceitação
de toda uma vida.
Ao transitar entre o Brasil e o Uruguai, o passado e o
presente, “A busca” conduz o leitor por um caminho
de verdades, mentiras e decepções. E, assim – de
maneira delicada, milimétrica e, talvez, sem perceber
–, Ruffato compõe mais uma narrativa deste seu
grande projeto de retratar a classe operária.
A experiência de ler uma história tão singela e
comovente se completa no contato com o livro
artesanal – impresso em máquina de linotipo e
encadernado individual e manualmente. Para os
amantes da leitura tradicional, o toque das camadas
de tinta sobre o tecido da capa ou mesmo o relevo
das palavras impressas no papel interno constituem
um estímulo a mais.
CULTURA
CURITIBA68
“Momentos inéditos do
último ensaio clicados por
Cristopher Gegembauer”.
[PERFIL]IRIA BRAGA
Com shows marcados para o ano de 2015, a cantora de destaque da cena curitibana fala sobre o tempo na construção de sua personalidade artística
por Carmela Scarpi
WWW.EVENMORE.COM.BR 69
Com uma sequência de três shows agendados
para agosto deste ano*, a cantora curitibana
Iria Braga diz sentir-se preparada para viver
aquilo que produziu em 2013, quando gravou
seu primeiro CD. Pode parecer estranho a
você, afinal: três shows, um dia após o outro?
Ou então: gravou em 2013 e faz show agora?
Mas Iria é assim. Com a disciplina de um
relógio, são os segundos que formam as
horas em sua vida. Para entender a trajetória,
é preciso compreender Iria. Para entender
seu CD é preciso entender seu caminho.
Com já 9 shows para chamar de seus -
inclusive o de agosto de 2014, que foi o
primeiro sobre o CD solo - ela volta à época
em que não havia show algum no repertório.
Quando tudo era apenas uma paixão, Iria
não sabe definir o que veio antes, pois há um
intercâmbio forte entre o teatro e a música.
“É difícil falar quando começou uma coisa,
quando começou outra. Porque o desejo de
estar no palco, não só estar no palco - de
fazer arte - começou junto”, relembra.
Mesmo sem definir linhas rígidas sobre este
início da vida artística, uma coisa ela confirma:
as interferências entre as áreas ajudaram-
se mutuamente. “Hoje eu entendo que essa
coisa da interpretação e da dramaticidade
que o palco proporciona como teatro são
ampliadores para a música”, exemplifica.
Com formação em Teatro, no Colégio
Estadual do Paraná, e licenciatura em Música
pela Faculdade de Belas Artes; ela quantifica
sua carreira de maneira que ultrapassa os
números ou diplomas. “Eu acho que não
determina sua carreira o tanto quanto você
fez, mas o quanto de intensidade você teve”,
define a cantora. E isto ela conhece, afinal,
desde o início teve uma trajetória construída
por meio da força de vontade e do esforço
pessoal, que supriram qualquer outro tipo de
incentivo, inexistente.
“Despertei para a arte com um olhar de
fascínio. Eu tinha um amor e então foi por força
desse desejo que comecei. E foi um caminho
do, como se diz? ‘o bloco do eu sozinho’.
Por que eu fui sozinha buscar cada coisa”,
revela. Muito embora tenha recebido amparo
afetivo, o incentivo profissional não era algo
que a estimulasse. Estava por conta do sonho
e do desejo. E, como é de se esperar, o
período de colégio e faculdade foram de uma
efervescência artística muito grande, fosse
pela quantidade de trabalhos e cursos, fosse
pelas novidades do conhecimento adquirido.
Um quarto de hora
“Despertei para a arte com um olhar de fascínio. Eu tinha um amor e então foi por força desse desejo que comecei.
CULTURA
CURITIBA70
Meia horaA carreira de solista foi como a continuação
de um ponteiro que ultrapassa a primeira
hora e, no ano de 1999, Iria Braga se definiu
como cantora. Em 2000, apresentou seu
primeiro show.
Numa experiência pela banda Molungo,
gravou um CD - anterior ao considerado seu
primeiro solo em 2013. Nas engrenagens
deste relógio ela desempenhava o
papel de percussionista, com algumas
participações mais esporádicas de
voz e backing vocal. Mas, o caminho
do Molungo margeava sua trajetória
principal. O acúmulo de funções
profissionais, com carreira de solista,
sua contribuição na banda, o trabalho
de professora, e o início dos estudos
em música erudita culminaram num
problema pelo excesso de esforço e
a decisão de escolher um caminho.
Ganhou a carreira musical solo.
“Eu acho que sair do grupo foi um
rompimento bem doído. Porque
eu amo eles e a gente tinha
uma afetividade bem profunda,
o acolhimento de estar junto”,
conta. Já com os ponteiros
alinhados ela voltou a se
dedicar inteiramente para o
trabalho de voz.
Foto Divulgação - Show
Fita Meus Olhos - 2000
WWW.EVENMORE.COM.BR 71
A partir daí, Iria começou a sofrer uma
pressão sobre quando gravaria seu próprio
CD. “Eu queria gravar, mas eu não tinha essa
urgência. Claro, as pessoas vêem como um
meio de você mostrar seu trabalho, e claro,
acho que a gente perde muito em ficar
esperando. Mas disco é um retrato, e você já
vai evoluindo depois disso”, comenta.
Contudo, sua hora chegou quando sentiu que
as músicas; hoje gravadas - pela Gramofone
- e disponíveis em CD e online; já estavam
arraigadas à sua trajetória. Afinal, a coletânea
de canções, dos mais variados autores, com
os mais variados arranjos, incluindo uma
composição da própria cantora; refletem todo
o seu tempo de carreira. “ Eu toquei muito
essas músicas. Porque são músicas que
vieram dos meus shows e cada um tem uma
temática. Eu fui me experimentando nesses
lugares e algumas composições foram
ficando, e foi então que eu senti: bom, agora
dá para registrar”, diz.
É o motivo pelo qual, alguns desavisados,
podem - sem perceber - interpretar o registro
de 2013, como um balaio. Mas esta temática
da reunião é proposital. Cada período, cada
hora, cada show está ali e reflete a própria
trajetória da carreira de Iria, que hoje se
define como uma cantora, prioritariamente,
de música brasileira.
Três quartos de hora
A mesma organicidade com que tratou seu
primeiro CD, ela levou para seu primeiro show.
Para Iria, a gravação apressada, assim como
os shows apressados não fazem um sentido
artístico muito grande. “As pessoas nem
ouviram a tua música. Ela tem que andar com
as próprias pernas. Tem que falar por si só.
Muitas pessoas defendem isso e eu também.
Se você grava só por gravar, o que você quer
com isso? “, reflete.
E foi assim que, em agosto de 2014, um ano
após o lançamento do disco, ela fez o primeiro
show sobre ele. Depois de tantas andanças,
de tantas incertas certeza, de todo este
movimento, e do tempo passado; Iria hoje
encara o presente com muita maturidade. É
o tempo que molda uma carreira, uma artista.
De volta à fase atribulada de funções, hoje
ela ocupa uma posição de apresentadora
do programa É-cultura, na TV E-Paraná. Por
força do destino foi parar na televisão, mas
continua com foco total na música e na sua
paixão: o palco dos shows. O discernimento
adquirido é o que cada espectador pode
esperar nos próximos espetáculos de agosto.
Uma honestidade com o tempo das coisas,
com sua própria bagagem, além do talento
aperfeiçoado desta artista daqui.
Hora cheia
* Os shows de agosto serão realizados nos dias
28, 29 e 30 de agosto, no teatro José Maria
Santos, que fica na Rua Treze de Maio, 655 -
São Francisco, Curitiba - PR.
CULTURA
CURITIBA72
Peito Vazio,O clipe gravado para o CD de 2013 e lançado em 26 de agosto de 2014, traz a melancolia
da música de Cartola para imagens. Por traz da paixão da artista pelo compositor, existe uma
história pessoal revelada com exclusividade para nós: “Eu levei um pé na bunda de um menino
e ele falou assim para mim: Você já ouviu Cartola? ‘Acontece’, do Cartola? E eu falei, não. E aí
eu saí da nossa briga com o olho inchado, parei no primeiro sebo que eu encontrei e perguntei
se eles tinham essa música. O cara me deu um disco com a Gal Costa cantando. Quando eu
ouvi eu queria morrer de vez. Mas daí prestei mais atenção e eu lembro da minha sensação,
quando eu falei: ‘nossa, isso é Cartola?”, relembra.
Daí por diante a paixão só aumentou e Iria começou a buscar toda e qualquer informação
sobre o compositor e, claro, ouvir cada vez mais suas obras. “Mas o que me pegava sempre
era ‘Peito Vazio’. Essa música fala de desmoronamento, de alguém que está alcoólatra, e quem
nunca ficou alcoólatra por amar alguém? E sempre que eu tive problemas de relacionamento
ou emocionais eu colocava um bom Peito Vazio”, revela.
Para chegar à versão hoje registrada, Iria passou por muitos arranjos até chegar à voz e
guitarra do clipe. Que, aliás, foi gravado numa demolição da rua Riachuelo em Curitiba/PR.
Locação escolhida também pela própria Iria. “Quando eu vi o terreno eu sabia que em pouco
tempo ele seria reconstruído. Vi e pensei: é aqui. Porque tem uma parede de vidro, e quando
você está lá dentro, você vê as pessoas passando na rua e, ao mesmo tempo, você está
sozinho - isolado! E quando você está deprimido é assim que você se sente, né? O mundo está
ali correndo à sua frente e você está ali, isolado, sem nem saber o que você está fazendo”, diz.
composição: cartola e Elton Medeiros | Voz: iria Braga | Guitarra: Oliver Pellet | Direção, roteiro e montagem:
alan Raffo | Direção de fotografia e colorista: Rafael Bertelli | Direção de movimento: carmen Jorge | Produção:
iria Braga, carmen Jorge e Viviane Medeiros | apoio cultural: THÁ
clique
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Linha do tempo, shows: “Fita Meus Olhos” (2000), “Oração ao Tempo”, (2002), “De
Cor Laranja Amarelo Ouro” (2004), “Flor de Maracujá” (2007) “Peixe-Estrela” (2008),
“Melanger” (2009), “Le passiflora projet” (2010) e “Iria Braga e Quarteto”(2011) e
“Volátil” (show em parceria com o pianista Davi Sartori - show contínuo).
Foto Divulgação - Show
Le Passiflora - 2010
CULTURA
CURITIBA74
longasBeatriz Mattei
Não apenas no tempo de duração, mas a produção de filmes pode se
estender no tempo e alguns
exemplos não se deixam esquecer
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WWW.EVENMORE.COM.BR 75
Para uma produção cinematográfica
chegar ao público, inúmeros aspectos são
considerados e diversas etapas precisam
ser vencidas: negociação com elenco,
distribuidores e diretores, além de acertar
locações, cenários, adequar tecnologias e
fazer todas as reformas e lapidações de roteiro.
Resumindo, tudo acaba por ser fundamental
e determinante para que a criação de uma
obra leve 10 meses ou 10 anos. Verdadeiro
problema numa era de imediatismo e de
grande concorrência.
“Boyhood: Da Infância à Juventude” é um
exemplo que vem quase de imediato a nossas
mentes quando falamos do mais recente
“slow” como produto no mundo dos filmes.
Isso porque o longa demorou 12 anos para
chegar às salas do cinema. O diretor Richard
Linklater queria ser o mais realista possível,
de forma que acompanhou a trajetória, dos
6 aos 18 anos, do ator Ellar Coltrane, levando
toda a equipe a filmar apenas um dia por
semana durante esse período.
Para felicidade de todos, o filme foi um
sucesso e fez “O” alvoroço na última
temporada de prêmios – levou três Globos de
Ouro, um Oscar e outras tantas estatuetas de
festivais para lá de respeitados, bem como se
posicionou confortavelmente no ranking de
arrecadação nas bilheterias americanas.
Boyhood: Da Infância à Juventude
Título original: Boyhood | Lançamento: outubro de 2014 | Duração: 2h45min | Direção: Richard
Linklater | Gênero: Drama | Nacionalidade: EUA | Distribuição: Universal Pictures
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CULTURA
CURITIBA76
Outros bons exemplos desse tipo de produto são as animações e as ficções tecnológicas
que, recheadas de detalhes, são autênticas epopeias de criação e execução. Para citar alguns
exemplos, “Os Simpsons- O filme” teve o roteiro editado e reeditado 160 vezes e levou 10
anos para ser concluído. “A Bela Adormecida”, graças ao perfeccionismo de Walt Disney, foi
uma saga de 8 anos de produção. E o exuberante “Avatar” teve que aguardar pelo menos uma
década e meia para adquirir toda a tecnologia necessária. Felizmente, lembramos de todos
esses filmes.
Ocorre que nem sempre é assim. Dentre as animações, a obra “O Ladrão e o Sapateiro”
precisou de 28 anos para ficar pronta. As filmagens iniciaram em 1964, mas, devido a inúmeros
reveses envolvendo dinheiro e elenco, foram interrompidas diversas vezes, de maneira que
só foi concluído em 1993, sem o diretor e roteirista Richard Williams, arquiteto do projeto; e
sem ibope algum.
Na mesma medida, o longa “O Doador de Memórias” demorou 20 para ser finalizado
e quando o foi, não fez muito barulho. Lançado ano passado, o filme estrelado por Meryl
Streep e Katie Holmes enfrentou problemas com os direitos do romance no qual se baseia. A
Os Simpsons- O filme
Título original: The Simpsons Movie | Lançamento: agosto de 2007 | Duração: 1h30min | Direção:
David Silverman | Gênero: Animação | Nacionalidade: EUA | Distribuição: FOX Filmes
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Warner Bros., detentora desses direitos, não permitiu o desenvolvimento da obra. Apenas em
2007, finalmente, negociou com a The Weinstein Company e Walden Media, que junto com o
produtor Jeff Bridges tiraram o projeto do papel. Contudo, poucos mergulharam nessa história
que aborda os erros e sofrimentos da raça humana. Houve pouca arrecadação e nem de longe
marcou a carreira dos envolvidos.
O Doador de Memórias
Título original: The Giver | Lançamento: setembro de 2014 | Duração: 1h37min | Direção: Phillip
Noyce | Gênero: Ficção científica, Drama | Nacionalidade: EUA | Distribuição: PARIS Filmes
Enfim, o mundo cinematográfico é cheio de exemplos de produções demoradas, que atrasaram
pelos mais diferentes motivos, e um texto não é o suficiente para explorá-los. Agora, uma
coisa é certa, se é para produzir coisa boa: diretores, fiquem à vontade, e tomem o tempo que
quiserem!
Outros:
Avatar | Lançamento: dezembro de 2009 | Duração: 2h42min | Direção: James Cameron |
Gênero: Ficção científica, Aventura | Nacionalidade: EUA | Distribuição: FOX Filmes
O Ladrão e o Sapateiro | Título original: The Thief and The Cobbler | Lançamento: 1993 |
Duração: 96min | Direção: Richard Williams | Gênero: Animação | Distribuição: Miramax Films
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NOIVAS
MERCADOSOB mEDIDAMonique Benoski
Profissionais do ramo falam sobre a crise financeira e formas de consumo da
população
Hoje é comum ouvir sobre a grande
crise financeira pela qual o Brasil
passa. Sugestões de ajustes e muita
incerteza sobre o futuro do país são pautas
para todos os veículos de comunicação.
A notícia chega, inclusive, no mercado das
confecções sob medida e vira tema de
reflexão para aqueles que atuam neste nicho.
Para a estilista Karina Kulig, por exemplo, há
uma desaceleração por parte da clientela no
sentido de que quem antes queria casar o
mais rápido possível, hoje pensa com mais
calma. “Tive clientes que deixaram de casar
esse ano, vão casar ano que vem”, diz. Ela
ainda nota uma diminuição na quantidade de
casamentos o que, para ela, é algo que vem
se transformando em tendência.
Em contrapartida, para Denise Leal, estilista
que também está no ramo “sob medida”,
os casamentos não estão diminuindo,
nunca sairão de moda e para casar não
existe crise, pelo menos na cabeça de
quem está casando. “O mercado de moda
está aquecido. Não importa o tamanho do
casamento, pode ser para 15 convidados ou
para 1500, a noiva sempre vai querer estar
bonita, com um vestido bem feito”, expõe.
Karina Kulig acrescenta que houve um certo
retorno às confecção exclusivas por causa
da alta do dólar, pois antes as mulheres
viajavam bastante para buscar seus vestidos,
mas agora estão revendo se vale a pena.
...há uma desaceleração por parte da clientela no sentido de que quem antes queria casar o mais rápido possível, hoje
pensa com mais calma.
Karina ainda relata que, como estratégia,
não acompanhou os aumentos de valores
que aconteceram em todos os ramos do
mercado de trabalho, pois os clientes
estão com as mesmas dificuldades dos
empreendedores e a crise financeira afeta
todo mundo. “O que eles pagavam, não
podem mais pagar. Então eu tive que dar uma
segurada para conseguir me manter firme
e forte no mercado. Escuto por aí que tem
lugar fazendo locação com valor mais alto do
que eu cobro em um vestido sob medida. As
pessoas que achavam meus vestidos caros,
se compararem com os preços das locações
de hoje em dia, acabarão vendo como vale a
pena fazer comigo”, avalia.
Novos hábitos de consumo da moda
Sobre vivermos em uma época em que a
produção acelerada é hiper valorizada, elas
não acreditam que o processo de confecção
sob medida no ramo de festa seja muito
abalo pelos novos hábitos de consumo.
Para ambas, o mercado fast fahsion é uma
tendência que só vai aumentar, apesar
de diversas pesquisas na área de moda
questionarem a manutenção deste modelo.
Denise acrescenta que esse segmento e o
mercado das noivas correm de forma paralela,
um não prejudica o outro. “Para as roupas do
dia a dia, o fast fashion é uma maravilha, as
lojas estão faturando horrores com isso; mas
Foto: Dorian MendesNoiva: Rafaelle Ruhle
“O que eu acho muito bacana é cativá-la e tê-la para sempre. Nós nos tornamos grandes amigas.” Denise Leal
para as noivas não se aplica, elas querem ser
tratadas com calma”, compara.
“Não vejo as pessoas interessadas em
mostrar uma marca, acho que as pessoas
que curtem moda buscam em qualquer lugar
aquilo que elas entendem como moda”, relata
Karina ao afirmar, como estilista, que hoje o
investimento maior deve ser em acessórios,
bolsas, óculos e não na roupa em si, quando
se trata do prêt-a-à-porter. “Para mim, existe
uma passagem ‘antes do Facebook para
depois do Facebook’, acho que as pessoas
trocaram o status de se vestir com grandes
marcas pelo status de viajar, sair com os
amigos e se divertir. Curtir a vida é um status
que está à frente de gastar 700 reais numa
calça”, exemplifica.
Método
O processo básico de confecção das duas
estilistas é semelhante. Inicialmente existe
uma conversa, uma entrevista com a futura
cliente. Elas precisam entender os desejos,
os gostos, o que ela não gosta, precisam
harmonizar o local onde será a festa com os
tecidos e o modelo do vestido. “Eu acho que
é preciso sentir muito o inside pra fazer um
outside bacana”, relata Denise. “Em seguida
a gente faz uma ficha de medidas e depois
de escolhido o modelo começa o processo
de modelagem da peça”, comenta Karina.
Ambas explicam que o número de provas
do vestido depende de cada pessoa, mas
o mais importante é fazer a cliente se sentir
linda. “O que eu acho muito bacana é cativá-
la e tê-la para sempre. Nós nos tornamos
grandes amigas”, conclui Denise.
Denise Leal: Há cerca de 20 anos trabalhando
com confecção sob medida, Denise Leal
atende suas clientes, com hora marcada, em
seu atelier que fica na Rua Desembargador
Costa Carvalho, 291, Batel.
Karina Kulig: Desde 2006 no mercado
de confecção sob medida em Curitiba, ela
decidiu ter seu próprio espaço depois de
uma temporada no show room da Casa
Moda Fashion Group em São Paulo. O atelier
fica na Rua Hermes Fontes, 37, Batel e o
atendimento é feito com horário marcado.
Uma opção para noivas românticas que querem fugir
das confecções em renda
Não seREnDA
Fotografia: Janaina Claudino Fotografia
Beleza: Cristina Maciel
Modelo: Barbara Semann
Local: Estúdio Reptilia
Produção e Styling: Carmela Scarpi
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Brinco: The.Address Love | Coroa: The.Address Love | Capa: Harriete Scarpi Ve
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: Harriete Scarpi
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Brinco: The.Address Love | Coroa: The.Address Love | Capa: Harriete Scarpi Ve
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: Harriete Scarpi
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Brinco: The.Address Love | Coroa: The.Address Love | Capa: Harriete Scarpi Ve
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: Harriete Scarpi
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MODA
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FEITO DE DETALHESAléxia Saraiva
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Intimista, pessoal, reduzido: o
mini wedding é uma saída para
noivos que querem celebrar seu
casamento sem deixar de lado a
casa e a viagem de lua de mel
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NOIVAS
CURITIBA110
Os formatos conhecidos como mini weddings têm ganhado espaço entre noivas que querem valorizar o tempo com cada convidado, além de deixar a festa com um toque mais
informal.
Casamento nem sempre é sinônimo de
ostentação, mas é sempre sinônimo de
grandiosidade. As festas costumam refletir a
personalidade dos noivos, seja com uma trilha
sonora diferente, uma decoração criativa ou
fazendo uma cerimônia intimista, apenas para
quem é mais próximo. Os formatos conhecidos
como mini weddings têm ganhado espaço
entre noivas que querem valorizar o tempo com
cada convidado, além de deixar a festa com um
toque mais informal.
Vivian Madalozzo é casada com Tiago desde
janeiro de 2013, quando festejaram a união
no Empório Rosmarino, em Curitiba. Donos da
escola de música Alecrim Dourado, eles se
conheciam desde a época da faculdade, mas
só depois de se tornarem sócios é que ficaram
juntos. “Faz doze anos que somos amigos, então
quando o namoro começou já foi meio caminho
andado”. Foi um ano de noivado, já sabendo
que não seria possível fazer tanto casamento
como lua de mel e reforma do apartamento.
Como a viagem de 20 dias para Paris e a casa
em que poderiam receber os parentes foram
priorizadas, a solução foi reduzir a festa: foram
somente quinze convidados.
“As nossas famílias são muito grandes. A gente
fez uma lista prévia de quantos convidados teria
no casamento, e chegamos a 225 pessoas.
Fazer uma festa de casamento pra eles ia ser
uma noite e aquilo ia ficar sempre na memória.
Ter um espaço pra que eles pudessem vir
sempre que quisessem era mais permanente”,
ela explica. “Eu nunca me imaginei entrando
na igreja. O que eu queria era algo muito
emocionante e muito significativo”.
WWW.EVENMORE.COM.BR 111
Mas afinal, o que é um mini wedding?
Acerimonial Juliana Schneider explica que,
no mini wedding, as pessoas colocam
um pouco mais da sua história no próprio
casamento, preocupando-se em levar detalhes
simbólicos da sua vida, e não simplesmente em
fazer uma festa que agrade quem está presente.
“É um casamento menor, que busca apresentar
para os convidados um pouco mais da história
dos noivos. O mini wedding está muito mais
no conceito da festa do que no número de
pessoas: quando você tem uma festa menor,
é muito mais íntimo. Você vai ter convidados
muito mais próximos”, ela explica.
Foi o caso de Layla Pontello, que casou com
Guilherme em 2012. Primos distantes e amigos
desde sempre, eles estão juntos há quase seis
anos e têm como filosofia de vida conhecer e
aproveitar o que é diferente. “Sempre preferimos
viajar e conhecer outras culturas, conversando
com as pessoas de cada lugar, prestando
atenção em tudo. A coisa mais importante pra
nós são as histórias das pessoas. A vida é feita
de histórias e eu nunca gostaria de que não
fosse assim”, ela conta. Seu casamento não
passou de 50 pessoas, restringindo-se à família
e aos amigos mais próximos.
Juliana também explica que geralmente
a cerimônia religiosa dos mini weddings já
acontece no local da festa, justamente pelos
noivos buscarem um lugar que já remeta à sua
história ou gostos pessoais. “Os mini weddings
fogem um pouco do tradicional por não ter toda
aquela pompa que sempre tem na igreja, mas
a dinâmica do cerimonial em si é a mesma.
A gente tem os protocolos básicos a serem
seguidos, e os acontecimentos não fogem de
um grande casamento”, conta. Além disso,
os serviços a serem contratados também são
os mesmos, diferindo apenas na quantidade.
Segundo ela, um mini wedding geralmente não
passa de 80 pessoas.
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“... A coisa mais importante pra nós são as histórias das pessoas. A vida é feita de histórias e eu nunca
gostaria de que não fosse assim”Layla Pontello
NOIVAS
CURITIBA114
O intimismo e a personalização
Tanto no casamento de Vivian como no
de Layla, muitos elementos da festa
foram construídos para que tivesse o toque
dos noivos. Layla conta que seu planejamento
aconteceu em apenas um mês, com a ajuda da
mãe. “Sempre fui fã de improvisar e deixar as
coisas mais leves, sem muita formalidade. Uma
parte legal foi ir com minha mãe garimpando
coisas divertidas como bolinhas de sabão em
garrafinhas de espumante. Coisas simples que
dão um efeito legal e que vão da cabeça de
cada um. Sempre que podemos, optamos por
tudo menor, dando valor pra quem faz o que
ama”.
Já Vivian teve um momento especial para as
avós: uma acendeu as velas e a outra amarrou
as mãos dos noivos com uma fita branca. “Fazer
um casamento não é uma só uma escolha
financeira, é uma escolha de memória. Não tem
nada que eu faria diferente. Eu queria reviver”,
ela conta, emocionada. Outras surpresas
marcaram o intimismo: os raviólis em formato
de coração e o toque final da florista estavam
além do contratado por ela.
Juliana conta que esse formato, importado dos
Estados Unidos, dá margem ao envolvimento
dos convidados e que vem ganhando muitos
adeptos no Brasil. “Foi uma somatória de vários
fatores: de um conceito que foi trazido pra
cá, de uma situação financeira do Brasil que
começava a se agravar e de um novo perfil de
noivos, que não são do tipo que estão saindo
da casa dos pais pra casar”. Segundo ela, esses
noivos já têm uma independência financeira e
acabam priorizando outras escolhas, como no
caso de Vivian.
Além disso, Juliana explica que o hábito de
convidar conhecidos por conveniência ou
por questões profissionais está diminuindo
com a percepção da possibilidade de outros
investimentos, já que são os noivos que pagam
pela festa e não mais seus pais. “Todo o perfil
mudou. Claro que os grandes casamentos não
vão deixar de existir, mas os mini weddings
estão ganhando força e a gente vai ver esse
WWW.EVENMORE.COM.BR 115
tipo de evento acontecer cada vez mais”.
Com um casamento tão cheio de detalhes, o
que sobra pra depois são as fortes lembranças.
Isso se nota pela satisfação das noivas, que não
mudariam nada na festa que tiveram. “Faltou
eu dar mais beijos no meu marido, mas tenho a
vida pela frente!”, brinca Layla. Já Vivian resume
o seu na frase de Mario Quintana que finalizou
seus votos e que até hoje mantém na cabeceira:
“que seja doce”.
Não tem nada que eu faria diferente. Eu queria
reviver”Vivian Madalozzo
Fotos Meliess Fotografia
ENtrEViStA
VÁ COM CA LmA
Em um dia tão especial como o do casamento, é preciso ter cuidado com o stress logo nas primeiras
horas de produção
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Iko Fotografia
ENTREVISTA
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Even More: Por que você acredita que o dia da noiva com muitas pessoas juntas tenha se popularizado tanto?Cristina Maciel: Eu penso que tudo que vem de fora do Brasil é copiado por aqui. A influência americana trouxe essa tendência e, realmente, quando vemos em foto parece tudo lindo. Contudo, um ambiente com muitas mulheres durante todo o dia, pode se tornar muito tumultuado. Devido à importância do momento, a noiva se torna muito sensível e essa energia em excesso por estressá-la.
EM: No seu ramo de trabalho, quais as maiores dificuldades em relação ao espaço e quantidade de pessoas para a produção do casamento?CM: Nestes 11 anos de profissão tenho trabalhado sempre no improviso. Em quartos de hotel
com espaço reduzido, sem uma cadeira adequada para a cliente e para o meu trabalho também (ergonomia). Falta de luz adequada, as tomadas às vezes são antigas e não suportam um secador potente. Já tive situações em que o ar condicionado não funcionava, somado à presença de dois ou mais fotógrafos, cinegrafistas, cerimonial, mãe da noiva, irmã, amigas, avos. Isso realmente não tem nada a ver com o atendimento exclusivo que ofereço. Parecia mais um salão de beleza lotado, cheio de barulho e stress. Toda hora tendo que controlar o tempo para que todas fiquem prontas para se deslocar à cerimônia e, principalmente, estarem felizes com a produção; pois somente a noiva fez uma prévia e escolheu penteado e maquiagem, as acompanhantes escolhem tudo na hora e quando têm várias pessoas não sobra tempo para desmontar tudo e refazer. A meu ver, quem sai perdendo é a noiva, que paga por um serviço de exclusividade e não usufrui, pois tem que dividir o profissional com mais pessoas.
EM: Como surgiu a ideia de criar um estúdio especializado, e oferecer atendimento no dia do casamento?CM: Resolvi montar o Studio com atendimento exclusivo para minhas noivas com uma estrutura feita sob medida para um atendimento VIP. A ideia surgiu pelo fato de trabalhar tantos anos com o improviso, que comentei, nos hotéis. O ambiente foi projetado para dar tranquilidade e bem estar, a luz é controlada conforme a incidência da claridade natural do dia, ou ainda utilizar pontos estratégicos de LED para ter o melhor resultado na escolha das cores da maquiagem. O atendimento no dia é cheio de mimos, boa música, lanche especial, espumante no gelo,
Iko Fotografia
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roupão personalizado, um lindo jardim no terraço para fotos. Continuo fazendo casamentos fora de Curitiba como antes, mas, quando o casamento é na cidade, o atendimento será priorizado no meu Studio.
EM: E quais as principais vantagens em atender apenas a noiva e, talvez, a mãe da noiva no dia do casamento - tanto para profissionais como para o cliente?CM: Quando recebo somente a noiva no dia, ou com uma acompanhante, consigo dar a elas um atendimento realmente a altura do que elas merecem em um momento especial como este. Começamos logo na primeira hora da tarde, tenho tempo de fazer uma preparação especial na pele da noiva, ela relaxa enquanto fica com uma máscara. Enquanto isso, posso preparar o cabelo da acompanhante e quando o fotógrafo chega já estou com a maquiagem
da noiva quase finalizada para que ele registre os detalhes finais com calma. Fazemos um making of caprichado com muitos detalhes, em seguida visto a noiva e entrego ela pronta para o fotógrafo poder fazer o seu trabalho. Enquanto ela fotografa posso terminar a produção da acompanhante, e elas saem juntas para a cerimônia sem atrasos. Tudo flui e este dia fica marcado só com boas lembranças. As amigas até passam por lá pra dar um oi e fazerem um brinde, mas a ideia é que seja uma visita rápida para que a noiva possa ter o seu momento de relax e estar pronta para uma noite de muita festa.
EM: O ritmo do trabalho muda? Como? CM: O ritmo de trabalho muda sim, posso fazer tudo com muita qualidade.
EM: Você acredita que essa seleção e busca de exclusividade seja um movimento crescente, ou as pessoas ainda estão arraigadas na ideia das produções maiores, com madrinhas e convidados? CM: Sim, eu acho que muitas pessoas buscam isso, por isso investi nesse projeto. Tenho recebido muitas clientes com esse perfil, que buscam o atendimento exclusivo, que gostam de se sentirem únicas e bem atendidas, com produtos de qualidade. Invisto muito na aquisição de maquiagens de alta tecnologia, maquiagens que realmente fazem a diferença no resultado da produção, seja ela para noiva, formanda, editorial, ensaio fotográfico ou televisão.
Iko Fotografia
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