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O PERIGO DO USO DO CELULAR NO TRÂNSITO Autor: Francisco Filho Chagas Orientador: Prof. Esp. Ana Maria de Castro Mesquita Especialização PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA LATO SENSU EM GESTÃO, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA NO TRÂNSITO 2012

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O PERIGO DO USO DO CELULAR NO TRÂNSITO

Autor: Francisco Filho Chagas

Orientador: Prof. Esp. Ana Maria de Castro Mesquita

Especialização

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

LATO SENSU EM GESTÃO, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA

NO TRÂNSITO

2012

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FRANCISCO FILHO CHAGAS

O PERIGO DO USO DO CELULAR NO TRÂNSITO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Lato Sensu em Gestão, Segurança e

Educação no Trânsito da Universidade Católica

de Brasília / Fundação Universa, como

requisito parcial para obtenção do certificado

de Especialista em Gestão, Segurança e

Educação no Trânsito.

Orientador: Prof. Esp. Ana Maria de Castro

Mesquita

Brasília

2012

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Monografia de autoria de Francisco Filho Chagas, intitulada “O Perigo do Uso do

Celular no Trânsito”, apresentada como requisito parcial para obtenção do certificado de

Especialista em Gestão, Segurança e Educação no Trânsito da Universidade Católica de

Brasília / Fundação Universa, em 22 de outubro de 2012, aprovada por:

_______________________________________________________

Prof. Esp. Ana Maria de Castro Mesquita

Orientador

_______________________________________________________

Prof. Esp. Cristiana de Castro Mesquita

Coordenadora do Curso Gestão, Segurança e Educação no Trânsito

_______________________________________________________

Prof. MSc. Renata Sanches

Diretora da Universa Escola de Gestão

Brasília

2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me dado saúde e força de vontade para

chegar ao término desse curso.

Ao Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), por ter

investido nos seus servidores, dando a mim e aos demais da turma uma qualificação tão

importante como essa.

A minha esposa, Charlene, que tanto me deu apoio e incentivo para que concluísse

esse curso de especialização.

Aos meus dois filhos (Ellen e Gustavo). Juntos, eles me dão força e alegria para uma

vida feliz e harmoniosa em nosso lar.

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RESUMO

Este trabalho visa mostrar o quanto é perigoso falar ao celular enquanto dirige. Nele,

serão abordados pesquisas, estudos e análises de especialistas, médicos e profissionais que

trabalham na área do trânsito. Essas informações dão a dimensão dos riscos envolvendo os

condutores pela falta de atenção devido ao uso do celular, que a cada ano vem crescendo

assustadoramente. Os especialistas são claros ao afirmarem que essa combinação é perigosa e

que os condutores precisam mudar seu comportamento para não colocarem em risco sua

segurança e a de terceiros, além de os órgãos fiscalizadores atuarem de forma mais efetiva

com a finalidade de inibir esse tipo de infração, prevenindo e autuando esses condutores que

insistem com essa conduta e colocam em risco a segurança no trânsito. As leis pertinentes a

esse tipo de infração em outros países, comparando-as com o Brasil, também serão analisadas,

assim como as propostas para mudar o nosso Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Chega-se

à conclusão que o condutor precisa mudar sua atitude e ser mais fiscalizado pelos vários

Órgãos de fiscalização de trânsito existentes nas diversas esferas: União, Estados Distrito

Federal e Municípios.

PALAVRAS-CHAVE: Celular. Direção. Fiscalização.

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ABSTRACT

This work´s objective is to show how dangerous it is to talk on the cell phone while driving.

This will be shown through researches, studies and analyses from specialists, doctors and

professionals who work in the transit field. These information will give the dimension of the

risks involving the conductors due to lack of attention because of cell phone´s use, which has

been increasing largely every year. The specialists are clear in affirming that this combination

is dangerous and that the conductors need to change their behavior so they don´t risk their

safety and other´s safety and also the surveillance organs to act more effectively to prohibit

this type of infraction, preventing and giving tickets to the drivers who insist with this

behavior, putting traffic in danger. The laws regarding the subject on other countries,

comparing to Brazil, are also analysed, as are the proposals to change our Brazilian Traffic

Code. We reached the conclusion that the driver needs to change his attitude and be more

repressed by the responsible authorities on many levels: Union, States and Counties.

KEY-WORDS: Cell phone. Driving. Fiscalization.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – comparativo do aumento de autuações....................................................................10

Tabela 2 – comparativos de tipos de ações dos condutores......................................................11

Tabela 3 – valor da infração em alguns países/cidades.............................................................19

Tabela 4 – definição dos vários custos......................................................................................24

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................08

2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................10

2.1 O PERIGOSO HÁBITO DO CONDUTOR.......................................................................10

2.2 DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA.....................................................................................12

2.2.1 Como é a legislação em outros países..............................................................................19

2.3 A PSICOLOGIA APLICADA NO COMPORTAMENTO DO CONDUTOR...................20

2.4 MUDANÇA DE ATITUDE................................................................................................21

2.5 DOS DANOS MATERIAIS E FINANCEIROS................................................................24

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................27

4. REFERÊNCIA.....................................................................................................................28

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1. INTRODUÇÃO

O trabalho consiste em uma análise sobre o perigo do uso do celular no trânsito,

trazendo os complicadores e estudos relacionados nas pesquisas e relatos de diversos

especialistas. O comportamento do condutor e porque ele ainda insiste em usar o celular na

direção do seu veículo, sendo explicada por psicólogos e especialistas de trânsito, também são

assuntos a serem comentados nesse trabalho.

O objetivo principal do trabalho é demonstrar que o uso do celular ao volante é perigoso

e pode ocasionar acidentes, sendo que estes, quando acontecem, podem ser de pequenos

danos patrimoniais e físicos a acidentes fatais, por conta da distração. Os objetivos específicos

são: analisar os elementos complicadores, os diversos tipos de danos que essa conduta pode

trazer para o condutor, para o Estado e para terceiros.

Usar o celular enquanto está na direção do veículo é uma infração de trânsito que a cada

ano vem crescendo bastante, e, apesar de ainda não se ter um levantamento de vítimas e

colisões relacionadas à falta de atenção e distração que essa conduta pode causar, acredita-se

que muitos acidentes acontecem devido a essa prática. Por isso o estudo é importante para que

o condutor não coloque em risco sua vida e nem a de terceiros, deixando de ter esse hábito

perigoso, para que a sociedade não seja vítima dos danos por distração desse ato infracional e

irresponsável.

O referencial teórico do trabalho está estruturado em 5 (cinco) capítulos e as

considerações finais. O primeiro trata do uso do telefone celular enquanto dirige que se tornou

um hábito comum entre os condutores, devido principalmente à popularização da telefonia

móvel. O segundo capítulo trata das informações da legislação específica e as prováveis

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mudanças do tipo infracional no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), fazendo um

comparativo com a legislação de alguns países. O terceiro capítulo trata da psicologia no

trânsito e o comportamento dos condutores, além das informações e conclusões de diversos

especialistas e médicos sobre as atitudes desses condutores e a ênfase na fiscalização mais

punitiva para coibir a infração. O quarto capítulo trata da mudança de atitude que todos

devem ter e que a sociedade desperte uma análise crítica sobre a importância da

responsabilidade que devemos observar para a prevenção de acidentes e a preservação da vida

no trânsito. No quinto capítulo será observado os danos materiais e financeiros advindos de

um acidente de trânsito para as vítimas, familiares e para o Estado, além dos danos não

valorados (decorrentes das perdas de vida ou de lesões permanentes que impossibilitam uma

vida normal). A última parte refere-se às considerações finais, que sinaliza a necessidade de

uma maior fiscalização e o desafio para os órgãos competentes e para os condutores, que

precisam mudar seu comportamento.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O PERIGOSO HÁBITO DO CONDUTOR

O uso da telefonia móvel popularizou-se de forma muito veloz que se tornou comum

ver pessoas dirigindo e falando ao celular, sem noção dos riscos de acidentes a que estão

sujeitas. O hábito de falar ao celular reduz a atenção do condutor, que deixa de estar

concentrado nas vias de trânsito, aumentando as chances de acidentes. Segundo Morais (2011,

s/n) “falando ao celular, o condutor reage de forma mais lenta e com sérias limitações, ele dá

menos atenção ao retrovisor, à sinalização e ao próprio fluxo do trânsito”. Mesmo sabendo

disso, os condutores não temem os riscos tantas vezes mencionados por diversos especialistas

em segurança para o trânsito e continuam cada vez mais usando o celular enquanto dirigem,

pois os números de autuações vêm crescendo a cada ano, conforme levantamento da

Bernardes (2012) junto aos órgãos fiscalizadores de trânsito do Distrito Federal que publicou

uma tabela comparativa, a seguir:

Tabela 1 – comparativo do aumento de autuações.

Ano Autuações Variação (%)

2011 45.647 4,1

2010 43.848 49,9

2009 29.242 ---

Fonte: Correio Braziliense

Os dados acima mostram que o uso indiscriminado do celular enquanto dirige é uma

das infrações de trânsito que mais cresce no país e que, provavelmente, é responsável por um

grande número de acidentes.

Segundo o estudo da ABRAMET (2012, s/n) pegar o telefone no bolso ou em qualquer

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lugar é prejudicial no desvio da atenção do motorista no trânsito. Os fatores motores, já

representam um risco no uso do aparelho celular, acrescentam-se mais recentemente,

inclusive neste estudo, os fatores psicológicos e cognitivos dispensados neste uso, já

reconhecendo o desvio de atenção na utilização do aparelho viva- voz. Na tabela a seguir

algumas ações comuns do estudo dessa Associação:

Tabela 2 – comparativos de tipos de ações dos condutores.

Ação do motorista

Tempo gasto

(estimado)

Distância percorrida à 100

km/h

Acender um cigarro 3 segundos 80 metros

Beber um copo d´água 4 segundos 110 metros

Sintonizar o rádio 4 segundos 110 metros

Procurar objeto na

carteira

Mais de 3 segundos Mais de 80 metros

Consultar um mapa Mais de 4 segundos Mais de 110 metros

Discar número de

telefone

5 segundos 140 metros

Fonte: Volkswagen; extraída do sítio:

http://abetran.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=842&Itemid=143

Observando o gráfico, entre todas as ações, a discagem do número de telefone celular,

requer maior tempo, afetando na distração do condutor. O ritual começa desde a procura do

aparelho até depois da conversa. Dependendo do assunto tratado na mesma, o condutor pode

ter várias reações que irão refletir na segurança e responsabilidade da direção.

No Brasil não existe um levantamento de quantas pessoas morreram ou foram vítimas

de acidentes de trânsito, fatal ou com lesões, ou com apenas danos patrimoniais, por causa da

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distração provocada pelo uso do celular enquanto dirige. Na verdade esse levantamento seria

muito difícil de ser feito, porque o condutor envolvido em acidente, muitas das vezes, negaria

que estivesse fazendo uso do seu celular, caso ele sobrevivesse.

De acordo com Médici (2012, s/n) “não é possível uma análise desse tipo em acidentes

no Brasil pela ausência de um órgão público que realmente defina políticas e faça a gestão do

trânsito com a abrangência necessária para gerar informação e estabelecimento de políticas de

prevenção”. Então ele foi fazer uma pesquisa nos EUA e trouxe algumas informações

interessantes que servem para uma reflexão:

Segundo dados publicados pela NHTSA (National Highway Traffic Safety

Administration) em 2009, 5.474 pessoas foram mortas nas rodovias norte-

americanas, e, estima-se, que 448.000 sofreram algum tipo de lesão em acidentes

reportados com veículos, tendo como motivo a distração ao volante. Dessas mortes

relatadas por distração ao volante, 995 foram diretamente relacionadas ao celular, ou

seja, 18% das fatalidades. Daquele total de lesionados, 24.000 também estão

relacionadas ao uso do celular, ou seja, 5% do total. Infelizmente lá como cá, nessa

sinistra estatística, 16% das vítimas são os jovens com menos de 20 anos. A maioria

das vítimas está na faixa de 30 a 39 anos. Portanto, na fase mais produtiva da vida.

(MÉDICI, 2012, s/n)

Por achar uma atitude normal e sem riscos, alguns condutores continuam abusando ao

extremo, fazendo uso do seu aparelho por vários minutos sem se importarem com a sua

segurança e com as dos outros.

2.2 DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

A Lei nº 9.503, de 27 de setembro de 1997, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro

(CTB), e nessa época a telefonia celular ainda engatinhava no País. Hoje, vivemos num

mundo que a todo instante as tecnologias são renovadas e as pessoas se comunicam o tempo

todo, em qualquer lugar, incluindo no trânsito, e para isso usam cada vez mais o telefone

celular. No artigo 252, inciso VI do CTB, a infração está descrita como média, com

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penalidade de multa de R$85,13 e perda de quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação

(CNH), veja:

(...) Art. 252. Dirigir o veículo:

(...)VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem

sonora ou de telefone celular;

Infração - média;

Penalidade - multa.

O inciso menciona que também é infração, com a mesma punição, utilizar-se de fones

de ouvidos conectados a aparelhagem sonora, tipo mp3, mp4 ou ao próprio aparelho.

Contudo, essa infração é mais complicada de ser aplicada porque o agente da autoridade de

trânsito precisa cumprir a Resolução nº 371/2010 (Manual Brasileiro de Fiscalização de

Trânsito), que é um procedimento que o aplicador da lei deve seguir para que os

procedimentos fiquem padronizados, até o final de 2012, em todo o Brasil. Por esse manual a

abordagem é obrigatória para comprovar se os fones estão conectados a essa aparelhagem,

mas com uma observação a ser feita: se o condutor estiver usando somente um fone no ouvido

o agente não poderá autuá-lo, porque a norma diz que não pode autuar. Assim sendo, a

legislação não acompanhou as novas tecnologias disponíveis para uso de celulares nos

veículos, pois um simples aparelho já vem com dispositivos Bluetooth (que é uma

especificação industrial para áreas de redes pessoais sem fio, sendo uma maneira de conectar

e trocar informações entre dispositivos como telefones celulares, notebooks, computadores,

impressoras, câmeras digitais e consoles de videogames digitais através de uma frequência de

rádio de curto alcance globalmente não licenciada e segura). Vale ressaltar que essa Resolução

foi revisada em 2012 e nada mudou em relação ao tema à anterior.

Para coibir o uso desses aparelhos na direção de veículos automotores, existe proposta

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no Congresso que defende punição maior para quem usa celular ao volante. Ao elaborar o

Projeto de Lei nº 7.471/10, o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB/MT) modificou o texto

original do Código de Trânsito Brasileiro para aumentar a punição aos motoristas que

cometem infrações e, assim, coibir tal comportamento. A redação do artigo 252 passaria a ser

assim:

“Art. 252

VI – utilizando fone de ouvido;

Infração – média;

Penalidade – multa;

VII – utilizando aparelho móvel ou portátil de comunicação,

computação ou entretenimento, em qualquer uma de suas múltiplas

funções;

Infração – gravíssima;

Penalidade – multa.”

Diante dessa possível modificação, as novas tecnologias seriam alcançadas e os

motoristas ficariam sujeitos a penalidade por utilizarem iPad, e-books, notebook, playstation

portable, “hands-free e futuras inovações, com infração gravíssima, multa de R$191,54 e

perda de sete pontos na CNH. Já para o problema de autuação do motorista que utiliza fones

de ouvidos passaria a ter um amparo melhor, pois com essa nova redação, utilizando o termo

“fone de ouvido” no singular, garantiria uma maior aplicabilidade da lei pelos agentes de

trânsito, pois como a lei está redigida, quem utiliza apenas um fone é permitido.

A variedade e velocidade das mudanças advindas da tecnologia de

comunicação digital engendram novos comportamentos nem sempre

aceitáveis, que impõem ao legislador estabelecer regramento preventivo ou

corretivo, necessário para a manutenção de um ambiente de convivência

salutar. (BEZERRA, 2010, p. 2)

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Por outro lado, o Deputado MANATO – PDT/ES – apresentou o PL 1.952/2011, para

que se acrescente o parágrafo único, conforme segue:

Art. 252................................................................................................

......................................................................................................

Parágrafo único -É permitida a utilização de tecnologia “hands-free”

para fazer e receber chamadas de telefones celulares durante a

condução do veículo”.

Para justificar seu projeto, o deputado argumenta que o que pretende é diminuir os

riscos da utilização de celular no trânsito, que, segundo ele, é uma realidade inevitável e quer

regularizar o uso da tecnologia “hands-free” (os dispositivos “hands-free” ou “mãos livres”

permitem falar ao celular com mais segurança e dirigir ao mesmo tempo, sendo que o som é

transferido aos alto-falantes do veículo para que se possa falar com segurança e dirigir ao

mesmo tempo. Essa tecnologia funciona em qualquer telefone celular e em qualquer aparelho

de som automotivo). Na mesma justificativa, ele continua afirmando que não há mais como

impedir as pessoas de usarem o celular em qualquer circunstância da vida moderna, inclusive

no trânsito.

Apesar de o tema ser polêmico entre diversos especialistas Monato (2011) reconhece

os perigos do uso do celular, afirmando que:

Muitos estudos comprovam que a distração do motorista é motivo de

aproximadamente oitenta por cento dos acidentes de trânsito. E atualmente

uma das maiores causas de distração no trânsito é o uso do celular, seja para

receber e fazer chamadas, seja para mandar mensagens. (MONATO, 2011, p.

2).

Mesmo diante dos riscos informados por ele mesmo, o deputado insiste em persuadir

seus pares alegando que não se pode atribuir acidentes ao uso de celular com o recurso

“hands-free”, da mesma maneira que não se pode impedir que o motorista converse com

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algum passageiro, e continua:

É inevitável que se fale enquanto se dirige e não há estatísticas que provem que

algum acidente aconteceu por causa disso. Da mesma maneira, o celular com os

recursos modernos de efetuar e receber chamadas apenas com a voz já pode ser

incorporado à realidade. Esse é um fenômeno do qual não se pode fugir. Lógico que

as pessoas que utilizam esse recurso devem prestar redobrada atenção no trânsito,

tanto quanto os motoristas que conversam alguma coisa com um passageiro. Assim

como as conversas não podem ser prolongadas, nem se deve conversar quando se

faz alguma manobra mais delicada, igualmente o motorista saberá selecionar os

momentos em que poderá usar sem risco os recursos da telefonia sem mãos.

(MONATO, 2011, p. 3).

Contudo, o parlamentar não apresenta nessa justificativa nenhum estudo específico,

seja nacional ou internacional, para defender o uso dessa tecnologia.

Os Doutores (Drews; Siegel; Strayer, 2006, s/n) fizeram uma pesquisa comparativa

entre os motoristas que dirigem falando ao celular e os que dirigem após ingerir bebidas

alcoólicas. Nessa pesquisa, eles concluíram que os motoristas que falam ao celular,

segurando-o ou com mãos-livres, são tão incapacitados quanto motoristas bêbados. Nesse

estudo, eles pesquisaram 40 pessoas, 25 homens e 15 mulheres, com idades de 22-34 que

bebiam socialmente, sendo recrutados através de anúncios em jornais. Para fazer os testes eles

usaram um simulador de condução, que demonstra uma situação real ao volante. Dois terços

deles usaram um telefone celular enquanto estavam no simulador.

Após os testes com essas pessoas eles fizeram a seguinte observação:

1) Os motoristas que falavam em ambos os telefones celulares portáteis ou mãos-

livres, levaram um pouco mais de tempo para acionar os freios, mostraram uma

variação em seguir a distância com a sua atenção alternada entre condução e

conversação, eram 19 por cento mais lentos para retomar a velocidade normal, após

uma travagem, e tinham mais probabilidade de falhar. Nenhum estava bêbado. 2)

Motoristas bêbados no nível de 0,08 por cento de álcool no sangue levou um pouco

mais lentamente do que os dois pilotos sem distrações e motoristas que usam

telefones celulares. Eles seguiram o ritmo do carro mais de perto e tiveram duas

vezes mais chances para frear, apenas quatro segundos antes de uma colisão teria

ocorrido, e bateu os freios com força 23 por cento mais. Nem as taxas de acidente,

nem os tempos de reação de frenagem para veículos na frente do participante, nem a

recuperação da velocidade perdida após frenagem diferiram significativamente sem

distrações dos motoristas, escrevem os pesquisadores. (DREWS; SIEGEL;

STRAYER, 2006, s/n).

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Em outra pesquisa, agora do Laboratório de Pesquisas de Transporte do Reino Unido

(2009), ficou constatada que motoristas usando celular hands-free são mais perigosos do que

motoristas bêbados.

O estudo do National Safety Council (2009, s/n) revelou que motoristas que conduzem

o carro falando ao celular segurando-o com a mão ou utilizando a tecnologia hands-free,

visualizam 50% menos do ambiente externo e que ¼ de todos os acidentes envolve um

motorista que estava falando ao celular.

O professor Silva (2002, s/n) também pesquisou a questão do uso do celular no

trânsito, onde deu uma entrevista para o programa USP Debate, em 20 de setembro de 2002,

sendo que trechos dessa entrevista e sobre a pesquisa foram publicados no Jornal da USP, em

30 de setembro de 2002. Ele fez essa pesquisa com informações nacionais e internacionais.

Nesse programa foram perguntadas quais conclusões ele chegou, afirmando que o “uso do

telefone celular, qualquer que seja ele – o viva voz, o auricular ou o manual –, eleva a

probabilidade de o motorista se envolver em acidentes ou colisões fatais de quatro a nove

vezes”.

O tempo de reação para brecagem – a fim de evitar colisões – e os erros são

aumentados substancialmente quando o motorista faz uso do telefone celular. Ou

seja, há um aumento da carga cognitiva, da carga mental do motorista. Dirigir não é

única e exclusivamente um problema de habilidade ou destreza motora. Envolve a

tomada de informação, o processamento de informação e depois a ação no trânsito.

(SILVA, 2002, s/n)

Em alguns países a legislação proíbe o uso do celular, mas permite o uso de

tecnologias hands-free, como, por exemplo, no estado da Califórnia – USA. No Brasil, o

nosso CTB não faz menção ao uso de novas tecnologias, autorizando, inclusive, o uso de fone

em apenas um ouvido. Com essa possível alteração na Lei 9.503/97, proposta pelo

parlamentar Carlos Bezerra, acredita-se que pode haver uma redução no número de infrações

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de trânsito relacionada ao uso de celular ao volante e a quantidade de acidentes envolvendo a

falta de atenção, também relacionada ao uso desse aparelho. Essa alteração talvez seja a que

os pesquisadores e psicólogos queiram para um trânsito seguro.

Em relação à proposta de alteração do Deputado Manato, ela vai contra os estudos

realizados por vários pesquisadores e psicólogos que acreditam que permitir o uso do celular

amparado por novas tecnologias, incluindo a hands-free, seria um retrocesso para um trânsito

seguro. Para avaliar a afirmação do Deputado, quando ele afirma que o condutor falando ao

celular por meio da tecnologia hands-free deveria ter a mesma atenção quanto o condutor que

estivesse conversando com um passageiro ao lado, o professor Silva (2002, s/n) diz que

“normalmente as pessoas pensam que falar ao celular enquanto dirigem é a mesma coisa que

conversar com o passageiro ao lado. Mas são comportamentos totalmente diferentes, que

envolvem demandas cognitivas ou mentais diferentes”. Continua ele:

Quando o motorista dirige com um passageiro ao lado, este calibra, ritmiza sua

conversação em função do trânsito, do ambiente, do veículo ou mesmo do condutor,

que ele vê que são idênticos aos que o motorista está vendo. Há um feedback

contínuo. Já quando o motorista recebe uma ligação através do celular, a pessoa que

está fazendo a ligação não sabe o contexto em que esse motorista se encontra, se está

numa via tranqüila ou muito movimentada. Portanto, são comportamentos

diferentes. Como também o comportamento de dirigir usando celular é diferente de

dirigir ouvindo música ou vendo painéis publicitários. As análises experimentais e

epidemiológicas têm revelado claramente: esses comportamentos são totalmente

diferentes, envolvendo tempos de reação e erros cometidos nesse contexto

completamente diferentes. Qualquer forma de uso de telefone celular envolve uma

demanda cognitiva substancialmente diferente de conversar com o passageiro, de

ouvir música ou de prestar atenção a painéis. (SILVA, 2002, s/n).

Segundo a Abetran (2012) os condutores que fazem uso da opção viva-voz do seu

celular estão sujeitos aos mesmos riscos do que aqueles que seguram o aparelho.

A questão perpassa pela limitação sobre o que você pode fazer com seu cérebro, ou

seja, alterações de atenção, controle das emoções, raciocínio, entre outras reações

que são percebidas quando falamos ao telefone. Esta visão contraria a suposição de

que o viva-voz não interferiria na direção por não necessitar de esforço motor. A

conversação no telefone é bem diferente que a realizada com o passageiro, pois este

funciona até mesmo como um auxílio para percepção de algumas situações na via.

(ABETRAN, 2012, s/n).

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Portanto, não há nenhum respaldo e não seria conveniente do ponto de vista da

segurança no trânsito a liberação dessas novas tecnologias.

2.2.1 Legislação em outros países

Alguns países têm restringido o uso do aparelho celular no trânsito visando uma

direção com segurança, uns sendo mais rigoroso do que os outros, mas sempre com intuito de

banir o uso do celular no volante. De acordo com a Abetran (2012, s/n), “Austrália, Espanha,

Portugal, Itália, Chile, Suíça, Israel, Grã-Bretanha, Dinamarca, Polônia, Hong Kong e o

Brasil, têm elaborado normas ou leis proibindo o uso de celulares no trânsito”.

Nos EUA, a polícia acredita que 30% das batidas são causadas por distrações dos

motoristas que incluem dispositivos de comunicação móveis. Na Inglaterra, o

governo está quase aprovando uma lei para banir a utilização do celular no trânsito,

sem fone ou viva-voz. A Suíça e a Argentina, que ainda permitem o uso do aparelho

de viva-voz, já estão pensando em proibi-lo. No caso do primeiro, é conseqüência da

lei britânica que também está sendo debatida em outros países da Europa, no caso do

segundo, a questão é que a legislação não menciona o aparelho viva-voz, por se

tratar de tecnologia mais recente. (ABETRAN, 2012, s/n)

A multa para quem é pego falando ao celular enquanto dirige tem valor alto para uns

países e para outros ainda se torna insignificante, vejamos:

Tabela 3 – valor da infração em alguns países/cidades

Multas por usar aparelho celular - Em

dólar

Nova York US$ 100

Cingapura US$ 600

Israel US$ 150

Espanha US$ 100

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Japão US$ 90

Suíça US$ 70

Brasil US$ 35

França US$ 22

(Fonte: Abetran)

2.3 A PSICOLOGIA APLICADA NO COMPORTAMENTO DO CONDUTOR

Mesmo diante de várias pesquisas a respeito do uso do celular ao volante, o motorista

ignora os perigos analisados achando que é totalmente capaz de realizar as duas coisas ao

mesmo tempo, seja pela sua experiência no trânsito ou pela sua capacidade de direção

defensiva.

A respeito dessa análise e do comportamento humano no trânsito, Bernardes (2011,

s/n) diz que “a mudança de comportamento por meio da educação do condutor é necessária,

mas se faz, principalmente, por meio da fiscalização”. Segundo ela, quem tem o hábito de

falar ao celular enquanto dirige vai sempre dizer que o faz com segurança, além de se achar

perfeitamente capaz. “Para essas pessoas, os outros é que são perigosos, elas, não. Têm uma

ilusão de controle das próprias ações e terceirizam a culpa do erro, da imprudência e da

negligência. Elas nunca são as responsáveis”. (BERNARDES, 2011, s/n)

A fiscalização por meio de um Agente de Trânsito é muito eficaz, pois ele é capaz de

mudar comportamentos pelo simples fato de estar ali, parado, observando o trânsito de

veículos e pedestres. O patrulhamento nas vias também é de suma importância para evitar o

cometimento de várias infrações que, possivelmente, aconteceriam, caso a viatura não

estivesse passando pelo local naquele momento. A distração de quem dirige falando ao celular

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é tanta que, às vezes, o infrator não percebe a presença do Agente e nem da viatura de

fiscalização, e, quando menos espera chega à notificação da penalidade no seu endereço. A

respeito disso, Centurion (2011, s/n) diz que:

Com o celular no ouvido, o motorista reage de forma mais lenta. Dificilmente olha

para o retrovisor, assume uma trajetória errática na via, reduz ou ultrapassa a

velocidade compatível com o tráfego. Avança o sinal, tem dificuldade para trocar

marchas e simplesmente não vê as placas de sinalização no trânsito. Cada uma

dessas situações já poderia desencadear um acidente. Agora imagine o potencial de

estrago da combinação delas.

Para Lucca (2011, s/n) “ao atender ao celular enquanto dirige, o motorista está usando

a audição e não a atenção dirigida para guiar o carro”, e continua:

Dizer que é fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo não é verdade: o cérebro

precisa fazer contas, calcular ações e desviar a atenção do controle visual e motor

para o auditivo. As reações ficam mais lentas e isso propicia a ocorrência de

acidentes. A audição é decodificada em uma área no cérebro e a visão, em outra. Ou

seja, ele faz duas coisas quando deveria fazer uma só. O celular tocando desvia a

atenção de quem está guiando e dá início ao procedimento de risco: a primeira ação

do motorista quando o aparelho toca é procurá-lo. Para atender, será necessário o

uso de uma das mãos. Se for colocado no ouvido, haverá restrição do campo visual.

Se telefone e direção já formam uma combinação de risco, digitar uma mensagem ao

celular potencializa o perigo. “Quem tenta fazer isso tem que tirar as mãos do

volante, se concentrar em um teclado minúsculo e ainda pensar na elaboração dos

textos.

Para o professor Silva (2012, s/n) “há um aumento da carga cognitiva, da carga mental

do motorista. Dirigir não é única e exclusivamente um problema de habilidade ou destreza

motora. Envolve a tomada de informação, o processamento de informação e depois a ação no

trânsito”.

2.4 MUDANÇA DE ATITUDE

Para uma mudança de atitude dos condutores, os órgãos responsáveis pelo trânsito

precisam investir em educação e uma fiscalização eficiente, constante e preventiva, aplicando

com mais rigor as leis existentes. Para Centurion (2011, s/n), “a atitude pode mudar quando as

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pessoas reconhecerem que o que está em jogo são a vida delas e as de outras pessoas”. Ele vê

a fiscalização como uma forma de modificar um mau hábito social, mas no âmbito individual

impõe-se uma mudança cultural para que a ansiedade em se comunicar não se sobreponha à

própria sobrevivência e à segurança de terceiros.

Quando se fala em mudança de atitude requer que a sociedade desperte uma análise

crítica sobre a importância da responsabilidade que todos têm para a prevenção de acidentes e

a preservação da vida no trânsito, pois, além dos prejuízos ao corpo e à vida das vítimas, ela

deve se conscientizar acerca dos danos psicológicos que os acidentes podem causar às

famílias, deixando sequelas irreparáveis pelo resto da vida. Essa mudança deve ser no

cotidiano, começando dentro de casa, ensinando e explicando aos jovens para que todos

sigam às leis e às Normas Gerais de Circulação e Conduta do CTB (Capítulo III).

Às vezes, pequenos gestos ou ações podem prevenir ou até mesmo salvar vidas, veja:

o art. 28 do CTB diz que o condutor deverá, a todo o momento, ter domínio de seu veículo,

dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito, mas, no entanto,

alguns fazem o contrário quando estão falando ao celular ou dirigindo acima da velocidade da

via; art. 30, inciso I do CTB, todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o

propósito de ultrapassá-lo, deverá, se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se

para a faixa da direita sem acelerar a marcha, mas, entretanto, muitos ficam e não saem dessa

faixa, às vezes até diminui a velocidade como forma de dizer que não sairá e ponto, fazendo

com que o outro fique irritado; sabe-se que dirigir sob a influência de álcool ou substância

tóxica ou entorpecente de efeito análogo é crime de trânsito e uma infração gravíssima

multiplicada pelo fator cinco, conforme art. 302, V e art. 165 do CTB, respectivamente, com

suspensão do direito de dirigir. Sabe-se, também, dos riscos que podem causar, mas alguns

continuam bebendo ou usando drogas e dirigindo, depois ficam indignados quando um ente

querido seu foi vítima de acidente de trânsito de um condutor embriagado.

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A fiscalização eletrônica, por meio dos pardais e barreiras, é importante, mas a

presença do agente de trânsito ou do policial rodoviário é fundamental para inibir o condutor

a não infringir o CTB e tem efeitos educativos, punitivo e, acima de tudo, preventivo. Por

isso, a fiscalização ostensiva, na via urbana ou rural, é muito importante para que a sociedade

sinta o Estado presente na forma humana e não somente na forma de máquinas.

Investir mais em campanhas educativas, principalmente naquelas que causem

impactos, também é essencial. O CTB, art. 320, determina que a receita arrecadada com a

cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, dentre outras, em educação de

trânsito, sendo esta composta por: publicidade institucional, campanhas educativas, eventos,

atividades escolares, elaboração de material didático-pedagógico, formação e reciclagem dos

agentes de trânsito e formação de agentes multiplicadores, todas explicitadas pela Resolução

191/2006, no entanto, os Órgãos de trânsito estão aplicando uma quantidade mínima dessa

receita.

O Estado tem que assumir sua função, garantindo um trânsito seguro e educando o

cidadão desde sua infância, para que o número de vítimas do trânsito diminua. Apesar da

Campanha de 2011, em âmbito nacional, pela redução da violência no trânsito, que tem o

slogan “PARE, PENSE, MUDE”, uma iniciativa do Ministério das Cidades, por meio do

Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que faz parte do movimento PARADA –

Pacto Nacional pela Redução de Acidentes no Trânsito e está totalmente enquadrada na meta

firmada com a Organização Mundial da Saúde, ser uma forma de reflexão para toda

sociedade, o governo tem que intensificar essa educação por meio de vídeos, palestras e

anúncios publicitários, mostrando diversos acidentes trágicos, pois a sociedade tem que

visualizar a situação para que esse slogan realmente surta o efeito da mudança de atitude que

todos querem, e, assim, compartilhar com o outro slogan do Denatran: “o trânsito só muda

quando a gente muda”.

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2.5 DOS DANOS MATERIAIS E FINANCEIROS

O uso do celular ao volante é perigoso e pode trazer muitos prejuízos para as pessoas

envolvidas em acidentes e para o Estado. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Ipea/MPOG), e o Departamento Nacional

de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades, fizeram um estudo em dezembro de 2006

a respeito dos impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias

brasileiras. Esse estudo fez um levantamento dos vários tipos de prejuízos relacionados às

pessoas, aos veículos, ao Estado, a via e ao ambiente e outros, conforme tabela abaixo.

Tabela 4 – definição dos vários custos.

Custos associados às pessoas

Custo do atendimento pré-hospitalar: atendimento da vítima por unidades dotadas de

equipamentos especiais, com veículos e profissionais especializados (ambulâncias,

bombeiros, médicos, etc.).

Custo do atendimento hospitalar: soma dos custos do atendimento médico hospitalar do

paciente não internado e do paciente internado na Unidade de Terapia Intensiva e/ou

Enfermaria.

Custo pós-hospitalar: a soma dos custos com reabilitação, para os casos de seqüela

temporária ou definitiva, com procedimentos, medicamentos, transporte, equipamentos e

outros.

Custo da perda de produção: é o custo correspondente às perdas econômicas das vítimas de

acidente que, em decorrência da interrupção das suas atividades produtivas, deixam de gerar

renda e produção ao sistema econômico.

Custo de remoção/translado: custo de remoção da vítima fatal ao Instituto Médico Legal

(IML); e custo de translado — terrestre ou aéreo — da vítima fatal do IML/hospital ao local

do funeral.

Gasto previdenciário: é a soma dos custos incorridos: i) à empresa, relativos ao valor da

previdência, pago por ela, em um período de até 15 dias de afastamento do trabalho em

decorrência de um acidente de trânsito; ii) sobre a previdência social, em virtude do

afastamento, temporário ou definitivo, do trabalhador em decorrência de um acidente de

trânsito; e iii) sobre as seguradoras — seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por

Veículos Automotores de Via Terrestre).

Custos associados aos veículos

Custo dos danos materiais aos veículos: custo de recuperação dos veículos danificados em

acidentes de trânsito.

Custo de perda de carga: o custo de avaria da carga que estava no veículo envolvido em

acidente.

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Custo de remoção/pátio: custo de remoção do veículo e diárias de pátio de armazenamento.

Custo de reposição: despesa incorrida pela substituição do veículo, no período em que ele

ficou sem condições de uso.

Custos institucionais

Custo de processos judiciais: custo do funcionamento da estrutura judicial em função do

atendimento às questões referentes aos acidentes de trânsito.

Custo do atendimento policial: soma dos custos do tempo dos policiais rodoviários, da

utilização de veículos para atendimento no local do acidente e do deslocamento para hospital

ou delegacia.

Custos associados à via e ao ambiente do local de acidente

Custo dos danos à propriedade pública: custo de reposição/recuperação de mobiliário ou

equipamentos danificados ou destruídos em função de acidentes nas rodovias.

Custo dos danos à propriedade privada: custo de recuperação de propriedades particulares

danificadas em função de acidentes de trânsito.

Outros Custos “Não-Valorados”

Custos decorrentes das perdas de vida ou de lesões permanentes que impossibilitam uma vida

normal, que incidem tanto sobre os envolvidos nos acidentes quanto sobre as pessoas de suas

relações; danos invisíveis ao meio ambiente, envolvendo veículos que transportam produtos

químicos. Esses custos são impossíveis de mensurar; mas, quando existem, na maioria das

vezes, superam os demais.

(Fonte: Denatran, 2006)

Visando o retorno dos gastos aos seus segurados, o Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) irá cobrar dos motoristas infratores os valores decorrentes com o pagamento de

benefícios para as vítimas de acidentes. Segundo Silva (2011, s/n) “a Advocacia Geral da

União (AGU) pedirá na justiça o ressarcimento dos valores gastos com pensão, auxílio-

doença e aposentadoria por invalidez”.

Para entrar com os primeiros processos cobrando os valores da pensão paga à

família da vítima, a AGU está escolhendo casos graves, em que o motorista que

causou o acidente foi condenado por homicídio doloso, quando assume o risco de

matar. (SILVA, 2011, s/n)

Essa cobrança gera muitas discordâncias, pois uns são contra, outros acham correta a

atitude do Instituto. O certo é que a medida visa diminuir a vitimização em acidentes de

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trânsito e é mais uma amostra que o Estado quer responsabilizar o condutor que causou o

acidente.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evitar o uso do telefone celular no trânsito é um desafio para os órgãos competentes e

para os condutores, que precisam mudar seu comportamento. Para isso, é preciso investir em

fiscalização, em campanhas educativas e na punição mais rigorosa aos infratores.

A legislação brasileira ainda deixa a desejar, mesmo assim o nosso Código de Trânsito

está entre os melhores do mundo com suas constantes atualizações por meio de resoluções e

portarias, criando deveres e obrigações para usuários e Órgãos componentes do Sistema

Nacional de Trânsito. No entanto, todas essas normas, algumas severas e outras que deveriam

ser agravadas, não são exigidas no seu pleno rigor por parte de quem deveria fiscalizar e por

parte do Estado que não oferece meios e nem recursos humanos para acabar com a

impunidade que assombra o Brasil diante das condutas dos maus condutores.

É certo que educar é a melhor solução e os motoristas precisam continuamente ser

instruídos e educados para os fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de

acidentes de trânsito. Campanhas educativas que provoque impacto demonstrando acidentes

causados pelo uso dos telefones celulares deveriam ser mais utilizadas para que os condutores

as analisem e assim mudem sua atitude.

Contudo, o cidadão, às vezes, tem que sentir no bolso para que não volte a praticar ou

diminua no seu ato infracional. Pois aqueles que não se conscientizam e não atinjam o anseio

de todos por um trânsito seguro, respeitando e cuidando de sua segurança e dos outros, têm

que ser mais fiscalizados e, caso necessário, punidos rigorosamente por parte dos Órgãos

competentes.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Acesso em 10/06/2012.

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volante 2011. Disponível em:

<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/12/07/interna_cidadesdf,281

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BERNARDES, Adriana. No DF, um flagrante a cada 12 minutos (2012). Disponível em:

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setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, para dispor sobre a

infração de dirigir utilizando aparelho de comunicação móvel ou correlato. Disponível

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BRASIL. Resolução nº 191 de 16 de Fevereiro de 2006. Dispõe sobre aplicação da receita

arrecadada com a cobrança das multas de trânsito, conforme art.320 do Código de

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