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FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 32 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS ANO XXVI – N.º 8.337 – DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ ESTÁ DOENDO NO Valor total da cesta básica em Manaus é de R$ 308,19 Fim da revista vexatória MULHERES Dia a dia C1 Na trilha do Vale do Silício JARAQUI Economia B2 OCTÓGONO NA SELVA A terceira edição do “Rei da Selva” vai reunir, em Manaus, em julho, os principais nomes do MMA. O evento tem parceria do grupo Raman Neves de Comunicação. Pódio E4 e E5 HOJE É DOMINGO ELENCO A soprano Leticia de Altamirano (foto) é a protagonista de “Lucia di Lammermoor”, que estreia hoje no Festival de Ópera. Plateia D3 Penarol em busca de milagre Pódio E2 BOLSO Ao realizar as compras do mês, o consumidor manauense deve ficar atento e pesquisar os preços em pontos diferentes antes de decidir fazer o supermercado. O EM TEMPO visitou três diferentes tipos de comércio para conferir de perto os valores dos produtos, que não podem faltar na mesa das pessoas. Economia B4 e B5 O domingo dos 4 papas A cerimônia de canonização dos papas João Paulo 2º e João 23 será especial por reunir em um único evento a “pre- sença” de quatro papas – os dois que serão canonizados, o papa Francisco e o papa emérito Bento 16, que estará presente. Mundo B8 Pla teia De olho no carrinho O consumidor deve ficar atento e pes- quisar os preços em pontos diferentes, antes de decidir “fa- zer o rancho” Dia de ‘Lúcia’ na ópera O restaurante SaladeDélice oferece pratos exóticos, aliados a um paladar saboroso, original e saudável. Páginas 4 e 5 Bom para o corpo e para a mente RICARDO OLIVEIRA Luciano Moreira e Thiago Lopes: estrelas da 3ª edição do “Rei da Selva Combat” WENDERSON COSTA /DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO RICARDO OIVEIRA DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO Exposições e publica- ções celebram o cente- nário de Lina Bo Bardi, 22 anos após sua morte. Seu legado e sua história começam a ser reescri- tos. Páginas 4 e 5 PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00

EM TEMPO - 27 de abril de 2014

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Page 1: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 32 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

ANO XXVI – N.º 8.337 – DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

ESTÁ DOENDO NO

Valor total dacesta básica em Manaus

é de R$ 308,19

Fim da revistavexatória

MULHERES

Dia a dia C1

Na trilha do Vale doSilício

JARAQUI

Economia B2

OCTÓGONO NA SELVA

A terceira edição do “Rei da Selva” vai reunir, em Manaus, em julho, os principais nomes do MMA. O evento tem parceria do grupo Raman Neves de Comunicação. Pódio E4 e E5

H O J E É D O M I N G O

ELENCO

A soprano Leticia de Altamirano (foto) é a protagonista de “Lucia di Lammermoor”, que estreia hoje no Festival de Ópera. Plateia D3

Penarol em busca de milagre

Pódio E2

BOLSOAo realizar as compras do mês, o consumidor manauense deve fi car

atento e pesquisar os preços em pontos diferentes antes de decidir fazer o supermercado. O EM TEMPO visitou três diferentes tipos de comércio para conferir de perto os valores dos produtos, que não podem faltar na mesa das pessoas. Economia B4 e B5

O domingo dos 4 papas

A cerimônia de canonização dos papas João Paulo 2º e João 23 será especial por reunir em um único evento a “pre-sença” de quatro papas – os dois que serão canonizados, o papa Francisco e o papa emérito Bento 16, que estará presente. Mundo B8

Plateia

De olho no carrinho O consumidor deve fi car atento e pes-

quisar os preços em pontos diferentes,

antes de decidir “fa-zer o rancho”

Dia de ‘Lúcia’ na ópera

O restaurante SaladeDélice oferece pratos exóticos, aliados a um paladar saboroso, original e saudável. Páginas 4 e 5

Bom para o corpoe para a mente

RICA

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Luciano Moreira e Thiago Lopes: estrelas da 3ª edição do “Rei da Selva Combat”

Comunicação. Pódio E4 e E5

H O J E É D O M I N G O

A soprano Leticia de Altamirano (foto) é a protagonista de “Lucia di Lammermoor”, que estreia hoje no

Plateia D3

Penarol em busca de milagre

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Exposições e publica-ções celebram o cente-nário de Lina Bo Bardi, 22 anos após sua morte. Seu legado e sua história começam a ser reescri-tos. Páginas 4 e 5

PREÇO DESTA EDIÇÃO

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2,00

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Page 2: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

ZFM e sustentabilidade debatidos em seminárioMarina Silva falou sobre economia e meio ambiente e Eduardo Campos defendeu a preservação da Zona Franca de Manaus

A garantia do desenvol-vimento econômico sem prejudicar o meio ambiente e a manuten-

ção da Zona Franca de Manaus (ZFM) foram defendidos pela ex-senadora Marina Silva e pelo pré-candidato à Presidência da República, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), durante o 4º Seminário Regional Programático do PSB- Rede, realizado ontem. Cerca de 500 filiados – dos partidos Socialista Brasileiro (PSB) e Po-pular Socialista (PPS) junto com a Fundação João Mangabeira de toda a Região Norte – acompa-nharam a reunião no auditório Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Ale-am), Zona Centro-Sul.

Para a ex-senadora, Marina Silva, a reforma e extensão da BR-319, que liga os Estados de Rondônia e Amazonas, só po-dem ser feitas após estudo dos impactos ambientais e sociais que a reativação da estrada levará ao local. “Sou contra a reforma da BR-319 da forma como está sendo feita. É impos-sível dizer que 400 quilômetros de estrada não geram consequ-ências para as pessoas e para o meio ambiente”, disse. Em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff, reafirmou, em visita ao Amazonas, que uma das prioridades do governo seria tornar a rodovia transitável.

Já o pré-candidato à pre-sidência, Eduardo Campos, atentou para a importância

de preservar a ZFM, que ele considera responsável por impulsionar o desenvolvimen-to econômico não apenas da Amazônia, mas do país inteiro. “É um absurdo que uma potên-cia como a Zona Franca tenha recursos retidos por puro inte-resse alheio. É preciso reavaliar as prioridades”, disse.

Grupos filiados de todos os Estados que compõem a Região Norte participaram do evento e debateram pontos que conside-ram prioritários para que façam parte das diretrizes do progra-

ma de governo PSB/REDE.O encontro foi aberto pelo

vice-prefeito, Hissa Abrahão (PPS), que ao afirmar o apoio para Marina e Eduardo apontou a necessidade de fomentar a sustentabilidade dos povos da Amazônia. Já o deputado esta-dual Marcelo Ramos apresen-tou estatísticas levantadas pelo IBGE, em 2010, que reconhece o Amazonas como o Estado com o maior número de assassinatos em todo o país: 30 homicídios para cada 100 mil habitantes, segundo estatística. Ex-senadora Marina Silva e o pré-candidato à Presidência Eduardo Campos durante o Seminário Regional Programático do PSB-Rede

IONE MORENO

Rapaz é encontrado morto com um tiro na cabeça

Cleison de Jesus dos Santos Medeiros, 23, foi encontra-do morto no início de ontem, dentro do Igarapé 7, próximo à rua Fábio Lucena, no bairro Tancredo Neves, Zona Leste. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o corpo foi locali-zado por moradores da área, que passaram pelo rip rap do local, por volta de 8h.

Ainda conforme a assesso-ria da PC, o rapaz apresen-tava uma marca de tiro na cabeça, além de outros feri-mentos. Ele teria sido morto, durante a madrugada, dentro de uma casa em construção

e posteriormente arrastado para o igarapé.

Relatos dão conta de que a vítima era usuário de drogas e, pelas características do crime, a polícia trabalha com a hipó-tese de acerto de contas com o tráfico. Cleison Medeiros já tinha um mandado de prisão em aberto contra ele.

O corpo foi removido pelo do Instituto Médico Legal (IML) e o caso registrado no 14º Distrito Integrado de Polícia (DIP), porém as investigações ficarão a cargo da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

ZONA LESTE

Busca intensa por vacinação

Cerca de 200 mil pessoas buscaram os postos de va-cinação ontem, no dia na-cional da mobilização contra a gripe. Em Manaus, foram colocados à disposição 944 postos para receber a popu-lação no “Dia D” da Campa-nha Nacional de Vacinação contra a Influenza. A expec-tativa dos representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) é que sejam vacinadas 391.345 mil pes-soas até o final da campanha, no dia 9 de maio.

Na manhã de ontem, a mo-vimentação foi intensa em busca da vacina, principal-mente nas Unidades Básicas de Saúdes (UBS).

De acordo com o secretário de Saúde, Homero de Miran-da Leão, a campanha é dire-cionada à parte da população que mais procura internação, quando acometida de gripe. “Segundo estudos nossos, a vacinação diminui signi-ficativamente a internação hospitalar na faixa etária que se destina”, afirmou.

O secretário também explicou que quem esti-ver gripado pode tomar a vacina, sem problemas. “É importante que população venha se vacinar, que con-fie. Não há contraindica-ção”, finalizou.

GRIPE INFLUENZA

Na UBS Amazonas Pa-lhano, no bairro São Jose 1, Zona Leste, a aposentada Onorena Silva da Costa, 71, e a neta dela, Taciane Silva, 5, buscaram a imunização da doença.

“Todo ano eu venho aqui me vacinar e trago a minha neta. É importante sempre cuidar da saúde. Além da vacina, também faço cami-nhada, e sigo a dieta que o médico passou com muita fruta e verdura, para não descontrolar o colesterol”,

explicou Onorena.O trabalhador da cons-

trução civil José de Souza Bahia, 67, disse que após começar a tomar a vacina tem adoecido com menos frequência. “Como trabalho na construção civil, debaixo do sol quente, ficava gri-pado duas ou três vezes ao mês. Agora se ficar, é apenas uma vez ao ano. Por isso, nunca perco o período de vacinação”, afirmou.

A dose da vacina é gra-tuita para crianças de seis

meses a menores de cinco anos (4 anos, 11 meses e 29 dias), para idosos a par-tir de 60 anos, para traba-lhadores da área de saúde, povos indígenas (aldea-dos), mulheres gestantes, as puérperas (até 45 dias após o parto), a popula-ção privada de liberdade, os funcionários do siste-ma prisional, os grupos portadores de doenças crônicas não transmissí-veis e outras condições clínicas especiais.

Dose para imunizar é gratuita Suspeitos de assassinato perdem guarda de filha

A Justiça do Rio Grande do Sul decidiu suspender a guarda de uma filha do casal Leandro Boldrini e Graciele Ugolini, que está preso sob suspeita de envolvimento na morte do menino Bernardo Boldrini, 11, no interior do Estado. Leandro, pai de Ber-nardo, e Graciele, madrasta do garoto, têm uma filha de um ano e meio, que está com familiares desde a prisão dos dois, na semana passada.

Segundo decisão, a situação da família está sob análise e a guarda provisória será

definida posteriormente. Na prática, se um dos suspei-tos conseguir a liberação da cadeia, não poderá voltar a ficar com a filha. A medida, divulgada anteontem, atende a um pedido do Ministério Público do Estado. A Promo-toria considerou que o casal é suspeito de envolvimento na morte do garoto e, com isso, não seria “seguro” para a criança permanecer com eles. Também pediu que a guarda da criança seja regularizada.

Formalmente, a Justiça não sabe onde a menina está.

PORTO ALEGRE

CONTRÁRIAMarina Silva disse ser contra a reforma e ex-tensão da BR-319, que liga Rondônia e Ama-zonas. Para ela, essas obras só podem ser feitas após estudo dos impactos ambientais e sociais no local

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

O secretário Homero de Miranda Leão ao lado da aposentada Onorena e da neta dela, Taciane

IONE MORENO

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

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Page 3: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 A3Opinião

Um Judiciário que se permite conviver sem traumas com a prescrição de crimes, principalmente cri-mes do colarinho branco, pode ser considerada sob suspeita. É duro, mas é verdade. Não é admissível, em nenhuma hipótese, recorrer ao velho jargão de que o país (uma república federativa, ainda mais) é “jovem” e tem pouca intimidade com a democracia.

Para não ir muito longe na história dessa “geração perdida”, nesta semana, o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal 465, que discutia a autoria e materialidade relativas aos supostos crimes de falsidade ideológica, peculato e corrupção passiva, que teriam sido cometidos por ele quando era presidente, em 1992. O processo passou 23 (vinte e três) anos tramitando em diferentes instâncias da Justiça. O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, criticou a morosidade do Judiciário. “Eu acho que isso é um retrato de como funciona a Justiça criminal brasileira”, disse o ministro. Ou de como não funciona.

Devido à demora entre os crimes, a apresentação da denúncia e o julgamento, dois, dos três crimes contra Collor (PTB-AL), prescreveram. Ou seja, mesmo se fosse culpado, ele não cumpriria pena pelos delitos. Somente no STF o processo de Collor tramitou por 7 anos, 4 deles no gabinete da relatora, ministra Cármen Lúcia, sem que nenhum andamento processual fosse registrado. A absolvição de Collor aconteceu na quinta-feira, 24. Antes, na terça, 22, Collor fora eleito presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado.

Quanto à quantidade absurda de prescrições (que não acontece com os réus ou suspeitos que não integram a “elite”) tudo que se faz no país é criticar a morosidade do Judiciário, como fez Barbosa. Assim, a Presidência acaba devolvida a Collor, com pedido de desculpas.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a Revolução dos Cravos, de Portugal, que em 25 de abril de 1975 derrubou a di-tadura de Antônio Salazar, provando para a história que revoluções também são feitas com fl ores. Em 1974, o povo distribuiu cravos vermelhos aos soldados, que os colocaram nos canos de seus fuzis, transformando a fl or no símbolo da liberdade.

Revolução dos Cravos

APLAUSOS VAIAS

Palanque próprio

A aposta do PSB amazo-nense para as eleições des-te ano é criar um palanque próprio, para disputar com o governador José Melo de Oliveira (Pros), que concorre à reeleição, e contra Eduar-do Braga (PMDB), líder do governo no Senado.

Becca e Hissa

Há ainda as pré-candida-turas da deputada Rebecca Garcia (PP) e o vice-prefeito de Manaus, Hissa Abrahão Filho (PPS).

Mas Becca deve empres-tar o palanque para o tucano Aécio Neves.

Cabo de guerra

Já Hissa terá que disputar com Marcelo Ramos (PSB) o direito de fazer palan-que para Eduardo Campos e Marina.

Com ele que vou

Pelo que se observou em Manaus, Ramos tem a sim-patia de Marina.

Já Eduardo campos pare-ce balançar para o lado do Hissa, ex-vice de Arthur.

Presença de Marina

O partido entraria na dis-puta isolado, mas confiante que a popularidade de Mari-na no Estado possa alavan-car votos para os palanques federal e estadual.

Bye, bye tambaqui

Aconteceu o que a CON-TEXTO tinha previsto há alguns anos.

O Amazonas, que já foi o Estado rei do peixe, perdeu a hegemonia do tambaqui.

Novo rei

Rondônia assume o ranking como o maior pro-dutor de peixes em águas não salgadas, cultivando 10.805 hectares de lâmina de água doce, para uma pro-dução estimada em 64.833 toneladas de pescados por ano.

Piracema

De acordo com a Secreta-ria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri), na safra 2012/2013, Rondônia teve uma produção aproximada de 48 mil toneladas de tam-baqui.

70 mil toneladas

Para 2014, a estimativa é de 70 mil toneladas. Nos próximos anos, o governo estadual quer elevar esse número para 90 a 100 mil toneladas.

Via perigosa

O sindicato dos Rodoviá-rios está conduzindo a luta da categoria por um camimnho perigoso: o da violência.

Agressão

Um dos membros do Sindi-cato dos Rodoviários identifi -cado como Josenildo Oliveira, o Mossoró, é suspeito de ter agredido o fi scal de linha da empresa Vega Transportes, Ricardo Soares, na noite do último dia 17.

Não entendi

Pesquisa divulgada pela Conversion, consultoria es-pecializada em SEO, mostra que há uma grande divisão na opinião dos internautas quan-to ao Marco Civil da Internet, sancionado esta semana.

36% a favor

Embora a maioria se mostre a favor (36%), pes-soas que se dizem contra ou que não entenderam a nova lei representam 32% cada uma, somando 64% dos entrevistados.

Grande massa

Um dado relevante é que essas pessoas, com idades entre 19 e 25 anos, que di-zem não entender as mudan-ças, representam a grande massa de usuários ativos da internet no Brasil.

Isto pode muito bem jus-tificar um debate excessiva-mente jurídico do assunto.

Para algumas padarias de Manaus que estão encolhendo o tamanho do pãozinho francês, mas não encolhem o preço. Qualquer fiscalização mais apurada pode comprovar a fraude.

Encolheram o pão

Na caminhada rumo ao Planalto, passada por seis Estados, esta é a primeira vez que Eduardo Campos (PSB) teve a ex-senadora Marina Silva (PSB) ao seu lado.

A presença de Marina em Manaus não foi à toa. No Estado, ela obteve 25% dos votos e 36% na capital nas eleições presidenciais de 2010.

A presença de Marina

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP IONE MORENO

[email protected]

Adeus, caras-pintadas

A realidade, dentre todas as suas inúmeras características, traz como elemento mais forte e es-sencial a sua independência frente às nossas expectativas afetivas e perceptivas. Ou seja, por mais que a deseje de um determinado modo, ela permanecerá indiferen-te ao que anseio e imporá a sua própria natureza. Também frente à percepção a independência do mundo real será sempre um ele-mento absoluto e inquestionável.

Nesta linha, quantas vezes, an-tes que o objeto se apresente, formamos dele uma imagem intei-ramente originada na nossa subje-tividade, a qual será desmontada tão logo o objeto real se apresente. Faz lembrar o episódio da moça que conversava amiúde com um rapaz, sempre e somente pelo telefone, que a ela dizia que seus amigos o consideravam quase um sósia do ator Tarcísio Meira. E assim ela esperava encontrá-lo, até que, na realidade, defrontou-se com alguém que simplesmente destruiu a imagem que formara.

O mundo real é forte, autôno-mo e independente. Não se curva nem cede aos nossos desejos e, somente podemos ter com ele uma relação pacífi ca e civilizada, se construirmos um acordo de paz, ou, pelo menos, um armistício. Caso contrário... Se semear uma fava de feijão-verde, quando esta começar a brotar será apenas um vegetal verde e indefi nido e, se nesse momento alimentar sobre ela mil expectativas, ao fi m serão só frustrações, pois o broto cres-cerá e será apenas e somente um pé de feijão-verde.

O que quero realmente dizer é que estamos chegando ao fi nal de 4 anos do governo Dilma Rousseff e que essa senhora já se defi niu plenamente, a despeito das nossas expectativas. Não adianta alimen-

tar desejos e sonhos de que, num outro mandato, teríamos algo de novo e de diferente. Será outra vez o mesmo governo populista e desprovido da competência e da visão de futuro de que este país precisa desesperadamente.

Como Lula, Dilma, criatura sua, não governa para o país, mas apenas para garantir faturamento político para si e para o grupo que ora se acha no poder. O PT, tão logo assumiu o governo, descartou a imagem que construíra com em-penho e competência, ao optar pela linha da demagogia e do populismo que nada acrescentou ao Brasil como nação, mas serviu apenas ao projeto de poder do próprio partido. O preço a pagar, por nós e não por eles, nunca será visto como alto demais, mesmo que implique no desmonte do patrimônio nacional e na transferência das riquezas pelas vias da corrupção.

Lula e Dilma são políticos da mesma escola e rezam pelo mes-mo catecismo, tendo o criador um pouco mais de sagacidade, demonstrada quando preservou a política econômica de Fernando Henrique, abandonada por Dilma e seu indefectível Mantega. Nada além disso, enquanto individuali-dades. Apenas, Lula é mais auda-cioso e desrespeita mais o nosso discernimento, como o fez, sem ca-mufl agem, quando, por exemplo, alegou desconhecer o esquema do mensalão ou veio a público anun-ciar a autossufi ciência brasileira em petróleo. O mesmo petróleo de cujos derivados hoje dependemos e importamos.

Não adianta alimentar esperan-ças. Pau que nasce torto cresce, envelhece, mas sempre torto. Só será possível uma boa convivência com ele, se a sua tortuosidade for bem recebida (o que ocorre com os que dela tiram proveitos).

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Pau que nasce torto...

[email protected]

Como Lula, Dilma, cria-tura sua, não governa para o país, mas apenas para garantir fatu-ramento polí-tico para si e para o grupo que ora se acha no po-der. O PT, tão logo assumiu o governo, descartou a imagem que construíra com empenho e competên-cia, ao optar pela linha da demagogia e do populismo”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O programa de TV que o PT leva ao ar em 15 de maio deve repetir o jogral entre Dilma Rousseff e Lula, que vão se alternar na tela, completando as frases um do outro. A ideia é a mesma de quando o recurso foi usado pela primeira vez: atrelar a popularidade do ex-presidente à aliada, em queda nas pesquisas. No mais, o fi lme mostrará obras e realizações em formato de videoclipe, com ênfase no tripé de ações com a grife de Dilma: Minha Casa, Minha Vida, Pronatec e Mais Médicos.

Colateral A volta de Lula à publicidade petista é uma guinada em relação às inserções de março, 100% focadas em Dilma. O risco da volta do jogral é dar mais com-bustível à especulação de troca de candidato do partido.

Mais tela Antes da propagan-da, no entanto, Dilma deverá usar rede nacional de TV a pretexto de celebrar o Dia do Trabalho, em 1º de maio.

Na manga A dupla ainda não gravou. Por ora, está des-cartado usar a janela na TV para falar de Petrobras e ou-tros temas polêmicos, como inflação. Mas pesquisas di-tarão se haverá necessidade de introduzir alguma “vacina” ou mudar o roteiro prévio.

Tribunal O governo fará uma série de debates para fortalecer o Mais Médicos entre formadores de opinião. Amanhã, Arthur Chio-ro (Saúde) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral) discutirão o tema com advogados e juristas em faculdade de São Paulo.

Desafi o... A chef Morena Leite, que assinará o menu do jantar oferecido amanhã a Eduardo

Campos e Marina Silva por João Dória Jr., está suando o dólmã para conceber uma opção para a candidata a vice pelo PSB, dada a ampla lista de restrições alimentares da ex-senadora.

... gourmet Morena deve op-tar por um fi lé de frango sem condimentos, aos quais Marina é alérgica. O acompanhamento deverá ser um legume, e a so-bremesa, fruta.

Me dá... Conselheiros de Edu-ardo Campos pedirão aos institu-tos de pesquisas que apresentem os nomes das chapas presiden-ciais completas aos entrevista-dos a partir de junho. Pessebistas querem que a divulgação dos números seja embalada pelo nome de Marina como vice.

... um voto aí Sondagens in-ternas realizadas pelo partido su-gerem que a chapa atingiria hoje 42% das intenções de voto entre os eleitores que conhecem todos os candidatos. Sozinho, Campos tem 28% nesse grupo.

Yin O Planalto quer manter a CPI da Petrobras apenas no Senado porque acredita que lá o tema será tratado com

mais serenidade.

Yang Pretende, no entanto, abrir em conjunto com a Câmara a comissão para investigar o me-trô de São Paulo. A ideia é criar o maior barulho possível em torno do tema, já que os deputados estão em busca de um “palco” para suas reeleições.

Menos um Para dirigentes do PT, André Vargas sucumbiu a pressões para se desfi liar por temer novas revelações sobre sua relação com Alberto Youssef. Acreditam que, assim, ele não precisa mais se preocupar em dar satisfações à legenda.

Escudo O deputado Bruno Covas (PSDB), que até o início do mês era secretário de Meio Ambiente de Geraldo Alckmin, foi escolhido pelo governo para presidir a CPI dos Pedágios na Assembleia.

Vazado Tucanos se dizem tran-quilos quanto às investigações, mas admitem receio com o dano eleitoral que o PT, autor do pedido da investigação, pode provocar. Por isso a decisão de nomear Covas e outros dois ex-secretários para integrar o grupo.

Ela disse, ele disse

Contraponto

Em 1641, com o fim da união entre Portugal e Espanha, o proprietário de terras brasileiro Amador Bueno, filho de espanhol, foi aclamado pela população pró-cas-telhana como o “rei de São Paulo”. Na época, ele recusou o título e disse ser súdito do rei D. João IV, de Portugal. Em março, o ex-presidente espanhol José María Aznar visitou o governo paulista e, antes mesmo de encontro com o governador Geraldo Alckmin, já foi se explicando: – Fiquem tranquilos, paulistas, não venho em nome da Espanha requerer os direitos de Amador Bueno – afirmou, arrancando risos do governador.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Era no tempo do rei

Tiroteio

DO DEPUTADO PAULINHO DA FORÇA (SP), presidente nacional do Solidariedade, sobre o empréstimo de bancos a distribuidoras para custear gastos extras.

Nem o socorro dos bancos às elétricas será capaz de iluminar o poste Dilma, que está deixando os trabalhadores na escuridão.

Neste segundo domingo de Páscoa, a Arquidiocese de Ma-naus instala uma nova área missionária. Há muito tempo, criamos áreas missionárias para ficar claro que não se tem uma matriz com suas respectivas ca-pelas, mas uma rede de comuni-dades que em comunhão entre si formam uma unidade pastoral. Esta nova concepção está sendo assumida pela igreja no Brasil quando vê a paróquia como uma comunidade de comunidades. Queremos ser uma igreja de comunidades que se reúnem ao redor da palavra e da eucaris-tia, atentas à vida das pessoas e da sociedade, anunciando o Evangelho que exige conversão pessoal e transformação de es-truturas opressoras, caminhan-do rumo ao reino definitivo, mas construindo o reinado de Deus aqui na terra.

Como as paróquias, as áreas missionárias têm seus padro-eiros. Para esta nova área foi escolhido são João 23. Hoje ele está sendo canonizado. A razão da escolha não foi só a coinci-dência de datas, mas o signifi-cado histórico deste papa para a história da igreja. Queremos ser uma Igreja moldada segundo os ideais e as orientações do Concílio que ele convocou faz meio século. Um concílio que até hoje está sendo recebido pelo povo de Deus, pois a riqueza da renovação conciliar é imensa e ainda não foi exaurida.

Ainda temos que crescer na consciência de sermos uma igreja que não vive para si, mas para o reino, o que signifi ca estar a serviço da humanidade. Dizer isto signifi ca dizer que queremos ser uma igreja pobre para os pobres, pois são eles que necessitam serem servidos e o maior serviço

a eles prestado é reconhecê-los protagonistas da própria história. Eles estão por toda parte, mas estão, sobretudo, nas periferias e nos grandes conjuntos habita-cionais que não levam em con-ta que as pessoas tem história, cultura, religião, e que ter uns metros quadrados para dormir não é a sua única necessidade. A nova área missionária está numa destas periferias.

Há ainda um longo caminho a percorrer na renovação litúrgica, para que de fato nossas liturgias sejam vividas como iniciação e vivência do mistério pascal. Há sempre o perigo de retornar a uma liturgia de ritos alienantes e excludentes e fazer dos nossos ritos puro entretenimento. Nossas comunidades são espaços de ora-ção comprometida e libertadora.

É preciso também crescer na consciência da natureza missio-nária da igreja o que significa que cabe a todos a tarefa de evangelizar. A igreja tem que escancarar as suas portas, sair pelas ruas e caminhos, encon-trar-se com as pessoas e acolhê-las. Foi este o sonho do nosso novo santo e é este o sonho do atual sucessor de Pedro. Uma característica marcante do papa bom foi a sua alegria e bom hu-mor que se tornaram proverbiais. O cristianismo tem que voltar a atrair pela beleza e pela alegria. Quem visita as pequenas comu-nidades reunidas para celebrar a vida encontra esta alegria de viver que nasce da partilha e da solidariedade. Que João 23, que quis ser simplesmen-te humano interceda por esta nova área missionária e que as comunidades fortalecidas pelo seu exemplo ajudem a igreja toda a ser fiel ao seu Mestre e Senhor.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Há ainda um longo caminho a percorrer na renovação litúrgica, para que de fato nossas litur-gias sejam vividas como iniciação e vivência do mistério pas-cal. Há sem-pre o perigo de retornar a uma litur-gia de ritos alienantes e excludentes e fazer dos nossos ritos puro entrete-nimento”

João 23

Olho da [email protected]

Os carnavalescos de Manaus não conseguem esperar a hora do apito do árbitro da Fifa dar início ao mais famoso entre os famosos eventos esportivos do planeta: a Copa Mundial de Futebol. A ansiedade é tanta, que já ancoraram suas alegorias para animar a festa e anteci-par as folias momescas de 2015. E tudo com a mesma máscara. Ô cara de pau!

RICARDO OLIVEIRA

Naquela época não existia DNA, concorda comi-go? Então, quando o senhor vai se desfazer de um corpo, quais são as partes que, se acharem o corpo, podem determinar quem é a pessoa? Arcada dentá-ria e digitais, só. Quebravam os dentes e cortavam os dedos. As mãos, não. E aí, se desfazia do corpo

Paulo Malhães, coronel, ex-agente do Centro de Infor-mações do Exército, que chocou com este depoimento os

membros da Comissão Nacional da Verdade, foi encontrado morto, ontem, em sua casa, em Nova Iguaçu, na Baixada

Fluminense (RJ). Suspeita-se de queima de arquivo.

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Page 5: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 A5Política

Na caravana de via-gens que tem feito pelo país, o pré-can-didato à Presidência

da República, Eduardo Campos (PSB-PE), tem mostrado qual será seu posicionamento sobre questões estratégicas e até polêmicas em torno do debate eleitoral. Em Manaus, na última sexta-feira, Campos revelou que não irá atacar programas de assistencialismo do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, principais vitrines eleitorais da sua adversária, a presidente Dilma Rousseff (PT).

O discurso do socialista sobre os programas que beneficiam milhões de eleitores será alia-do à estratégia adotada pelo senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), que ao longo dos últimos meses deixou de classificar o Bolsa Família como “bolsa-esmola” e agora fala em expandir a iniciativa. A ideia, iniciada pelo tucano, é apontar que Dilma não tem conseguido crescer o programa social que, segundo ele, não chega a todos que precisam.

A inversão dos discursos de Campos e Aécio será susten-tada pelo argumento de que o Bolsa Família surgiu no governo do ex-presidente Lula como uma junção do Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Auxílio-Gás, programas herdados por Lula de seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As críticas que distanciaram o PSDB da origem do projeto abriram espaço para a paternidade assumida pelo PT nos últimos anos.

O distanciamento da oposi-ção do programa deu ainda aos

petistas uma margem de ma-nobra para sustentar que as ini-ciativas seriam derrubadas por qualquer outra administração, o que foi classificado por Cam-pos como “terrorismo”, durante visita à Câmara Municipal de Manaus (CMM), na sexta-feira, quando foi homenageado com o título de Cidadão de Manaus. “Essa política que muitos ficam pregando de que vão acabar com os programas sociais é um terrorismo eleitoral de quinta categoria”, enfatizou.

O pacto entre os dois pré-candidatos é mais um sinal da estratégia adotada para dar fôlego a um possível segun-do turno nestas eleições. Nas últimas pesquisas eleitorais do Ibope e Vox Populi/Carta Capital, divulgadas no início deste mês, Dilma aparece com 40%; Aécio, com 16% e Cam-pos, com 8%.

Assim como o tucano, Eduar-do Campos optou por prome-ter melhorar o programa. “Da mesma forma que o salário mínimo, lá no tempo do Getú-lio (Vargas, ex-presidente), veio para ficar como uma conquista, as políticas sociais, o Bolsa Família, vieram para ficar. Se eu não tivesse preocupações sociais, não teria saído do go-verno com 90% de aprovação”, afirmou o pernambucano, que foi governador daquele Estado por dois mandatos e se desin-compatibilizou do cargo no dia 4 deste mês para concorrer à Presidência da República.

Outros sinais da abordagem de Campos nestas eleições fo-ram dadas nas últimas viagens do socialista. No Pará, onde esteve na última quinta-feira, ele reforçou que irá combater o “fisiologismo” do governo Dilma, reduzindo ao máximo o número de ministérios.

Oposição unifica discurso para forçar segundo turnoEm Manaus, na última sexta-feira, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) afirmou que programas sociais “vieram para ficar”

Eduardo Campos diz que vem para ganhar estas eleições. Ele aparece em 3º lugar nas pesquisas

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Mesmo com popularidade e intenções de votos em queda, pesquisas dão vitória para Dilma

Na mira dos líderes gover-nistas do Congresso, o pre-sidenciável Eduardo Campos (PSB) afirmou em Manaus, na manhã da última sexta-feira, que está “tranquilo” quan-to à possível instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional, para in-vestigar indícios de irregula-ridades no contrato entre a Petrobras e o ex-governador para a construção da Refina-ria Abreu e Lima, no porto de Suape, em Pernambuco.

“Não tem nenhum proble-ma até porque todas as au-ditorias internas do próprio

Tribunal de Contas do Estado e da União estão sendo fei-tas. O governo federal no Congresso tem maioria para pedir a CPI que desejar e nós, como homens públicos, temos que estar sempre à disposição para explicar os nossos atos”, disse o pré-candidato a presidente da República ao chegar à Câ-mara Municipal de Manaus, para ser homenageado.

Após o parecer emitido pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), por uma CPI no Sena-do exclusiva para investigar fraudes nos negócios da Pe-

trobras, governistas muda-ram a estratégia, diminuindo o tom de descontentamento contra as investigações que atingem a presidente Dilma Rousseff e descartaram re-correr em conjunto da deci-são no Supremo. A ação será ingressada somente pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O acordo da base aliada é reagir iniciando a coleta de assinaturas para a criação de uma CPMI para investigar o cartel de trens em São Paulo administrado nas gestões do PSDB paulista e irregularida-des no porto de Suape, em

Pernambuco, empreitada que abriga um entreposto da Zona Franca de Manaus (ZFM). A ideia é desgastar as candida-turas do senador Aécio Neves e do ex-governador Eduardo Campos, adversários de Dil-ma na disputa presidencial.

Aliando-se ao discurso ado-tado pela oposição no Sena-do, Campos afirmou que o governo federal tenta sufocar os efeitos das investigações na estatal. “Não dá é para gente tentar empanar, ten-tar encobrir, tentar esconder, correr da investigação sobre a Petrobras. Isso ai é outra coisa”, afirmou.

PT quer investigar governos do PSB e PSDB

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Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) desponta nas pesquisas em segundo lugar, com 16% das intenções

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

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Page 6: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Como Ideli, PGR utilizou o helicóptero do Samu

Foi para evitar um “mico” que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ar-quivou a investigação sobre o fato de a ministra Ideli Salvatti haver utilizado, em Santa Catarina, um helicóp-tero do Samu destinado à remoção de pacientes graves resgatados em acidentes e tragédias naturais. É que o próprio órgão chefi ado por Janot usou o mesmo heli-cóptero para transportar procuradores, como atestam documentos.

Como acusar?O helicóptero do Samu foi

usado pela Procuradoria da República de Tubarão (SC) e a Procuradoria da República em Santa Catarina.

Levando autoridadeEm Tubarão, o helicóptero

foi requisitado para trans-portar, em agosto de 2013, o subprocurador-geral da República, Mário Gisi, em serviço.

DocumentadoOs procuradores pe-

diram o helicóptero por meio dos ofícios PRMT/n° 664/2013 e PR/SC/GABPC/nº 7233/2013 (cópias em poder da coluna).

Sem ilícitoEm seu despacho, o procura-

dor-geral Rodrigo Janot afi rma não haver encontrado “elemen-tos que confi gurem qualquer ilícito penal” de Ideli.

Brasil vai continuar sem embaixador na Bolívia

O presidente da Comis-são de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), manterá sobres-tada, na gaveta, a indicação do novo embaixador do Brasil em La Paz. Até que reavalie

as relações com o governo do cocaleiro Evo Morales, que coleciona molecagens contra o Brasil – da invasão à refi -naria da Petrobras à recusa de salvo conduto ao senador que fi cou 445 dias refugiado na nossa embaixada.

Perseguição cruelO senador Ricardo Ferraço

também continua inconfor-mado com a perseguição do governo ao diplomata brasi-leiro Eduardo Saboia.

Nos conformesO advogado e ex-ministro

José Dirceu, mensaleiro reco-lhido à Papuda, está em dia com a inscrição na OAB-SP: “Situação regular”.

Fala que eu te entendoUma gíria que deverá sair

defi nitivamente de moda na Petrobras e na entourage do doleiro Alberto Youssef após as escutas da PF: “Sacou?”

Ela quer o fígado A presidente Dilma está

possessa com o senador Pe-dro Taques (PDT-MT), que protocolou na terça (22) re-presentação na Procurado-ria-Geral pedindo que ela seja investigada pela compra da refi naria de Pasadena

Deputado lobistaA Fundação dos Econo-

miários Federais (Funcef) complicou ainda mais a já embolada vida de An-dré Vargas (PR). A Funcef afirma que seu diretor só recebeu o doleiro Alberto Youssef após pedido do de-putado.

Fim dos temposLíder do PPS, Rubens

Bueno (PR) diz ter fi cado surpreso com decisão do presidente Renan Calheiros de tentar derrubar a CPI ex-clusiva da Petrobras: “Ele

deixou de lado o Senado para defender o governo”.

Samba do criouloOs líderes do governo, Ar-

lindo Chinaglia (SP), e do PT, Vicentinho Alves (SP), não se entendem. Na votação da sus-pensão do tucano Carlos Lereia, um orientou pela aprovação e o outro liberou a bancada.

O pastor é popApós passagem polêmica

na Comissão de Direitos Hu-manos, o pastor Marco Fe-liciano (PSC) lidera ranking político no Facebook, com 840 mil curtidas, seguido de Romário, 820 mil, e Eduardo Campos, 787 mil.

EstranhoAlgo falta ser dito na his-

tória de “DG”. Ele foi sepul-tado no jazigo da família no cemitério São João Batista, que custa uma fortuna para quem, até recentemente, era mototaxista na favela do Pa-vão-Pavãozinho.

E na Copa?Deputados estão indigna-

dos com os péssimos servi-ços nos aeroportos. Na terça, avião da TAM, voo 3710, de São Paulo para Brasília, abriu as portas para o desembar-que em meio a um temporal, a 3 metros do ônibus.

No ventilador Políticos do PT atribuem

denúncias envolvendo a Pe-trobras e o doleiro Alberto Youssef à suposta briga inter-na entre delegados da Polícia Federal, que ameaçam jogar no ventilador esquemas de toda ordem.

Pensando bem......as denúncias ligando o ex-

ministro da Saúde Alexandre Padilha ao doleiro Youssef colocaram a campanha dele na UTI.... do SUS.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

A faxineira não limpou o que tinha que limpar”

EDUARDO CAMPOS (PSB), ironizando a “faxina ética” trombeteada pela presidente Dilma

PODER SEM PUDOR

Tudo sobeUma comissão de moradoras, liderada por insis-

tentes carolas de uma paróquia, insistiu para se reunir com o então prefeito de Juazeiro do Norte (CE), Mozart Cardoso de Alencar.

Quando fi nalmente recebeu o grupo, Mo-zart descobriu que as senhoras estavam ali para protestar contra os aumentos no preço da carne. Como ele nada tinha com o assunto, desabafou impaciente:

- É óbvio que o preço da carne está subindo, porque tudo está subindo: sobe a minissaia, sobe foguete, sobe astronauta, sobe elevador. Tudo sobe... aliás, só não sobe mesmo é a batina do padre. E sabem por quê? Porque eles nem usam mais aquele troço...

E encerrou a reunião.

Belchior vai discutir OrçamentoA ministra do Planejamen-

to, Miriam Belchior, fará, às 15h da próxima terça-feira, a apresentação ofi cial do pro-jeto de Lei de Diretrizes Or-çamentárias (LDO) de 2015 na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscali-zação (CMO).

A audiência pública é re-alizada todos os anos para que o governo apresente a proposta aos parlamentares e responda a dúvidas. A pa-lestra é uma determinação da resolução do Congresso

Nacional 01/2006, que disci-plina os trabalhos da CMO.

Na maioria das vezes, o de-bate gira em torno, de um lado, dos cenários levados em con-sideração pelo Executivo para elaborar o projeto da LDO, inclusive quanto à evolução de indicadores como infl ação, crescimento do Produto Inter-no Bruto (PIB, que mede a soma das riquezas produzidas pelo país) e dívida pública. Do outro lado, costuma envolver a dis-cussão dos critérios para distri-buir os recursos entre projetos

novos, projetos em andamen-to, conservação do patrimônio e serviços públicos.

Neste ano, devem ser de-batidas também as emendas parlamentares de execução obrigatória, também conhe-cidas como emendas impo-sitivas. No ano passado, por acordo político, os parlamenta-res incluíram na LDO 2014 as emendas impositivas, porém o Executivo enviou a LDO 2015 ao Congresso no começo de abril sem mencioná-las no tex-to da proposta.

CONGRESSO

Senador pelo AM, o republicano ainda não se posicionou se disputará vaga com o ex-governador Omar Aziz (PSD)

Candidatura de Alfredo à reeleição é incógnita

Considerado o nome mais cotado para assu-mir a única vaga dispo-nível ao Estado no Se-

nado Federal, o ex-governador Omar Aziz (PSD) não obteve a boa aprovação à toa. Segundo o sociólogo Carlos Santiago, para chegar ao patamar de favorito da disputa, Aziz apostou em uma fórmula, onde publicidade e articulação política foram seus principais ingredientes.

A ida de Omar para Brasília parece ainda mais inevitável, quando observada a aceitação popular da sua imagem. Na pesquisa encomendada pela Câmara dos Dirigentes Lojis-tas de Manaus (CDL-Manaus) para a Perspectiva Tecnologia da Informação, divulgada no último dia 5, ele apareceu com 74,8% de aceitação popular e

54,9% das intenções de voto para o Senado. Omar ainda fechou 2013 sendo conside-rado o governador melhor avaliado do país.

“Ele usou a propaganda como poucos, e teve ao seu lado uma primeira-dama ativa que o aju-dou a cativar diversos tipos de eleitores. Omar também conse-guiu aglutinar líderes políticos de partidos que eram considera-dos inalcançáveis. O Omar Aziz que conhecemos hoje foi sendo amadurecido ao longo desses 4 anos à frente do poder. Ele foi inteligente ao manter boa relação em todas as esferas”, analisou Santiago.

O pensamento do sociólogo é validado nas declarações de personalidades como o prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB), que já sinalizou apoio à candi-datura do ex-governador em detrimento ao lançamento de um nome da própria sigla para

a disputa. “Eu não teria como fa-zer campanha para outro candi-dato”, disse Arthur em recentes declarações à imprensa local.

Para o vereador Plínio Valério (PSDB), que chegou a colocar seu nome à disposição dos tu-canos, o favoritismo de Omar e o apoio de Arthur são naturais, por conta dos compromissos assumidos entre prefeitura e Estado, no período em que Omar governou. “Adoraria disputar à cadeira, mas, entendo o mo-mento do partido”, comentou.

Os burburinhos de basti-dores sobre a desistência do senador Alfredo Nasci-mento (PR), dono da vaga e que por direito poderia disputar à reeleição, fomen-tam ainda mais a vantagem que Omar leva diante de seus concorrentes. Sendo o vereador Marcelo Serafim (PSB) considerado o mais forte dentre eles.

Ex-governador Omar Aziz deixou o governo com um alto índice de aceitação popular: 74,8%

ALFREDO FERNANDES/AGECOM

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

De acordo com informa-ções repassadas pelo di-retório estadual do Partido da República (PR), o futuro político de Nascimento ain-da não foi decidido e por isso é impossível dizer se ele lutará pela vaga ou mesmo disputará uma chance na Câmara Federal.

O senador, que teve a ima-gem arranhada com escân-dalos envolvendo desvio de dinheiro público enquanto era ministro dos Transpor-

tes, não foi encontrado para comentar o assunto.

Alfredo Nascimento ocu-pou o Ministério dos Trans-portes nos dois mandatos do ex-presidente Lula e no primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rous-seff (PT).

ArticulaçãoA participação de Marcelo

Serafi m no pleito de outu-bro é fruto de conversas entre ele e o presidenciável,

Eduardo Campos (PSB), que esteve em Manaus neste fi m de semana. A decisão anunciada no mês de março na tribuna da Câmara Muni-cipal de Manaus (CMM) visa consolidar o grupo formado por PSB-PPS e Rede Susten-tabilidade no Amazonas. Na ocasião o vereador admitiu não ser fácil a tarefa. “Te-nho convicção que essa não será a campanha mais fácil pela qual vamos passar. Mas acredito no nosso grupo”.

Mandato vai terminar este ano

Nestes 8 anos de mandato, Alfredo passou metade como ministro dos Transportes

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Page 7: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 A7Com a palavra

O Nordeste e o Norte não são proble-mas para o Brasil. Nós somos parte da solução brasileira. Queremos um tra-tamento adequado e oportunidade para mostrar a força do nosso povo”

Aos 48 anos de idade e com quase 30 anos na carreira política, o ex-governador de

Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tem um sonho ousado: ser presidente da República.

Com um currículo extenso no poder público, Eduardo Cam-pos tem demonstrado que não vai entrar no processo eleitoral para compor figurinha ou con-fudir o eleitorado brasileiro. Convicto de que vai se eleger presidente ao lado da aliada, a ex-senadora Marina Silva, o socialista começou a per-correr o país para colher na fonte propostas para elaborar o pograma de governo partin-do de diretrizes já discutidas internamente.

Neste final de semana foi a vez de Manaus receber o pré-candidato que, além de an-fitrionar o seminário regional PSB-PPS-Rede, ele também foi agraciado com o título de Cidadão de Manaus concedido na sexta-feira pela Câmara de Vereadores. Agora, manauen-se por “adoção”, ele afirma que suas responsabilidades para com a região aumentaram.

EM TEMPO – Quando o PSB começou a construir o projeto de candidatura presidencial? Em que mo-mento nasceu a ideia de disputar a presidência da República?

Eduardo Campos - Na ver-dade, esse é um debate que o partido vem travando desde 2001, quando o partido já tinha tido candidato a presidente da República ainda antes de ser extinto pelo golpe de 64. Depois, o PSB teve uma can-didatura em 2002. Em 2006 apoiamos o Lula. Em 2010, o partido discutiu a possibi-lidade de ter uma candidatu-ra própria. Chegou a ter uma pré-candidatura lançada, mas houve a decisão, desde o pri-meiro turno, de acompanhar a presidente Dilma. Foi um apelo feito pelo presidente Lula na época e nós a apoiamos. Em 2012, na eleição municipal já havia bastante inquieta-ção dentro do partido, com a condução e os rumos da política brasileira. Já começava a se falar na necessidade de haver uma candidatura e nós dissemos que o debate sobre candidatura era só em 2014. Naquele momento, era hora de cuidar do Brasil. Ganhar 2013. O partido voltou a discutir isso intensamente nos prazos de filiações, ano passado, quan-do aconteceu o encontro com a ex-senadora Marina Silva. Mas, a decisão mesmo de apre-sentarmos uma alternativa ao Brasil, de mudança, se deu em

2014. Era uma expectativa. Uma possibilidade, um debate interno. Mas, não havia uma decisão tomada. A decisão foi tomada em 2014.

EM TEMPO – Mas ano passado, quando o PSB entregou os cargos que possuía no governo Dilma já existia esse sentimento de sair da base aliada ao governo federal?

EC - Primeiro, a gente dis-cutiu a possibilidade de não participar do governo já em 2010 depois da eleição. No início do primeiro semestre de 2013, nós começamos um debate no sentido de apoiar o governo sem estar participan-do, mas foi quando ocorreram as manifestações de junho e nós achamos que naquele mo-mento não era o mais ade-quado para tratar disso com o governo. Tão logo as coisas foram voltando para uma certa normalidade, entre aspas, nós fizemos o debate interno e saímos do governo.

EM TEMPO – Quando o partido entregou os cargos federais assumiu o discur-so de que iria manter o apoio a projetos do governo no Congresso Nacional. En-tretanto, nos últimos dois meses, o senhor tem inten-sificado as críticas à gestão de Dilma Rousseff...

EC - Tudo que for certo e para o bem do Brasil, nós va-mos apoiar. Não vamos fazer uma oposição pela oposição, muito menos oposição ao Bra-sil. O problema é que de uns meses para cá o país tem piorado. Então, à medida que as coisas têm piorado, que a situação tem se agravado; a inflação voltando; crescimen-to em baixo; juros aumen-tando; as obras não saem do papel; os compromissos não são entregues. Nós estamos vendo também a aproximação da eleição, que faz com que o debate seja mais intenso. Com isso, parece que a gente está aumentando o tom, o número de críticas, mas não é. Isso porque o tempo é mais de debate mesmo.

EM TEMPO – E, em meio às críticas, à crise institu-cional que o governo fede-ral vem atravessando, os escândalos de corrupção que estão vindo à tona e as trocas de farpas entre aliados e adversários, essa será uma campanha de ata-ques pesados?

EC - No nosso programa de governo vai constar, inclusive, um capítulo sobre que cam-panha nós vamos fazer. Nós vamos fazer uma campanha limpa, propositiva, que não vai entrar nessa de ataque. Nunca

fizemos. Quem já me viu fazen-do campanha e quem já viu a Marina Silva fazendo campa-nha sabe qual é o jeito que nós vamos fazer campanha. Só que nós vamos fazer uma campanha propositiva, ani-mada, corajosa. Vamos fazer uma campanha para ganhar a eleição e para governar o país de um jeito diferente. Para tirar o Brasil do caminho errado e colocá-lo no caminho certo.

EM TEMPO – Na última sexta-feira, o senhor foi homenageado na Câmara Municipal de Manaus com o título de Cidadão de Manaus...

EC- Estou feliz de poder voltar a Manaus para dois dias de trabalho e receber, ao longo deste dia de trabalho, esse tí-tulo de cidadão que, para mim, só aumenta a responsabilida-de nossa com o futuro desta grande cidade e deste grande Estado. Estamos fazendo hoje um grande processo de escuta a toda sociedade para a cons-trução do nosso programa de governo, nosso e da Marina Silva, para que a gente possa conduzir o Brasil de volta ao rumo certo. A um crescimen-to sustentável que reduza as desigualdades que afrontam o Norte e o Nordeste brasileiro. Duas regiões que nós conhe-cemos de perto e que sabemos que foi tão importante para a vitória do atual governo e que se sentem distantes das deci-dões de Brasília. O Nordeste e Norte não são problema para o Brasil. Nós somos parte da solução brasileira. Queremos um tratameto adequado e oportunidade para que a gente mostre o talento e a força do trabalho do nosso povo.

EM TEMPO – O senhor fala muito da união Norte-Nordeste. Não tem receio de essa postura criar um bair-rismo por parte das outras regiões brasileiras?

EC – Não. Acho que a gen-te tem de fazer a aliança de um Brasil inteiro. Precisamos construir a unidade do Brasil, de um pensamento rumo ao desenvolvimemto. A unidade se constrói compreendendo as ad-versidades. E nós, nordestinos e nortistas, temos desafios que são próprios da nossa região e que precisam ser desafios do país. Como nós temos que dar aos mãos aos companheiros, aos nossos concidadãos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste em tudo aquilo que seja impor-tante para o desenvolvimento destas regiões.

EM TEMPO – O senhor afirmou que é amigo da Zona Franca de Manaus. Como o senhor observa as dificuldades encontrados

pelo modelo para manter seus incentivos fiscais?

EC - Nosso partido, como fez todas as vezes, estará ao lado da posição pela prorrogação da ZFM. Nós entendemos que não é só a prorrogação da ZFM. Nós precisamos mais do que isso. De uma estratégia de desenvolvimento regional que possa viabilizar o desenvolvi-mento sustentável não só do Norte, mas do Nordeste tam-bém, preservando conquistas como foi a Zona Franca. Mas complementando essas con-quistas com uma visão da in-fraestrutura que muitas vezes falta, como a energia, logística. Temos também a necessidade de conhecimento com a pes-quisa, preparação de pessoas. Poder pesquisar e desenvolver tecnologia para que essa re-gião possa ocupar espaço e fronteiras econômicas novas, como a biotecnologia verde, que é um grande potencial de desenvolvimento no mundo, numa indústria de ponta que vai surgindo no mundo e que tem grande possibilidade de o Brasil não perder essa corrida. Nós estamos na região que tem uma riqueza na sua bio-diversidade extraorindária que pode ser de forma sustentável usada para o desenvolvimento humano. Ao mesmo tempo em que a gente precisa fomen-tar as atividades tradicionais, como a pesca, turismo, fitote-rápico, polo naval. E é essa dis-cussão que viemos fazer aqui para construir um programa de governo que não será só dos técnicos, mas sobretudo da sociedade, do Brasil que quer falar e que não está sendo es-cutado pelo governo que está aí, mas que vai ser escutado pelo futugo governo que have-remos de construir a partir de 1º de janeiro de 2015.

EM TEMPO – O que o senhor vai levar de pro-postas do Amazonas para inserir em seu programa de governo?

EC – Tivemos uma agenda muito intensa. Visitamos o Inpa, conversamos com represen-tantes da indústria, com muita gente que veio do interior para cá nos sugerir e todos esses encontros têm sido muito ricos na possibilidade de as pessoas falarem. Em regra, os políticos vêm para ficar falando, falando e falando atrás de um aplauso e nós temos ouvido, ouvido e ouvido atrás das boas ideias. Elas têm chegado e vão ajudar a gente fazer um programa que será a cara do Brasil. De um Brasil que vai mudar. Do Brasil que vai fazer com que o povo brasileiro se enxergue no seu governo e sobretudo que o povo brasileiro volte a se animar com seu futuro. O futuro do Brasil será melhor.

Eduardo CAMPOS

‘Vamos fazer uma CAMPANHA PARA ganhar a eleição’

Em 2010, o partido discutiu a possibilidade de ter uma candidatura própria. Chegou a ter uma pré-candidatura lançada, mas houve a decisão, desde o primei-ro turno, de acompanhar a presidente Dilma. Foi um apelo feito pelo pre-sidente Lula na época”

VALÉRIA COSTAEquipe EM TEMPO

FOTOS: IONE MORENO

Estou feliz de poder voltar a Manaus para dois dias de tra-balho e rece-ber, ao longo deste dia de trabalho, esse título de cidadão que, para mim, só aumenta a responsabili-dade com a cidade”

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

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Page 9: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 [email protected] (92) 3090-1045Economia B4 B5

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Recanto dos Pássaros é um dos mais atraentes empreendimentos da rede hoteleira do município

Da Era Paleozoica para o turista da Copa do Mundo

Do Galo da Serra às cachoeiras e grutas que datam da Era Pa-leozoica, o município

de Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros de Manaus) é um lugar fantástico situado no coração do Amazonas. Nesse rumo, a cidade aposta em roteiro ecológico de conteúdo, de experiência e de aventura para turistas e visitantes que virão em busca da Copa do Mundo em Manaus, mas que levarão na memória a lem-brança de uma cidade para onde se deve voltar.

Conscientes da responsa-bilidade, o coordenador de planejamento e desenvolvi-mento turístico do município, Herman Antony, afi rma que a prefeitura de Presidente Figueiredo se prepara para atender à demanda nos seto-res de hotelaria, gastronomia e turismo de aventura.

De acordo com Antony, o diferencial nos serviços que a comunidade pretende im-plantar, a curto e médio pra-zo, é a inserção da educação e da conscientização sobre o atendimento do público local, nacional e internacio-nal. “Nós queremos ofertar o conhecimento histórico e cultural que envolve a for-mação física e humana do nosso lugar”, frisa.

Para ajudar na empreitada, a prefeitura conta com par-cerias do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Centro de Referência de Assistên-cia Social (Cras), Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) e o Pro-grama Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec Copa).

Conforme Antony, todos eles realizam cursos de qua-lifi cação profi ssional para pes-

soas envolvidas nos setores de atendimento. Entre os cursos estão o de inglês básico, sis-tema de gestão de seguran-ça, organização de eventos, manipulação de alimentos, condutor de turismo local e técnicas de hospedagem.

Os profi ssionais que saí-ram das salas de aula de-sempenham seus trabalhos em restaurantes, hotéis e nos 63 pontos atrativos na-turais que foram mapeados pela prefeitura. Entre eles estão, cachoeiras, corredei-ras, cavernas, grutas, lagoas naturais e lago artifi cial.

Além do tradicional Parque do Urubui, situado na área urbana do município (acesso franco), o município conta com cachoeiras acessíveis, loca-lizadas na rodovia estadual AM-240, como a do Santuário, localizada no quilômetro 12 (tarifa de visitação R$ 10), e a da Pedra Furada no 57 (tarifa de visitação R$ 5).

As oportunidades de aventu-ra seguem com as cachoeiras situadas ao longo da rodovia federal BR-174, como a da Asframa (tarifa de visitação R$ 10), no quilômetro 99, a da Iracema (tarifa de visitação R$ 10), no 115, que serviu de locação para fi lmes e novelas. Próximo a área urbana é pos-sível conhecer ainda as grutas da Onça, Araras, Catedral e Palácio do Galo da Serra.

Atentos às possibilidades econômicas,empresários apostam em empreendimen-tos de alto padrão. O mais recente deles é a pousada Recanto dos Pássaros, locali-zada às margens da BR-174, no quilômetro 121.

Com 56 leitos confortáveis, o empreendimento conta ain-da com piscina, bicicletário e uma extensa faixa de vege-tação que abriga animais de várias espécies. O lugar rece-beu visitantes ilustres como o jogador de futebol David Ba-ckham, que veio ao Amazonas em março deste ano.

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

Quarto município visitado pelo EM TEMPO, Presidente Figueiredo quer assegurar o retorno dos visitantes estrangeiros depois do mundial

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deu à cidade de Presidente Figueiredo o título de Geopar-que Cachoeiras do Amazonas. Nesse sentido, o município é o único do Estado a conseguir o reconhecimento por conter aspectos arqueológicos, eco-lógicos, históricos e culturais dignos de um Geoparque.

O Geoparque do município foi dividido em sete geossí-tios. O primeiro é o Pedreira

no Embasamento Cristalino, seguido do Aremitos da For-mação Prosperança, Cacho-eira da Iracema, Cachoeira Porteira, Cachoeira Pedra Fu-rada, Fósseis da Formação Manacapuru, Plato Laterítico e Gruta Maroaga.

De acordo com o secretário de turismo, Daniel Bernardes, para seguir o que determina a Unesco, a prefeitura precisa traçar nove passos, que vão da criação de um Comitê Gestor até a fomentação de

negócios que utilizem uma logomarca pensada para di-vulgar o conceito do projeto. “Atendendo às especifi ca-ções, Presidente Figueiredo está na fase de treinamento dos guias turísticos, que tra-balharão dentro do que pro-põem o Geoparque”, explica.

A Unesco exige ainda do poder público a preservação e o patrimônio geológico, e a formulação de projetos que levem ao público informações geológicas e ambientais.

Unesco dá título de Geoparque

Formado por ca-choeiras, grutas e

trilhas, o município oferecerá roteiros

voltados à vivência com outros tempos

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Vitrine [email protected]

ClicksA partir de julho, os

lojistas de Manaus pode-rão baixar um aplicativo gratuito para emissão da NFC-e em tablets. O sof-tware foi desenvolvido pelo Samsung Instituto de Desenvolvimento para a Informática da Amazô-nia (Sidia).

Baixado 4 milhões de vezes desde seu lança-mento em 2013, o aplica-

tivo Moves, que registra a atividade física e o des-locamento dos usuários em seu smartphone, foi comprado pelo Facebook. O valor do negócio não foi divulgado.

A 21ª edição da Feira Internacional de Tecno-logia Agrícola em Ação (Agrishow 2014) aconte-cerá a partir de amanhã (28) até o próximo dia 2 de

maio, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Uma das novidades que “bombou” na Feira do Empreendedor, que encerra hoje na capital amazonense, foi o Espa-ço Nerd, uma área voltada para a inovação tecno-lógica que abrigou star-tups, aceleradoras e in-cubadoras do ecossistemade Manaus.

Soluções para restaurantesA Ryolabs Technology, da Fucapi

Incubadora de Tecnologia, lançou na Feira do Empreendedor, um sistema de gestão integrado que proporcio-nará mobilidade e agilidade para restaurantes, bares e lanchonetes.

O Ryofood possui três modalida-des: cardápio digital em português, inglês e espanhol, comanda eletrô-nica e sistema de gestão web.

Marco Civil da InternetApós várias idas e vindas, a pre-

sidente Dilma Rousseff sancionou o Marco Civil da Internet. Porém, a nova “Constituição” da web brasilei-ra só entrará em vigor em junho.

Enquanto alguns criticam as re-gras adotadas, especialistas ga-rantem que o Marco Civil vai trazer mais neutralidade, privacidade e igualdade na Internet.

Jaraqui Valley segue na trilha do Vale do SilícioIdeias de empreendedores de inovação tecnológica começam a dar forma ao ecossistema de startup no Amazonas

O ecossistema de startups, empre-sas nascentes de Manaus, começa a

ganhar forma. A exemplo de como acontece no Vale do Silício, no Estado da Califór-nia, nos Estados Unidos, e em Belo Horizonte, em Minas Gerais, empreendedores ama-zonenses de inovação digital lançaram o Jaraqui Valley.

A iniciativa é um site (jara-quivalley.com) com um mapa da capital amazonense que aponta de forma georeferen-ciada onde estão os atores do segmento. No site, as empresas fazem o cadastro das sedes de origem e ao con-cluir elas aparecem aponta-das no mapa com os ícones que as identificam.

Entre elas estão startups, aceleradoras, incubadoras, in-vestidores e consultores.

A ideia de criar o site par-tiu do gerente de projetos da startup Dona Now, Da-niel Goettenauer, e do diretor executivo da Uplink, Danilo Egle, durante o evento Star-tup Weekend Manaus, que aconteceu em março e reuniu 150 empreendedores.

O objetivo, segundo Egle, é criar um termômetro da evolução do ecossistema de startup manauense. “É uma espécie de comunidade virtual criada para mostrar onde e quem desenvolve ou incentiva a inovação”, explica.

Para Goettenauer, o site é uma forma de organizar o ce-nário para que o crescimento do serviço aconteça de forma orgânica e rápida. De acordo

com ele, essa afi rmativa fi ca evidente com os números do Jaraqui Valley.

Há uma semana em funcio-namento, a plataforma conta com 21 empresas cadastra-das entre startups, incubado-ras e aceleradoras.

Segundo o empreendedor digital, a aglomeração de

startups em Manaus rendeu a cidade o apelido de Jaraqui Valley, sendo uma referência ao americano Silicon Valley (Vale do Silício em português), uma região da Califórnia que aglomera empresas de inova-ção e tecnologia como Google, Facebook e Apple.

“O Jaraqui Valley surgiu da necessidade de evidenciar que em Manaus temos uma ambiente que favorece a cria-ção de um polo de inovação de destaque na região e de destaque nos ecossistemas de startups do Brasil, con-tribuindo de maneira efetiva com a criação de produtos inovadores principalmente no segmento de Tecnologia”, aponta Goettenauer.

FortalecimentoO diretor de marketing e

inovação da startup Labora-torium, de São Paulo, Nicolas Hassenstein, avalia que inicia-tiva do Jaraqui Valley é impor-tante para o fortalecimento do cenário local de empresas nas-centes. “Esse tipo de empresa tem uma tendência forte de trabalhar de forma isolada. As pessoas não as conhecem, e um site como esse favorece o nascimento de novas ideias”, avalia o diretor.

COMPETIÇÃOO Espaço Nerd, da Feira do Empreende-dor, sedia hoje a fi nal da Corrida de Startups. Uma competição que na sua essência trans-forma dez ideias de empreendedores em negócios rentáveis

DIVULGAÇÃO

Membros do movimento de empresas nascentes articulam fortalecer o polo de inovação no Estado

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

Apreensão dos funcionários da Nokia no PIM

Empresa que por muitos anos liderou as exportações do Amazonas, a Nokia vendeu a divisão de dispositivos e aparelhos para a Microsost . Porém, a multinacional fi nlandesa garante que não haverá grandes impactos na unidade do Polo Industrial de Manaus (PIM) a exemplo do que ocorreu na Coreia do Sul, onde a fábrica foi fechada e 200 funcionários foram demitidos.

A informação foi dada para tranquilizar os empregados da Nokia que, além da fábrica, mantém o Instituto Nokia de Tecnologia (INDT) e a Fundação Nokia de Ensino.

A espera acabou! Lançando oficialmente no início deste mês no país com pré-venda em lojas virtuais de algumas operadoras, o Samsung Galaxy S5 começará a ser comer-cializado a partir da próxima terça-feira (29), em Manaus.

De acordo com a TIM, neste primeiro mo-mento, novos e atuais usuários de planos pós-pagos poderão adquirir o smartphone ao preço de R$ 1.999. Após o lançamento especial, o valor de venda do smartphone será de R$ 2.299.

O Samsung Galaxy S5 é um dos lançamentos mais esperados. O novo aparelho possui tela touch de 5.1 polegadas, processador Quad Core 2.5 GHz, câmera de 16 MP e memória interna de 16GB.

Venda do Galaxy S5 começa em Manaus

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 B5PaísMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Além dos 12 produtos in-tegrantes na cesta básica, a pesquisa levantou os pre-ços de frutas tradicionais que fazem o gosto do ma-nauense. Entram na relação melão, maçã, laranja, pêra, maracujá e melancia.

Na soma de todos os itens, a rede atacadista voltou a apresentar o menor valor total (R$ 26) na soma por quilo, seguido de perto pela feira da Manaus Moderna (R$ 26,50). O DB da Paraí-ba apresentou o valor total mais caro com R$ 32,02.

A principal diferença de valores foi notada entre a pêra e o maracujá. No DB, a primeira custava R$ 11,90 o quilo, enquanto na feira custava R$ 8. O maracujá, por sua vez, no DB esta-va mais caro (R$ 5,66) se comparado ao da Manaus Moderna (R$ 2,50).

Conforme o administrador Adrielson Farias, 24, além de ser um bom local para comprar frutas, a Manaus Moderna oferece vantagens nos preços das verduras e dos legumes. “Costumo comprar tomate, cebola, batata e poupas de frutas aqui (Manaus Moderno). Sai muito mais barato do que se eu fosse comprar em algum mercado. Economizo mais de 40%”, aponta.

Mas nem todas as com-pras de Adrielson são feitas na feira localizada no Centro de Manaus. Segundo ele, na hora de comprar o peixe, o melhor é recorrer às tradi-cionais redes de supermer-cados da cidade, onde, na opinião do administrador, os menores preços podem ser encontrados. “Nesse caso a economia é garantida no supermercado”, avalia.

Frutas mais baratas no atacado

O presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, ava-lia o resultado dos preços pesquisados entre os três locais como “dentro do es-perado” para os segmentos avaliados. Para ele, a com-pra em redes atacadistas torna-se mais em conta aos consumidores por alguns fatores que devem ser le-vados em consideração.

Segundo Evangelista, a venda no atacado por si só tem um custo fi xo menor para o lojista. Ele explica que o empresário do segmento não precisa ter uma estrutu-ra grande para fazer aquela venda, uma vez que venderá tudo no atacado. “Nesse sen-tido a rede precisa de pouca mão de obra, o que acaba refl etindo no preço fi nal da

mercadoria, que será bem menor”, observa.

Em contrapartida, o custo fi xo de um supermercado é diferente do atacadista,

porque alguns deles fazem compras no próprio atacado, o que encarece o produto para o consumidor.

Conforme o economista, o local mais indicado para

se fazer compras é na rede atacadista, que por comprar volumes maiores, consegue abater e diminuir os custos com atravessadores, que são o principal “calcanhar de Aquiles” dos feirantes, e, que por isso, não conse-guem concorrer em igual-dade de condições.

“Sempre que puder, de-pendendo do item, é inte-ressante fazer as compras no atacado, uma vez que se vai economizar o gasto com alimentos. E dentro do ren-dimento familiar sobrará um dinheirinho para gastar com outras coisas, princi-palmente no lazer. Contudo, o consumidor não deve abrir mão do direito dele de pes-quisar os melhores valores. Isso é fundamental para en-contrar os melhores preços”, sustenta Evangelista.

Diferenças ‘dentro do esperado’

Comprar no atacadista é mais baratoVantagem fi cou clara após levantamento do EM TEMPO realizado em feiras e redes dos segmentos varejo e atacado

Antes de realizar as com-pras do mês, o consu-midor manauense deve fi car atento e pesquisar

os preços em pontos diferentes antes de decidir “fazer o rancho”. O EM TEMPO visitou três dife-rentes tipos de comércio para conferir de perto os valores dos produtos que não podem faltar na mesa das pessoas e constatou que, com dinheiro ou crédito disponível é mais vanta-joso comprar na prateleira do atacadista.

No mês de março, Manaus registrou a maior redução (1,25%) na cesta básica entre as 18 capitais brasileiras pes-quisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor total da cesta manauense fi cou em R$ 308,19, enquanto em Porto Alegre que registrou a mais cara o preço fi cou em R$ 356,17. São Paulo (R$ 351,46) e Rio de Janeiro (R$ 345,11) também seguiram entre as mais caras.

Com base nos 12 itens da cesta básica – composta por feijão, farinha, tomate, arroz, carne bovina, óleo, pão francês, açúcar, manteiga, café, leite e banana – utilizados como alicer-ce na pesquisa divulgada men-salmente pelo Dieese sobre o valor do conjunto de produtos, o EM TEMPO fez a compara-ção dos valores apresentados no supermercado DB da Pa-raíba, na feira da

Manaus Moderna e no ata-cadista Nova Era, na última quinta-feira.

Os números colocaram o Nova Era como o estabeleci-mento que apresentou o menor valor na soma de 11 itens, com R$ 54,60 - com a exceção do pão francês que na feira não foi encontrado. O cálculo levou em consideração quantidades semelhantes entre as marcas de mercadorias mais baratas encontradas nas redes de co-mércio. Na Manaus Moderna, a lista de produtos somou o valor de R$ 60,50 -enquanto no

DB chegou a R$ 56,78 - uma diferença de apenas R$ 2,18 sobre a rede atacadista.

Os produtos que apresen-taram as maiores variações de valores dentre os estabe-lecimentos foram a farinha, o tomate e a manteiga. O pri-meiro item estava mais caro na Manaus Moderna (R$ 7) e o valor mais em conta foi encontrado no Nova Era (R$ 4,59), assim como o tomate e a manteiga, que se encontravam com preços mais baratos na rede atacadista. Esta última poderia ser adquirida na feira até por R$ 10 - qua-se 30% mais “salgado” que no atacado.

A aposentada Selma Bar-ros, 68, conta que todos os meses faz as compras da fa-mília no DB da Paraíba, por considerar os preços atrati-vos e o ambiente agradável. Por mês, ela calcula que gasta aproximadamente R$ 1,3 mil com o rancho para uma casa onde resi-dem cinco pessoas. Contu-do, a aposentada prefere comprar as verduras na feira da Cachoeirinha, Zona Sul, bairro onde mora.

Entre os segmentos pes-quisados, o supermercado foi o que apresentou os va-lores mais “salgados” para o bolso do cliente. Por meio de nota, o DB explicou que,

por conta de estratégias adotadas em promoções de produtos para cada dia da semana, o preços analisa-dos podem não representar a média apresentada pela rede varejista. Nos quesi-tos fruta e cesta básica, o mercado apresentou os maiores preços.

A principal alta apresen-tada foi na comparação dos valores voltados para verduras e hortaliças, que no supermercado soma-ram R$ 30,44 mais caro que na feira da Manaus Mo-derna. O item com maior variação foi a salsa, sendo 150% mais cara no DB em relação à feira.

Ambiente conta para o cliente

VARIAÇÃOItens como óleo, feijão, arroz e açúcar, apre-sentaram as menores variações na pesquisa. O feijão e o arroz va-riaram R$ 0,51, segui-dos pelo açúcar com R$ 0,50 e o óleo, com diferença de R$ 0,46

LUXOAlguns produtos che-gam a ser artigo de luxo, pouco acessível para o amazonense. Entre eles está a uva, que chega a custar nos supermercados e nas feiras de Manaus até R$ 14 o quilo

Hortaliças 150% mais baratas na feira do que nos supermercados

Consumidora faz cálculos antes de pagar a conta no supermercado

A garrafa de óleo (900ml) foi um dos produtos mostrados na lista que tiveram menor variação entre os segmentos pesquisados

O litro do leite foi um dos poucos itens da lista que estavam com valor mais caro na rede atacadista

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ANDRÉ TOBIASEquipe EM TEMPO

Além dos 12 produtos in-tegrantes na cesta básica, a pesquisa levantou os pre-ços de frutas tradicionais que fazem o gosto do ma-nauense. Entram na relação melão, maçã, laranja, pêra, maracujá e melancia.

Na soma de todos os itens, a rede atacadista voltou a apresentar o menor valor total (R$ 26) na soma por quilo, seguido de perto pela feira da Manaus Moderna (R$ 26,50). O DB da Paraí-ba apresentou o valor total mais caro com R$ 32,02.

A principal diferença de valores foi notada entre a pêra e o maracujá. No DB, a primeira custava R$ 11,90 o quilo, enquanto na feira custava R$ 8. O maracujá, por sua vez, no DB esta-va mais caro (R$ 5,66) se comparado ao da Manaus Moderna (R$ 2,50).

Conforme o administrador Adrielson Farias, 24, além de ser um bom local para comprar frutas, a Manaus Moderna oferece vantagens nos preços das verduras e dos legumes. “Costumo comprar tomate, cebola, batata e poupas de frutas aqui (Manaus Moderno). Sai muito mais barato do que se eu fosse comprar em algum mercado. Economizo mais de 40%”, aponta.

Mas nem todas as com-pras de Adrielson são feitas na feira localizada no Centro de Manaus. Segundo ele, na hora de comprar o peixe, o melhor é recorrer às tradi-cionais redes de supermer-cados da cidade, onde, na opinião do administrador, os menores preços podem ser encontrados. “Nesse caso a economia é garantida no supermercado”, avalia.

Frutas mais baratas no atacadoo EM TEMPO fez a compara-ção dos valores apresentados no supermercado DB da Pa-raíba, na feira da

e o valor mais em conta foi encontrado no Nova Era (R$ 4,59), assim como o tomate e a manteiga, que se encontravam com preços mais baratos na rede atacadista. Esta última poderia ser adquirida na feira até por R$ 10 - qua-se 30% mais “salgado” que no atacado.

O quilo da laranja foi encontrado mais caro na Ma-naus Moderna

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 B5PaísMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Além dos 12 produtos in-tegrantes na cesta básica, a pesquisa levantou os pre-ços de frutas tradicionais que fazem o gosto do ma-nauense. Entram na relação melão, maçã, laranja, pêra, maracujá e melancia.

Na soma de todos os itens, a rede atacadista voltou a apresentar o menor valor total (R$ 26) na soma por quilo, seguido de perto pela feira da Manaus Moderna (R$ 26,50). O DB da Paraí-ba apresentou o valor total mais caro com R$ 32,02.

A principal diferença de valores foi notada entre a pêra e o maracujá. No DB, a primeira custava R$ 11,90 o quilo, enquanto na feira custava R$ 8. O maracujá, por sua vez, no DB esta-va mais caro (R$ 5,66) se comparado ao da Manaus Moderna (R$ 2,50).

Conforme o administrador Adrielson Farias, 24, além de ser um bom local para comprar frutas, a Manaus Moderna oferece vantagens nos preços das verduras e dos legumes. “Costumo comprar tomate, cebola, batata e poupas de frutas aqui (Manaus Moderno). Sai muito mais barato do que se eu fosse comprar em algum mercado. Economizo mais de 40%”, aponta.

Mas nem todas as com-pras de Adrielson são feitas na feira localizada no Centro de Manaus. Segundo ele, na hora de comprar o peixe, o melhor é recorrer às tradi-cionais redes de supermer-cados da cidade, onde, na opinião do administrador, os menores preços podem ser encontrados. “Nesse caso a economia é garantida no supermercado”, avalia.

Frutas mais baratas no atacado

O presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, ava-lia o resultado dos preços pesquisados entre os três locais como “dentro do es-perado” para os segmentos avaliados. Para ele, a com-pra em redes atacadistas torna-se mais em conta aos consumidores por alguns fatores que devem ser le-vados em consideração.

Segundo Evangelista, a venda no atacado por si só tem um custo fi xo menor para o lojista. Ele explica que o empresário do segmento não precisa ter uma estrutu-ra grande para fazer aquela venda, uma vez que venderá tudo no atacado. “Nesse sen-tido a rede precisa de pouca mão de obra, o que acaba refl etindo no preço fi nal da

mercadoria, que será bem menor”, observa.

Em contrapartida, o custo fi xo de um supermercado é diferente do atacadista,

porque alguns deles fazem compras no próprio atacado, o que encarece o produto para o consumidor.

Conforme o economista, o local mais indicado para

se fazer compras é na rede atacadista, que por comprar volumes maiores, consegue abater e diminuir os custos com atravessadores, que são o principal “calcanhar de Aquiles” dos feirantes, e, que por isso, não conse-guem concorrer em igual-dade de condições.

“Sempre que puder, de-pendendo do item, é inte-ressante fazer as compras no atacado, uma vez que se vai economizar o gasto com alimentos. E dentro do ren-dimento familiar sobrará um dinheirinho para gastar com outras coisas, princi-palmente no lazer. Contudo, o consumidor não deve abrir mão do direito dele de pes-quisar os melhores valores. Isso é fundamental para en-contrar os melhores preços”, sustenta Evangelista.

Diferenças ‘dentro do esperado’

Comprar no atacadista é mais baratoVantagem fi cou clara após levantamento do EM TEMPO realizado em feiras e redes dos segmentos varejo e atacado

Antes de realizar as com-pras do mês, o consu-midor manauense deve fi car atento e pesquisar

os preços em pontos diferentes antes de decidir “fazer o rancho”. O EM TEMPO visitou três dife-rentes tipos de comércio para conferir de perto os valores dos produtos que não podem faltar na mesa das pessoas e constatou que, com dinheiro ou crédito disponível é mais vanta-joso comprar na prateleira do atacadista.

No mês de março, Manaus registrou a maior redução (1,25%) na cesta básica entre as 18 capitais brasileiras pes-quisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor total da cesta manauense fi cou em R$ 308,19, enquanto em Porto Alegre que registrou a mais cara o preço fi cou em R$ 356,17. São Paulo (R$ 351,46) e Rio de Janeiro (R$ 345,11) também seguiram entre as mais caras.

Com base nos 12 itens da cesta básica – composta por feijão, farinha, tomate, arroz, carne bovina, óleo, pão francês, açúcar, manteiga, café, leite e banana – utilizados como alicer-ce na pesquisa divulgada men-salmente pelo Dieese sobre o valor do conjunto de produtos, o EM TEMPO fez a compara-ção dos valores apresentados no supermercado DB da Pa-raíba, na feira da

Manaus Moderna e no ata-cadista Nova Era, na última quinta-feira.

Os números colocaram o Nova Era como o estabeleci-mento que apresentou o menor valor na soma de 11 itens, com R$ 54,60 - com a exceção do pão francês que na feira não foi encontrado. O cálculo levou em consideração quantidades semelhantes entre as marcas de mercadorias mais baratas encontradas nas redes de co-mércio. Na Manaus Moderna, a lista de produtos somou o valor de R$ 60,50 -enquanto no

DB chegou a R$ 56,78 - uma diferença de apenas R$ 2,18 sobre a rede atacadista.

Os produtos que apresen-taram as maiores variações de valores dentre os estabe-lecimentos foram a farinha, o tomate e a manteiga. O pri-meiro item estava mais caro na Manaus Moderna (R$ 7) e o valor mais em conta foi encontrado no Nova Era (R$ 4,59), assim como o tomate e a manteiga, que se encontravam com preços mais baratos na rede atacadista. Esta última poderia ser adquirida na feira até por R$ 10 - qua-se 30% mais “salgado” que no atacado.

A aposentada Selma Bar-ros, 68, conta que todos os meses faz as compras da fa-mília no DB da Paraíba, por considerar os preços atrati-vos e o ambiente agradável. Por mês, ela calcula que gasta aproximadamente R$ 1,3 mil com o rancho para uma casa onde resi-dem cinco pessoas. Contu-do, a aposentada prefere comprar as verduras na feira da Cachoeirinha, Zona Sul, bairro onde mora.

Entre os segmentos pes-quisados, o supermercado foi o que apresentou os va-lores mais “salgados” para o bolso do cliente. Por meio de nota, o DB explicou que,

por conta de estratégias adotadas em promoções de produtos para cada dia da semana, o preços analisa-dos podem não representar a média apresentada pela rede varejista. Nos quesi-tos fruta e cesta básica, o mercado apresentou os maiores preços.

A principal alta apresen-tada foi na comparação dos valores voltados para verduras e hortaliças, que no supermercado soma-ram R$ 30,44 mais caro que na feira da Manaus Mo-derna. O item com maior variação foi a salsa, sendo 150% mais cara no DB em relação à feira.

Ambiente conta para o cliente

VARIAÇÃOItens como óleo, feijão, arroz e açúcar, apre-sentaram as menores variações na pesquisa. O feijão e o arroz va-riaram R$ 0,51, segui-dos pelo açúcar com R$ 0,50 e o óleo, com diferença de R$ 0,46

LUXOAlguns produtos che-gam a ser artigo de luxo, pouco acessível para o amazonense. Entre eles está a uva, que chega a custar nos supermercados e nas feiras de Manaus até R$ 14 o quilo

Hortaliças 150% mais baratas na feira do que nos supermercados

Consumidora faz cálculos antes de pagar a conta no supermercado

A garrafa de óleo (900ml) foi um dos produtos mostrados na lista que tiveram menor variação entre os segmentos pesquisados

O litro do leite foi um dos poucos itens da lista que estavam com valor mais caro na rede atacadista

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ANDRÉ TOBIASEquipe EM TEMPO

Além dos 12 produtos in-tegrantes na cesta básica, a pesquisa levantou os pre-ços de frutas tradicionais que fazem o gosto do ma-nauense. Entram na relação melão, maçã, laranja, pêra, maracujá e melancia.

Na soma de todos os itens, a rede atacadista voltou a apresentar o menor valor total (R$ 26) na soma por quilo, seguido de perto pela feira da Manaus Moderna (R$ 26,50). O DB da Paraí-ba apresentou o valor total mais caro com R$ 32,02.

A principal diferença de valores foi notada entre a pêra e o maracujá. No DB, a primeira custava R$ 11,90 o quilo, enquanto na feira custava R$ 8. O maracujá, por sua vez, no DB esta-va mais caro (R$ 5,66) se comparado ao da Manaus Moderna (R$ 2,50).

Conforme o administrador Adrielson Farias, 24, além de ser um bom local para comprar frutas, a Manaus Moderna oferece vantagens nos preços das verduras e dos legumes. “Costumo comprar tomate, cebola, batata e poupas de frutas aqui (Manaus Moderno). Sai muito mais barato do que se eu fosse comprar em algum mercado. Economizo mais de 40%”, aponta.

Mas nem todas as com-pras de Adrielson são feitas na feira localizada no Centro de Manaus. Segundo ele, na hora de comprar o peixe, o melhor é recorrer às tradi-cionais redes de supermer-cados da cidade, onde, na opinião do administrador, os menores preços podem ser encontrados. “Nesse caso a economia é garantida no supermercado”, avalia.

Frutas mais baratas no atacadoo EM TEMPO fez a compara-ção dos valores apresentados no supermercado DB da Pa-raíba, na feira da

e o valor mais em conta foi encontrado no Nova Era (R$ 4,59), assim como o tomate e a manteiga, que se encontravam com preços mais baratos na rede atacadista. Esta última poderia ser adquirida na feira até por R$ 10 - qua-se 30% mais “salgado” que no atacado.

O quilo da laranja foi encontrado mais caro na Ma-naus Moderna

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Page 14: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

B6 País MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Fiocruz trabalha na vacina da malária e novas drogasApesar dos esforços, não há previsão de quando as susbstâncias alternativas e a imunização da doença estarão prontas

O Laboratório de Pes-quisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz)

está desenvolvendo drogas alternativas que possam ser administradas junto com uma vacina contra a malária para aumentar a imunidade em relação à doença. Ainda não há, porém, perspectiva de quando a vacina ou as novas substâncias estarão disponíveis, disse à Agência Brasil o chefe do laboratório e presidente da Federação Internacional de Medicina Tropical e Malária, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro.

Na última sexta-feira (25) foi celebrado o Dia Mundial da Luta contra a Malária, data em que a Organização Mun-dial da Saúde (OMS) reforça a importância de se trabalhar para a eliminação da doença em todos os países.

No momento, a Fiocruz está efetuando testes pré-quími-cos em animais próximos ao homem (primatas), mas ainda terão de ser feitas ex-perimentações em humanos. “Acho que estamos chegando perto de termos uma vacina, em 10 anos, que proteja completamente, e uma que proteja parcialmente, em 5

anos, ou até em 3 anos. As nossas experiências estão em um estágio menos adiantado”, manifestou o especialista.

Segundo Daniel-Ribeiro, o grande desafio para o Bra-sil, hoje, é eliminar a malária que mata, antes que ela se torne resistente às drogas disponíveis, procurando as pessoas infectadas em suas

casas, como ocorria na déca-da de 1950. Destacou, além disso, a necessidade de se “conscientizar a população e o pessoal da área de saúde que malária é um problema grave, de emergência médica, porque pode matar na área extra-amazônica”.

No país, a Amazônia con-centra 99,6% dos casos de malária. Mas, graças ao diag-

nóstico imediato, os registros na região caíram 26% em um ano, passando de 241 mil ca-sos, em 2012, para 177 mil, no ano seguinte. Daniel-Ribeiro explicou que quando o trata-mento é feito nas primeiras 48 horas após a identificação da doença, diminui a chance de o paciente ficar muito do-ente e, eventualmente, mor-rer. Lembrou que 82% dos registros são causados por um parasita que não mata.

RecursosO tratamento atual utiliza

uma associação medicamen-tosa que mata o parasita em poucas horas. Há boas ferramentas, disse o pesqui-sador, assegurando que está tentando desenvolver novas drogas, tendo em vista que 18% dos casos de malária se devem ao plasmódio (pa-rasita da malária) que mata. Ele analisou como oportuna a decisão do milionário nor-te-americano Bill Gates, nos anos 2000, de investir re-cursos em pesquisas visando à erradicação da malária no mundo. A partir daí, os pes-quisadores passaram a usar testes de diagnóstico rápido e mosquiteiros impregnados de inseticidas atóxicos.

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Segundo o pesquisador, 82% dos casos de malária são causados por um parasita que não mata

INVESTIMENTOO chefe do Labora-tório de Pesquisa em Malária do IOC-Fio-cruz acredita que os prefeitos “têm que investir no combate à malária”. Para ele, a doença tem que estar na agenda pública

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B7MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 País

Recomendação na quebra do contrato entre Infraero e o consórcio que realiza os trabalhos no aeroporto de Fortaleza foi feita pelo Ministério Público Federal

Aeroporto do CE pode ter obras interrompidas

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (In-fraero) abriu um pro-

cesso administrativo para rescindir unilateralmente o contrato com o consórcio responsável pelas obras de reforma e ampliação do Ae-roporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza (CE). O consórcio tem cinco dias úteis a partir do recebimento da documentação para apre-sentar defesa.

A rescisão do contrato foi recomendada pelo Ministé-rio Público Federal no Cea-rá, que argumentou que o consórcio demonstrou não ter condições técnicas e fi-nanceiras de cumprir os cro-nogramas de execução das obras do aeroporto.

A recomendação enviada à Infraero é baseada em rela-tório do Tribunal de Contas da União (TCU) que consta-tou a existência de atrasos injustificados na execução da obra do Terminal de Passageiros 2.

Na recomendação, o MPF sugere à Infraero a abertura de novo procedimento de con-tratação pública em obser-vância às diretrizes traçadas pelo TCU para a continuidade das obras de reforma e am-pliação do aeroporto.

Relatório do TCU constatou que houve atrasos injustificados nos trabalhos do aeroporto

EBC

Segundo a Infraero, o ter-minal provisório vai ampliar a capacidade do aeroporto dos atuais 6,2 milhões de passageiros por ano para 6,9 milhões. A previsão de entrega do terminal, que fi-cará disponível por 90 dias, é no próximo mês. A demanda prevista para 2014 é 6,8 milhões de passageiros.

O responsável pelas obras no aeroporto de Fortaleza é o Consórcio Novo Fortaleza, formado pelas empresas Consbem Construções, Paulo Octávio Investimentos Imo-biliários e MPE Montagens e Projetos Especiais. O grupo venceu a licitação feita em 2012, por meio de Regime Di-ferenciado de Contratação

(RDC), para realizar obras de reforma, ampliação e mo-dernização do terminal de passageiros do aeroporto.

Em sua conta no Twit-ter, o ministro de Aviação Civil, Moreira Franco, in-formou que, para a Copa do Mundo, foi contratado um terminal provisório de padrão internacional.

Licitação foi feita por RDC

São Paulo anuncia “ação emergencial” de auxílio

A secretária de Justiça do Estado de São Pau-lo, Eloisa Arruda, afirmou que foram iniciadas “ações emergenciais” para aten-der o grande número de imigrantes haitianos que chegou à capital paulista nas últimas semanas.

As pessoas que estão abrigadas na paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, na região central, receberam colchões e passaram a re-ceber duas refeições por dia - a comida seria resul-

tado das doações que a paróquia recebeu.

Arruda afirmou ainda que 200 refeições passarão a ser oferecidas de graça para os imigrantes pelo ‘Bom Prato’ e serão ofere-cidos, ainda, cursos profis-sionalizantes para os hai-tianos que quiserem. Esses cursos serão ministrados em carretas-escolas.

O grande número de imigrantes foi tema de uma reunião com auto-ridades do Estado e de outras instituições.

HAITIANOS

Laudo da perícia conclui que garoto não foi enterrado vivo

Um laudo elaborado por peri-tos do Rio Grande do Sul concluiu que o garoto Bernardo Boldrini, encontrado morto na semana passada, não foi enterrado vivo. De acordo com a Polícia Civil, não foram achados resíduos de minerais no pulmão do menino nessa perícia, o que descartou a hipótese. Uma equipe do Institu-to Geral de Perícias do Estado está em Três Passos, cidade onde o garoto morava, para participar das investigações.

O corpo de Bernardo foi achado numa cova rasa em um matagal em Frederico Wes-tphalen (a 447 km de Porto

Alegre). O pai dele, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugolini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz estão presos sob suspeita de parti-cipação no crime.

Em depoimento, revelado pelo jornal “Zero Hora”, Edelvâ-nia confessou o envolvimento e disse que não sabia se o garoto havia sido enterrado vivo. Segundo a defesa dela, a assistente social participou somente da ocultação do cadá-ver. A polícia diz que Leandro não estava na cena do crime e a defesa dele nega qualquer participação no assassinato.

CASO BERNARDO

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Papas João Paulo 2º e João 23 serão canonizados hoje Celebração ocorrerá no Vaticano - às 5h, pelo horário de Brasília -, onde são esperadas mais de um milhão de pessoas

Telões foram montados pela prefeitura de Roma em quatro pontos da cidade para que as pessoas possam assistir à canonização sem precisar se deslocar à Praça São Pedro, onde se espera a presença de um milhão de fiéis.

Os organizadores chegam

a falar em cinco milhões de pessoas pela região nos últimos dias, números não confirmados oficialmente.

O livro litúrgico da missa revela que, em determina-do momento, o papa e seus auxiliares vão rogar para que Deus, sob as preces do agora

“São João 23”, ajude os líderes das nações a “rejeitar a esca-lada de ódio e violência”.

Há poucos dias, o papa Francisco pediu o fim da crise militar entre Ucrânia e Rússia. Já “São João Paulo 2º” receberá apelo para aju-dar a manter a “dignidade

humana” na cultura, na ci-ência e nos governos.

Segundo o Vaticano, duas relíquias serão usadas: um frasco contendo sangue de João Paulo 2º e outro com pe-daço de pele retirado de João 23 no ano de 2000, quando seu corpo foi exumado.

Cerimônia pode ser acompanhada em telões

A capital da Itália montou uma operação gigan-te para o evento que declara, neste domingo

(27),como santos o polonês João Paulo 2º e o italiano João 23 em missa comandada pelo papa Francisco - tendo seu anteces-sor, o papa emérito Bento 16, como convidado especial.

Serão dois papas celebrando a canonização de outros dois, diante de pelo menos um milhão de pessoas na praça São Pedro, incluindo 24 chefes de Estado.

Até a última sexta-feira (25), não havia nenhum representan-te brasileiro na lista divulgada pelo Vaticano. A expectativa é de 2 bilhões de espectadores pela TV ou internet.

Bandeiras da Polônia, terra natal de João Paulo 2º (morto em 2005), tomam conta de Roma, desde a última sexta-feira, assim como centenas de fotografias dele e de João 23 misturadas ao comércio de lem-branças alusivas às imagens de ambos como santos católicos.

Na sexta-feira à noite, foi realizada uma vigília por igrejas de Roma, que deram início às homenagens. A grande missa está marcada para começar às 10h de domingo (5h, em Brasília). Seis mil padres e 150 cardeais e bispos vão ajudar na

cerimônia, já considerada única e histórica pelo Vaticano.

A canonização de ambos foi anunciada em 2013 por Francis-co, após exceções concedidas para que isso ocorresse.

No caso de João Paulo 2º, seu sucessor, Bento 16, dispensou ainda em 2005, logo após sua morte, o prazo necessário de cinco anos para a abertura de um processo desse tipo.

Naquele mesmo ano foi aber-ta a investigação do primeiro milagre atribuído a ele -a se-gunda graça, requisito para virar santo, ocorreu em 2011.

Já João 23, papa entre 1958 e 1963, será declarado santo sem o reconhecimento do segun-do milagre, porque Francisco decidiu canonizá-lo por suas virtudes em vida.

A prefeitura de Roma distri-buirá quatro milhões de garra-fas de água e contará com a ajuda de 2.600 voluntários da defesa civil e 2 mil policiais.

“Pela primeira vez na história, nosso metrô estará aberto du-rante à noite. É um dia de festa por vários motivos”, diz o pre-feito da cidade, Ignazio Marino. Apesar da euforia, ele admitiu recentemente que a cerimônia já resultou num custo extra de 7 milhões de euros (R$ 21,6 milhões) aos cofres públicos.

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Papa Francisco e o Papa emérito Bento 16 estarão juntos na celebração que canoniza os papas João Paulo 2º e João 23

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 (92) 3090-1041

Doações que garantem vidas

Dia a dia C2 e C3

IONE MORENO

A campanha nacional, para denunciar a prá-tica da revista vexató-ria em mulheres que

visitam seus parentes nos presídios do país, foi lançada na última quarta-feira (23), em São Paulo. Essa tem sido a proposta da Rede Justiça Criminal na busca de sen-sibilizar o Congresso Nacio-nal para aprovar o projeto de lei 480/2013, da senadora Ana Rita (PT/ES).

Pelo projeto, o método revista pessoal das visi-tantes será feito por meio de equipamentos eletrô-nicos como detectores de metais, aparelhos de raio-x ou similares ou até mesmo manualmente, desde que não haja desnudamento da mulher. Caso se suspeite de porte de objetos, produtos ou substâncias proibidas no presídio, ou tenha resistên-cia à revista eletrônica, a visita poderá ser feita no parlatório ou em local que não permita o contato físico entre visitante e detento.

O desembargador Sabino da Silva Marques, presidente do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Car-cerário do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), deu o parecer de que o projeto é válido e que a questão está sendo encaminhada com os di-retores de unidades prisionais e com o secretário de Justiça. Está prevista para maio uma reunião com todos. De acor-do com Marques, é preciso uniformizar os procedimen-tos de revista para a visita,

pois a situação se compli-ca em relação às mulheres. “Lamentavelmente, inúmeras pessoas aproveitam e fazem chegar ao presídio objetos e instrumentos, por não haver revista apurada. Sei que o Estado terá que se aparelhar com os equipamentos eletrô-nicos e capacitar servidores para operar os maquinários”, diz o desembargador.

Aqueles que colaboram com o social nos presídios apontam a revista vexatória como entrave na expansão do trabalho voluntário, como

conta a assistente social Elza Peres Ferreira Lima, 49, que há 6 anos contribui com a ressocialização dos internos. Segundo ela, a revista tem diminuído o número de vo-luntários no projeto, sob a justifi cativa de que o desnu-damento perante os agentes prisionais é constrangedor e poucos continuam no proje-to agarrados pela principal justifi cativa do “amor ao próximo”, submetendo-se ao ato. “Numa dessas (re-vistas) queriam fazer a vis-toria total nas mulheres, daí falamos com o diretor que liberou a parcial, ou seja,

somente a apalpação, o que não deixa de ser vergonho-so. Nós não queremos expor nosso corpo”, relata.

A voluntária do trabalho cris-tão em presídio comemora antecipadamente a possível aprovação do PL. “O aval deste projeto de lei irá impulsio-nar o trabalho cristão nos presídios. Pela obra de Deus suportamos a revista vexa-tória. Existindo outras pos-sibilidades de revista, será bem melhor”, aponta.

O presidente da Comissão de Defesa do Direitos Huma-nos da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB/AM), Epitácio Almeida, acusa que o método de vistoria re-alizada inibe a visitação aos internos, momento este que colabora para a reintegração dos encarcerados.

Para ele, caso seja aprova-da a nova medida, não haverá caos na segurança interna dos presídios. “Refl ito positi-vamente no comportamento dos encarcerados e sabemos que a família para eles é o bem maior. Eles prezam e priorizam o bom tratamento. É de direito legal, tanto aos familiares como para aque-les que realizam trabalhos sociais de forma voluntária”, analisa Epitácio.

Maria Marques, da Pasto-ral Carcerária do Amazonas, afi rma que o grupo sempre foi contra a revista vexató-ria, pois tem sido uma práti-ca humilhante e degradante principalmente em crianças e mulheres. Ela questiona se são realmente os familiares e grupos sociais que infringem as normas de segurança ao transportar objetos ilegais.

Fim da revista vexatória ganha apoio no AmazonasEm lugar do constrangimento para mulheres, presídios serão obrigados a ter equipamentos eletrônicos para o exame

DENYELE CÂNCIOEspecial para o EM TEMPO

Funcionário do presídio da Papuda, no Distrito Federal, mostra o equipamento em funcionamento: uso da tecnologia nas revistas poderá ser alternativa para o fi m dos constrangimentos

PEDRO VENTURA/IMPARES ONLINE

Colaboração à ressocialização

Com a mudança no método, a ressocialização dos presos pode voltar a ser estimulada

“Em nosso Estado a re-vista é uma das mais humi-lhantes práticas aos fami-liares, ações justificadas para controlar e manter as regras. Mas questiono até quando tantas mulheres serão humilhadas no seu mais íntimo pelo sistema prisional? Existem outros mecanismos como há nos aeroportos e que garan-tem a segurança”, frisa Maria Marques.

“Muitas pessoas deixam de contribuir com a res-socialização dos internos por causa dessa revista. Creio ser muito difícil algu-ma coisa ilegal ser levada para lá por grupos cristãos, pois a participação passa por uma série de crité-rios, bem definidos e su-

pervisionados’’, defende a voluntária Elza Peres.

Epitácio Almeida, da OAB-AM, acusou que em al-guns Estados essa revista nos presídios é considera-da arcaica. “Torço por essa aprovação no Congresso Nacional. Já é tempo de deixar este método arcai-co e vexatório no qual o Estado tem tratado os vi-sitantes e familiares. Isso atinge a dignidade huma-na. O Estado deve se atua-lizar e usar a tecnologia a seu favor”, declara.

Epitácio Almeida comen-tou que em Minas Gerais visitantes do sistema car-cerário já são vistoriados por equipamentos, sem necessidade de contato físico ou desnudamento.

O projeto de lei altera a lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal e deve en-trar em vigor seis meses a partir de sua publicação.

As revistas vexatórias fo-ram implantadas no país para impedir que drogas, armas, chips ou celulares entrem nas prisões.

A campanha de apoio ao projeto de lei tem se pro-pagando virtualmente por meio do site http://www.fi-mdarevistavexatoria.org.br/, e coletado assinaturas dos apoiadores do método de vistoria por equipamen-tos eletrônicos. No site, a Rede de Justiça Criminal disponibiliza material de áudio e vídeo relatando a história das pessoas que se submeteram ao exame.

EVOLUÇÃOPelo projeto que ganha apoio no Amazonas, método da revista pessoal das visitantes será feito por meio de equipamentos eletrô-nicos como detectores de metais, aparelhos de raio-x ou similares

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

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C2 Dia a dia

Um cantinho de aconchego quer sobreviverA Casa do Idoso São Vicente de Paulo luta para manter bom atendimento para os 21 idosos ali instalados, com base em doações e procurando ajuda de governos e empresas

O desafio de qualquer instituição que so-brevive de doações é ter que conviver

com a carência financeira, que se tornou uma luta constan-te das direções e voluntá-rios para oferecer o melhor conforto e qualidade de vida para os necessitados.

Com toda dificuldade, ins-tituições filantrópicas ainda conseguem sua sobrevivên-cia com as doações diárias, mas afirmam que se tivessem um olhar mais caridoso da sociedade e até mesmo dos governantes, poderiam co-laborar melhor para aqueles que precisam de mais que um ombro amigo.

Uma dos locais conhecidos em Manaus é a Casa do Idoso São Vicente de Paulo, locali-zado na rua Jerônimo Ribei-ro, 14, bairro São Raimundo, Zona Oeste. O local é cui-dado por aproximadamente 20 funcionários – boa parte dos quais voluntários.

A Casa do Idoso é um com-plexo de três pavilhões com 10 apartamentos cada, cozinha com despensa, refeitório, sa-lão social, enfermaria, secre-taria e a capela de São Vicente

de Paulo. Com esse espaço, o asilo abriga 21 idosos caren-tes, alguns abandonados.

Antes de se tornar Casa do Idoso, o abrigo teve origem no ano de 1950, na rua Ra-mos Ferreira, localizado no bairro Aparecida, e era co-nhecido como Vila Vicentina ou Vila das Viúvas. Mas, no ano de 1979 a vila foi ven-dida e, para o terreno em

que funcionavam os trans-missores da rádio Rio Mar, foi transferido o abrigo onde a sede funciona até hoje.

Desde 1980, a Casa do Ido-so vem se adequando a uma estrutura organizacional para que esteja em conformidade com o Código Civil e Esta-tuto Nacional do Idoso, mas ainda há muito a ser feito. A diretora da unidade, Lucrecia

Vitoria Melo, explicou que até serviços de acabamentos são aceitos como doação.

“Se alguém é marceneiro, encanador, engenheiro, ou exerce outro tipo de serviço, não precisa só nos ajudar fi-nanceiramente, pois também temos serviços que precisam de um ajuste na encanação, na porta, na fiação que essa pessoa pode fazer”, explicou.

A diretora informou que a Casa do Idoso, desde sua fun-dação, é totalmente sustenta-da por doações, mas que estão batalhando para colocar o asilo na lista das instituições que recebem apoio dos governos.

Enquanto isso, os voluntários têm procurado parcerias com empresas que possam assu-mir algumas doações para mais necessidades. Com a mudança climática que acon-tece em Manaus, a preocupa-ção da diretora é conseguir pelo menos dois 21 ventila-dores de parede para cada quitinete dos moradores.

“Todos os trabalhos, que temos realizado para os re-sidentes, são de ótima qua-lidade e por isso estamos cada vez mais buscando um conforto melhor para eles, que às vezes esperam ape-nas uma pessoa para poder conversar”, disse Lucrecia.

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

Dos idosos que moram na casa, há 13 mulheres e oito homens. O instituto oferece diariamente seis alimentações com quali-dade nutricional, serviço social, enfermagem 24 ho-ras, atendimento nas áreas de fisioterapia, psicologia, odontologia e nutrição.

A diretora contou que os idosos recebem muitas rou-pas. Com aquelas que não servem para eles, o abri-go realiza um brechó para arrecadar dinheiro para a manutenção do local, uma das principais formas de renda, juntamente com as doações que aparecem.

“Recebemos doações, mas ainda precisamos de muita ajuda, pois são pessoas ido-sas que necessitam de mais atenção. Às vezes acontece uma urgência e não temos

um carro para levar o idoso a um hospital mais próximo. Por isso pedimos para quem tiver um veículo parado em sua casa sem utilização que o doe para o abrigo, que será bem reaproveitado”, pediu a diretora.

O dia a dia com cada idoso criou para os voluntários um laço familiar. E por causa desse cuidado próximo, pedi-ram a criação da enfermaria, para que no momento da do-ença pudessem se aproximar dos seus amigos.

Os voluntários se organi-zam para que o lar não fique sem cuidados. A dona de casa Maria Arlene Silva de Oliveira, 50, voluntária há 9 anos do abrigo, confessou que descobriu a sua vocação de ajudar o próximo acom-panhando a sua mãe nas conferências na Igreja Nossa

Senhora de Fátima, bairro Praça 14 de Janeiro.

A conferência reúne pesso-as que trabalham na igreja voluntariamente e se dis-ponibilizam para assistir e acompanhar os idosos e doentes da comunidade. Quando entrou no grupo, em uma das reuniões, Maria Arlene conheceu o trabalho do abrigo, e ao menos uma semana por mês é respon-sável por alguma atividade que o abrigo precise.

“Se me mandarem lavar o banheiro, limpar a casa, cozinhar, arrumar, dar ba-nho nos idosos, lavar rou-pa, qualquer coisa, estou à disposição desse lar, e ainda digo que me dedico por amor a essas pessoas que um dia contribuíram para a nossa sociedade”, detalhou a voluntária.

Voluntários unem seus esforços

Dona Évica Kern, moradora do abrigo, que fala vários idiomas: atenção e carinho constantes

Lucrecia Vitória Melo, diretora da Casa do Idoso: procurando sempre levar mais conforto

HISTÓRIAAntes de se tornar Casa do Idoso, o abri-go teve origem no ano de 1950, na rua Ramos Ferreira, em Aparecida, e era conhecido como Vila Vicentina ou Vila das Viúvas, onde fun-cionou até 1979

Graças ao esforço dos voluntários, a Casa do Idoso conseguiu atender a todos os idosos

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MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2013 C3

Um cantinho de aconchego quer sobreviver

Na Casa São Vicente de Paulo, idosos conseguem atendimento adequado a suas necessidades

No abrigo a moradora mais antiga é a dona Mer-cedes Soares, de 95 anos. Paraense, moradora desde os tempos da Vila das Viú-vas e hoje com problemas de audição pede aos que a visitam que escrevam no seu caderno seu nome para que ela possa rezar para quem teve um tem-po para conversar com os

moradores do abrigo.O casal José Barros e Anto-

nieta Barroso, que sofrem de mal de Alzheimer, também foram acolhidos na Casa do Idoso. Por não se lembrar de sua esposa, ele, às vezes, re-age com agressividade, por isso recentemente o casal precisou ser separado. An-tonieta passa o dia andan-do pelo local acompanhada

dos voluntários.Quem visita o abrigo pode

encontrar pessoas com vá-rias histórias e até quem queira conversar em outras línguas. Uma abrigada da Iugoslávia, Évica Kern, 88, conhecida como “Bem-te-vi”, pois cativou os pas-sarinhos alimentando-os diariamente, também fala vários idiomas.

Histórias de amor e carinho

Dona Mercedes, moradora mais antiga, oferece orações para os visitantes do abrigo

Moradores do abrigo, voluntários e funcionários: todos juntos na busca de mais apoio

No abrigo a recepção está a cargo de dona Terezinha de Jesus, 81. De início, ela fica meio preocupada, por não saber a finalidade da visita. Ela cresceu na Vila das Viúvas ao morar com sua mãe. No local conhe-ceu um rapaz, casou, mas o destino a deixou viúva e fez com que Terezinha sempre

vivesse no abrigo.A mais nova moradora é

Áurea Moraes Freire, 95, re-cebida no abrigo em 11 de março. Para ela é a maior felicidade ter sido acolhida, pois não tem família, apenas sobrinhos distantes. Ela se sente mais segura ali.

Para o próximo Dia das Mães, a direção do abrigo

e os voluntários programam uma festa para aqueles que fazem seus dias mais felizes. Para que isso seja realizado, todos pedem colaboração de doação de brindes e alimentação.

O abrigo é aberto de se-gunda a sábado para visitas nos horários de 8h às 11h30 e das 14h às 16h.

Abrigo organiza homenagens

Dona Terezinha de Jesus faz a recepção dos visitantes da Casa São Vicente de Paulo

Dona Áurea Freire, de 95 anos, é a nova moradora do abrigo, acolhida por novos amigos

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Crianças aprendem sobre cidadania em sala de aulaPequenos estudantes vivenciam projetos que incentivam a responsabilidade social e o conhecimento de direitos e deveres

Na próxima quarta-feira (30), o Serviço Social da Indústria (Sesi Amazonas), em

parceria com o Instituto Cida-dania Brasil, anuncia os vence-dores da edição 2013/2014 do Prêmio Construindo a Nação, que estimula escolas públicas e privadas a desenvolverem, com a participação efetiva dos alunos, projetos que con-templem ações voltadas à ci-dadania. Ao todo, 32 escolas inscreveram projetos.

Um dos destaques é o pro-jeto “Pequeno Cidadão, seus Direitos e Deveres” do Centro Municipal de Educação Infan-til Professor Wilson Mota dos Reis, concorrente na categoria Educação Infantil do Prêmio, que ensina Educação Fiscal a crianças de 3 a 5 anos.

De acordo com a gestora da escola, Regina Coelli Mar-tins, estão envolvidas 150 crianças do bairro Redenção, que aprendem a fazer valer desde cedo seus direitos e deveres como cidadãos.

O desafio de ensinar algo sério para crianças tão peque-nas foi vivenciado na prática com a visita a “mercadinhos” no próprio bairro, onde as crian-ças descobriram o direito de receber a nota fiscal de com-

pra, inclusive com o valor dos impostos embutidos no preço final do produto.

“Nós fazemos um trabalho em conjunto com a família e as crianças, abordando com temas como nota fiscal, recolhimento de impostos e também a ques-tão ambiental. Observamos que não são apenas as crianças que aprendem, mas principal-

mente os pais. Muitos não sa-biam dessas informações e as crianças começam desde cedo a ter consciência dos direitos e deveres e ajudam os pais nesse papel”, disse Regina que revelou que a escola garantiu o 1º lugar na edição do ano passado do prêmio.

Criado pelo Instituto da Ci-dadania Brasil, com apoio da Confederação Nacional da In-

dústria (CNI), por meio do Sesi e outros parceiros, o prêmio, segundo a coordenadora, busca estimular as escolas públicas e privadas a desenvolverem ações que contemplem temas voltados à prática da cidada-nia. Serão premiados os três primeiros colocados de cada ca-tegoria, além da Menção Hon-rosa para escolas que tiveram Destaque Social.

Os projetos Reciclar para In-cluir, do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Madre Elisia, do bairro São Raimundo, e Pequenos Ambientalistas, do Cmei Professora Elza Damas-ceno da Silva, do bairro Santo Antônio, apresentam iniciativas de incentivo à responsabilidade social e também concorrem na Categoria Ensino Infantil.

De acordo com a professora responsável pelo projeto Reci-clar para Incluir, Greyce Rocha, a iniciativa surgiu a partir de problemas de alagamen-tos no bairro. “Começamos a coletar e reutilizar papel, papelão, plástico e transfor-má-los em instrumentos de aula para os demais alunos da escola. Nós temos uma sala que vira oficina de reciclagem, onde pais e alunos trabalham juntos pelo meio ambiente”, conta a professora.

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Para o prêmio estão concorrendo projetos envolvendo crianças em questões de cidadania

CAMPEÕESO projeto Pequeno Ci-dadão, seus Direitos e Deveres é um dos que concorrem ao Prêmio Construindo a Nação, cujos vencedores serão divulgados pelo Sesi e Instituto Cidadania Brasil no dia 30

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C5Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

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C6 Dia a dia

Carauari: o retrato de uma cidade esquecidaMunicípio está marcado pelo abandono e violência, protagonizada principalmente por menores de idade. Número de homicídios cresce de forma assustadora

Deu entrada no hos-pital Platão Araújo, em Manaus, o téc-nico em produção

sustentável em unidade de conservação, Paulo da Cos-ta Carvalho, 18, da Reserva Extrativista (Resex) do Mé-dio Juruá, no município de Carauari. Ele foi agredido violentamente com facadas no intestino ao voltar de uma casa noturna. Paulo es-tava acompanhado de Fa-biano Souza de Souza, 17, que também foi agredido com seis facadas no braço. Ambos foram operados no hospital de Carauari.

Os dois participavam do Encontro de Jovens Prota-gonistas do Médio Juruá, programa implementado pelo Instituto Chico Men-des (ICMBio), nas Unidades de Conservação Reserva Extrativista (Resex) do Médio Juruá e Reserva de Desenvolvimento Sustentá-vel (RDS) Uacari. Eles são alunos do Curso Técnico em Gestão de UCs, finan-ciado pela Fundação Ama-zonas Sustentável (FAS), e administrado pelo Centro de Tecnologia da Amazônia

(Cetam), e são residentes na comunidade do Roque.

A polícia apreendeu os suspeitos de terem come-tido a agressão. São eles Diego Santos da Silva, 18, um menor de 13 anos e dois outros de 17 anos. Eles são acusados de agir com violência gratuita sobre as vítimas e aguardam na uni-dade prisional do municí-pio a decisão do juiz, Jânio Tutomu Takeda.

Segundo o delegado do 61º Distrito Policial de Caraua-ri, Sérgio Santos, as facas utilizadas pelos agressores foram apreendidas e enca-minhadas ao juiz, como pro-va da acusação. Além deste, outros seis casos de violên-cia flagrados pela polícia deram entrada na delega-cia, na mesma madrugada, todos envolvendo menores de idade.

“É latente, em Carauari, a situação de abandono entre os jovens. A maior parte dos casos de violência é come-tida por menores de idade, com arma branca, facas de fabricação caseira”, afirma o delegado.

Lazer e luxúria Segundo a chefe de unida-

de da Resex do Médio Juruá,

Rosi Batista, coordenadora do programa, Paulo é pesqui-sador de campo do ICMBio, aprovado no Cetam em julho do ano passado, prestes a defender monografia no fi-nal de 2014.

“Ele está perdendo o módu-lo do curso de Segurança no Trabalho da Coleta do Açaí. É lamentável. A interrupção do processo de formação desses jovens é uma gran-de perda para o ICMBio e a reserva como um todo”, disse Rosi.

Ela afirma que, por ser ausente nas comunidades da Resex, o lazer é uma vontade premente entre os jovens. “Eles querem sair, se divertir e isso faz parte, mas, infelizmente, são poucas op-ções de lazer para jovens em Carauari e, eles acabam bebendo e envolvendo-se em fatalidades”.

Para ela, Paulo é apenas mais um na estatística de caos social de Carauari. “Apesar da realidade de abandono, os jovens de Ca-rauari podem ter um futuro promissor, pois há enor-me carência de profissio-nais técnicos em produção sustentável e enorme de-manda para este tipo de profissional”, informa. Paulo da Costa Carvalho foi uma das vítimas recentes da onda de crimes em Carauari

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JULIANA BELOTAEspecial para o EM TEMPO

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Carauari: o retrato de uma cidade esquecida

“Comparando a problemá-tica de Carauari com outros municípios e o tamanho popu-lacional, vemos que há um caso atípico, diferente de outros municípios, onde a violência é mais branda. Aqui é comum os jovens andarem armados com faca”, reforça o secretário Francisco Justino.

Para ele, a realidade é muito triste, e o poder público vem procurando soluções. “Não encontramos razão específica para isso, a não ser o uso de drogas, o alcoolismo e a fal-ta de policiamento ostensivo. Faz-se necessário a ocorrên-cia de blitz noturna e revista de porte de armas. Isto, de forma imediata, reduziria os casos de violência e morte, em Carauari”, afirma.

Mas, para ele, somente a

longo prazo pode-se pensar em soluções para o problema da juventude. “Há necessida-de de se pensar em políticas públicas eficientes para a in-tegração social dos jovens. A secretaria está solicitando a implantação de programas como o Galera Nota 10, que tiraria os jovens da rua, ofe-recendo opções de práticas esportivas e artísticas”.

Menoridade penalUm outro problema citado

pelo delegado do 61º Distrito Policial de Carauari, Sérgio Santos, é a impunidade en-tre jovens menores de ida-de. Segundo ele, enquanto em Portugal a menoridade penal termina aos 12 anos, no Bra-sil, se entende até os 18. Isto numa cidade como Carauari

é fator agravante. “A unidade carcerária de Carauari é pre-cária, não há possibilidade de manter uma apreensão pro-longada e mandar os jovens para Manaus, só pioraria o quadro”, lamenta.

O soldado de polícia de Ca-rauari, Elinaldo Pereira, afirma que a maior parte dos crimes é cometida por menores. “Le-vando em conta seu quantita-tivo humano, a cidade de Ca-rauari tem índices altíssimos de violência. E a única solução é o acompanhamento social das famílias. A desinformação é grande. Estamos cansados de trazer os menores, liberar e ter que trazer de novo, pelo mesmo motivo”.

Segundo a vice-prefeita de Carauari, Antônia Suzy Barros de Lima, o município tem a pre-

ocupação de fortalecer o tra-balho voltado para a juventude e a rede de proteção infantil, de crianças adolescentes. “A Semjec e o Conselho Municipal de Crianças e Adolescentes têm feito um trabalho volta-do para este público, mas é uma tarefa árdua, não é fácil lidar com esta realidade. É um grande desafio ampliar o trabalho e fortalecer a arti-culação entre as esferas do governo federal, estadual e municipal”, afirmou.

Atualmente atuam em Carauari o programa do Ministério do Trabalho e Emprego, o Projovem, o programa do Ministério da Educação, Mais Educação, e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).

‘Aqui é comum os jovens andarem armados’A estatística oficial da polí-

cia para os casos de homicí-dio e tentativa de homicídio, entre os anos de 2011 e 2013, em Carauari, cidade com 30 mil habitantes, é de 22 casos em 2011, 28 casos em 2012 e 27 casos em 2013. Em 2014, apenas no primeiro trimestre, estes números já dobraram. Fo-ram registrados pela polícia quatro casos de homicídio e sete tentativas de homicídio, até o mês de março.

Contudo, há contradição entre a estatística da polícia e da população. Segundo o funcionário do escritório local do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renová-veis (Ibama), João de Deus, que desde 1978 vive em Carauari, há muitos casos de violência na cidade, no dia a dia da população, que se encontra amedrontada. “A violência é gratuita, atri-buímos o fato ao consumo de bebida e entorpecentes que não é controlado pelas autoridades”.

O secretário da Secreta-ria Municipal da Juventude, Esporte e Cultura de Ca-rauari (Semjec), Francisco Justino, também afirma que Carauari tem cerca de, pelo menos, dois homicídios ou tentativas de homicídios ao mês.

Números alarmantes de crimes

Fabiano Souza de Souza estava acompanhado de Paulo quando ambos foram atacados por quatro jovens na cidade

População vive assustada e exige mais segurança

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MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 Mania de você A obra de Lina Bo Bardi em seu centenário. Págs. 4 e 5

2 Muito além do sítio Livros recuperam Monteiro Lobato para adultos. Pág. 3

1

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Os animais falantes de Nuno Ramos E outras 8 indicações culturais. Pág. 2

5 Do arquivo de Ángel Gurría-Quintana

O suicida da sociedade Diário de Paris. Pág. 6

Cidade do México, anos 1990. Pág. 7

Capafotografi a deJuan Esteves/Folhapressem 27-12-1992

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G2 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

ARTESLivro e exposição reúnem trabalho de ilustradores das cortes de Justiça dos EUA nos últimos 50 anos

>>folha.com/ilustrissima

ÁNGEL GURRÍA-QUINTANA, 40, é histo-

riador, tradutor e jornalista mexicano. O texto

aqui reproduzido foi originalmente publicado

pela revista britânica “Prospect”.

CHICO ALBUQUERQUE (1917-2000), fo-

tógrafo cearense, foi pioneiro da fotografi a de

publicidade no Brasil. O Instituto Moreira Salles

do Rio expõe 120 de suas imagens até 25/5.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

LIVRO | NUNO RAMOS A “Ilustríssima” faz três per-

guntas para o artista que lança amanhã o conto “Onde um Bicho Cabe”, sobre a relação de um homem com o mundo animal após um choque elétri-co, exclusivamente em e-book, pelo selo Formas Breves da e-galáxi (R$ 1,99; nas lojas Ama-zon, Apple, Google Play, Livraria Cultura, Saraiva e Ib)..

Folha - Qual é sua relação com livros eletrônicos?

Nuno Ramos - Eu tenho alguns, mas uso pouco. Levo o livro muito a sério, é o objeto de que mais gosto. Eu me senti mais à vontade para colocar uma coisa assim no mundo. O fato de ser um e-book parece que permite mostrar antes de estar totalmente pronto.

O que há nesse conto de seu processo criativo em artes, principalmente com volumes?

O tema de um animal falar acompanha meu trabalho há um tempo, não é uma coisa fora da minha poética. O animal é uma espécie de intermediário entre a ma-téria e a linguagem, não fala, mas se expressa. Nesse caso, a personagem esculpe um pouco, tem alguma coisa plástica. Embora eu tente manter uma coisa afasta-da da outra, minha vida como artista plástico e como escritor, esse tema da ani-malidade retorna sempre. A ideia de heteronomia, de ser vários, é um ponto de fuga atraente para mim.

Pensando no conto, qual foi para você o choque elétrico?

O meu choque elétrico é ouvir os bichos, ouvir as coisas, essa tentativa total-mente absurda de fazer um monte de feno falar. É esse lugar no qual a matéria vira algo que você escuta, formu-la, lê; o choque elétrico faz a passagem entre uma coisa e outra. (úrsula passos)

CLAUDIUS CECCON, 76, é arquiteto e cartunista.

ELEONORA DE LUCENA, 56, é repórter especial da Folha.

FRANCESCA ANGIOLILLO, 41, é edito-ra-adjunta da “Ilustríssima”.

GABRIEL KOGAN, 29, é arquiteto e jornalista.

LUCAS NEVES, 29, é jornalista.

1COLÓQUIO | FIGURAS DO ESTRANHAMENTO Organizado pelo Departamento de Teoria

Literária e Literatura Comparada do curso de letras da USP, o evento reúne pesquisadores do Brasil, Argentina, França e Portugal. Em discussão, o estranhamento na literatura e em obras de autores como Borges, Torquato Neto e Alice Munro.

Anfi teatro da História - FFLCH-USP | tel. (11) 3091-4865 | de amanhã a qua. (30), a partir de 9h | grátis

‘Tanto Mar’ (2014), de Sandra CintoLIVRO E EXPO | 25 ANOS CASA TRIÂNGULO A galeria comemora seu aniversário no espaço cultural Pivô, dentro do

Copan. A arquitetura da mostra foi desenhada pelo escritório METRO, responsável pelo espaço da última Bienal. Entre os artistas expostos estão Albano Afonso, Joana Vasconcelos, Sandra Cinto e Stephen Dean. Além disso, a galeria lança o livro “Casa Triângulo 25 Anos”.

Pivô | tel. (11) 3255-8703 | de 13h às 19h | último dia | grátis | edição própria | R$ 300 | 850 págs.

DANÇA | FESTIVAL BOTICÁRIO A segunda edição da mostra leva espetáculos ao Rio, Curitiba

e Recife, além de São Paulo. São quatro companhias brasileiras: a carioca Focus, com duas montagens, a paulista Cisne Negro, a mineira Primeiro Ato e o Balé Teatro Guaíra, da capital paranaense. Entre os estrangeiros estão duas montagens da chinesa TAO Dance Theater, a bailarina canadense Louise Lecavalier, os israelenses do Batsheva Ensemble e a companhia inglesa Akram Khan.

Auditório do Ibirapuera | tel. (11) 3629-1075 de ter. (29) a 4/5 | R$ 20 | www.oboticarionadanca.com.br

BOX DVD | ELIA KAZAN A caixa traz três fi lmes do

cineasta americano de origem grega morto em 2003, aos 94 anos. Além de seus dois últimos fi lmes, “Os Visitantes”, de 1972 e “O Último Magnata”, de 1976, com Robert de Niro, o box traz “Boneca de Carne”, de 1956, com roteiro de Ten-nessee Williams.

Lume | R$ 115,90

EXPOSIÇÃO | SANDRA GAMARRA A artista peruana radicada na Espanha, criadora do museu

fi ctício LiMAC e que participou da 29ª Bienal de SP (2010), apresenta sua individual “O Que Nos Fez Modernos/ Imagens Nítidas em Ambientes Úmidos”. A mostra tem pinturas e vídeos que refl etem sobre a recuperação da cultura andina nas artes do Peru.

Galeria Leme | tel. (11) 3093-8184 | seg. a sex., de 10h às 19h; sáb., de 10h às 17h | grátis | última semana

LIVRO | ALBERT CAMUS A editora Hedra lança, até o fi m do ano, nove

cadernos de juventude do escritor nascido na Argélia (1913-60), autor de “O Estrangeiro” e vencedor do Nobel de Literatura em 1957. Três deles já estão disponíveis: “Esperança do Mundo” (1935-37), “A Desmedida na Medida” (1937-39) e “A Guerra Começou, Onde Está a Guerra?” (1939-42).

trad. Samara Geske e Raphael Araújo Hedra | R$ 32 (cada) | 104, 134 e 138 págs., (respectivamente)

LIVRO | HAL FOSTER Em “O Retorno do Real”, livro de 1996, o

crítico e historiador americano volta-se à arte feita a partir dos anos 1960, para uma refl exão sobre o modernismo e seu papel no presente. Foster recupera a teoria crítica da Escola de Frankfurt para lidar com a conexão entre arte e vida.

trad. Célia Euvaldo | Cosac Naify | R$ 49 | 224 págs.

LIVRO | RAYMOND WILLIAMS O volume “A Produção Social da Escrita”

reúne palestras e ensaios do fundador dos estudos culturais (1921-88) realizados entre 1964 e 1983. São textos sobre temas como estudos ingleses, o regionalismo na literatura e o drama.

trad. André Glaser | Ed. Unesp | R$ 52 | 368 págs.

‘Pan de Oro sobre Retrato Indigenista’ (2014), de San-dra Gamarra

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G3MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

2Nacionalista irrequieto

Literatura

Negrinha era órfã. Nascida na senzala, vivia levando sovas da patroa gorda, rica e entur-mada com os padres. Tinha o corpo tatuado de cicatrizes e vergões. Era torturada com um

ELEONORA DE LUCENA

As desigualdades e perspectivas do Brasil nas páginas de Monteiro Lobato

RESUMOObras que reúnem e debatem os contos de Monteiro Lobato revelam literatura de fi cção para adultos com forte teor de crítica social. Pesqui-sadores rejeitam a acusação de racismo que foi imputada ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo e relativizam o papel do escritor do interior paulista na idealização da Petrobras.

ovo pelando de quente enfi ado na boca.

Não sabia o que era brincar. Passava o tempo todo quieta, sentadinha num canto, sendo chamada de “pestinha”, “dia-bo”, “mosca-morta”. Até que descobre o que é uma boneca. Brinca e se percebe não mais como uma coisa, mas como uma pessoa.

Timóteo era jardineiro. Ne-gociado por um importador de escravos de Angola, havia 40 anos cuidava dos canteiros ao redor do casarão da fazenda. Tinha fi cado por lá mesmo depois da Lei Áurea. Com sua tesoura, produzia a “crônica vegetal” do lugar. Plantava ár-vores e fl ores em homenagem aos sinhozinhos, às festas e às tristezas do lugar. Resedás, jas-mins-do-cabo, bocas-de-leão: tudo ali tinha uma história. Seu desespero ocorre quando recebe a ordem de destruir tudo para fazer um jardim in-glês com as últimas criações da fl oricultura alemã.

Joaquina era avó. Aos 70 anos, vivia com a família da fi lha num sítio. Serelepe, gostava de costurar. Sua obra era uma colcha de retalhos, feita com as

roupas de sua neta. Cada qua-dradinho de chita era registro de um pedaço da história da pequena. Mas a terra fi cou seca, a geada queimou o café e a família empobreceu. Formigas roeram o pomar, e ervas dani-nhas tomaram conta do terreno. A fi lha morreu da doença que lhe dava fortes dores na cacunda. A neta fugiu e nunca ganhou a colcha cerzida por 16 anos – um acalentado presente de casamento.

Negrinha, Timóteo e Joaqui-na são personagens de Mon-teiro Lobato. Suas angústias, descobertas e amarguras são destaque de seus escritos para o público adulto reunidos em “Contos Completos” [Biblioteca Azul, R$ 64,90, 660 págs.]. O volume lançado agora contém textos de quatro livros: “Uru-pês” (1918), “Cidades Mortas” (1919), “Negrinha” (1920) e “O Macaco que se Fez Homem” (1923). Lobato (1882-1948) escreve na República Velha, em que viceja a oligarquia que assalta o Estado e esmaga a imensa população rural. Ainda distante da industrialização, o país vivia em torno dos cafe-zais voltados ao exterior. A es-

cravidão acabara havia pouco. Os empregos eram precários, dependentes de favores e co-mandados por uma elite deca-dente e saudosa dos poderes da casa-grande.

Ares de mudança vinham de revoltas sociais, do movimento tenentista, das artes em ebu-lição. É o tempo de ascensão dos modernistas. Oswald de Andrade, Portinari, Di Caval-canti e Tarsila mergulham na cultura nacional para conceber suas obras e se desvencilhar dos gostos vindos de fora.

Nacionalista ferrenho, Lobato navega em várias áreas. Faz lite-ratura infantil e adulta, escreve em jornais, edita livros, pesquisa novidades tecnológicas, deslan-cha a campanha pela explo-ração do petróleo, enfrenta o imperialismo.

De família de produtores de café de Taubaté (SP), é incon-formado com as carências do Brasil. Defende a necessidade urgente de saneamento bási-co, ensino, investimentos. Prin-cipalmente, as desigualdades o inquietam. Por isso, escreve sobre os pobres. Seus contos tratam da labuta, da injustiça, da falta de perspectiva do cidadão

sem voz e sem dinheiro naquele início de século.

Sua estética naturalista e na-cionalista está focada no que “falta ao país e a seus habi-tantes, e não com as ilusões da modernidade, com suas barati-nhas, melindrosas e almofadi-nhas, viagens a Paris e outros luxos partilhados por poucos”, escreve Beatriz Resende, pro-fessora de poética da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro, na apresentação do livro.

Lobato constrói suas narra-tivas de fi cção inspirado nas histórias que ouve, às vezes mesclando fábulas e mitos com a dura realidade da pobreza. Nesse sentido, pode ser com-parado a Euclydes da Cunha e Lima Barreto, que revelaram as mazelas do sertão e dos su-búrbios do Rio, avalia Resende. “Muito tempo depois, é também sabendo ouvir de maneira toda especial a gente do interior e seus ‘causos’, incorporando e recriando sua linguagem, que Guimarães Rosa criará sua obra em contos”.

RacismoEla lembra um trecho do tex-

to “Negrinha” para entrar na

discussão sobre racismo que envolveu a produção de Lobato recentemente. “O momento do conto em que, diante de uma boneca, a menina sem nome se descobre criança como as outras é o libelo mais contun-dente que poderia ser escrito naquele momento contra as desigualdades raciais”.

E dispara: “Basta a leitura de ‘Negrinha’ para compreender toda a tolice que envolve as críticas feitas a momentos de sua literatura em que repro-duz o linguajar racista de seus contemporâneos. As falas evi-dentemente irônicas da boneca Emília, por exemplo, são o eco da sociedade racista, classicis-ta, escravocrata que atravessa o século 20 e chega até hoje convencida que espaços como as universidades não se devem abrir aos pobres, aos diferentes e vêm na ainda tímida política de cotas uma heresia e nas condenações penais por racis-mo um excesso”.

Na mesma linha escreve Mi-lena Ribeiro Martins, professo-ra da Universidade Federal do Paraná, que rechaça a inter-pretação de racismo no conto de Lobato.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 G5

Arquitetura

3A dona do espaço

Lina Bo Bardi gostava de cultivar mitos sobre si mesma. Certa vez, a arquiteta ofereceu uma bebida a um jornalista que visitava sua casa. Ele, in-genuamente, disse que acei-tava um uísque: “Isso é coisa de burguês!”, respondeu ela, e passou-lhe uma longa lição de moral. Na mesma noite, logo após se despedir do entrevista-dor, a arquiteta – sem vacilar e zombando de sua própria perso-nagem – pediu a amigos que lá estavam e haviam presenciado toda a cena: “Tragam um uísque, vamos tomar”.

Agora que se celebra o cente-nário de Lina – 22 anos após sua morte –, seu legado e sua his-tória começam a ser reescritos explorando a dualidade entre lenda e realidade. Vários países veem eclodir uma febre de Lina, com exposições e publicações, construindo novas versões da arquiteta, mais jovem e viva do que nunca.

“Muito do que se fala sobre Lina é uma reprodução da mi-tologia sobre ela; exposições e publicações investem na ideia de que ela era mágica. Tenho certa dúvida a esse respeito”, ironiza Zeuler Lima.

Professor da Universidade Washington em St. Louis (EUA), Lima empreendeu uma vasta pesquisa sobre Lina em acervos diversos; em mais de dez anos, havia produzido 1.200 páginas sobre a arquiteta.

Desse trabalho, saiu uma importante monografi a, inti-tulada simplesmente Lina Bo Bardi [Yale University Press, US$ 65, aprox. R$ 145, 256 págs.]. “Penso meu livro na con-tramão dessa ‘Linamania’; não é um estudo de santo. Minha tarefa foi colocá-la dentro de um contexto histórico”.

O livro foi publicado no fi m do ano passado, somente em inglês – o autor espera que seu trabalho frutifi que, em breve, em uma publicação brasileira mais ampla. Zeuler Lima re-constrói, em 20 breves capí-tulos permeados por fotos e desenhos, episódios que vão da vinda do casal Lina Bo e Pietro Maria Bardi da Itália para o Brasil até as últimas obras da arquiteta na Bahia.

Recuando à formação de Lina como arquiteta, na era Musso-lini, Zeuler Lima desmistifi ca alguns pontos, como seu projeto de graduação na faculdade.

“Descrições de Lina sobre o projeto como um ‘hospital para mulheres solteiras’ pode-riam sugerir um espírito pro-vocativo, mas era de fato uma instituição fascista dominante, que reforçava a identidade da mulher como mãe. Lina era muito jovem nessa época para ter qualquer convicção política”, explica o autor.

Zeuler Lima também esclare-ce outros pontos acerca de Lina – como o seu gosto pelo famoso uísque. “Todo mundo voltava

Obra de Lina Bo Bardi é celebrada mundo afora em seu centenário

GABRIEL KOGAN FOTOGRAFIA CHICO ALBUQUERQUE

das suas festas com muita dor de cabeça; descobriram que ela comprava uma garrafa de ‘single malt’ e enchia com uís-que falsifi cado: o bom fi cava escondido para ela”, diverte-se, recordando o lado caricato, contraditório e provocativo da ítalo-brasileira.

VisibilidadeSe, até o fi nal da última dé-

cada, a arquitetura brasileira era identifi cada no exterior quase exclusivamente pelas curvas dos edifícios de Os-car Niemeyer, a obra de Lina – com apenas 15 projetos executados durante a carreira – ganha hoje grande visibili-dade mundo afora.

Longos artigos sobre sua arquitetura foram publicados em jornais como o britânico “The Guardian”, o francês “Le Monde” e o italiano “Corriere della Sera”. E duas obras põem nas livrarias traduções para o inglês de textos da arquiteta so-bre seu ofício: “Stones Against Diamonds” [intr. Silvana Rubino, Architectural Association Publi-cations, 15, aprox. R$ 58, 132 págs.] e “Lina Bo Bardi - The Theory of Architecture Practice” [intr. e trad. Cathrine Veikos, Routledge, US$ 49,95, aprox. R$ 112, 280 págs.].

O deslumbramento atual é tanto que o curador de ar-quitetura do MoMA, de Nova York, Barry Bergdoll, chegou a dizer que “Lina se tornou uma ‘starchitect’ póstuma”, usan-do um neologismo em inglês para arquitetos-celebridades. Mas afi nal, por que o atual crescente interesse por ela? Por que tamanha sedução por seus projetos, transformados em pontos de peregrinação?

Um impulso fundamental foi dado pela Bienal de Arquitetu-ra de Veneza de 2010, para a qual a japonesa Kazuyo Sejima – que naquele ano havia ganho o Prêmio Pritzker ao lado de seu parceiro no escritório Sanaa, Ryue Nishizawa – concebeu uma sala com maquetes de obras de Lina.

“Muita gente, incluindo Rem Koolhaas e Norman Foster, a descobriu lá”, conta Rena-to Anelli, um dos diretores do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que funciona na Casa de Vidro (1951), nome dado à residência que ela projetou para o casal, no Morumbi, em São Paulo.

A mesma Casa de Vidro foi palco do lance que inscreveria defi nitivamente o nome de Lina no circuito das mostras de arte no mundo, ao abrigar, no ano passado, a exposição “O Inte-rior Está no Exterior”, concebi-da pelo todo-poderoso curador suíço Hans Ulrich Obrist.

“Ela reúne todas as palavras-chave para que algo seja consi-derado excepcional hoje: Brasil, Nordeste, artesanato, mulher, moderno, espaço público...”, re-sume o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, ao opinar sobre a “canonização” da arquiteta.

ColetividadeEm entrevista para o docu-

mentário “Arquitetura, A Trans-formação do Espaço” (1972), de Walter Lima Jr., Lina falou sobre

a relação entre projetos e seus usos: “Quando fi z o projeto do Museu de Arte de São Paulo, minha preocupação era uma arquitetura com espaços livres que pudessem ser criados pela coletividade; assim nasceu o grande belvedere. Eu quis fazer um projeto feio, formalmente, mas que fosse aproveitável pe-los homens”.

Os espaços abertos, previstos por Lina quase de forma a que a ocupação humana os trans-forme numa criação coletiva, estimulam a imaginação de estrangeiros.

Para a britânica Jane Hall, contemplada em 2013 com a Lina Bo Bardi Fellowship (bolsa oferecida pelo British Council para estudos sobre a obra da arquiteta), “o Masp e o Sesc Pompeia lidam com a dimensão pública de uma forma humanis-ta que está lentamente desapa-recendo da arquitetura britâni-ca”. “Não temos nada similar por lá e já perdemos o contato com metodologias mais simples e primitivas”, afi rma Hall.

Ela é fundadora do coletivo Assemble, que promove peque-nas ocupações de espaços públi-cos usando estruturas simples, feitas de materiais descarta-dos. São trabalhos que revelam grande infl uência do pensamen-to de Lina.

“Ela nos recorda valores fun-damentais em que a arqui-tetura deveria se concentrar, no nosso contexto econômico e global”, diz. “O nosso maior desafi o é fazer uma sociedade mais justa por meio das estru-turas que construímos”.

O documentário “Precise Po-etry”, lançado em março num festival de cinema dedicado a fi lmes sobre arquitetura em Bu-dapeste, também circunscreve o assunto. Dirigido pela arqui-teta austríaca Belinda Ruksch-cio, professora da Universidade Técnica de Brandemburgo, na Alemanha, o fi lme explora obras como o Sesc Pompeia (1977), cujo projeto, ao aliar interven-ções sutis na estrutura existente e a construção de um novo com-plexo esportivo, converteu uma antiga fábrica em um centro cultural muito utilizado.

ExposiçõesO centenário da arquiteta

será marcado por exposições (veja na página ao lado) no Brasil e no exterior, em centros como o Museu de Arquitetura de Munique e a Galeria Nacional de Roma, cidade onde nasceu, em 5 de dezembro de 1914.

Com frequência, a imagem de Lina que chega ao exterior tem passado pela arquiteta argentina Noemi Blager. Ela é a organizadora da mostra “To-gether”, que já levou uma visão da obra da ítalo-brasileira a Londres, Viena, Basileia, Paris e Estocolmo e irá para Amsterdã, Berlim e Milão. Para Blager, a atitude de Lina Bo Bardi era o oposto de uma mentalidade colonialista. “Lina foi para o Brasil, aprendeu e desenvolveu uma identidade própria, sempre respeitosa culturalmente. Pen-sei que era importante mostrar isso na Europa”, afi rma.

A incomum aproximação en-tre a cultura moderna e popular

foi destacada pelo crítico Josep Maria Montaner em seu livro “A Modernidade Superada” [Gus-tavo Gili Brasil, R$ 65, 184 págs.], com um texto sobre Lina. “Ela conseguiu realizar obras em que a modernidade e a tradição não eram antagô-nicas”, escreveu. Em parceria com o documentarista Jaco-bo Sucari, Montaner lançará “Entre la Tierra y el Cielo”, um fi lme sobre a arquiteta. A dupla catalã ainda busca patrocinadores para concluir a empreitada.

Em lugares onde a constru-ção civil é muito cara, as so-luções simples e baratas de Lina soam surpreendentes. “Ela podia construir com nada, inclu-sive com um orçamento muito baixo. Nos países ricos não há essa habilidade de se virar em situações desafi adoras”, opina Noemi Blager.

O teatro Ofi cina (1984) é um exemplo; as tradicionais pla-teias de um teatro de ópera são evocadas por andaimes verticais de madeira – como os utilizados em obras –, or-ganizados em torno de uma rua-palco central. Durante a construção do Sesc Pompeia, Lina mudou seu escritório para o canteiro, onde criava as solu-ções com os próprios operários e incorporava objetos inspirados no artesanato popular, como pequenas esculturas de fl ores de mandacaru no fechamento de frestas das passarelas.

InspiraçãoA obra de Lina serve hoje

como inspiração para posições políticas em tempos de vácuo de pensamentos humanistas e radicais. “Bo Bardi estava interessada num tipo de multi-culturalismo vanguardista que ressoa na atual preocupação sobre achatamento promovi-do pelo capital global”, afi rma Barry Bergdoll, do MoMa.

Ele é cocurador da mostra “Modern Architecture in Latin America 1955-1980”, a ser inaugurada em março de 2015, tendo Lina como uma das pro-tagonistas. O americano con-fi rma a possibilidade de que a obra da ítalo-brasileira ganhe mostra individual em Nova York nos próximos anos.

“Desde a crise de 2008, com a diminuição de investimentos, a arquitetura passou a ser vista com austeridade. Há uma crise ideológica do neoliberalismo. Isso provoca uma inversão em como se pensava a arquitetu-ra, antes com certo cinismo sobre a cidade, vindo à tona arquitetos então marginais”,

diz Zeuler Lima, referindo-se tanto ao pensamento urba-nístico de Lina quanto à sua economia construtiva.

EfeitosTanta visibilidade pode, po-

rém, ter efeitos colaterais, gerando entendimentos su-perfi ciais de uma obra tão complexa. A exposição de Obrist em 2013 na Casa de Vidro, ao mesmo tempo que catapultou Lina, foi conside-rada também um momen-to-chave para a exploração do fetichismo em torno da arquiteta. Paulo Miyada ob-serva, na concepção da mos-tra, estereótipos fomentados sobre Lina.

“Todos os ambientes e nichos da casa traziam sutis inter-ferências artísticas, menos o volume fechado dos quartos de empregados – um documento dos limites da integração so-cial e espacial – tratado lá como se não existisse. A imagem de Lina foi editada para oferecê-la como heroína”, diz.

O mercado da arte, porém,

agarrou a oportunidade: o dinamarquês Olafur Eliasson produziu, especialmente para a exposição, uma obra que usava os famosos cavaletes de vidro da museografi a original do Masp. Foi feita uma tiragem de apenas três peças, cada uma com preço de venda de R$ 280 mil.

Da mesma forma, a indús-tria do design capitalizou a nova fama de Lina Bo Bardi, e o poético discurso da arqui-teta sobre desenho industrial infl uenciado pela arte popular virou arma comercial de em-presas em busca de visibilida-de internacional.

A italiana Arper reeditou 500 unidades da cadeira Bowl (1951) e venderá cada uni-dade por US$ 4.200 (aprox. R$ 9.340) – uma verdadeira barganha, se comparada aos mais de R$ 50 mil pagos por colecionadores em disputados leilões pelas peças originais.

A britânica Izé, que desen-volve maçanetas, colocou em linha a peça em formato de chifre que Lina criou para a

Casa de Vidro.

RestriçõesJá o celebrado discurso so-

bre o uso livre dos espaços encontra, na prática, restrições em nossos tempos. No vão do Masp, a “escadinha-tribuna a ser transformada em um palanque”, como previa a ar-quiteta, foi gradeada, quando a instituição passou a utilizar parte da praça pública para fazer sua entrada.

Ao contrário do que suge-riam os desenhos de circos e de atividades lúdicas que ela imaginou no belvedere, hoje poucas intervenções culturais e artísticas acontecem no local.

Em vez disso, discussões envolvendo o próprio curador do museu, Teixeira Coelho, chegaram a sugerir algo in-compatível com aquilo que já foi chamado pelo músico John Cage de “a arquitetura da li-berdade”: murar o vão e fechar a praça para proteger a área de usuários de drogas, criando mais um lugar de exclusão.

Há um descolamento entre

a enorme atenção recebida pela arquiteta e a situação em que se encontram seus prédios hoje – não só o Masp, que teve o espaço expositivo alterado, após uma criticada reforma, há 15 anos.

O teatro Ofi cina vive uma longa batalha contra a es-peculação imobiliária que o encurrala no seu terreno no bairro do Bexiga, em São Paulo. Mesmo o Sesc Pompeia refor-mou de forma descuidada o interior de alguns andares da torre de concreto, inaugurando uma academia sem unidade estética com o conjunto.

Nas obras da Bahia, a si-tuação é mais séria: alguns de seus projetos estão prati-camente em ruínas, como as casas na Ladeira da Miseri-córdia (1987), redesenhadas para abrigar habitações e restaurantes.

Até mesmo seu instituto, na Casa de Vidro, onde fi ca o acervo de desenhos e obje-tos da arquiteta, encontra-se em grave situação fi nanceira e enfrenta difi culdades para

manter sua operação. Em um assunto frequente e

paradigmático do seu pensa-mento, Lina pensava museus como espaços vivos, lugares de aprendizado permanente, onde as obras pudessem ser explora-das pelo grande público, levado a fazer suas próprias descober-tas, conclusões e percursos.

Para ela, os museus não de-veriam ser depósitos escuros de coisas valiosas, a serem apenas admiradas, conforme valores prontos. Não poderia Lina, à sua revelia, ser envol-ta pelo deslumbramento atu-al, engolida por esse conceito passivo sobre o passado ou mesmo pelo próprio fetichismo sobre sua obra?

Marcelo Rezende, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia – projetado por Lina no Solar do Unhão, em 1959 – re-sume a atual contradição: “O pior que poderia acontecer a ela neste ano de centenário seria o aprisionamento na lógica da homenagem, da museifi cação – no pior sentido do termo – de seu pensamento”.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 G5

Arquitetura

3A dona do espaço

Lina Bo Bardi gostava de cultivar mitos sobre si mesma. Certa vez, a arquiteta ofereceu uma bebida a um jornalista que visitava sua casa. Ele, in-genuamente, disse que acei-tava um uísque: “Isso é coisa de burguês!”, respondeu ela, e passou-lhe uma longa lição de moral. Na mesma noite, logo após se despedir do entrevista-dor, a arquiteta – sem vacilar e zombando de sua própria perso-nagem – pediu a amigos que lá estavam e haviam presenciado toda a cena: “Tragam um uísque, vamos tomar”.

Agora que se celebra o cente-nário de Lina – 22 anos após sua morte –, seu legado e sua his-tória começam a ser reescritos explorando a dualidade entre lenda e realidade. Vários países veem eclodir uma febre de Lina, com exposições e publicações, construindo novas versões da arquiteta, mais jovem e viva do que nunca.

“Muito do que se fala sobre Lina é uma reprodução da mi-tologia sobre ela; exposições e publicações investem na ideia de que ela era mágica. Tenho certa dúvida a esse respeito”, ironiza Zeuler Lima.

Professor da Universidade Washington em St. Louis (EUA), Lima empreendeu uma vasta pesquisa sobre Lina em acervos diversos; em mais de dez anos, havia produzido 1.200 páginas sobre a arquiteta.

Desse trabalho, saiu uma importante monografi a, inti-tulada simplesmente Lina Bo Bardi [Yale University Press, US$ 65, aprox. R$ 145, 256 págs.]. “Penso meu livro na con-tramão dessa ‘Linamania’; não é um estudo de santo. Minha tarefa foi colocá-la dentro de um contexto histórico”.

O livro foi publicado no fi m do ano passado, somente em inglês – o autor espera que seu trabalho frutifi que, em breve, em uma publicação brasileira mais ampla. Zeuler Lima re-constrói, em 20 breves capí-tulos permeados por fotos e desenhos, episódios que vão da vinda do casal Lina Bo e Pietro Maria Bardi da Itália para o Brasil até as últimas obras da arquiteta na Bahia.

Recuando à formação de Lina como arquiteta, na era Musso-lini, Zeuler Lima desmistifi ca alguns pontos, como seu projeto de graduação na faculdade.

“Descrições de Lina sobre o projeto como um ‘hospital para mulheres solteiras’ pode-riam sugerir um espírito pro-vocativo, mas era de fato uma instituição fascista dominante, que reforçava a identidade da mulher como mãe. Lina era muito jovem nessa época para ter qualquer convicção política”, explica o autor.

Zeuler Lima também esclare-ce outros pontos acerca de Lina – como o seu gosto pelo famoso uísque. “Todo mundo voltava

Obra de Lina Bo Bardi é celebrada mundo afora em seu centenário

GABRIEL KOGAN FOTOGRAFIA CHICO ALBUQUERQUE

das suas festas com muita dor de cabeça; descobriram que ela comprava uma garrafa de ‘single malt’ e enchia com uís-que falsifi cado: o bom fi cava escondido para ela”, diverte-se, recordando o lado caricato, contraditório e provocativo da ítalo-brasileira.

VisibilidadeSe, até o fi nal da última dé-

cada, a arquitetura brasileira era identifi cada no exterior quase exclusivamente pelas curvas dos edifícios de Os-car Niemeyer, a obra de Lina – com apenas 15 projetos executados durante a carreira – ganha hoje grande visibili-dade mundo afora.

Longos artigos sobre sua arquitetura foram publicados em jornais como o britânico “The Guardian”, o francês “Le Monde” e o italiano “Corriere della Sera”. E duas obras põem nas livrarias traduções para o inglês de textos da arquiteta so-bre seu ofício: “Stones Against Diamonds” [intr. Silvana Rubino, Architectural Association Publi-cations, 15, aprox. R$ 58, 132 págs.] e “Lina Bo Bardi - The Theory of Architecture Practice” [intr. e trad. Cathrine Veikos, Routledge, US$ 49,95, aprox. R$ 112, 280 págs.].

O deslumbramento atual é tanto que o curador de ar-quitetura do MoMA, de Nova York, Barry Bergdoll, chegou a dizer que “Lina se tornou uma ‘starchitect’ póstuma”, usan-do um neologismo em inglês para arquitetos-celebridades. Mas afi nal, por que o atual crescente interesse por ela? Por que tamanha sedução por seus projetos, transformados em pontos de peregrinação?

Um impulso fundamental foi dado pela Bienal de Arquitetu-ra de Veneza de 2010, para a qual a japonesa Kazuyo Sejima – que naquele ano havia ganho o Prêmio Pritzker ao lado de seu parceiro no escritório Sanaa, Ryue Nishizawa – concebeu uma sala com maquetes de obras de Lina.

“Muita gente, incluindo Rem Koolhaas e Norman Foster, a descobriu lá”, conta Rena-to Anelli, um dos diretores do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, que funciona na Casa de Vidro (1951), nome dado à residência que ela projetou para o casal, no Morumbi, em São Paulo.

A mesma Casa de Vidro foi palco do lance que inscreveria defi nitivamente o nome de Lina no circuito das mostras de arte no mundo, ao abrigar, no ano passado, a exposição “O Inte-rior Está no Exterior”, concebi-da pelo todo-poderoso curador suíço Hans Ulrich Obrist.

“Ela reúne todas as palavras-chave para que algo seja consi-derado excepcional hoje: Brasil, Nordeste, artesanato, mulher, moderno, espaço público...”, re-sume o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, ao opinar sobre a “canonização” da arquiteta.

ColetividadeEm entrevista para o docu-

mentário “Arquitetura, A Trans-formação do Espaço” (1972), de Walter Lima Jr., Lina falou sobre

a relação entre projetos e seus usos: “Quando fi z o projeto do Museu de Arte de São Paulo, minha preocupação era uma arquitetura com espaços livres que pudessem ser criados pela coletividade; assim nasceu o grande belvedere. Eu quis fazer um projeto feio, formalmente, mas que fosse aproveitável pe-los homens”.

Os espaços abertos, previstos por Lina quase de forma a que a ocupação humana os trans-forme numa criação coletiva, estimulam a imaginação de estrangeiros.

Para a britânica Jane Hall, contemplada em 2013 com a Lina Bo Bardi Fellowship (bolsa oferecida pelo British Council para estudos sobre a obra da arquiteta), “o Masp e o Sesc Pompeia lidam com a dimensão pública de uma forma humanis-ta que está lentamente desapa-recendo da arquitetura britâni-ca”. “Não temos nada similar por lá e já perdemos o contato com metodologias mais simples e primitivas”, afi rma Hall.

Ela é fundadora do coletivo Assemble, que promove peque-nas ocupações de espaços públi-cos usando estruturas simples, feitas de materiais descarta-dos. São trabalhos que revelam grande infl uência do pensamen-to de Lina.

“Ela nos recorda valores fun-damentais em que a arqui-tetura deveria se concentrar, no nosso contexto econômico e global”, diz. “O nosso maior desafi o é fazer uma sociedade mais justa por meio das estru-turas que construímos”.

O documentário “Precise Po-etry”, lançado em março num festival de cinema dedicado a fi lmes sobre arquitetura em Bu-dapeste, também circunscreve o assunto. Dirigido pela arqui-teta austríaca Belinda Ruksch-cio, professora da Universidade Técnica de Brandemburgo, na Alemanha, o fi lme explora obras como o Sesc Pompeia (1977), cujo projeto, ao aliar interven-ções sutis na estrutura existente e a construção de um novo com-plexo esportivo, converteu uma antiga fábrica em um centro cultural muito utilizado.

ExposiçõesO centenário da arquiteta

será marcado por exposições (veja na página ao lado) no Brasil e no exterior, em centros como o Museu de Arquitetura de Munique e a Galeria Nacional de Roma, cidade onde nasceu, em 5 de dezembro de 1914.

Com frequência, a imagem de Lina que chega ao exterior tem passado pela arquiteta argentina Noemi Blager. Ela é a organizadora da mostra “To-gether”, que já levou uma visão da obra da ítalo-brasileira a Londres, Viena, Basileia, Paris e Estocolmo e irá para Amsterdã, Berlim e Milão. Para Blager, a atitude de Lina Bo Bardi era o oposto de uma mentalidade colonialista. “Lina foi para o Brasil, aprendeu e desenvolveu uma identidade própria, sempre respeitosa culturalmente. Pen-sei que era importante mostrar isso na Europa”, afi rma.

A incomum aproximação en-tre a cultura moderna e popular

foi destacada pelo crítico Josep Maria Montaner em seu livro “A Modernidade Superada” [Gus-tavo Gili Brasil, R$ 65, 184 págs.], com um texto sobre Lina. “Ela conseguiu realizar obras em que a modernidade e a tradição não eram antagô-nicas”, escreveu. Em parceria com o documentarista Jaco-bo Sucari, Montaner lançará “Entre la Tierra y el Cielo”, um fi lme sobre a arquiteta. A dupla catalã ainda busca patrocinadores para concluir a empreitada.

Em lugares onde a constru-ção civil é muito cara, as so-luções simples e baratas de Lina soam surpreendentes. “Ela podia construir com nada, inclu-sive com um orçamento muito baixo. Nos países ricos não há essa habilidade de se virar em situações desafi adoras”, opina Noemi Blager.

O teatro Ofi cina (1984) é um exemplo; as tradicionais pla-teias de um teatro de ópera são evocadas por andaimes verticais de madeira – como os utilizados em obras –, or-ganizados em torno de uma rua-palco central. Durante a construção do Sesc Pompeia, Lina mudou seu escritório para o canteiro, onde criava as solu-ções com os próprios operários e incorporava objetos inspirados no artesanato popular, como pequenas esculturas de fl ores de mandacaru no fechamento de frestas das passarelas.

InspiraçãoA obra de Lina serve hoje

como inspiração para posições políticas em tempos de vácuo de pensamentos humanistas e radicais. “Bo Bardi estava interessada num tipo de multi-culturalismo vanguardista que ressoa na atual preocupação sobre achatamento promovi-do pelo capital global”, afi rma Barry Bergdoll, do MoMa.

Ele é cocurador da mostra “Modern Architecture in Latin America 1955-1980”, a ser inaugurada em março de 2015, tendo Lina como uma das pro-tagonistas. O americano con-fi rma a possibilidade de que a obra da ítalo-brasileira ganhe mostra individual em Nova York nos próximos anos.

“Desde a crise de 2008, com a diminuição de investimentos, a arquitetura passou a ser vista com austeridade. Há uma crise ideológica do neoliberalismo. Isso provoca uma inversão em como se pensava a arquitetu-ra, antes com certo cinismo sobre a cidade, vindo à tona arquitetos então marginais”,

diz Zeuler Lima, referindo-se tanto ao pensamento urba-nístico de Lina quanto à sua economia construtiva.

EfeitosTanta visibilidade pode, po-

rém, ter efeitos colaterais, gerando entendimentos su-perfi ciais de uma obra tão complexa. A exposição de Obrist em 2013 na Casa de Vidro, ao mesmo tempo que catapultou Lina, foi conside-rada também um momen-to-chave para a exploração do fetichismo em torno da arquiteta. Paulo Miyada ob-serva, na concepção da mos-tra, estereótipos fomentados sobre Lina.

“Todos os ambientes e nichos da casa traziam sutis inter-ferências artísticas, menos o volume fechado dos quartos de empregados – um documento dos limites da integração so-cial e espacial – tratado lá como se não existisse. A imagem de Lina foi editada para oferecê-la como heroína”, diz.

O mercado da arte, porém,

agarrou a oportunidade: o dinamarquês Olafur Eliasson produziu, especialmente para a exposição, uma obra que usava os famosos cavaletes de vidro da museografi a original do Masp. Foi feita uma tiragem de apenas três peças, cada uma com preço de venda de R$ 280 mil.

Da mesma forma, a indús-tria do design capitalizou a nova fama de Lina Bo Bardi, e o poético discurso da arqui-teta sobre desenho industrial infl uenciado pela arte popular virou arma comercial de em-presas em busca de visibilida-de internacional.

A italiana Arper reeditou 500 unidades da cadeira Bowl (1951) e venderá cada uni-dade por US$ 4.200 (aprox. R$ 9.340) – uma verdadeira barganha, se comparada aos mais de R$ 50 mil pagos por colecionadores em disputados leilões pelas peças originais.

A britânica Izé, que desen-volve maçanetas, colocou em linha a peça em formato de chifre que Lina criou para a

Casa de Vidro.

RestriçõesJá o celebrado discurso so-

bre o uso livre dos espaços encontra, na prática, restrições em nossos tempos. No vão do Masp, a “escadinha-tribuna a ser transformada em um palanque”, como previa a ar-quiteta, foi gradeada, quando a instituição passou a utilizar parte da praça pública para fazer sua entrada.

Ao contrário do que suge-riam os desenhos de circos e de atividades lúdicas que ela imaginou no belvedere, hoje poucas intervenções culturais e artísticas acontecem no local.

Em vez disso, discussões envolvendo o próprio curador do museu, Teixeira Coelho, chegaram a sugerir algo in-compatível com aquilo que já foi chamado pelo músico John Cage de “a arquitetura da li-berdade”: murar o vão e fechar a praça para proteger a área de usuários de drogas, criando mais um lugar de exclusão.

Há um descolamento entre

a enorme atenção recebida pela arquiteta e a situação em que se encontram seus prédios hoje – não só o Masp, que teve o espaço expositivo alterado, após uma criticada reforma, há 15 anos.

O teatro Ofi cina vive uma longa batalha contra a es-peculação imobiliária que o encurrala no seu terreno no bairro do Bexiga, em São Paulo. Mesmo o Sesc Pompeia refor-mou de forma descuidada o interior de alguns andares da torre de concreto, inaugurando uma academia sem unidade estética com o conjunto.

Nas obras da Bahia, a si-tuação é mais séria: alguns de seus projetos estão prati-camente em ruínas, como as casas na Ladeira da Miseri-córdia (1987), redesenhadas para abrigar habitações e restaurantes.

Até mesmo seu instituto, na Casa de Vidro, onde fi ca o acervo de desenhos e obje-tos da arquiteta, encontra-se em grave situação fi nanceira e enfrenta difi culdades para

manter sua operação. Em um assunto frequente e

paradigmático do seu pensa-mento, Lina pensava museus como espaços vivos, lugares de aprendizado permanente, onde as obras pudessem ser explora-das pelo grande público, levado a fazer suas próprias descober-tas, conclusões e percursos.

Para ela, os museus não de-veriam ser depósitos escuros de coisas valiosas, a serem apenas admiradas, conforme valores prontos. Não poderia Lina, à sua revelia, ser envol-ta pelo deslumbramento atu-al, engolida por esse conceito passivo sobre o passado ou mesmo pelo próprio fetichismo sobre sua obra?

Marcelo Rezende, diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia – projetado por Lina no Solar do Unhão, em 1959 – re-sume a atual contradição: “O pior que poderia acontecer a ela neste ano de centenário seria o aprisionamento na lógica da homenagem, da museifi cação – no pior sentido do termo – de seu pensamento”.

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G6 MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

4Van Gogh e seu duplo

Diário de Paris

Vincent van Gogh (1853-90) foi induzido a dar fi m à pró-pria vida por uma “sociedade indiferente” e, mais do que isso, temerosa das “verdades insuportáveis” que a sua paleta urdia. A hipótese, sustentada pelo ator, poeta e teatrólogo francês Antonin Artaud (1896-1948) em texto publicado no ano anterior à sua morte, é o mote da exposição “Van Gogh/Artaud - O Suicida da Socie-dade”, em cartaz no Museu d’Orsay até 6 de julho.

A mostra inclui 45 telas e desenhos do holandês, agru-pados segundo expressões cunhadas por seu admirador teatral, que reverencia um “convulsivo tranquilo” dotado de “uma sensibilidade terrível”, capaz de capturar em suas obras uma “luz tempestuosa”.

Artaud primeiro deu de om-

LUCAS NEVES

De artista e louco todo mundo tem um pouco

O MAPA DA CULTURA

bros à sondagem do galerista Pierre Loeb para escrever so-bre o pintor. O marchand o contatara certo de que o ator, que passara nove anos em hospitais psiquiátricos, seria o nome ideal para perfi lar o criador atormentado, ele mes-mo internado numa clínica até pouco antes de morrer. Mas Artaud, autor do canônico “O Teatro e Seu Duplo”, estava às voltas com a edição de suas obras completas.

Ele voltaria atrás em 1947, ao ler o volume em que o psiquiatra François-Joachim Beer esmiuçava o prontuário do artista, com menções a surtos de agressividade e falta de afetividade. Sua resposta veio no fi m daquele ano, com “O Suicida da Sociedade”, no qual elegia o homeopata que tratara o Van Gogh crepuscu-lar como algoz: “O feiticeiro, em sua terrível necessidade de saciar sua ira e sua inveja do gênio, impeliu-o a pintar até a exaustão [em vez de recomendar repouso]”.

Os três lances de asterix O primeiro leilão de esbo-

ços originais de quadrinhos na fi lial francesa da casa de leilões Christie’s, no começo deste mês, teve faturamento acima do esperado. Os lances vencedores totalizaram 3,8 mi-lhões de euros (R$ 11,8 mi), quase 10% a mais do que as previsões mais otimistas dos organizadores.

Hergé (1907-83) liderou o bloco dos mais bem cotados. Um de seus rascunhos para “Tintim no Tibete” foi arrema-tado por 289,5 mil euros (R$ 897 mil), quase o dobro dos 150 mil euros inicialmente esti-mados. Croquis de Uderzo para “Asterix - O Adivinho” e “Asterix na Córsega” também impulsio-naram o resultado fi nal, que apagou a má impressão dei-xada por leilão semelhante da rival Sotheby’s em 2012, quan-do 2/3 dos trabalhos postos à venda encalharam.

Alain Resnais (1922-2014) sai de cena com uma carta

de amor à representação tea-tral. “Aimer, Boire et Chanter” (amar, beber e cantar), sem previsão de estreia no Brasil, é a adaptação de uma peça do prolífi co inglês Alan Ayck-bourn – a terceira da carreira do cineasta –, e a intriga acompanha os ensaios de uma trupe amadora.

A reverência vai além. Para mostrar como a morte iminen-te de um professor aposentado faz trepidar três casamentos em seu círculo de amizades/conquistas passadas, Resnais recorre a cenários minima-listas e deliberadamente ar-tifi ciais, criados em estúdio e delimitados ao fundo por cortinas entrecortadas.

Através delas emergem, de cotidianos modorrentos, mu-lheres dispostas a confortar o alquebrado mestre – e é por trás desses mesmos panos que elas sumirão da vista de mari-dos incrédulos, num vaudevile que enfi leira quiproquós com a consciência de que o tempo para jogar chega ao fi m.

Caixeiro-viajante No fi m de março, o festi-

val de teatro de Avignon, o mais importante do mundo ao lado do de Edimburgo, perigou partir de mala e cuia da cidade sulista que o acolhe desde 1947. No dia seguinte ao primeiro turno da eleição para prefeito, vencido pelo partido de extrema direita Front National, o diretor da mostra anunciou que, caso o triunfo se confi rmasse no segundo escrutínio, a mara-tona teatral provavelmente buscaria outro pouso.

“Não vejo como o festival poderia defender seus ideais de abertura e acolhimento do outro”, justifi cou Olivier Py, contrapondo a proposta do evento à cartilha da legenda conservadora, que defende o endurecimento da política de imigração. Blefe ou não, nun-ca se saberá. O segundo turno sagrou vitoriosa a candidata socialista. Ficam na cidade os 20 milhões de euros gerados a cada ano pelo festival.

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G7MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 G

5O autógrafo que eu perdi

Arquivo Aberto

Entre as inúmeras perdas da minha vida, uma tem especial importância: a de uma primei-ra edição de “Doze Contos Peregrinos” (1992), de Gabriel García Márquez.

Até hoje não tenho certe-za se o exemplar com uma dedicatória à mão do autor para mim se extraviou quan-do mudei do México para a Inglaterra ou se a emprestei a um amigo. Venho pensando muito naquele livro desde que acordei, na manhã do meu 40º aniversário, com a notícia de que o escritor colombiano havia morrido na Cidade do México, aos 87 anos.

Por toda a América Latina houve terremotos nos dias que precederam a quinta-feira, 17 de abril passado. No México, chuvas de grani-zo fora de época causaram estragos e fecharam estra-das. Era o tipo de presságio

ÁNGEL GURRÍA-QUINTANA

TRADUÇÃO FRANCESCA ANGIOLILLO

Cidade do México, anos 1990

MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

comum nas tramas de seus romances – e, como ele in-sistia, parte incontornável da realidade latino-americana.

A comoção pública foi no-tavelmente (mas não surpre-endentemente) tempestuosa. Poucos leitores de língua hispâ-nica – e ainda menos escritores do idioma – podem dizer não ter sido afetados ou mesmo moldados por sua obra.

Seus admiradores, de fato, vinham lamentando já havia muito tempo sua perda, con-forme, nos últimos anos, foi ficando mais e mais evidente que ele já não nos deleitaria com outro livro. “Já escrevi o suficiente, não?”, ele disse a seu biógrafo, certa vez. “As pessoas não têm por que se decepcionar, não podem esperar mais nada de mim, podem?”

Meu primeiro contato com sua obra foi no ensino mé-dio, quando, sem saber muito sobre o autor, tivemos de ler “Relato de um Náufrago” (1970) – a magistral reporta-gem, publicada em episódios nos anos 1950, com a qual

ele deu início à sua carreira jornalística.

Mais tarde, a descoberta adolescente de “Cem Anos de Solidão” (1967) teria tanto impacto sobre nossas vidas quanto a descoberta do gelo para o primeiro personagem do romance. Nós devoráva-mos o livro, trocando atu-alizações sobre a trama à medida que, noite adentro, progredíamos na leitura.

Ler com atenção “O Amor nos Tempos do Cólera” (1985) – cuja abertura sagrou-se como uma das melhores de toda a literatura – foi um rito de passagem. Na universida-de, o uso que Gabriel García Márquez fazia dos adjetivos era estudado pela efi ciência.

Em duas ocasiões eu estive com ele. A primeira vez foi em Cuba, em meados dos anos 1990, numa recepção no Pa-lácio da Revolução. Ele estava de pé, ao lado de Fidel Castro, sorrindo marotamente sob o bigode aprumado.

García Márquez fi cava à vontade na proximidade do poder – o poder, aliás, era um

de seus temas recorrentes. “El Comandante” se elevava acima de todos na sala, mas era Gabo, como era conhecido, quem liderava as atenções.

Mais tarde, naquela mesma noite, um grupo menor, que incluía o escritor, reuniu-se num restaurante no centro de Havana. Da conversa, recordo muito pouco – salvo que Mer-cedes, sua mulher, o reprovava a cada vez que ele pedia uma nova rodada de bebidas.

O segundo encontro se deu uns dois anos depois, na Ci-dade do México, em um jantar em homenagem a uma au-toridade espanhola. Também desta vez o colombiano era a atração principal.

Eu me lembro de vê-lo con-tar sobre a cerimônia em que recebeu o Nobel de Literatura de 1982. No caminho para a entrega, os premiados passa-vam por um longo corredor, no qual pendiam os retratos dos vencedores anteriores.

Ele contou ter parado diante das imagens de Ernest Hemin-gway, Thomas Mann (que, disse aos presentes, teria ganho o

Nobel duas vezes, se a Segunda Guerra Mundial não tivesse es-tourado) e William Faulkner.

Passei a noite sentado sobre meu exemplar de “Doze Con-tos Peregrinos”, tentando não parecer um desses leitores deslumbrados (ele aceitava graciosamente o infortúnio de ter de autografar livros onde quer que estivesse).

Mas, conforme ele se prepa-rava para sair, tentei a sorte. Segui-o até seu carro e pedi a dedicatória. Ele me perguntou qual daqueles contos era o meu preferido. “O Avião da Bela Adormecida”, respondi, recordando a história do ho-mem que, embasbacado pela visão de uma mulher num aeroporto, depois se descobre sentado ao lado dela num voo para Paris, durante o qual tudo o que lhe cabe é vê-la dormir, por horas a fi o.

Gabo piscou para mim, como se reconhecesse um camarada de voyeurismo. Abriu o livro e escreveu, com uma caligrafia trêmula e meio bêbada: “Para Ángel e sua bela adormecida”.

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[email protected], DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia 3

Hoje estreia ópera ‘Lucia’ no 18º FAO

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Brilho para celebrar15 anos de carreiraA cantora e compositora Ana Carolina adianta um pouco sobre o seu novo show, que será apresentado em Manaus no próximo dia 30

O show que comemora os 15 anos de carreira de Ana Carolina será apresentado em Manaus no próximo dia

30, no Studio 5. A atual turnê divul-ga o mais recente CD da cantora e compositora, “#AC”, e o público pode esperar o mesmo apuro visual e aca-bamento de projetos anteriores.

“Esse novo show é bastante visual por conta dos vídeos que fi zemos. A Monique Gardenberg, que dirigiu o novo show e também o ‘Estam-pado’ e o ‘Dois Quartos’, fez bom uso dos clipes que eu mesma dirigi para algumas canções do ‘#AC’. Ela misturou a vídeos que fi lmou es-pecialmente para o espetáculo e outros que produziu para ilustrar as canções”, explica Ana, em entrevista ao EM TEMPO.

Para a artista, a estrutura de seu novo show funciona no Brasil, na Europa ou em Angola, locais por onde ela já passou. “É um lindo show. Tem também um pouco de brilho na roupa e na guitarra, afi nal de contas, ele comemora 15 anos de carreira e sempre é bom estar vestida à altura da ocasião”, comenta.

O álbum “#AC” inclui duas partici-pações especiais, de Chico Buarque, na canção “Resposta da Rita”, e de Chiara Civello, em “Un Sueño Bajo el Agua”. Ana Carolina conta que não combinou com nenhum desses convidados uma participação du-rante os shows da turnê, e ambos estão presentes somente por meio de suas vozes. “Quem sabe aconteça, mas agora só tem eu mesma e uma banda incrível”, diz.

Músicas incluídas no CD mais re-cente, como “Poledance”, “Mais For-te”, “Esperta”, “Pelo iPhone”, “Libido” e “Bang Bang 2” dividem o espaço no setlist com as sempre bem-vindas “Uma Louca Tempestade”, “Gargan-ta”, “Quem de Nós Dois”, “Pra Rua me Levar” e várias outras.

A cantora diz que considera al-gumas versões ao vivo de músicas melhores do que as respectivas gra-vações em estúdio. “Sou um tanto preocupada com a qualidade do som seja no disco, no palco ou em um programa de TV. O calor e a reação do público também infl uenciam em uma boa gravação ao vivo”, afi rma. Mas, embora goste de ter as duas opções, nunca pensa em analisar se determinadas composições fi cam melhores ao vivo do que em estúdio. “Não sou muito de fi car escutando o que já foi feito, gosto de olhar adiante”, enfatiza.

Essa postura faz com que Ana evite investir tempo em reavaliar as suas gravações. “Não fi co pro-curando ‘cabelo em ovo’ no que já está consumado”, diz. “Mas, não me arrependo de nada, não. Tudo o que produzo passa por mil ‘crivos’ meus, dos amigos e parceiros antes de ir para rua. Se eu não gostasse de algo não lançaria”.

Qualidade e coerênciaSeja em um trabalho de certa for-

ma mais hermético como “N9ve” ou num projeto em que investe em misturas musicais como “#AC”, Ana Carolina passeia com a mes-ma qualidade e coerência artística

que marcam toda a sua trajetória. “Isso independe do que se faça em termos musicais, são premissas da minha carreira. Existe sofi sticação no pop e o bom uso da tecnologia é parte dela”, afi rma. “O ‘N9ve’ era talvez mais hermético, mas recebeu o mesmo apuro técnico e artístico de ‘#AC’, grandes músicos e produção de ponta”.

Em “#AC”, a cantora destaca o “intrincado” arranjo de cordas es-crito por ela para “Leveza de Valsa”, uma parceria com Guinga, e as sutilezas de “Canção Pra Ti”, com Moreno Veloso, e de “Luz Acesa”. “Tem também os beats, samplers e ‘notas’ eletrônicas, mas isso não tem nada a ver com qualidade, é estilo e conceito”, esclarece.

Como artista da MPB, Ana analisa que “um pop de qualidade é hoje uma iguaria que não se deve desprezar”. Ela diz que um dos pontos altos do novo show tem sido a música “Co-ração Selvagem”, de Belchior. “Nada mais pop e sofi sticado ao mesmo tempo. A emoção não escolhe estilo, e sim o que consegue conectar, fazer o ouvinte sentir”.

Ana Carolina tem se dedicado ainda ao trabalho de produção e direção de seus videoclipes. “E bom fazer os clipes de músicas que compus, dá uma sensação de que a canção fi ca ainda mais persona-

lizada. É meu olhar que está ali”, analisa. Mas, confessa que também existe satisfação em ser dirigida por outros profi ssionais. “Ser diri-gida por pessoas que eu considere mestres no que fazem, dá bastante segurança ao artista, é outro olhar em sinergia. Eu gosto de fazer o que ‘entrego’ literalmente”.

RespeitoAo longo de 15 anos de carreira,

Ana Carolina tem trocado fi guri-nhas com nomes consagrados do Brasil e do exterior, entre eles Chi-co Buarque, Maria Bethânia, Chico César e Tony Bennett, e afi rma que, antes de mais nada, a relação com esses artistas é de respeito musi-cal. “Trabalhar com Tom Zé, Gil, Bethânia, Chico ou o Edu Krieger, com quem compus a maioria das músicas do último trabalho, é a mesma coisa. Há o respeito com a música em si e isso é o que envolve todos”, revela.

Ela diz ainda que difi cilmente essas parcerias estimularam ner-vosismo de sua parte. “Dá orgulho trabalhar com quem admiro, seja um mito do ‘Olimpo’ musical ou um compositor ou cantor com o qual nunca trabalhei. Gravar com o Tony Bennett, em Nova Iorque, em ape-nas três takes deu um nervosinho, mas ele nem notou”, recorda.

AGENDADepois do show em Manaus, Ana Carolina vai se apresentar nas cidades de Belém/PA (2/5), Imperatriz/MA (3/5), Fortaleza/CE (9/5), Juazeiro do Nor-te/CE (10/5) e Curitiba/PR (16/5)

Em entrevista ao EM TEMPO, Ana Carolina afi rma que estrutura de show funciona no Brasil e no exterior

SERVIÇOSHOW #AC - ANA CAROLINA

Quando

Onde

Ingressos

Informações

dia 30 de abril (quarta-feira), às 23h30Studio 5 (Avenida General Rodrigo Otávio, 355 – Distrito Indus-trial)R$ 50 (pista 1º lote), R$ 60 (pista 2º lote), R$ 110 (frisa), R$ 130 (cadeira) e R$ 150 (cama-rote), à venda nos estandes da Fábrica de Eventos(92) 3303-0100

LUIZ OTAVIO MARTINSEquipe EM TEMPO

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

>> Festa chic no Classic Hall. Chiquérrima! Assim defi nimos a festa que movimentou a ala

feminina da cidade, na quinta-feira, comemorando o aniversário deste colunista, no Classic Hall.

. Noite sofi sticadíssima, reunindo um time especialíssimo de socialites, que estavam, como de costume, lindas, perfumadas

e exibindo looks sensacionais.. O colunista/deejay Alexandre Prata apresentou um set

cheio de charme, com músicas bacanérrimas, completou o clima criado pela design de interiores Josi Jota e criou um

cenário único para a festa com ambientação inspirada na tonalidade verde-esmeralda, que traduz renovação, modernismo e prosperidade. Na recepção, painéis

em tons de verde e muitos espelhos, no salão, paisagismo em um gigante muro inglês de 7 metros de altura por 12 metros de comprimento, formando exclusividade no décor. Ânforas pretas com nobres bulganviles em contraste com o verde, très chic! Um cardápio preparado pelo bufê Clas-sic apresentou lançamentos da casa, como polvo no vinagrete frutado sob batata-doce; pirarucu e

banana em duas texturas, lichia recheada ao creme de gorgonzola, croquete de pato e molho de tucupi e laranja,

carolinas de salmão e cream cheese, queijo brie com amêndoas e mel, rã laminada com pistache para massas de trança de Parma e brie, raviole de damasco e brie, ravioles de espinafre com muçarela de búfalo e manjeiricão, agnolotti com cream cheese e limão siciliano, raviole margarita, além de bacalhau com molho de azeite e grão-de-bico e lagosta ao thermidor. Tudo regado ao champanhe francês Rosière (Blanc de blancs), exclusividade em Manaus da Top Internacional, e limonada de limão-siciliano. Noite realmente especial! A coluna agradece ao grupo de amigas que organizou o evento. Merci

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

>> Festa chic no Classic Hall. Chiquérrima! Assim defi nimos a festa que movimentou a ala

feminina da cidade, na quinta-feira, comemorando o aniversário deste colunista, no Classic Hall.

. Noite sofi sticadíssima, reunindo um time especialíssimo de socialites, que estavam, como de costume, lindas, perfumadas

e exibindo looks sensacionais.. O colunista/deejay Alexandre Prata apresentou um set

cheio de charme, com músicas bacanérrimas, completou o clima criado pela design de interiores Josi Jota e criou um

cenário único para a festa com ambientação inspirada na tonalidade verde-esmeralda, que traduz renovação, modernismo e prosperidade. Na recepção, painéis

em tons de verde e muitos espelhos, no salão, paisagismo em um gigante muro inglês de 7 metros de altura por 12 metros de comprimento, formando exclusividade no décor. Ânforas pretas metros de altura por 12 metros de comprimento, formando exclusividade no décor. Ânforas pretas metros de altura por 12 metros de comprimento,

com nobres bulganviles em contraste com o verde, très chic! Um cardápio preparado pelo bufê Clas-sic apresentou lançamentos da casa, como polvo no vinagrete frutado sob batata-doce; pirarucu e

banana em duas texturas, lichia recheada ao creme de gorgonzola, croquete de pato e molho de tucupi e laranja,

carolinas de salmão e cream cheese, queijo brie com amêndoas e mel, rã laminada com pistache para massas de trança de Parma e brie, raviole de damasco e brie, ravioles de espinafre com muçarela de búfalo e manjeiricão, agnolotti com cream cheese e limão siciliano, raviole margarita, além de bacalhau com molho de azeite e grão-de-bico e lagosta ao thermidor. Tudo regado ao champanhe francês Rosière (Blanc de blancs), exclusividade em Manaus da Top Internacional, e limonada de limão-siciliano. Noite realmente especial! A coluna agradece ao grupo de amigas que organizou o evento. Merci

mel, rã laminada com pistache para massas de trança de Parma e brie, raviole de damasco e brie, ravioles de espinafre com muçarela de búfalo e manjeiricão, agnolotti com cream cheese e limão siciliano, raviole margarita, além de bacalhau com molho de azeite e grão-de-bico e lagosta ao thermidor. Tudo regado ao champanhe francês Rosière (Blanc de blancs), exclusividade em Manaus da Top Internacional, e limonada de limão-siciliano. Noite realmente especial! A coluna agradece ao grupo de amigas que

Fernanda Mendonça e Jeny Ituassú

Julia Serfaty Cheruan e Ane Camely

Maysa e Do-rinha Antony

Raquel Machado

Suely Nas-cimento e Talita Souza

Mary Tuma e Elizeth Lange

Vânia Pimentel

Luciana Felicori e a linda fi lha

Alessandra e Graça

Figliuolo

Eliane Yamada e Najla Akel

Glória Carratte e

Michelle Car-ratte Cunha

Selma Reis e Lenúbia Aziz

Aparecida Pinheiro e Na-thalie Sobral

Tereza Cris-tina Garcia

Gizella Bolognese

A linda Re-nata Braga

As lindas bambinas Sophia Mar-tins e Valen-tina Coelho Damian

A psicóloga Ana Carolina Buzaglo Santos e a avó Lourdes Buzaglo

Raquel Claudino

Marlice Martins e a fi lha Sophia

Andréa Aziz e Kamila Jennifer Barbosa

Maria do Carmo Ma-galhães, Zenaldo Mot-

ta e Denise Santana

Silvia e Graziela

Nogueira

Virna Lins, Isabel Prata, Renata Braga e Alexandre Prata

A ótima Josi Jota, Charufe Nasser e Paulo Marinho

Kátia Sebbem e Karina Bessa

Ana Simões Montenegro e a fi lha Ana Paula

Celes Borges e Karina Queiróz

Ana Mourão e Zélia Peixoto

Andréa e Rosi-lene Medeiros

Eliane Schneider, Guto Oli-veira e Menga Junqueira

Marilza Mascarenhas, Mazé e Alessandra Mourão

Fátima Abreu e Luciane Novaes

Sonia Jinkings e Lucimar AugustoDetiva Coelho

Márcia Martins

Amália Bichara

Rossana Antony Feitoza e Cilene Abud Andrade

Adriane Antony

Florencia Ayub

FOTOS: MAURO SMITH E CÉSAR CATINGUEIRA

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Ópera ‘Lucia’ do italiano Donizetti estreia no FAO“Lucia di Lammermoor”, em cartaz hoje no 18º Festival Amazonas de Ópera, traz fi gurinos da Ópera de Colômbia

A montagem de “Lucia di Lammermoor” que estreia hoje, no 18º Festival Amazonas de

Ópera (FAO), apresenta fi gu-rinos assinados pelo uruguaio Adán Martínez. A presença dessas criações faz parte da parceria que a organização do evento mantém com a Ópera de Colômbia, que também já cedeu fi gurinos para a montagem de “Turandot”, de Puccini, que foi encenada na edição de 2008 do festival.

“Lucia di Lammermoor” é uma ópera composta em 1835 pelo italiano Gaetano Donizet-ti (1797-1848), e estreia no Teatro Amazonas, às 19h. As próximas récitas serão realiza-das nos dias 29 de abril e 1º e 3 de maio, também no Teatro Amazonas, sempre às 20h.

Os fi gurinos de Martínez para “Lucia di Lammermoor” foram feitos originalmente para uma versão apresentada em 2002. A coleção é formada por 90 peças que remetem ao período de 1670. O artista uruguaio

explica que é especialista em trajes de época e sua principal fonte de pesquisa para elabo-rar os fi gurinos são quadros do período em que a história narrada é ambientada. Depois de desenhadas, as criações são executadas pela equipe de seu atelier.

Adán Martínez comenta que “ama muito” a ópera “Lucia”, mas evita eleger esta obra de Donizetti ou a de outro com-positor como a sua favorita. “Toda ópera é apaixonante”, afi rma. Depois das encena-ções no FAO, os trajes de Martínez serão usados numa produção no Peru.

Difi culdadeO maestro Marcelo de Jesus,

que vai reger as quatro ence-nações do espetáculo, observa que “Lucia” foi composta com o estilo vocal do bel canto, o tipo de ópera mais tradicional que existe. “A sua estrutura é fechada, os números são bem defi nidos e, musicalmente, o bel canto está mais próximo do classicismo e do barroco do que do romantismo”, explica o regente.

Ele conta que o bel canto veio dos castrati, homens que possu-íam um tipo de voz equivalente a de uma soprano, mezzo-sopra-no ou contralto. “Essa técnica deles foi passada para quem não era castrati”, diz. Marcelo observa ainda que tudo nesse universo é rebuscado por causa da herança barroca e a parte musical pode ser considerada mais importante do que o tex-to. “A difi culdade a partir daí é conseguir cantores com resis-tência, pois você tem que ter um preparo físico excelente e inteligência musical. Não existe facilidade no bel canto, tudo é difícil”, diz. A montagem tem três horas de duração.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Adán Martínez afi rma que o fi gurino foi criado para uma montagem de 2002

Os ensaios da Or-questra Amazonas Fi-larmônica (OAF) e do Coral do Amazonas começaram em janei-ro, e dos cantores há um mês, mas estes já chegaram a cidade prontos para interpre-tar seus papéis.

A protagonista nas três primeiras apre-sentações será a so-prano mexicana Leti-cia de Altamirano, e na

última, a amazonense Dhijana Nobre.

A direção cênica de “Lucia” é assinada por Alejandro Cha-con, os cenários são de Marcos Apolo e o desenho de luz é de Fábio Retti.

Mais informações sobre a programação do Festival Amazonas de Ópera na rede social facebook.com/culturadoamazonas.

Ficha técnica de peso

ESPECIALIDADEO fi gurinista uruguaio Adán Martínez é con-siderado especialista quando o assunto é criar trajes de épo-ca. Suas inspirações surgem de quadros que datam do período a ser encenado

Ópera “Lucia di Lammer-moor” traz ambiente classifi cado como gótico, com elemen-tos sombrios, incluindo a luz

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

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As canonizações do bom e do ‘Peregrino do Amor’

ARTIGO

Carmen Novoa SilvaE-mail: [email protected]

Carmen Novoa Silva*Carmen Novoa Silva é membro da Academia Amazonense de Letras

A canoni-zação é a santifi ca-ção de uma pessoa que, em vida, era possuidora de excepcio-nais virtudes cristãs e que concedeu milagres, (...) como João 23 e João Paulo 2º”

João Paulo 2º, Karol Wo-jtyla, chamado “Peregrino do Amor” por suas viagens evangelizadoras. Visitou

mais de 250 países. Era cha-mado por isso, por suas viagens incansáveis, pelos brasileiros, de o “Papa-Léguas” (em corre-lação a história infantil). Ainda sendo velado o seu corpo em 2005 gritavam os jovens (das Jornadas Mundiais da Juventu-de) na praça de S. Pedro: Santo subito! (Santo já!). Ele, o fun-dador e mentor das jornadas no mundo.

O siginifi cado de canoniza-ção é a santifi cação de uma pessoa que em vida era possui-dora de excepcionais virtudes cristãs e que concedeu mila-gres. Assim sendo foi elevado à veneração dos altares para ser honrado condignamente pelos fi éis católicos. A canonização consiste numa cerimônia so-lene na qual o papa Francisco, hoje, inscreve no cânon mais dois santos que se agregarão à lista de santos da Igreja Católica: os papas João 23 e João Paulo 2º.

O papa em ManausCorria o mês de maio de 1980.

E o papa veio. Por isso fez-se feriado no dia que aqui esteve. O papa celebrou missa solene na catedral de Manaus (N. Se-nhora de Conceição), inclusive sendo feito para si uma artística cadeira papal (está na igreja matriz) de um tronco de madeira especial e “design” de linhas rústicas. Depois reuniu-se com grupo de indígenas na sede da Arquidiciosece de Manaus. João Paulo 2º foi a frente da procissão fl uvial de São Pedro.

Centenas de embarcações de todos os tipos sulcaram águas escuras do Rio Negro até o encontro com o rio Solimões, de águas barrentas. Numa corveta da marinha cumpria sua última etapa de terras brasileiras, re-alizando um sonho particular: o de conhecer uma das mais fascinantes regiões do mundo. Para Manaus, 1980 é um ano para não se esquecer jamais.

João 23, nascido Giuseppe Angelo Roncalli, começou seu pontifi cado em 1958. Em pouco tempo como pontífi ce, (morreu

em 1962) deixou um legado inolvidável: a convocação para o Concílio Ecumênico Vaticano 2º, “concílio pastoral, para abrir as janelas da igreja para o mundo, e nunca erguer barricadas ao seu redor”, costumava dizer. Por isso foi o “acontecimento cristão mais revolucionário desde a Re-forma”. No Concílio Ecumênico estavam presentes delegações ofi ciais dos coptas do Egito, or-todoxos, anglicanos, luteranos, calvinistas congregacionistas.

A encíclica-mancheteA “Mater et Magistra” (Mãe

e Mestra) 1961 (sua encícli-ca de repercussão mundial) foi manchete de primeira página em todo o mundo, inclusive na Rússia (União Soviética). Tinha postura interclesial (interação entre religiões cristãs) e interre-ligiosa (interagindo com outras religiões). Sua segunda encíclica “Pacem in Terris” (Paz na terra) é tida como um documental de ética internacional e dos direitos humanos. E também de deveres, no sentido de responsabilidade. A ideia do documento não era

novidade. Mas o ine-ditismo é que viesse de um papa!

O raio de esperançaA história narra

que John Kenne-dy, presidente dos EUA, e o primeiro-mi-nistro sovié-tico, Nikita K ruschev, t rocaram p a l a v r a s duras em 1961, durante o inci-dente dos mísseis em Cuba. Todos pensaram na eclosão da 3ª Guerra. Mas, João 23, entrou com sua ternura pessoal. Pro-nunciou um discurso para os chefes das nações causando um recuo soviético em Cuba. Kruschev disse ao jornal russo Pravda: “Não temo o julga-mento de Deus, pois sou ateu, mas acolho o apelo de João 23. Ele presta uma homenagem à razão. João 23 é como único raio de esperança”.

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Segundo a antropóloga Ma-ria Laura Cavalcanti, “a palavra Folclore provém do neologis-mo inglês folk-lore (saber do povo) cunhado por Williem John Thoms, em 1846, para denomi-nar um campo de estudos até então identifi cado como “an-tigüidades populares” ou “lite-ratura popular”. Nesse sentido amplo de “saber do povo”, a idéia de folclore designa mui-to simplesmente as formas de conhecimento expressas nas criações culturais dos diversos grupos de uma sociedade.

A autora nos informa, ainda, que a defi nição de folclore ou o conjunto de atividades culturais que a enfeixam, na verdade é muita complexa, cuja compreensão só se é possível aventar através do conhecimento sobre a própria história do folclore, suas va-riantes conforme o tempo.

Defi nir, portanto, o que é folclore é uma tarefa difícil e cheia de riscos, ainda mais em se tratando de encontrar um veio nodal no qual o Es-tado tenha que seguir com o intuito de programar suas políticas para este segmento específi co. O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular – CNFCP reconhece o “caráter dinâmico e diverso da cultura, o que signifi ca não condenar as transformações inerentes a dinâmica da vida social. O ‘tradicional’ não é resíduo do passado, e, sim, um conjunto de práticas sociais presentes, que se reproduzem por meio do trabalho e do poder de recriação de seus agentes, restituindo sua identidade cultural”.

O que pretendemos dizer é que há uma diferença entre uma autêntica manifestação do fol-

clore e da cultura popular com “recriações” que tomam como matéria principal elementos do folclore. O folclore/cultura po-pular é, portanto, parte de uma vida social, ele participa de uma dinâmica própria, marcado pela herança e é reconhecido por sua comunidade e seus pares.

Diante de tais preceitos é importante que se faça a dis-tinção daquilo que é parte da vida social de uma dada co-munidade, reconhecida por ela e por seus membros, de outra que é meramente induzida por interesses do mercado onde o principal exemplo, como já citei aqui um sem-número de vezes, é o boi de Parintins.

Este artigo não pretende es-gotar o assunto, basta dizer que ainda existem no campo do folclore e cultura popular caminhos importantes a serem discutidos (e o são em certo sentido), como por exemplo, o confl ito entre o erudito e o popular (que não são de forma algum antagônicos), o clean e o rústico, o ingênuo e o sofi s-ticado, entre outros.

Mas é certo que somos per-meados de conceitos emba-raçosos e cheios de desvios quando tratamos do assunto. O próprio Boi de Parintins é um elemento que perdeu a sua na-tureza folclórica, pois a comuni-dade não participa da festa em cuja estrutura alguns poucos são “contemplados” pela “he-rança” do jogo capitalista.

O mesmo acontece há mui-tas danças ditas “tradicionais” em Manaus. O conceito aqui é visto por um viés tradicional já ultrapassado há muitas déca-das por pesquisas específi cas na área. Mas isto é tema para um outro artigo.

Márcio [email protected]

Márcio Brazator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

Ainda exis-tem, no campo do folclore e cultura popular, caminhos importan-tes a serem discutidos, como os confl itos en-tre o erudito e o popular, o clean e o rústico”

Folclore e tradição

O bailarino carioca Daniel Rolim, de 27 anos de idade, que há 6 reside

em Manaus, decidiu fazer uma mudança radical na sua carreira. “Larguei tudo o que eu estava fazendo para investir na carreira de cantor de funk”, explica o artista, que, além de pro-fessor de dança de salão em academias e de baila-rino em bandas musicais de Manaus, atuava como empresário, sendo sócio de uma pizzaria.

“Eu já estava até pensan-do em abrir um novo restau-rante quando resolvi voltar ao Rio para rever alguns amigos e recebi o convite de um amigo de infância, o MC Rouba a Cena, para cantar funk. Eu sempre tive amigos MCs e sempre quis cantar, mas nunca tive coragem. Porém, desta vez, eles me incentivaram e eu acabei aceitando a ideia”, conta MC Thuey, novo nome do artista, que durante alguns anos trabalhou como mo-delo, desfi lando para lojas de roupas no Rio.

O MC explica que pretende

desenvolver a sua carreira no Rio, onde o movimento do funk é muito forte, porém re-solveu gravar o seu primei-ro videoclipe na capital do Amazonas para prestigiar a terra que o acolheu e que lhe deu tantas oportunida-des. “Decidimos gravar em Manaus como uma forma de homenagear a cidade, e fazer o lançamento no Rio devido aos contatos que eu já tinha feito lá durante as férias”, esclarece Thuey.

InternetAlém dos amigos MCs do

Rio, Thuey recebeu o apoio de outro artista carioca, Jimmy Garrido, que tam-bém mora em Manaus e atua como cantor de bolero no Festa Clube, na Estrada dos Franceses, zona Cen-tro-oeste. “Ele é meu primo e compôs a minha música de trabalho, ‘Te Levo pro Motel’, que é a canção do clipe, que já está disponível para download no YouTube”, conta Thuey.

Para produzir o primeiro videoclipe da nova carreira, Thuey fez uma audição e selecionou a bailarina Éri-

ca Matos, que já dançou em shows de várias bandas locais, e a ring girl Raia-ne Castro. Além das duas, as apresentações do MC contam com um DJ. “Essa é a equipe que vai comigo nos meus shows tanto aqui em Manaus quanto no Rio”, diz Thuey, que já possui apresentações agendadas a partir de junho na sua cidade natal.

RepertórioAlém da música de traba-

lho, o repertório do artista possui canções autorais, en-tre elas “Marretinha”, “Sa-bor de Bombom”, “Bateu no Meu Coração”, “Não Chore por Mim” e “Acordei”. “Eu já estou em processo de produção do meu segundo clipe, que vai ser com a música ‘Marretinha’, mas, desta vez, pretendo gravar no Rio”, informa Thuey.

As pessoas interessa-das em contratar o artista para shows podem entrar em contato por meio do celular (92) 9181-2249 e das contas no Facebook (Daniel Rolim) e GMail ([email protected]).

Ex-modelo, bailarino e professor de dança de salão inicia nova carreira como cantor de funk e escolhe Manaus para o pontapé inicial de sua nova fase artística

MC carioca Thuey grava videoclipe em Manaus

ELVIS

REGI

GILMAL

MÁRIO ADOLFO

ROSIMAR SANTOS/DIVULGAÇÃO

MC Thuey é natural do Rio de Janei-ro e reside em Manaus há 6 anos

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Programação da TV

5H JORNAL DA SEMANA6H IGREJA UNIVERSAL7H BRASIL CAMINHONEIRO7H30 PLANETA TURISMO8H30 VRUM9H SORTEIO AMAZONAS DA SORTE (LOCAL)10H DOMINGO LEGAL 14H ELIANA18H RODA A RODA JEQUITI18H45 SORTEIO DA TELESENA19H PROGRAMA SILVIO SANTOS23H DE FRENTE COM GABI0H NIKITA1H CHASE A PERSEGUIÇÃO2H CULT3H20 BIG BANG4H IGREJA UNIVERSAL

SBT

GLOBO 6H SANTO CULTO EM SEU LAR6H30 DESENHOS BÍBLICOS9H AMAZONAS DA SORTE - LOCAL10H RECORD KIDS 11H DOMINGO SHOW15H15 HORA DO FARO 19H20 DOMINGO ESPETACULAR 23H15 SPARTACUS 0H15 A NOVA SUPER MÁQUINA1H15 PROGRAMAÇÃO IURD

5H SANTA MISSA.6H AMAZÔNIA RURAL06H30 PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS.7H05 GLOBO RURAL.8H AUTO ESPORTE.8H30 SUPERLIGA DE VÔLEI FEMININA - RJ X SESI-SP11H30 ESQUENTAPrograma Silvio Santos de hoje, no SBT, contempla momento especial com o Troféu Imprensa

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4É tempo de trabalhar por seu patrimônio e trabalhar para alcançar a segurança material básica. Utilize-se dos recursos que até aqui aproveitara pouco. Use bem o que é seu.

TOURO - 20/4 a 20/5Suas melhores capacidades devem ser coloca-das em uso neste dia. Não se economize nem se guarde para depois. Seu tempo é agora. Seja quem você quer ser.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6Os problemas que podem ser resolvidos hoje não devem ser adiados Imaginar que em outro momento seria mais fácil é se iludir. Hoje é mais fácil, apesar de tudo.

CÂNCER - 22/6 a 22/7Você almeja mais solidez e segurança para seus planos de vida. Hoje, você consegue isso tomando para si a responsabilidade de realizar seus sonhos mais importantes.

LEÃO - 23/7 a 22/8Realizar o que idealizou para o trabalho pro-fi ssional implica em atravessar difi culdades e vencer obstáculos. Arregace as mangas e faça o que precisa ser feito, por difícil que seja.

VIRGEM - 23/8 a 22/9É tempo de sonhar alto, de imaginar formas de crescer como ser humano. As atividades sociais e culturais estão bastante favorecidas. Coloque em campo seus melhores ideais.

LIBRA - 23/9 a 22/10Você poderia utilizar bem melhor os recursos que tem em suas mãos. Sua atividade de trabalho está mesmo precisando do ingresso de novos recursos.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11É tempo de planejar o futuro do relacionamento a dois, encontrar para ela uma direção que lhes seja motivadora e positiva. Pense nas melhores coisas para o futuro de vocês.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12Coloque o melhor de sua grande energia para resolver as coisas mais chatas. Um dia propí-cio para atravessar os trechos mais difíceis e aborrecidos de seu trabalho.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1Momento positivo para a relação amorosa, no qual os sentimentos podem ser expressos com mais força e presença. Você hoje estará bem perto da pessoa amada.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2Um dia favorável para colocar ordem nos de-talhes de sua casa e no seu espaço, de modo a criar um clima agradável, acolhedor e favorável para você e todos se sentirem bem.

PEIXES - 19/2 a 20/3A expressão artística está altamente estimu-lada. Você se comunica melhor através das imagens claras e bem delineadas - capriche em se comunicar deste modo.

Cruzadinhas

REPRODUÇÃO

RECORD5H POWER RANGER – RPM6H DESENHO6H30 SANTA MISSA NO SEU LAR7H30 SABADÃO DO BAIANO8H DESENHO9H30 POPEYE9H45 INFOMERCIAL – POLISHOP10H15 POWER RANGERS – SUPER PATRULHA DELTA10H45 VERDADE E VIDA11H IRMÃO CAMINHONEIRO - BO-LETIM11H05 MINUTO DA COPA – BOLETIM11H10 PÉ NA ESTRADA

13H TEMPERATURA MÁXIMA - SHREK PARA SEMPRE15H FUTEBOL 2014 - CORIN-THIANS X FLAMENGO17H DOMINGÃO DO FAUSTÃO19H45 FANTÁSTICO22H10 SUPERSTAR23H20 TUF - EM BUSCA DE CAMPEÕES0H15 DOMINGO MAIOR - ATÉ O LIMITE DA HONRA2H25 OBRIGADO SENHOR2H30 HINO NACIONAL2H35 ENCERRAMENTO PREVIS-TO (MANUTENÇÃO MENSAL)

11H35 DE OLHO NA COPA – BOLE-TIM 11H40 SÓ RISOS12H20 BAND ESPORTE CLUBE14H GOL, O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL14H30 FUTEBOL 201416H50 3º TEMPO 19H SÓ RISOS 20H POLÍCIA 24H21H PÂNICO NA BAND0H CANAL LIVRE1H MINUTO DA COPA – BOLETIM1H05 ALEX DENERIAZ1H40 SHOW BUSINESS - REAPRE-SENTAÇÃO2H30 IGREJA UNIVERSAL

BAND

Cinema

Copa de Elite: BRA. 14 anos. Cinemais Millennium – 15h10, 17h10, 19h15, 21h20 (diriamente); Cinemais Plaza – 14h50, 16h50, 18h50, 21h (diariamente); Cinema-rk 8 – 11h30 (somente sábado e domingo), 14h, 16h30, 19h, 21h30 (diariamente), 23h50 (somente sábado); Cinépolis 6 – 16h15, 18h45 (diariamente); Playarte 3 – 17h30, 19h30, 21h30 (diariamente), 23h30 (somente sexta-feira e sábado).

O Filho de Deus: EUA. 14 anos. Ci-nemark 3 – 15h40 (dub/diariamente); Ciné-polis 6 – 21h15 (leg/diariamente); Playarte 2 – 12h20, 15h (dub/diariamente).

Júlio Sumiu: BRA. 16 anos. Cinemais Millennium – 18h40, 21h (diariamente); Cinemais Plaza – 19h30, 21h50 (dia-riamente); Cinemark 2 – 20h10, 22h20 (diariamente); Cinépolis 2 – 13h10, 19h10 (diariamente), Cinépolis 10 – 15h45, 21h (diariamente); Playarte 3 – 13h30, 15h30 (diariamente).

Divergente: EUA. 14 anos. Cine-mais Millennium – 13h50, 16h30, 19h10, 21h50 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 13h30, 16h15, 18h55, 21h35 (leg/diaria-mente); Cinemark 1 – 11h20 (dub/somente sábado e domingo), 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sábado); Cinépolis 3 – 18h10, 21h15 (dub/diariamente), Cinépolis 7 – 14h15, 17h30, 20h45 (leg/diariamente); Playar-te 8 – 18h10, 20h50 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sába-do), Playarte 9 – 13h10, 15h50, 18h30, 21h10 (leg/diariamente), 23h50 (leg/so-mente sexta-feira e sábado).

Capitão América 2 – O Soldado Invernal: EUA. 12 anos. Cinemais Millen-nium – 14h, 16h40, 19h20, 22h (3D/dub/diariamente), 16h10, 21h30 (leg/diaria-mente), 13h30, 18h50 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h, 16h40, 19h20, 22h (dub/diariamente), 13h20, 16h, 18h40,

21h20 (dub/diariamente), 15h20, 18h10, 20h50 (dub/diariamente); Cinemark 5 – 15h45, 21h15 (3D/dub/diariamente), Cinemark 7 – 22h10 (3D/dub/diariamen-te), 13h, 16h10, 19h10 (dub/diariamente); Cinépolis 1 – 14h10 (3D/leg/diariamente), Cinépolis 5 – 13h, 19h (3D/dub/diariamen-te), 16h, 22h (3D/leg/diariamente); Ciné-polis 8 – 17h (dub/diariamente); Playarte 1 – 14h10, 17h (3D/dub/diariamente), 20h (3D/leg/diariamente), 22h50 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 4 – 21h (leg/diariamente), Playarte 5 – 12h30, 15h10, 17h50, 20h30 (dub/diariamente), 23h10 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Noé: EUA. 14 anos. Cinemais Millen-nium – 13h40, 16h20, 19h, 21h40 (3D/dub/diariamente); 13h10, 15h50, 18h30, 21h10 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 13h40, 16h20, 19h, 21h40 (dub/diaria-mente); Cinemark 3 – 12h40, 18h40, 22h

(3D/dub/diariamente), Cinemark 4 – 12h (dub/somente sábado e domingo), 15h, 18h, 21h (dub/diariamente), 0h (dub/so-mente sábado); Cinépolis 1 – 17h10, 20h25 (3D/leg/diariamente), Cinépolis 4 – 19h30, 22h30 (3D/dub/diariamente), Cinépolis 8 – 13h45 (dub/diariamente), 20h (leg/dia-riamente); Playarte 2 – 17h40, 20h20 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sex-ta-feira e sábado), Playarte 4 – 12h50, 15h35, 18h20 (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Rio 2: EUA. Livre. Cinemais Millen-nium – 14h10, 16h15 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h30, 17h (diariamen-te); Cinemark 2 – 12h45, 15h15, 17h45 (dub/diariamente), Cinemark 5 – 13h10, 18h50 (3D/dub/diariamente); Cinépolis 3 – 15h10 (dub/diariamente), Cinépolis 6 – 13h30 (dub/diariamente); Playarte 7 – 12h50, 15h (dub/diariamente), Playarte 8 – 13h50, 16h (dub/diariamente).

CONTINUAÇÕES

PRÉ-ESTREIA

O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro: EUA. 12 anos. Todos sabem que a batalha mais importante do Homem-Aranha é a que ele trava consigo mesmo: o confl ito entre as obrigações cotidianas de Peter Parker e as responsabilidades extraordinárias do Homem-Aranha. Mas em O Espetacular Homem-Aranha™ 2: A Ameaça de Electro, Peter Parker descobre que um confl ito ainda maior está à sua espera. É ótimo ser o Homem-Aranha. Para Peter Parker (Andrew Garfi eld), não há nada melhor do que se balançar entre arranha-céus, ser um herói e passar o tempo com Gwen (Emma Stone). Mas ser o Homem-Aranha tem um preço: apenas ele pode proteger os nova-iorquinos dos inacreditáveis vilões que ameaçam a cidade. Com o surgimento de Electro (Jamie Foxx), Peter precisa confrontar um inimigo muito mais poderoso do que ele. E com o retorno de seu velho amigo Harry Osborn (Dane DeHaan), Peter percebe que todos os seus inimigos têm uma coisa em comum: a OsCorp. Cinemark 6 – 0h01 (3D/dub/somente quarta-feira).

Inatividade Paranormal 2: EUA. 12 anos. Sequência de Inatividade Paranormal (2012), sátira de fi lmes de terror escrita e atuada por Marlon Wayans. As principais produções pa-rodiadas são os `found footage fi lms ,́ ou seja, as produções que simulam gravações reais e amadoras encontrados posteriormente, contendo imagens de possessões e fenômenos sobrenaturais. Depois de perder sua namorada possuída Kisha em um acidente de carro, Malcolm (Marlon Wayans) conhece e se apaixona por Megan, uma branca mãe solteira de dois fi lhos. Enquanto ele se muda para uma nova casa com a família, Malcolm descobre que eventos paranormais bizarros cercam as crianças e a propriedade. Para complicar as coisas, Kisha está de volta do mundo dos mortos e se muda para uma casa do outro lado da rua, e não há nada pior do que o desprezo de uma ex-namorada demoníaca. Cinemais Millennium – 15h30, 17h30, 19h30, 21h35 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 15h10, 17h10, 19h10, 21h10 (dub/diariamente); Cinemark 6 – 11h10 (dub/somente sábado e domingo), 13h40, 16h, 18h20, 20h45 (dub/diariamente), 23h (dub/somente sábado); Cinépolis 9 – 14h30, 19h15 (dub/diariamente), 16h45, 21h30 (leg/diariamente); Playarte 6 – 13h15, 15h15, 17h15, 19h15, 21h15 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 17h16, 19h16, 21h16 (dub/diariamente), Playarte 10 – 14h15, 16h15, 18h15, 20h15 (leg/diariamente), 22h10 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Profi ssão de Risco: EUA. 14 anos. Jack (John Cusack) é um cara valentão com má sorte crônica, mas com sentimentos humanos. Contratado por Dragna (Robert De Niro), um lendário chefão do crime, para realizar uma tarefa simples, mas incomum, ele precisa ganhar espaço entre uma série de outros personagens obscuros que também foram convocados pelo mafi oso para uma reunião em um motel decrépito. Quando o assassino cruza o caminho de uma mulher misteriosa (Rebecca Da Costa), eles unem forças para fugir e tentar sobreviver a uma noite de caos homicida. Cinépolis 2 – 16h10, 22h25 (leg/diariamente), Cinépolis 10 – 13h15, 18h (dub/diariamente).

ESTREIAS

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Page 39: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Valdenice Garcia e Iza Assef

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Plateia

Com esse tema o Sebrae está orquestrando, no Clu-be do Trabalhador/Sesi, até hoje, a Feira do Empreendedor. Reunindo grandes e pequenos negócios o evento promete movi-mentar em torno de R$ 4 milhões, apenas com a rodada de negócios atendendo, aproximadamente, 20 mil pessoas, conforme expectativa divul-gada pela organização da prestigiada feira, que contou com a presença do governador José Melo em sua abertura, na última quinta-feira.

“Rios de oportunidades, frutos de negócios”

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

be do Trabalhador/Sesi, até hoje, a Feira do Empreendedor. Reunindo grandes e pequenos negócios o evento promete movi-mentar em torno de R$ 4 milhões, apenas com a rodada de negócios atendendo, aproximadamente, 20 mil pessoas, conforme expectativa divul-gada pela organização da prestigiada feira, que contou com a presença do governador José Melo em sua abertura,

“Rios de oportunidades, frutos de negócios”

Samira Carvalho e Éri-ka Leal estão trocando de idade hoje. Os cum-

primentos da coluna. Amanhã, a doce Ceiça Seixas estará aniversariando.

A Engeco está isentando seus clientes do paga-

mento do ITBI e ainda está ofere-cendo seis meses de condomínio grátis em seus empreendimen-tos prontos. Vale a pena aproveitar.

A Escola Superior Batista do Amazo-nas realizará, em maio, a 5ª Feira de

Formandos da Es-bam, na área de con-vivência da unidade 1. O evento aconte-cerá nos dias 6 e 7, das 9h às 21h.

Júlio Ventilari e Marko Belém comandarão um almoço regional para celebrar o Dia das Mães, no próximo dia 8, no Naoca. O evento faz parte da homenagem que o programa In/Comum fará às matriarcas durante o mês de comemora-ção delas.

William Kauê ga-

nhou ontem sua primeira festi-nha no Fran’s Café dos paizões Joice e William Rezende. O baby chá foi divertidíssimo.

Os bonitos Fabíola Araújo e Djalma Coelho vão or-questrar o casório mais esperado da temporada. O “sim” acontecerá no pró-ximo dia 24, às 20h, na Catedral Nossa Senhora da Conceição seguido de recepção no Dulcila da Pon-ta Negra. Será tudo muito chique, creia.

Amanhã com coquetel concorrido, James Basílio pi-lota o lançamento do Marina Palms, fincado em Miami, para a ala sobrenomada da cidade. O evento acontecerá no Taboo, às 19h.

O público infantil e, claro, os pais que forem ao Parque Municipal Ci-dade da Criança (hoje) poderão conferir a ani-mação “Meu Malvado Favorito 2”. A sessão cineminha é grátis e começa às 15h.

O cantor Benito de Paula faz aparição no Dulcila da Ponta Negra na programa-ção do “Rio, Samba Show”, às 22h, no dia 5 de junho. O em-presário Juca Sêmen é quem assina o evento cultural.

Cristiane e Cid Soares Jr. convidam para con-ferir o début chique da filha Lara no Diamond, no próximo dia 9, às 21h. Merci pelo convite.

::::: Sala de Espera

MANAUS, DOMINGO, 27 DE ABRIL DE 2014

Samira Carvalho e Éri-ka Leal estão trocando de idade hoje. Os cum-

primentos da coluna. Amanhã, a doce Ceiça Seixas estará aniversariando.

isentando seus clientes do paga-

mento do ITBI e ainda está ofere-cendo seis meses de condomínio grátis em seus empreendimen-tos prontos. Vale a pena aproveitar.

A Escola Superior Batista do Amazo-nas realizará, em maio, a 5ª Feira de

Formandos da Es-bam, na área de con-vivência da unidade 1. O evento aconte-cerá nos dias 6 e 7, das 9h às 21h.

Júlio Ventilari e Marko Belém comandarão um almoço regional para celebrar o Dia das Mães, no próximo dia 8, no Naoca. O evento faz parte da homenagem que o programa In/Comum fará às matriarcas durante o mês de comemora-ção delas.

William Kauê ga-

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A bela Iara Chaves Raman Neves, amiga querida e dona de uma doçura ímpar, está aniversarian-do hoje. Vida longa, sabe-doria, força, serenidade e, acima de tudo, saúde!

Valdenice Garcia e Iza Assef

governador José Melo em sua abertura, na última quinta-feira.

Governa-dor José Melo

Célia e Maria Villa-Boas com Mariana e Ozeneide Nogueira

Silvia Tuma e Graça Assis

Deputado José Ricardo

Mano Cavalcanti e sua Vanessa

Paulo Silva com a noiva e estudante de design e moda, Eliane Cabral

Lú Campelo e Jenner Costa

Thomaz Nogueira, Lupicínio Nogueira e Wilson Périco

Michelle Gui-marães e Cris Batista

Norma e o an-fi trião Antônio Silva, presiden-te da Fieam

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Page 40: EM TEMPO - 27 de abril de 2014

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