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PATROCINADORA DO APP GRATUITO Ano XV • Nº 175 • Março 2014 • R$ 15,00 ENTREVISTA Ricardo Abramovay, da USP, fala dos desafios para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ALIMENTOS Na Dinamarca, “lata plástica” movimenta a venda de pescados e frutos do mar Promessa natural Suco pronto é uma oportunidade de negócios para a indústria de bebidas – e para o setor de embalagens

EmbalagemMarca 175

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Revista EmbalagemMarca Nº 175, março de 2014. Reportagem de capa: Sucos

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ENTREVISTAricardo abramovay, da uSP, fala dos desafios para a implantação da Política nacional de resíduos Sólidos

ALIMENTOSna dinamarca, “lata plástica” movimenta a venda de pescados e frutos do mar

Promessa naturalSuco pronto é uma oportunidade de negócios para a indústria de bebidas – e para o setor de embalagens

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Março 2014 | 3

EditorialUMA CONVERSA COM O LEITOR

Estímulo às avessas

“Há público disposto

a pagar mais por artigos

de maior valor agregado

que “o resto”, mas é

preciso incorporar a eles

a necessária percepção de

valor – e é dispensável

lembrar que para isso

não há instrumento

mais eficaz do que

uma boa embalagem”

NAS fREqUENTES reuniões feitas na redação de EmbalageMarca para análise e interpretação de fatos e tendências ocorridas na cadeia de valor da embalagem, com vistas à edição das informações coletadas, a equipe da revis-ta chega a conclusões interessantes quan-to ao comportamento dos integrantes de diferentes elos daquela corrente. Muitas vezes as constatações são positivas, sendo possível registrar avanços e inovações importantes que acabam sendo incor-porados aos produtos. Boa parte desses casos recebe a merecida cobertura na revista e acaba sendo inscrita e escolhida pelos jurados para receber troféus do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, que aliás tem o lançamento de sua oitava edição agendado para abril próximo.

Mas nessas reuniões é frequente constatar-se também que há um vasto campo inexplorado para produtos que fujam à classificação de mainstream, isto é, daquilo que integra o lugar comum, a comoditização, o me too de quem tenta assemelhar-se às marcas líderes – em geral copiando o formato e outros aspec-tos de suas embalagens. Como tem sido demonstrado em seguidas reportagens, abordando-se os mais variados segmen-tos de mercado de bens de consumo, empresas que resolvem explorar esses terrenos semivirgens, com o lançamento de itens de qualidade intrinsecamente superior a assemelhados, têm-se dado muito bem. Além do que já foi tantas vezes mostrado nas páginas desta revista, isso pode ser visto na reportagem de capa desta edição, sobre sucos, de autoria do editor executivo Guilherme Kamio. Ali está demonstrado que há público dispos-to a pagar mais por artigos de maior valor agregado que “o resto”, para o que se faz preciso incorporar a eles a necessária per-

cepção de valor. E é dispensável lembrar que para isso não há instrumento mais eficaz do que uma boa embalagem.

As considerações acima podem ser vistas como obviedades, como de fato são. No entanto, é surpreendente – na verdade, é um tanto decepcionante – verificar, quando se percorre supermer-cados e outros pontos de venda, intensa precariedade de produtos diferenciados em praticamente todas as categorias de consumo. Essa constatação se torna mais gritante quando se observa o que acontece no exterior, onde é fartíssima a oferta de itens sofisticados em searas nas quais, entre nós, é predominante a mesmice. Como não temos condições de apurar quais seriam as possíveis causas dessa postura dos fabricantes, limitamo--nos a conjeturar, e o fazemos não como crítica, mas numa espécie de estímulo às avessas para o exercício da atenção a oportunidades.

Dentre as conjeturas que fazemos destaca-se a de que talvez predomine entre os brand owners, sobretudo entre as marcas líderes, a teoria de que “não se deve mexer em time que está ganhan-do”. Estariam satisfeitos com os ganhos obtidos principalmente no giro? Não se pode dizer que estejam “acomodados”, sendo mais provável que o peso do gigan-tismo (ou normas impostas por matrizes situadas no exterior) deve dificultar seus movimentos e sua criatividade. Assim, como os menores não têm muito a per-der, “mexem nos times” com desenvoltu-ra e agilidade. Ao que podemos perceber em nosso trabalho diário, ainda que não estejam “derrotando” gigantes, eles estão indo muito bem, obrigado.

Até abril.

WILSON PALHARES

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SumárioEdição 175 • Março 2014

Diretor de redação: Wilson Palhares | [email protected] • Editor executivo: guilherme Kamio | [email protected] • Redação: Flávio Palhares | [email protected] • Comercial: Karin trojan | [email protected] • Wagner Ferreira | [email protected] • Gerente comercial: roberto inson | [email protected] • Diretor de arte: carlos gustavo curado | [email protected] • Administração: Eunice Fruet | [email protected] • Marcos Palhares | [email protected] • Eventos: Marcella Freitas | [email protected] • Circulação e assinaturas (assinatura anual R$ 150): [email protected]

Publicação mensal daBloco Comunicação Ltda.Rua Carneiro da Cunha, 11926º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP(11) 5181-6533 • (11) 3805-5930www.embalagemmarca.com.br

Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.

Almanaque Edição Especial ........... 3ª capaBaumgarten .........................................22 e 23Congraf ................................................ 2ª capaEFI .....................................................................13Essentra .......................................................... 27

Grandes Cases ............................................. 37Husky .................................................... 4ª capaIbema .................................................................7Indexflex ..........................................................31Krones ............................................................ 25

MLC .................................................................39Prakolar ............................................................ 5SIG Combibloc .............................................29TNA Solutions ................................................. 9

Empresas que anunciam nesta edição

6 Bazar Melitta, marca líder em filtros de papel para café, renova layout e adota novo sistema de abertura de embalagens

8 Painel Krones desenvolve equipamento para decoração direta de frascos plásticos • Amazon cria aplicativo para smartphones que reconhece embalagens • Dixie Toga agora é Bemis Latin America • Baumgarten compra gráfica na Argentina

20 Artigo Como a ciência pode ajudar a embalagem a se tornar protagonista no marketing

Por Marcos Palhares

21 Institucional Nova campanha, desenvolvimento do troféu e formulário de inscrições simplificado dão início ao Prêmio Grandes Cases de embalaGem 2014

24 Entrevista Ricardo Abramovay, professor titular de sociologia da USP, faz um balanço da situação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que está em fase final de implantação

30 Internacional Garrafa de papel já é realidade no mercado norte-americano de vinhos

32 Internacional Recipientes plásticos para pescados e frutos do mar em conserva garantem três anos de shelf-life aos produtos

33 Industrialização Coca-Cola abre portas de fábricas para mostrar que processo de envase de refrigerantes é à prova de contaminação por resíduos sólidos

36 Display Água mineral capixaba tem embalagem com formato inspirado em pedras preciosas • Sagatiba comemora 10 anos com rótulo especial • Camp lança chocolates em mini-embalagens de 5 gramas • Bombril redesenha embalagens do amaciante Mon Bijou

41 Display Especial Copa Com a proximidade da Copa do Mundo, crescem os lançamentos de embalagens promocionais relacionadas ao evento

42 Almanaque Garoto começou vendendo balas em tabuleiros • Coca-Cola, sempre “brasileiríssima” • Toddy Pronto, o precursor do Toddynho • Em 1951, a Cica introduziu no Brasil um novo “processo americano” de embalagem

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Reportagem de capa:

Tendência naturalAnte o predomínio de néctares e refrescos no mercado, sucos prontos configuram uma oportunidade clara de negó-cios. Mercado de embalagens promete apoiar o movimento

Por Guilherme Kamio

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6 | Março 2014

BAzAr

Tradição mais práticaMarca líder em filtros de papel para café atualiza o layout e apresenta novo sistema de abertura de suas embalagens

O PESO DA tradição no mercado de cafés manifesta-se pela força das marcas clássicas do setor. No negócio de filtros de papel para uso em coadores, por exemplo, não há quem ombreie no Brasil com a Melitta – detentora de 63% de market share, segundo dados da Nielsen. Para ressaltar sua autoridade na matéria, a empresa modificou suas embalagens. O novo desenho destaca a palavra “original”, alusiva ao fato de o pro-duto ter sido inventado, em 1908, pela fundadora da Melitta, a alemã Melitta Bentz.

Além do pioneirismo da marca, ganhou ênfase a identifi-cação da versão do acessório, feita por meio de números (100, 102, 103, Nº2, Nº4). “A hierarquização das informações foi alte-rada para realçar atributos que, no nosso entender, precisavam aparecer mais”, explica Denise Ritur, gerente de produto da operação brasileira da Melitta. “Enquanto os concorrentes ofe-recem filtros em dois tamanhos, oferecemos cinco. Somente nós temos, por exemplo, itens exclusivos para cafeteira elétrica. No novo design, essa função ficou mais clara”. O redesenho contou com os serviços de uma agência de design, cuja identi-dade não é revelada.

A PRINCIPAL MUDANçA nas embalagens, porém, não está nos ajustes visuais. Os cartuchos de papel cartão que acondicionam os filtros passam a ter um novo sistema de abertura. Diferentemente da solução corriqueira no mercado, em que um picote orienta a remoção do topo das caixas, o da Melitta agora se baseia numa área picotada maior, para desta-que de uma aba no verso dos cartuchos (ver imagem). “Ficou muito mais cômodo abrir a embalagem e retirar os filtros”, diz Denise Ritur.

Desenvolvida em conjunto com a Brasilgrafica, a nova proposta de abertura teria sido avaliada e aprovada por con-sumidores em estudos encomendados a três institutos de pes-quisas. “Faz todo sentido que um produto que está no dia a dia do brasileiro proporcione mais praticidade”, opina a gerente de produto da Melitta. Para ela, a atualização de embalagem coincide com um momento favorável, a despeito da oferta crescente de novas soluções para o preparo da bebida, como as máquinas abastecidas por cápsulas. “Você vê cafeterias e restaurantes badalados oferecendo cafezinho passado na hora. Existe uma onda de resgate de valor”, comenta Denise. “O que é tradicional e consagrado dificilmente sai da moda.”

na nova embalagem (acima.), a palavra “original” ganhou evidência. Em compensação, a expressão “Aroma Max”, que denomina um sistema de microfuros para acelerar a filtragem do café, foi reduzida. a identificação da versão do filtro foi realçada. os

principais dizeres continuam a ter alto relevo, assim como permanece a aplicação de textura (pontos) na imagem do filtro de papel. o sistema de abertura, que na versão antiga situava-se no topo (abaixo), agora tem picote maior, no verso do cartucho

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8 | Março 2014

PainelMOVIMENTAçÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS Edição: GUILhERME KAMIO

[email protected]

Aposta no rótulo digitalDECORAçÃO

Krones desenvolve equipamento para decoração direta de embalagens plásticas. Sistema acena a vantagens para o marketing

APONTADA COMO uma solução pro-missora para a indústria de bens não duráveis, a decoração direta de embalagens por meio da impressão digital tem uma nova proponente de peso. É a Krones, uma das principais forne-cedoras mundiais de máquinas para linhas de acondicionamento de bebidas. A multinacio-nal alemã anunciou em fevereiro o lançamento da DecoType, tecnologia de gravação em em-balagens por meio de jato de tinta (inkjet) ca-paz de substituir o uso de rótulos.

A DecoType é uma máquina de design compacto e modular, adaptando-se às linhas produtivas da Krones. Ela seria capaz de al-cançar rendimentos de até 24 000 garrafas por hora, dependendo do frasco e da complexidade do desenho a ser impresso. Utiliza tintas UV fornecidas pela própria Krones, podendo regis-trar decorações de até 200 milímetros de altura em frascos vazios de PET, de polietileno e de polipropileno. No futuro, será compatível com embalagens de vidro.

SEGUNDO A KRONES, a nova tecnologia de impressão direta garantiria vantagens de custo frente aos rótulos. O diretor comercial da operação brasileira da fornecedora, Silvio Rotta, diz não haver ainda índices precisos dos ganhos, explicando que esse não é o principal benefício da novidade. “Os maiores proveitos são a flexibilidade, com a possibilidade de im-pressão de dados variáveis, e a capacidade de

impressão em toda a superfície do frasco, até mesmo em pontos onde rótulos não podem ser colocados”, afirma.

Para a Krones, a agilidade da impressão digital possibilita que os clientes reajam mais rapidamente às novas tendências do mercado, encurtando o time to market, simplificando o desenvolvimento de edições limitadas e facili-tando o trabalho com segmentações de linhas, regionalizações e pequenas tiragens. “Trata-se de uma solução de máxima conveniência para os envasadores”, resume a empresa, em nota.

DecoType é capaz de imprimir desenhos de até 200 milímetros de altura em recipientes de PET, polietileno ou polipropileno. Equipamento (no detalhe abaixo) tem design compacto, adaptável a linhas existentes

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10 | Março 2014

PainelMOVIMENTAçÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

GENTE

Troca de comandoCom destacada atuação no Brasil, a Markem-Imaje, fabricante e distri-buidora de soluções de identificação e rastreabilidade de produtos, tem novo presidente e diretor geral. É o holan-dês Vincent Vanderpoel (foto). O executivo tem larga experiência na indústria de impressão digital, tendo trabalhado por 25 anos na Hewlett--Packard (HP), onde ocupou recen-temente o cargo de vice-presidente e diretor geral da divisão Laser, Enter-prise e Solution Business para Europa, Oriente Médio e África. Vanderpoel assume o cargo que era ocupado pelo francês Serge Kral, que se aposenta após vinte anos na Markem-Imaje, três deles como presidente.

MARKETING

Embalagens reconhecidasA Amazon aposta numa nova maneira de in-tegrar smartphones e tablets a experiências de consumo. Em fevereiro, a gigante do comércio eletrônico lançou uma nova versão de seu apli-cativo Flow, que agora é capaz de reconhecer produtos. Basta iniciar o programa e apontar a câmera do dispositivo móvel para uma emba-lagem. Em um tempo médio de dois segundos, o software identifica o item e faz surgir, na tela do aparelho, informações básicas, preço e um link para compra no site da Amazon. A novi-dade conta com versões para Android e iOS, sistema operacional dos gadgets da Apple.

Lançado em 2009, inicialmente o Flow permitia apenas consultar informações de produtos a partir da leitura de códigos de bar-ras (função que continua disponível na nova versão, inclusive a leitura de QR codes) e da fotografia de capas de livros, CDs, DVDs e vi-deogames, para buscas automáticas por simi-laridade de aparência em um banco de dados de imagens da Amazon (processo mais lento e de eficácia reprovada por muitos usuários). Agora, o aplicativo identifica objetos por meio de uma tecnologia de realidade aumentada, criada pela empresa americana A9, que con-templa uma maior diversidade de bens de con-sumo. Segundo a Amazon, o programa é capaz de distinguir “dezenas de milhões de produtos embalados”, entre eles alimentos, bebidas, ar-tigos de cuidados pessoais e itens de bazar. O Flow também captura números de telefone e endereços da internet impressos em embala-gens, permitindo fazer ligações e acessar sites instantaneamente.

Sam Hall, vice-presidente de vendas da Amazon, diz que o objetivo do Flow não é mu-dar as experiências em lojas físicas, e sim faci-litar ao consumidor a reposição de itens que compra com frequência. Por enquanto, a fun-ção de aquisição direta de produtos por meio do programa é oferecida apenas para consumi-dores dos Estados Unidos. Em breve, deverá ser estendido à Europa.

emb.bz/175amazon

CARTONADAS ASSÉPTICAS

Brik com formato marcanteA Tetra Pak oficializou a oferta de uma nova variante de sua consagrada caixinha Tetra Brik Aseptic. Trata-se da Tetra Brik Aseptic 250 Base Crystal. O nome denuncia a peculiaridade do modelo, que incorpora dois painéis frontais

em forma de cristal, oferecendo “novas possi-bilidades de design gráfico, destacando os pro-dutos nas gôndolas”. O produto foi adotado em primeira mão pelo laticínio Mengniu, da Chi-na. Segundo a Tetra Pak, a novidade permite

que fabricantes de bebidas como sucos e es-pecialidades lácteas inovem com baixo custo, pois ela pode ser processada em plataformas de máquinas já existentes.

com aplicativo que identifica produtos, amazon quer vender mais

Painéis fontais diferenciam nova opção da tetra Brik

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NúMEROS

Receita melhor, volume nem tantoNo final de fevereiro a Associação Brasileira de Embalagem (Abre) divulgou dados sobre o desempenho do setor em 2013. Veja alguns dos números, extraídos de balanço feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV):

51,8bilhões de reaisFoi a receita líquida das vendas da indústria de embalagens em 2013. O valor é 10,7% maior do que o registrado em 2012 (46,7 bilhões de reais).

1,41%cresceu a produção física de embalagens no ano passado. os setores de vidro e de embalagens metálicas apresentaram aumento de produção de 9,31% e 7,57%, respectivamente. Outros segmentos tiveram retração: papelão ondulado e papel cartão (-1,03%), plástico (-2,03%) e madeira (-17,06%).

422milhões de dólaresFoi o déficit da balança comercial do setor, com exportações equivalentes a 492 milhões de dólares e importações calculadas em 914 milhões de dólares. Em 2013, as exportações caíram 1%, enquanto as importações cresceram 7% na comparação com o ano anterior.

86,6%Foi a taxa de ocupação obtida pelo setor em 2013. No ano anterior, o índice atingiu a marca de 87,5%.

Alinhamento globalUma das mais importantes fornecedoras de embalagens do mercado brasileiro, a Dixie Toga passa a atender por um novo nome: Bemis Latin America. A mudança decorre de uma decisão da controladora do negócio, a Bemis Corporation, dos Estados Unidos, de adotar uma identidade nova e única para todas as suas operações no mun-

do. “É um caminho natural na evolução da empresa”, comunica a Bemis. A companhia americana aportou na Dixie Toga em 1998, por meio de uma joint venture para o ne-gócio de embalagens flexíveis – que ficou conhecida, a partir de então, como Itap Be-mis. Em 2005, adquiriu o controle acioná-rio da empresa brasileira.

Antes…

…e depois

RÓTULOS

Segundo passo no exteriorReforçando sua intenção de expandir negócios para além de seu mercado de origem, a Baum-garten Gráfica, de Blumenau (SC), anunciou a compra da Autopack, importante player do mercado argentino de rótulos autoadesivos e etiquetas promocionais e de segurança. O valor da transação não foi divulgado. O investimento ocorre poucas semanas após a Baumgarten sa-cramentar a compra da Etiquetas Rodak, do México. “Esta segunda aquisição no exterior faz parte de nossa estratégia de internacionaliza-ção, para fortalecermos nossa presença no mer-cado mundial”, declarou o presidente da gráfica brasileira, Ronaldo Baumgarten Jr. “Queremos nos tornar fornecedores globais para as empre-sas multinacionais e um forte fornecedor para as empresas nacionais, viabilizando o que há de mais moderno e eficiente no ramo gráfico.”

Em atividade há 22 anos, a Autopack possui fábrica em Pablo Podesta, próximo a Buenos Aires, e conta com 110 funcionários. Entre os clientes da empresa estão companhias como Arcor, Avon, Danone, Nestlé e Unilever. O nome Autopack será mantido pela Baumgar-ten no segmento de etiquetas promocionais e segurança. No mercado de rótulos, a marca “Autopack, uma empresa Baumgarten” per-manecerá por um período de transição, de duração ainda indefinida. “Trata-se de uma empresa reconhecida no mercado, exporta-dora, muito ágil e criativa”, afirma Ronaldo Baumgarten Jr. “A excelente estrutura tecno-lógica, a equipe competente e o espaço para o investimento em máquinas adicionais foram determinantes para sua escolha como nossa entrada no mercado argentino.”

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PainelMOVIMENTAçÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

WEB

Reforma virtualA UPM Raflatac, especializada em materiais autoadesivos para rótulos e etiquetas, colocou no ar seu novo website. A página ganhou novo visual, conteúdo mais rico e acesso mais fácil a informações sobre os produtos fabricados pela empresa. Visitantes podem visualizar o

site em computadores pessoais e dispositivos móveis, além de baixar documentos técnicos sobre os produtos no formato PDF. As infor-mações estão disponíveis em oito línguas, mas ainda não há versão em português.

www.upmraflatac.com

WEB

foco nos produtosA Kawagraf Embalagens, de Guarulhos (SP), acaba de reformular seu website. “Criamos uma página despojada e moderna, em que o foco é o que fazemos, e não quem somos”, diz Danilo Kiko, do departamento de marketing

da empresa. Completando vinte anos de ativi-dades, a Kawagraf tem como especialidade a produção de caixas, cartuchos, cartelas e em-balagens de papelão micro-ondulado.

www.kawagraf.com.br

RÓTULOS

Lembrete para promoçõesO Novelpost é a nova solução oferecida no Brasil pela Novelprint. Consiste em etique-tas autoadesivas similares aos lembretes uti-lizados em escritórios. A diferença é que elas podem ser pré-impressas e aplicadas auto-maticamente em re-vistas, catálogos e embalagens, para ações promocio-nais. O adesivo aplicado no verso é de fácil remoção, permitindo sucessivos destaques e recoloca-ções das etiquetas sem deixar resíduos. Segundo a empresa, o Novelpost pode ser branco ou colorido e ter diversos tamanhos. O fornecimento é feito em rolos.

BLISTERS

Incremento em filmesPor meio de um aporte de 3,3 milhões de dó-lares, a Klöckner Pentaplast ampliará sua capacidade de produção de filmes laminados de alta barreira para blisters dedicados à in-dústria farmacêutica da América da Sul. O in-vestimento, revelado em fevereiro, se destina à expansão da tiragem dos filmes Pentapharm Aclar PVC/PCTFE e Pentafood na fábrica de Villa Del Totoral, na Argentina. O volume do incremento e a data de sua disponibilidade no mercado não foram informados.

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REPORtAgEM dE CAPA

Tendência naturalAvanço dos sucos prontos, que pedem técnicas rigorosas de envasamento, tem tudo para refrescar a receita das indústrias de bebidas e de embalagens

PoR GUiLhERME KAMio

CONSIDERADOS produtos dos mais promissores no mundo inteiro, os sucos prontos ganham no Brasil ares ainda maiores de oportunidade de negó-cio. A condição propícia justifica-se pela adesão crescente dos consumidores a hábitos mais saudáveis, como em outros países, e pela “artificialidade” do mercado local. Convém lembrar: a maioria esma-gadora das embalagens de bebidas nacio-nais à base de frutas, a quem o varejo já

chega a dedicar corredores inteiros nas lojas, acondiciona néctares e refrescos – sumos diluídos, adoçados e, em muitos casos, acrescidos de corantes, flavorizan-tes e conservantes.

O suco, pela legislação brasileira, só pode ser rotulado como tal se contiver nada além de fruta (salvo aqueles deri-vados de espécies muito viscosas, como manga, pêssego e goiaba, em que são toleradas diluições). Sem os aditivos quí-

micos, cada vez mais censurados pela medicina, o produto natural demanda o uso de processos de embalagem mais rigorosos, capazes de lhe garantir a neces-sária vida de prateleira com a manuten-ção de suas propriedades organolépticas. No exterior, em especial nas economias mais desenvolvidas, inúmeras empresas já toparam encarar o desafio.

No Brasil, o movimento é incipiente, mas já apresenta resultados auspicio-

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Tetra Pak. A tecnologia da fornecedora sueca também foi selecionada pela Arbor Brasil, de Teresópolis (RJ), para o lan-çamento dos sucos Greenday, em 2012; pela Juxx, que prosperou após introduzir no Brasil, em 2007, o suco pronto de cranberry (oxicoco); e pela fluminense Do Bem, que de sete anos para cá tem se notabilizado pelo uso de embalagens com linguagem descontraída.

“O envase com preenchimento total

Sucos que combi-nam frutas e vege-tais são envasados assepticamente pela arbor Brasil

sos. As vendas de suco de uva integral, por exemplo, saltaram de 4,1 milhões de litros em 2004 para mais de 72 milhões de litros no ano passado. O sucesso do produto tem elevado significativamente as receitas das vinícolas e dos fabricantes de garrafas de vidro, recipientes predile-tos do segmento por aliar características de nobreza como transparência e peso a atributos técnicos como barreira ao ar, que evita a oxidação do conteúdo.

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A maioria das marcas de sucos pron-tos, porém, colhe bons resultados esco-rada no uso de embalagens cartonadas assépticas. A gaúcha Natural Products, que por meio da marca Suvalan atua na seara das bebidas de frutas desde o come-ço da década passada, é uma delas. Entre os destaques de seu portfólio está o suco de uva integral nas versões tinto e branco, comercializadas em caixinhas com tampa de rosca Tetra Brik Aseptic de 1 litro, da

natural Products, do rio grande do Sul, oferece sucos integrais em caixinha

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das caixinhas, impedindo o contato do produto com o ar, preserva as carac-terísticas ideais dos sucos naturais”, comentou a EmbalagemMarca, meses atrás, Marcos Leta, fundador da Do Bem. “Isso nos garante validades de quatro a oito meses, dependendo do produto, sem a perda daquela sensação de bebida feita em casa”. Uma nova aposta da empresa são os sucos com-postos de apelo funcional, como o suco verde Detox Monstro (combinação de maçã, pepino, couve, limão, gengibre

e hortelã que promete desintoxicar o organismo) e o suco rosa Vem, Meu Bronze (união de laranja, cenoura e beterraba dedicada a facilitar e prolon-gar o bronzeamento da pele). A Gre-enday também seguiu o caminho das bebidas que aliam frutas e vegetais com a introdução da linha V+.

Ações como essas geraram, entre 2012 e 2013, um incremento de 31% no volume de embalagens destinadas pela Tetra Pak à categoria de sucos prontos (levando-se em conta todos os tipos de

do Bem faz sucesso com

sucos vendidos em caixinhas

com linguagem descontraída

Novidades para caixinhas e PET

Principal escora dos sucos lança-dos no Brasil, a tetra Pak acaba de lançar um novo processo de pas-teurização de sucos que garantiria vantagens às indústrias usuárias. “Para serem acondicionados em embalagens cartonadas assépticas, sucos normalmente passam por duas etapas de pasteurização”, explica Eduardo Eisler, vice-pre-sidente de estratégia de negócios da tetra Pak. “A primeira acontece imediatamente após a extração do suco, o que desativa as enzimas e elimina os micro-organismos. An-tes do envase, outra pasteurização é realizada para eliminar os germes que podem ter se desenvolvido durante o período de armazena-mento. O novo processo reduz a

temperatura da segunda etapa de 95°C para 80°C, gerando consumo de energia”. Além do novo pro-cesso, a empresa acaba de lançar um novo modelo de caixinha, a tetra Brik Aseptic Crystal, aplicável a bebidas de frutas de apelo mais natural (ver Painel desta edição).

Concorrente direta da tetra Pak, a SIg Combibloc ainda não atende produtores de sucos inte-grais no País, o que se credencia a fazer por meio de novidades como a embalagem combidome, “garrafa cartonada” recém-lançada, e a tecnologia drinksplus, que permite o envase de produtos com até 10% de pedaços de frutas, vegetais ou cereais. “Por um lado, os consumi-dores querem alimentos saudá-

veis, e, por outro, buscam novas experiências sensoriais, interes-santes e diferentes”, diz Luciana galvão, gerente de marketing da SIg Combibloc para a América do Sul. “Pedaços naturais de frutas, vegetais e cereais são valiosos para uma dieta balanceada, além de serem percebidos pelos consu-midores como especiais por sua consistência única”.

O incremento de bebidas com pedaços de frutas também já é oferecido por fornecedores de soluções para envase em PEt. A Krones, por exemplo, agregou ao seu portfólio uma solu-ção para enchimento a quente (hot fill) capaz de dosar partículas de

combidome, “garrafa

cartonada”, é aposta da Sig

combibloc

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bebidas à base de frutas, o avanço no mesmo período foi de 20%). “A busca por produtos mais naturais e saudá-veis é responsável por esse resultado”, avalia Eduardo Eisler, vice-presidente de estratégia de negócios da Tetra Pak. “Por preservar o sabor, o aroma e as características nutricionais dos alimen-tos, sem a necessidade de qualquer conservante ou aditivo, nossas embala-gens atendem essa crescente demanda”. Eisler acrescenta que, atenta ao poten-cial dessa clientela, a multinacional sueca está disponibilizando no Brasil um novo processo de pasteurização de sucos, que garantiria aos usuários reduções importantes de consumo de energia (ver quadro).

O PRESTíGIO da caixinha é com-preensível ante o atributo de pureza dos sucos. Sucede que o enchimento a quente (hot fill), método mais difundi-do no Brasil para o envase de bebidas ácidas sem o franco emprego de aditi-vos químicos, pode ocasionar altera-ções de sabor. “Em alguns sucos, você dificilmente percebe diferenças. Mas em um suco de laranja, por exemplo, a alteração é nítida”, comenta Roberto Giampietro, diretor de vendas da KHS, fornecedora de máquinas para acondi-cionamento de bebidas, para a América

com cartonada asséptica, Juxx introduziu no Brasil as

bebidas de cranberry

frutas com até 8 milímetros de diâmetro. A solução, chamada Flexi Fruit, tem solução similar adequada para envase asséptico. “Antiga-mente, era apenas possível envasar pedaços misturados ao líquido”, relata Ayrton Irokawa, gerente de vendas da Krones. “Os novos sistemas baseiam-se em dosagens separadas, garantindo proporções uniformes em cada embalagem.”

No balcão da KHS, outra im-portante fornecedora de equipa-mentos para envase de bebidas, o diretor de vendas Roberto giam-pietro diz que a empresa também detém know-how para o envase de sucos com pedaços de frutas. Para envase asséptico em PEt, a empresa oferece uma enchedora

linear “similar às de cartonadas”, segundo o executivo, e uma novíssima enchedora rotativa para grandes volumes de produção. giampietro entende, porém, que o mercado precisa evoluir para fa-vorecer as vendas dessas soluções. “Em que pesem os avanços dos últimos anos, o poder aquisitivo do brasileiro é baixo”, diz. “O mercado ainda busca aumentar o consumo per capita de bebidas tradicio-nais, como refrigerantes. Bebidas naturais ainda têm preço alto para se massificar.”

Sistema FlexiFruit, da Krones, permite envase de partículas

na proporção desejada

Apoio em solução fria

Lançados no ano passado, os sucos integrais de frutas Natural One já são encontrados em mil pontos de venda no Brasil. Os produtos são oferecidos em garrafas de PEt e em embalagens do tipo bag-in-box de 4 e de 10 litros. Nos recipientes plásticos, disponíveis nas versões 175 mililitros, 250 mililitros, 900 mililitros e 1,7 litro, os sucos são envasa-dos por meio do método High Pressure, desenvolvido pela sueca Avure technologies. trata-se de um envase a frio com esterilização da bebida por pressão, não por aqueci-mento, e que exige distribuição refrigerada. A Natural One diz ser a primeira a abraçar essa solução na América do Sul.

Vedadas com lacre de alumínio, as garrafas de 175 mililitros e de 250 mililitros têm shelf life de 120 dias. Já as garrafas de 900 mililitros e de 1,7 litro, dotadas de tampa de polipropileno sem barreira, têm validade de três dias. A Lorenpet é a fornecedora dos recipientes de PEt. Por sua vez, a tecnologia bag-in-box, baseada no envase asséptico dos sucos em bolsas plásticas metalizadas, é obtida da Scholle. O homem por trás da Natural One é Ricardo Ermírio de Moraes, que já trabalhou no negócio de sucos da Votorantim, empresa de sua família. O empresário é aquele que lançou, em 2005, a Natural drinks – caipirinhas congeladas comercializadas em stand-up pouches (bolsas plásticas que ficam em pé).

Envasados a frio, sucos da natural one já estão em mais de mil pontos de venda

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do Sul. Conforme explica o executivo, a manutenção das propriedades originais dos sucos é mais garantida pelo envase asséptico, em que todo o processamen-to do produto é realizado em ambien-te estéril, com a descontaminação das embalagens antes do envasamento. “É o método mais indicado para sucos fun-cionais que combinam frutas e vegetais, como os que estão na moda lá fora e que têm tudo para deslanchar aqui”, assinala Giampietro. Livres de micro--organismos, as bebidas submetidas ao envase asséptico podem ser distri-buídas em temperatura ambiente, com shelf life extenso (até dois anos, em certos casos).

A falta de sofisticação do mercado nacional tem sido determinante para o envase asséptico vir sendo preteri-do pelo hot fill. “Também favorece o envase a quente o menor custo de investimento e a menor complexidade de operação”, comenta Ayrton Irokawa, gerente comercial da Krones, impor-tante provedora de equipamentos para acondicionar bebidas. Assim como outros colossos do setor, como a KHS e a Sidel, a Krones procura empla-car no Brasil um conceito prestigiado por produtores internacionais de sucos prontos: o envase asséptico em garrafas de PET.

Irokawa revela que uma marca estrangeira de grande renome, cuja identidade não é revelada por questões

Em um artigo recente, o jornal O Estado de S. Paulo listou recomendações para quem deseja

ingressar no mercado de sucos prontos:

Diferencial. O mercado de suco pronto é consolidado nas classes mais altas. Para fazer sucesso, é preciso buscar algo diferente com

apelo saudável

Potencial. Mesmo assim, as classes média e baixa têm puxado o crescimento da categoria.

Antes, o consumo era esporádico; agora, é crescente

Canal. Há espaço para o produto nos pequenos varejos que não trabalham com a bebida. Esse é o caminho para chegar às

classes baixas.

Variedade. 56,4% dos produtos estão concentrados em embalagens de 801 mililitros

a 1 litro. Há espaço para oferecer outros tamanhos.

Rótulo. O consumidor está de olho nas informações nutricionais. O rótulo precisa trazer toda a comunicação de forma clara.

KHS tem máquina rotativa de alta velocidade para o envase asséptico de sucos

contratuais, chegará em breve ao Brasil e fará uso de PET asséptico com tecno-logia da Krones. Por ora, soluções do gênero são utilizadas no País somente para bebidas lácteas (como a linha Nestlé Fast). O executivo da Krones acredita que a difusão de linhas de envase asséptico no mercado nacional de sucos é questão de tempo, já que o custo de implantação está em queda – graças a aprimoramentos na constru-ção dos equipamentos e dos processos de esterilização dos recipientes. Nesse campo, um destaque é a esterilização de pré-formas; feita no lugar da este-rilização das garrafas já sopradas, ela permitiria economias de energia e da substância utilizada para a desinfecção, como o peróxido de hidrogênio.

Tanto Irokawa quanto Roberto Giampietro fazem questão de ressalvar, porém, que os avanços do envase assép-tico são acompanhados por evoluções do envase a quente – entre elas, tecno-logias que viabilizam o uso de garrafas menos espessas e isentas dos chamados painéis de compensação (estrias e frisos destinados a evitar deformações provo-cadas na embalagem devido ao vácuo formado quando o conteúdo envasado quente se resfria). Deixadas de lado as discussões sobre técnicas de enchimen-to, os representantes da Krones e da KHS acreditam que o PET tem espaço para aproveitar no segmento de sucos. “A garrafa plástica tem custo intrínse-co atraente, o sistema de operação é flexível, permitindo trocas rápidas de trabalho, e há ainda os benefícios da transparência e das vastas possibilida-des de design”, enumera Giampietro.

CABE RECONhECER que as companhias de cartonadas assépticas procuram aplacar a monotonia visu-al. A Tetra Pak e a SIG Combibloc, fornecedoras instaladas no País, têm desenvolvido modelos de embalagem com formatos menos marcados por linhas retas (ver quadro). Outro fator do qual as caixinhas se beneficiam, por esforços de sua cadeia de valor, é de sua imagem favorável no quesito susten-tabilidade. “Além de serem recicláveis, nossas embalagens são compostas por 75% de papel cartão, material prove-

Pontos de atenção

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niente de fibras de celulose obtidas da madeira, um recurso renovável”, lembra Luciana Galvão, gerente de marketing da SIG Combibloc para a América do Sul. Tanto a SIG quanto a Tetra Pak vêm primando pelo consumo de papéis cer-tificados pelo FSC, entidade que atesta o manejo correto de recursos florestais.

Em que pesem as qualidades intrínsecas de cada proposta de emba-lagem, cuja discussão mais detalha-da não caberia aqui, o fato é que as bebidas de frutas de teor mais natural prometem continuar inspirando ações de cunho inovador em termos de apre-sentação. “O mercado está em alta”, pontifica Eduardo Eisler, da Tetra Pak. Segundo números oficiosos, as vendas dos poucos sucos e dos muitos nécta-res e bebidas mistas do Brasil fizeram girar 5 bilhões de reais no ano passado. Como já se verificou em outros países, a receita pode melhorar significativa-mente com a oferta de produtos mais naturais, cujo apelo premium abre alas para margens maiores. As circuns-tâncias são favoráveis: o consumidor está propenso a abraçar o produto, as condições para o cultivo de matérias--primas são ótimas e os empreendedo-res contam com diversas soluções de envase ao alcance. Há, enfim, limões para uma boa limonada.

flexíveis querem entrar na parada

O setor de embalagens plásticas flexíveis também pleiteia lugar ao sol no acondicionamento de sucos prontos. Uma esperança é deposi-tada no fato de stand-up pouches já serem utilizados em outros países como veículo de comercialização de bebidas do gênero. No Brasil, porém, é preciso atender a certos fatores para tornar a solução atraente. “O desafio é viabilizar um pouch que seja feito com um filme técnico, porém competitivo; conformado em altas velocidades para que o custo de conversão seja baixo, e que seja envasado também em altas velocidades, para que se garanta a competitividade também do processo interno do cliente”, afirma Alan Baumgarten, diretor da tradbor, empresa especializada na produção de bolsas plásticas. Segundo o executivo, existem condições para atender aos requisitos – e fabricantes de sucos têm feito diversas sondagens a respeito do assunto, mesmo tendo ao alcance tecnologias consolidadas e de custo amortizado pela alta escala, como a das cartonadas assépticas.

Pesa contra as flexíveis, no entan-to, o fato de experiências no mercado nacional simplesmente não terem vingado ou terem desempenhado aquém das expectativas. Referência mundial em bebida de fruta oferecida em pouch, o Capri-Sun (suco recons-tituído, sem conservantes) foi lançado no Brasil em 2011 pelo grupo Imperial. Hoje, o produto não está mais no mercado (procurado, o grupo Imperial preferiu não se manifestar sobre o assunto). Pouco antes, em 2009, a Shelby, de Pelotas (RS), desenvolveu a série de sucos e néctares Fruta Expressa em pouches dotados de bico plástico, importados da Coreia do Sul pela trading Marks. Segundo fontes extraoficiais, a linha continua ativa, mas em ritmo reduzido (a Shelby não retornou tentativas de contato feitas pela reportagem).

Importante fornecedora de

equipamentos para embalagem, a Coesia do Brasil também acompanha o mercado com expectativa. O gerente de marketing e desenvolvimento de negócios, gustavo Barbosa de Melo, diz que uma das empresas do grupo, a Volpak, oferece soluções assépti-cas para o envase de produtos sem conservantes. “temos dezenas de máquinas instaladas com estas carac-terísticas ao redor do mundo, inclusive em vizinhos sul-americanos”, aponta o executivo. Segundo ele, a proposta do stand-up pouch tem diversas van-tagens, como redução direta no custo da embalagem, pois o filme apresen-taria um custo menor que o cartão multicamada, o vidro ou o plástico. “Outra vantagem é que em uma única máquina concentram-se as opera-ções de formação, envase e selagem da embalagem, reduzindo footprint, consumo de matérias-primas e custos logísticos”, afirma. “Acreditamos que basta encontrar parceiros dispostos a enfrentar o desafio, pois há espaço no mercado para todas as tecnologias.”

capri-Sun (acima) e Fruta Expressa Shelby: experiências nacionais apoiadas em stand-up pouches

PEt já é utilizado em larga escala por marcas estrangeiras de suco integral

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ArTIGo

A lei do mínimo esforçoComo a ciência pode ajudar a embalagem a se tornar protagonista no marketing

PoR MARCoS PALhARES*

A EDIçÃO de 8 de março da revista The Economist, em seu especial sobre tecnologia, traz – de forma velada, e provavelmente inconsciente – reca-dos importantes para os fabricantes de bens de consumo, e em especial para a cadeia produtiva de embalagem. Dois artigos, em particular, chamaram minha atenção.

O primeiro relata avanços obtidos na área de eletrônica impressa. Nele, são mostrados desenvolvimentos que permitem às etiquetas gravar informa-ções, tais como variações de tempera-tura fora dos limites especificados pelo fabricante. Até aí, nenhuma novidade, a não ser o fato de que isso hoje já está se viabilizando em escalas maio-res, com custos muito competitivos. Reveladora é a informação, disponível no site da empresa detentora da tecno-logia (a norueguesa Thinfilm), de que um acordo foi firmado com a Bemis para que a gigante americana tenha prioridade na adoção da solução em embalagens flexíveis e rótulos.

O segundo assunto, em tese, nada tem a ver com a cadeia do packaging. Trata-se de uma discussão sobre novos tecidos capazes de conduzir energia, desenvolvidos inicialmente para o exér-cito americano, e que começam a ser adotados por marcas como a Adidas, focados no universo do esporte de alta performance. Cada vez mais finas e flexíveis, as fibras dos tecidos condu-tivos podem ser bordadas, dobradas e lavadas normalmente.

Aparentemente desconectados entre si, os dois artigos mostram o que considero que será o (promissor) futuro

das embalagens como elemento ativo nas campanhas de relacionamento do consumidor com as marcas. Hoje, com a quase onipresença dos smartphones entre os mais diferentes públicos, ações de mobile marketing são cada vez mais discutidas, e a embalagem – por sua também onipresença entre os consumi-dores – é um gatilho óbvio.

Ocorre que o ser humano está cada vez mais imediatista. Por isso, ao

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perceber na embalagem um elemen-to ativador de um conteúdo ampliado (seja ele um QR Code, um SnapTag ou qualquer outro sinal que inicie o tal “call for action”), o consumidor só agirá se sentir que será recompensado adequadamente por isso – com uma experiência agradável, uma informação útil ou com a possibilidade de ganhar prêmios, por exemplo. Se decide agir, no entanto, o consumidor é submeti-

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INSTITuCIoNAL

ChEGANDO à SUA oitava edição, o Prêmio Grandes Cases de Embalagem tem sua abertura oficial agendada para abril. Mas os trabalhos já começaram há tempos, e os prepa-rativos para a cerimônia e festa de pre-miação (marcada para 18 de novembro) caminham em ritmo intenso.

Aos poucos, os detalhes serão divulgados. Alguns fatos, porém, podem ser revelados desde já. Em fevereiro, por exemplo, foi realizada a primeira reunião com a Clariant, for-necedora de masterbatches e patro-cinadora do evento, para definir a cor dos troféus que serão entregues aos vencedores deste ano. As opções a ser estudadas constam do catálogo de tendências Color Forward 2015, elaborado por aquela empresa.

Outra iniciativa já encaminhada diz respeito às inscrições, que serão abertas em abril. Visando simplificar o processo de participação sem com-

prometer a qualidade das informa-ções requisitadas para o bom anda-mento do julgamento, o formulário de inscrições online está sendo repa-ginado. Espera-se, com isso, reduzir o tempo gasto pelos participantes com a tarefa.

Encerrando essa fase inicial dos preparativos, foram realizadas as pri-meiras sessões de fotos para a nova campanha de divulgação do Prêmio, criada pela agência Designful com o tema “Ponto de Encontro da Cadeia de Valor da Embalagem”. A exemplo do que ocorreu nos dois últimos anos, os “atores” centrais dos anúncios são profissionais de importantes indús-trias usuárias de embalagem. A partir de abril, as páginas de Embalagem-Marca revelarão quem são essas pes-soas que se mobilizaram para ajudar a divulgar a importância da premiação para a cadeia de valor da embalagem no Brasil.

Preparativos paraa festa do setorNova campanha, desenvolvimento do troféu e formulário simplificado dão início ao Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2014

Primeira sessão de fotos para a campanha do Prêmio grandes cases de Embalagem 2014 foi realizada em março, com a presença de profissionais da indústria usuária

* Marcos Palhares, diretor da revis-ta EmbalagemMarca, é formado em Administração pela FGV e pós--graduado em Gestão Estratégica de Embalagem pela ESPM. É mestre em Administração pela FEA/USP e MSc em Pesquisa de Administração pela Universidade de Oxford (Inglaterra). É sócio diretor da Bloco de Comunica-ção, editora de EmbalagemMarca, e professor de Tendências de Consumo e de Planejamento Estratégico no Insti-tuto Europeo di Design.

do a uma saga desanimadora. Precisa pegar seu celular, digitar a senha de desbloqueio, abrir um aplicativo (ou eventualmente até baixá-lo), escanear o gatilho e aguardar. Convenhamos, é um caminho que opera no sentido inverso ao desejado.

O que os avanços tecnológicos tra-zidos pela revista The Economist nos mostram é que as embalagens podem, num futuro próximo, tornar-se parte importante da chamada “internet of things”. Imagine o consumidor intera-gindo com elas sem nenhum esforço, graças à troca imediata de informa-ções entre o rótulo e um smartwatch com sinal amplificado por uma antena incorporada à camisa que está vestin-do. Poucas coisas podem ser tão valio-sas para as marcas quanto isso, num mundo em que comunicar-se com o consumidor vem se tornando tarefa cada dia mais árdua e dispendiosa. Se tal cenário se confirmar, às embala-gens caberá, definitivamente, o papel de protagonista.

Smartwatches podem ajudar embalagem a assumir papel

central em ações de mobile

marketing

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ENTREviSTA

“quem polui deve pagar”Ao aproximar-se o prazo final para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, não está clara para o poder público, as empresas e os consumidores qual é a responsabilidade de cada parte. Ricardo Abramovay, professor titular de sociologia da USP, faz um balanço da situação e aponta caminhos para obter bons resultados

A LEI qUE institui a Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos (PNRS) no Bra-sil é considerada uma das mais avança-das do mundo, mas às vésperas do prazo final para sua implantação, em agosto próximo, parece caminhar aos trancos e barrancos rumo ao mesmo destino de outras incontáveis medidas teorica-mente perfeitas: pode “não pegar”. Pelo menos 40% das quase 6 000 prefeituras municipais espalhadas pelo País já dei-xaram claro não ter condições financei-ras para implantar aterros sanitários em substituição a lixões a céu aberto – ou ao puro despejo de detritos em local qualquer. Vários estados, por sua vez, não têm planejamento para a implan-tação, e governadores fecham o coro com prefeitos em prol do adiamento do prazo. Já o setor privado e a sociedade civil – ou seja, a indústria, o varejo e os consumidores finais de produtos – não estão ainda devidamente comprome-tidos com o espírito central da lei, que afeta fortemente o universo das embala-gens. É o princípio do poluidor-pagador, segundo o qual aquele que gera, faz circular ou utiliza um bem descartável é responsável pelos custos de sua desti-nação final, que, em última análise, visa à preservação ambiental. Surgiu daí um dilema em que predomina a proposta de substituição dos lixões por aterros con-trolados. “É uma discussão equivocada”, afirma (e explica por que), na entrevista a seguir, o professor Ricardo Abramovay, autor, entre outros, do livro Lixo Zero – Gestão de Resíduos Sólidos para uma Sociedade Próspera, leitura indispensá-vel para quem atua na cadeia de valor da embalagem.

Às vésperas do prazo final para a implan-tação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que balanço pode ser feito?Toda a lógica da PNRS está baseada no esforço do governo de levar os atores pri-vados, em discussão com seus diferentes stakeholders, a fazer propostas setor por setor, em vez de impor a eles as medidas que considera adequadas. Até agora, a iniciativa privada está muito aquém do que dela se esperaria. No que se refere ao setor público, a quantidade de municí-pios que já entregou seus planos de resí-

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duos sólidos é baixa. Quanto aos esta-dos, nem todos entregaram. Enquanto isso, 40% dos resíduos produzidos no Brasil têm destinação inadequada. Tudo isso vai para lixões a céu aberto ou para aterros controlados, em alguns casos com efeitos menos graves para a popula-ção, em outros, com efeitos mais graves. Os resíduos controlados emitem, por exemplo, mais metano que os lixões. Do ponto de vista da emissão de gases de efeito estufa as consequências são até piores. Então o balanço da situação atual da PNRS não é positivo, embora a lei seja muito importante. Aprovada em 2010, ela não motivou uma mobilização suficiente, uma concertação promissora entre setor público, sociedade civil e setor privado para que o Brasil caminhe em direção a uma gestão mais eficiente dos remanescentes do seu consumo.

Na verdade, o foco principal dos debates sobre o assunto tem sido a substituição de lixões por aterros sanitários…Isso é muito restritivo. Leva a pressupor que aterro sanitário é a destinação ade-quada para os resíduos sólidos. Não é. Hoje, cada vez mais, nos países desen-volvidos, sobretudo na União Europeia, existem metas para reduzir a quantida-de de resíduos que vão para os aterros. Como se faz essa redução? Por meio da utilização dos remanescentes do consumo, seja dos resíduos secos, que devem ser objeto de coleta específica e de reciclagem, seja dos resíduos úmi-dos. Sua reutilização é mais difícil que a de resíduos secos, mas já existe grande esforço para efetivá-la. A reutilização de resíduos úmidos pode dar lugar tanto à produção de fertilizantes quanto à pro-dução de biogás – não em incineradores, mas em biodigestores. Em suma, quan-do se pergunta se a destinação adequada dos resíduos são os aterros sanitários a resposta é um categórico “não”. Resí-duos correspondem a materiais, a uma riqueza obtida pelo trabalho humano e extraída da superfície terrestre, que não pode ser simplesmente incinerada ou enterrada. Ela tem de ser reaproveitada.

Como estimular esse reaproveitamento?Hoje, na sociedade de informação em rede, com as mídias digitais e com os

Resíduos correspondem a materiais, a uma riqueza que não pode ser simplesmente

incinerada ou enterrada

dispositivos digitais já existentes, as chances desse reaproveitamento são espetaculares, extremamente promis-soras, mas infelizmente nós estamos muito atrasados.

A maioria das abordagens sobre o tema coloca sobre os ombros do poder público praticamente toda a responsabilidade pela coleta dos resíduos descartados pelo consumidor, sobretudo embalagens

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usadas. Nessa visão, o setor privado – nele compreendida a cadeia de valor da embalagem, desde fornecedores de matérias-primas e transformadores até os usuários – não parece ser muito exi-gido. Que papel deve caber ao setor privado para que a reciclagem total se torne realidade e seja economicamente viável no Brasil?A gestão dos resíduos sólidos tem de partir de um valor. A partir desse valor, temos de definir o princípio. A par-tir desse princípio, objetivos, e a partir daí, uma estratégia, táticas. Finalmente; é preciso definir métricas para medir isso tudo. O valor em questão pode ser expresso pela ideia de uma sociedade saudável no uso de materiais, da energia e dos recursos bióticos dos quais ela depende. Isso é um valor que cinquenta anos atrás não existia, porque a popula-ção não era tão grande, os recursos natu-rais pareciam infinitos. Então o valor fundamental era produzir riqueza. Hoje o valor fundamental não é apenas pro-duzir riqueza, mas sim ter uma relação saudável, reutilizando de maneira cada vez mais produtiva as bases materiais, energéticas e bióticas das quais depen-demos. Disso decorre um princípio, que é o princípio do poluidor-pagador. Quando a produção se organiza a partir de atores privados, que oferecem bens e serviços para a sociedade, esses atores é que têm de pagar por estarem utilizando o espaço comum das ruas, da atmosfera, dos rios, dos oceanos para despejar o que resta do consumo das pessoas.

Se isso for posto em prática não há o risco de o valor de venda dos produtos para o consumidor ser agravado?Normalmente, quando isso é dito, a reação das pessoas é dizer: “Ah, mas se a empresa tiver de pagar por isso ela vai repassar os custos para o consumidor”. Mas é justamente essa a intenção. O consumidor não pode viver na ilusão de que o despejo de materiais inadequados no meio ambiente é gratuito. Não é. Ele traz um custo para a sociedade que tem de ser pago, em última análise, pelo próprio consumidor, com um efeito benéfico: uma vez que ocorra, o consu-midor exigirá da empresa que a maneira como ela acondiciona seus produtos e os

oferece ao mercado seja cada vez mais econômica. Aí as possibilidades que as mídias digitais oferecem são extra-ordinárias. Mesmo que se queira, por exemplo, expor um produto de maneira vistosa, espetacular, pode-se fazê-lo por meios digitais. O consumidor toca no produto que é apresentado por meio digital e o produto, com uma embala-gem muito mais econômica, por algum mecanismo que hoje é fácil de imagi-nar, é encaminhado para o carrinho de compras ou para o caixa. Já existem no Brasil experiências em que, ao adquirir o produto, o consumidor deixa a emba-lagem, não a leva para casa, é dada a ela uma destinação correta. Esse princípio do poluidor-pagador já é aplicado em alguns setores no Brasil.

Quais são eles?São cinco: o de baterias automotivas, o de pneus, o de óleos lubrificantes, o de embalagens de óleos lubrificantes e o de embalagens de agrotóxicos. Há distorções, claro, e há quem acuse a existência de monopólios nesses seto-res. Mas o mais importante é que essas políticas estão respondendo a um prin-cípio correto, em que o setor priva-do, independentemente do serviço de limpeza pública, assume os custos. No caso daqueles produtos, o setor priva-do assume a organização logística da recuperação e da destinação adequada. Podem ocorrer variações regionais, dis-torções, mas o princípio está correto. A partir disso se estabelecem objetivos. Não é viável recuperar todos os resíduos de uma vez, isso pode ser feito gradual-mente, digamos que ao longo de cinco anos, com a estratégia de recuperação com destinação à reciclagem, ao mesmo tempo em que se estimula a redução do uso e a transformação em novos materiais.

Mas é exatamente na questão do princí-pio do poluidor-pagador que parece estar o principal impasse…Nessa discussão toda, nunca uma pes-soa falou, em todas as reuniões de que participei, que o princípio do poluidor--pagador está errado, que é um princípio injusto, ou que a situação do Brasil é muito específica.

Como se posiciona o setor de embalagem nessa discussão?Sobretudo no setor de embalagem, o que há é um silêncio em torno desse tema. Parece-me que a aplicação do princípio do poluidor-pagador está sendo substituída por uma ajuda, inde-pendentemente da sua magnitude, para as organizações de catadores, como se isso fosse resolver o problema.

Como responsabilizar como poluidor--pagador o fornecedor de produtos importados?Antes da existência de mídias digitais isso seria impossível, e no limite, irracio-nal. Com as mídias digitais a coisa muda de figura. É perfeitamente possível iden-tificar produtos, inclusive embalagens, a um custo muito baixo, de maneira a saber quem é o responsável pela entra-da desses produtos no País. Isso vai levar a que o processo de importação e a chegada desses produtos tenham de ser racionalizados. Quem está se bene-ficiando da entrada de um produto no País tem de ser responsabilizado por sua destinação correta após o uso. Isso não é simplesmente um preceito de natureza moral, e pode ser uma oportunidade econômica. Há um documento recente, publicado pelo Fórum Econômico Mun-dial, em Davos, junto com a Fundação Ellen MacArthur, a partir de uma con-sultoria feita pela (empresa internacio-nal de consultoria empresarial) Mckin-

Parece-me que, no setor de embalagens, a aplicação do princípio do poluidor-pagador está sendo substituída por ajudas a catadores, como se isso resolvesse o problema

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sey, em que se preconiza que as grandes cadeias globais de valor devem passar a responder a uma economia circular e regenerativa, e não mais linear.

Como isso se dá e que agentes devem ser envolvidos?Uma economia linear é onde se retiram recursos da natureza, transformam-se esses recursos, seus produtos são usa-dos, e após o uso, descartados. Essa eco-nomia linear tem inúmeras consequên-cias nefastas, inclusive econômicas. Por exemplo, um aumento extraordinário nos preços das matérias primas minerais e agrícolas desde o ano 2000. O pró-prio setor industrial está se dando conta de que precisa reorganizar suas cadeias globais de valor de maneira a permitir cada vez mais o reaproveitamento de seus produtos, levando em conta que o mundo é globalizado, que a economia mundial é uma espécie de correia de transmissão que destina matérias-pri-mas da América Latina e da África para a China, que transforma esses produtos

em bens que são consumidos no mundo todo. Se esse trânsito não pudesse se apoiar sobre dispositivos digitais que permitissem sua identificação e a sua rastreabilidade, seria completamente irrealista falar em logística reversa do ponto de vista global.

Esse assunto está contemplado em algum livro de sua autoria?Não. Dei-me conta disso lendo esse relatório do Fórum Econômico Mun-dial, recentemente. Caiu-me a ficha, e então fiz um artigo sobre isso para a revista Página 22, da Fundação Getúlio Vargas. Esse é um tema fundamental que precisa ser introduzido no Brasil. Os importadores também precisam ser envolvidos. Nosso problema maior não são as importações legais. O maior é o contrabando. Para citar um exemplo, 40% das pilhas que entram no Brasil não têm certificado de origem. O setor eletroeletrônico pode fazer um acordo em cujos termos uma loja recebe pilhas. Mas, e se essas pilhas forem de péssima

qualidade, e começarem a vazar, e a loja ficar ao lado da praça de alimentação de um shopping? É muito complicado. Aí tem um ponto de estrangulamento que vai além da PNRS e envolve a maneira como os produtos entram no País. A mesma coisa com lâmpadas e até com eletrônicos. E os produtos que as pes-soas trazem do exterior? Vamos ter de incentivá-las a dar destinação correta aos produtos eletrônicos e aos de outro tipo, bem como às embalagens de tudo que compram lá fora.

O senhor poderia detalhar um pouco que papel cabe ou deve caber ao consumidor no âmbito da PNRS?É um papel decisivo em dois sentidos. Em primeiro lugar, precisamos recupe-rar algo que infelizmente foi perdido, que é a ideia de que deixar o lixo na rua e passar alguém para pegá-lo não é um ato gratuito. Isso tem um custo. Quanto mais explícito for esse custo, quanto mais se souber o custo que isso repre-senta para cada um e para a sociedade,

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melhor será a maneira como se lidará com esse custo.

Um exemplo mais ou menos antigo de tentativa nesse sentido foi a instituição de uma taxa do lixo pela Prefeitura de São Paulo, a ser paga pelos contribuin-tes. A reação da população e da grande mídia foi tão forte que a iniciativa foi abortada... O que aconteceu foi que, de maneira irresponsável e demagógica, houve um movimento de condenação da taxa do lixo, e nunca mais se falou no assunto. Hoje as pessoas pagam pela coleta do lixo, mas isso está escondido no IPTU. Se não tiver taxa do lixo não se consegue ter política de gestão do lixo. O segundo aspecto, no que se refere à reciclagem, é que cabe não só ao poder público, mas também aos setores privados, a responsabilidade de educar o cidadão por coletar os resíduos, por fazer com que ele separe os resíduos de maneira correta, informá-lo dos casos em que a coleta não é a forma adequada de des-tinar esses resíduos. É preciso oferecer informação sobre dispositivos logísti-cos próximos ao cidadão para que ele leve até os pontos certos os resíduos. É o caso dos eletrônicos. Não se pode recolher produtos eletrônicos em casa porque eles podem conter componentes tóxicos. É preciso que haja dispositivos próximos para que se faça isso. E esse problema só vai crescer. Hoje existem seis bilhões de celulares no mundo, e isso não para de aumentar. Todo mundo quando troca de celular coloca o antigo numa gaveta e esquece. É um absurdo, porque tem riqueza lá.

Campanhas de publicidade pedagógica poderiam ser eficazes para educar o público?A gente não vê a inteligência publicitá-ria, mobilizada pelo setor privado, volta-da a alertar o cidadão com relação a isso. Quando são feitas campanhas inteligen-tes, que envolvem comportamentos das pessoas, a reação tende a ser positiva, como ocorreu em relação ao respeito à faixa de pedestres, em Brasília. Mesmo em São Paulo, com uma campanha tími-da, deu mais ou menos certo. Mas as empresas não fazem essa campanha. As

empresas de bebida, por exemplo, pre-ferem comercializar o produto one-way, em vez do velho e bom retornável. Há estudos que demonstram ser economi-camente viável o sistema de depósitos para recebimento de vasilhame vazio. Mesmo se não for, se tiver custo, ele tem de ser pago. As empresas brasileiras têm de se envolver com isso, como se envolveram as da Europa. Toda a políti-ca de pontos verdes europeus funciona porque as empresas fazem campanhas sistemáticas de educação dos cidadãos em relação à destinação daquilo que é remanescente do seu consumo. Se as empresas, os cidadãos e o estado come-çam a ter uma relação diferente com os recursos materiais e energéticos, ocorre um efeito multiplicador. Mas, isolando--se a política de resíduos sólidos a um tema setorial e de especialistas, o avanço vai ser tímido e lento. A cadeia de valor tem de ser envolvida de forma integrada.

Quando se fala em cadeia de valor os catadores geralmente não são incluídos. Como incluí-los de forma digna?Na verdade, eles são considerados, sobretudo no setor de embalagens. Eles estão dentro da proposta que o setor de embalagens faz, e a própria lei brasi-leira obriga que façam parte da política de logística reversa. O importante em relação aos catadores é que a remune-ração tenha uma dupla natureza. Nos produtos que eles coletam, a remunera-ção pode vir do produto que vendem e que oferecem para reciclagem, pois têm valor considerável. É o caso das latas de alumínio. Mas outros produtos que eles coletam e que contribuem para limpar as ruas não têm valor de mercado, e não seria possível que os coletassem apenas com base em seu valor. É necessário montar uma equação em que a remu-neração dos catadores venha tanto do valor do que vendem quanto do serviço

ambiental que prestam à sociedade ao tirar produtos de baixo valor da rua. Isso é importante porque, quando o setor privado tiver de fazer essa remuneração, vai pensar muito em que tipo de emba-lagem vai usar para oferecer seus produ-tos no mercado. A ideia é fazer o custo da embalagem ser cada vez mais explíci-to, de modo a estimular em todos os elos inovações que reduzam seu impacto ambiental, tanto na fabricação quanto na utilização e no descarte. Nos segmen-tos em que a embalagem é indispensá-vel, o foco deve estar em que sejam cada vez mais reaproveitáveis e cada vez mais produtivas em seu reaproveitamento.

E quando isso não for possível? Aí, a inovação terá de cumprir o seu papel – e estamos muito aquém das fronteiras da inovação. Por isso, aplicar o princípio do poluidor-pagador pode ser uma solução economicamente muito interessante para todos os elos da cadeia durante muito tempo, antes de chegar-mos a uma situação de redução de mar-gens de lucro. Se for para se fazer o que se está fazendo hoje e se aplicar o prin-cípio do poluidor-pagador a margem de lucro sem dúvida se reduz. Mas se a pergunta for “com as inovações já dispo-níveis e com o horizonte de inovações importantes, é possível que as empre-sas continuem aumentando suas vendas sem que sejam estranguladas pelo tema dos resíduos sólidos?”, a resposta é um sonoro “sim”. Não nos esqueçamos de um fator adicional: as pessoas estão cada vez mais propensas a consumir serviços e bens que são muito mais relacionais do que materiais. No Brasil, isso ainda não é tão nítido, mas vai ficar. Mais e mais as grandes aspirações de consumo das pessoas vão envolver uma vida sau-dável, relações humanas, relação com a natureza. Essa é uma tendência durável e bem vinda.

A ideia é fazer o custo da embalagem ser cada vez mais explícito, de modo a estimular em todos os elos

inovações que reduzam seu impacto ambiental

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30 | Março 2014

INTErNACIoNAL

Do “papel” para a taçaVinícola americana adota embalagem para vinhos que, das garrafas clássicas, preserva somente o volume e o formato

LANçADOS PELA Truett Hurst, da Califórnia, os vinhos PaperBoy pro-curam fugir às convenções do mercado e angariar a simpatia dos consumidores mais preocupados com a preservação ambiental. A proposta é alicerçada pela “garrafa de papel” em que são vendidos os dois componentes da linha (Paso Robles Red Blend, tinto, e Mendoci-no Chardonnay, branco). Adotada pela primeira vez nos Estados Unidos, a embalagem segue o formato e o volume padrão (750 mililitros) das tradicionais garrafas de vidro para vinhos. De resto, suas características lembram mais o bag-in-box – sistema que combina uma bolsa plástica, onde o líquido é arma-zenado, e uma armação externa geral-mente feita de papelão ondulado.

Nos vinhos em questão, a bebi-da fica acondicionada em um invó-lucro plástico semirrígido, formado pela união de duas metades idênticas, longitudinais, moldadas por vacuum forming. A esse recipiente é selado um inserto de plástico rígido, que funcio-na como gargalo, incorporando termi-nação para uma tampa de rosca feita de alumínio. Tal embalagem primária é recoberta por uma “casca”, feita de polpa de celulose moldada. Desen-volvido pela GreenBottle, da Inglater-ra, esse conceito de embalagem vem sendo utilizado no mercado britânico, desde 2007, para a venda de leites (a rede supermercadista Asda é uma das adeptas).

A NOVA EMBALAGEM seria ideal para o consumo fora do lar, por poder ser compactada para o descarte e não se estilhaçar. Segundo a Truett Hurst, uma garrafa de papel vazia seria 85% mais leve do que uma garrafa de vidro,

gerando vantagens ambientais no transporte. Com o vidro, um palete com 56 caixas de doze unidades de vinho teria 907 quilos; com a solução da Gre-enBottle, 600 quilos. A diferença garan-tiria, assim, um aliviamento de 7 tone-ladas por caminhão. “Se todo o vinho transportado anualmente nos Estados Unidos (207,7 milhões de caixas) fosse acondicionado em embalagens como a do PaperBoy, haveria decréscimos de 192 milhões de litros no consumo de diesel e de 560 000 toneladas na emis-são de CO2”, calcula Phil Hurst, diretor geral da vinícola.

De acordo com a GreenBottle, o componente externo das embalagens pode ser produzido com base em papéis novos ou reciclados. O modelo utiliza-do pela Truett Hurst contém somente 20% de material virgem, sendo o res-tante derivado de aparas pré-consumo de papelão ondulado. A empresa ingle-sa despacha para a vinícola americana garrafas de papel já formadas, prontas para o envase, que é realizado em linhas para vidro adaptadas. Após o enchi-mento, os recipientes são decorados com rótulos de papel reciclado, cuja aparência de papel kraft harmoniza com o tom pardo das cascas de celulose. A impressão e a aplicação dos adereços são baseadas em tintas e adesivos à base d’água. “Todos atributos ‘verdes’ fazem com que nossa garrafa de papel tenha uma pegada de carbono 67% menor do que a de uma garrafa de vidro equivalente”, exulta Phil Hurst. “É uma ideia ‘eco’ que certamente fará eco no mercado vinícola mundial.”

Adaptado de conteúdo publicado originalmente em Packaging World.

Solução adotada pela PaperBoy combina invólucro primário de plástico e “casca” de polpa de celulose moldada

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32 | Março 2014

INTErNACIoNAL

“A próxima geração da lata”Inovadores recipientes plásticos para pescados e frutos do mar em conserva têm três anos de shelf-life garantidos

NO LIMIAR de seu centenário de fundação, a ocorrer no ano que vem, a empresa dinamarquesa Bornhols A/S, especializada em pescados e frutos do mar em conserva, está revolucionando o acondicionamento daquela categoria de produto. A inovação consiste em substituir totalmente as latas de alu-mínio que a empresa utiliza há muito tempo por “latas” plásticas moldadas por um processo de co-injeção, dotadas de uma barreira de oxigênio entre duas paredes laterais e uma segunda barreira de oxigênio aplicada ao rótulo in-mold.

A dinamarquesa RPC Superfos, que fornece as embalagens, não revela as proporções exatas dos materiais de que são compostas. Limita-se a citar uma combinação de cinco camadas – poli-propileno (PP), adesivo, EVOH, adesivo e PP. O tempo de vida de prateleira (shelf-life) anunciado é de três anos. “O principal problema na busca dessa eficácia foi identificar a resina polimé-rica de polipropileno capaz de suportar a temperatura de 117o C no processa-mento dos alimentos”, diz Benny Elo Nielsen, vice-presidente executivo e diretor de tecnologia da RPC Superfos. Ele informa, também, que a fornece-dora dos equipamentos de co-injeção e aplicação é a italiana BMB. As novas embalagens têm dois formatos e quatro diferentes medidas: dois retangulares e dois cilíndricos de 200 gramas, para o consumidor final, e um retangular de 600 gramas, direcionado às indústrias de food service e catering.

As inovadoras “latas”, que em menos de um ano já conquistaram alguns prêmios internacionais, podem ser vistas como um potencial rompi-mento de paradigma não só devido ao material de que são feitas. Para poder adotá-las a empresa usuária investiu pesado (sem informar que valores) em equipamentos automáticos, e anuncia que pretende substituir totalmente as embalagens metálicas com anel de abertura em uso na planta de Nexoe, a “ilha do nascer do sol”, localizada a cerca de 120 quilômetros de Copenha-gue, a capital dinamarquesa (a segun-da fábrica da Bornholms, na Islândia, continuará utilizando as tradicionais latas de alumínio com aquele tipo de abertura). Christian Sieverts, diretor

executivo da Bornholms, acredita que as novas embalagens são amigáveis ao ambiente, podendo ser utilizadas como combustível “para a transformação do que seria lixo em energia”. Ele ressalta também que as novas embalagens têm visual mais atual do que as latas de aço e de alumínio, graças à excelente defi-nição gráfica oferecida pela rotulagem in-mold. “Tanto nós na Bornhols quan-to o pessoal da Superfos não estamos vendo esta iniciativa como um jogo, uma aposta, mas sim como um inves-timento no futuro”, reforça o executivo. “Acreditamos que esta embalagem é a próxima geração da lata.”

Adaptado de conteúdo publicado originalmente em Packaging World.

Potes adotados pela Bornhols incorporam

estrutura de barreira nas paredes e no rótulo in-mold

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Março 2014 | 33

INduSTrIALIzAção

Por dentro da fábricaCoca-Cola divulga vídeo mostrando que é impossível dejetos sólidos contaminarem garrafas durante o processo de envase

DEPOIS DOS boatos e falsos comunicados de presença de objetos estranhos em suas garrafas, que explo-diram na internet e nas redes sociais no segundo semestre do ano passado, a Coca-Cola Brasil abriu as portas de suas fábricas para mostrar aos consu-midores, por meio de um vídeo, como é o processo de envase de refrigeran-tes. O objetivo é permitir que o público comprove a segurança das embalagens

e a higiene nas fábricas.No vídeo, de quase cinco minutos,

é possível entender as etapas por quais passa o produto, desde o engarrafa-mento até a entrega das embalagens ao mercado. São mostrados os cuidados com as embalagens, o envase das bebi-das e a limpeza das garrafas. O vídeo também mostra que é impossível a presença de objetos sólidos dentro das garrafas, que passam por rigoroso

processo de inspeção.A empresa também convida os

consumidores a conhecerem as engar-rafadoras em todo o País.

A fábrica da Coca-Cola Andina, no Rio de Janeiro, onde foi realizada a fil-magem, conta com 3 000 funcionários e dez linhas de produção.

Assista ao vídeo:

emb.bz/175cocacola

Vídeo da coca-cola mostra etapas do processo de envase: garantia de segurança nas garrafas

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36 | Março 2014

DisplayO qUE hÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA Edição: fLAVIO PALhARES

[email protected]

ÁGUAS

garraFa PrEcioSaO Grupo Coroa, do Espírito Santo, reposiciona

a água mineral Campinho com o objetivo

de agregar valor ao produto. As garrafas e

os rótulos foram totalmente renovados. Para

produzir a nova embalagem, o departamento

de marketing da empresa se inspirou em

pedras preciosas, remetendo à lapidação de

joias. A água mineral sem gás tem garrafa azul,

com inspiração na safira. A água com gás tem

embalagem vermelha, que remete ao rubi.

emb.bz/175campinho

INFOrMAçõEs ADIcIONAIs sObrE FOrNEcEDOrEs DAs EMbAlAgENs EsTãO NOs lINks EM vErMElhO NO FINAl DOs TExTOs.

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38 | Março 2014

DisplayO qUE hÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

VODCAS

DuAlIDADE lIMITADA 2

A Cereser lança a série

especial Black & White

da vodca Kadov. São

duas versões de emba-

lagem, que diferem pela

cor predominante dos

rótulos termoencolhíveis

(preto ou branco).

A ação é limitada

a 36 000 garrafas.

emb.bz/175kadov

AMACIANTES

FlOrEs E EcONOMIA 3

Mudanças no amaciante

concentrado Mon Bijou,

da Bombril. o design

gráfico dos frascos agora

traz flores coloridas. E

a linha é ampliada com

uma versão econômica

de 2 litros, em frasco

com alça integrada e

rótulo autoadesivo.

emb.bz/175bijou

ChOCOLATES

cOMO chIclETEs 1

Para ter um produto de

alto giro próximo aos

caixas de padarias e

supermercados em geral,

a General Brands lança

o chocolate Camp em

porção de 5 gramas. O

produto é acondiciona-

do em flow packs, que

chegam ao varejo em

caixas-display.

emb.bz/175camp

1

2

3

SUCOS

aJuda à naturEza 4

Suco de fruta com água

de coco, o Ducoco Kids,

da Ducoco, é dedicado

ao público infantil. O

produto é acondicio-

nado em caixinhas de

200 mililitros. Parte das

vendas será revertida

à WWF-Brasil, oNG de

preservação ambiental.

emb.bz/175ducoco

4

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CAChAçAS

SagatiBa, 10 ANOs 6

Para celebrar uma década

de mercado, a cachaça

Sagatiba ganhou uma edição

limitada. A parte externa da

garrafa estampa a arte que

normalmente fica no con-

trarrótulo e aparece na parte

interna da embalagem. No

contrarrótulo, há a inscrição

“Aniversário de 10 anos –

Edição limitada 2014”.

emb.bz/175sagatiba

BALAS

conFEito “crocantE” 5

Fruittella Crunchies, com

recheio mastigável, é a nova

bala da Perfetti van Melle. o

produto é acondicionado em

nível unitário em flow packs

de filme plástico. A oferta

no varejo é feita em pacotes

com 125 gramas.

emb.bz/175fruit

5

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40 | Março 2014

DisplayO qUE hÁ DE NOVO NOS PONTOS DE VENDA

PERfUMES

NOvElA NO FraSco 1

A Jequiti lança colônia

feminina da novela infan-

to-juvenil Chiquititas, do

SBT. A fragrância está

disponível em emba-

lagem de 25 mililitros

ilustrada com as perso-

nagens do folhetim.

emb.bz/175chiq

CONSERVAS

VEgEtaiS EM suP’s 2

O Grupo Predilecta,

fabricante de doces

e molhos, apresenta

as novas embalagens

dos seus vegetais em

conserva. Os produtos

são acondicionados em

stand-up pouches (SUP’s

– bolsas plásticas que

ficam em pé), o mesmo

tipo de embalagens uti-

lizadas pela marca para

seus molhos.

emb.bz/175sup

BISCOITOS

noVidadES no zoo 4

A Richester, marca da

M. Dias Branco, lança

novas embalagens para

os biscoitos recheados

da linha Animados Zoo.

Os pacotes de 56 gramas

e de 140 gramas têm as

opções de recheio de

morango e de chocolate.

emb.bz/175zoo

PRESERVATIVOS

SaBor dE caiPirinHa 3

A DKT, detentora da

marca de preservativos

Prudence, lança no mer-

cado a primeira cami-

sinha com cor, sabor e

aroma de caipirinha. o

lançamento faz parte da

extensão da linha Cores

e Sabores, que conta

com as versões banana,

melancia, morango,

uva, chocolate, hortelã,

tutti-frutti e refrigerante

sabor cola.

emb.bz/175prudence

LEITES

cOMIgO no uHt 5

A Cooperativa Agroin-

dustrial dos Produtores

Rurais do Sudoeste

Goiano (Comigo) entrou

no segmento UhT com

o lançamento dos leites

integral e desnatado em

embalagens cartonadas

assépticas com tampa

de rosca.

emb.bz/175

VINhOS

EsPuMANTE SoFiSticado 6

Chega ao mercado o

novo lote do Salton

Reserva Ouro, espuman-

te premium da vinícola

Salton. A comunicação

visual ganhou ares de

sofisticação com um

rótulo clean, que apre-

senta tipografia em finos

traços dourados sobre

um fundo preto texturi-

zado. No topo da garrafa,

um lacre dourado envol-

ve a rolha.

emb.bz/175

2

1

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6

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Março 2014 | 41

DisplayESPECIAL COPA

CERVEjAS

coPa na garraFa 6

A Budweiser apresentou

sua embalagem exclusiva

para a Copa do Mundo

FiFA no Brasil. A garrafa

de alumínio estampa o

troféu da competição.

A cerveja terá também

garrafas de vidro, latas

de alumínio embalagens

secundárias (packs agru-

padores) com a estampa

da taça.

emb.bz/175bud

ChOCOLATES

troFéu EsPEcIAl 1

A Garoto lança um cho-

colate que é a réplica da

taça da Copa do Mundo.

o chocolate “Troféu da

Copa do Mundo da Fifa

2014” chega ao merca-

do em estojo especial.

Outro produto temático

é o Tablete da Copa.

A tradicional barra de

chocolate de 150 gramas

ganhou visual inspirado

pelas cinco conquistas

da Seleção Brasileira nas

Copas.

emb.bz/175garoto

CAfÉS

brAsIl NA EMbAlAgEM 4

Cinco marcas do Grupo

3corações foram unifor-

mizadas com as cores

do Brasil. As embalagens

verde e amarela foram

adotadas para as marcas

3Corações, Santa Clara,

Letícia, Pimpinela e

Kimimo.

emb.bz/175cafes

CONSERVAS

róTulO-bOlA 5

A vale Fértil, empresa

brasileira com produção

própria de azeitonas em

Mendoza, na Argentina,

lança embalagem em

comemoração à Copa

do Mundo de 2014.

O rótulo do frasco de

vidro de 300 gramas é

ilustrado com uma bola

dourada.

emb.bz/175azeitona

BALAS

PErSonagEnS na coPa 3

A Dori Alimentos leva os

personagens da Looney

Tunes para a Copa do

Mundo. A linha especial

das balas Frutsy também

tem sabores inspirados

nos países participantes

do mundial, com frutas

típicas de cada um deles.

emb.bz/175dori

PET fOOD

coPa ANIMAl 2

A Keldog, da Kelco Pet

Care, reformulou as

embalagens de sua linha

de bifinhos para cães. o

novo layout apresenta

imagens alusivas à Copa

do Mundo. A agência

brincou com o design de

cada embalagem, mos-

trando que os mascotes

Keldog “são bons de bola

e de torcida”. Em cada

embalagem há um ímã

da “Seleção Keldog”.

emb.bz/175keldog

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Almanaque

42 | Março 2014

BrasileiríssimaNos anos 1950, a Coca-Cola era acusada pelos seus concorrentes nacionais (mais precisamente pelo Guaraná Champagne, da Antarctica) de ser extremamente americana e não traduzir a “essência brasileira”. Para se defender, a Coca-Cola recorreu à sua embalagem, como mostra o texto do anúncio.

“Ela também é brasileira! Referimo-nos à bonita mocinha, é lógico, porque a tam-pinha sempre foi fabricada no Brasil! Esta é uma das muitas formas pelas quais a indústria brasileira de Coca-Cola está inti-mamente entrosada com outras indústrias nacionais, que lhe fornecem os produtos indispensáveis à fabricação da sua gosto-sa Coca-Cola.”

Bala dos garotosA Chocolates Garoto foi fundada em 16 de agosto de 1929 pelo imigrante alemão Henrique Meyerfreund com o nome de Fábrica de Balas H. Meyerfreund & Cia., em Vila Velha,

no Espírito Santo. As primeiras balas eram vendidas por meninos, em tabuleiros, nos pon-tos de bonde da cidade. Os confeitos fizeram sucesso, e os consumidores passaram a pro-curar pelas balas dos “garotos”, o que levou a empresa a ser chamada de Garoto. Em 1934, foi lançado um dos produtos de maior sucesso da marca: as pastilhas de hortelã. A companhia começou a produzir chocolates apenas em 1936 e hoje é a maior fábrica de chocolates da América Latina, contando com uma linha de mais de cem produtos. Desde 2002, a empresa pertence à Nestlé.

primeiros vendedores inspiraram recriação da marca. pastilha é um dos clássicos

Precursor do ToddynhoO Toddynho, surgido em 1982, não foi o primeiro achocolatado pronto da Quaker (hoje Pepsico) no Brasil. Foi o Toddy Pronto, lan-çado em 1981. Diferentemente do Toddynho, oferecido em embalagens cartonadas assépti-cas, o produto era comercializado

em latas de aço – as mesmas uti-lizadas na época para acondicio-nar refrigerantes e cervejas. Após um período fora do mercado, Toddy Pronto retornaria nos anos 1990, mas parecido com seu sucessor: em caixinhas longa vida de 1 litro e de 200 mililitros.

Pureza americanaEm 1951, a Cica, fabricante de alimentos em conser-va, anunciava uma grande novidade para as emba-lagens de seus doces. Tratava-se do “novo processo americano”. A goiabada e a marmelada Cica – marca Elefante – eram acondicionadas em latas de aço. O doce era cozido dentro da própria embalagem, pelo processo de autoclave. A Cica assegurava que o “novo processo” garantia 100% de pureza aos alimentos, já que as embalagens eram “submetidas a alta concentração de vácuo, conservando todas as vitaminas, o aroma e o sabor das frutas frescas”.

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