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Documentos 150 ISSN 0101- 6245 Versão Eletrônica Dezembro, 2011 Manual de Biossegurança Embrapa Suínos e Aves

Embrapa 2011 Manual de Biossegurança - Embrapa Aves e Suinos

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  • Documentos150ISSN 0101- 6245Verso EletrnicaDezembro, 2011

    Manual de BiosseguranaEmbrapa Sunos e Aves

  • ISSN 0101- 6245Verso EletrnicaDezembro, 2011

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Sunos e AvesMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Documentos 150

    Manual de BiosseguranaEmbrapa Sunos e AvesPaulo Augusto EstevesGustavo Julio Mello Monteiro de LimaMartha Mayumi HigarashiRejane SchaeferMateus LazzarottiJanice Reis Ciacci ZanellaOrganizadores

    Embrapa Sunos e AvesConcrdia, SC2011

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Sunos e AvesRodovia BR 153 - KM 11089.700-000, Concrdia-SCCaixa Postal 21Fone: (49) 3441 0400Fax: (49) 3441 0497http://[email protected]

    Comit de Publicaes da Embrapa Sunos e AvesPresidente: Luizinho CaronSecretria: Tnia M.B. CelantMembros: Gerson N. Scheuermann

    Jean C.P.V.B. SouzaHelenice MazzucoNelson MorsRejane Schaefer

    Suplentes: Mnica C. LedurRodrigo S. Nicoloso

    Coordenao editorial: Tnia M.B. CelantReviso tcnica: Ftima R.F. Jaenisch e Paulo S. RosaReviso gramatical: Jean C.P.V.B. SouzaNormalizao bibliogrfica: Claudia A. ArriecheEditorao eletrnica: Vivian Fracasso Ilustrao da capa: OMS

    1 edioVerso eletrnica (2011)

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Sunos e Aves

    Manual de biossegurana Embrapa Sunos e Aves / organizadoresPaulo Augusto Esteves.. [et al]. Concrdia: Embrapa Sunos e Aves, 2011.82p.; 21cm. (Documentos/Embrapa Sunos e Aves, ISSN

    01016245; 150).

    1. Biossegurana. 2. Norma-lei. 3. Acidente. 4. Resduos. I. ESTEVES, Paulo Augusto, org. II. LIMA, Gustavo Julio Mello Mon-teiro de, org. III. HIGARASHI, Martha Mayumi, org. IV. SCHAEFER, Rejane, org. V. LAZZAROTTI, Mateus, org. VI. ZANELLA, Janice Reis Ciacci, org.

    CDD 660.63

    Embrapa 2011

  • Organizadores

    Paulo Augusto EstevesBilogo, D. Sc. em Cincias Veterinrias, pesqui-sador da Embrapa Sunos e Aves, Concrdia, SC, [email protected]

    Gustavo Julio Mello Monteiro de LimaEngenheiro Agrnomo, Ph. D. em Nutrio Animal, pesquisador da Embrapa Sunos e Aves, Concr-dia, SC, [email protected]

    Martha Mayumi HigarashiQumica, D. Sc. em Qumica, pesquisadora da Embrapa Sunos e Aves, Concrdia, SC, [email protected]

    Rejane SchaeferMdica Veterinria, D. Sc. em Cincias Veteri-nrias, pesquisadora da Embrapa Sunos e Aves, Concrdia, SC, [email protected]

  • Mateus LazzarottiFarmaceutico Bioqumico, analista da Embrapa Sunos e Aves, Concrdia, SC, [email protected]

    Janice Reis Ciacci ZanellaMdica Veterinria, Ph. D. em Virologia Molecular, pesquisadora da Embrapa Sunos e Aves, Concr-dia, SC, [email protected]

  • Apresentao

    O Comit Interno de Biossegurana (CIBio) da Embrapa Sunos e Aves elaborou o Manual de Biossegurana da Embrapa Sunos e Aves con-forme preconiza a Lei N 11.105 (Lei de Biossegurana). Tal Lei estabe-lece que as CIBios devem manter informados os trabalhadores sobre as questes relacionadas biossegurana e garantir o funcionamento das instalaes dentro dos padres e normas da mesma. Assim, o presente Manual objetiva esclarecer o significado de termos tcnicos teis aos empregados e apresenta um conjunto de normas e procedimentos que certamente minimizaro os riscos de trabalho e de uma possvel libera-o acidental de organismos geneticamente modificados. Desta forma, a CIBio deve divulgar e fazer cumprir as normas e recomendaes da CTNBio atravs da comunicao com os pesquisadores principais, ins-pees das instalaes e atividades dos projetos e acompanhamento do trnsito de materiais geneticamente modificados. Alm de preencher os requisitos de funcionamento da CIBio, o Manual explicita as responsa-bilidades de cada colaborador nas atividades desenvolvidas na Unidade e fornece regras gerais de segurana do uso de equipamentos e dos produtos qumicos manuseados no dia a dia.

    Dirceu Joo Duarte TalaminiChefe-Geral da Embrapa Sunos e Aves

  • Sumrio

    Apresentao..................................................................................... 5Introduo..........................................................................................11O qu biossegurana.....................................................................12O que a CTNBio..............................................................................13O qu o CQB...................................................................................14O qu a CIBio..................................................................................14Requerimentos mnimos para reas com CQB na Embrapa..........15Procedimentos mnimos para trabalho em reas com CQB..........16Classificao de risco microrganismos e nveis de biossegurana (NB)....................................................................................................16

    Classes de risco..............................................................................17Classes de risco 1.........................................................................17

    Classes de risco 2.........................................................................17

    Classes de risco 3.........................................................................17

    Classes de risco 4.........................................................................18

    Classes de risco 5.........................................................................18

    Nveis de biossegurana...................................................................18Nvel de biossegurana 1 (NB-1).....................................................19

    Acesso....................................................................................19

    Proteo pessoal.......................................................................20

    Procedimentos..........................................................................21

    Instalaes laboratoriais.............................................................22

  • Nvel de biossegurana 2 (NB-2)......................................................25

    Prticas especiais para o NB-2...................................................26

    Equipamentos de conteno para o NB-2.....................................28

    Procedimentos padro de laboratrio para NB-2.............................29

    Instalaes laboratoriais NB-2.....................................................30

    Nvel de Biossegurana 3 (NB-3)......................................................31

    Procedimentos padro de laboratrio para NB-3.............................31

    Prticas especiais para o NB-3...................................................32

    Equipamentos de conteno para o NB-3.....................................34

    Instalaes laboratoriais NB-3.....................................................34

    Nvel de Biossegurana 4 (NB-4)......................................................38

    Procedimentos padro de laboratrio para NB-4.............................39

    Prticas especiais para o NB-4...................................................39

    Equipamentos de conteno para o NB-4.....................................41

    Instalaes laboratoriais NB-4.....................................................41

    Laboratrio NB-4 com CSB Classe III...........................................43

    Laboratrio NB-4 com o uso de CSB Classe II associado utilizao

    de roupas de proteo individual com presso positiva, ventiladas

    por sistema de suporte de vida...................................................43

    Trabalho com organismos geneticamente modificados................44Classes de risco de OGM................................................................46

    Classes de risco 1 (baixo risco individual e baixo risco para a coletivi-

    dade)...........................................................................................46

    Classes de risco 2 (moderado risco individual e baixo risco para a cole-

    tividade)...................................................................................47

    Classes de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a coleti-

    vidade)........................................................................................47

    Classes de risco 4 (alto risco individual e alto risco para a coletivi-

    dade)...........................................................................................47

    Nveis de biossegurana de OGM....................................................48Nvel de biossegurana 1...............................................................48

    Nvel de biossegurana 2...............................................................50

  • Trabalho com animais geneticamente modificados..........................52Limpeza, desinfeco, assepsi e esterelizao.................................53Tecnologias de tratamento dos resduos biolgicos.........................55

    Desinfeco qumica ou trmica......................................................56

    Desinfeco para tratamento dos resduos do Grupo A.......................56

    Autoclavagem..............................................................................57

    Tratamento trmico por incinerao.................................................58

    Resduos biolgicos...........................................................................60Definio........................................................................................60Classificao...................................................................................60Riscos potenciais.............................................................................62Acondicionamento de resduos biolgicos.......................................63Coleta e transporte interno dos resduos biolgicos.........................63

    Recomendaes gerais...................................................................64

    Procedimentos de coleta interna......................................................64

    Armazenamento externo..................................................................65Local...........................................................................................65

    Caractersticas..............................................................................66

    Abrigo.........................................................................................67

    Acidentes...........................................................................................68Com prfuro-cortante......................................................................69Conduta ps-acidente......................................................................69Devem estar sempre disponvel.......................................................69Incndio no laboratrio....................................................................70Choques eltricos............................................................................71Medidas de emergncia em caso de acidente com produtos qumicos.........................................................................................72

    Riscos qumicos............................................................................72

    Manipulao com brometo de etdio............................................73

    Manipulao com poliacrilamida..................................................73

    Descarte de produtos qumicos...................................................73

    Riscos biolgicos...........................................................................74

    Desinfeco e descarte biolgico................................................74

  • Cuidados necessrios recomendados aos membros do setor......75Recomendaes para responsveis por alunos e estagirios.......77Consideraes finais..........................................................................78Referncia..........................................................................................80Anexo.................................................................................................82

  • Manual de BiosseguranaEmbrapa Sunos e AvesPaulo Augusto EstevesGustavo Julio Mello Monteiro de LimaMartha Mayumi HigarashiRejane SchaeferMateus LazzarottiJanice Reis Ciacci Zanella

    Introduo

    Nos primeiros anos da dcada de 90, iniciou-se uma grande preocupa-o mundial envolvendo questes de Biossegurana. Prova disso foi a proposio da Agenda 21, que ocorreu durante a Conferncia das Na-es Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conheci-da como Eco 92, no Rio de Janeiro, em 1992 (UNITED NATIONS DIVI-SIONFOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, 1992). O princpio 14 deste documento determina que os estados devam cooperar efetivamente para desencorajar ou prevenir a realocao e transferncia para outros estados de qualquer atividade ou substncia que cause grave degra-dao ambiental, ou seja, nocivo sade humana. Como continuao destes esforos, ocorreu, em 1999, a Conferncia sobre Diversidade Biolgica em Cartagena, Colmbia. Essa conferncia gerou o Protocolo de Cartagena (SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY, 2000).

    Com base no princpio 15 do Relatrio da CNUMAD, o objetivo do Protocolo de Cartagena foi assegurar um nvel adequado de proteo envolvendo a transferncia, manipulao e uso de Organismos Gene-

  • ticamente Modificados (OGM), resultantes da biotecnologia moderna, que podem ter efeitos adversos na conservao e no uso sustentvel da diversidade biolgica, levando em considerao os riscos para a sa-de humana e principalmente focando na movimentao transfronteiria.

    No Brasil, a Legislao de Biossegurana foi formatada para os aspec-tos de Biossegurana relativos a OGM e resultou na Lei de Biosseguran-a n 8.974, de 5 de janeiro de 1995, posteriormente revogada pela Lei n 11.105, de 24 de maro de 2005. Essa Lei estabelece regulamen-taes especficas para adoo de normas de segurana e mecanismos de fiscalizao sobre a construo, o cultivo, a produo, a manipula-o, o transporte, a transferncia, a importao, a exportao, o arma-zenamento, a pesquisa, a comercializao, o consumo, a liberao no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados (OGM) e seus derivados.

    O objetivo dessa legislao, entre outros, a proteo vida e sade humana, animal e vegetal. Mais detalhes sobre essa legislao e outras normativas em vigor podem ser obtidos na pgina da CTNBio (http://www.ctnbio.gov.br).

    O que Biossegurana?

    A palavra Biossegurana vem da expresso segurana biolgica. O termo Biossegurana tem sido aplicado no Brasil como sinnimo no s de aspectos relacionados manipulao segura de organismos vivos ou vrus de carter patognico, mas como a manipulao em regime de conteno e liberao de organismos geneticamente modificados (OGM), que resultem em produtos que possam gerar inclusive a sua comercializao. Basicamente, Biossegurana o conjunto de aes voltadas para a preveno, minimizao ou eliminao de riscos ine-rentes s atividades de pesquisa, produo, ensino, desenvolvimento tecnolgico e prestao de servios, visando a sade do homem, dos animais, a preservao do meio ambiente e a qualidade dos resultados

    12 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • (TEIXEIRA; VALLE, 1996).

    Sempre que procedimentos especficos para evitar ou minimizar os ris-cos de atividades potencialmente perigosas que envolvem organismos vivos so adotados, a Biossegurana est sendo praticada. Outra viso do conceito de Biossegurana, segundo Almeida; Albuquerque, 2000 : A Biossegurana designa no propriamente uma disciplina, em sentido estrito, mas um campo de conhecimentos e um conjunto de prticas e aes tcnicas, com preocupaes sociais e ambientais, destinados a conhecer e controlar os riscos que o trabalho cientfico pode oferecer ao ambiente e vida.

    O que a CTNBio?

    A Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana (CTNBio) uma instn-cia colegiada, multidisciplinar, que conta com a participao de especia-listas e representantes ministeriais e de secretarias do governo federal. Criada com a finalidade de prestar apoio tcnico consultivo e de asses-soramento ao Governo Federal na formulao, atualizao e implemen-tao da Poltica Nacional de Biossegurana (PNB) relativa OGM, bem como, no estabelecimento de normas tcnicas de segurana e parece-res tcnicos conclusivos referentes : proteo da sade humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam: a construo, experimentao, cultivo, manipulao, transporte, comer-cializao, consumo, armazenamento, liberao e descarte de OGM e derivados. Esta comisso tambm responsvel pela emisso do Cer-tificado de Qualidade em Biossegurana (CQB) para o desenvolvimento de atividades com OGM no pas. O captulo III da Lei de Biossegurana estabelece a composio, competncia e funcionamento da CTNBio.

    13Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O que o CQB?

    O Certificado de Qualidade em Biossegurana (CQB) um credencia-mento que a CTNBio concede para Instituies de pesquisa, empre-sas privadas e outras pessoas jurdicas que executem atividades com OGM e seus derivados em conteno ou para liberaes planejadas no ambiente. A Resoluo Normativa n 1, de 20 de Junho de 2006, trata no captulo IV sobre os estabelecimentos dos critrios para solicitao, reviso, extenso e suspenso do CQB e os procedimentos para o cre-denciamento dos requerentes, fiscalizao e cancelamento. As entida-des que utilizam tcnicas e mtodos de DNA recombinante devem ter uma CIBio constituda e solicitar o CQB antes de iniciar as atividades com OGM.

    O que a CIBio?

    A Comisso Interna de Biossegurana (CIBio) a instncia colegiada, sediada em cada unidade de CQB concedida pela CTNBio, responsvel pelo registro, autorizao de trabalhos em conteno que envolvam OGM de nvel de Biossegurana 1 (NB-1), acompanhamento, auditoria e transferncia de informaes e consultas entre a CTNBio e as entidades com CQB. A esta comisso devero ser informados todos os trabalhos de pesquisas bsicas, aplicadas e testes de liberaes no ambiente que se pretende realizar e esto em andamento no mbito da instituio. Neste caso, se aplicam todas aquelas atividades que resultem de enge-nharia gentica, manipulao, produo e transporte de OGM no pas e exterior.

    14 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Requerimentos mnimos para reas com CQB na Embrapa

    As portas do laboratrio devem ser mantidas fechadas, preferencialmen-te articuladas com sistema de molas.

    Crianas no devem ter permisso para entrar no laboratrio. Animais no devem ser admitidos no laboratrio, exceto aqueles envolvi-

    dos em experimentos. O acesso ao laboratrio deve apresentar as reas de circulao desobs-

    trudas e livres de equipamentos e estoques de materiais. A sinalizao contendo o smbolo internacional de risco biolgico e ad-

    vertncia de rea restrita obrigatria. Apresentar identificao e telefone de contato dos responsveis nas

    reas constantes do CQB. Apresentar lista de pessoas autorizadas ao acesso ou controle de acesso

    eletrnico. Manter registro de acessos ao laboratrio e dos experimentos em condu-

    o. Identificar equipamentos, armrios e caixas de uso para ensaios, armaze-

    namento e transporte de OGM. Dentro dos laboratrios e casas de vegetao e prximo ao acesso, de-

    ver estar disponvel local para guarda de jalecos e outros equipamentos de proteo individual.

    Equipamentos de proteo coletiva devem estar disponveis em local identificado e de fcil acesso.

    Todos os coletores de material para descarte devem estar corretamente identificados contendo inclusive os smbolos de Biossegurana e Riscos/Periculosidade em se tratando de descarte diferentes grupos de resduos.

    A abertura de todas as portas dever ser feita no sentido de dentro das salas para fora.

    As portas de sada de emergncia devem estar identificadas, dotadas de sistema de barra para abertura por toque.

    15Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Procedimentos mnimos para traba-lho em reas com CQB

    Trabalhos em um laboratrio, especialmente em reas com CQB, exi-gem redobrados cuidados, para que no incorram na contaminao da equipe do laboratrio, dos profissionais da limpeza, dos equipamentos, do meio-ambiente e do prprio usurio. Com esse objetivo, alguns pro-cedimentos devem ser respeitados:

    Todos os membros da equipe tcnica do laboratrio, casa de vegetao e campo experimental, estagirios e terceirizados devem estar formal-mente treinados e orientados para exigir que as regras de Biossegurana sejam cumpridas.

    responsabilidade de todos os usurios manterem sempre o laboratrio limpo e organizado.

    Equipamentos de Proteo Individual e Coletiva devem sempre ser utilizados corretamente e quando necessrio. No devem ser usados, esquecidos ou descartados fora da rea de trabalho.

    Classificao de risco microrganis-mos e nveis de biossegurana (NB)

    Nos laboratrios onde microorganismos so manipulados, existe um risco em potencial de infeco ou contaminao. Deste modo impor-tante, conhecer a classe de risco do microrganismo que se pretende trabalhar para avaliar e estabelecer os procedimentos adequados para manipulao de, por exemplo, um determinado agente causador de doenas em humanos e animais.

    Segundo o Ministrio da Sade, os microrganismos, independente de serem geneticamente modificados, so classificados em cinco classes de riscos de acordo com os seguintes critrios: patogenicidade, altera-o gentica ou recombinao gnica, estabilidade, virulncia, modo de transmisso, endemicidade, consequncias epidemiolgicas e disponibi-lidade de medidas profilticas e de tratamento eficaz.

    16 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Classes de riscoDe acordo com o Ministrio da Sade, existem mundialmente definidas cinco classes de risco para os agentes biolgicos:

    Classe de risco 1O risco individual e para a comunidade baixo. Aplica-se a agentes biolgicos bem caracterizados, que tm probabilidade nula ou baixa de provocar infeces no homem ou em animais sadios e de risco poten-cial mnimo para o profissional do laboratrio e para o ambiente. Exemplo: microorganismos do gnero Lactobacillus.

    Classe de risco 2O risco individual moderado e para a comunidade limitado. Aplica--se a agentes biolgicos que provocam infeces no homem ou nos animais, cujo risco de propagao na comunidade e de disseminao no meio ambiente limitado, no constituindo em srio risco a quem os manipula em condies de conteno, pois existem medidas teraputi-cas e profilticas eficientes. Exemplo: Schistosoma mansoni.

    Classe de risco 3O risco individual alto e para a comunidade limitado. Aplica-se a agentes biolgicos que provocam infeces, graves ou potencialmente letais, no homem e nos animais e representam um srio risco a quem os manipulam. Significam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de indivduo para indivduo. Mas, usualmente, existem medidas de tratamento e/ou de preveno. Exem-plo: Bacillus anthracis.

    17Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Classe de risco 4O risco individual e para a comunidade elevado. Aplica-se a agentes biolgicos de fcil propagao, altamente patognicos para o homem, animais e meio ambiente, representando grande risco a quem os mani-pula, com grande poder de transmissibilidade via aerossol ou com risco de transmisso desconhecido, no existindo medidas profilticas ou teraputicas. Exemplo: Vrus Ebola.

    Classe de risco 5O risco de causar doena animal grave e de disseminao no meio ambiente alto. Aplica-se a agentes, de doena animal, no existen-tes no Pas e que, embora no sejam patognicos de importncia para o homem, podem gerar graves perdas econmicas e na produo de alimentos. Os agentes dessa classe devem ter sua importao proibida e, caso sejam identificados ou suspeitada sua presena no pas, devem ser manipulados em laboratrios de conteno mxima, ou seja, NB-4. Exemplo: vrus da gripe aviria e da doena de Newcastle (cepas asiti-cas).

    A lista dos organismos classificados em cada uma dessas classes atualizada periodicamente e disponibilizada em publicao eletrnica na pgina do Ministrio da Sade (http://portal.saude.gov.br).

    Nveis de biosseguranaOs microorganismos so classificados em quatro nveis de Biosseguran-a (NB): NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4 de acordo com os requisitos crescen-tes de segurana para o manuseio destes agentes biolgicos. De acordo com a World Health Organization (2004), essa classificao baseada de acordo com:

    18 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Patogenicidade do organismo. Modo de transmisso e espectro de hospedeiro do organismo: esses

    podem ser influenciados pelos nveis de imunidade existente na popula-o local, densidade e movimento da populao hospedeira, presena de vetores apropriados, e padro de higiene do ambiente.

    Disponibilidade local de medidas preventivas efetivas: essas incluem pro-filaxia por imunizao ou administrao de antissoro, medidas sanitrias (exe.: tratamento da gua e comida), controle de reservatrios animais ou vetores artrpodes.

    Disponibilidade local de tratamento eficiente: essas incluem imunizao passiva, vacinao ps-exposio, e devem levar em considerao a possibilidade emergncia de linhagens resistentes a antibiticos.

    Nvel de biossegurana 1 (NB-1)Este o Nvel de Biossegurana requerido para o trabalho envolvendo material biolgico que contenha agentes biolgicos da classe de risco 1. Representa um nvel bsico de conteno e se fundamenta na aplica-o das Boas Prticas de Laboratrio, na utilizao de equipamentos de proteo individual (EPI) e adequao das instalaes com nfase em indicadores de Biossegurana (MINISTRIO DA SADE, 2004).

    Um laboratrio NB-1 no precisa ser separado das demais dependncias do edifcio e o trabalho em geral conduzido em bancada. Equipamen-tos de conteno especficos no so exigidos neste tipo de laboratrio. Alguns procedimentos padro devem ser observados para laboratrio de NB-1, como (MINISTRIO DA SADE, 2004; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004, U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES et al., 2007):

    Acesso O acesso ao laboratrio deve ser limitado, sendo permitido apenas a

    pessoas autorizadas. As portas do laboratrio devem ser mantidas fechadas. Crianas no devem ter permisso para entrar no laboratrio. Animais no devem ser admitidos no laboratrio, exceto aqueles envolvi-

    dos em experimentos.

    19Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Acesso ao laboratrio deve apresentar as reas de circulao desobstru-das e livres de equipamentos e estoques de materiais.

    A sinalizao contendo o smbolo internacional de risco biolgico, adver-tncia de rea restrita, identificao e telefone de contato do profissional responsvel, deve ser afixada na porta de acesso ao laboratrio onde h o manuseio de material biolgico.

    Proteo pessoal As pessoas devem lavar as mos antes e aps a manipulao de agentes

    de risco e antes de sarem do laboratrio. proibido comer, beber, fumar e aplicar cosmticos (maquiagem, cre-

    mes, dentre outros) nas reas de trabalho do laboratrio. No recomendada a utilizao de cosmticos e adereos (brincos, pul-

    seiras, relgio, dentre outros) no laboratrio. proibido levar qualquer objeto boca no laboratrio. Jalecos, aventais ou uniformes devem ser usados durante todo o perodo

    de trabalho no laboratrio. Luvas apropriadas devem ser usadas em todos os procedimentos que

    possam envolver contato direto ou acidental com sangue, fluidos corp-reos e outros materiais infecciosos em potencial ou animais infectados.

    Aps o uso, as luvas devem ser removidas e descartadas assepticamen-te e as mos devem ser bem lavadas.

    culos de segurana, protetores faciais (visores) ou outros aparatos de proteo devem ser usados quando houver necessidade de proteger os olhos e face de respingos, objetos impactantes e fonte artificial de radia-o de ultravioleta.

    As roupas de proteo, como jalecos, no devem ser usadas fora do laboratrio, como por exemplo, em cantinas, escritrios, biblioteca, ba-nheiros etc.

    As roupas de proteo que so utilizadas nos laboratrios no devem ser guardadas no mesmo local que as roupas pessoais.

    Por segurana, sapatos devem ser do tipo fechado e, sempre que poss-vel, recomenda-se a utilizao de pr-ps descartveis. Sapatos abertos (ex: sandlias) ou de salto alto no devem ser utilizados nos laboratrios.

    20 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Procedimentos As pipetagens devero sempre ser realizadas com dispositivos apropria-

    dos, nunca com a boca diretamente. Todos os procedimentos tcnicos devem ser realizados de forma a mini-

    mizar a formao de aerossis e gotculas. Todos os procedimentos, sejam tcnicos ou administrativos, devem estar

    descritos, ser de fcil acesso e do conhecimento dos tcnicos envolvidos em sua execuo.

    O uso de agulhas e seringas hipodrmicas deve ser limitado. Elas no devem ser utilizadas como substitutas para pipetas ou micropipetas ou para qualquer finalidade que no seja injeo parenteral ou aspirao de fluidos dos animais do laboratrio.

    No descarte, as agulhas usadas no devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, recapeadas, removidas das seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas.

    Os materiais perfuro cortantes devem ser manuseados cuidadosamente. O descarte do material perfuro cortante deve ser realizado em recipiente

    de paredes rgidas, resistentes punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados, segundo normas legais e tcnicas vigentes, localizado prximo rea de trabalho, sendo expressamente importante no esvaziar esses recipientes para o seu reaproveitamento.

    Qualquer derramamento, acidente e exposio potencial ou confirmada a materiais infecciosos devem ser relatados ao responsvel pelo laborat-rio.

    Registros por escrito desses acidentes e incidentes devem ser mantidos. As vidrarias devem ser descartadas em recipiente prprio e adequadas

    e as que estiverem quebradas no devem ser manipuladas diretamente com a mo, devem ser removidas por meio de meios mecnicos, como uma vassoura e uma p de lixo ou pinas e descartadas em recipientes adequados.

    As superfcies de trabalho devem ser descontaminadas antes e ao final de cada turno de trabalho e sempre que ocorrer derramamento de mate-rial biolgico.

    Instrues por escrito de como limpar todos os derramamentos devem ser desenvolvidas, informadas e seguidas.

    Lquidos contaminados devem ser devidamente descontaminados (qumi-ca ou fisicamente) antes de serem descartados.

    21Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Todos os resduos devem ser descartados segundo normas legais e tc-nicas vigentes e em cumprimento ao Plano de Gerenciamento de Resdu-os da Unidade.

    Devem ser mantidas a limpeza e a organizao do laboratrio. Materiais e reagentes devem ser estocados em instalaes apropriadas

    no laboratrio, onde deve haver sempre disponvel caixa de primeiros socorros.

    No manter alimentos e plantas que no sejam objetos de anlise do laboratrio.

    necessria a organizao de normas para um plano de contingncia e emergncia.

    Deve ser mantida uma rotina de controle de artrpodes e roedores.

    Instalaes laboratoriais As instalaes laboratoriais devem ser compatveis com as regulamenta-

    es municipais, estaduais e federais. O espao do laboratrio deve ser amplo para que o trabalho laboratorial

    possa ser conduzido de forma segura. As paredes, o teto e os pisos do cho devem ser lisos, no porosos, sem

    reentrncias, com cantos arredondados, fceis de limpar, impermeveis a lquido e resistente a produtos qumicos e desinfetantes normalmente utilizados no laboratrio.

    O cho deve ser antiderrapante. Os topos dos bancos devem ser impermeveis gua e resistentes a

    desinfetantes, cidos, alcalinos, solventes orgnicos e calor moderado. A iluminao artificial deve ser adequada para todas as atividades. Refle-

    xos indesejveis e luz ofuscante devem ser evitados. As instalaes fsicas referentes segurana laboratorial e proteo con-

    tra incndio devem estar de acordo com as regulamentaes de seguran-a do Corpo de Bombeiros local e as normas legais e tcnicas vigentes.

    As rotas de fuga e sadas de emergncia devem estar identificadas e, preferencialmente, localizadas nas circulaes pblicas e nos laborat-rios, na direo oposta s portas de acesso, com sada direta para a rea externa da edificao.

    As portas de sada de emergncia devem estar identificadas, dotadas de barra anti-pnico, que permita a abertura com um pequeno toque, con-forme normas legais e tcnicas vigentes.

    22 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • As instalaes eltricas para os laboratrios e instalaes eltricas de equipamentos eletroeletrnicos ou equipamentos associados operao e/ou controle de sistemas de climatizao devem ser projetadas, exe-cutadas, testadas e mantidas em conformidade com as normas legais e tcnicas vigentes.

    A edificao deve possuir sistema de proteo contra descargas atmos-fricas, os equipamentos eletro-eletrnicos devem estar conectados a uma rede eltrica estabilizada e aterrada e todas as tomadas e disjunto-res devem ser identificados, conforme estabelecido nas normas legais e tcnicas vigentes.

    Todas as tubulaes das instalaes prediais devem ser adequadas, iden-tificadas e mantidas em condies de perfeito funcionamento, conforme normas legais e tcnicas vigentes.

    O sistema de abastecimento de gua deve possuir reservatrio suficiente para as atividades laboratoriais e para a reserva de combate a incndio. A gua de abastecimento deve atender as especificidades do laboratrio e seguir os critrios tcnicos vigentes.

    As circulaes horizontais e verticais tais como corredores, elevadores, monta-cargas, escadas e rampas devem estar de acordo com as normas legais e tcnicas vigentes.

    As portas devem ser mantidas fechadas e possuir visores, exceto quan-do haja recomendao contrria.

    As portas para passagem de equipamentos devem possuir dimenses com largura mnima de 1,10 m.

    As janelas e as portas devem ser de materiais e acabamentos que retar-dem o fogo e facilitem a limpeza e a manuteno.

    No necessrio requisito especial de ventilao, alm daqueles estabe-lecidos pelas normas legais e tcnicas vigentes.

    As janelas com abertura para rea externa ao laboratrio devem conter telas de proteo contra insetos.

    Deve haver espao suficiente entre as bancadas, cabines e equipamen-tos de modo a permitir acesso fcil para a realizao da limpeza.

    A superfcie das bancadas deve ser revestida por material impermevel, liso, sem emenda ou ranhura e resistente ao calor moderado e a ao dos solventes orgnicos, cidos, lcalis e solventes qumicos utilizados na descontaminao das superfcies.

    23Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O mobilirio do laboratrio deve evitar detalhes desnecessrios, bem como reentrncias, salincias, quebras, cantos, frisos e tipos de puxa-dores que dificultem a limpeza e a manuteno, e atender os critrios de ergonomia, conforme normas legais e tcnicas vigentes.

    As cadeiras e outros mveis utilizados no trabalho laboratorial devem ser revestidos com um material que no seja absorvente e que possa ser facilmente descontaminado.

    Cada laboratrio deve possuir pelo menos um lavatrio exclusivo para lavagem das mos, localizado prximo sada do laboratrio. Deve exis-tir local fora das reas laboratoriais para guarda de pertences e troca de vestimentas.

    Prever local, dentro do laboratrio, para a guarda de substncias e ma-teriais de uso frequente (devidamente identificados e catalogados para controle interno), em armrios, prateleiras ou castelos. Para estocagem de grandes volumes e das demais substncias e materiais, deve haver um local em condies adequadas, fora das reas laboratoriais, e em concordncia com as normas legais e tcnicas vigentes.

    Deve existir um local especfico, externo, coberto, ventilado e em condi-es de segurana para armazenamento de cilindros de gases, conforme normas legais e tcnicas vigentes. Os cilindros de gases devem ser man-tidos na posio vertical e possurem dispositivos de segurana de forma a evitar quedas ou tombamentos. Cilindros pressurizados, de quaisquer dimenses, de alimentao das redes, no devem estar presentes na rea interna do laboratrio.

    A edificao laboratorial deve possuir um abrigo isolado, identificado, para armazenamento temporrio dos resduos, separado por tipo, com local para higienizao de containeres, provido de ponto de gua, no pavimento trreo ou em rea externa edificao, com sada para o exterior, de fcil acesso aos carros coletores. Estas reas devem ser cobertas, ventiladas, com piso, paredes e tetos revestidos de materiais lisos, impermeveis e resistentes a substncias qumicas, conforme nor-mas legais e tcnicas vigentes. O acesso a essas reas deve ser restrito ao pessoal autorizado.

    Caso o sistema pblico no disponha de tratamento de efluente sanit-rio, h necessidade de se prever tratamentos primrio e secundrio, tais como, tanque sptico e filtro biolgico, a fim de evitar a contaminao da rede pblica com agentes qumicos e biolgicos.

    24 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • importante que haja aferio e manuteno tcnica peridica dos equi-pamentos e instalaes do laboratrio.

    Os materiais e substncias para limpeza das instalaes e equipamentos devem ser os adequados, obedecendo-se s recomendaes de manuais tcnicos e conforme legislao vigente.

    Faz-se necessria uma rotina de limpeza criteriosa das instalaes e equi-pamentos do laboratrio, que deve ser efetuada por pessoal devidamente orientado.

    Nvel de biossegurana 2 (NB-2)Este o nvel de Biossegurana requerido para o trabalho envolvendo material biolgico que contenha agentes biolgicos da classe de risco 2. Alguns equipamentos de conteno so necessrios em laboratrios de NB-2. Alm dos EPI adequados conforme descritos no NB-1, luvas devem ser utilizadas segundo suas indicaes, e seu uso restrito ao laboratrio. Luvas de ltex descartveis no devem ser lavadas, nem reutilizadas.

    Devem ser utilizadas cabines de segurana biolgicas (CSBs), classe I ou II, sempre que sejam realizadas culturas de tecidos infectados ou de clulas germinativas e embries, bem como procedimentos com eleva-do potencial de criao de aerossis como: triturao; homogeneizao; agitao vigorosa; ruptura por sonicao; abertura de recipientes con-tendo material no qual a presso interna possa ser maior que a presso ambiente e cultivo de tecidos, fluidos ou ovos de animais infectados (MINISTRIO DA SADE, 2004).

    Sempre que o procedimento for potencialmente gerador de aerossis e gotculas, proveniente de materiais biolgicos deve ser utilizada prote-o para o rosto (mscaras, protetor facial, culos de proteo, entre outras). A centrifugao, fora da cabine de segurana biolgica, s deve ser efetuada se utilizada centrfuga de segurana e frascos lacra-dos. Esses s devero ser abertos no interior da cabine de segurana biolgica (MINISTRIO DA SADE, 2004).

    25Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • As instalaes e procedimentos para um laboratrio de NB-2 devem atender s especificaes estabelecidas para laboratrios NB-1, acresci-das das seguintes exigncias (MINISTRIO DA SADE, 2004; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004, U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES et al., 2007):

    Prticas especiais para o NB-2As equipes do laboratrio e de apoio devem receber treinamentos anuais, apropriados sobre os riscos potenciais associados aos trabalhos desenvolvidos.

    Treinamentos adicionais sero necessrios em caso de mudanas de normas ou de procedimentos.

    O trabalho em laboratrio deve ser supervisionado por profissional de nvel superior com conhecimento e experincia comprovada na rea de Biossegurana.

    O Profissional Responsvel deve implementar polticas e procedimentos com ampla informao a todos que trabalhem no laboratrio sobre o potencial de risco relacionado ao trabalho.

    O acesso ao laboratrio deve ser restrito aos profissionais da rea, me-diante autorizao do Profissional Responsvel.

    Pessoas susceptveis s infeces, tais como as imunocomprometidas ou imunodeprimidas, no devem ser permitidas no laboratrio. Cabe ao Profissional Responsvel a deciso final quanto anlise de cada circunstncia e a determinao de quem deve entrar ou trabalhar no laboratrio.

    Todo o pessoal deve ser orientado sobre os possveis riscos e para a necessidade de seguir as especificaes de cada rotina de trabalho, procedimentos de Biossegurana e prticas estabelecidas no manual de Biossegurana do laboratrio, acessvel a todos os funcionrios.

    As portas do laboratrio devem permanecer fechadas quando os ensaios estiverem sendo realizados e trancadas ao final das atividades.

    26 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O emblema internacional indicando risco biolgico (Anexo I) deve ser afi-xado nas portas dos recintos onde se manuseiam microorganismos per-tencentes classe de risco 2, identificando o(s) agente(s) manipulado(s), o nvel de Biossegurana, as imunizaes necessrias, o tipo de equi-pamento de proteo individual que dever ser usado no laboratrio e o nome do Profissional Responsvel, endereo completo e as diversas possibilidades para a sua localizao.

    Os EPIs devem ser retirados, antes de sair do ambiente de trabalho, depositados em recipiente exclusivo para esse fim, em local apropriado, descontaminados antes de serem reutilizados ou descartados.

    Mos enluvadas no devem tocar superfcies limpas tais como tecla-dos, telefones, maanetas, entre outros.

    Um sistema de notificao de acidentes e incidentes, absentesmo de empregados e doenas associadas ao trabalho no laboratrio deve ser or-ganizado, bem como um sistema de vigilncia em sade, contemplando programas peridicos de imunizao e de controle da sade ocupacional.

    Dependendo do(s) material(is) biolgico(s) manipulado(s), para referncia futura, devem ser mantidas amostras sorolgicas da equipe do labora-trio e de outras pessoas possivelmente expostas aos riscos, inclusive pessoal de limpeza e manuteno.

    Todos os procedimentos devem ser realizados cuidadosamente a fim de minimizar a criao de aerossis ou de respingos.

    Deve-se sempre tomar precaues especiais em relao a qualquer obje-to perfurocortante, incluindo seringas e agulhas, lminas, pipetas, tubos capilares e bisturis. Agulhas e seringas hipodrmicas ou outros instru-mentos perfurocortantes devem ficar restritos ao laboratrio e utilizados somente quando necessrio.

    Devem ser utilizadas seringas com agulha fixa ou agulha e seringa em uma unidade nica descartvel usada para injeo ou aspirao de materiais infecciosos ou quando necessrio, seringas que possuam um envoltrio para a agulha, ou sistemas sem agulha e outros dispositivos de segurana podero ser utilizados.

    Manter registro da utilizao do sistema de luz ultravioleta das CSBs com contagem do tempo de uso (vida til de 7.500 horas).

    Manter um sistema de manuteno, calibrao e de certificao dos equipamentos de conteno.

    A cada seis meses as CSBs e demais equipamentos essenciais de segu-rana devem ser testados, calibrados e certificados.

    27Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Os filtros HEPA da rea de bioconteno devem ser testados e certifica-dos de acordo com a especificao do fabricante ou no mnimo uma vez por ano.

    Acidentes ou incidentes que resultem em exposio a materiais biol-gicos patognicos devem ser imediatamente notificados ao Profissional Responsvel, com providncias de avaliao mdica, vigilncia e trata-mento, sendo mantido registro por escrito dos acidentes e das providn-cias adotadas.

    Todos os materiais e resduos devem ser descontaminados, preferencial-mente esterilizados, antes de serem reutilizados ou descartados.

    Equipamentos de conteno para o NB-2 A equipe deve utilizar no interior do laboratrio os EPIs adequados, con-

    forme descritos no NB-1. Luvas devem ser usadas, segundo suas indicaes, e seu uso restrito ao

    laboratrio. Luvas de ltex descartveis no podero ser lavadas, nem reutilizadas.

    Devem ser utilizadas CSBs, classe I ou II, sempre que sejam realizadas culturas de tecidos infectados ou de ovos embrionados, bem como procedimentos com elevado potencial de criao de aerossis, como triturao, homogeneizao, agitao vigorosa, ruptura por sonicao, abertura de recipientes contendo material onde a presso interna possa ser maior que a presso ambiental e cultivo de tecidos, fluidos ou ovos de animais infectados.

    Sempre que o procedimento for potencialmente gerador de aerossis e gotculas, proveniente de materiais biolgicos dever ser utilizada a pro-teo para o rosto (mscaras, protetor facial, culos de proteo, entre outras).

    A centrifugao, fora da CSB, s poder ser efetuada se utilizada centr-fuga de segurana e frascos lacrados. Esses s devero ser abertos no interior da cabine.

    Uma autoclave deve estar disponvel, no interior ou prximo ao labo-ratrio, dentro da edificao, de modo a permitir a descontaminao de todos os materiais utilizados e resduos gerados, previamente a sua

    reutilizao ou descarte.

    28 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Procedimentos-padro de laboratrio para o NB-2 As equipes do laboratrio e de apoio devem receber treinamentos anuais,

    apropriados sobre os riscos potenciais associados aos trabalhos desen-volvidos.

    Treinamentos adicionais so necessrios em caso de mudanas de nor-mas ou de procedimentos.

    O trabalho em laboratrio deve ser supervisionado por profissional de nvel superior com conhecimento e experincia comprovada na rea de Biossegurana.

    O profissional responsvel deve implementar polticas e procedimentos com ampla informao a todos que trabalhem no laboratrio sobre o potencial de risco relacionado ao trabalho.

    O acesso ao laboratrio deve ser restrito aos profissionais da rea, me-diante autorizao do profissional responsvel.

    Pessoas imunocomprometidas bem como mulheres grvidas no devem ter acesso permitido aos laboratrios.

    Cabe ao Profissional Responsvel, a deciso final quanto anlise de cada circunstncia e a determinao de quem deve ter permisso para acesso ao laboratrio.

    Todo o pessoal deve ser orientado sobre os possveis riscos e para a necessidade de seguir as especificaes de cada rotina de trabalho, procedimentos de Biossegurana e prticas estabelecidas no manual de Biossegurana do laboratrio, acessvel a todos os funcionrios.

    As portas do laboratrio devem permanecer fechadas quando os ensaios estiverem sendo realizados e trancadas ao final das atividades.

    O emblema internacional indicando risco biolgico deve ser afixado nas portas dos recintos onde se manuseiam microorganismos pertencentes classe de risco 2, identificando o(s) agente(s) manipulado(s), o nvel de Biossegurana, as imunizaes necessrias, o tipo de equipamento de proteo individual que dever ser usado no laboratrio e o nome do pro-fissional responsvel, com seu endereo completo e as diversas formas possveis para a sua localizao.

    Os EPI devem ser retirados, antes de se sair do ambiente de trabalho, depositados em recipiente exclusivo para esse fim, em local apropriado e descontaminados antes de serem reutilizados ou descartados.

    No tocar superfcies limpas tais como teclados, telefones, maanetas, (entre outros) enquanto estiver utilizando luvas.

    29Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Um sistema de notificao de acidentes e incidentes, absentesmo de empregados e doenas associadas ao trabalho no laboratrio deve ser or-ganizado, bem como um sistema de vigilncia em sade, contemplando programas peridicos de imunizao e de controle da sade ocupacional.

    Instalaes laboratoriais NB-2 Alguns equipamentos de conteno so necessrios em laboratrios

    de NB-2. Alm dos EPI adequados conforme descritos no NB-1, luvas devem ser utilizadas segundo suas indicaes, e seu uso restrito ao labo-ratrio.

    Sempre que o procedimento for potencialmente gerador de aerossis e gotculas, provenientes de materiais biolgicos deve ser utilizada prote-o para o rosto (mscaras, protetor facial, culos de proteo, entre outras). A centrifugao, fora da cabine de segurana biolgica, s deve ser efetuada se utilizada centrfuga de segurana e frascos lacrados.

    Esses s devero ser abertos no interior da cabine de segurana biolgi-ca (MINISTRIO DA SADE, 2004).

    As instalaes para um laboratrio de NB-2 devem atender s especifi-caes estabelecidas para laboratrios NB-1, acrescidas das seguintes exigncias (MINISTRIO DA SADE, 2004; WORLD HEALTH ORGANI-ZATION, 2004, U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVI-CES et al., 2007).

    Devem estar afastadas das reas de circulao do pblico. exigido um sistema de portas com trancas no acesso ao laboratrio. Recomenda-se a instalao de lavatrios, com acionamentos automti-

    cos ou acionados com o cotovelo ou p, em cada laboratrio. As cabines de segurana biolgica devem ser instaladas longe das passa-

    gens de circulao e fora das correntes de ar procedentes de portas ou janelas e de sistemas de ventilao.

    Deve haver espao de aproximadamente 0,30 m atrs e em cada lado das cabines de seguranas biolgicas para permitir acesso fcil para a realizao da limpeza e manuteno.

    O ar de exausto das cabines de segurana biolgica classe II, filtrado atravs de filtros HEPA (High Efficiency Particulated Air/Filtro de Ar de Alta Eficincia) e das capelas qumicas deve ser lanado acima da edifi-cao laboratorial e das edificaes vizinhas, longe de prdios habitados e de tomadas de ar do sistema de climatizao.

    30 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O ar de exausto das cabines de segurana biolgica pode recircular no interior do laboratrio se a cabine for testada e certificada anualmente.

    No planejamento de novas instalaes devem ser considerados sistemas de ventilao que proporcionem um fluxo direcional de ar sem que haja uma recirculao para outras reas internas da edificao.

    A rea de escritrio deve ser localizada fora da rea de bioconteno. Uma autoclave ou outros equipamentos de descontaminao devem es-

    tar disponveis prximos ou no interior do laboratrio, de modo a permitir a descontaminao de todos os materiais infectados.

    Nvel de Biossegurana 3 (NB-3) aplicvel aos locais onde forem desenvolvidos trabalhos com mate-riais biolgicos da classe de risco 3. O pessoal do laboratrio deve ter treinamento especfico no manejo dos materiais biolgicos, devendo ser supervisionados pelo Profissional Responsvel. Todos os procedi-mentos que envolverem a manipulao de material biolgico devem ser conduzidos dentro de CSBs ou outro dispositivo de conteno fsica. Os manipuladores devem usar EPIs especficos.

    As barreiras secundrias para esse nvel incluem o acesso controlado ao laboratrio e sistemas de ventilao que minimizam a liberao de ae-rossis infecciosos do laboratrio. Os laboratrios pertencentes a este grupo devem ser registrados junto a autoridades sanitrias nacionais.

    Procedimentos-padro de laboratrio para o NB-3Esse nvel de conteno exige a intensificao dos programas de utili-zao das prticas microbiolgicas e de segurana estabelecidas para o NB-2, alm da existncia obrigatria de dispositivos de segurana e do uso, igualmente obrigatrio, de CSB classe II ou III. Todos os procedi-mentos, sejam tcnicos ou administrativos, devem estar descritos, dis-postos em locais de fcil acesso, e ser do conhecimento dos tcnicos envolvidos em sua execuo. Estes devem demonstrar previamente ter o domnio dos procedimentos tcnicos para a execuo das atividades laboratoriais. O acesso ao laboratrio deve ser restrito a profissionais

    31Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • qualificados.

    Prticas especiais para o NB-3Alm das prticas estabelecidas para o NB-2, devem ser obedecidas as prticas a seguir discriminadas:

    Somente as pessoas necessrias para que o ensaio seja executado ou o pessoal de apoio deve ser admitido no local.

    As pessoas que apresentarem risco aumentado de contrarem infeces no so permitidas dentro do laboratrio.

    As equipes do laboratrio e de apoio devem receber treinamento adequa-do sobre os riscos potenciais associados ao trabalho desenvolvido, os cuidados necessrios para evitar uma exposio ao material biolgico e sobre os procedimentos de avaliao da exposio.

    A equipe do laboratrio dever frequentar cursos peridicos de atualiza-o ou treinamento adicional quando necessrio ou em caso de mudan-as de normas e procedimentos.

    Jamais uma pessoa deve trabalhar sozinha dentro do laboratrio NB-3. O Profissional Responsvel deve estabelecer normas e procedimentos

    pelos quais s sero admitidos para o trabalho no laboratrio pessoas que j receberam informaes sobre o potencial de risco, que atendam a todos os requisitos para a entrada no laboratrio, demonstrem estar aptos para as prticas e tcnicas-padro de microbiologia, demonstrem habilidade tambm nas prticas e operaes especficas do laboratrio e obedeam a todas as regras para entrada e sada no laboratrio.

    Os procedimentos de Biossegurana devem ser incorporados aos proce-dimentos operacionais padres.

    Recomenda-se a mudana frequente das luvas acompanhada de lavagem das mos.

    proibido o uso de EPIs fora do laboratrio. Estes devem ser desconta-minados antes de serem reutilizados ou descartados e trocados depois de contaminados.

    32 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Os exames mdicos peridicos so obrigatrios. O pessoal do laboratrio deve ser apropriadamente imunizado ou examinado quanto aos materiais biolgicos manipulados ou presentes no laboratrio (por exemplo, vacina para hepatite B ou teste cutneo para tuberculose). Coletar sangue para a realizao de testes sorolgicos de toda a equipe e das pessoas expos-tas ao risco e armazen-las para futura referncia. Amostras adicionais podem ser periodicamente coletadas, dependendo dos materiais biolgi-cos manipulados ou do funcionamento do laboratrio.

    Todas as manipulaes que envolvam materiais biolgicos devem ser conduzidas no interior de CSBs ou de outros dispositivos de conteno fsica dentro de um mdulo de conteno.

    Todos os resduos devem ser obrigatoriamente esterilizados antes de serem removidos do laboratrio e descartados.

    Todos os materiais utilizados no laboratrio devem ser descontaminados, antes de serem reutilizados.

    Os filtros HEPA e pr-filtros das cabines de segurana biolgica e dos sistemas de ar retirados devem ser acondicionados em recipientes her-meticamente fechados para serem descontaminados por esterilizao.

    Acidentes ou incidentes que resultem em exposies a materiais infec-ciosos devero ser imediatamente relatados ao Profissional Responsvel.

    Anlise mdica adequada, vigilncia e tratamento devero ser proporcio-nados em registros por escrito devendo ser mantidos.

    O Profissional Responsvel deve garantir que o projeto da instalao e todos os procedimentos operacionais do NB-3 estejam documentados; que os parmetros operacionais e as instalaes tenham sido verificados quanto ao funcionamento exigido, antes que o laboratrio inicie as suas atividades; que as instalaes sejam verificadas no mnimo uma vez por ano e os equipamentos verificados, inclusive os sistemas de segurana, quanto ao seu funcionamento, calibrao e eficincia, de acordo com as especificaes do fabricante ou de acordo com as BPLs.

    33Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Equipamentos de conteno para o NB-3 obrigatrio o uso de roupas de proteo (macaces, uniformes que

    promovam menor soluo de descontinuidade, no se admitindo roupas abotoadas na frente), uso de mscaras, gorros, luvas, pr-ps ou sapati-lhas. As pessoas que usarem lentes de contato em laboratrios devero tambm usar culos de proteo ou protetores faciais.

    Utilizar CSBs, classe II, B 2 ou III, em qualquer operao com materiais biolgicos onde se incluem manipulao de culturas e de material clnico ou ambiental. Quando um procedimento ou processo no puder ser con-duzido dentro de uma cabine de segurana biolgica devem ser utilizadas combinaes apropriadas de EPIs (por exemplo, respiradores, protetores faciais) com dispositivos de conteno fsica (por exemplo, centrfugas de segurana e frascos selados).

    Autoclave, preferivelmente de dupla porta, localizada no laboratrio ou localizada dentro da rea de apoio da instalao de bioconteno.

    Instalaes laboratoriais NB-3As instalaes laboratoriais exigidas devem atender as especificaes estabelecidas para o NB-2, acrescidas das exigncias a seguir apresen-tadas:

    O laboratrio deve estar separado das reas de trnsito irrestrito do pr-dio e possuir acesso restrito.

    A entrada e a sada dos tcnicos devem ser feita atravs de cmara pressurizada ou vestirio de barreira adjacente rea de conteno do laboratrio, com presso diferenciada, para colocao e/ou retirada de EPIs, dotados de sistema de bloqueio de dupla porta, providos de dispo-sitivos de fechamento automtico e de intertravamento.

    A entrada de materiais de consumo, amostras biolgicas (humanas e animais) deve ser feita atravs de cmara pressurizada ou outro sistema de barreira equivalente.

    Instalao de uma autoclave na rea de bioconteno para a sada de resduos.

    Quando as tubulaes das instalaes prediais atravessarem pisos, pare-des ou tetos da rea de conteno, os orifcios de entrada e sada devem ser vedados com materiais que garantam o isolamento.

    34 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O piso deve ser revestido de materiais contnuos, tais como resinas mo-nolticas ou similares.

    Recomenda-se que o mobilirio seja modulado, com uso flexvel e com mobilidade.

    Deve haver pelo menos um lavatrio para lavagem das mos, com acionamento automtico, ou acionado com o cotovelo ou p, prximo porta de sada de cada laboratrio.

    Todas as esquadrias devem ser de material de fcil limpeza e manuten-o.

    So recomendados visores nas paredes divisrias, entre salas e circula-es, e nas portas entre circulaes.

    As janelas e visores devem ter vidro de segurana e serem devidamente vedadas.

    Devem existir CSBs em todos os laboratrios. Quando forem utilizadas as CSBs da classe III, elas devem estar conecta-

    das diretamente ao sistema de exaustores, de maneira que se evite qual-quer interferncia no equilbrio do ar delas prprias ou do edifcio. Se elas estiverem conectadas ao sistema de insuflao do ar, isto dever ser feito de tal maneira que previna uma pressurizao positiva das cabines.

    Centrfugas ou outros equipamentos que possam produzir aerossis, devem ser refreados por meio de dispositivos que liberem o ar atravs de filtros absolutos, tipo HEPA, antes de serem descarregados no ambiente do laboratrio. Esses sistemas de filtrao devem ser testados no mni-mo uma vez por ano ou de acordo com a especificao do fabricante.

    Deve haver um sistema de comunicao, ligando as reas de conteno s reas de suporte do laboratrio e de apoio tcnico da edificao.

    Deve haver chuveiro e lava-olhos de emergncia e lavatrio com disposi-tivos de acionamento por controles automticos em rea em conteno, adjacentes rea do laboratrio.

    O laboratrio deve ter um sistema de ar independente, com ventilao unidirecional, garantindo que o fluxo de ar seja sempre direcionado das reas de menor risco potencial para as reas de maior risco de conta-minao. O ar de exausto no deve recircular para qualquer outra rea da edificao, devendo ser filtrado por meio de filtro HEPA, antes de ser eliminado para o exterior do laboratrio, longe de reas ocupadas e de entradas de ar.

    Os filtros HEPA devem ser instalados no ponto de descarga do sistema de exausto.

    35Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Deve haver verificao constante do fluxo de ar no laboratrio. Reco-menda-se que um monitor visual seja instalado para indicar e confirmar a entrada direcionada do ar para o laboratrio. Deve-se considerar a instalao de um sistema de automao para monitoramento do sistema de ar.

    Os pontos de suprimento de gua no laboratrio devem ser providos de dispositivo anti-refluxo.

    Os registros devem estar localizados fora da rea de conteno do laboratrio para interrupo do fluxo de gua pela equipe de manuteno quando necessrio.

    Os sifes em reteno devem ser mantidos cheios de um desinfetante ativo.

    As linhas de suprimento de gases comprimidos devem ser dotadas de filtros de alta eficincia, ou de sistema equivalente, para proteo de inverso do fluxo (dispositivo anti-refluxo).

    As tubulaes devem estar preferencialmente nos espaos tcnicos, apa-rentes, de fcil acesso equipe de manuteno.

    Toda a penetrao de canalizaes, por meio de pisos, paredes e tetos da rea de conteno deve ser vedada com produto malevel, no retr-til.

    As linhas de vcuo devem ser protegidas por filtros de alta eficincia, ou sistema equivalente, para proteo de inverso do fluxo. Uma alternativa o uso de bombas de vcuo portteis, no conectadas ao exterior da instalao e tambm dotadas de filtro de alta eficincia.

    Todas as canalizaes das instalaes de servio devem possuir disposi-tivos de fechamento para fins de descontaminao.

    Os disjuntores e quadros de comando devem estar localizados fora da rea de conteno do laboratrio.

    Todos os circuitos de alimentao de energia eltrica devem ser indepen-dentes das demais reas da edificao.

    O permetro de conteno do laboratrio deve ser dotado de sistema que permita sua vedao, possuindo dispositivos de fechamento em todas as canalizaes das instalaes de servio para procedimentos de desconta-minao dos ambientes.

    Deve estar prevista a existncia de sadas de emergncia ou painis removveis.

    36 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Deve possuir sistema de emergncia constitudo de um grupo motor-ge-rador e chave automtica de transferncia, para alimentar os circuitos da iluminao de emergncia; alarmes de incndio e de segurana predial; dos equipamentos essenciais, tais como CSBs, freezers, refrigeradores e incubadoras, dentre outros, e do ar condicionado de ambientes que

    necessitam de temperatura e fluxo unidirecional constante.

    ObservaoAlgumas instalaes existentes para o trabalho em conteno com agentes biolgicos com caractersticas de transmisso por aerossol podem, temporariamente, no possuir todas as caractersticas reco-mendadas para um NB-3. Nessas circunstncias, um nvel aceitvel de segurana para conduo dos procedimentos de rotina poder ser con-seguido por meio de instalaes recomendadas para o NB-2 garantindo--se que:

    O ar de exausto, filtrado, com filtros de alta eficincia, seja lanado aci-ma da edificao laboratorial e das edificaes vizinhas, longe de prdios habitados e de tomadas de ar do sistema de climatizao.

    A ventilao do laboratrio seja equilibrada de modo a proporcionar um fluxo de ar direcionado para dentro da sala, estabelecendo presses dife-renciadas entre as reas de menor e maior risco.

    O acesso ao laboratrio seja rigorosamente restrito aos tcnicos autoriza-dos e proibido quando o trabalho estiver sendo realizado.

    Todos os resduos e materiais sejam esterilizados. Os procedimentos-padro, as prticas especiais e os equipamentos de

    conteno para o NB-3, sejam rigorosamente seguidos. A deciso de implementar as modificaes relacionadas anteriormente

    deve ser tomada somente pelo Responsvel Legal e pelo Profissional Responsvel, que devero comunic-las aos demais profissionais que

    trabalham no laboratrio.

    37Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Nvel de Biossegurana 4 (NB-4)Este nvel de conteno deve ser usado sempre que o trabalho envolver materiais biolgicos da classe de risco 4 ou com potencial patognico desconhecido, que representam um alto risco, no s para o pessoal do laboratrio, mas tambm para a comunidade e para o ambiente, poden-do provocar doenas fatais, alm de apresentarem um elevado poten-cial de transmisso por aerossis. Para estes agentes no h nenhuma vacina ou terapia disponvel.

    Os agentes que possuem uma relao antignica prxima ou idntica aos dos agentes da classe de risco 4, tambm devem ser manuseados neste nvel de Biossegurana at que se consigam dados suficien-tes para confirmao do trabalho neste nvel de conteno ou para o trabalho em um nvel inferior. O Profissional Responsvel deve zelar pela aplicao de todos os procedimentos necessrios para a operao segura do laboratrio por toda a equipe, incluindo o pessoal de apoio e de manuteno.

    A equipe do laboratrio, supervisionada pelo Profissional Responsvel, deve possuir treinamento especfico, direcionado para a manipulao de agentes infecciosos extremamente perigosos e deve ser capaz de compreender, executar e operar as funes da conteno primria e secundria, de executar as prticas padres especficas e gerais de segurana, os equipamentos de conteno e das caractersticas das ins-talaes do laboratrio. O isolamento dos trabalhadores de laboratrios em relao aos materiais infecciosos aerossolizados realizado prima-riamente em CSB da classe III ou em CSB da classe II, B 2, associadas utilizao de roupas de proteo com presso positiva, ventiladas por sistema de suporte vida.

    O laboratrio NB-4 deve ser uma edificao construda separadamente de outras edificaes ou estar localizada em uma zona completamente isolada, possuindo caractersticas especficas quanto ao projeto e aos sistemas de engenharia para preveno da disseminao de microor-ganismos no meio ambiente. Os laboratrios de conteno mxima s

    38 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • devem funcionar com autorizao e fiscalizao das respectivas autori-dades sanitrias.

    Procedimentos-padro de laboratrio para o NB-4Esse nvel de conteno exige a intensificao dos programas de utili-zao das prticas microbiolgicas e de segurana estabelecidas para o NB-3, alm da existncia obrigatria de dispositivos de segurana espe-cficos e do uso, igualmente obrigatrio, de CSB classe II B2 ou III.

    Prticas especiais para o NB-4Devem ser obedecidas as prticas especiais estabelecidas para o NB-3 acrescidas das exigncias a seguir:

    Nenhum material dever ser removido do laboratrio de conteno mxi-ma (NB-4), a menos que tenha sido esterilizado, exceto os materiais bio-lgicos que necessariamente tenham que ser retirados na forma vive.

    O material biolgico vivel, a ser removido da CSB classe III ou do laboratrio de conteno mxima, deve ser acondicionado em recipiente de conteno primria inquebrvel e selado. Este, por sua vez, deve ser acondicionado dentro de um segundo recipiente tambm inquebrvel e selado, que dever passar por um tanque de imerso contendo desinfe-tante, ou por uma cmara de fumigao ou por um sistema de barreira de ar planejada com este propsito.

    Somente as pessoas envolvidas na programao e no suporte ao progra-ma a ser desenvolvido, e cujas presenas forem solicitadas nos ambien-tes do laboratrio, devem possuir permisso para entrada no local.

    O Profissional Responsvel tem a responsabilidade final no controle do acesso ao laboratrio. Antes de entrar no laboratrio, as pessoas deve-ro ser avisadas sobre o risco potencial e devero ser instrudas sobre as medidas apropriadas de segurana.

    39Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • O Profissional Responsvel tem a responsabilidade de assegurar que, antes de iniciar o trabalho, toda a equipe apresente uma alta compe-tncia em relao s prticas e tcnicas microbiolgicas, em prticas e operaes especiais, especficas do laboratrio, das precaues necess-rias para a avaliao de exposies e dos procedimentos de preveno exposio.

    As pessoas autorizadas devem cumprir com rigor as instrues e os procedimentos para a entrada e sada do laboratrio. Deve haver um registro, por escrito, de entrada e sada de pessoal, com data, horrio e assinaturas.

    Deve existir um plano de contingncia e de emergncia com descrio clara dos procedimentos necessrios para a ao em tais situaes.

    Alm das amostras sorolgicas colhidas rotineiramente, amostras adi-cionais devem ser periodicamente coletadas, dependendo dos agentes manipulados ou das atividades do laboratrio. Ao estabelecer-se um pro-grama de vigilncia sorolgica deve-se considerar a disponibilidade dos mtodos para a avaliao do anticorpo do(s) agente(s) em questo.

    Prever uma rea de observao, isolamento e para os primeiros cuidados mdicos com o pessoal suspeito de contaminao em caso de acidentes no laboratrio. Relatos por escrito devem ser preparados e mantidos em atas do laboratrio e estas devem ser encaminhadas CBS.

    Previamente realizao de trabalhos em conteno utilizando-se CBS da classe III, os profissionais devem trocar suas roupas na entrada do laboratrio, nos vestirios internos, tambm em conteno, adjacentes ao laboratrio, por roupa protetora completa e descartvel. Antes de sair do laboratrio para a rea de banho, devem retirar a roupa usada no la-boratrio e deposit-las em recipiente exclusivo para esse fim e enca-minh-las para a esterilizao antes de serem descartadas. Na entrada ao laboratrio de conteno mxima, que utiliza roupas protetoras com presso positiva, os profissionais devem retirar suas roupas nos vesti-rios internos (tambm em conteno), adjacentes ao laboratrio e vestir os macaces. Na sada, os profissionais, ainda vestindo o macaco de presso positiva com sistema de suporte vida, devem passar por um banho de descontaminao qumica.

    A entrada e sada de pessoal por antecmara pressurizada somente de-vem ocorrer em situaes de emergncia.

    Materiais no relacionados ao ensaio, que estiver sendo realizado no momento, no so permitidos no laboratrio.

    40 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Os filtros HEPA e pr-filtros das cabines de segurana biolgica e dos sistemas de ar devem ser removidos e acondicionados em recipiente her-meticamente fechado para subsequente descontaminao e destruio por meio de incinerao.

    Todos os materiais provenientes da rea de bioconteno devem sofrer esterilizao.

    Todos os resduos, aps a esterilizao, devem ser incinerados.

    Equipamentos de conteno para o NB-4Existem dois modelos de laboratrio de conteno mxima para mani-pulaes de materiais biolgicos da classe de risco 4:

    (1) manipulaes conduzidas em CSB de classe III;

    (2) manipulaes conduzidas em CSB de classe II, B 2, neste caso usadas

    em associao s roupas de proteo pessoal, pea nica ventilada, de

    presso positiva, possuindo um sistema de suporte vida, protegido por

    filtros HEPA. O sistema de suporte de vida deve incluir compressores de

    respirao de ar, alarmes e tanques de ar de reforo de emergncia.

    Instalaes laboratoriais NB-4As instalaes laboratoriais exigidas devem atender s especificaes estabelecidas para o NB-3, acrescidas as seguintes exigncias:

    A construo do laboratrio de conteno mxima pode se basear em um dos tipos de laboratrios ou em uma combinao dos dois tipos. Se for utilizada a combinao, a construo deve atender a todos os requisi-tos de cada tipo.

    O acesso dos profissionais deve ser controlado por sistemas de identifi-cao acionados por leitor de ris, ou leitor de digitais, ou carto magn-tico, ou outro tipo de sistema de segurana rigoroso.

    A entrada e a sada de tcnicos feita por meio de sanitrios/vestirios de barreira, com diferencial de presso entre os ambientes, dotadas de sis-tema de bloqueio de dupla porta, providos de dispositivos de fechamento automtico e de intertravamento.

    41Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • A entrada de materiais de consumo, amostras biolgicas, e sada de resduos deve ocorrer por meio de cmara pressurizada ou sistemas de passagem (autoclaves, tanques de imerso, guichs e outros).

    Diariamente, antes que o trabalho se inicie, devem ser feitas inspees de todos os sistemas de conteno e de suporte vida, a fim de assegu-rar o funcionamento de acordo com os parmetros de operao.

    Devem existir visores localizados nas paredes divisrias e portas, entre a rea de conteno e as reas de suporte do laboratrio.

    As portas devem possuir caixilhos de construo slidos e dispositivos de vedao total com sistema de acionamento de abertura automtico, aps identificao.

    Todos os efluentes lquidos, tais como a gua do chuveiro, da conden-sao da autoclave (conduzida por meio de um sistema fechado) e de outros pontos da instalao deve estar conectado diretamente a um sis-tema de tratamento mecnico e biologicamente monitorado, para serem esterilizados antes de descartados no esgoto sanitrio.

    Os sistemas de emergncia devem ser testados periodicamente, de acor-do com a especificao do fabricante ou no mnimo uma vez por ano.

    As linhas de suprimento de gases comprimidos devem ser dotadas de filtros ou de sistema equivalente para proteo de inverso do fluxo (dispositivo anti-refluxo).

    O laboratrio deve possuir um sistema de comunicao, de circuito interno de imagem e/ou outro dispositivo de comunicao entre as reas de conteno e as reas de suporte do laboratrio e de apoio tcnico da edificao.

    Deve possuir sistema de abastecimento de energia eltrica de emergn-cia, ligada aos sistemas de suporte vida, para alimentar os circuitos da iluminao, os alarmes, os controles de entrada e sada, os sistemas de comunicao, as CSBs e os outros equipamentos essenciais que parem de funcionar.

    Deve possuir sistema de tratamento trmico por incinerao, localizado dentro ou prximo edificao, para eliminao dos resduos gerados, obedecendo s normas legais e tcnicas ambientais vigentes.

    42 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Laboratrio NB-4 com CSB Classe III O sistema de vcuo deve possuir um sistema de filtrao em srie, por

    meio de filtros HEPA, em cada ponto onde ser utilizado ou prximo da vlvula de servio. Os filtros devem ser instalados de forma a permitir a descontaminao e a substituio local dos mesmos. Outras linhas utili-trias devem ser providas de dispositivos anti-refluxo.

    A exausto de ar das CSBs classe III deve ser realizada por sistema de dupla filtragem por filtros HEPA em srie.

    A autoclave de porta dupla deve ser acoplada CSB classe III para a descontaminao de materiais e de resduos.

    Deve haver um dispositivo visual para o monitoramento da presso, indicando e confirmando o diferencial de presso da sala da cabine e estar localizado na entrada do vestirio. O fluxo de ar tambm deve ser

    monitorado.

    Laboratrio NB-4 com o uso de CSB Classe II associado uti-lizao de roupas de proteo individual com presso positiva, ventiladas por sistema de suporte de vida

    As circulaes s podem ser efetuadas no mesmo pavimento, entre as reas de conteno e de suporte do laboratrio, com di-menses que permitam a passagem dos tcnicos com macaces ventilados, sem risco de acidentes.

    As bancadas devem possuir superfcies monolticas, fixas, sela-das, sem reentrncias e salincias, impermeveis e resistentes ao calor moderado e aos solventes orgnicos, cidos, lcalis e solventes qumicos utilizados na descontaminao das superfcies de trabalho e dos equipamentos.

    O mobilirio deve ter uma construo simples, de modo a mini-mizar a necessidade de manuteno, e ser resistente a gases, substncias qumicas e ao calor moderado;

    O sistema de insuflamento de ar pode estar equipado com filtro absoluto, de alta eficcia, tipo HEPA, independente das outras instalaes contguas, caso a atividade a ser desenvolvida exija.

    43Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Os dutos de exausto devem ser equipados com pelo menos dois filtros HEPA, montados em srie antes de serem direcionados para fora do laboratrio.

    A exausto das CSB deve ser feita por meio de um sistema de dupla filtragem por filtros HEPA.

    Dever ser instalada autoclave de dupla porta, possuindo controle automtico, para descontaminao de quaisquer materiais utiliza-dos na rea de bioconteno.

    Materiais e equipamentos que no possam ser descontaminados na autoclave devem passar por tanque de imerso com desinfe-tante ou cmara de fumigao.

    Trabalho com organismos genetica-mente modificados

    Atualmente existe uma grande preocupao com trabalhos relacionados com a construo, manipulao e estocagem de OGM, pois envolve combinao de informao gentica de diferentes origens, o que pode resultar na criao de organismos que antes no existiam na natureza (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Antes de serem conduzidos experimentos que envolvam a tecnologia do DNA recombinante, com a construo ou uso de transgnicos, os riscos biolgicos devem ser avaliados. Uma propriedade patognica ou risco potencial associado manipulao gentica de um determinado organismo pode ocorrer, podendo ser uma caracterstica nova e no bem caracterizada.

    No Brasil, qualquer atividade que envolva a construo, experimen-tao, cultivo, manipulao, transporte, comercializao, consumo, armazenamento, liberao e descarte de OGM e derivados precisa ser autorizada pela CTNBio. A CIBio comisso responsvel por en-caminhar CTNBio os documentos para efeito de anlise, registro ou autorizao de pesquisa com OGM. Deste modo, para os projetos de pesquisa a serem conduzidos nas Unidades da Embrapa que envolvam a manipulao de OGM, o pesquisador responsvel dever preencher e

    44 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • encaminhar CIBio da Unidade um formulrio solicitando autorizao para trabalho com OGM. Adicionalmente, de acordo com a CTNBio, o pesquisador responsvel por atividade envolvendo OGM e seus deriva-dos e/ou pesquisa com OGM deve:

    Assegurar o cumprimento das normas de Biossegurana em conformida-de com as recomendaes da CTNBio e da CIBio.

    Submeter CIBio proposta de atividade, especificando as medidas de Biossegurana que sero adotadas.

    Apresentar CIBio, antes do incio de qualquer atividade, as informaes e documentao na forma definida nas respectivas Resolues Normati-vas da CTNBio.

    Assegurar que as atividades no sero iniciadas at a emisso de deci-so tcnica favorvel pela CTNBio e, quando for o caso, autorizada pelo rgo de registro e fiscalizao competente.

    Solicitar a autorizao prvia CIBio para efetuar qualquer mudana nas atividades anteriormente aprovadas, para que seja submetida CTNBio para aprovao.

    Enviar CIBio solicitao de autorizao de importao de material biolgico envolvendo OGM e seus derivados, para que seja submetida CTNBio para aprovao.

    Solicitar CIBio autorizao para transferncia de OGM e seus deriva-dos, dentro do territrio nacional, com base nas Resolues Normativas da CTNBio.

    Assegurar que a equipe tcnica e de apoio envolvida nas atividades com OGM e seus derivados recebam treinamento apropriado em Biosseguran-a e que estejam cientes das situaes de riscos potenciais dessas ativi-dades e dos procedimentos de proteo individual e coletiva no ambiente de trabalho, mediante assinatura de declarao especfica.

    Notificar CIBio as mudanas na equipe tcnica do projeto, enviando currculo dos possveis novos integrantes.

    Relatar CIBio, imediatamente, todos os acidentes e agravos sade

    possivelmente relacionados s atividades com OGM e seus derivados. Assegurar, junto instituio responsvel, a disponibilidade e a manu-

    teno dos equipamentos e da infraestrutura de Biossegurana. Fornecer CIBio informaes adicionais, quando solicitadas, bem como

    atender a possveis auditorias da CIBio.

    45Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Assim como os agentes infecciosos, os OGM tambm possuem uma classificao em classes de risco. Nessa classificao considerado o organismo e a sua manipulao. Deste modo, a determinao da classe de risco deve observar: a classe de risco do organismo receptor, a clas-se de risco do organismo doador, a capacidade de replicao no orga-nismo recombinante e fatores patognicos associados com ao produto do gene inserido, como aumento de virulncia, toxicidade, atividade fisiolgica ou alergenicidade (NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH, 2002). Segundo a CTNBio (Resoluo Normativa CTNBIO N 02, de 27 de novembro de 2006) deve-se tambm considerar os seguintes aspec-tos para a classificao de risco:

    Possibilidade de recombinao de sequncias inseridas no OGM, levando reconstituio completa e funcional de genomas de agentes infeccio-sos.

    Outros processos que gerem um genoma infeccioso. Genes que codifiquem substncias txicas ao homem, aos animais, aos

    vegetais ou que causem efeitos adversos ao meio ambiente.

    Genes de resistncia a antibiticos de amplo uso clnico.

    Classes de risco de OGMDe acordo com a CTNBio (Resoluo Normativa CTNBIO N 02, de 27 de novembro de 2006), os OGM so classificados em quatro classes de risco dos OGM:

    Classe de Risco 1 (baixo risco individual e baixo risco para a coletividade)OGM que contm sequncias de DNA ou RNA de organismo doador e receptor que no causem agravos sade humana e animal e efeitos adversos aos vegetais e ao meio ambiente.

    46 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Classe de Risco 2 (moderado risco individual e baixo risco para a coletividade)OGM que contm sequncias de DNA ou RNA de organismo doador ou receptor com moderado risco de agravo sade humana e animal, que tenha baixo risco de disseminao e de causar efeitos adversos aos vegetais e ao meio ambiente.

    Enquadram-se na classe de risco 2 ou superior aqueles vegetais geneti-camente modificados (VGM) que so plantas daninhas ou espontneas, que possam cruzar com estas em rea que torne este cruzamento pos-svel, gerando descendentes frteis com maior capacidade de invaso e dano ao meio ambiente do que os parentais; e OGM que sejam vetores biolgicos de agentes causadores de agravos sade do homem, dos animais, dos vegetais ou ao meio ambiente.

    Classe de Risco 3 (alto risco individual e risco moderado para a coletividade)OGM que contm sequncias de DNA ou RNA de organismo doador ou receptor, com alto risco de agravo sade humana e animal, que tenha baixo ou moderado risco de disseminao e de causar efeitos adversos aos vegetais e ao meio ambiente.

    Classe de Risco 4 (alto risco individual e alto risco para a coletividade)OGM que contm sequncias de DNA ou RNA de organismo doador ou receptor com alto risco de agravo sade humana e animal, que tenha elevado risco de disseminao e de causar efeitos adversos aos vege-tais e ao meio ambiente.

    Algumas observaes importantes so feitas pela CTNBio (Resoluo Normativa CTNBIO N 02, de 27 de novembro de 2006) em relao aos OGM:

    47Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • A classe de risco do OGM resultante no poder ser inferior classe de risco do organismo receptor, exceto nos casos em que exista reduo da virulncia e patogenicidade do OGM.

    O OGM que contenha sequncias de DNA ou RNA de organismos ou agentes infecciosos desprovidas de potencial de expresso nas ativida-des e projetos propostos ser classificado na mesma classe de risco do organismo receptor.

    O OGM que contenha sequncias de DNA ou RNA derivadas de organis-mos de classe de risco superior e com potencial de expresso poder, a critrio da CTNBio, ser classificado na classe de risco do organismo receptor, desde que reconhecidamente no associadas toxicidade ou patogenicidade nas atividades e projetos propostos.

    O OGM que se torne mais apto sobrevivncia no meio ambiente que os organismos nativos e que, a critrio da CTNBio, represente uma ameaa

    potencial biodiversidade, pode ter sua classe de risco aumentada.

    Baseado nessas classes de riscos dos OGM, a CTNBio (Resoluo Nor-mativa CTNBIO N 02, de 27 de novembro de 2006) determinou quatro nveis de Biossegurana, NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, que so crescentes no maior grau de conteno e complexidade do nvel de proteo.

    Nveis de Biossegurana de OGMSeguem as determinaes da CTNBio para trabalho com OGM de classe de risco 1 e 2.

    Nvel de Biossegurana 1Adequado s atividades e projetos que envolvam OGM da classe de risco 1, realizadas nas seguintes condies:

    No necessrio que as instalaes estejam isoladas das demais depen-dncias fsicas da instituio, sendo as atividades e projetos conduzidos geralmente em bancada, biotrio ou casa de vegetao.

    A equipe tcnica e de apoio dever ter treinamento especfico nos pro-cedimentos realizados nas instalaes e dever ser supervisionada pelo tcnico principal.

    48 Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • As instalaes NB-1 devem ser desenhadas de modo a permitir fcil limpeza e descontaminao.

    A superfcie das bancadas deve ser impermevel gua e resistente a cidos, lcalis, solventes orgnicos e a calor moderado.

    Os espaos entre as bancadas, cabines e equipamentos deve ser sufi-ciente de modo a permitir fcil limpeza.

    OGM devero ser manipulados em reas sinalizadas com o smbolo uni-versal de risco biolgico, com acesso restrito equipe tcnica e de apoio ou de pessoas autorizadas.

    As superfcies de trabalho devem ser descontaminadas uma vez ao dia ou sempre que ocorrer contaminao.

    Todo resduo lquido ou slido contaminado deve ser descontaminado antes de ser descartado, assim como todo material ou equipamento que tiver entrado em contato com o OGM.

    Deve-se utilizar dispositivo mecnico para pipetagem. Alimentos devem ser guardados em reas especficas para este fim, fora

    das instalaes, sendo proibido comer, beber, fumar e aplicar cosmticos nas reas de trabalho.

    Antes de deixar as instalaes, as mos devem ser lavadas sempre que tiver havido manipulao de organismos contendo DNA ou RNA recom-binante.

    Pias para lavagem das mos e equipamentos de proteo individual e co-letiva devem ser utilizados para minimizar o risco de exposio ao OGM.

    proibida a admisso de animais que no estejam relacionados ao traba-lho em execuo nas instalaes.

    Extrema precauo deve ser tomada quando forem manuseadas agulhas, seringas e vidros quebrados, de modo a evitar a auto-inoculao e a produo de aerossis durante o uso e o descarte.

    As agulhas no devem ser entortadas, quebradas, recapeadas ou removi-das da seringa aps o uso.

    Agulhas, seringas e vidros quebrados devem ser imediatamente colo-cados em recipiente resistente a perfuraes e autoclavados antes do descarte.

    Materiais contaminados s podem ser retirados das instalaes em reci-pientes rgidos e prova de vazamentos.

    49Manual de Biossegurana - Embrapa Sunos e Aves

  • Deve ser providenciado um programa rotineiro adequado de controle de insetos e roedores. Todas as reas que permitam ventilao devero conter barreiras fsicas para impedir a passagem de insetos e outros animais.

    Um Manual de Biossegurana deve ser preparado de acordo com as especificidades das atividades realizadas.

    Todo o pessoal deve ser orientado sobre os possveis riscos e para a necessidade de seguir as especificaes de cada rotina de trabalho, pro-cedimentos de Biossegurana e prticas estabelecidas no Manual.

    Devem ser mantidos registros de cada atividade ou projeto desenvolvi-dos com OGM e seus derivados.

    Atividades e projetos com organismos no geneticamente modificados que ocorram concomitantemente e nas mesmas instalaes com manipu-lao de OGM devem respeitar a classificao de risco do OGM.

    Todo material proveniente de OGM e seus derivados dever ser descarta-do de forma a impossibilitar seu uso como alimento por animais ou pelo homem, salvo o caso em que este seja o propsito do experimento, ou se especificamente autorizado pela CIBio ou CTNBio.

    Nvel de Biossegurana 2Adequado s atividades e projetos que envolvam OGM de classe de risco 2, realizadas nas seguintes condies:

    As instalaes e procedimentos exigidos para o NB-2 devem atender s especificaes estabelecidas para o NB-1 acrescidas da necessidade de haver uma autoclave disponvel em seu interior, de modo a permitir a descontaminao de todo o material antes do descarte, sem o trnsito do OGM por corredores e outros espaos no controlados.

    Deve-se sempre utilizar cabines de segurana biolgica (Classe I ou II). Cabe ao Pesquisador ou Tcnico Principal a responsabilidade de avaliar

    cada situao e autorizar quem poder entrar ou trabalhar nas instala-es NB-2.

    Deve ser colocado um aviso sinalizando o nvel de risco, identificando o OGM e o nome do Pesquisador ou Tcnico Principal, endereo completo e diferentes possibilidades de sua localizao ou de outra pessoa respon-svel e o contato com a CIBio.

    50 Manual de Biossegurana - Embrapa Su