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Ementa de Sociologia do Trabalho e Sociologia Clínica Segundo semestre de 2016 - Mestrado e doutorado Subjetividade e trabalho Profa Christiane Girard Ferreira Nunes Refletiremos sobre os modelos de gestão do trabalho atuais, enfocando a realidade das organizações públicas e privadas, as formas cooperativistas e/ou atividades provenientes do setor informal. Para permitir essa reflexão privilegiarmos o estudo do "trabalho prescrito'.' mas sobretudo "o real do trabalho"* nos modelos de gestão, definidos sob a égide da reestruturação produtiva em suas premissas de eficiência, qualidade e produtividade. Lançaremos mão da abordagem da sociologia clinica para investigar esses temas. Da mesma forma serão discutidas as formas alternativas de gestão do trabalho atualmente tais como aquelas que pertencem ao campo da Economia Solidária. Escolhemos privilegiar a corrente da sociologia clínica para fazer essa leitura em função da mesma permitir o acesso a dimensão subjetiva e intersubjetiva do trabalho e dos seus sentidos nesse ordenamento da sociedade contemporânea. Essa corrente avança a prevalência da central idade do trabalho como categoria sociológica de análise e enquanto questão essencial para a compreensão das relações entre o Estado e a Sociedade refletindo sobre o conceito de socialização que a atividade de trabalho possibilita. A sociologia clínica tem suas fontes na psicanálise e na sociologia compreensiva, tentando ler as mudanças em suas dimensões, ao mesmo tempo, globais, individuais e subjetivas. Os numerosos sociólogos reivindicando uma abordagem compreensiva - de G. Simmel a Weber e à":Escola de Chicago, de N. Elias a Mauss - para citar somente os precursores, subscreveriam todos, sem dúvida, a esta definição que sublinha o papel essencial das crenças e das emoções, que Durkheim, Mauss ou Caillois, cada qual por sua vez, acentuaram. Assim ; " o trabalho da sociologia começa pelo fato de levar, à interpretação das estruturas sociais, além da constatação de relações e de regras (leis) funcionais, algo a mais que permanece eternamente inacessível a toda ciência da natureza ...: a compreensão do comportamento dos indivíduos singulares que dela participam" (Weber 1956) ou como o formula Enriquez, (1993): as instituições "não podem, de forma alguma, ser apreendidas concretamente, se não tomamos posições críticas a respeito da maneira pela qual os indivíduos as vivem, as suportam, apropriando-se delas e as transformando". Isso permitirá a composição, pelo aluno, de uma visão estratégica sobre a

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Ementa de Sociologia do Trabalho e Sociologia Clínica

Segundo semestre de 2016 - Mestrado e doutorado

Subjetividade e trabalho

Profa Christiane Girard Ferreira Nunes

Refletiremos sobre os modelos de gestão do trabalho atuais, enfocando a realidadedas organizações públicas e privadas, as formas cooperativistas e/ou atividadesprovenientes do setor informal. Para permitir essa reflexão privilegiarmos o estudo do"trabalho prescrito'.' mas sobretudo "o real do trabalho"* nos modelos de gestão,definidos sob a égide da reestruturação produtiva em suas premissas de eficiência,qualidade e produtividade. Lançaremos mão da abordagem da sociologia clinica parainvestigar esses temas.

Da mesma forma serão discutidas as formas alternativas de gestão do trabalhoatualmente tais como aquelas que pertencem ao campo da Economia Solidária.

Escolhemos privilegiar a corrente da sociologia clínica para fazer essa leitura emfunção da mesma permitir o acesso a dimensão subjetiva e intersubjetiva do trabalhoe dos seus sentidos nesse ordenamento da sociedade contemporânea. Essa correnteavança a prevalência da central idade do trabalho como categoria sociológica deanálise e enquanto questão essencial para a compreensão das relações entre o Estadoe a Sociedade refletindo sobre o conceito de socialização que a atividade de trabalhopossibilita.

A sociologia clínica tem suas fontes na psicanálise e na sociologia compreensiva,tentando ler as mudanças em suas dimensões, ao mesmo tempo, globais, individuais esubjetivas. Os numerosos sociólogos reivindicando uma abordagem compreensiva -de G. Simmel a Weber e à":Escola de Chicago, de N. Elias a Mauss - para citarsomente os precursores, subscreveriam todos, sem dúvida, a esta definição quesublinha o papel essencial das crenças e das emoções, que Durkheim, Mauss ouCaillois, cada qual por sua vez, acentuaram. Assim ; " o trabalho da sociologiacomeça pelo fato de levar, à interpretação das estruturas sociais, além da constataçãode relações e de regras (leis) funcionais, algo a mais que permanece eternamenteinacessível a toda ciência da natureza ...: a compreensão do comportamento dosindivíduos singulares que dela participam" (Weber 1956) ou como o formulaEnriquez, (1993): as instituições "não podem, de forma alguma, ser apreendidasconcretamente, se não tomamos posições críticas a respeito da maneira pela qual osindivíduos as vivem, as suportam, apropriando-se delas e as transformando".

Isso permitirá a composição, pelo aluno, de uma visão estratégica sobre a

problemática no interior da dinâmica social, com suas múltiplas relações, com apolítica, economia, cultura e tecnologia, contribuindo para a reflexão em aspectoscomo a ação do Estado e as políticas públicas. Dois tópicos se destacam: a) aimportância do debate sobre avaliação de políticas públicas enquanto desafio para asociedade e b) a importância da cultura organizacional na contemporaneidade paracompreender a qualidade dos serviços oferecidos.

Metodologia do curso e avaliaçõesAs aulas serão dividias da forma seguinte: apresentações dos textos pela professora eos estudantes, discussões e apresentações complementares dos autores pelosestudantes divididos em grupos ou sozinhos, essa atividade poderá ser realizada comos mesmos textos ou textos diferentes, escolhidos juntos, sobre os mesmos temas.A participação, a presença continua e a leitura dos textos é fundamental e contarápara a avaliação final.

Avaliação:Participação em sala de aula, apresentação de textos e discussões dos mesmos, textofmal sob forma de artigo a partir dos autores estudados e /ou da bibliografia.

BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA com *Antunes, R. "Riqueza e miséria no Brasil" ed. Boitempo São Paulo 2008 vol 1.E. Enriquez" Da horda ao Estado"* mimeo"1'organisation em analyse"*Ed. PUF Paris 1992*"clinique du pouvoir" les figures Du Maitre" Ed. Érés Paris 2007S. Freud " L'inquiétanteEtrangeté" et autresessais e. Folio Paris 1985* (existe emportuguês) *"Mal Estar na civilização"*"Totem e tabus"* "Alem do príncipe de prazer"* "Teoria da sexualidade"*.M. E. De Freitas "Cultura Organizacional, identidade, sedução e carisma" Ed. FGVRio de Janeiro 2006 *J. N. Garcia de Aráujo e T. C. Carreiteira "cenários sociais e abordagem clínica (orgs)Ed. Escuta Belo Horizonte 2001 *V. de Gaulejac "gestão como Doença social, ideologia, poder gerencialista efragmentação social" Ed. Idéias e letras São Paulo 2007*"As Origens da Vergonha"*"intervenir par Le récit de vie"* "A luta por lugares""L'Histoire em héritage"* (Ver as referências na aula)"A Neurose de Classe"*edLettera 2014L. Hirigoyen- "O Assedio Moral"*C. Jung "ao encontro da Sombra" Ed Cultrix São Paulo 1992

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