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Ano IV - N.° 13 - 21 Junho/22 Set. 2005 – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído Entrevista: Borboletas nossas Quinteiro: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha Grátis: Guia de Actividades 2005/6

Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

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Ano IV - N.° 13 - 21 Junho/22 Set. 2005 – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído

Entrevista: Borboletas nossasQuinteiro: Ementa sazonal

Habitat: Prados de montanhaGrátis: Guia deActividades 2005/6

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Sum

ário

8 Ementa sazonal

Não é só o ser humano que aproveita em cada época doano as respectivas benesses! Mais até do que nós, asaves sabem fazê-lo e, se as lagartas abundam, por quemotivo os nossos amigos de penas têm de continuarfiéis ao grão?

10 Habitat: Prados de montanha

Os lameiros existem porque o ser humano os mantém hámilénios. De futuro incerto, este habitat classificado aindaexiste em várias áreas naturais no nosso país. Mas… atéquando?

13 Entrevistas

Ernestino Maravalhas e Patrícia Garcia-Pereira falam-nos das borboletas em geral edo seu trabalho no Parque Biológico — sob aégide do TAGIS – Centro de Conservação dasBorboletas de Portugal — onde este anofazem o levantamento das espéciesexistentes, voem elas de dia ou de noite...

Revista“Parque Biológico”

DirectorNuno Gomes Oliveira

EditorJorge Gomes

TextosRedacção

FotografiasArquivo Fotográfico do Parque Biológicode Gaia, E. M.

RevisãoFernando Pereira

MaquetagemORGALimpressores

PropriedadeParque Biológico de Gaia, E. M.

Pessoa colectiva504888773

Tiragem5000 exemplares

ISSN1645-2607

N.º Registo no I.C.S.123937

Dep. Legal170787/01

Execução GráficaORGALimpressoresRua do Godim, 2724300-236 Porto

Administração e RedacçãoParque Biológico de Gaia, E. M.Estrada Nacional 2224430-757 AVINTES – PortugalTelefone: 22 7878120E-mail: [email protected]ágina na internet:http://www.parquebiologico.pt

Conselho de AdministraçãoLuís Filipe MenezesBrito da SilvaNuno Gomes Oliveira

Ano IV - N.° 13 - 21 Junho/22 Set. 2005 – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído

Entrevista: Borboletas nossasQuinteiro: Ementa sazonal

Habitat: Prados de montanhaGrátis: Guia deActividades 2005/6

Fich

a Té

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a

SecçõesVer e Falar: O Leitor escreve 5Evento: Parque da Lavandeira 6Fotonotícias 7Quinteiro: Ementa Sazonal 8Flora: Açucena-brava 11Fauna: Águia-real 12Clic: Fotografia da Natureza 18Espigueiro: Acontece no Parque 20Arboricultura: A árvore e a arte têxtil 28Colectivismo: Associação dos Amigos do Parque Biológico 29Parágrafo 30Infância: Sopa de letras 31Foto da Estação: Papa-moscas 32

NOVO SITE

O site do Parque Biológico de Gaia está on-line e éactualizado em tempo real. Depois desta grande reforma,através dele pode consultar as actividades do Parque:www.parquebiologico.pt FOTO DA CAPA

Foto de Jorge Gomes. A borboleta Apatura-pequena (Apatura ilia) é uma grande bor-boleta: no Parque Biológico de Gaia, paraalém da façanha de existir, chega a surgirem 2.ª geração! Lê-se mais nas entrevistasconstantes desta edição. Na foto, o primei-ro espécime de 2.ª geração deste ropalóce-ro, surgido em 2 de Agosto, às 10h33.

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e d i t o r i a l

Verão 2005 Parque Biológico 3

Num breve período, de fins de Setembro de 2004 aAgosto de 2005, transformámos um imenso silvado,invadido por ribeiras poluídas, e repleto de lixo urba-no, numa agradável zona verde de lazer, no coração dacidade de Gaia.

E o trabalho fez-se gastando ao município pouquíssi-mos recursos: 700 mil euros (114 mil contos em

dinheiro antigo) foi quanto se gastou para tratar 11hectares de parque, semear 5 hectares de prados, plan-tar 3753 árvores e arbustos, construir 2030 m decaminhos, recuperar muros de granito, criar 5 jardinstemáticos, dois parques infantis, reconstruir uma casarural, construir uma recepção, vedar o espaço, equipá-lo com mobiliário de jardim, e muitas outras obras.

Parques do Parque

O Parque Biológico de Gaia cumpriu, este Verão, mais uma tarefa que lhe foiatribuída pelo Município: abrir ao público o Parque da Lavandeira (Oliveira doDouro), na vasta propriedade do mesmo nome que a Câmara Municipal tinhaadquirido, há 18 anos, para construção do “parque da cidade”

Estuário do rio Douro: pormenor da Baía de S. Paio,com a ponte da Arrábida ao longe…

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Muito pouco (63 mil euros por hectare), ao lado dasverbas astronómicas que temos visto referidas nacomunicação social para outros parques (333 mil, 800mil euros por hectare, etc.), inflacionados por soluçõesconstrutivas caras e, muitas vezes, pouco funcionais.

Embora aberto aopúblico desde 20 deAgosto, o Parque daLavandeira ainda temmuito trabalho paraser feito, a começarpela pavimentação doscaminhos, que ocorre-rá até final do ano. Talcomo foi feito noParque Biológico, oParque da Lavandeiranunca estará pronto:será alvo de obras etrabalhos constantesde melhoramento.

De fora da área daQuinta da Lavandeira,que a Câmara adquiriuem 1987, ficou aimportante estufa neogótica de ferro fundido; o inte-resse desta construção ditou o início do processo declassificação como imóvel de utilidade pública, pro-posta que já obteve aprovação da Câmara Municipal,já foi alvo de publicação e aguarda parecer do IPPARpara conclusão.

É objectivo do Município adquirir esta estufa, recupe-rá-la e, assim, dotar o Parque da Lavandeira do seu ex-líbris.

Mas se o Parque da Lavandeira é, já, uma realidade,outros parques estão em projecto.

Muito em breve começará a construção do Parque do

Vale de S. Paio (Canidelo), que se prolongará numRefúgio Ornitológico no Estuário do Douro.

Este pequeno refúgio ornitológico será a primeira áreaprotegida deste tipo a surgir em Portugal, e destina-seà protecção da rica avifauna do Estuário do Douro.

O Parque do Lugar do Castelo (Crestuma) é outra obraa ter lugar em 2006.

Mas se o Parque Biológico se multiplica em Gaia, o seuknow how começa a ser, também, aproveitado poroutros Municípios. O projecto do Parque Biológico deVinhais está praticamente pronto e os estudos-préviosdo Parque das Arribas do Douro (Miranda do Douro) eda “Árvore da Vida” (Torres Vedras) estão entregues àsrespectivas Câmaras Municipais.

Tudo isto só foi possível com a passagem do ParqueBiológico a Empresa Municipal, há 5 anos. Mas essaalteração permitiu, igualmente, economizar meios aoMunicípio, mantendo e melhorando os serviços presta-

dos à população.

Recentemente alguémacusou o ParqueBiológico de “elitista”,confundindo elitismocom qualidade;alguém acusou oParque Biológico decobrar preços deentrada muito eleva-dos.

Vejamos, a entrada noParque Biológico custa4 e para adultos e 2 epara crianças. O nossovizinho Zoo de St.ºInácio cobra 7 e e5 e, e ninguém dizque é caro ou “elitista”.

Esta diferença de pre-ços só é possível porque, no caso do Parque Biológico,a Câmara Municipal de Gaia suporta a diferença entreo preço de entrada efectivamente cobrado e o custoreal das entradas. Se assim não fosse, os nossos preçosteriam de subir para preços semelhantes aos de St.ºInácio e muitos outros parques privados existentes ePortugal.

Nuno Gomes OliveiraAdministrador-executivo

do Parque Biológico de Gaia

e d i t o r i a l

4 Parque Biológico Verão 2005

Se o Parque da Lavandeira é,

já, uma realidade, outros

parques estão em projecto. Em

breve começará a construção

do Parque do Vale de S. Paio

(Canidelo), que se prolongará

num Refúgio Ornitológico no

Estuário do Douro

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v e r e f a l a r

Verão 2005 Parque Biológico 5

«Na sequência da visita de estudorealizada ao Parque Biológico deAvintes, a turma 6.º A da Escola E. B.2/3 Domingos Capela – Silvalde par-ticipou num concurso organizadopor este Parque*. O trabalho constouda realização de uma placa demadeira com regras de utilização ater em conta no respectivo Parque,em Português e em Inglês.

Foi com muito entusiasmo e alegriaque recebemos a notícia de termossaído vencedores deste concurso e,por isso, termos ganho uma estadiade 2 dias e 1 noite com tudo pago,nos dias 6 e 7 de Julho.

Foi uma experiência única que pas-samos a descrever.

Feito o percurso Silvalde – Avintesna carrinha concedida pelo Parque,fomos recebidos pelo nosso monitor,Daniel Morais, bonito e muito sim-pático, que nos acompanhou e ori-

entou de forma muito profissional.

Tivemos um programa com diversasactividades das quais destacamos a“Caça ao tesouro”, bem divertida econseguida com muitas e muitasmoedas de chocolate!

Tirámos fotografias à natureza, ori-entados pelo sr. Jorge Gomes quenos alertou e sensibilizou para osdevidos cuidados a ter com o meioambiente, sempre atento a peque-nos pormenores para que nada pas-sasse despercebido; fizemos ninhosde madeira e a visita nocturna foiinesquecível, pois, ao observarmosos pirilampos com as suas luzinhas,parecia-nos estar a ver uma árvorede Natal.

No segundo dia aprendemos a fazerpão com a ajuda do sr. Paulo Oliveiraque, curiosamente, vive em Silvalde,onde se localiza a nossa escola.

Gostamos imenso destas actividades

que realizamos, a dormida foi ópti-ma, queremos destacar a simpatia eamabilidade de toda a equipa doParque.

Estamos todos de parabéns: os alu-nos participantes, os professoresque nos motivaram e o ParqueBiológico que organizou da melhorforma esta actividade.

Gostaríamos muito de repetir estaexperiência!» �

Texto: Alunos e Professores da EscolaDomingos Capela

* Concurso «A nossa visita ao Parque»,lançado no Guia do Parque Biológico de2004/5. Diante da decisão difícil deescolher uma turma vencedora, o júridecidiu atribuir o Prémio ao 6.ºA daEscola EB 2/3 Domingos Capela. Osvários trabalhos estiveram em exposiçãono piso superior do Centro deAcolhimento do Parque Biológico entre4 e 24 de Junho.

A nossa visitaEntre mensagens e cartas que recebemos, partilhamos consigo as impressões dasprofessoras e alunos da Escola E. B. 2/3 Domingos Capela, de Silvalde

Alunos e professores daEscola Domingos Capela

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e v e n t o

6 Parque Biológico Verão 2005

O presidente da Câmara gaiense incumbiu o ParqueBiológico de Gaia de conceber e gerir o Parque daLavandeira, em Oliveira do Douro, ao lado do PavilhãoDesportivo Municipal.

Cerca de 200 dias depois, a primeira fase da suaconstrução é aberta ao público.

Trata-se de um projecto que estava escondido «há 18anos sob um denso e impenetrável silvado», diz-se nolivro lançado nesta inauguração.

Esta quinta datada do século XIX teve pomares ecampos de cultivo, bosques e ribeiros, estufas de

plantas exóticas, e mereceu diversas referências naimprensa da época.

É devolvida agora à população com o nome de Parqueda Lavandeira e oferece, além dos percursos pedestres,jardins temáticos, parques de jogos infantis e sítiospara merendar.

No seu discurso, Luís Filipe Menezes disse que opróximo espaço verde a nascer será no estuário do rioDouro, no vale de S. Paio, ao qual chamará Parque RosaMota, um refúgio de aves selvagens com muito paraver.�

Parque da LavandeiraSábado, 20 de Agosto, abriu ao público mais um parque municipal em Gaia, eoutros foram anunciados para o futuro próximo

O lago naturalizado já é talvez o ex-líbrisdo Parque da Lavandeira

Luís Filipe Menezes discursou para inúmeraspessoas na inauguração deste parque municipal

Rosa Mota e Guilherme Aguiar Fernando Seara, presidente da CâmaraMunicipal de Sintra

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BORBOLETA OU ABELHASe calhar não conhece a história da borboleta quequeria ser abelhão...

Pois é, desde pequenina que era assim. E tanto insistiucom os pais, que o inconsciente destes terá ficado tãopressionado que, a dada altura, agiu de alguma manei-ra nos genes e o modelo borboleta-abelha surgiu entreos lepidópteros.

Com a forma consolidada, bastou à pequena rebeldefazer o resto: comportar-se à altura de um zangão.Hoje, a ilustre descendência faz isto tão bem, quequem as vê agora a voar, engana-se com taxa de 100%de êxito!...

Esta Hemaris fuciformis voava em Junho no jardim dearomáticas da Quinta do Chasco. Como eu não desar-masse dali para fora com a câmara fotográfica, nos 3minutos que ali estive, por duas vezes voou directa amim, como um abelha zangada, mas com corpo deborboleta — macia, macia, e sem ferrão!

f o t o n o t í c i a s

Verão 2005 Parque Biológico 7

A ORQUÍDEA SELVAGEMCom olhos de ver para crer, em 6 de Maio, o botânicoHenrique N. Alves aproximou-se, observou econstatou: uma nova família de flora espontânea —uma orquídea! — ocorre no Parque: é a Serapias lingua.

Curioso. Como teria vindo ali parar? Uma semente dealguma maneira transportada fortuitamente por umaave…

Seja como seja, formou bolbo, deu semente e por alianda, para se tornar visível na próxima Primavera.

Esta espécie de orquídea selvagem distribui-se desdeas Ilhas Canárias ao mar Egeu. Aparece em locaisgeralmente húmidos, graníticos. Na Península Ibéricaocorre principalmente no Centro e Oeste. É uma plantarelativamente frequente!

EDUCAÇÃO AMBIENTAL:ENCONTRO NACIONAL

Desenrola-se de 1 a 4 de Outubro o 16.º EncontroNacional de Educação Ambiental.

Organizado pela Câmara Municipal de Torres Vedras,pelo Instituto do Ambiente e pelo Parque Biológico deGaia, inclui visitas guiadas à Serra de Aire eCandeeiros, Paul da Tornada/Lagoa de Óbidos, Serra deMontejunto e Tapada de Mafra. Há ainda exposição deposters, palestras e mesas-redondas.

Para mais informações: www.parquebiologico.pt

Ir a Actividades/Eventos/Encontros.

Foto: Jorge Gomes

Lagoa de Óbidos, 10 de Junho de 2005.

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Estas espécies andam no Parque oano inteiro. Adoptaram-no como lar,há habitates adequados e os seushábitos definem-nas como residen-tes.

O certo é que, neste comedouro emparticular, se desvanecera a azáfamados meses frios naquele comedouro,a espreitar pela janela.

Poucos dias passados, revimosalguns dos clientes na minuciosatarefa de procurar ninho nos murosdo Parque. E, depois, vimo-los criarnum vaivém surpreendente de car-regar o bico de insectos e de sair dalicom as fezes, não fossem elas atrairpredadores.

É evidente, nem seria preciso dizer:no Parque Biológico encontra umasérie de quadros vivos que, em parte,poderá presenciar no seu jardim.

Dar alimento, água e abrigo porvezes é o suficiente para desfrutarde espectáculos naturais tendocomo elenco várias espécies de aves,insectos e até mamíferos ou anfíbi-os e répteis.

Para si, as aves até serão as protago-nistas, mas tal como nós, sereshumanos, representam apenas um

dos elos de uma sequência imensa.Não esperava era que lhe falássemosagora das aves que gostam de pei-xes e afins. Na ponte de pedra dopercurso de descoberta da natureza,quando olhava os góbios que abun-daram no rio Febros esta Primavera,passou por mim a voar um guarda-rios (Alcedo athis), uropígio turque-sa típico, aproveitando o corredor deamieiros com o pé na água. As gar-ças-reais são mais fáceis de surpre-ender, nos lagos do Parque, compeixe, que lhes dá alimento todo oano e abrigo sobretudo no tempofrio.

Não será fácil ver estas aves no seujardim, mas se tiver um bom lequede plantas autóctones, pode atrairinúmeros pássaros, particularmenteos que gostam de insectos.

Os mais regulares são os que comemmistura granívora. Mas comer grãofaz mais sede, sobretudo nestaépoca em que o calor aperta. Alémdisso, a água límpida não serve àpassarada só para beber, mas tam-bém para tomar banho, higiene útila fim de que as suas penas revelemcondições perfeitas para o voo epara se protegerem do frio.

8 Parque Biológico Verão 2005

q u i n t e i r o

Ementa SazonalO grão sentiu solidão, apinhado naquele alimentador tão procurado por verdilhões,chapins, pardais, tentilhões, e até piscos e gaios. Súbito, tornou-se desinteressantelogo que as árvores de folha caduca se vestiram de verde…

Mas a espécie mais abundante foieste exótico: Gobio gobio

Chapim-carvoeiro em visita assídua aocomedouro de rede

Garça-real no lago dos relvados, manhã cedo,em 20 de Agosto

Pardelhas (Rutilus arcasii) que, este ano, andaramno rio Febros

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Pequenitos e ágeis, os chapins-car-voeiros este ano revelaram-se cria-turas extraordinárias.

No breu de um buraco de muro, ascrias de chapim-carvoeiro tinhampressa de crescer, e diziam isso emalta voz!

Por mais rápidos que fossem os pro-genitores naquele vaivém frenético,reclamavam constantemente maislagartas, mais borboletas, mais mos-cas... Quem dizia que todas as criassão egoístas?

De manhã, por duas vezes, em plenopercurso de descoberta do ParqueBiológico de Gaia, achámos por bemcronometrar as entradas e saídas,claro... dos progenitores. A incons-

tância dos intervalos deve-se semdúvida à passagem de grupos devisitantes e às tentativas de aproxi-mação para fotografia...

Na primeira marcação de tempo,entre uma entrada e saída dos pais,contaram-se apenas 6 segundos;depois, 13 segundos; 2 minutos 32segundos; 3 minutos 41 segundos; 4minutos 13 segundos; 5 minutos 39segundos; 6 minutos 33 segundos; 8minutos 19 segundos; 9 minutos 30segundos; 10 minutos 40 segundos.

Estava demasiado à vista, desconfi-avam. Fica para outra vez fazer-seisto em melhores condições. Deresto, havia que voltar aos serviçosmais urgentes…

Verão 2005 Parque Biológico 9

Os bons projectos estão no meio:antes e depois ficam as boasideias. Uma delas consiste emcriar o Clube dos Amigos dasAves de jardim. O que é isso?

É simples: quem tem — ou preten-de vir a ter — este passatempo(apoiar as aves no seu próprio jar-dim) contacta a revista “ParqueBiológico”, secção Quinteiro, queune os Amigos das Aves. E isso aoponto de fornecer dados a respei-

to deste saudável passatempo.

É facultativo, para cada membroinscrito, associar-se à Associaçãodos Amigos do Parque Biológico.

Que tal? Gostou? Ficamos à es-pera das suas novidades, venhamelas por carta (Parque Biológicode Gaia – Revista "Parque Bioló-gico" – 4430-757 AVINTES) oupor correio electrónico:[email protected]

Clube dos Amigos das Aves

Tenrinhas e boas Chapim-carvoeiro à cocade ninho num muro

Chapim-carvoeiro no vaivémde alimentar as crias

À porta do ninho:«Entro... ou nãoentro?» Bando de pardal-montês numa banhoca

Texto e fotos: Jorge Gomes

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O piso verde, húmido, é uma telaque passa a transfigurar-se nummosaico de cor e vida.

A brisa passa, agita a floração edeixa aromas de salpicos vários queenchem o ar.

Ouve-se o canto das aves que alibuscam comida viva, rica de nutri-entes e vitaminas para os filhotesocultos no ninho.

Borboletas, como Erynnis tages,encontram nestes lameiros o seuhabitat ideal, embora apenas repre-sentem um grão de tinta na imensatela de vida deste habitat. Os ditos«prados de feno pobres de baixa

altitude» alcançam maior expressãona região Norte de Portugal a partirdos 500 metros de altitude.

Na noite dos tempos, antes dainvenção da pastorícia, crê-se, estehabitat aparecia nas clareiras cria-das por manadas de herbívoros, nocimo de vários tipos de bosque.Hoje, a sua multiplicação deve-se àactividade do ser humano.

É uma troca de favores: ao cuidadodo lavrador, o lameiro de regadio ofe-rece-lhe serviços variados, muitoúteis. Destaque-se o fornecimento eregulação do ciclo da água, formaçãoe retenção do solo, madeira, pasto…

Mas nem tudo são flores: o estadode conservação dos lameiros evoluiagora de forma negativa — os pra-dos distantes das povoações estão aser abandonados, abrindo campo adiversa vegetação arbustiva; noslameiros mais próximos das habita-ções algumas técnicas mais exigen-tes deixam de ser praticadas…

Este habitat está descrito nestessítios: Peneda-Gerês, serra de Arga,Corno do Bico, Montesinho//Nogueira, Alvão/Marão, Malcata,serra da Estrela, Montemuro,Nisa/Lage da Prata, rio Paiva, serrada Lousã.�

10 Parque Biológico Verão 2005

h a b i t a t

Prados de montanhaQuando o camponês ceifa o prado, este acaba por lhe responder com um aluvião deflores silvestres, em festa pelo maneio adequado feito de saberes ancestrais…

Texto: Jorge Gomes.Foto: Henrique N. Alves

Page 11: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

f l o r a

Flor de paraísos lusitanosO gado não lhe deita nem beiça nem dente, logo esta planta não é desejada pelohomem que gere o prado de montanha…

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Não fosse a sua característica deespécie bolbosa, ter-se-ia já deixadode ver as flores brancas da açucena-brava, conhecida no meio científicocomo Paradisea lusitanica.

Quando o maneio do lameiro de rega-dio impõe a ceifa, na intimidade daterra a individualidade do espécimemantém-se a aguardar melhores dias.

É assim que, ano a ano, floresce estaplanta no início do Verão, após a

haste de quase um metro de alturarivalizar com a flora diversa doprado em busca da luz.

A açucena-brava – também conheci-da como abrótea ou abrotega, dafamília das Liliáceas, é um endemismoda Península Ibérica. Consideradaespécie ameaçada, existe no nossopaís nas serras de Montemuro,Peneda-Gerês e Alvão-Marão.

Não é só ao sopro deste vento puro

que as flores são polinizadas: muitosinsectos, entre abelhas e borboletas,têm parceria celebrada também comesta espécie desde há muito, semqualquer quebra de contrato.

Esta é apenas uma entre tantasoutras plantas que, na diversidadeflorística dos nossos prados de mon-tanha, compõem o mosaico dariqueza domiciliada no patrimónionatural lusitano.�

Page 12: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

12 Parque Biológico Verão 2005

Conta com uma envergadura de mais de dois metros enavega sobre abismos vertiginosos à vontade, e rápidaquanto quiser.

Vista apurada, procura sustento que lhe mate a fome:um coelho, uma perdiz… se uma carcaça aparecer,deixa os homens com as fantasias da realeza e nãodesperdiça uns pedaços de carne do universo típicodos necrófagos. É momento para deixar de lado aspoderosas garras e usar o bico talhado pela evoluçãopara agarrar e arrancar bocados, pescoço forte. Pormomentos faz de grifo e colabora na limpeza do ecos-sistema.

É que isto de viver em liberdade, mesmo com asas, nãodá vida fácil…

Sabem-no também as raposas. Se uma águia andapelas redondezas, levantam a cauda, apontam o céu. Éde cima que vem um voo potente, fulminante, quepode levar as mais distraídas. Mesmo adultas, as rapo-sas estão também na ementa desta águia.

Quando em juvenil alguns amigos-do-gatilho atira-ram-lhe a matar. Bafejada pela fortuna de uma miramal tirada, jamais esqueceu: no ar dá distância, olharatento, não vá alguém andar de arma afoita para per-petrar o crime de disparar sobre ela.

Paradoxos deste mundo. Ela, que procura sempre aspresas mais fáceis de caçar, normalmente envelhecidase candidatas a uma morte lenta e dolorosa, ou doen-tes prestes a disseminar pestes como a mixomatosedos coelhos, é acusada por gente de pensamentoescasso como sendo a responsável pela falta de peçasde caça atribuídas aos senhores caçadores…

Mas o importante é voar. Até porque esta é a maioráguia da fauna ibérica, lá para o topo da cadeia ali-mentar. Se ela soçobra, é meio caminho andado paratudo se desmoronar.

Senhora de vasto domínio, a águia-real inclui os pra-dos de montanha no seu reino, e é das primeiras azelar por eles...�

Águia maior

f a u n a

Atira-se do penhasco a águia-real. Fende o ar e voa. Por cima o azul do céu, porbaixo o mosaico das serras, com lameiros bordados de árvores

A águia-real tem por nome científico Aquila chrysaetos

Page 13: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

Não é chegar ver e vencer. Há espé-cies de borboletas que vão apare-cendo ao longo do ano…

Por isso, os percursos delineadospara registar as espécies são feitosem vários meses.

E apesar das borboletas serem umtema com tendência a popularizar-

se, ainda há espécies importantesque podem passar ao lado de quemas vê. Foi isso que aconteceu com aApatura-pequena. Afinal, constantedo Parque Biológico de Gaia, segun-do registo fotográfico arquivado. SóS. João da Madeira furta a Avintes olimite sul de distribuição europeiadesta espécie! Não consegue é reti-

rar-lhe este ano o primeiro avista-mento de Apatura ilia em Portugal:30 de Maio.

Patrícia Garcia-Pereira, bióloga edirigente do TAGIS — Centro deConservação de Borboletas dePortugal, responde a perguntas colo-cadas durante a sua primeira sessãode trabalho no início de Maio:

Como surge esta vinda ao ParqueBiológico de Gaia?

Patrícia Garcia-Pereira — Nós envi-ámos uma carta a apresentarmo-nos e a sugerir uma parceria, estan-do disponíveis para fazer umainventariação das borboletas doParque, bem como para fazer o ate-lier da borboleta--do-medronheiro.Nuno Gomes Oliveira, director-exe-cutivo, contactou-nos dizendo queestava interessado.

As expectativas em relação àsespécies encontradas são frus-trantes ou não?

PGP — Não. Para já, a expectativa dopróprio Parque é muito melhor do

e n t r e v i s t a

Verão 2005 Parque Biológico 13

Voar com as borboletasOs estudiosos de mariposas estiveram no Parque Biológico de Gaia várias vezesdesde a passada Primavera. Ao enumerarem as espécies vistas, desvendaram umapresença anual importante: a Apatura-pequena. Conhece-a?

Além de bonitas, as borboletas têmmuito que se lhes diga: «Perceber arelação delas com o tipo de habitat

preferido leva a estudos importantes»,afirma Patrícia Garcia-Pereira, do

TAGIS

A Pandora foi vista este ano pela 1.ª vez no Parque Biológico de Gaia

A Polygonia c-album tempor nome comum Coma

Page 14: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

que aquilo que eu pensava. Umapessoa pensa num parque em Gaia,associa a uma coisa muito maisurbana, a um pequeno parque decidade. E, de facto, isto é maior doque estava à espera. E o nome ficamuito bem, Parque Biológico, por-que tem uma dimensão razoável.

Em relação à fauna de borboletas,era mais ou menos aquilo de queestávamos à espera: há mais espéci-es, e que hão-de aparecer, com cer-teza. Nesta altura do ano, início deMaio, com um ano tão seco, estan-do tão atrasado na estação, é nor-mal.

Então a falta de chuva tambématrasa a vida às borboletas?

PGP — Está tudo relacionado com avegetação, não é? Com as plantas,com as flores. É possível que maispara a frente se consiga encontrarbastante mais espécies.

Em todo o caso, é sempre útil,mesmo que a diversidade vistaagora não seja muita, é relacionarespécies de lepidópteros com asplantas, com os habitates, issopodemos fazer encontrando 5 ou 6espécies, que tenham números con-sideráveis. Pararge aegeria,Gonepterix rhamni, aquelas que sãomais habituais. Perceber a relaçãodelas com o tipo de habitat leva aestudos importantes.

Uma coisa sobre que estivemos afalar, e que podíamos fazer aqui comfacilidade, era fazer um estudosobre o tipo de amostragem de bor-boletas, qual o método de amostra-gem a escolher. Estávamos a combi-nar, vamos fazer vários transectos:partirmos com a diferença de 15minutos e vermos se os resultadosque obtivermos, quer em número deespécies quer em número de indiví-duos, são semelhantes com os tran-sectos feitos com uma diferença de5 minutos. Portanto, fica-se a saberse para futuros estudos basta fazerum transecto por dia ou por semana,ou se não é completamente aleató-

rio e depende da sorte de ver borbo-letas ou não naquele trajecto.

Como temos zonas de habitat seme-lhantes, vegetação ribeirinha, pra-dos, podemos ver se um passeio poruma única zona destas dá para veressa tal diversidade ou se passandopor uma ou por três aumenta onúmero de espécies observadas.

Das espécies que já observaramaqui no Parque, qual é a maisinteressante?

PGP — Para mim é a Polygonia c-album. Não estava à espera de aencontrar tão facilmente nesta área.Falo das que vi nesta primeira fase.

Mais do que a Apatura?

PGP — Não: a Apatura, face às foto-grafias que mostrou do ano passado,é o facto mais relevante. É umaespécie com um habitat restrito quesão ribeiras e rios limpos com vege-tação ribeirinha preservada: chou-pos, salgueiros, amieiros, entreoutros. Isso já não é frequente naEuropa, onde não tem uma distri-buição tão vasta como isso.Portugal, no Norte, tem a valia depoder ser um reduto de defesa destaespécie na Europa.

A TAGIS interessa aos especialistasou ao cidadão comum?

e n t r e v i s t a

14 Parque Biológico Verão 2005

A Borboleta-limão simula uma verde folha e entre cientistas chama-seGonepterix Rhamni.

Apatura-pequena (Apatura ilia): a borboleta que mais surpreendeu osespecialistas

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PGP — A TAGIS nasce porque quemestudava borboletas eram pessoasque não eram biólogos. Não esta-vam ligados à investigação directa-mente. Por isso é que se pensou quea melhor maneira de desenvolver oconhecimento retido e fazer outrascoisas seria associar estas pessoasque tinham interesses comuns, comas mais diversas profissões. Istosempre foi assim: a lepidopterologia

nunca esteve associada à investiga-ção académica, funcionou sempremuito com os amadores, porque defacto as borboletas são muito atrac-tivas, populares.

Lembro-me daquele monge deSingeverga…

PGP — Sim, importantíssimo.Descreveu espécies para a ciência,Teodoro Monteiro. O que se asseme-

lhava mais à figura do profissionalde borboletas era Passos deCarvalho, que era investigador daEstação Agronómica de Oeiras. Osestudos de diversidade que realizou,fê-los por sua conta e risco: pedi-am-lhe estudos relacionados compragas e ele aproveitava e tentavacaracterizar a fauna da zona. Nuncaninguém lhe pagou um centavo paradizer que espécies existiam na serrada Arrábida, por exemplo. Não háem Portugal universidade nenhumaque tenha um grupo de investigado-res ocupado com borboletas.

Qual é a solução? Uma delas podeser formar uma associação de pes-soas com interesses comuns…

Então qualquer cidadão que gostede borboletas pode colaborar como TAGIS?

PGP — Claro. Temos médicos, enfer-meiros, professores, peritos de segu-ros, biólogos, pessoas com conheci-mento profundo e com as mais vari-adas profissões.

Verão 2005 Parque Biológico 15

A Malhadinha, tão habitual, tem um nome científico difícil: Pararge aegeria

Avistamos as maravilha (Colias croceus) de asas fechadas com frequência, mas no acasalamento a fêmea abre-as e o macho voeja sobre ela

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e n t r e v i s t a

16 Parque Biológico Verão 2005

Em torno da luzQue borboletas nocturnas esvoaçam pelo Parque Biológico de Gaia? Espécies raras?Abundantes?O levantamento das numerosasespécies existentes não abrangeapenas as borboletas diurnas mastambém as nocturnas.

Em várias noites, decorreu uma acti-vidade orientada por ErnestinoMaravalhas, a que a população pôdeassistir.

Além das traças lá de casa, há mui-tas outras borboletas que podemosobservar com uma armadilha de luz,paciência e dedicação.

Nos relvados do Parque Biológico deGaia montaram-se zonas de amos-tragem com telas de tecido branco euma lâmpada, ao longo daPrimavera e do Verão.

Junto da armadilha e pela noite den-tro à espera de invulgares visitantesnocturnos, quando presentes, osespecialistas do TAGIS falaram domundo das borboletas e responde-ram a inúmeras questões levantadas.

Maravalhas é um animador por exce-lência. Profundo conhecedor damatéria, editor e co-autor do livro «Asborboletas de Portugal», responde:

Como comenta a lista de espécies

nocturnas observadas até agora?

Ernestino Maravalhas — Em virtudedo escasso tempo dedicado atéagora — numa perspectiva de amos-tragem ampla, escalonada ao longodo ano — o número, que ronda as100 espécies, é bastante aceitável,

considerando que estamos numaárea com uma envolvente pouco"amigável" em termos de conserva-ção, caracterizada por uma taxa deurbanização muito significativa.Esse número de espécies representa-rá 5% da fauna portuguesa: 2.250espécies do grupo vulgarmentedesignado por "nocturnas".

Com a continuação, prevista, dasobservações ao longo do ano, éadmissível que esse número subarapidamente até às 300, ou mais,espécies.

Entre as nocturnas já vistas noParque Biológico, quais preferedestacar?

E. M. — Os esfingídeos (Acherontiaatropos, Smerinthus ocellata, Lathoepopuli e Mimas tiliae), pela suaenvergadura e posição em repouso,lembrando aviões em miniatura.Num pólo oposto, uma série demicrolepidópteros, cuja envergaduraé, em certas espécies, inferior a umcentímetro, quase um "micróbio"…

Ernestino Maravalhas é uma enciclopédia de duaspernas: aqui desdobra-se a explicar o misteriosotema das borboletas noctívagas

Outro esfingídeo — Mimas tiliae — associadoàs tílias causa admiração

Page 17: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

Vivendo na Maia, portanto aquiperto, como encara o ParqueBiológico?

E. M. — O Parque Biológico de Gaiaé um verdadeiro "porto de abrigo"de fauna selvagem da ÁreaMetropolitana do Porto (AMP). Noque às borboletas concerne, é inte-ressante o facto de aqui existir umainteressante população de Apaturailia, um ninfalídeo raro e localizadoem Portugal e que apenas ocorre emzonas florestais conservadas. O apa-recimento desta espécie só é possí-vel porque a vegetação do Parque

integra reminiscências de um antigoe extenso bosque bem conservado.Por outro lado, a Apatura é um bio-indicador, que atesta a boa qualida-de dessa área de verdadeira floresta.

Numa perspectiva de conservação, oParque representa uma interessanteponte de ligação entre as serras cir-cundantes — Santa Justa, Freita, etc.—, onde existem muitas espécies deborboletas, podendo constituir umespaço para certas borboletas maismóveis, que aqui podem fixar-se.

Em termos de pedagogia, creio quenão há um espaço com estas poten-

cialidades em toda a AMP, pelo queo Parque é de vital importância paraa realização de eventos de educaçãoambiental, para além de ser ummagnífico espaço onde, a escassosquilómetros da grande metrópole,ainda é possível respirar ar de boaqualidade e encher a vista com asmais variadas espécies animais evegetais, incluindo muitas borbole-tas que dificilmente podem serobservadas na AMP.�

Texto e fotos: Jorge Gomes

Verão 2005 Parque Biológico 17

Um dos esfingídeosnocturnos queocorrem no Parque:Lathoe populi

É fácil vê-las disparadas pelo arem pleno sol, machos deLasiocampa quercus em busca defêmeas. Quando na tarde de 3 deSetembro deparámos com umapousada no caminho, custou aacreditar…

Não se esqueça: sem lagartas nãohá borboletas, sem plantas

hospedeiras não há lagartas.Lagartas Phalera bucephala, num

salgueiro em 2 de Setembro

Page 18: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

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18 Parque Biológico Verão 2005

Vamos compor?

Realizar uma boa fotografia nemsempre é uma tarefa fácil. Isso en-volve sempre muitos factores que setêm de ter em conta aquando domomento do disparo. Uma boa ima-gem tem de resultar de uma série defactores – emocionais, estéticos etécnicos.

A emoção é indispensável

Controlar! Sem um envolvimentoemocional as nossas “capturas” nãopassam de registos, bons ou maus. Énecessário sermos movidos pelo en-tusiasmo e perguntarmo-nos “o queexiste hoje para descobrir?”, ir deolhos bem abertos e tentar fazersempre mais e melhor.

Agora, é preciso ter calma. A experi-ência diz que mais vale um pássarona mão que dois a voar, ou seja, mo-vermo-nos devagar é essencial; dei-xar um assunto que está prestes aser enquadrado no visor e virarmo--nos de repente para apanhar o ou-tro, “a nossa paixão” que foi locali-zada à última hora, geralmentedeixa-nos sem imagens; tente olharpara os dados técnicos, nem queseja de relance, e ver se está tudobem antes de fazer o clic — é tristequando o motivo, que podia ficarexcelente, fica tremido (baixa velo-cidade), desfocado (profundidade decampo curta), mal exposto (mais es-curo/claro)…

Dos aspectos estéticos e não técni-cos existe um principal – a compo-sição. É sobre esse “pormenor” que

vou escrever hoje.

Composição

Como breve definição, podemos di-zer que a composição fotográfica éa arte de apresentar/criar uma visãode um modo apelativo. Para realizaruma boa fotografia torna-se neces-sário fazer a escolha da composiçãode forma deliberada e consciente.

Para abordar este tema, a primeiracoisa a decidir é o que fotografar.Escolha um tema, um objecto e sóum. A maior parte dos fotógrafosiniciados ou amadores comete oerro de querer mostrar tudo numa sóimagem e não conseguem simplifi-car as mesmas. O facto de incluirtudo no mesmo fotograma, não sóuma flor, mas também as outras, asárvores ao fundo, um riacho, a mon-tanha… e o resto que a rodeia,quando a ideia era fotografar a florem si, está errada. Tudo o mais paraalém do essencial deve ser elimi-nado, qualquer porção de imagemou qualquer elemento que possadesviar a nossa atenção daquilo queé fundamental, e daquilo que é anossa visão criativa do objecto a serfotografado, acrescenta confusãovisual. É necessário definir precisa eespecificamente o assunto a foto-grafar e incluir na composição só oque com ele esteja relacionado e te-nha interesse para nós.

Há quem compare uma fotografia aum texto escrito da mesma. Sãoobrigatórios alguns parágrafos para

descrever uma má fotografia. Algu-mas frases para uma foto medíocre,uma frase para uma boa imagem eumas palavras para uma excelentecomposição.

Pense foto-graficamente

Preocupe-se com os elementos bási-cos do design gráfico: as linhas, acor, a textura e as formas. Aquiloque tem de fazer é um arranjo grá-fico destes elementos num pedaçode filme. Grande parte da fotografiado dia-a-dia é fotojornalismo, ouseja, existe uma maior preocupaçãoem mostrar o conteúdo de uma ima-gem do que o seu design.

Quando planear uma fotografia,pense nesta frase e complete os es-paços em branco: “O que eu real-mente aprecio nesta cena é _______________________, por isso vouutilizar ___ (o seguinte equipamen-to) ______, e ______ (técnica foto-gráfica) _________. Tente articularo que está a pensar mas fotografica-mente falando, ou seja, em vez dedizer “gosto desta cena por isso voutirar uma fotografia”, diga, “gostomuito da cor e da textura desta flore também do contraste resultantecom verde desfocado e mais escurodo fundo, por isso vou utilizar umalente de 200 mm para poder foto-grafar a alguma distância, de cimapara baixo, enquanto desfoco todo ofundo e elimino algumas das ervasdo chão”. Não pode haver compara-ção entre as duas descrições.�

Depois de no artigo anterior termostratado um pouco de equipamentopara a fotografia de natureza, assimcomo de alguns conselhos úteis paraeste tipo de fotografia, vamos entraragora no que fazer com ele…

Um bom exemplo de composição com linhas horizontaise diagonais ascendentes e regra dos terços

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Verão 2005 Parque Biológico 19

A composição resulta se…• lhe agradar primeiro a si, não pense por outra pessoa • procurar exaustivamente o melhor assunto a fotografardentro de uma determinada cena • andar de um lado para o outro, à volta do seu “assunto” eprocurar o melhor ângulo para realizar a imagem • fazer ou ter em atenção a profundidade de campo • procurar e eliminar qualquer possível distracção • controle a quantidade de luz necessária • decida conscientemente o posicionamento da máquina e a

selecção da lente • simplifique ao máximo

A composição não resulta se…• fotografar o primeiro assunto que encontrar, sem procurar

a composição

• tentar captar tudo numa só fotografia • cortar a linha do horizonte no meio da fotografia • colocar o assunto a tratar sempre no centro da imagem

Atenção: não se deve pegar em animais ou cortar flores eplantas para colocar noutro sítio para obter uma melhor fo-tografia!

A partir desta edição, a revista PARQUE BIOLÓGICOabre uma secção de consultório técnico de fotografia;os Leitores que queiram enviar fotografias para mostra,para serem comentadas, ou pedir algum conselho téc-nico, são agora livres de o fazer.Nota: o envio de fotografias para este consultório temcomo pressuposta a autorização para poderem ser pu-blicadas nesta secção da revista PARQUE BIOLÓGICO,se assim se entender.

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Regra dos terços simples(regra dos terços: dividir a

fotografia em 9rectângulos iguais (duas

linhas na horizontal e duasna vertical), colocar o

motivo principal num doscruzamentos das linhas)

Apesar da profundidade de campo (zona focada) ser muitoreduzida, a proximidade das ervas distrai do motivo principale torna a foto um bocado confusa

Exemplo de uma composição desastrosa: está dividida ameio por uma linha, as aves misturadas com muitapoluição visual que nos fazem distrair das mesmas emetade superior da imagem desprovida de interesse

Regra dos terços ao alto, com objectocolocado no terço inferior

Page 20: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

O Sábado no Parque de 4 de Junhoincluiu no seu programa aComemoração do Dia Mundial doAmbiente. Após o atelier "Estudo do solo", demanhã, o auditório do ParqueBiológico de Gaia recebeu de tarde odebate «O ambiente no ensino:Galiza e Portugal», com professorasda Escola de Ponteceso (Galiza) e daEscola EB 2/3 de Avintes. Moderadopelo jornalista Júlio Roldão, esteevento foi organizado pelaAssociação de Pais da Escola EB 23de Avintes em colaboração com oParque Biológico de Gaia. Logo a seguir, abriram ao públicoduas mostras: a Exposição deTrabalhos sobre o Parque Biológico,feita por alunos de várias Escolas, eo Salão de Fotografia da Natureza"Estuário do Douro: PatrimónioNatural", de João Luís Teixeira, quetrabalhou o sítio em imagens. Comoé habitual, houve uma feira de pro-dutos de agricultura biológicadurante todo o dia.Mas cada Sábado no Parque é único.Conta quase dois anos que é feito eainda assim consegue surpreender.Resolvemos reduzir as letras e deixaros factos ilustrados por alguns ines-perados instantâneos fotográficos.

20 Parque Biológico Verão 2005

e s p i g u e i r o

Sábados no ParqueCada 1.º sábado mostra um programa diferente, mas a estrutura é constante:atelier de manhã, após o almoço há uma conversa sobre um tema, seguida de visitaguiada e de percurso ornitológico

Debate no auditório do Parque Biológico de Gaia: «O ambiente no ensino: Galiza e Portugal»

Momento da abertura do salãode fotografia da natureza deJoão Luís Teixeira sobre oEstuário do Douro

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Verão 2005 Parque Biológico 21

7 de Maio: início da visitaguiada por técnicos do Parque

2 de Julho: atelier«Pegadas e sinaisde animais»

Uma doninha surge nas pedras que bordam ocaminho, em 2 de Julho, na visita guiada

4 de Junho: uma pega-rabuda foge no prado dos corços

4 de Junho: a fome dascrias de pardal-montês

Um pai preocupado eincansável, na 2.ª geraçãodo ano neste ninho

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Verão 2005 Parque Biológico 23

Sendo o Parque Biológico uma mais--valia que serve toda a Região e opaís, entende-se que a gestão domesmo tem de caminhar para oequilíbrio económico-financeiro: asreceitas geradas pelo seu activoterão de cobrir o seu passivo, numalógica de autofinanciamento, semsobrecarga para os munícipes desteconcelho.Porque a situação socioeconómicado país não permite o aumento dastarifas de acesso ao Parque, aAdministração do Parque Biológico,ciente de que a empresa é detento-ra de um património ímpar e presti-giado no âmbito da educaçãoambiental, da conservação da natu-reza, do lazer e da qualidade de vidados portugueses, entende proporparcerias de apoio mecenático aosmaiores agentes económicos dasociedade civil, por forma a que, daassociação destes com o ParqueBiológico, possam resultar sinergiase benefícios para ambas as partes.A proposta que fazemos é a de que,ao abrigo da legislação que enqua-dra o mecenato ambiental e educa-cional, e dos benefícios fiscais queencerra, os maiores empresáriosportugueses possam patrocinar oParque Biológico, mediante o finan-ciamento de um ou mais dias ousemanas de funcionamento desteimportante equipamento de educa-ção ambiental.Para além de beneficiarem do pres-tígio decorrente do patrocínio doespectáculo da natureza propiciadopelo Parque, que poderão, medianteconvites, oferecer a clientes, forne-cedores ou a quem entenderem,nesses mesmos dias, poderão, tam-bém, patrocinar a visita de centenasde crianças das nossas escolas. Nesses mesmos dias, em que setransformarão nos Mecenas do

Parque, poderão igualmente utilizaras instalações da empresa.As contribuições mecenáticas terãoum valor de 5 mil euros por dia depatrocínio e serão enquadradas numprotocolo de apoio mecenáticoanual ou de carácter plurianual, nomínimo de três anos, susceptível derenovação e negociação caso a caso,tendo em conta os fins específicos aprosseguir.De acordo com o disposto no artigo1.º, n.º 1, al. a) e n.º 3 do Estatuto doMecenato, aprovado pelo Decreto-lei n.º 74/99, de 16 de Março, sãoconsiderados custos ou perdas doexercício, na sua totalidade, em sedede IRC, os donativos concedidos àsautarquias locais ou a qualquer dosseus organismos, ainda que perso-nalizados, o que é o caso do ParqueBiológico, EM. Os donativos sãoconsiderados custos em valor cor-respondente a 120% se destinados afins de carácter ambiental e educa-cional ou a 130% quando atribuídosao abrigo de contratos plurianuaispara fins específicos que fixem osobjectivos a prosseguir pelas entida-des beneficiárias e os montantes aatribuir pelos sujeitos passivos.Por sua vez os donativos atribuídos

por pessoas singulares são dedutí-veis à colecta do ano a que dizemrespeito, em valor correspondente a25% das importâncias atribuídas,até ao limite de 15% da colecta, nostermos da al. b) do n.º 1 do artigo 5.ºdo mesmo estatuto.Para contactar a Administração doParque Biológico, pode usar o tele-fone 227 878 127, ou o geral 227878 120.

Texto: Nuno Gomes Oliveira

Dias do ParqueDia 14 de Julho, ao fim da tarde, o auditório do Parque Biológico de Gaia recebeu LuísFilipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia e do Conselho de Administraçãodesta empresa municipal, acompanhado de diversas personalidades, nomeadamenteempresários, que ficaram a saber em primeira mão o que são os Dias do Parque

Após a exposição teórica, asindividualidades presentes foramver de perto a reserva natural queé o Parque Biológico de Gaia

Os Dias do Parque apontam parapropostas de mecenato dirigido ao

ambiente e à educação

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e s p i g u e i r o

24 Parque Biológico Verão 2005

Munido de auriculares e gravador de ultra-som, nopassado dia 30 de Junho, Henrique N. Alves, biólogo,iniciou a tarefa de dar visibilidade aos sons que osmorcegos produzem enquanto caçam insectos, assimque o sol se põe.

Os zumbidos gravados são depois analisados em com-

putador e a partir daí é possível determinar, mais facil-mente nuns do que noutros, a espécie.

O gráfico em baixo, por exemplo, aponta o ultra-somde um morcego do género Rhinolophus, uma das espé-cies existentes no Parque Biológico.

Mamíferos voadoresPé ante pé, os quirópteros ganharam asas, uma façanha estrondosa na evolução. E,como se não bastasse, riem do breu detectando minuciosamente outros corpos comas malhas do ultra-som…

Em Junho os herbívoros apostaramna descendência. Cabras-bravas egamos reproduziram-se, juntando--se assim ao ritmo de Primavera,antes que ela desse lugar ao Estio.

Um ganso sai do choco na quinta deSanto Tusso, prontamente defendidopela família. A vaca-leiteira,Matilde, contribuiu com o nasci-mento de um bezerro, o Dominó, a

que se juntou passados dias umoutro, dado o excesso de leite davaca parideira.

Entre os animais que ocupam oshabitat no Parque, entre tudo o quevimos, temos de destacar a 2.ª gera-ção de lagarto-de-água (Lacertaschreiberi), talvez um dos lacertí-deos mais significativos da faunaibérica, já que é endémico.

Novos habitantes

Gravador em punho, há que captarsons que não conseguimos ouvir

sem o empurrãozinho datecnologia

Arisca como uma cabra-brava sabe ser,eis a nova habitante do Parque depois dealguns dias à espera de algum ânguloviável para a fotografar…

Segunda geração deste ano de lagarto-de-água, vista em5 de Agosto: a anterior detectou-se em 29 de Abril M

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Page 25: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

Verão 2005 Parque Biológico 25

Todos os anos são assim. Mochos e as corujas trazem nosolhos a inocência da infância ao serem entregues ao ParqueBiológico. Estas espécies tendem a deixar o ninho mais cedodo que outras aves. Quando alguém, bem intencionado, vê ascrias no chão, deita-lhes a manápula, mas mais valia deixá-los. Os olhos dos pais, algures, zelam por estes juvenis queparecem abandonados.

É típico os progenitores irem alimentando fora do ninho estasjovens aves enquanto a musculatura das suas asas se afirma.

O contacto com o ser humano não é o ideal. Uma vez esta-belecido, decorre o trabalho de recuperação.

Acontece também com as crias de borrelho, ave típica dabeira-mar. No Parque de Dunas da Aguda é fácil ver os adul-tos. Os pintos é muito difícil. Miméticos e diminutos, dizem oslivros que ao estalar a casca do ovo, apressam-se a deixar oninho — uma imperceptível depressão na areia que junta ovossarapintados — para despistar os predadores. Se alguém os vê,até um mimetismo perfeito pode falhar, imagina que está aliuma cria indefesa perdida dos pais. Errado: está tudo emordem; se se afastar verá mais tarde ou mais cedo a aproxima-ção dos progenitores, que nunca deixaram de zelar pela cria.

A meta é clara: que não haja «clientes» no centro de recupe-ração pelo melhor motivo — estarem bem integrados nanatureza, onde pertencem, onde ficam sempre melhor.

Ainda não dominam o voo, mas eles têmasas, como os anjos. Oxalá ninguém lhesdeite a mão!

Centro de Recuperação

Nas férias escolares, de Julho eAgosto, decorreram no ParqueBiológico de Gaia os seus Campos deVerão.

Abertos a crianças dos 7 aos 15anos, os participantes pernoitaramno Parque Biológico e foram acom-panhados por técnicos habilitadospara o efeito.

Ao todo, foram quatro Campos,entre 9 e 16 de Julho, 23 e 30 domesmo mês, 6 e 13 de Agosto, 20 a27 de Agosto.

Oficinas de Inverno

Ao longo das férias escolares deNatal, o Parque Biológico de Gaiavai abrir as suas Oficinas de Invernoàs crianças e jovens entre os 6 e os15 anos de idade.

Este ano, as Oficinas decorrem de 19a 23 de Dezembro e de 26 a 30 domesmo mês.

É possível optar por um ou mais diasde actividades. O preço inclui oacompanhamento, as refeições e oseguro.

No site do Parque encontrará maisinformação sobre este e outrostemas.

Cria de borrelho

Mocho-galego juvenil

Mãos-cheias de actividade divertiram e enriqueceram osconhecimentos dos jovens inscritos

Campos e Oficinas

Actividade extra: participantes do1.º Campo viram o TAGIS, Centrode Conservação de Borboletas,armadilhar heteróceros (mariposasnocturnas)

Page 26: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

FICHA DE ASSINANTEFICHA DE ASSINANTE

Pode receber em sua casa a revista «Parque Biológico» através de dois processos:

1) enviando o seu pedido de admissão de sócio à Associação dos Amigos do Parque Biológico ou então:

2) fazendo-se assinante desta Revista pela quantia de 7.5 euros por ano, preenchendo e enviando esta ficha:

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Junto envio 7.5 euros para pagamento de uma assinatura anual da revista «Parque Biológico». Enviar para: Parque Biológico – 4430-757 Avintes

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A Loja do Campo, agora junto à Recepção do Parque Biológico,aguarda pela sua visita.O Parque possui também um horto, onde os visitantes podemadquirir plantas e árvores. Telefone: 227878120

Assine a revista “Parque Biológico”

Loja do Campo

Page 27: Ementa sazonal Habitat: Prados de montanha

Quando o sol se põe e as estrelassurgem no céu, as condições paraum passeio singular estão criadas.

Mais de mil pessoas, em apenasuma semana, trouxeram a famíliapara verem o Parque de noite,cheio de pirilampos.

Uma explicação ao início apontaque, para além do valor estéticodestes seres luminosos, tambémeles podem dar indicação do esta-do do ambiente. Fica-se a saber

que há uma série de bicharada queestá mais activa de noite: morce-gos, ouriços-cacheiros, ginetas eaté as raposas selvagens, invisíveis,que vivem algures no Parque, e sedão tão bem que até se reprodu-zem!

Mas de todos os insectos maispopulares, estes são talvez os quemais atraem o ser humano. O fas-cínio da luz-fria, a bioluminescên-cia que estes insectos conseguem

produzir, quer em voo quer pousa-dos, ergue a mãe de todas as admi-rações, sobretudo entre os maispequenos.

E é aqui que surge a tentação deter na mão aquelas luzinhas tãomisteriosas...

Pela fragilidade destes bichos, nãose encoraja, mas o guia de cadagrupo é capaz de, acendendo alanterna, mostrar como é um saídodo véu espesso da escuridão.

Pirilampos irresistíveisAs noites de 13 a 18 de Junho tiveram por ex-líbris os vaga-lumes

e s p i g u e i r o

Verão 2005 Parque Biológico 27

Pirilampo na mão: no abdómen abioluminescência

Luís Filipe Menezes trouxe ao Parque Biológico alguns amigos para veremos pirilampos — logo de início a introdução dada por Nuno Gomes Oliveira

Observações astronómicas

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28 Parque Biológico Verão 2005

a r b o r i c u l t u r a

PROCESSIONÁRIA--DO-PINHEIRO

Nos últimos anos, vem-se observan-do ataques intensos da pragaThaumetopoea pityocampa Schiff.,vulgarmente conhecida por proces-sionária-do-pinheiro ou lagarta-do-pinheiro.

Em ambiente urbano, este lepidó-ptero, principal desfolhador depinheiros em Portugal, impõe umavigilância constante e combateurgente, essencialmente em caso deataques severos e sucessivos dadasas consequências muito graves nãosó para os pinheiros infestadoscomo também, e principalmente,para a saúde pública.

Os ataques de processionária, alémde causarem um decréscimo docrescimento do hospedeiro, porredução da copa e diminuição doseu vigor vegetativo, poderão, tam-bém, dar origem ao aumento da sus-ceptibilidade a insectos subcorticaise xilófagos ou mesmo à morte doindivíduo afectado.

Em termos de saúde pública, o peri-go destes insectos está associado aoaparecimento de pêlos urticantesmicroscópicos, a partir do terceiroinstar larvar, facilmente transporta-dos pelo vento, que causam reac-ções tóxicas em humanos e animais,como erupções cutâneas, irritação einchaço do globo ocular e aparelhorespiratório, podendo em algumaspessoas causar enfraquecimentogeral, vertigens e até mesmo amorte.

O ciclo de vida da processionária-do-pinheiro inicia-se com a emergênciados adultos em Junho/Agosto. Asfêmeas depois de seleccionarem ohospedeiro, depositam os ovos, queirão eclodir 30 a 50 dias depois, sobreas agulhas, que cobrem com escamasda extremidade do abdómen.

As lagartas, gregárias, passam porcinco instares larvares vivendo e ali-mentando-se na copa dos pinheiros.Estas constroem ninhos provisóriospara abrigo, que são sucessivamenteabandonados nas suas deslocações,até à formação do ninho definitivo.Em caso de queda ou desfolha totalas lagartas migram para outra árvo-re, o que também pode ocorrerquando as copas das árvores estãoem contacto.

Entre Fevereiro/Abril, as lagartas doúltimo instar abandonam os ninhos edescem da árvore em procissão, hábi-to que dá nome a esta praga, para seenterrarem no solo onde pupam, ter-minando assim a geração anual.

Os diferentes momentos do ciclo devida apresentados, dependem, contu-do, das condições climáticas e daregião considerada, podendo sofreralterações conforme a zona ou o ano.

Os problemas decorrentes da presen-ça desta praga em ambiente urbanosão agravados pelo facto dos ninhose reacções devidas aos pêlos só seremnotados pelo público em geral tardede mais, quando pouco ou nada há afazer para controlar a praga.

A minimização destes efeitos só épossível através do delineamento deum esquema de tratamentos especí-ficos e oportunos. Com efeito, a efi-ciência do esquema delineadodepende da correcta aplicação dosdiversos meios de protecção, peloque devem ser executados por equi-pas especializadas, apoiadas numconjunto de acções prévias de moni-torização da distribuição e status dapopulação da praga.

Um tal tratamento poderá integraras seguintes acções:

– Colocação de armadilhas iscadascom feromonas sexuais, que além deconstituírem um excelente instru-mento de monitorização da popula-ção, possibilitando a detecção dosprimeiros voos e a programação,com maior precisão, das restantesintervenções, além de reduzir aocorrência de fecundações não sópor competir com as fêmeas, relati-vamente à atracção sexual, comotambém pela diminuição do efectivodos machos da população através dasua captura;

– Libertação de predadores e parasi-tóides;

– Pulverizações a alto volume e altapressão com soluções à base de sub-stâncias antiquinina e soluções àbase de Bacillus thuringiensis, umabactéria entomopatogénica, queapós ingestão origina ao fim dealgumas horas a paralisia do hospe-deiro e consequente morte.

É ainda de referir que, dado o inten-so ataque verificado no último ciclode vida da processionária-do--pinheiro, a reduzida ou mesmo ine-xistente acção mecânica da chuvasobre os ninhos, permitindo destaforma a descida de um maior núme-ro de lagartas, as condições climáti-cas (temperatura e insolação), bemcomo o facto da população anualpoder ser adicionada de um contin-gente de indivíduos saídos de umadiapausa bienal ou trienal, prevê-senovamente um ataque severo.

Texto: SPA.

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c o l e c t i v i s m o

E lamentava: «É uma vergonha aqueles fulanos lá embaixo não terem nada que se lhe assemelhe!».

Ao ouvi-lo, pensei com os meus botões: «Bem, nuncatinha colocado a questão assim, mas para quem gostade natureza, não admira».

É com certeza essa a razão que leva a Associação dosAmigos do Parque não só a manter os seus sócioscomo também a aumentar o seu número.

Nos dias que correm, quando muita gente passa amaior parte da semana entre paredes de betão, numasociedade altamente competitiva, o retorno à familia-ridade da terra viva, prenhe de sementes e de húmus,aos bosques e campos cultivados, ouvindo o som ime-morial de regatos e o cantar da passarada, traz consi-go um prazer especial.

Aurindo recursos vitais na redução do stress, vendo osraios de sol de abraços com o aroma das flores, a cadapasso que se dá no percurso de descoberta da nature-za do Parque Biológico a alegria de viver aumenta.

Antes que os cardiologistas dos nossos Leitores lhesprescrevam a receita de eventualmente caminharemneste percurso a favor da sua própria saúde, compre-ende-se que já estejam a desfrutar o prazer de reen-contrar o Parque Biológico com assiduidade, sempreigual, sempre diferente. �

PROPOSTA DE SÓCIOPROPOSTA DE SÓCIO

Nome:

Morada:

Telefone: Bilhete de Identidade: Arquivo: Data: / /

N.º contribuinte:

Junto envio 17 euros para pagamento da quota do ano em curso e fico a aguardar recibo, cartão de sócio e outra documentação. Enviar para: Amigos do Parque Biológico – 4430-757 Avintes – Vila Nova de Gaia(Inclui entrada gratuita no Parque Biológico)

ASSINATURA

Associação dos Amigos do Parque Biológico de Gaia

Amigos do Parque«Eu, mesmo que quisesse, não conseguia pôr algum defeito no Parque Biológico deGaia», dizia Paulo Simões, de Lisboa...

Esta é uma das pontes sobre o rio Febros que fazem parte doscaminhos vicinais do Parque Biológico de Gaia

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30 Parque Biológico Verão 2005

p a r á g r a f o

TECTO DE PORTUGALPaulo Magalhães apresenta uma série de fotografias dequalidade relativas a Seia e arredores. Trata-se do registo de alguns dos ângulos da serra daEstrela, onde pontuam paisagem e flora, fauna e fungos…Numa das primeiras páginas o autor começa por dizer:

«Hei-de lá chegar!Ao princípio.E escalar os limitesOnde as nuvensApascentam pertenças.

Os sonhos sobem, como balões.E lá no tecto brancoParamNo colo do silêncio.(...)»

E colmata linhas adiante:

«De que serveCumprir-se um mar líquidoSem se cumprir sólido sonho»?

Este livro, de cerca de centena e meia de páginas, foieditado pela Câmara Municipal de Seia.

AMBIENTE: O FALSO CONSENSO

As crónicas de Bernardino Guimarães tomaram a formade um livro sob este título. Publicadas em primeira mão em vários órgãos decomunicação social, da imprensa escrita à rádio, começacom um episódio protagonizado por falcões-peregrinosque nutriu uma banda desenhada na revista PARQUEBIOLÓGICO*, vinda do talento de Manuel Mouta Faria.Depois há reflexões sobre os mais variados temascentrados na região do Grande Porto: os jardins e odireito ao silêncio, as supercidades e a ribeira da Granja,entre rio e mar, ética ambiental e a dor de primaverassilenciosas...Este livro de 95 páginas foi editado pela Edições Mortase integra a colecção Caixa de Óculos.

* N.º 3, Primavera de 2002.

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i n f â n c i a

Inverno/Primavera 2005 Parque Biológico 31

C V A A R I E R D I CT O M I L H O U O P HF R B H I U L O A E ÁA L E C R I M F C N NS Z A E R Q U O G H DC D S O Ã G E R O N EP E O Ã D Z V B N L JF O O E D A Z V N G PD R J F B I U A V Í RA I C A M O M I L A ÍZ E D F H N R U A S CC R Q E P O L N D Z IV U A R T D H L O U PN O X C B U H I O I EA L F A Z E M A N E AM F L O P E R U I N ML Ú C I A L I M A BL U S O Ã L E T R O H

P C A H N I R O D N AI D E V F E R D S C BN N R Q A P L J T V AT J Q L S A E C G J NA P O Ã H L E D R E VS R D R E G N V T U IS A C B M L P O A S RI S S F H O U T A F LL F A R R B N M G A CG H B L S D F H E M NO L E Z V B E R P O LÃ M A Z C V M L O P AR S Z H G M J P R E DE Z T R I U L N B O RA U G P J L F G I A AX S A A B N A P U O PM H I R U I M N F T AC N O T O U T I F R A

Passatempos de VerãoDescubra alguns dos animais e plantas que decerto encontra quando visita o Parque Biológico de Gaia!

Descubra 10 das plantas aromáticas existentes nalguns canteiros do Parque:

1. Andorinha

2. Chapim-real

3. Gaio

4. Melro

5. Pardal

6. Pega

7. Pintassilgo

8. Poupa

9. Rola

10. Verdilhão

Por Rita Valente

1. Alecrim

2. Alfazema

3. Camomila

4. Chá-de-príncipe

5. Cidreira

6. Hortelã

7. Loureiro

8. Lúcia-lima

9. Orégãos

10. Tomilho

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Foto

da

Esta

ção Está o lascivo

e docepassarinho

Está o lascivo e doce passarinho

Com o biquinho as penas ordenando;

O verso sem medidas, alegre e brando,

Expedindo no rústico raminho.

O cruel caçador, que do caminho

Se vem calado e manso desviando,

Na pronta vista a seta endireitando,

Lhe dá no estígio lago eterno ninho.

Desta arte o coração, que livre andava

(Posto que já de longe destinado),

Onde menos temia, foi ferido.

Porque o Frecheiro cego me esperava,

Para que me tomasse descuidado,

Em vossos claros olhos escondido.

Luís Vaz de Camões

Em Agosto, os Papa-moscas passam no ParqueBiológico a caminho de África. Tendo criado noNorte da Europa, estas aves insectívoras visitam--nos envergando já a sua veste outonal.

Em voo entre árvores e arbustos, ao pousarembatem sempre a asa, a forma mais fácil de osidentificar à distância...

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Verão 2005 Parque Biológico 33