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Ementas Ementas de Ensino Fundamental e Médio Língua Portuguesa Linguagens, códigos e suas tecnologias A linguagem, enquanto objeto de ensino, ao longo da história, nunca foi diferente das outras disciplinas que organizam as várias áreas do conhecimento. Isso significa que ela sempre esteve atrelada aos pressupostos filosóficos determinantes dos diferentes períodos da História. Considerando ser o racionalismo, enquanto pressuposto filosófico, o que ditou as regras da produção de conhecimento, ao lado do recorte feito no século XIX, em torno do historicismo, o pressuposto fundador das epistemes da modernidade, a linguagem não ultrapassou tais limites, representados no modelo de gramática descritivo/normativo. Nessa perspectiva, então, esses foram os parâmetros que nortearam as práticas pedagógicas com a linguagem, sem que houvesse nenhum abalo no paradigma posto até meados do século XX, ou, mais precisamente, até a segunda guerra mundial. Mas, dada as necessidades emergentes desse contexto do pós-guerra, o paradigma racionalista foi se redirecionando, e esse redirecionamento se pautou apenas por uma reorganização dos fundamentos constitutivos do mesmo, buscados na perspectiva dos pressupostos funcionalistas, idealizados pelo positivismo, durante todo o século XIX. Esses fundamentos possibilitaram a implementação de uma prática pedagógica pragmático/funcional no sentido de estar atendendo à demanda imposta por esse tempo histórico, caracterizado por alguns leitores do mesmo como pós-moderno. Se os fundamentos histórico/filosóficos são determinantes para o processo de produção de conhecimento, as diretrizes curriculares nacionais, de um modo geral, e, especificamente, as que têm orientado o trabalho com a linguagem, trazem, no seu bojo, os fundamentos do funcionalismo. Trata-se de

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Ementas

Ementas de Ensino Fundamental e Médio

Língua Portuguesa

Linguagens, códigos e suas tecnologias

A linguagem, enquanto objeto de ensino, ao longo da história, nunca foi

diferente das outras disciplinas que organizam as várias áreas do

conhecimento. Isso significa que ela sempre esteve atrelada aos pressupostos

filosóficos determinantes dos diferentes períodos da História. Considerando ser

o racionalismo, enquanto pressuposto filosófico, o que ditou as regras da

produção de conhecimento, ao lado do recorte feito no século XIX, em torno do

historicismo, o pressuposto fundador das epistemes da modernidade, a

linguagem não ultrapassou tais limites, representados no modelo de gramática

descritivo/normativo. Nessa perspectiva, então, esses foram os parâmetros que

nortearam as práticas pedagógicas com a linguagem, sem que houvesse

nenhum abalo no paradigma posto até meados do século XX, ou, mais

precisamente, até a segunda guerra mundial.

Mas, dada as necessidades emergentes desse contexto do pós-guerra, o

paradigma racionalista foi se redirecionando, e esse redirecionamento se

pautou apenas por uma reorganização dos fundamentos constitutivos do

mesmo, buscados na perspectiva dos pressupostos funcionalistas, idealizados

pelo positivismo, durante todo o século XIX. Esses fundamentos possibilitaram

a implementação de uma prática pedagógica pragmático/funcional no sentido

de estar atendendo à demanda imposta por esse tempo histórico, caracterizado

por alguns leitores do mesmo como pós-moderno.

Se os fundamentos histórico/filosóficos são determinantes para o processo de

produção de conhecimento, as diretrizes curriculares nacionais, de um modo

geral, e, especificamente, as que têm orientado o trabalho com a linguagem,

trazem, no seu bojo, os fundamentos do funcionalismo. Trata-se de

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documentos que, num processo inverso, propõem a produção de conhecimento

como algo a serviço do trabalho, portanto, de caráter instrumental. Nessa

perspectiva, o trabalho com a linguagem saiu de um lugar apenas curricular,

calcado na lógica das estruturas por elas mesmas, para se tornar lugar de

demanda, apontada pelas competências, sendo essa demanda determinada

pelos princípios orientadores da pós-modernidade. Trabalha-se, portanto, com

a linguagem enquanto competência comunicativa. Esse é o principio norteador

para a educação básica, tanto em nível de ensino fundamental como em nível

de ensino médio.

Cabe, agora, ressaltar, em se tratando de trabalho com a linguagem, a forma

de ordenamento que se propõe para essa educação, nivelada em ensino

fundamental e médio. Para o ensino fundamental, as diretrizes nacionais

propõem um adentramento sistematizado no processo de leitura e de escrita,

tendo o ensino de gramática como algo da ordem da constitutividade da

competência do sujeito, que é considerado aprendiz do discurso. Já as

Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio – DCNs – definem três áreas de

conhecimento como base para os currículos, sendo uma delas, a área de

Linguagens, códigos e suas tecnologias. Pela resolução do Conselho

Estadual de Educação – CEE – nº 137/99 compõem essa área as disciplinas

de Língua Portuguesa, Educação Artística e Educação Física. Para este

documento foram incluídas as disciplinas de Línguas Estrangeiras (modernas),

que compõem o núcleo diversificado, por também tratarem da linguagem.

O racionalismo, levado às últimas conseqüências, elevou o processo de

produção científica a uma condição atomista, e o conhecimento que, logo no

início da modernidade, se transformou em disciplinas, se transformou, também,

em partes mínimas a serem estudas. Mas, considerando que estamos sempre

retornando a um ponto de origem, nesse sentido, em se tratando do processo

produção de conhecimento, é necessário que se reconheça que a pós-

modernidade estabeleceu um processo de ruptura, indo além de uma

abordagem atomista das ciências, enquanto objeto de ensino. Nessa

perspectiva, as diretrizes já propõem um direcionamento no processo ensino/

aprendizagem no sentido de que esse processo seja pensado a partir de áreas

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de conhecimento e não mais de disciplinas isoladas, o que permite uma visão

mais abrangente das temáticas trabalhadas pela escola.

Marcando agora uma ruptura com o caráter instrumental das ciências, de um

modo geral, implementadas na modernidade, e considerada de suma

importância para atender aos pressupostos da pós-modernidade, marcando,

também, uma ruptura com a abordagem atomista a que a ciência chegou, este

documento pretende discutir, ainda que de maneira sucinta, a relação entre

linguagens, códigos e suas tecnologias, sob o olhar do trabalho, da ciência e

da cultura, o que pode conduzir a uma reflexão sobre o corpo, sobre as artes e

sobre as línguas. O objetivo é o de sensibilizar as pessoas envolvidas com o

fazer educativo às quais caberá a elaboração dos currículos escolares.

Língua Portuguesa

Elaboradores: Professora Doutora Virgínia Beatriz Baesse Abrahão

Professora Mestra Cássia Olinda Nunes

Professor Mestre Antonio Fabio Memelli

Linguagens e códigos

Muito mais que instrumentos de comunicação, linguagens e códigos variados

são marcas de organização e constituição de um povo, num tempo /espaço

histórico específico, como diria Gonzaguinha, “jogo de trabalho na dança das

mãos”. Encará-los como instrumentos é fechar os olhos para os sujeitos que se

constituem em linguagem, na linguagem, para a linguagem e pela linguagem.

As aulas que tratam da linguagem articulada podem ser um precioso suporte

para a redescoberta de cada um dos envolvidos no processo pedagógico e

para a sua reconstrução em múltiplas linguagens.

Num tempo globalizado de um imperialismo mundializado galopante, o que

importa é a redescoberta do singular, do particular, na perspectiva das

organizações grupais, a fim de que se estabeleçam as bases da interlocução

sem fronteiras. Afinal, só quando o global se erige do particular é que a

massificação não impera. Respeitar as linguagens particulares já é bastante,

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mas é preciso ir além, no sentido de se fazer reconhecer e de reconhecer o

outro a partir de sua linguagem, a qual passa pelo seu corpo, pelo seu jeito de

ser e de viver, que está em cada gesto, em cada olhar e ali pode ser

identificada. Linguagens que possuem múltiplas formas de expressão em

estratégias de criação variadas. Depois de as raízes da linguagem de cada

comunidade, em suas significativas formas de expressão, estarem bem

trabalhadas e alicerçadas pelos grupos, estes estarão em condições de se

expandir na incorporação de outras linguagens. Evidentemente, esse trabalho

não se vincula somente à escola, mas ela possui um papel fundamental na

busca da construção da identidade coletiva.

No processo de ampliação das condições de linguagem, todos correm um sério

risco de se perder e de nunca mais se reencontrar. Assim, perdidos de si

mesmos, passam a se constituir em “massa”, sem afinidades com

manifestações culturais locais, referenciando-se na cultura de massa.

Subsumidos no todo, afastados do particular, resta a essas pessoas direcionar

seus desejos para o que lhes é externo, num processo que gera insatisfação

constante, o que cria mais consumo e menos saúde, e essa passa a se

constituir, também, em mercadoria. O trabalho com a linguagem, em sua

acepção mais ampla, é, portanto, de fundamental importância, pois significa

uma retomada do sujeito nela constituído.

Um professor de biologia reclamava que o estudo dessa disciplina, nos moldes

tradicionais, se faz muito mais a partir da morte do que da vida, já que

cadáveres incomodam menos para serem estudados. Também o estudo da

linguagem, tanto na perspectiva da gramática tradicional quanto na perspectiva

dos modelos de abordagem das gramáticas funcionais, tem se restringido à

língua em estado de quase inércia. É preciso fazer com que as reflexões sobre

a linguagem, nas suas variadas manifestações, passem pelo pulsar da vida,

que vibrem em movimento, em criação, e que a condução desses estudos

respeite o movimento de inserção pessoal, pois, afinal, apreender uma

linguagem é também incorporá-la, de algum modo, trazê-la para o corpo,

respirar a sua forma de organizar a cultura e o saber.

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A escrita, como manifestação específica da linguagem, possui uma história de

constituição que se desiguala de lugar para lugar, possui uma organização

própria a qual traduz um modo de olhar o mundo, um jeito de se colocar frente

aos fatos. Afinal, nem tudo é possível de se dizer por escrito e, muitas vezes, a

escrita estrutura estratégias diferenciadas de dizer, as quais carreiam

intencionalidades e efeitos de sentido bastante demarcados de antemão. Por

isso, a linguagem escrita está longe de ser uma mera transposição da

linguagem oral. Adentrar a escrita significa assumir uma organização de mundo

própria desse código e, por isso, somos compelidos a adentrá-la parcialmente.

Outros já a assumem de tal modo que transferem para a oralidade as

estratégias da linguagem escrita. Para muitos, a relação com o texto se

restringe à leitura ou à escrita de alguns tipos de textos socialmente

estereotipados, como acontece com as redações de vestibular. Desse modo,

da mesma forma que aprendemos a falar testando as possibilidades,

arriscando-nos, também vamos adentrando a escrita a partir das oportunidades

que nos são dadas de nos ambientarmos a ela e de nos arriscarmos na sua

produção.

Uma escrita que “faça diferença” seria aquela que consegue marcar um estilo,

artimanhas renovadas na manipulação do código, mas que, sobretudo, marque

uma leitura de mundo diferenciada, demarcando uma certa sensibilidade ou um

certo olhar que foge ao esperado. Mas, no geral, o que vemos são textos

iguais, inseridos num processo de produção de massa. Nesse sentido, a leitura

está fortemente entrelaçada à produção de texto, já que escreve melhor não

quem lê mais, mas quem lê “melhor”, quem entrelaça dados, reconstruindo o

texto estabelecido, trazendo-o para o seu tempo histórico e, a partir desse

lugar, provocando movimento, reconduzindo as suas estratégias de produção.

Tal qual o aprendizado de outras linguagens, o aprendizado da escrita precisa

ser encarado como um forte desafio, que exige esforço concentrado e

estratégias didáticas específicas. Ela está, portanto, longe de ser um processo

natural, pois requer muita atenção e trabalho, além de necessitar de vivências

que levem à ambiência com o código e com a “organização de mundo” que

esse propõe.

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Além de requerer uma opção pessoal, o aprendizado de qualquer linguagem

requer exposição a ela, pois não há linguagem fora de uma organização

simbólica específica. Essa ambiência não significa simples contextualização ou

mera apresentação de uma variante, através de um texto oral ou escrito. É

preciso levar à compreensão das implicações inseridas nos diferentes usos de

uma língua, referentes às questões histórico-sociais. Por serem indissociáveis,

a linguagem e a cultura devem ser trabalhadas em conjunto, buscando,

contudo, evitar reduzir a cultura a algumas manifestações emblemáticas.

Da mesma forma que a escola deve trabalhar o discurso científico, deve tratar,

também, das manifestações da linguagem ligadas ao trabalho, nas suas

variações de época para época, buscando compreender a organização da

sociedade, seus valores, seus padrões éticos e estéticos, mobilizando uma

reflexão sobre o funcionamento da linguagem na organização social,

confrontando, assim, diversos padrões de comportamentos lingüísticos. Só um

olhar analítico poderá substituir as padronizações esvaziadas de sentido.

2- A língua e as línguas.

A Língua Portuguesa, no Brasil, possui uma história de exclusão e de negação

do particular. Hoje, ensinar a língua padrão, aquela da cultura dominante, é

quase como ensinar uma língua estrangeira. Essa é uma realidade para a qual

se faz impossível escamotear o nosso olhar.

Após submeter os alunos a uma reflexão sobre o papel da linguagem na

sociedade, suas diversidades e, após levá-los a se reconhecerem em

linguagem, poderíamos nos perguntar até que ponto nossos alunos estão

expostos à norma padrão? Qual o seu nível de distanciamento, de rejeição ou

de identificação com essa norma? A partir dessas respostas será possível

trabalhar níveis diferenciados de apreensão dessa norma, através de

estratégias que não passem exclusivamente pelas suas regras de estruturação.

Tal como aprendemos língua estrangeira podemos oportunizar ao grupo a

apreensão de diferentes aspectos da norma padrão, seja para a leitura, seja

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para a escrita, seja para a expressão oral ou, simplesmente, para a

compreensão, no ato da interlocução. Só assim o ensino dessa norma deixará

de ser tratado a partir das estruturas por elas mesmas.

Adentrar a norma é adentrar uma estruturação de mundo específica, de um

grupo de cultura dominante, a qual reflete uma organização sintático-semântica

própria, além de pausas, de acentos, de preferências morfológicas e lexicais.

Por isso, os cuidados devem ser os mesmos que temos quando levamos o

grupo a apreender outras línguas. É necessário fazer com que ele se

reconheça nessa língua de cultura do seu país, mas também que ele se

desconheça nessa produção cultural, na medida em que se identifica com seu

grupo de origem, o que não significa que ele deva ficar alijado do processo de

apropriação da língua de cultura. Assim, os grupos erigem em si a nação, em

suas particularidades que dialogam com um coletivo mais ampliado, tendo a

norma padrão como a base desse diálogo.

3- O lugar da análise.

Dentro dessa concepção de linguagem e de conhecimento, a análise possui

espaço privilegiado. Afinal, já não basta olhar a língua como natural e nem

como separada do homem. Analisá-la é, portanto, perceber os seus modos de

funcionamento no social, sem desconhecer o seu processo histórico. Nesse

sentido, a fragmentação dos aspectos que compõem a língua deve ser evitada.

A sintaxe de uma língua é, afinal de contas, parte da sua constituição

semântico/ fono/ morfológica. Conduzir reflexões sobre o funcionamento da

linguagem significa, portanto, observar a língua atentamente. É preciso cultivar

o hábito da observação acurada, desveladora de significâncias.

Há, sem dúvida, reflexões acumuladas sobre as gramáticas das línguas, as

quais precisam ser consideradas, mas, mais importante do que trazê-las em

“pacotes fechados” aos alunos, é fazer com que eles exerçam a observação.

Portanto, cultivar espaços para essa atividade é de fundamental importância

para a prática pedagógica.

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4 - Linguagem e literatura

O professor Antonio Candido, importante crítico literário e pensador do Brasil,

escreveu que “literatura é o sonho acordado das civilizações.” Esta sentença

remete à idéia de que quanto menos literatura uma sociedade produz e

consome, menos sonhos ela terá. O sonho de que fala Antonio Candido é a

tradução do desejo coletivo de um povo viver intensamente sua cultura, sem se

preocupar excessivamente com sua sobrevivência e de sua família, que lhe

seria garantida pelo trabalho digno e justamente remunerado dos adultos.

A Escola, como ambiente privilegiado de inclusão dos alunos em sua própria

cultura e sociedade, não tem atingido significativamente seu objetivo de formar

leitores, especialmente o leitor que perpetua a tradição e a renovação do texto

literário, gênero que tem perdido seu espaço e importância na sala de aula,

embora existam inúmeros programas de incentivo à leitura e uma relativa

melhoria das bibliotecas escolares.

A experiência prática e os estudos acadêmicos mostram que, quanto mais

cedo se der início a tal formação, mais os leitores se valerão desta condição

como forma de crescimento e satisfação pessoais, apropriando-se da literatura

como estratégia para abrir mais um canal de comunicação que os conecte a

outras formas de linguagem e pensamento que lhes dêem subsídios para

pensar a complexidade do mundo real.

O ensino de literatura ocorre de maneira diversa e, na quase totalidade das

escolas do Estado, atrelado ao ensino da língua portuguesa, tanto no ensino

fundamental quanto no ensino médio. Sem o status de “disciplina”, muitas

vezes torna-se um pretexto para outros objetivos, desde o aperfeiçoamento da

leitura oral por meio do texto literário à sua utilização como ilustração de

alguma data comemorativa, por exemplo. Afinal, é possível e/ou válido e ensino

de literatura “pura”? Sem pretender responder de forma definitiva a esta

questão, propomos algumas considerações para os professores.

Inicialmente identificada como escrita imaginativa ou arte da palavra, a

literatura não possui um conceito único e fechado, e os teóricos estão sempre

desconstruindo qualquer afirmação mais categórica a este respeito. Se

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afirmamos que literatura é o texto ficcional, Terry Eagleton, nos lembra que a

ficção apresentada nas histórias em quadrinhos não é necessariamente

literária e que muitos textos podem ser considerados verdadeiros por algumas

pessoas e para outras não passam de ficção, como é o caso dos textos

sagrados. No entanto, não podemos negar que o texto literário possui certas

particularidades que o identifica como tal. É que percebemos de alguma forma

que o texto literário procura um algo mais além de comunicar uma informação,

mas atua atingindo camadas mais profundas de nossa percepção. Precisamos

contar com certa cumplicidade do leitor para que ele se identifique e se

manifeste seja o leitor mais ingênuo, como as crianças das séries iniciais, seja

o professor mais experiente.

Também não devemos nos preocupar excessivamente se os alunos não

gostam de poesia, ou de romance, ou de qualquer outra manifestação literária.

Nossas reações críticas estão mais ligadas a preconceitos dados pelo meio em

que vivemos ou a idiossincrasias estéticas do que a um real juízo de valor.

Além disto, todo leitor é um leitor ideal e em potencial para algum tipo de texto,

e quanto maior a diversidade de textos a que ele tiver acesso, maiores serão

suas chances de encontrar seu gênero favorito. Da mesma forma, não

podemos esperar que todos os alunos gostem de determinado estilo de época.

O valor literário de um texto em determinada época não garante que ele será

bem aceito em todas as épocas vindouras, embora saibamos que os autores

que foram canonizados como os principais representantes das escolas

literárias permanecerão. Não se concebe uma humanidade futura sem

Shakespeare ou um Brasil letrado que não conheça e admire Machado de

Assis.

Nas séries iniciais do ensino fundamental, o professor depara-se com o

problema da adequação do texto literário à faixa etária de seus alunos. A

questão torna-se relativamente simples se não nos prendermos demais a

categorizações como literatura infantil, infanto-juvenil, etc. Devemos lembrar

que os contos de Andersen ou de Monteiro Lobato são apreciados por leitores

de todas as idades, assim como há leituras “adultas” dos contos de fada ou dos

livros de Lewis Carroll.

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Já no ensino médio o maior problema do professor tem sido o atrelamento do

ensino de literatura ao livro didático que impõe a historiografia dos estilos de

época como eixo principal da aprendizagem, ignorando a literatura

contemporânea, regional ou que está fora do cânone eleito por tais livros,

assim como não privilegia a articulação destes conteúdos a questões mais

contemporâneas e, portanto, mais familiares aos estudantes. Em alguns casos,

os livros trazem fragmentos de textos maiores que não dão conta de sua

complexidade e de seu valor estético, tirando a oportunidade de o aluno

perceber a leitura do texto literário como possibilidade de explorar seus

aspectos lúdicos, estéticos, lingüísticos, sociais, etc.

5- Temas, ementas e objetivos.

Serão listados, a seguir, alguns temas pertinentes à estruturação de um

currículo de Língua Portuguesa, bem como as ementas a eles relacionadas e

os objetivos correspondentes. Evidentemente, tudo o que segue decorre das

reflexões anteriormente propostas.

Tema 1: Reflexões sobre a linguagem.

Ementa: A linguagem como manifestação da cultura e como constituidora dos

sujeitos sociais. A identidade da linguagem no grupo e o reconhecimento de

outras linguagens. Reflexões sobre a história e sobre o funcionamento da

linguagem vinculada à cultura local. O papel da linguagem na sociedade atual e

suas relações com a organização do trabalho.

Objetivos:

a) Analisar o papel da linguagem na sociedade, dentro do quadro histórico,

e o seu papel na sociedade atual.

b) Refletir sobre a linguagem enquanto constituidora dos nossos desejos e

saberes.

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c) Oportunizar a identificação da linguagem do grupo, envolvendo, para

isso, um trabalho conjunto com as áreas de Educação Artística e

Educação Física, procurando envolver a comunidade em geral, sua

história e costumes.

d) Aprender outras linguagens, como a da informática, a das ciências, a

das técnicas, as variações lingüísticas na cultura local, conforme as

necessidades e interesses do grupo, buscando reconhecer não só as

suas formas de manifestação, mas também a sua organização, os

valores a elas veiculados, suas estratégias de funcionamento.

e) Estruturar momentos de observação acurada sobre as formas de

organização e funcionamento da linguagem do grupo imediato.

Tema 2: Leitura e produção de textos:

Ementa: Leitura e escrita: processos de (re)significação. O texto escrito,

suas características e estratégias de funcionamento social. O adentrar a

linguagem escrita como um aprendizado não natural, considerando os

diferentes gêneros textuais. A interface leitura e produção de textos.

Objetivos:

a) Pensar a modalidade escrita da língua em suas diversas manifestações

sociais.

b) Buscar refletir sobre o modo de funcionamento da linguagem escrita e

sua maior ou menor proximidade com a linguagem oral.

c) Trabalhar textos de diferentes gêneros, com maior ou menor

proximidade da linguagem oral.

d) Reconhecer o papel da linguagem escrita na produção de

conhecimento, seja via linguagem poética, seja via linguagem científica.

Page 12: Ementas Documento Final

e) Refletir sobre as relações da escrita com a organização do trabalho, em

diferentes momentos da história, enfocando, prioritariamente, o

momento atual.

f) Treinar a leitura como uma espécie de reescritura dos textos, na medida

em que confronta valores e perspectivas.

g) Trabalhar a produção de textos na busca da expressão do particular,

dos valores grupais e pessoais, da expressão da sensibilidade e da

criatividade, em detrimento da padronização e do escamoteamento das

diferenças.

h) Tratar a leitura e a produção de textos como momentos indissociáveis

de um mesmo processo, já que quem lê pode estar também

reescrevendo o texto, não se limitando a passivamente decodificá-lo, e

quem produz um texto interfere na realidade com a leitura advinda do

reconhecimento do lugar histórico-social de produção do texto escrito.

i) Buscar refletir sobre a entrada na escrita como o assumir de valores e

de olhares de uma classe social específica.

j) Mostrar ao aluno os seus passos de entrada na escrita, na medida em

que se reconhecem as marcas de oralidade em seus textos.

Tema 3: Análise lingüística.

Ementa: As diversas estruturações das diferentes variedades lingüísticas,

presentes num determinado momento histórico-social de um país, tendo

como parâmetro a língua padrão. As modificações históricas ocorridas nas

gramáticas das línguas. A língua padrão e seu funcionamento social. A

gramática da língua padrão oral em confronto com a gramática da língua

padrão escrita. A correlação sintaxe, semântica, fonologia e morfologia no

processamento de uma gramática específica.

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Objetivos:

a) Levar os alunos a observar o modo de funcionamento de uma língua

específica, elaborando reflexões sobre sua gramática, preferencialmente

exercendo a comparação.

b) Trabalhar a indissociabilidade entre a sintaxe, a semântica, a fonologia e

a morfologia de uma língua, apesar das especificidades de seus

processos.

c) Trazer reflexões de teóricos da linguagem que levem ao

aprofundamento das reflexões já elaboradas pelo grupo.

d) Tratar as diferentes estruturas de uma língua, tendo em vista as suas

variações regionais, sociais e etárias e suas diferentes modalidades de

uso.

e) Elaborar reflexões acuradas sobre a língua, mas que levem em conta as

formas de manifestação da mesma, tendo em vista a indissociabilidade

entre gramática e uso da língua.

f) Evitar a utilização de classificações e nomenclaturas estéreis e

fossilizadas, que tendem a considerar a língua separada do seu

funcionamento social.

g) Analisar a linguagem a partir de suas diferenças e particularidades,

levando à compreensão da língua como multifacetada e dinâmica.

h) Trabalhar as análises lingüísticas em graus variados de dificuldades,

buscando expor o aluno às diferentes manifestações lingüísticas,

treinando nele um olhar sobre a linguagem.

i) Preservar, antes de tudo, o respeito e a admiração pelas manifestações

diferenciadas, entendendo o diferente como uma manifestação da vida

que se desiguala.

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Tema 4: Estudos literários.

Ementa: A literatura como manifestação cultural da sociedade brasileira.

Principais características do texto literário. O caráter regional e universal da

literatura. Poesia e subjetividade. Narrativa e polifonia. O drama e a linguagem

cênica. Literatura e outros discursos. Os estilos de época como retrato da

evolução cultural e social do Brasil, sua evolução discursiva e ideológica.

Temas e motivos recorrentes na literatura brasileira.

Objetivos:

a) Entender o fenômeno cultural como a realização da necessidade de

ficção do homem, bem como representação de suas principais

preocupações existenciais.

b) Entender a literatura como uso artístico da linguagem, explorada em

seus aspectos lingüísticos, estéticos, sociais, lúdicos, etc.

c) Entender o discurso literário como uma sobreposição de vozes: do autor,

do narrador, da personagem, da opinião pública e de outras vozes.

d) Reconhecer os diferentes gêneros literários e suas manifestações:

poesia, conto, romance, novela, fábula, lenda, canção, cordel, peça

teatral, sermão, carta, discurso, dentre outros.

e) Leitura de textos de autores de diferentes gêneros e estilos.

f) Estudo de autores representativos dos estilos de época no Brasil.

g) Articular o discurso literário com outros discursos de diferentes

manifestações artísticas.

Referências Bibliográficas:

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 5ª ed. SP: Hucitec,

1970.

Page 15: Ementas Documento Final

BARTHES, Roland. O prazer do texto. Lisboa: Edições 70, 1973.

BERNARDO, Gustavo. REDAÇÃO inquieta, 4ª ed. São Paulo: Globo, 1991.

BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras,

1992.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história

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______________ Na sala de aula: Caderno de análise literária.São Paulo:

Ática (série Fundamentos), 1998.

EAGLETON, Terry. Teoria de Literatura: uma introdução. São Paulo:

Martins Fontes, 1994.

GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercício de militância e

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_______________ Portos de passagem. São Paulo: Martins fontes, 1991.

GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. 3ª ed. Martins Fontes:

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LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. SP: Ática,

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Leitura e literatura infanto juvenil (Org. Francisco Aurélio Ribeiro). Vitória:

UFES, Centro de Estudos Gerais, Departamento de Línguas e Letras,

Mestrado em Letras, 1997.

PAZ, Otavio. A dupla chama: Amor e Erotismo. São Paulo: Siciliano, 1994.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas:

SP: 1996.

Zilberman, Regina & Silva, Ezequiel Theodoro da. (org) Leitura –

perspectivas interdisciplinares. 5ª ed. SP: Ática, 2000.

Page 16: Ementas Documento Final

MATEMÁTICA

Justificativa:

Nas últimas décadas, o meio acadêmico e os profissionais atuantes no ensino

da Matemática, nos diversos níveis de escolarização, vêm levantando

importantes questões com o intuito de se promover a melhoria do processo

ensino-aprendizagem da Matemática. Não são poucas as tentativas para que

isso ocorra, seja contextualizando os conteúdos, seja aplicando novas

metodologias. Alguns professores freqüentemente se debatem sobre sua

prática de ensino, procurando inserir, de fato, essa Ciência no convívio diário

do aluno, aproximando-o cada vez mais da sua realidade.

Pesquisas e propostas pedagógicas realizadas no Brasil e no exterior,

enfatizam uma concepção de ensino e aprendizagem que privilegia a

construção do conhecimento matemático em sala de aula, haja vista, o

surgimento de uma geração mais dinâmica e participativa. Busca-se, assim,

dar sentido e significado aos conteúdos matemáticos desenvolvidos ao longo

do ensino fundamental e médio, que vão se configurando a partir da articulação

de uma multiplicidade de aspectos. Dentre eles destaca-se a variedade de

interações estabelecidas em sala de aula, não só cognitivas, mas também

afetivas. O que permite a diferentes sujeitos, em momentos distintos, ocupar (e

alternar) o lugar de quem ensina e de quem aprende. Ensinar Matemática,

nesse início de século, exige do professor sagacidade a respeito de como se

dá a apropriação do saber matemático.

Entretanto, os estigmas existentes em torno dessa disciplina provocam um

certo mal estar em algumas pessoas. Ensiná-la, parece ser a instalação de

algo para além do humano e, o mediador dessa prática se torna um mito.

Talvez essas considerações se fundamentem ao retornarmos à história e

verificarmos que filósofos pitagóricos determinavam que os conhecimentos

matemáticos não deveriam ser transmitidos aos não iniciados nos complexos

rituais da seita, limitando-se a um grupo seleto de pessoas ligadas à sociedade

pitagórica, revestindo assim a ciência de um caráter elitista e seletivo. Para

ferreira (1993, p. 15),

Page 17: Ementas Documento Final

… sem dúvida, é a Matemática a disciplina que mais é

chamada na hora de arbitrar para a cidadania. É ela quem mais

reprova e, portanto, é a grande responsável pela exclusão da

maioria da população de participar da cidadania.

Todavia, os objetivos desse ensino, em níveis fundamental e médio, são

múltiplos e descaracterizam esse mecanismo de exclusão. Dentre eles,

podemos destacar três: (1) o desenvolvimento, nos alunos, da compreensão do

significado, estrutura e função dos conceitos matemáticos; (2) o

desenvolvimento da competência para construir abordagens matemáticas para

problemas e situações; (3) a apreciação da atividade matemática como prática

cultural (Meira, 1993).

Dessa forma, o NCTM - National Council Of Teachers Of Mathematics - (apud

Carvalho,1994, p. 81), diante das preocupações inerentes ao processo ensino-

aprendizagem, dá ênfase às competências básicas esperadas para esse

século, quais sejam:

a capacidade de planejar as ações e de projetar as soluções

para problemas novos, que exigem iniciativa e criatividade;

a capacidade de compreender e transmitir idéias matemáticas,

por escrito ou oralmente;

a capacidade de usar independentemente o raciocínio

matemático, para compreensão do mundo que o cerca;

saber aplicar matemática nas situações do seu dia-a-dia;

saber avaliar se resultados obtidos na solução de situações-

problema são ou não são razoáveis;

saber fazer estimativas mentais de resultados ou cálculos

aproximados;

saber aplicar as técnicas básicas do cálculo aritmético;

Page 18: Ementas Documento Final

saber empregar o pensamento algébrico, incluindo o uso de

gráficos, tabelas, fórmulas e equações;

saber utilizar os conceitos fundamentais de medidas em

situações concretas;

conhecer as propriedades das figuras geométricas planas e

sólidas, relacionando-as com os objetos de uso comum, no dia-

a-dia ou no trabalho;

saber utilizar a noção de probabilidade para fazer previsões de

eventos de acontecimentos.

Note-se que, para desempenhar seu papel de cidadão, o homem precisa ter

conhecimento, informações, dados que lhe permitam tomar uma posição diante

das situações com as quais se depara. Portanto, entendemos a matemática

como componente importante na construção da cidadania, na medida em que a

sociedade se utiliza cada vez mais de conhecimentos científicos e recursos

tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar.

Nesse sentido, é importante que se tenha como meta um ensino de

matemática que desempenhe seu papel na formação de capacidades

intelectuais, estruturando o pensamento e encorajando o raciocínio lógico dos

alunos, para que dessa forma, possa-se inserí-los no mundo do trabalho, das

relações sócio-culturais, além de se utilizar dessa ciência como apoio à

construção de conhecimentos em outras áreas curriculares (pcn, 1997).

A batalha é grande, mas não impossível e, em decorrência disso, algumas

questões têm sido levantadas, na área de educação matemática, para que, a

partir delas, possam surgir possibilidades de inovação do ensino e

aprendizagem da matemática. As discussões que se têm feito na área a

respeito do currículo matemático mais adequado às necessidades da maioria

dos alunos apontam para que haja uma valorização da pluralidade sócio-

cultural existente no brasil. A suposição de que se ensinar matemática baseado

em um currículo comum aos diferentes modos de vida, valores, crenças e

Page 19: Ementas Documento Final

conhecimentos, acabou se tornando inócua, considerando as efetivas

diferenças inerentes a cada região de nosso país (introduction, 1984).

Evidentemente, um currículo diversificado, flexível para cada realidade sócio-

cultural ainda se apresenta como um desafio para a educação matemática.

A adoção de uma proposta, requer do professor uma alteração em sua postura,

o que lhe exige questionamentos frente a determinados conteúdos. Ele tende a

assumir metodologias que indiquem melhorias no ensino, mais especificamente

no da Matemática.

Várias pesquisas, como já mencionamos, indicam que uma das maiores

preocupações que o professor tem ao entrar numa sala de aula é cumprir todo

o programa - da primeira a última página - independente dos resultados obtidos

pelos alunos. Temos conhecimento de inúmeros fatores que levam o professor

a este comportamento, isto é, a tríade existente no processo educacional

professor - aluno - saber matemático, é desconsiderada em detrimento do

binômio professor - conteúdo programático. Percebemos assim que o aluno é

posto em segundo plano, com seus saberes e experiências de vida.

Na elaboração da presente proposta, questões se fizeram presentes as quais

nos serviram de suporte para algumas reflexões, a saber:

π Informar é educar?

π Educar é um ato de se ensinar a pensar?

π O quê diferencia a mediação e a transmissão de um conhecimento?

Mediante tais questões e acreditando ser o conhecimento uma construção em

espiral, enfatizamos que o professor deva ter um sólido conhecimento

específico e metodológico da disciplina que se propõe a ministrar. Para tanto,

apresentamos a seguir uma proposta metodológica que auxilie os professores

dos ensinos Fundamental e Médio.

METODOLOGIA

Page 20: Ementas Documento Final

O papel da escola nos ensinos Fundamental e Médio, em nosso entender, é

orientar os alunos num processo de produção de conhecimentos e formação de

conceitos científicos. Estes por sua vez, fazem parte do processo de

organização da atividade humana. Não estamos dizendo que a atividade

humana, organizada por meio de conceitos científicos, sejam as únicas

legítimas. Enfatizamos que o papel da escola é possibilitar ao aluno a migração

do campo da informação para o do saber, mais especificamente o do saber

científico.

Nesse sentido, os conhecimentos matemáticos apreendidos na escola

assumem uma dimensão importante, à medida que possibilitam o

desenvolvimento humano e, assim, uma reconstrução do mundo que o

cerca.

A Matemática é uma disciplina que privilegia a abstração e o raciocínio. Mesmo

quando o professor se utiliza de material concreto para a exposição de um

determinado tópico, ele deve possibilitar aos alunos, por meio dos objetos

manuseados, condições para a abstração das suas características específicas.

Portanto, os objetivos que devem ser atingidos por estas atividades são a

produção de conhecimento e a formação de conceitos; suas aplicações em

situações-problema e o estabelecimento, sempre que possível, de inter-

relações entre os conteúdos ministrados. Percebemos aí uma possibilidade de

se dar a aprendizagem de Matemática.

Justificando as ementas propostas, entendemos que: os objetivos da

Matemática tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, devem dar

acesso aos conceitos de: espaços, formas, trigonometria, números,

grandezas, medidas, estatísticas e probabilidades, entre outros. Esse acesso

permite ao aluno uma participação dinâmica na Sociedade, tornando-o um

cidadão consciente e crítico.

A proposta apresentada por série não deve ser entendida como repetição e

sim, como ampliação dos conceitos trabalhados à medida que o aluno se

Page 21: Ementas Documento Final

apodera de um repertório mais extenso. Essa retomada, por si só, permite uma

reflexão por parte de quem ensina e por parte de quem aprende.

Nesse contexto, sempre que o professor lançar mão da apresentação dos

objetos de estudo em questão, ele estará propiciando ao seu aluno condições

de se tornar um sujeito autônomo e criativo.

Portanto, para que o professor possa se instrumentalizar adequadamente para

seus objetivos serem alcançados, ele poderá se valer de algumas

metodologias discutidas pela área da Educação Matemática, quais sejam;

Resolução de Problemas; Modelagem Matemática; História da Matemática;

Jogos Matemáticos; Tecnologia Educacional e etc..

Não estamos sustentando a idéia de que estas possíveis metodologias estejam

acabadas, pois as discussões efetivadas pela área ainda se encontram em

processo de construção. Entretanto, acreditamos que a apropriação de

qualquer uma delas, não exclui outras, pois elas se completam, haja vista, o

profissional inserido neste contexto, desejar um trabalho sério e comprometido

com o processo ensino-aprendizagem.

As especificidades das metodologias sugeridas poderão ser estudadas nos

cursos de formação continuada previstos pela SEDU.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros CurricularesNacionais. Brasília, 1997.

CARVALHO, João Pitombeira de. Avaliação e Perspectiva da Área deEnsino de Matemática no Brasil. Em Aberto, Brasília, n. 62, 1994.

FERREIRA, Eduardo Sebastiani. Cidadania e Educação Matemática. A

Educação Matemática em Revista – SBEM, [S. L], n.1, 1993.

INTRODUCTION. In: International Congress On Mathematical Education, 5,

Adelaide, 1984. Report And Papers. [S..L.] : UNESCO, 1984.

Page 22: Ementas Documento Final

MEIRA, Luciano. O Mundo Real e o Dia-A-Dia no Ensino da Matemática. A

Educação Matemática em Revista – SBEM, [S. L], n. 1, 1993.

SIQUEIRA FILHO, Moysés Gonçalves.[Re]criando modos de ver e fazerMatemática: as estratégias utilizadas por alunos adultos na Resolução de

Problemas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em

Educação, UFES, 1999.

EMENTAS

• SÉRIE INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Bloco Único

Construção do conceito de número. Quantidades continuas e discretas.

Numeral. Números Naturais. Princípios do sistema de numeração decimal.

Operações fundamentais. Espaço e forma. Grandezas e medidas. Tratamento

da informação.

3a Série

Números naturais. Sistema de numeração decimal. Números racionais.

Operações fundamentais. Espaço e forma. Grandezas e medidas. Tratamento

da informação.

4a Série

Números naturais. Sistema de numeração decimal. Números racionais.

Operações fundamentais. Espaço e forma. Grandezas e medidas. Tratamento

da informação.

• SÉRIE FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

5ª. Série

Poliedros. Polígonos. Planificação. Números Naturais e Decimais. Operações.

Frações. Porcentagem. Múltiplos. Divisores. Números primos. Álgebra. Tabela.

Gráficos. Medidas.

Page 23: Ementas Documento Final

6ª Série

Ângulos. Retas. Vistas. Números Inteiros e Racionais. Operações. Razão.

Proporção. Porcentagem. Grandezas Proporcionais. Equações e Inequações

de 1º grau. Possibilidades. Chances. Medidas.

7ª Série

Triângulos, quadriláteros, círculo e circunferência. Simetria. Congruência.

Números Racionais e Irracionais. Operações. Sistema de equações do 1° grau.

Operações algébricas. Médias. Área de figuras planas.

8ª Série

Semelhança de figuras. Polígonos Regulares. Noções trigonométricas.

Números Reais. Operações. Função. Probabilidade. Amostra. População.

Volume de prisma e cilindro. Radiciação.

• ENSINO MÉDIO

1º Ano

Noções básicas de Lógica. Conjuntos. Conjuntos Numéricos. Relações e

Funções. Funções Elementares: Afim, Quadrática, Modular, Exponencial e

Logarítmica. Geometria Plana: Área e Perímetro.

2º Ano

Trigonometria: Resolução de triângulos; Funções trigonométricas. Seqüências

e Progressões. Sistemas lineares, Matrizes e Determinantes. Geometria de

posição e métrica.

3º Ano

Geometria Analítica. Fatorial, Análise Combinatória. Números Binomiais e

Probabilidades. Polinômios e Equações Polinomiais.

Page 24: Ementas Documento Final

Ciências Humanas

Introdução da Área

A fragmentação do saber promovido pela ciência moderna e suas

especializações desencadeou um grande progresso tecnológico, mas criou

obstáculos para um entendimento mais amplo da realidade. Estas múltiplas

divisões originaram uma ciência que conhece bem seus aspectos, mas

percebe pouco a totalidade. Superar tais obstáculos constitui o atual desafio

das Ciências Humanas.

Envolvida neste movimento, a escola tratou de privilegiar aqueles

conhecimentos que melhor servissem à manutenção da ordem vigente. Na

Educação brasileira, nas últimas décadas, as Ciências Humanas foram

mantidas em segundo plano, sendo priorizado um positivismo acadêmico e um

pragmatismo excessivo que encobriu os saberes escolares, resultando no atual

imediatismo, na alienação social e política e na indiferença aos valores

humanos e estéticos.

A integração das disciplinas escolares História, Geografia, Sociologia e

Filosofia é um primeiro passo que poderá redirecionar a Educação para algo

mais humano: nossa capacidade de sonhar, de buscar a felicidade e a

solidariedade, a ética e a cidadania, criando oportunidades para que sejamos

– comunidade escolar – protagonistas no mundo que estamos ajudando a

construir.

A orientação do ensino no Espírito Santo sobre o eixo Ciência, Cultura e

Trabalho surge no momento em que a escola pública se defronta com

perguntas como: Qual sua finalidade? A que interesses serve? Poderá deixar

Page 25: Ementas Documento Final

de ser um canal de informação para se converter em um local democrático,

criativo e produtor de conhecimentos? Quais mudanças precisa buscar para

formar sujeitos de direitos?

Nesse sentido, as Ciências Humanas necessitam recuperar o seu papel de

promotora da iniciação científica, indicando caminhos da investigação e da

pesquisa dentro e fora da escola, garantindo a difusão da cultura local e a

compreensão da cultura globalizada criando meios de reflexões sobre elas,

formando o aluno para uma concepção de trabalho mais ampla que a

puramente mercadológica, resgatando e interdisciplinando as demais áreas.

O Ensino de História Hoje

- Formando sujeitos, redescobrindo objetos, repensando a sociedade –

Juçara Luzia Leite

Raquel Félix Conti

1) Introdução da Disciplina

a) QUE HISTÓRIA É ESSA?

As demandas sociais atuais apontam para a necessidade de um contínuo

(re)significar da educação, que valorize o diálogo com a sociedade. Nesse

sentido, é necessário que a educação como práxis social considere a

informação como instrumento, mas também fundamente o conhecimento - que

se realiza privilegiadamente na escola - sobre referenciais éticos.

Page 26: Ementas Documento Final

Nesse contexto de transformações, que também inclui os elementos da

chamada “crise da história” e que nos anima a renovar esforços, pretende-se

apontar mais as possibilidades que as dificuldades do ensino da História hoje,

considerando a aproximação academia/ escola/ sociedade.

O ensino da História, nessa perspectiva, ao considerar as possibilidades de

seu fazer e de seu saber, e questionar os conteúdos tradicionais, transforma a

fronteira da história vivida e da história ensinada em um espaço de diálogos e

reflexões.

Assim sendo, pode-se construir uma compreensão da realidade como objeto,

objetivo e finalidade principais do ensino da História referenciada na questão

local. Esta, e sua dimensão nas sociedades contemporâneas, pode ser um fio

condutor para organizar um debate entre os diversos saberes escolares e

acadêmicos e a sociedade. O ensino da História, dessa forma, agiria como

estratégia de interlocução dos sujeitos desses saberes com o tempo real.

b) A DIMENSÃO LOCAL

A questão local em suas interfaces com as diversas dimensões das sociedades

(compreendidas em suas temporalidades), não se reduz ao tempo imediato e

nem ao espaço próximo, mas também não os exclui. Assim, não diz respeito a

uma realidade estável, imutável, pacífica e passada, mas sim, a diferentes

oportunidades de respostas, sempre provisórias, que privilegiem a diversidade

dessa realidade. Deve, portanto, contemplar as especificidades referenciadas

na dimensão cotidiana, mas também nas dimensões mais gerais, que

enfatizem as diversas formas de leitura do mundo, consolidando um sentimento

de pertença. Dessa forma, é importante tomar por base a fundamentação do

campo da História Social da Cultura.

A opção pela fundamentação na História Social da Cultura parte de uma ênfase

na importância de se trabalhar com a noção de diferença, considerando as

práticas e representações sociais. Assim, compreendemos que a História é

uma disciplina do contexto e do processo, de modo que todo significado é um

significado processual no contexto e, portanto, cultural (cultura compreendida

como bens, artefatos, processos técnicos, idéias, hábitos e valores em suas

Page 27: Ementas Documento Final

dimensões simbólicas da ação social, de acordo com Geertz). Apenas a partir

dessa fundamentação pode-se compreender o processo de construção de uma

consciência histórica como essencial para a formação de sujeitos, ponto de

partida para re(significação) da educação.

Ao enfatizar a formação de sujeitos - compreendidos como sujeitos de direitos,

com suas características singulares e plurais – busca-se a compreensão do

mundo em que se vive a partir do reconhecimento de si e do outro.

2) EMENTA GERAL:

Compreensão da realidade como objeto, objetivo e finalidade principais do

ensino da história referenciada na questão local e sua dimensão nas

sociedades contemporâneas, a partir do reconhecimento de si e do outro.

Ensino da História como espaço de debate entre os diversos saberes escolares

e acadêmicos e a sociedade. Ensino da História como estratégia de

interlocução dos sujeitos desses saberes com o tempo real, enfatizando as

diversas formas de leitura do mundo, a formação de sujeitos - compreendidos

como sujeitos de direitos com suas características singulares e plurais - e

consolidando um sentimento de pertença. As categorias Ciência, Cultura e

Trabalho como base para o ensino da História.

3) OBJETIVOSGERAIS: PROPOSTAS DE REFLEXÕES

Para colocar em debate essas idéias e considerando, ainda, a tríade Ciência,

Cultura e Trabalho como as formas com as quais o homem transforma a

sociedade, as proposições a seguir têm a intenção de suscitar controvérsias,

acordos, polêmicas, e negociações entre os educadores. Dessa forma,

pretende-se fundamentar uma proposta de trabalho para o ensino fundamental

e médio, que transcenda a idéia de uma educação missionária, iluminista e

redentora, podendo ser discutida e apropriada pelos seus sujeitos.

Um debate entre o ensino de história praticado e aquele aqui idealizado, que

privilegie como eixo a dimensão local e a formação dos sujeitos de direitos,

portanto, deverá observar em suas reflexões:

Page 28: Ementas Documento Final

a compreensão de que somos sujeitos historicamente construídos e

portadores de direitos;

a dimensão ética de todo processo educacional;

a percepção de que a história e seu ensino são objetos de si mesmos, sem

perder de vista a articulação teoria/prática e destacando as etapas e as

ferramentas do processo investigativo;

uma proposta cujo eixo na dimensão local estaria em consonância com os

mais recentes debates que envolvem a história como ciência e sua função

social;

a interlocução das demais ciências sociais com o ensino da História, e

com os demais saberes escolares;

concepções como rupturas e continuidades, semelhanças e diferenças,

passado e presente, proximidade e distância, antigo e moderno, urbano e

rural, que, para além de suas dicotomias aparentes, ampliam noções como

representações e processo;

o reconhecimento das diferentes linguagens, textos e múltiplos olhares que

estão presentes em nossa sociedade, (re)significando a noção de

documento, considerando os procedimentos do historiador no trato com a

História;

a educação patrimonial (observação, registro, exploração e apropriação)

como uma das estratégias do ensino da História ao considerar o meio

ambiente histórico e o patrimônio vivo;

o espaço historicamente construído e portanto inserido no processo do

ensino da História em suas múltiplas temporalidades;

as questões concernentes à memória (individual e coletiva, fragmentada e

reconstruída, singular e plural), ressaltando a importância da consolidação

de paradigmas identitários;

Page 29: Ementas Documento Final

a formação de uma consciência histórica, necessária nos processos de

transformação social cuja base é o trabalho humano;

4) CONCLUSÃO: OS DIFERENTES SEGMENTOS DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA ESCOLA.

A dimensão identitária (imagem de si, para si e para os outros), inerente ao

processo de ensino da História, está associada à construção de uma

consciência histórica que surge do terreno das memórias (individual, coletiva,

partilhadas). Assim sendo, é importante considerar as características

geracionais: a pertença a uma geração é garantida pela cultura partilhada, daí

a necessidade de se enfatizar o processo de construção de uma consciência

histórica.

A consciência histórica reporta-se a um passado perdurado no presente e

aponta para um futuro, mas não pode ser confundida com o conhecimento

histórico, embora seja cientificamente interpretada. Nesse sentido, o conceito

de geração ganha um sentido histórico visto que as imagens do passado são

transmitidas e sustentadas em sua qualidade de construções culturais, daí a

importância do eixo na dimensão local.

Ora, sem perder de vista o espaço de autonomia do professor, pretende-se

diferenciar o eixo proposto (dimensão local) de uma temática meramente

conteudística que esse termo poderia suscitar.

Especificamente em relação ao ensino da História, destacamos a importância

da interface dos conceitos de identidade (social, étnica, de classe, de gênero,

nacional, local, etc.), cidadania (direitos políticos, civis e sociais) e cultura

(popular, política, plural, etc.) para o processo de construção de uma

consciência histórica. Dessa forma, tanto temáticas e/ou conceitos sugeridos,

surgem, aqui, como novas perspectivas de análise de nossa sociedade.

Para melhor esclarecer nosso ponto de vista, indicamos a necessidade de se

agrupar os eixos que fundamentarão os conteúdos, diferenciando-os por

Page 30: Ementas Documento Final

segmentos de ensino, tomando como base as diferentes formas do processo

de construção de uma consciência histórica. Em síntese, sugerimos:

a) 1º e 2º ciclos: ênfase na construção de uma consciência de si a

partir do reconhecimento do outro; noção de coletividade e

alteridade; destaque para a educação patrimonial.

b) 3º e 4º ciclos: ênfase na construção de uma consciência de

diferentes alteridades; outros tempo e espaços, outros homens;

reconhecimento de diferentes temporalidades históricas.

c) Ensino Médio: ênfase na construção de uma consciência histórica; o

fato e o processo históricos; diferentes níveis e ritmos da duração;

reconhecimento das diversas formas como o passado é

interpretado, como a realidade é vivida e como o futuro é

configurado.

Pensamos, entretanto, que estas linhas gerais só poderão ser aprofundadas e

configuradas em uma proposta de trabalho após discussão com representantes

da equipe docente e pesquisa junto à comunidade escolar. Além disso, será

necessário trabalharmos conjuntamente com as demais disciplinas, a fim de

evitarmos distorções nos programas. Desta forma, compreendemos que este é

apenas o primeiro passo para o início de uma experiência piloto no estado.

Caso não seja possível uma integração dos diferentes saberes escolares,sugerimos que nossa proposta seja trabalhada a título de reflexão, mas oconteúdo do ensino da História seja revisto com uma fundamentação cultural,respeitando os seguintes temas (elencados a partir de exame do materialdidático disponível):

1° ciclo: A criança descobre a si mesma. A criança e sua casa e família. Acriança e sua rua e bairro. A criança e sua escola. A criança e o tempo quepassa: percebendo e registrando o tempo. A criança e o município. A criançae os meios de transporte e comunicação.

2° ciclo: A criança e sua história. A criança e seu país: o Brasil e os períodosde sua história. O Espírito Santo tem História.

3° ciclo: O Homem e a sociedade: da origem às comunidades primitivas:noções sobre cultura. As sociedades agrárias. As relações de trabalho: associedades escravistas, o feudalismo e a modernidade. A modernidade e oBrasil.

Page 31: Ementas Documento Final

4° ciclo: A crise do sistema colonial e o capitalismo. As Américas. A expansãocapitalista e a divisão internacional do trabalho. O Império brasileiro. ARepública no Brasil. Economia, sociedade e trabalho no século XX: a 1ªGuerra, a Revolução Russa, a Crise de 29, o Totalitarismo, a 2ª Guerra e asnovas formas de capitalismo. A América e o Brasil no século XX. QuestõesContemporâneas.

Ensino Médio:

I – As culturas antigas e medievais. O que é História. As origens do homem. Operíodo neolítico. As sociedades do antigo oriente próximo e os processos decentralização do poder. Grécia e Roma: da pólis ao império. A transição para ofeudalismo.

II – A modernidade e o mundo contemporâneo. O mundo ocidental na épocamoderna. A formação do mundo contemporâneo: crise, revoluções e o apogeuliberal. A 1ª Guerra e as novas relações internacionais. A Revolução Russa ea Formação da URSS. A depressão capitalista e o mundo entre guerras. A 2ªGuerra e o Totalitarismo. Os blocos capitalista e socialista e a Guerra Fria. Osprocessos de descolonização. As Américas no contexto capitalista. Os anos60 e a “Revolução Cultural”. O processo de globalização e o mundo pós-moderno.

III – O Brasil. As comunidades existentes antes da chegada do colonizador. O

processo de colonização. A agro-manufatura do açúcar sua cultura. A

expansão territorial dos séculos XVII e XVIII: questões diplomáticas,

econômicas e culturais. A descoberta do ouro As diferentes formas de trabalho.

A crise do sistema colonial e o processo de independência. O império: sua

instalação, a crise regencial e a consolidação imperial. A questão da

identidade nacional. A crise da monarquia e o processo republicano. A

República Oligárquica. A crise da República Oligárquica e a Revolução de 30.

O Estado Novo. O Estado Populista. A Ditadura Militar. O processo de

redemocratização. Que país é esse: o Brasil atual.

Page 32: Ementas Documento Final

Geografia

Um convite...

Muitas são as discussões no meio acadêmico-geográfico acerca das grandes

mudanças ocorridas no final do século, que fechou o milênio da redescoberta

científica. Mas afinal, que mudanças são essas e em que isso interfere em

nossas aulas? O grande desenvolvimento da medicina e seus benefícios, como

a cura de alguns males antes fatais; as vantagens do avanço da engenharia

genética, que atinge até as área rurais permitindo o aumento da produção

agropecuária; o desenvolvimento tecnológico acelerado da informática,

facilitando a transmissão de informação a uma velocidade jamais imaginada

pelo homem e permitido até mesmo uma cirurgia acontecer com médicos à

grande distância de seu paciente são expressões da sociedade comunicacional

informatizada globalizada.

As produções científicas correm o globo. Hoje, para sabermos as grandes

mudanças do espaço geográfico, não precisamos esperar o novo livro didático

de Geografia ser lançado e sequer precisamos da aula de Geografia para

obtermos tais informações! Basta ligar a televisão para assistir sobre a criação

da CEE, do NAFTA, do MERCOSUL e o fim da URSS. E o que dizer do

atentado de 11 de Setembro nos EUA? Foi quase ao vivo! Porém não tão ao

vivo quanto a guerra no Afeganistão e a mais recente guerra no Iraque. Assim,

podemos dizer que não faltam informações, embora nem todos tenham acesso

a elas e nem sempre as informações disponibilizadas ao público correspondem

à veracidade dos fatos.

A ciência se multiplicou. Triste é pensar que poucos têm acesso a todos esses

benefícios desenvolvidos por ela. Onde está o tempo de lazer do operário que

viu sua força de trabalho ser substituída pela máquina? Se antes lutava por

melhores condições de trabalho, hoje busca criar seu próprio espaço em

tempos de desemprego estrutural e de "inempregáveis", que dificilmente terão

Page 33: Ementas Documento Final

a oportunidade de trabalhar. E quanto aos filhos das ruas dos centros urbanos

e aos despropriados pelos latifúndios? Não usufruem dos benefícios do avanço

da medicina, não podem sequer se alimentar dos grãos "geneticamente

modificados", assim como não têm acesso à escola. Neste contexto, negam-lhe

o direito à vida.

Não seria muito interessante para a educação que o professor de Geografia do

Ensino Básico, participasse de tais discussões como mero espectador, pois,

isso nos faria bons reprodutores de conhecimento acadêmico científico.

Participar ativamente dessas discussões para a construção de novas idéias e

de uma nova sociedade para esse início de século é o que queremos propor a

você, professor. Precisamos fazer surgir uma sociedade participativa,

conhecedora de seus direitos e, principalmente, construtora de sua própria

história de liberdade, de autonomia e de respeito aos seus cidadãos e ao

planeta Terra. Que Geografia temos em nossas aulas? Qual Geografia

queremos desenvolver, considerando o momento atual e as mudanças

ocorridas em escala local e global? Como a escola colaborará para a formação

de seres humanos mais humanos? Esse é o nosso desafio.

Mapeando as concepções geográficas

A ciência geográfica, como as demais ciências, não se furta ao envolvimento

ideológico correspondente ao contexto espaço-temporal no qual é produzido. É

inegável que haja influência política sobre os estudiosos, propiciando leituras

de mundo que refletem na diversidade de linhas do pensamento geográfico.

A Geografia Tradicional foi muito bem utilizada pelos Estados-nação para

justificar a manutenção do poder político econômico de suas elites. Enorme foi

a influência desta corrente de pensamento geográfico no nosso país que

definia a Geografia como sendo uma ciência em contato com a natureza e a

humanidade.

O movimento de renovação associado à crise da Geografia Tradicional

manifesta-se em meados de 1950 não possuindo uma unidade devido à

Page 34: Ementas Documento Final

diversidade de métodos e de posicionamentos dos autores que o compõem.

Foi então que o movimento dividiu-se nas seguintes correntes: a Geografia

Pragmática e a Geografia Crítica.

A Geografia Pragmática caracterizou-se pela adoção de modelos matemáticos

e estatísticos que buscavam explicar a realidade através dos números –

Geografia Quantitativa. Representou uma mudança de forma, sem alteração do

conteúdo social, apenas uma atualização técnica e lingüística. Sua finalidade

era criar uma tecnologia geográfica.

Outra via da Geografia Pragmática foi denominada de Geografia Sistêmica e

Modelística e Geografia da Percepção ou Comportamental (Morais, 1987).

Rompendo com os procedimentos metodológicos e excessivamente descritivos

utilizados pela Geografia Tradicional e o tecnicismo quantitativista da

Geográfica Pragmática, surge uma nova corrente – a Geográfica Crítica –

assim denominada pela postura crítica frente à realidade, à ordem constituída.

Os autores se posicionam por uma transformação da realidade social,

pensando o saber como arma desse processo.

Essa vertente inspirada no materialismo histórico-dialético incorporou a ciência

geográfica novos conceitos, como produção diferenciada do espaço, espaço

dividido. "O objeto de estudo da Geografia passou a ser o espaço relacional,

considerado como a totalidade formada por objetos geográficos naturais e

artificiais somados a sua essência- a sociedade”. (Seabra, 1997, p.68)

A Geografia Crítica abriu espaço para uma Geografia de denúncias de

realidades espaciais injustas e contraditórias, politizou o discurso geográfico.

Ao mesmo tempo que criou uma perspectiva de militância para muitos

geógrafos, não resolveu a contento as questões internas da Geografia

enquanto disciplina.

Considerando a crise das ciências, a Geografia não ficou de fora. Com os

avanços tecnológicos as mudanças ocorridas no contexto das sociedades

avançadas, o global passou a exercer forte influência sobre o local, desde

questões políticas, econômicas, culturais e ambientais (Cavalcanti, 2002, p.78).

Page 35: Ementas Documento Final

Nesse contexto, as correntes de pensamento sob influência marxista passam a

ser reformuladas propiciando delineamento de novas tendências no ensino da

Geografia.

Numa sociedade comunicacional, informatizada e globalizada, acreditamos que

a Geografia escolar, seguindo a concepção sócio-construtivista, deve favorecer

o desenvolvimento do pensamento crítico, construtivo, comprometido com

ideais de justiça, de éticas, de solidariedade, de reconhecimento das

diferenças, de respeito à vida, ao meio ambiente e às transformações sociais.

Essa posição nasce do encontro da Geografia Crítica com a Geografia

Humanística, avançando para uma Geografia que – sem nome ainda –

contempla as necessidades do nosso tempo, mapeando trinômio cultura,

ciência e trabalho.

Apontando Caminhos: o lugar como ponto de partida

[A Geografia escolar, apesar de possibilitar o estudo do cotidiano, tem sido

trabalhada, assim como outras disciplinas escolares, tratando de um mundo

que na maioria das vezes, encontra-se distante dos educandos. Esse mal se

alastrou e se arrastou ao sabor das tendências dessa ciência, continuando

arraigado em nossas aulas, provocando desgaste do sentido da Geografia na

dimensão escolar.

Justificada a necessidade de uma geografia que aqui chamaremos de

Geografia para a Vida, utilizamos como ponto de partida para os estudos

geográficos, a categoria lugar. Segundo Callai, 2000, o lugar é o espaço

geográfico que apresenta diversos significados, dependendo da história

construída por cada indivíduo/comunidade.

Entendendo assim o professor do Ensino Fundamental e médio, considerará

que”... em um tempo em que se fala tanto de globalização, a questão do lugar

assume contornos importantes, pois é em lugares determinados, específicos,

que este processo se concretiza. E na mesma medida em que ocorre este

Page 36: Ementas Documento Final

movimento de globalização, que tende a homogeneizar todos os espaços, a

diferenciação pelo contrário, se intensifica, pois os grupos sociais, as pessoas,

não regem a mesma forma. Cada lugar vai ter marcas que lhe permitem

construir a sua identidade.” (Callai, 2000, p.107)

A proposta seguinte, visou atender à todo ensino de Geografia da Educação

Básica, considerando que cada escola, série e turma, estão inseridas em

diferentes realidades. Dessa forma o documento tem a intenção de provocar o

interesse de cada comunidade escolar em produzir sua própria proposta

curricular, respeitando a realidade local sem ignorar o momento de mudanças

vivido por toda a sociedade.

Ementa:

1. As diversas faces da Geografia na integração dos aspectos cartográficos,

físicos, humanos, políticos, econômicos, sociais, promovendo articulação

entre a singularidade do local, as especificidades do regional e

universalidade do global.

1.1. As categorias geográfica e suas dimensões conceituais sob a ótica do

pensamento dialético. O espaço vivido, percebido e concebido,

representado por meio das linguagens geográficas.

1.2. A Geografia e sua função alfabetizadora e formadora da cidadania,

articulando a leitura de mundo e a leitura da palavra numa perspectiva

de política cultural que instrumentalize as pessoas a pensarem no

espaço para nele se organizarem, garantindo os seus direitos.

1.3. O espaço geográfico como produção humana de acordo com o

interesse e necessidades de grupos sociais que nele se organizam e

vivem.

1.4. A ciência geográfica com possibilidade para o posicionamento crítico,

responsável e construtivo das diferentes situações sociais.

Objetivos:

Page 37: Ementas Documento Final

No intuito de provocar reflexões quanto à organização do conhecimento

como algo em constante movimento e transformação, propomos:

Elaborar o raciocínio geográfico estimulando a leitura crítica do mundo

para uma ação cidadã.

Compreender a relação entre ciência, cultura e trabalho na produção do

espaço geográfico.

Identificar na natureza tecnicamente construída as contradições em que

os seres humanos estão inseridos.

Investigar e propor ações necessárias à produção e intervenção do

espaço geográfico, considerando a finitude do sistema Terra e a

sustentabilidade no uso de seus recursos.

Relacionar o trabalho humano ao processo de construção do espaço e

suas modificações.

Analisar a realidade social, econômica e política viabilizando

possibilidades para desvendá-la, criticá-la e recriá-la .

Entender as categorias geográficas como base para análise espacial.

Desenvolver leitura e construção das representações espaciais a partir

de diferentes instrumentos e técnicas específicos da cartografia.

Avaliar as ações humanas e suas conseqüências no que se refere às

questões sócio-ambientais, possibilitando a elaboração de referenciais

para as devidas intervenções no espaço geográfico.

Entender a produção do espaço geográfico como produção social e

histórica.

Relacionar a prática social que ocorre na história cotidiana dos seres

humanos ao conhecimento científico.

Page 38: Ementas Documento Final

Enfim, “...Ter a educação como referência, como um valor, é não vulgarizar

a cultura e os conhecimentos, é não se dobrar ao consumismo e às modas.

Em vez de estimular a competição, apostar na colaboração, na construção

da solidariedade, sem a qual não há vida social. Pensar a educação como

um valor significa pensar um novo mundo que não seja hostil à união dos

povos, mas sim a este modo de globalização desintegradora. É também

colaborar e alertar para que as pessoas saiam da “pobreza” da vida

protegida nos bunker __cujo único prazer é o consumo__ e inseri-las no

território, na vida democrática, nas relações de diversidade, de construção

social. A educação como valor, por fim, nos faz acreditar que somos os

sujeitos da história e que não podemos ser objetos de uma globalização,

tida como força natural e divina, sob a qual temos que nos curvar, sem nada

poder fazer ou dizer. (Oliva,2002,p.48).

BIBLIOGRAFIA:

Carlos, Ana Fani Alessandri, Oliveira, Ariovaldo Umbelino de. (orgs).

Reformas no mundo da educação: Parâmetros Curriculares e Geografia.

São Paulo: Contexto, 1999.

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Contexto, 2002.

Carvalho, J.M. (org.). Diferentes perspectivas na profissão docente na

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textualizações no cotidiano. 2º Ed. Porto Alegre: Mediação, 2000.

Cavalcanti, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino. Goiânia:

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Morais, Antônio Carlos Robert. Geografia: Pequena história crítica. 6ª Ed.

São Paulo: Hucitec, 1987.

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UFES. nº14, Vitória, 2001.

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de século. Cardeno CEDES: Ensino de Geografia, nº 39. São Paulo:

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Morim, Edgar. A cabeça bem feita: Repensar a reforma, reformar o

pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

Nidelcoff, Maria Teresa. Uma escola para o povo. 23º Ed. São Paulo:

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Janeiro: Lê; 1997.

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_____. Para onde vai o ensino da Geografia? 7ª Ed. São Paulo: Contexto,

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Pereira, Diamantino. Geografia escolar: Uma questão de identidade.

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Seabra, Giovani. Fundamentos e perspectivas da Geografia. João Pessoa:

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do Estado do Espírito Santo. Vitória, 2003.

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_____. Metamorfose do espaço habitado. Fundamentos teóricos e

metodológicos da Geografia. São Paulo: HUCITEC, 1988.

Page 40: Ementas Documento Final

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Secretaria de Estado da Educação e Esporte SEDU, Secretaria de Estado

da Educação. PROCAP, Programa de Capacitação de Professores.

Geografia da Percepção Espacial à Compreensão do Mundo. Vitória, 2002.

PROPOSTAS PARA REFORMULAÇÃO CURRICULAR DASDISCIPLINAS DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL E BIOLOGIA NO

ENSINO MÉDIO

Uma proposta para o ensino de Ciências Naturais torna-se ineficaz se não

levar em consideração os objetivos gerais da Educação Básica, tampouco as

implicações sócio-políticas da educação como um todo, em especial à proposta

pedagógica da escola (art. 14 – LDB 9394/96).

A educação em Ciências sempre esteve vinculada ao desenvolvimento

científico do país, ou às conquistas tecnológicas. Isso ocorreu em países com

tradição científica como a Inglaterra, França, Itália e Alemanha. Desde o século

XVIII eles estabeleceram políticas nacionais da escola elementar ao ensino

superior.

No Brasil, historicamente a educação “bacharelesca” trazida da metrópole

durou séculos, excluído as Ciências Naturais. Isso está evidenciado nas

pesquisas de Ribeiro (1987) que no início da república uma das reformas de

ensino pretendia introduzir Ciências, o que houve forte reação dos positivistas,

invocando ao modelo pedagógico comteano, argumentando o seguinte:

“Comte não recomenda o ensino de Ciências senão após os 14 anos. Até

então a criança deveria receber uma educação de caráter estético, baseada na

poesia, no desenho, nas línguas”.

Não é de se estranhar que ainda hoje na organização da estrutura curricular do

Ensino Fundamental, a Física e a Química apareçam apenas na 8ª série.

Page 41: Ementas Documento Final

Registra-se a chegada desse ensino nas escolas primárias somente no início

do século XX, época em que a economia do país se caracterizava pelo modelo

agro-exportador, dependente, que provocou uma crescente urbanização.

Paralelamente, ocorria o movimento da Escola Nova, capitaneada por Anísio

Teixeira (discípulo do ícone do pragmatismo americano John Dewey). Dentre

outras características, ela evidenciava o método científico, através do método

da redescoberta, onde os conteúdos eram organizados sob a forma de

atividades problemas, com tamanha eficácia que seria capaz de solucionar até

mesmo os problemas existenciais. A herança dessa postura é a de conceber

como aula “prática” aquela realizada no laboratório, repetindo receitas, sem

levar em conta que o conhecimento científico é histórico, é prático, é científico

e é social.

O maior investimento de recursos para o ensino de Ciências se deu na década

de 70, época da implantação das grandes multinacionais, do milagre

econômico, do ufanismo da 8ª economia do mundo... parece que o objetivo não

era uma educação de base, voltada para uma efetiva “alfabetização científica”,

mas formar bisonhos consumidores. Esta questão é enfatizada por Arroyo

(1988) quando analisa a função social do ensino de Ciências no Brasil.

(...) Tentaram nos convencer de que as sociedades subdesenvolvidas

superariam a pobreza, o analfabetismo, as doenças, as péssimas condições de

vida, se a produção dos bens e serviços fossem modernizados mediante

introdução de tecnologias avançadas manipuladas por técnicos qualificados.

Tentaram nos convencer de que a Ciência e a técnica possuem as mesmas

propriedades da água pura: incolor, inodora e insípida, e que os tecnocratas,

conselheiros dos governantes modernos e gestores das empresas lucrativas

possuíam as propriedades dos eunucos – eram neutros.

Essa análise se refere às concepções que inspiraram as propostas das

décadas de 60 e 70, que ainda não foram superadas.

Neste sentido, respaldados pelo arcabouço legal da 5540/68 (Ensino Superior,

que reordenava a filosofia do currículo da formação do professor e do técnico

de ensino), e a Lei 5692/71 que promovia, entre outras questões a dicotomia

Page 42: Ementas Documento Final

entre o “pensar, planejar, avaliar” realizado pelos técnicos e o “executar”

realizado pelo docente no âmbito da Educação Básica.

Observamos então, que ciência e conhecimento são formas de poder e no

Brasil isso vem sendo negado por um grupo de pessoas que acredita mais na

força do poder econômico. Neste contexto, o ensino de Ciências na Educação

Básica tem proposto um conhecimento que se revela no adestramento da

pratica, no atrofiamento do pensamento e da criatividade, na neutralização da

curiosidade e na inutilidade da teoria.

Entretanto, em meados dos anos 80, a legislação, inspirada na participação da

sociedade, traduziu-se na LDB 9394/96 e traz como princípio um elemento

novo que é a gestão democrática da escola pública. Este princípio remete à

construção coletiva dos diferentes saberes, através da gestão colegiada,

representativa da comunidade escolar e local.

Quanto à questão curricular, ao contrário da centralização / verticalização

implementadas sob a égide da Lei anterior, agora invoca o resgate do

protagonismo docente através da construção e de implementação do Projeto

Político Pedagógico.

Neste sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecem os temas

transversais: saúde, meio ambiente, sexualidade, pluralidade cultural, ética e

assim como a Resolução nº 3/98 CEB/CNE elenca a contextualização e a

interdisciplinaridade como princípios pedagógicos estruturadores do currículo

do Ensino Médio.

OBJETIVOS

Enfocar a Educação Ambiental como tema transversal, contextualizando-a em

todas as áreas do conhecimento escolar, na perspectiva de uma sociedade

sustentável.

Enfocar a saúde como um bem a ser preservado, de direito de todo cidadão e

dever do Estado, bem como os aspectos relevantes relacionados à profilaxia

de certas enfermidades, visando o bem estar e a qualidade de vida de toda a

coletividade.

Page 43: Ementas Documento Final

Reestruturar o Ensino da Física e da Química em todo nível fundamental,

visando a melhoria do desempenho dessas disciplinas no Ensino Médio.

Valorizar o trabalho em grupo na perspectiva de uma ação crítica e

cooperativa, entendendo que todo o processo de produção do conhecimento é

coletivo.

Promover espaços para interação entre os profissionais que atuam nessa área

do conhecimento na Educação Básica e na Educação Superior, estabelecendo

relações entre sujeito e objeto, teoria e prática e entre o específico, o local e o

global.

Desenvolver conceitos básicos relacionados à Biologia, à Física, à Química, à

Astronomia, à Geologia e outras, de forma sócio-histórica e interdisciplinar,

proporcionando a correlação ocorrida entre esses conteúdos e certos

fenômenos naturais e sociais.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS

O ponto de partida é a realidade prática, ou seja, o conhecimento empírico do

senso comum, valorizando os sabres tradicionais e locais que proporciona ao

aluno a capacidade de observação, a reflexão e a reconstrução do

conhecimento científico e a possibilidade da transformação.

O conhecimento científico é relativo e progressivo, não sendo, portanto,

acabado, pois a realidade histórica é dinâmica.

A desmitificação e a dogmatização da ciência, da técnica e do cientista como

instituições neutras e positivas.

A ênfase no processo de produção do conhecimento científico e não no

produto.

Romper com a concepção utilitarista da natureza e a fragmentação do

conhecimento, articulando a estética e a lógica da sensibilidade com a

racionalidade.

Page 44: Ementas Documento Final

TEMAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

NO ENSINO FUNDAMENTAL

No ensino de Ciências Naturais, a Natureza deverá ser o objeto privilegiado em

todas as séries da Educação Básica. Os temas transversais como ética,

pluralidade cultural, sexualidade, cidadania como direito aos bens coletivos,

como saúde, principalmente preventiva, resgate cultural, tolerância em relação

ao outro e valorização da cultura endógena com a abordagem metodológica no

trato com a terra, a água, as plantas dando ênfase às plantas medicinais

devem permear todos os níveis da Educação Básica.

UNIVERSO e TERRA...

Componentes ambientais bióticos (vegetais, homem e os outros animais) e os

abióticos (água, ar, luz, solo) serão estudados para que haja compreensão,

identificação, descrição e discussão em suas inter-relações. Atmosfera,

biosfera e o surgimento da vida. A origem da Terra e do Universo: teorias e

hipóteses-Big Bang e Gaia;

...AMBIENTE...VIDA...MATÉRIA...ENERGIA...

A Terra como organismo vivo. Gases e conceitos de espaço e tempo. Matéria

e energia serão estudas para identificar e caracterizar quimicamente,

fisicamente e biologicamente, as formas e funções da manifestação em suas

estruturas biológicas e funcionais Corpo humano ou ser humano? Estudo do

homem como ser bio-psico-sócio-transcendente e dos outros animais, com

ênfase nas modalidades sensoriais e as diferentes manifestações da energia

na natureza como som, luz e calor. Cooperação entre órgãos e sistemas,

células. Comportamento animal. A evolução como a origem, a diversidade, a

proliferação e o desaparecimento dos componentes ambientais do cosmo,

levando em conta os agentes motivadores e determinantes naturais e culturais.

Visão antropocêntrica, eurocêntrica como causadoras do domínio cultural e a

hegemonia da ciência ocidental.

Page 45: Ementas Documento Final

...CIÊNCIA...SOCIEDADE...CULTURA...

A evolução humana aspectos biológico, social e cultural; A sociosfera e

tecnosfera como sistemas políticos e culturais: sociosfera (leis, princípios,

moeda, arte, filosofia) e tecnosfera (aglomeração humana: aldeias, cidades,

metrópoles). Genética e dinâmica das populações. Relação entre genes e meio

ambiente. Ecologia na visão de interdependência entre os seres vivos e os não

vivos que habitam a nave Terra e na formação da concepção sistêmica.

Ecossistemas naturais e sociais. Cadeias alimentares e energéticas. Ciclos

biogeoquímicos. Sistemas moleculares. Principais ecossistemas

representativos no Brasil, no Espírito Santo e em seu município.

Relação entre história da ciência, técnica e a utilização das tecnologias.

Natureza e cultura: modos de produção e intervenção no ambiente natural.

Crise ambiental e energética x degradação social. História e funcionamento da

energia elétrica. O ensino de ciências e cidadania: relação entre condições

materiais de vida, distribuição de bens e política social. Saúde pública como

direito com ênfase na saúde preventiva. A diferente formas de tratamentos:

alopatia, homeopatia e fitoterapia. Endemias e epidemias. Saneamento básico.

Mudanças climáticas. SUDENE capixaba. Seca do norte do ES. Agricultura

familiar, agrotóxicos, transgênicos e agricultura orgânica. Organização social

das populações: grêmios estudantis e conselhos escolares. Paradigma da

sustentabilidade e o modelo de desenvolvimento em curso. Sustentabilidade

ambiental, social e mental.

TEMAS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

POR QUE ENSINAR BIOLOGIA?

No mundo contemporâneo o domínio das Ciências não está mais restrito aos

cientistas, mas vem se constituindo num instrumento que possibilita a

participação e o exercício da cidadania. Assim, já faz algum tempo que a

biologia deixou de ser um “luxo acadêmico” e vem saindo dos laboratórios para

se integrar ao nosso dia-a-dia.

Page 46: Ementas Documento Final

Muitos termos como DNA, efeito estufa, clonagem, AIDS, aquecimento global e

outros vêm ganhando espaço nos meios de comunicação, demonstrando como

a ciência e a tecnologia estão presentes em nossas vidas.

Deste modo, a Biologia apresenta um conjunto de conhecimentos que são

imprescindíveis à compreensão de fatos e fenômenos que podem contribuir

para a vida social e o trabalho, assim como possibilitam a participação efetiva

do cidadão no mundo, de modo que ele possa emitir pareceres sobre questões

polêmicas e ajudar na tomada de decisões. Logo, a Biologia como ciência que

interpreta e explica os processos organizadores e integradores das diferentes

formas de vida, constitui um importante caminho de intervenção e modificação

do mundo.

QUE BIOLOGIA VAMOS ENSINAR?

Para nós, professores de Biologia, esta é uma questão difícil de ser

respondida, pois sabemos que não é possível, ao longo do Ensino Médio, tratar

de todo conhecimento biológico já produzido.

Além disso, na maioria das vezes, os programas de Biologia não apresentam

uma seqüência com a Ciência do Ensino Fundamental, dificultando aos alunos

estabelecer relações entre os conteúdos. Sabemos também que as

transformações sociais, políticas e econômicas do mundo contemporâneo

geram incertezas, individualismo, competição e a religião do consumo,

influenciando sobremaneira o comportamento, a identidade e os valores dos

alunos que adentram nossas salas de aula. Portanto, a decisão sobre o quê e

como ensinar Biologia depende de como concebemos o mundo, a ciência, a

cultura e as relações sociais. Assim, para uma concepção da ciência como

neutra, teremos um ensino desvinculado do social, cujo caráter de verdades

absolutas e imutáveis desconsidera o fato de que a ciência e a cultura são uma

construção humana, estando por isso, relacionadas à vida social produtiva. Por

outro lado, se entendemos que o conhecimento é produzido em uma

determinada época e em um determinado contexto histórico,

compreenderemos a ciência como passível de ser alterada, desde que não

Page 47: Ementas Documento Final

consiga mais responder aos problemas colocados. Então, considerando este

significado para a ciência e que a vida como conceito biológico é um sistema

organizado e integrado, capaz de auto-reprodução, que interage com o

ambiente através de um ciclo de matéria e um fluxo de energia,logo, fica visível

que alguns conteúdos são fundamentais para a compreensão do fenômeno da

vida em toda sua complexidade e propomos reuni-los em 5 temáticas. Neste

contexto, podemos construir um programa de Biologia que vá do geral para o

particular, ou seja, que nos proporcione, inicialmente, a visão do todo. Para

tanto, vamos utilizar uma metáfora para ilustrar as inter-relações entre os

conteúdos como se estivéssemos tecendo uma rede.

Então iniciamos a trama, entrelaçando os fios da Biologia e formando um

desenho desafiador, maleável e frágil que vai se esboçando na História da

vida, onde o tempo trans-forma a vida. E o que é vida? De onde ela vem?

Surgem muitas questões de respostas ainda incertas e pouco a pouco, o tecido

amplia os horizontes constituindo a Totalidade do ambiente que explora as

interações entre os seres vivos e o ambiente, numa amplitude que ultrapassa

os limites da Ecologia e agrega temas que abordam as desigualdades sociais,

o modelo econômico, o consumo exarcebado e o desperdício, que têm efeitos

danosos ao meio ambiente e à saúde das populações. Mas os fios que se

ligam também buscam encontrar formas de sustentabilidade social, econômica

e ambiental. E a rede vai sendo tecida num movimento que vai unindo os

universos macro e microscópico, de modo a adquirirem significados mais

profundos para os estudantes. Assim, cabe abordar agora a Diversidade da

vida, onde o respeito às diferentes formas de vida do planeta Terra se

manifesta pelo conhecimento e reconhecimento do valor intrínseco de cada

uma delas, suas diferentes artimanhas para viver e cooperar com as demais.

O tecido da vida ganha novos contornos através das mãos habilidosas dos

professores-artesãos e os processos vitais serão discutidos em Vida é energia,

onde o esplendor da fotossíntese e da respiração permite que a vida tenha

diferentes níveis de expressão. O desenho vai ficando cada vez mais abstrato

e complexo, delineando as estruturas invisíveis aos nossos olhos que serão

conhecidas em Informação é vida. Neste sentido, as informações contidas nos

fios de DNA e a energia produzida no interior das células mantêm os sistemas

Page 48: Ementas Documento Final

vivos, permitindo que outros seres sejam re-produzidos, atuando de modo

integrado com a Biosfera.

Esperamos que esta organização dos conteúdos partindo da origem da vida

até o universo microscópico que compõe os seres vivos, possibilite aos

professores que os argumentos sejam explorados em diferentes graus de

aprofundamento, graduando as experiências cognitivas dos estudantes,

reformulando conceitos e ligando-os com outros numa verdadeira “rede” de

significados, faça com que seja um grande prazer ensinar e aprender Biologia.

As Ciências Humanas

Introdução

A fragmentação do saber, promovido pela ciência moderna e suas

especializações, desencadeou um progresso tecnológico jamais visto na

existência humana, mas criou um grande obstáculo para um entendimento

mais amplo da realidade, constituindo-se assim, no atual desafio das ciências

humanas.

A fragmentação da ciência em múltiplos saberes que pouco comunicam-se

entre si, produziu a especialização. Se por um lado isto é um avanço que

proporcionou uma visão em profundidade de um determinado fenômeno por

outro, impediu o conhecimento das relações deste com o todo que compõe a

realidade. Estas múltiplas divisões nos levam a acreditar que conhecemos

muito de um aspecto, mas na realidade acabamos por conhecer pouco da

totalidade.

Envolvida neste movimento e seguindo a mesma linha, a escola tratou de

privilegiar aqueles conhecimentos que melhor serviam à manutenção do poder

vigente. Uma área de conhecimento que questiona, denuncia e aponta falhas é

sempre difícil de ser controlada, mesmo quando atacada pelo desprestígio

social e pela baixa remuneração, ou quando são classificadas como pouco

científicas pela produção ideológica ou até mesmo quando uma minoria de

seus membros se presta para a manutenção de um sistema injusto e elitista.

Page 49: Ementas Documento Final

Entretanto, em sua maioria, os profissionais das ciências humanas sempre

seguiram sua saga em busca da verdade além das aparências. Isto pode ser

percebido na vocação desta área para denunciar, entre tantos problemas, os

do meio ambiente, da exclusão social, do autoritarismo por trás de muitas

propostas intituladas como democráticas, e até mesmo, do interesse do ensino

em seguir produzindo subjetividades submissas, incapazes de uma reflexão

crítica de seu mundo, “educadas” apenas para memorizar e repetir o que

ouvem na escola, na mídia ou nos livros.

A história da educação no Brasil mostra que as ciências humanas sempre

foram mantidas em segundo plano, especialmente nas últimas décadas - fruto

do trabalho “magnífico” feito pela ditadura. Hoje ainda lutamos para libertarmo-

nos do positivismo acadêmico e do pragmatismo excessivo que exaltou as

áreas naturais e tecnológicas e encobriu os demais saberes, resultando no

atual imediatismo, na alienação social e política e na indiferença aos valores

humanos e estéticos, que caracterizam uma grande parte da população

considerada instruída.

A integração da História e da Geografia com a Sociologia e a Filosofia é um

primeiro passo que pode redirecionar a educação para o que ela tinha de mais

humano: nossa capacidade de sonhar, de buscar a felicidade e a solidariedade,

a ética e a cidadania, mostrando aos alunos que por mais humildes que sejam

suas origens eles podem deixar de ser meros espectadores para serem

protagonistas em sua escola, comunidade e no mundo que estão ajudando a

construir.

A orientação do ensino capixaba pelos eixos da ciência, cultura e trabalho

surge atrelada ao momento atual, onde a escola pública se defronta com

múltiplas perguntas, procurando um novo sentido, diferente dos ideais

burgueses que a originaram. Qual é a sua finalidade? A que interesses ela

serve? Esta pronta para deixar ser um mero canal de informação, muitas das

quais ultrapassadas rapidamente pela tecnologia, para se converter num local

democrático, criativo e produtor do conhecimento? Espera-se que ela seja

conservadora ou transformadora da sociedade? Quais mudanças precisa

Page 50: Ementas Documento Final

buscar para formar cidadãos realmente preparados para progredirem no

mundo pós-industrial?

Aqui entra a grande vocação das ciências humanas, promovendo a iniciação

científica de nossos alunos, indicando o caminho da investigação e da

pesquisa, dentro e fora da escola; garantindo a valorização e difusão da cultura

local ao mesmo tempo em que apresenta ao aluno a cultura globalizada,

criando meios para uma reflexão profunda sobre elas; alertando e formando o

aluno no perfil profissional pós-moderno, utilizando todas as tecnologias

disponíveis na escola e fora dela, contribuindo assim para o exercício do

trabalho técnico, mas também resgatando e interdisciplinando o humanismo

pelas outras áreas.

Filosofia

Arlindo Picoli

Ademilton da Silva Junior

Dorcas Freitas

Introdução

Na década de 80, tentando corrigir o erro que extinguiu de vez a filosofia dos

currículos do ensino médio durante o regime militar, no Espírito Santo, ao

contrário de outros estados do Sudeste, optou-se por uma implantação

gradativa da disciplina, visando um acompanhamento e uma qualificação

melhor dos professores da área. Mas bastou uma mudança infeliz na direção

de nosso governo de estado para estagnar o projeto por 4 anos. Neste tempo,

professores e estudantes do Departamento de Filosofia e Sociologia da UFES

não viram outra alternativa a não ser lutar por uma lei que tornasse o ensino

de Filosofia e Sociologia obrigatório em todos os estabelecimentos de Ensino

Médio do Estado, enquanto assistíamos, decepcionados, ao veto de nosso ex-

presidente sociólogo a outra lei equivalente, mas de caráter nacional. Mesmo

aprovada em abril de 2001, a lei estadual 6.649 só encontrou apoio na atual

Page 51: Ementas Documento Final

equipe da SEDU, que através da portaria nº 099-R de 22 de dezembro de

2003, artigo 14, estabeleceu que os conhecimentos de Filosofia e Sociologia

devem ser ensinados como disciplina.

Ementa Geral

Partindo do princípio de que os temas filosóficos exigem uma profundidade e

que não se esgotam jamais na simples definição, mesmo que fiquemos

abordando um único tema durante um bimestre inteiro, entendemos que eles

são na verdade pretextos para o exercício do filosofar. Portanto os

detalhamentos no tópico abaixo servem apenas como sugestão para serem

articulados pelos eixos de trabalho, ciência e cultura. A escolha do que

exatamente será trabalhado fica a critério professor e da equipe pedagógica de

cada escola. Ao contrário dos PCN´s que reforçam o ensino da história da

filosofia, acreditamos que o relacionamento imediato com temas atuais, de

interesse dos alunos, torna o filosofar mais agradável. Isto não exclui o

aprendizado histórico da filosofia, que pode ser transmitido relacionado aos

temas, mas reorienta para a ambição maior da Filosofia no Ensino Médio, que

é dotar os alunos de capacidade de reflexão crítica da realidade, de superar a

informação superficial e descomprometida socialmente, e de criar cidadãos que

pensem, investiguem e participem ativamente de seu mundo.

Uma grande dificuldade do ensino em nossas escolas se deve à rotina

entediante e morosidade das didáticas aplicadas em sala de aula. Como

alternativa a este método, convocamos a criatividade do professor e dos alunos

de filosofia, sem extinguir jamais as aulas expositivas, tornemos o aluno um

expositor de suas descobertas filosóficas, temperemos as aulas com o

inusitado: debates, dinâmicas, filmes, vídeo-clips, músicas, dramatizações,

documentário da tv escola, desenhos, internet, caminhadas, elaborações de

poemas e textos, seminários. A filosofia não surgiu entre quatro paredes,

nasceu da observação da natureza e do relacionamento humano, seu local é

universal, portanto podemos filosofar através de visitas a bibliotecas, galerias

de arte, cinemas, teatros, assentamentos, indústrias, parques, plantações,

festas folclóricas, museus, tribos indígenas, cooperativas, ONG’s, etc. O

Page 52: Ementas Documento Final

importante é libertar o ensino e tornar a aula como a própria vida: imprevisível,

intensa e admirável.

Objetivos Gerais:

O que é Filosofia?

Para procurar um direcionamento nesta questão, o professor pode começar

colocando questões, afirmações e negações cotidianas, que não apresentam

dificuldade de resposta e compreensão, como: que horas são? Que dia é hoje?

Ela está louca! Ele está sonhando! Está casa é mais bonita que a outra! Seja

objetivo!

No segundo momento, substituir as questões anteriores por questionamentos

filosóficos, como: o que é o tempo? o que é loucura ou razão? O que é o sonho

ou realidade? O que é beleza, relação quantidade, qualidade? O que é

objetividade e subjetividade?

A partir da percepção da diferença entre as questões cotidianas e as questões

filosóficas, o aluno compreende que a filosofia tem dois momentos: inicialmente

negativo e depois positivo. O momento negativo é aquele em que negamos as

certezas do senso comum, para a seguir, interrogá-los, buscando compreender

“o que é?” “porque é?” e este é o momento positivo, pois adquirimos novo

entendimento.

Depois disto, pode-se pedir que o aluno pesquise, após a aula, o que é filosofia

e traga a definição escrita, que será utilizada no primeiro debate. Este debate

mostrará que a filosofia não tem uma definição específica.

Mas como surge a filosofia? Mostrar ao aluno a passagem do conhecimento

mítico do mundo ao filosófico.

O professor pode trabalhar temas específicos da filosofia, como: verdade,

razão, loucura, subjetividade, objetividade, tempo, pré-juízos, pré-conceitos,

liberdade, etc.,

Filmes:

Page 53: Ementas Documento Final

Matrix

Show de Truman

Músicas:

Fundamento, do Cidade Negra

Estudo Errado, do Gabriel Pensador

Indicação de Leitura:

O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder.

O conhecimento

Levar os alunos para uma área fora da sala de aula. Eles devem imaginar que

nada conhecem,escolhendo alguma coisa de seu interesse e escrevendo no

caderno, no mínimo, 10 perguntas sobre o objeto escolhido. Voltar à sala de

aula e pedir que eles respondam estas perguntas no caderno sob a forma de

um texto - as respostas que o aluno não souber podem ser inventadas. A partir

daí, iniciar um debate lançando as seguintes questões: Como se dá o

conhecimento? A partir do objeto? Do sujeito? Ou de alguma outra forma?

A partir deste debate, o aluno é levado a perceber o conhecimento como

discurso que tenta organizar e compreender os fenômenos, e a distinguir os

vários tipos de conhecimentos: senso comum, mítico, religioso/teológico,

filosófico e científico.

Como atividade em grupos propomos os temas: a percepção, a memória,

imaginação, linguagem, pensamento, consciente/inconsciente, trabalhando a

contribuição da psicologia para o desenvolvimento do conhecimento humano

de suas próprias capacidades cognitivas.

Textos:

Page 54: Ementas Documento Final

O homem animal, de Adorno e Horkheimer – pode ser encontrado no livro

Filosofando (M. L. de Arruda Aranha / M. H. Pires Martins – Cap. 1).

Segunda Meditação de Descartes (Coleção Os Pensadores da Abril).

A lógica

Mostrar o aparecimento da lógica a partir dos problemas propostos por

Heráclito, Parmênides, Platão e Aristóteles. Apresentar por meio das

elaborações destes pensadores a importância da lógica como um instrumento

de aferição da verdade no discurso filosófico ou qualquer outra forma de

argumentação.

Desenvolver um estudo dos tipos de argumentação, indução e dedução,

analogia, falácias formais e não-formais, para possibilitar uma compreensão de

como se estruturam as diversas formas de discurso. O que é silogismo, lógica

formal e premissas. A relação entre lógica e dialética.

Indicação de atividade: mostrar ao aluno a importância da lógica na construção

das redações. Pesquisar em jornais e revistas textos com falácias.

Música:

Onda no Mar de Lulu Santos

Indicação de leitura:

Alice no país das maravilhas

O internauta, de Abrão Iuskow

O que é Trabalho?

Desenvolver a origem do trabalho a partir das relações humanas nas diferentes

culturas, desde as primeiras sociedades até a apropriação deste pelo

capitalismo.

Abordar as dimensões existentes em torno do trabalho: humana, social e

econômica, mostrando e refletindo sobre a interdependência desses aspectos.

Page 55: Ementas Documento Final

Trabalhar temas como: alienação, ideologia, dialética, práxis, luta de classes,

mais-valia, etc.

O trabalho no mundo globalizado

O que é globalização? As transformações do trabalho na contemporaneidade:

consumismo, robótica, o terceiro setor e a participação política do aluno na sua

comunidade. O que é liberalismo? Pensar como o capitalismo, sistema

econômico predominante no mundo globalizado, entrando em crise, transforma

as relações de trabalho. Refletir sobre a inter-relação dos aspectos regionais

com o mundo globalizado, como o ócio criativo, desemprego, hábitos culturais,

reforma agrária, exclusão digital, desenvolvimento sustentado, etc.

O Cooperativismo

Mostrar ao aluno como o capitalismo, hoje apresentado como única forma de

produção eficiente do trabalho, é na verdade um discurso historicamente

construído que encobre outras idéias econômicas alternativas como o

cooperativismo.

Como aula de campo propomos levar os alunos a pesquisarem as formas de

produção em grandes empresas, cooperativas, assentamentos de grupos de

sem terra, tribos indígenas, etc, refletindo sobre suas diferentes racionalidades.

Indicação de leitura:

O Princípio da Cooperação: em busca de uma nova racionalidade. Maurício

Abdala, Paulus.

Filmes:

Tempos Modernos

A Classe Operária Vai ao Paraíso.

Pai Patrão

Page 56: Ementas Documento Final

Vida de Inseto

Matrix

1984

Muito além do jardim

Forrest Gump

Músicas:

Vida de Salário, do Casaca

Ideologia, de Cazuza.

Máscara, da Pitty

Admirável,Chip Novo da Pitty

Cidadão, de Zé Geraldo

Fábrica, do Legião Urbana

Aluga-se, do Titãs

Comida, do Titãs

Até Quando Esperar, do Plebe Rude

O que é Cultura?

Inicialmente, sugerimos a distinção entre os conceitos de Culto e Inculto,

buscando uma desmistificação estabelecida pelo senso comum, que aponta a

cultura como sendo o espaço de um mero acúmulo de conhecimentos. Dentro

desta distinção podem ser trabalhados os tópicos: cultura popular, cultura de

massa, cultura erudita, buscando o entendimento de como se constituem cada

uma delas e o que faz com que se constituam como tal.

Page 57: Ementas Documento Final

O discernimento entre o mundo que é construído a partir da subjetividade do

homem, e o que é construído dentro de uma objetividade instintiva, pode ser

estabelecido num debate sobre o mundo cultural e o mundo natural.

Para falar sobre Cultura e História, é possível trabalhar a grande contribuição

de Hegel e Marx para a noção de cultura como história.

Em cultura e antropologia, o aluno pode ser levado a perceber a passagem da

condição natural para a cultural, pela criação da regras sociais, da linguagem,

do trabalho, do sagrado e do profano e a importância da pluralidade cultural.

Analisar a importância da linguagem na nossa cultura e suas complexidades

múltiplas bem como o surgimento da indústria cultural e de entretenimento e

suas ramificações na mídia.

Uma grande necessidade é desenvolver a diferenciação do pensamento

filosófico na América Latina e no Brasil e a partir daí, o surgimento da

identidade capixaba.

Indicação de leitura:

1492 : O Encobrimento do outro, de Henrique Dussel

A Contra-cultura

Como proposta de atividade prática, pode ser realizada pelos alunos uma

pesquisa de campo acerca dos movimentos de contra-cultura, que

caracterizam uma antítese da cultura produzida e vigente dentro de um grupo

social. Um exemplo de movimento de contra-cultura são os grupos “punks”,

que surgem justamente a partir da negação dos padrões de consumo impostos

pelo capitalismo.

Músicas:

Lourinha Bombril, do Paralamas do Sucesso

A Carne, do Seu Jorge

Page 58: Ementas Documento Final

Filmes:

Hair

Instinto

Planeta dos Macacos

Texto:

As Meninas Lobo, pode ser encontrado no livro Filosofando (M. L. de Arruda

Aranha / M. H. Pires Martins – Cap. 1).

Cultura e Política

Apresentar o surgimento da política no contexto cultural propiciado pelo mundo

grego. A importância da Pólis Grega na formação do pensamento político

moderno. Finalidade da vida política. Política moderna: representação ou

participação direta do indivíduo na sociedade.

Política e formas de governo: democracia (conceito grego e o conceito

moderno), teocracia, monarquia, tirania, etc. Política como forma de poder e

como força de transformação do real e do cultural. Pensar as implicações da

relação Sociedade contra Estado. As relações éticas na política (Indivíduo e

Estado, Estado e Indivíduo, Indivíduo e Natureza, Indivíduo e Indivíduo).

Cidadania e Política. O significado político e a práxis das revoluções. Poder e

sexualidade.

A origem das hierarquias de poder na escola e a importância do grêmio

estudantil.

Músicas:

Podres poderes, de Caetano Veloso

Toda Forma de poder, dos engenheiros do Havaí

Perfeição, do Legião Urbana

Filmes:

Page 59: Ementas Documento Final

A Fuga das Galinhas

Terra e Liberdade.

O Grande Ditador

Indicação de Leitura:

A República, de Platão

A Política, de Aristóteles

Cultura, Violência e Sexualidade

Compreender o fenômeno social da violência na nossa cultura, sua relação

com a miséria, crime organizado, drogas, preconceito racial e sexual, levando o

aluno a classificar diferentes tipos de violência: doméstica, física, passiva,

indireta, simbólica, e a branca.

Propor pesquisas biográficas de personalidades partidárias do pacifismo como

Gandhi, Luther King ou Chico Mendes.

Refletir sobre as diferentes concepções do desejo em Platão, Espinosa, Freud,

e a história da sexualidade. Apresentar a sexualidade não apenas no seu

aspecto biológico, mas suas relações com a afetividade, poder, desejo,

escolhas, gênero, amor, DST’s, propaganda e mídia, internet, propondo a

superação dos preconceitos e a aceitação das diferenças nas diferentes

orientações. A gravidez na adolescência.

Músicas:

Metrópole, do Legião Urbana

Polícia, do Titãs

Selvageria, do Rastaclone

Meninos e Meninas, do Legião Urbana

Minha Alma, do Rappa

Page 60: Ementas Documento Final

Tumulto, do Rappa

Se não Avisar o Bicho Pega, do Rappa

Amor e Sexo, da Rita Lee

Filmes:

Tudo o que você queria saber sexo, mas tinha medo de perguntar.

Kid`s

Diário de um adolescente

Três formas de amar

Indicação de leitura:

O Banquete, de Platão

O que é Ciência?

Trabalhar temas polêmicos como as relações entre ciência e poder, os mitos

da ciência, ciência utilitarista e desinteressada, o racionalismo, empirismo,

positivismo, construtivismo, não esquecendo do surgimento do conhecimento

científico desde suas raízes gregas até os dias atuais, o método científico, as

relações entre o poder e o saber, e a interdisciplinaridade.

Refletir como que o progresso da ciência possibilitou o desenvolvimento

tecnológico e as contradições surgidas neste processo.

Um trabalho bastante interessante pode ser feito propondo ao aluno que ele se

prive por um determinado período da utilização dos benefícios tecnológicos

presente no seu cotidiano. A partir daí o aluno poderá elaborar um trabalho

(texto, debate, apresentação expositiva) apresentando suas dificuldades,

reflexões e conclusões para a classe.

Page 61: Ementas Documento Final

Filme:

O Homem Bi-Centenário

Blade Runner

O Caçador de Andróides.

Músicas:

Queremos Saber, de Gilberto Gil

Computadores fazem arte, do Chico Science

Admirável Chip Novo, da Pitt.

Indicação de leitura:

Admirável Mundo Novo, de Adouls Huxeley

Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e suas regras, de Rubem Alves

Ciência e Ética

Trabalhar os conceitos de ética, ciência moral e bioética, e desenvolver uma

reflexão sobre as contradições trazidas para o relacionamento humano a partir

do desenvolvimento das ciências modernas, colocando grandes questões

éticas como foco de discussão, tais como, determinismo genético, clonagem,

transgênicos, projeto genoma, gerando um debate sobre a responsabilidade

moral, valores e os limites do conhecimento genético.

Refletir sobre as conseqüências da generalização dos resultados da ciência a

partir do estudo de partes específicas da natureza. Para essa reflexão, pode-se

realizar uma pesquisa entre os alunos sobre experiências pessoais, mostrando

como é comum chegar a resultados ainda não comprovados definitivamente.

Colocar em debate as experiências históricas da humanidade que deixaram

suas conseqüências no campo da ciência moral, como a bomba atômica.

Música:

Page 62: Ementas Documento Final

Vícios e Virtudes, do Charlie Brown Jr

Filmes:

A Ilha do Dr. Moreau,.

Laranja mecânica.

Medidas extremas.

A liberdade é azul

A igualdade é branca

A fraternidade é vermelha

Indicação de leitura:

Para a genealogia da moral / Nietzche, adaptação de Oswaldo Giacóia

Jr.

Ética à Nicômaco, de Aristótele

A estética e a crítica à ciência moderna.

Privilegiando a racionalidade, a ciência relegou ao esquecimento inúmeros

aspectos da vida humana, mostrando-se insuficiente para dar conta dos

problemas confiados a ela e criou inúmeras contradições no seu discurso,

limitando nossa capacidade criativa.

Apresentar os diferentes Pensadores que desenvolveram críticas ao modelo

científico moderno, como Nietszche, Hurssel, Heidegger, Foucault, Rubem

Alves e o surgimento da fenomenologia, estruturalismo, arqueogenealogia, não

esquecendo da dialética negativa de Adorno, Horkheimer, Benjamim e

Habermas.

Page 63: Ementas Documento Final

Apresentar a proposta estética de interpretação da realidade por meio da

sensibilidade, intuição e imaginação como alternativa ao discurso científico,

assim como esclarecer a percepção e concepção do belo.

Músicas:

Metamorfose ambulante de Raul Seixas

Réquiem do pequeno dos Paralamas do Sucesso

O que é, o que é do Ganzaguinha

Beleza Pura de Caetano Veloso

Filmes:

Minoroty Report

Beleza Americana

A Insustentável Leveza do Ser

Arquitetura da Destruição

BIBLIOGRAFIA:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Martins Fontes : São Paulo,

2000.

Abdalla, Maurício. O Princípio da cooperação : em busca de uma nova

racionalidade. São Paulo : Paulus, 2001.

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Poética, 1995.

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência : introdução ao jogo e suas regras. São

Paulo : Brasiliense, 1981.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de

filosofia. São Paulo : Moderna, 1998.

Page 64: Ementas Documento Final

ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. Martim Claret : São Paulo, 2001

ARISTÓTELES. Política. Martim Claret : São Paulo, 2002.

BRITO JUNIOR, Bajonas Teixeira de. Lógica do disparate. Vitória : Edufes ;

CCHN Publicações, 2001.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo : Ática, 2003.

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DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Feliz. O que é Filosofia. São Paulo : Ed. 34,

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DUSSEL, Enrique. 1492 : o encobrimento do outro : a origem do mito da

modernidade. Petrópolis : Vozes, 1993.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. São Paulo

: Paz e Terra, 1990.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. São Paulo :

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GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia : romance da história da filosofia. São

Paulo : Cia. das Letras, 1995.

GALLO, Sílvio. Ética e cidadania : caminhos da filosofia. Campinas : Papirus,

1997.

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Heerdt, Mauri Luiz. Construindo ética e cidadania todos os dias. Florianópolis :

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1998.

Page 65: Ementas Documento Final

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KOHAN, Walter (organizador). Ensino de filosofia : perspectivas. Belo

Horizonte : Autentica, 2002.

KOHAN, Walter Omar, LEAL, Bernardina e Ribeiro, Alves (organizadores).

Filosofia na escola pública. Petrópolis : Vozes, 2000.

LIPMAN, Matthew. A filosofia na sala de aula. São Paulo : Nova Alexandria,

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MASI, Domenico de. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro : Sextante, 2001.

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Educação Média e Tecnológica – Brasília : MEC; SEMTEC, 2002.

PLATÃO. A república. Martim Claret : São Paulo, 2002.

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REALE, Giovanni. História da filosofia (vol. 1, 2 e 3). São Paulo : Paulus, 1990.

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TURNBULL, Neil. Fique por dentro da filosofia. São Paulo : Cosac e Naify

Edições, 2001.

Page 66: Ementas Documento Final

Visão Geral da Área: Arte

A Arte se faz presente desde as primeiras manifestações de que se tem

conhecimento, como linguagem, produto da relação homem – mundo. Ela,

enquanto linguagem, interpretação e representação do mundo, é parte desse

movimento. Enquanto forma privilegiada dos processos de representação

humana, é instrumento essencial para o desenvolvimento da consciência, pois

propicia ao homem contato consigo mesmo e com o universo. Por isso a Arte é

uma forma do homem entender o contexto ao seu redor e relacionar-se com

ele.

A Arte promove competências, habilidades e conhecimentos necessários a

diversas áreas de estudo, entretanto, não é isso que justifica sua inserção no

currículo escolar mas seu valor intrínseco como construção humana, como

patrimônio comum a ser apropriado por todos.

O conhecimento das concepções estéticas presentes na história de diferentes

culturas e etnias abre caminhos para um “pensar em arte”, apresentando

opções para que o aluno possa refletir e construir seu conhecimento com um

olhar sensível, atento, aberto à variedade cultural, de forma, a quebrar

preconceitos e transpor as barreiras do senso comum ampliando a visão

estética e crítica do seu país e do mundo.

O conhecimento em Arte vem oferecer ao indivíduo meios para que adquira

leitura estética no mesmo patamar das bases do conhecimento histórico,

cientifico. Esses conhecimentos vão proporcionar ao indivíduo desenvolvimento

de capacidades de abstração que inserido à arte sedimenta, tornando o sujeito

capaz de perceber o mundo na construção do seu próprio espaço.

Compreendendo a arte como processo de revelação e interpretação do mundo

e as atividades educativas aqui propostas procuram explicitar as relações entre

Page 67: Ementas Documento Final

a arte e a leitura do mundo por meio de três campos conceituais: a

criação/produção, a percepção/análise e o conhecimento da produção artístico-

estética da humanidade, compreendendo-a histórica e culturalmente

O estudante vivenciando processos artísticos, conhecendo e afinando o olhar

para a arte e suas linguagens (artes visuais, dança, música e teatro) irá

valorizá-la como forma de compreender o mundo e inserir-se nele.

Educação pela Arte hoje é mundialmente reconhecida por educadores, artistas,

filósofos que nela encontram um sistema de aprendizagem natural, conforme o

INSEA – International Society for Education through Art. - “em todos os

períodos do desenvolvimento do indivíduo, fornecendo valores e disciplinas

essenciais ao completo desenvolvimento intelectual dos seres humanos numa

comunidade”.

No Brasil, o ensino da Arte está passando por grandes transformações.

A Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394), aprovada em

20 de dezembro de 1996, estabelece em seu artigo 26, parágrafo 2º: “O ensino

da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da

educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”.

Em 1988 foi criado um novo marco curricular, os PCN’s, que incluem as

reivindicações de identificar a área de Educação Artística por Arte, e de incluí-

la na estrutura na estrutura curricular como área de conhecimento com

conteúdos próprios ligados à cultura artística.

Os PCN’s propõem ao professor de Arte um trabalho com projetos promovendo

a interação das diferentes linguagens artísticas: música, teatro, dança e artes

visuais; buscando focar a multiculturalidade, num trabalho que envolva a

produção, a fruição e a reflexão.

No Espírito Santo, a Proposta Curricular para o Ensino Fundamental –

Educação Artística foi publicada em 1990, dividindo em três, as linguagens

dessa disciplina - Artes Cênicas, Musicais e Plásticas cabendo ao arte

Page 68: Ementas Documento Final

educador “ definir sua posição frente à importância que a disciplina suscita no

envolvimento integral do indivíduo”. (p.17)

Veio essa proposta com o ensino de cada linguagem isolada, independente

uma da outra, não havendo relação entre o ensino das artes plásticas (visuais)

cênicas e musicais, provocando uma fragmentação de conhecimento.

A mais recente mudança em relação ao ensino da Arte no Espirito Santo é a

portaria do Governo do Estado (nº084 – F. 12, 02/12/03) que faz modificações

na estrutura curricular da disciplina como prática pedagógica que tem por

finalidade a construção do conhecimento em Arte, que se desenvolve na

interseção da experimentação, decodificação e informação, das linguagens

artísticas, sendo componente curricular em todos os níveis da Educação

Básica.

Segundo Alvarez e Barraca (1997):

... arte, comunicação, trabalho e ciência são

atividades humana, formas como o homem se

expressa na sua relação com o outro e com o

mundo. Assim. Embora cada uma tenha a sua

especialidade, elas integram o processo

comum de construção da cultura da

humanidade, ao longo do tempo. (p.8)

Propondo assim, um ensino da arte orientado por um professor que tenha

domínio do saber sobre arte e do saber ser professor de arte.Com base nas

teorias pedagógicas contemporâneas, em relação ao ensino da arte, iniciamos

a elaboração das ementas da disciplina Arte em todos os níveis, indicando uma

direção para a elaboração de uma nova proposta curricular tendo como eixo:

ciência, cultura e trabalho, que é a base da política educacional do estado.

Page 69: Ementas Documento Final

INTRODUÇÃO

Ao apresentarmos as ementas para dar inicio a elaboração de uma proposta

curricular para a área de Arte, sentimos a necessidade de conceber o

conhecimento como um processo dinâmico que se dá na interação entre o

estudante, o professor e o próprio conhecimento.

Esta proposta está norteada na concepção de Arte como forma de trabalho

criador, de conhecimento e de expressão. Isso revê então a função da Arte

que, nesta perspectiva, não se reduz a ornamento, a documento de um período

ou lugar, a desenvolvimento da criatividade. Mais que isso, sua tarefa

primordial é ser formador dos sentidos humanos e de apreensão do saber

estético, contribuindo também para a fruição da produção artística.

Pretendemos que o ensino da Arte seja fundamentado no contexto histórico,

social, econômico e político onde os conteúdos programáticos sejam

adequados a uma pedagogia que propicie a todos o acesso aos

conhecimentos culturais básicos para uma prática educativa transformadora.

Dessa forma, oportunizar o acesso às amplas possibilidades de produção

artística vivenciando a arte como veículo formador e transformador dos

costumes, tradições, estilos, concepções e estética de um povo nas mais

variadas linguagens artísticas, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a

Dança, dentro de uma abordagem contemporânea onde à dicotomia existente

entre a prática e a teoria seja algo do passado no ensino da Arte.

Nesse tipo de proposta, podem-se expressar questões humanas fundamentais,

tais como: problemas sociais e políticos, fatos históricos e manifestações

culturais.

Entendemos, portanto, a Arte propiciando a formação do estudante como

cidadão, tornando-o capaz de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente

alicerçada no real/concreto e transformador de nossa sociedade.

Page 70: Ementas Documento Final

Segundo Robert Saunders : “ Os arte-educadores são uma minoria que podem

fazer um mundo que funcione melhor para todos”. É nesse sentido que o papel

dos professores é importante para que os alunos aprendam a fazer arte e a

gostar dela ao longo da vida, pois o gosto por aprender parte também da

qualidade de mediação entre professor / aluno. Não esquecendo de levar em

consideração não só os conteúdos da aprendizagem, mas também a própria

cultura e a vida pessoal.

O ensino da Arte proposto é o de se trabalhar as 4 linguagens de Arte(artes

visuais, dança, música e teatro), não como blocos separados, mas de tal forma

que, integrados, possam contribuir no processo global do aluno, sempre dentro

de uma metodologia que contemple igualmente a produção, a fruição e a

reflexão.

A avaliação também representa uma etapa educativa importante, o professor

deverá ter claro os seus objetivos, para saber como e o que avaliar e, para os

alunos o porque e como estão sendo avaliados.

Avaliação é um processo, sendo elaborada ao longo do percurso, e com o

propósito de estimular a transpor dificuldades e objetivando sempre a formação

de um ser humano mais crítico e criativo, sempre respeitando as diferenças

individuais.

A forma de apresentação deste documento, como aborda a Arte numa

dimensão ampla, não privilegia uma ou outra linguagem, mas sim, vem mostrar

que o tratamento direcionado à uma linguagem, pode e deve ser o mesmo para

as demais.

Como muitos conteúdos da área de Arte são trabalhados em todas as séries,

optou-se por fazer as ementas por blocos – 1ª à 4ª , 5ª à 8ª e 1º ao 3º ano –

procurando assim evitar uma ruptura no desenvolvimento dos mesmos.

1ª à 4ª série do Ensino Fundamental:

Ementa : o ensino da Arte visa proporcionar aos alunos meios necessários

para que possa se expressar sensivelmente, ampliar sua percepção, sua

Page 71: Ementas Documento Final

observação, sua capacidade de análise e síntese, criatividade, estabelecendo

relações com seu meio e com outras culturas.

Objetivos/conteúdos (artes visuais, dança, música, teatro) :

• Construir o pensamento visual por meio dos objetos da cultura, da arte e

das mídias.

• Explorar a estrutura da linguagem visual e a articulação de seus elementos

Constitutivos: ponto, linha, forma, cor, textura, dimensão, movimento,

volume, luz, sombra, planos, espaços, equilíbrio, ritmo e profundidade.

• Perceber a relação entre as diferentes linguagens: música, teatro, dança e

artes visuais.

• Experimentar os diferentes meios/suportes da linguagem visual: pintura,

desenho, gravura, escultura, modelagem, caricatura, história em

quadrinhos, colagem, fotografia, cinema, instalação, vídeo, tevê e

informática.

• Conhecer o ofício/produção de diferentes artistas: pintor(a), escultor(a),

gravador(a), desenhista, músico, musicista, ator(atriz), dançarino(a) e outros.

• Compreender a arte no seu contexto e saber identificá–la em sua

historicidade, observando a existência de diferenças nos padrões artísticos e

estéticos.

• Compreender a Arte como área de conhecimento e a sua relação com os

outros saberes.

• Proporcionar a produção, a fruição, e a reflexão nas diferentes linguagens

artísticas.

• Elaborar e sistematizar registros das experiências observações e

entendimentos que tangem a contextualização histórica nas diferentes

linguagens de Arte.

Page 72: Ementas Documento Final

• Promover o contato sensível, por meio da observação, da análise e da

apreensão de leitura nas diferentes linguagens artísticas.

• Reconhecer a importância da Arte e na sociedade e na vida dos indivíduos.

• Praticar o pensamento cinestésico tornando-o presente por meio da ação

corporal, poetizado pela criação de movimentos expressivos.

• Aprender a estrutura e o funcionamento corporal por meio de diferentes

formas de locomoção, deslocamento e orientação no espaço.

• Criar improvisando movimentos expressivos a partir de diferentes formas

corporais, como curvar, esticar, torcer, balançar, sacudir, respondendo a

pulsações internas rítmicas mudanças de tempo, etc.

• Registrar a seqüência de movimentos expressivos criados em coreografias

simples, individualmente ou em grupo.

• Perceber, interpretar e ler nos objetos culturais, artísticos e midiáticos, seu

conteúdo, sua expressividade, tanto pelo sensível quanto pelo cognitivo.

• Reconhecer e distinguir os vários estilos de dança e suas concepções

estéticas nas diversas culturas considerando as criações regionais, nacionais e

internacionais.

• Desenvolver o pensamento musical imaginando, relacionando e

organizando sons e silêncios, no espaço-tempo.

• Utilizar e criar a partir de canções, parlendas, rap’s, etc. , como portadoras

de elementos da linguagem musical.

• Integrar a música às outras linguagens por meio de jogos e brincadeiras.

• Perceber e identificar os elementos da linguagem musical: motivos, forma,

estilos, gêneros, sonoridade, dinâmica, textura, etc, explicitando-o por meio da

voz, corpo e materiais sonoros disponíveis, de notação ou de representações

diversas

Page 73: Ementas Documento Final

• Experimentar e comparar os sons ambientais, naturais e outros, de

diferentes épocas e lugares e sua influência na música e na vida das pessoas.

• Praticar o pensamento “como se” nos jogos de atenção, observação,

improvisação, etc.

• Ressignificar o mundo e as coisas do mundo poetizando-os por meio do

imaginário dramático articulando as expressões corporais, plásticas e sonoras,

a partir de estímulos diversos (temas, textos dramáticos, poéticos, jornalísticos,

etc., objetos, máscaras, situações físicas, imagens e sons).

• Experimentar jogos de improviso com a utilização de máscaras, bonecos e

outros modos de apresentação teatral.

• Compreender os significados expressivos corporais, textuais, visuais,

sonoros de criação teatral.

• Apreciação de grupos teatrais, eventos musicais, exposições e espetáculos

de danças.

• Pesquisa às fontes de informações sobre as diferentes linguagens de Arte,

sempre que necessário.

5ª a 8ª série

EMENTA: O ensino da Arte visa oportunizar o aluno a construção da sua

relação com o mundo percorrendo trajetos de aprendizagem estética, histórico

e sociocultural para que possa contribuir para a formação da consciência do

seu lugar no mundo e na compreensão de conteúdos das outras áreas de

conhecimento.

Objetivos da Área de Arte

• Desenvolver o conhecimento estético e competência artística nas diversas

linguagens da área de Arte (Artes Visuais, Música, Dança e Teatro), para que

possa progressivamente apreciar, analisar e valorizar os bens artísticos de

Page 74: Ementas Documento Final

distintos povos e culturas produzido ao longo de história e na

contemporaneidade.

• Experimentar as possibilidades das linguagens de Arte (música, dança,

artes visuais e teatro) explorando os elementos que constitui cada uma delas,

por meio da interação de materiais, instrumentos e procedimentos artísticos, a

fim de utiliza-los nas produções pessoais e identificá-los nas linguagens e

contextualizá-los culturalmente.

• Refletir as relações entre Arte e sua presença no mundo, tanto pelo

sensível quanto pelo cognitivo apreciando, identificando, relacionando e

compreendendo as diferentes funções da arte.

• Elaborar e organizar os registros pessoais das informações sobre arte

reconhecendo e compreendendo a diversidade dos produtos artísticos

presentes na história das diferentes culturas e etnias e em contato com artistas,

obras de arte, fontes de comunicação e informação a partir da sua concepção

estética.

• Freqüentar e reconhecer a importância da documentação de Arte, bem

como saber utilizá-la, valorizando os modos de preservação, conservação e

restauração dos acervos (galerias, museus, teatro, bibliotecas).

• Compreender as relações entre as linguagens de arte e também com as

outras áreas de conhecimento, estabelecendo conexões entre elas, nas

produções individuais e coletivas.

• Visitar e conhecer o ambiente de trabalho e os profissionais de arte, bem

como as suas produções.

• Desenvolver atitudes de cooperação, respeito, dialogo e valorização das

diversas escolhas e possibilidades de interpretação e de criação em arte que

ocorrem em sala de aula e no seu entorno

• Alcançar progressivo desenvolvimento da percepção audiovisual e tátil,

apreciando e interpretando produções artísticas do próprio meio sociocultural, a

nacional e internacional, no contexto histórico.

Page 75: Ementas Documento Final

• Empregar vocabulário apropriado de cada linguagem para a apreciação e

caracterização da produção individual, dos colegas e de profissionais em Arte.

Ensino Médio

Ementa: O ensino da Arte visa promover discussão, reflexão e análise por meio

de fundamentos: estéticos, políticos e éticos, criando consciência estética,

capacidade transformar e recriar o mundo segundo nossa situação existencial.

Objetivos da área de arte

• Utilizar as diferentes linguagens artísticas, seus códigos e representações

como produto de reflexão estético, político, ético e sociocultural.

• Apreciar e analisar os recursos expressivos das linguagens,

contextualizando-as e diferenciando-as segundo a sua natureza, função,

organização e estrutura, considerando também as suas condições de

produção.

• Emitir opiniões e argumentar sobre uma ou diferentes linguagens e suas

manifestações específicas, num contexto.

• Valoriza a produção artística dos múltiplos grupos sociais, em tempo e

espaço diferenciados, gerando tanto a fruição/apreciação quanto o cuidado

coma preservação destas manifestações artísticas e estéticas

• Buscar em documentos, livros, revistas de Arte, suporte para

argumentações na emissão de opiniões referentes a área.

• Participar de promoções/eventos culturais e artísticos como apreciador e ou

promotor de qualidade.

Obs.: A forma de apresentação deste documento, quando aborda a Arte numa

dimensão ampla, não privilegia uma ou outra linguagem, mas sim, vem mostrar

que o tratamento direcionado à uma linguagem, pode e deve ser o mesmo para

as demais.

Page 76: Ementas Documento Final

“ Não, não tenho caminho novo.

o que tenho de novo é o jeito

de caminhar”

Thiago de Melo

REFERÊNCIA

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dobraduras: História e atividades pedagógicas com origami, SP: Ed.

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- Soares, Paulo Toledo. O mundo das cores. SP: Moderna, 1991

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- Reis, Sandra Loureiro de Freitas. Educação Artística: introdução à História

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- Reverbel, Olga. Jogos teatrais na escola: atividades globais de expressão.

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- Cavalcanti, Zélia. Arte na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995

- Iavelberg, Rosa. Para gostar de aprender arte: Sala de aula e formação de

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- Barbosa, Ana Mãe. Tópicos Ultópicos BH: C/Arte, 1998.

- _______________. Arte-Educação no Brasil: das origens ao modernismo.

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- _______________. Arte-Educação: conflitos/acertos. SP: Mase Limonad,

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- _______________. Inquietações e mudanças no ensino da arte. SP:

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- _______________. A imagem no ensino da Arte. SP: Editora Perspectiva,

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- _______________.(org.) Arte-Educação: Leitura no subsolo. SP: Cortez,

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- Ferraz, Maria Heloísa Corrêa de Toledo: Fusari, Maria F. de Resende e. SP:

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- Pillar, Analice Dutra. Desenho escuta como sistemas de representação.

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- _________________. Desenho e construção de conhecimentos na criança.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

- Feist, Hildegard. Pequena viagem pelo mundo da Arte. SP: Moderna, 1996

- Reach, Hebert. A educação pela arte SP: Martins Fontes, 2001.

- Buoro, Anamelia Bueno. O olhar em construção; Uma experiência de

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- Porcher, Louis. Educação Artística: Luxo ou necessidade. SP: Summus,

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- Alves, Rubem. A alegria de ensinar SP: Ars Poética, 1994.

- Pillar, Analice; Vieira, Denyse. O vídeo e a metodologia triangular no ensino

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- LDB n° 9.394), 20/12/1996.

- Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte (MEC).

- Proposta Curricular para o ensino fundamental – Ed. ART (ES), 1990.

- SENAC, DN. Introdução a Comunicação e Artes. Rio de Janeiro: SENAC,

1997.

Page 79: Ementas Documento Final

EDUCAÇÃO FÍSICA

Introdução da Área

A Educação Física, muitas vezes, é relacionada apenas ao aspecto biológico.

A estreita vinculação entre Educação Física e saúde e Educação Física e

esporte tem sido, ao longo dos anos, a principal referência de parte significativa

dos professores, dos alunos em formação, dos alunos do ensino fundamental e

médio, dos pedagogos e demais professores da escola. Ao mesmo tempo, tem

sido um entrave para que se possa compreender a Educação Física em uma

dimensão educacional mais ampla e também suas interfaces com diferentes

campos de saberes.

Essa concepção ainda é predominante, apesar de os estudos mais recentes

indicarem uma Educação Física que hoje, pode ser compreendida como área

que tematiza/aborda as atividades corporais em suas dimensões culturais,

sociais e biológicas. Assim, a Educação Física extrapola a questão da saúde,

relacionando-se com as produções culturais que envolvem aspectos lúdicos e

estéticos, deixando de ter como foco apenas o esporte ou os exercícios físicos

voltados para uma perspectiva restrita à promoção e ao desempenho de

atividade física.

Compreender a Educação Física nessa perspectiva mais ampla, significa

concebê-la enquanto uma prática pedagógica, que tem como objeto os temas

da “cultura corporal” humana: jogos, danças, esportes, ginásticas,

manifestações culturais, dramatizações, e outros. Assim, o trabalho pedagógico

dessa disciplina na proposta da rede de ensino do Estado do Espírito Santo

deve ser reflexivo, considerando os eixos ciência, cultura e trabalho que

perpassam, também, as outras áreas de conhecimento que compõem o

currículo da rede estadual. Os eixos delimitam o que a escola pretende

trabalhar, quais as reflexões que pretende realizar e quais os alunos que

pretende formar.

A seguir, explicitamos como os eixos Ciência, Cultura e Trabalho podem ser

incorporados na proposta da área, bem como a concepção de currículo mais

coerente com esse trabalho proposto.

Page 80: Ementas Documento Final

No campo da Educação Física brasileira, ainda se discute sua legitimidade

pautada ou não na ciência. Aqui, entendemos que essa discussão se faz

necessária a partir da compreensão de como a Educação Física pode

contribuir com a formação humana da criança, do adolescente, do jovem e do

adulto, do ponto de vista do seu conhecimento escolar específico. Um

conhecimento que consiga realizar a transposição do saber comum ao saber

sistematizado e contextualizado. Nesse sentido, pensamos ser de suma

importância que o professor de Educação Física construa relações com os

saberes que o permitam realizar as “didatizações” necessárias a uma nova

prática.

Falamos do trato didático-pedagógico diferenciado com os temas da cultura

corporal como o esporte, a dança, a ginástica, e outros. Ao transpor esses

temas para dentro das aulas de Educação Física, é preciso que se construa um

processo de transformação distinto do que o aluno vê e vivencia fora da escola

e que se atribua uma relação de conhecimento escolar a esses temas. Essa

prática pedagógica pode romper a visão reducionista atribuída a Educação

Física ao longo dos tempos e colocar a disciplina em um lugar de maior

valorização na hierarquia curricular. Deve ficar claro para o aluno que a

atividade de correr nas aulas de Educação Física tem um significado

diferenciado do ato de correr fora das aulas de Educação Física; que a “pelada”

passa a ter outro sentido quando tratada como conhecimento escolar na

Educação Física; e assim por diante.

Na proposta curricular da Educação Física, a cultura como um eixo deve ser

compreendida em sua dimensão mais ampla – da diversidade cultural dos

povos; da idéia de que a linguagem humana é produto da cultura; de que a

comunicação é um processo cultural; e sendo assim, a linguagem corporal é

produto da cultura – e em dimensões mais afetas a cultura escolar, entendida

como um complexo de práticas e significados intencionais recorrentes da

escola como instituição social. A Educação Física constitui e é constituída pela

cultura escolar.

O eixo do trabalho surge como possibilidade de garantir a contribuição da

Educação Física na formação humana, na construção de uma postura reflexiva

Page 81: Ementas Documento Final

no mundo do trabalho; bem como de garantir um espaço para se elaborar uma

proposta curricular que considere o trabalho pedagógico da disciplina como

sistematizador e articulador de um conhecimento que pode gerar uma

produção significativa e relevante para o aluno do ensino fundamental e médio.

Esses eixos devem ser tratados de forma articulada em uma perspectiva que

envolva as relações pessoais, sociais, históricas e políticas de sala de aula,

definida pelo significado de currículo como prática pedagógica, impregnado

pelas diversas práticas escolares. O currículo, então, pode ser percebido no

cruzamento dessas diversas e diferentes práticas nas aulas e nas escolas. Nas

aulas, são mais perceptíveis as diferentes experiências pessoais e sociais e

nas escolas, são mais visíveis as tradições introjetadas e os diferentes padrões

de autoridade e poderes sociais (SACRISTÁN, 2000).

EMENTA

Trata do estudo da cultura corporal humana em suas dimensões cultural, social

e biológica considerando o desenvolvimento da criança, do adolescente, do

jovem e do adulto no processo de escolarização.

TEMAS E OBJETIVOS GERAIS

Os temas e os objetivos gerais foram elaborados a partir dos conteúdos

construídos e trabalhados no ensino de Educação Física ao longo da história

dessa disciplina. Ambos devem ser ampliados conforme entendimento coletivo

dos professores, das etapas de escolarização a serem trabalhadas e da

realidade de cada escola.

Temas Objetivos Gerais

Conhecimento do Corpo

(esquema corporal, noção de espaço e

tempo, conscientização corporal, relação

do corpo com o meio ambiente, e outros)

- Conhecer o próprio corpo em seu

aspecto físico, cognitivo, afetivo e

emocional em suas múltiplas

determinações econômicas, culturais

Page 82: Ementas Documento Final

e sociais ;

- utilizar o corpo de forma afetiva e

prazerosa, buscando construir uma

relação com o meio em que vive,

aprendendo a respeitar seus próprios

limites;

- considerar a efetiva participação dos

alunos portadores de necessidades

especiais e o conhecimento dos seus

limites e possibilidades corporais.

Corpo-Linguagem/Corpo-Expressão

(dança, dramatização, manifestação e

prática cultural, capoeira, ginástica geral

escolar, ritmo, e outros)

- Perceber o corpo como meio de

relação e interação consigo e com o

outro, bem como meio de linguagem e

expressão;

- Conhecer diferentes manifestações,

práticas e ritmos culturais constituídos

em âmbito nacional e regional;

- Conhecer, representar e vivenciar as

manifestações folclóricas e ritmos

constituídos historicamente no

Espírito Santo;

- estudar, vivenciar, compreender as

diversas interpretações da dança e da

ginástica; os conhecimentos

científicos, técnicos e artísticos; e a

criação de outras práticas corporais

Page 83: Ementas Documento Final

próprias dessas modalidades em seus

conhecimentos;

- considerar efetiva participação dos

alunos portadores de necessidades

especiais, seus limites e

possibilidades na vivência e prática de

atividades corporais ligadas ao tema.

Os Jogos e os Movimentos individuais e

Coletivos

(jogos individuais: xadrez, dama e outros;

jogos coletivos: frescobol, estafetas,

piques, peteca e outros; práticas de

exercícios com movimentos diversos:

equilíbrio, noção de tempo-espaço,

coordenação, velocidade, e outros)

- Conhecer e criar jogos que estimulem

a prática dos jogos individuais e

coletivos e a motivação dos alunos

para o desenvolvimento das

capacidades físicas, cognitivas,

emocionais; da afetividade; da atitude

de escolha e decisão; das

possibilidades de ação;

- Construção coletiva de regras que

trabalhem e resgatem os valores

étnicos, morais, sociais e éticos;

- estudar as organizações técnico-

táticas dos diferentes jogos, bem

como criar novas formas de

organização para os jogos;

- realizar a reflexão necessária à

percepção da sistematização do jogo

no ensino da educação física;

- construir relações sociais (consigo e

com os outros) a partir dos jogos

como tema da cultura corporal;

Page 84: Ementas Documento Final

- Vivenciar jogos que desenvolvam a

auto-organização individual e coletiva;

- Conhecer, vivenciar e analisar os

jogos de outros países, das regiões

do Brasil e do Espírito Santo, no que

se refere as formas de jogar e aos

valores imbricados nos jogos;

- Considerar a efetiva participação dos

alunos portadores de necessidades

especiais, seus limites e

possibilidades na vivência dos jogos e

movimentos individuais e coletivos.

Os Jogos Esportivos

(voleibol, futebol, basquetebol, atletismo,

futsal, natação, handebol, futebol de

areia, futvolei, tênis de mesa, esportes

derivados das artes marciais e outros)

- Estudar, conhecer e vivenciar as

modalidades esportivas instituídas

socialmente, em suas diferentes

organizações técnico-táticas, bem

como construir outras formas de

relacionar-se com essas modalidades

no ensino da educação física;

- Refletir e analisar os esportes e

características a eles agregadas a fim

estabelecer diferentes formas de

relação com os esportes;

- desenvolver as capacidades físicas

necessárias a prática esportiva e

outras práticas corporais;

- aprender os significados culturais

atribuídos aos esportes;

Page 85: Ementas Documento Final

- considerar a efetiva participação dos

alunos portadores de necessidades

especiais, seus limites e

possibilidades na vivência dos jogos

esportivos.

Ao trabalhar com esses e outros objetivos, deve-se observar as fases de

escolarização. Nas séries iniciais do ensino fundamental, propõe-se o trabalho

de iniciação à sistematização do conhecimento; nas séries finais, o trabalho de

ampliação da sistematização do conhecimento; no ensino médio, o trabalho de

aprofundamento da sistematização do conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AYOUB, Eliana. Ginástica geral e educação física escolar. Campinas, SP:

Editora da UNICAMP, 2003.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São

Paulo: Cortez, 1992.

KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 3. ed. Ijuí,

RS: Editora UNIJUÍ, 2000.

KUNZ, Elenor (Org.). Didática da educação física 1. Ijuí, RS: Editota UNIJUÍ,

1998.

KUNZ, Elenor (Org.). Didática da educação física 2. Ijuí, RS: Editora UNIJUÍ,

2001.

SACRISTÁN, Gimeno J. Currículo: uma reflexão sobre a prática. 3.ed. Porto

Alegre: ArtMed, 2000.

Page 86: Ementas Documento Final

PROFESSORAS:

Terezinha Santos Matos (SEDU)

Rita de Cássia Rodrigues Dockhorn (Rede Estadual-ES)

Valdete de Souza Lima (Rede Estadual-ES)

Zenólia C. Campos Figueiredo (UFES)

Page 87: Ementas Documento Final
Page 88: Ementas Documento Final

Sugestão de Ementa de Química para o Ensino Médio da Rede Estadual deEscolas do Estado do Espírito Santo

INTRODUÇÃO

Historicamente a química teria surgido, não de maneira formal, na filosofia grega

que seria responsável pelos primeiros passos no sentido do reconhecimento

deste ramo científico como ciência propriamente dita. Portanto as raízes da

química, remontam bases filosóficas que, alguns anos mais tarde,

intencionalmente, foram abandonadas ou postas de lado.

A partir desse momento a química passou a ser considerada uma ciência exata e

portanto simplista e não complexa como concebida originalmente.

A história de que os químicos são cientistas que gostariam de esconder em suas

locas, laboratórios subterrâneos, talvez se deva ao fato de que os alquimistas, em

suas práticas, que misturavam misticismo com experimentalismo, resultando em

odores fétidos e insuportáveis que deveriam ser camuflados para não incomodar

a ninguém.

O fato, porém, é que esta idéia ainda hoje persiste e contribui para um certo

isolamento atual desta componente curricular dos nossos educandos.

Mas não é somente isso, muitos de nossos docentes têm contribuído para este

isolamento quando propõem avaliações como instrumentos de punição e de

marcação, fornecem dados como se estivessem empurrando ou inserindo dados

nas cabeças dos alunos, que acostumados com a retórica através dos tempos,

copiam e fingem que aprendem. È claro que existem outros fatores tais como os

físicos e políticos, que não cabe aqui traçar comentários mais extensos.

Portanto, a ciência química não é essencialmente desumana e nem tão pouco

puramente exata, pois ela própria é natural e tudo que advêm da natureza possui

natureza complexa, não no sentido restrito da palavra, mas no sentido de

englobar vários ciclos naturais e artificiais que se inter-relacionam.

A química é a ciência dos modelos construídos a partir de investigações,

observações e análise de conceitos envolvidos com as reações químicas.

Page 89: Ementas Documento Final

Portanto, a partir de procedimentos experimentais, construiu-se todos os modelos

da química moderna e contemporânea. A química é essencialmente experimental.

Isso não quer dizer que os experimentos devam se dar no enclausuramento de

um laboratório como faziam os alquimistas, pois existem vários fenômenos

químicos que interferem na vida humana e conseqüentemente no ambiente.

Muitos desses relacionam-se ao ser humano direta ou indiretamente, logo a

ciência química é essencialmente “vida”.

Fica claro então, a necessidade de cativar nos educandos formas filosóficas de

pensamento e não apenas cálculos e experimentos sem a ênfase na

aplicabilidade e na identidade com a nosso modo de vida, para que possamos

formar uma geração pensante que possa propor modificações políticas e sociais a

curto, médio e longo prazos.

Com a introdução do método científico, na segunda metade do século XIX, os

estudos e pesquisas em química, as informações foram traduzidas, divulgadas,

expandidas e padronizadas em modelos que embora estejam relacionados ao

cotidiano humano, ainda carecem de uma aproximação à realidade dos nossos

adolescentes, ainda que estejamos na era da informação. Isso precisa ser

mudado.

Para isso, a educação em química deve possibilitar ao aluno uma compreensão

dos processos químicos em si, conhecimento científico, em estreita relação com

as aplicações tecnológicas, suas implicações ambientais, sociais, políticas e

econômicas.

O ensino de química pode e deve ser prazeroso e recheado de sentido para o

educando.

A cada fenômeno visualizado no dia a dia pelo adolescente, este deverá ser

capaz de identificar fenômenos químicos e quando for seguro, investigar,

desvendar e utilizar processos científicos que podem melhorar a relação humana

com o ambiente. Mas não é apenas isso, é necessário também buscar inovações

tecnológicas que promovam a sustentabilidade do planeta e a melhoria de vida

dos seres humanos.

Page 90: Ementas Documento Final

É preciso incluir no lugar de excluirmos, como tem sido feito até agora.

Cabe ao docente orientar os caminhos pelos quais seus alunos devem trilhar, de

acordo com as necessidades dos mesmos e com suas respectivas realidades de

vida.

- ENSINO FUNDAMENTAL

São feitas a seguir sugestões em módulos que podem nortear o trabalho

docente. Não é objetivo deste documento encerrar assuntos a serem

abordados e nem tão pouco estabelecer uma seqüência a ser seguida para os

mesmos.Sabe-se que esta competência é exclusiva do docente para com a

escola e comunidade em que desenvolverá suas atividades profissionais.

OBJETIVOS :

Módulo I (Linguagens científicas e suas aplicações)

- Compreender os códigos e símbolos próprios da química atual;

- Utilizar a representação simbólica das transformações químicas e reconhecer

suas modificações ao longo do tempo;

- Identificar fontes de informação e formas de obter informações relevantes para o

conhecimento da química, bem como analisá-las e interpreta-las (livro,

computador, jornais, manuais, etc);

- Compreender os fatos químicos dentro de uma visão macroscópica (lógico-

formal);

- Reconhecer tendências e relações a partir de dados experimentais ou de outros

dados (classificação, seriação e correspondência química)

- Reconhecer ou propor a investigação de um problema relacionado à vida,

selecionando procedimentos químicos pertinentes;

Page 91: Ementas Documento Final

- Desenvolver conexões hipotético-lógicas que possibilitem previsões a cerca

das transformações químicas e suas implicações no ambiente.

Módulo II (Relações humanas e com o ambiente que o cerca)

- Reconhecer aspectos químicos relevantes na interação do ser humano,

individual e coletiva com o ambiente;

- Reconhecer o papel da química no sistema produtivo (rural e industrial),

econômico e político;

- Reconhecer as relações entre desenvolvimento científico e tecnológico da

química e aspectos sócio-político-culturais;

- Reconhecer os limites éticos e morais que podem estar envolvidos no

desenvolvimento da química e da tecnologia;

EMENTA

- Estados físicos da matéria e suas relações com o cotidiano – ganhos e perdas

energéticas, a questão energética mundial; composição química do ar

atmosférico e sua relação com a vida na Terra, a possível origem dos

elementos químicos a partir do “Big-Bang”.

- O solo e seus componentes, sua relação com a cobertura terrestre bem como

a manutenção dos recursos hídricos; a disputa por áreas produtivas, os

desmatamentos, as queimadas e suas conseqüências ao ambiente do ponto

de vista químico e social.

- Água : recurso natural que merece o cuidado de todos. Políticas públicas.

Legislação ambiental pertinente.

- Importância das características químicas e físicas do ar, água e solo e com o

equilíbrio ecológico. Soluções aquosas no nosso cotidiano. Fenômenos

químicos relacionados com a vida.

Page 92: Ementas Documento Final

- Sabores das substâncias naturais e artificiais – fermentação e degradação de

matéria orgânica. Pigmentos naturais e artificiais. Aromas naturais e artificiais.

As relações entre nossos sentidos e relações de sentimento (como utilizamos

a química sob esse aspecto).

ENSINO MÉDIO

Seguem abaixo, aspectos relevantes para o ensino de química.

Não é objetivo deste documento encerrar assuntos a serem abordados e nem

tão pouco estabelecer uma seqüência a ser seguida para os mesmos.Sabe-se

que esta competência é exclusiva do docente para com a escola e comunidade

em que desenvolverá suas atividades profissionais.

OBJETIVOS

Módulo I(Homem x homem, homem x ambiente)

- Proporcionar melhoria na qualidade do ensino de Química através de

conteúdos básicos inseridos no cotidiano (“recheados” de significância para o

discente);

- Fornecer subsídios químicos e éticos para a formação de uma consciência

crítica das relações entre homem e o cotidiano;

- Integrar, complexar, formar uma rede de informações que proporcionem

interdisciplinaridade e explicitem aspectos transdisciplinares da química para

como as demais componentes curriculares e vice-versa;

- Relacionar os conteúdos químicos com a realidade cotidiana do homem e com

o ambiente que o rodeia;

- Conduzir o ensino de química a nível prático com segurança, investigação,

curiosidade e criatividade (propiciar discussões evidenciando as relações entre

os conceitos químicos e o cotidiano);

Módulo II (padrões e modelos próprios da linguagem química)

Page 93: Ementas Documento Final

- Introduzir o educando no ambiente de laboratório : transferência de sólidos,

líquidos e gases; filtração; medidas de volume e massa de substâncias

(quantidade de matéria); pesagem; preparo de soluções; reações químicas e

avaliação de possíveis conseqüências próprias do dia a dia;

- Reconhecer e estabelecer as relações críticas e benéficas entre o

desenvolvimento dos processos químicos e o meio ambiente;

- Desenvolver a percepção do valor da ciência como construção humana e o

sentido de coletividade e de cooperação;

- Saber utilizar os modelos de química nas interpretações de situações

problema tanto teóricas como práticas.

EMENTA

- Segurança no laboratório, técnicas experimentais básicas,

reconhecimento de materiais de laboratório;

- A história humana e suas implicações na constituição das leis ponderais.

- Leis dos gases e sua inter-relação com processos ligados à extração de

minerais (petróleo), pesca, piscicultura, como o mergulho e a solubilidades

de gases em água.

- Extração mineral e vegetal: átomos e moléculas (cores e identidades

químicas e físicas dos elementos químicos) , propriedades dos elementos

químicos e suas periodicidades, tabela periódica (instrumento de consulta e

não de memorização);

- Sabores da vida: Principais funções da química inorgânica (características e

relação das substâncias químicas com diversos setores produtivos da vida

humana, geração de empregos através dos setores de produção,

necessidade de qualificação profissional para o manuseio dessas

substâncias sem prejudicar a nós mesmos e ao ambiente);

- Análise, interpretação e proposição soluções para situações-problema

teóricas (contextualizadas) e práticas da vida, estequiometria;

Page 94: Ementas Documento Final

- Soluções, tratamento de água, recursos hídricos, saneamento básico e

políticas públicas, o que diz a legislação de águas (textos adaptados ou

breves intervenções);

- Processos siderúrgicos e metalúrgicos: Termoquímica : noções de

termodinâmica, combustão e combustíveis, opção por combustíveis que

conjuguem melhor a relação eficiência x poluição;

- O mundo capitalista e sua correria (trabalho com dinâmicas que explicitem

as regras do mercado atual e suas conseqüências para o homem, possíveis

soluções alternativas), cinética química : a necessidade dos processos

químicos se adequarem ao mercado acelerando a velocidade das reações ,

adoção de catalisadores;

- Como o homem atua no meio alterando equilíbrios físicos e químicos em

seu benefício e sem avaliar conseqüências, características dos processos

químicos (constantes de equilíbrio, deslocamento do equilíbrio, equilíbrio

iônico, equilíbrio de solubilidade), a relação dos equilíbrios com processos

inerentes da vida humana;

- Eletroquímica : pilha, eletrólise, corrosão e processos anticorrosivos

(Processos industriais potencialmente poluidores, veículos movidos a gás

hidrogênio);

- O uso da radioatividade em processos de aumento da durabilidade de

alimentos (radiações mais utilizadas), radiatividade em processos

hospitalares quem beneficiam a vida, as ogivas nucleares e o domínio dos

países que detêm sua tecnologia, o risco para o mundo;

- Estudo dos compostos orgânicos (embalagens, cosméticos, produtos de

limpeza, ...) : Estrutura, grupos funcionais, nomenclatura usual e oficial ,

propriedades físicas e químicas que influenciam na utilização de tais

substâncias como matérias-primas de processos industriais da indústria de

base e de bens de consumo, isomeria (a questão dos remédios genéricos e

dos extratos vegetais isômeros), reações orgânicas do cotidiano sejam

naturais ou sintéticas, os processos industriais e suas relações com o Meio

Page 95: Ementas Documento Final

Ambiente (dinâmicas que abordem a legislação ambiental, acordos

internacionais e a necessidade de políticas de fiscalização e principalmente

da formação da consciência ambiental global), contaminações industriais e

acidentes químicos (como evitá-los, adoção práticas de produção

ambientalmente mais limpas).

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USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química: Volumes I, II e III. 9.ed.

reformulada e ampliada, São Paulo: Ed. Saraiva, 2000.

Page 96: Ementas Documento Final

FÍSICA

1. INTRODUÇÃO

Ao longo de tantos anos da história da humanidade, a Física acumulou um

conhecimento invejável e, por isso, torna-se difícil estabelecer prioridades para

serem trabalhadas. Atualmente, muitas vezes, a escolha tem recaído sobre os

tradicionais conteúdos: mecânica, termologia, ótica, ondas e eletromagnetismo,

sempre propostos nos livros didáticos. Uma longa lista de conteúdos e uma

carga horária reduzida têm restringido o conhecimento numa busca incansável

de se cumprir o programa, sem se levar em conta o sentido mais amplo da

formação do educando.

O contexto histórico, social e econômico também tem sido determinante na

orientação do desenvolvimento dessa ciência. Até o final do Renascimento,

época das máquinas simples, das torres e catedrais, predominou e

desenvolveu os estudos da mecânica; quando, devido à necessidade de novas

fontes de energia, surgiram às máquinas térmicas e desenvolveu-se o estudo

da termodinâmica. Mais tarde, a descoberta da indução magnética, ainda

resultado da busca de fontes de energia, propiciou o surgimento do

eletromagnetismo que viabilizou o domínio da geração e recepção das ondas

eletromagnéticas e deu origem a uma nova era tecnológica, a era da

eletricidade e das telecomunicações. A termodinâmica e o eletromagnetismo

levaram a Física a reformular-se radicalmente, dando origem a Física Moderna.

Após a participação no desenvolvimento de armas nucleares, que atendiam a

forças políticas e militares daquele momento, a Física Moderna voltou-se para

a busca pacífica, mas ainda arriscada, de novas formas de energia e aplicação.

Atualmente, a mecânica quântica, uma das teorias básicas da Física Moderna,

nos leva para uma nova era tecnológica, do domínio do microcosmo, dos novos

materiais, dos chips, da engenharia genética e da biotecnologia. A teoria da

relatividade trouxe uma compreensão do macrocosmo, que os avanços

tecnológicos têm permitido cada vez mais entender e avançar. Neste contexto,

o estudo da Física, como disciplina, integradora, revolucionária e, sobretudo,

Page 97: Ementas Documento Final

como um exercício do que é a própria vida, sintetiza Ciência na sua maior

essência, não pode desvincular-se.

O ensino de Física no Brasil foi até a década de 50, caracterizado por um

extremo pragmatismo e utilitarismo, tanto no aspecto pedagógico quanto no

aspecto referente aos tipos de assuntos abordados, o que pode ser observado

na seleção e na extensão dos assuntos feitos pelos livros didáticos da época.

Era dado grande destaque a assuntos pontuais de aplicação ou interesse

práticos mais ou menos diretos (termologia, regime de eventos, marés, ótica

geométrica, estática, metrologia, estudos exaustivos de balanças, etc). Pouco

esforço era dirigido à discussão e ao entendimento das Leis e dos conceitos

fundamentais da Física. Esse tipo de abordagem era devido, principalmente, à

formação obtida pelos professores nos cursos dados pelas Faculdades de

Ciência e Letras e pelas Faculdades de Engenharia.

Uma mudança profunda na abordagem do ensino de física na escola média foi

tentada a partir da elaboração, por grandes físicos americanos, alguns

nobelistas, de um projeto, na segunda metade da década de 1950, para o

ensino de Física na escola média americana: o Physical Science Study

Committee, mais conhecido como o PSSC. Esse projeto foi o resultado dos

anseios e receios despertados no governo dos Estados Unidos da América

pelo lançamento do primeiro satélite soviético (Sputnik) do que do desejo de

construir uma sólida educação científica.

Outros projetos visando a melhoria do ensino de física foram propostos na

década de setenta: o “Projeto de Ensino de Física”, coordenado pelo professor

Ernest Hambúrguer, do Instituto de Física da USP, com uma proposta de

fascículos vendidos inclusive em bancas de jornal. Essa incluía um conjunto

mínimo de materiais para experimentos; o “Projeto Brasileiro para o Ensino de

Física”, do professor Rodolpho Caniato, tinha como tônica o “aprender

fazendo”. Ambos os projetos exigiam, para sua aplicação, professores

altamente treinados e não foram suficientemente difundidos pelo desinteresse

e descaso para com o Ensino Médio então vigentes.

Page 98: Ementas Documento Final

Um(a) cidadão(ã) contemporâneo, harmônico com o mundo em que vive,

deve ser atuante, capaz de trabalhar em grupo, compreender, intervir e

participar da realidade, por meio de uma visão desmistificada dos fenômenos

físicos vivenciados durante a sua vida. Assim, o ensino-aprendizagem de

Física deve possibilitar o entendimento crítico dos fenômenos naturais e

tecnológicos presentes no dia-dia e a compreensão do universo, a partir de

princípios, leis e modelos construídos por essa ciência. Muito mais do que

qualquer outra área de conhecimento, a Física utiliza conceitos e terminologias

que envolvem os usos de tabelas, gráficos e/ou relações matemáticas. Desse

modo, o ensino de Física proporciona a tomada de consciência dos

significados dos conceitos trabalhos, quando evita a memorização de fórmulas

e a repetição de procedimentos sem explicitação pelo professor dos seus

significados. A contextualização dos conceitos e das definições, “do que

ensinar” e “para que ensinar” contribuirá para tornar a aprendizagem de Física

significativa para os alunos.

Diante da necessidade de garantir uma aprendizagem significativa somos

obrigados a perguntar se as mudanças necessárias não poderão comprometer

uma construção desse conhecimento nos levando a um emaranhado de

conjecturas dotadas apenas de senso comum. Como ficaria o formalismo

Físico? O que devemos privilegiar? O que não deve ser estudado? Devemos

avançar para além das fronteiras da Física Moderna, ou devemos nos limitar a

Física Clássica? São questões que não possuem respostas consensuais.

Consideramos, entretanto, a necessidade do ensino de Física contextualizado.

Para isso é necessário incluir em nossas aulas discussões sobre os diferentes

entendimentos do que é física e sobre as experiências vivenciadas, incluindo-

se as mais variadas interpretações, implicações e desdobramentos. E nesse

sentido buscar explicações para inquietações presentes na física e com isso

gerar novas preocupações que por sua vez gerarão outras e mais outras. A

busca por explicações diante das inquietações visará subsidiar os professores

em suas escolhas e práticas, contribuindo para o processo de apropriação e

entendimento do conhecimento.

Page 99: Ementas Documento Final

Mecânica

A presença da mecânica na tecnologia do mundo atual é uma realidade,

encontrada, praticamente, em tudo que nos rodeia: nos carros, nas casas, nos

esportes, nos portos, nos sistemas hidráulicos, nos elevadores, nos

eletrodomésticos, nas descobertas astronômicas, etc.

A noção de medida é fundamental para a ação consciente nesse mundo

moderno, para tanto, o estudo das medidas dever partir de situações do

cotidiano possibilitando uma compreensão dos métodos e procedimentos da

mecânica, quanto ao uso dos mais diversos tipos de instrumentos medida.

No estudo da mecânica a cinemática costuma ser tratado de maneira muito

detalhada em alguns cursos do Ensino Médio. Esse tratamento muito extenso

deve ser evitado e não é recomendada uma abordagem minuciosa, porque a

importância da cinemática no contexto da Física é limitada e há o risco de

deixar de abordar assuntos mais importantes para a formação dos estudantes.

As Leis newtonianas deverão ser apresentadas primeiramente sob o ponto de

vista histórico. Objetivando fornecer subsídios para o entendimento da

realidade onde Newton e seus predecessores viveram, mostrando, como

mencionado, a ciência como uma construção humana. Os temas como:

equilíbrio, hidrostática, gravitação e Leis da conservação devem ser estudados

logo após as Leis de Newton com ênfases especiais nas aplicações e

observações do cotidiano e nas próprias Leis de Newton.

Algumas exposições acerca da teoria da relatividade podem ser úteis para

descontrair e abrir espaço para uma discussão como os alunos sobre um tema

fascinante e especialmente presente nas obras de ficção científica, a

possibilidade ou não das viagens no tempo.

Ementa:

Estuda as noções de medida e a sua evolução histórica voltadas para o

cotidiano e relacionadas ao Sistema Internacional de Unidades. Discute os

principais equipamentos desenvolvidos pelo homem: alavancas, relógios,

termômetros, enxada, facão, canudinho de refrigerante, etc. Trata das

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interpretações de gráficos relacionados aos movimentos e suas causas, onde a

importância das Leis de Newton é priorizada quanto ao cotidiano na sociedade.

Enfoca as Leis de conservação, a hidrostática e o equilíbrio. Estabelece o céu

como laboratório, observando os movimentos visíveis, e buscando identificar as

características do planeta Terra e de todo sistema solar.

Objetivos Específicos:

• Interpretar e utilizar diferentes formas de representação (tabelas, gráficos,

expressões matemáticas...);

• Formular questões, a partir de situações reais, e compreender aquelas já

enunciadas;

• Estimar grandezas físicas associadas ao cotidiano.

• Escrever corretamente as medidas, obedecendo às regras de estilo do

Sistema Internacional de Unidades.

• Levar o aluno a olhar para o céu e observar / contemplar sua beleza,

deixando que ele escreva sobre suas observações.

• Estabelecer relações de que o deslocamento consiste numa variação de

posição, ou seja, uma mudança entre a posição inicial e a posição final.

• Entender que as Leis de Newton estão presentes no dia-a-dia

• Aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais, relativas ao

conceito de equilíbrio, na vida pessoal e nos processos de produção.

• Estimular a prática da observação de um mesmo movimento por

diferentes observadores em particular de uma bola em queda livre

• Compreender e aplicar os princípios de conservação.

Física Térmica

A construção do conceito calor é apresentada a partir de sua concepção inicial

de substância, daí para a concepção de movimento até chegar à de energia

Page 101: Ementas Documento Final

atual. Entretanto, deve ficar bem claro para os alunos as dificuldades

encontradas durante as mudanças conceituais do calor (por exemplo, a não-

conservação do calórico).

É também sob essa visão que se discute a Segunda Lei da Termodinâmica

antes da Primeira, complementando a conservação de energia. Assim, a

Primeira Lei, que também trata da conservação da energia (relação trabalho e

energia), deve ser entendida como um caso particular da Segunda Lei.

Enquanto na mecânica se estuda a partícula individualmente como ponto

material, na termodinâmica são estudados sistemas de bilhões e bilhões de

partículas. A Física passa a enfrentar o desafio de descrever e compreender a

natureza como ela é, sem as idealizações e artificialismos tão freqüentes na

mecânica. É na termodinâmica que a relação da Física com a vida se

intensifica, pois aqui temos o estudo das relações da temperatura com a vida,

as relações dos efeitos anômalos da água e seu comportamento para o

surgimento da vida, o funcionamento das maquinas térmicas e dos motores a

combustão.

Ementa

Objetiva a análise de origem do desenvolvimento industrial moderno, através

do estudo das máquinas térmicas. São enfocados os conceitos básicos de

termodinâmica, algumas aplicações modernas e as conseqüências sociais

desse processo industrial.

Objetivos específicos:

• compreender o funcionamento da geladeira;

• aplicar métodos e procedimentos das ciências naturais;

• analisar qualitativamente dados, relacionados a contexto

socioeconômicos, científicos ou cotidianos.

Page 102: Ementas Documento Final

Óptica

Ao se perguntar: “O que acontece com a luz quando ela encontra um

obstáculo? Para a resposta, são focalizados e estudados os materiais

translúcidos e transparentes, visando-se, principalmente, “preparar o caminho”

para trabalhar o conceito de reflexão e refração.

O tema óptica é adequado para se discutir a formação de imagem, a visão, as

formas de transmissão de informação, os processos de codificação e os

registros. Os estudos sobre a visão possibilitam entender porque nosso olho é

capaz de enxergar. Também nesse estudo podemos identificar características

da luz, do olho e da máquina fotográfica, defeitos visuais, lentes divergentes e

convergentes, equação dos fabricantes de lente e fórmula da convergência e

anatomia do globo ocular.

Ementa

Investiga os fenômenos ópticos naturais, permitindo entender e explicar o

funcionamento de alguns fenômenos do mundo natural. Desenvolve aplicações

sobre o funcionamento de alguns instrumentos ópticos, como o telescópio, a

luneta, as máquinas fotográficas, os olhos e os óculos, contemplando aspectos

mais técnicos da óptica.

Objetivos específicos:

• aplicar os conhecimentos científicos ligados aos fenômenos ópticos em

situações concretas do dia-a-dia;

• relacionar o princípio de funcionamento do olho humano aos instrumento

ópticos.

Ondas

O estudo das ondas mecânicas é que possibilita um espaço adequado para

discutir e analisar os fenômenos sonoros e os processos de produção do som.

O estudo do som permite uma interface importante com as artes sendo a

música em particular um ótimo laboratório.

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O estudo básico sobre ondas se faz necessário, pois é a formulação teórica

mais utilizada na mecânica quântica e serve de base para muitas das

tecnologias atuais. Além disso, podemos usar este ramo do conhecimento para

analisar a Física da telecomunicação, entendendo o funcionamento do rádio,

da televisão, do telefone celular, do telégrafo, do fax e dos satélites. Outros

estudos que não podemos deixar de enfocar diz respeito ao papel da Física na

música, nas artes plásticas, na fala, na audição e na medicina.

Ementa

Aborda os conceitos de acústica, enfocando a aplicação da Física à música e a

associação entre a Física e a literatura, o pensamento holístico, a física e as

artes plásticas, cores e formas.

Objetivos Específicos:

• Compreender o movimento harmônico simples como periódicos, de

velocidade e aceleração varáveis, gerados por forças conservativas;

• Destacar o fato das ondas apresentarem traços em comum seja qual for

a sua natureza;

• Demonstrar o caráter ondulatório da luz.

Eletromagnetismo

No estudo do Eletromagnetismo a contextualização histórica deve acompanhar

o início de cada um dos conteúdos trabalhados. É importante falarmos dos

Gregos, de Tales de Mileto, de Charles Coulomb, de Gilbert, médico da rainha

da Inglaterra no final do século XVI, e de outros personagens que compõem o

cenário histórico do desenvolvimento do eletromagnetismo. É importante a

inclusão e experimentações, relatórios e discussões acerca de cada conteúdo.

Os eletroscópios embora não tenha aplicação tecnológica possui uma

importância histórica que não pode ser desconsiderada.

A verdadeira compreensão dos conceitos Físicos necessita de rigor que, para

muitos, se constitui em preciosismo; entretanto, o seu correto entendimento só

Page 104: Ementas Documento Final

ocorre caso cada um dos conceitos sejam trabalhados de forma a não deixar

dúvidas quanto ao seu verdadeiro significado. Isso é importante para que o

aluno possa correlacioná-los às diversas manifestações Físicas que aos olhos

do senso comum podem provocar distorções e enganos.

É importante que o professor apresente um pequeno estudo sobre as cargas

elétricas antes de introduzir a Lei de Coulomb. Os conceitos de campo elétrico

e vetor campo elétrico são conceitos abstratos, difíceis e geralmente mal

compreendidos, mas essencial para estudo da Física e, em particular, da

eletricidade. Os estudos de potencial elétrico, capacidade elétrica e diferença

de potencial tem o objetivo de preparar para o entendimento do conceito de

corrente elétrica.

Os circuitos elétricos reais são muito mais complexos que os estudados nos

livros textos, portanto um tratamento detalhado, com múltiplas associações,

deve ser evitado, pois não apresentam novos conceitos Físicos, apenas

formulações matemáticas e há o risco de deixar de abordar assuntos mais

importantes para a formação dos estudantes.

Outro conceito importante diz respeito à resistência elétrica. Entretanto, não se

deve confundir a definição de resistência com a Lei de Ohm, pois a resistência

de um condutor é o resultado da razão entre a diferença de potencial aplicada

em um condutor e a intensidade da corrente que o atravessa. Quando a

resistência é constante para um determinado material podemos estabelecer

uma relação de proporcionalidade direta entre a diferença de potencial e a

corrente elétrica. Essa função é a Lei de Ohm.

As interações entre o campo magnético e a corrente elétrica, fenômeno que

deu origem ao eletromagnetismo e que tornou evidente que ambos os

fenômenos estavam intimamente ligados, foi um marco para o desenvolvimento

deste ramo da Física. Muitos autores creditam a casualidade algumas das

descobertas nos campos da Física, entretanto sabemos que só quem sabia o

que estava fazendo e dominavam as teorias até aquele momento poderiam

fazer descobertas experimentais tão significativas. Dentre as descobertas

podemos citar a experiência de Oersted, a Lei de Biot-Savart e a Lei Ampère.

Page 105: Ementas Documento Final

Como não poderia deixar de ser, um melhor entendimento dessas teorias,

serão necessárias algumas atividades práticas como o estudo do campo de um

condutor retilíneo, campo magnético de um solenóide, eletroímã, montagem de

uma campainha e outros. A descoberta da indução magnética representa um

marco que permitiu ao homem a sua entrada definitiva na era da eletricidade.

Até então a eletricidade era apenas uma promessa, pois seriam necessárias

pilhas gigantescas para gerar energia até mesmo para as pequenas cidades.

Com a indução magnética foi possível a transformação da energia mecânica

em energia elétrica. Nesse momento, a descoberta por Faraday de que a

eletricidade não se origina apenas de variações mecânicas, como aproximar e

afastar um ímã de uma bobina, mas de outras variações, como ligar ou desligar

uma bobina junto de outra e que existia uma relação entre variação ao

aumento ou diminuição das linhas de força que atravessam um circuito. Foram

essas observações que acabou por introduzir o conceito de fluxo e permitir

observar que sempre que aparece uma corrente induzida num circuito, é

porque o fluxo magnético que o atravessa variou. A partir da Lei de Faraday-

Henry, Lei de Lenz, dos transformadores, dos estudos da indução

eletromagnética e a corrente alternada houve um salto de qualidade na

tecnologia, que se tornou mais eficiente e competitiva que a corrente contínua.

Algumas atividades práticas, como a experiência de Faraday, entendimento do

funcionamento do telefone e até mesmo a sua construção, levitação e anel

saltante, forno de indução, luz induzida e freio magnético certamente

proporcionarão um real entendimento desses conceitos.

Ementa

Analisa os funcionamento dos diversos tipos de eletroscópios e suas

contribuições no contexto histórico da eletricidade. Enfoca a evolução histórica

e o experimento desenvolvido por Charles Coulomb para deduzir a relação

matemática da Lei de Coulomb. Discuti os conceitos de campo elétrico, vetor

campo elétrico, potencial elétrico, corrente elétrica e circuitos elétricos.

Page 106: Ementas Documento Final

Estabelece um estudo sobre as partículas elementares e faz uma discussão

sobre os condutores e isolantes. Estabelece um estudo sobre os princípios do

eletromagnetismo com suas leis e princípios. Faz um estudo dos princípios de

funcionamento dos aceleradores de partículas, das válvulas, dos transistores,

do gerador de Van der Graaff e os conceitos Físicos neles envolvidos. Analisa

os fundamentos da transmissão e distribuição da energia elétrica.

Objetivos Específicos:

• compreender o que define um isolante e um condutor;

• conhecer as principais partículas que compõe um átomo;

• conhecer e saber construir os diversos tipos de eletroscópios;

• analisar e discutir os resultados experimentais encontrados por Coulomb

e a aplicar a sua equação para o calculo da força entre cargas;

• compreender a Física presente no mundo vivencial e nos equipamentos e

procedimentos tecnológicos,

• aplicar métodos e procedimentos das ciências naturais referentes ao

eletromagnetismo;

• reconhecer o papel da Física no sistema produtivo, compreendendo a

evolução dos meios tecnológicos e sua relação dinâmica com a evolução do

conhecimento científico;

AVALIAÇÃO

A avaliação precisa ser vista como um processo continuo que visa analisar as

diferentes capacidades e os conteúdos curriculares, comparando os dados

obtidos e observando a utilização das aprendizagens em contextos diferentes.

Page 107: Ementas Documento Final

É objeto da avaliação o progresso do aluno nos domínios do conceito das

capacidades e das atitudes.

Embora seja de responsabilidade do professor a avaliação não deve ser

considerada sua função exclusiva. Ela deve ser um projeto de parceria com o

aluno, que precisa refletir sobre seu aprendizado sob mediação do professor, a

fim de que possam construir instrumentos de auto-avaliação para as diferentes

aprendizagens.

BIBLIOGRAFIA

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Scipione São Paulo: 1a edição, 2002.

• GASPAR, Lemos. Física, Ática, São Paulo: 1a edição, 2002, vol.1, 2, 3

• FRIGOTTO, Gaudêncio. Sujeitos e conhecimento: os sentidos do Ensino

Médio

• RAMOS, Marise Nogueira. O “novo” Ensino Médio à luz de antigos

princípios: Trabalho, ciência e cultura. In A pedagogia das conseqüências:

autonomia ou adaptação. São Paulo: Cortez, 2001.

• MÁXIMO, Antônio. ALVARENGA, Beatriz. Física, Scipione São Paulo: 1a

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da natureaza matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMPEC, 2002.

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• PINTO, Alexandre Custódio; SILVA, José Alves da. LEITE, Cristina. Física,

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