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EMERSOM JOSE KRUTSCH DIREITO DE DEFESA, RECURSOS ADMINISTRATIVOS E EFEITOS NO PROCESSO DISCIPLINAR PONTA GROSSA 2013

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EMERSOM JOSE KRUTSCH

DIREITO DE DEFESA, RECURSOS ADMINISTRATIVOS E EFEITOS NO PROCESSO DISCIPLINAR

PONTA GROSSA

2013

EMERSON JOSE KRUTSCH

DIREITO DE DEFESA, RECURSOS E SEUS EFEITOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Artigo Científico apresentado para a

conclusão de Curso de Pós-Graduação lato

sensu em Direito Administrativo Disciplinar

pelo Núcleo de Pesquisa em Segurança

Pública e Privada.

Orientador: Prof. Guilherme Amaral Alves

PONTA GROSSA 2013

DIREITO DE DEFESA, RECURSOS E SEUS EFEITOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Autor: Emerson Jose Krutsch1, 2º Sargento da PMPR, Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Ms. Guilherme Amaral Alves2,

Resumo: O Processo Administrativo Disciplinar é instruído, como todo Direito

Administrativo por princípios constitucionais, os quais visam conferir a legitimidade necessária ao Estado Democrático de Direito. Estes princípios foram analisados em contraponto à exigibilidade do controle dos atos administrativos pela própria Administração, que no estudo em questão, identifica-se pela possibilidade da análise dos atos punitivos através dos recursos disciplinares cabíveis contra estas decisões. Recursos que visam conferir ao acusado o amplo exercício de seus direitos em face da busca pela Administração da decisão justa para manutenção da disciplina dos servidores públicos. Desta forma, foram expostos os recursos disciplinares existentes e os efeitos que eles produzem no processo, trazendo um enfoque na prática processual disciplinar militar, a qual tem um regime diferenciado dos demais órgãos da Administração. Buscou-se abordar da necessidade de se atribuir o efeito suspensivo quando o acusado em processo disciplinar interpõe recurso da decisão que aplicou-lhe uma sanção disciplinar, para evitar a ocorrência de danos ao processado, que somente por estar responder a um processo, sofre fortes consequências em sua vida.

Palavras-chave: Processo Disciplinar. Recurso. Efeito suspensivo.

                                                            1 2º Sargento da Polícia Militar do Paraná, Bacharel em Direito pela Faculdade CESCAGE, pós-graduando no curso de Direito Administrativo Disciplinar pelo Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada, e-mail: [email protected]. 2 Professor Titular da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Assessor da Procuradoria Jurídica da Universidade Estadual de Ponta Grossa.  

RESOURCES AND ITS EFFECTS ON ADMINISTRATIVE DISCIPLINARY PROCESS Abstract:

The Administrative Process Discipline is learned, like any Administrative Law by constitutional principles, which aim to provide the necessary legitimacy to the democratic rule of law. These principles were analyzed as opposed to claiming control of administrative acts by the administration itself, which in this study, is identified by analyzing the possibility of punitive acts through resource disciplinary action against these decisions. Features that are aimed at giving the accused the broad exercise of their rights in the face of search by the Administration's decision just to maintain the discipline of public servants. Thus, the resources were exposed existing disciplinary and the effects they produce in the process, bringing a focus on practical military disciplinary proceedings, which has a differentiated regime of the other organs of Directors. We sought to address the need to assign the suspensive effect when the accused in a disciplinary case being appealed the decision imposed a disciplinary sanction, to avoid damage to the processed, only to be responding to a lawsuit, suffers strong consequences in your life.

Keywords: Disciplinary Process. Appeal. Suspensive effect.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 7

2.1 PRINCÍPIOS GERAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO

DISCIPLINAR .............................................................................................................. 7

2.1.1 Princípio da Hierarquia ....................................................................................... 7

2.1.2 Princípio do devido processo legal ..................................................................... 8

2.1.3 Do princípio da ampla defesa e do contraditório ................................................ 9

2.1.4 Da liberdade individual como direito fundamental ............................................ 10

2.2 DA FINALIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E DA

SANÇÃO DISCIPLINAR ............................................................................................ 11

2.2.1 Das sanções disciplinares previstas no Direito Disciplinar Federal .................. 11

2.2.2 Das sanções disciplinares previstas no Direito Disciplinar Militar .................... 11

2.3 CONTROLE INTERNO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS .................................. 12

2.4 RECURSOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR ...................... 14

2.4.1 Pressupostos recursais .................................................................................... 14

2.4.2 Reconsideração de ato ..................................................................................... 14

2.4.3 Recurso hierárquico disciplinar ........................................................................ 15

2.4.4 Revisão do Processo Disciplinar ...................................................................... 16

2.5 EFEITOS DOS RECURSOS DISCIPLINARES ................................................... 16

2.5.2 O efeito suspensivo em processos administrativos disciplinares no direito

disciplinar militar ........................................................................................................ 17

3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 19

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é analisar as possibilidades recursais existentes no

processo administrativo disciplinar, com o fim de ser garantido aos acusados o

exercício da ampla defesa e contraditório, assegurados pela Constituição da

República. Visa também esclarecer aos julgadores em âmbito administrativo

disciplinar a forma de aplicação dos princípios constitucionais, sobre a convalidação,

anulação e revogação de seus atos conforme as hipóteses de incidência nos casos

práticos.

O servidor no exercício de função pública tem o dever de se submeter ao

direito e vincular seus atos à realização dos fins que justificam a existência do

Estado, decorrendo assim da infração a esses deveres a responsabilização

administrativa, cível e penal. O presente estudo visa analisar a responsabilidade

administrativa, conforme leciona Marçal Justen Filho:

“A responsabilidade administrativa consiste no dever de o agente estatal responder pelos efeitos jurídico-administrativos dos atos praticados no desempenho de atividade administrativa estatal, inclusive suportando a sanção administrativa cominada em lei pela prática de ato ilícito”.

Tem o agente estatal o dever de responder, de prestar contas dos atos que

exerce na função pública. Neste sentido, surge o poder disciplinar da própria

administração, que para exercer o controle interno dos seus atos, buscando uma

prestação de serviço público de melhor qualidade, tem a competência para apurar

os atos que atentam contra a disciplina exigida ao agente estatal.

O Estado exerce sobre o servidor o poder disciplinar que é definido por ser a

faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais

pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da administração. (MEIRELLES,

2011). Segundo Meirelles apud Marcelo Caetano (2011) “o poder disciplinar tem sua

origem e razão de ser no interesse e na necessidade de aperfeiçoamento

progressivo do serviço público”.

E para exercício da competência disciplinar faz-se necessário a instauração

de um processo administrativo, conforme registra Romeu Felipe Bacellar Filho: “A

idéia subjacente ao direito à ampla defesa é a de que somente através do processo

o Estado-Administração pode exercitar a competência disciplinar – não há sanção

administrativa sem processo – porque a condenação só é legítima quando resulta de

um processo válido”.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 PRINCÍPIOS GERAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO

DISCIPLINAR

Como qualquer área de conhecimento da Ciência do Direito, o Direito

Administrativo tem seus fundamentos nos princípios da Constituição da República

Federativa do Brasil, assim o assunto ora tratado, como ramificação desta matéria,

estabelece que o Direito Administrativo Disciplinar deva se pautar pela mesma base

principiológica.

Desta forma, elencam-se a seguir os principais princípios que devem ser

compreendidos quando se pretende tratar do processo administrativo disciplinar, e

em específico dos recursos disciplinares que lhe são cabíveis, assim como as

consequências jurídicas deles advindas.

2.1.1 Princípio da Hierarquia

 

Segundo Hely Lopes Meirelles “Poder hierárquico é o de que dispõe o

Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a

atuação de seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os

servidores de seu quadro de pessoal” (2011).

Neste sentido, José Armando da Costa (2008) ensina que:

“deste princípio decorrem as seguintes asserções: a) revisão dos atos, que é sempre possível por intermédio do recurso hierárquico, em que o superior pode revogar ou anular o ato praticado pelo subordinado, de ofício ou a requerimento da parte interessada; b) dever de obediência, obrigando-se o inferior a cumprir as ordens não manifestamente ilegais dos superiores; e, por fim, c) aplicação de sanções, podendo o superior hierárquico impor sanções disciplinares aos subordinados transgressores”.

Decorre do poder hierárquico o dever dos superiores de dar ordens,

controlar e fiscalizar as atividades dos subordinados, e a estes o dever de

obediência aos comandos do superior, desde que não sejam manifestamente

ilegais.

Do princípio da hierarquia decorre o Poder Disciplinar exercido pelo superior

hierárquico em relação ao subordinado. Ensina Celso Antônio Bandeira de Melo que

o poder disciplinar é o dever-poder que possui a Administração para apurar e punir

as infrações funcionais cometidas pelos servidores e por todos aqueles que de

alguma forma se submetam à disciplina e à regulamentação da Administração.

Segundo Meirelles (2011), este poder “é a faculdade de punir internamente

as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos

órgãos e serviços da Administração”.

Maria Silvia Zanella Di Pietro (2010, p. 94) também afirma que “Poder

disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar

penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas á disciplina

administrativa”.

O exercício deste poder é um dever da autoridade. Segundo o artigo 143 do

Estatuto dos Servidores Federais, Lei nº 8.112/1990: “A autoridade que tiver ciência

de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,

mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado

ampla defesa”.

Neste sentido, a discricionariedade da autoridade administrativa é reduzida e

limitada somente durante a aplicação das penalidades, na qual, segundo artigo 128

do referido estatuto, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração

cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias

agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

2.1.2 Princípio do devido processo legal

Para Euler Paulo de Moura Jansen (2004) ao devido processo legal é

atualmente atribuída a grande responsabilidade de ser um princípio fundamental, ou

seja, sobre ele repousam todos os demais princípios constitucionais, um super

princípio.

O mesmo autor, citando Nelson Nery Jr., Paulo Roberto Dantas de Souza

Leão e José Rogério Cruz e Tucci, Cândido Rangel Dinamarco e Paulo Rangel,

dentre outros, os quais afirmam que:

“No devido processo legal estariam contidos todos os outros princípios processuais, como o da isonomia, do juiz natural, da inafastabilidade da jurisdição, da proibição da prova ilícita, da publicidade dos atos processuais, do duplo grau de jurisdição e da motivação das decisões judiciais”.

O próprio texto constitucional tem previsão expressa deste princípio em seu

art. 5º, inciso LIV, o qual estabelece que ninguém será privado da liberdade ou de

seus bens sem o devido processo legal.

2.1.3 Do princípio da ampla defesa e do contraditório

O processo administrativo disciplinar necessariamente deve pautar-se, como

qualquer processo no campo do direito, pelos princípios que fundamentam a

Constituição da República Federativa do Brasil, a qual é a base do estado

democrático de direito no qual vivemos.

Dentre estes princípios encontra-se no inciso LV do artigo 5º da Magna

Carta, “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a

ela inerentes.” Este princípio assegura às partes de um processo se expressar e

buscar defender seus interesses e direitos, em face daqueles opostos da outra

parte.

De acordo com este princípio, nenhuma punição disciplinar poderá ser

imposta sem um processo que garanta ao servidor acusado espaço necessário para

exercer plenamente seu direito de defesa.

Segundo José Armando da Costa (2008):

“O princípio do contraditório, também insculpido no dispositivo constitucional

aludido, configura instituto instrumentário que abre alas dentro na

processualística disciplinar para recepcionar o exercício da ampla defesa.

São dois princípios distintos, embora ligados intrinsicamente. A contrariedade

do processo, tornando o procedimento numa rua de mão dupla, impõe a

desenvoltura de uma relação processual sob o influxo de uma movimentação

dialética que assegure o equilíbrio entre a linha acusatória e a força motriz da

defesa. Portanto, o contraditório é o princípio vestibular e pressuposto da

ampla defesa.”

Para Vicente Greco Filho (1989), "consideram-se meios inerentes à ampla

defesa: a) ter conhecimento claro da imputação; b) poder apresentar alegações

contra a acusação; c) poder acompanhar a prova produzida e fazer contraprova; d)

ter defesa técnica por advogado; e e) poder recorrer da decisão desfavorável". Para que a ampla defesa e o contraditório sejam exercidos em sua plenitude

é garantido no processo administrativo disciplinar o direito do processado em

recorrer da decisão que se opõe a direito ou pretensão de direito, ou seja, quando o

acusado em processo administrativo disciplinar é punido ou tem direito seu

restringido, pode este impugnar o ato punitivo recorrendo à própria administração ou ainda ao Poder Judiciário, caracterizando-se como uma ferramenta de controle dos

atos do Estado.

Passou-se o tempo em que o Estado era legítimo para impor sua vontade

sem dar o direito ao administrado em se manifestar. Essa era a característica do

Estado Absolutista, onde o Rei dizia o direito e cabia aos súditos obediência

irrestrita, sob pena de severas punições.

Todo processo administrativo disciplinar resulta numa decisão da autoridade

administrativa que por vezes tolhe direitos da pessoa processada e que causam a

ela reflexos em sua vida profissional, social e psicológica.

Assim, conforme o princípio constitucional do duplo grau de jurisdição, dessa

decisão sempre caberá o devido recurso, uma decisão não pode ser única e

irrecorrível.

2.1.4 Da liberdade individual como direito fundamental

Conforme Alexandre Guimarães Gavião Pinto (2009), os direitos de primeira

“dimensão”, que são direitos civis e políticos ligados à liberdade, surgiram no final do

século XVIII, e compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais, que

visam a defesa da liberdade do indivíduo e assegurar a não-ingerência arbitrária dos

Poderes Públicos na esfera privada do indivíduo.

Tais direitos impõem restrições à atuação do Estado em prol da esfera de

liberdade do indivíduo, exigindo um “não fazer” ao Estado, o qual carrega marcas

históricas de violação aos direitos do indivíduo.

Neste sentido, reforça-se a necessidade de que esses direitos fundamentais

também sejam assegurados ao servidores que integram os quadros organizacionais

do Estado, uma vez que os atos disciplinares da Administração se contrapõem a

esses direitos, como ademais se tratará, quando punições disciplinares preveem a

restrição da liberdade do acusado no processo disciplinar.

2.2 DA FINALIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E DA

SANÇÃO DISCIPLINAR

O Processo Administrativo Disciplinar tem a finalidade de cumprir o

princípio constitucional do devido processo legal.

Através do poder hierárquico conferido à Administração, o administrado

tem o dever de obediência aos comandos legais que lhe são impostos. Quando

ocorre um ato de desobediência a Administração necessita instaurar o devido

processo legal a fim de aplicar uma punição ao administrado/servidor que não

observou as normas vigentes.

A punição/sanção por sua vez tem por escopo corrigir o transgressor, a fim

de que tal falha não se repita e que seja exemplo para que os demais também não

incorram em transgressão. É o chamado princípio da prevenção geral. Desta forma

a Administração busca o controle dos seus atos no sentido de garantir a prestação

do serviço público de qualidade.

2.2.1 Das sanções disciplinares previstas no Direito Disciplinar Federal

A Lei 8.112/90, em seu artigo 127 prevê seis espécies de penas

disciplinares, que são enumeradas em ordem crescente de gravidade. São assim

definidas: 1) advertência; 2) suspensão; 3) demissão; 4) cassação de aposentadoria

ou disponibilidade; 5) destituição de função comissionada. Para o servidor civil

(aquele que não é militar), em face do art. 5º LXI, da Constituição da República

Federativa do Brasil, não é mais permitida a prisão administrativa (STF, RJT

128/228).

2.2.2 Das sanções disciplinares previstas no Direito Disciplinar Militar

Entretanto ao se falar em Direito Disciplinar Militar, ainda é presente a prisão

administrativa, sendo inclusive aplicadas outras punições de graduações mais leves

que também restringem a liberdade individual do servidor militar punido.

Como exemplo, pode-se citar o Exército Brasileiro e várias Polícias Militares

dos Estados, dentre elas a Polícia Militar do Estado do Paraná, que se utilizam do

Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) para regular o Direito Disciplinar dessas

organizações.

O RDE prevê, em ordem crescente de gravidade, as seguintes sanções:

advertência, impedimento disciplinar, repreensão, detenção, prisão e exclusão a

bem da disciplina, conforme será analisado com mais detalhes a frente.

2.3 CONTROLE INTERNO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Tratou-se na seção anterior sobre a finalidade do processo e da sanção.

Ainda, comentou-se sobre a era do Estado Democrático de Direito em que se

fundamenta o Estado atual.

Tendo em vista essa nova perspectiva, inserida principalmente a partir do

advento da Constituição cidadã de 1988, há a necessidade de que a própria

Administração exerça o controle de seus atos, a fim de que não pratique injustiças

com seus administrados, seja o servidor público ou o cidadão tomador dos serviços

estatais.

Uma sanção disciplinar como visto, afeta direitos individuais valiosos do

acusado, os quais devem ser protegidos pelo ordenamento jurídico e respeitados

pela Administração, que deve vigiar seus atos de forma que não os ofenda

injustamente.

O controle dos atos administrativos pode ser interno ou externo. O controle

externo é aquele exercido pela Poder Judiciário, que é também garantia

constitucional do indivíduo, não podendo a Administração tolher esse direito.

Conforme o art. 5º inciso XXXV “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário

lesão ou ameaça a direito.”

O controle interno é aquele realizado pela própria administração, de ofício ou

quando provocado pela parte interessada. No reexame de ofício pela Administração

o ato administrativo pode ser invalidado por conter defeito de legalidade ou de

mérito. Quando o ato é invalidado por defeito de mérito ocorre a revogação do ato.

Quando a invalidação se dá pelo vício de legalidade, ocorre a sua anulação.

Entende José Armando da Costa que o merecimento de qualquer ato administrativo

é aspecto político, avaliado de acordo com sua conveniência e oportunidade, de

exclusiva competência do Poder Executivo. (COSTA, 2009)

Nesse sentido, Florivaldo Dutra de Araújo (1992) assevera que “o

autocontrole da Administração Pública é exercido por meio da fiscalização

hierárquica, de recursos administrativos e da fiscalização financeira e orçamentária”.

Ao realizar o controle interno do ato disciplinar, a administração analisa o ato

quanto à legalidade e quanto ao mérito. Entretanto, no controle externo, realizado

pelo Poder Judiciário, a análise se dá pelo prisma unicamente da legalidade do ato

administrativo, no qual se inclui a proporcionalidade ou a razoabilidade do ato

punitivo.

O controle interno pode ocorrer ex officio, pela própria administração

(revisão interna do ato), ou por motivação da parte interessada através dos recursos

disponíveis ao interessado, os quais serão estudados adiante.

Entende José Armando da Costa (2008) que a nulidade de um ato disciplinar

pode ser verificada em algum dos elementos que o compõem (competência, forma,

objeto, motivo e finalidade) ou no procedimento que o originou, quando este afronte

a garantia constitucional do devido processo legal. Com esses defeitos o ato pode

ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

As punições disciplinares, tendo natureza de ato administrativo, possuem

elementos que se vinculam à norma e conferem legalidade ao ato punitivo. Esses

elementos são a competência, a forma e a finalidade.

Enquanto, os elementos motivo e objeto conferem ao ato punitivo o aspecto

discricionário, o que constitui o mérito administrativo, avaliados conforme a

oportunidade e conveniência.

Para o mestre Hely Lopes Meirelles (2011), o recurso administrativo pode

ser assim conceituado: [...] são todos os meio hábeis a propiciar o reexame de decisão interna pela própria administração, por razões de legalidade e de mérito administrativo. No exercício de sua jurisdição a Administração aprecia e decide as pretensões dos administrados e de seus servidores, aplicando o Direito que entenda cabível, segundo a interpretação de seus órgãos técnicos e jurídicos. Pratica, assim, atividade jurisdicional típica, de caráter parajudicial quando provém de seus tribunais ou comissões de julgamento. Essas decisões geralmente escalonam-se em instância, subindo da inferior para a superior através do respectivo recurso administrativo previsto em lei ou regulamento. (MEIRELLES, 2011)

No entendimento de José dos Santos Carvalho Filho (2008), “recursos

Administrativos são os meios formais de controle administrativo, através dos quais o

interessado postula, junto a órgãos da administração, a revisão de determinado ato

administrativo.”

Por fim, o litigante vencido deve ter oportunidade de manifestar o seu

inconformismo, submetendo a mesma questão a outro órgão julgador, que seja

independente do primeiro, de preferência hierarquicamente superior. Trata-se do

controle dos motivos da decisão, mediante a interposição dos recursos

administrativos, que também são desdobramentos da defesa em sentido amplo.

Para tanto, na seção seguinte passa-se a tratar dos recursos cabíveis diante

de um ato administrativo disciplinar.

2.4 RECURSOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

2.4.1 Pressupostos recursais

 

Para o recurso ser conhecido pela autoridade, deve apresentar alguns

pressupostos de admissibilidade, segundo Jorge Cesar de Assis (2007), são:

a) Decisão passível de ser reformada, é necessário que exista a

decisão da autoridade competente e que seja decisão de natureza disciplinar;

b) Sucumbência, ou seja, prejuízo proveniente da decisão do

processo;

c) Tempestividade, o recurso tem que ser interposto no prazo legal

determinado;

d) Legitimidade, recorre quem sofreu o prejuízo;

e) Amparo recursal, ou seja, o recurso deve ter previsão legal.

2.4.2 Reconsideração de ato

Conceitua-se o pedido de reconsideração de ato como “o instrumento formal

de que se vale o servidor inconformado para provocar o reexame e a reformulação

do ato disciplinar pela mesma autoridade administrativa que o puniu (COSTA, 2010).

Para o cabimento deste recurso exige-se a apresentação de fatos novos

pelo recorrente, a fim de que sustente razões diversas das que motivaram a

punição. É cabível se interposto somente uma vez, ou seja, não pode ser renovado

o mesmo pedido a autoridade que outrora já aplicara a punição.

Diante do indeferimento total ou parcial deste pedido, pode o interessado

(servidor punido), não tendo sua pretensão acolhida, interpor o recurso hierárquico

para a autoridade imediatamente superior.

Ensina José Armando da Costa (2010) que no regime jurídico federal, o

pedido de reconsideração de ato poderá ser recebido com efeito suspensivo a

critério da autoridade competente.

Se o ato for reconsiderado por questão de mérito, ocorre a revogação do ato

e opera efeitos irretroativamente (ex nunc). Outrossim, se a reconsideração decorre

da verificação de ilegalidade no ato, este é anulado e produz efeitos ex tunc, ou seja

retroage ao status quo ante, como se não tivesse existido tal decisão.

Aí se percebe um motivo para a autoridade aplicar o efeito suspensivo ao

recurso, visto que evita-se um desgaste pessoal do servidor e da própria autoridade

que pode constatar nulidade em seu ato, mas já ter aplicado a punição ao servidor, a

qual muitas vezes não se pode retroagir plenamente, pois já causou danos.

2.4.3 Recurso hierárquico disciplinar

Recurso hierárquico disciplinar “é a garantia jurídica que tem o servidor

punido de levar o ato disciplinar contra si constituído ao reexame da autoridade

administrativa hierarquicamente superior a que impôs a punição impugnada

(COSTA, 2010).

Classificam-se, segundo MEIRELLES (2011), em recurso hierárquico próprio

e impróprio. O recurso próprio, o qual se compatibiliza com o princípio do controle

hierárquico, pode ser interposto à instância superior do mesmo órgão administrativo,

independentemente de norma que o institua expressamente. Isto ocorre porque o

ordenamento jurídico pátrio não admite decisões únicas e irrecorríveis.

Para MEIRELLES (2011), neste recurso a administração tem ampla

liberdade decisória, inclusive para agravar a situação do recorrente. COSTA (2010)

discorda neste ponto, no sentido de que não cabe o agravamento da punição, não

pode ser aplicada a reformatio in pejus.

O recurso hierárquico impróprio é aquele dirigido a autoridade ou órgão

diverso do que expediu a decisão recorrida, o qual só é admissível quando

estabelecido por norma legal. (MEIRELLES, 2011)

Para interpor este recurso não se exige do recorrente novas alegações de

defesa, pelo contrário, pode insistir nos mesmos argumentos iniciais, uma vez que

essa autoridade ainda não fez a análise do caso. Outro aspecto importante é que

este recurso não exige o prequestionamento da matéria, diferentemente dos

recursos judiciais, podendo então trazer fatos novos (COSTA, 2010).

José Armando da Costa (2010), ensina que poderá ser interposto o recurso

hierárquico independente do pedido de reconsideração, pois tal exigência pode

somente constituir “expediente meramente protelatório, aborrecido e, acima de tudo,

humilhante”.

O recorrente pode, inclusive, em sede de recurso disciplinar, insistir no

pedido de realização de diligências requeridas e denegadas na fase do

procedimento apuratório das faltas. Seria então, neste caso, possível a realização

destas diligências, possibilitando ao acusado gozar seu direito a ampla defesa, na

busca de ter uma decisão favorável aos seus anseios.

2.4.4 Revisão do Processo Disciplinar

A revisão do processo disciplinar não é considerada como recurso em

sentido estrito, constitui esta procedimento autônomo que visa o reexame da

punição imposta quando se aduzir fato novo ou circunstância possível de justificar

sua inocência ou a inadequação da penalidade. Visa fulminar a coisa julgada

disciplinar.

2.5 EFEITOS DOS RECURSOS DISCIPLINARES

 

Doutrinariamente, o recurso lato sensu, pode produzir alguns efeitos, ou

seja, sua interposição diante da decisão proferida pode fazer com que esta não

produza seus efeitos enquanto estiver pendente a análise do recurso interposto, o

que dependerá do caso e do regime jurídico adotado.

Todo recurso, em regra, produz o efeito devolutivo, qual seja a devolução da

matéria para uma nova análise pela autoridade competente pela decisão do recurso,

a matéria é forçosamente submetida a reexame.

Segundo ASSIS (2007), a maioria dos regulamentos disciplinares das

organizações militares brasileiras possui apenas o efeito devolutivo dos recursos, o

que vale dizer que, uma vez decidida pela autoridade competente, a punição será

automaticamente aplicada.

Para este autor, o cumprimento das punições disciplinares militares possui

contornos ainda maiores em virtude da necessidade de observância dos princípios

constitucionais da hierarquia e disciplina, pois são atos administrativos que possuem

os atributos da presunção de legitimidade, imperatividade e autoexecutoriedade.

Neste entendimento do autor, não seria cabível a aplicação do efeito

suspensivo aos recursos, visto que resultam na demora para o cumprimento da

sanção disciplinar, o que gera muitas vezes sensação de impunidade.

Ensina COSTA (2008), que o recurso hierárquico não apenas comporta a

função devolutiva, pois pode ser recebido também com efeito suspensivo, conforme

depreende-se do artigo 109 da Lei 8.112/90, o qual prevê que tal decisão fica a

critério da autoridade competente.

2.5.2 O efeito suspensivo em processos administrativos disciplinares no direito

disciplinar militar

 

Para ASSIS (2007), os recursos disciplinares no direito militar não aceitam o

efeito suspensivo, em virtude da especialidade da matéria, tendo em vista a

necessidade da rápida aplicação da punição disciplinar, como forma de prevenção,

pela exemplaridade para os demais e pela proficiência operacional que deve regular

as relações dos militares brasileiros com a comunidade que servem.

No entanto, o direito militar possui uma particularidade frente aos demais

ramos do direito disciplinar. Conforme a maior parte dos regulamentos adotados nos

órgãos militares brasileiros, a exemplo do Regulamento Disciplinar do Exército, o

qual é aplicado no Exército Brasileiro e em muitas Polícias Militares Estaduais da

Federação, as punições são graduadas em leves, médias e graves. Em todas essas

graduações são previstas punições restritivas de liberdade, respectivamente, o

impedimento disciplinar, a detenção disciplinar e a prisão disciplinar.

Conforme texto literal do RDE, as punições acima mencionadas são assim

definidas:

Art. 26. Impedimento disciplinar é a obrigação de o transgressor não se

afastar da OM, sem prejuízo de qualquer serviço que lhe competir dentro da

unidade em que serve.

Art. 28. Detenção disciplinar é o cerceamento da liberdade do punido

disciplinarmente, o qual deve permanecer no alojamento da subunidade a

que pertencer ou em local que lhe for determinado pela autoridade que

aplicar a punição disciplinar.

Art. 29. Prisão disciplinar consiste na obrigação de o punido

disciplinarmente permanecer em local próprio e designado para tal.

Tais penalidades seguem a seguinte graduação:

Art. 37. A aplicação da punição disciplinar deve obedecer às seguintes normas:

I - a punição disciplinar deve ser proporcional à gravidade da transgressão, dentro dos seguintes limites:

a) para a transgressão leve, de advertência até dez dias de impedimento disciplinar, inclusive;

b) para a transgressão média, de repreensão até a detenção disciplinar; e

c) para a transgressão grave, de prisão disciplinar até o licenciamento ou exclusão a bem da disciplina;

Quanto a essa especialidade do direito militar, Léo da Silva Alves

(2008) leciona que:

“O militar das Forças Armadas e o policial militar (e Corpo de Bombeiros militar) tem uma rigidez maior nas normas disciplinares e na exigência da resposta diante das infrações que comete. Os tribunais, no entanto, tem estendido a esses agentes as mesmas garantias que se dá aos acusados em geral. A Constituição não limita, a esses profissionais, o exercício da defesa. Toda punição deve ser precedida do devido processo legal; e nenhuma delas escapa do crivo do Poder Judiciário. Assim, aplicar punições, como regra inflexível, não é exercício do melhor Direito e não significa necessariamente o atendimento do interesse público. É preciso manter os olhos no norte, na finalidade. Enfrentar os indivíduos de condutas perniciosas; prestigiar os princípios da Administração e a regularidade dos serviços. De outro turno, compreender determinadas condutas, que podem ser revertidas pela reflexão do agente”.

Desta forma, com a finalidade de se garantir ao militar os mesmos direitos e

garantias constitucionais que todo cidadão possui, principalmente no que se refere à

liberdade individual, é razoável a aplicação do efeito suspensivo aos recursos em

processos disciplinares militares. Desta forma se evita que haja a necessidade do

militar buscar guarida no Poder Judiciário em sede de habeas corpus, pois a própria

administração, mediante o devido processo administrativo, deve garantir o exercício

das garantias constitucionais aos servidores acusados.

Assim evita-se que sejam cometidas injustiças aos servidores e se possibilita

o pleno exercício do controle interno dos atos administrativos. Pois, sem o efeito

suspensivo as punições devem ser automaticamente cumpridas pelo acusado.

E caso, em sede de recurso, constate-se pelo superior hierárquico da

autoridade que proferiu a decisão recorrida, haver elemento suficiente para se

alterar a punição ou anular o ato administrativo, como o servidor punido poderá ser

ressarcido dos dias de liberdade que lhe foram indevidamente tolhidos?

3 CONCLUSÃO

O recurso em âmbito administrativo, é uma forma de controle interno da

própria Administração dos atos dela emanados a fim de garantir ao servidor

processado o pleno exercício dos direitos e garantias constitucionais cabíveis, dos

quais destacamos o direito ao devido processo legal e ao exercício da ampla defesa

e do contraditório com os recursos inerentes.

Destacamos, assim, os recursos administrativos que são previstos pela

doutrina e a legislação, os quais podem ser utilizados pelo servidor acusado em

processo disciplinar, sendo eles a reconsideração de ato, o recurso hierárquico

disciplinar e a revisão do processo disciplinar.

Como uma das principais ponderações, a discussão sobre o efeito com que

os recursos são recebidos pela Administração. Face aos argumentos expostos,

pode-se concluir que o mais sensato é que o recurso seja recebido com efeito

suspensivo sobre a decisão recorrida, principalmente quando se trata de decisão na

esfera militar, onde ainda existem sanções administrativas restritivas de liberdade,

que é direito individual com previsão constitucional mais importante após o direito à

vida.

Ainda, salientou-se a possibilidade da reparação do dano causado ao

acusado em virtude de decisão incorreta, o que aumenta assim a necessidade da

própria administração controlar de maneira criteriosa e garantista os seus atos,

principalmente os atos disciplinares tratados neste artigo. É imperioso que a

Administração se preocupe em garantir ao acusado todos seus direitos evitando

assim responsabilidade em reparar dano causado ao servidor.

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