8
EDIÇÃO 162 | A MIRA | 66 Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor, cartógrafo e as linhas telegráficas do oeste catarinense e paranaense * Eliane Alves da Silva Engenheira cartógrafa, geógrafa, professora de geografia, mestre em ciências geográficas IBGE/DGC/GDI Conselheira da FEBRAE pela ABEA Conselheira do CREA-RJ (2002-2007) Diretora da ABEA nacional Membro do conselho editorial de politéia – história e sociedade da UESB/Vitória da Conquista/BA Membro da sociedade brasileira de cartografia - SBC / Membro da sociedade brasileira de geografia – SBG / Membro do clube de engenharia c.E.: [email protected] Introdução O engenheiro alemão, naturalizado brasileiro Emil (Emílio) Odebrecht está na razão direta para as linhas telegráficas do oeste catarinense e Paraná, assim como Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon está para as linhas telegráficas estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas e Acre (SILVA, A MIRA 144). Tanto os sertões brasileiros do centro oeste e norte, quanto os do sul, tornaram-se conhecidos graças a estes dois heróis. Emil ou Emílio Odebrecht, assim como o Marechal e Engenheiro Cândido Mariano da Silva Rondon, faziam minuciosos registros de suas expedições, anotando tudo em termos de geografia da paisagem e fazendo mapas dos locais. É uma honra “revisitar” este grande homem do sul do Brasil. Escrever a respeito da vida do grande empreendedor e desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar o Brasil no contexto histórico do Império Brasileiro. O Brasil havia sido colonizado pelos portugueses e estabelecido uma sociedade aristocrática baseada na mão de obra escrava que se estendeu até o sudeste. Primeiro com cana de açúcar e depois com o café, que não alastrou-se do sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) para o sul devido ao clima. Uma vez que a partir do estado do Paraná havia a restrição da geada, o frio intenso do clima subtropical queimava os cafezais nos férteis solos de terra roxa, resultado da decomposição de rochas vulcânicas em clima quente. Mas devido ao passado histórico de lutas com os espanhóis no sul, era preciso efetivamente ocupar aquelas terras. Então a imigração foi incentivada para São Paulo para substituir os escravos nas fazendas de café e ocupar o sul do Brasil. O Rio Grande do Sul começou o processo de colonização com casais que vinham das Ilhas dos Açores, que estabeleceram-se em Porto dos Casais, que mais tarde passou a ser denominada de Porto Alegre. Depois chegaram os europeus do continente. Colonização alemã no Brasil – Hermann Bruno Otto Blumenau No Brasil, assim como nos dias atuais, estava na moda as notícias de seus climas e natureza exuberante aguçou, além da cobiça, a curiosidade estrangeira desde os tempos dos primórdios do Brasil colônia, não só dos invasores. Haviam passado por aqui naturalistas: Von Martius, Spix, Eschweg (engenheiro), Von Langsdorff (diplomata), Hermann Burmeister, Humboldt, Charles Darwin, que fez uma grande viagem pela América do Sul. Dentro dessa geoestratégia Imperial de ocupação do Brasil, com imigrantes estrangeiros, estava o Marquês de Abrantes, Miguel Calmon du Pin e Almeida que, de 1841 a 1843, chefiou a missão Abrantes e elaborou o prospecto memórias sobre os meios de promover a colonização no Brasil, publicado em Berlim em 1846, cujo objetivo era trazer mais alemães para o Brasil. A aceleração e o incremento do processo de imigração alemã no Brasil e, em especial, no vale do Itajaí deveu-se ao químico, farmacêutico e doutor em filosofia pela universidade de Erlagen, Hermann Bruno Otto Blumenau. Este grande cidadão Otto Blumenau nasceu em 1819, em Hassefelde, ducado de Braunschweig, Land Niedsachsen, ou seja, na Baixa Saxônia. De sua amizade com Alexander von Hmboldt e von Martius e com o cônsul - geral do Brasil na Prússia, Johann Jacob Sturz, foi atraído para vir ao Brasil. Despertado o interesse, Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau foi na busca da empresa em Hamburgo, que tratava da emigração alemã para o Brasil e demais países sul americanos. E na qualidade de seu procurador, viajou para o Brasil em junho de 1846. Esteve no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e passou oito meses no Rio de Janeiro, reunindo-se com autoridades do Império Brasileiro. Otto Blumenau regressou ao Brasil, em 1847, indo ao vale do Itajaí - Açu até a confluência do Ribeirão da Velha para verificar os locais onde os colonos poderiam estabelecerem-se, ficando impressionado com a beleza local. Mas ao voltar a Alemanha, percebeu que havia um grande interesse em enviar colonos aos Estados Unidos. Porém, Otto Blumenau não desistiu e voltou ao vale do Itajaí em março de 1850 e tomou conhecimento que seu sócio naquela empreitada havia desistido e ficou apreensivo, mas, mesmo assim, em 2 de novembro de 1850, recebia o primeiro grupo com Divulgação Emil Odebrecht AGRIMENSORES ILUSTRES

Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

  • Upload
    hahuong

  • View
    227

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 66

Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor, cartógrafo e as linhas telegráficas do oeste catarinense e paranaense* Eliane Alves da Silva Engenheira cartógrafa, geógrafa, professora de geografia, mestre em ciências geográficas IBGE/DGC/GDI Conselheira da FEBRAE pela ABEA Conselheira do CREA-RJ (2002-2007) Diretora da ABEA nacional Membro do conselho editorial de politéia – história e sociedade da UESB/Vitória da Conquista/BA Membro da sociedade brasileira de cartografia - SBC / Membro da sociedade brasileira de geografia – SBG / Membro do clube de engenharia c.E.: [email protected]

Introdução

O engenheiro alemão, naturalizado brasileiro Emil (Emílio) Odebrecht está na razão direta para as linhas telegráficas do oeste catarinense e Paraná, assim como Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon está para as linhas telegráficas estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas e Acre (SILVA, A MIRA 144). Tanto os sertões brasileiros do centro oeste e norte, quanto os do sul, tornaram-se conhecidos graças a estes dois heróis. Emil ou Emílio Odebrecht, assim como o Marechal e Engenheiro Cândido Mariano da Silva Rondon, faziam minuciosos registros de suas expedições, anotando tudo em termos de geografia da paisagem e fazendo mapas dos locais. É uma honra “revisitar” este grande homem do sul do Brasil.

Escrever a respeito da vida do grande empreendedor e desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar o Brasil no contexto histórico do Império Brasileiro. O Brasil havia sido colonizado pelos portugueses e estabelecido uma sociedade aristocrática baseada na mão de obra escrava que se estendeu até o sudeste. Primeiro com cana de açúcar e depois com o café, que não alastrou-se do sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) para o sul devido ao clima.

Uma vez que a partir do estado do Paraná havia a restrição da geada, o frio intenso do clima subtropical queimava os cafezais

nos férteis solos de terra roxa, resultado da decomposição de rochas vulcânicas em clima quente. Mas devido ao passado histórico de lutas com os espanhóis no sul, era preciso efetivamente ocupar aquelas terras. Então a imigração foi incentivada para São Paulo para substituir os escravos nas fazendas de café e ocupar o sul do Brasil. O Rio Grande do Sul começou o processo de colonização com casais que vinham das Ilhas dos Açores,

que estabeleceram-se em Porto dos Casais, que mais tarde passou a ser denominada de Porto Alegre. Depois chegaram os europeus do continente.

Colonização alemã no Brasil – Hermann Bruno Otto Blumenau

No Brasil, assim como nos dias atuais, estava na moda as notícias de seus climas e natureza exuberante aguçou, além da cobiça, a curiosidade estrangeira desde os tempos dos primórdios do Brasil colônia, não só dos invasores. Haviam passado por aqui naturalistas: Von Martius, Spix, Eschweg (engenheiro), Von Langsdorff (diplomata), Hermann Burmeister, Humboldt, Charles Darwin, que fez uma grande viagem pela América do Sul. Dentro dessa geoestratégia Imperial de ocupação do Brasil, com imigrantes estrangeiros, estava o Marquês de Abrantes, Miguel Calmon du Pin e Almeida que, de 1841 a 1843, chefiou a missão Abrantes e elaborou o prospecto memórias sobre os meios de promover a colonização no Brasil, publicado em Berlim em 1846, cujo objetivo era trazer mais alemães para o Brasil.

A aceleração e o incremento do processo de imigração alemã no Brasil e, em especial, no vale do Itajaí deveu-se ao químico, farmacêutico e doutor em filosofia pela universidade de Erlagen, Hermann Bruno Otto Blumenau. Este grande cidadão Otto Blumenau nasceu em 1819, em Hassefelde, ducado de Braunschweig, Land Niedsachsen, ou seja, na Baixa Saxônia. De sua amizade com Alexander von Hmboldt e von Martius e com o cônsul - geral do Brasil na Prússia, Johann Jacob Sturz, foi atraído para vir ao Brasil.

Despertado o interesse, Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau foi na busca da empresa em Hamburgo, que tratava da emigração alemã para o Brasil e demais países sul americanos. E na qualidade de seu procurador, viajou para o Brasil em junho de 1846. Esteve no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e passou oito meses no Rio de Janeiro, reunindo-se com autoridades do Império Brasileiro. Otto Blumenau regressou ao Brasil, em 1847, indo ao vale do Itajaí - Açu até a confluência do Ribeirão da Velha para verificar os locais onde os colonos poderiam estabelecerem-se, ficando impressionado com a beleza local. Mas ao voltar a Alemanha, percebeu que havia um grande interesse em enviar colonos aos Estados Unidos.

Porém, Otto Blumenau não desistiu e voltou ao vale do Itajaí em março de 1850 e tomou conhecimento que seu sócio naquela empreitada havia desistido e ficou apreensivo, mas, mesmo assim, em 2 de novembro de 1850, recebia o primeiro grupo com

Divulgação

Emil Odebrecht

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 2: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 67

17 colonos alemães, que passaram 72 dias viajando de navio. Era o começo da colônia, vila e depois cidade de Blumenau, uma das mais importantes do Estado de Santa Catarina.

Em Santa Catarina, que do Porto de Criciúma, nasceria um dos principais veículos de divulgação da modalidade Agrimensura, a poderosa, há 21 anos, revista A MIRA – Agrimensura e Cartografia, que tendo a frente o Professor da UNESC e engenheiro agrimensor, Luiz Carlos da Silveira.

Na política nacional o advogado, nascido em Blumenau e governador por dois mandatos do Estado de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, ao tempo em que era Ministro de Ciência e Tecnologia (1987- 1988), na gestão Sarney, tornou-se famoso entre nós, ao mencionar a sua célebre frase em seu discurso no Dia do Cartógrafo, em 6 de maio de 1987, no Pátio de GEIV no III COMAR: “Quem tem boca vai a Roma, mas quem tem o mapa vai muito melhor”. Atualmente é Senador da República.

Outro blumenauense ilustre é o eng. civil Wilson Lang, ex Presidente do CREA-SC e ex-Presidente do CONFEA. Também catarinense e natural de Porto União, o General de divisão e eng. cartógrafo, paraquedista, mestre em sensoriamento remoto, Pedro Ronalt Vieira – chefe da 5a DL/DSG, no Rio de Janeiro e diretor do serviço geográfico do exército e meu ex-aluno do IME no ano de 1990. A autora visitou Criciúma, com a escola superior de guerra - turma Monteiro Lobato - em 1994, em viagem da análise da conjuntura política econômica e social brasileira e teve um encontro com o governador Antônio Carlos Konder Reis, em Florianópolis, e visitou a Cremer em Blumenau e a famosa Balneário Camboriú.

Não havia aqui no Brasil Imperial de D. Pedro II, um clima favorável para dar continuidade à imigração alemã, porque os colonos foram deixados à sua própria sorte, as queixas chegaram à Prússia que proibiu a emigração para o Brasil por meio do restrito de Heydt. O ano de 1850, no entanto, foi marcante, pois o tráfico de escravos foi proibido, surgiu a lei de terras, que não favoreceu aos escravos libertos, mas que deixou muitas terras devolutas em Santa Catarina, e foi determinado que deveriam ser demarcadas e colonizadas. Com isso era propício a vinda de colonos do velho mundo.

Emil Odebrecht – O homem, engenheiro cartógrafo e agrimensor

Aqui tem início a saga de Emil Odebrecht que nasceu em Jakobshagen, no dia 29 de março de 1835, no distrito de Stettin, no então Reino da Prússia, atual Dobrzany, Polônia. Filho do juiz de direito, August Odebrecht e de Albertha L' Oeillot de Mars de origem francesa, que residiam em Anklam, na Pomerânia. Na ocasião existiam os Deutsches Reich, com a Prússia militarista e ultraconservadora. Com quatro reinos e cinco grãos-ducados, doze ducados e principados e três grandes cidades livres – Hamburgo, Lubeck e Bremen, a língua era a alemã era o principal elo de união entre esses diversos espaços que tornaram-se unificados numa só Alemanha em 1871. Depois seria dividida após a Segunda Guerra Mundial e, em 1990, seria para sempre reunificada. Emílio teve uma educação refinada de uma família de pastores, médicos e juristas. A Alemanha como a Polônia que tiveram ao longo do tempo territórios retificados em função do sabor da geopolítica.

O naturalista Fritz Müller por exemplo, chegou ao vale do Itajaí em 1852, interessado na luxuriante fauna e flora tropicais e porque já tinha ouvido falar da perspectiva de trabalho e fixação de raízes no Brasil. Por influência do Dr. Otto Blumenau, Emil Odebrecht, Heinrich Kreplin e Melletin fundaram uma empresa agrícola e chegaram à Blumenau, na noite de natal de 1856, onde foram calorosamente recebidos.

Quando Emil Odebrecht chegou ao vale do Itajaí com seus amigos Kreplin e Mellentina, a situação não era boa, pois uma enchente de 14 metros havia assolado a região e levou quase tudo, incluindo a casa de Otto Blumenau. Havia muito o que fazer, mas eles não tinham conhecimentos suficiente, não estavam profissionalmente habilitados em atividades que envolviam geodésia, topografia, cartografia e agrimensura para a tarefa local. Então voltaram à Alemanha para aperfeiçoarem-se. É comovente ver cidadãos alemães voltarem à sua terra natal e se prepararem para melhor servirem ao Brasil. Emil Odebrecht estudou astronomia, geodésia, cartografia e meteorologia. Prestou serviço militar voluntário no batalhão dos caçadores. Foi auxiliar do astrônomo Spoerer, em Anklan, depois foi diretor do Observatório de Potsdam. Ao cursar estas disciplinas obteve o título de engenheiro da universidade de Greifswald. Fundada em 1456, Kreplin fez curso de especialização em agrimensura e cartografia. Os pais de Emil o ajudaram na aquisição de equipamentos de agrimensura que trouxe ao Brasil.

A autora visitou Hamburgo, a Veneza Teutônica, em abril de 1987, na Páscoa, procedente da conferência EURO CARTO VI, em Brno, na então Tchecoslováquia, dominada pela Rússia. Onde apresentou trabalhos com passagem aérea pela CAPES através da Uff. Na ida visitou o eng. agrônomo Michel Rose, no Centro de Sensoriamento Remoto da FAO em Roma/Itália, onde conheceu vários projetos interessantes de uso de imagens para projetos agrícolas para combater a fome no mundo. Era amigo do General de divisão Aristides Barreto – estagiário da ESG, diretor da DSG e Presidente da SBC, que colocou a autora no IBGE, em 1 de dezembro de 1982, a pedido da Geógrafa Yrapoan Gomes Rodrigues. Mais tarde, em 1998, teve seu trabalho “Cartography and Remote Sensing in the Amazon – The SIVAM Project” publicado em Stuttgart em evento da ISPRS, que está na internet. Stuttgart, Karslruhe e Hannover são renomados centros de fotogrametria do planeta. Emil entrou com um processo de naturalização brasileira em 1857 e que foi obtida em 1859. No ano de 1858 havia comprado um lote para se estabelecer em Blumenau.

É interessante a forma com que as professoras da FURB/USP - BIEMBENGUT & SOARES (2011) observaram os relatos de Emil Odebrecht especialmente o seu olhar matemático, pois para ser um engenheiro cartógrafo e agrimensor é preciso saber muita matemática. Tanto é que na missão de 1863, possivelmente movido pelo caráter pragmático que todo engenheiro costuma ter, a disciplina germânica, e também movido pela curiosidade do novo, demonstrou um profundo senso de observação das paisagens por onde passava com seus companheiros, nessa condição aproximava-se muito também do geógrafo:

“ ...”Emil Odebrecht tinha o cuidado de efetuar um minucioso registro de suas atividades. Essa primeira expedição, por exemplo, consta em um diário, onde fez anotações do dia 14 de janeiro a 21 de fevereiro sobre o que encontrava na mata e suas principais dificuldades, como: doenças, falta de alimento, ataques de bugres, dentre outros. Suas anotações

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 3: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 68

detalhistas abordam, implicitamente, aspectos matemáticos, principalmente no que se trata de geometria e trigonometria plana e esférica. Com sua formação de astrônomo e engenheiro, Odebrecht, nesse trabalho mediu rios, altura de cachoeiras, volumes d' água, efetuou localizações geográficas, utilizando-se da posição solar e do meridiano. Emil Odebrecht contribuiu significativamente, para expansão da colônia alemã do Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina.

As brilhantes matemáticas mencionam, por exemplo a preocupação de Emil com unidades de medida: “Quinta- feira: 12 de fevereiro de 1863, onze horas da manhã. Finalmente alcançamos o Salto do Pilão. Pelo menos esse magnífico salto, que, aqui se estende num comprimento de 250 – 300 braças e, com uma queda de no mínimo 80 –100 palmos, se projeta ruidosamente, não pode ruidosamente, não pode ser outro. Não são despenhadeiros ruscos que dão este aspecto lindo e sublime, mas sim os belos e pitorescos grupamentos dos blocos de pedras que cobrem seu leito e que, nas mais variadas formações e tamanhos, estão sobrepostos uns sobre os outros... A largura do volume d' água, na média, mal alcança 50 passos.

...Pelo relato, temos que Emil fazia uso em seu trabalho de algumas unidades de medidas antigas como palmo, passo e légua… e do sistema imperial inglês, cuja unidade fundamental de comprimento é a jarda imperial e seus múltiplos são a milha, a vara e a braça e os submúltiplos, o pé e a polegada. Mas por que se utilizava dessas unidades se o sistema métrico decimal, unidade de medida internacional, já era vigente na época? Em relação ao sistema imperial inglês pode ser que tenha adquirido em sua formação acadêmica, mas,e quanto as unidades de medidas antigas (passo, palmo, légua) seriam adotadas, também, nas escolas prussianas ou Emil aprendeu junto a outros grupos culturais e sociais? Como estava convivendo com povos de outras culturas, como bugres, açorianos e mesmo imigrantes alemães, possivelmente, incorporou conceitos de medidas praticadas por essa comunidade e, ainda, por esses mais

apropriados às suas necessidades diárias ou nas atividades desse contexto. Esse conhecimento matemático desenvolvido e praticado por uma comunidade ou grupo cultural é denominado por D' Ambrosio como etnomatemática. D' Ambrosio (198) define etnomatemática como “ arte ou técnica de explicar,de conhecer, de entender nos diversos contextos culturais”.

Nestes termos, podemos imaginar que Emil Odebrecht, em meio a uma mata nativa, e munido de alguns instrumentos de topografia e medição mais seus conhecimentos adquiridos na escola formal e na escola das suas atividades diárias realiza sua empreitada que é a de conhecer, entender e expressar à comunidade, a geografia dessa região”.

Descrição geométrica do Salto Pilão - Quinta-feira, 12 de fevereiro de 1863

“O rio conservou hoje, por cerca de 200 braças, seu curso de ontem, para depois voltar-se para o Sul e logo depois para só,o qual desde então tem se conservado assim... A curva na qual se estende a parte superior do salto do Pilão tem uma largura de cerca de 500 braças, com declinação de 60º do sul para oeste... A curva existente acima do salto vem, tanto quanto posso ver daqui, completamente do sul. O salto que mencionei é quase perpendicular nesta margem, enquanto que na outra margem a água corre sobre lajes de pedra de grande extensão. O curso do rio,em geral, era do sul, com significantes variações para o leste ou oeste.”

As missões de Emílio Odebrecht em Santa Catarina e no Paraná

Já formados, Emil Odebrecht e Heirich Kreplin regressaram a Santa Catarina em 1861 e logo foram encarregados de demarcar lotes de terra para os colonos e explorar regiões desconhecidas do alto vale do rio Itajaí. Começaram suas atividades com seus modernos instrumentos de medição, comprados na Alemanha, pelos rios Testo, Cerro, da Luz e Benedito, que foi amplamente anunciado no Kolonie Zeitung, de 13 de fevereiro de 1864,

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 4: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 69

estabelecendo a ligação – Passo da Concórdia entre Blumenau e Joinville. Organizou três missões e/ou expedições ao alto vale do Itajaí;

A primeira missão de Emil, parte dia 14 de janeiro de 1863, com oito pessoas, dentre elas Hans Breithaupt e seu sogro Heinrich Bichels, atingiu o Salto do Pilão, retornando em 21 de fevereiro daquele mesmo ano. A Segunda Missão, em 13 de maio de 1864 foi de Rio do Sul até a Serra Geral, onde encontraram vários indígenas e verificaram as áreas de conflitos divisórios com o Paraná, que mais tarde traria a Guerra do Contestado (SILVA 2005 a,b) e a terceira missão, em janeiro de 1867 sua viagem foi de Curitibanos para Blumenau.

A expansão de Blumenau era evidente e dependia de contatos com o oeste no alto vale do Itajaí. Daí a necessidade de expansão de fixação de população e das linhas telegráficas. Segundo Castro (2003):

“O diretor da colônia recorreu aos serviços de Emil Odebrecht. Seria incumbência do engenheiro e cartógrafo fazer o levantamento da bacia do Itajaí Açu para jusante, até a barra do Rio do Sul, a cerca de 140 km da sede da colônia. Foi sua primeira expedição importante.

Compunha-se o grupo de oito homens: cinco alemães (o próprio Odebrecht, seu futuro sogro, Heinrich Bichels, o agrimensor Hans Breithaupt e dois outros cujos nomes não são mencionados) e três brasileiros (um “cadete” e dois soldados da campanhia de pedestres, sediada na colônia para proteção contra ataques dos índios). Na primeira etapa da viagem tiveram ajuda de uma turma de trabalhadores cedidos pelo colono Victor Gaertner, que os tinha contratado. Um dos soldados era negro, raridade absoluta na região; outro conhecia a zona e já tivera contatos pacíficos com os bugres.

O diário de Odebrecht sobre essa expedição é excepcionalmente extenso e detalhado. Dia a dia, a partir de 14 de janeiro de 1863, ele anotou – em alemão, quase sempre em escrita gótica – os episódios e peripécias da viagem. Anotou – os com pormenores e comentários, alguns até chistosos ou irônicos, contrariando o seu natural circunspecto. Outras cadernetas suas, posteriores, penas registram nomes e cifras do deve haver, ou datas e locais por onde passou. Esse diário, doado pela família, foi devorado no incêndio que destruiu o arquivo da Prefeitura Municipal de Blumenau na noite de 6 de novembro de 1958. Por sorte, o documento tinha sido copiado cerca de um ano antes pelo pesquisador Frederico Kilian, que lhe sentiu a importância e resolveu traduzi-lo.

Trata-se de um testemunho essencial para o conhecimento da personalidade de Emil Odebrecht, de suas qualidades profissionais e humanas, de sua têmpera, de sua abnegação e coragem ao enfrentar os múltiplos perigos de um empreendimento daqueles.

...O mais importante da missão é o reconhecimento do terreno com vistas ao objetivo de encontrar o caminho para a serra. À medida que sobe o Itajaí, o engenheiro espera ver surgir o paredão de montanhas atrás do qual se estende o planalto. Mas esse momento tarda, e ele se sente inquieto. Enquanto espera, vai fazendo as suas observações. O terreno lhe parece muito

próprio para a colonização,salvo em alguns trechos onde os morros descem a prumo sobre o leito do rio.

Não se limita a anotar a qualidade da terra, o relevo, o curso dos rios e ribeirões. Menciona acuradamente o tipo de vegetação, as espécies da flora e da fauna que mais despertam o seu interesse de europeu. Deleita-se por exemplo, em observar uma flor de um vermelho rutilante, a amarilis, e uma fúcsia que os brasileiros chamam pelo poético nome de brinco de princesa. Admira as belas samambaias e os sarandis que caem como cortinas sobre a margem do rio. A cada passo cita árvores da floresta, sobretudo pinheiros,cedros e palmeiras ”

Emil casou-se com Bertha Bichels (natural de Hamburgo), em Blumenau, no dia 10 de fevereiro de 1864, com quem teve 15 filhos, sendo que dois faleceram ainda bebês: Edmund, Mathilde, August, Oswaldo, Rudolf, Helene, Clara, Auguste, Waldemar, Edgar, Adolf, Anne Marie e Hedwig. Mathilde casou-se com Gustav Baumgart, comerciante influente em Blumenau, que tiveram Emílio Henrique Baumgart, o neto mais velho de Emil, que viria a ser “ O Pai do Concreto Armado do Brasil”. Edmund casou-se com Cäcilie Altemburg e teve como um de seus descendentes, empreendedor da Construtora Norberto Odebrecht, que nasceu em Salvador, Bahia, e tem obras por todo o Brasil e no exterior. Edgar, por exemplo, era agrimensor prático e, junto com seu irmão Adolf que graduou-se agrimensor pela escola politécnica do Rio de Janeiro, participou de expedição ao rio Tocantins. Nos registros de Leolídio Caiado (1952), Adolf, que era casado com Almerinda Ribeiro Nogueira, percorreu trechos de Jaguará a Belém, Rio das Almas, Maranhão e Tocantins. Atribui-se a esse engenheiro cerca de 1/3 das determinações das coordenadas brasileiras. Emil Odebrecht deixou cerca de 1300 descendentes.

Eu e minha família, desfrutamos, a belíssima obra da Odebre-cht, dos cinco resorts de Costa do Sauípe, no Litoral Norte da Bahia, na Costa Verde, no Carnaval de 2009. Com minha irmã, Ten Cel Heloisa, tivemos a oportunidade de ver com uma pla-ca alusiva no Breezes, inaugurada pelo Exmo. Sr. Presidente professor da USP, FHC – o soci-ólogo carioca Fernando Henrique Cardoso e pelo senador baiano, médico e governador da Bahia ACM – Antônio Carlos Magalhães. Ficamos no Convention, onde hos-pedou-se o Exmo. Pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva, na reunião do MERCOSUL de dezem-bro de 2008, que deixou encantadas as Presiden-tas: da Argentina advo-gada e senadora Cristina de Kirchner e a médica Michele Bachelet do Chi-

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 5: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 70

le, hoje Secretária da ONU para as mulheres. Aquele exclusivo complexo hoteleiro onde o Guga, o tenista, Mr. Roland Garros, Gustavo Kuerten de Florianópolis também encantou as torcidas brasileiras, pertence ao Banco do Brasil.

No dia 03 de maio de 1864, Emil partiu em sua segunda expedição com destino a Serra Geral, percorrendo o alto vale, através dos rios Itajaí, Rio do Oeste e Taió, onde hoje localiza-se o município de Rio do Sul. Fazendo observações e localizando e mapeando as nascentes. Foram os primeiros homens brancos a pisarem naquela região. De acordo com o ofício do Dr. Blumenau, “a contenda existente com a Província do Paraná sobre os limites deste mapa não deixaria de ser um documento de grande peso.”

Emil tenente comissionado na guerra do Paraguai

O Presidente de Santa Catarina, Adolfo de Barros Cavalcanti de Lacerda fez a convocação para lutar contra as tropas de Solano Lopes. Os paraguaios ocuparam a margem esquerda do Rio Uruguai, no Rio Grande do Sul e as cidades de São Borja, Itaqui e Uruguaiana e havia o temor de que Santa Catarina fosse invadida. Dentre as vantagens oferecidas aos voluntários da Pátria estavam 22.500 braças quadradas de terra, dinheiro e uma pensão. Muitos escravos foram mandados para Guerra do Paraguai com a promessa de que seriam libertados.

O Comando Geral dos colonos germânicos de Blumenau, foi o Capitão Victor von Gilsa, Tenente Emílio Odebrecht, Alferes – Subtenentes Júlio Sametzki, Guido von Seckendorf e Alferes – Cirurgião Guilherme Friedenreich. Emil Odebrecht ficou com a patente de Tenente Comissionado que havia prestado o serviço militar na Prússia, no batalhão de Greifswald. Os militares de Blumenau integraram o 9º Corpo de Voluntários da Pátria, com 1.200 homens de todos os tipos de etnias brasileiras,onde os baianos se destacavam por seus uniformes de cores vibrantes. Foram para a guerra em 5 de outubro de 1865, inicialmente para obterem as instruções e treinamento militar

No ano de 1866, os voluntários de Blumenau, Joinville e Brusque participaram dos combates a bordo da canhoneira Araguari, comandada pelo 1º Tenente, mais tarde Almirante Antônio Luís von Hoonholtz, o Barão de Tefé – nascido em Itaguaí – Petrópolis (1837/1931) (Chefe do Serviço Imperial Hidrográfico, muito tempo depois Diretoria de hidrografia e navegação - DHN, era filho de alemães Conde Frederico Guilherme von Hoonholtz e Condessa Joana Cristina van Engel Alt von Hoonholtz), também integrava este grupamento futuro General e magistrado Militar José Bernardino Bormann .

No mês de maio Emílio foi designado para dar cobertura à Ilha do Cerrito. É notável a coragem deste bravo Emilio Odebrecht e seus companheiros. Von Hoonholtz notabilizou-se naquele conflito na Batalha Naval do Riachuelo, foi também embaixador do Brasil, na Bélgica, Itália e Aústria e Senador pelo Amazonas, e demarcador das Fronteiras do Brasil com o Peru, membro das Ordens Imperial das Rosas, de São Bento de Aviz e de Isabel e do Cruzeiro do Sul, Instituto Histórico e Geográfico e de várias Sociedades de Geografia (de Lisboa, de Paris e do Rio de Janeiro), Trinity Historical Society of Dallas/Texas, Academia de Ciências de Madrid e Liga Marítima Brasileira,

vice-presidente do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro. Por ser no fundo um homem de muitas luzes e saberes é bem provável que isso tenha pesado em sua grande amizade por Emil e seus companheiros voluntários teutônicos de estarem sempre juntos lutando pelo Brasil contra o Paraguay. Eram dois grandes heróis lado a lado.

Friedenreich vem a ser o avô do craque de futebol Friedenreich, que inaugurou já idoso, a Escola Municipal, em frente a Estátua do Belini (Capitão da Seleção Brasileira de Futebol Campeã em Estocolmo/58 e Santiago/62, estádios conhecidos em 1997 e em 1995), no Estádio do Maracanã onde concluímos o curso primário. Eu mesma comprei ornamentos das Ordens das Rosas e Cruzeiro do Sul no Museu Imperial em Petrópolis, quando passamos o Carnaval em Itaipava em fevereiro de 2004.

O Imperador D. Pedro II visitou as tropas em Desterro no dia 05 de novembro de 1865, procedente de Uruguaiana, onde os brasileiros expulsaram os paraguaios. Os catarinenses estavam em treinamento militar e em 26 de novembro de 1865 zarparam com destino à Montevidéo, a aprazível capital do Uruguay, às margens do Estuário do Prata, a famosa, “plancha”, nos vapores Galo e Santa Isabel, naquela mesma semana partiu o navio São Miguel. Os Voluntários alemães na Guerra da Tríplice Aliança eram comandados pelo Freihher (barão) Victor von Gilsa. Eram os famosos Brummer que já haviam peleado no Zul de 1826 a 1828. O verbo brummen na língua alemã significa zunir, fazer barulho, porque eles atacavam gritando.

Os alemães chegaram a bordo do São Miguel, em 1 de dezembro de 1865, em Montevidéo, deram uma parada em Buenos Aires, a bela capital portenha, do outro lado do Prata, e então subiram por este rio atravessaram a província de Entre Rios, com destino à Corrientes. Por dificuldades táticas, o 9º Corpo de Blumenau foi desfeito e incorporado a 9ª Brigada e por essa razão foram combater na potente canhoneira Araguari (já mencionada no presente texto) de fabricação inglesa, com o teuto-brasileiro barão de Tefé.

O apoio da Marinha Brasileira, tendo sua esquadra comandada pelo Almirante Barroso, foi o divisor de águas das batalhas contra os paraguaios não só de artilharia, como também no transporte das tropas e de suprimentos, através do Rio Paraná, e o Brasil como nós já sabemos saiu-se vitorioso nas Batalhas de Curuzu, Curupaiti e a do Riachuelo. Com um planejamento tático que levou quatro meses os brasileiros atravessaram o Rio Paraná, em 1 de abril de 1866.

Por causa de algumas divergências, o grupo alemão já havia pedido baixa do Exército em 24 de março. Lá estavam Emil Odebrecht, Von Seckendorf, Sametzki, Friedenreich e mais 76 pessoas. Eles queriam lutar juntos e não serem em parte levados a combater a bordo do Cisne. O impasse foi contornado pelo Gen. Osório e por von Hoonholtz, a quem estavam bem familiarizados por suas origens germânicas. Afinal, este era um lídimo descendente de um Brummer. Assim, os pedidos de baixa foram indeferidos e a luta prosseguiu até caírem doentes de impaludismo, em 5 de abril de 1866. Emil, Hoffmann e Sametzki baixaram no Navio-Hospital, em 1 de Junho, e foram deixados no hospital de Corrientes. Quando recuperaram-se voltaram ao teatro de operações da guerra.

Os alemães também participaram das lutas do Forte Itapiru.

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 6: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 71

Von Gilsa hasteou a bandeira brasileira neste marco paraguaio. A Canhoneira Araguari encalhou num banco de areia e precisou ser rebocada para conserto. Alguns alemães combateram no navio Princesa de Joinville. No mês de outubro Von Sckendorf substituiu von Gilsa. Sob o comando do agora Marechal Osório, o Brasil ganhou a batalha de passo da Pátria e invadiu o Paraguai e aconteceu a primeira batalha de Tuiuti. Acometido de febre palustre, Emil a bordo do Marcílio Dias, voltou ao hospital de Desterro e, depois, para Blumenau.

É interessante notar que muitos anos depois o Brasil teria uma Rainha da Suécia teuto-brasileira Silvia Sommerlate. Eu também almoçei naquele salão dourado da prefeitura de Estocolmo, onde a realeza oferece um jantar aos laureados do prêmio Nobel, em junho de 1997, durante a 18th ICC/ICA/ACI, com meu paper Cartographic Alternatives on the Amazon e com o discurso no GT Mulher – What is Gender in Cartography?, onde as mulheres me aplaudiram de pé.

Terceira expedição de Emil Odebrecht ao planalto catarinense

No mês de janeiro de 1867, Emil Odebrecht recebeu a incumbência de demarcar lotes da colônia Príncipe D. Pedro, no vale do Itajaí Mirim, que havia sido desmembrada da colônia Itajaí, atual cidade de Brusque, região conflituosa, com colonos imigrantes procedentes da Pomerânia e de Schleswig – Holstein, que ainda não haviam efetivamente a posse da terra. Essa região era a cargo do Barão Austríaco Maximilian von Schneeburg que, desiludido e doente, voltou para a Europa, mas precisamente, para a Alemanha onde veio a falecer. Nem Emil e nem seu sucessor, o agrimensor Karl Marchner, conseguiram dirimir as questões fundiárias, que voltou a ser reintegrada à Itajaí.

Na data de 08 de maio de 1867, Emil partiu juntamente com Franz Mathias, Wilhem Michels, Ernest Seide, Klaus Harbs, Programann e Karl Grube para a sua terceira grande missão exploratória do vale do Itajaí até ao Planalto Catarinense - São José, Bom Retiro, Lages, Curitibanos, Serra do Ilhéu, Serra Velha, Areia Branca, Volta Grande, Pinhalzinho, Mirim Doce, Barra do Taió, Ribeirão da Erva, Rio do Oeste, Laurentino e Rio do Sul. Optaram por um caminho mais longo, porém, menos arriscado. Algumas regiões já eram povoadas e outras faziam parte de estradas de tropeiros da rota São Paulo – Rio Grande do Sul. Carregavam tudo nas costas, víveres de topografia e agrimensura, panelas, facões para abrir as picadas da mata virgem. Esta missão durou 87 dias. Nessa missão, no dia 3 de agosto, no Rio Ilse, Emil Odebrecht teve a grata satisfação de encontrar Wilhelm Friedenreich, seu amigo de lutas na Guerra do Paraguai, e juntos em sua canoa navegaram do Itajaí Açu até Blumenau. Emil mesmo tendo encontrado índios, em suas expedições pelo interior, nunca os molestou. Chegou a aprender suas línguas, para manter o diálogo com eles. Era um pacificador.

Expedições telegráficas e ferrovias de Emílio Odebrecht

Emílio era um homem de realizações. No ano de 1870, fez parte da banca examinadora da agrimensura de Florianópolis. Foi encarregado do nivelamento e reparos da estrada de Blumenau à Barra do Rio, em Itajaí, em novembro daquele mesmo ano, fez um relatório de avaliação dos prejuízos causados pela

enchente ao Presidente da Província. No ano seguinte, realizou uma expedição acompanhado de Gustav Stuzer. De 1870 a 1880 fez o levantamento batimétrico da Baía de Porto Belo, visando a instalação de um porto. De abril a julho de 1873, empreendeu levantamentos das terras da Princesa Isabel e do Vale do Itapocu. No ano de 1874 o Brasil possuía um cabo submarino de telégrafo ligado à Europa. De fevereiro a maio daquele mesmo ano Emil Odebrecht elaborou um detalhado levantamento topográfico do Alto Vale, partindo de Subida, Salto Pilão, Braço do Sul, Rio Trombudo, Rio das Pombas e Rio Taió, Salto Grande, Marco da Pitanga, Marco do Coqueiro, Campo do Lucindo Alves, Campo do Patrício, Barracão do Justo, Campo dos Cervos, Campo do Cassador e Curitibanos. No dia 22 de novembro de 1877 foi nomeado por um ano diretor adjunto da Colônia Azambuja e Urussanga. No começo de 1879, realizou benfeitorias e novas explorações na Serrastrasse. Na data de 4 de fevereiro de 1880, a colônia de Blumenau foi elevada à categoria de município, e quando se preparavam para as eleições municipais houve uma grande enchente.

O reconhecimento a Emílio Odebrech veio através da indicação do Dr. Otto Blumenau ao Barão de Capanema, de origem austríaca, Guilherme Schüch para que fosse nomeado inspetor de segunda classe da repartição geral dos telégrafos, datado de 11 de setembro de 1881, ficando encarregado de confeccionar o mapeamento e a implantação das linhas telegráficas tanto em Santa Catarina quanto no Paraná, ocupando esta posição até ao final de 1888.

Neste período Emílio fez muitas viagens para Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul

- Setembro de 1881 a Abril de 1888 trabalhou na implantação da Linha Telegráfica Joinville – Morretes;

- 1882 – acompanhado do Eng. Leopoldo Weiss trabalhou na locação e implantação da linha telegráfica Curitiba - Guarapuava; foi consultor do projeto de construção da ferrovia de Blumenau;

- Joinville – São Francisco do Sul – recebe a promoção a inspetor da repartição dos telégrafos, diretamente ligado ao Barão de Capanema;

- 1883 - faz um trabalho de exploração do Rio Iguaçu, tendo como ponto de partida o Salto Osório e chega a foz do Rio Santo Antônio e as Cataratas do Iguaçú. Fez o reconhecimento pioneiro da foz do Rio Periguaçú. Elaborou o importante levantamento cartográfico e geográfico do Rio Uruguay, desde a Foz do Rio Passo fundo até Manomá e a expedição da Foz do Rio Ivaí, Guaíra, Foz do Piquiri, Foz do São Francisco e do Iguaçu;

- Em 1884 foi chamado para fazer o trecho da ferrovia ligando São Francisco a Porto Alegre denominada ferrovia D. Pedro I, bem como a linha telegráfica.

Emil e a questão das Palmas - fronteira com a Argentina

A dedicação e o valor de Emílio seria alvo de sua nomeação a auxiliar de Capanema na comissão de limites Brasil –

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 7: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 72

Argentina na questão das Palmas, em 1887. Este aspecto da intensa vida de trabalho e o espírito empreendedor de Emílio Odebrecht fizeram com que fosse nomeado engenheiro chefe da repartição dos telégrafos do distrito de Santa Catarina, no ano de 1888, onde permaneceu até aposentar-se com muita justiça, em 1897.

Esta missão que solucionou a crise fronteiriça com a vizinha e querida irmã Argentina, proporcionou a Emil uma viagem ao Rio de Janeiro, saindo de Paranaguá, em 16 de dezembro de 1896, com o objetivo de apresentar às autoridades um minucioso relatório dos levantamentos topográficos da área de litígio fronteiriço para a comissão de limites Brasil – Argentina (que vem a ser a atual segunda comissão brasileira demarcadora de limites - SCBDL do MRE – cel aviador e eng. cartógrafo paranaense de origem polonesa Ruy Mozzatto Krukowsky) (SILVA 2008). As reuniões aconteceram nos dias 20 e 22 de dezembro, na rua São Clemente e no Jardim Botânico. Fez uma visita de cortesia ao Barão de Capanema, no dia 23, na Ilha do Governador e também movido pela curiosidade científica de ver o andamento do Observatório de Astronomia e Meteorologia que Capanema, havia construído ali. Este fato foi considerado um marco para a ciência de um modo geral, pois foi o primeiro do gênero montado no Brasil e equipado com o que havia de mais moderno adquiridos das Academia Real de Ciências da Suécia e também em Londres, no Reino da Inglaterra.

CASTRO (2003) sabiamente transcreve cartas de Odebrecht à sua companheira, mais uma vez fica bem claro o caráter metódico e técnico dele e também sua disciplina no trabalho e o seu nacionalismo pelo Brasil. Um trecho da carta de Emil à sua esposa Bertha datada de 17 de outubro de 1883.

“Acabo de chegar aqui, depois de terminado o meu serviço na região do Paraná. Cheguei bem, com todo meu pessoal, e como ainda mandarei um mensageiro esta mesma noite a Guarapuava, aproveito para te mandar este sinal de vida...Acabo de encerrar um trabalho muito exaustivo e perigoso, com a consciência de ter resolvido uma pendência importante, tanto para o Brasil como para a Argentina, missão que antes de mim muitos tentaram cumprir, sem sucesso. Será que isto vai ser creditado como vantagem?”

Emil escreveu a ela também de Guarapuava, em 10 de novembro de 1883.

“ Meia noite – Acabo de chegar de um encontro com a S. Exa. O barão de Capanema, que chegou esta noite e mandou me chamar. Gostei muito do homem. Só falamos alemão. Não me falará serviço!!! Por ora recebi a honrosa incumbência de efetuar observações astronômicas nas várias estações em todas as regiões do Brasil, um trabalho que me absorverá totalmente por muitos anos. Felizmente nossos cronômetros não estão em ordem e eu talvez encontre tempo para passar o Natal em Blumenau. O barão tenta ler os meus desejos nos meus olhos. Se eu o tivesse conhecido antes, quantas preocupações nos teriam sido poupadas.

No outro dia acrescentou à sua missiva “Hoje conversei mais demoradamente com S. Exa., e ele me ofereceu férias sem que eu solicitasse. Só preciso determinar

mais algumas coordenadas em Palmas e Chopim e então viajo diretamente a Itajaí, provavelmente por Curitibanos.”Daí para frente Emil e o Barão ficaram amigos.

De 1893 a 09 de julho de 1890 construiu a linha telegráfica Itajaí – Blumenau; então é chamado para um novo projeto - a ligação entre São José e o Rio Paraná, passando por Blumenau e Curitibanos, além dos ramais de São Francisco do Sul e Passo Fundo, tendo Emílio ficado a cargo do trecho da Serra do Itoupava ao Vale do Itapocu. Recebeu a incumbência de assessorar a construção da Estrada de Ferro Chopim, ligação entre Itajaí – a fronteira Argentina, de São José - Lages, de Brusque – Itajaí, de Porto Belo – Colônia Militar Santa Tereza.

A Proclamação da República teve grande repercussão em Santa Catarina, onde a maioria dos imigrantes eram republicanos. A partir de 1893 até 08 de abril de 1897 Emil, implantou a linha telegráfica no trecho compreendido entre Blumenau – Brusque – Lages. No início de 1895 estabelece o levantamento do Rio Santo Antonio desde a sua foz até a nascente e com o divisor de águas entre Campo Erê no Brasil e Campina do Américo na Argentina.

Na companhia do eng. Krohberger, definiu o local da construção da primeira ponte sobre o Rio Itajaí, do Salto, em 1896; na data de 07 de novembro de 189, com Alfred Sellin, estabeleceu a sede da gleba da Colônia Hanseática.

Foi nomeado Presidente da Comissão dos Festejos dos 50 Anos da Fundação de Blumenau, onde foi erguido um monumento em homenagem ao Dr. Otto Blumenau e uma ponte sobre o Ribeirão Garcia. No ano de 1902, Emílio definiu a hora exata de Blumenau, porque as igrejas tocavam os sinos em horas diferentes e deveria fazer muito barulho e confusão. Em 1904 viajou com a filha Hedwig à Alemanha e reencontrou seus irmãos: Coronel do Exército Prussiano em Könisberg Rudolph (que depois da Segunda Guera com o Tratado de Potsdam passou a chamar-se Kaliningrado) e Anna já viúva. Dos seis filhos de Rudolf dois foram militares. Emil morreu lutando na frente russa na I Guerra Mundial e Job, era Cadete da Marinha em 1914 e acabou combatendo na Tanzânia, colônia alemã na África e durante o segundo Conflito Bélico Mundial alcançou a patente de General de Quatro Estrelas do Exército norte-americano. Aqui no Brasil ele seria Marechal.

Blumenau foi a primeira cidade catarinense a receber luz elétrica, em 1909. Sua esposa Bertha faleceu em 10 de abril de 1910 e Emil, já doente, recebeu a visita do Comandante da 5ª Região Militar General Vespasiano de Albuquerque, uma cortesia de um de seus camaradas da Guerra do Paraguay. O velho patriarca teuto-brasileiro catarinense e luterano Emílio Odebrecht veio a falecer em 6 de janeiro de 1912 e foi enterrado no Cemitério Evangélico ao lado de sua amada. O progresso de Santa Catarina proporcionado pelas comunicações por meio das estradas, ferrovias e as linhas telegráficas deve muito a ele, incluindo seu caráter diplomático na questão fronteiriça com a vizinha e, querida irmã, República da Argentina. Os Argentinos tinham por ele um profundo apreço.

Boa parte do acervo das linhas telegráficas do oeste catarinense e do Paraná, de Emil Odebrecht encontra-se depositado no Arquivo Nacional, que pertence ao Ministério da Justiça, cujo diretor é o professor Jaime Antunes da Silva, e onde trabalha também o geógrafo José Luiz que foi meu aluno na Universidade

AGRIMENSORES ILUSTRES

Page 8: Emil Odebrecht – astrônomo, engenheiro geodésico, agrimensor ... · desbravador do oeste catarinense e paranaense Emil Odebrecht, que estabeleceu-se em Blumenau é preciso situar

EDIÇÃO 162 | A MIRA | 73

Federal Fluminense - Uff, em Niterói.

Emil Odebrecht deixou mais de mil descendentes e no ramo baiano destaca-se a figura do jovem engenheiro civil Marcelo Bahia Odebrecht, o atual Presidente da maior empresa de construção do Brasil a Construtora Norberto Odebrecht (Arenas Esportivas: Itaquera – Corinthians/SP, de Pernambuco/PE, Fonte Nova/BA; Estádios do Maracanã/RJ e Cornélio de Barros, Aeroportos Maestro Antonio Carlos Jobim/RJ, Santos Dumont/RJ, Miami/EUA; Complexo Hoteleiro de Costa do Sauípe – Litoral Norte da Bahia, o arrojado prédio da PETROBRÁS, no RJ, o Complexo Energético Amador Aguiar/MG, a Ponte Orinoquia na Venezuela, o Metropolitano de Lisboa, a Refinaria Abreu Lima, a Ferrovia Transnordestina e Projetos sociais em São Roque do Paraguaçu de horticultura comunitária e autossustentável.). Outro ramo da família Odebrecht é conhecido pelos sofisticados tecidos e bordados da linha de roupa de cama e assessórios Attembourg.

A autora esteve na Alemanha, hoje sob o comando da engenheira química Angela Merkel, em Hamburg, em casa de Susan Emerich, durante a Páscoa de abril de 1987, voltava da Conferência EURO CARTO VI, em Brno, capital da Morávia, Tchecoslováquia, onde apresentou trabalhos; “A Construção de Cartas Agroecológicas, O Ensino de Cartografia digital na Uff”, com passagem aérea da CAPES e apoio logístico da Embaixada do Brasil em Praha. (Praga/Frankfurt). Procedia do Centro de Sensoriamento Remoto da FAO, em Roma/Itália, onde pode observar todos os importantes Projetos de Combate à Fome no Mundo, à luz de monitoramento de imagens de satélites. O tempo foi curto e não deu para visitar o Joint Research Centre – Institute for Remote Sensing Applications, -ISPRA/Varese. A Tchecoslováquia, hoje República Tcheca vivia um regime de exceção de ocupação por tropas soviéticas. Após a Revolução de Veludo passou do Pacto de Varsóvia para a OTAN e Comunidade Européia de Nações.

Neste relato sobre a vida do engenheiro cartógrafo e agrimensor Emil(io) Odebrecht, vemos que era um homem à frente do seu tempo, já unia estes dois grandes ramos da engenharia brasileira, e porque não dizer das três porque também era geógrafo, pois em seus relatos descrevia encantado as paisagens do interior catarinense, o barulho das onças, os rios traiçoeiros devido as correntezas, talvez até movido pela saudade de sua terra natal, ou até mesmo surpreso em ver algumas semelhanças em clima subtropical. O desprendimento, o engajamento e a encantadora coragem de Emil em participar de momentos importantes e até alguns delicados da vida nacional,as amizades que fez por toda a sua vida, ...Emil merecia este tributo....Na certeza de que Profissionais da Modalidade Agrimensura ajudaram a construir o nosso Brasil e a forjar com seus documentos cartográficos esta grande nação, definindo suas fronteiras terrestres, por isso somos um País - Continente.

É PRECISO TER SEMPRE UM PROFUNDO AMOR PELAS COISAS DO BRASIL

O presente texto é dedicado à:

Moacir e Eluart – Meus PaisTen Cel Enf R1 Heloisa Silva, HCA/COMAER/MD, Minha irmãEng. Cartógrafo Dauberson Monteiro da Silva – Chefe da PCBDL/MRE – Belém/PA

Cel Aviador e Eng. Cartógrafo Ruy Mozzato Krukowsky – Chefe da SCBDL/Palácio Itamaraty /MRE – Rio de Janeiro/RJ

Ao Arquiteto Olínio Gomes Pascoal Coelho – Presidente do IHG de Vassouras e Ex.Vic.Pres do CREA-RJ/UFRJ

A Arquiteta E Urbanista Duaia Vargas da Silveira – Presidenta da ABEAAo ESTADO DE SANTA CATARINA

Bibliografia

APONTAMENTOS das Disciplinas Geografia do Brasil I e II e de Geografia Humana I do Curso de Graduação em Geografia da UFRJ (1974 - 1978) Ilha do Fundão/Cidade Universitária – Professoras: Maria do Carmo Galvão e Marina Del Negro Sant'ana.

BIEMBENGUT,Maria Salett & SOARES,Maricélia, USP/FURB, http://www2.fe.usp.br/~etnomat/site-antigo/anais/CO15.html, acesso em 24/11/2011 CASTRO, Moacir Werneck (2003) Missão na selva – A aventura brasileira de Emil Odebrecht. Rio de Janeiro, Versal Editores. 175pp. 2 edição.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Emil_Odebrecht, acesso em 24/11/2011

SILVA, Eliane A da (2008 a) Princípios das demarcações de fronteiras terrestres do Brasil na América do Sul. Criciúma. Revista A MIRA – Agrimensura e Cartografia. 142(17):70-2. Jan./Fev.

SILVA, Eliane Alves da (2008 b) A Comissão Rondon – Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon – Comissão Linhas Telegráphicas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas e Acre. Criciúma, Revista A MIRA – Agrimensura e Cartografia. 144: 76-77. Mar./Abr.

SILVA, Eliane A da (2006 a) A Guerra do Contestado entre os Estados do Paraná e Santa Catarina – Uma questão de limites. Criciúma, Revista A MIRA – Agrimensura e Cartografia.134.

SILVA, Eliane A da (2005 ) A Guerra do Contestado entre os Estados do Parná e Santa Catarina – Uma Questão de Limites. Macaé. CD Rom XXIICBC/SBC Centro de Convenções de Macaé. Out. SILVA, Eliane Alves da (1998) Cartography ad remote sensing in the Amazon. Stuttgart, ISPRS Commission IV Symposium on GIS – Between Visions and Applications, ISPRS, Vol. 32, Part. 4. Fritsch, M. Lester, eds. pp. 580 -84. SILVA, Eliane Alves da (1997 a) Cartographic alternatives on the Amazon. Stockholm. 18th ICC/ICA/ACI Procedings... GAVLE SWEDISH CARTOGRAPHIC SOCIETY, V.3, P. 1743-1750.

SILVA, Eliane Alves da (1997 b) What is gender in cartography?.Stockholm. 18th ICC/ICA/ACI – WG Gender in Cartography – Speech. June. SILVA, Eliane Alves da (1991) Legislação cartográfica. São Paulo. Coletânea de Trabalhos Técnicos, XVCBC/SBC/USP, volm. 3: 658-59. Jul;/Ago. Nota: As idéias expressas neste trabalho são de inteira responsabilidade da Autora, não refletindo necessariamente a opinião do IBGE

AGRIMENSORES ILUSTRES