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Emmanuel

emmanuel - final - EDICEI Suisse · — Missão do Espiritismo. XXXII — Dos destinos ..... 217 A vdi a verdaderia. — A escohl a das provações — O esquecmi en- to do passado

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Emmanuel

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

OBRA PSICOGRAFADA POR

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

pelo Espír i to EMMANUEL

CHICO XAVIER

EmmanuelD I S S E R T A Ç Õ E S M E D I Ú N I C A S S O B R E I M P O R T A N T E S

Q U E S T Õ E S Q U E P R E O C U PA M A H U M A N I D A D E

CIÊNCIA – RELIGIÃO – F ILOSOFIA

Sumário

Explicando... ................................................... 11

A tarefa dos guias espirituais .......................... 15

DOUTRINANDO A FÉ

I — Às almas enfraquecidas ...................... 19O que é o Moderno Espiritualismo. — Necessidade do esforço pró-

prio. — A prece. — Aos enfraquecidos na luta.

II — A ascendência do Evangelho .............. 25As tradições religiosas. — Os missionários do Cristo. — A lei moi-

saica. — Jesus. — O Evangelho e o futuro.

III — Roma e a Humanidade ....................... 31 Roma em seus primórdios. — O Cristianis mo em suas origens.

— Os bispos de Roma. — Inovações e dogmas romanos. — As

pretensões romanas.

IV — A base religiosa .................................. 41O tóxico do intelectualismo. — Experiência que fracassaria. — A

falibilidade humana. — O sublime legado. — Religião e religiões.

— Sa bedoria integral e ordem inviolável.

V — A necessidade da experiência ................ 47 O momento das grandes lutas. — Os planos do Universo são

infi nitos. — O progresso isolado dos seres. — O futuro é a per-

feição. — O que signifi cam as reencarnações.

VI — Pela revivescência do Cristianismo .... 53Época de desolação. — A norma de ação educativa. — A falha da

Igreja Romana. — O propósito dos Espíritos.

VII — O labor das almas ............................. 59Difi culdades da comunicação. — O traba lho dos Espíritos. —

Necessidade do sacrifício. — Desenvolvimento da intuição.

VIII — A confi ssão auricular .................... 65A confi ssão nos tempos apostólicos. — A confi ssão auricular e a

sua grande vítima. — Reforma necessária. — Confessai-vos uns

aos outros.

IX — A Igreja de Roma na América do Sul ......................................... 71A grande usurpadora. — O Catolicismo na Europa moderna. —

A Igreja Católica pro vocando a pobreza do mundo. — Amargos

con trastes. — O mundo tem sede do Cristo.

X — As pretensões católicas ....................... 79O culto religioso e o Estado. — Sempre com César.

XI — Mensagem aos médiuns ..................... 83Vigiar para vencer. — Quem são os mé diuns na sua generalidade.

— As oportunidades do sofrimento. — Necessidade da exempli-

fi ca ção. — O problema das mistifi cações. — Apelo aos médiuns.

XII — A paz do último dia .......................... 91Os que se dedicam às coisas espirituais. — As almas torturadas. —

A outra vida. — Espíritos felizes. — Aos meus irmãos.

DOUTRINANDO A CIÊNCIA

XIII — As investigações da Ciência .......... 97O resultado das investigações. — O fracas so de muitas iniciativas. —

O utilitarismo. — Os tempos do porvir.

XIV — A subconsciência nos fenômenos psíquicos ............... 103A subconsciência. — O olvido temporário. — As recordações.

XV — A idéia da imortalidade .................... 107A idéia de Deus. — A consciência. — O antropomorfi smo. — O

culto dos mortos. — A evolução dos sistemas religiosos.

XVI — As vidas sucessivas e os mundos habitados .................. 113Espontaneidade impossível. — Há mundos incontáveis. — Mundo

de exílio e escola rege neradora. — O estímulo do conhecimento.

XVII — Sobre os animais ........................... 119A sombra dos princípios. — Os animais — nossos parentes pró-

ximos. — A alma dos ani mais. — Todos somos irmãos.

XVIII — A Europa moderna em face do Evangelho ............... 127Dores inevitáveis. — Ausência de unidade espiritual. — A paz

armada. — Sociedades edi fi cadas na pilhagem.

XIX — A civilização ocidental .................. 133Possibilidades do Oriente. — O fantasma da guerra. — Ânsia de

domínio e de destruição. — O futuro das grandezas materiais.

XX — A decadência intelectual dos tempos modernos ................... 141Profunda pobreza intelectual. — Ditaduras e problemas econô-

micos. — Necessidade da cooperação fraterna.

XXI — Civilização em crise ....................... 147Fase de experimentações. — Na depen dência da guerra. — Sen-

tença de destruição. — O futuro pertencerá ao Evangelho.

XXII — Fluidos materiais e fl uidos espirituais ....................... 153

XXIII — A saúde humana .......................... 157A renovação dos métodos de cura. — Os problemas clínicos

inquietantes. — Medicina espiritual. — O mundo marcha para

a síntese.

XXIV — O corpo espiritual ....................... 165A vida corporal — expressão da morte. — Inacessível aos

processos da indagação cientí fi ca. — Respondendo às obje-

ções. — Através dos escaninhos do universo orgânico. — O

santuário da memória. — O prodigioso alqui mista. — Alma e

corpo. — A evolução infi nita.

XXV — Os poderes do Espírito ................. 175Os mendigos da sabedoria. — A insufi ciên cia sensorial. — A

inútil tentativa. — Tudo é vi bração espiritual. — A matéria.

XXVI — Os tempos do Consolador .......... 181A concepção da Divindade. — A Fé ante a Ciência. — Os escla-

recimentos do Espiritis mo. — Nós viveremos eternamente.

XXVII — Os dogmas e os preconceitos ... 187Ações perturbadoras. — Características da sociedade moderna.

— A Ciência e a Religião. — O trabalho dos intelectuais.

XXVIII — As comunicações espíritas ...... 193O mediunismo. — A comunhão dos dois mundos. — Os Espíritos

benignos. — O que representam as comunicações. — Os planos

da evolução.

XXIX — Do modus operandi dos Espíritos ............................... 199O processo das comunicações. — Os apa relhos mediúnicos. —

A ideoplasticidade do pensamento.

XXX — Evangelização dos desencarnados .................................... 205A situação dos recém-libertos da carne. — As exortações

evangélicas. — A lição das almas. — Ensinar e praticar.

XXXI — Os Espíritos da Terra .................. 211Espíritos da Terra. — Como se opera o progresso geral. — Os

períodos de renovação. — Missão do Espiritismo.

XXXII — Dos destinos ............................. 217A vida verdadeira. — A escolha das provações — O esquecimen-

to do passado. — O homem e seu destino. — A vida é sempre

amor.

XXXIII — Quatro questões de fi losofi a .. 223Determinismo e livre-arbítrio. — O tempo e o espaço. — Espí-

rito e matéria. — O prin cípio de unidade.

XXXIV — Vozes no deserto ...................... 229

XXXV — Educação evangélica ................. 233O resultado dos erros religiosos. — Fim de um ciclo evolutivo.

— Urge reformar. — Necessidade da educação pura e simples.

— Formação da mentalidade cristã.

XXXVI — Aos trabalhadores da Verdade ................................. 241A fenomenologia espírita. — A Psicologia e a mens sana. — O

progresso anímico. — A trajetória das almas. — As realidades

do futuro.

1 Parnaso de Além-túmulo.

Explicando...

Lembro-me de que, em 1931, numa de nos-sas reuniões ha bituais, vi a meu lado, pela pri-meira vez, o bondoso Espírito Emmanuel.

Eu psicografava, naquela época, as produções do primeiro livro mediúnico,1 recebido através de minhas humildes faculda des, e experimentava os sintomas de grave moléstia dos olhos.

Via-lhe os traços fi sionômicos de homem ido-so, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressio-nava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de refl exos luminosos que ti-nham a forma de uma cruz. Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso Guia: “Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colabo-rar igualmente na difusão da fi losofi a espiritua-lista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encon tram unidos pelos laços mais santos da vida, e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos...”.

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Essa afi rmativa foi para mim imenso consolo e, desde essa época, sinto constantemente a presença desse amigo invisível que, dirigindo as minhas ativi-dades mediúnicas, está sempre ao nosso lado, em todas as horas difíceis, ajudando-nos a racioci nar melhor, no caminho da existência terrestre. A sua promessa de colaborar na difusão da consoladora Doutrina dos Espíritos tem sido cumprida integral-mente. Desde 1933, Emmanuel tem produzido, por meu intermédio, as mais variadas páginas sobre os mais variados assuntos. Solicitado por confrades nossos para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, noto-lhe sempre o mais alto grau de tole-rância, afabilidade e doçura, tratando sempre todos os problemas com o máximo respeito pela liber dade e pelas idéias dos outros. Convidado a identifi car-se, vá rias vezes, esquivou-se delicadamente, alegando razões particula res e respeitáveis, afi rmando, po-rém, ter sido, na sua última passagem pelo planeta, padre católico, desencarnado no Brasil. Levando as suas dissertações ao passado longínquo, afi rma ter vivido ao tempo de Jesus, quando então se chamou Públio Lentulus. E de fato, Emmanuel, em todas as circunstâncias, tem dado a quantos o procuram o testemunho de grande experiên cia e de grande cultura.

Emmanuel

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Para mim, tem sido ele de incansável dedi-cação. Junto do Espírito bondoso daquela que foi minha mãe na Terra, sua assistência tem sido um apoio para o meu coração nas lutas penosas de cada dia.

Muitas vezes, quando me coloco em relação com as lem branças de minhas vidas passadas e quando sensações angus tiosas me prendem o co-ração, sinto-lhe a palavra amiga e con fortadora. Emmanuel leva-me, então, às eras mortas, e expli-ca-me os grandes e pequenos porquês das atribu-lações de cada instante. Recebo, invariavelmente, com a sua assistência, um conforto indescritível, e assim é que renovo minhas energias para a tarefa espinhosa da mediunidade, em que somos ainda tão incompreendidos.

Alguns amigos, considerando o caráter de simplicidade dos trabalhos de Emmanuel, esforça-ram-se para que este volume despretensioso sur-gisse no campo da publicidade.

Entrar na apreciação do livro, em si mesmo, é coisa que não está na minha competência. Ape-nas me cumpria o dever de prestar ao generoso

Explicando...

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guia dos nossos trabalhos a homena gem do meu reconhecimento, com a expressão da verdade pura, pedindo a Deus que o auxilie cada vez mais, multipli cando suas possibilidades no mundo espi-ritual, e derramando-lhe n’alma fraterna e gene-rosa as luzes benditas do seu infi nito amor.

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIERPedro Leopoldo, 16 de setembro de 1937.

Emmanuel

A tarefa dos guias espirituais

Os guias invisíveis do homem não poderão, de forma alguma, afastar as difi culdades materiais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra.

O Espaço está cheio de incógnitas para todos os Espíritos.

Se os encarnados sentem a existência de fl ui-dos imponderáveis que ainda não podem com-preender, os desencarnados estão marchando igualmente para a descoberta de outros segredos divinos que lhes preo cupam a mente.

Quando falamos, portanto, da infl uência do Evan gelho nas grandes questões sociológicas da atualidade, apontamos às criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suas vidas no planeta. O chefe de determinados serviços rece-be regulamentos necessários dos seus superiores, que ele deverá pôr em prática na administração. Nossas atividades são de colaborar com os nos-sos irmãos no domínio do conhecimento desses códigos de justiça e de amor, a cuja base viverá a

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legislação do futuro. Os Espíri tos não voltariam à Terra apenas para dizerem, aos seus companhei-ros, das beatitudes eternas nos planos divinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fata-lidade da morte e sabem que é inevitável a sua futura mudança para a vida espiritual. Todas as cria turas estão, assim, fadadas a conhecer aquilo que já conhecemos. Nossa palavra é para que a Terra vibre conosco nos ideais sublimes da fra-ternidade e da redenção espiritual. Se falamos dos mundos feli zes, é para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos do amor que enche a vida inteira da Criação infi nita, é para que o homem apren da também a amar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condições aperfeiçoadas da existência em planos redimidos do Universo, é para que a Terra ponha em prática essas mesmas condi ções. Os códigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas, ba-seados na solidariedade universal, de verão, por sua vez, merecer aí a atenção e os estu dos precisos.

O orbe terreno não está alheio ao concerto uni versal de todos os sóis e de todas as esferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infi ni-ta co munidade dos mundos, a Terra conhecerá as

Emmanuel

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ale grias perfeitas da harmonia da vida. E a vida é sempre amor, luz, criação, movimento e poder.

Os desvios e os excessos dos homens é que fi -zeram do vosso planeta a mansão triste das som-bras e dos contrastes.

Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as bele zas da sua Criação perfeita e inimitável. Os homens terão, portanto, o seu quinhão de felicida-de imorredoura, quando estiverem integrados na harmonia com o seu Criador.

Os sóis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, através de fl uidos pode rosos e intangíveis. Há uma lei de amor que reúne todas as esferas, no seio do éter universal, como existe essa força ignorada, de ordem moral, man tendo a coesão dos membros sociais, nas co-letividades humanas. A Terra é, pois, componente da sociedade dos mundos. Assim como Marte ou Sa turno já atingiram um estado mais avançado em conhecimentos, melhorando as condições de suas coletividades, o vosso orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avançando, pelo aperfei-çoamento das suas leis, para um estágio superior no quadro universal.

A tarefa dos guias espirituais

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Os homens, portanto, não devem permanecer embevecidos diante das nossas descrições.

O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoan-do, cada qual, o seu próprio coração primeiramen-te, afi nando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fi m de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mes ma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infi nito.

EMMANUEL

Emmanuel

Doutrinando a fé

I - ÀS ALMAS ENFRAQUECIDAS

Minhas palavras de hoje são dirigidas aos que ingressam nos estudos espiritistas, tangidos pe-los azorragues impiedosos do sofrimento; no auge das suas dores, recorreram ao amparo moral que lhes oferecia a Doutrina e sentiram que as tem-pestades amainavam... Seus corações reconheci-dos voltaram-se então para as coisas espirituais; todavia, os tormentos não desapareceram. Pas-sada uma trégua li geira, houve recrudescência de prantos amargos.

Experimentando as mesmas torturas, sen-tem-se vacilantes na fé e baldos do entusiasmo das primei ras horas e é comum ouvirem-se as suas exclama ções: “Já não tenho mais fé, já não tenho mais esperanças...”. Invencível abatimento invade-lhes os corações tíbios e enfraquecidos na luta, desampara dos na sua vontade titubeante e na sua inércia espiritual.

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Essas almas não puderam penetrar o espírito da Doutrina, vogando apenas entre as águas das superfi cialidades.

O que é o Moderno Espiritualismo

O Moderno Espiritualismo não vem revogar as leis diretoras da evolução coletiva. As suas concepções avançadas representam um surto evolutivo da Humanidade, uma época de mais compreensão dos problemas da vida, sem ofere-cer talismãs ou artes mágicas, com a pretensão de derrogar os estatutos da Natureza. Desvenda ao homem um fragmento dos véus que encobrem o destino do ser imortal e ensina-lhe que a luta é o veículo do seu progresso e da sua redenção.

Traz consigo o nobre objetivo de enriquecer, com as suas benditas claridades, os homens que as acei tam, longe da vaidade de prometer-lhes for-tunas e gozos terrestres, bens temporais que ape-nas servem para fortifi car as raízes do egoísmo em seus cora ções, agrilhoando-os ao potro das gera-ções dolorosas.

Doutrinando a fé

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Necessidade do esforço próprio

Pergunta-se, às vezes, por que razão não obs-tam os Espíritos esclarecidos, que em todos os tempos acompanham carinhosamente a marcha dos aconte cimentos do orbe, as guerras que di-zimam milhões de existências e empobrecem as coletividades, in fl uenciando os diretores de movi-mentos subversivos nos seus planos de gabinete; inquire-se o porquê das existências amarguradas e afl itas de muitos dos que se dedicam ao Espiritis-mo, dando-lhes o melhor de suas forças e sempre torturados pelas provas mais amargas e pelos mais acerbos desgostos. Daqui, contemplamos melanco-licamente essas almas deses peradas e desiludidas, que nada sabem encontrar além das puerilidades da vida.

Em desencarnando, não entra o Espírito na posse de poderes absolutos. A morte signifi ca apenas uma nova modalidade de existência, que continua, sem milagres e sem saltos.

É necessário encarar-se a situação dos desen-carnados com a precisa naturalidade. Não há for-ças miraculosas para os seres humanos, como não

Às almas enfraquecidas

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existem igualmente para nós. O livre-arbítrio rela-

tivo nunca é ab-rogado em todos nós; em conjun-

to, somos obrigados, em qualquer plano da vida, a

trabalhar pelo nosso próprio adiantamento.

A prece

Faz-se preciso que o homem reconheça a ne-

cessidade da luta como a do pão cotidiano.

A crença deve ser a bússola, o farol nas obs-

curidades que o rodeiem na existência passageira,

e a prece deve ser cultivada, não para que sejam

revog adas as disposições da Lei Divina, mas a fi m

de que a coragem e a paciência inundem o coração

de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias.

A alma, em se voltando para Deus, não deve

ter em mente senão a humildade sincera na acei-

tação de sua vontade superior.

Aos enfraquecidos na luta

Almas enfraquecidas, que tendes, muitas ve-

zes, sentido sobre a fronte o sopro frio da adver-

Doutrinando a fé

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sidade, que tendes vertido muitos prantos nas jor-

nadas difíceis, em estradas de sofrimentos rudes, buscai na fé os vossos imperecíveis tesouros!

Bem sei a intensidade da vossa angústia e sei de vossa resistência ao desespero. Ânimo e co-ragem! No fi m de todas as dores, abre-se uma aurora de ventura imortal; dos amargores experi-mentados, das lições recebidas, dos ensinamentos conquistados à custa de insano esforço e de pe-noso labor, tece a alma sua auréola de eternidade gloriosa; eis que os túmulos se quebram e da paz cheia de cinzas e som bras, dos jazigos, emergem as vozes comovedoras dos mortos. Escutai-as!... elas vos dizem da felicida de do dever cumprido, dos tormentos da consciência nos desvios das obrigações necessárias.

Orai, trabalhai e esperai. Palmilhai todos os ca-minhos da prova com destemor e serenidade. As lágrimas que dilaceram, as mágoas que pungem, as desilusões que fustigam o coração constituem elementos atenuantes da vossa imperfeição, no tribu nal augusto, onde pontifi ca o mais justo, mag-nânimo e íntegro dos juízes. Sofrei e confi ai, que o silêncio da morte é o ingresso para uma outra vida,

Às almas enfraquecidas

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onde todas as ações estão contadas e gravadas as me nores expressões dos nossos pensamentos.

Amai muito, embora com amargos sacrifícios, porque o amor é a única moeda que assegura a paz e a felicidade no Universo.

Doutrinando a fé

II - A ASCENDÊNCIA DO EVANGELHO

Nenhuma expressão fornece imagem mais justa do poder daquele a quem todos os espíritos da Terra rendem culto do que a de João, no seu Evangelho — “No princípio era o Verbo...”.

Jesus, cuja perfeição se perde na noite im-perscrutável das eras, personifi cando a sabedoria e o amor, tem orientado todo o desenvolvimen-to da Humanidade terrena, enviando os seus ilu-minados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, assim como presidiu à formação do orbe, dirigindo, como Divino Inspi-rador, a quantos colaboraram na tarefa da elabo-ração geológica do planeta e da disseminação da vida em todos os laboratórios da Natureza, desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a idéia da sua divina origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do es-pírito, revelando-lhe, em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger.

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Em tempos remotos, quando os homens, fi si-camente, pouco dessemelhavam dos antropopite-cos, suas manifestações de religiosidade eram as mais bizarras, até que, transcorridos os anos, no labirinto dos séculos, vieram entre as populações do orbe os primeiros organizadores do pensamen-to religioso que, de acordo com a mentalidade geral, não conseguiram escapar das concepções de ferocidade que carac terizavam aqueles seres egressos do egoísmo anima lesco da irracionalida-de. Começaram aí os primeiros sacrifícios de san-gue aos ídolos de cada facção, crueldades mais longínquas que as praticadas nos tempos de Baal, das quais tendes notícia pela His tória.

As tradições religiosas

Vamos encontrar, historicamente, as concep-ções mais remotas da organização religiosa na civilização chinesa, nas tradições da Índia védica e bramânica, de onde também se irradiaram as primeiras lições do Budismo, no antigo Egito, com os mistérios do culto dos mortos, na civilização resplandecente dos faraós, na Grécia com os en-sinamentos órfi cos e com a simbologia mitológica, existindo já grandes mes tres, isolados intelectual-

Doutrinando a fé

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mente das massas, a quem ofereciam os seus en-sinos exóticos, conservando o seu saber de inicia-dos no círculo restrito daqueles que os poderiam compreender devidamente.

Os missionários do Cristo

Fo-Hi, os compiladores dos Vedas, Confúcio, Her mes, Pitágoras, Gautama, os seguidores dos mes tres da Antigüidade, todos foram mensageiros de sabedoria que, encarnando em ambientes di-versos, trouxeram ao mundo a idéia de Deus e das leis mo rais a que os homens se devem submeter para a obtenção de todos os primores da evolução espiri tual. Todos foram mensageiros daquele que era o Verbo do Princípio, emissários da sua dou-trina de amor. Em afi nidade com as característi-cas da civilização e dos costumes de cada povo, cada um deles foi portador de uma expressão do “amai-vos uns aos outros”. Compelidos, em ra-zão do obscurantismo dos tempos, a revestir seus pensamentos com os véus misteriosos dos símbo-los, como os que se conheciam dentro dos rigores iniciáticos, foram os missionários do Cristo prepa-radores dos seus gloriosos caminhos.

A ascendência do Evangelho

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A lei moisaica

A lei moisaica foi a precursora direta do Evan-gelho de Jesus. O protegido de Termutis, depois de se benefi ciar com a cultura que o Egito lhe podia prodigalizar, foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgari-zando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são até hoje a edifi cação basilar da Religião da Justiça e do Direito, se bem que as doutrinas antigas já ti-vessem arraigado a crença de Deus único, sendo o politeísmo apenas uma questão simbológica, apta a satisfazer à mentalidade geral.

A legislação de Moisés está cheia de lendas e de crueldades compatíveis com a época, mas, es-coimada de todos os comentários fabulosos a seu respeito, a sua fi gura é, de fato, a de um homem extraordinário, revestido dos mais elevados pode-res espirituais. Foi o primeiro a tornar acessíveis às massas populares os ensinamentos somente conseguidos à custa de longa e penosa iniciação, com a síntese luminosa de grandes verdades.

Doutrinando a fé

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Jesus

Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão direta do Céu com a Terra. Estra-nhas e admiráveis revelações perfumam as almas, e o Envia do oferece aos seres humanos toda a grandeza de seu amor, da sua sabedoria e da sua misericórdia.

Aos corações abre-se nova torrente de espe-ran ças, e a Humanidade, na Manjedoura, no Tabor e no Calvário, sente as manifestações da vida ce-leste, sublime em sua gloriosa espiritualidade.

Com o tesouro dos seus exemplos e das suas palavras, deixa o Mestre entre os homens a sua Boa Nova. O Evangelho do Cristo é o transunto de todas as fi losofi as que procuram aprimorar o espí-rito, norteando-lhe a vida e as aspirações.

Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personifi cação de sua bondade infi nita.

A ascendência do Evangelho

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O Evangelho e o futuro

Raças e povos ainda existem, que o desconhe-cem, porém, não ignoram a lei de amor da sua Dou trina, porque todos os homens receberam, nas mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espí rito misericordioso, através das pala-vras inspiradas dos seus mensageiros.

O Evangelho do Divino Mestre ainda encontra-rá, por algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de fl a gelo e de provações coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se ouvirão as pala-vras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida.

Doutrinando a fé