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O Outro EMMANUEL LÉVINAS

EMMANUEL LÉVINAS. O OUTRO A finalidade deste estudo é refletir sobre o relacionamento entre o nosso "eu" e os "eus" de outras pessoas. Quem é

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O Outro

EMMANUEL LÉVINAS

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O OUTRO A finalidade deste estudo é refletir sobre o

relacionamento entre o nosso "eu" e os "eus" de outras pessoas.

Quem é o outro? Como distinguir o meu "eu" do "eu" dos outros? Que tipo de "outro" estamos sendo para os

"outros"?

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O OUTRO Do latim alter ou alteru (outro entre dois)

significa diverso do primeiro, diferente de pessoa ou coisa especificada.

Para Sartre, "o outro é o eu que não sou eu". A qualidade das relações que o homem trava

com o outro depende não apenas da simpatia de que é investida, mas também, do conhecimento recíproco dos protagonistas.

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Desde o início da filosofia o problema do outro e do

diverso esteve em destaque. O pensamento de Parmênides era o pensamento do

Mesmo (identificado com o Ser), o de Heráclito parece ter sido o do Outro.

Platão introduziu o Não-ser sob a forma de o Outro. Na filosofia moderna e contemporânea, o problema

do outro indica o problema da existência de outros eus (espíritos ou pessoas), independentes do eu que formula o problema.

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Presentemente, as Universidades e escolas de

ensino médio dos EUA incluem em seus currículos uma disciplina que ensina os alunos a se relacionarem melhor, especificamente o relacionamento entre casais.

Em termos científicos, há comprovação de que o sofrimento de pessoas queridas pode realmente nos atingir.

Para isso, a University College London, na Inglaterra, avaliou 16 casais, utilizando uma máquina de ressonância magnética e eletrodos.

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Para Levinas, o Outro não é o distante, o estranho, e

muito menos o impessoal. O Outro é universo epifânico e dialogal. O milagre consiste em que um homem possa ter

sentido para outro homem. E valoriza a presença do Outro.

Levinas estabelece a relação entre ética e ontologia. "Ser-Outro é mandamento, é apelo à responsabilidade.

É minha responsabilidade perante a face que me olha”. (Arduini, 2002, cap. VIII)

LÉVINAS: o filósofo da alteridade

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A Conspiração de Teilhard de Chardin Conspirar é aspirar com os outros. É formar constelação de agentes em torno de uma

causa. Teilhard de Chardin salienta que conspiração é a

aptidão de diversas consciências que se juntam para construir um Todo, onde cada pessoa tem consciência de sua participação como todos os outros... Conspiração de unidades pensantes. É imperioso tecer a rede de solidariedade mundializada. (Arduini, 2002, cap. VIII)

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Fichte e o Dever Fichte, em Doutrina Moral (1798), afirma o

caráter originário da ideia do dever, da qual deriva o reconhecimento dos outros eus.

A ideia do dever é a autodeterminação originária do eu, mas ela não poderia ser realizada se não existissem outros eus, outros sujeitos em face dos quais, somente, a ideia do dever pode ter a sua determinação e, portanto, possibilidade de realização.

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SolidariedadeAspectos Negativos do

Outro O "outro" ocluso é hermético, o "outro" desconhecido é distante, o "outro" ameaçador inspira desconfiança, o "outro" prepotente esmaga os subalternos, o "outro" violento é agressivo, o "outro" egocêntrico encastela-se em seus próprios interesses...

Aspectos Positivos do Outro O "outro" diferente revitaliza a sociedade, o "outro" companheiro caminha conosco por estradas planas e esburacadas, o "outro" solidário é pessoa com quem se pode contar nas horas de alegria e de tristeza, o "outro" aliado assume as causas legítimas da justiça.

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SolidariedadeNarcisismoNarciso vem do grego "Nárkissos". Indica torpor, é "Narco". Daí o "narcótico". Conta o mito que Narciso era filho do rio Cesifo e da ninfa Liríope. Narciso não correspondeu ao amor de Eco. Por isso, Afrodite condena-o a mirar-se nas águas. Debruça-se sobre o rio e fica encantado com sua beleza refletida na água. Acaba enamorando-se de si mesmo. Narciso amava a si mesmo e desprezava o amor dos outros. Narciso sobrevive na mentalidade e nas atitudes das sociedades. Há setores que estimulam o individualismo psicológico, econômico e social. (Arduini, 2002, cap. VIII)

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LÉVINASSolidariedade

ResponsabilidadeCada pessoa tem a responsabilidade de ser caminho para os outros. É injusto excluir outros do caminho. Pergunta-se: estamos criando condições de potencializar o nosso próximo? Predispomo-nos a ouvi-lo com atenção? E se for um homem iletrado? Temos para com ele o respeito de um ser humano? A responsabilidade não diz respeito somente ao ser humano, mas também em relação ao meio ambiente. Hoje, são muitas as empresas que se preocupam com o que produzem, com o tipo de lixo que estão descartando, com as condições de trabalho de seus funcionários etc.

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Reflexão em Torno do EvangelhoParábola do Bom Samaritano É um paradigma para o estudo da caridade. Nela, um homem que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semimorto. Passaram pelo mesmo caminho um sacerdote, um levita e um Samaritano. Os dois primeiros desviaram-se do homem enfermo; o Samaritano, porém, foi tocado de compaixão, pensou-lhes as feridas e o conduziu a uma hospedaria.

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Reflexão em Torno do Evangelho

Parábola do Bom Samaritano Nesta passagem, Jesus quis nos mostrar que a prática da caridade não está atrelada a religião, mas pertence ao íntimo do ser, pois o Samaritano, que era considerado herege mostrou-se mais caridoso do que aqueles que tinham o conhecimento da religião organizada.Fazer ao Outro o que Gostaríamos que nos FizesseEsta frase tem cunho de uma ordem. Ela está ligada a uma outra que diz: "Amai ao próximo como a si mesmo". Quer dizer, o outro é o nosso próximo e o próximo mais próximo é o nosso familiar, aquele que convive conosco, sob o nosso teto.

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Reflexão em Torno do EvangelhoO mais intricado problema do mundo é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias.Para ilustrar esta tese, o Espírito Néio Lúcio conta a história de um sábio e as ordens dadas aos seus três filhos, em razão da discussão sobre o problema mais difícil para alcançar o progresso espiritual. O pai, para tornar prático o ensinamento, propõe-lhes a tarefa de levar algumas dádivas ao palácio do príncipe governante: o primeiro seria o portador de rico vaso de argila preciosa; o segundo levaria uma corça rara; o terceiro transportaria um bolo primoroso da família.

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Reflexão em Torno do EvangelhoDesapontados, voltam à casa materna sem terem cumprido a obrigação. O sábio disse-lhes: se cada um de vocês estivesse vigilante na própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso.

No caminho, cada irmão ficou preocupado com a tarefa do outro. Assim, O que carregava a corça, preocupado com o condutor do vaso, descuida da própria tarefa e tenta ajudar a posição do vaso. Com isso, o vaso cai e quebra-se. Com o choque, o condutor da corça perde o controle do animal, que foge espantado. O carregador de bolo avança para sustar-lhe a fuga, internando-se no mato e o bolo espatifa-se no chão.

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Conclusões

O eu não existe sem o outro. Tudo o que fazemos, por mais insignificante que seja, é sempre direcionado ao outro. Mesmo o maior dos egoístas, quando desencarna a sua riqueza a

sua herança vai para as mãos de seus descendentes.