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A EMOÇÃO Trabalho realizado por: Filipe Loureiro Luís Bação Rui Reis “A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das seis emoções ditas primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…)” Damásio, António

Emoções, Sentimentos e Afectos

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Page 1: Emoções, Sentimentos e Afectos

A EMOÇÃO

Trabalho realizado por:•Filipe Loureiro•Luís Bação•Rui Reis

“A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das seis emoções ditas primárias ou universais:

alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…)” Damásio, António

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ÍNDICE Mente e Emoção:

Introdução ao tema; Phineas Gage.

Emoções, sentimentos e afectos: Emoções vs Sentimentos vs Afectos; Relações que estabelecem; Emoções primárias e emoções secundárias; Teorias das emoções.

Universalidade das emoções: De que forma a expressão das emoções pode variar

consoante a cultura? Existe uma forma universal de se expressarem as emoções? Perspectiva Evolutiva; Perspectiva Fisiológica; Perspectiva Cognitivista; Perspectiva Culturalista.

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As estruturas biológicas da emoção: Reactividade emocional; a amígdala; Caso Matilda Crabtree Função biológica das emoções; Córtex orbitofrontal no processo da tomada de

decisões; Caso Elliot; Marcadores somáticos.

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MENTE E EMOÇÃO

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Falando e pensando em emoções pela primeira vez, destacamos sempre uma de seis emoções:

• Alegria;• Tristeza;• Medo;• Ira;• Espanto;• Nojo.

Tratam-se, no fim e ao cabo, das emoções básicas ou universais. Sem que sequer nos apercebamos, desde que nos levantamos até que nos deitamos estas fazem parte das nossas experiencias diárias. Se repararmos, de facto a emoção é a primeira que característica que evidenciamos ao nascer, através do choro.

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Serão as emoções importantes? Sim. Estas têm um papel

muito importante na vida de cada um de nós, pois:

• Alertam-nos para o perigo;

• Proporcionam-nos a hipótese de criar laços com os

outros, desempenhando um papel importante na

vida em sociedade;

• Influenciam a tomada de decisões;

• Alteram o nosso comportamento;

• Fornecem aos outros informações sobre o nosso

estado interno;

• etc.

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Desde que se tem memória do homem se interessar pelo estudo dos processos emocionais que este caiu em erro em relação a dois aspectos:

1. Considerar emoção e cognição como faces opostas da mesma moeda, dois conceitos incompatíveis, dois domínios antagónicos;

2. Outro, por consequência do primeiro, era considerar que a cognição, superior por definição, impunha naturalmente a sua “vontade” à emoção.

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EMOÇÕES, SENTIMENTOS E AFECTOS

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EMOÇÃO

As emoções:

Têm origem numa causa, num objecto São reacções corporais específicas, observáveis São públicas e voltadas para o exterior São automáticas e inconscientes Polaridade: podem ser negativas ou positivas São versáteis: variam em intensidade e são de

breve duração Relacionam-se com o tempo: as emoções têm

principio e fim

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Assim, emoção designa-se como:

Um processo passageiro, desencadeado por um estimulo (externo ou interno);

Opera a nível psíquico, maioritariamente inconsciente, e é difícil de verbalizar, no entanto, representa um poderoso meio de comunicação (expressão facial).

Os animais também experienciam emoções, a diferença é que as emoções humanas têm como característica o modo como estão ligadas às ideias, aos valores, aos princípios e aos juízos complexos que só os seres racionais podem ter.

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Componentes das emoções:

Componente cognitiva – ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção.

Componente avaliativa – é feita uma avaliação, agradável ou desagradável da situação

Componente fisiológica – manifestações orgânicas, corporais face á emoção

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Componente expressiva – expressões corporais

que permitem mostrar ao outro as nossas emoções

Componente comportamental – comportamento

que o sujeito poderá ter face a outro, é o estado

emocional que desencadeia determinado conjunto

de comportamentos.

Componente subjectiva – relaciona-se com o que

o indivíduo sente a nível emocional e interior a que

só ele tem acesso, ou seja, é o estado afectivo

associado à emoção.

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Sentimento, por sua vez, é um processo mental

relativamente estável, resultante da emoção. É uma

experiência subjectiva dos afectos e das emoções; este

processo distingue-se da emoção pelo seu carácter

subjectivo e cognitivo e é inseparável dos valores. Um

sentimento é privado (não observável pelos outros), ao

contrário das emoções.

O Ser Humano enquanto ser dotado de consciência, analisa,

interpreta, organiza e reflecte sobre os seus próprios

sentimentos, isto é, constrói sentimentos a partir dos

mesmos.

Sentimentos

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Segundo António Damásio:

Emoções e sentimentos constituem, respectivamente, o começo e o fim de um processo contínuo;

As emoções são públicas enquanto que os sentimentos são privados;

Os mecanismos subjacentes às emoções e aos sentimentos são distintos;

Os mecanismos básicos da emoção não requerem, necessariamente consciência;

Emoções geram sentimentos e estes, por sua vez, geram emoções num ciclo contínuo;

Os sentimentos possuem uma relação privilegiadas com a consciência.

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Emoções (públicas e

passageiras)

Sentimentos (privados e duradouros)

Correlação Emoções/ Sentimentos

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Emoções primárias e universais

• Partilhadas por indivíduos de todas as culturas e ligadas a processos neurais e fisiológicos específicos.

• Alegria;• Tristeza;• Medo;• Ira;• Espanto;• Nojo.

Emoções secundárias e

sociais• Emoções associadas a relações sociais nas quais os aspectos socioculturais apreendidos são muito significativos (exemplo: vergonha)

Emoções de Fundo• Estamos

perante emoções de fundo quando sem que uma única palavra tenha sido dita conseguimos detectar estados como o bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.

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CONCLUINDO…

È certo que a sociedade desempenha um papel muito

mais importante na formação das emoções

secundárias (ou não fossem elas designadas,

também, de emoções sociais; emoções que se dão em

sociedade). Por outro lado, as emoções primárias são

inatas e biologicamente programadas. No entanto,

uma coisa não leva à outra pelo que também as

secundárias o são, em certa medida, e também a

sociedade actua sobre as primárias.

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AFECTO Existe, ainda, um terceiro conceito, o afecto.

Este é bastante utilizado e empregue ao longo da nossa vida e quotidiano, podendo ser empiricamente sinónimo de emoção ou sentimento, erradamente, no entanto.

Então o que é o afecto?

O afecto é a sensação imediata e subjectiva que temos em relação a um objecto, pessoa, situação. Logo, os afectos estão associados às emoções e sentimentos, mas não se confundem com estes.

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Falar de afectos é falar da relação.

A relação implica uma troca, em que se dá e se recebe, o que envolve sempre modificação dos elementos envolvidos. Nestas relações somos afectados pelos outros e afectamo-los.

Os afectos que se estabelecem constroem a matriz da nossa vida pessoal e podem exprimir-se pelo amor mas também pelo ódio. A nossa sobrevivência psicológica funda-se nas relações interpessoais.

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EMOÇÕES: UNIVERSALIDADE E

DIVERSIDADE

As emoções básicas caracterizam-se por expressões universais, ou seja, são comuns a todos os indivíduos. Os nossos rostos não se costumam designar como “espelhos da alma” por mero caso, pois estes reflectem emoções. Estas manifestações são compreensíveis para todas as pessoas, independentemente da cultura.

Exemplo: independentemente do local do planeta em que nos encontramos, qualquer pessoa saberá identificar alegria no nosso rosto ao esboçarmos um sorriso.

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PERSPECTIVAS SOBRE AS EMOÇÕESAs emoções constituem um aspecto

muito

complexo do ser humano e são objecto de várias

interpretações que se organizam em várias

perspectivas.

Estas perspectivas dão-nos a conhecer a

natureza e a base das emoções.

Perspectiva evolutiva;

Perspectiva fisiológica;

Perspectiva cognitivista;

Perspectiva culturalista.

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PERSPECTIVA EVOLUTIVA Foi desenvolvida por Charles Darwin,

que, através da comparação de expressões de emoções humanas com as dos animais, identificou seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a cólera, o desgosto, a surpresa e o medo. Para cada uma destas emoções, descreve as suas manifestações fisiológicas.

Darwin considera que as emoções desempenham um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinantes na nossa capacidade de sobrevivência.

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As emoções são públicas, pelo que podem ser partilhadas com os outros através de expressões

faciais

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EXPERIENCIA DE EKMAN… Paul Ekman foi um cientista que desenvolveu uma

investigação em que procurou testar uma hipótese que defendia: “indivíduos de culturas distintas sentiriam diferentes emoções”. Ekman realizou uma experiência: apresentou a uma tribo isolada da Nova Guiné, expressões emocionais de norte-americanos. Ekman concluiu que havia emoções que estavam presentes e que se manifestavam de forma semelhante nos dois povos que apresentavam culturas tão diferentes, ou seja, há emoções que são universais, independentemente da aprendizagem e da cultura, mas Paul Ekman não exclui a influência da cultura na expressão das emoções.

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PERSPECTIVA FISIOLÓGICA O psicólogo e médico William James tem como

interesse fundamental o estabelecimento da relação entre o corpo e a mente, que se influenciariam mutuamente: a mente influencia o corpo e o corpo influencia a mente.

Exemplo: Posso sentir-me triste se assumir uma expressão facial de tristeza. (numa situação que nos provoca um choro de tristeza, só depois é que tomamos consciência da tristeza).

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PERSPECTIVA COGNITIVISTA De acordo com a perspectiva cognitista, existe uma

relação entre os nossos processos cognitivos e as emoções. As nossas cognições são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções: é o modo como eu encaro uma situação, que causa a emoção.

Exemplo: Zango-me com uma pessoa porque interpreto o seu comportamento como ofensivo, (não é o comportamento da pessoa em si que provoca a minha raiva, mas o facto de eu o interpretar como tal).

Conclusão: As emoções dependem assim do modo como avaliamos as situações.

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PERSPECTIVA CULTURAL De acordo com a perspectiva culturalista, as emoções são

comportamentos aprendidos no processo de socialização, ou seja, as emoções são como a linguagem, uma construção social. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferentes formas de as exprimir.

Exemplo: Em algumas culturas não se admite que os homens chorem, enquanto que noutras culturas a expressão das emoções pelo choro é valorizada.

Independentemente do sexo, o modo como se chora, quem pode chorar, onde se chora, varia de cultura para cultura.Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especificam o tipo de emoções que se podem manifestar nas diferentes situaçõesExemplo: Um desgosto profundo pode ser sentido da mesma forma idêntica por um japonês, um português, ou um indiano, mas o modo de o exprimir é diferente.

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ESTRUTURAS BIOLÓGICAS DA EMOÇÃO

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As bases biológicas da emoção são:

Papel regulador, pois ajuda um organismo a sobreviver;

A cultura e a aprendizagem alteram a expressão das emoções, atribuindo-lhe um significado diferente. As emoções são inatas.

Os dispositivos cerebrais responsáveis ocupam um conjunto restrito de zonas: tronco cerebral, progredindo para as partes superiores.

Esses dispositivos são activados automaticamente e inconscientemente.

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Regularmente, há uma grande tendência a considerar apenas os juízos racionais como determinantes na avaliação de situações e na construção de respostas aos estímulos. Para o melhor ou para o pior, os processos emocionais também influenciam esses factores, e em larga medida.

O que levou, no caso Matilda Crabtree, um pai a disparar, quase instintivamente sobre a sua própria filha?

Como já foi referido, as emoções são essenciais para a sobrevivência do ser humano e, na verdade, o sistema límbico (estrutura cerebral associada às emoções) toma controlo sobre nós quando nos encontramos em situações de perigo, ou possivelmente perigosas. Existem estruturas específicas que nos permitirão entender melhor este processo.

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REACTIVIDADE EMOCIONAL A amígdala é a estrutura cerebral envolvente mais

importante na reactividade emocional imediata ao medo e à ira.

Amígdala:

Parte integrante do sistema límbico, localizada no interior de cada hemisfério, no lobo temporal;

Processa o significado emocional dos estímulos, gerando reacções emocionais e comportamentais imediatas.

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Associando ao caso ‘Crabtree’, percebe-se que a

existência de um caminho de emergência entre o

tálamo e a amígdala, é chamado a intervir em casos

de emergência. O pai de Matilda, pressupondo que

podia estar um ladrão dentro de casa pressupôs ainda

a possibilidade de ter de disparar caso este

aparecesse, assim quando Matilda sai do roupeiro,

como o seu pai se encontra em estado de

emergência, o sistema límbico assume controlo do

cérebro e antes que a sensação visual chegasse ao

córtex associado, por meio do caminho de

emergência, o seu pai age disparando sem ter

conhecimento que dispara contra a própria filha.

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CONCLUINDO… A função biológica das emoções é, então, dupla:

Tem, por um lado, o papel de produzir uma reacção específica a uma situação indutor;

Por outro lado permite a regulação do estado interno do organismo, com a finalidade de o preparar para essa reacção específica.

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Estímulo emocional;

Percepção e avaliação;

Desencadeamento e execução da emoção;

Estado emocional; alterações

fisiológicas e reacção

específica

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A amígdala constitui uma estrutura importante no processamento do medo e ira, mas, porém, não explica a totalidade das expressões emocionais. Existe, portanto, uma estrutura (que tem sido alvo de estudos num passado recente) e que não faz, inclusive, parte do sistema límbico.

Córtex orbitofrontal:

Situado na face inferior do lobo fontal;

Importante no planeamento e na coordenação de comportamentos destinados a atingir objectivos;

Age antecipando e avaliando o valor potencial da recompensa/prejuízo de um comportamento.

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A região frontal, funciona coordenando, unificando e

integrando toda a informação que chega ao cérebro,

logo, a existência de casos como o de Elliot

permitiram demonstrar a importância do córtex

orbitofrontal e do circuito pré-frontal-amígdala no

processo de tomada de decisões, visto que mais

nenhuma zona tinha sido danificada. Para além disso,

o caso Elliot mostra-nos que a emoção faz parte

integrante dos processos de raciocínio e de tomada de

decisão.

Elliot parece incapaz de aprender com os erros e tal

acontece, apenas e só, porque o seu raciocínio deixou

de ser afectado por sinais provenientes dos

mecanismos de emoção.

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CONCLUINDO…

A mente funciona como um todo, unificando e

integrando diversos aspectos e processos inter-

relacionados;

Existe um clara relação de interdependência entre

processos cognitivos e emocionais.

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MARCADORES SOMÁTICOS A hipótese dos marcadores

somáticos, criados por António Damásio, devem-se a casos da natureza dos de Elliot.

Marcadores Somáticos: Através da aprendizagem

depreendemos a recompensa ou prejuízo associados a certas situações. Assim saberemos, para diferentes situações, que certa acção pode levar a um resultado menos bom;

Funcionam como uma campainha de alarme

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CONCLUINDO…

Os marcadores somáticos baseiam-se no passados das nossas emoções: na medida em que uma acção levou, no passado, a uma experiência negativa, estaremos motivados a evitá-la e a pensar numa acção alternativa (e assim consecutivamente).

Os marcadores somáticos aumentam a precisão e eficiência dos nossos processos de decisão.