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www.empreendedor.com.br ISSN 1414-0152 Ano 12 • Nº 140 Junho 2006 • R$ 9,90 BELEZA NEGRA NEGÓCIOS X PRECONCEITOS ENTREVISTA EDUARDO SENOVICZ, DA EMBRATUR EXPORTAÇÃO PEQUENOS VÃO À LUTA

Empreendedor 140

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Edição n. 140 da revista Empreendedor, de junho de 2006

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ISSN 1414-0152

Ano 12 • Nº 140Junho 2006 • R$ 9,90

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BELEZA NEGRANEGÓCIOS X PRECONCEITOS

ENTREVISTAEDUARDO SENOVICZ, DA EMBRATUR

EXPORTAÇÃOPEQUENOS VÃO À LUTA

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Nesta Edição

Redação

Editor-Executivo: Nei Duclós[[email protected]]Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling,Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel MartinsEdição de Arte: Gustavo Cabral VazFotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira,Casa da Photo, Lio Simas e Index OpenFoto da Capa: Carlos PereiraProdução e Arquivo: Carol HerlingRevisão: Carla Kempinski

Sedes

São PauloDiretor de Marketing e Comercialização: José LamônicaGerente Comercial: Fernando Sant’Anna BorbaExecutivos de Contas: Alessandra G. Alexandree Vanderleia Eloy de OliveiraRua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis01239-010 - São Paulo - SPFone: (11) 3214-5938[[email protected]]

FlorianópolisExecutivo de Contas: Waldyr de Souza Junior[[email protected]]Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss[[email protected]]Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C -9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SCFone: (48) 3224-4441

Escritórios Regionais

Rio de JaneiroTriunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda.Milla de Souza [[email protected]]Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro20010-020 - Rio de Janeiro - RJFone: (21) 3231-9017BrasíliaJCZ Comunicação Ltda.Ulysses C. B. Cava [[email protected]]SETVS - quadra 701 - Centro Empresarialbloco C - conjunto 33070140-907 - Brasília - DFFone: (61) 3322-3391ParanáMerconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda.Ricardo Takiguti [[email protected]]Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PRFone: (41) 3257-9053Rio Grande do SulAlberto Gomes Camargo [[email protected]]Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu91380-010 - Porto Alegre - RSFone: (51) 3340-9116PernambucoHM Consultoria em Varejo Ltda.Hamilton Marcondes [[email protected]]Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem51021-310 - Recife - PEFone: (81) 3327-3384Minas GeraisSBF RepresentaçõesSérgio Bernardes de Faria [[email protected]]Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 170430112-021 - Belo Horizonte - MGFone: (31) 2125-2900

Assinaturas

Serviço de Atendimento ao AssinanteDiretora: Luzia Correa WeissFone: 0800-48-0004[[email protected]]

Produção Gráfica

Impressão e Acabamento: Gráfica PallottiDistribuição: Distribuidora Magazine Express dePublicações Ltda.

Empreendedor.com

http://www.empreendedor.com.br

Diretor-EditorAcari Amorim [[email protected]]

ANER

Diretor de Marketing e ComercializaçãoJosé Lamônica [[email protected]]

A revista Empreendedor éuma publicação da Editora

Empreendedor

PG. 18

FRANQUIAS

Beleza étnicaO mercado da beleza finalmente acordoupara um nicho de consumidores em poten-cial: os afro-descendentes. Na última déca-da, teve início a fabricação, com maior inten-sidade, das linhas de produtos conhecidoscomo afro-étnicos, para atender a demandaque sempre existiu. A partir dessa época, au-mentaram as opções de cosméticos, com for-mulação específica e adequada ao tipo depele e cabelo da população negra, e com issocontribuíram para melhorar a sua auto-esti-ma, secularmente menosprezada pelas con-dições desumanas e pela exclusão social.

PG. 32

Exportação cooperativadaNas cooperativas de exportação, micro e pequenas empresas trabalhamem conjunto para produzir em maior escala, obter crédito mais barato,dividir os custos de exportação ou até de desenvolvimento de tecnolo-gia. Pois, apesar dos bons números da balança comercial – as exporta-ções estão em US$ 43,602 bilhões contra US$ 29,213 bilhões em impor-tações – o Brasil pouco utiliza o potencial das micro e pequenas empre-sas. Estatísticas de 2004 mostram que esse segmento representou 51,62%das unidades exportadoras brasileiras, porém suas vendas – US$ 2,55bilhões – corresponderam a apenas 2,64% do total exportado. É um ín-dice baixo, em comparação com países como Estados Unidos e Coréia doSul, onde essa porcentagem pode chegar até 50%.

PG. 40

O mercado que gera 10 vagas de trabalho por hora e soma cerca de990 mil empregos diretos está pronto para crescer ainda mais, graçasàs novas oportunidades que surgem em nichos inéditos e em marcastradicionais. Este é o panorama do sistema de franquias no Brasil,uma mina de ouro descoberta entre os anos 70 e 80 e que foi tendosua atividade organizada e consolidada, registrando atualmente umcrescimento médio de faturamento de 3,2% por ano (o do PIB brasi-leiro foi de 2,1% em 2005). Segundo dados da própria ABF, o cresci-mento no faturamento em 2005 foi de 13% maior do que em 2004.

Oportunidadesde ouro

INDEX OPEN

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Junho 2006 – Empreendedor – 5

Entrevista: Eduardo Sanovicz

Turismo de resultados

Perfil: Mônica Ibeas

A prática da qualidade

Junho/2006

LEIA TAMBÉMCartas ..................................................... 7

Empreendedores ..................................... 8

Não Durma no Ponto ............................ 14

Pequenas Notáveis ............................... 54

Empreendedor na Internet .................. 82

GUIA DO EMPREENDEDOR ....69Lei ..........................................................70

Leitura...................................................72

Análise Econômica...............................76

Indicadores ...........................................77

Agenda ..................................................78

Caderno de TI

MODELO INTERATIVO ...................................... 57

No seu sistema de franquias, Datasul prioriza

alinhamento de interesses e compartilhamen-

to de riscos

MARGEM PARA CRESCER .............................. 59

Franqueados viabilizam maior poder

de barganha com fornecedores

DIVERSÃO MULTIPLICADA............................... 60

Inventadas na Coréia do Sul, as lan houses

são uma idéia de negócio que vingou no Brasil

Dos biquínis Show Off (onde se envolveu desde os 16anos até meados da década de 1990) Mônica se trans-formou em distribuidora para lojistas cariocas. Emseguida, viu a oportunidade de aprender um ofício –administrar o restaurante – nem que fosse “na mar-

ra”. Depois de uma décadaadministrando dois quios-ques Sushi Rio, descobriu ese encantou com a esteira-rolante – verdadeira febreem Londres, Sydney, Tókioe Nova York – que leva ospratos até o cliente e dina-miza o atendimento. Imedia-tamente trouxe a novidadepara o Rio e a instalou norestaurante Kaiten, no cen-tro da cidade.

PG. 48

Eduardo Sanovicz é um dos homens que mudaram acara do turismo no Brasil. Executivo com anos deexperiência no mercado, à frente da Embratur rees-truturou a autarquia, que está completando 40 anos,para a promoção, marketing e apoio à comercializaçãodos produtos, serviços e destinos turísticos brasilei-ros. Ou seja, para vender a imagem do Brasil no exte-

rior. Ele acredita que a im-portância do setor não estáligada unicamente à exis-tência de recursos naturaise culturais – que o país têmde sobra – e que devem sertransformados em produtosturísticos. Mas que essa in-dústria precisa elevar o ní-vel de serviços e de compe-titividade, para aí sim ga-rantir o crescimento de flu-xos turísticos nacionais einternacionais.

PG. 10 Especial:Franquias

Page 6: Empreendedor 140

6 – Empreendedor – Junho 2006

de Empreendedorpara Empreendedor

AssinaturasPara assinar a revista Empreendedor ou solicitar

os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O

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de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e

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Florianópolis: (48) 3224-4441

Recife: (81) 3327-3384

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Reprints EditoriaisÉ possível solicitar reimpressões de reportagens

das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de

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InternetAnote nossos endereços na grande rede:

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CorrespondênciaAs cartas para as revistas Empreendedor,

Jovem Empreendedor, Revista do Varejo,

Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de

Franquias, publicações da Editora

Empreendedor, podem ser enviadas para

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92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP

Rio de Janeiro: Rua São José, 40 - sala 31 - 3º

andar - Centro - 20010-020 - Rio de Janeiro - RJ

Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial

bloco C - conjunto 330 - 70140-907 - Brasília - DF

Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 -

Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS

Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed.

Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 -

88015-900 - Centro - Florianópolis - SC

Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 -

conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR

Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto

605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE

Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 -

17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 -

Belo Horizonte - MG

Os artigos deverão conter nome completo,

assinatura, telefone e RG do autor e estarão

sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes

que os editores julgarem necessários.

Editorial

realização da 15ª ABF Franchi-sing Expo no início de junho em

São Paulo é um incentivo para a ma-téria especial desta edição, que tratasobre esse tipo de negócio crescenteque conquista cada vez mais empre-endedores. Destacamos o surgimentode novas oportunida-des em nichos tradici-onais e inéditos. Oimportante é descobrirna consolidação dasfranquias uma solu-ção para vários so-bressaltos da econo-mia brasileira. Umafranquia é capaz detudo: gerar empregosduradouros, capitali-zar uma grande mas-sa de empresários, gerar mais credi-bilidade no mercado, intensificar acompetitividade e a circulação de ren-da, entre outros benefícios.

Há ainda o funcionamento da redeem sintonia com o que há de melhorno mercado. Essa união, que dina-miza cada empreendimento, faz par-te também de outras atividades, comoa exportação, em que consórcios demicro e pequenas empresas conse-guem furar o bloqueio das dificul-dades e penetrar no exterior com se-gurança. Privilegiamos esse assun-

A to, pois interessa o que há de criati-vo e viável nas novas idéias. A ori-ginalidade das soluções consegue su-perar impasses e criar novos rumospara um país às voltas com inúmerosproblemas.

É o caso de empreendedores queconseguiram superarpreconceitos e alcan-çar sucesso na área deprodutos e serviçospara afro-descenden-tes e outro grupos ét-nicos. Existem pesso-as com essa fibra: nãodesistem e conseguemconvencer consumido-res, fornecedores eparceiros de que hásaída para quem en-

xerga a necessidade e sabe que aten-dê-la poderá garantir a longevidadede uma iniciativa.

Aprofundando essa abordagem,colocamos em evidência as diferen-tes estratégias exigidas para atenderpessoas que ocupam posições opos-tas na pirâmide social. Conviver como público, entender e conhecer seushábitos, perguntar sobre seus anseiossão pontes que o empreendedorismolança a favor da maior multiplicida-de de negócios, fonte permanente denovas oportunidades.

CedocO Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aosinteressados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para maisinformações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo e-mail [email protected].

Cartas para a redaçãoCorrespondências por e-mail devem ser enviadas [email protected]. Solicitamos aos leitores que utilizam cor-reio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publi-cação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescenta-dos o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

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Junho 2006 – Empreendedor – 7

Cartas EntrevistaPara o repórter Alexsandro Vanin: Depois

de ler a sua reportagem (Empreendedor 138),pela qual fiquei muito lisonjeado devido à suaelogiosa abordagem de meu perfil, gostaria deparabenizá-lo por sua capacidade de absorção deinformação e poder de síntese sem, contudo,macular o conteúdo. Aproveito o momento paraagradecer o empenho, a dedicação e a oportuni-dade que você proporcionou a mim e à empresa.Um grande abraço.

José Eduardo QueridoCampinas – SP

MortalidadeSou aluno da Universidade Presbiteriana Ma-

ckenzie no curso de pós-graduação em Gestãode Negócios em Serviços estou desenvolvendoum trabalho sobre Empreendedorismo vs. asAltas taxas de mortalidade. Gostaria de orien-tação onde pesquisar, principalmente as causasda alta taxa de mortalidade.

José Augusto Costa JúniorNota da redação: O Sebrae (www.sebrae.com.br)é a entidade mais abalizada para responder assuas dúvidas. Outra boa opção é o Instituto Em-preender Endeavor (www.iee.org.br).

MuseuValeu o espaço! Gostei muito da matéria sobre Museu Oceanográfi-

co (Empreendedor 139). Dá pra contar nos dedos as publicações queentrevistam as fontes e reescrevem o texto. Isto sim é jornalismo.

Michele AraújoFlorianópolis – SP

PlanejamentoPara o repórter Fábio Mayer: Faço pós-graduação em gestão de

mercado no IBMEC São Paulo. Acredito que sua planilha de negocia-ção, que consta na entrevista com Marcio Miranda na matéria “O pe-cado da falta de planejamento”, vai me ajudar muito em alguns planeja-mentos que faço, pois sinto dificuldades em saber quais táticas usar ouque pontos devo dar mais enfoque na hora da negociação. Achei inte-ressante sua planilha, pois vou ter que fazer uma apresentação sobreplanejamento e metas no IBMEC e acredito que ela irá ajudar muito aestruturar minha apresentação, além de utilizá-la no meu dia-dia.

Daniel FriasEngineering Dept. John Crane – A division of Smiths Brazil

ERRATA: O nome do empresário Carlos Rodolfo Schneider, per-sonagem da seção perfil da edição 139, foi publicado erroneamentecomo Carlos Roberto Schneider. E Karl Schneider é avô e não paido empreendedor.

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Empreendedores

8 – Empreendedor – Junho 2006

Enrico Ferrari

Força sem seqüelasCriado pelo atleta alemão Joseph Pi-

lates em 1920, o método Pilates de exer-cícios é muito utilizado na reabilitaçãode pacientes e também no condiciona-mento físico de esportistas. A modali-dade também é um sucesso entre as pes-soas que buscam melhorar a flexibilida-de e a força sem a hipertrofia dos mús-culos. Por isso o empresário Enrico Fer-rari, presidente da Metalife, abandonouo ramo de equipamentos odontológicose resolveu investir na fabricação de apa-relhos específicos para os praticantes.“No início de 2005, alguns atletas pro-fissionais nos procuraram, pois queri-am ter esses equipamentos em casa, ecomo a demanda superou as nossasexpectativas, decidimos mudar de seg-mento”, diz. Enrico abriu um escritóriode representação na Itália, que atuará emtoda a Europa. Segundo o jovem em-presário, a meta é crescer 30% em 2006para, nos próximos três anos, triplicar aprodução e atingir todos os Estados bra-sileiros. www.metalife.com.br

Mestre Kobi

Método de defesa

Daniel Topel

Cinema em casacolha dos filmes e pagamento, quepode ser por meio de cartão de crédi-to ou de débito automático. Os planosvariam de preço conforme a quanti-dade de filmes que o cliente desejarter em casa ao mesmo tempo – de umaté cinco títulos – com mensalidadesa partir de R$ 28. Operando em SãoPaulo desde fevereiro, a NetMovies jáabriu filial no Rio de Janeiro e até ofinal do ano pretende operar em Cam-pinas, Brasília, Belo Horizonte e PortoAlegre. www.netmovies.com.br

em dois módulos de trabalho: aulasem academias e cursos intensivos.Com um MBA em Segurança Nacio-nal em Terror pela Universidade Is-raelense de Segurança e Investiga-ções, Kobi ministra palestras e cur-sos em todos os países de abrangên-cia da Confederação e também pres-ta consultoria para Polícias e Exérci-tos que adotaram a arte israelensecomo método de defesa.www.kravmaga.com.br

DIVULGAÇÃO RICARDO MACUCO

A NetMovies, do empresário Da-niel Topel, traz ao Brasil um serviçosimilar ao sistema criado em 1999 pelanorte-americana Netflix, querevolucionou a locação de DVD’s e,em seis anos, conquistou mais de 4milhões de assinantes. Com um acer-vo que já ultrapassa os 6 mil títulos, aNetMovies possui DVD’s de todos osgêneros, inclusive de assuntos espe-cíficos, como pesca, arquitetura eadestramento de cães. O serviço fun-ciona todo pela internet: cadastro, es-

Especialista em seis modalidadesdiferentes de artes marciais, o israe-lense Kobi Lichtenstein – conhecidocomo Mestre Kobi – é o pioneiro doKrav Magá (arte de defesa pessoalcriada em Israel) na América Latina.Treinado pessoalmente por Imi Li-chtenfeld, que criou e codificou oKrav Magá, Kobi é presidente daConfederação Latino-Americana (quereúne 15 mil praticantes) e respon-sável pela formação de novos alunos

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Junho 2006 – Empreendedor – 9

Leonardo Scheinkman

Vivendo o futebolTrabalhar com futebol e dedicar a

vida ao esporte. Essa é a realidade doempresário Leonardo Scheinkman,criador do Portal FutebolTotal. Além detextos atualizados em tempo real, o em-presário organiza pessoalmente em seusite as informações sobre todos os cam-peonatos nacionais e internacionais, no-tícias da Seleção Brasileira, tabelas, re-sultados, colunas, crônicas, e tambémpresta serviços de agência de notíciase de marketing esportivo. Dividindo seutempo entre Brasil, Estados Unidos(onde vive) e Europa, Leonardo acom-panha os principais torneios e está naAlemanha cobrindo a Copa do Mundo.Depois do torneio, o empresário regres-sa a Miami para organizar leilões bene-ficentes com o apoio de instituiçõescomo Bola Pra Frente, Fundação Cafu,Brazilian Mission e SOS Aldeias (Fifa).www.futeboltotal.com.br

João Saccaro

Novos investimentosJoão Saccaro, que recentemente

fez o lançamento da coleção 2006/2007 de sua indústria de móveis,anunciou que vai investir R$ 3 mi-lhões em novas tecnologias e aumen-tar as exportações de seus produ-tos. Para 2006, a Saccaro – prestesa completar 60 anos – pretende fe-char o faturamento com um cresci-mento de 30% e planeja aumentarsua participação nos mercados ame-ricano, europeu (Espanha, Grécia,Holanda e Portugal) e Caribe pormeio da formação de parcerias comdistribuidores e lojistas locais. No anopassado, a empresa investiu nos ne-gócios coorporativos como forma deexpansão. Atualmente fornece mó-veis para redes luxuosas de hotéiscomo Costão do Santinho (Florianó-polis), Nammai Resort (Pernambu-co), Blue Tree Towers (Angra dosReis) e Sheraton Barra (Rio).www.saccaro.com.br

Aposta certeiraO empresário Reinaldo

Riffel Junior, presidenteda Riffel Moto Peças,anunciou a contratação dopiloto Eduardo Saçakipara integrar o Riffel Ra-cing Team no segundosemestre deste ano. Aequipe, que concorre nosprincipais campeonatosde motocross realizadosno Brasil, passa a contarcom a experiência do “ja-ponês voador”, que hámais de 20 anos colecio-na títulos e triunfos naspistas. Para Riffel Junior, “patroci-nar um profissional como o Eduardoé também mostrar a seriedade da nos-sa marca, porque é o que ele repre-senta”, disse. O veterano piloto estáentusiasmado com a parceria. “Des-

de o primeiro momento, a Riffel acre-ditou na minha volta. Deu todo oapoio. São com empresas sérias ecomprometidas de verdade com oesporte que eu quero somar forças”,disse Saçaki. www.riffel.com.br

Reinaldo Riffel Jr.

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10 – Empreendedor – Junho 2006

Só paisagemnão resolveTurismo corporativo e uma imagem adequada a cada público são algumasarmas da Embratur para o Brasil não se limitar aos seus recursos naturais

Entrevista Eduardo Sanovicz

Eduardo Sanovicz é um dos homensque mudaram a cara do turismo no Brasil.Executivo com anos de experiência no mer-cado, à frente da Embratur, reestruturou aautarquia, que está completando 40 anos,para a promoção, marketing e apoio à co-mercialização dos produtos, serviços e des-tinos turísticos brasileiros. Ou seja, vendera imagem do Brasil no exterior. Ele acredi-ta que a importância do setor não está liga-da unicamente à existência de recursos na-turais e culturais – que o país tem de sobrae devem ser transformados em produtosturísticos. Mas que essa indústria precisaelevar o nível de serviços e de competitivi-dade, para aí sim garantir o crescimentode fluxos turísticos nacionais e internacio-nais. Ele sabe que, apesar dos avanços, opaís ainda está distante de ocupar um lugarno cenário mundial compatível com suaspotencialidades e vocações.

O orçamento de US$ 60 milhões trazum retorno de US$ 5,8 bilhões e a meta échegar até US$ 8 bilhões em 2007. De11° item na pauta de exportação brasileiraem 2003, o turismo hoje ocupa a terceiraposição, atrás apenas do minério de ferroe da soja. Ele comenta que a atividade éum dos setores que mais gera empregocom baixo nível de investimento. A ex-pectativa é de 1,2 milhão de novos em-pregos até o final do próximo ano. Desde2003 foram criados mais de 600 mil pos-tos de trabalho e a estimativa é fechar esteano com mais 310 mil vagas. A estratégia

por Wendel Martins

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Junho 2006 – Empreendedor – 11

A Embratur enviou80 empresários para

o exterior, umprocesso de

benchmarking paraaprender com osprincipais players

do setor

criada por Sanovicz direciona parte dosinvestimentos para o turismo de negó-cios, que hoje é responsável por meta-de do faturamento nacional da ativida-de. Para tanto, é preciso superar a ca-rência de mão-de-obra qualificada, numsetor que passa por grandes transfor-mações tecnológicas. Os profissionaisdos hotéis de hoje não têm nada a vercom os de dez anos atrás, precisamestar preparados para atender bem cli-entes cada vez mais exigentes, incluin-do o aprendizado de novas línguas.

Antes de se ancorar por opiniões, elebusca dados através de pesquisas paratraçar a rota do turismo nacional. Umcuidadoso estudo com clientes interna-cionais foi a pedra fundamental para aestratégia da Embratur. Entre os avan-ços, o empresário destaca a criação daMarca Brasil e a participação em feirasdo setor – entre as cerca de 150 realiza-das no mundo a Embratur participa de40%. Mas a idéia de vender uma ima-gem sob medida para cada público é tal-vez a grande idéia que o executivo im-plementou e que vem dando resultadospositivos, tanto que 2005 foi o melhorano do turismo nacional. Esse ano eleespera colher mais, sempre atento àsmetas do Plano Nacional de Turismo.Ele comenta as principais ações e proje-tos da Embratur na entrevista a seguir.

Empreendedor – Alguns dos gran-des players do turismo, como a Tai-lândia, que atrai cerca de 10 mi-lhões de turistas, ou mesmo a Ma-lásia, com 14 milhões, vão começara mirar o Brasil como um concor-rente efetivo. Quais são as estraté-gias de defesa e de ampliação paraa nossa participação nessa indus-tria mundial?

Eduardo Sanovicz – Nosso traba-lho foi muito de recuperar o tempo per-dido e agora que começa a briga comos principais destinos do mundo. Es-tamos pensando na ampliação dasações de promoção comercial, o foconos 18 mercados que têm maior volu-

me de emissão de turistas estrangei-ros e o aprofundamento dos instru-mentos previstos no Plano Aquarela,tanto na área de relações públicas quan-to na área de marketing, o orçamentoda Embratur, de US$ 60 milhões, écompetitivo frente ao de outros paí-ses. E temos um grande diferencial,que é a integração entre os diversospovos que aqui vivem. As pesquisasmostram que esse é o principal ativodo turismo brasileiro.

zer para o país uma Olimpíada. De cadadez candidaturas do Brasil, temos o su-cesso de 8,5. Parte desses números éporque antes atuávamos junto a feirasde multiprodutos e hoje focamos emfeiras setoriais. Saímos da 37ª posiçãoentre os países que mais recebem via-jantes a negócios e passamos para a 11ª.A nossa técnica de captação de eventosvai virar caso de sucesso mundial.

Empreendedor – A tecnologia virouum commoditie, e os serviços comovideofone vêm se popularizandoatravés da internet. Esse fenôme-no não pode, a longo prazo, afetaro mercado de turismo corporativo?

Sanovicz – Não acredito que as em-presas vão diminuir os gastos em via-gens. Acho que vão gerar um impactopela forma que isso acontece, mas nin-guém ainda criou o substituto ideal parao contato direto entre as pessoas. Asferramentas que a tecnologia colocoua nossa disposição servem para o pósou para o pré-contato, ou seja, paramelhorar a forma pela qual a relaçãovai se desenrolar. Mas até o momento,não substitui o contato humano.

Empreendedor – O senhor diz queo Brasil tem que elevar o nível deserviços que presta nessa indús-tria. Existem ações do Governo paraa capacitação de hotéis ou agênciasde viagens ou essa tarefa é relega-da para o mercado?

Sanovicz – Sim, quem cuida hojeda capacitação é a Secretaria Nacionalde Desenvolvimento de Programas deTurismo – que como nós é subordina-da ao Ministério do Turismo – e estãoinvestindo volumes muito consideráveisnessa área. O país vem se profissiona-lizando rapidamente, mas ainda temosum longo trabalho a fazer. A Embraturenviou 80 empresários para o exterior,um processo de benchmarking paraaprender com os principais players dosetor. Eles replicaram esse conheci-mento para cerca de 200 mil pessoas.

Empreendedor – Porque a Embra-tur resolveu focar no turismo cor-porativo?

Sanovicz – Porque a história de pro-moção comercial do Brasil é muito fo-cada em lazer e recursos naturais e issohoje é apenas parte dos produtos possí-veis. O país já tem musculatura, produ-tos e serviços para disputar o mercadointernacional no setor corporativo, queé basicamente negócios e eventos. Nomundo, 80% das viagens aéreas são anegócios e atrair uma grande feira ouevento internacional é quase como tra-

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12 – Empreendedor – Junho 2006

Entrevista

A informação é maisimportante do que a

propaganda e onosso investimento

foi centrado emmarca e imagem

É um investimento modesto, mas querepercute em toda a sociedade, pois oimpacto dessa indústria é positivo noconsumo regional.

Empreendedor – O número de ho-téis independentes na França, querecebe cerca de 77 milhões de tu-ristas, é de 90% do mercado. No Bra-sil, esse índice chega a 92%. Existeuma tendência de consolidação emgrandes redes de hotéis ou os doismodelos caminham juntos?

Sanovicz – Isso depende muito daposição de mercado de cada destino.Eu não creio que um hotel se definapor ser independente ou não de umarede. Não é uma decisão isolada, de-pende muito de onde ele está, qual éo público daquele setor e como elepode ser competitivo. Se o meu des-tino tem só clientes estrangeiros, quefalam outro idioma, é difícil um em-preendedor competir sem um grandecanal de distribuição. Agora, se osclientes têm acesso fácil ao um de-terminado destino e não têm dificul-dade para se relacionar com o meio,o hotel independente pode ser rentá-vel e lucrativo.

Empreendedor – Existe uma ten-dência no mercado que empreen-dedores de pequeno e médio por-tes devem agir em conjunto paratornar a operação mais barata. O se-nhor concorda?

Sanovicz – Pode ser, mas acho queessas coisas não podem ser tomadascomo regra ou como um manual. Euaprendi ao longo desses anos que den-tro de uma mesma cidade pode-se tersituações completamente diferentes,como na razão direta do custo que oempreendedor tem de um produto, nomercado que está focando ou na for-ma que se constrói um empreendimen-to. Na mesma cidade, onde há oito ounove hotéis que fazem compra de ali-mentos e bebidas juntos, você tem ou-tros empreendimentos que competemna ponta da faca.

Empreendedor – Qual é o papel daEmbratur para o crescimento do tu-rismo nacional?

Sanovicz – A Embratur é a unidadedo Ministério do Turismo responsávelpelas ações, promoções, marketing eapoio à comercialização do turismo bra-sileiro no exterior. Nós não atuamos nomercado interno e o nosso programa detrabalho é definido pelo Plano Nacionalde Turismo, lançado pelo Presidente daRepública e pelo ministro Walfrido dosMares Guia Neto, em abril de 2003, eque define a nossa ação como a respon-sabilidade de trazer estrangeiros do ex-

terior. Nossa meta até 2007 é atrair 9milhões de turistas, que vão gerar gas-tos de US$ 8 bilhões e criar 1,2 mil no-vos postos de emprego.

Empreendedor – Quais são as prin-cipais ações desse ano e quais os re-sultados que o senhor pode mostrarda sua gestão?

Sanovicz – São ações no mercadocorporativo, de negócios e eventos, edo mercado de lazer e incentivo no ex-terior. Ou seja, a participação em feiras,seminários e workshops. A participaçãoem uma série de atividades junto a agen-tes de viagens, operadores e companhi-as aéreas e tudo sobre a égide do PlanoAquarela, plano de marketing internaci-onal do turismo brasileiro. Uma das nos-sas principais ações foi a criação do lo-gotipo Marca Brasil, que hoje é usadopor 1045 empresas, não só do setor deturismo. O México atualizou a sua mar-ca depois de lançarmos a nossa. Sem-pre achei que a propaganda pura e sim-ples é ineficaz, serve apenas de subsí-dio para a tomada de decisão. A infor-mação é mais importante que a propa-ganda e o nosso investimento foi cen-trado em marca e imagem. O resultadodessas ações é que o turismo nacionaltem uma sustentabilidade e 2005 foi omelhor ano do turismo brasileiro.

Empreendedor – Quais são os prin-cípios do Plano Aquarela?

Sanovicz – Esse plano surgiu de vá-rias pesquisas com 6,2 mil passageirose define cinco temas: sol e praia, negó-cios e eventos, ecoturismo, aventura ecultura como eixos de promoção comer-cial do Brasil. Estamos trabalhando áre-as como o Rio de janeiro, Iguaçu, Ama-zônia, Pantanal e o Nordeste como fo-cos mais conhecidos. A partir dos quaisnós trabalhamos um conjunto de outrasregiões, como Santa Catarina, que des-tacadamente é um mercado importanteno setor no que diz respeito à AméricaLatina e começa a crescer também nomercado europeu. O plano define algunsinstrumentos como cores, formas, ins-

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Junho 2006 – Empreendedor – 13

Linha Direta

Eduardo Sanoviczwww.embratur.gov.br

trumentos de ações – como feiras, se-minários e eventos – além do investi-mento em relações públicas. Antes ven-díamos unicamente a imagem do CristoRedentor e agora estamos comercializan-do uma roupa sob medida: sol e praiapara os argentinos, ecoturismo para osjaponeses, Foz do Iguaçu para os Chi-neses. O resultado disso é que o núme-ro de clientes estrangeiros visitando oBrasil aumentou de 3,7 milhões em 2002para 5,4 milhões em 2005. E o ingressode dólares na balança comercial do tu-rismo cresceu de R$ 1,9 bilhão em 2002para R$ 3,8 bilhões em 2005.

Empreendedor – É possível mensu-rar quantos turistas estrangeirosvoltam ao Brasil ou recomendam opaís aos seus amigos e familiares?

Sanovicz – O Brasil é um país quefideliza. Cerca de 86% dos turistas de-sejam fazer outra viagem para cá, atépelo tamanho continental, o que tornaimpossível conhecer tudo de uma vez.As pesquisas mostram que mais de 75%dos clientes que visitam o país o reco-mendam para um grupo de pessoas pró-ximas. Já os que efetivamente voltam,os números variam de Estado para Es-tado, de destino para destino. Em algunslugares, temos estatísticas superiores a60%, em outras regiões chega a 80%.

Empreendedor – Qual o impacto dascompanhias aéreas de baixo custono crescimento do turismo mundi-al e brasileiro?

Sanovicz – Elas são, talvez, as gran-des responsáveis pelo crescimento doturismo regional. As companhias de bai-xo custo são importantes em termos eu-ropeus e latino-americanos. No turismotranscontinental elas têm pouco peso,sem um papel destacado. Então, porexemplo, é importante uma companhiade low cost disputar clientes de Madrida Londres ou de Nova York a Chicago.Assim como o papel da Gol no merca-do interno brasileiro, que é decisivo noaumento do número de passageiros queestamos vivenciando. Mas, por questão

de foco e limitações de tecnologia, elasnão atuam em grandes distâncias.

Empreendedor – Quantos escritó-rios brasileiros de turismo exis-tem fora do país e qual seria onúmero ideal?

Sanovicz – Hoje temos oito unida-des e por enquanto esse é o ideal. O ide-al é aquele que a gente pode conduzir demaneira eficaz. A importância desses es-critórios é muito grande, já que não sãoligados à embaixada, e sim entrepostoscomerciais para promover destinos bra-sileiros junto aos grandes operadores lo-

cais. Estamos construindo um outro tipode relacionamento, muito mais próximocom esses mercados. A Espanha criouesses escritórios na década de 50 e hojeé o segundo destino mais procurado domundo, com 52 milhões de visitantes.

Empreendedor – Os vôos que saemdo Brasil são muito concentradosna Europa e nos Estados Unidos.É interessante aumentar a integra-ção com destinos da África, OrienteMédio e Ásia?

Sanovicz – Essa é uma decorrênciade uma demanda de mercado, não sefaz isso por decreto. Mas nós estamossempre trabalhando para ampliar a de-manda no sentido de transformar vôoscharter em vôos regulares e de criar ro-tas aonde elas não existem. No caso doOriente Médio, temos um vôo de Dubaipara São Paulo. No caso da África, àexceção da África do Sul, eu não vejograndes movimentos nesse sentido. E,da Ásia, temos uma novidade que é oacordo entre a Varig e Air China, que jáestá operacional. Os maiores links quenós temos são com a Europa, AméricaLatina e Estados Unidos por causa tam-bém das relações culturais.

Empreendedor – Analisando a suahistória à frente da Embratur, o se-nhor a associaria a quais palavras:orgulho, desafio ou oportunidade?

Sanovicz – As três coisas aconte-ceram. Eu tive a oportunidade de en-carar um desafio e tenho muito orgu-lho do resultado até agora. A coisa maisimportante foi o desafio de promovero país no exterior. A minha geração nun-ca quis só depender do turismo latino-americano, mas achava que não con-seguiríamos atrair os turistas europeus,o que é obviamente uma inverdade. AEmbratur é o desafio da minha histó-ria, o que é muita coisa.

O Brasil é umpaís que fideliza.Cerca de 86% dosturistas desejam

fazer outra viagempara cá

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Não Durma no Ponto

14 – Empreendedor – Junho 2006

Tudo para um bom casamentoConstatei várias vezes. A resposta

sempre é a mesma: Erga a mão quemtem empregos para oferecer em suasempresas. A platéia de líderes e em-presários se omite, reflexiva. Aí re-torno à palestra e, depois, volto a per-guntar: Vocês têm muito trabalho nassuas empresas e necessidade de gen-te para fazê-los?

Quase todos se manifestam, le-vantando as mãos. Sim! Há muito tra-balho em suas empresas e eles ne-cessitam de pessoas para assumí-losde forma comprometida.

Curioso! Não têm empregos, mastem trabalho. No mínimo, um para-doxo. O empregador precisa do em-pregado, assim como o empregadoprecisa do empregador. Podia ser umpar perfeito e até é, mas o casamentoé bem complicado. Ambos querem,mas ambos se evitam.

Se tiver alguma dúvida, constatepor conta própria, consultando empre-sários e líderes da sua rede de relacio-namentos. Certifique-se de como boaparte deles está em busca de bons pro-fissionais para compor suas equipes.Ao mesmo tempo, examine a caixa deentrada do seu correio eletrônico e vejaquantos currículos lhe são enviadossemanalmente solicitando a oportuni-dade de disputar uma vaga de traba-lho aonde quer que seja. Nem precisair muito longe, verifique ao seu redor.Casamento complicado, esse!

O que impede pessoas com neces-sidades comuns de não se conecta-rem umas às outras? Por que os pro-cessos de seleção não são eficazespara constituir casamentos felizes ebem-sucedidos? Tanto os emprega-dores como os pretendentes aos em-pregos precisam rever a forma comose oferecem ou se aceitam e, princi-palmente, averiguar as verdadeirasintenções quando participam dessesprocessos.

Tanto osempregadores

como ospretendentes aos

empregos precisamrever a forma como

se oferecem ouse aceitam

Trivial cortejoUm processo de seleção é um

cortejo. O candidato ao empregotenta impressionar o empregador,dando demonstração dos seus do-tes e talentos, experiências e po-tenciais. Ora! Aí está um grandeequívoco. Quase sempre esse re-lacionamento permanece no trivi-

al, ou, quando muito, esbarra nofundamental, mas nunca avança aoessencial. E o complicado casa-mento pode não acontecer. E, quan-do acontece, a curta lua-de-mel dálugar a uma triste e às vezes pro-longada lua-de-fel, com queixasfreqüentes de ambas as partes. De-salento mútuo, desconfiança e atémesmo ressentimento e raiva.

O trivial refere-se às necessida-des. Essas são prementes. O empre-gador quase sempre pensa em pre-encher a vaga surpreendido pela per-da de algum profissional, em geral

ocasionada por esses mesmos pro-cedimentos equivocados de seleção.O selecionador pensa na necessida-de: colocar alguém o mais rápidopossível naquele buraco aberto. Ocandidato, por sua vez, às vezes pelahora da morte, pensa na sua neces-sidade imediata: aceitar de qualquermaneira o primeiro emprego que lhefor oferecido, pois as contas a pa-gar não estão lhe dão trégua. E mui-tos casamentos se efetivam por cau-sa disso: cada um focado apenas emcomo resolver as suas necessida-des. E acontecem assim, às pres-sas, quase sempre com o divórciocomo padrinho. E ele lá está, comseu sorriso matreiro, aguardando ahora de agir.

Interesses mútuosMas existem casamentos mais cri-

teriosos. Aqueles que não se restri-gem às necessidades prementes.Saem do trivial, avançam para o fun-damental. E o fundamental está rela-cionado aos interesses. Não se trataapenas de preencher vagas, mas deexaminar os interesses mútuos.

Uma empresa tem alguns propó-sitos quando oferece um emprego eesses propósitos declaram seus inte-resses. Um candidato ao emprego temalguns propósitos quando demanda oemprego e esses declaram também osseus interesses.

Quando se suspende a ansieda-de causada pelas necessidades, épossível fazer uma avaliação racio-nal e emocional dos interesses deambas as partes. E ver o quantoconvergem ou divergem. Ajustam-se os convergentes; negociam-se osdivergentes. E, com alguma sorte,é possível tornar esse casamentomenos complicado. Ainda assim,precário, no que se refere à riquezaque poderia ser construída por essa

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Junho 2006 – Empreendedor – 15

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial

(11) 3873-1953 – www.cempre.net – [email protected]

É importante quandoo desejo de umé reconhecidopelo desejo do

outro, de maneiraque haja uma

saudável eequilibrada nutrição

boa mescla de ingredientes de partea parte. E isso só é possível quan-do o essencial entra em cena.

Casamento promissorTambém recebo currículos todas

as semanas, pelo correio ortodoxo epor meio eletrônico. Examino alguns.Todos declaram o que os candidatosfizeram. Descrevem suas experiênciase habilidades. Lá está o indivíduo ra-cional-econômico, acentuando maisseus feitos passados do que suas in-tenções futuras. Diz o que faz, masnão declara quem é.

O empregador, por sua vez, tam-bém comete o mesmo equívoco. Ofe-rece a vaga para um determinado car-go, descrito em funções e atribuições.Também, como empresa, diz o quefaz, mas não diz quem é. Atrai o indi-víduo racional-econômico, e não es-conde a sua intenção quando o deno-mina de mão-de-obra.

A relação está, desde o início, fada-da ao fracasso, devido ao seu caráterutilitário. Com alguma sorte, poderáresultar em um vínculo frouxo e pas-sageiro, aquele tipo medíocre de rela-ção oportunista, de quem extrai maisde quem, desperdiçando toda a riquezamútua caso houvesse um outro tipo deintenção de ambas as partes.

Como transformar o indivíduo ra-cional-econômico que se oferece paratrabalhar em um indivíduo integral?Como transformar a empresa econô-mica que oferece o emprego numaempresa progressista? Afinal, esses ca-samentos serão sempre complicados?É possível chegar a um casamentobem-sucedido, daqueles em que é evi-dente a união, o respeito e o compro-metimento? Resposta: sim. Mas, paraisso, precisamos avançar para além dotrivial e do fundamental. Precisamosatingir o essencial. E o essencial está re-lacionado mais ao ser do que ao fazer.

Seres integraisNem sempre o essencial é visível

aos olhos, nos lembra o escritor Exu-pèry. Para vê-lo, é preciso suspen-der, mesmo por algum tempo, as ne-cessidades e interesses. É precisoatenção concentrada para enxergar ohumano que existe no outro, seussentimentos e valores.

É uma pena que o candidato nãodeclare no currículo os seus valores,suas idéias, seus pensamentos e senti-mentos, quem é e o que busca, sua vi-são de mundo e de futuro. É claro queessas informações essenciais só inte-ressariam para um empregador quetambém sabe quem é e o que busca eque sabe o futuro que deseja construircomo organização. Seres integrais que-rem se relacionar com empresas pro-gressistas e elas querem constituir equi-pes de trabalho formadas por seres in-tegrais. É assim que se constituem osmelhores casamentos.

Zelo e cuidadoLembrei daquela história da espo-

sa que diz para o marido:Desde que casamos, você nunca

mais falou que me ama.E o marido responde, lacônico:Disse isso quando casamos e

quando eu mudar de idéia lhe aviso.As relações de trabalho também

necessitam de zelo e cuidado. Infe-lizmente, na maior parte das vezes,prevalecem apenas duas conversas:na ocasião da contratação, quandoexpectativas e promessas são com-partilhadas, entremeadas por sorri-sos e afagos; e no desligamento,quando os sonhos desfeitos são ar-rematados numa conversa crua dedesenlace marcado por sisudez efrustração.

Expectativas devem ser comparti-lhadas e os interesses renegociados,de tempo em tempo. É importantequando o desejo de um é reconhecidopelo desejo do outro, de maneira quehaja uma saudável e equilibrada nutri-ção. Também é preciso que haja a von-tade de, eventualmente, deixar de ladoos próprios interesses em função dosinteresses do outro. É quando o olharse desvia de si e passa a olhar para ooutro de uma maneira tão natural erica, porque mútua, que ambos esco-lhem olhar na mesma direção. Essaconvergência acontece e é, mesmo,inexorável, nas uniões verdadeiras.

É quando sonhos individuais se trans-formam em sonhos comuns e estes setransformam em realidade justamenteporque não são sonhos que cada um so-nha só. É quando essa realidade realimen-ta novos sonhos, que podem ser sonha-dos e realizados novamente juntos.

São essas realizações que constro-em relações férteis e vencedoras, hu-manas e amorosas. Sem complica-ções. Em verdade, estes são os legí-timos casamentos.

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Franquias

Garimpe estamina de ouroComo aproveitar as novas oportunidades que surgem a todo momentoem nichos inéditos ou em marcas tradicionais do franchising

Franquias

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As franquias estão diversifican-do as oportunidades para os empre-endedores. Estes, diante das novasperspectivas, encontram ambientesólido de aprendizado, e podem en-trar com mais segurança num ramode negócio que continua crescendono Brasil. Eles contam com o apoiode consultorias, gestão especializa-da e fornecedores focados em efici-ência e agilidade, entre outras van-tagens. O que há de promissor a par-tir desses diferenciais? Franquias queestimulam novos hábitos, como osde refeição consumida devagar; no-vas franquias públicas, em que épossível empreender os serviços es-senciais para a população, seguindoo bom exemplo dos Correios; fran-quias sociais, que implantam “uni-dades remotas” de programas soci-ais bem sucedidos. São veios inten-sos de atividades, disponíveis emminas que florescem no mercado.

O mercado que gera 10 vagas detrabalho por hora e soma cerca de 990mil empregos diretos está pronto paracrescer ainda mais, graças às novasoportunidades que surgem em nichosinéditos e em marcas tradicionais. Osistema amplia suas ofertas com asvantagens de oferecer qualificaçãoaos funcionários e mais garantias deque o negócio ficará com as portasabertas por muito tempo. Este é o pa-norama do sistema de franquias noBrasil, uma mina de ouro descobertaentre os anos 70 e 80 e que foi tendosua atividade organizada e consolida-da registrando atualmente um cres-cimento médio de faturamento de3,2% por ano (o PIB brasileiro cres-ceu 2,1% em 2005).

Das 2.046 empresas franqueado-ras pesquisadas nos últimos cincoanos, 1.109 foram consideradas ati-vas em 2005, com uma rede de maisde 97 mil franquias em operação, di-vididas em 23 setores e 169 ramosde atividade.

Muito do que se pode comemorarem termos de crescimento das fran-

1º lugar: Saúde e Beleza(crescimento de 68,92%)

2º lugar: Educação e Treinamento(crescimento de 56,76%)

3º lugar: Acessórios Pessoais(crescimento de 32,43%)

FRANCHISING//Quem mais cresceu nos últimos 10 anos

quias no Brasil deve-se à organizaçãoe à profissionalização que foi sendoimplantada. E a atuação da Associa-ção Brasileira de Franchising (ABF)tem sido nesse sentido, sempre de olhono fortalecimento do sistema atravésde ações que respaldam a atuação dosfranqueadores em todo o país e tam-bém no exterior. Segundo dados daprópria ABF, o crescimento no fatu-ramento em 2005 foi 13% maior doque em 2004.

O presidente da ABF, Artur Gryn-baum, vice-presidente da rede O Bo-ticário, ressalta que foi preciso mui-to trabalho de todos que já se envol-veram com a ABF em busca do re-conhecimento da importância dofranchising no cenário sócio-econô-

mico brasileiro. “Temos baixas ta-xas de mortalidade e nossa mão-de-obra é capacitada e treinada intensa-mente, já que a transferência deknow-how é o foco da franquia”,afirma ele, numa referência a umadas principais deficiências do mer-cado de trabalho brasileiro, a faltade qualificação técnica dos profissi-onais e que é suprida com a forma-ção oferecida pelo franchising.

Uma das importantes ações queenvolve a Associação é a reinstala-ção do Fórum Setorial de Franquiaem 2004 – criado em 1997 e sus-penso em 2000 –, numa parceriacom o Ministério do Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exterior eque logo resultou em avanços im-

Fonte: “Franchise, Negócio do Século”, de Marcus Rizzo

Grynbaum: a transferência de know how é o foco da franquia

IND

EX O

PEN

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Franquiasportantes, como o processo de in-ternacionalização de marcas brasi-leiras e a própria discussão da Leide Franquias. Ainda sobre represen-tatividade, a ABF interage com asdiversas entidades empresariais dopaís, participando de movimentosque se preocupam com o desenvol-vimento do setor produtivo a favorda geração de empregos.

Na área de internacionalização, aABF vem somando importantes pon-tos que leva o Brasil a conquistar no-vos mercados e assim propiciar re-sultados positivos para as franquea-doras nacionais. As participações emfeiras internacionais têm sido cons-tantes, sempre com a ida de empre-sários daqui, assim como há um in-tercâmbio constante com franquea-dores que vêem no território brasi-leiro uma área fértil para diversos se-tores. O presidente da ABF destacaainda que, em outubro, pela primei-ra vez será realizada no Brasil a reu-nião anual do World Franchise Coun-cil (Conselho Mundial do Franchi-sing) que contará com representan-tes da França, Inglaterra, Alemanha,Canadá, Austrália, EUA, China, Fili-pinas e México. A vinda do eventorevela que o Brasil está inserido nocontexto mundial do sistema de fran-quias e oferece maturidade suficientepara servir de exemplo com grandesredes, que são sinônimos de organi-zação, suporte estruturado e suces-so entre os consumidores.

O Brasil é o quarto colocado noranking de maior número de empre-sas franqueadoras e também o quar-to no ranking dos países com maiornúmero de franquias, atrás apenas dosEstados Unidos, Canadá e Coréia doSul. Os dados são da pesquisa reali-zada pela Rizzo Franchise, que lan-çou a publicação “Franchise, o Ne-gócio do Século”, com a análise dodesempenho e impacto do franchisingna economia brasileira nos últimos 15anos. O especialista no tema e autorda pesquisa, Marcus Rizzo, diz que aestratégia de expansão pela franquia

deve absorver novos mercados, comoa área financeira e a prestação de ser-viços de maneira geral. Ou seja, ain-da há muito a se garimpar.

Rizzo diz que o formato de fran-quia beneficia justamente as áreas quedependem de um bom atendimentopara obter sucesso e o treinamento éo ponto onde mais haverá investimen-to nos próximos anos. “A aproxima-ção do franqueador com a sua rede,através dos consultores de campo,será cada vez mais intensa. A melho-ria dos procedimentos dentro de cadaunidade com treinamento providopelo franqueador é essencial para não

haver perda nos padrões”, diz.A consultora Ana Vecchi, da Vec-

chi & Ancona Consulting, diz queainda há carência de bons serviçoscom a formatação e a padronizaçãoque a franquia permite. “Clínicasodontológicas estão crescendo emtermos de opções de marcas e nãose pensava muito nisso, assim comoas empresas que prestam assistên-cia técnica”. Mesmo nos setores quejá alcançaram sucesso, como os dealimentação e educação, é possívelencontrar novas oportunidades epermitir que os benefícios do fran-chising sejam colocados em prática.“Não há, por exemplo, rede de ali-mentos naturais em restaurantes oumesmo um fast food com este con-ceito”. As oportunidades, portanto,vão continuar aparecendo e permi-tindo ampliação do sistema.

Para Ana Vecchi, antes de qualquertentativa de entrar no sistema, todasas redes devem estabelecer seus pro-cessos de maneira clara, ou seja, umpadrão operacional completo, manu-ais e treinamentos integrados em ter-mos de informações atualizadas, es-colha de profissionais e/ou franquea-dos, logística e distribuição adequa-das às necessidades da rede, comu-nicação livre, pesquisa de mercado,análise do ponto comercial correto,entre outros. “As franqueadoras de-vem desenhar todos os processos daempresa e das franquias, Definir osprocedimentos, os responsáveis, os

Perspectivas para ospróximos 5 anos

Fonte: “Franchise, Negócio do Século”, de Marcus Rizzo

O faturamento total do Franchising deve crescer17%, chegando a R$ 201 bilhões anuais

Até 2008 serão mais de 140 mil novas franquiasem operação (unidades próprias e franqueadas)

Até o final de 2007, o Brasil deverá ultrapassar a Coréia e oCanadá no ranking dos países com maior número de franquias,ocupando o 2º lugar – atrás somente dos Estados Unidos

Ana Vecchi: antes de entrar nosistema, deve-se estabelecer osprocessos de maneira clara

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Fornecedores que sabem procurarA busca por produtos, equipa-

mentos e serviços que melhorem agestão ou o relacionamento comfranqueados é uma constante den-tro das redes. Os fornecedores queconseguem atender com competên-cia as necessidades das franquiasganham na dimensão, porque estãoatendendo várias unidades, às ve-zes centenas delas. As franquias dealimentação, por exemplo, inves-tem na tecnologia aplicada para su-perar a concorrência do segmentoque reúne o maior número de mar-cas. O SnackControl, sistema de au-tomação e gestão para o food servi-ce, é utilizado por 17 redes. O sof-tware eleva o padrão de atendimen-to e gerencia os procedimentos de

envolvidos direta e indiretamente e umsistema informatizado on-line”.

A consultora Cláudia Bittencourtacredita que as indústrias nos maisdiversos segmentos e até algunsgrandes atacadistas, que têm poderde compra e obtém ganho de escala,estão iniciando a formatação de re-des de varejo como mais um canalde venda. Entre os exemplos estãoas indústrias do ramo de calçados,jóias e acessórios e os distribuido-res de materiais elétricos, hidráuli-cos e suprimentos de informática.

A área de alimentação, apesar debastante explorada no estilo fast-food,tem oportunidades para o estilo slow-food que apresente um conceito vol-tado para produtos naturais, orgâni-cos e com apelo na decoração e nadivulgação focada no estilo e quali-dade de vida das pessoas.

A consultora alerta que está fican-do mais visível para o mercado e paraos potenciais candidatos a uma fran-quia que as redes que se destacamno mercado são aquelas que têm me-lhor sistema de gestão e uma equipeafinada com o conceito de franquiasna sua essência e com os objetivos

dos envolvidos. O efeito é automáti-co, tudo melhora, os franqueadospassam a fazer avaliações mais posi-tiva dos franqueadores e passam avender o negócio para os futurosfranqueados.

Mesmo nas redes já consolidadase que possuem padrões definidos e

qualquer restaurante ou lan-chonete. Tem como diferencialo módulo Multiloja, capaz deintegrar a gestão de lojas, mes-mo de bandeiras diferentes. Asinformações gerenciais forneci-das pelo SnackControl permi-tem à franqueadora um contro-le mais eficiente sobre o con-junto das lojas. É possível inte-grar todas as un idades, demodo a identificar o que deveser aprimorado no negócio, in-cluindo a definição ou adequa-ção de estratégias de venda, de lan-çamentos e até de marketing. Comatualizações diárias, correções po-dem ocorrer com muito mais agilida-de. Por meio de relatórios que inclu-

Cláudia Bittencourt: redes quese destacam são as que têmmelhor sistema de gestão

testados frequentemente, as possibi-lidades de oferecer novidades ou asobrigações de se adaptar à realidadedo mercado são constantes no dia-a-dia das franquias.

Na rede de ensino de idiomas PBF,em decorrência da importância do en-sino de espanhol, o franqueador estáestimulando os franqueados a se en-volverem mais com o estudo da lín-gua, dando tanto importância a esteidioma quanto é dada ao inglês. A redecriou novo material didático de espa-nhol, promoveu palestras no Escritó-rio Central e também em algumas uni-dades sobre o tema. E ofereceu cursode espanhol dirigido a diretores e co-ordenadores das franquias da rede como intuito de prepará-los para atender àdemanda do mercado atual, em virtu-de da obrigatoriedade do ensino de es-panhol nas escolas públicas.

Não demorou muito para as uni-dades sentirem os resultados como ocrescimento do número de matrícu-las dos próprios alunos das escolasque já faziam inglês, bem como denovos alunos. Houve um conseqüen-te aumento do faturamento das esco-las da rede.

em dados como fluxo de caixa e con-trole de estoque, as redes podemprogramar ações localizadas, pro-moções especiais ou mesmo a pró-xima campanha da marca.

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Franquias

Empresas públicas utilizam a for-matação de franquias para expandire abrir unidades em todo o país, mascom a diferença de utilizar licitaçõesou concursos como ferramentas deseleção exigidas pela legislação. Paraampliar estas possibilidades está noCongresso Nacional uma propostade alteração da Lei do Franchising,já que a atual data de 1994. Noante-projeto discutido e debatidoentre os envolvidos do setor e re-presentantes do governo federal,estão novas cláusulas específicaspara regulamentar as franquias pú-blicas, criando padrões de expan-são específicos mas que permitiri-am que novos setores se benefici-assem da estratégia. O consultorMarcus Rizzo diz que o conceitode capilaridade já está presente nosetor público, por isso a discussãoé apenas de regulamentação.

Entre os exemplos mais visíveispara a população está o Correios,

Negócios essenciaismas como os Serviços Postais são pú-blicos e, por força da Constituição Fe-deral, somente podem ser terceiriza-dos mediante Concessão ou Permis-são, sempre através de licitação. Ocor-reu uma mudança recentemente naoferta de modalidades e operadores deunidade dos Correios não podem ope-rar ao mesmo tempo a unidade que pos-suem e a Correios Conveniência (novamodalidade), porque faz parte da es-tratégia de terceirização de agências daEmpresa de Correios e Telégrafos(ECT) não permitir que seus parcei-ros terceirizados operem diferentes ti-pos de unidade de atendimento, aomesmo tempo. O Contrato de Permis-são de uma unidade da Correios Con-veniência tem vigência por 10 anos,prorrogáveis por até 10 anos, poden-do perfazer um total de 20 anos. To-dos os detalhes aos interessados po-dem ser obtidos no site da empresawww.correios.com.br.

Outra grande empresa que intensi-fica sua presença através da implanta-ção de unidades franqueadas é a BRDistribuidora, uma empresa da Petro-bras. Para abrir uma loja BR Mania (lojade conveniências), o interessado pre-cisa, necessariamente, ser revendedorde um posto Petrobras. O primeiro

passo do revendedor é entrar em con-tato com o seu assessor comercial e asolicitação será encaminhada ao asses-sor regional de Conveniência que ava-liará a viabilidade econômica de im-plantação de uma loja naquele posto,bem como o espaço disponível e o po-tencial de mercado.

Os postos que não se enquadra-rem por motivos excepcionais pode-rão ser adaptados mediante estudo,caso-a-caso, visando preservar osconceitos e a imagem das marcas daPetrobras Distribuidora e da loja. Ascaracterísticas das lojas obedecem acritérios de tamanho e configuraçãointerna do projeto, equipamentos emix de produto, em função das ne-cessidades da comunidade local, par-tindo do princípio que cada região dopaís tem hábitos culturais próprios queprecisam ser preservados, respeitan-do o consumidor e assegurando osresultados para o negócio.

Os postos que reúnem espaço físi-co e concentração de público residen-cial e de passagem são os mais reco-mendados por possuírem maior opor-tunidade de vendas e pela possibilidadede oferecerem produtos ou serviços quecomplementem as conveniências, comopadaria, vídeo, entre outros.

A exemplo dos Correios,serviços para apopulação geram asfranquias públicas

Correios: exemplo bem-sucedido inspira iniciativas que vão dinamizar atividades básicas para a população

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Junho 2006 – Empreendedor – 23

Grupo Microlins lança sistema inédito para entrar no franchising

O atalho do consórcio

O franchising sempre foi aponta-do como um atalho para quem querempreender com segurança, por serum negócio já testado e aprovado. Maso capital necessário para iniciar a ati-vidade continua a impedir quem nãodispõe de reservas ou acesso ao cré-dito – tão escasso e difícil no Brasil.Uma alternativa é o consórcio de fran-quias lançado em maio pelo GrupoMicrolins e Number One Solutions.“Temos dificuldades em conquistarbons parceiros por causa da falta decapital inicial. O Projer, uma das linhasde crédito mais acessíveis do merca-do, por exemplo, só libera recursospara empresas com mais de um anode ação”, diz José Carlos Semenzato,presidente do grupo que reúne Micro-lins Franchising e Instituto Embelle-ze. O lançamento contou também coma presença de Agenor Romeda Júnior,presidente da Âncora Administradorade Consórcios, e Pedro Furquim, pre-sidente da Furquim Consulting.

Cada investidor é entrevistado pelomaster franqueado de sua região paraa avaliação de seu perfil e potencial dapraça escolhida. Se for aprovado, masnão tiver capital disponível no momen-to, ele opta pelos planos de 36 ou 50meses, com parcelas que variam de R$1.848,25 a R$ 4.914,08, conforme ovolume de crédito solicitado. Não hájuros, apenas a taxa de administração edespesas com documentação referen-te à contemplação (alienação, registrose outros). Os grupos serão formadospor no mínimo 72 consorciados, e aestimativa é que até julho os primeiros40 estejam compostos.

Segundo Semenzato, o consórcio éuma oportunidade inédita para empre-endedores de menor poder aquisitivo etambém para aqueles que desejam pro-gramar a compra de franquias para ofuturo. Uma vez por mês, dois partici-pantes são contemplados, um por sor-

teio e outro por lance, em cada uma das40 regiões exploradas por master fran-queados das três empresas. Com estaestratégia, as empresas esperam abrir400 novas unidades ainda em 2006.

A história do Grupo começa em1991, quando Semenzato, com 23anos, abriu a Microlins. Ele investiu todaa poupança feita enquanto era progra-mador de sistemas de uma construtorapara comprar microcomputadores ecarteiras usados. Hoje a empresa é amaior franqueadora de escolas de cur-sos profissionais do país. Em 2003, emparceria com a Embelleze Cosméticos,criou o Instituto Embelleze, destinadoao ensino de atividades ligadas a salõesde beleza, como maquiagem e corte decabelo. No início deste ano, uma par-

Nome completo:José Carlos SemenzatoIdade: 38Local de nascimento:Cafelândia (SP)Formação: analista de sistemasEmpresa: Grupo MicrolinsRamo de atuação: ensinoprofissionalizanteAno de fundação da empresa: 1991Cidade-sede: São José doRio Preto (SP)Número de funcionários: 15 mil

ceria uniu o Grupo à Number One, umadas principais franqueadoras de esco-las de idiomas do país, aberta em 1972pelo professor Márcio Mascarenhas.Desde 1991 a empresa utiliza o fran-chising para ampliar suas unidades.

Semenzato, entre Romeda Jr. e Furquim: dificuldades emconquistar bons parceiros devido à falta de capital inicial

Valores da participaçãoCrédito (R$) Parcela plano 36 meses (R$) Parcela plano 50 meses (R$)

71.600 2.461,11 1.848,25

102.000 3.517,45 2.632,99

142.500 4.914,08 3.678,44

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Franquias

Clube do Empreendedor já prestou consultoria para 600 empresários

O fim da solidão

Wilson Trevisan achou para siuma tarefa árdua, mas gratifican-te: ensinar micro e pequenos em-presários de todo país a tocar oseu negócio. Mas a sua grande des-coberta foi achar uma maneira deganhar dinheiro com isso. Há qua-tro anos, criou o Clube do Empre-endedor, que já prestou consulto-ria a mais de 600 empresários deSão Paulo, e aderiu ao sistema defranchising para expandir seus ser-viços a todo o Brasil. “Esperamosatingir 30 franquias até o fim doano e, para 2007, pelo menos do-brar esse número”, diz. Ele sabeque a falta de conhecimento emgestão empresarial é apontada pe-los empreendedores como um dosprincipais entraves para o sucessodas empresas brasileiras. Segundoestimativas do Sebrae, existem cer-ca de 3,5 milhões de pequenos em-preendimentos no país, metade sãomicroempresas. Apenas 30% dasempresas sobrevivem por mais decinco anos.

O Clube do Empreendedor pro-move reuniões entre empreendedo-res – chamadas de Fóruns de Ne-gócios – onde pequenos e médiosempresários acompanham palestrase compartilham experiências reaise conhecimentos. “Nós contribuí-mos para minimizar a angústia so-litária da tomada de decisões”, dizTrevisan. A rede tem em sua es-trutura consultores seniores queorientam empreendedores na áreade gestão de talentos e na forma-tação de planos de negócios.

A idéia é fazer com que o fran-queado faça apenas a coordenaçãoe a mediação dos fóruns, com todosuporte tecnológico garantido pelofranqueador. Por isso, o Clube doEmprendedor tem a vantagem deexigir um investimento para a mé-

dia do setor, de R$ 23 mil a R$ 39mil, já incluindo taxa de franquia ecapital de giro. O faturamento mé-dio mensal previsto gira em tornode R$ 15 mil. Trevisan explica queo franqueado fica com 80% do va-lor arrecadado com as mensalida-des dos associados, o resto é dire-cionado aos royalties e investimen-to em publicidade.

A companhia presta auxílio aofranqueado tanto na seleção do lo-cal do fórum quanto no treinamen-to que pode ser feito por meio deaulas presenciais ou de ferramen-tas de ensino a distância. A empre-sa também oferece um sistema degestão de franquia e uma central decompras, além de ensinar comocomercializar os produtos. Trevi-san também investe na transparên-cia, através do Conselho de Fran-quia e do ClubNet, um canal aber-to de comunicação.

“Nosso negócio não exige queo franqueado tenha instalaçõesespeciais, podendo operar a partirde um home office, pois suas ati-vidades são desenvolvidas fora dasede, em salas adequadas para reu-

niões empresariais”. A preferência,segundo Trevisan, é por candida-tos a franqueados que saibam me-diar debates de interesse comumdos grupos. Esse perfil é preenchi-do por consultores, gerentes debancos ou empresários. Cada fran-queado poderá formar até quatrogrupos de debate, com quinze as-sociados em cada um. O conceitovem dando tão certo que o Clubedo Empreendedor fechou contratocom um franqueador master na Ar-gentina. Trevisan diz que o negó-cio surgiu a partir de contatos rea-lizados durante uma feira da Asso-ciação Argentina de Franchising(AAF).

Rogério Rocha e Silva Mandet-ta, executivo da HGK Moldados dePrecisão e cliente da rede de fran-quias, diz que sempre encontra so-luções para problemas do dia-a-diaempresarial nas conversas das reu-niões. “Relacionamento, troca deexperiências, transparência e com-prometimento entre os integrantesdesse grupo de empresários fize-ram-me um assíduo participante doClube do Empreendedor”, diz.

Trevisan: “Nosso negócio não exige que ofranqueado tenha instalações especiais,podendo operar a partir de um home office”

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Nome completo: Wilson TrevisanEmpresa: Clube do EmpreendedorRamo de atuação: Rede deEmpreendedores AssociadosAno de fundação: 2002Início do Franchising: 2006Número de franqueados: 1próprio e 1 franquiaTaxa de franquia:R$ 15 mil a R$ 31 milRoyalties: 18% da receita mensalTaxa de publicidade:2% da receita mensalInvestimento médio:R$ 23 mil a R$ 39 mil(incluindo taxa de franquia e capitalde giro)Retorno do investimento: 12 mesesFaturamento mensal:R$ 15 mil (média)Regiões de interesse:Todas as praças/ BrasilContatos:(11) [email protected]– www.clubedoempreendedor.com.br

Capital humano

Um estudo feito pela consulto-ria Manpower, especializada emRecursos Humanos, concluiu que40% dos empregadores mundiaisdizem sentir falta de candidatosqualificados para ocupar certasposições. A pesquisa envolveu 33mil empresas, em 23 países, inclu-indo o Brasil. “O Clube do Empre-endedor, através de seus consul-tores, já ajudou centenas de em-presários nos processos de recru-tamento, retenção, desenvolvimen-to e treinamento de pessoal”, dizTrevisan.

O produto Gestão de Talentos éfeito através de uma análise de to-dos os empregados do cliente oumesmo de um grupo específicopara avaliar cada perfil. “Desdeexecutivos até os de nível hierár-quico mais baixo, comparando ocargo com as tarefas exercidas ou

a exercer e otimizando e direcio-nando o potencial de cada um”. Poruma questão de agilidade, o servi-ço funciona através de um sistemaon-line, e os questionários e os re-latórios são enviados pela internet.A empresa mantém um banco dedados com avaliações de compor-tamento, capacidade, competênci-as e habilidades dos funcionáriosanalisados. Depois do teste de per-fil pessoal, por exemplo, é possí-vel conhecer as características decada líder e assim adequar os pro-fissionais aos cargos. “Para mim omapeamento feito pela área de ges-tão de talentos foi muito útil, poisconsegui resolver minhas dúvidasem relação às pessoas que seriammais indicadas nas posições den-tro da organização da minha em-presa. Hoje uso o mapeamento paraotimizar o monitoramento das pes-soas”, diz João Bahia, da Hontech,do setor metal-mecânico.

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Franquias

É possível aliar franquia, lojas vir-tuais e venda de porta em porta em ummesmo negócio? Pois foi essa a per-gunta que Shlomo Revi, responsávelpela área de franchising, fez a si mes-mo muitas vezes, até conseguir encon-trar uma resposta positiva. A Zets, fran-quia de loja virtual pertencente a Ezco-net, empresa fundada por ClementAboulafia em 2000 e que atua com co-mércio eletrônico, é uma prova disso.A idéia de adotar o franchising, pormeio da marca Zets, veio da necessi-dade de compartilhamento. “Em cer-tos casos, o modelo de negócio ofere-cido pela rede exige um ponto comer-cial, estoques e funcionários”, diz. “AZets permite que os franqueados tra-balhem em casa, sem que precisem sepreocupar com os custos existentesnuma loja tradicional.”

Mas como fazer isso? O modelo pre-tendido era inédito dentro e fora do país.Era preciso criar tudo. Ter muita criati-vidade e trabalhar duro para prever eencontrar uma solução dos potenciaisproblemas e resolver os que apareciam,aprimorando a cada dia o sistema. A fór-mula encontrada foi manter o estoque,providenciar a embalagem dos produ-tos e enviar o pedido ao cliente. “O em-presário (franqueado) mantém a aten-

As boas chances oferecidas pelas lojasvirtuais que atuam no comércio eletrônico

Trabalho em casa

ção exclusivamente nas vendas. Na prá-tica, o franqueado (empreendedor) daZets é um promotor de vendas que uti-liza a vitrine da empresa, na internet,compartilhando o processo com ela (fe-chamento de pedidos)”, diz.

Nascido na cidade de Tel Aviv, Is-rael, Revi veio para o Brasil em 1991para trabalhar como diretor de umaempresa de informática. A experiênciaacumulada na área ajudou a determinaras estratégias que levaram à consoli-dação da marca no mercado. A partirdo foco de atuação da Ezconet, ofere-cer serviços que integrassem o comér-cio tradicional e o virtual, foram de-senvolvidas as soluções de e-commer-ce e logística para comercializar maisde 600 itens, desde telefonia (móvel efixa), produtos de informática e eletrô-nicos até artigos para presentes.

Três anos depois da fundação, a em-presa, com sede em São Paulo, optoupor adotar o sistema de franquia comoestratégia de expansão. Ao todo são 6unidades próprias e 15 franqueadas e aperspectiva até o final deste ano é ampli-ar esse número, pois Revi já negocia compotenciais franqueados e conta com 360interessados. A oportunidade encontradatambém foi decisiva para os resultadosobtidos. “Os concorrentes, por exemplo,Americanas e Submarino, trabalham paraeles mesmos, não existe a idéia de com-partilhar. Por enquanto, não há uma em-

presa que dá um sistema completo, umaloja”, diz Revi.

O fortalecimento da marca é feitoprincipalmente por meio de campanhaspublicitárias e pelos próprios franquea-dos. O investimento, em média, para setornar um franqueado é de R$ 5 mil e umdos critérios de seleção é “ser um em-preendedor com visão”, diz. “Recebe umsistema completo com controle das ven-das, acompanhando cada etapa do pedi-do, comissão, estatística, colocação (semlimite) de vendedor para a loja, venderatravés de um Palm, ou similar. Acessoilimitado em qualquer lugar do mundo.”

As dificuldades existem e estão rela-cionadas com a falta de conhecimentodo uso da tecnologia. Não por parte dofranqueado que recebe treinamento esuporte completo, mas do cliente quemuitas vezes tem receio de fazer com-pras pela internet. Os motivos princi-pais são as dúvidas quanto à segurança,saber de quem está comprando e se vai,de fato, receber o produto. Mas com autilização de servidores seguros paratransação via cartão de crédito, atenden-tes que prestam ajuda on-line e o gran-de número de detalhes dos produtos (ta-manho, peso, cores, padrões e versões)os mitos dão lugar à satisfação, garanti-da por esse novo modelo de franquia.

Responsável: Shlomo ReviIdade: 53Local de nascimento:Tel Aviv (Israel)Formação: InformáticaEmpresa: Ezconet S/ARamo de atuação:franquias de lojas virtuaisAno de fundação da empresa:2002Cidade-sede: São Paulo (SP)

Revi: investimento de R$ 5 mil eacesso ilimitado em todo o mundo

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Franquias

Para tentar conseguir o mesmo de-sempenho das franquias – mais de 90%completam o terceiro aniversário, en-quanto nas empresas convencionais esseíndice baixa para 40% – as instituições,entidades e organizações que fazem partedo chamado terceiro setor (não-gover-namental e sem fins lucrativos) estãoaderindo ao sistema. Batizada de Fran-quia Social, a modalidade já tem bonsexemplos. Segundo o consultor Marce-lo Cherto, presidente do Grupo Chertoe do Instituto de Franchising, FranquiaSocial é uma forma de replicar e disse-minar programas sociais bem-sucedidosutilizando os mecanismos típicos de umaoperação de franchising empresarialcom a criação de ‘unidades remotas’desses programas sociais.

Projetos em expansão“Cada unidade é implan-

tada, operada e gerida porum franqueado, que tantopode ser outra ONG ouuma empresa. Um franque-ado que, como qualquer ou-tro, tem direito ao recebi-mento de uma Circular deOferta de Franquia, cele-bra com o franqueador umcontrato, recebe dele ma-nuais, capacitação, supor-te e tudo mais. A única coi-sa que o difere de um fran-queado empresarial é ofato de sua franquia não ter fins lu-crativos”, explica.

O Grupo Cherto implantou dezenasde operações de franchising social, epor isso, atesta que é viável replicar, comsucesso, uma creche para crianças ca-rentes, um centro de ensino de infor-mática para jovens em situação de ris-co, uma escola profissionalizante, umaunidade de alfabetização de adultos ou

As próprias redes de franquias estão se mobilizando e par-ticipando mais ativamente de ações de responsabilidade soci-al. A criação da Associação Franquia Solidária (Afras) revelaisso. A rede de cafeterias Fran’s Café está com 20 jovens em-pregados através do programa Primeiro Emprego do gover-no Federal que valoriza a inserção no mercado de trabalho.Desde o ano passado, a rede é uma das 60 empresas paulistas

Responsabilidade social na redeque fazem parte do projeto. Já são mais de 2.000 empregosgerados para a população de baixa renda.

Para a empresa, esta contratação poupa procura e treina-mentos iniciais e garante o retorno social: “fazemos parte dainserção desses jovens no mercado de trabalho, e de umaforma correta e segura, o que é muito gratificante”, explicaTereza Mello, uma das franqueadas que já contratou três pes-soas através do Programa.

Um desses atendentes é Danilo Gomes, 18 anos. Ele procu-rava emprego há mais de sete meses e, assim que entrou noprojeto, foi indicado para a vaga no Fran’s Café. Ele, que pre-tende fazer faculdade de turismo, treina o atendimento ao pú-blico servindo os consumidores. “O melhor do programa éter uma ferramenta que te dá mais oportunidades”, afirma.

Para Wagner Souza, assessor da equipe de inserção do Pro-grama Primeiro Emprego, a participação de empresas comoo Fran's Café serve de exemplo para outras franquias aderi-rem. Existem duas opções de participação: por subvençãoeconômica ou divulgação do selo do programa. No caso doFran’s, por causa do grande número de lojas, ambos são feitos.O projeto aumenta o banco de dados de novos valores e pro-move desenvolvimento social. Para fazerem parte do projeto,as empresas precisam estar em dia com os impostos federais.

Danilo e Tereza: inserção de jovens no mercadode trabalho de uma forma correta e segura

qualquer outra atividadesem fins lucrativos queseja bem-sucedida.

O próprio consultordá os exemplos como ascerca de 800 escolas deinformática e cidadaniafranqueadas pelo CDI –Comitê de Democratiza-ção da Informática(www.cdi.org.br), ins-taladas em favelas, re-servas indígenas, asso-ciações de assistência amoradores de rua e ou-

tras ONGs. Ou as mais de 50 franqui-as de centros de formação profissio-nalizante Formare, da Fundação Iochpe(www.fiochpe.org.br), que funcionamdentro de empresas como Aché, Bos-ch, Coteminas, Pirelli, Mahle, Suzano,Videolar e outras. “Essas e outras fran-quias sociais bem estruturadas e bemimplementadas vêm produzindo resul-tados tangíveis”, diz Cherto.

Cherto: a únicadiferença é não terfins lucrativos

O sucesso de programasque se multiplicam viafranquias sociais

CASA DA PHOTO

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FranquiasEducação voluntáriaPrograma Formare promove capacitaçãodos jovens de famílias de baixa renda

Os resultados obtidos com a ca-pacitação dos jovens de famílias debaixa renda, que participaram do pro-grama Formare, foram decisivos paraa ampliação do projeto. Criado em1989, o programa nasceu com o ob-jetivo de desenvolver potencialidadespor meio da formação profissional eintegrar os jovens à sociedade comoprofissionais e cidadãos. A forma demultiplicar o Formare, atendendomaior número de empresas parceirase, conseqüentemente, de jovens, foitransformá-lo em franquia social, em2000. “Nessa época contávamos comsete escolas e sentimos que o projetojá interessava outras em-presas. Vimos aí uma opor-tunidade de crescer e levara proposta a outras comu-nidades e assim atender amuito mais jovens”, dizBeth Callia, coordenadoranacional do programa.

As primeiras unidadesforam implantadas dentrodas empresas Iochpe-Maxi-on, grupo empresarial naárea de autopeças e equipa-mentos ferroviários, nas ci-dades de Canoas, Rio Gran-de do Sul, e São Bernardo

do Campo, São Paulo. Hoje, a rede con-ta com 61 escolas, 38 empresas par-ceiras, mais de 1.100 alunos estão emcurso e, no mês de maio, ultrapassou amarca de 4 mil jovens formados. “Apartir de um modelo consolidado, nonosso caso, ao longo de anos de expe-riência, partimos para a construção demanuais orientadores que apóiam aimplantação e o desenvolvimento daação social e assim iniciamos a cons-trução de uma rede que compartilhaideais e objetivos comuns”.

Antes de formatar esse modelo defranquia no país, foi preciso registrardetalhadamente todos os procedimen-

tos de implantação,monitoramento e ava-liação do projeto. De-pois, elaborar manuaispara orientar e facilitara sua implementaçãonas diversas comuni-dades, beneficiandoprincipalmente as queestão situadas em tor-no das empresas. “Alegislação das franqui-as comerciais serviu debase à construção dosdocumentos que for-malizam a parceria en-

tre a Fundação e as empresas que fa-zem parte da Rede Formare”, diz.

Com eficiência e eficácia com-provadas, pois os jovens saíam docírculo vicioso no qual não conse-guiam emprego por falta de experi-ência nem experiência por falta deemprego, o programa se tornou re-ferência para outras instituições doterceiro setor, que querem se tornarfranquia social. “Nossa maior con-tribuição foi na difusão de um con-ceito antes restrito à área comerci-al, que passou a ser considerado umaalternativa de crescimento sustentá-vel para um projeto social”.

A rede faz acompanhamentos fre-qüentes, incluindo visitas técnicas deavaliação, e presta assessoria às em-presas durante todo processo de im-plantação e gestão da Escola Forma-re. “Desenvolvemos o curso e forne-cemos o material de apóio pedagógi-co, promovemos programas de capa-citação para coordenadores e educa-dores voluntários, que são os própri-os funcionários das empresas, trans-ferindo a eles todo o conhecimento daoperação social”. Também tem con-vênio com a Universidade Tecnológi-ca Federal do Paraná (UTFPR) e par-ceria com o site Curriculum.com.br,que possui um banco de currículosexclusivo para alunos Formare, coma intenção de contribuir na inserçãoprofissional dos jovens atendidos.

Para implantar uma escola Forma-re, conforme a coordenadora, a em-

Beth e o programaFormare: ideais eobjetivos comuns

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Convívio vantajosoNo Projeto Pescar, 75% de um total de 10 mil jovensestão empregados e 8% têm seu próprio negócio

Presenciar um assalto cometido porum jovem, em frente à sede da Federa-ção das Indústrias do Estado do Rio Gran-de do Sul (RS), em Porto Alegre, em1976, levou o empresário Geraldo Tol-lens Link a tomar a decisão de fazer al-guma coisa para que a cena não se repe-tisse mais. Nada de doações e medidaspaliativas, Link queria fazer algo que re-almente mudasse a vida das pessoas,algo que abrisse perspectivas. A saídafoi criar dentro de sua própria empresa,a Link S.A., revenda de máquinas e equi-pamentos rodoviários, um espaço des-tinado a acolher jovens em situação devulnerabilidade social da vizinhança eprepará-los para o primeiro emprego,dando-lhes, além de iniciação profissio-nal em mecânica e noções de cidadania.Nascia assim o Projeto Pescar.

Hoje o projeto é capitaneado pelaFundação Projeto Pescar, criada em1995, em parceria com o Governo Es-tadual, para financiar o crescimento dasatividades e a expansão das escolas quederam bons resultados já no primeiroano, quando quinze alunos se formarame conquistaram vagas no mercado detrabalho. O curso foi sendo reestrutu-rado, ganhando módulos sobre higiene,normas de convívio social, estágios naárea administrativa e muitos parceiros.A partir de então as parcerias passarama ser formatadas no modelo de franqui-as e a iniciativa foi disseminada em todoo país, gerando uma rede de 87 empre-sas franqueadas em nove estados e noDistrito Federal, e mais sete unidadesna Argentina, onde atua desde 2003.

“Franquia Social é uma forma de fazerum projeto social se replicar, ter boaqualidade e sustentabilidade”, diz RoseMarie Vieira Motta Linck, presidente daentidade. Cerca de 10 mil jovens já pas-saram pelas franqueadas, sendo quecerca de 75% estão empregados e 8%têm seu próprio negócio.

Segundo Rose Marie, para ser umfranqueado basta ter o desejo de desen-volver um projeto social, já estruturadoe de sucesso. O custo da franquia é dedois salários mínimos mensais, mais ocusto de infra-estrutura e contrataçãodo orientador – uma sala nas dependên-cias da empresa, mesas e cadeiras paraos jovens, uma mesa para o orientadorcontratado e um quadro-negro. O res-tante é facilmente conseguido atravésde parcerias com fornecedores e aulascomplementares e palestras podem serministradas por voluntários e amigosda empresa das mais diversas áreas pro-fissionais. A Fundação dá suporte paraa implantação, cursos de aperfeiçoa-mento e uma série de serviços, além dadivulgação dos franqueados.

Nome completo: Rose MairieVieira Motta LinckIdade: 64Formação: PublicitáriaEmpresa: Fundação Projeto PescarRamo de atuação:Terceiro Setor – EducaçãoAno de fundação da empresa:1995Cidade-sede: Porto Alegre / RSNúmero de funcionários: 11

Nome completo: Beth CalliaIdade: 47 anosLocal de nascimento:Rio de Janeiro (RJ)Formação: Licenciatura em Letraspela Universidade Santa Úrsula no Riode JaneiroEmpresa: Fundação Iochpe –Projeto FormareRamo de atuação: Terceiro setor –educação profissionalAno de fundação da empresa:1989 (Fundação Iochpe)Cidade-sede: São Paulo (SP)Faturamento: Entidade sem finslucrativosNúmero de funcionários: 23

presa precisa oferecer instalações paraa sala de aula e funcionários com tem-po para atuarem como educadores vo-luntários. Também deve fornecer ali-mentação, transporte, assistência mé-dica e odontológica, seguro de vida,bolsa auxílio e contribuir para o Fun-do de Desenvolvimento da Metodolo-gia Formare, que é destinado a man-ter a estrutura de suporte à rede defranqueados. O projeto atende empre-sas com mais de 300 funcionários e oinvestimento médio é de R$ 7.500,00por mês. “Temos experiências comempresas menores que, em algunscasos, apresentaram dificuldades emconseguir o número adequado de vo-luntários, mas estamos modelando aestrutura do projeto para atender tam-bém empresas de menor porte”, diz.

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Beleza Negra

32 – Empreendedor – Junho 2006

Opção étnica

Beleza Negra

32 – Empreendedor – Junho 2006

Empreendedores de produtos e serviçospara afro-descendentes ganham força aoenfrentar o preconceito e a exclusão

O mercado da beleza acordou tar-de, mas finalmente despertou para umnicho de consumidores em potencial:os afro-descendentes. Na última déca-da teve início a fabricação, com maiorintensidade, das linhas de produtos co-nhecidos como afro-étnicos, para aten-der a demanda que sempre existiu. Apartir dessa época, aumentaram as op-ções de cosméticos com formulaçãoespecífica e adequada ao tipo de pele ecabelo da população negra, e com issocontribuíram para melhorar a sua auto-

estima, secularmente menosprezada pe-las condições desumanas e pela exclu-são social. “Sob o ponto de vista soci-al, produzir cosméticos desenvolvidosde acordo com as características dapele negra é fazer justiça a um grupode consumidores com necessidades es-pecíficas e que por muito tempo nãoteve a atenção que merece. Historica-mente encontramos uma grande injus-tiça no tratamento da etnia negra”, dizAlberto Keidi Kurebayashi, diretor daAssociação Brasileira de Cosmetologia

(ABC) e coordenador científico do con-gresso brasileiro de cosmetologia.

Surgiram e se tornaram freqüen-tes os salões de beleza especializadose hoje o badalado mundo das passa-relas e da moda conta com suas mo-delos e manequins negras cada vezmais requisitadas. A TV e as revistasde moda também ajudaram a vincu-lar a imagem da população negra aoconsumo de cosméticos e a refletiu,como um espelho, onde passou a versua imagem associada à beleza. A con-quista se deve, principalmente, aosempreendedores afro-descendentesque se dedicam a criar produtos paraesse público. “Do ponto de vista mer-cadológico existe aí uma grandeoportunidade e um imenso mercado.

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Junho 2006 – Empreendedor – 33

A mulher negra valoriza sua beleza na-tural e busca sua identidade através devárias formas, em especial, através dotratamento de seus cabelos”, diz Kure-bayashi. Existem atualmente diversastécnicas e processos químicos comoalisamento, relaxamento e alongamen-to, que podem ser aplicados nos cabe-los. “A oportunidade está em desenvol-ver e oferecer produtos para esses fins,que não sejam agressivos e com eficá-cia comprovada, satisfazendo os ansei-os da população”.

Uma pesquisa realizada pela Associa-ção Brasileira da Indústria de Higiene Pes-soal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec),mostra que mais de 60% das brasileiraspossuem cabelos cacheados, onduladosou crespos, devido à miscigenação dopovo brasileiro. “É interessante destacarque as formulações para o mercado afro-étnico atendem bem a este grupo da po-pulação. Em relação aos cabelos, estesdispõem de pouca atuação da glândulasebácea. A oleosidade produzida não ésuficiente para atingir toda a fibra capi-lar, tornando os fios ressecados e comvolume” diz o diretor da ABC.

No país, os produtos étnicos movi-mentaram R$ 860 milhões em 2005,participação de 5,6% do mercado decosmético total, que alcançou cerca deR$ 15 bilhões no ano passado, de acor-do com dados da Abihpec. O Brasil estáentre os cinco maiores consumidoresmundiais de cosméticos. “Por sua gran-de diversidade de raças e etnias, a in-dústria brasileira é altamente ca-pacitada para produzir os mais di-ferentes cosméticos, que atendamàs necessidades de cada segmen-to do mercado. Levando em con-ta a grande população afro-des-cendente do Brasil, é muito positi-vo o crescimento na procura pe-los produtos étnicos, já que elespodem oferecer cuidados especi-ais a esses consumidores”, dizJoão Carlos Basilio da Silva, pre-sidente da Abihpec.

O mercado de cosméticos,conforme Kurebayashi, acompa-nha as alterações sócio-econômi-

cas do Brasil. No início, os produtoseram direcionados para um públicocom baixo poder aquisitivo. “Depois,descobriu-se que esta atitude estavaerrada, o grupo afro-étnico não se im-porta em pagar mais por um produtopara seu consumo, desde que este sejaefetivo e atenda às suas necessidades.Hoje encontramos produtos sofistica-dos, com alta tecnologia e mais caros”.

Nem todos têm condições financei-ras para comprar um bom produto. Oconsumo dos cosméticos pela popula-ção negra cresce na medida em que seaumenta a inclusão dessas pessoas nomercado de trabalho. A taxa de desem-prego, maior entre os negros, e os valo-res de salários refletem diretamente nopoder de compra. A mulher negra fica naúltima escala como consumidora. Ganhamenos da metade do que as mulheresbrancas e menos do que os homens ne-gros, que recebem, em média, um terçodo salário dos homens brancos. “O aces-so ao consumo reflete a condição eco-nômica e o quadro social em que vive apopulação negra no Brasil”, diz João Car-los Nogueira, sociólogo e atual consultorespecial da Presidência da República.

Dívida histórica

Apenas 3,8% dos empreendedoresdo país são afro-descendentes. Um nú-mero muito pequeno se comparadocom a parcela que a população repre-senta no país, praticamente metade dos

brasileiros, 48%, conforme pesquisa doIBGE. Os que apostaram e venceramtiveram persistência suficiente para en-frentar as dificuldades inerentes ao atode empreender no Brasil e muita cora-gem e paciência ao driblar algo maissério: as desigualdades. “As pesquisasnos mostram que a população negra éa mais pobre entre os pobres, porquevivemos uma história longa de exclu-são social”, diz a ministra Matilde Ri-beiro da Secretaria Especial de Políti-cas de Promoção da Igualdade Racial(Seppir), em entrevista publicada pelaAgência Brasil.

Os motivos são históricos e seu iní-cio remete à chegada dos africanos nopaís, trazidos como escravos. Por maisde 350 anos, a baixa auto-estima foiincutida a ferro e fogo, em condiçõesdesumanas que lesaram essa fatia dapopulação por gerações. Com o fim daescravidão, em 1888, os negros, mes-mo libertos, foram excluídos, em qua-se sua totalidade, da vida social, políti-ca e econômica, ficando de fora do de-senvolvimento do país. “A comunida-de negra sempre teve pouco acesso àsriquezas do país. Ela está sempre abai-xo da linha da pobreza em todo o Brasile também no campo empreendedor”,diz João Bosco, presidente da Associa-ção Nacional dos Coletivos de Empre-sários Afro-Brasileiros (Anceabra).

Depois de 500 anos, ainda há res-quícios da exclusão. Os afro-descen-dentes não possuem, ou têm pouca he-

rança empreendedora, porquenão tinham oportunidade de se-rem proprietários. Hoje, muitosnão se vêem como donos do pró-prio negócio. “Não conseguimosconstruir uma vertente empreen-dedora como a que já aconteceem outras etnias desde os sécu-los passados. As famílias tiveramtoda uma história pré-estabeleci-da para isso, o que não ocorreucom os negros”, diz Bosco. Au-mentar a relação empresarial éfruto de trabalho voltado, princi-palmente, às camadas de baixarenda, com motivação e prepa-

João Basilio,da Abihpec:cuidados especiais

Matilde Ribeiro,da Seppir: longahistória de exclusão

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ração dos pequenos empreendedores.“Nosso papel é abraçar essas pesso-as, reciclá-las, capacitá-las e desen-volver com elas a cultura e a mentali-dade empreendedora.”

Uma das dificuldades do empresá-rio negro em progredir é a falta de ca-pacitação. As ações da entidade, queconta atualmente com 1.180 associa-dos – presente no Distrito Federal e nosEstados de São Paulo, Rio de Janeiro eMinas Gerais – vão desde a incubaçãode empresas até a realização de cursosde gestão empresarial. A capacitação éfeita junto à população por comissões

provisórias, atuantes naBahia e Goiás, e já em im-plantação no Rio Grande doSul e Santa Catarina. Elasvão permanecer por doisanos sob a tutela da Ance-abra, para depois funciona-rem como uma entidadeautônoma. “O que chamaa atenção é que muitas pes-soas que não tinham nemidéia do que é empreender,saem do curso pensandoem abrir uma empresa”, diz Bosco. “Háum jovem, cuja mãe é lavadeira, que viu

que pode ser dono de umalavanderia. Estamos cri-ando uma consciência.”

Mas a situação seagrava quando se tratado acesso ao crédito,em geral, o grande vi-lão dos empreendedoresbrasileiros. A maioriados empréstimos não éconcedida pela falta deuma garantia comocontrapartida. Com is-

so, as camadas mais pobres são asmais atingidas. E a burocracia aumen-ta quando, além de baixa renda, a pes-soa que necessita do financiamento éafro-descendente. “Como uma popu-lação de 80 milhões de pessoas não évista como aporte econômico, esse éo momento propício para se começara construir essa relação empreende-dora”, diz Bosco.

O sociólogo e atual consultor es-pecial da Presidência da República,João Carlos Nogueira, avalia que a po-pulação negra vai menos às agênciasbancárias para fazer um empréstimo,porque a credibilidade dela com o in-terlocutor é muito baixa. “As pergun-tas que o gerente faz para um empre-endedor negro são bem mais exigen-tes do que para o empreendedor bran-co que já está no mercado. Criou-seuma mentalidade de que negros sãomaus pagadores e não é verdade.Deve-se dar chances iguais e não dis-criminar”, diz.

Para diminuir essa disparidade foifirmada uma parceria entre a Ancea-bra, a Seppir e o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social(BNDES) que facilita o acesso ao cré-dito ao micro e pequeno empresárioafro-descendente. O propósito é finan-ciar 50 mil empreendimentos, que ga-rantiria, conforme a ministra do Sep-pir, o desenvolvimento econômico esocial e fortaleceria a ação dos empre-endedores negros no país, resultandona construção de uma classe empre-sarial e distribuição de renda. A esti-mativa é criar 370 mil empregos.

Nogueira: baixacredibilidade nasagências bancárias

Modelos de agênciasespecializadas abrem mercadoe conquistam clientes

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Quando se mudou de São Paulo paraFlorianópolis em 1994, Solimar Nasci-mento Antualpa não planejava abrir umaempresa. Muito menos esperava queseus filhos viessem, mais tarde, a aju-dá-la a tocar seu empreendimento. An-tes, na capital paulista, era secretáriabilíngüe e em virtude de sua profissãonão podia ser descuidada com a apa-rência. Costumava freqüentar salões debeleza étnicos e nos finais de semanaaproveitava para fazer alguns trabalhostemporários nessa área, como autôno-ma. Algumas empresas recrutavam pes-soas para se deslocar e atender clien-tes em cidades próximas e ela fazia partedessa equipe. Ao chegar na capital ca-tarinense não conseguiu encontrar em-prego como secretária. “Descobri queem Florianópolis o mercado de traba-lho era bem mais restrito e não conse-gui vagas na minha profissão”, diz.

Mas a decisão de montar o próprio

Solimar encontrou quem precisasse de um visualmais adequado às características da pele e do cabelo

Novos salões de beleza

negócio veio por não existirem, na épo-ca, salões de beleza especializados paraafro-descendentes. Oportunidade queencontrou de forma dolorosa: o precon-ceito sofrido reforçou a determinação deser empreendedora. Seus quatro filhos,ainda pequenos, foram convidados a fa-zer parte do quadro de modelos de umaagência. No término do treinamento, mi-nistrado a todos os novos manequins daagência, estava marcado um grande des-file. Uma de suas filhas foi escolhida parair vestida como “daminha”, fazendo com-panhia a uma moça trajada de noiva. Nodia da formatura, procurou um salão paralevá-la a fim de fazer alguns retoques.“Não permitiram nem que eu entrasse nosalão. Fui barrada pelo dono antes de abrira porta, dizendo de forma pejorativa quenão colocava a mão nesse tipo de cabe-lo. Desde aquele dia sempre disse: ‘aindavou ser uma cabeleireira nessa cidade’.”

Ela mesma cuidou dos cabelos dos

filhos e do seu próprio. Era seu portfó-lio e o início das atividades da BlackRose, salão de beleza que atende todasas etnias, mas com foco na afro-des-cendente. As pessoas viam, gostavame pediam que fizesse igual no cabelodelas. Aos poucos, Solimar foi conquis-tando a clientela pelo trabalho que de-senvolvia e realizando seu desejo de sercabeleireira. Depois, com o andamen-to do negócio, teve que ampliar o sa-lão. Hoje, com os filhos já crescidos,mantém a mesma estratégia de quandocomeçou: fazer o serviço com qualida-de. “Pode ter certeza que assim o cli-ente vai voltar sempre”, diz.

Mas para isso é necessário estar mui-to bem capacitado. Solimar sempre pro-curou aprender novas técnicas com ou-tros profissionais que teve oportunidadede conhecer durante as viagens de traba-lho. Mas a sala de aula foi a principal emais importante fonte de conhecimento.Para se aprimorar, participou de cursosoferecidos por instituições como a Casada Cultura Afro-Brasileira de São Paulo.Foi lá que aprendeu a fazer tranças afro,por exemplo, com alguns africanos.“Quando cheguei em Florianópolis, todas

Solimar: “Fui barrada pelodono antes de abrir a porta”

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A agência de modelos que começouatendendo pelo telefone público

Um toque, um contrato

Coragem e determinação são ca-racterísticas marcantes na trajetóriaempreendedora de Helder Dias Araújoe na sua luta para conquistar um es-paço no mercado. Montar a HDA Mo-dels, agência especializada em mode-los negros, foi a concretização de umsonho, alcançado em 2000. Mas pararealizá-lo foi necessário abandonar abem-sucedida profissão de coreógra-fo, muito requisitado nos Estados daBahia e do Sergipe, e enfrentar umavida cheia de sacrifícios. Deixou paratrás sua terra natal, a cidade de Alago-inhas, localizada a 108 Km de Salva-

dor, e veio para São Paulo, em 1996.A grande responsável pela mudan-

ça foi na verdade sua própria irmã,Raineldes Dias. A vinda para a capitalpaulista tinha um propósito ainda mai-or, o de trazê-la para participar de umconcurso de beleza que escolheria asmais belas negras do Brasil. Era aoportunidade única para que sua irmãpudesse fazer parte da maior vitrinede moda do país. O talento e a belezadela, que Araújo tanto ressaltava, tam-bém encantaram os jurados. Raineldesficou em terceiro lugar e logo come-çou a aparecer trabalho.

as mulheres negras usavam cabelo alisa-do por chapinha. A trança foi uma dasnovidades que passei a oferecer.”

A história de Solimar, como a de tan-tas outras mulheres, principalmente afro-descendentes, poderia ter sido escrita econtada de forma diferente se não fossea coragem e o esforço contínuo para en-frentar os desafios. Ela também passoupor situações desagradáveis quando ten-tou um financiamento para ampliar seunegócio. Procurou as agências de fo-mento para ter acesso ao crédito, pre-encheu formulários intermináveis, masnão obteve o empréstimo desejado. “De-pois caiu a ficha. Falei com um amigopara me assessorar e ele conseguiu re-solver tudo com muita facilidade, porser homem e branco”, diz. “Todos têmdificuldades, especialmente os mais po-bres, mas os cidadãos afro-descenden-tes têm que provar que são realmentehonestos”. Mesmo com tantos proble-mas ela não desanimou. “Basta falar queé impossível para aumentar a minha von-tade de realizar. Se não te derem opor-tunidades, lute para conseguí-las.”

A idéia de Maria do Carmo Valériode montar a Muene Cosméticos surgiuno início da década de 80, depois deuma campanha beneficente, da qual par-ticipou. Junto com um grupo de se-nhoras, ela foi a um programa na TVCultura, chamado Palavra de Mulher,pedir auxílio para construção de umhospital. Antes de estar na frente dascâmeras, o maquiador passou um pro-duto nelas que era inadequado ao tipode pele, deixando-as com o rosto pin-tado, como se usassem uma máscara.Tentaram tirar a maquiagem e não con-seguiram, então tiveram que aparecerno vídeo assim mesmo como estavam.“Foi um sucesso e conseguimos o do-

Maria do Carmo foi aplaudida de pé por não terse rendido aos limites impostos pelo hábito

Fórmula para mudar

nativo”, diz Maria do Carmo. “Mas fo-mos pesquisar e descobrimos que nãoexistia maquiagem para pele negra. Osfabricantes no Brasil não investiam,alegando que negro não envelhecia enem dava lucro”.

Até esse momento, Maria do Car-mo acreditava não haver distinção,mas nenhum tipo de cosmético queutilizava no dia-a-dia era apropriadopara ela. Depois de verificar que nãohavia interesse dos fabricantes emmudar a postura, resolveu criar umaempresa e fabricar ela mesma os pro-dutos. Para acertar a fórmula foimuito difícil, pois não existia pesqui-sa na área. A empresária foi em bus-

ca de um químico que pudesse des-cobrir qual o potencial de hidrataçãoespecífica da pele negra para se che-gar em uma formulação correta. “Ven-di um apartamento e troquei um car-ro 0 Km por um usado, mais barato,para fazer frente, pois muitas pesso-as me recebiam dizendo que se eu nãotivesse dinheiro nem me atenderiam”.

Chegou a fazer diversas viagens aoexterior para encontrar alguém especia-lizado, mas não obteve resultado. EmParis, recomendaram uma profissionalbrasileira com as características ade-quadas ao que ela procurava. Voltou aoBrasil e quando finalmente a localizou,no Rio de Janeiro, se decepcionou coma atitude dela. “Ela perguntou, surpre-sa, como tinham me deixado entrar nes-se ramo, pois ele era fechado. E medisse: ‘desculpe, mas se a senhora fos-se branca te ajudaria’.” Maria do Car-mo não desistiu e logo encontrou ou-tro químico que topou ajudá-la. Jun-

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tos, começaram a desenvolver os pro-dutos, fazendo os testes nela mesmapara que os cosméticos tivessem o efei-to desejado, sem causar nenhum danoà pele. “Tenho uma perna mais escurado que a outra, mas continuo experi-mentando”, diz. As dificuldades nuncaatrapalharam seu incrível bom humor,nem sua disposição para dançar seu rit-mo preferido, o samba. Quando sobratempo ela também é escritora.

A persistência de Maria do Carmovem da paixão por essa área de ativida-de, a qual dedicou boa parte dos seus73 anos. Trabalhou em diversas em-presas de cosmético e chegou a parti-cipar de um grupo que tinha resolvidopesquisar produtos voltados para opúblico afro-descendente. Mas os in-tegrantes começaram a se desentendere ela achou melhor sair. Somente em1987 é que realmente abriu o próprionegócio. Cada idéia para o nome da em-presa era anotado em um papel. De-

pois de três metros de comprimento, aescolha foi finalmente feita: Muene,pronome de tratamento que significaexcelência em um dialeto falado na An-gola (quimbundo), e utilizado no paíspara pessoas de fino trato.

Ela recebeu uma proposta direta-mente de uma ministra da Angola paraexportar seus produtos para o país.Foram três meses de estudos de cus-tos e logística antes de iniciar as ven-das. “Não temos grande expansão nema força de uma grande empresa infeliz-mente devido ao preconceito em rela-ção à cor da pele”, diz. “Os muçulma-nos têm vergonha de trabalhar para umamulher e muitas pessoas brancas detrabalhar para um negro”.

A experiência adquirida com a prá-tica no mercado poderia ser suficientepara gerenciar a empresa, mas ela nuncadeixou de se atualizar. Um dos cursosque fez foi o de cosmetologia na cida-de de Nápoles, Itália, onde aprendeu

mais sobre a composição dos cosméti-cos. O conhecimento aliado à cria-tividade e os recursos minerais e vege-tais brasileiros resultaram em váriosprodutos. “Desenvolvemos 13 tipos detons de base, 9 de pancake (combina-ção de pó facial e base líquida) e 15cores de batons, todos baseados na mis-cigenação”, diz. Ela também oferece li-nhas específicas para pele de orientais.

Como reconhecimento pela qualida-de dos produtos que fabrica, pela per-sistência e gosto de empreender, Mariado Carmo foi homenageada em umevento sobre maquiagem na cidade deJundiaí, interior paulista, sendo aplau-dida de pé. “Essa é a recompensa ecada vez que conto ou lembro disso,me emociono”. Também foi chamadapara apresentar seus produtos e daraulas demonstrativas aos maquiadoresda maioria das emissoras de televisão.“Fizemos um trabalho de formiguinha”.Mas com excelência.

Araújo permaneceu com a irmã emSão Paulo e conseguiu emprego emuma agência como booker, pro-fissional responsável pela agen-da de compromissos de mode-los. Depois de três anos, aempresa em que trabalhavafechou, mas ele não desis-tiu. “Percebi uma oportu-nidade interessante: teruma empresa exclusiva demodelos negros, pois nãoexistiam agências específi-cas nesse mercado, elas nãoabsorviam nem tinham inte-resse, e resolvi eu mesmo cri-ar uma”, diz.

Ele aproveitou os contatos eo conhecimento adquirido naagência e passou a trabalhar porconta própria. A estrutura eraprecária: não tinha sede nem te-lefone próprio. Quando preci-sava informar o número paracontato dava o do orelhão per-to de casa. Sem dinhei-ro, morava no aparta-

mento de uma amiga e entregava pes-soalmente aos clientes o material pu-

blicitário dos modelos. Quan-do fechava negócio, o com-binado era dar um toque detelefone aos modelos paraque eles retornassem a liga-ção em seu celular. E o tra-balho deu resultado.

Há quatro anos em suasede própria, na Vila Ma-dalena, a HDA possui,atualmente, cerca de 200profissionais, enquantoagências de grande por-te e reconhecimento in-ternacional se limitam ater no máximo duas mo-delos negras em seu cast.Muitos profissionais queatuam no ramo da moda,publicidade e beleza, alémde donos de agências per-guntam para Araújo onde eleencontra seus modelos.

“Eles estão onde as pes-soas estão. É que a mai-

oria não pára para observá-los”, diz.Hoje ele já tem quatro modelos em pa-íses como Tailândia, Japão, China eNova York.

O empresário enfrentou e venceuuma árdua batalha, motivado pelo de-sejo de realização. Todos os desafiosa que se propôs afrontar foram alcan-çados. “Quando comecei, minha agên-cia tinha vontade de fazer campanhasde grandes marcas de refrigerante.Depois, participar do São Paulo Fashi-on Week, cujo objetivo foi conquista-do. Agora, minha expectativa é, embreve, abrir uma filial em Nova York”,diz Araújo. Mas para estar aonde che-gou teve que estudar muito e cobraque seus modelos façam o mesmo.“Sempre procurei me especializar, fa-zendo diversos cursos, como demoda, para saber onde estava pisandoe poder competir em um mercadomuito exigente. O sonho é possívelquando se acredita e se investe em sipróprio, principalmente em educação,ter disciplina e ser perseverante tam-bém é fundamental”.

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Beleza Negra

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Por muito tempo, os cabelos fo-ram o motivo da baixa auto-estima deHeloísa Helena Belém de Assis. Zica,como é conhecida, sempre sonhouem deixar seus cabelos soltos e combalanço, mas eles eram muito cres-pos, ondulados e volumosos. “Che-guei a ganhar um concurso blackpower uma vez”, diz. “Resolvi estu-dar para ser cabeleireira justamenteporque acreditava que conhecendomeu fio de cabelo, poderia fazer al-guma coisa para melhorar minha si-tuação”. Foi assim que a história dogrupo Beleza Natural começou, mui-to antes da sua fundação.

Somente em 1993 foi que Zica

Deixar o cabelo no ponto certo foi a soluçãode Heloisa para expandir os negócios

Auto-estima na diferença

montou o primeiro salão na Muda(Tijuca), Zona Norte do Rio de Ja-neiro, em um pequeno espaço nofundo de quintal, com quatro cola-boradores. “Só foi possível abrir osalão com as economias do meu ir-mão e sócio, Rogério, e com a ven-da do fusca 78 do meu marido, Jair”,diz. Daquela época até hoje, os in-vestimentos se multiplicaram e o gru-po cresceu. Atualmente possui seissalões de beleza, uma indústria decosméticos e um centro de treina-mento de profissionais.

Os resultados foram alcançadosprincipalmente com o desenvolvimen-to de um produto próprio. O objetivo

era relaxar e hidratar os cabelos. “Per-cebia que quando eu saía do banhoeles ficavam pesados e mais macios,com os cachos definidos. Era assimque eu gostaria que ficassem”, dizZica. Mas para chegar na fórmulacerta, realizou diversos testes nosseus cabelos e nos do irmão, antesde lançar no mercado. Processo quedurou dez anos. Daí o motivo de terdemorado tanto para abrir o primeirosalão. “Comecei a experimentar emisturar produtos que encontrava nomercado e matérias-primas que eupegava com fornecedores de materi-ais para salões de beleza.”

Mesmo com o sucesso do trata-mento, Zica também teve que tomaroutras iniciativas para ajudar na con-solidação da empresa e na ampliaçãodas vendas. A consciência da opor-tunidade encontrada – 70% da popu-lação brasileira têm cabelos crespos

Heloísa: seis salões de beleza, uma indústria decosméticos e um centro de treinamento

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e ondulados – foi uma delas. “Desen-volvi produtos e serviços com basena minha necessidade e que refletiamos anseios da grande maioria”, diz.“Quando cheguei no ponto ideal, quemeus cabelos começaram a ficar maisbaixos, menos armados e mais male-áveis, percebi que poderia levar essasolução para várias pessoas que mo-ravam na minha comunidade com omesmo problema que eu.”

Na conquista do espaço no mer-cado a forma de atendimento esco-lhida também ajudou. O objetivo ésempre promover a auto-estima. “Otrabalho das nossas colaboradoras éfazer a cliente sair do salão se sentin-do mais bonita e, portanto, mais fe-liz”, diz. Para Zica, a questão doscabelos é crucial para as mulheres.“Acreditamos que podemos mudar avida das pessoas para melhor, mudan-do e tratando dos cabelos delas”. É oque o mercado reflete hoje com asdiversas opções para todos os tiposde cabelos. “Afinal, eles são muito di-ferentes entre si, e o produto certono cabelo certo, pode melhorar mui-to o visual.”

Como reconhecimento de seu tra-balho, Zica recebeu o Prêmio Empre-endedor do Ano, organizado pela Er-nest & Young, categoria Emerging,voltada a empresas iniciantes. Tambémfoi uma das empreendedoras selecio-nadas pelo Instituto Empreender En-deavor, que tem a meta de identificar,analisar e aconselhar empresas comnegócios visionários e inovadores e quedemonstrem grande potencial de ge-ração de empregos para o país. “A En-deavor abriu muitas portas e nos pro-porcionou o acesso a uma rede de con-tatos maravilhosa. O Prêmio foi umorgulho imenso, sem tamanho. Poisimagine eu, que fui babá, faxineira edoméstica, ser premiada ao lado degrandes empreendedores”, diz. “Jásenti preconceito por ser negra. Mastenho muito orgulho da minha raça,da minha cor. Nada que me atrapa-lhasse, porque sempre batalhei muitopelo que eu queria”.

Filho de músico, Rui Vaz Nasci-mento, proprietário da Afro’s Line,começou a atuar no ramo de cos-méticos em 1982, vendendo de portaem porta. Na época tinha uma fran-quia da marca Pierre Alexander. Fo-ram onze anos de trabalho com maisde 4 mil vendedores sob seu coman-do. Em 1993 a empresa resolveumudar o sistema. Implantou umaforma de distribuir os produtos dafábrica diretamente para o cliente,sem passar pela franquia. “A sorte éque quando isso aconteceu eu fo-quei o negócio em cosméticos paracabelos crespos e já tinha meu mer-cado formado”, diz.

Nascimento transformou a saí-da da rede e a experiência adquiridaem uma alternativa de negócio. Pas-sou a comercializar produtos impor-tados para cabelos e continuou aatender a freguesia conquistada,principalmente a afro-descendente.A princípio a idéia deu certo, masas dificuldades burocráticas relacio-nadas com a importação fizeram elerepensar o negócio e partir para afabricação própria, dando início àsatividades da Afro’s Line. No finalde 1993, por intermédio de um ami-go, conheceu um empreendedor doramo e a filha dele, que era formadaem química e trabalhava na empre-sa. “Em um ano tínhamos cinco pro-dutos com a formulação que cria-mos em parceria. Todos no mesmonível da qualidade dos importados.”

O momento para desenvolvercosméticos voltados aos afro-des-cendentes foi o mais adequado pos-sível, pois esse nicho começava acrescer no Brasil. Com a escassezcontínua dos importados voltadospara a raça negra e a alta da cotaçãodo câmbio, os fabricantes nacionaispassaram a ter maior espaço no país.Nesse embalo, a linha que Nascimen-

Rui prefere conhecer pessoalmente os consumidoresdos produtos que criou junto com especialistas

No caminho certo

to ajudou a criar teve maior aceita-ção a cada dia. “Os consumidorespediam os importados, mas comoestava em falta, comecei a oferecernossos produtos para experimenta-rem e, aos poucos, conquistamosmais clientes e ganhamos espaço nomercado”, diz.

Formado em Eletrotécnica e emLetras, ele aprendeu a gerenciar aempresa na prática. Uma das açõesimplantadas para que os produtosficassem conhecidos nacionalmentefoi apostar no marketing promoci-onal. Nascimento escolhe as cida-des, entra em contato antecipada-mente com os empreendedores quetêm salão de beleza e os convida aparticiparem de eventos, geralmen-te realizados em hotéis, para de-monstrar as linhas de cosméticosque fabrica. Em maio esteve emManaus para apresentar seus pro-dutos a cerca de 1.500 pessoas.“Este é meu marketing, vou in locobuscar meus distribuidores e clien-tes. Mesmo sendo mais lento dámais retorno”.

A estratégia atual é buscar par-ceiros e investidores para aumentara escala de produção. O objetivo éatender principalmente a demandaexterna. Nascimento chegou a re-futar alguns pedidos, como o de umgrande comprador da Nigéria, pornão ter como produzir a quantidadeque lhe foi solicitada. Hoje, realizavendas pontuais para Portugal e Es-tados Unidos. No mercado interno,a linha de cosméticos da Afro’s Lineé distribuída para todas as regiõesdo Brasil. Ao todo são 34 produtospara cabelos como shampoo, con-dicionador, gel e relaxante capilar, eaté setembro vão ser lançadas maistrês novidades. “Fui crescendo den-tro das minhas possibilidades e es-tou no caminho certo”.

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Exportação

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Hora dospequenosConsórcios se firmam como alternativa para microe pequenos empresários venderem no exterior

O consórcio nasceu com o apoio daAssociação Brasileira das Indústriasde Equipamentos para Panificação,Biscoitos e Massas Alimentícias (ABI-EPAN), que em parceria com o Se-brae-SP e a Apex, tenta traçar estra-tégias para que as empresas possam,em conjunto, obter melhores resulta-dos e melhorar a oferta de produtosaos clientes internacionais. “O con-sórcio foi formado predominantemen-te por empresas de pequeno porte quequeriam exportar. Nós já tínhamosproduto, qualidade e preço, bastavaconhecimento e contatos”, diz Ar-mando Taddei Júnior, gerente do BBE.

A idéia surgiu em 2002, quando oempresário ouviu a história de suces-so de um consórcio de exportação deconfecções. Pensou que poderia apli-car na sua atividade a mesma tática.Hoje um dos desafios de Taddei Júni-or e dos outros empreendedores queintegram o consórcio é mudar a ima-gem do país, que não era reconheci-do como produtor desse tipo de tec-nologia. Além de participar de encon-tros de negócio ao redor do mundo,levando máquinas e explicando pro-cessos, o BBE também expõe produ-tos como o pão de queijo, bolos etortas com frutas tropicais para mos-trar aos interessados que o país temtradição na área. “Antes do BBE, nin-guém no mundo, com exceção daAmérica do Sul, tinha idéia que o Bra-sil fabricava esse tipo de equipamen-

por Wendel Martins

Apesar dos bons números da ba-lança comercial – as exportações noano estão em US$ 43,602 bilhõescontra US$ 29,213 bilhões em impor-tações – o Brasil pouco utiliza o po-tencial das micro e pequenas em-presas. Estatísticas de 2004 mostramque esse segmento representou51,62% das unidades exportadorasbrasileiras, porém suas vendas – US$2,55 bilhões – corresponderam a ape-nas 2,64% do total exportado. É umíndice baixo, em comparação compaíses como Estados Unidos e Co-réia do Sul, onde esta porcentagempode chegar até 50%. Uma das alter-nativas para mudar esse quadro sãoas cooperativas de exportação, ondecompanhias trabalham em conjuntopara produzir em maior escala, obtercrédito mais barato, dividir os custosde exportação ou até de desenvolvi-mento de tecnologia.

Essa foi a forma que dez fabrican-tes de máquinas e equipamentos parapanificação de São Paulo, Minas Ge-rais e Paraná encontraram para daros primeiros passos no comércio in-ternacional. Reunidos sob a marcaBrazilian Bakery Equipment (BBE),estão conseguindo bons resultados:depois de participarem de 14 feirasinternacionais as exportações passa-ram de US$ 35 mil em 2002 para US$1,7 milhão no período de 2003 a 2005.

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to. Hoje, na Europa já sabem, mas pre-cisamos convencê-los a comprar”.

Os atrativos são o preço compe-titivo e a diversidade de produtosque podem oferecer no mercado ex-terno, desde fornos e assadeiras,passando por fritadeiras e batedei-ras até balcões resfriados e freezers.“Podemos vender desde uma peque-na padaria que custa cerca de US$ 6mil até uma fábrica de pães por US$150 mil”. A durabilidade das máqui-nas e equipamentos também é outrotrunfo, especialmente em mercadosonde a mão-de-obra não tem grandenível de especialização. “Nossos pro-dutos funcionam muito bem, são ro-bustos. Não oferecem muito design,mas são de durabilidade grande”, dizTaddei Júnior.

Por isso, o foco das vendas, porenquanto, são os países da AméricaLatina, que vêm recebendo tratamen-to especial depois da falência de umconcorrente argentino. Mercados daÁfrica (como Angola, África do Sul,Quênia e Tanzânia) e do Oriente Mé-dio (Emirados Árabes Unidos e Ará-bia Saudita) também estão na agen-da da associação. Estados Unidos,Portugal, Espanha, Japão integram alista dos 22 países compradores.Além da presença em feiras interna-cionais, outra maneira de ampliar asvendas externas foi a organização deuma rodada de negócios em São Pau-lo, onde foram convidados cerca de40 representantes de 20 países. Issoporque o objetivo do BBE é estabe-lecer parcerias com os distribuido-res, que vão ser responsáveis pelaassistência técnica junto aos clien-tes finais e pelos estudos de pros-pecção de mercado. São eles tam-bém que traduzem o manual de ins-trução das máquinas para mercadosespecíficos, que de fábrica já vêmescrito em três línguas.

Uma grande vitória do grupo foi amelhoria dos produtos, através de

certificações, em especial a que per-mite vender os produtos para a UniãoEuropéia. “Fizemos um convêniocom o Instituto Paulista de Tecnolo-gia para conquistar essa certificaçãoque abre muitas portas”. A expecta-tiva é que até o final do ano, toda alinha de produtos das empresas con-sorciadas esteja certificada. O pró-ximo passo é ganhar massa críticanos Estados Unidos, mas isso depen-de de um investimento para adotar anormatização americana, que exigealtos níveis de segurança. “Os tes-tes nas máquinas não podem ser re-alizados no Brasil, temos que enviaras máquinas para laboratórios de lá,o que encarece o processo”, diz.

Taddei Júnior reclama apenas dadefasagem no câmbio, que estreita asmargem de ganhos. Eles começaramos planos de negócio com uma cota-ção do dólar valendo R$ 2,5. “Comotemos uma tabela de preço anual, ti-vemos que reajustar, para cima, nos-sa posição esse ano, o que repercutenegativamente junto aos distribuido-res”. Muitos empreendedores com omesmo problema têm expectativas dodólar voltar ao patamar anterior, masesse não é o caso de Taddei Júnior,que em função do processo eleitoralesse ano “está com a bola de cristalopaca”. Mesmo assim, ele garante quea exportação é um caminho sem voltae sua maior preocupação não está nocâmbio, e sim em “permanecer com ogrupo unido, independente do consór-cio”. Ele fala que algumas empresasjá alcançaram números de vendas quepermitem vôo solo no mercado exter-no. “Queremos manter essas empre-sas e convidar outras, que ainda nãoestão no consórcio, e levá-las a outropatamar de qualidade”, diz. O consór-cio é aberto à participação de micro epequenas empresas do segmento detodo o país, desde que enquadradasnas exigências do Mercosul e no esta-tuto do consórcio.

IND

EX O

PEN

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Exportação

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O câmbio baixo incomoda quemcomeçou os planos de exportação pre-vendo taxas mais elevadas e agora temque cumprir os contratos. Mas issonão é motivo para desistir de venderno mercado global. Os novos empre-endedores brasileiros sabem que con-

Fôlego nacionalExportadores tradicionais optam pela fabricação internade componentes para competir no mercado global

centrar vendas apenas no mercadointerno expõe a empresa a riscos. Alémdisso, representa aos olhos dos con-sumidores brasileiros prestígio e sta-tus para a empresa e seus produtos,além de um indicador de qualidade epreço competitivo. “Em alguns países,

a exportação é questão de vida oumorte para empresas. Exportar não éopção, e sim condição para nos tor-narmos mais competitivos”, diz Ju-celito Grasso, diretor administrativofinanceiro da Athletic, líder brasileirade homefitness. Ele e muitos outrosempreendedores brasileiros de médioporte acharam uma solução para di-minuir o impacto do câmbio e man-ter firme o controle de custos: o altograu de nacionalização dos compo-nentes, idéia que normalmente vemsendo desenvolvida em conjunto comos fornecedores.

A alternativa não deixa de ser umaironia em tempos de terceirização,mas funciona para a Athletic, que temum faturamento anual de R$ 200 mi-lhões, exporta há dez anos, tem bra-ços comerciais na Argentina e no Mé-xico e vende para 25 países. Foi aprodução verticalizada que permitiuque componentes antes importados,como monitores e placas eletrônicas,fossem fabricados internamente. Aparceria com fornecedores que resul-tou na Athletic Eletrônica fez da em-presa hoje a única fábrica do país aproduzir motores de corrente contí-nua para esteiras – que vende paraconcorrentes como a Caloi.

O foco deste ano para a compa-nhia é se firmar como uma forte com-petidora no continente europeu. A em-presa já fechou contrato com a Sport-zone, maior loja de fitness de Portu-gal, e vem buscando parcerias na Es-panha, Itália, França e Alemanha. “AEuropa é o segundo grande passo, nóstemos capacidade e energia para ata-car esse mercado”, diz Grasso, quegosta de usar o verbo atacar para de-monstrar a agressividade à frente dosnegócios. O uso de distribuidores lo-cais é ideal, porque eles ficam incum-bidos da assistência técnica, com acompanhia brasileira fornecendo trei-namento de vendas e dos produtos.

Grasso ressalta as diferenças denegociar com os europeus, que têmum atendimento um tanto clínico,“uma recepção mais fria durante a ven-Grasso: exportar não é opção, e sim condição, para a competitividade

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da no varejo”. Mas salienta que a Athle-tic tem muito a aprender nesse mer-cado. São os parceiros europeus queajudam a companhia num quesito mui-to sensível: a formação de preço. Eledá a dica de não pensar de “dentro parafora, mas de fora para dentro, ou seja,entender quando o consumidor estádisposto a pagar na gôndola”, e a par-tir desse dado ajustar os seus custospara competir com a indústria local.“Temos uma boa margem, até porqueos concorrentes europeus só produ-zem o design e terceirizam a fabrica-ção na China”.

Ainda esse ano, a companhia deuinício a várias mudanças estruturais ecomportamentais na gestão de negó-cios, principalmente na área comerci-al. O novo lema da companhia, “fôle-go e força”, mostra que ela está maisligada na preparação física para umavida saudável do que na busca da be-leza. A empresa encomendou duas pes-quisas, que funcionaram como umaespécie de divã, para rever a estraté-gia e afiná-la com o desejo dos con-sumidores. Descobriram que os cli-entes querem mais orientação para me-lhorar o seu aproveitamento nos equi-pamentos e obter os resultados espe-rados. Constatações que levaram a Ath-letic a incorporar inovações nos equi-pamentos, incrementar o serviço on-line e reformular o conceito das lojas– que era muito associado à academiae agora passa a ter cara de varejo es-pecializado, com mais iluminação, con-forto e melhor disposição dos equipa-mentos. O investimento em todas es-tas frentes é de R$ 10 milhões até ofinal de 2006.

A empresa também estuda a trans-ferência da linha de equipamentos demusculação para Manaus, onde vaiconcentrar a produção para o merca-do interno – sendo que a operação deJoinville ficaria destinada para vendasexternas. Outra vertente é aumentar areceita na América Latina, já que a em-presa tem uma filial na Argentina cha-mada Merco Fitness, onde é líder devendas. Para crescer nesse mercado,

a companhia investiu forte nosserviços de pós-venda e “che-gou a consertar produtos dosconcorrentes”. Em 2003, per-cebendo a demanda por cres-cimento, e com a finalidadede concorrer com produtosnorte-americanos, criou umafilial mexicana, que tem ge-rência própria.

FORÇA CENTRÍFUGA

Assim como a Athletic,que trabalha duro para con-quistar mercado no exterior, asfiliais brasileiras de grandesmultinacionais travam umaacirrada disputa de espaçocom outras unidades, especi-almente as localizadas em países deprimeiro mundo. Convencer a direto-ria de uma grande corporação de queo Brasil é uma plataforma de exporta-ção estável, segura e rentável pode seruma tarefa inglória, pois numa multi-nacional, todos os olhos se voltam paraa matriz. A unidade brasileira da KaVofez mais do que isso: mudou a estra-tégia global da companhia ao lançarprodutos de baixo custo – fabricadose desenvolvidos com tecnologia nacio-nal – para mercados emergentes comoÍndia, China e Tailândia, Vietnã,Taiwan, Filipinas, Malásia e Cingapu-ra, além do próprio mercado interno.

A empresa é líder nacional emequipamentos e instrumentos para omercado odontológico e, enquantoboa parte dos segmentos industriaisluta por causa da concorrência comprodutos chineses e asiáticos, a KaVosegue no caminho inverso. Fundadaem 1909, na Alemanha, a companhiapossui seis unidades industriais nopaís de origem, no Brasil, na Itália enos Estados Unidos. Em maio de2004 foi comprada pela Danaher, cor-poração norte-americana que faturacerca de US$ 7 bilhões. Atua no paísdesde a década de 60 e investe cercade 7% do faturamento no Departa-mento de Pesquisa e Inovações –

equipe que criou a cadeira odontoló-gica Unik aperfeiçoada para o seg-mento básico. “Nossa maior dificul-dade para fabricar essa cadeira foi aquestão cultural. Como sempre esti-vemos inseridos no segmento highend, foi difícil convencer os engenhei-ros que era possível fazer um produ-to barato e com qualidade”, diz Luci-ano Eric Reis, ex-presidente e asses-sor da KaVo Dental no Brasil.

Reis diz que a Unik foi adotada pelacorporação para países de menor po-der aquisitivo, contrapondo à antigaestratégia da companhia de atender “opico da pirâmide”. Também houve in-vestimento na nacionalização do pro-duto, cujo executivo diz estar em “99%dos componentes” para se tornar pla-taforma de exportação. “Adotamosuma parceria com fornecedores locaise estamos aplicando o conceito demontadoras de automóveis”. Como re-sultado, a empresa reduziu o númerode plataformas de 18 para 2. No mer-cado externo, além do crescimento naÁsia, a companhia quer continuar ex-pandindo na América Latina. “Nós en-tendemos que tipo de equipamentosnossos representantes queriam e fize-mos uma revisão na assistência técni-ca para esse mercado”, diz.

A KaVo usa a estrutura da multi-

Reis: produto barato e com qualidade

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Exportação

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Idéias rentáveisO Brasil quer vender conteúdos para ogigantesco mercado de entretenimento e arte

Nos próximos anos, a balança co-mercial brasileira deve entrar em regi-me. O país vende milhões de toneladasde commodites, milhares de carros,centenas de barcos, dezenas de aviõese mais uma lista infindável de manufa-turados de todos os tipos. Mas poucoganha comercializando pensamento,que não pesa nada, mas rende muito.Não a inteligência bruta, abstrata, semconceito, técnica, planejamento e es-tudo. Mas aquela que alimenta a imagi-nação, inverte raciocínios, elabora asensibilidade, sintetiza uma cultura e setransforma em objeto de contemplaçãode consumidores em todo globo. Nãosão apenas palavras bonitas.

Nos Estados Unidos, a mídia e o en-tretenimento, que são a síntese dessemercado que vende insumos para aalma, geram receitas de US$ 580 bilhõesao ano e estão em segundo lugar na pau-ta de exportações. Se o país da criativi-dade vai por às avessas as regras e en-trar nesse jogo é questão de tempo. Masé bom saber que existe gente tentando.Empreendedores como Kiko Mistrori-

go, sócio da TV PinGuim, produtora deanimação que há 17 anos cria, desen-volve e produz séries de animação paraa televisão, cinema, internet e telefoniacelular. A empresa firmou um acordo deU$$ 4,8 milhões com a produtora e dis-tribuidora canadense Nelvana, que inte-gra a Corus Entertainment, maior gru-po de comunicação do Canadá, paracriar a animação Fishtronaut, em portu-guês, Peixonauta.

O seriado, com 52 episódios de 11minutos, estréia no fim de 2007 e é atéagora o maior sucesso da empresa comexportação de conteúdo audiovisual. Aschances de sucesso são grandes, atéporque a história do peixinho já foi ven-dida para três emissoras, duas no Ca-nadá e uma na América Latina. A em-presa já exportou vinhetas para o canalde TV por assinatura Cartoon Network.Mistrorigo diz que além da qualidadeartística dos animadores brasileiros,outra vantagem é que “somos vacina-dos contra crises e nossos parceirosestrangeiros percebem que nos viramosao enfrentar uma adversidade”.

nacional para as vendas e mantém ofoco no que é seu core business – de-sign, produção e logística para co-mercializar os produtos. A expectati-va da KaVo do Brasil é incrementarem até 20% o volume total de vendasexternas em 2006 em função da ofen-siva asiática. Além da cadeira, a com-panhia vai exportar instrumentoscomo turbinas, micromotores, con-tra-ângulos e peças de mão. A Índiaresponde por 40% do faturamento detodas as exportações da unidade bra-sileira para a região compreendidapelo leste europeu, Ásia e África, masa projeção é que países como a Chi-na, Indonésia e Rússia façam parte dalista dos maiores compradores.

Uma das vantagens de exportar éque normalmente tornam-se necessá-rias algumas alterações em seu siste-ma de produção, no seu controle dequalidade, design, e outros fatores paraatender exigências do mercado impor-tador. A Kavo está ciente de que podeabsorver know-how e adotar essa agi-lidade em suas vendas no mercado in-terno, fortalecendo comercialmenteperante seus concorrentes locais. “NaRússia, por exemplo, a água precisaser aquecida porque é muito frio. Emoutros países, fizemos modificaçõesde cor e tamanho da cadeira. A Chinatem diferenças marcantes de culturas,apoiada em um tripé: pontualidade,preço e qualidade”.

A exportação está tão fixada na men-te de Reis e na estratégia da KaVo, queele tem uma meta de exportar até 70%da produção a longo prazo – hoje, essenúmero está em torno de 50%. "Se quersaber a verdade, vá ao cliente e per-gunte a ele. A fórmula para ganhar mer-cado é simples". Outra meta ambiciosaé dobrar a participação da Kavo Brasilna receita global da companhia, quehoje é de 6%. “Para isso, temos queconsolidar a marca Unik para comba-ter concorrentes de baixo preço. Masjá demos o primeiro passo, aproveitan-do a hora adequada para identificar umanecessidade do mercado global porequipamentos mais básicos”. Mistrorigo, da TV PinGuim: “Somos vacinados contra crises”

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A produtora tem ambição detrabalhar em escala global e sabeque o grande filão é gerenciarroyalties vindos dos direitos deexibição e do licenciamento damarca – um mercado avaliado sóna indústria de animação em US$200 bilhões em todo mundo. Asofisticação é tanta, que se defi-ne em contrato por quanto tem-po e quantas vezes a emissorapode transmitir os conteúdos quepertencem a terceiros. A TV PinGuimentrou nesse universo de milhões comuma parceria, o que permite dividir di-videndos por igual, mas também obrigaa investir metade do orçamento da pro-dução. “Existe a idéia de que os cana-denses são ricos e vêm investir aquiporque é mais barato. Somos sócios e asérie vai ter dupla nacionalidade”. A pro-dutora participou de encontros com fun-dos de capital de risco em um fórumorganizado com a Finep, onde teve boarecepção dos investidores, embora ain-da não tenha captado recursos.

Outra animação da companhia quetambém deve ganhar a tela pequena é asérie Magnitka, que fez sucesso no Kid-screen Summit, um evento fechado emNova York onde participam a nata dosprodutores e compradores de forma-tos, projetos e produtos ligados à tele-visão infantil. Mas para fechar outrocontrato co-produção, não basta ser umartista que conheçe o metiér e um em-presário acostumado a grandes ci-fras. Tem que saber comunicar e pren-der a atenção para ser percebido emmeio a tantos criadores e idéias, carac-terísticas típicas de um showman. “Vocêtem uma apresentação pública, onde emcinco minutos tem que contar o que éa série. É tudo muito voltado para oresultado”.

Nesse cenário de boas notícias,Mistrorigo apenas reclama da falta departicipação da televisão brasileira, queao contrário das emissoras internacio-nais, não tem o costume de comprarproduções independentes. “É mais ba-rato comprar de fora do que investirno país, e vamos ver cada vez mais

co-produções com estrangeiros”. Elecita o modelo que vigora na França,onde o produtor capta mais recursosse o produto apresenta bons resulta-dos financeiros. “Lei de incentivo queinveste a fundo perdido é algo que sóexiste no Brasil”.

Os êxitos alcançados por Mistrori-go e pela TV PinGuim não são resul-tados da iniciativa individual, mas daAssociação Brasileira de ProdutoresIndependentes de Televisão (ABPI-TV), que funciona como uma “facili-tadora entre produtores brasileiros e omercado externo”, nas palavras deFernando Dias, presidente da associ-ação. Trabalhando em associação coma Apex, a ABPI-TV já ajudou a expor-tar quase US$ 25 milhões em co-pro-dução de filmes para TV, documentá-rios, séries e animação e espera fecharmais US$ 12 milhões em parcerias atéo final desse ano. O primeiro passofoi marcar presença em eventos deaudiovisual na França, Alemanha, Chi-na, Japão e Estados Unidos. Dias falados atrativos do país para o mercadoexterno como “uma infra-estrutura emequipamentos e estúdios modernos”,um quadro técnico competente, “ta-lentos valem mais do que equipamen-tos”, boa capacidade de locação, “ondese pode filmar o ano inteiro e comcenários diversos, desde deserto e flo-resta até praia e cidades”.

Ele lembra que grandes produçõescinematográficas dos Estados Unidossão filmadas em países como a NovaZelândia e Austrália e cita a diversidadecultural de um país formado de imi-grantes como outro ponto positivo.

Além disso, a biodiversidade dafauna e flora nacionais são os pro-tagonistas ideais para documentá-rios em canais segmentados. “OBrasil é uma grande novidade nomercado internacional. Todo mun-do já conhece o leão africano, por-que não fazer um filme sobre aonça?”, diz Dias, que busca refor-çar uma outra imagem do país, quenão necessariamente está associa-da à sensualidade, ao futebol e ou-

tros clichês.A parceria mais concreta até agora

é com o Canadá, que assinou um con-vênio para aumentar o intercâmbio nosetor. Dias adianta que outros acordosainda estão por vir, mas não podem seranunciados. Um dado simbólico é queo Brasil vai ser o país-tema do Festivalde Animação de Ottawa e que São Paulosediou uma rodada de negócios comcerca de 50 produtores brasileiros e 21representantes do Governo, de fundosde investimentos e produtoras daquelepaís. Foram realizadas mais de 100 reu-niões entre os dois países. “Fizemos aprimeira visita em janeiro de 2005 e apartir de então, temos um namoro gran-de com eles”, diz Dias.

Os modernos produtores brasileirosnão seguem mais a cartilha do cinemanovo, que pregava uma câmera na mãoe uma visão autoral sem característi-cas comerciais. Já se foi o tempo emque a área audiovisual se relacionavacom dinheiro como se fosse algo alheioà sua atividade. “Somos um segmentoindustrial que se sintoniza com a reali-dade do mercado”, afirma Dias. Sendoassim, ele pede incentivos governamen-tais – a exemplo do que acontece comgrandes produtores independentescomo o Canadá, França e Reino Unido– e que se substitua o atual modelo delobby por recursos privados por umsistema de mérito. “Nos Estados Uni-dos, 70% da produção televisiva é feitapor independentes. No exterior, conta-se com a estratégia de produção e ex-portação. Queremos implantar esse mo-delo aqui também”.

Se para obter reconhecimento é pre-

Costa Neto: criação damarca Música do Brasil

Dias: parceria facilitaponte com o exterior

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Exportação

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As dificuldades que um artesão têm parase tornar um empreendedor fizeram a ar-tista Tânia Machado enfrentar adversida-des, desde aprender a emitir notas fiscaisaté abrir as portas para o artesanato ga-nhar o mundo. O primeiro passo foi criar,em 1983, o projeto Mãos de Minas, vin-culado ao Governo Estadual, que hoje con-grega 7 mil artesãos mineiros. Com o pas-sar do tempo, a idéia virou ONG, ganhouauto-suficiência e oferece apoio aos arte-sãos, desde a produção à comercializa-ção para escoar produtos ligados à moda,alimentos e artesanato. Uma das melho-res iniciativas foi conquistar um canal devendas com a criação de duas lojas, umaem Belo Horizonte e outra em São Paulo.“Minha preocupação era tornar o artesa-nato um negócio que garantisse a sobrevi-vência dos produtores”.

Dessa experiência surgiu uma outra

Arte da pedra, vendida na Web

ciso mostrar qualidade, a arte de ven-der também passa pela forma com quese aparece. Se estar presente em even-tos internacionais é essencial para em-preendedores de áreas tradicionais, éainda mais importante quando se falado mercado fonográfico, pois é neces-sário fazer com que o público no exte-rior não só ouça e conheça a músicabrasileira, mas também adquira o hábi-to de consumí-la. Ações individuais epulverizadas não estão entre as melho-res maneiras de se conseguir esse ob-jetivo e por isso a Brasil Música e Artes(BM&A) firmou um convênio com aApex-Brasil, o Ministério da Cultura, oSebrae e outras entidades do setor parareunir as produtoras – hoje são maisde 150 – e propor um programa para“o mercado da música independenteencontrar caminhos para exportação”,nas palavras de José Carlos Costa Net-to, presidente da BM&A. A primeiratarefa foi a criação da marca Músicado Brasil e a principal ação é levar mú-sicos e artistas brasileiros para as mai-ores feiras de música do mundo, comoa Midem (em Cannes), Womex (feiraque trata do comércio de shows e éintinerante, e a Popkomm (em Frank-

furt), que neste ano terá como tema oBrasil, o primeiro país não-europeu aconseguir essa projeção.

Estratégia

No meio musical, fala-se que essemovimento mais efetivo em feiras denegócios, além de ser uma estratégia depromoção, é também uma forma devalorizar a Marca Brasil e puxar as ven-das de outros produtos da nossa balan-ça comercial. A instalação de escritóriospara a promoção da música brasileira naEuropa e o lançamento de um portal nainternet específico para músicos tam-bém servem como ponte entre grava-doras independentes e o mercado. O siteindica a preferência dos clientes estran-geiros e reúne estudos de mercado es-tratégicos como os Estados Unidos,Europa e Japão. Costa Netto diz que aadequação de produtos à exportação éessencial para os músicos “terem à mãoinformações sobre como entrar no mer-cado, problemas tributários, legislaçõesespecíficas como a da China, que prevêcensura prévia”. Outro trabalho de pro-moção é a criação de um dicionário paraa música brasileira.

A expectativa é aumentar a arreca-dação de royalties com a execução demúsicas no exterior: só o orgão que fis-caliza essa movimentação na Françaarrecada US$ 600 milhões por ano, oitovezes mais que o Brasil. “Queremosreciprocidade, já que o país tambémquer receber e ter um controle parareverter as execuções em direitos e di-visas”. Hoje esse repasse é pequeno,não chega a 1% do total dos direitosnegociados no exterior, mas Costa Nettoacredita no trabalho a longo prazo. Osnúmeros que o projeto Música do Bra-sil arrecadou ainda são discretos, cer-ca de US$ 2 milhões por ano, mas aaposta é de que os conteúdos audiovi-suais podem estar entre os dez itens dapauta de exportação brasileira em dezanos. “Isso é possível, até porque jáemplacamos estilos em outros países.A Suécia, por exemplo, tem a sua bos-sa nova. Na Alemanha, as lojas de de-partamento já possuem uma seção de-dicada ao Brasil”.

Outra função declarada da entidadeé “agregar valor a outros produtos deexportação e trazer a música para oambiente brasileiro de negócio.” Emconjunto com a Apex, foram organiza-

ONG, o Instituto Centro CAPE, que de-senvolve treinamentos para capacitar osartesãos e torná-los empreendedores.Para enfrentar esse desafio, ela buscou ametodologia de Competência Econômi-ca através da Formação de Empresários(CEFE), criada em 1979, no Nepal. “Équase impossível fazer dois produtosexatamente iguais. Mas os padrões dequalidade, as cores, a metragem serãosempre respeitadas”.

Resolvida a questão da capacitação, aentidade atacou outro problema funda-mental: o crédito. Criou outra ONG, o Ban-co do Povo, que oferece microcrédito ajuros baixos, beneficiando até quem nãotem avalista. Em apenas três anos, o Ban-co do Povo atendeu cerca de 2,5 mil pes-soas e não beneficia apenas artesãos, masa população em geral. Por fim, ela tam-bém criou o Instituto Terra Brasilis, que

trabalha em projetos de desenvolvimentodo meio ambiente e que deu origem a W3Propaganda, uma empresa que produzmanuais e materiais utilizados no treina-mento e na divulgação dos trabalhos.

O próximo passo de Tânia é a exporta-ção e, para tanto, criou em 2002 a marcaBrazil Handicraft, a fim de fixar o artesa-nato brasileiro de qualidade no exterior.Os países que mais compram são a Ale-manha, Estados Unidos, França, Itália, Es-panha e Portugal. Ela diz que o artesanatopode ser comparado a uma obra de arte.“Temos ótimos exemplos aqui mesmo emMinas Gerais, como o caso de LeonardoBueno de Maria da Fé, ex-plantador debatatas que recicla o lixo vindo da Europae que volta para lá como artigo de luxo”.A empreendedora trabalha com distribui-dores nos mercados externos, o que é umasolução, mas também um problema. “Olucro dos distribuidores na Europa é setevezes o valor do produto. Como normal-

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mente o lojista que compra do distribui-dor multiplica por dois, um produto quecusta U$ 1 no Brasil chega ao consumidorfinal a U$ 14. Assim, acabamos por per-der competitividade”. Por este motivo,abriu uma empresa em Miami – com inau-guração marcada para julho – e em Frank-furt, que abre em fevereiro de 2007. A en-tidade também estuda abrir uma loja emDubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Ela conta que uma das maiores dificulda-des nessa trajetória foi mostrar ao Gover-no brasileiro a seriedade do projeto: que-ria expor em feiras internacionais de ar-tesanato, mas “nos encaminhavam parabazares e lojas de quinta categoria”. Acriação da Brazil Handicraft mudouesse paradigma. “Conseguimos de-monstrar que os produtos com estamarca têm qualidade, visão empresa-rial e preço, não usam mão-de-obra in-fantil e nem escrava, além de terem apreocupação com o meio ambiente”. Hoje

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dos shows na Semana do Brasil emDubai e na largada da Volvo OceanRace, a maior regata oceânica do mun-do, onde o país mantinha um espaçode 500 m2 para vender produtos e ser-viços, além de um espetáculo que reu-niu 150 mil pessoas na Praça da Basti-lha, em Paris, com presença de músi-cos brasileiros e franceses. Esses even-tos foram realizados pela Divina Co-média, que também está organizando aCopa da Cultura, um programa de in-tercâmbio cultural entre Brasil e Ale-manha, onde 13 artistas selecionadosvão apresentar shows durante o even-to mundial de futebol. “Um crítico fi-cou tão encantado com um violonce-lista brasileiro que escreveu: ‘graças aoBrasil os alemães vão poder descobrirque existem mais coisas entre o céu ea terra do que duas traves’”, diz SérgioAjzenberg, diretor da empresa.

Ele fala que esse canal de comuni-cação com os clientes através da artetende a se tornar cada vez mais co-mum. Tanto que na sua carteira de cli-entes figuram empresas de grande portecomo Motorola, Petrobrás, Pão de Açú-car e Unibanco, fruto da persistênciade quem trabalha há 16 anos com mar-

keting cultural. “Quando abri o escri-tório, telefonava para cem empresas euma me recebia. Hoje, ligo para o mes-mo número e apenas uma não me re-cebe”. Ele arrisca um palpite de que asempresas que não investirem em mar-keting cultural vão estar fora do mer-cado. Ele justifica o tom alarmista di-zendo que “há dez anos, já se falava o

mesmo para quem não tivesse qualida-de e preço”. Os eventos, como showsde músicos brasileiros, trazem visibili-dade ao produto, influenciam decisõesde compra e tornam o cliente mais lealà marca. Ajzenberg cita dados da Ali-ança Francesa em Paris, que mostramque durante o ano do Brasil na França,aumentaram em 20% as matrículaspara aprender português.

O produtor também fala da mudan-ça dos modelos de negócios da músicae de novas formas de se transmitir con-teúdos: os ringtones para celular e osdownloads de arquivos MP3 para ouvirno computador ou em dispositivos por-tatéis. “Não precisamos lutar com asgravadoras multinacionais para estar nasrádios ou na trilha sonora de um filmeou novela. Bandas de garagem estãoacontecendo através do ipod. Atravésde blogs e comunidades é possível lercríticas a respeito de artistas sem re-correr à grande mídia. É o momento doprodutor independente”, diz Ajzenberg.Essa comunicação em escala global fa-cilita a exportação, a torna uma opçãosegura para gerar receitas e mostra que,ao contrário do ditado, vender a almapode ser um grande negócio.

ela elogia o trabalho de promoção comer-cial da Apex, que proporcionou a partici-pação em eventos na Europa e EstadosUnidos. “Se não fosse a Apex, o artesanatoainda estaria naquele sistema de ‘ser com-prado’, aguardando que o comprador vi-esse aqui, e não de ir lá fora vender”.

Ajzenberg cita crítico: “Graças aoBrasil os alemães vão descobrirque existem mais coisas entre océu e a terra do que duas traves”

Peças deartesanato doprojeto Mãosde Minas

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Perfil Monica Ibeas

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Das areiaspara os hashisMonica Ibeas começou a empreender na adolescência, quando criou uma griffe demoda praia. Quase 30 anos depois, ela administra uma rede de restaurantesjaponeses, que ajudou a consolidar a culinária oriental como parte do cotidiano do Rio

por Carol Herling

No final da década de 1970, a cari-oca Monica Ibeas tinha apenas 16 anos,mas em sua personalidade já estavaimpressa a marca que a transformariaem uma das empresárias de maior des-taque da gastronomia brasileira: a de-terminação. O desejo de empreender fezcom que Monica entrasse ainda ado-lescente, em parceria com uma amiga,num ramo bem diferente do qual tra-balha hoje; juntas, fundaram a confec-ção de biquínis Show Off. A marca,que posteriormente ajudou a ditar modano Brasil e foi objeto de desejo de mu-lheres nos quatro cantos do mundo,começou em um espaço na academiado pai de Monica – a Ibeas Top Club,que em 2005 completou 40 anos de ati-vidades – e inicialmente também ven-dia roupas esportivas. A aceitação porparte do público foi boa, e em poucotempo a empresa cresceu. “Quandoentrei na faculdade, aos 18 anos, já tí-nhamos nossa pronta-entrega”, diz.

O local escolhido para sediar o“QG” das duas jovens empresárias foia galeria Fórum de Ipanema. Apesardo nome sugestivo, o centro comer-cial em nada lembrava um prédio comadvogados ou procedimentos burocrá-ticos. O único assunto “em julgamen-to” era a moda, pois o Fórum reuniu,até o final da década de 1980, as prin-

cipais marcas brasileiras e atraía con-sumidores de todo o país e tambémdo exterior em busca do prêt-à-portergenuinamente nacional. “O prédio foiconstruído com o fim específico dejuntar empresas de moda em um sólugar, num ambiente amplo e confor-tável, e promoveu a ‘migração’ dasempresas de Copacabana para Ipane-ma”, diz Monica. O local se tornou acena hype (pólo de moda) do Brasil eassim permaneceu até São Paulo as-sumir esse lugar.

A família de Monica possui tradi-

ção no meio jurídico carioca, e por uma“inclinação natural” para as ciênciashumanas, ela levou a sério os estudosna faculdade de Direito, mas não che-gou a atuar como advogada, nem so-freu influências familiares ao traçarsua trajetória profissional. “Eu fiz a prá-tica forense, mas não tive tempo depensar em outra coisa que não fossemoda: no final da faculdade eu come-cei a participar de eventos internacio-nais do setor”. Graças a essa buscapor conhecimento, Monica estabele-ceu importantes contatos ao partici-par das semanas de moda realizadasnas cidades de Nova York, Paris eMilão. Em uma de suas peregrinaçõesfashion pela França, conheceu umgrupo de jovens tunisianos apaixona-dos por moda. O encontro foi decisi-vo para suas exportações. “Eles eramos donos da griffe Naf Naf, que naépoca fazia uma moda super jovem,e encomendaram comigo mais de 20mil peças, um recorde absoluto. Foimuito legal passar férias em St. Tro-pez e ‘dar de cara’ com as mulheresde lá usando as minhas criações. Fi-quei muito feliz”.

O diferencial da Show Off era acriação com tecidos exclusivos – mui-tos deles com apliques artesanais –cujas temáticas eram determinadas pelaempresária após suas viagens. “Certavez fiquei um mês mergulhando no

Esteira-rolante: moda de Londresadotada no Rio de Janeiro

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Perfil Monica Ibeas

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Nasce no Rio de Janeiro, no Arpoador.

Compra uma sala na galeria Fórum de Ipanema para abrigar suapronta-entrega de roupas de banho. À noite, estuda Direito naFaculdade Candido Mendes, de dia toca os negócios com uma sócia.Monica fica responsável pela parte comercial e de criação, enquantosua sócia cuida da produção. Montam uma fábrica em Niterói.

Forma-se em Direito. Monica nunca chegou a atuar comoadvogada, mas a carreira, uma tradição de família, parecia umcaminho certo. Gosta de línguas, de história e de geografia,escolhe cursar algo na área de humanas.

Desenvolve tecidos e estamparias exclusivas com a TecelagemSanta Constancia. Vende 10 mil sungas para a Toulon, marca demoda jovem carioca, que hoje é popular.

Atingiu o auge da pronta-entrega, exportando biquínis, sungas esaídas de praia para Itália, Espanha e Riviera Francesa. Vende 20mil biquínis e maiôs para a loja francesa Naf Naf.

É convidada pelo pai para ser sócia capitalista de um quiosque deculinária japonesa, no shopping Rio Sul. Monica aproveita as fériasda gerente-geral para aprender “na marra”, segundo ela própria,o ofício. Decide vender sua parte na pronta-entrega para a sócia.

Fica à frente do negócio com consentimento dos outros sócios.“Eles acharam ótimo ter alguém 100% comprometido”, diz ela.

Inaugura o Sushi Rio, no mesmo Rio Sul. Institui uma administraçãomais enxuta e profissional. Coloca metas para os compradores etreina a equipe pessoalmente.

Numa viagem a Londres, visita um restaurante japonês e vê aprimeira esteira rolante, sucesso em vários países. Ficaimpressionada com a operação.

Inaugura em novembro o Kaiten (que em japonês significa“rolamento”) no Centro do Rio, área carente de restaurantes maistransados. É o primeiro da cidade a ter a esteira.

Em agosto inaugura o Geisha Hi-Tech, um projeto moderno,contemporâneo e com decoração clean.

1998

2004

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Tahiti, e quando voltei desenvolvi umacoleção toda com temas relacionadosao lugar”. As estampas estendiam-seaos acessórios, como forma de facili-tar as combinações. Isso chamou aatenção dos italianos, que passaram aimportar grandes quantidades de pro-dutos após visitar a loja de Ipanema, etambém obrigou Monica a se aprofun-dar em idiomas. “Os italianos fazemquestão que se negocie no idioma de-les, portanto, estudar foi fundamen-tal”. Além da barreira lingüística, a pa-dronagem dos biquínis utilizada na Eu-ropa foi outra dificuldade no percur-so. “Fiz uma adaptação nos tamanhosde minhas peças, ou seja, o tamanho‘M’ brasileiro se transformou no ‘P’europeu, o ‘G’ no ‘M’ e assim por di-ante, sem contar que acrescentei umpouco mais de pano na calcinha por-que a mulher européia não é acostu-mada com nossos biquínis cavados”.

Monica trabalhou exclusivamentecom moda até meados da década de1990. A empresária soube aproveitara abertura proporcionada pelo Gover-no Collor: investiu em importação degrandes marcas e se transformou emdistribuidora para os lojistas cariocas.O fato de ter um ótimo ponto – nessaépoca já havia trocado o Fórum de Ipa-nema pela badalada rua Visconde dePirajá – ajudou a dar um upgrade nosnegócios. Até o dia em que o pai a con-vidou para ser sócia investidora em umquiosque de alimentação japonesa.“Nunca havia trabalhado com família,acredito que uma empresa nesses

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moldes dificilmente dá certo porquegera conflitos administrativos, mascomo era apenas para investir, deciditentar”. Um dia, a gerente-geral do res-taurante precisou tirar férias, e Moni-ca viu no episódio a oportunidade deaprender o ofício – administrar o res-taurante – nem que fosse “na marra”.“Acordava de madrugada para ir aosmercados de peixes em Niterói, aprendia negociar com os peixeiros e reduzimeus custos com insumos quase pelametade”. O que era provisório trans-formou-se em permanente, e foi comum misto de surpresa e satisfação queMonica ouviu de seus cinco sócios queela deveria ficar no comando do em-preendimento. “Já que era para ser,então eu resolvi pegar firme, e tudo oque fiz foi com muita dedicação. Pro-movi mudanças drásticas para regula-rizar coisas que na minha opinião es-tavam incorretas e eram relacionadasa uma má administração”.

Depois de uma década administran-do os dois quiosques Sushi Rio (quefuncionam no Shopping Center RioSul, localizado em Botafogo), Monica

descobriu e se encantou com a estei-ra-rolante – verdadeira febre em Lon-dres, Sydney, Tókio e Nova York –que leva os pratos até o cliente e di-namiza o atendimento. Imediatamen-te trouxe a novidade para o Rio deJaneiro e a instalou no restauranteKaiten (um dos empreendimentos quepossui paralelamente aos quiosques)em pleno centro da cidade. “A esteiratem capacidade para 128 clientes edá as combinações prontas. Cada pra-to tem a borda de uma cor, sendo quecada cor simboliza um preço, e ospratos só são retirados no final paraque você contabilize o quanto con-sumiu”. A novidade, segundo Moni-ca, viabiliza três operações: a esteirapropriamente dita, o menu executivoe os pratos servidos a la carte. “Sevocê não quer companhia, a esteira éperfeita, pois você senta, come e vaiembora: se tem horário ou está compressa, não perde tempo”.

Já o Geisha Hi-Tech é um empre-endimento mais recente, com apenasseis meses, e assim como o Kaiten elatambém administra em parceria com

um sócio. Localizada num ponto es-tratégico para quem freqüenta a noitecarioca – bem em frente ao Canecão– a casa segue o mesmo padrão defi-nido pela empresária em seus outrosrestaurantes: decoração clean, atendi-mento personalizado, pratos cuidado-samente elaborados e ainda feedbackimediato em caso de dúvidas, suges-tões ou reclamações. “Tenho um ban-co de dados que checo diariamente eextraio as informações para dar retor-no aos meus clientes. Como não souchef, faço um trabalho de fidelizaçãopara oferecer as melhores opções emcomida japonesa em meio a tantos res-taurantes”. Diferente da concorrência,Monica oferece um menu de pratosquentes e valoriza as opções de car-nes e outros elementos, fora as novi-dades que busca constantemente.“Dou destaque aos peixes que não te-mos no mercado, como o peixe-pre-go, que é um exemplar de água doce,encontrado no Rio Amazonas, e que émuito saboroso. É apresentando no-vidades que eu consigo trazer pessoasque ainda não têm a cultura de comer

Sushi Rio: a esteira é perfeita para quem não quer companhia, tem horário ou está com pressa

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Perfil Monica Ibeas

MONICA IBEAS

Idade: 45 anos

Local de nascimento:Rio de Janeiro (RJ)

Formação: Direito

Empresa: Restaurantes Sushi Rio,Kaiten e Geisha

Ramo de atuação: Gastronomia

Ano de fundação: 1995

Cidade-sede: Rio de Janeiro (RJ)

Telefone: (21) 2275-5392

em um restaurante japonês, mas quesabem que conosco vai degustar ou-tras opções”. Para a empresária, é acombinação do que é “padrão” com oque é “diferente” que acrescenta va-lor ao que o cliente procura, por issoo cardápio é modificado a cada seismeses e as sugestões do chef são re-novadas diariamente.

Para lidar com 210 funcionáriosdiretos, Monica criou uma estruturaadministrativa que destaca a figura dogerente dentro dos processos. “Aspessoas acham que falar diretamentecom o patrão é mais fácil, mas euacho isso conflitante, por isso criei ocerco dos gerentes como forma devalorizar a hierarquia”. Cuida pesso-almente dos “casos mais graves” en-tre os colaboradores – como proble-mas que envolvem saúde, por exem-plo – e investe constantemente emtreinamentos como forma de aprimo-rar seus profissionais. “Todos fazemaulas de inglês para prestar um bomatendimento aos turistas que vêm detodo o mundo visitar o Rio de Janei-ro”. Diariamente ela recebe clientesestrangeiros que apreciam não só osabor dos pratos, como também aestética de suas criações. “Tenho fre-qüentadores que vêm da Filadélfiatodos os anos e ficam encantadoscom os cortes delicados de nossascarnes, eles dizem que nunca viramnada igual”.

Para suportar a correria e uma ro-tina que envolve visitas diárias aos qua-tro restaurantes, fora as viagens bi-mestrais a Nova York (consideradapelos gastrônomos a Meca da diversi-dade culinária) Monica pratica Ashtan-ga Yoga e aplica os ensinamentos deseu livro de cabeceira – o best sellerO Monge e o Executivo, do norte-americano James Hunter – nos pro-cessos administrativos. “A questão daliderança, de ser um bom líder, é algomuito importante a se conquistar”. Écom muita concentração que pensa emampliar seus negócios. “A gastrono-mia japonesa é a cara do Rio, as pes-

soas aqui são muito ligadas à questãoda alimentação e de cuidados com ocorpo, mais que em outros locais dopaís, até as crianças têm noção debuscar comidas mais saudáveis”.

Uma das satisfações de Monica éencontrar os antigos colegas de facul-dade – que hoje são desembargadoresou juízes – prestigiando suas idéias eseu cardápio cuidadosamente elabora-do. A outra é ver que sua paixão e de-dicação aos negócios não foram emvão. “Meu pai tem muito orgulho demim, ele jamais esperava tanto envol-vimento de minha parte nisso”.

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Pequenas NotáveisEditado por Alexandre Gonçalves

Para muitas pequenas e médiasempresas, uma das únicas alternati-vas para obter recursos é recorreràs cooperativas de crédito. Por con-ta disso, é imprescindível estabele-cer condições mínimas para que umacooperativa de crédito possa se man-ter sustentável no mercado. Essa foiuma das questões tratadas durante oFórum Nacional de Cooperativas deCrédito, promovido pelo Banco Cen-tral e pelo Sebrae, em Brasília, nomês de maio. “Uma cooperativaauto-sustentável é um empreedimen-to que tem solidez e que é solidá-rio”, diz Marco Aurélio Almada, su-perintendente do Sicoob-Brasil, en-tidade que reúne as cooperativas decrédito de todo país.

Para ele, a sustentabilidade deuma cooperativa de crédito passapela postura do cooperado, que devese integrar como dono, cliente e usu-ário preferencial. É isso, segundo ele,que irá resultar no comprometimen-to de todos no desenvolvimento dacooperativa para gerar saldos posi-tivos. O caminho para isso passa cer-tamente pelo desenvolvimento de umplano estratégico que indique neces-sidades e investimentos em infra-es-trutura, em capitalização da coope-rativa, em tarifas e taxas competiti-vas com as aplicadas pelo mercado,entre outros.

“Às vezes os obstáculos são in-ternos, de convencimento, de fazer aprópria lição de casa”, diz MárcioLopes de Freitas, presidente da Or-ganização das Cooperativas Brasilei-ras (OCB). Na avaliação de Freitas,eventos como o Fórum ajudam nadiscussão e definição de estratégiasrelativas ao associativismo e ao coo-perativismo nos micro e pequenosnegócios. “Já existe a permissão deformação de cooperativas e de asso-

PERSPECTIVAS

Cooperativas de crédito no foco

ciações de micro e pequenos empre-sários. Então, as discussões no Fó-rum são de regras operacionais quedêem a esses empresários condiçõesde trabalhar mais fortemente com as

cooperativas, para que saiam da de-pendência do sistema financeiro”.

(Com informações de Beatriz Borgese Dilma Tavares/Agência Sebrae)

Na abertura do Fórum Nacionalde Cooperativas de Crédito, o pre-sidente da República, Luiz InácioLula da Silva, pediu que fosse ela-borado um documento com as prin-cipais reivindicações do setor coo-perativista. O pedido resultou noManifesto do Cooperativismo quetem como principais pontos o for-talecimento do Sescoop, a autori-zação para as cooperativas de cré-dito atuarem como agentes de ar-recadação de tributos federais, oacesso aos recursos do FAT/Cus-teio e ao Programa de Capitaliza-ção Procapcred pelas cooperativasde crédito e a criação de uma únicalei para o cooperativismo de crédi-to. “Reunimos nesse manifesto asações que podem ser facilmente

realizadas o quanto antes”, dizCarlos Alberto dos Santos, gerenteda Unidade de Acesso aos Servi-ços Financeiros do Sebrae.

O Manifesto foi encaminhado aopresidente da Câmara dos Deputa-dos, Aldo Rebelo, e do Senado, Re-nan Calheiros. Além dos pontos fun-damentais para o cooperativismo, odocumento destaca ainda a impor-tância da aprovação da Lei Geral dasMicro e Pequenas Empresas, emtrâmite no Congresso Nacional,também para o desenvolvimento dospequenos negócios ligados às coo-perativas. “Queremos que o PoderLegislativo se envolva ainda maiscom as questões do cooperativis-mo que tanto vem crescendo noBrasil”, diz Santos.

A pedido de Lula, Fórum elaboraManifesto do Cooperativismo

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O espaço da micro e pequena empresa

POSITIVO

Pesquisa mostra relaçãode micro e pequenas comquestões socioambientais

Tendo como referência as diretri-zes desenvolvidas pelo Sebrae e Ins-tituto Ethos, o biológo Bruno Quin-tas realizou uma pesquisa sobre Res-ponsabilidade Socioambiental dasMicro e Pequenas Empresas do Dis-trito Federal, para basear sua disser-tação de mestrado sobre Desenvolvi-mento Sustentável, na Universidadede Brasília (UnB). E o resultado nãopoderia ter sido mais positivo: dos294 responsáveis pelos micro e pe-quenos empreendimentos pesquisa-dos, 82% disseram praticar pelo me-nos uma ação de responsabilidadesocial. “Mesmo à frente de pequenosempreendimentos e enfrentando difi-culdades, estes empresários se preo-cupam com as outras pessoas e como meio ambiente”, diz Quintas.

Outro dado da pesquisa – que con-tou com o apoio da Empresa Júnior

de Sociologia da UnB na aplicação dequestionários – destacado por Quin-tas diz respeito ao grau de escolarida-de dos pesquisados. A maior concen-tração daqueles que praticam algumaação de responsabilidade social é for-mada pelos que possuem maior graude escolaridade, enquanto que os em-presários com nível superior comple-to somam 19,10%, e os com ensinomédio completo, 49%.

Outro dado apontado na pesquisaindica que entre os 82% de empresári-os de micro e pequenos empreendimen-tos que praticam alguma ação social,53% são homens e 47%, mulheres. “Apesquisa foi aplicada apenas junto aproprietários de micro e pequenas em-presas e eu não esperava que houvessetantas mulheres à frente de empresas”,diz. “Dos 294 pesquisados, 55,1% sãohomens e 44,9% são mulheres”.

Quintas: pesquisa comprova preocupação das micro e pequenasempresas em atuar junto à comunidade e em prol do bem-estar coletivo

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CONVÊNIO

Parceriabeneficia MPEsde comércio eserviços

Um segmento que, deacordo com as últimasestatísticas do IBGE, reúne4,3 milhões de empreendimen-tos formais de micro epequeno porte, mais de 87%do universo das micro epequenas empresas formais.Em números, é esse o perfildo setor de comércio eserviços que será beneficiadocom a assinatura de umconvênio de cooperação geralentre Sebrae e ConfederaçãoNacional do Comércio (CNC).

O objetivo do convênio élevar modernas tecnologiaspara informação ecomunicação, por meio dosprojetos Conectar e AutomaçãoComercial. Esses e outrosprojetos serão operacionaliza-dos pelas federações doComércio em parceria diretacom cada unidade estadual doSebrae. Com isso, pretende-seaumentar a competitividade e asustentabilidade das empresasde pequeno porte.

A primeira fase do convêniotem previsão de disponibilizarrecursos na ordem de R$ 11milhões para os quatroprojetos imediatos decooperação técnica, comcobertura de 50% para cadaparceiro. Uma das açõesimediatas está voltada para arealização de um estudo sobrea competitividade dos setoresdo comércio, serviço eturismo até 2015.

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Nº 8

Caderno de

No seu sistema defranquias, Datasulprioriza alinhamentode interesses ecompartilhamentode riscos

Modelointerativo

No final dos anos 90, concorren-tes internacionais intensificaram a atua-ção no mercado brasileiro de softwarede gestão empresarial integrada epara isso buscar talentos a fim de su-prir deficiências. Foi neste cenárioque, em 1999, a Datasul adotou o sis-tema de franchising como estratégiade crescimento. Além de reter os pro-fissionais mais experientes e criativos,a companhia obteve redução signifi-cativa de custos e melhoria da efi-ciência fiscal, além de firmar basespara uma expansão internacional es-truturada e planejada. O maior ganho,no entanto, foi o alinhamento de in-teresses e o compartilhamento de ris-cos dentro de todo o network. O novomodelo organizacional gerou um sen-timento de empreendedorismo entreos colaboradores, pois muitos delestornaram-se sócios ou diretores dasfranquias de desenvolvimento e dis-tribuição. A interdependência opera-cional e de geração de receitas le-vou ao comprometimento de todoscom o crescimento da companhia.

Hoje a Datasul é apontada comoo maior empreendimento de capi-tal nacional nos mercados brasilei-

Sede da Datasul, em Joinville:franchising é estratégia de crescimento

especial: franquias

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TIros de ERP geral, com 15,7% de par-ticipação. No nicho formado porempresas de grande e médio por-te, que concentra 79,8% dos gas-tos com softwares de gestão empre-sarial integrada no Brasil, é lídercom 17,1% de participação. No ex-terior, possui seis franquias de dis-tribuição instaladas na Argentina,Chile, Colômbia e México, e trêsfranquias de desenvolvimento naArgentina, Colômbia e Chile. NosEstados Unidos atua com distribui-dora parceira e conta ainda com sub-sidiárias neste país e no México,além de uma filial na Argentina. Emjunho, abre seu capital na Bolsa deValores de São Paulo.

Uma das principais metas da com-panhia nesta nova fase é ampliar arede de distribuição e crescer naAmérica Latina, por meio da aberturade novas franquias e parcerias. A Da-tasul opera no mercado internacionaldesde 1992, mas foi a partir de 2003,com a implantação de uma franquiade distribuição na Argentina, que onicho passou a ter um planejamentoespecífico. No Brasil, além da con-solidação da empresa nas áreas ondejá atua, a rede de distribuição seráexpandida para localidades onde elanão está presente.

A expansão da empresa continuacentrada no modelo de negóciosadotado em 1999. Nesse sistema, aDatasul é responsável pelo planeja-mento, uso, controle e orientaçãode estratégias de mercado, softwa-res, serviços, tecnologias, marketinge vendas e gestão geral da estrutu-ra. As franquias de desenvolvimen-

to (FDE) respondem pela evoluçãode softwares, manutenção, suportetécnico e prestação de serviços deconsultoria e customizações. No ex-terior, elas têm como uma de suasprincipais funções customizar eadaptar os softwares à legislação epadrões econômicos específicos. Àsfranquias de distribuição (FDI) cabea identificação e qualificação de po-tenciais clientes, vendas de softwa-res, serviços de implantação, servi-ços de customização de softwarese consultoria, além do relaciona-mento pós-venda. Ao todo, são 2,2mil profissionais no Brasil e no exte-rior, sendo 115 na franqueadora, 70em suas subsidiárias, 680 nas FDEe 1.330 nas FDI.

O relacionamento com as fran-quias, que são unidades autônomas,é todo previsto em contratos queprescrevem obrigações de exclusivi-dade, confidencialidade e não con-

corrência. A unidade central exerceum contínuo monitoramento e con-trole das atividades das franquias,por meio de diretrizes e de um siste-ma de gestão integrada desenvolvi-do especificamente para a coorde-nação e de auditorias periódicas, dis-cutidas entre as partes. As FDI rece-bem comissões pelas vendas efetu-adas e as FDE pelos serviços de ma-nutenção prestados, sendo que am-bas pagam taxas de franquia sobreos valores faturados.

A seleção de franqueados parte deuma avaliação mercadológica da ofer-ta de software para o caso das FDE edo potencial de vendas no territóriopretendido no caso das FDI. Depoisos candidatos recebem uma Circularde Oferta, contendo todos os dadose informações requeridos pela Lei deFranquias, e é elaborado um planode negócios para demonstrar a via-bilidade do novo empreendimento.

Unidade central exerce monitoramento e controle das franquias

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especial: franquias

Diversão multiplicada

O ramo de lan house, estabeleci-mento no qual é possível utilizar com-putadores com acesso à internet e auma rede local com a finalidade deentretenimento como jogos virtuaisem equipe, concretizou-se no Brasil.A idéia que virou um novo modelo denegócio surgiu em 1996 na Coréia doSul e em 1998 começou a ser difun-dida no Brasil.

José André Carneiro Scravoni foium dos empreendedores que enxer-gou nessa área uma ótima oportuni-dade de negócio. Em 2002, ele abriua G@me Station Lan House, que atuana área de entretenimento, mais es-pecificamente em diversões eletrôni-cas e games. “Os clientes e usuáriosmuitas vezes necessitam dos servi-ços oferecidos por uma lan, tendoem vista que internet (principal servi-ço oferecido por uma lan house ecyber café) é fundamental na vida demuitas pessoas”, diz.

O resultado veio rápido. Sete me-ses depois da inauguração Scravonidecidiu utilizar o sistema de franqui-as. O motivo foi a necessidade de ex-pansão do próprio negócio para aten-der a demanda.

No mesmo ano foram abertas trêslojas franqueadas, duas localizadasnas cidades paulistas de Ribeirão Pre-to e Caconde e uma própria em Po-ços de Caldas, Minas Gerais. “Nãobuscamos referências e sim um tipode exigência de mercado para quepudéssemos fortalecer a marca, abrin-do assim nossas primeiras franquiase passando de uma empresa conhe-cida, antes apenas no município edepois regionalmente”, diz Scravoni.

Formado em Administração deempresas, Scravoni sempre atuou no

Inventadas na Coréia doSul, as lan houses sãouma idéia de negócio quevingou no Brasil

ramo de entretenimento, na gíria elenão é um noob (abreviação de new-bie, utilizada como provocação en-tre os jogadores e significa novato oucalouro). O empresário gosta do quefaz e isso o ajudou a estar atualizadocom o que acontecia e a perceber acrescente demanda no país.

Scravoni procurou auxílio na Pon-tifícia Universidade Católica (PUC)para definir as estratégias de marke-ting, adotando um projeto piloto devenda de conhecimento. As campa-nhas traçadas são geralmente regio-nais, com alvo no Sul de Minas Ge-rais e interior de São Paulo, mas tam-bém utiliza a internet para ações quetêm abrangência nacional, como arealização de campeonatos e a di-vulgação de diversas promoções.Por exemplo: leve um amigo e ga-nhe 30 minutos grátis, toda quarta-feira a hora de jogo custa menos, epromoção nota dez, que premia comhoras grátis estudantes de 1° e 2°graus com boas notas na escola.

A busca por parcerias é constan-te, pois ele acredita ser uma boaoportunidade para conquistar mer-cados, abrindo espaço para o surgi-mento de novas franquias. Em rela-ção aos concorrentes, as iniciativaspriorizadas são o valor da franquia,assessoria pré e pós-inauguração etreinamento, também para a monta-gem de uma lanchonete interna, quecomplementa a rentabilidade. “Da-mos total liberdade de atuação em

sua cidade e mercado, nosso con-trato é bem flexível”, diz. “O treina-mento é completo, tanto operacio-nal como gerencial, sendo prático etambém com manual técnico dosprogramas usados.”

Scravoni explica que o empreen-dedor interessado, após estudar a pro-posta com os valores, estrutura e in-formações, faz uma visita na sede daempresa, na cidade de Poços deCaldas, Minas Gerais, para conheceras instalações. “Após ou durante estavisita podemos assinar o pré-contra-to, dando início ao negócio, tendoum prazo de 30 dias para a lan houseestar em pleno funcionamento.” O in-vestimento é de R$ 42 mil.

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José André Carneiro ScravoniIdade: 30 anosLocal de Nascimento:Caconde (SP)Formação: Bacharel emAdministração de Empresaspela PUC-MGEmpresa: G@me Station LanHouse (4 funcionários)Ramo de atuação:Entretenimento, serviços deinternet, impressões e xerox elanchoneteAno de fundação da empresa:2002Sede: Poços de Caldas (MG)

G@me Station: franquia é exigência para fortalecer a marca

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60 – Empreendedor – Junho 2006

TI especial: franquias

O primeiro emprego de FernandoSchevz foi ser dono do próprio em-preendimento, aberto em 1986. Eletinha 19 anos e cursava faculdade deEngenharia Eletrônica quando mon-tou a Star Computer, franquia de lo-jas de informática, em um ambientede apenas 3m2 dentro de uma video-locadora, pagando uma porcenta-gem para o dono. Mas o pequenoespaço nunca o impediu de crescer.Na verdade, até ajudou a criar o con-ceito que lhe trouxe bons resultados:custo de pequeno comércio com ad-ministração, marketing e compra degrande rede. Para se destacar da con-corrência, sempre apostou no aten-dimento, feito com muito zelo e pa-ciência para explicar com detalhes acada cliente todas as característicasdos produtos que comercializa.

Em pouco tempo abriu quatro lo-jas. Mas a partir daí começou a ficarmuito difícil ter algum crescimentodevido às margens de lucro muitobaixas e o aumento dos gastos comsalários de gerentes e diretores. E noramo escolhido por Schevz cresceré questão de sobrevivência no mer-cado, pois significa aumentar o vo-lume de vendas e melhorar o poderde compra e de barganha nas nego-ciações com os fornecedores. Mas

Margem para crescerFranqueados viabilizam maior poderde barganha com os fornecedores

Fernando SchevzIdade: 39Local de Nascimento:São Paulo (SP)Formação:Engenharia EletrônicaEmpresa: Star Computer(400 funcionários)Ramo de atuação: Franquia delojas de informáticaAno de fundação: 1986Sede: Alphaville – Barueri (SP)

com ele acontecia justamente o con-trário. As lojas estavam tendo umavariação freqüente de rentabilidade,quando melhorava em uma, pioravana outra. “As negociações estavamterríveis, como pequeno comercian-te não conseguia comprar de fábri-ca, somente de distribuidores. Esta-va muito complicado gerir uma redegrande”, diz.

A solução foi utilizar o sistema defranquias. Por meio do franchising foipossível expandir cerca de vinte vezeso número de lojas. Hoje, são 82 uni-dades em todo o Brasil. Para ele, quan-do o dono está perto o atendimentotem que ser sempre especializado. “Ofranqueado, como dono da loja, exer-ce qualquer cargo que estiver em fal-ta, desde de office-boy até presidenteda empresa. A carga horária de traba-lho é muito maior, principalmente por-que tem interesse, e evita ao máximoo desperdício, além de não deixar di-nheiro parado de forma alguma”.

Conforme Schevz, nesses vinteanos houve muitas mudanças nomercado que o fizeram aprimorar omodelo adotado. Participar da mai-oria dos eventos internacionais é amaneira de se manter atualizado ebuscar referências. No início as lojaseram voltadas para a venda de mi-

crocomputadores (desktops), depoispassaram a comercializar e prestarassistência técnica, localizadas empontos fortes nas principais ruas.Hoje o posicionamento estratégicoé estar nos shopping centers e tra-balhar na área de varejo, com 1.600itens de mercadoria. “O foco é ofe-recer todo o leque de produtos, por-que com isso é possível obter mar-gens muito melhores. Trabalhamospara ter maior rentabilidade por me-tro quadrado”.

Para selecionar o franqueado, aStar Computer tem um mini-comitê,que analisa o perfil e o aporte finan-ceiro necessário para ele poder ter lu-cro. A rede não cobra royalties e oinvestimento médio fica entre R$ 120mil a R$ 400 mil, dependendo da loca-lização. “Isso contando com a aquisi-ção e reforma de um ponto comercial,capital de giro e taxa de bandeira”, dizSchevz. A perspectiva de crescimentopara os próximos anos é de 25%.

Schvez: expansãode vinte vezes onúmero de lojas

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Junho 2006 – Empreendedor – 61

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Franquia ABFABF

62 – Empreendedor – Junho 2006

A ABF Franchising Expo 2006 reuni-rá em sua 15ª edição cerca de 200 expo-sitores em busca de parceiros que dese-jam ingressar no mundo das franquias.

Organizada anualmente pela Asso-ciação Brasileira de Franchising(ABF) e Messe Frankfurt Feiras, a ex-posição acontecerá entre os dias 7 e10 de junho de 2006, no ITM Expo,em São Paulo.

“Com 14 mil m2 de exposição, a ABFFranchising Expo é a maior feira denegócios em franquia da América Lati-na”, afirma Ligia Amorim, diretora ge-ral da Messe Frankfurt Feiras.

Na ABF Franchising Expo 2006, opúblico encontrará oportunidades de

Um show de franquias em São PauloABF Franchising Expo recebe expositores internacionaise espera movimentar R$ 22 milhões em negócios

investimento em praticamente todos ossegmentos da economia. Além disso,terá a chance de conhecer um poucomais sobre os mercados de franquia daAmérica Latina, Portugal, Espanha eEstados Unidos.

“Um dos destaques dessa ediçãoserá o Pavilhão Internacional, com apresença de nove associações interna-cionais”, afirma Ricardo Camargo, di-retor executivo da ABF.

Participam da feira pela primeira vezempresas como Fran’s Café, Yep, Óti-cas Carol, Wall Street Posters, Maho-gany Cosméticos, Mr. Cheney Cooki-es, Colibri Sistemas, Colégio Anglo-Americano, entre outras.

15ª ABFFranchising ExpoData: 7 a 10 de junho de 2006Horário de Funcionamento:Quarta à Sexta – 13h às 21hSábado – 13h às 18hLocal: ITM Expo (Centro Têxtil) –São Paulo – Avenida EngenheiroRoberto Zuccolo, 555Promoção: Associação Brasileira deFranchising (ABF)Organização:Messe Frankfurt FeirasIngressos: R$ 30,00 (dá direito avisitação da ABF Franchising Expo eda Brasilshop, que acontecesimultaneamente a feira de franquiasno ITM Expo, durante os 4 dias)Interessados em participar dasatividades paralelas que acontecemdurante a exposição deverão fazer asinscrições na ABF, através do tel. (11)3814-4200 ramal 24 ou através doe-mail [email protected] informações:www.abfexpo.com.br

Paralelamente a 15ª ABF FranchisingExpo 2006, a ABF programou várias ati-vidades que vão ao encontro das necessi-dades do setor. Entre elas estão seminári-os, painéis e plenárias que contarão coma presença de importantes personalida-des ligadas ao sistema de franchising.

No dia 8 de junho, os associados daABF poderão conferir o Seminário deDireito no Franchising, no qual serãodiscutidos diversos assuntos como Mo-dernização do Poder Judiciário, a ques-tão do ISS sobre royalties, a Taxa Inici-al de Franquias, os Aspectos Jurídicos

da Expansão Internacional.Ainda nesse dia, às 19h, acontecerá a

Plenária do Fórum de Franquias com apresença do ministro do Desenvolvi-mento, Indústria e Comércio Exterior,Luiz Fernando Furlan.

Já no dia 9 de junho, será apresentadoo Painel Reestruturação do Instituto Na-cional da Propriedade Industrial (INPI),com a presença do presidente do INPI,Embaixador Roberto Jaguaribe, do Pre-sidente da Associação Brasileira deAgentes de Propriedade Industrial (ABA-PI), Dr. Raul Hey, e do Presidente da

Muito mais do que uma exposiçãoAssociação Paulista da Propriedade In-dustrial (ASPI), Dr. Clovis Silveira.

Também como parte da programa-ção de sexta-feira, acontecerá o Semi-nário Como Fazer Negócios na Argen-tina. Dividido em dois painéis, o pri-meiro discutirá o Funcionamento dosNegócios na Argentina, abordando te-mas como A Recomposição do Siste-ma Financeiro Argentino e O Contratode Franchising na Argentina. No segun-do painel serão debatidos aspectoscomo os custos trabalhistas na Argen-tina e como fazer negócios no Chile.

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Junho 2006 – Empreendedor – 63

AlpsNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucessoRede em ampla expansão

Lançada em maio de 2001, a Alps fazparte do grupo ProAcademix, tambémdetentor das marcas Wizard eWorktek. Atualmente, ela é a rede defranquias de idiomas que mais cresceno Brasil, com 101 unidades espalha-das por todo o país.

O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvi-da nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolin-güística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatrohabilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa:conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, oaprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente.

A Alps conta com know-how administrativo e comercial,através de um siste-ma exclusivo de en-sino, e dá assessoriana seleção do pontocomercial, na adequa-ção do imóvel e naimplantação e opera-ção da escola.

Nº de unidades próp. e franq.: 101Áreas de interesse: América Latina, EstadosUnidos, Japão, EuropaApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PNTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 porkit (publicidade)Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 milCapital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 12 a 18 mesesContato: Ivan Cardoso

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

Page 64: Empreendedor 140

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

WorktekNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.worktek.com.br

A Worktek Formação Profis-sional faz parte do ProAcade-mix, maior grupo educacionaldo Brasil detentor das marcasWizard, Alps e Proativo. Trata-se de uma nova modalidade defranquias com o objetivo depreparar o jovem para o pri-meiro emprego ou adultos quebuscam uma recolocação no mercado de trabalho.

São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer,Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem eManutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Te-lemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista,

Marketing e Atendimento aoCliente.

Entre os diferenciais daWorktek está a qualidade domaterial e do método de en-sino, além do comprometi-mento com a recolocação quevai além das salas de aula atra-vés do POP, Programa deOrientação Profissional.

Conquiste sua independência financeira!

Nº de unidades próprias e franqueadas:70Áreas de interesse:: BrasilApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF,FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mile R$ 25 milInstalação da empresa: a partir deR$ 30 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 36 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

Page 65: Empreendedor 140

A Wizard Idiomas é amaior rede de franquias nosegmento de ensino de idiomas* do país.

Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior quegeram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio mi-lhão de alunos por ano.

A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamentedidático com proposta pedagógica para atender alunos da educa-ção infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira ida-de. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e

português para estran-geiros. A Wizard étambém pioneira noensino de inglês emBraille.

* Fonte: AssociaçãoBrasileira de Franchi-sing e Instituto Fran-chising.

WizardNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.wizard.com.br

Sucessoeducacional eempresarial

Nº de unidades: 1.221 franqueadasÁreas de interesse: América Latina, EUA eEuropaApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI,PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 milInstalação da empresa: a partir de R$ 50 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 24 a 36 meses

ZetsNegócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos

Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) [email protected]

www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mãoA Ezconet S.A. detentora da

marca Zets é uma empresa de tec-nologia e distribuição de telefoniacelular e aparelhos eletrônicos que,através de um sistema revolucioná-rio denominado “BBC” (business tobusiness to consummer) agrega novosserviços e valores a cadeia de distri-buição. Realiza a integração entre ocomércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções com-pletas de e-commerce e logística para seus parceiros.

Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizarpara pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negóciopróprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, semriscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. ComoFunciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtualZets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, cata-logo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. QuaisProdutos são comercializados: Celulares e acessórios para

celulares, calculadoras, telefo-nes fixos, centrais telefônicas,acessórios para informática, ba-terias para filmadoras, bateriaspara note-book e câmeras digi-tais, pilhas, lanternas, filmespara maquina fotográfica, car-tuchos para impressoras, etc.A franquia estuda a inclusão denovos produtos.

Nº de unidades próp. e franq.: 20Áreas de interesse: BrasilApoio: PP, TR, OM, FI, MPTaxa de Franquia: R$ 5 milInstalação da empresa: R$1.500,00Capital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 6 a 12 mesesContato: Shlomo Revi

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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66 – Empreendedor – Junho 2006

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Junho 2006 – Empreendedor – 67

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68 – Empreendedor – Junho 2006

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Junho 2006 – Empreendedor – 69

Guia do Empreendedor

A Voice Global lançou no Brasilum aparelho que se conecta a linhasnormais de telefonia e faz interurba-nos nacionais e internacionais em vozsobre IP (VoIP) a um custo até 10vezes menor. Esse é o apelo da pu-blicidade do VoicePhone, voltada àsclasses sociais menos favorecidas.“O foco são os consumidores D eE, que não possuem conexão à in-ternet nem familiaridade com tecno-logias mais avançadas, mas o pro-duto é interessante para qualquerpessoa e empresa”, diz Cláudio Car-valho, diretor da operadora de tele-fonia IP. Outro lançamento é o Voi-ce Mobile, celular GSM, Wi-Fi eVoIP, em parceria com a Ynoma.

O VoicePhone é um aparelho nor-mal e transportável, com um chip in-serido que permite aligação em linhastelefônicas tradici-onais de qualquerlugar (meio a serusado nas ligaçõeslocais) e faz inte-rurbanos VoIP(DDD e DDI). Acombinação ideal éconectar o aparelhoa uma linha econômica, oferecidapela maior parte das operadoras, quesó permite ligações locais. Os crédi-tos para a realização de interurbanosvia VoicePhone são vendidos em di-versos pontos, e a aquisição mínimaé de R$ 2, o que permite fazer cercade 10 minutos de ligações DDD. Aempresa está em negociação comduas grandes redes nacionais de va-

Produto polivalenteComunicação de aparelho que faz ligaçõesinterurbanas é voltada para baixa renda,mas produto interessa qualquer classe

rejo para fazer a distribuição nacio-nal dos aparelhos, cujo preço estáestipulado em R$ 60, financiável ematé 30 meses, a partir da primeiraquinzena de junho.

O nicho de consumidores de bai-xa renda foi escolhido pelo fato deleestar excluído do foco das mais de50 empresas que atuam no mercadobrasileiro de telefonia IP. SegundoCarvalho, o mercado geral não estásaturado, mas a concorrência extre-ma leva as operadoras a se prostituí-rem, brigando por preços. Com umproduto desenhado para pessoas me-nos favorecidas financeiramente, pre-ço e qualidade, a VoiceGlobal esperaconquistar em pouco tempo uma fa-

tia considerável do mercado. Ela in-vestiu US$ 800 mil no desenvolvimen-to da tecnologia e implantação de in-fra-estrutura com capacidade para su-portar 2 milhões de usuários.

Parte dessa clientela deve estaratrelada ao Voice Mobile. O apare-lho celular da UTStarcom, o GSMWiFi GF-200, distribuído no Brasilpela Ynoma, pode fazer e receberligações através do chip GSM dequalquer operadora celular tradici-onal e, além disso, quando estiverdentro de uma rede WiFi, poderáfazer ligações locais, DDD e DDI,através da Voice Global, por umcusto sensivelmente inferior aos co-brados pelas operadoras tradicio-nais. “O GF-200 proporciona redu-ção de custo, simplicidade de ope-ração e tamanho compacto”, dizSergio Ribeiro, presidente da VoiceGlobal. O restante do tráfego devevir dos usuários do SoftPhone, sof-tware grátis semelhante ao Skypeque suporta até seis números.

Ribeiro: GF-200 reduz custo, simplifica operação e tem tamanho compacto

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Do Lado da LeiGuia do Empreendedor

70 – Empreendedor – Junho 2006

Marcos Sant’Anna BitelliAdvogado

(11) 3871- 0269

DIV

ULG

ÃO

É inegável que grande parte doscustos envolvidos em operações co-merciais e industriais está ligada àfalta de segurança pública. Isso en-volve desde o pagamento de eleva-das apólices de seguro, contrataçãode empresas de segurança privada,furto ou roubo de mercadorias, da-nos causados a clientes de estabele-cimentos vitimados por eventos re-lacionados à violência e, mais recen-temente, como se viu nos episódiosdo Estado do Rio de Janeiro e SãoPaulo, perda de receita por queda,ou como no evento do PCC, ausên-cia de faturamento.

No trágico evento dos atentadosem São Paulo, shopping centers eestabelecimentos comerciais chega-ram a perder 90% do faturamento dodia e cerca de 35% na semana du-rante os conflitos e ataques nas ruas.Recentemente, políticos populistasvoltaram com a ladainha de que oproblema da segurança pública é so-cial, porque é da sociedade, e o in-vestimento em educação seria o bas-tante para acabar com este caldei-rão de violência. Ocorre que essa éuma boa desculpa para dizer que“pobre é bandido”, quando isso nãoé verdade e, ao mesmo tempo, per-mitir o constante contingenciamen-to do orçamento de investimento em

Insegurança públicaatinge os negóciosEm São Paulo, comércio perdeu 90% dofaturamento do dia e cerca de 35% na semanadurante os conflitos e ataques nas ruas

segurança pública em presídios e noaparelhamento das polícias.

A Constituição Federal estabeleceno art. 212 a obrigatoriedade de in-vestimento de parcela do orçamentoda União, Estados e Municípios emeducação, por exemplo. O mesmoocorre com a saúde. A Lei de Res-ponsabilidade Fiscal – LRF (Lei Com-plementar nº 101, de 4 de maio de2000) estabelece normas de finançaspúblicas voltadas à responsabilidadena gestão fiscal, mediante ações emque se previnam riscos e corrijam osdesvios capazes de afetar o equilíbriodas contas públicas, destacando-se oplanejamento, o controle, a transpa-rência e a responsabilidade, como pre-missas básicas.

A LRF cria condições para a im-plantação de uma nova cultura geren-cial na gestão dos recursos públicos eincentiva o exercício pleno da cidada-nia, especialmente no que se refere àparticipação do contribuinte no pro-cesso de acompanhamento da aplica-ção dos recursos públicos e de avalia-ção dos seus resultados. Esta Lei con-diciona a transferência voluntária, queé a entrega de recursos correntes oude capital, a outro ente da Federação,a título de cooperação, auxílio ou as-sistência financeira, que não decorrade determinação constitucional, legal

ou os destinados ao Sistema Único deSaúde, ao cumprimento dos limitesconstitucionais de investimento emsaúde e educação.

Portanto, para por fim a esta retó-rica falsa a respeito da insegurançanacional, seria necessário que se obri-gasse os Governos ao investimento,sem contingenciamento, das verbas desegurança pública e se fizesse umanorma constitucional, ainda que tem-porária, obrigando o investimento deparcela dos orçamentos em seguran-ça pública, sob pena da sociedade setornar refém da criminalidade e osnegócios do crime em breve geraremmais receitas e empregos do que osempreendimentos lícitos, estabelecen-do-se o Estado paralelo nas mãos docrime organizado.

De outro lado, o exemplo dos po-deres políticos, cortando na carne acorrupção e o assalto aos cofres pú-blicos, colaboraria com a desnecessi-dade do contingenciamento de verbasorçadas, com a conseqüente reduçãodos custos das empresas e segurançados empreendimentos.

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Junho 2006 – Empreendedor – 71

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Guia do Empreendedor

72 – Empreendedor – Junho 2006

Um guia para empresáriosPoderemos ser campeões em tecnologia?Um livro aponta os caminhos para esse sonho

Baseado em artigos e contribuiçõesdos integrantes do Fórum de Líderes,organização sem fins lucrativos que reú-ne as principais lideranças empresari-ais do país, o livro “Inovação – ComoVencer Esse Desafio Empresarial” mos-tra a importância estratégica do inves-timento em pesquisa e desenvolvimen-to. Dados revelam que as empresas bra-sileiras que hoje investem em pesquisae desenvolvimento respondem por ape-nas um terço do Produto Interno Bruto(PIB) industrial. Este livro é uma ten-tativa de reverter esse quadro.

O conteúdo foi desenvolvido a partirde 65 artigos escritos por membros doFórum de Líderes, entre eles David Fef-fer (presidente do Grupo Suzano), Patri-ce Zagamé (presidente da Novartis),Roberto Egydio Setúbal (presidente doBanco Itaú), Cledorvino Bellini (presiden-te da Fiat do Brasil), Luiz Vilar de Carva-lho (diretor-presidente da Votorantim Ci-mentos), e também por especialistas daUniversidade de São Paulo (USP), Uni-versidade Estadual de Campinas (Uni-camp) e Fundação Dom Cabral.

Com base nos artigos, uma equipedo PGT/USP (Núcleo de Política eGestão em Ciência e Tecnologia), co-ordenada por Roberto Sbragia, desen-volveu o livro, que tem como premis-sa básica o conceito de que cabe àspróprias empresas tomarem a iniciati-va de incluir a inovação em seu plane-jamento estratégico, pois isso é essen-cial para o crescimento e até a sobre-vivência dos negócios. “Inovação” éum guia para os empresários que pre-tendem investir em desenvolvimentotecnológico, sempre com foco nos

benefícios que esse investimento trazpara as próprias empresas.

Entre os vários temas abordados,estão a importância da pesquisa e dodesenvolvimento de novas tecnologi-as e como isso reflete na competiti-vidade; como implantar e gerir cen-tros de inovação; o intra-empreende-dorismo, que estimula funcionários aagir como empreendedores, contribu-indo para a inovação dentro da em-presa; a relação entre as empresas eas universidades e os centros de pes-quisas e a necessidade de políticaspúblicas que facilitem e incentivem ainovação empresarial. Além disso, olivro traz uma lista de sites sobre tec-nologia e inovação.

Roberto Sbragia (coord.) é doutorem Administração pela FEA/USP (Fa-culdade de Economia, Administração eContabilidade da Universidade de SãoPaulo), onde coordena o MBA em Ad-ministração de Projetos e o PGT/USP(Núcleo de Política e Gestão em Ciên-cia e Tecnologia). Também ocupa ocargo de supervisor de projetos da FIA– Fundação Instituto de Administração,vinculada à FEA/USP, e foi um dos fun-dadores da Anpei – Associação Nacio-nal de Pesquisa, Desenvolvimento eEngenharia das Empresas Inovadoras.

Eva Stal é formada em QuímicaIndustrial e mestre em Tecnologia deProcessos Bioquímicos pela Universi-dade Federal do Rio de Janeiro. É tam-bém doutora em Administração pelaFEA/USP, pesquisadora do PGT/USPe professora de várias instituições deensino superior em São Paulo. Atuouno CNPq (Conselho Nacional de De-

senvolvimento Científico e Tecnológi-co e na Finep (Financiadora de Estu-dos e Projetos, Rio de Janeiro), entreoutras instituições.

Milton de Abreu Campanário é eco-nomista, pós-graduado em Engenharia daProdução pela Escola Politécnica da USP,mestre em Políticas Regionais pela Uni-versidade Harvard (EUA), doutor emEconomia pela Universidade Cornell(EUA) e pós-doutorado pelo IDJC (In-ternational Development Center of Japan).Lecionou nas universidades de Oxford(Reino Unido), Tóquio e Cornell e atual-mente é professor do Instituto de Pes-quisas Econômicas da FEA/USP, coor-denador do mestrado profissional emAdministração da Uninove (Universida-de Nove de Julho) e membro do conse-lho consultivo do PGT/USP.

Tales Andreassi é mestre e doutorem Administração pela FEA/USP, mes-tre em Políticas de Ciência e Tecnolo-gia pela Universidade Sussex (ReinoUnido) e pós-doutorado pela Universi-dade Simon Fraser (Canadá). É pro-fessor da Fundação Getúlio Vargas deSão Paulo, onde também atua comocoordenador adjunto do Centro de Em-preendedorismo. Faz parte do comitêcientífico dos simpósios de gestão dainovação tecnológica do PGT/USP.

Inovação – Como Vencer EsseDesafio EmpresarialAutores: Roberto Sbragia(coord.), Eva Stal, Milton deAbreu Campanárioe Tales AndreassiEditora Clio - Fórum de LíderesPreço: R$ 45,00Páginas: 328

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Leitura

Junho 2006 – Empreendedor – 73

Eventos: segredos úteisPara ajudar quem trabalha com viagens, eventos, reuniões e encon-

tros corporativos, este livro oferece a chave sobre terminologia, defini-ções, ferramentas de análise de custo/benefício e metodologia de melho-res práticas do segmento. É um feixe de informações úteis sobre even-tos corporativos de todas as áreas: Vendas, Relações Públicas, Marke-ting e também de Compras e Finanças com suas especializações (SupplyChain, Procurement, Licitações, entre outras).

O assunto turismo corporativo movimenta no Brasil aproximada-mente R$ 10 bilhões anuais, representa 67% do turismo nacional e é oterceiro maior custo das empresas – que geralmente aplicam de R$ 10milhões a R$ 70 milhões por ano – de acordo comABGEV (Associação Brasileira de Gestores de ViagensCorporativas). O trabalho é a versão brasileira do“SMMP – Strategig Meeting Management Program”– original da NBTA (National Business Travel Associ-ation), líder do setor nos EUA.

Contra o fast-foodda gestão

O livro mergulha na dinâmica de for-mação de competências, procurando en-tender seus elementos básicos. Avalia acontribuição das capacidades humanas edas práticas organizacionais e destaca comoelas se convertem em desempenho. Essainvestigação elucida temas emergentes naárea de Administração, como a contribui-ção da gestão de pessoas à performanceorganizacional. Em particular, o tema vemsendo debatido intensamente na área deRecursos Humanos.

O livro também contribui para a práticaorganizacional e propõe uma metodologia es-truturada a fim de: mapear competências or-ganizacionais e humanas importantes ao su-cesso do negócio; mensurar o desempenhoda empresa em dimensões-chave; e testar aconsistência e efetividade do modelo de men-suração para ajuste e aperfeiçoamento da fer-ramenta. Esta metodologia identifica os re-cursos necessários para a performance emsuas diversas dimensões: financeira, opera-cional e mercadológica.

A origem da abordagem nasce de uma ten-dência dos últimos vinte anos. Teorias e práti-cas administrativas, como reengenharia, down-sizing, estratégias de concentração, stock op-tions no nível de diretoria, entre outras, visa-vam benefícios de curto prazo, pois o acio-nista quer ter o maior retorno no menor tem-po. Parte das conseqüências dessas práticasforam os chamados “escândalos contábeis”,que vieram à tona em meados de 2002, quan-do grandes empresas optaram por manipulardados financeiros para mostrar resultados.Outra conseqüência desse estilo de gestão é aperda de competências. O desenvolvimentodelas não ocorre a curto prazo: a organizaçãodeve investir tempo e recursos em sua forma-ção para colher seus frutos em um futuro tal-vez distante. Foi essa a justificativa para a pu-blicação desta obra.

Competências e desempenhoorganizacional – Editora Saraiva160 páginas – R$ 35,00 Jogos para educação empresarial – Yvette Datner

Editora Ágora – 144 páginas – R$ 26,90

Aprendizado lúdicoA educação empresarial proposta pela autora enfoca prioritariamente

as habilidades de relacionamento, convivência e competências pessoais,profissionais e funcionais necessárias à saúde das relações interpessoaisno trabalho, entre grupos que trabalham juntos.

Diz Yvette Datner: “Criar, planejar e realizar momentos de aprendi-zagem e desenvolvimento pessoal e profissional com métodos de ação,métodos lúdicos, expressivos do eu, do grupo e da organização colo-cam em cena uma necessidade humana essencial: a de se expressarcom todos os recursos, físicos, mentais, emocionais, de movimento eação”. O jogo, segundo ela, resolve essa conexão, “pois o lúdico pro-porciona a entrada em cena de todos os elementos do ser humano,aumentando a motivação: pela vida, pelo futuro, pelo sucesso, pelotrabalho e pelas mudanças.”

Para Yvette, a ludicidade é hoje o grande segredo das mudanças. “Osjogos são instigantes, pois estimulam o pensar de maneiradiferente. São sérios, mas não sisudos; lúdicos, mas nãobrincadeirinhas.” Os jogos para adultos valorizam a inteli-gência, a sagacidade e mobilização de todas as competên-cias individuais e organizacionais. “Não são jogos quais-quer e sim voltados para a educação empresarial, com mé-todos bem definidos”, diz.

Programa estratégico de gestão de eventosComitê de grupos & eventos da NBTAABGEV, NDBA – 128 páginas

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Fraudes e golpes sempre existiram e vão existir.

Mas é possível manter o controle para que não

causem maiores prejuízos ao negócio

Informação e Crédito

Contra fraude, eterna

E

1

m 2005, a Serasa identi-

ficou um aumento de

58% nos casos de tenta-

tiva de golpes detectados

por seus sistemas antifraudes. Por

outro lado, as perdas causadas por

empresas fraudadoras alcançaram

uma cifra próxima a R$ 40 milhões

no ano passado, de acordo com le-

vantamento da Serasa, o que deno-

ta a necessidade do mercado pas-

sar a utilizar cada vez mais os ins-

trumentos de detecção antifraude.

“A fraude é algo recorrente, que

sempre existiu e continuará existin-

do. Não é possível extinguí-la, mas

é possível reduzí-la significativa-

mente”, afirma o diretor de produ-

tos da Serasa, Laércio de Oliveira.

“Mas graças à sua estrutura e sis-

temas especializados em detecção

de fraudes, a Serasa tem contribuí-

do com seus clientes para a redu-

ção de perdas dessa natureza”, com-

plementa o executivo.

Por meio de comparação e cor-

relação de informações de sua

base de dados, da análise compor-

tamental de informações compar-

tilhadas pelas empresas clientes, a

Serasa oferece o Alerta Pessoa

Jurídica, um instrumento que per-

mite identificar, antecipadamente,

eventuais fraudes mercantis e evi-

tar possíveis prejuízos.

O Alerta está presente em diver-

sas soluções Serasa. Por meio de um

sistema automático que avalia, em

tempo real, parâmetros relevantes

evidenciados por empresas que pra-

ticaram fraudes no mercado, a Se-

rasa emite mensagens de alerta em

suas soluções. Com isso, o cliente

deve redobrar a atenção na realiza-

ção do negócio (veja dicas ao lado).

Laércio de Oliveira, da Serasa:“Não é possível extinguir afraude, mas é possível reduzí-lasignificativamente”

CA

RO

L C

AR

QU

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RO

Estrutura dasquadrilhas– Dificilmente um fraudador

age sozinho; em geral, fazparte de quadrilhas bemorganizadas;

– As quadrilhas mantêmestrutura e possuem capitalde giro para bancar novosgolpes;

– Renovam freqüentementeos “laranjas”, utilizandosempre comparsas “limpos”na praça ou se fazem passarpor pessoas que tiveramseus documentos roubados;

– Administram vários golpessimultâneos em locaisdiferentes do país, ondepossuem estrutura paradistribuir o produtoda fraude;

– Têm know-how avançado deaplicação de fraudes. Sãoverdadeiras organizaçõesque têm como businessa fraude.

Principais alvos– Empresas que vendem

produtos de fácil aceitaçãoe que podem sercomercializados emqualquer parte do país,tais como materiais deconstrução, peçasautomotivas, alimentos nãoperecíveis, material dehigiene e limpeza,aparelhos eletroeletrônicose confecções.

Page 75: Empreendedor 140

vigilância

Perfil de empresas golpistas– Em geral, empresas golpistas não têm nenhuma ocorrência negativa

conhecida em seus registros até o momento do golpe;– Compram de fornecedores de diferentes ramos de atividade;– Empresa desativada por vários anos e de repente começa a

comprar com freqüência;– Teve mudança na razão social da empresa e/ou alterou o ramo de

atividade para outro mais abrangente;– Apresenta aumentos súbitos no número de consultas de crédito.

Acenda a luzamarela– Fique atento quando o volume

de compras de um cliente derum salto repentino, em relaçãoao anterior;

– Cuidado com as fontes dereferências indicadas; muitasvezes tratam-se de empresasconhecidas, mas com telefonesfalsos, atendidos pelosmembros da quadrilha;

– Cerque-se de cautela quandoreceber pedidos de comprapor telefone de empresasdesconhecidas. Só libere amercadoria após comprovaçãodo crédito na sua contacorrente;

– Consulte os serviços deinformações cadastrais e façauma análise detida dosseguintes pontos:

– Confronte o CNPJ informadocom o nome da empresa;

– Cruze a data de fundação comas experiências de compra daempresa consultada (empresasantigas, que só tenhamexperiências recentes, devemser vistas com cautela);

– Verifique a evolução dosregistros de consulta daempresa no mercado(variações abruptas devemexigir cuidados redobrados);

– Compare se o ramo deatividade da empresa écompatível com os produtosque ela pretende adquirir(empresas que buscamcomprar produtos diferentesdaqueles comercializados noseu ramo de atividade devemmerecer uma análise maisaprofundada, antes daefetivação da negócio);

– Cheque se a empresa nãoalterou recentemente os sóciose promoveu mudança no ramode atividade.

Page 76: Empreendedor 140

Guia do Empreendedor

76 – Empreendedor – Junho 2006

Mercados financeirossem turbulências

Durante todo o ano de 2005 ocenário econômico brasileiro sofreua influência das denúncias de cor-rupção envolvendo o Governo Fe-deral. Apesar de alguma volatilida-de, no geral não ocorreu nenhumagrande crise em decorrência disso.O mercado financeiro, que analisacontinuamente o que está acontecen-do no ambiente político, não consi-derou que as notícias fossem moti-vo de preocupação suficiente paraalterar drasticamente o seu compor-tamento. Isto foi amplamente atri-buído à solidez das instituições bra-sileiras, em que o Congresso Naci-onal, através das CPIs, estava de-sempenhando o seu papel de fisca-lizador dos atos do executivo.

Pela mesma avaliação, ao mes-mo tempo o poder judiciário estavafuncionando de maneira adequada,amortecendo os conflitos entre di-ferentes segmentos da sociedade.A solidez foi tanta que a saída doMinistro da Fazenda, AntônioPallocci, ocorreu sem deixar maio-res traumas, o que seria impensá-vel no início do governo Lula.

As turbulências econômicas epolíticas no cenário internacional,nesse mesmo período, também nãotiveram maiores impactos nos mer-cados brasileiros. Entre essas ocor-rências podemos citar a continui-dade da crise iraquiana e o aumen-to dos preços do petróleo, além das

Onda de denúncias não serviu paradesestabilizar operações da economia

incertezas sobre a continuidade docrescimento da economia mundial,que está passando por um longo ci-clo de acelerado crescimento, tan-to nos países desenvolvidos quan-to em desenvolvimento. Entre asfontes de preocupação no merca-do externo foi freqüente a obser-vação de que o déficit de transa-ções correntes do balanço de pa-gamentos e o fiscal dos EstadosUnidos estavam muito elevados.

Apesar de todos estes fatos, omercado brasileiro não sofreu tur-bulências mais sérias e até teve umaavaliação positiva sobre o seu de-sempenho futuro, dada a disciplinafiscal interna e a redução da vulne-rabilidade externa. A compra de dó-lares pelo Banco Central e o Tesou-ro Nacional, utilizada para aumen-tar as reservas internacionais, liqui-dar antecipadamente os emprésti-mos tomados junto ao FMI e os tí-tulos remanescentes da renegocia-ção da dívida externa em 1994, fo-ram reflexo da política de menordependência do financiamento ex-terno. Nem mesmo o conservado-rismo do Banco Central, mantendoas taxas reais de juros elevados, con-seguiu reverter as previsões de me-lhoria da economia brasileira.

Nas últimas semanas, entretan-to, o mercado financeiro foi abala-do por uma grande volatilidade, quese manifestou em sua forma tradi-

cional: aumento do preço do dólar,elevação das taxas de juros de pra-zos mais longos e queda da bolsade valores. Analisando os dadosdos dias em torno dos quais se ini-ciou a manifestação do pessimis-mo, não há nenhum fato macroe-conômico ou político que possa serapontado como uma causa inequí-voca da volatilidade.

A explicação mais próxima é ade que não se tem clareza sobrequando os Estados Unidos vão pa-rar de elevar a sua taxa de juros.Esta dúvida, entretanto, aparecefreqüentemente. O pessimismo e asordens de negociação dele decor-rentes não necessitam de fatos con-cretos para serem detonados. O sim-ples fato de ele ocorrer e transfor-mar-se em decisões de compra evenda já faz com que aconteçam asoscilações do mercado, da mesmaforma que nos momentos otimistas.Que o problema não está exclusiva-mente na economia brasileira é com-provado porque a volatilidade se es-palhou nos mercados mundiais,embora seja importante olharmoscom atenção os dados da economiabrasileira e suas fragilidades.

Roberto MeurerConsultor da Leme Investimentos e

Professor do Departamentode Economia da UFSC

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Análise Econômica

Junho 2006 – Empreendedor – 77

N O M E T I P O PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO % ANOA Ç Ã O A Ç Ã O I B OV E S PA (ATÉ 23/05/2006)

Acesita PN 0,53 31,73Ambev PN 1,26 6,85Aracruz PNB 1,01 22,79Arcelor BR ON 1,65 29,28Bco Itau Hold Finan PN 2,96 8,78Bradesco PN 4,26 9,70Bradespar PN 1,32 27,95Brasil T Par ON 0,57 17,85Brasil T Par PN 0,77 -17,09Brasil Telecom PN 1,73 -11,40Brasil ON 1,01 27,31Braskem PNA 3,08 -21,10CCR Rodovias ON 0,86 -8,08Celesc PNB 0,75 6,77Cemig ON 0,19 5,28Cemig PN 2,13 1,54Cesp PN 0,40 40,47Comgas PNA 0,37 3,77Contax 0,03 -6,58Contax ON 0,036 5,98Contax ON 0,037 -9,16Contax PN 0,20 -32,15Copel PNB 1,27 13,47Eletrobras ON 1,12 22,60Eletrobras PNB 2,21 8,47Eletropaulo Metropo PN 0,47 -10,00Embraer ON 0,38 3,33Embraer PN 0,76 -17,25Embratel Part PN 2,60 -4,43Gerdau Met PN 1,13 15,28Gerdau PN 3,06 19,63Ibovespa 100,00 7,94Ipiranga Pet PN 0,58 14,98Itausa PN 1,69 19,97Klabin PN 0,58 23,74Light ON 0,62 -10,75Net PN 2,29 2,86Perdigao ON 0,82 -11,94Petrobras ON 2,27 21,18Petrobras PN 11,46 17,43Sabesp ON 0,82 30,26Sadia SA PN 1,23 -11,73Sid Nacional ON 3,67 41,63Souza Cruz ON 0,51 16,09Telemar Norte Leste PNA 0,92 -23,61Telemar-Tele NL Par ON 1,05 17,40Telemar-Tele NL Par PN 6,25 -20,90Telemig Celul Part PN 0,55 -1,18Telesp PN 0,45 -6,69Tim Participacoes ON 0,40 25,19Tim Participacoes PN 0,89 1,23Transmissao Paulist PN 0,47 -15,86Unibanco UnN1 1,64 4,73Usiminas PNA 5,25 33,03Vale Rio Doce ON 2,43 9,41Vale Rio Doce PNA 12,32 1,57Vivo Part PN 1,75 -32,11Votorantim C P PN 1,01 7,83

Juros/Aplicação (%)

Maio AnoCDI 0,93 6,13Selic 0,93 6,15Poupança 0,75 2,69CDB pré 30 0,84 5,52Ouro BM&F 15,91 32,12

Indicadores imobiliários (%)

Maio AnoCUB SP * 0,05 0,35TR 0,13 0,72

Juros/Crédito

Março Março22/maio 22/maio

Desconto 2,30 2,30Factoring 4,40 4,39Hot Money 3,35 3,35Giro Pré * 2,90 3,00

Câmbio

CotaçãoDólar Comercial Ptax R$ 2,3541Euro US$ 1,2782Iene US$ 112,23

Mercados futuros(em 23/5/2006)

Junho Julho Agosto

Dólar R$ 2,293 R$ 2,312 R$ 2,332Juros DI 15,67% 15,38% 15,25%

Inflação (%)

Índice Abril AnoIGP-M (abril) -0,42 0,27IGP-DI 0,02 0,23IPCA 0,21 1,65IPC - Fipe 0,01 0,62

Carteira teórica Ibovespa

JunhoIbovespaFuturo 36.050

(em 23/5/2006)

(em 2/5/2006)

(em % mês)

* taxa mês

* Abril

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Guia do Empreendedor Agenda

78 – Empreendedor – Junho 2006

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acessea seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

Em destaque

7 a 10/6/2006

ABF Franchising Expo 2006ITM ExpoSão Paulo (SP)Telefone: (11) 4688-6000Site: www.abfexpo.com.br

A 15ª ABF Franchising Expo, princi-

pal feira de franchising da América

Latina, divulga desde 1992 o siste-

ma de franchising como um todo e

sua importância para o cenário e

desenvolvimento econômico do país.

O evento oferece oportunidades para quem deseja ter um negócio próprio em

qualquer região do país. Realizado pela Associação Brasileira de Franchising,

reúne expositores de praticamente todos os segmentos da economia nacional,

como indústrias, empresas do comércio e prestadores de serviços. Este ano,

cerca de 200 expositores vão participar da feira, que deve gerar, segundo esti-

mativas da ABF, um volume de negócios na ordem de R$ 22 milhões e superar

a marca de 25 mil visitantes.

18 a 20/6/2006

Interseg 2006Centro de Convenções do Ceará

Fortaleza (CE)

Telefone: (21) 2537-4338

www.interseg2006.com.br

20 a 23/6/2006

Hospitalar 2006Expo Center Norte

São Paulo (SP)

Telefone: (11) 3897-6199

www.hospitalar.com.br

21 a 23/6/2006

Febraban 2006Expo Center Norte

São Paulo (SP)

Telefone: (11) 3244-9859

www.febraban.org.br

22 a 25/6/2006

Construweek 2006Interior Eventos

Mirassol/SP

Telefone: (17) 3234-2377

www.ambureau.com.br

22 a 25/6/2006

Drink Brasil 2006Serraria Souza Pinto/Palácio das Artes

Belo Horizonte (MG)

Telefone: (31) 3371-3377

www.minasplan.com.br

27/6 a 30/6/2006

Fiq 2006Expoara

Arapongas (PR)

Telefone: (43) 3276-3040

www.fiq.com.br

7 a 9/6/2006

Protection Offshore 2006Centro de Exposições eConvenções de MacaéMacaé/RJTelefone: (11) 3816-2227www.mgdobrasil.com.br

10 a 12/6/2006

Rio Beauty Show 2006RiocentroRio de Janeiro (RJ)Telefone: (21) 2436-7079www.rio.rj.gov.br/riocentro

15 a 25/6/2006

Unilar 2006ExpominasBelo Horizonte (MG)Telefone: (31) 2103-8700www.tecnitur.com.br

18 a 20/6/2006

Exposuper 2006Centro Empresarial deFlorianópolisFlorianópolis (SC)Telefone: (48) 3223-0174www.acats.com.br

6 a 9/6/2006

SMI 2006Maraponga Mart ModaFortaleza (CE)Telefone: (85) 3495-2122www.salaodamodaintima.com.br

6 a 10/6/2006

M&T EXPO 2006Centro de Exposições ImigrantesSão Paulo (SP)Telefone: (11) 4191-4324www.alcantara.com.br

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Empreendedor na Internetwww.empreendedor.com.br

Página inicial

ABF Expo em destaque

Converse com a redação

Bate-papo com equipes das revistasvolta a acontecer no mês de junho

Quer saber as novidades da ABFExpo Franchising 2006? Então, aces-se o site Empreendedor e fique pordentro do que as redes estarão apre-sentando entre osdias 7 e 10 destemês no maior even-to do franchising daAmérica Latina.Desde o começo de maio, o site criouuma categoria ABF Expo Franchi-sing, onde estão publicadas informa-ções sobre os participantes da feira,

reportagens, entrevistas e artigos so-bre o mercado de franquias.

Durante os dias do evento, o siteirá incrementar a cobertura com

conteúdos publicados diaria-mente. Para aces-sar a categoria ABFExpo Franchisingclique no banner

sobre a cobertura que aparece napágina inicial do site, logo abaixodo espaço De Empreendedor paraEmpreendedor.

Espaço para a sua opiniãoSe você escreve artigos,crônicas e comentáriosrelacionados aos temastratados no site, envie [email protected] os textos serão avaliadose os que estiverem dentro dalinha editorial, publicados.Coloque na área “Assunto” apalavra “opinião”.

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Enquete sobre franquiasDevido à realização da ABF Expo, a enquete do site Empreendedor pros-

segue neste mês de junho com o tema ligado ao franchising. A consulta ésobre a relação que o internauta tem com o sistema de franquias (se já éfranqueado, se pensa em abrir uma franquia ou se pensa em franquear seunegócio). Até o dia 26, data de fechamento desta edição, a enquete somava124 votos, com seguinte resultado parcial:

Já é franqueado ........................................................................... 9,4%Acredita no sistema de franquiacomo alternativa para empreender ......................................... 55,6%Como empreendedor, pensa no formatode franquia para expandir seu negócio ...................................... 25 %

Campeãs emquantidadede conteúdo

Na área Categorias, coluna à di-reita do site Empreendedor(www.empreendedor.com.br), ointernauta pode visualizar a lista dasdez categorias “rankiadas” pelo nú-mero de conteúdos classificados emum determinado assunto. Atualmen-te, as dez categorias com maiorquantidade de conteúdo classifica-dos são: Pequenas Empresas, Ne-gócios e oportunidades, Empreen-dedorismo, Exportação, Crédito,Gestão, Varejo, Franquias, Agrone-gócio e Mercado.

Categorias

A partir do dia 20 de junho, o site Empreendedor (www.empre-endedor.com.br) volta a promover um bate-papo entre leitores e inte-grantes das equipes de produção das publicações da Editora Empre-endedor (Empreendedor e Revista do Varejo). A conversa aconteceatravés do MSN Messenger, programa de conversação instantânea.Para participar, o leitor deve ter o MSN instalado e uma conta parausar o programa. Depois é só adicionar o e-mail [email protected] à sua lista de contatos.

Formato RSSAcesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba como re-ceber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.

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