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www.empreendedor.com.br Ano 13 • Nº 149 ISSN 1414-0152 Março 2007 • R$ 9,90 GPS: OS SERVIÇOS DO MERCADO DE LOCALIZAÇÃO O SUCESSO DA TATUAGEM COM GRIFE NEGÓCIOS CRIATIVOS: ELEMÍDIA E IMAGINARIUM Thiago Paes Brussi: chances a partir da pesca na infância

Empreendedor 149

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Edição n. 149 da revista Empreendedor, de março de 2007

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www.empreendedor.com.brAno 13 • Nº 149

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N 1

414-

0152

Março 2007 • R$ 9,90

GPS: OS SERVIÇOS DOMERCADO DE LOCALIZAÇÃO

O SUCESSO DATATUAGEM COM GRIFE

NEGÓCIOS CRIATIVOS:ELEMÍDIA E IMAGINARIUM

Thiago Paes Brussi: chances a partir da pesca na infância

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4 – Empreendedor – Março 2007

Nesta Edição

Redação

Editor-Executivo: Nei Duclós[[email protected]]Repórteres: Alexsandro Vanin, Camila Stähelin, CarolHerling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel MartinsEdição de Arte: Gustavo Cabral VazFotografia: Arquivo Empreendedor, Carlos Pereira,Casa da Photo, Lio Simas, Index Open e Tomas MayProdução e Arquivo: Carol HerlingFoto da capa: Casa da PhotoRevisão: Renato Tapado

Sedes

São PauloGerente Comercial: Fernando Sant’Anna BorbaExecutivos de Contas: Gesner C. Vieira e Márcia MarafonProjetos Especiais: José Lamônica (Lamônica Associados)Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis01239-010 - São Paulo - SPFone: (11) 3214-1020[[email protected]]

FlorianópolisExecutivos de Contas:Vitor Manuel de O. Guilherme[[email protected]]Vitor Hugo de Carvalho[[email protected]]Carlos Gilberto Abella dos Santos[[email protected]]Contato comercial: (48) 3223-0088Executiva de Atendimento: Luana Paula Lermen[[email protected]]Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C -9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SCFone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de JaneiroTriunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda.Milla de Souza [[email protected]]Rua São José, 40 - sala 31 - 3º andar - Centro20010-020 - Rio de Janeiro - RJFone: (21) 3231-9017BrasíliaJCZ Comunicação Ltda.Ulysses C. B. Cava [[email protected]]SETVS - Quadra 701 - Centro Empresarialbloco C - conjunto 33070140-907 - Brasília - DFFone: (61) 3322-3391ParanáMerconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda.Ricardo Takiguti [[email protected]]Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 1Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PRFone: (41) 3079-4666Rio Grande do SulAlberto Gomes Camargo [[email protected]]Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu91380-010 - Porto Alegre - RSFone: (51) 3340-9116PernambucoHM Consultoria em Varejo Ltda.Hamilton Marcondes [[email protected]]Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem51021-310 - Recife - PEFone: (81) 3327-3384Minas GeraisSBF RepresentaçõesSérgio Bernardes de Faria [[email protected]]Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 170430112-021 - Belo Horizonte - MGFone: (31) 2125-2900

Assinaturas

Serviço de Atendimento ao AssinanteDiretora: Luzia Correa WeissFone: 0800-48-0004[[email protected]]

Produção Gráfica

Impressão e Acabamento: Gráfica Pallotti - Porto AlegreDistribuição: Distribuidora Magazine Express dePublicações Ltda.- São Paulo

Empreendedor.com

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Diretor-EditorAcari Amorim [[email protected]]

ANER

A revista Empreendedor éuma publicação da Editora

Empreendedor

PG. 20

Transformar uma paixão pessoal num empreendimento é o caminhoque pode levar ao sucesso, pois o hobby possui um dos principaisinsumos do empreendedorismo: a persistência. É uma espécie de com-bustível motivacional, que tem sido utilizado nos negócios, como fezThiago Pais Brussi com suas iscas artificiais, André Zatz e o cunhadoSérgio Halaban, com os jogos de tabuleiro, ou Gizalda Mariano, comseu jardim particular. Mas é preciso tomar alguns cuidados, para queo prazer não se transforme em pesadelo.

PG. 36 Negócios CriativosVantagens da diversidadeImaginarium, a rede de lojas de presentes e artigos de uso pessoalcom foco em design; e Elemídia, a empresa que implantou no Bra-sil o marketing nos elevadores são os cases desta edição sobre ne-gócios criativos, uma tendência cada vez mais presente na prefe-rência do público.

PG. 26 Tendência As grifes da tatuagem

PG. 16 Capa Hobby dá futuro

Os mais solicitados empreendedo-res da tatuagem investem em in-fra-estrutura, no atendimentopersonalizado e no marketing bocaa boca. Assim como clínicas médi-cas e consultórios odontológicos,os estúdios de tatuagem são cons-tantemente fiscalizados pela Vigi-lância Sanitária e dependem deuma série de alvarás para funcio-nar, por isso os cuidados com bi-ossegurança não podem ser dei-xados de lado.

CASA DA PHOTO

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Março 2007 – Empreendedor – 5

PG. 10 Entrevista: Mirian Zacareli

Gestão participativaO planejamento integrado precisa da parti-cipação de todos para se saber até que pon-to os interesses se conflitam ou somam paraque se possam encontrar melhores soluções,segundo Mirian Zacareli. Símbolo de empre-endedora bem sucedida, com carreira mul-tifuncional desenvolvida há 33 anos em umgrupo norte-americano de empresas de produtos químicos, a exe-cutiva atua em administração geral, planejamento, produção, pro-cesso e controle, cultura organizacional, motivação, liderança, tra-balho em equipe e vendas para clientes de grande porte.

Março/2007

LEIA TAMBÉM

Cartas ................................................................. 7

Empreendedores .................................................. 8

Não Durma no Ponto ......................................... 14

Pequenas Notáveis ............................................ 50

Empreendedor na Internet ................................ 82

PG. 52 Perfil: João Adibe Marques

A marca do herdeiroHerdeiro de uma tradicional família queconcentra 15 empresas do ramo de medica-mentos, João Adibe Marques, de 35 anos,dispensou o papel dos distribuidores em suacadeia de vendas e deu visibilidade à suamarca através do Marketing Esportivo.

PG. 58 A voz da experiência: Ladmir Carvalho

Bússola empresarialOs responsáveis pela Alterdata Tecnologiaem Informática levantam os pontos carde-ais que orientam a empresa fundada em1989 e que desenvolve softwares para au-tomação e gestão. O destaque é a criação deindicadores de desempenho conforme as ne-cessidades e o monitoramento permanentedesde o início das atividades.

GUIA DO EMPREENDEDOR .............................. 6 9

Produtos e Serviços.......................................... 70

Leitura ............................................................... 72

Análise Econômica ............................................ 76

Indicadores ....................................................... 77

Agenda .............................................................. 78

PG. 40 FranquiaEspaços no exteriorAntes de entrar num mercado des-conhecido, como num país estrangei-ro, as redes de franquias brasileirasestabelecem planos de ação que in-cluem pesquisas de campo, seleção demaster franqueados e procura porpontos privilegiados. A rede de cur-sos de formação profissional Bit Com-pany utilizou bem os ensinamentos,e a troca de experiências nos even-tos e seminários internacionais, eabriu frentes em Portugal e Equador.

PG. 62 TINovos serviçosdo GPSO mercado de localização ainda érecente no Brasil, mas os servi-ços ligados ao GPS (sigla em in-glês para sistema de posiciona-mento global) prometem grandesfrutos. No mundo a expectativaé chegar aos U$ 21,5 bilhões em2008, contra os U$ 13 bilhões re-gistrados em 2003. A abertura domercado doméstico de navegado-res GPS para carros atrai gigan-tes dos setores automotivo e ele-trônico. Outras aplicações sãopara setor agrícola, transportes,segurança e até marketing.

CARLOS PEREIRA

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6 – Empreendedor – Março 2007

de Empreendedorpara Empreendedor

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Os artigos deverão conter nome completo,

assinatura, telefone e RG do autor, e estarão

sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes

que os editores julgarem necessários.

Editorial

rabalhar naquilo de que se gos-ta é o princípio das vocações,

mas nem sempre se descobre a tempoa famosa "queda" por alguma ativi-dade. A vocação costuma ser decisivana hora de escolher um rumo, e, quan-do há indecisão, pode haver conflitoentre o mundo real e o mundo inventa-do pela paixão. Esse tipo de dúvida nãoexiste para quem consegue transformarum hobby num empreendimento, alian-do assim o sonho com asobrevivência.

Mas, como em qual-quer outra opção, háperigos no caminho donegócio que nasce apartir de um hobby (queé fruto sempre de umavocação). O prazer,quando entra no terri-tório da receita e des-pesa, deve obedecer aosmesmos parâmetros deprudência e eficiênciaque regem os empreendimentos. Nareportagem de capa desta edição,apresentamos alguns exemplos decomo as pessoas conseguem insistirno projeto das suas vidas e se desta-cam ao testar o próprio fôlego na horade encarar, de verdade, o que um diacomeçou como brincadeira.

E quando a vocação é simplesmenteempreender, independente do ramo? A

T matéria também destaca o que pensamos consultores e especialistas, hoje às vol-tas com a necessidade de trabalhar a mo-tivação tanto dos responsáveis pelas em-presas quanto dos seus colaboradores.

A fonte do dinamismo empresarialestá no envolvimento das pessoas como tempo que dedicam a ganhar a vida.Não há produtividade, nem salto de qua-lidade, nem gestão eficaz, se todos nãoestiverem focados no entusiasmo, que

só pode vir da vontadede realizar aquilo quegratifica. É por issoque o assunto que tra-zemos nesta edição serefere ao amplo espec-tro de mudanças que es-tão sendo implementa-das, por necessidade, nouniverso empresarial.

No fundo, a essênciado empreendedorismo éessa energia que nascedo gosto de realizar, e se

impõe pela vontade em longo prazo queconsegue superar obstáculos em série. Épor isso que hobby, vocação e motiva-ção fazem parte dos nossos assuntos. Arevista procura despertar o impulso paraempreender, acompanhar as vivênciasdiversas dessa decisão e alertar para oque é realmente importante.

Nei Duclós

CedocO Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aosinteressados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para maisinformações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo e-mail [email protected].

Cartas para a redaçãoCorrespondências por e-mail devem ser enviadas [email protected]. Solicitamos aos leitores que utilizam cor-reio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publi-cação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescenta-dos o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.

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Março 2007 – Empreendedor – 7

Cartas

Matéria didáticaLi a matéria “O mercado da exposição segu-

ra”, de Alexsandro Vanin (nota: capa da edição148 da revista, fevereiro de 2007), no sitewww.empreendedor.com.br. Ela ficou fabulo-sa. Em particular, eu gostei muito dos dadosestatísticos e técnicos que o repórter utilizou,além das diversas referências sobre IUV, IC,câncer, etc. Acho que ficou um material muitointeressante e didático para qualquer profissio-nal, e mesmo para um público mais leigo. Va-nin escreve realmente muito bem. Parabéns.Aproveito para te agradecer pela oportunidadede divulgar meu trabalho, produto e empresa.

Fábio Monaro EngelmannNanoBras – Dep. Pesquisa e Desenvolvimento

São Paulo – SP

Grão premiadoLendo a matéria “Sabor da oportunidade”,

de Alexsandro Vanin (Empreendedor 147, ja-neiro 2007), me ocorreu perguntar se o grãopremiado da Fazenda Esperança está à vendano varejo em São Paulo. Sou também jorna-lista e “viciado” num bom café. Se puderemme ajudar...

Luiz WeisSão Paulo – SP

Nota da redação: Infelizmente, não tere-mos o prazer de desfrutar o melhor café doBrasil. Toda a produção (pequena ainda, ape-nas 21 sacas) foi arrematada por um grupochinês (Maruyama Coffee for MikatajukuGroup, Orsir Coffee, Taiwan) no último lei-lão da BSCA. O e-mail da Fazenda Esperan-ça é [email protected], e o tele-fone é 35 3348-4551. Mas existem os caféspremiados pela ABIC, que são adquiridos portorrefadoras nacionais. Logo, ele deve ser ofe-recido nos supermercados e lojas especializa-das (em São Paulo, talvez ele já esteja dispo-nível no Pão de Açúcar, que também ofereceos melhores da safra paulista). O lote premia-do em primeiro lugar, da Fazenda Divino Es-pírito Santo (BA), foi adquirido por Café Gui-dalli, Sobesa e Astória Real.

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Empreendedores

8 – Empreendedor – Março 2007

Hideaki Iijima

Dia de Faxinacamente corretas realizadas no Brasil.Iijima afirma que promover a cidada-nia por meio da limpeza dos espaçospúblicos, como varrer ruas e lavar osbanheiros públicos, só demonstra ca-rinho por São Paulo e pelo mundo.“Precisamos desenvolver a consciên-cia de que somos zeladores do plane-ta, estamos aqui de passagem, e é nos-sa obrigação preservar as condiçõesde vida para as gerações futuras.”www.sohohair.com.br

Hideaki Iijima, fundador do SohoCabeleireiros, foi um dos responsáveispor mais uma edição do evento anualpromovido pela organização Zeladoriado Planeta, e literalmente fez uma fa-xina na Avenida Paulista e no ColégioRodrigues Alves. O evento, que con-tou com a participação de mais de milpessoas – entre elas, oito delegadosda Zeladoria vindos diretamente doJapão –, firma-se a cada ano comouma das principais iniciativas ecologi-

Edson Garcia

Expert em esporteEspecialista em gestão espor-

tiva, o administrador Edson Gar-cia assumiu a presidência do Sin-dicato dos Clubes Esportivos doEstado de São Paulo. A gestão,que tem duração de três anos, foiuma aposta do setor na experi-ência profissional de Garcia, quehá mais de três décadas trabalhaem prol do esporte nacional, ecujo apoio foi fundamental paraa promulgação da lei de incenti-vo ao esporte e bolsa-atleta. “Mi-nha principal ação será aprovei-tar os Jogos Pan-Americanospara atuar de forma efetiva jun-to aos clubes que participarãodas competições com seus atle-tas, estreitando o relacionamen-to com ações como identificaçãode espaços e estruturas esporti-vas para o treinamento e aper-feiçoamento dos atletas, que for-taleçam as instituições e os atle-tas em nível mundial.”www.sindiclubesp.com.br

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Michel Salgado e Sergio Machado

Pilates sob medidaProfissionais da área de fisioterapia,

Michel Salgado e Sergio Machado, hoje,se destacam no mercado de bem-es-tar graças ao trabalho no ensino dométodo Pilates para reabilitação. A du-pla, que vislumbrou na modalidadefísica uma oportunidade para tratarde forma mais completa as patologias quesurgiam no consultório, fundou a Metacor-pus e, além de dar aulas e formatar cursos,investe na fabricação de equipamentos pró-prios para os exercícios. O diferencial dosaparelhos, que seguem especificações inter-nacionais de pesos e medidas, são as juntasmetálicas em aço inoxidável. “Já fecha-mos várias encomendas e temos mui-ta procura, pois nossos produtos têmpreços mais acessíveis que os simila-res existentes”, afirmam. Presente em15 Estados, a Metacorpus ministra cur-sos regularmente e possui estúdios pró-prios em várias capitais, além dafábrica localizada no Rio de Ja-neiro. www.metacorpus.com.br

Natália Osório Gomese Vanessa Paiva Vaz Netto

Saúde e qualidade de vidaAs farmacêuticas Natália Osório Gomes e Va-

nessa Paiva Vaz Netto comemoraram, recente-mente, o primeiro aniversário da Bluepharma, queatua no segmento de manipulação. Apesar dopouco tempo de mercado, a empresa destaca-seem Porto Alegre e região pelo foco na qualidadede vida dos clientes, tanto no atendimento perso-nalizado quanto na fabricação dos produtos. Adupla, que trabalha principalmente com produtospara dermatologia e estética, aplica um rígidocontrole de qualidade em seus produtos e investeem linhas pioneiras, como a de neurocosméticos– que estimulam os sentidos humanos através doolfato –, e a de fitoterápicos feitos à base de hoo-dia gordonni, uma planta que, manipulada emcápsulas, atua como um emagrecedor. A meta,para este ano, é abrir uma filial no interior gaú-cho. www.bluepharma.com.br

Alexandre Baptestini

Shows planejadosOrganizar shows e oferecer toda a

infra-estrutura necessária para eventosno Brasil e no exterior é o foco do tra-balho realizado há dez anos pelo cario-ca Alexandre Baptestini. O empresário,que comanda uma das maiores produ-toras do segmento no Brasil – a A3BMusic –, também está apostando e in-vestindo em novos talentos do cenárionacional, como a funkeira teen Perlla eo grupo de pagode Jeito Moleque, quehá meses figura entre os artistas maistocado nas rádios do Brasil. O diferen-cial do trabalho de Baptestini é sincroni-zar as ações de sua equipe de produçãocom a equipe de vendas, que trabalhamjuntas em um espaço on-line que facilitae viabiliza a agilidade na execução de seusdiversos eventos. Através da home pageda empresa, o cliente encontra todas asinformações atualizadas sobre riders téc-nicos, releases e fotos de divulgação.www.a3bmusic.com.br

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Gestão comqualidadeExecutiva defende que adição de ISO éoportunidade para revisar seu sistema de gestão

por Wendel Martins

Entrevista Mirian Zacareli

Mirian Zacareli é símbolo de exe-cutiva bem-sucedida. Com carreiramultifuncional desenvolvida há 33 anosna NHC, grupo norte-americano deempresas de produtos químicos, aexecutiva atua em administração ge-ral, planejamento, produção, proces-so e controle, cultura organizacional,motivação, liderança, trabalho em equi-pe, e vendas para clientes de grandeporte e contas-chave. É pós-gradua-da em Administração de Marketingpela Uniso (Universidade de Soroca-ba), e participou de cursos e seminá-rios de desenvolvimento profissionalno Brasil, Estados Unidos, Canadá,México, Peru, Argentina e Chile.

Atualmente, ocupa o cargo de di-retora de recursos humanos e, devidoà sua visão estratégica, consagrou-setambém como conselheira do comitêda empresa para o Brasil, Chile e Ar-gentina, sendo também responsávelpela definição de planejamento integra-do, gestão de desempenho, controle eacompanhamento para assegurar quetodas as etapas do processo fossemcumpridas.Uma das grandes contribui-ções de Mirian para a corporação foi aimplantação do Sistema de Qualidade,e obtenção de certificação nacional einternacional da ISO 9001 e GestãoSistêmica da Qualidade. Mirian tam-bém participa ativamente da Associ-quim/Sincoquim, da qual é diretora, foinomeada como membro do Internati-onal Who’s Who of Professional Ma-nagement em 2003, é conselheira doCiesp e Fiesp – Sorocaba, coordena-dora do Comitê de Comércio Exteriordo Fiesp – Sorocaba, e professora docurso de pós-gradução da Facens –módulo de Gerência.

A administradora conquistou a Cer-tificação no Programa de Atuação Res-ponsável (Abiquim), que é a versãobrasileira do Responsable Care, reco-nhecido no exterior como uma dasprincipais iniciativas para melhora dedesempenho da indústria química nasáreas de saúde, segurança e meio am-biente. A executiva defende que a par-

CASA DA PHOTO

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Março 2007 – Empreendedor – 11

ticipação no processo de certificaçãooferece uma oportunidade às empre-sas para contribuírem com o desen-volvimento e a melhoria da competi-tividade e, principalmente, revisar seusistema de gestão em relação aos cri-térios de avaliação do Prêmio Paulis-ta de Qualidade da Gestão (PPQG),que estão alinhados aos critérios deexcelência do Prêmio Nacional daQualidade – PNQ, que representam oconsenso global sobre práticas degestão e valores organizacionais.

Empreendedor – Qual é a sua de-finição de um planejamento in-tegrado?

Mirian Zacareli – É quando to-das as pessoas responsáveis defi-nem um planejamento, os objetivose as metas, mas com a participaçãode todos para ver até que ponto osinteresses se conflitam ou somampara que se possam encontra me-lhores soluções.

Empreendedor – Como reduzir aburocracia e implementar umsistema de qualidade com o pró-prio staff?

Mirian Zacareli – É uma ques-tão de habilidade da liderança. Temque encontrar formas mais atrativasque estimulem as pessoas a aderirema um plano de qualidade ou qualqueroutro plano que se vai adotar.

Empreendedor – Quais as vanta-gens de adotar uma norma ISO?

Mirian Zacareli – Por exemplo,o empresário tem a oportunidade pararevisar quais são os procedimentosda sua empresa. E, nessa revisão, nor-malmente encontra coisas que nãosão tão necessárias, importantescomo se esperava, pois estavam sen-do feitas há muito tempo. É umaoportunidade para a empresa e para aequipe de revisão e melhorias. Já noinício, a empresa começa um exercí-cio de reflexão muito interessante. Ecada pessoa, na hora em que revisa

O líder tem que terhabilidade para

fazer da adoção deuma norma ISO

uma oportunidadepara simplificar

o processo

as suas tarefas e suas responsabili-dades, a sua autonomia, passa a per-ceber o conjunto de uma forma dife-rente. Ela prioriza e consegue melho-rar logo de início. E isso, obviamen-te, vai agregar valores ao grupo e àempresa. Essa é a primeira reflexão,depois vem o exercício da própria in-tegração com a equipe, a mentalida-de muda, pois você não pode traba-lhar pensando em departamentos, esim em processos.

Empreendedor – Por quê?Mirian Zacareli – Porque o foco

é o cliente. Então, todos têm que pen-

sar em como suas atividades vão re-fletir para o cliente. E, normalmente,nas empresas que ainda não têm im-plementado um sistema de gestão dequalidade, as pessoas pensam muitopara dentro. Então, se deve começara dividir e pensar no processo: quemvem antes de mim e quem vem de-pois de mim. Em que área e que mo-mento os processos vão ser afetadoscom a modificação que eu vou fazer.Com esse tipo de pensamento, já co-meça a se fazer um exercício de inte-gração. Deve-se consultar a cadeiapara quem está fornecendo, quem é

o seu cliente interno e, ao mesmo tem-po, colaborador, e é um fornecedorinterno, é também um cliente internodaquele que antecede a você.

Empreendedor – A adoção de umanorma ISO pode aumentar a pro-dutividade?

Mirian Zacareli – Depende, poisaí se envolve o segredo de liderança.Se o líder ou a pessoa responsávelacha que deve fazer um manual paramudar um sistema e ficar bonito, elevai ter problemas. Porque, na verda-de, você tem que escrever o que sefaz e fazer o que está escrito. Issonão quer dizer que você tenha queenfeitar o pavão ou que você tenhaque aumentar a burocracia, muitopelo contrário. O líder tem que terhabilidade suficiente para fazer daadoção de uma norma ISO uma opor-tunidade para simplificar o processo.

Empreendedor – As normas ISOpassaram a ser uma panacéia,uma resolução de todos os pro-blemas da empresa. Pensar assimé correto?

Mirian Zacareli – Eu diria que éuma forma de padronizar, pelo me-nos na nossa empresa e nas compa-nhias de que eu tenho conhecimento.As normas ISO são tão primordiais enecessárias, que eu não vejo hoje umaempresa que não tenha isso comoprincípio. Hoje, nós estamos pensan-do muito mais em como vai melhorarcom a ISO 14.000, como vai melho-rar com a responsabilidade social,como vai melhorar com a responsa-bilidade ambiental, também. Então, écomo na vida, se não se tem os prin-cípios, como você vai avançar? Vocêvai avançar de uma forma incorreta.Hoje, na minha maneira de pensar, aISO é imprescindível tanto em em-presas de manufatura como em em-presas de serviço. Eu diria que é umacondição sine qua non.

Empreendedor – Como uma em-

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12 – Empreendedor – Março 2007

Entrevista Mirian Zacareli

presa pode crescer e ser ambi-entalmente responsável ao mes-mo tempo?

Mirian Zacareli – Ela tem obri-gação de fazer isso, porque, com aconscientização através dos líderese dos planos de melhoria, vai se tor-nando uma coisa tão normal na ca-beça das pessoas. Ela acaba apren-dendo muito com a empresa, e le-vando isso para casa e para a comu-nidade. Então, é absolutamente viá-vel e factível, e é o que todo mundotem que pensar, acreditar e lutar paraencontrar meios para que isso acon-teça. A empresa em que eu trabalhoé uma empresa química, então nóstemos um cuidado maior desde hámuito tempo. Ela é uma empresamultinacional que existe desde 1919,e as primeiras palavras que eu ouvie tive conhecimento da filosofia daempresa é que sempre temos que fa-zer alguma coisa para a preservaçãodo meio ambiente e a excelência ope-racional. Então, como uma empresaquímica, todos estão conscientes doque têm que fazer, do que não po-dem fazer. A empresa participa mui-to do trabalho junto às associações,participa de todas as reuniões paraestar sempre atualizada e levar parao pessoal essa atualização. Os ris-cos que existem, os cuidados que sedevem tomar. Você começa de umacoisa simples, que é a separação dolixo, por exemplo, na própria empre-sa. Esse é um exercício saudável, eninguém mais tem coragem de jogarmetal onde é papel, pois já conside-ra uma agressão, mas antes precisade uma consciência. Esse hábito vaipara casa, para a sociedade.

Empreendedor – Como fazer umagestão de negócios com qualidade?

Mirian Zacareli – Uma gestão denegócios com qualidade é você estarconsciente do seu negócio e tendo vi-são não só do que acontece interna-mente, mas do que acontece externa-

mente. O líder, que vai ser a mola pro-pulsora desse processo, buscando idéi-as, discussões, opiniões tanto foracomo dentro do negócio. Isso abremuito a mente. O empresário não ficapreso, restrito aos seus pensamentos,aos seus medos. Você corre mais ris-cos, mas é mais consciente, por outrolado, pois você tem mais pessoas par-ticipando, mais cúmplices na verdade.

Empreendedor – Quais são os ca-nais para o empreendedor buscaressa nova forma de pensamento?

Mirian Zacareli – É ter na suaequipe pessoas com os perfis especí-ficos para cada posto, com as carac-terísticas necessárias para o trabalho,para que o colaborador tenha um co-nhecimento maior e possa contribuir.É importantíssimo o início, os primei-ros passos. Pois, se não tiver princí-pio, não tiver valor, qualquer caminhoque se tomar, mesmo de crescimento,vai ser curto. Então, se deve pensar

em relacionamentos duradouros, emconsistência, em uma equipe auto-sus-tentável. E, para isso, é necessário tera pessoa certa no lugar certo.

Empreendedor – Quando a em-presa decide que tem de mudar,qual deve ser a sua principal pre-ocupação?

Mirian Zacareli – Hoje, o líder jánão é mais um chefe, ele tem que serum facilitador, e a palavra mais moder-na para isso é coaching (treinador eminglês). Ele vai não tomar as decisões

pelas pessoas, mas ajudar as pessoas atomar as decisões. Então, tem que tercuidado, quando o empreendedor vaimudar, ele tem que envolver todas aspessoas, não controlar as pessoas comoera antigamente, mas dar mais poder,um pouco mais de autonomia. Ao in-vés de centralizar a autoridade, ele devedar uma distribuída na liderança. E sem-pre estar conciliando a visão de mu-dança e pensando estrategicamente.

Se não tiverprincípio, não tiver

valor, qualquercaminho que setomar, mesmo

de crescimento,vai ser curto

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Empreendedor – Como informarbem a equipe das mudanças quesão necessárias?

Mirian Zacareli – O primeiropasso é que as pessoas participemao máximo. Por exemplo, vamos di-zer que a diretoria esteja fazendocom que as mudanças aconteçam,obviamente ela vai ter contato comgerentes e com os líderes das equi-pes. E esses líderes vão falar comseus subordinados olhando nosolhos, para que as pessoas percebamque realmente é necessária a mudan-

ça. Porque a rotina é muito mais cô-moda, as pessoas tendem a buscaraquilo que já conhecem, é uma zonade conforto. As mudanças vão reque-rer muito acompanhamento, tem quedar um apoio muito maior. A tendên-cia das pessoas é voltarem a fazeraquilo que faziam antes. Vira um pa-radigma, pela própria acomodação,como te falei. Mas o mais difícil éaceitar a mudança, ela é dolorosa.

Linha Direta

Mirian Zacareli(11) 8371-6747

Essa aproximação, esse olho no olho,essa sensação de que sempre tem al-guém do seu lado para apoiar é superimportante na hora da mudança.

Empreendedor – Difundir as idéi-as de qualidade dentro de umaempresa é uma forma de buscar aadesão dos funcionários?

Mirian Zacareli – Depende, sevocê anuncia, provavelmente, vai terum monte de problemas. Agora, se aspessoas participam da decisão de umaforma aberta e sentem que existe umaconfiança; que elas são parte dessaequipe e que são absolutamente neces-sárias para que um plano novo dê cer-to e que as mudanças realmente te-nham sucesso; aí você tem uma chan-ce muito maior de que a reforma dêcerto. Agora, se só anunciar, as pes-soas vão até o início, dá impressão queaceitam, mas em longo prazo a chan-ce é muito pequena de dar certo.

Empreendedor – Os empresáriostêm medo do novo?

Mirian Zacareli – Eu tenho cer-teza. Porque os empresários são pes-soas, e as pessoas têm medo de mu-dar seus hábitos. Porque mudar ohábito exige muito esforço.

Empreendedor – Como um em-presário deve se preparar paralançar produtos e serviços emmercados competitivos?

Mirian Zacareli – É uma missãosuper importante, disso depende o fu-turo da empresa. Então, tem que real-mente se juntar aos seus parceiros,trocar idéia e ter competência. Fazeras pesquisas antes da decisão e usar oferramental da administração é impor-tante nessa hora. Às vezes, você temum produto maravilhoso, que o mer-cado não está pronto para aceitar. Eter sempre à mão um plano de contin-gência, um plano B para que, se nãoder certo alguma coisa, como vão seras reações, então, tem que ser bem

consciente, porque um erro de lança-mento pode tirar a visão da realidade,e lógico que isso não pode acontecer.

Empreendedor – Quais são asprincipais dificuldades de um lí-der gerenciar um trabalho emequipe?

Mirian Zacareli – É lidar comvários tipos de pessoa, com pensa-mentos diferentes. Principalmente, sevocê tem uma equipe muito forte,normalmente você vai ser muito maisquestionado. O principal de um líderé ter domínio e conhecimento daqui-lo que ele faz. Não basta ser um lídercarismático, isso é uma habilidade quesustenta a liderança até certo ponto.Os liderados têm que ter certeza deque o modelo de líder que eles têm éde uma pessoa competente, que temdomínio do assunto.

Empreendedor – Quais foram osprimeiros desafios encontradosna sua carreira e quais são ospróximos?

Mirian Zacareli – Acho que oprimeiro desafio foi esse: como mu-lher, eu não sabia como seria aceitanuma equipe que só tinha homens.Mas eu encarei isso de uma formamuito natural, é óbvio que eu me es-forcei muito mais para ter domíniodo assunto, para ter uma consciên-cia maior. E sempre estudando, sem-pre buscando onde eu poderia me-lhorar, e acabou dando certo. Ospróximos desafios são esse meu tra-balho diretamente com recursos hu-manos, com a gestão de talentos. Aempresa está numa fase de cresci-mento bem acelerada, e eu tenho essamissão de buscar pessoas que ajudema somar, já que a equipe atual é muitoboa, para que esse crescimento real-mente seja sustentável.

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Não Durma no Ponto

14 – Empreendedor – Março 2007

Coragem para descarrilharExistem muitas maneiras de enxer-

gar uma empresa. Uma delas é vê-la comouma máquina. E não se trata de uma ana-logia nova. A era industrial foi construídacom base nesse paradigma, sustentadopelas teorias dos ilustres cientistas Taylore Fayol, considerados os pais da ciênciada Administração. Eles acreditavam (e issofazia sentido para a época em que vive-ram) que uma empresa tinha de funcio-nar como um infalível relógio ou comouma locomotiva, programada para cum-prir, rigorosamente, seus tempos de pa-radas e locomoção, de maneira a garantiro andamento do sistema ferroviário, sematrasos nem acidentes. Para isso, colo-caram a produtividade como principalmeta, assegurada por um sistema técni-co de alta eficiência.

As teses de Taylor e Fayol funcio-naram por muitos anos e, embora o con-texto tenham se alterado inteiramente,ainda estão muito vivas. Mas há queconsiderar alguns pré-requisitos para asua validade. Uma empresa até pode separecer com uma máquina, quando exis-te uma tarefa contínua a ser desempe-nhada. Nesse caso, a mecanização datarefa, de maneira integralmente repeti-tiva, pode diminuir a quantidade de er-ros. O mesmo raciocínio continua va-lendo, se a empresa estiver situada emum ambiente estável, ou seja, onde osfatores externos pouco ou nada interfe-rem no seu desempenho. Ou ainda quan-do não há nenhuma mudança no produ-to, fabricando sempre do mesmo jeito.Ou quando a infalibilidade é o principalpropósito. Ou quando a criatividade,produto mais nobre e valioso do siste-ma humano, é considerada indesejável.

Diante desses pré-requisitos, respon-da: eles fazem parte da sua realidade? Casotenha dito sim, embora estejamos em ple-no terceiro milênio, é possível considerarque sua empresa tenha permanecido nopassado, na era industrial do século XIXe início do XX. E não está sozinha. Mui-tas outras se amontoam nesse contexto

A ausência designificado é um

triste denominadorcomum para quem

produz e paraquem consome

de suplícios que teima em sobreviver, umcenário de competição selvagem, em quetodas competem por um lamentável pri-meiro lugar entre as mais pobres e semchances de realmente progredir. As mar-gens de lucro diminuem a cada dia, a con-corrência é predatória, os clientes exigema última gota da energia vital, na forma dedescontos e abatimentos.

Pense bem: muitas coisas estão mu-dando de maneira contundente. Na ver-dade, todo o contexto. E continuamente.Tornar as tarefas repetitivas para elimi-nar erros é, talvez, o maior equívoco emque podemos incorrer. Afinal, os erros

acontecem justamente quando o indiví-duo liga o “piloto automático”. E o “pilo-to automático” é acionado quando o tra-balho a ser feito não traz significado al-gum para aquele que o executa. Destitu-ído de sentido, o trabalho se transformaem tarefa chata e enfadonha, que trazapenas aborrecimento, o que, por sua vez,gera a pressa de acabar logo com aquelatortura, na ânsia de reencontrar a almadeixada na porta de entrada da empresa,ao lado do marcador de ponto.

Alguns líderes querem resolver oproblema dos erros e da produtividaderecorrendo a algum sistema técnico quelhes pareça infalível. Instituem, em ge-

ral, um plano de recompensa, para re-munerar os funcionários com base noque foram capazes de produzir. Quan-to mais, melhor... O trabalho continuasem propósito e significado, mas ago-ra os funcionários já têm para ondeolhar com um arremedo de entusias-mo: os bolsos. A anomia e a alienaçãocontinuam, gerando os mesmos pro-blemas, quando não se agravam aindamais, para desespero dos líderes.

Outro pré-requisito que justifica aimagem da empresa como máquina éestar situada em um ambiente estável.Oras! Vivemos a era da velocidade, dojornal on-line, da adhocracia (ad hoc, aquie agora), termo criado por Alvin Toffler,em que nada se repete e tudo se renova.Afinal, ninguém se banha duas vezes nomesmo rio, já ensinava – na Antigüida-de! – o filósofo Heráclito. Burocratizaruma empresa é colocá-la na contramãodo fluxo natural dos negócios.

Produzir o mesmo produto o tempotodo: é mais um pré-requisito a susten-tar a tese da empresa-máquina ou loco-motiva. Parte da hipótese de que todasas pessoas são iguais e querem as mes-mas coisas. Integra o conjunto de para-digmas da crença na necessidade depadronizar o trabalho interno, reduzin-do-o a tarefas mecânicas e repetitivas,e que também pasteuriza os produtos,nada além de simples e baratas commo-dities, disponíveis aos interessados empagar cada vez menos. A ausência designificado é um triste denominadorcomum para quem produz e para quemconsome. Não se consegue gerar com-prometimento nas pessoas que produ-zem, nem se conquista a lealdade dasque compram e pagam a conta.

Outro pré-requisito é a teoria da infa-libilidade, muito apregoada nos anos 1990e sustentada pelas teorias da qualidade,que exigiam, entre outras coisas, o zero-defeito. Tornou-se uma obsessão nasorganizações, que passaram anos e anosensinando a seus funcionários tudo o que

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Março 2007 – Empreendedor – 15

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial

(11) 3873-1953 – www.cempre.net – [email protected]

Ao invésda empresa

assemelhada a umamáquina, pense naempresa como um

organismo vivo

podiam sobre erros e anomalias, mas con-tinuam sem saber nada sobre acertos,para que servem e a quem servem.

Por fim, mas não por último em umaescala de valores, a criatividade vistacomo algo indesejável, uma verdadeiraameaça aos alicerces e motores dessaempresa-máquina. Acreditava-se, noapogeu da era industrial, que a tecnolo-gia seria capaz de resolver todos os pro-blemas organizacionais. Era uma cren-ça tão arraigada, que até merecia um gra-cejo. Diziam que uma fábrica funciona-ria bem se contasse apenas com um robôe um cachorro. O robô para ligar asmáquinas, e o cachorro, para impedirque algum ser humano se aproximasse.Ironia à parte, essa anedota revela cla-ramente os desejos escondidos nos re-cônditos do velho administrador.

Ingresse, agora mesmo, nesse mun-do novo!

Enxergar uma empresa como umamáquina traz um estranho tipo de consoloao administrador. Sugere uma certa inde-pendência do sistema humano, o que podegerar algum alívio, em razão do imponde-rável implícito nesse delicado (e até temi-do) contexto. Afinal, o sistema técnico nãoreclama, não se altera, não reivindica, nãoconflitua, não pensa e, sobretudo, não sen-te. Exige apenas conservação, manuten-ção e atualização. O máximo que pode ofe-recer de risco é a obsolescência. Afinal, atecnologia está aí para contornar esse ris-co, cada dia mais acessível e barata.

Mas existe aí, nessa crença enraiza-da dos benefícios da mecanização, umimenso perigo, não latente, mas real: acada dia, se perde mais mercado, os lu-cros declinam, até que a máquina deproduzir riqueza se transforma numamáquina de produzir pobreza. Ainda as-sim, o administrador com visão ultra-passada (e há muitos jovens nesse bar-co...) insiste nos seus métodos arcai-cos de gestão. O que explica tamanhainsanidade? Provavelmente, a sua obses-são pelo controle. O sonho anacrônico

de que tudo pudesse funcionar sem pro-blemas com um simples apertar de bo-tão: a matéria-prima virando produto aca-bado; o produto acabado compondo oestoque, que logo se transmuta em con-tas a receber, o que, por sua vez, se ma-terializa em dinheiro na conta corporati-va, na data do vencimento da fatura. Umciclo perfeito, com ressarcimento doscustos incorporados nos processos deprodução e comercialização, deixandoainda um excedente, também conheci-do como lucro.

Para o administrador arcaico, ultra-passado, esta seria a maravilha das ma-

ravilhas. Mas tal previsibilidade não fazparte do mundo dos negócios. O que ovelho administrador ainda não percebeu,tenha ele vinte, trinta ou sessenta anos,é que negócios são sistemas humanos,negócios são, sobretudo, pessoas. Sãoelas que compram e vendem, que pro-duzem e consomem, que pagam e rece-bem, que criam e destroem.

É preciso que o velho administradorcompreenda que seus conhecimentos deEngenharia, Matemática e Contabilidade,embora muito úteis, são insuficientes paracompreender a dinâmica dos mercadose dos negócios. É preciso atentar tam-bém para a Psicologia, a Sociologia, a

Filosofia, a História, a Antropologia e ou-tras ciências que tentam explicar comofunciona a natureza humana.

A recompensa no fluxo natural

Faça o exercício: substitua a analo-gia. Ao invés da empresa assemelhada auma máquina, pense na empresa comoum organismo vivo, dotada de corpo,mente e alma. Assim como um ser hu-mano, um todo formado por partes in-terdependentes. Como um processo con-tínuo de fazer e refazer-se. Um devir.

Enquanto a empresa mecanicista ig-nora o ambiente ao seu redor, a empresaorgânica molda-se para adaptar-se àsnovas tendências. De olho nos movimen-tos externos, a empresa orgânica estásempre procurando o equilíbrio entre amente (as estratégias), o corpo (a estru-tura) e a alma (os valores). Reconhece aimportância das dimensões humanas evaloriza a criatividade, já que o ambienteinterno é flexível e dinâmico. Transfor-ma o trabalho, antes rotineiro e sem atra-tivos, em projetos com propósitos e sig-nificados. Faz brilhar os olhos dos cola-boradores. Renova, reaviva as energias.

Está aí um bom ponto de partida parauma mudança organizacional contunden-te. Troque a imagem, refaça a analogia! Aempresa considerada como um organis-mo vivo (exatamente o que ela é, na reali-dade) conduz, naturalmente, a uma novabusca gerencial. Essa visão substitui avelha necessidade de controle e de colo-car a empresa nos trilhos. Sugere o inver-so, ou seja, um constante descarrilhar,movimento que coloca a empresa numoutro fluxo, este, sim – por renovado einstigante –, capaz de gerar resultados con-sistentes, temperados com entusiasmo. Asalvo, portanto, dos vãos esforços dos quelutam, inglória e insanamente, contra anatureza básica dos negócios.

Venha agora mesmo para esse novomundo! Vale experimentar! A recom-pensa está em cada etapa do caminho.

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Transformar uma paixão pessoalnum empreendimento é o caminhoque pode levar ao sucesso, desdeque se tomem alguns cuidadospor Fábio Mayer

O apelodo hobby

Ser o empreendedor do próprio hob-by é o caminho encontrado pelas pes-soas que decidem unir paixão e negó-cios. É o caso de Thiago Paes Brussi eas iscas artificiais que fazem sua ale-gria e, acredita, poderão um dia garan-tir totalmente sua sobrevivência, atual-mente dividida entre um trabalho regu-lar e a empresa que criou a partir deantigo hábito da infância. Outras pes-soas como ele, enfocadas ao longo des-ta reportagem, começam sua atividade

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prazerosa com uma coleção, um jar-dim, um jogo e acabam descobrindoum caminho para se dedicar totalmen-te àquilo de que realmente gostam.

A vocação para um determinado tipode negócio é imprescindível para levarum empreendimento ao sucesso? Pelomenos, pode servir de norte para me-lhorar o desempenho de uma empresano mercado. Existem aqueles que vãoalém, são obcecados pelo que fazem,atraídos pelo prazer da realização pes-

soal e profissional. Daí vem a persis-tência necessária para dar certo. Acer-tam, erram, porém nunca deixam detentar. Mas a palavra-chave é a paixão,ela, sim, tem o poder transformador ca-paz de se manifestar, no início, apenascomo um hobby, uma vocação latente,e depois, nutrido e aprimorado com in-formações e planejamento, virar negó-cios bem-sucedidos. “Gostar de em-preender é um atributo importante parao sucesso de um determinado negócio.

O apelodo hobby

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E quem faz o que gosta tende a fazercom boa disposição, com prazer e sa-tisfação”, diz Luiz Guilherme Brom,superintendente da Fundação Escola deComércio Álvares Penteado (Fecap),doutor em Ciências Sociais (PUC-SP),diretor do Centro de Estudos Interdis-ciplinares do Trabalho (CEIT/Fecap) eautor do livro A crise da Modernidadepela lente do trabalho, lançado em2006 pela Editora Saraiva.

A paixão gera entusiasmo, estímulo

e dedicação superiores, proporcionan-do realização tanto na área profissionalquanto pessoal. É uma espécie de com-bustível motivacional, que deve ser uti-lizado nos negócios. A relação entre vo-cação e empreendedorismo é mais com-plexa, mas pode muito bem ser explica-da de uma maneira bem simples: quemgosta do que faz quer melhorar sempre,desde a gestão do negócio até o atendi-mento ao cliente. Sentir maior realiza-ção pessoal e profissional é um campofértil para cultivar pesquisa e inovação,e também contribui para se destacar dosconcorrentes. Contribui para identificaruma oportunidade de desenvolvimentoou comercialização de um produto e nabusca incessante por novidades. Quemsente prazer pelo negócio que dirigebusca fazer o melhor.

O contrário, sem dúvida, é bem me-nos provável. Sem gostar do que se faz,não há entusiasmo nem força de vonta-de em aprender, refletindo negativamen-te no desempenho de um negócio. Aproporção é válida: quanto mais o em-preendedor encontrar algo que ele gos-te de fazer, maiores são as chances desucesso. “As coisas já são difíceis, omundo é competitivo, imagine, então,trabalhar em um lugar ou em algo deque não se gosta, fica tudo muito pior.Faça algo que lhe dê prazer, eu garantoque seu desempenho e seus resultadosserão muito melhores”, diz Paulo Araú-jo, administrador de empresas, pós-gra-

duado em Marketing e em Gestão pelaQualidade e Produtividade, e autor dolivro Seja dono de sua própria vida (Edi-tora Qualitymark). A dica dele é se di-vertir enquanto se trabalha para encon-trar um significado pessoal no cotidia-no corporativo. “A rotina é algo que ini-be a criatividade, então, temos de criaruma rotina diferente. Use o bom humore de tempos em tempos pense em criardesafios novos. Como um jogo, crie es-tímulos para melhorar a qualidade de seutrabalho”, diz Araújo.

Gastronomia, artesanato, livros,pesca, antigüidades, plantas e entrete-nimento como filmes, jogos e brinque-dos, por exemplo, são conhecimentosespecíficos que complementam interes-ses pessoais de conquista do próprioprazer. Seguir uma vocação ajuda a serfeliz e não, necessariamente, a trazerlucro. A diferença está na compreen-são dos resultados, nem sempre elesestão associados, ou seja, se transfor-mados em empreendimentos, podemnão ter viabilidade financeira ou deman-da suficiente para se manterem comoum negócio. “O simples gostar temsuas limitações: o desejo de acertar nãogarante o acerto”, diz Brom.

O empreendedor pode acreditar quetodo mundo gosta daquilo que ele faz eacaba focando os investimentos de for-ma que não ofereçam os melhores re-tornos financeiros. Algumas atividadessão mercadologicamente melhores que

Serve de estímulo e dedicação, umaespécie de combustível motivacional.Quem gosta do que faz quer melhorarsempre, desde a gestão do negócio atéo atendimento ao cliente. Contribuipara identificar uma oportunidade dedesenvolvimento ou comercializaçãode um produto, na busca incessantepor novidades, cultivando pesquisa einovação. “A vantagem é a adrenalinaque pessoas apaixonadas têm paracomeçar a partir do zero, desbravarterritórios, arar terras jamais cultiva-das”, diz Mario Persona.

O grande risco está no apego, na pai-xão cega que certamente leva à ruína. Oempreendedor pode acreditar que todomundo gosta daquilo que ele faz e acabafocando os investimentos de forma quenão ofereçam os melhores retornos fi-nanceiros. Algumas atividades são mer-cadologicamente melhores que outras,dependendo da época, área de atuaçãoe público-alvo. “O risco do apaixonadodemais é sempre deixar seus empreen-dimentos inacabados e saírem em buscadas novas sensações existentes em no-vos empreendimentos”, diz Persona.

Vantagens e riscos

Thiago, da Sua Isca:a verdadeira vocação

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outras, dependendo da época, área deatuação e público-alvo. “Nesse senti-do, o desejo pessoal pode funcionarcomo uma armadilha do pensamento,que nos leva a tomar decisões que nãonecessariamente são as melhores ou asmais racionais. As decisões empresa-riais mais acertadas podem não coinci-dir com a nossa vontade.”

Uma maneira de evitar que a vonta-de e a preferência pessoal prevaleçame contaminem as decisões empresariaisé “despersonalizar” a própria empresa.“Uma coisa é gostar de fazer algo, ou-tra é saber fazer”, diz Brom. Na teoria,o filósofo francês René Descartes, con-forme Brom, defendia a idéia de que oser humano já nasce com determina-das habilidades e aptidões. “Já os filó-

sofos empiristas ingleses (Bacon, Hob-bes, Locke e Hume) defendiam o con-trário: que o conhecimento e a habili-dade são conseqüências exclusivas daexperiência ao longo da vida”, diz.

Vocação ou vocatione, originária dolatim, pode ser traduzida por chama-do, uma predestinação de cada pessoa.Porém, não significa atitude, essa é umapalavra inerente ao ato de empreender.“Assim, pode ser não apenas aprendi-do, mas apreendido. Não apenas com-preendido, mas vivenciado”, diz TomCoelho, graduado em Publicidade pelaEscola Superior de Propaganda e Mar-keting (ESPM), e Economia pela Fa-culdade de Economia, Administração eContabilidade da USP, com especiali-zação em Marketing pela Media Marke-

ting School e em Qualidade de Vida noTrabalho pela Fundação Instituto de Ad-ministração (FIA/USP).

A vocação é imprescindível, mas nãoé suficiente para o êxito de um empre-endimento. O grande risco está no ape-go, na paixão cega que certamente levaà ruína. Exige-se mais do que apenasgostar para melhorar o desempenho egarantir o sucesso de uma empresa. Épreciso aliar paixão a um conjunto deatributos como conhecimento, inovaçãoe relacionamento. E somente com mui-to estudo, pesquisa e análise (plano denegócios), é possível entender o mer-cado, o negócio, a concorrência, o pro-duto, as estratégias de preço e a cadeiade fornecedores e clientes, ter informa-ção qualificada para um bom planejamen-

O gosto de pescar de Thiago levou-o à obsessão pelasiscas artificiais, hoje um empreendimento promissor

Com a tradicional varinha feita debambu apoiada no ombro, Thiago PaesBrussi, ainda menino, ia para mais umapescaria. Aos sete anos, descobriu a pai-xão pela pesca, seja na praia, seja em riosou em lagoas. Mas foi a partir dos qua-torze que realmente começou a querersaber tudo sobre o tema, hobby que maistarde viraria o próprio negócio. Fundadaem dezembro do ano passado, a Sua Iscacria e desenvolve iscas artificiais perso-nalizadas. “Sempre quis ter o meu pró-prio negócio, e hoje, aos 28 anos, conse-gui. É algo de que gosto e tenho muitocarinho de fazer”, diz Brussi.

Conforme o tempo passava, a pai-xão pela pesca ia aumentando, e, atual-mente, ele se considera um obcecadopor iscas artificiais. Na época, os pre-ços das iscas eram o único impedimentopara praticar o hobby, no mercado sóexistiam as importadas, e elas erammuito caras. Quando sobrava um di-nheiro no final de mês, com muita difi-culdade, comprava uma ou duas, mas

Pesca prazerosa

como é normal em uma pescaria, aca-bava perdendo-as por causa de um en-rosco, ou o peixe cortava a linha, oumesmo a isca se quebrava. Não queriaficar sem pescar, então a alternativa foiiniciar a fabricação das próprias iscas.A matéria-prima das primeiras foi ma-deira, utilizando pedaços de cabo devassoura, as esculpia até dar a formatosca de um pequeno peixe. “Ficavamfeias, mas funcionavam, e como erampara meu uso pessoal, não tinha pro-blema”, diz Brussi.

A busca da matéria-prima foi umdos problemas que precisou solucio-nar. Foram várias tentativas em utilizardiferentes materiais, até chegar ao po-lietileno (plástico), que permitiu umpreço final mais acessível (quase me-tade do valor do mercado). Porém, amaior dificuldade foi encontrar forne-cedores que atendessem com a quali-dade que desejava para manter um pa-drão no processo de fabricação das is-cas. Não foi fácil, pois a produção va-

riava entre 26 modelos, e os moldestinham que ser de silicone, que contri-buiu para diminuir o custo de cada peçae manter a produção artesanal. “Fazerum molde para máquina injetora só va-leria a pena se a produção fosse acimade duas mil iscas.”

Faltava, agora, fazer alguns aperfei-çoamentos para melhorar o acabamen-to das iscas. Também pôr em prática aestratégia que, certamente, o destacariada concorrência: fisgar o pescador pelavaidade. A idéia foi permitir que os cli-entes personalizassem suas iscas, colo-cando o nome nela, escolhendo a cor e

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THIAGO PAES BRUSSIIdade: 28 anosLocal de nascimento: São Paulo (SP)Formação: Engenharia Agronômica,com especialização em MarketingEmpresa: Sua IscaRamo de atuação: Artigos parapesca (iscas artificiais)Ano de fundação da empresa: 2006Cidade-sede: São Paulo (SP)Site: www.suaisca.com.br

o modelo. “Não tem nada semelhanteno mercado, porque os fabricantes pro-duzem as iscas em massa”, diz. “O quetorna viável entrar nesse mercado já sa-turado são o preço baixo e a personali-zação.” As iscas que produz variam de6 a 18 centímetros e atendem em 90%às pescarias em água doce, principal-mente para peixes considerados mais“brigadores” como dourado, traíra, tu-cunaré, bicuda e cachorra. O próximopasso é abrir uma linha exclusiva para apesca em água salgada.

Antigamente, conforme Brussi, amaioria dos pesque-pagues utilizavam

úteis. O envio é feito por Sedex, e ocliente faz o pagamento quando recebeo produto. Em três meses, foram ven-didas mais de 500 iscas. Também fabri-ca brindes como canetas e camisetas.

Por enquanto, a empresa tem umareceita pequena, que ajuda Brussi comorenda extra – ele atua como engenheiroagrônomo, especializado em Marketing.“Creio que, se me esforçar e me dedi-car mais, vou fazer dela a minha rendaprincipal. Estou no começo, mas plane-jo crescer muito mais”, diz. A intençãoé tocar as duas atividades enquanto ain-da depende financeiramente de uma de-las. “Tenho intenção de procurar reven-dedores e também investidores que ve-nham agregar na empresa para poderampliar a produção e as vendas.” E con-tinuar a fazer algo de que gosta.

to. “O ideal é unir a atitude empreende-dora à competência do empresário.Quando a vocação está presente, temosempresas feitas para durar. Mas tudo de-pende de qual é a vocação”, diz Coelho.

A capacidade de gerenciamento dáa sustentação necessária para que apaixão impulsione os resultados daempresa. “É comum vermos grandesidéias serem transformadas em negó-cios de grande potencial que, depois,acabam em desastre por falta de expe-riência, ou tino comercial e empresari-al de seus criadores. Investe-se tempoe dinheiro no processo para morreremna praia da mesmice administrativa”,diz Mario Persona, consultor, profes-sor de estratégias de comunicação e ma-rketing e autor dos livros Marketing de

Gente, Receitas de Grandes Negóciose Crônicas de uma Internet de Verão.

Persona compara quem possui umperfil empreendedor, mas não se preo-cupa com a gestão, a um bandeirante.Na sua avaliação, os bandeirantes se des-tacavam na arte de desbravar novas fron-teiras e não davam continuidade à explo-ração dos territórios já descobertos. Par-tiam em outras missões. “Atrás do perfilempreendedor, do desbravador, deve viro perfil de quem executa o trabalho namonotonia do dia-a-dia e do administra-dor, que controla tudo. A empresa idealdeve agregar perfis empreendedores,além de pessoas com perfil de execuçãoe administração”, diz. “Infelizmente, nemsempre somos assim, daí a necessidadede reconhecermos nossas deficiências

e apelarmos para parcerias, sociedadese terceirizações na hora de colocar emprática um empreendimento.”

Mas afinal: vocação se adquire oudescobrimos se temos ou não? Na ver-dade, os termos se complementam. Semnenhum esforço em descobrir e tambémaprimorar uma vocação, é condenar-sefatalmente à resignação. “Perdemos acapacidade de nos apaixonar pelas coi-sas que fazemos – e pelas pessoas queconhecemos. Entregamo-nos aos hábi-tos, regras, normas e convenções. Eassim permitimos que os relacionamen-tos se despeçam da emoção, as refei-ções declinem do aroma e do sabor, avida se viva sem cor”, diz Tom Coelho.Com isso, se sufoca, em definitivo, qual-quer tipo de atitude empreendedora.

somente iscas naturais como massa, sal-sicha, ração e minhoca. “Hoje, aos pou-cos isso está mudando. Alguns pesquei-ros se adequaram à demanda e possu-em lagos para pesca esportiva com is-cas artificiais. Esse é um dos nichos demercado que tenho.” Para atender a todoo Brasil, a solução foi montar um site,receber os pedidos e fazer as vendas pelainternet. Uma forma de diminuir os ris-cos, encontrada por ele, é trabalhar compoucas mercadorias em estoque. Pro-duz apenas o que vende. O tempo defabricação é em torno de três dias, e aentrega é feita no máximo em oito dias

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Aposentada de 73anos dá exemplo deempreendedorismo noextremo da Amazôniapor Válber Lima

O espírito empreendedor não esco-lhe idade nem localização geográfica paraaparecer. Numa das mais isoladas cida-des amazônicas, uma senhora de 73 anosestá dando um exemplo singular para osempreendedores brasileiros. A septuage-nária Gizalda Mariano abriu uma empre-sa de jarros e mudas nativas da Amazô-nia que tem ganhado cada vez mais es-paço no ramo de negócios das plantas(uma área que desperta o interesse nomundo todo, graças à grande biodiver-sidade da floresta amazônica). A empresafoi batizada de Gizalda Flores e funcio-na no município de Cruzeiro do Sul, no

Jardim didáticoAcre, distante cerca de 4 mil quilôme-tros do Sudeste do país, e localizada naporção mais ocidental da Região Norte.

Apesar da idade avançada e das difi-culdades de localização geográfica da suacidade de origem, a professora aposen-tada não se acomodou nem desistiu deinovar. Partiu para um novo trabalho.Oficializou a empresa há seis anos, quan-do ela ainda tinha seus 67 anos.

Hoje, o negócio tem dois funcioná-rios com carteira assinada e presta ser-viço para dezenas de órgãos públicos,empresas e particulares na manutençãode jardins e decoração interna. Gizaldaacendeu nos cruzeirenses a paixão pelajardinagem. É ela quem cuida dos jar-dins dos bancos, praças, comércios eresidências. A empresa até já adquiriuum veículo utilitário zero quilômetro pararealização dos serviços em domicílio. Éa própria Gizalda quem conduz o carropara qualquer ponto da cidade onde ojardim do cliente se encontre.

Mas a clientela dessa ousada em-preendedora não se restringe ao mer-cado local. Gizalda conquistou clientesem vários outros municípios da regiãoe também de outros Estados. Seus jar-ros são muito disputados, graças aocharme, sofisticação e carinho com quesão feitos por ela própria e seus funcio-nários. Muita gente vem de longe atra-ído pela fama da ex-professora de Pe-dagogia. Um jarro seu chega a custarR$ 400. “Cuidar das plantas é uma arte.Os jarros que preparo são feitos comamor e alegria. É por isso que as pes-soas gostam tanto”, diz.

O viveiro de Gizalda já virou quaseum ponto turístico obrigatório para osvisitantes de Cruzeiro do Sul (municí-pio com 80 mil habitantes, localizado a680 km da capital do Acre, Rio Bran-co). O local tem 6 mil metros quadra-dos de área plantada, onde ela catalo-gou cerca de 500 espécies nativas. Alémde adquirir jarros com plantas raras daAmazônia, o visitante faz um agradávelpasseio por entre as flores enquanto es-colhe o tipo que quer levar.

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Gizalda: a dedicação às plantas virou empresa que assessora e orienta população e governo local

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A história de Gizalda Mariano ésemelhante à de muitos nordestinosque ocuparam a Amazônia no sécu-lo XX. Filha de cearense, ela faz par-te das primeiras gerações de acrea-nos natos. Gizalda tem um museu defamília em sua casa. Um museu queconta parte das muitas histórias queviveu e que também se confundemcom a própria história do Acre. Seupai foi personalidade influente noAcre dos anos 1950.

O jornalista João Mariano, natural deAracati (CE), era dono de dois jornaiscom circulação no Vale do Alto Rio Ju-ruá. Dizem que num dos jornais ele cri-ticava, no outro ele se contrapunha.Pelo menos, é o que muitos falam, maso certo é que , durante décadas, Gizal-da participou, junto com o pai, da ela-boração dos dois jornais mais impor-tantes do Vale do Juruá.

Podemos dizer que, ao lado do ce-arense João Mariano, ela foi uma daspioneiras do jornalismo acreano. Se-

gundo ela, toda a família se envolviano preparo do jornal (impresso ain-da no sistema tipográfico manual).“Na época, eu era uma adolescente egostava bastante de montar as pági-nas palavra por palavra, letra por le-tra”, lembra.

Em seu jardim, Gizalda abriga umverdadeiro patrimônio natural do Valedo Juruá. Centenas de espécies nati-vas de flores. Como se não bastasse,o local ainda abriga o pequeno museudo jornalismo acreano com as antigasmáquinas de impressão utilizadas pelopai e um acervo de todas as ediçõespublicadas dos jornais O Juruá e O Re-bate. A coleção mantém viva a histó-ria dos bravos brasileiros que ocupa-ram essa região há 100 anos e fize-ram da floresta amazônica parte danação brasileira. Gizalda Mariano é umexemplo de empreendedorismo e su-cesso que merece o respeito e a reve-rência de toda a sociedade acreana ede todos os brasileiros.

Gizalda conta que abriu o negócioapós um longo período de aposentado-ria ociosa. O primeiro passo foi decidirpor encarar o desafio de frente e aban-donar a rotina monótona comum àmaioria dos aposentados. O próximopasso foi se preparar. Como ex-profes-sora, ela sempre soube que o conheci-mento é tudo. Procurou, então, aprimo-ramento na área de plantas e de gestãode negócios. Fez vários cursos a dis-tância. O resultado é que hoje ela deuum salto na qualidade de vida trabalhan-do com aquilo de que mais gosta.

A paixão pelas plantas, Gizalda já ti-nha desde criança, afinal, morando di-ante da floresta, é impossível não gos-tar de plantas e não conhecer algunssegredos dessa riqueza toda. Gizaldaprocurou ainda mais conhecimentos.Decidiu persistir nos estudos para quea empresa atingisse objetivos maiores.“Eu percebi que a demanda por umaempresa de jarros e plantas, uma em-presa que não só vendesse espéciesornamentais, mas também cuidasse dejardins utilizando os melhores procedi-mentos, fazia falta na nossa cidade, eacreditei que havia espaço para isso darcerto. Afinal, quem é que não gosta daalegria das flores?”, destaca ela.

O negócio de Gizalda Mariano tam-bém tem uma espécie de hospital deplantas. Os clientes a procuram muitoquando as plantas estão danificadas.Segundo ela, muitas vezes as pessoasnão têm tempo para tratar com cuida-do dos jarros, e por isso ocorre algumtipo de fungo que debilita a espécie. “Asplantas são como as pessoas e preci-sam de atenção. Quando o jarro não estábem cuidado, os clientes me procuramaqui para salvar a planta”, explica.

Raízes no jornalismo

GIZALDA COELHO SAMPAIOIdade: 73Local de nascimento:Cruzeiro do Sul (AC)Formação: ProfessoraEmpresa: Gizalda FloresRamo de atuação: Jardinagem epaisagismoAno de fundação da empresa: 2001Cidade-sede: Cruzeiro do Sul (AC)

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Faturar com uma antigapaixão da infância foi asaída para dois sóciosespecializados em jogos

Mesmo depois de um dia cheio detrabalho, o expediente continua paraAndré Zatz e o cunhado Sérgio Hala-ban. Costumam se reunir com fre-qüência para se divertir com jogos detabuleiro. É a hora em que se trans-portam para mundos diferentes e as-sumem o papel de personagens doséculo IX ou coordenam a campanhade partidos políticos em uma acirra-da corrida presidencial. Também é omomento de maior concentração ecriatividade, no qual surgem novasidéias e estratégias da empresa. O pas-satempo preferido virou negócio, em1997, com a fundação da SB Jogos,que cria e desenvolve jogos para en-tretenimento, ação educativa, treina-mento corporativo e até como brin-des de campanhas promocionais. Aproximidade familiar – Halaban é ca-sado com Sílvia, irmã de Zatz – vi-rou sociedade.

Ao lembrar da infância, Zatz contaque sempre gostou de jogos de ta-buleiro, em especial o xadrez. Apren-deu com o pai o movimento das pe-ças e algumas jogadas, mas foi pra-ticando que aumentou sua paixãopelo jogo. Em casa, na escola e noclube, sempre que podia, desafiavaou era desafiado para uma partida.Chegou até a participar de campeo-natos. Mas, independente disso, o le-gal mesmo era jogar, e não só xa-drez. Hábito que o sócio, Halaban,mantém até hoje e desenvolveu quan-do ainda era criança. Gostava de in-ventar as próprias brincadeiras. Erade costume, por exemplo, pegar seuscarrinhos e organizar a forma comque iriam competir, e quem quisesse

No tabuleiro das idéiasbrincar tinha que entrar no clima dagrande corrida.

Apesar da prática do mesmo hob-by, os dois só descobriram a afinida-de para o negócio muito tempo de-pois de começarem a se reunir parajogar. A idéia de abrir uma empresanesse nicho surgiu de muita observa-ção e garimpagem de informaçõessobre o mercado. Atentos às novida-des, eles visitavam sites de fabrican-tes nacionais com freqüência e, sem-pre que possível, paravam para ob-servar as vitrines das lojas em buscade novos jogos. Mas não havia mui-tos lançamentos. A estratégia das em-presas da área passa a ser republicaros jogos já consagrados, é verdadeque clássicos, porém antigos.

Encontrar os mesmos brinquedosda época da infância foi uma misturade sensações. De agradável surpre-sa, com o passar do tempo virou ma-rasmo, quase beirando a decepção.Também trouxe diversos questiona-mentos, na tentativa de entender o queestava ocorrendo com esse mercadono país. Como estavam procurandoum nicho de negócios, na época, umadúvida era se haveria espaço para umnovo empreendimento. Por participarde um concurso de brinquedos, Ha-laban, engenheiro especializado emdesign de produtos, descobriu que,em geral, os autores licenciavam osjogos criados para os fabricantes. Éassim que funciona tanto aqui no Bra-sil como lá fora. “Resolvemos bolarum jogo, mas sem imaginar que umdia isso viria a se tornar a nossa pro-fissão”, diz Zatz.

Prática

O caminho escolhido para iniciara criação de um jogo era muito inte-ressante e divertida, na opinião deZatz. O estudo do mercado iniciou-se pela simples prática para compre-ender a lógica envolvida, compraram

a maior quantidade de jogos que en-contraram e começaram a exercitar.Depois de seis meses, surgiu a idéiaque deu origem ao primeiro título de-senvolvido pela SB, em 1998. Passa-ram mais alguns meses ajustando e,em seguida, foram atrás das empre-sas de brinquedos para oferecer oproduto. Tiverem um retorno rápido,e logo o novo jogo de tabuleiro esta-va nas prateleiras das lojas. “Ficamosmuito animados com o resultado e de-cidimos dar continuidade”, diz Zatz.

Fervilhando de novas idéias, des-cobriram que empreender por voca-ção não era tarefa fácil. Muito do queera criado não foi aceito pelas em-presas, seja pela espera de um mo-mento mais adequado para o lança-mento, seja pela falta de espaço es-tratégico na gestão, ou mesmo pordesinteresse. Mas a persistência fezcom que se mantivessem firmes, e,aos poucos, foram conseguindo au-mentar o número de jogos publica-dos. Depois de alguns anos no mer-cado, a SB se tornou mais conheci-da, e os próprios fabricantes de brin-quedos começaram a fazer pedidos eencomendar produtos.

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Na categoria brinquedos, são maisde trinta jogos criados. A maioria de-les publicados e distribuídos no paíspor grandes empresas como Estrela,Grow, Toyster e Bungee. Com o ne-gócio consolidado no Brasil, a SB lutapara conquista um espaço lá fora. Asportas da União Européia começarama ser abertas com o desenvolvimentode um jogo de palavras feito especial-mente para a alemã Kosmos, uma dasmaiores e bem-sucedidas nesse nichono mundo. E é na Alemanha que essaárea tem maior crescimento, porqueé um hábito difundido. ConformeZatz, o país está na vanguarda dessemercado, possui maior potencial deaceitação por parte do público con-sumidor, e está mais preparado e es-truturado para receber novidades.

A principal ação estratégica paraingressar é semelhante à que é adota-da pelo mercado editorial, por exem-plo. Na sua avaliação, o principal pro-duto é a idéia, ela é que vende. O his-tórico da empresa, principalmente nosquesitos conhecimento e experiência,também conta muito e ajuda a darsegurança para a tomada de decisãopor parte de quem pretende publicar

o jogo. Apostando no potencial, ossócios estão entrando no mercadonorte-americano. De início, com umjogo que vai ser publicado em quatrolínguas: inglês, alemão, francês e ho-landês. “Isso é algo totalmente inédi-to para autores brasileiros. Estamoscomeçando no mercado externo, masnossa intenção é poder publicar cadavez mais jogos lá fora”, diz Zatz.

A tática vem dando certo, mas énecessário fazer ainda mais para ga-

rantir a viabilidade econômica da SB.Os sócios têm que estar antenados atodas as oportunidades, mesmo se fornecessário diversificar o produto, eprecisam se dedicar ao máximo aoque fazem. Para quem gosta do quefaz, assim como eles, não parece sernenhum sacrifício, porém não dá paraficar parado, sob pena de perder es-paço e, pior, encerrar as atividades.Por ano, precisam fazer em média deoito a dez jogos novos. “Hoje, 50%da nossa atividade está voltada parao mercado de jogos, no restante donosso tempo, utilizamos o mesmoknow-how e expertise que desenvol-vemos ao longo desses anos, e noscolocamos a serviço de atividadescorporativas variadas”, diz Zatz.

Aprenderam a trabalhar com asmais diversas situações, como as pro-piciadas pela encomenda de jogos per-sonalizados. É comum receberem pe-didos de clientes para desenvolver jo-gos com a finalidade de treinamentode funcionários em uma empresa (pú-blico adulto) e com temas educativosdirecionados para crianças. Diversi-ficar é importante para todas as áre-as no país, porque qualquer mercado

ANDRÉ ZATZE SÉRGIO HALABANIdade: 33 / 43Local de nascimento: Genebra(Suíça) / Quito (Equador)Formação: Jornalismo / Engenharia eDesign de ProdutosEmpresa: SB JogosRamo de atuação: Brinquedos ejogos corporativosAno de fundação da empresa:1997Cidade-sede: São Paulo (SP)Site: www.ludomania.com.br/sbjogos

André Zatz e Sérgio Halaban: empresa precisa produzir e testar em média de oito a dez jogos novos por ano

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aqui é instável, principalmente o debrinquedos, que não é gigante. NoBrasil, existem poucos fabricantes, esomente os maiores, apenas três, têmcapacidade produtiva para publicar elançar o número de títulos que a SBprecisa para se manter. Fazer jogoscorporativos foi a saída.

Abrir novas frentes e diversificaro produto foram iniciativas que vie-ram com a prática de mercado. “Fo-mos intuindo isso logo no começo,mas como nossa dedicação não eraem tempo integral, na época, o prin-cipal objetivo era lançar o primeirojogo; nem imaginávamos que o tra-balho teria seqüência”, diz Zatz. Cri-avam produtos para apresentar aos fa-bricantes de brinquedos, mas tambémsabiam que existia uma demanda dejogos corporativos, principalmenterelacionada com eventos como con-venções. “É claro que sempre pro-curamos nos informar cada vez maise desde o começo também fomos fa-zendo um projeto e planejando”, diz.

O segredo foi direcionar o negó-cio para um caminho em que poderi-am usar todo o conhecimento e a ex-periência adquiridos. “No mercado dejogos corporativos, tivemos que des-cobrir como o produto poderia ser uti-lizado. Por quatro anos, fomos con-sultores da TV Globo em jogos paratelevisão, em um das frentes que abri-mos”, diz. Outros clientes: Bradesco,Livrarias Nobel, Natura Cosméticos,BCN, Petrobras, Accenture, Caloi,Bombril, Museu de Arte Moderna(MAM) e HP.

Para o futuro, Zatz e Halaban es-tão otimistas quanto às perspectivasde crescimento no cenário mundial emantêm firme a certeza de que o jogode tabuleiro não vai desaparecer. “Éuma realidade muito mais antiga doque os jogos eletrônicos e tem algu-mas características que não são equi-paráveis, como permitir uma grandeinteração com outras pessoas, olhan-do cara a cara o adversário, e a inte-ração física com os componentes, jo-gando os dados e mexendo as peças.”

Gostar de parapente serviu para o salto emdireção aos instrumentos especializados

O parapente deixou de ser apenasum hobby para Renato Pisani, desdeque ele descobriu como aliar o espor-te aos negócios. O gosto por aventu-rar-se no céu transformou-se em pai-xão. O hábito de praticar essa moda-lidade começou no final de 2002, aos28 anos, e passou a fazer parte e ocu-par cada vez mais tempo em sua vida.No ano seguinte, fundou a Tirante A– Adventure Instruments, especializa-da em instrumentos para esportes deaventura e localizada na cidade de Ita-jubá, Minas Gerais. “O vôo-livre é umesporte fácil de se apaixonar, a inte-ração com a natureza, o desafio à lei

Engenheiro voador

da gravidade e a necessidade de to-madas rápidas de decisão fazem opraticante sentir uma enorme sensa-ção de liberdade”, diz Pisani.

A identificação com a prática devôo-livre contribuiu para ir atrás dasinformações necessárias para abrir aempresa, dados que foram levantadosem poucos meses devido à vontadede associar o que gosta de fazer coma atitude de empreender. Mas, para onegócio dar certo, não podia ter umconhecimento superficial, era preci-so entender o mercado, identificarconcorrentes e desenvolver produtosque, de fato, atendessem à demanda.

Pisani (ao lado, voando) e o TAV1000, que auxilia na identificação

de correntes de ar, mostraaltitude em relação ao nível do

mar, à decolagem, temperaturae tempo de vôo

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RENATO PISANIIdade: 33 anosFormação: Engenheiro eletrônicoEmpresa: Tirante A – AdventureInstrumentsRamo de atuação: Instrumentospara esportes de aventuraAno de fundação da empresa: 2003Cidade-sede: Itajubá (MG)Site: www.tirantea.com.br

A oportunidade encontrada foi supriro mercado de equipamentos que au-xiliassem a prática dessa modalidadeesportiva. “Estávamos estudando opotencial de diversos mercados den-tro da nossa área de conhecimento,quando o vôo-livre surgiu como al-ternativa”, diz.

Com o foco definido, utilizou re-cursos tecnológicos de última geraçãopara criar os próprios produtos. A ex-periência como engenheiro eletrônicoserviu de base sólida para cumprir amissão à qual se propunha a realizar ecompartilhar: aliar prazer e segurançaaos praticantes de esportes de aven-tura. “Desde o início da minha carrei-ra profissional, trabalho no desenvol-vimento de projetos eletrônicos, sem-pre para terceiros, como prestador deserviço; ter um produto próprio sem-pre foi uma meta, mas era necessárioadquirir experiência e levantar algum

capital”, diz Pisani.A expectativa é investir em expan-

são da equipe de desenvolvimento.A empresa já tem apoio e suporte daIncubadora de Empresas de BaseTecnológica de Itajubá (Incit), e, de-pois de se consolidar no mercadonacional, o próximo passo é partirpara a exportação. Conforme Pisa-ni, o mercado de esportes de aven-tura está em franca expansão no Bra-sil, mas em países como França, Ale-manha e Austrália, ele é muito mai-or. “Estamos estudando exportação,mas é preciso dar um passo de cadavez”, diz. A empresa atende a todo opaís por meio de uma rede de distri-buição. “Nossos distribuidores sãoinstrutores em escolas de vôo emtodo o território nacional.”

Um dos equipamentos criados porPisani é o TAV 1000, utilizado para anavegação em esportes aéreos de

aventura. De fabricação inédita noBrasil e com preço final menor emrelação ao similar importado, medea taxa de ascendência e descendên-cia, auxilia na identificação de cor-rentes de ar, mostra altitude em re-lação ao nível do mar e em relação àdecolagem, temperatura e tempo devôo. “O vôo-livre é apenas o come-ço”, diz Pisani.

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Empreendedores da tatuagem investem eminfra-estrutura, atendimento e marketing para sedestacar em um mercado cada vez mais concorridopor Carol Herling

Arte àflor da pele

nhista e despertou a curiosidade de muitagente, principalmente dos jovens, paraseu corpo coberto de figuras.

Foi o que aconteceu com ManoelEdson Del Hoyo, o Frank Tattoo. Pio-neiro da tatuagem na Região Sul do Bra-sil, Frank tinha 13 anos na época emque Lucky desembarcou em Santos eteve a oportunidade de conhecer pesso-almente o dinamarquês em uma de suasestadas na cidade. “Quando vi o Luckypela primeira vez, eu simplesmente meapaixonei por esse lance, e não tirava daminha cabeça a idéia de ter o corpo ta-

Sérgio, Manoel, Daniela e Carlosmoram em diferentes pontos do Brasile são profissionais muito solicitados,não só pela qualidade de seus serviços,como também pelo valor que conse-guiram agregar aos seus negócios. Leds,Frank, Dani Mãos de Fada e CarlosMonstro, como são conhecidos, inte-gram o chamado “primeiro time” dostatuadores brasileiros, e hoje seus ape-lidos são mais que simples alcunhas:transformaram-se em verdadeiras gri-fes da tatuagem nacional. Apesar deserem de gerações diferentes e possu-írem técnicas e trajetórias distintas,estes quatro empreendedores têm al-guns pontos em comum: adoram o quefazem, destacam-se diante da concor-rência graças à visão empresarial e pro-curam estar sempre um passo à frentequando se trata de tendências, infra-estrutura e medidas de segurança. E,apesar da disputa acirrada que há nomeio, tratam o trabalho alheio com

muito respeito.Acredita-se que a tatuagem tenha

surgido há mais de 3.500 anos e queservia, segundo pesquisadores, paraexpressar a personalidade ou para iden-tificar indivíduos de uma mesma comu-nidade. Existem registros de múmiasegípcias, datadas do século XIV a.C.,com marcas azuis em suas peles, e acre-dita-se que tais marcas sejam tatuagens.No Brasil, a tatuagem chegou em 1959através das mãos do dinamarquês KnudHarald Lucky Gegersen, também co-nhecido como Lucky ou Mr. Tattoo.Lucky estabeleceu-se em Santos, que,por ser uma cidade portuária, concen-tra um número elevado de marinheirose estivadores, o que em tese reforçavao estereótipo de que tatuagem é “coisapara marinheiro”. Apesar do preconcei-to que a tatuagem despertava e das téc-nicas até então rudimentares para a apli-cação dos desenhos na pele, Lucky fi-cou conhecido por ser um bom dese-

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tuado.” Frank, que é filho de espanhóise foi criado em Marília (interior de SãoPaulo), lembra que chegou a pensar queLucky era “alguém do além” por ter tan-tas tatuagens e que chegou a ter vergo-nha de cogitar a hipótese de ser tatua-dor um dia. “Eu pensava coisas como‘será que vou me transformar em mari-nheiro?’ ou ‘será que vão me chamarde bandido?’, e acabei me distanciandoum pouco do meu sonho.” Em 1983,Frank voltou a ter contato com a pro-fissão em Garopaba (SC), e então a ve-lha paixão voltou com força total.

“Decidi juntar dinheiro e procuraro Lucky, para que ele me ensinasse astécnicas, mas não deu tempo, pois oLucky havia morrido havia três meses.”Mesmo assim, Frank não perdeu a via-gem e conheceu o genro do dinamar-quês, que acabava de chegar de NovaYork com um verdadeiro arsenal de pro-dutos. “Eu nunca havia visto uma má-quina de tatuagem na vida, conhecia sóa técnica do nanquim, e quando pegueiem minhas mãos um catálogo de pro-dutos, senti uma responsabilidade imen-sa.” Passados 23 anos e mais de cinco

mil trabalhos realizados, Frank faz umareflexão cuidadosa quando questiona-do sobre a ética da profissão e destacao papel-chave do cliente: “Em primeirolugar, sempre e acima de tudo, vem orespeito ao cliente, porque, se ele pro-cura, é porque valoriza o seu trabalho,e se ele quer o seu trabalho, você temque dar o melhor de si”.

Para chamar a atenção e manter aclientela fiel, estes empreendedores re-alizaram investimentos pesados e cons-tantes em infra-estrutura. Assim comoclínicas médicas e consultórios odon-

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tológicos, os estúdios de tatuagem sãoconstantemente fiscalizados pela Vigi-lância Sanitária e dependem de umasérie de alvarás para funcionar, por issoos cuidados com biossegurança nãopodem ser deixados de lado. “Tudo oque inclui sangue envolve riscos, porisso a segurança nunca pode ficar emsegundo plano”, explica Frank, que temum procedimento um tanto inusitadopara comprovar a limpeza de seu espa-ço de trabalho. “Costumo andar commeias brancas no estúdio e, acredite,saio com os meus pés limpos no fimdo dia.” Estimativas do mercado apon-tam que, para abrir um estúdio, inicial-mente, se gasta, em média, R$ 30 mil,isso apenas na compra dos equipamen-tos de esterilização e de tatuagem. Issosem contar a administração do negó-cio em si, que costuma deixar muitosprofissionais com os “cabelos em pé”.

“Pagar os impostos, salários, fazera manutenção, isso sem contar os cui-dados para ficar em dia com a fiscaliza-ção, são coisas que tomam muito tem-po, e eu sou artista, não administrador”,afirma Carlos Marcos Oliveira Pires, oCarlos Monstro. Ele dá uma dica quepode ajudar quem não sé dá tão bemcom a calculadora: “Se você tem umanoção básica de como administrar umaempresa, pode tranqüilamente terceiri-zar tudo com um contador, na minhaopinião é a melhor saída”. Integrante dageração mais nova de profissionais, Car-los Monstro é proprietário do AnúbisTattoo, no Rio de Janeiro, que coorde-na junto com Marcelo Maia, muito soli-citado no circuito carioca. “Já trabalha-mos juntos em um dos maiores estú-dios do Rio de Janeiro, e desde entãoaprendi muito com ele, que, mais queum sócio, é um grande amigo.” Apesar

do pouco tempo de profissão – apenasquatro anos –, Carlos Monstro já man-tém uma clientela fiel e conquistou seulugar de destaque, o respeito e a admi-ração dos colegas. “Hoje, nossos traba-lhos estão equiparados em termos detécnica, e sem dúvida o Carlos ainda vailonge”, diz Marcelo Maia.

Um consenso entre os profissionaisdo ramo é que, para ser um bom tatu-ador, não adianta apenas dominar oequipamento: a pessoa tem que saber,acima de tudo, desenhar. E, além depraticar bastante, ter vocação. SérgioMaciel, o Leds, era artista plástico e játinha renome no circuito paulista antesde acrescentar 20 mil trabalhos de ta-tuagem ao currículo. “Eu desenho des-de os seis anos de idade, estudei na Aca-demia Paulista de Belas Artes e me de-dicava a isso, até o dia em que eu co-nheci o Sérgio Soncini, que veio dosEstados Unidos e abriu um estúdio emSão Paulo. Eu fiquei fascinado porque

Maia: solicitado no circuito carioca

Frank e equipe: a segurança nunca pode ficar em segundo plano

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vi que podia aplicar as técnicas de ar-tes plásticas na pele das pessoas.”

Leds sugeriu a Soncini que prepa-rasse uma pessoa para auxiliá-lo noestúdio. “Ele me disse que teria de bus-car alguém no exterior, porque no Bra-sil não havia artistas. Me senti desafia-do, porque temos pessoas muito talen-tosas por aqui.” Leds saiu à procura depessoas que vendiam os equipamentose testava em pele de porco conformeaprendia. “Há 25 anos, quase não setatuava, então, o que eu fazia eram ostrabalhos de cobertura (cover-ups), sóque a procura foi tanta que passei a ta-tuar em tempo integral.”

Durante dez anos, Leds manteveseu estúdio em sociedade com outroprofissional, mas a parceria não deucerto por divergências pessoais. “Co-mecei a tatuar nos fundos da casa domeu ex-sócio, mas me sentia mal comisso. A minha grande oportunidade sur-giu quando eu comprei a loja do Marco

Leoni, que resolveu voltar para a Itá-lia.” A loja de Leoni, a Tattoo You, fezhistória entre os jovens paulistas nadécada de 1980, e ao comprar o em-preendimento, Leds adicionou a suamarca ao nome da loja – e assim sur-giu a primeira grife da tatuagem no Bra-sil, a Leds Tattoo & Tattoo You. “De-pois que eu dei uma ‘levantada’ na Tat-too You, resolvi ficar com apenas umaloja e contratei pessoas para me ajudar,e assim formei minha equipe.” Hoje, elemantém uma loja de 450 m2, que, se-gundo suas palavras, “contém o quehá de melhor”, e coordena uma equipede oito profissionais. A propagandaboca a boca foi muito importante aolongo desse processo, e Leds reconheceque esta é uma de suas principais fer-ramentas de marketing. “A recomen-dação é, sem dúvida, a forma mais efi-caz de atrair os clientes.”

O apoio da imprensa também foifundamental para consolidar seu nome

no mercado. Ao todo, calcula que jáfez mais de 60 apresentações em TVao vivo para fazer tatuagem, fora asentrevistas. A última aparição foi nacasa do Big Brother Brasil, reality showexibido pela Rede Globo, em que ta-tuou um dos participantes do progra-ma. Ao longo de 25 anos de carreira,Leds aproveitou o fato de ser reconhe-cido não só pelos clientes, mas tam-bém pelos colegas e por profissionaisdas mais variadas áreas, para trabalhara favor da tatuagem como expressãode arte. “Batalhei muito para que a ta-tuagem perdesse o estigma, e nessa lutaaproveitei bastante o apoio da impren-sa.” Em 2004, foi homenageado pelaAcademia Brasileira de Arte, Cultura eHistória, e recebeu uma medalha e umdiploma. “Todo segmento artístico jápassou por alguma discriminação, e portodos houve uma luta.” Leds acredita,sem falsa modéstia, ter feito o mesmopela arte da tatuagem.

Carlos Monstro: “Eu sou artista, não administrador”

CASA DA PHOTO

Sérgio Maciel, o “Leds”: técnicas de artes plásticas

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Assim como Carlos Monstro eseu sócio Marcelo Maia, a gaúchaDaniela Vasconcellos – nome de ba-tismo de Dani Mãos de Fada – tam-bém começou tatuando em grandesestúdios para depois investir no pró-prio negócio. A diferença entre Danie seu colega Carlos Monstro é queele se tornou tatuador aos 28 anos,e ela está no ramo desde os 14. Em-bora a maioria dos tatuadores tenhapredominância de mulheres em suascarteiras de clientes, para muita gen-te ainda é novidade ver uma mulherdesenhando e, ainda por cima, pilo-tando a maquininha. “Comecei a de-senhar com dois anos de idade, equando eu tinha 13 anos, participeide um concurso de desenhos, masdeu confusão, porque as pessoaspensavam que o meu desenho tinhasido feito por um profissional.”

Daniela não se conformou e man-dou uma carta para a organização doconcurso alegando que o desenho era,de fato, de sua autoria. “Eu disse paraeles que poderia desenhar o que elesquisessem, como quisessem e na horaem que determinassem. Fiquei triste,porque o prêmio era uma bicicleta,mas aí eles me enviaram de presenteuma caixa com os lápis Caran D’Ash,que são os mais caros que existem.”Dani aproveitou o presente e partici-pou do mesmo concurso no ano se-guinte, conquistando novamente oprimeiro lugar. O caso da menina-pro-dígio, que na época vivia em São Pau-lo, chamou a atenção de pessoas quedependem de desenhos com padrãode qualidade para se destacar no mer-

ToquefemininoMotivos da preferênciapela arte feita pormãos de mulher

cado: os tatuadores. “Comecei, en-tão, a trabalhar com desenhos sobencomenda, e um dia um profissio-nal que era meu cliente quis me ensi-nar a profissão em troca da exclusi-vidade do meu trabalho.”

Aos quinze anos, Dani retornou aPorto Alegre e começou a tatuar pro-fissionalmente. O apelido surgiu porcausa do tamanho de suas mãos, quesempre protege no trabalho com lu-vas cirúrgicas tamanho PP. Assimcomo Leds, no começo treinava a téc-nica em pedaços de pele de porco.“Na pele do cliente, não tem comovocê errar, então pratiquei bastanteem uma pele que tem a textura seme-lhante à pele humana antes de execu-tar meu primeiro trabalho.” Aos 18anos, Dani abriu seu primeiro estú-

Dani Mãos-de-Fada: a ex-menina prodígio praticou empele com textura semelhante àhumana antes de executar oprimeiro trabalho

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Março 2007 – Empreendedor – 31

Arte de exportaçãoParaísos turísticos forado país atraem otalento nacional

Bem distantes do Brasil, do outrolado do planeta, países como Tailân-dia, Indonésia e Austrália são o pa-raíso para quem aprecia o surfe e agastronomia oriental. E também paraquem gosta de tatuagem. A quanti-dade de empresas do ramo de tatua-gem e body piercing sediadas emBali, um dos paraísos turísticos des-te país, atrai muita gente que buscanovidades, tendências e equipamen-tos. Foi o caso de Paulo Perin, que,em busca de oportunidades de tra-balho no exterior, percorreu a Euro-pa, morou dez anos na Nova Zelân-dia e teve diversas profissões antesde se ligar ao universo da tatuagem:na Inglaterra, trabalhou como técni-co agrícola em uma plantação demaçãs e como garçom; em Israel,ganhou a vida como lavador de pra-tos e empregado de uma plantaçãode tomates, e na Nova Zelândia, tra-balhou como servente de pedreiro.“Depois disso, eu fui pedreiro paraconstruir a minha própria casa, emum ano e meio eu levantei tudo.”

Após se estabelecer na Nova Ze-lândia, Paulo e sua esposa, a neoze-landesa Ann Davidson, decidiram tra-balhar importando prata da Tailândiapara a Oceania. “Fui para a Tailândiaa passeio, gostei muito da prataria tí-pica de lá e comecei a trabalhar comisso.” Por vender peças que remeti-am ao mundo da moda – como anéis,colares e pulseiras, entre outros arti-gos –, Paulo ficava atento às novida-des do mundinho fashion, até que umdia teve o insight de ampliar sua ofertade produtos com uma linha de bodypiercings. “Em 1999, foi uma ver-dadeira febre à procura por pier-cings, e eu vi nessa onda a possibili-dade de fazer negócios no Brasil.” Efundou, assim, a Tetra Piercing. Sóque, com a expansão de diversos ne-gócios para a China, várias fábricasde piercing entraram na disputa pelomercado, e nem sempre a qualidadeera priorizada. “Muitas fábricas des-pejaram produtos de má qualidadeno mercado com o preço bem abai-xo do praticado, e quem trabalhavaexclusivamente com piercing teveque buscar outras alternativas paracontinuar em atividade.”

A salvação de Paulo foram os pro-dutos para tatuagem, que passou a im-portar dos Estados Unidos para o Bra-sil. “Comecei a trabalhar com supri-mentos, justamente numa época emque a tatuagem perdia, aos poucos, oar marginal e começava a ganhar sta-tus de arte.” Para dar mais foco aosseus negócios, Paulo decidiu voltarpara o Brasil e estabeleceu-se, inicial-mente, em Saquarema (RJ) e, poste-riormente, em Florianópolis (SC).Mesmo afastado dos grandes centrosde comércio do Brasil, consegue re-alizar as vendas através de represen-tantes e de uma aliada fundamental: ainternet. “Mantenho um atendimentopor telefone, tenho meus representan-tes em diversos pontos do país, umaloja na Galeria do Rock em São Pau-

dio, e na mesma época foi convidadapara apresentar um programa de TVsobre música, variedades e, é claro,tatuagem. “Até que um dia, eu fui parao Rio de Janeiro, me apaixonei pelacidade, larguei tudo e fui trabalharcom grandes nomes da tatuagem bra-sileira, e depois escolhi Florianópolispara me estabelecer.”

Ela acredita que muita gente bus-ca o seu trabalho justamente pelo fatode ser mulher. “Homens, geralmen-te, têm poucos desenhos de tama-nho grande; já as mulheres gostamde ter desenhos menores e espalha-dos pelo corpo, e muitas gostam detatuar em locais estratégicos, porisso o fato de eu ser mulher talvezseja menos constrangedor para algu-mas clientes.” Famosa nos quatrocantos do país, Dani soma mais de7 mil trabalhos, coleciona clientesilustres – de jogadores de futebol amodelos e artistas de televisão – e re-gularmente viaja para outros Estadospara atender as pessoas. E, apesar doritmo puxado – trabalha em média 40horas por semana –, não deixa de pra-ticar esportes radicais e regularmen-te joga futebol. Também participa deeventos do setor, pesquisa novos ma-teriais e marcas, e acompanha as ten-dências dos desenhos. A administra-ção e a parte financeira de seus ne-gócios ficam a cargo do pai – afinal,Dani também é artista.

CASA DA PHOTO

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Tendência

32 – Empreendedor – Março 2007

Agenda cheiaDisseminar a tatuagem por meio de revistase eventos mantém os compromissos em dia

Lidar com informações deste uni-verso tão particular e socializar da me-lhor forma possível o conteúdo são asmotivações do empresário AlexandreOazen. Dono da revista Tattoozone,espécie de Bíblia do segmento, Oazenfoi professor de artes marciais comokickboxing e muay thai antes de tra-balhar com tatuagem. “Acho um mer-cado muito pouco explorado, e que de-veria ser encarado como profissão pe-las pessoas envolvidas e por toda a so-ciedade. Acho, também, que se tratade uma profissão de risco, e assim de-

veria ser encarada por todos”, diz. Aidéia de ter uma revista surgiu pelo fatode ser consumidor e não encontrar pu-blicações que o agradassem. “Gostomuito de desenhos, tenho nove tatua-gens e sempre comprei revistas, masa qualidade não me agradava, e euachava que um dia faria algo melhor.”

Para ele, simplesmente, “não existemercado editorial voltado para este seg-mento, e o que existe ainda é feito poramadores”. Segundo Oazen, sua revistanão tem como foco apenas tatuadorese tatuados, mas também formadores de

lo, e vendo muito pelo meu site, queregistra uma média de 13 mil aces-sos por mês e que corresponde a 60%de meus negócios.”

No portal, Paulo divulga todos oslançamentos, atende ao público e fe-cha os pedidos. Apesar de ser reco-nhecida como a maior distribuidorade body piercings e equipamentospara tatuagem do país, a Tetra Pier-cing mantém uma infra-estrutura en-xuta: apenas cinco funcionários inte-gram a equipe. “Trabalho com minhaesposa, e o irmão é um de meus re-presentantes, por isso considero aminha empresa como familiar.” De-pois de um tempo importando pro-dutos, Paulo passou a trabalhar commaquinário produzido no Brasil. Umdos carros-chefe das vendas pelo siteé uma máquina exclusiva, fabricadasob encomenda e com garantia decinco anos. O marketing boca a bocatambém é fundamental para a sobre-vivência de seus negócios. “Há mui-ta troca de informação e de experiên-cia nesse meio, então a recomenda-ção de um cliente para o outro, deum profissional para o outro noseventos ligados ao setor, vale ouro.”

CURIOSIDADES

Carlos Monstro e Alexandre Oazen tam-bém foram designers antes de se envolve-rem com tatuagem. Dani Mãos de Fadacursa a faculdade de Direito.

Sérgio Maciel, o Leds, é um dos fundado-res do Sindicato dos Tatuadores do Esta-do de São Paulo, considerado o primeirodo Brasil.

Alexandre Oazen é o atual presidente doSindicato dos Tatuadores Profissionais doRio de Janeiro.

Manoel Edson Del Hoyo, o Frank, ganhouo apelido quando era estudante. “Diziamque eu parecia um americano por causado cabelo comprido, das sardas e das cal-ças jeans. Muitas vezes, penso que é meunome, e me assusto quando me chamamde ‘Manoel’.”

CASA DA PHOTO

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Março 2007 – Empreendedor – 33

Linha Direta

Alexandre Oazen (Revista Tattoozone)www.tattoozone.com.brCarlos Marcos Oliveira Pires (Monstro)www.anubistattoo.com.brDaniela Vasconcellos (Dani Mãos de Fada)www.fotolog.com/danitattooManoel Edson Del Hoyo (Frank Tattoo)www.cobrarei.com.brPaulo Perin (Tetra Piercing)www.tetrapiercing.com.brSérgio Maciel (Leds Tattoo)www.ledstatoo.com.brwww.tattoobrazil.com.br

opinião, artistas, esportistas e jovens detodas as idades. “Meu objetivo é mu-dar a cara da tatuagem, apresentar nossaverdadeira arte e mostrar que tatuagemé uma profissão.” Além da revista, Oa-zen mantém um site e também trabalhana organização de eventos itinerantesda Tattoozone. Realizados em diversaspartes do Brasil desde 2004, os encon-tros costumam reunir até 20 mil pes-soas por edição.

Participar de eventos faz parte daagenda de praticamente todos os ta-

tuadores. São nesses encontros queacontece a apresentação das novida-des em materiais, produtos e supri-mentos, além da oportunidade de fa-zer contato com alguns dos princi-pais profissionais do circuito interna-cional. A Convenção Internacional deTatuagem do Brasil, realizada há maisde uma década, é organizada por Sér-gio Maciel, o Leds. O evento, que jáchegou a ter a participação de tatua-dores e expositores de 29 países, éconsiderado o maior do país. Entreos tatuadores famosos do exterior, jáparticiparam o inglês Luke Atkinson,os austríacos Bernie Luthier e KlausFuhrman, a alemã Sabine, o argenti-do Sergio (do badalado estúdio San-cast Tattoo), o norte-americano PaulMassaro e o japonês Sabado. Ledsnão revela quanto a convenção movi-menta em termos de dinheiro, mas cal-cula que a próxima edição, previstapara este ano, receba 15 mil pessoasde 15 países, entre profissionais, ex-positores e público.

Testemunha ocular da evolução dahistória da tatuagem no Brasil, Mano-el Edson Del Hoyo, o Frank Tattoo,acredita que o pensamento da socie-

dade mudou com relação à tatuagem.“Ter uma tatuagem pode ser um sta-tus tanto para as pessoas que queremdemonstrar ter alguma atitude quantopara as pessoas que estão de acordocom as últimas tendências da moda.Gualtier foi o primeiro estilista a in-corporar a tatuagem como conceito emuma coleção de moda.” E quanto à dorde fazer um desenho na pele, Frankacredita que existem coisas bem pio-res. “Tatuagem dói, mas nada dói maisque a vida, e cada um nessa vida sabesomente de si.”

Detalhes da vida e da história de alguns dos principais tatuadores do Brasil

Frank Tattoo iniciou um novo negócio e,além de seu estúdio, trabalha com umacriação de cobras. Possui, em sua coleçãoparticular, 18 cobras. “Ter uma cobra temtudo a ver com tatuagem.”

Carlos Monstro tem um problema de LER(Lesão por Esforço Repetitivo), que “her-dou” dos tempos em quem “morria na fren-te do computador quando era designer”.Atualmente, trata com fisioterapia. Mui-tos tatuadores sofrem com problemas fí-sicos, principalmente dores nos braços ena região lombar.

Lucky Tattoo é o autor do famoso “dra-gão tatuado no braço” de José ArturMachado, o Petit, ambos imortaliza-dos na canção “Menino do Rio”, deCaetano Veloso.

Leds fez a primeira tatuagem da filha;Frank Tattoo fez a primeira tatuagemde seu pai. Dani Mãos de Fada fez suaprimeira tatuagem na mãe e tambémfez a primeira do pai.

Mídia especializada procuramostrar tatuagem como profissão

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Responsabilidade Social

34 – Empreendedor – Março 2007

Grife que virou institutode educação epreservação ambientalchega ao Sul do paíspor Alexsandro Vanin

Loja engajadaCrescimento sustentado é o que o

Instituto Ecológico Aqualung (IEA)quer para a economia brasileira e paraas lojas da marca, segundo o enge-nheiro agrônomo Murilo MachadoMeyer, master franqueado da rede noSul do país. A primeira unidade naregião foi aberta neste verão na PraiaBrava, em Florianópolis (SC), no Ki-oske do Pirata, point badalado da área,que também passou a ser alvo dasações de preservação e educaçãoambiental do grupo, como a coleta demicrolixo realizada em fevereiro.

O início, com um pequeno pontode venda praticamente na areia, re-mete à origem da marca, um quios-que aberto na praia de Búzios (RJ)em 1984. Foi a forma que seu cria-dor encontrou para divulgar suasidéias. Logo, passou a apoiar proje-tos de conservação e recuperação domeio ambiente marinho, tendo inclu-sive feito o grafismo do projeto Ta-mar (defesa de tartarugas-marinhas).O IEA surgiu em 1994, devido à ne-cessidade de contar com uma insti-tuição sem fins lucrativos para atuarna área de conservação e recupera-ção de ecossistemas marinhos comprojetos próprios. Uma parcela de

5% das vendas é destinada às açõesdo Instituto.

Mas a escolha do local faz parteda estratégia de crescimento da mar-ca na região. Um quiosque tem umcusto de abertura bem menor do queuma loja de shopping, por exemplo.Segundo Meyer, o investimento ini-cial foi de R$ 60 mil a R$ 70 mil, en-tre infra-estrutura (cerca de R$ 20 mila R$ 30 mil), estoque e marketing.Os planos são de ampliar o númerode quiosques na Ilha de Santa Catari-na, tanto em praias como em shop-pings e no aeroporto, e ainda em 2007abrir uma loja de rua. “Precisaremosde uma instalação que quebre a sazo-nalidade da praia”, explica. Para 2008,o planejamento prevê a abertura denovos pontos-de-venda em Santa Ca-tarina, possivelmente em Garopaba eBalneário Camboriú.

A expansão será calcada na par-ceria com novos franqueados. O in-teressado deve ter um perfil empre-endedor e estar disposto a se engajarnos projetos de preservação e educa-ção ambiental. Além das próprias ca-misetas e outros artigos, que não dei-xam de ser peças de conscientização,por seu grafismo e mensagem, fran-

Murilo Machado Meyer, masterfranqueado da Aqualung

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Março 2007 – Empreendedor – 35

queados e funcionários também vãofazer captação de novos associadose participar das ações do IEA. Cur-sos também deverão ser promovidosna região, prevê Meyer, que trabalhacom consultoria ambiental há cincoanos. A rede conta com mais 23 lojase quiosques no Sudeste, Norte e Nor-deste brasileiros, além de seis unida-des na Itália e no Canadá, e pontos-de-venda em Portugal.

As camisetas são o carro-chefe damarca, respondendo por 70% do fa-turamento das lojas. Mas a linha ain-da compreende batas, bonés, chavei-ros, mochilas, bolsas, agendas, li-vros, vídeos, bichos de pelúcia, pôs-teres, adesivos e acessórios em geralpara todas as faixas de consumido-res – homens e mulheres, de bebês aadultos. Tudo sempre engajado coma preservação do meio ambiente, emespecial os ecossistemas marinhos.Até mesmo na hora de embalar seusprodutos, a preocupação está presen-te: a sacola da marca é biodegradá-vel. Ela entra em decomposição emapenas seis meses após ser descarta-da, uma vantagem considerável dian-te dos 100 anos necessários para adecomposição do plástico.

Bloco da limpezaO Instituto Ecológico Aqualung (IEA), com o apoio da Associação

Praia Brava (APBrava), desenvolveu sua primeira ação ambiental emFlorianópolis: o projeto Limpeza na Praia. Voluntários retiraram apro-ximadamente meia tonelada de pontas de cigarro, tampinhas de garrafa,canudinhos, palitos e preservativos, entre outros tipos de microlixo pre-sentes na areia da Praia Brava. Antes, assistiram a uma mini-palestrasobre os efeitos nocivos da poluição e receberam um material educati-vo, além de um par de luvas e de uma sacola biodegradável.

Mais do que recolher a sujeira, o objetivo da ação, desenvolvidasimultaneamente em praias do Rio de Janeiro, é alertar sobre o peri-go do microlixo para o ambiente marinho. Por ser de pequena pro-porção, o microlixo acaba desaparecendo na areia, mas suas conse-qüências vão desde o aumento de incidências de doenças de pele everminoses até a alteração das cadeias alimentares dos habitantesdo ambiente marinho. Segundo a ONU/Unep, a ponta de cigarro é oinimigo número um das praias de todo o mundo. “Ao contrário doque se pensa, este tipo de lixo é mais nocivo do que o lixo de grandeporte, pois os próprios animais confundem estes pequenos resíduoscom comida, engolem e acabam morrendo”, diz Murilo Meyer, re-presentante da Aqualung no Sul do Brasil.

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Educação ecológica na PraiaBrava: perigo do microlixopara o ambiente marinho

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Negócios Criativos

36 – Empreendedor – Março 2007

Elemídia investe em publicidade e conteúdo em espaços inéditos

Marketingnos elevadorespor Wendel Martins

Os elevadores são, geralmente, as-sociados a lugares confinados em quea conversa sobre o clima e o futebolsão as únicas distrações para os usu-ários. Foi pensando nisso que a Ele-mídia investiu em monitores LCDpara ganhar a atenção desse público,fornecendo conteúdo jornalístico eentretenimento, e faturando com pu-blicidade. Simultaneamente aos anún-cios, uma parceria exclusiva com oPortal Terra proporciona aos “eles-pectadores” notícias em tempo real.Assim, a programação reúne notíciase vinhetas comerciais de 15 segun-dos, sem áudio. De 60 monitores deLCDs instalados em elevadores emSão Paulo em 2004, a empresa cres-ceu e hoje mantém 800 monitores ins-talados em 195 edifícios corporati-vos, espalhados em oito capitais bra-sileiras, como São Paulo, Rio de Ja-neiro, Belo Horizonte, Curitiba, Flo-rianópolis, Porto Alegre, Vitória e Sal-vador. “Temos o desafio de criar umnovo meio de comunicação em locaisde espera forçada”, diz Felipe Forjaz,presidente da companhia.

Criada há três anos, a Elemídia épioneira em mídia digital em elevado-res no Brasil e se tornou a segundamaior do mundo no ramo, ficandoatrás apenas da norte-americana Cap-tivate Network. Acaba de receberaporte do fundo norte-americano Ti- Marquez e Forjaz: empresa atinge cerca de 357 mil pessoas por dia

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Março 2007 – Empreendedor – 37

ger Global e anuncia expansão para aAmérica Latina. “Hoje, o crescimen-to do número de telas não é propor-cional ao crescimento de anuncian-tes, mas nossa intenção é expandir arede independente do faturamento”,diz Forjaz. A empresa traça planospara atingir 4.000 monitores instala-dos no Brasil até o final de 2008 einstala cerca de 60 novas telas pormês em todo o país, metade na capi-tal paulista. Somente em São Paulo,a empresa espera fechar o ano comcerca de 120 edifícios e 400 monito-res. Visa também ao mercado argen-tino – onde pretende colocar telas em80 edifícios até novembro de 2007 –e o Chile, onde a meta é de 60 pré-dios até o final do ano.

Para agilizar o crescimento, a em-presa se organiza em franquias, inter-namente chamadas de unidades de ne-gócio. “Não tínhamos recursos parainvestir no Brasil todo e queríamoscrescer rápido para não criar concor-rentes. Esse também é um mercadoem que se vende pela escala”, diz Fe-lipe. Ele garante que toda a manuten-ção técnica e gerência de conteúdo éfeita pela sede em São Paulo, bastan-do ao franqueado vender a publicida-de local. A empresa deve entrar emPorto Alegre com rede própria e ne-gocia as praças de Salvador, Belém eCampinas. “Existe um certo medo de

Elemídia pretende ainda segmentar o conteúdo de acordo com o perfil do prédio comercial

novas idéias, o mercado publicitárioainda é receoso”, diz Eduardo GomesReis, diretor da Elemídia em Florianó-polis, unidade de negócio que prevêum crescimento de 100% no primeirotrimestre do ano.

Audiência

A Elemídia atinge cerca de 357 milpessoas por dia, uma audiência su-perior à de muitos veículos tradicio-nais. Segundo pesquisa realizada peloDatafolha, o conteúdo destes moni-tores obtém 94% de audiência e 63%de recall, ou seja, interesse comer-cial despertado por algum produto ouserviço. O público é, na sua maioria,de classes A e B, formado por execu-tivos e profissionais liberais. A ade-são a essa forma de publicidade já sen-sibilizou anunciantes como Air Fran-ce, American Express, Fiat, Pfizer,Microsoft, Citibank, Peugeot, Cons-trutora Setin, Samsung, Sul AméricaSeguros, McDonald’s, Oracle e In-tel, entre outros.

No layout da tela, 60% do espaçoé dedicado ao anunciante. Outro blo-co garante as notícias e o entreteni-mento, enquanto um quadro específi-co informa sobre índices financeiros,câmbio e meteorologia. Nos elevado-res cariocas e paulistas, foi criado maisum espaço para veicular, especifica-

mente, as condições do trânsito. Aempresa pretende ainda segmentar oconteúdo de acordo com o perfil doprédio comercial. “Se o edifício temmuitos consultórios, podemos ter umagrade de programação mais voltadapara a área de saúde”, diz Felipe.

Para o anunciante, outra vantagemda Elemídia é a possibilidade de aten-dimento personalizado a empresas dediferentes portes, em termos de tem-po e locais de inserção. É possívelescolher os elevadores em que a pu-blicidade vai ser veiculada, e os pre-ços de inserção começam em R$ 350.“Mais de 70% dos principais anunci-antes renovam suas cotas, e algumascampanhas tiveram que ser retiradasdo ar antes do previsto, em função devenda total dos produtos em oferta”,diz o presidente da empresa, FelipeForjaz, ressaltando que a Elemídia jáse consolidou como um complemen-to a mídias eletrônicas, ao lado da TVe internet. “A mídia em elevadores éalgo novo e que veio para ficar”, de-clara Forjaz. “Queremos nos tornar amaior empresa de mídia digital do país.Hoje, o nosso foco é nos elevadores,mas também podemos explorar outrosambientes”, avisa.

Linha Direta

Elemídiawww.elemidia.com.br

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Negócios Criativos

38 – Empreendedor – Março 2007

Imaginarium cria presentes eartigos pessoais com design

Carlos Zilli é daqueles executivos in-quietos que buscam novas emoções.Depois de vinte anos na Hering, mu-dou para a Imaginarium, rede de lojasde presentes e artigos de uso pessoalcom foco em design. De tênis e semgravata, o diretor-executivo vive todosos dias uma ambiente festivo, ondeexiste espaço para um balão em for-mato de idéia – símbolo da empresa –na porta da empresa e tempo para pa-rar e tomar um café em conjunto. Dizque descobriu na Imaginarium umnovo modelo de empresa, commais velocidade de decisão emaior liberdade criativa.“Uma empresa menortem mais agilidade, mas,por outro lado, tem me-nos estrutura, dependen-do muito da cabeça daspessoas que estão ali.Não tem colaboradoresespecializados em cadauma das áreas, comoem uma corporação.Mas a vantagem é quan-do você vem de muitaexperiência de fora, isso ajuda na to-mada de decisão. O trabalho que a gen-te vem desenvolvendo hoje é justamen-te atrair pessoas que tenham a contri-buir para o nosso negócio.”

Ele não acredita que exista um mo-mento ideal para profissionalizar umaempresa e contratar um executivo domercado. Diz que não existe uma re-gra, mas aponta um caminho: quandouma companhia quer entrar num se-gundo estágio ou atingiu um tamanhoque os donos não têm mais condiçãode controlar sozinhos. “Acontece quetodo empreendedor desenvolve o ne-gócio com coração. Então, quando

chega a hora de dar um passo decrescimento, uma empresa que

não cresce diminui.” SegundoZilli, esse é o momento de con-

tratar experiências de fora,investir em novos mode-los de gestão, trabalharcom indicadores e gover-nança. “O coração con-tinua existindo, mas temque dividir espaço coma profissionalização.”

A Imaginarim, quehoje conta com 120 fun-cionários, dez na áreacriativa, abriu as portasem 1991, mas foi cinco

anos depois que investiu em vitrines te-máticas e atingiu um ponto de diferen-ciação no varejo. “Os concorrentesnunca conseguiram se aproximar daImaginarium na forma de apresentar

produtos, esse foi um momento impor-tante.” Depois, em 1999, a empresa co-meçou um trabalho de licenciamento,o que motivou a desenvolver novos pro-dutos, como CDs de música, camise-tas, acessórios e bijuterias. “A primeiravez que licenciamos uma marca foi coma revista Capricho e atraímos consu-midores mais jovens para as lojas. Sa-ímos só de produtos para presente, jáéramos de complementos de decora-ção e avançamos ainda mais, para usopessoal.” Hoje, a linha de produtos deuso pessoal significa uma parcela de20% do faturamento total da empresa,que ano passado foi de R$ 50 milhões.

A companhia pretende crescer nomínimo 15% este ano através de no-vos produtos. “Tivemos um cresci-mento de 20% no Natal, um grandeimpulso que se deu através de lança-mento de 120 novos produtos no finaldo ano. Nós não temos um plano mui-to audacioso, não, nós precisamoscrescer através do que nós temos hoje.Estamos trabalhando mais em qualifi-cação do que em expansão.” A inten-ção é que os estandes sejam melhora-dos e ampliados. Zilli diz que o mode-lo de franquia é uma tecnologia que sedisponibiliza para o franqueado paraque ele siga as regras do jogo. A Ima-ginarium tinha intenção de criar pon-

Um novoprodutopor dia

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Março 2007 – Empreendedor – 39

tos-de-venda no formato de quios-ques, mas recuou dessa decisão. “Por-que os quiosques ainda não entraramno espírito que a gente vem desenvol-vendo, não são prioridade.”

A empresa é divida em três unida-des, a Imaginarium Design, em Floria-nópolis (SC), Imaginarium Franchisinge a distribuidora Engros, em Teresó-polis (RJ). O escritório de criação daImaginarium trabalha com uma médiade 30 lançamentos por mês. “Nós te-mos uma meta de desenvolver um novoproduto por dia. Essa é nossa obriga-ção. Todo mundo tem que vir com idéianova todo dia.” A discussão da área cri-ativa é pautada pelo mercado e pelastendências – informação quevem de fora do país – masque é traduzida na cultura lo-cal. “Mas sempre tem tam-bém a história do consumi-dor, mesmo na loja, que per-gunta se a empresa não temuma bolsa, e aí vem o esta-lo. Pois essa é a expectativaque ele tem de uma marcacomo a Imaginarium.” A produção detodos os produtos é terceirizada paraoutros fabricantes: não existe fábricaque comporte uma linha tão diversifi-cada como papel, caneta, camiseta,acessórios de madeira. “Nosso maior

Linha Direta

Imaginariumwww.imaginarium.com.br

desafio é surpreender o tempo inteiro.Não precisamos copiar nada.”

No final de 2005, a empresa mon-tou um site de vendas pela internet, quefunciona como uma franquia virtual. “Oprojeto de um ano e dois meses de umaloja virtual ainda é um bebê.” Ele expli-ca que, primeiro, tem que atingir umpúblico que está acostumado a com-prar através da web, depois, que este-ja disposto a comprar produtos da Ima-ginarium e ainda saber se o produtotem como destino o próprio consumi-dor ou se vai para presente. “São muitasvariáveis que a gente tem que apren-der muito para poder definir como umgrande canal de vendas. Hoje, não é,

mas amanhã nós temoscerteza que será. O maisimportante é que todo mêsele cresce um pouquinho.”Zilli garante que o consu-midor recebe os produtosem três dias pelo correio.

Para estreitar o relacio-namento com o consumi-dor, a Imaginarium criou o

site de relacionamentos Funclube em2004, que no ano passado atingiu a mar-ca de 350 mil sócios. O Funclube nas-ceu porque a marca Imaginarium tinhaalta fidelidade entre os consumidores.“Então, nós conseguimos criar um am-

biente onde conversamos com os con-sumidores, geramos informação e con-teúdo, fazemos promoções específicaspara datas; cada vez mais, o sócio doFunclube vai ser tratado de uma formadiferenciada do que não é sócio. Masnós queremos que todos sejam sócios.”A idéia é investir na divulgação por meiodo marketing viral (boca a boca) comprodutos e preços diferenciados. “É umacoisa que a Imaginarium faz muito bem,é uma empresa que antecipa conceitos.Então, nós estamos sempre antenadosno que está acontecendo no mundo in-teiro. E o nosso público gosta de infor-mação, gosta de se antecipar.”

Para manter os preços estáveis, arede de lojas passou a importar pro-dutos da China e da Índia, sempre aten-ta à questão de qualidade. Ele acreditaque existe uma evolução muito forte erápida na qualidade dos produtos chi-neses. “Os contatos são feitos atra-vés de feiras, hoje o mundo é peque-no, não precisa nem viajar para com-prar. É um ovo.”

Carlos Zilli: atrair pessoas quepossam contribuir para o negócio

Design na loja: escritório de criação da Imaginariumtrabalha, em média, com 30 lançamentos por mês

FOT

OS

LIO

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Franquia

40 – Empreendedor – Março 2007

A Bit Companyfez pesquisa eplanejamento paraabrir unidades emPortugal e Equadorpor Sara Caprario

Marca nova,países novos

Antes de entrar num mercado des-conhecido, como num país estrangei-ro, as redes de franquias brasileirasestabelecem planos de ação que inclu-em pesquisas de campo, seleção demaster franqueados e procura por pon-tos privilegiados. Desde que foi firmadauma parceria entre a Associação Bra-sileira de Franchising (ABF) e a Agên-cia de Promoções de Exportações eInvestimentos (Apex-Brasil), esse tra-

balho ganhou em estímulo e transpa-rência na relação com investidores eu-ropeus, norte-americanos e latino-americanos. Entre as várias empresasparticipantes, a rede de cursos de for-mação profissional Bit Company utili-zou bem os ensinamentos e a troca deexperiências nos eventos e semináriosinternacionais realizados.

A gerente de Operações Internacio-nais da rede, Ângela Manzoni, afirma

INDEX OPEN

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Março 2007 – Empreendedor – 41

que a preparação da empresa para che-gar ao Equador e a Portugal, primei-ros países onde serão abertas unida-des da rede, começou com uma pes-quisa sobre as necessidades locais, ostipos de cursos mais adequados e emseguida partiu para efetivar a escolhados parceiros, os chamados masterfranqueados. “Com o apoio da parce-ria entre Apex e ABF, tivemos muitoscontatos com investidores de váriospaíses, assim como nas feiras em queparticipamos pudemos conhecer ofuncionamento das franquias no exte-rior”, diz Ângela.

Suporte

A função do master franqueadovai além da gestão das próprias uni-dades, mas também é a de oferecero suporte ao grupo de franqueadosque vai supervisionar. No Equador,na cidade de Guayaquil, a primeiraunidade deve estar em funcionamen-to em maio e até o final deste anooutras sete devem ser abertas. Se-gundo o gerente de Processos e TIda Bit Company, Fernando Cofiel,existe muito espaço para a rede cres-cer em território equatoriano, ondea população tem características se-melhantes às da brasileira. “Há umgrande número de jovens que, semcondições de acesso à educação for-mal adequada, busca qualificaçãoprofissional para se inserir no mer-cado de trabalho. Além disso, não háconcorrência estruturada em nossosegmento de atuação”, diz. As pers-pectivas da rede são de abertura de20 a 30 unidades no país.

O master franqueado é um inves-tidor espanhol que tem outros negó-cios no Equador. “Fizemos contatocom ele durante a feira de franquiasde Valência (Espanha) em 2005. Asnegociações com investidores estran-geiros são mais morosas. Eles que-rem ter a certeza de que estão fazen-do um bom negócio”, explica Cofiel.Ele afirma que não existe lei de fran-quias no Equador, mas outras leis

Trajetóriade expansão

O Grupo Novarede, idealizadorda Rede Bit Company, fundado em1992, criou uma rede de unidadesde treinamento em informática. Doisanos depois, iniciou-se o processo deexpansão da rede através do franchi-sing. Em 2001, a Bit Company lan-çou os primeiros cursos de Adminis-tração e decidiu investir na aberturade uma Escola Técnica, empregandoo know-how em treinamento de in-formática. Nesse mesmo ano, a em-presa lança a extranet, chamada BI-TNet, que disponibiliza vários servi-ços aos franqueados. Nos dois anosseguintes, a franqueadora implantouo novo sistema de gestão e em 2003passou a expandir seus negócios atra-vés de master franqueados, permi-tindo uma atuação mais próxima dasunidades em cada localidade. Em2005, a convite da Associação Bra-sileira de Franchising, a Bit Companyintegrou o grupo de empresas inte-ressadas na exportação de seus con-ceitos, iniciando-se, assim, seu pro-cesso de expansão internacional.

protegem o investimento. Para a aber-tura da master franquia, o investimen-to deve alcançar U$ 125 mil. Na Eu-ropa, o primeiro país a receber umaunidade Bit Company será Portugal.“A primeira escola será própria, parapodermos realizar uma prospecção deterritório, mas há possibilidades de jáfranquearmos outras unidades embreve”, diz Ângela. “Vamos expandirpara outros países da comunidadeeuropéia depois de abrir o mercadoem Portugal. A logística a partir dalivai facilitar esta expansão.”

A gerente de operações diz quehá outros contatos em andamentopara abrir unidades também na Áfri-ca, em especial países de língua por-tuguesa, e em outros lugares daAmérica do Sul.

Com mais de 60 tipos de cursosde formação profissional para ofere-cer, a rede Bit Company faz compo-sições variadas de duração do curso(intensivo, semi-intensivo e extensi-vo) e trabalha os temas de acordo coma região. Além disso, existem cursosque podem ser realizados dentro daspróprias empresas contratantes,como em áreas de vendas, marketing,

Ângela Manzoni: pesquisa sobre necessidades locais e tipos decursos mais adequados antes de efetivar a escolha dos parceiros

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Franquia

42 – Empreendedor – Março 2007

informática e outros. “No exterior,não vai ser diferente. Sentimos, tan-to na Europa quanto na América doSul, que há uma demanda pelas áreasde informação e gestão de vendas.”

Identidade

Até mesmo a logomarca da empre-sa foi modificada para ficar mais deacordo com o processo de internacio-nalização. Com 138 unidades nas prin-cipais regiões do Brasil, a Bit Com-pany está com uma nova identidadevisual, que traduz o atual posicio-namento mercadológico da empresa:moderno e voltado para o mercado in-ternacional. “Mantivemos a essênciae as cores da marca Bit Company, po-rém, agora com uma fonte mais limpae firme. Também foi estrategicamen-

te implementado um globo azul na co-municação visual, visando a transmi-tir um conceito mais abrangente damarca, integrando as formas e reme-tendo ao crescimento da rede no Bra-sil e no exterior”, afirma AlexandreMoraes, gerente de Marketing.

A expectativa para 2007 é inaugu-rar mais 30 novas unidades, contabi-lizando 170 franquias implantadas eem operação em todo Brasil. Comum faturamento atual de R$ 61,9 mi-lhões, a Bit Company tem a expec-tativa para este ano de um aumentode 10%, atingindo a marca de R$68 milhões.

“Atitude é ser Bit Company” é oslogan da campanha promocional de2007 da franqueadora. Com vigênciade um ano, a campanha vai sortearentre os alunos matriculados um dos

InvestimentoCapital para Instalação:R$ 55.000 a 125.000Taxa de Franquia:R$ 15.000 a 45.000Capital de Giro:R$ 20.000 a 30.000Investimento(Taxa de Franquia +Capital para Instalação +Capital de Giro): 180 mil reaisFaturamento Médio Mensal:R$ 55.000Retorno: de 24 a 36 mesesTaxa de Propaganda: 4,90 %Base de Cálculo: Receita mensalTaxa Royalties: 9,00 %Base de Cálculo: Receita mensal

No exteriorInvestimento de uma franquiaem Portugal: 80 mil eurosInvestimento de uma franquia noEquador: 75 mil dólaresMeta para Portugal: abertura de20 - 30 unidadesMeta para Equador: abertura de20 - 30 unidades

principais sonhos de consumo da po-pulação brasileira, a casa própria.Com um investimento de R$ 1,5 mi-lhão, a ação promocional atinge to-das as unidades, e o sorteio será rea-lizado no mês de dezembro.

A empresa possui o Instituto BitCompany, órgão responsável peloplanejamento, organização e realiza-ção de todas as ações sociais da rede.Diversos projetos em benefício dascomunidades onde existem escolasda rede já foram premiados, como orecebimento do Selo Empresa Ami-ga da Criança e o Selo Empresa Ami-ga da Febem.

Linha Direta

Bit Companywww.bitcompany.com.br

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Março 2007 – Empreendedor – 43

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Franquia

44 – Empreendedor – Março 2007

Cafezinho brasileiroTodo café servido nas lojas do

McDonald’s no Reino Unido será pro-veniente de fazendas certificadas pelaRede de Agricultura Sustentável (Rain-forest Alliance Certified). O grão seráfornecido pela Kenco Coffee Compa-nhy, subsidiária da Kraft Food Inc., quecompra os grãos de várias fazendas noBrasil, inclusive da Daterra AtividadesRurais, localizada no Cerrado Mineiro ede fazendas certificadas da Colômbia.O selo da Rede só é dado a quem cum-pre normas de produção sustentável, queincluem a conservação do meio ambi-ente, e o respeito aos trabalhadores e àregião onde as propriedades certifica-das estão inseridas. A rede serve cercade 143 mil xícaras de café por dia emsuas lojas britânicas. Em toda a Europa,o número chega a um milhão de xícaraspor dia, o que corresponde a 50 mil sa-cas de café por ano. A idéia é estender aprática para toda a rede européia até ofinal do ano. (11) 4196-9757

Mais carros no Sul

Academia expressaAs academias expressas exigem ape-

nas quatro funcionários e uma área de120 a 200 metros quadrados. Elas vira-ram moda no mercado norte-americanohá oito anos e foram exportadas comotendência de saúde e boa forma. A redeCitrus Gym, inaugurada no Brasil porJohn Kersh, está há um ano com sedeprópria instalada no Jardim Europa, SãoPaulo, e outras no sistema de franquiaem Curitiba (PR), Florianópolis (SC) eBrasília (DF) e, em breve, Londrina (PR)e Rio de Janeiro (RJ). A rede Citrus Gymtem o conceito de academia expressa in-tegrada, ou seja, 30 minutos em três ses-sões por semana para homens e mulhe-res. www.citrusgym.com.br

Mercado internacionalA parceria entre ABF (Associação

Brasileira de Franchising) e Apex-Bra-sil (Agência de Promoção da Exporta-ção) está ainda mais intensa para o pró-ximo biênio. No plano de intercâmbioempresarial, estão previstas participa-ções das redes brasileiras em feiras denegócios e missões comerciais em dezpaíses: Argentina, Chile, Colômbia,México, Equador, Peru, Estados Uni-dos, Portugal, Itália e Espanha. O novoformato permite a participação das re-des em feiras internacionais de acordo

com os mercados de interesse de cadauma. Para integrar o grupo de exporta-ção, a empresa deve optar por partici-par de quatro, seis ou dez eventos du-rante os dois anos do projeto. A ABFestará presente, também, em outrasfeiras internacionais fora do calendárioAPEX. Em decorrência dessas partici-pações, os representantes da Associa-ção poderão distribuir material dos in-teressados em prospectar nesses mer-cados. O calendário de algumas destasfeiras é este:

A Região Sul do Brasil é uma dasprioridades da Unidas para a instala-ção de franquias. A rede de locação deveículos lançou novo modelo há doisanos, o “Franquia Chave na Mão Uni-das”, e agora divulga que cada unida-de se tornou 80% mais barata do queas concorrentes. Com 20 anos de ex-periência no mercado, a Unidas defi-ne como investimento necessário paraadquirir uma franquia cerca de R$ 250mil, já incluídos os custos de instala-ção e montagem da loja, todos os equi-pamentos, 25 carros no pátio para abrira loja e já começar a trabalhar, e umataxa de R$ 40 mil. Enquanto o fran-

queado é selecionado e treinado nascidades de interesse para expansão, aempresa franqueadora monta a lojacompleta e entrega a chave da loja namão do novo empresário local parainiciar seu negócio. As próximas ci-dades escolhidas em cada estado são:Cascavel e Foz do Iguaçu (uma úni-ca loja), Ponta Grossa e Maringá, noParaná; Itajaí e Balneário Camboriú(uma única loja), Lages, Blumenau eJoinville, em Santa Catarina; e SantaMaria, no Rio Grande do Sul. Ao todono Brasil, a Unidas abrirá 100 novasunidades até o final de 2008.www.unidas.com.br/franquias

ABF - (11) 3814-4200

Expocomer – Cidade do Panamá – Panamá,7 a 10/3/07 – www.expocomer.comFranchise Expo Paris – Paris – França23 a 26/3/07 – www.franchiseparis.comFIF – Feria Internacional de Franquicias – Cidade do México – México28/02 a 2/3/2007 – www.fif.com.mxFeria Franquicias y Negocios – Buenos Aires – Argentina10 e 11/05/2007 – www.franquiciasynegocios.com.arFeira Expofranchise Lisboa – Lisboa – Portugal18 a 20/5/2007 – www.infofranchising.pt

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Março 2007 – Empreendedor – 45

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Franquia

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Franquia

A Turma no pratoOs personagens da Turma da

Mônica são a novidade na rede derestaurantes Montana Grill Express.A cada compra de um prato de gre-lhado, as crianças vão ganhar umbrinquedo educativo dos persona-gens do Mauricio de Sousa. Sãoquatro opções de jogos de tabulei-ro: Ludo Espacial do Cebolinha,Aventuras da Mônica na Pré-His-tória, Aventuras do Cascão RioAbaixo e Magali no Parque. Todos

são certificados pelo Inmetro. A pro-moção faz parte do lançamento dofilme Turma da Mônica – UmaAventura no Tempo, que teve estréiano cinema em fevereiro. O Monta-na Grill Express tem 62 unidades noBrasil. A parceria entre Montana Ex-press e Mauricio de Sousa Produ-ções foi anunciada em um eventona sede da Buena Vista Internacio-nal, distribuidora do filme.www.montanagrill.com.br

Fotos e óticaCom experiência de seis anos realizando

expansão pelo sistema de franchising, aFotoptica, rede de lojas de fotografia eótica, anuncia um plano de expansão comfoco nas Regiões Sul e Sudeste. Devemser dez novos pontos-de-venda abertoseste ano. “Todos os primeiros contratosque chegaram à fase de renovação foramrenovados. A estrutura, a segurança e orespaldo oferecidos pela marca, aliados àdedicação do franqueado, são uma recei-ta de sucesso”, afirma Patrícia Alvim, ge-rente de expansão da rede. O Estado deSão Paulo é um foco importante para amarca. “Acreditamos que ainda existemuito potencial de crescimento em SãoPaulo, principalmente em shoppings e cen-tros de conveniência”, diz Patrícia. “Nospróximos cinco anos, a rede deve ter umcrescimento de 80%.” Hoje, com 75 lo-jas, sendo 43 franquias, a rede oferece aosinteressados modelos de unidades que va-riam entre 170 e 450 mil reais de investi-mento inicial. (11) 3175-1400

RED

ES N

A R

EDE

Chocolates no siteQue tal se deliciar com as novida-

des da rede Kopenhagen pela internet?O site da fábrica de chocolate apre-senta os detalhes de cada produto, falados lançamentos, explica como fun-ciona o KopToCompany (produtoscustomizados as empresas) e forne-ce informações para os interessadosem ter uma franquia da marca. www.kopenhagen.com.br

A Central de Negociação é umaferramenta de Negociação Centrali-zada junto aos fornecedores, quepermite à rede o acesso a melhorescondições comerciais, maior facili-dade operacional no processo desuprimentos, melhora no relaciona-mento com fornecedores, agilidadedos processos e maior segurança naqualidade das compras.

Como funciona – Em geral, ofranqueador negocia com os for-necedores e oferece para seus fran-

queados o acesso a esses fornece-dores, facilitando o processo de su-primento. Depois disso, fornecedo-res se relacionam diretamente comos franqueados, realizando análisesde cadastro financeiro, entregas efaturamento. Em caso de problemasde inadimplência, alguns franquea-dores “entram no circuito” e atu-am diretamente com franqueadospara minimizar problemas. Fonte:Grupo Cherto.www.franquia.com.br

DICA PARA FRANQUEADOR

Central de Negociação

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Março 2007 – Empreendedor – 47

FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

AlpsNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucessoRede em ampla expansão

Lançada em maio de 2001, a Alps fazparte do grupo ProAcademix, tambémdetentor das marcas Wizard eWorktek. Atualmente, ela é a rede defranquias de idiomas que mais cresceno Brasil, com 101 unidades espalha-das por todo o país.

O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvi-da nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolin-güística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatrohabilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa:conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, oaprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente.

A Alps conta com know-how administrativo e comercial,através de um siste-ma exclusivo de en-sino, e dá assessoriana seleção do pontocomercial, na adequa-ção do imóvel e naimplantação e opera-ção da escola.

Nº de unidades próp. e franq.: 101Áreas de interesse: América Latina, EstadosUnidos, Japão, EuropaApoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PNTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 porkit (publicidade)Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 milCapital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 12 a 18 mesesContato: Ivan Cardoso

WorktekNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.worktek.com.br

A Worktek Formação Profis-sional faz parte do ProAcade-mix, maior grupo educacionaldo Brasil detentor das marcasWizard, Alps e Proativo. Trata-se de uma nova modalidade defranquias com o objetivo depreparar o jovem para o pri-meiro emprego ou adultos quebuscam uma recolocação no mercado de trabalho.

São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer,Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem eManutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Te-lemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista,

Marketing e Atendimento aoCliente.

Entre os diferenciais daWorktek está a qualidade domaterial e do método de en-sino, além do comprometi-mento com a recolocação quevai além das salas de aula atra-vés do POP, Programa deOrientação Profissional.

Conquiste sua independência financeira!

Nº de unidades próprias e franqueadas:70Áreas de interesse:: BrasilApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF,FI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mile R$ 25 milInstalação da empresa: a partir deR$ 30 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 36 meses

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A Wizard Idiomas é amaior rede de franquias nosegmento de ensino de idiomas* do país.

Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior quegeram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio mi-lhão de alunos por ano.

A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamentedidático com proposta pedagógica para atender alunos da educa-ção infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira ida-de. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e

português para estran-geiros. A Wizard étambém pioneira noensino de inglês emBraille.

* Fonte: AssociaçãoBrasileira de Franchi-sing e Instituto Fran-chising.

WizardNegócio: Educação & Treinamento

Telefone: (19) [email protected]

www.wizard.com.br

Sucessoeducacional eempresarial

Nº de unidades: 1.221 franqueadasÁreas de interesse: América Latina, EUA eEuropaApoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI,PN, AJ, FB, FL, CP, FMTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 milInstalação da empresa: a partir de R$ 50 milCapital de giro: R$ 15 milPrazo de retorno: 24 a 36 meses

ZetsNegócio: telefonia celular e aparelhos eletrônicos

Tel: (011) 3871-8550/Fax: (011) [email protected]

www.zets.com.br

Tenha uma loja em sua mãoA Ezconet S.A. detentora da

marca Zets é uma empresa de tec-nologia e distribuição de telefoniacelular e aparelhos eletrônicos que,através de um sistema revolucioná-rio denominado “BBC” (business tobusiness to consummer) agrega novosserviços e valores a cadeia de distri-buição. Realiza a integração entre ocomércio tradicional e o comércio virtual, fornecendo soluções com-pletas de e-commerce e logística para seus parceiros.

Franquia Zets: Foi criada com a finalidade de disponibilizarpara pessoas empreendedoras a oportunidade de ter um negóciopróprio com pequeno investimento, sem custos de estoque, semriscos de crédito, sem custos e preocupação com logística. ComoFunciona: O Franqueado tem a sua disposição uma loja virtualZets/Seu Nome, para divulgação na internet, vendas direta, cata-logo, montar uma equipe de vendas, eventos, grêmio. QuaisProdutos são comercializados: Celulares e acessórios para

celulares, calculadoras, telefo-nes fixos, centrais telefônicas,acessórios para informática, ba-terias para filmadoras, bateriaspara note-book e câmeras digi-tais, pilhas, lanternas, filmespara maquina fotográfica, car-tuchos para impressoras, etc.A franquia estuda a inclusão denovos produtos.

Nº de unidades próp. e franq.: 20Áreas de interesse: BrasilApoio: PP, TR, OM, FI, MPTaxa de Franquia: R$ 5 milInstalação da empresa: R$1.500,00Capital de giro: R$ 5 milPrazo de retorno: 6 a 12 mesesContato: Shlomo Revi

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treina-mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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Pequenas Notáveis

50 – Empreendedor – Março 2007

Editado por Alexandre Gonçalves

INICIATIVA

São Paulo cria fórumpara discutir Lei Geral

Promover discussões com lideran-ças políticas, empresariais e repre-sentantes da sociedade, em nove ci-dades-pólo do Estado de São Paulo,sobre a Lei Geral das Micro e Peque-nas Empresas. É com essa missãoque nasceu o Fórum Permanente Re-alidade para os Pequenos Negócios,lançado oficialmente no últmo dia 12,em solenidade na Federação do Co-mércio de São Paulo. “É uma opor-tunidade de juntar empresários e ou-tros setores da sociedade, possibili-tando aprofundar as questões relati-vas ao tratamento simplificado quedevemos dar aos pequenos negóciosno país”, disse o presidente do Se-brae, Paulo Okamotto. “Eu esperoque as unidades do Sebrae sigam oexemplo de São Paulo.”

“O governo federal bancou e ca-pitaneou a Lei Geral, e, sem regula-mentação, não poderemos fazer nada

com a lei. Por isso, aqui em São Pau-lo estamos lançando o fórum”, disseo novo superintendente do Sebrae emSão Paulo, Ricardo Tortorella, quetomou posse na mesma solenidade.Para ele, a lei é um grande passo paraa formalização das empresas. “Paracada milhão de empresas que venhama se formalizar, serão criados 3 mi-lhões de postos de trabalho com car-teira assinada.”

Oito pólos regionais no interior: Ri-beirão Preto, Presidente Prudente, SãoJosé dos Campos, Bauru, Sorocaba,Santos, São José do Rio Preto e Cam-pinas vão sediar os seminários volta-dos a empresários, autoridades muni-cipais e contabilistas, que acontece-rão sempre às sextas-feiras, entre 23de março e 25 de maio, quando o fó-rum retorna a São Paulo.

(Com informações de Beth Mati-as/Agência Sebrae)

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AE MAPA ESTRATÉGICO

Projeto vai traçarperfil de microe pequenasempresas

Um mapa estratégico para as mi-cro e pequenas empresas dos seto-res de Turismo, Comércio e Servi-ços, focado no período entre 2007 e2015. Assim pode ser definido o re-sultado de convênio firmado entre oSebrae Nacional e a ConfederaçãoNacional do Comércio (CNC), queuniram forças para realizar o estudoCompetitividade dos Setores de Co-mércio, Serviços e Turismo, para asmicro e pequenas empresas que atu-am nesses segmentos.

“Os projetos que a CNC e o Se-brae vão desenvolver vão gerar co-nhecimento, que é essencial para oempresário. Muitas vezes, ele tem no-ções de procedimentos importantes,mas não sabe como aplicá-los”, dis-se o senador Adelmir Santana, vice-presidente da CNC e presidente doConselho Deliberativo Nacional doSebrae, que acredita na importânciado trabalho como ferramenta para ocotidiano das empresas.

“Não queremos apenas sabercomo será nosso desempenho nospróximos oito anos. Temos um pa-pel no futuro do país, para a geraçãode empregos e no combate à con-centração de renda”, dz o diretor-téc-nico do Sebrae nacional, Luiz CarlosBarboza. Ele enfatiza que é precisoestimular a organização das micro epequenas empresas com a finalidadede que elas possam competir com asgrandes companhias. “Quando 40empresas de pequeno porte do mes-mo segmento se unem, podem pen-sar em estratégias e soluções co-muns”, exemplificou.

(Com informações de MarceloAraújo/Agência Sebrae)

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Março 2007 – Empreendedor – 51

O espaço da micro e pequena empresa

RIO DE JANEIRO

Pesquisa revela que empresas estãomais dinâmicas e confiantes

Pesquisa realizada em dezembropelo Sebrae e a Fundação GetúlioVargas apontou que o Índice de Di-namismo (Idin) das micro e peque-nas empresas fluminenses, mensura-do trimestralmente, aumentou 6,5%em relação ao terceiro trimestre, atin-gindo 19,2 pontos. Isso quer dizerque as empresas aumentaram inves-timento em máquinas e equipamen-tos, capacitação de pessoal, ações deassociativismo e prevenção ambien-tal. O maior crescimento foi a ado-ção de novos aplicativos de Tecnolo-gia da Informação, cujo índice sal-tou de 3,4% para 7,8%.

Já o Índice de Confiança nos Ne-

gócios (Icon), que analisa a expectati-va das empresas para os próximos seismeses, mostra que, para a grande mai-oria (66%), as perspectivas são muitoboas ou boas; 28% têm perspectivasrazoáveis; e apenas 6%, fracas ou mui-to fracas. “A pesquisa revela a cons-tante preocupação dos empresários emapostar nas ações que aumentem suacompetitividade. Empresas socialmen-te responsáveis, que investem na ca-pacitação de funcionários e gestores, eadotam novas tecnologias e processos,estão mais preparadas para enfrentaros desafios do mercado globalizado”,afirma o superintendente do Sebrae noRio, Sérgio Malta.

TENDÊNCIAS

Empresas incubadas de olho na Web 2.0A internet não é mais a mesma.

No melhor sentido da expressão, a in-ternet agora é muita mais interativa aponto de receber uma denominaçãoespecífica para o seu novo perfil: Web2.0. Basicamente, os sites desenvol-vidos a partir do conceito da Web 2.0permitem a participação do usuário demodo mais ativo no conteúdo, geran-do uma série de possibilidades denovos negócios.

De olho nesse potencial, empresasincubadas no Centro Incubador deEmpresas Tecnológicas (Cietec), con-siderada a maior incubadora da Améri-ca Latina, já desenvolvem produtos paraatender às oportunidades criadas pelaWeb 2.0. A Agriaf, por exemplo, de-senvolve um software de análise egestão de risco para o agronegócioque cruza as informações existentesno mercado e a produção do agricul-tor. O produto, que deve ser lançado

no início de 2008, vai além das análi-ses que atualmente são realizadas pormeio de planilhas de Excel.

Já a Infomobile, que atua na áreade tecnologia para a saúde, desenvol-veu o Mobile Medical Manager, ummódulo baseado em uma rede sem fio

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instalada no hospital. A partir dessarede, o médico, utilizando um Palm ouPocket PC, pode consultar qualquertipo de informação a respeito do pa-ciente, como dias de internação, evo-lução, sinais vitais, exames laborato-riais, prescrição de medicamentos eantecedentes. Dessa maneira, utilizan-do as informações via Web, o médi-co pode atender o paciente da manei-ra mais rápida e com mais atenção.

Também incubada no Cietec, a Com-pass usa tecnologias de posicionamen-to e localização geográfica para desen-volver aplicações e serviços de alto va-lor agregado, conhecidos como Loca-tion Based Services (LBS). Com basenos conceitos de Web 2.0, os produ-tos da Compass são desenvolvidos paradispositivos móveis como celulares,PDAs e smartphones, e utilizam a redede telefonia celular para posicionamen-to e para tráfego de dados.

A obtenção de crédito será facilita-da para 260 pequenos empreendedo-res (formais e informais) da cidade deTorres (RS) que participam do Pro-grama Empreender. Para eles, o Sis-tema de Crédito Cooperativo (Sicre-di) vai disponibilizar uma linha de cré-dito especial com um prazo de carên-cia de quatro meses e que terá a Pre-feitura Municipal como avalista dasoperações realizadas.

O Programa Empreender funcionadesde 2005 em Torres e reúne núcleosnos segmentos de confecções, minimer-cados, automecânicas, gastronomia,lojas de confecções e calçados, lojasde material de construção e farmácias.

RIO GRANDE DO SUL

Empreendedoresganham linha decrédito especial

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52 – Empreendedor – Março 2007

Perfil João Adibe MarquesC

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Março 2007 – Empreendedor – 53

Trabalhar é omelhor remédioVender bastante e barato é a estratégia de João Adibe Marques, inquietoherdeiro de tradicional família proprietária de indústrias de medicamentos

por Carol Herling

A energia que move a vida de JoãoAdibe Marques é uma combinação detrês ingredientes: a paixão pelo tra-balho, o apreço pelos esportes e ocomprometimento permanente comos resultados, não importa a ativida-de que desenvolva. É, também, umapessoa “família”, e foi justamente afamília que passou o gosto por tra-balhar em uma das atividades maisindispensáveis e, ao mesmo tempo,lucrativas do mercado: o setor demedicamentos.

O avô de João Adibe, o empresá-rio João Marques, foi um dos pionei-ros da indústria farmacêutica no Bra-sil. Na década de 1950, fundou o La-boratório Prata, empresa que foi oembrião dos 14 laboratórios que sãocontrolados atualmente pelos Mar-ques. “Todos na minha família traba-lham no ramo, são concorrentes di-retos e disputam entre si uma fatiado mercado. Meus tios, meus pri-mos, e também os filhos e netos doirmão do meu avô são do ramo.” Opai de João Adibe e seus três irmãostrabalhavam juntos no laboratório deseu avô, até o dia em que ele resolveutrabalhar sozinho. “Meu pai ficou as-sim por dez anos, e quando eu tinha15 anos me chamou para ajudar.”Hoje, uma ala da família domina oGrupo Castro Marques, consideradoum dos gigantes do setor no Brasil.

Até a adolescência, João Adibe sededicava aos estudos e, nas horas va-gas, sonhava com corridas de auto-mobilismo. Quando o trabalho pas-sou a fazer parte de sua vida, mergu-lhou de cabeça no universo farmacêu-tico e parou de estudar. E não sente amenor vontade de voltar. “Me consi-dero bem atualizado, estou em todosos eventos do setor, em todas as fei-ras nacionais e regionais, e tambémnos congressos. Acredito que poucosno Brasil conheçam o mercado tantoquanto eu”, afirma, sem falsa modés-tia. Apesar da pouca idade, João Adi-be teve papel decisivo na expansãodos negócios do pai e, conseqüente-mente, na fundação do Grupo Cimed.“Comecei a trabalhar com o meu paiquando ele tinha a Hornoterápica; de-pois, compramos uma empresa cha-

mada Cimed e, posteriormente, adqui-rimos o Laboratório Windson. Foi afusão das três marcas que originou oGrupo Cimed.”

O Brasil, segundo João Adibe, é umdos países mais rigorosos em termosde fiscalização sanitária, quando o as-sunto é indústria farmacêutica. E issotorna complicado crescer no setor.“Quem está no mercado é porque érealmente bom, a indústria brasileira éreferência em qualquer mercado domundo.” E, como poucos no merca-do, João Adibe usou a liberação dosmedicamentos genéricos a seu favor.“No começo, as leis eram muito pre-judiciais às indústrias, porque 90% de-las tinha capital 100% nacional e tive-ram que se adequar totalmente.” Coma abertura, aproveitou para fortalecera marca em uma nova guerra: a com-petição dos preços. “O surgimento dosgenéricos fez com que as pessoasvoltassem a pedir por algo nas farmá-cias e também deu a elas mais opçõespara compra.” Com grande parte da po-pulação carente e sem acesso a medi-camentos caros, os genéricos surgirampara suprir necessidades básicas. “Vi-vemos em um país de 200 milhões dehabitantes, e apenas 10 milhões de pes-soas têm acesso a uma saúde de quali-dade. Eu trabalho com uma lacuna de190 milhões de pessoas que não têmcondições de comprar remédios caros,e foi em função dessa carência que aCimed entrou para oferecer qualidade

JOÃO ADIBE MARQUES

Idade: 35 anos

Local de nascimento: São Paulo (SP)

Formação: Segundo Grau completo

Empresa: Cimed

Ramo de atuação: IndústriaFarmacêutica

Ano de fusão da empresa: 2004

Cidade-sede: São Paulo (SP)

Número de funcionários: 1.200

Site: www.grupocimed.com.br

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54 – Empreendedor – Março 2007

Perfil João Adibe Marques

com preços competitivos.”A Cimed conta, atualmente, com

uma linha de 300 produtos, entre ge-néricos, similares e OTCs (produtosque não são tarjados, como pastilhapara garganta, comprimidos para gri-pe e xampu para piolhos). O grandediferencial, segundo João Adibe, é quea empresa rema contra as tendênciasdo mercado e investe no relaciona-mento direto com os pontos-de-ven-da. “A concorrência costuma terceiri-zar a parte das vendas, e nós somosos únicos a ir diretamente aos clien-tes. Esse relacionamento mais próxi-mo fez com que a empresa crescesse90%. Para atender de forma eficienteà clientela, investimos constantemen-te em novos produtos para abastecerde A a Z o ponto-de-venda.” Com 11bases de distribuição espalhadas pelopaís, a Cimed atende, em média, de20 mil a 25 mil pontos-de-venda pormês, e possui dois parques industri-ais: um no sul de Minas Gerais, queconcentra a maior parte da produção,e uma fábrica de injetáveis em SãoPaulo. “Este laboratório de medica-mentos injetáveis foi a última empresaque adquirimos, e em breve tambémserá incorporada ao grupo.”

Fixar a marca Cimed exigiu umaestratégia de marketing cuidadosa,

porque o nome lembrava planos desaúde. “Rima com Unimed, e issoconfundia muito as pessoas no co-meço.” Para alcançar a maior parcelapossível da população, decidiu investirem marketing esportivo, para primeirodeixar a marca Cimed forte e, poste-riormente, divulgar os produtos. “Oque vende não é Cimed, e sim o pro-duto da marca Cimed, então eu que-ro que a pessoa chegue à farmácia,peça um Cimegripe e saiba que aque-le produto é fabricado pela Cimed.”O primeiro investimento realizado foio patrocínio do time Vila Nova, deGoiás, em 1992 e 1993. “Escolhi estetime, porque estávamos entrando noEstado e precisávamos ter visibilida-de. O Vila Nova era, na época, o mai-or time de torcida de Goiás, mas re-lativamente desestruturado, e em umano fomos campeões.” A primeira ex-periência deu a visão de inserir pro-fissionalismo no esporte. “Na verda-de, é uma troca dupla, pois levamosa nossa experiência comercial para oesporte, e a experiência e os valoresesportivos para o lado comercial.”

Depois de um tempo, o empresá-rio decidiu priorizar a qualidade de vida,mudando-se com a família para a ci-dade de Florianópolis (SC). E levoupara a capital catarinense a estratégia

de investir em times locais. “Patroci-namos por seis meses o Avaí, maspercebi que mexer com futebol é me-xer com paixões, então, decidi inves-tir em um esporte que tenha grandeabrangência como o futebol, mas seminterferir na preferência do torcedor,daí migramos para o vôlei masculino.”A Cimed fez uma co-parceria com aUnisul, e João Adibe gostou do resul-tado. “Achei o esquema tão interes-sante que acabei montando o CimedEsporte Clube, um clube de vôlei daCimed.” Para a gestão do novo braçoda empresa, convocou o ex-jogadorda Seleção Brasileira Renan Dal Zotto,com quem trabalhou na Unisul. Coma conquista de títulos e a forte proje-ção da marca, Adibe resolveu ampliaras opções e apostou algumas fichasem uma antiga paixão: o automobilis-mo. “Desde criança, gosto de auto-mobilismo, mas acho difícil aliar a umaprofissão. No meu caso, por exem-plo, chegou uma hora em que tive queme decidir, porque correr não é brin-cadeira, eu saía sexta-feira de manhãdo escritório para treinar cheio de pe-pinos para resolver, e a minha cabeçanão desligava.” João escolheu a cate-goria Stock Car, que considera umadas mais profissionalizadas do país,para investir em patrocínio. No início,

Cimed: 300 produtos marcando presença com os pontos-de-venda

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apoiou uma equipe e, semelhante aoque aconteceu com o vôlei masculi-no, decidiu ter a sua própria equipe e,paralelamente, correr na categoriaGentlemen Drivers da Maserati. “Éuma categoria só para empresários. Noprimeiro ano, fiquei em quarto lugar,e no outro, fui campeão. Como souapaixonado pelo esporte, fiquei umpouco descentrado, aí recuei para tra-balhar nos bastidores da Stock Car econtratei os pilotos Luciano Burti eThiago Marques.” Além de concentraros esforços na equipe, João Adibe pla-neja “brincar” de rally de velocidadeeste ano. “Eu gosto de correr para ti-rar o estresse, só que, se me dá es-tresse, eu saio.”

Time próprio

A Cimed também formou umaequipe feminina de vôlei e almeja vol-tar em grande estilo aos gramados na-cionais. “Planejo entrar em um timede futebol, mas não para ser um sim-ples patrocinador. Minha idéia é geren-ciar o time, ou então ter um time pró-prio.” Se não for possível formar umtime, João Adibe quer patrocinar umcampeonato inteiro ou, então, umaequipe que dispute campeonatos naRegião Nordeste. Independente da es-

colha, o importante é montar o proje-to. “Acho que o foco nesse primeiromomento é o retorno, e por ser umprojeto campeão, o investimento ver-sus o retorno pode ser de 20 vezes.”

Investir em esporte foi uma estra-tégia “campeã”, como define o pró-prio João Adibe, mas isso, segundo oempresário, não interferiu tanto no fa-turamento. “A marca teve uma proje-ção muito forte, mas se você me per-guntar se aumentou o faturamento porcausa disso, eu te digo que não. ‘Ah,mas como vocês gastam, então, o di-nheiro?’, me perguntam, e eu explicoque estamos fazendo um institucionalda empresa.” Para o ano que vem, aCimed entrará com o patrocínio dosnomes dos medicamentos de sua li-nha. “Nós fazemos tudo que é testepara ver se alguém tem alergia a algu-ma coisa, fazemos exames constan-temente, e fisicamente nossos timessão os melhores do Brasil, e nosso ín-dice de contusão é zero.”

Quando decidiu disputar o merca-do de genéricos, o empresário prefe-riu não terceirizar os procedimentosdos testes de bioequivalência dos pro-dutos e optou por montar um institu-to de pesquisas próprio, que deman-dou investimentos na ordem de R$ 20milhões, realizados apenas com recur-

sos próprios. “Hoje, eu poderia termais produtos em minha linha, maspreferi construir meu próprio labora-tório, o Instituto Cimed de Pesquisase Desenvolvimento. Posso estar atra-sado, mas daqui a cinco anos estareibem adiantado. Somos, hoje, numuniverso de 500 empresas em ativi-dade no Brasil, uma das seis ou seteque possui o seu próprio instituto depesquisa. Em Minas Gerais, nós so-mos a única empresa que faz os seuspróprios testes, e no futuro posso atéterceirizar para a concorrência.” Se-gundo as leis que regulamentam asatividades do setor, nos próximos cin-co anos todos os remédios similaresterão que passar por testes de equi-valência. “Caberá à empresa quererser genérico ou ser de medicamentode marca.”

Com forte presença na Região Su-deste, principalmente em São Paulo, aCimed abriu uma base nova em Ma-naus, um mercado que João Adibe ain-da não domina e que tem um proble-ma sério de logística. “Às vezes, umcaminhão chega lá só 40 dias depois,estou aprendendo a contornar isso,pois, além de sermos uma indústria far-macêutica, somos uma distribuidora.”No planejamento da empresa, tambémestá fortalecer a marca no Centro-

Investir em esporte foi uma estratégia considerada “campeã” para a projeção institucional da marca

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Oeste, inaugurando uma base no Dis-trito Federal, que ainda é atendido viaGoiás. “Também quero ter uma noMaranhão e depois uma no Mato Gros-so. Tem Estados como o Ceará, queatende ao Piauí e ao Rio Grande doNorte, e eu preciso fortalecer estescentros de distribuição. O nosso gran-de diferencial é fazer o transporte atéos CDs e dali em diante terceirizar aentrega.” Para atender às encomendas,a fábrica opera em três turnos, e, mes-mo assim, a demanda continua maior

que a produção. “Temos de 10 a 12%de falta por mês, mesmo com 1.200funcionários e a fábrica operando deforma ininterrupta.”

A previsão de faturamento para2007 é de R$ 300 milhões, e para al-cançar a meta, João Adibe também in-veste na profissionalização do empre-endimento. “Um dos grandes segre-dos é saber profissionalizar uma em-presa familiar. Embora a empresa es-teja entrando agora na profissionaliza-ção, a cabeça é profissionalizada faz

Perfil João Adibe Marques

1972 - Nasce, em São Paulo, o empre-sário João Adibe Marques.

1977 - O pai do empresário desiste detrabalhar com os irmãos e monta o seupróprio laboratório, a Hornoterápica.

1987 - Aos quinze anos, é convocadopelo pai para ajudar nos negócios. Párade concorrer nas categorias de auto-mobilismo.

1993 - A Hornoterápica compra o La-boratório Cimed.

1992 - Investe, pela primeira vez, emmarketing esportivo, patrocinando otime goiano de futebol Vila Nova.

1998 - Compra o Laboratório Windson.

2003 - Muda-se com a família para Flo-rianópolis. Patrocina, por seis meses, oAvaí, time de futebol catarinense. Pos-teriormente, decide investir no vôleimasculino, primeiro apoiando o time daUnisul, depois com o seu próprio time.

2004 - Volta a correr em provas deautomobilismo na categoria MaseratiGentlemen Drivers. Torna-se cam-peão da categoria em 2005. No mes-mo ano, faz a fusão de seus laborató-rios, funda o Grupo Cimed, e tambéminaugura o Instituto Cimed de Pesqui-sas e Desenvolvimento.

2006 - Forma uma equipe de automo-bilismo na Stock Car Brasil e investetambém no vôlei feminino.

tempo. Somos uma média empresa, equem está na nossa frente são somenteas gigantes do setor; antes eu ‘davapedrada’, e hoje ‘tomo pedrada’ por-que comecei a ganhar mercado.”

Hoje, a Cimed tem produtos com500.000 unidades vendidas a cada mês.“Meu produto mais vendido é o meuantiinflamatório Probenxil, que é líder emsua categoria, assim como em outros30 produtos.” A Cimed vende, atualmen-te, cerca de R$ 20 milhões por mês.“Ano passado, vendemos mais de 60

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milhões de unidades (em caixas), aí bas-ta abrir cada caixinha, contar as pílulase multiplicar por 20... Dá para perder aconta.” Segundo estatísticas do setor,os números da Cimed são gigantes,quando comparados aos da concorrên-cia. “Olha que ainda estamos naquelafase de crescimento, de conquistar pra-teleiras e de abrir o mercado.”

Mais uma vez contrário às tendên-cias, a Cimed não tem como priorida-de migrar para a internet e televendas.Pelo contrário. “Estou no caminho in-verso porque acho que vender é umatradição. Eu nasci vendendo medica-mentos, cresci fazendo isso, estou noramo há 20 anos e conheço pratica-mente todos os meus clientes porquefoco demais na parte comercial dosnegócios.” Com 450 representantes di-retos e universos regionais bem dife-renciados, João Adibe aposta na per-sonalização para atender bem a todos eequilibrar as receitas. “Em Santa Cata-rina, por exemplo, as pessoas pagamno boleto bancário, na Bahia, é comcheque pré-datado, e você tem que tertoda uma logística de cobrança para nãoperder o controle.”

Fazer a mercadoria “girar”, parao jovem empreendedor, é uma dasprincipais dificuldades do negócio.“Vender remédios não é igual a ven-der comida ou cerveja, que você vêo anúncio, vai lá, compra, e fim; re-médio, você só compra mesmo quan-do precisa; fazer girar o medicamen-to envolve a concorrência com pro-dutos que já têm uma tradição, é difí-cil você brigar de frente com uma No-valgina ou contra um Buscopan, quesão líderes de mercado. É um grandenegócio, mas para tudo há um preço,e o preço que eu pago, mesmo sendode uma família tradicional do setor, éporque a minha empresa é relativa-mente nova, e tem gente que está aíhá quase 100 anos.”

Entre os planos futuros, estão tra-balhar com os produtos cosmocêuti-cos, que combinam cosméticos e me-dicamentos e que são vendidos ape-

nas em farmácias. “Já que temos umcanal de distribuição formado, serábem interessante. Esse é o próximopasso depois que eu ‘genericar’ todaa minha linha.” João Adibe não querdiversificar seus negócios, pelo sim-ples fato de ser “apaixonado por isso”.“O mercado ainda vai crescer tanto, eeu vou abrir o mercado de forma talque ainda vou distribuir ‘n’ linhas di-ferentes, vou construir mais uma fá-brica em Minas Gerais e também umaplanta de cosméticos em Manaus. Comessa minha malha de distribuição jáformada, depois de tudo pronto, é sóir anexando as linhas.”

Investir em farmácias próprias tam-bém está fora de cogitação. “Meu perfilnão é ficar parado esperando o clienteentrar e comprar, eu gosto é de ir atéa farmácia vender e colocar a mão namassa. E não penso em me aposentar,quero trabalhar mais 50 anos, porquea coisa mais gostosa do mundo é tra-balhar”. Fazer do trabalho um prazere levar isso à equipe esportiva e aosfuncionários é, nas palavras de JoãoAdibe, o “jeito Cimed de trabalhar”.“Eu tento mostrar como fazer um timedentro da empresa e vice-versa, incen-tivo o time a visitar os centros de dis-tribuição, levo o departamento comer-cial aos jogos e trabalho o endomar-

keting simultaneamente. Um time as-sim não tem como não ganhar, e esta-mos afiados para todos os campeona-tos e também para quando o invernochegar, que é quando decolam as ven-das dos produtos.”

Concorrer diretamente com 14 la-boratórios na família não é motivo depreocupação para o empresário, que,gentilmente, troca informações de mer-cado com os parentes. “O único ven-dedor da família foi o meu avô, de-pois dele ninguém quis encarar a par-te comercial. Sou o único dos herdei-ros que trabalha na parte comercial, etodos vêm me perguntar o que rola nomercado.” João Adibe deseja que osseus três filhos trabalhem, futuramen-te, na empresa. “Faço questão, sou bem‘caxias’ nisso, e vou bater sempre nes-sa tecla, pois, se eu trabalho com re-médios, eles têm que trabalhar também,afinal, eu vou deixar isso aqui praquem? Só se eles não quiserem isso.”Mesmo voando 45 horas por mês paraatender aos clientes e trabalhando até16 horas por dia – afinal, “quem é dodepartamento comercial não tem horá-rio” –, não perde o foco em meio aoacirrado mercado. “Meu segredo, sim-plesmente, é vender muito e barato,para que todos possam ter acesso aosnossos medicamentos.”

Linha de produção: planos incluem novas fábricas em Minas e Manaus

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58 – Empreendedor – Março 2007

A voz da experiência Ladmir Carvalho

Receita caseiraEmpresa que nuncadeixou de crescer dizque o motivo é osucesso dos clientes

por Alexsandro Vanin

Começar do nada, em 1989, con-tando somente com o capital intelectu-al, na região serrana do Rio de Janeiroe, sem nunca se endividar, chegar atodo o país e, em breve, ao exterior, éa trajetória da Alterdata Tecnologia emInformática. A empresa desenvolvesoftwares para automação e gestão para

indústrias, comércio varejista e ataca-dista, prestadores de serviços e escri-tórios, principalmente de pequeno emédio portes. A receita não é nenhumsegredo: planejamento intenso comacompanhamento permanente, e exce-lência no atendimento aos clientes. Ali-ás, é a essência das soluções ofereci-das pela empresa.

Ladmir Carvalho e José Ronaldo daCosta tinham apenas uma idéia e ummicrocomputador cada um em suascasas, onde começaram a desenvolvero programa primogênito. Um ano emeio depois, foi montado o primeiroescritório, em um imóvel alugado deum parente. Hoje, a sede da empresa

está localizada em um edifício própriode 2 mil metros quadrados – que já nãocomporta mais o volume de negócios–, e 24 filiais e 27 representações. Éum total de 350 profissionais, que aten-dem em todo o Brasil, gerando um fa-turamento anual que beira os R$ 20 mi-lhões. Mais de 60 mil sistemas Alterda-ta instalados ajudam 12 mil clientes ati-vos a buscar organização e eficiênciaem seus negócios.

A empresa cresceu a partir do capi-tal que ia sendo gerado. Nunca foramfeitos empréstimos em bancos comer-ciais e de desenvolvimento, ou agên-cias de fomento. O prédio da sede, porexemplo, foi todo construído com di-

Ladmir Carvalho e José Ronaldo daCosta: experiência ajuda a formatarprincípios e a revisar erros

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Março 2007 – Empreendedor – 59

nheiro de caixa – certa vez, a obra pre-cisou ser interrompida por quatro me-ses. “Em uma empresa de serviços, oque vale é o trabalho”, diz Carvalho.Segundo ele, quando um empresário seendivida, a maior parte da margem delucros vai para os bancos. “Ambiçãodemais, querer resultados rápidos, nãodá certo. É possível crescer fazendoas coisas devagar, no seu tempo cer-to.” A estratégia exige um planejamen-to constante de gastos e investimen-tos. Em 2007, por exemplo, será dadoinício à construção de uma nova sede,com recursos próprios.

Relacionamento

A gestão do relacionamento com oconsumidor (CRM, na sigla em inglês)permeia a história da Alterdata. Primeiro,como conceito, base da estratégia daempresa; depois, como sistema interno,ferramenta dos departamentos de suporte,marketing e desenvolvimento de produ-tos, entre outros, e finalmente como sof-tware para o mercado. “Monitoramosatentamente o atendimento a clientes, ecom isso chegamos a nos antecipar àssuas necessidades”, diz Carvalho. Tudoé controlado por um software de CRM,no qual todos os chamados, telefônicosou pessoais, são registrados, e, a partirdeles, são montadas agendas e estatísti-cas para melhorar os produtos ou mes-mo a forma de o setor de suporte traba-lhar, de forma a dar respostas com mai-or brevidade e precisão. As característi-cas de cada cliente são listadas pelo sis-tema, o que permite dar tratamento dife-renciado a cada um. “O que gera negó-cio é satisfação.”

As informações alimentam tambémas filiais e representações, responsáveispela venda dos produtos desenvolvidospela matriz. A Alterdata adota um mode-lo de negócios que, tecnicamente, é umafranquia, devido a seu monitoramento epadronização, mas, juridicamente, é di-ferente. “Isso nos garante agilidade natomada de decisões”, diz Carvalho. Osgerentes de filiais e representações são

acompanhados e avaliados intensamen-te com o apoio de um sistema própriode Balanced Scorecard (BSC, metodo-logia de controle da gestão a partir deindicadores balanceados de desempe-nho). O grupo, junto com os operado-res de telemarketing, vende por mês umamédia de 600 softwares. A quarta partedisso é vendida por telefone, o que temum custo muito baixo para a empresa.Dez pessoas trabalham no telemarketingativo e passivo, abrindo cada um a mé-dia de mil prospectos por mês.

“O mercado no país é muito grandee tem ainda muito fôlego para crescer”,diz Carvalho. No ano passado, foi re-gistrado um crescimento de 25% nasvendas em relação a 2005. Um pouco

menor do que o observado no períodoanterior (30%), um ano de lançamentosvoltados para a base já instalada de cli-entes. Em 2007, a margem de cresci-mento deve voltar a subir, segundo Car-valho, com a entrada no mercado de ERP(Enterprise Resource Planning, sistemade gestão empresarial que integra os di-versos departamentos) para pequenasempresas, nicho ao qual o custo da Al-terdata já está ajustado. “Nossa filosofiaé ganhar um pouco de cada um, paraganhar muito de todos, e não ganharmuito de poucos.” Também foi inicia-do, recentemente, um trabalho de divul-gação junto aos clientes para tornar amarca mais conhecida.

Segundo Carvalho, a participação

Alterdata: sede em edifício próprio de 2 mil metros quadrados,24 filiais e 27 representações, num total de 350 profissionais

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em eventos internacionais demonstrouque as soluções da Alterdata têm quali-dade e competitividade no mercado ex-terno. Mas há o problema da linguagem(tradução de todo o sistema), um inves-timento muito alto, e a necessidade deadaptação técnica a diferentes legisla-ções, o que torna o processo lento. Asaída encontrada foi buscar, inicialmen-te, clientes de países de língua portu-guesa. O primeiro contrato para a aber-tura de uma representação no exteriorserá assinado em março com uma em-presa de Angola, onde deve ser introdu-zido o software de ERP da Alterdata.

Mas a grande dificuldade da Alter-data não está no mercado internacionalnem mesmo em seus concorrentes. Fal-tam profissionais capacitados tanto paraa área de desenvolvimento quanto devendas. “Precisamos de pequenos em-preendedores em cada ponta. Se tivés-semos as pessoas certas, cresceríamosa 40%, 45% ao ano”, diz Carvalho. Umadas estratégias é atrair esses profissio-nais dos concorrentes, mas a principalé treinamento intensivo. “Hoje, somosum grande formador de profissionais.Muita gente reclama de falta de pessoaladequado, mas também não procura for-mar o profissional desejado.”

Formar pessoas faz parte das ativi-dades de Carvalho, ao lado da direçãoexecutiva e da articulação de estratégiasda Alterdata, que nunca deixou de cres-cer em seus 18 anos de existência. Eleministra palestras e workshops em se-minários e congressos por todo o país,difundindo a importância do CRM comofoco de administração de negócios e dautilização de softwares de gestão, alémde outros conceitos importantes paraempreendedores e empresários. Sua açãocomo administrador e disseminador deconhecimentos levou no ano passado àsua identificação como um dos “Empre-endedores do Novo Brasil” pelo Institu-to Empreender Endeavor. Espelhar-senesta história já é uma aprendizagem, eCarvalho ainda deixa para os leitores di-cas e alertas, inaugurando esta seção “Avoz da experiência”.

A voz da experiência

A existência de indicadores para me-dir o que está acontecendo é a bússolaque todos os empresários devem pos-suir para administrar o seu negócio emum terreno sólido, sem surpresas, e comcondições de fazer correções de rumo aqualquer tempo.

Todos os empreendedores devem es-tar atentos para criar os seus indicado-res de desempenho, mesmo que a em-presa esteja muito bem, pois navegarsem bússola é para aventureiro, e serum empreendedor aventureiro é umpasso para transformar-se em um em-presário falido.

A importância de monitorar des-de o início – Quando montei a Alter-data, uma desenvolvedora de software,há 18 anos, já tinha a noção que eraimportante acompanhar cada passo daempresa para compreender com pre-cisão onde estava acertando e onde es-tava errando. Apesar de ter 25 anos naépoca, já sabia que, sem medidores efi-cientes, eu não conseguiria comandara empresa, quando ela tivesse muitosfuncionários, como hoje, cerca de 300distribuídos em 24 filiais. Todos sendomedidos mensalmente, para uma com-paração histórica.

Estabeleça indicadores conformea necessidade – Criei uma planilha

com um único gráfico do faturamentomensal, inicialmente, e depois, grada-tivamente, a cada nova necessidade,fui criando outros indicadores, comovendas, lucratividade geral, quantida-de de funcionários (maior custo), lu-cratividade por funcionários, númerode clientes conquistados por indica-ção de outros clientes, satisfação dosclientes, número de clientes ativos,quantidades de novos clientes compa-rado com perdas de clientes, compa-rativos de receitas fixas com custosfixos e muitos outros.

Avalie as inter-relações – Todosos negócios, independente da ativi-dade, podem ter indicadores que me-dem o desempenho e o rumo que onegócio está tomando. Se a empresaestá indo mal em algum indicador,certamente outro será afetado em se-guida, podendo comprometer todoo negócio. E, mesmo que a empresavá bem, se um indicador crescer de-mais, poderá ser um problema paraoutro indicador, o que exigirá umaação. Um exemplo claro é quando asvendas crescem demais, afetando, nomeu caso, a qualidade do atendimen-to, por isso estabelecemos um alertapara que medidas sejam tomadasquando este indicador aumentar alémde um limite.

Bússola empresarial, segundo Ladmir Carvalho

Linha Direta: Ladmir Carvalho (21) 2643-9540

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TI

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TI

O GPS revoluciona a localização de pontosfísicos no Brasil e gera novos serviços

O mundo na palma da mão

O mercado de localização aindaé recente no Brasil, mas os serviçosligados ao GPS (sigla em inglês parasistema de posicionamento global)prometem grandes frutos. No mundo,a expectativa é chegar aos U$ 21,5bilhões em 2008, contra os U$ 13 bi-lhões registrados em 2003. A abertu-ra do mercado doméstico de nave-gadores GPS para carros atrai gigan-tes dos setores automotivo e eletrô-nico, de olho em uma das maioresfrotas circulantes do mundo, comcerca de 22 milhões de veículos. Ou-tras aplicações são para setor agrí-cola, transportes, segurança e atémarketing. O sistema GPS é basea-do em 24 satélites que orbitam a12.000 milhas de altitude e provêm a

Terra inteira com sinais extremamen-te precisos para posicionamento e na-vegação, 24 horas por dia, sob qual-quer condição climática.

Uma das soluções baseadas emGPS é o Sistema de Chamada de Táxi,da empresa porto-alegrense Safesat.Um aparelho integrado ao painel docarro permite a comunicação diretaentre o táxi e a central que gerencia oserviço. “A idéia é fazer um upgradedo atual sistema de rádio-táxi para onosso software, que pode funcionarcom um número ilimitado de táxis”, dizAmilcar Luz Fernandes, diretor da equi-pe de vendas da empresa. O clienteliga para a central e, antes de solicitarum táxi, faz um cadastro com númerotelefônico, informa qual é o veículo

preferido – modelos com duas ou qua-tro portas, ar-condicionado ou comsachê de perfume – e diz qual é a sualocalização. Com os dados dos clien-tes, o computador faz uma filtragemdos táxis livres e escolhe o que estivermais próximo através de um mapa.Envia, então, uma mensagem de tex-to para o taxista – que pode recusar achamada – com o endereço e o tele-fone do cliente.

A aplicação da Safesat tambémmantém botões de pânico para o casode ações criminosas. A sofisticaçãoé tamanha, que sensores instaladosno carro informam se o taxista estádentro do porta-mala. No caso defurto, o motor do carro pode ser cor-tado ou o sistema pode acionar o

GPS na bicicleta:uso se multiplica

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alarme. É possível, também, determi-nar cercas eletrônicas, ou seja, o pro-grama emite um alerta, caso o carrosaia de determinada região, seja elauma avenida, seja um bairro. Outrafuncionalidade a ser implementada éo pagamento da corrida através decartão de crédito ou débito, que fun-cionaria sem leitura óptica, através dadigitação dos códigos num teclado.

O projeto levou dois anos de con-cepção até os testes pilotos. “Agora,ele está com maturidade para entrarno mercado.” O preço começa em R$2.993, mas, na compra de cem unida-des, cai para R$ 1.800, e a mensalida-de é de R$ 43 por módulo instalado.A empresa mantém interessados emcapitais como Belo Horizonte, JoãoPessoa, Salvador e São Paulo. EmPorto Alegre, a Safesat implementouo serviço da central de chamadas, quefunciona como cópia de segurançapara os clientes, além de realizar o trei-namento dos taxistas. O sistema é pi-oneiro na América Latina e utiliza arede celular de alta velocidade (GPRS)para o envio dos dados.

Comercialização

A venda de aparelhos GPS cresceem todo o mundo, e no Brasil não é

diferente. A GPS Center, representan-te exclusiva no Brasil da Garmim,maior fabricante de aparelhos de lo-calização no mundo, deve crescercerca de 40% este ano. “Todo mês,tem lançamento de produtos novos”,diz Augusto Pagliaci, diretor da em-presa que atua no mercado em seg-mentos como náutico, aventura, off-road, aeronáutico e automotivo.“Uma das vantagens da Garmim é queela desenvolve 100% dos produtos,não compra hardware de ninguém. Éa Apple dos GPS.”

Entre as novidades que a empre-sa vem tentando implementar, há umsistema de informação de tráfego emtempo real. “Funcionaria através deassinatura, mas o custo disso não ébarato.” A empresa já oferece mapasde cidades da Grande São Paulo,Campinas, Jundiaí, Guarujá, BeloHorizonte e Rio de Janeiro. A meta éter mais 15 cidades mapeadas até ofinal do semestre. Junto com os ma-pas, a empresa fornece cerca de 30mil pontos de interesse, como ende-reço e telefone de hotéis e restauran-tes em todo o Brasil.

A GPS Center dispõe de aparelhospara carros e motos. “Temos modelospara todos os gostos e bolsos. Numdeles, temos integração com o celu-lar através do bluetooth, que pergun-ta ao usuário se quer telefonar paradeterminado local. Outro aparelho temMP3 player integrado, um terceiro falao nome da rua em que o motoristaestá, e existem até os que dão um aler-ta quando se ultrapassa uma veloci-dade programada.” Pagliaci garanteque todos são à prova d’água, e ospreços são a partir de R$ 1.600 atéR$ 5.000. “Todo dia, é um desafio di-ferente, e o nosso ponto de honra émanter produtos adequados ao nos-

so consumo.” A GPS está trabalhan-do em acordo com montadoras deautomóveis para mostrar a qualidadee confiabilidade dos produtos.

Outra empresa que investe nomercado de localização é a Wavekey,que fabrica antenas GPS para apare-lhos embutidos. De capital 100% na-cional, a companhia desenvolveu umproduto com poucos concorrentes nomundo e já aposta em exportaçãopara países da Comunidade Euro-péia, como a Itália, e vem procuran-do canais de venda no México e naArgentina. O empreendimento, quepertence à Incubadora Inova de San-to André, faturou pouco mais de R$100 mil no ano passado e aposta nocrescimento para 2007. “Nosso pro-duto tem preço competitivo com ossimilares chineses e assistência téc-nica local. Nosso suporte ensinacomo instalar e escolher corretamen-te a antena”, diz Jefferson de Sousa,diretor da companhia. Sousa preten-de atuar no rastreamento dos trêsmilhões de caminhões que circulamno Brasil; destes, cerca de 500 milsão rastreados.

Um dos diferenciais da empresa écontar com um estoque local paraconcorrer com os similares chineses,dos quais o cliente tem que importaruma quantidade mínima, pagar caropelo frete de avião ou esperar muitotempo pela chegada de navio. “Ape-sar de ser um produto barato, na fai-xa dos US$ 12, ele é pesado paratransporte”, diz Sousa. Os produtossão destinados para placas eletrôni-cas, diferentes dos comerciais, combotões e telas de indicação. “Façouma analogia com a televisão, queprecisa de antena para funcionar. Tra-balho só com empresas e não estoufocado no cliente final.” O empresá-

Pagliaci: meta é ter mais 15 cidadesmapeadas até o final do semestre

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rio afirma que, se necessário, custo-miza a antena para atender a proje-tos personalizados de clientes. Entreos planos da companhia, está desen-volver antenas para o projeto Iridium,uma constelação de 66 satélites aoredor da Terra que oferece serviçosde telecomunicações.

Outro ramo de atividade que cres-ce com a popularização do GPS é oaluguel de carros, tanto no Brasilquanto no exterior. Oscar Kedor, daMobility, que atua no aluguel de car-ros na Europa e nos Estados Unidos,explica que, em dois anos, todos oscarros alugados no exterior vão saircom algum tipo de localizador. “OGPS, é óbvio que gera negócio, poisfacilita a localização de um executivoem qualquer lugar do mundo.” Ele ex-plica que existem três tipos de GPSna Europa, um com uma tela de DVDintegrado ao painel do carro, onde épossível selecionar o destino, o se-gundo é uma versão integrada emforma de rádio, por fim o “tom tom”,que é um aparelho portátil preso poruma ventosa no vidro do carro.

Uma das dificuldades de alugarcarros com GPS na Europa é o fatode ser necessário devolver o apare-lho no país de origem. Nos EstadosUnidos, a situação é diferente, e to-dos os carros alugados saem comalgum tipo de localizador integradoao painel. Graças ao GPS, a empre-sa vem crescendo cerca de 50% aoano, enquanto o mercado sobe 20%.

Usando o conceito de comunida-des, a Webraska Brasil desenvolveu oApontador (www.apontador.com.br),um site de mapas e trajetos que dá aousuário o melhor itinerário possível,possibilitando rotas com trânsito me-nos congestionado ou mesmo infor-mando qual é o melhor trajeto para sefazer a pé. Ele conta com o apoio dosusuários, que indicam quais são osseus pontos de interesse, os melho-res locais para comprar, comer, ven-der ou passar um final de semana. Épossível mesmo adicionar um vídeoda sua casa, links para um blog ouacessar uma imagem aérea do edifí-cio de trabalho. Essa abertura com acomunidade poupa a empresa de lis-tar quais são os melhores pontos deinteresse em cada cidade.

Veículos

Um dos mercados da compa-nhia é o rastreamento de veículos,para fornecer mapas para clientesdas áreas de transporte e seguran-ça privada que podem utilizar osserviços da empresa para controlede logística, como medida paraeconomizar combustível, por exem-plo. O segundo nicho em potencialsão portais, como Globo.com. Lis-tel, Hagah, da empresa gaúchaRBS, entre outros, que utilizam abase de dados da companhia parafornecer serviços de mapas e rotas,e lista telefônica para os usuários.

O terceiro mercado que a WebraskaBrasil vislumbra é o setor de tele-fonia, no qual a empresa fornecesoftware de navegação e buscadorde pontos de interesse para com-panhias como Nextel, Vivo e Claro.Toda a base de dados de mapasda companhia é proprietária.

Outra área de atividade é storelocator, em que empresas comoAmil, Santander e Carrefour podemsaber em tempo real qual é a lojamais próxima de determinado CEP.Por fim, o site Apontador vêm de-monstrando equilíbrio financeiro, gra-ças a patrocinadores como a Ford.“Hoje, os grandes anunciantes já per-cebem o potencial de retorno e ovalor agregado para patrocínio desites como o Apontador. Atualmen-te, o consideramos um software, enão uma página da internet”, dizRafael Siqueira, sócio da companhia.O site mantém uma versão para ce-lulares GSM, que suporta aparelhoscom software Java instalado.

Siqueira começou nesse merca-do “brincando nos finais de sema-na”, quando desenvolvia um produ-to para a América Online, até queencontrou investidores coreanosdispostos a destinar recursos a umproduto próprio. “Queremos ser aWikipedia dos mapas. Nosso pró-ximo passo é trazer a localizaçãoem tempo real de pessoas e trazerpara os mapas tudo o que está nomundo real.” (Wendel Martins)

Rafael Siqueira, do siteApontador: “Queremos sera Wikipedia dos mapas”

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Softwares permitem a realização de testesde produtos ainda na fase de concepção

Pré-estréia virtual

Tempo é dinheiro. A máxima domundo dos negócios é a razão perfei-ta para o uso da simulação computa-cional no desenvolvimento de produ-tos. Um exemplo é a indústria auto-motiva. Antigamente, a criação de umcarro levava cerca de dez anos. Hoje,é possível lançar um novo modelo em18 meses de projeto. “Num mercadotão dinâmico quanto o atual, anteci-par o lançamento de um produto éuma grande vantagem diante dos con-correntes”, diz José Ricardo Noguei-ra, diretor do Grupo Smarttech, queatende às áreas de mecânica, plásti-co, vibroacústica, elétrica e fluidos.

A simulação é feita por meio datecnologia conhecida como CAE(computer-aided engineering), con-junto de softwares para a área de en-genharia que dá suporte ao desen-volvimento de produtos. Eles permi-tem verificar um produto antes mes-mo do protótipo, antecipando suavisualização e teste ainda na fase deconcepção. Com isso, é possível ve-rificar o comportamento das estrutu-ras quanto a aquecimento, acústica,durabilidade, tempo de fadiga e ou-tros fatores, em menos tempo e commenos custos do que pelo sistematradicional. “É possível chegar maisrápido a uma solução mais eficientee robusta, e mais próxima do gostodo consumidor”, diz Nogueira. Ou-tra vantagem é a diminuição da pos-sibilidade de ocorrência de proble-mas posteriores e a necessidade defazer um recall.

Na WEG Equipamentos Elétricos,os programas de simulação compu-tacional ajudam a confirmar a quali-dade e a performance de peças deplástico injetado aplicadas em seusprodutos. “Essa tecnologia permite aantecipação do lançamento de pro-dutos, com redução de custos de

desenvolvimento e fabricação”, con-firma Denílson Rodrigues, engenhei-ro do departamento de ferramentariada WEG. A Caio Induscar, empresade carrocerias, utilizou a ferramentade análise estrutural e resistênciamecânica na homologação de umônibus para a África do Sul. Já a Sch-neider contratou os serviços da Smart-tech para a simulação de preenchi-mento plástico do painel do novoFiat Idea Adventure.

Segundo Nogueira, esse mercadose encontra superaquecido no Brasil,e não há sinais de desaceleração. Atéhá pouco tempo, os projetos eramfeitos fora do país, e a intervenção selimitava a ajustes de mercado. Mas asituação começou a mudar nos últi-mos quatros anos, principalmentenos dois últimos, devido também aocrescimento do nicho de outsourcing.A Smarttech conta, atualmente, commais de 300 clientes ativos, quasetodos brasileiros, com a exceção dealguns sul-americanos. O grupo temintensificado a prospecção de clien-tes no exterior, inclusive em brevedeve anunciar o contrato com umaempresa dos Estados Unidos.

A área que mais cresceu na Smart-tech nos últimos dois anos foi a deserviços, que teve o faturamento qua-druplicado no período. Segundo No-gueira, há demanda no mercado paradesenvolvimento de projetos paraempresas que se encontram sobrecar-regadas ou despreparadas. A empre-sa responsável pela área de serviçosconta com cerca de 80 clientes nasáreas de mecânica, plástico, seguran-ça veicular, vibração e outras. Outroempreendimento do grupo é voltadoà área de treinamento. “Agregar tan-tas funcionalidades ajuda a abordaros problemas dos clientes da formamais abrangente possível, são ‘n’ fa-tores que fazem um projeto dar cer-to”, diz Nogueira.

O Grupo Smarttech completa dezanos em 2007, com faturamento su-perior a US$ 4 milhões. Nogueira e osócio perceberam o potencial de mer-cado das ferramentas de simulaçãocomputacional, logo que as primei-ras versões começaram a aparecer.Eles compraram o setor de engenha-ria da empresa onde trabalhavam edecidiram se dedicar exclusivamentea este nicho. Atualmente, a compa-nhia conta com cinco sócios e 45 pro-fissionais, mas o número pode au-mentar. O topo do plano de carreira,de acordo com a política de recur-sos humanos implementada recente-mente, para qualquer funcionário,conforme desempenho e resultadosproporcionados, é se tornar sócio.

Ricardo Nogueira: “É possívelchegar mais rápido a uma soluçãomais eficiente e robusta, e maispróxima do gosto do consumidor”

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Novo Automidia

Aliança na CiscoA Cisco do Brasil lançou o progra-ma Cisco SMB Select, um sistemade seleção de canais especializadosno mercado de pequenas e médiasempresas (Small and Medium Busi-ness – SMB). O programa pretendeselecionar 250 parceiros em um anoe prevê uma série de benefícios,como abatimento nas linhas de pro-dutos Cisco e subsídios ou descon-tos significativos em treinamentos decapacitação contínua. Um dos des-taques é o programa OIP (Opportu-nity Incentive Program), que remu-nera, semestralmente, os canais quetrouxerem oportunidades ainda des-conhecidas da Cisco. O SMB Se-lect também oferece a vantagem domarketing cooperado, que prevê aconversão de 3% das vendas alcan-çadas no semestre para atividadesde marketing do parceiro. Já a SMBUniversity oferecerá treinamento devendas de tecnologias Cisco paraquem estiver focado em SMB. Noprimeiro semestre deste ano, a SMBUniversity terá quatro cursos para61 turmas, divididas em 13 cidadesem todo o país.www.cisco.com/global/BR/smbselectbr.shtml

StrikeForce com Novatec

Suporte incondicionalA Alog, especialista em Hosting

Gerenciado e serviços de infra-estru-tura de IDC (Internet Data Center),adotou uma nova metodologia deatendimento aos clientes: o SuporteIncondicional. A proposta é prestaratendimento personalizado em seusserviços de Data Center. “O SuporteIncondicional consiste na melhoriacontínua do atendimento aos clien-tes por meio da motivação permanen-te da equipe, de ciclos de treinamen-tos semanais e em resultados”, dizNelson Mendonça, gerente de servi-ços da Alog. Com a nova estratégiade atendimento, a Alog alcançou opatamar de 94,6% de clientes satis-feitos. www.alog.com.br

A Automídia Informática, especia-lista no desenvolvimento de softwarespara gerenciamento de serviços e con-trole de ativos, promoveu a atualiza-ção da versão 4.3 do software Auto-midia Service Management. O progra-ma, que funciona como um conjuntode aplicações para o gerenciamentode serviços de TI, é dividido em mó-dulos para Service Desk, Change Ma-nagement e Asset Management. “Essaversão coloca no mercado uma ferra-

menta que viabiliza os processos derateio de custos ou cobrança com autilização de regras variadas para aapuração dos valores”, diz Márcio Vi-nholes Ferreira, Diretor Executivo daAutomídia. A empresa credita ao soft-ware grande parte do crescimento re-gistrado em 2006, superior a 25%:o segredo são o atendimento e umaferramenta 100% nacional com funcio-nalidades exclusivas, de custo acessí-vel. www.automidia.com.br

A Novatec passa a integrar o timede vendas corporativas dos sistemasde segurança da informação da Stri-keForce Technologies no Brasil. A dis-tribuidora vai atuar no segmento degrandes corporações com todas aslinhas de produtos de segurança deinformação desenvolvidos pela em-presa. “Além de prover tecnologia deproteção avançada e inovadora, que-remos consolidar a marca Novatec

Corporation como importante instru-mento de marketing e vendas de pro-dutos de TI no Brasil e, em futuro pró-ximo, em outros países da AméricaLatina”, diz Laudemir Rodrigues Va-lente, presidente da Novatec Corpo-ration, que, recentemente, ganhou oprêmio de Campeão do “Winners Cir-cle 2007” como o melhor distribuidorLaserfiche da América Latina.www.novateccorp.com

Rosto no celularA sul-coreana Pantech lan-

çou o primeiro celular com tec-nologia de reconhecimento fa-cial no mundo. Com design ul-trafino e cobertura de metal, o IM-U170 vem com uma câmera em-butida que traça os movimentos daface do usuário, e é através destemecanismo que o dono do celularcontrola os jogos e utiliza as demaisfunções do aparelho. O IM-U170 vemcom o Graphical User Interface (GUI),que funciona como animador de grá-ficos que inclui papéis de parede edescansos de tela, por meio da tecno-logia do programa Flash, e tambémcom uma câmera dupla, com 2 mega-pixel ou VGA, que pode ser utilizada parao serviço de videotelefonia. Outros des-taques do aparelho são a tela de QVGA LCD com 2,2 polegadas,260 mil cores, 128 toques polifônicos, MP3 player e visualizador dedocumentos, que possibilita aos usuários navegarem pelo arquivono formato MS, padrão dos escritórios. www.pantechbrasil.com.br

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Guia do Empreendedor

Manter um negócio em uma lo-calidade isolada deixou de ser desa-fio para os pequenos e médios em-presários em tempos de globalização.As facilidades de comunicação e amodernização dos processos deramagilidade às transações. Entretanto,tanta modernidade usada a distância,muitas vezes, ficava emperrada, atéhá pouco tempo, nos processos bu-rocráticos que somente um advoga-do em contato permanente com a or-ganização pode resolver. De olhoneste mercado, um grupo de escri-tórios resolveu criar uma rede com-posta por unidades de pequeno e mé-dio portes, a Lexnet.

Lançada com seis escritórios e 80advogados em novembro de 2004, aLexnet pulou para mais do que o do-bro da sua oferta: 14 escritórios e maisde 200 advogados. “Somos parte deuma iniciativa ousada e pioneira quesegue o exemplo bem-sucedido deformato de negócios na Europa e nosEstados Unidos, congregando empre-

Apoio especializadoRede nacional de escritórios oferece assessoriajurídica para pequenas e médias empresas

endimentos de advocacia de todo opaís”, diz Lúcia Zimmermann, dire-tora-executiva da Lexnet. A rede reú-ne escritórios de pequeno e médioportes de advocacia empresarial paraa atuação em rede em todo o territó-rio brasileiro, e o foco são as peque-nas e médias empresas. “O principalobjetivo é funcionar como elo entreos membros, não só na coordenaçãodos serviços a serem prestados, comotambém na comunicação entre elespor meio da internet, intranet, site,newsletter, entre outros”, diz Lúcia.

Apesar de ter um trabalho seme-lhante ao de uma filial, todos os es-critórios ligados à rede possuem ges-tão independente, mas sem deixar deseguir o padrão único de atendimen-to, fazendo com que o cliente possater imediato acesso a um serviço deoutro Estado, via rede. Cooperativascomo a Lexnet, segundo Lúcia Zim-mermann, ganham a cada dia maisespaço no cenário do Direito empre-sarial mundial. “Além de poderem

contar com a agilidade, comprometi-mento com a informação e a qualida-de do serviço prestado, os clientestêm acesso a um leque de especialis-tas que dificilmente poderia ser reu-nido em apenas um escritório, aindaque este fosse de porte médio. Cadaunidade, por sua vez, também se be-neficia, pois pode oferecer serviçosque estão fora do seu escopo de atu-ação, ampliando, assim, a sua capa-cidade de prospecção e atendimento.”

Para o presidente da Lexnet, Plí-nio Ribeiro, a rede funciona comouma ferramenta para que as unidadespossam ter, acima delas, alguém quezele pelas relações e que se preocupepara que todos os integrantes traba-lhem dentro da mesma proposta. “Fei-ta a intermediação, a rede sai de cena,o sigilo profissional é mantido, e ocliente é preservado. Os detalhes docaso só são abertos entre os dois ad-vogados”, explica Ribeiro.

Em 2007, a Lexnet planeja sua in-ternacionalização, expandindo a redepara Buenos Aires e Paris. “A emprei-tada faz parte de um projeto de cres-cimento, tanto em território nacionalquanto no exterior, e ampliar aindamais a nossa capacidade de atendi-mento”, diz Lúcia Zimmermann.www.lex-net.com

IND

EX O

PEN

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Guia do Empreendedor

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Lava-rápido ágilCom foco no segmento de estacio-

namentos e lava-rápidos, a SinapseTecnologia & Negócios (STN) desen-volveu o EasyPark, um sistema utili-zado em PDAs que permite aos re-cepcionistas otimizarem o atendimen-to aos clientes e eliminarem o uso depapel dos processos administrativos.Além de possuir as funções básicasde registro de entrada e saída de veí-culos, o software também conta como recurso de auditoria de pátio, o queajuda no combate às fraudes. As em-presas interessadas podem adquirir aferramenta por meio de mensalidades,e o serviço custa, em média, R$ 100mensais. Na mensalidade, estão inclu-ídas as taxas de atualização e de su-porte técnico, e o usuário não precisapagar pela manutenção do produto.www.stn.com.br

Cartão CorporativoComo parte da estratégia em se fir-

mar como o maior banco de varejo ematividade no Brasil, o HSBC lançou oBusiness Card, o primeiro cartão decrédito corporativo do banco no país.O novo produto, que levará a bandeiraMastercard, será oferecido a todos osclientes jurídicos do banco, o que cor-responde a mais de 300 empresas demicro, pequeno e médio portes. Entreas facilidades do Business Card, estãoo controle simplificado da fatura, noqual todas as despesas são organiza-das em um único boleto, e os portado-res recebem relatórios individuais dosseus gastos, seguro contra perda e rou-bo, clube de benefícios (que converteos valores das compras realizadas porpontos que podem ser trocados porbrindes), primeira anuidade gratuita enúmero ilimitado de cartões adicionais.www.hsbc.com.br

Anti-rachadurastempéries e aos raios solares, o pro-duto pode ser aplicado tanto em su-perfícies internas como externas, eserve a aberturas de no máximo 5milímetros. Após aplicado, o Sela-trinca Vedacit aceita pinturas à base

Indicado para trincas e fissurasem paredes de concreto e alvenaria,o Selatrinca Vedacit é a novidade daVedacit/Otto Baumgart para o seg-mento de construção civil e arquite-tura. Com ótima resistência às in-

de látex ou de emulsões acrílicas,isentas de solvente. A aplicação deveser feita com espátula sobre a su-perfície perfeitamente limpa e seca,e a secagem leva, em média, quatrohoras. www.vedacit.com.br

Monitores certificadosCom o lançamento oficial do Win-

dows Vista, a Acer lançou uma linhacompleta de monitores LCD testadospelo WHQL (Windows Hardware Qua-lity Labs) e prontos para este sistemaoperacional. Os estudos realizadosmostraram que as linhas Value, X, Offi-ce, Performance e Gamers adaptaram-

se ao Windows Vista e permitem queos usuários aproveitem todas as inova-ções do novo sistema operacional,como a Barra Lateral, Office 2007, Vis-ta Media Center, painéis Tab Browsing,Navigation, Preview do Internet Explo-rer 7 e modos Reading Pane do Explo-rer. Entre as novidades, estão os moni-

tores LCD de 20, 22, 24 e 26 polega-das e proporção de imagem de 16:10,que ampliam o espaço em tela para asaplicações oferecidas pelo programa.Todos os monitores portarão um selocertificado que comprova a compati-bilidade com o novo sistema.www.acer.com/br

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Produtos & Serviços

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Banco eletrônicoA PanData desenvolveu a nova

versão 4.0 do PanData InternetBanking, uma solução de auto-aten-dimento via web capaz de suportarum grande leque de operações, comoconsulta, extratos, transferência ele-trônica, DOC, aplicações financeirase diversos tipos de pagamento. A so-lução é direcionada para instituiçõesinteressadas na rápida ativação de umnovo serviço de Internet Banking, oupara bancos que procuram novas fun-cionalidades ou maior nível de inte-gração e segurança para plataformaslegadas de serviço web. Entre os re-cursos na nova versão, estão o su-porte à integração com celulares ecomputadores de bolso em soluçõesde mobile bank e integração com e-mail. O sistema oferece diversos ní-veis de hierarquia de acesso e supor-te a operações, como boleto bancá-rio, e com módulos opcionais de ges-tão de movimentação financeira. A pla-taforma PanData Internet Bankingtem um de seus enfoques principaisna aderência a toda e qualquer plata-forma de hardware e de software emuso nas instituições financeiras dopaís. www.pandata.com.br

Impacto motivacionalA Gauss Consulting, empresa de

consultoria instrumental e assessoriaespecializada, vai realizar em abrilmais uma edição do seu treinamentode alto impacto Olho de Tigre. Du-rante o curso, os participantes sãoestimulados a viver sensações e de-safios para aprimorar característicascomo confiança, segurança, trabalhoem equipe, senso de liderança e tra-balhos sob pressão. O treinamentopermite uma vivência única por meiode dinâmicas e atividades motivacio-nais com alto impacto, pelo tempo deduração – cerca de 16 horas de dinâ-

Telefone especial

parceria com o CPqD (Centro de Pes-quisa e Desenvolvimento), e pode serutilizado com foco no cliente ou nofuncionário. Em áreas de auto-atendi-mento, muito freqüente em bancos e

micas ininterruptas – e atividades queretratam o cotidiano do ser humanocomo alegria, medo, tristeza e raiva.“O Olho de Tigre proporciona umareavaliação de comportamento, con-tribuindo para a evolução profissio-nal e pessoal, e os benefícios sãopercebidos em curto, médio e longoprazos. A idéia é uma revisão de con-ceitos para maior conhecimento de sie capacidade de decisão”, diz Orlan-do Pavani Jr., diretor-executivo daGauss Consulting. Informações so-bre valores e locais dos cursos no sitewww.olhodetigre.com.br

rodoviárias, o Tele-fone para Surdosoferece a acessibili-

dade necessária paraa realização dos serviços.

Empresas como Banco Real,Safra e Citibank, que oferecem

grande opção de serviços via tele-fone, já adquiriram o Telefone paraSurdos para seus funcionários e cli-entes de todo o Brasil. Estima-se que,no Brasil, vivam hoje cerca de seismilhões de pessoas com deficiênciaauditiva. www.koller.com.br

A Koller, empresa graduada doCietec (Centro Incubador deEmpresas Tecnológicas), de-senvolveu o Telefone paraSurdos dirigido às empresas, umproduto inédito na América Latina.Trata-se de um equipamento de co-municação telefônico no qual os sur-dos podem se comunicar com ou-tras pessoas escrevendo suas men-sagens em um teclado e visualizan-do em um display as mensagens quelhe são enviadas. O produto usa tec-nologia brasileira, desenvolvida em

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Guia do Empreendedor

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por Nei Duclós

Qual o objetivo do desejo? Testaro próprio limite, nos diz Carlos Ma-ría Domínguez em sua impressionantenovela A Casa de Papel (Francis, 100páginas). Amontoar livros até ser en-terrado pela própria biblioteca, porexemplo. Como os outros vícios, oslivros também são perigosos, adver-te o autor (argentino, que vive noUruguai, premiadíssimo). Podem par-ticipar de um ou mais crimes. Quaisas pistas deixadas por Domínguez?

São elas: todos os livros são im-prescindíveis, mas eles exigem maisde uma vida para que você saiba o quemerece saber; como você não conse-gue chegar até o teto da sua ambição,acaba adquirindo a cor dos pergami-nhos, como o personagem Delgado, ohomem que dá a chave para entender

Esse obscuro objeto de desejoO livro não descartável é a personagem principal deuma novela que resgata a paixão pelo conhecimento

A Casa de PapelCarlos María DomínguezFrancis104 páginasR$18

o enigma que envolve o narrador. Vocêpode ser um colecionador (como Del-gado) ou um estudioso (como CarlosBrauer, a personagem-chave da tra-ma). O primeiro pode manter a sani-dade (o ego dividido entre a sobrevi-vência e o prazer da leitura), enquantoo segundo pode enlouquecer. Por queCarlos Brauer enlouqueceu?

Porque, aposentado e com boa he-rança, dedicava todo seu tempo à suapaixão. Porque descobriu afinidadesentre autores de nações opostas, quese tornam, assim, complementares.Porque enxergou uma arquitetura su-bliminar no design de letras e linhasnas páginas impressas, o que signifi-ca uma partitura oculta que acompa-nha, em silêncio, a leitura. Porque nãoquis para sua biblioteca o destino detantas outras, dilapidadas pelos esper-talhões, decomposta para melhor pro-

O livro revela histórias do cafécom fotos produzidas especialmentepara este trabalho e imagens históri-cas inéditas. Editada pela Dialeto, apublicação é bilíngüe, em portuguêse inglês, e numa parceria inovadoraserá também encontrada em lojas damaior rede de cafeterias do Brasil, aFran’s Café. O projeto foi realizadocom o patrocínio do Grupo Rede(www.gruporede.com.br) e Lei de

Incentivo à Cultura/Minc.A editora lembra que a origem do

café ainda está perdida em um labi-rinto de suposições. Porém, evidên-cias botânicas sugerem que o cafe-eiro é originário da atual Etiópia.Com o passar do tempo, a plantadesceu aos vilarejos da planície cos-teira daquele país para transformar-se em uma bebida muito apreciadapela gente local. Dali, o café alcan-çou os portos do Mar Vermelho,onde ganhou interesse particular degovernos e de agricultores. A dis-seminação do grão dava, naqueleinstante, seus primeiros passos para

conquistar o mundo árabe.Após conquistar o Oriente Médio

e gerar muita riqueza, as sementesganharam as terras do Egito, Síria,Turquia e Grécia. Na Turquia, Euro-pa e países árabes, as casas de caféconsagravam-se como ponto de en-contro de comerciantes, intelectuais,religiosos e artistas. No outro lado doAtlântico, o grão conquistava os Es-tados Unidos, dando combustão parasua independência – mais tarde, o paísse tornaria o maior consumidor decafé do planeta. Através de caminhosclandestinos, as sementes alcançarama Guiana Francesa. E foi da colôniada França, nas proximidades da Li-nha do Equador, que o café seria tra-zido também por “vias ocultas” para

Histórias na mesaOrigens e trajetória docafé, numa caprichadaedição bilíngüe

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Leitura

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veito de um mercado de antigüidadese, por fim, disputada em seus exem-plares raros em detrimento de outrosconsiderados menores, o que é umcrime contra a obsessão que reuniutodos os títulos.

Carlos Brauer enlouqueceu porquetentou organizar sua biblioteca noespaço de que não dispunha, num fi-chário excêntrico que, no fim, o aca-so queimou. E, talvez, porque não seligou aos contemporâneos com a mes-ma intensidade com que acumulouseus livros. Deixou marcas da suapassagem em corações afins, comoa catedrática inglesa tão culta quantoele e que foi capaz de morrer atrope-lada lendo poemas de Emily Dickin-son. Seu crime foi ter deixado passara oportunidade de um amor que o li-bertasse da loucura e que, no fim, nãodeixou vestígios, a não ser um velhoexemplar de A Linha da Sombra, deJoseph Conrad.

A indiferença existente no mundodos livros não era a mesma de Brau-er em relação a seus semelhantes. Oestudioso que se deixou soterrar pelaprópria biblioteca não compartilhava

com o universo de patranhas de au-tores, livreiros, editores, jornalistas,professores. Era um outsider no mun-do encadernado e de brochuras infi-nitas. Procurava (ou seria o narra-dor?) a porção européia dos autoreslatino-americanos. Procurava mais doque isto: as respostas para os misté-rios que os livros encerram ou aco-bertam. Mas não acha o principal: oamadurecimento de uma vida que sóse consegue com renúncia e não comautopiedade ou autofagia.

Brauer se refugiou na praia e cons-truiu uma casa que tinha os livroscomo tijolos. Procurou desesperada-mente o livro de Conrad, que é sobreo rito de passagem entre a vida juve-nil e a adulta, mas não sabia o signifi-cado dessa busca. Quando o encon-trou e remeteu pelo correio até a ca-tedrática inglesa, já era tarde demais.Uma vida tinha se desperdiçado. Onarrador precisou ir até os confins dasua terra para entender a tragédia.Descobriu, no caminho, o vazio dasmultidões brincando com as novida-des eletrônicas, apartadas, como osautores frustrados ou célebres, de

uma vida espiritual plena, que só seconsegue quando há ascendência dohumano sobre o papel, da vida sobrea imobilidade da representação.

Uma lição que Domínguez nosapresenta como um conto policial quedispensa a astúcia dos protagonistas,mas não deixa de lado os pequenosassassinatos das nações globalizadas.E que mergulha na história universaldo livro como um guia de primeiragrandeza, sem exibicionismos, poissabe onde existe o conteúdo que fazfalta: aquele que não ilude com as fi-ligranas da falsa sabedoria, mas queleva pela mão até o tesouro oculto dacultura acumulada por séculos decelebração e dor.

Por isso, é preciso ler a literaturade Carlos María Domínguez nestaépoca em que as inutilidades se acu-mulam nas vitrines (alugadas) dasgrandes livrarias. Às vezes, na longaespera de um avião, a companhia deum livro como este é mais útil do quea perda de tempo num título qualquerde auto-ajuda ou de filosofia barata(aquela que economiza neurônios aoser consumida).

brotar em solo brasileiro.A Dialeto Latin American Docu-

mentary (www.dialeto.com), empre-sa de produção cultural multimídia,foi criada em 1995. Vito D’Alessio écoordenador da Dialeto. Como fotó-grafo e jornalista, é colaborador dosprincipais veículos de comunicaçãodo Brasil e de agências internacionais.Como produtor cultural, foi respon-sável por projetos como: Projeto Xin-gu, Expedición Morrillos, Mehinaku– Message From Amazon, Cinco Ór-fãos, Caiapó Metutire, Cem AnosLuz, Sorocabana – Uma Saga Ferro-viária, Avenida Paulista, Claro Jans-son – O Fotógrafo Viajante, Dias deCaiçara, entre outros.

Sérgio Túlio Caldas é jornalista

adepto ao pé na estrada, já esteve emnumerosos países, ora cruzando ter-ras chinesas em direção à Europa, oraem regiões do Himalaia ou cobrindoo tsunami, no Sri Lanka. Trabalhoupara o jornal O Estado de S. Paulo,revistas Veja e Terra, além da TVRecord. Seus trabalhos pelo mundoe país adentro levaram-no a dirigir aredação da revista Discovery Maga-zine, no Brasil, e a tornar-se colabo-rador da BBC-Wildlife, de Londres,National Geographic-Brasil e RádioEldorado, além de dirigir documen-tários para a Rede Sesc TV, grava-dos na Índia, Ásia Central e Brasil. Éautor dos livros Nas Fronteiras doIslã (Editora Record) e Arara-Azul(DBA), entre outros.

Café – Um Grão de HistóriaSérgio Túlio Caldas (texto) eVito D’Alessio (fotos)Dialeto Latin AmericanDocumentary – 120 páginasPreço: R$ 98,00

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74 – Empreendedor – Março 2007

Estudo elaborado pelaSerasa, com mais de10.000 empresas,tanto de capital abertoquanto fechado, revelaa mudança de patamarda rentabilidade, tantodas grandes como daspequenas e médiasempresas de serviços

ESTUDO ESPECIAL SERASA

Cresce rentabilidade dasempresas de serviços

A s grandes empresas tive-ram lucro nos quatro últi-mos períodos, alcançando7,8% do faturamento lí-

quido em setembro de 2006, rever-tendo os prejuízos obtidos em 2001e 2002. As pequenas e médias em-presas também apresentaram impor-tante mudança de patamar de renta-bilidade, crescendo ano a ano até atin-gir o nível superior a 6% das vendasem 2005 e 2006.

A rentabilidade das grandes empre-sas, aquelas com faturamento acimade R$ 50 milhões, entre as quais pre-dominam prestadoras de serviços deutilidade pública que necessitam gran-des investimentos, mostrou-se cres-cente devido às condições de consu-mo e ao nível de atividade da econo-mia doméstica que foram favoráveis.

Os segmentos de saneamento, tele-fonia fixa e energia apresentaram renta-bilidade acima da média do setor de ser-viços, atingindo 16,4%, 11,8% e 11,1%,

respectivamente, no período de janeiroa setembro de 2006. Vale ressaltar que,no segmento de saneamento, a amostraé composta principalmente pelas empre-sas da Região Sul e Sudeste, e a renta-bilidade foi influenciada pelos reajustestarifários, além da recuperação dos vo-lumes cobrados de água e esgoto apósum longo período de estiagem e peloacréscimo da população atendida.

Telefonia

A rentabilidade do segmento detelefonia fixa foi beneficiada pelocrescimento das chamadas entre te-lefones fixos e móveis, além da ex-pansão dos serviços de comunicaçãode dados, devido ao crescimento dabase de clientes de banda larga(ADSL), entre outras tecnologias, querepresentam maior valor agregado,em relação ao acesso discado.

No segmento de energia, o aumen-to do consumo total de energia elétri-

MARGEM DE LUCRO % do faturamento líquido

4,5

-1,0

7,8

2001 2002 2003 2004 2005 2006

4,1

GRANDES EMPRESAS

-8,7

7,6

Page 75: Empreendedor 149

Março 2007 – Empreendedor – 75

ca, decorrente da expansão da ativi-dade econômica no período, influen-ciou a rentabilidade das empresas dosegmento.

Celular no vermelho

Dentre os que apresentaram de-sempenho negativo, destaca-se o seg-mento de telefonia celular, que reve-lou prejuízo líquido equivalente a6,8% das receitas em 2006, devido àelevação das despesas das operado-ras com campanhas de marketing emface à acirrada competição para au-mentar a base de clientes.

As pequenas e médias empresas,aquelas com faturamento até R$ 50milhões, não exigem uso intensivo decapital, compreendem os mais varia-dos segmentos de atuação e apresen-tam desempenho próximo ao reveladopelas grandes empresas, tendo obtidomargem equivalente a 6,4% do fatu-ramento líquido no último período.

Deve-se destacar que, enquanto nobiênio 2001/2002 as grandes empre-sas registraram prejuízos, as peque-nas e médias, por não utilizarem volu-me elevado de financiamentos onero-sos para manter suas atividades, apre-sentaram lucro em todos os períodos.

Essa situação começa a se reverter em2003 e se estabiliza em 2005.

Destaques

Os segmentos que se destacaramsão serviços de laboratório e análisesclínicas, cuja rentabilidade obtida em2006 foi de 18,1%; serviços técnicos,com concentração em informática,que teve margem líquida de 7,5%; eserviços relacionados à construção

3,1

2001 2002 2003 2004 2005 2006

PEQUENAS/MÉDIAS EMPRESAS

2,8

4,6

5,5

6,16,4

civil, com margem líquida de 10,4%.O estudo elaborado pela Serasa,

maior empresa do Brasil em pesqui-sas, análises e informações econômi-co-financeiras para apoio a decisõesde crédito e negócios, revela que, nãoobstante, alguns segmentos tiveramrentabilidade abaixo da média do setorde serviços. Entre esses, as empresasdo segmento de transportes, que apre-sentaram rentabilidade equivalente a4,1% das vendas no último período.

Os 10 maiores lucros das empresasEMPRESA LUCRO – R$ MIL RENTABILIDADE – %

Telesp 2.092.944 19,7

Telemar 1.056.499 9,9

Tractbel 790.321 44,3

Sabesp 698.936 17,3

CPFL 569.705 17,0

CHESF 449.778 17,6

AES Tietê 448.993 43,3

MRS Logística 390.937 27,1

COELBA 378.033 18,7

Elektro 366.954 22,0

FONTE: SERASA

FONTE: SERASA

Page 76: Empreendedor 149

Guia do Empreendedor

76 – Empreendedor – Março 2007

O câmbio no xadrezda macroeconomia

É impossível deixar de observaros interessantes acontecimentos nomercado cambial brasileiro neste iní-cio de 2007. O que ocorre tem expli-cação, mas com pouca conseqüên-cia, o que torna a análise ainda maisinteressante. O Banco Central do Bra-sil e o Tesouro Nacional estão fazen-do intervenções sistemáticas no mer-cado, com o objetivo de evitar a que-da do preço do dólar. A explicaçãoadotada ao longo de 2005 e 2006, deque as compras se destinavam a re-compor as reservas, não faz mais sen-tido, quando o país tem reservas pró-ximas a 100 bilhões de dólares.

A causa imediata da queda do pre-ço do dólar, que o Banco Central pro-cura evitar, é a sua elevada oferta emcomparação à demanda. O primeiroaspecto a ser considerado é a origemdesse volume de oferta. Dois canaistrazem essa moeda: o superávit comer-cial e transações financeiras. O supe-rávit comercial está sendo favorecidopelo elevado preço dos produtos ex-portados pelo Brasil, especialmenteagrícolas e minerais. Apesar do aumen-to das importações, estimuladas pelataxa de câmbio, ainda ocorre superá-vit comercial. Este superávit, junta-mente com as remessas de recursosde brasileiros que estão no exterior,está permitindo que o país consigapagar com folga as suas despesas comserviços e pagamentos de juros, e re-messas de lucros. Como está sobran-do moeda estrangeira, caso não apa-

Baixar os juros, com inflação sob controle,diminuiria a pressão sobre a desvalorizaçãodo dólar e o aumento da dívida pública

recesse o governo comprando, o pre-ço cairia. A queda do preço do dólar,entretanto, poderia ser ainda maior,porque há uma segunda fonte de dó-lares, as transações financeiras.

A elevada taxa de juros praticadano Brasil, quando comparada a ou-tros países, atrai aplicadores estran-geiros. Para fazerem os investimen-tos no Brasil, esses investidores ne-cessitam trocar a moeda estrangeirapor brasileira, o que significa que hámais um aumento da oferta de divi-sas. O governo, portanto, tem de ad-quirir a moeda para evitar que o realvalha mais. Caso não fizesse as in-tervenções no mercado, a queda nopreço da moeda estrangeira levaria aum aumento ainda maior das impor-tações, o que acaba por diminuir aprodução local dos produtos que sãoimportados. No médio prazo, a ten-dência seria uma desindustrializaçãoda economia brasileira.

Para evitar o agravamento dessesefeitos de médio e longo prazos, queexigem adaptações das empresas paraimpedir perda de competitividade, tan-to para exportar quanto para competircom produtos importados, é que ogoverno faz as compras de dólares.

A conseqüência macroeconômicadas compras é, de imediato, um au-mento do número de reais em circu-lação na economia. Como o BancoCentral definiu uma meta para a taxaSelic, o maior volume de reais emcirculação faria cair essa taxa, e a de-

cisão do Copom não seria cumprida.Para evitar a queda nos juros, o Ban-co Central tem de reduzir a quantida-de de reais em circulação, o que fazpela venda de títulos públicos. O quese vê, portanto, é um aumento da dí-vida pública decorrente do aumentodas reservas internacionais. O custodisso é evidente, porque o rendimen-to obtido com as reservas internacio-nais é menor que a taxa de juros pagasobre a dívida pública interna.

Como o objetivo do governo éevitar a queda do preço da moeda es-trangeira, uma alternativa seria indu-zir uma redução da oferta. Isto ocor-reria se os investimentos no Brasil setornassem menos atraentes. Em ou-tras palavras, se a taxa de juros bra-sileira fosse mais baixa, não entrari-am tantos dólares, e o esforço paraevitar a queda do preço seria menor.A questão, então, é: há condições parareduzir mais rapidamente os juros? Aresposta é afirmativa. A inflação estácontrolada, tanto a que está ocorren-do quanto as suas expectativas, nãohá falta de capacidade produtiva, pelomenos em curto prazo. Isto sem con-siderar os efeitos positivos da redu-ção dos juros sobre investimentos ecusto da dívida pública.

Roberto MeurerConsultor da Leme Investimentos e

professor do Departamentode Economia da UFSC

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Análise Econômica

Março 2007 – Empreendedor – 77

N O M E T I P O PARTICIPAÇÃO VARIAÇÃO % ANOA Ç Ã O A Ç Ã O I B OV E S PA (ATÉ 20/2/2007)

Acesita PN 0,276 13ALL América Latina UNT N2 1,21 17,50Ambev PN 1,36 4,40Aracruz PNB 0,80 -8,50Arcelor BR ON 1,64 16,40Bco Itaú Hold Finan PN 3,39 -0,70Bradesco PN 4,59 -3,30Bradespar PN 1,59 22,70Brasil T Par ON 0,48 7,3Brasil T Par PN 0,65 1,30Brasil Telecom PN 1,03 2,00Brasil ON 1,76 4,70Braskem PNA 1,92 -0,40CCR Rodovias ON 1,11 -6,80Celesc PNB 0,50 -5,40Cemig PN 2,05 -4,10Cesp PNB 0,61 2,80Comgas PNA 0,292 -2,8Copel PNB 1,31 2,40Cosan ON 1,46 -8,90Cyrela Realty ON 0,72 2,40Eletrobras ON 1,36 -8,20Eletrobras PNB 1,84 -4,40Eletropaulo Metropo PNB 0,50 -1,10Embraer ON 1,08 8,80Gerdau Met PN 1,09 12,40Gerdau PN 2,72 11,20Gol PN 1,04 3,90Ibovespa 100,00 3,10Ipiranga Pet PN 0,46 20,3Itausa PN 1,87 9,00Klabin PN 0,53 1,50Light ON 0,79 9,70Natura ON 0,97 -8,00Net PN 2,02 10,60Pao de Açúcar PN 0,76 -12,10Perdigão ON 0,93 -10,00Petrobras ON 2,39 -9,30Petrobras ON 3,52 -5,10Petrobras PN 13,08 -10,20Sabesp ON 0,69 2,40Sadia PN 1,08 -2,90Sid Nacional ON 2,57 24,20Souza Cruz ON 0,57 5,90Submarino ON 0,93 10,60TAM PN 1,36 -0,40Telemar Norte Leste PNA 0,60 -8,50Telemar-Tele NL Par ON 1,66 6,10Telemar-Tele NL Par PN 3,28 -5,60Telemig Celul Part PN 0,46 -2,5Telesp PN 0,354 -0,5Tim Participações ON 0,44 -11,7Tim Participações PN 1,14 -7,70Transmissão Paulist PN 0,437 1,2Unibanco UnN1 1,91 0,20Usiminas PNA 4,18 23,80Vale Rio Doce ON 2,70 18,20Vale Rio Doce PNA 10,92 18,40Vivo Part PN 1,78 0,10Votorantim C P PN 0,80 -1,90

Juros/Aplicação (%)

Janeiro AnoCDI 1,08 1,08Selic 1,08 1,08Poupança 0,72 0,72CDB (até 16/2) 0,57 1,30Ouro BM&F 3,22 3,22* (até 24/1)

Indicadores imobiliários (%)

Janeiro AnoCUB SP 0,21 0,21TR 0,22 0,22

Juros/Crédito

Fevereiro Fevereiro16/Fevereiro 15/Fevereiro

Desconto 1,15 NDFactoring 4,00 4,00Hot Money 1,54 1,54Giro Pré * 2,25 2,20

Câmbio

CotaçãoDólar Comercial Ptax R$ 2,0913Euro US$ 1,3134Iene US$ 0,0084

Mercados futuros(em 16/2/2007)

Março Abril Maio

Dólar R$ 2,095 R$ 2,105 R$ 2,115Juros DI 12,88% 12,74% 12,66%

Inflação (%)

Índice Janeiro AnoIGP-M 0,50 0,50IGP-DI 0,43 0,43IPCA 0,44 0,44IPC - Fipe 0,66 0,66

Carteira teórica Ibovespa

AbrilIbovespaFuturo 44.980

(em 16/2/2007)

(em 16/2/2007)

(em % mês)

* taxa mês

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Guia do Empreendedor Agenda

78 – Empreendedor – Março 2007

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais,acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)

Em destaque

12/4 a 15/4/2007

REATECH 2007Centro de Exposições ImigrantesSão Paulo/SP(11) 5067.6767www.cipanet.com.br

A quinta edição da Feira Internacionalde Tecnologias em Reabilitação, Inclu-são e Acessibilidade – Reatech, consi-derada a mais importante da Américado Sul, tem como foco principal a apre-sentação de novas tecnologias e lança-mento de produtos, equipamentos eserviços, inclusive do exterior, para pes-soas com deficiências físicas, mentais, visuais, auditivas e múltiplas, seus famili-ares e profissionais da área de reabilitação e inclusão. Em 2006, a Reatechrecebeu cerca de 30 mil visitantes e espera bater esse recorde em 2007. Anovidade este ano é a programação voltada para o seu público, com grupos deartes cênicas, grupos de dança de pessoas com deficiência, eqüoterapia, galeriade arte, parque infantil adaptado, quadras para a prática de esportes adaptados,test-drive com veículos adaptados e palestras. O setor de produtos e serviços parareabilitação movimenta, por ano, cerca de R$ 1 bilhão no país, R$ 100 milhõessó com vendas de cadeiras de rodas, e mais de R$ 400 milhões em automóveiscom isenção de impostos e adaptações veiculares.

2/4 A 4/4/2007

MAQTÊXTI 2007ExpominasBelo Horizonte/MG(31) 3372.5663www.maqtextil.com.br

3/4 a 5/4/2007

CARDS 2007Centro de Convenções Frei CanecaSão Paulo/SP(11) 3051.3150www.rpmbrasil.com.br

3/4 a 6/4/2007

BIO BRAZIL FAIR 2007Parque do IbirapueraSão Paulo/SP(11) 4689.3100www.biobrasilfair.com.br

4/4 a 8/4/2007

EXPOLUX 2007Expo Center NorteSão Paulo/SP(11) 4191.4324www.expolux.com.br

10/4 a 12/4/2007

AUTOCOM 2007Centro de Convenções Frei CanecaSão Paulo/SP(11) 5531.3899www.ideti.com.br/autocom

10/4 a 14/4/2007

AUTOMEC 2007Pavilhão de Exposições doAnhembiSão Paulo/SP(11) 4191.4324www.automecfeira.com.br

10/4 a 12/4/2007

AVESUI 2007CentroSulFlorianópolis/SC(15) 3262.3133www.avesui.com.br

13/4 a 16/4/2007

HAIR BRASIL 2007Expo Center NorteSão Paulo/SP(11) 3063.2911www.hairbrasil.com.br

12/4 a 22/4/2007

BOAT SHOW 2007Marina da GlóriaRio de Janeiro/RJ(21) 2205.6716www.boatshow.com.br

16/4 a 18/4/2007

RESTAUBAR 2007DELISHOW 2007Transamérica Expo CenterSão Paulo/SP(11) 4689.1935www.siennainterlink.com.br

18/4 a 21/4/2006

FENAM 2007Expotrade PinhaisPinhais/PR(41) 3335.3377www.diretriz.com.br

23/4 a 26/4/2007

ABRINQ 2007Expo Center NorteSão Paulo/SP(11) 3045.3710www.abrinq.com.br

24/4 a 27/4/2007

MOVEXPO 2007Centro de Convenções dePernambucoOlinda/PE(11) 3817.8711www.movexpo.com.br

IND

EX O

PEN

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80 – Empreendedor – Março 2007

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82 – Empreendedor – Março 2007

www.empreendedor.com.brO conteúdo que faz toda a diferença

Formato RSS – Acesse o site Empreendedor (www.empreendedor.com.br) e saiba comoreceber as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado.

Página inicial

Escolhido o “maisempreendedor”

A maioria dos internautas do siteEmpreendedor que participou da en-quete especial do mês de janeiro esco-lheu o empresário Alexandre d’Ávilacomo o “mais empreendedor” de 2006.Ele disputou com outros nove empre-sários escolhidos como destaques pelarevista Empreendedor. O catarinense,dono da Cebra (empresa de serviços eprodutos eletrônicos), recebeu 30,5%do total de 260 votos contabilizadosentre os dias 15 de janeiro 15 de feve-reiro. Na seqüência, por ordem de vo-tos recebidos, aparecem os empreen-dedores Antônio Saraiva, Dorina No-will, Leonardo Senna, Maria HelenaBastos, Cláudia Sabbá, Guilherme Pau-lus, Valentine Caran, Pedro Brando eCláudio Luiz de Sá.

Nova enquete já está no arA nova enquete do site Empreendedor quer saber dos leitores qual

a forma que você mais utiliza para divulgar sua empresa: mídiatradicional (anúncios em jornal, rádio, TV e revista) ou internet (ban-ners, e-mail, blogs e links patrocinados).

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