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ANO 15 N o 175 MAIO 2009 R$ 9,90 AN AN AN AN AN N N N O O O O O O O O O O O 15 15 15 5 15 5 1 15 15 5 5 5 5 5 N N N N N N N N N N N N N N N N N o o o o o o o o o o o o o o o o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 75 5 5 75 75 75 75 75 75 75 75 75 5 75 5 MA M M A MA A MA M A A A MA M M M MA A M A M M M A M M I I I O O O O O O I O O O I I O O I O O O I O O O O O O O O O O 2 2 2 2 2 0 0 0 0 00 00 00 00 0 0 0 0 0 0 0 0 00 0 0 00 0 00 00 0 0 0 00 00 0 00 0 0 00 00 0 00 00 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 R R R R R R $ $ $ $ $ $ 9 9, 9, 9, 9, 90 90 90 90 90 www.empreendedor.com.br ISSN 1414-0152 Indústria de higiene Indústria de higiene e cosméticos não e cosméticos não vê motivos para vê motivos para se preocupar com se preocupar com a crise e aposta a crise e aposta na continuidade na continuidade do crescimento do crescimento iniciado em 1996 iniciado em 1996 Segredos Segredos da beleza da beleza NAKAGAWA: PLANO DE NEGÓCIOS BEM ELABORADO É ESSENCIAL PARA A OBTENÇÃO DE CRÉDITO FRANQUIA: OPORTUNIDADES NA ÁREA DA SAÚDE TI: APARELHOS QUE PÕEM O ESCRITÓRIO NO BOLSO o

Empreendedor 175

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Edição n. 175 da revista Empreendedor, de maio de 2009

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ANO 15 No 175 MAIO 2009 R$ 9,90 ANANANANANNNNOOOO OOOO O OO 15151551551151555555 NNNNNNNNN NNNNNNNNoooooooooooooooo 1111111 1 11 1 17575557575757575757575755755 MAMMAMAAMAMAAAMAMMMMAAMAMMMAMM IIIOOOOOOIOOOIIOOIOOOIOOOOOOOOOO 2222 20000000000000000000000000000000000000000000000000000999999999999999999 RRRR RR$$ $ $ $ $ 99,9,9,9,,9090909090

www.empreendedor.com.br

ISSN

141

4-01

52

Indústria de higiene Indústria de higiene e cosméticos não e cosméticos não vê motivos para vê motivos para se preocupar com se preocupar com a crise e aposta a crise e aposta na continuidade na continuidade do crescimento do crescimento iniciado em 1996iniciado em 1996

Segredos Segredos da belezada beleza

NAKAGAWA: PLANO DE NEGÓCIOS BEM ELABORADO É ESSENCIAL PARA A OBTENÇÃO DE CRÉDITO

FRANQUIA: OPORTUNIDADES NA ÁREA DA SAÚDE TI: APARELHOS QUE PÕEM O ESCRITÓRIO NO BOLSO

EMPREENDEDOR – SEGREDOS DA BELEZA – ANO 15 N o 175 M

AIO 2009

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N E S T A E D I Ç Ã O

TUDO BELEZA

18O Brasil é o terceiro mercado do mundo em produtos cosméticos, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, e não para de crescer desde 1996. No ano passado, o

crescimento foi de 10,4%, em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre, período em que a crise tomou proporções mundiais. E, para este ano, a indústria brasileira

de higiene e cosméticos mantém as expectativas de crescimento, fortalecidas pelo bom desempenho das principais empresas do setor no primeiro trimestre de 2009.

28 | RESPONSABILIDADE

Prédios inteligentesAs soluções de automação vêm ga-

nhando espaço no mundo corporativo, e não apenas pelas facilidades tecnológi-cas. Os edifícios inteligentes são também efi cientes e geram economia de tempo, dinheiro e de recursos naturais.

46 | FRANQUIA

Negócios saudáveisPara quem ainda está começando a

carreira e está interessado em abrir seu consultório, tornar-se um franqueado é uma alternativa. A formatação oferecida pelas franquias evita que os empreende-dores da saúde cometam erros adminis-trativos e comprometam a rentabilidade do negócio.

40 | TI

Escritórios portáteisSmartphones e PDAs funcionam co-

mo computadores de mesa, com a van-tagem da mobilidade. Além de gerenciar informações pessoais e produzir ou vi-sualizar arquivos de texto, planilhas e apresentações, esses aparelhos aceitam a instalação de softwares com-plementares.

talação de ares com-ntares.

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O sucesso das estratégias adotadas por Bogossian em mais de 20 anos de carreira numa empresa de serviços de infraestrutura para a construção civil

permite a ele atuar na empresa como um verdadeiro dono, tendo ampla liberdade para decidir.

L E I A T A M B É M

EMPREENDEDORESNÃO DURMA NO PONTOPEQUENAS NOTÁVEISPRODUTOS E SERVIÇOSLEITURA

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345458

14 | ENTREVISTA

Marcelo NakagawaO professor de Empreendedorismo

da Fundação Vanzolini e consultor da Endeavor fala da importância de um plano de negócios bem elaborado para a obtenção de crédito e a constituição de uma empresa em bases sólidas, en-tre outras dicas de gestão.

36 | A VOZ DA EXPERIÊNCIA

Clóvis SouzaO diretor-geral da Giuliana Flores tem

quase três décadas de dedicação ao ofí-cio de fl orista, apesar de ainda não ter 40 anos completos. Conciliando experiência e intuição, o aprendiz tornou-se empre-sário e pioneiro no Brasil a vender fl ores pela internet.

INFORMAÇÃO E CRÉDITODINÂMICA EMPREENDEDORAAGENDAANÁLISE ECONÔMICA E-EMPREENDEDOR

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30PERFIL

Bernard Isnard Bogossian

CEZA

R AL

VES

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E D I T O R I A L

A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Beatrice Gonçalves, Cléia Schmitz, Diogo Honorato, Francis França e Môni-ca Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreende-dor, Casa da Photo, Cezar Alves, Eliana Vieira, James Tavares e PhotosToGo – Foto da capa: Eliana Vieira – Revisão: Lu Coelho

Sedes

São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020 [[email protected]]

Florianópolis Executivos de Contas: Nelson Rosa [[email protected]] – Executivo de Atendimento: Ronaldo Cesar Pacheco [[email protected]] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [[email protected]] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-9017

Brasília Ulysses C. B. Cava [[email protected]] – Fone: (61) 3963-7732/9975-6660 – CLSW 301 – Bloco C – Loja 62 – Sudoeste – 70673-603 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Flávio Duarte [[email protected]] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767

Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – Fone: 0800-9797979 – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando so-mente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Ex-press de Publicações Ltda – São Paulo

Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

Rugas de preocupação defi nitiva-mente não fazem parte das expres-sões da indústria de higiene, perfu-maria e cosméticos. Historicamente resiliente diante de crises econômi-

cas, o setor registrou em 2008 um crescimen-to de 10,4% em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre, alcançando seu 13º ano consecutivo de melhora no desem-penho (expansão média real de 10,6%). E no primeiro trimestre de 2009 – período em que foi mantido o mesmo ritmo de lançamentos e relançamentos de 2008 – as vendas continu-aram a subir, como demonstram os balanços trimestrais de grandes empresas do ramo.

A reportagem de Cléia Schmitz apresenta os segredos deste vigor, que vão desde singu-laridades deste mercado até as estratégias das empresas. A sociedade brasileira não abre mão dos cuidados pessoais, independente de gê-nero (homens e mulheres aumentaram o con-sumo, eles por mudança de comportamento e elas por aumento do poder aquisitivo), faixa etária (embora o objetivo seja sempre real-çar a beleza, as mais novas procuram evitar o aparecimento de sinais da idade, e as mais velhas corrigi-los) e classe social. Por vaidade, higiene ou pressão social, difi cilmente alguém considera estes produtos supérfl uos. E muitas

mulheres têm os cosméticos como primeira necessidade, dispondo-se a deixar de pagar uma conta para não abrir mão da continuida-de de um tratamento. Há ainda uma questão psicológica típica de momentos de difi culda-de econômica: para suprir suas necessidades de compra, muitas pessoas tendem a adquirir artigos de higiene e cosméticos de maior valor agregado como compensação pela impossibi-lidade de obter itens mais caros.

Para satisfazer todos esses desejos, as em-presas investem em tecnologia e inovação, ca-nais de venda e atendimento ao consumidor. Este último tende a ser cada vez mais perso-nalizado, por meio de consultoras de venda. Mais do que vender, elas explicam conceitos e resultados dos produtos, conquistando a fi de-lidade de seus clientes. Tanto que essa fi gura típica do modelo de venda direta já foi incor-porada por marcas comercializadas em lojas. Algo similar ocorre em salões de beleza e clíni-cas estéticas, ignorados até bem pouco tempo pelo setor. E as estratégias não param por aí: muitas empresas buscam nichos de mercado (inclusive no exterior), como produtos orgâ-nicos, étnicos, etc. Tudo para deixar o povo brasileiro cada vez mais belo – e a receita cada vez mais positiva.

Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessa-dos fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar

em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail [email protected]

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C A R T A S

Quero dizer ao Palhaço Zinho e a todo o grupo que compõe o “Doutores da Alegria” (perfi l de Wellington Nogueira, publicado em dezembro de 2008) que o que vocês fazem transcende qualquer palavra que pudesse ser escrita. É in-descritível, é simplesmente maravilho-so pelo simples fato de toda a base ser

o amor ao próximo, de doar um pouco de si, do seu tempo, de suas vidas e emo-ções àqueles que mais estão precisando de carinho, atenção, diversão e alegria. Ainda mais quando estamos falando de crianças, que são especiais pela simpli-cidade do olhar sobre a vida. Parabéns pelo lindo trabalho e que ele perpetue

sempre e que dele resultem outros tantos mais, em mais países, cada vez mais... Apesar de morar no Rio de Janeiro, pre-tendo um dia integrar o grupo de vocês. Que eu consiga ganhar este presente da vida. Abraços e beijos.

Alexandre Martins Burgos

Consciência socialParabéns a Martha Bosso pela corajosa iniciativa (perfi l publicado em dezembro de 2008).

Realmente a responsabilidade de uma empresa vai além da sua atividade operacional, principal-mente se ela diz que é socialmente responsável. É um exemplo que merece ser divulgado, pois é uma empresa que adotou a responsabilidade social interna, quando o mais comum é as empresas adotarem a responsabilidade social externa onde os efeitos de mar keting são mais visíveis.

Myrian Lund

Essa senhora (Martha Bosso) está de parabéns, fez um sistema de RH muito interessante. Administrar pessoas é saber liderar um grande projeto, e ela, com essa atitude, conseguiu certa-mente a cumplicidade dos seus colaboradores!

Geraldo Gomes

MultimídiaParabéns pela qualidade da publicação, não conhecia o impresso.

Jorge Valério, da On Line Brasil

Palhaçada séria

Ambiente estimulanteMuito boa a matéria “O valor da perseve-

rança” (perfi l de Marco Stefanini, publicado em julho de 2007). Penso que lugar bom é onde você consegue se realizar tanto profi s-sionalmente como pessoalmente.

Romilda Vilela dos Santos Lopes

Paixão pelo trabalhoSonia Hess de Souza (perfil publicado

em fevereiro) está provando que o remé-dio para a crise é o trabalho. Eu tomei a mesma atitude que ela e estou me dando bem em minha confecção. Parabéns, Sonia, somos vencedores!

Antonio Carlos de Jesus

Carta do Mês

C A R T A S

Q di P lh Zi h d ó i d d d l lPalhaçada séria

Carta do Mês

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Ao completar o segundo ano de atividades no Sul do Brasil, a Innovative, empresa especia-lizada em consultoria e projetos de gestão em-presarial, comemora a conquista de R$ 5 milhões em novos negócios e o crescimento de 80% ao

ano. O escritório gaúcho representa hoje 25% da receita da companhia. O diretor-executivo da Innovative, Ivan Morais, explica que o sucesso da empresa é consequência de um trabalho bem planejado e de uma parceria sólida com a Oracle

e Mastersaf. “Atingimos nossa meta no Sul muito antes do esperado. Para os próximos anos pre-tendemos crescer ainda mais, sempre primando pela qualidade do serviço prestado ao nosso cliente”, afi rma. www.innovative.com.br

Ivan Morais

BOA GESTÃO

E M P R E E N D E D O R E SE M P R E E N D E D O R E S

Kiki Gouvêa

COMUNICAÇÃO FLEXIBILIZADA

A jornalista e publicitária Kiki Gouvêa comemora o crescimento de 40% da K! Comunicação Integrada. Há dois anos, a empresa passou a

oferecer ao mercado as ferramentas de comunicação, propaganda, promoção, projetos editoriais, branding, planejamento, web e

eventos. “As agências precisam ser fl exíveis para atender à demanda do mercado”, explica Kiki Gouvêa. Entre os

clientes da empresa estão a EBX (Eike Baptista), ONS, Fetranspor, Xerox, GloboNews, SporTV e

GNT. www.kcomintegrada.com.br/(21) 2295-5296

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Fernando Nery

CONSAGRAÇÃOINTERNACIONAL

Pelo segundo ano consecutivo, a Módulo, empresa especializada em soluções para Governança, Riscos e Compliance (GRC), recebeu o título de Hot Company. O prêmio oferecido pela Network Products Guide, revista líder mundial em tecnologias e soluções, é concedido às empresas que se des-tacam pela excelência em tecnologia da informação, segurança e software. O produto de destaque da Módulo é o software Módulo Risk Manager, que vem sendo adotado por corporações nos EUA, América Latina e Europa. “Ser no-vamente eleita Hot Company é prova do comprometimento da Módulo no desen-volvimento de soluções inovadoras e um importante reconhecimento ao proces-so de internacionalização da empresa. Estamos gratificados por receber esta premiação de uma das mais respeitadas publicações do setor”, comenta Fer-nando Nery, sócio-fundador da Módulo.www.modulo.com.br/(21) 2123-4600

Uma das lojas pioneiras em artigos para pessoas alérgicas comemora 15 anos no mercado. A Alergoshop, das irmãs Sarah e Julinha Lazaretti, oferece produtos respi-ratórios, cosméticos, repelentes, semijoias e alimentos hipoalergênicos. “Nossas lojas

significam conforto físico e emocional para os clientes, uma vez que os sintomas das alergias, tanto respiratórias como dermato-lógicas, interferem muito no dia a dia destas pessoas”, explica Sarah Lazaretti. www.alergoshop.com.br/0800 122276

Sarah e Julinha Lazaretti

LOJA ANTIALÉRGICA

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Os dois tipos de empresasAntes de refletir sobre como funciona a

dinâmica do lucro, vamos analisar quais e como são os dois tipos de empresa gerado-ra de resultados:

1) A empresa econômica, orientada para o caixa, para os resultados de curto prazo, para o imediatismo, com propósitos sempre defi nidos em cifras. Uma metáfora que repre-senta a empresa econômica é a poça d’água, que seca ou se expande conforme o humor de São Pedro. Acreditam que suas carteiras recheadas de clientes ou seu quadro de fun-cionários se esvaziam ou se enchem confor-me as oscilações involuntárias de algum fator imponderável, semelhante ao humor instável de um mandachuva alheio a todo o contexto, mas impositivo nas suas decisões.

É possível, então, que a seca assole a insi-piente poça, onde os funcionários são trata-dos como custos variáveis e os clientes como

receitas prováveis.A meta principal da empresa econômica

é a sobrevivência, a qual atinge com êxito e sofreguidão.

2) A empresa progressista funciona como uma “comunidade de trabalho”, vol-tada à satisfação das necessidades de vários agentes: o cliente, o colaborador, o for-necedor, o investidor, o acionista. Dentre

N Ã O D U R M A N O P O N T O

Crises são engraçadas. Estranhou a afirma-ção? Acompanhe o raciocínio. Elas são capa-zes de acionar os nossos cérebros répteis, fazendo com que a gente saia correndo que nem camundongos apavorados em busca da toca – em nosso caso, o conhecido bura-co chamado “fluxo de caixa”. E lá ficamos, amontoados, com uma falsa sensação de se-gurança, embora deixemos desguarnecidas as outras possibilidades de lucros.

Ao examinar a realidade do estreito pon-to de vista do buraco do “fl uxo de caixa”, as pessoas não reconhecem alguns diferenciais geradores de lucros, como a atenção e a ex-celência. Acham, equivocadamente, que eles parecem conduzir ao oposto da produtivida-de e da lucratividade.

É difícil compreender a realidade, obser-vando-a da pequena fresta que permite o “fl uxo de caixa”. O ângulo é tão estreito que dali não

é possível avistar todas as outras possibilidades de ganhos. É aí que a crise viceja. Muito mais, é bem verdade, por causa das decisões e ações tomadas justamente por conta dessa perspec-tiva do que por fatores externos, embora estes sejam apresentados – pelos meios de comuni-cação, com base em análises macroeconômicas de cientistas políticos e economistas – como os grandes culpados do triste cenário.

APOSTE NA VERDADEIRAFONTE DE LUCROS

esses vários agentes, muito bem cuidados, reserva um destaque especial ao cliente. A empresa progressista sabe a quem serve e o que e por que é servido. E esse é o seu principal propósito.

A metáfora que cabe aqui é a de um rio, que tem vida e, enquanto fl ui, também vai gerando vida.

A empresa progressista não pensa no cai-xa do curto prazo apenas. Pensa na riqueza ao longo da sua trajetória.

A dinâmica do lucroPor não responder positivamente às mo-

tivações de seus colaboradores, a empresa econômica sofre os custos elevados da rota-tividade, do absenteísmo real (a ausência no trabalho) e do absenteísmo virtual (a ausên-cia da mente e da alma no trabalho). Esses fatores compõem custos elevadíssimos, mas passam em brancas nuvens, pois não apa-recem de maneira explícita nos relatórios contábeis. Eles estão lá, mas disfarçados de prejuízos ou de lucros diminutos.

Inclua, ainda, os custos da perda de clientes, por atendimento descuidado (as estatísticas já comprovaram que cerca de 70% dos clientes são perdidos ou não fi-delizados por falta de atenção e interesse). Acrescente a essa análise a provocação do cientista organizacional Peter Block: “A vin-gança maior de nossos funcionários é des-carregar sobre os clientes o ressentimento e frustração que sentem por nós”. Coloque tudo isso na conta e constate a grande eva-são de recursos que escoam pelas frestas do seu negócio, mesmo que você esteja pi-lotando com rigor o fluxo de caixa, 24 horas por dia. Será inútil se permanecer apenas no buraco do “fluxo de caixa”.

Mas as coisas não param por aí. Voltemos a pensar na lógica da empresa progressista. Somente ela está interessada em satisfazer as necessidades humanas de valorização, de

É difícil compreender a realidade, observando-a da pequena fresta que permite o “fluxo de caixa”. O

ângulo é tão estreito que dali não é possível avistar todas as outras possibilidades de ganhos

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reconhecimento, de atenção, de oferecer amor, de propósito e de significado, tanto para quem está dentro como está fora da organização. Todos, é óbvio, respondem a isso com boa vontade e gratidão. O que sig-nifica lealdade.

Na empresa econômica, a alma quase nunca tem espaço para se manifestar, mas é ela que sente, que se compromete, que se engaja, que se entrega e que sabe se conec-tar com a alma do cliente, disposta a fazê-lo feliz. A empresa econômica supre apenas as necessidades materiais e, por ignorar todas as outras, precisa mesmo lançar mão das armas corriqueiras: redução de preços, concessão de prazos, descontos e abatimentos, além de abertura de uma conta de devolução de mer-cadorias ou de retrabalhar serviços remune-rados apenas uma vez. Pior: não se diferencia em nada das outras empresas econômicas, as quais também recorrem a esses fatores, quan-do a coisa aperta. O resultado geral é um mo-vimento de mútua aniquilação.

Enquanto a empresa econômica se res-tringe à pobre matemática das transações comerciais, tentando zelar pelo “fl uxo de caixa”, a empresa progressista investe na má-gica dos relacionamentos, na certeza de que aí está a nutrição essencial para colaborado-

res e clientes. O resultado é um lucro muito maior e perene, porque está sustentado pe-las outras dimensões da riqueza.

MetarriquezaA palavra meta, na origem grega, signi-

fica “além”, “superior”, “que transcende”. Portanto, o termo metarriqueza é uma cria-ção para definir algo muito amplo e que vai

infinitamente além da mera riqueza. Restringir-se à mera riqueza material ou

“fluxo de caixa” impede que uma riqueza superior se manifeste. Metarriqueza é a ri-queza em todas as esferas: material, social, psicológica, espiritual. É a riqueza que, so-bretudo, tem o poder de nos tornar seres

humanos melhores. Isso acontecerá quan-do compreendermos, definitivamente, que um negócio não existe apenas para gerar caixa, mas para contribuir de maneira po-sitiva com a evolução do mundo. Somente com essa consciência seremos capazes de transformar empresas econômicas em pro-gressistas. Para o bem de todos, do plane-ta, do universo!

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

A empresa progressista funciona como uma “comunidade de trabalho”, voltada à satisfação das necessidades de vários agentes: o cliente, o

colaborador, o fornecedor, o investidor, o acionista

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E N T R E V I S T A

Marcelo Nakagawa

MAPA DA MINA

por Mônica [email protected]

Em tempos de crise financeira, com o en-colhimento das linhas de crédito, a elaboração do plano de negócios (PN) ganha ainda mais importância. Pré-requisito fundamental na hora de pleitear recursos junto a bancos e agências de fomento, o PN deve ser estruturado de acor-do com o objetivo a que se propõe. Mais do que meramente descrever a empresa, o empresário deve se preocupar em definir estratégias, traçar objetivos e mostrar de que forma será possível alcançá-los – e qual o retorno disso tudo para possíveis parceiros e investidores.

Escrever o PN é sempre um desafio para quem pretende abrir uma empresa. Por mais que pareça simples, colocar no papel a estrutura, os objetivos, as propostas e estratégias do futuro negócio é uma tarefa complexa, um verdadeiro “processo de aprendizagem”, como define Mar-celo Nakagawa, professor de Empreendedorismo e Plano de Negócio da Fundação Vanzolini, pesqui-sador e consultor voluntário do Instituto Empre-ender Endeavor. Numa de suas pesquisas, reali-zada junto a investidores e analistas de bancos e agências de fomento, Nakagawa avaliou a qualida-de dos PNs apresentados pelos empreendedores brasileiros. De zero a dez, a nota média ficou em 3,5. “A qualidade dos planos de negócio é muito

baixa, o que muitas vezes impede o acesso ao cré-dito. Muitos nem sequer se lembram de definir a estratégia da empresa”, aponta.

Na entrevista a seguir, Nakagawa dá dicas de como elaborar o PN, onde buscar ajuda e quais as falhas mais comuns que devem ser evitadas. Além disso, o professor também relaciona os principais erros de gestão nas micro e pequenas empresas, dá dicas sobre onde e como conseguir crédito para investimento, fala sobre a importân-cia da inovação e aponta as perspectivas para quem pretende abrir um negócio ainda em 2009. “Com a economia recessiva, mais do que nunca a sobrevivência de uma empresa está atrelada ao grau de inovação e diferenciação do negócio.”

Um plano de negócios bem elaborado é essencial para

a obtenção de crédito e a constituição de uma

empresa em bases sólidas

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Considerando-se a atual economia recessiva, qual o primeiro passo para quem quer abrir uma empresa?

Marcelo Nakagawa – O desenvolvimen-to do plano de negócios (PN) é sempre o item mais importante antes de abrir uma empresa, não só para analisar a viabilidade do negócio, mas porque se trata de um processo de apren-dizagem essencial para o empreendedor.

O que é mais adequado para pequenos e médios empreendedores: elaborar o PN por conta própria ou buscar ajuda de uma consultoria?

Nakagawa – É possível estruturar o PN sozinho, mas o ideal é que haja sempre uma segunda opinião. Buscar auxílio em consulto-rias é sempre uma atitude válida, mas geral-mente os pequenos e microempresários não têm acesso a esse tipo de apoio. E aí a dica é bater um papo com algum professor da área de administração ou negócios. Ou até mes-mo conversar com um executivo que esteja empregado em alguma outra empresa. Pode ou não ser do ramo, mas é importante que o empreendedor busque sempre uma opinião técnica sobre aquilo que colocou no papel.

Em quais instituições é possível buscar auxílio gra-tuito para ajudar na elaboração do PN?

Nakagawa – O Sebrae tem diversos cur-sos e ferramentas de apoio que variam muito de acordo com a região do Brasil. Eu reco-mendo que os empreendedores consultem sites do Sebrae de estados diferentes. No site de São Paulo, por exemplo, existe um softwa-re chamado SPPLAN, disponível para downlo-ad gratuito, que oferece auxílio passo a passo para elaborar o plano de negócios e qualquer pessoa pode ter acesso. Há também outra área muito interessante no site do Sebrae/SP chamada “Comece Certo”, que fornece dicas específi cas de gestão de acordo com o tipo de negócio. Outra dica é consultar os artigos e vídeos disponíveis gratuitamente no site do Instituto Endeavor – www.endeavor.org.br – que oferece informações preciosas para quem deseja desenvolver negócios criativos e diferenciados.

Qual o formato ideal do PN? Quais itens ele deve conter?

Nakagawa – Costumo fazer uma analo-gia do PN com a fi gura de uma pirâmide feita com cartas de baralho. Assim como um cas-telo de cartas, o PN também possui uma es-trutura muito frágil e, se alguma parte estiver

Assim como um castelo de cartas, o PN também possui uma estrutura muito frágil e, se alguma parte estiver desalinhada, o restante

cai por terra

desalinhada, o restante cai por terra. Então imagine um primeiro pilar com duas cartas, que chamo de “oportunidade”. Em seguida, outro pilar que representa “produtos e servi-ços”. Logo após vem “mercado consumidor”. Entre o primeiro e o segundo pilar, ou seja, entre “oportunidade” e “produtos e serviços”, eu coloco uma carta e fecho mais um triângu-lo de ponta- cabeça, que chamo de “empresa”. No próximo triângulo invertido, coloco mais uma carta que é a “análise da concorrência”. Acima de “oportunidade”, “empresa” e “pro-dutos e serviços”, está “produção e opera-ções”. Ao seu lado fi ca o pilar de “marketing e vendas”. Entre “produção e operações” e “marketing e vendas”, está “recursos huma-nos”. Em cima, para fechar a pirâmide, estão mais duas cartas, que são o “planejamento fi -nanceiro”. Pode parecer absurdo, mas há uma lógica nessa construção do plano de negócio. Afi nal, entre “produto” e “mercado consumi-dor” está a concorrência. Para levar o produto até o consumidor, passando pela concorrên-cia, é preciso passar por “marketing e vendas”. Entre “oportunidade” e “produto” está a “em-presa”. Acima da empresa fi ca a “produção e operação”. Para ligar isso tudo estão os “re-cursos humanos”. E, por fi m, o planejamento fi nanceiro, que torna isso tudo possível.

Quais os erros mais comuns que os empreendedo-res cometem na hora de fazer o PN?

Nakagawa – A principal falha ocorre logo

no início do PN, quando o empresário fala da empresa. A maioria dos PNs, ao invés de apre-sentar adequadamente a empresa, apenas a descreve como se falasse ao público em ge-ral. E, na verdade, somente um público muito específi co – possíveis parceiros e investido-res – vai ler esse documento, então é preciso dominar a linguagem e os jargões utilizados por esse grupo. Há problemas também na análise do ambiente, já que o empreendedor tende a acreditar que seus únicos concorren-tes são apenas aquelas empresas que fazem exatamente o que ele faz, desconsiderando, por exemplo, empresas que fazem serviços substitutos. Outro problema muito comum – e grave – é simplesmente a ausência de es-tratégia. Muitos esquecem de esclarecer qual a missão, a visão, as metas e objetivos a longo prazo, itens fundamentais no PN.

Se o objetivo do empresário é captar recursos, como deve ser formatado o PN?

Nakagawa – Isso é um item muito im-portante. Existe capital para o empreendedor, mas muitas vezes ele não consegue ter acesso devido à má qualidade do PN. Quando o em-presário escreve um PN para captar recursos, o item que deve estar mais claro é a rentabi-lidade do negócio, qual o retorno e quais os atrativos para o investidor. As agências de fo-mento do governo também levam em conta itens como responsabilidade social, tecnolo-gia e inovação.

Como as MPEs podem garantir a inovação do negócio?

Nakagawa – A primeira questão nesse caso é defi nir o conceito de inovação. Existe todo um glamour a esse respeito, que é pre-ciso investir em novos produtos, serviços ou processos. Mas, muitas vezes, para o micro e pequeno empresário isso pode parecer muito complexo. Então sugiro a seguinte refl exão: até que ponto você, como empresário, con-segue proporcionar novas experiências para o seu consumidor? Porque o primeiro objetivo deve ser sempre a criação de novas experi-ências para o cliente. A partir do momento em que o empreendedor entende a inovação dessa forma, fi ca mais fácil desenvolver novos produtos ou serviços. Até porque, em se tra-tando de inovação, pouco dinheiro não signi-fi ca necessariamente um empecilho, pois pe-quenas atitudes podem representar grandes diferenças aos olhos do consumidor. Basta identifi car as oportunidades.

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E N T R E V I S T A

LINHA DIRETA

Marcelo Nakagawa: (11) 3145-3700

Após a abertura da empresa, como manter o PN sempre atualizado?

Nakagawa – O melhor é investir em análises periódicas do PN desde o início da empresa, de preferência a cada três ou seis meses, para verifi car se aquilo que foi plane-jado realmente é o que está sendo executado. Em quase 90% dos casos não ocorre o que o empreendedor tinha imaginado. Logo no primeiro mês muitos castelos já começam a desmoronar.

E o que fazer nesse caso?

Nakagawa – É necessário adequar a es-tratégia. No caso de uma pequena empresa, o empreendedor deve encarar seu negócio como um pequeno barco que pode mudar de direção a qualquer momento. É por isso que o plano de negócios funciona como aprendi-zado e não apenas como fator determinante para o sucesso. Não é porque está escrito no PN que você terá que seguir à risca. É preci-so estar sempre preparado para fazer ajustes rapidamente, daí a importância de pequenas empresas terem uma estrutura fl exível, já que o período de adaptação é muito grande.

Na sua opinião, quais as melhores opções para as MPEs na hora de conseguir crédito para in-vestimento?

Nakagawa – Além de empréstimos em bancos comerciais e de desenvolvimento – caso do BNDES, que recentemente abriu novas linhas de crédito –, outra opção são as agências governamentais de fomento. É o caso da Finep, que possui um projeto chama-do Pappe (Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas), executado em parceria com agências de apoio a pesquisas em todos os estados brasileiros, que também oferece crédito às MPEs. Outra alternativa são os re-cursos de pessoas físicas, como aposentados e funcionários que perderam o emprego e rece-beram o FGTS – algo muito comum nesse mo-mento devido à crise mundial. O empresário brasileiro, em sua maioria, precisa aprender a dividir e compartilhar com sócios. Isso é ainda muito malvisto na cultura brasileira, mas para crescer é preciso ter sócios complementares.

Quais os erros de gestão mais comuns nas MPEs?

Nakagawa – O erro mais comum e mais sério é a falta de estratégia. O que os empresá-rios brasileiros mais fazem é errar pelo cami-nho, porque sem estratégia não é possível sa-ber para onde ir. E se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. O segundo erro mais recorrente é a ausência de formação de competências, que é decorrência da visão de “dono” – aquele que manda e desmanda sem delegar funções. Achando-se o “dono”, o empresário não permite que pessoas e ca-pacidades se desenvolvam no negócio dele. E não adianta se iludir: para o negócio crescer é preciso desenvolver talentos. Outros erros comuns dizem respeito à gestão do caixa e à falta de melhorias constantes.

O que o senhor recomenda para evitar esses equívocos?

Nakagawa – Um exemplo que costumo mencionar é o de Sam Walton, fundador do Wal-Mart. Desde que abriu seu primeiro negó-cio – uma espécie de loja de R$ 1,99 –, toda noite ele anotava numa espécie de diário os motivos pelos quais a empresa dele tinha sido

melhor hoje do que ontem. Essa é uma práti-ca de refl exão que os empresários brasileiros deveriam experimentar. Para melhorar a cada dia é preciso dosar inovação, melhoria con-tínua e diferenciais. E a origem de tudo isso está numa estratégia bem traçada.

Para quem está pensando em abrir uma empresa ainda este ano, quais as perspectivas para 2009?

Nakagawa – A principal tendência para este ano é o crescimento do número de em-presas abertas. Toda a massa de pessoas de-mitidas não será alocada em novos empregos simplesmente porque muitas dessas vagas deixarão de existir. Para quem está nessa situa-ção, é melhor planejar bem antes de investir o dinheiro do FGTS. Uma dica para quem quiser evitar riscos é entrar como sócio em negócios já consolidados.

No caso de uma pequena empresa, o empreendedor deve encarar seu negócio

como um pequeno barco que pode mudar de direção a

qualquer momento

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VigorC A P A

Indústria de cosméticos brasileira não vê motivos para se preocupar com a crise, e aposta no atendimento personalizado para aumentar ainda mais as vendas

por Cléia [email protected]

Uma franquia comercializada a cada sema-na. Essa é a meta do empresário Guilherme Ja-cob, dono da rede de lojas Akakia Cosméticos. O plano foi traçado antes da crise econômica mundial, “mas continua absolutamente o mes-mo”, garante o executivo. A empresa pretende investir R$ 1 milhão em equipamentos até o fi nal de junho e quer duplicar sua capacidade de produção neste ano. Com menos de três anos de existência, a Akakia tem 140 unidades franqueadas. No ano passado, faturou R$ 27 milhões, um crescimento de 30% em relação a 2007. Para 2009, os planos são ainda mais ambiciosos – crescer 40%. “Se tem uma crise aí fora, seremos os últimos a entrar e os pri-meiros a sair”, afi rma Jacob.

A crise mundial parece mesmo não ter chegado à indústria nacional de higiene e beleza. Dados da Associação Brasileira da In-dústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cos-méticos (Abihpec) mostram um crescimento em 2008 de 10,4% em relação a 2007, sem mudanças bruscas no último trimestre do pe-

econômico

ríodo. O Brasil foi o país que registrou o maior crescimento no setor entre os top 10 do Euro-monitor, ampliando sua participação no mer-cado de 7,6% para 8,6%. Desde então, ocupa a terceira posição no ranking mundial dos maiores consumidores. Para João Carlos Ba-sílio, presidente da Abihpec, há boas chances do Brasil continuar avançando nesse ranking, encabeçado por Estados Unidos e Japão.

O desempenho favorável do setor não é novidade. Há 13 anos, o crescimento médio defl acionado é de 10,6%. O que surpreende é a continuidade dos resultados mesmo num cenário de crise. “O setor tem se mostrado muito agressivo nos seus investimentos em marketing e pesquisa e desenvolvimento. Gra-ças a esse empenho, o ritmo de lançamentos e relançamentos tem se mantido em torno de 20 produtos por dia – índice semelhante ao de 2008. É natural que ganhemos espaço em rela-ção a outros setores que fi caram mais tímidos diante da crise”, avalia Basílio. Ele acrescenta ainda que os reajustes dos preços dos itens do setor estão há mais de cinco anos abaixo dos índices gerais apurados pela Fipe.

Números de 2009 já divulgados por gran-

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ELIANA VIEIRA

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C A P A

des empresas comprovam o vigor desse mercado. Uma das marcas líderes em cosméticos no Brasil, a Natura registrou no primeiro trimestre um cres-cimento de 26,5% na receita líquida, que somou R$ 844,7 milhões. No relatório produzido para os investidores, a empresa afi rma que permanece atenta aos movimentos da economia. “Continua-mos, no entanto, confi antes na estratégia e vitali-dade da nossa empresa, bem como no contexto econômico no qual nosso modelo comercial se insere”, destaca o documento. Ainda no relatório, a Natura chama a atenção para a “histórica resili-ência” do setor de cosméticos e perfumaria diante das variações da economia.

Para a curitibana Racco, o momento também é de euforia e números generosos. Há 21 anos no mercado, a marca teve crescimento de 50% nos últimos seis anos. A expectativa é crescer 40% em 2009. Para Carla Andrade, diretora corporativa da empresa, o desempenho é resultado de investi-mentos em inovação tecnológica e no conceito de tratamento. Com a linha Ciclos, lançada há quatro anos, a Racco alcançou consumidoras das classes A e B, sem perder seu público original (classe C). Um estudo feito pela empresa mostrou que as mulheres consideram cosméticos como primeira necessidade e estão dispostas a deixar de pagar a conta de luz para não abrir mão da continuidade de um tratamento cosmético.

Aliás, a noção de que produtos de higiene pessoal e cosméticos não são supérfl uos é ou-tro fator que explica a resistência do segmento à crise. Para Basílio, não há mais dúvidas de que a sociedade brasileira vê os artigos de higiene como de primeira necessidade – até por sua função em termos de saúde pública. “Isso acontece com muitos cosméticos também. Por exemplo, tintura para cabelo é um cosmético, mas a pressão social sobre quem deixa as raízes brancas ou mesmo da cor natural aparecerem é tão intensa que esse produto se torna de primeira necessidade. Uma aparência malcuidada é interpretada como des-leixo e isso refl ete negativamente para a pessoa, especialmente no seu ambiente de trabalho.”

Indulgência

Para Simone Kier, gerente de marketing da Mary Kay, marca americana de cosméticos, a crise pode ser um motivo a mais para a compra de um creme ou um batom. “Já que a consumidora não pode comprar uma geladeira nova, acaba se per-mitindo um mimo. É uma forma de se presentear

Joel, da Extratos da Terra: vendas concentradas em clínicas estéticas

JAMES TAVARES

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num momento difícil.” Gestora de produto da Harty Cosméticos, fabricante da marca Ecologie, Alessandra Rinaldi também acredita num impac-to positivo da crise para o setor. “Por enquanto o mercado de cosméticos não sentiu o impacto da crise. Pelo contrário, as pessoas estão mais im-pulsionadas a comprar cosméticos de maior valor agregado para suprir suas necessidades de com-pra, uma vez que “está proibido o endividamento a longo prazo”, avalia a executiva.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo instituto LatinPanel corrobora com essa ideia de “pequenas indulgências” do consumidor brasi-leiro. Com a crise, muitas pessoas desistiram de comprar marcas premium e migraram para outras de médio e baixo custo com o objetivo de ajustar o orçamento doméstico. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os produtos de limpeza, bebidas e alimentos. Já nos itens de higiene pessoal, as pre-mium saltaram de 44%, em 2007, para 49%, em 2008. A pesquisa conclui que nesses itens o con-sumidor se permite fazer uma recompensa.

Consultora de vendas da Mary Kay desde 1996, Fernanda Pessoa é testemunha da força do mer-cado da beleza. Ela garante que, desde setembro passado, as vendas aumentaram muito. “Sempre ouvi falar que o mercado de cosméticos é um dos que mais cresce num cenário de crise, mas ainda não tinha vivenciado esta experiência. O que eu pude sentir no contato com as minhas clientes é que a crise econômica acaba gerando muita incer-teza e medo. Ao adquirir cosméticos, as clientes acabam se sentindo mais bonitas e confi antes e assim conseguem superar melhor este período”, afi rma a revendedora. “Sem contar também a op-ção de ganhar um dinheiro extra, caso decida se tornar uma consultora”, observa.

Assim como Natura e Racco, a marca Mary Kay concentra suas vendas no sistema de ven-da direta, outro segmento que não tem visto sombra da crise. De acordo com a Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD), de outu-bro a dezembro de 2008 o setor registrou um crescimento no faturamento bruto de 12,6% em relação ao trimestre anterior. O número é sur-preendente se comparado ao desempenho do varejo tradicional que, de acordo com dados do IBGE, apresentou retração de 2,3% no mesmo período comparativo. No ano, o setor de vendas diretas faturou R$ 18,5 bilhões com a atuação de 2 milhões de revendedores autônomos.

“A base do segmento é o relacionamento e até acontece a venda a crédito, mas é um crédi-to de confi ança, dado pela consultora e não pela

Fernanda Pessoa, da Mary Kay: aumento nas vendas desde setembro passado

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empresa”, afi rma Lírio Cipriani, presidente da entidade. Hoje, o segmento de cosméticos e perfumaria representa quase 90% dos negó-cios de venda direta no Brasil. Para Cipriani, por mais efi ciente que seja a logística de uma marca que trabalha com o varejo tradicional, a penetração de mercado nunca será igual ao canal de distribuição feito por revendedores autônomos. “Nós atingimos qualquer ponto do Brasil”, garante.

A executiva Carla Andrade, da Racco, concorda. Segundo ela, o chamado porta-a-porta aproxima muito a marca do consumi-dor porque existe a fi gura de um consultor explicando conceitos e resultados dos pro-dutos. “Isso traz uma fi delização muito forte. É diferente da gôndola, onde o cliente não compra porque não entende para que serve o produto exposto”, afi rma. A Racco fechou 2008 com 350 mil consultoras ativas e traba-lha para aumentar esse número em 20% até o fi m do ano. “Nosso foco é na retenção. Ca-dastrar é fácil, queremos é mantê-las fi éis e ativas”, afi rma Carla.

Oportunidade

Em períodos de crise, o segmento de vendas diretas também aparece como uma oportunidade de negócios para muita gente. “Nós percebemos um aumento no número de consultores. São pessoas que perderam o emprego ou simplesmente decidiram reforçar a renda”, explica Simone Kier, da Mary Kay. Mas o trabalho de consultor de vendas diretas

C A P A

Para que um cosmético seja considerado orgânico, ele precisa ter um mínimo de 95% de ingredientes naturais ou de origem vegetal

está longe de ser um bico para muitos pro-fi ssionais da área. A Mary Kay, por exemplo, estimula a carreira com a concessão de uma série de bônus por desempenho de vendas. Os prêmios incluem joias, viagens nacionais e internacionais e carros cor-de-rosa, cor símbo-lo da marca em todo o mundo.

Hoje, existem no Brasil cerca de 90 mu-lheres na direção dos chamados “troféus sobre rodas”. Fernanda Pessoa é uma delas. Como diretora-executiva independente, ela recebeu em 2005 o direito de usar um Astra cor-de-rosa com IPVA e seguros pagos pela Mary Kay. No fi nal do ano passado, o modelo foi trocado por um Vectra. Fernanda também já ganhou inúmeras viagens, incluindo desti-nos como Dallas, São Francisco, Nova York, Quebec e África do Sul. “Comecei do zero, como consultora de beleza. Com o tempo a marca foi se solidifi cando e mais mulheres quiseram fazer parte do meu time.”

Hoje, Fernanda tem consultoras espalha-

das pelo Brasil inteiro. Sua função é treinar, direcionar e motivar essas mulheres. “O que mais gosto nesta carreira é a fl exibilidade. Não temos chefe, somos donas do nosso próprio negócio, fazemos o nosso horário e temos reconhecimentos incríveis, além da possibilidade de ganhos ilimitados”, destaca a executiva. A decisão de vender cosméticos aconteceu um pouco por acaso. Quando foi morar com o marido no Canadá, em 1996, Fernanda teve que buscar outra carreira, já que seu diploma de Direito não era reconhe-cido naquele país. Assim, começou a vender Mary Kay. Quando a marca entrou no Brasil, em 1998, decidiu voltar ao Brasil.

O setor de vendas diretas é o maior em-pregador no mercado de produtos de beleza. E também o que mais cresceu nos últimos 14 anos em número de vagas: 292,2%, de acordo com dados da Abihpec e da ABEVD. Em 1994, eram 510 mil consultores contra 2 milhões em 2008. Só a Avon, líder global em vendas dire-tas e precursora desse canal no Brasil, garante que tem mais de 1 milhão de revendedoras no território nacional. No mundo, são 5,8 mi-lhões. Ainda segundo a empresa, de cada três batons vendidos no Brasil, dois são da Avon. Na última campanha institucional da empresa, a marca reforçou o trabalho de suas consulto-ras ao escolher algumas delas para protagoni-zar as peças publicitárias.

Mas o varejo tradicional ainda é o principal canal de distribuição do segmento de higiene e beleza, respondendo por mais da metade das vendas. O modelo está nos planos da Kush

MERCADO BRASILEIROEVOLUÇÃO EM BILHÕES DE R$

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

4,9

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20

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10

5

0

5,5 5,96,6 7,5 8,3

9,7 11,513,5

15,4

17,5

19,6 21,7

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Fonte: ABIHPEC

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C OS M ÉTICOS SUST ENTÁVEIS

Uma palavrinha mágica tem movimentado o mercado de cosméticos lá fora: orgânico. Em paí-ses como Estados Unidos, Japão, França e Alema-nha, grandes empresas do ramo estão se reestru-turando para atender consumidores que aderiram aos cosméticos elaborados com matérias-primas naturais. No mundo inteiro, são cerca de 1,1 mil empresas certificadas, com destaque para gran-des marcas como L’Oréal, Avent, Clarins e Yves Saint Laurent. É pouco mais de 2% do mercado mundial de produtos de beleza, mas a expectativa é de um crescimento de 40% ao ano.

A última Beyond Beauty Paris, uma das maiores feiras internacionais do setor, reali-zada em setembro de 2008, dá uma dimensão do crescimento da indústria de cosméticos orgânicos. Metade dos estandes era dedica-da a produtos sustentáveis. “Observa-se um grande interesse por esse novo mercado. Há uma proliferação de empresas certificadas, e na mídia europeia especializada em cosméti-cos só se fala em orgânicos”, afirma Gwendal Bellocq, gerente de operações da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD), com sede em Botucatu (SP).

A entidade é uma das certificadoras brasi-leiras de produtos orgânicos, incluindo cosmé-ticos. Atualmente, existem apenas duas marcas do setor com o selo do IBD – Reserva Fólio e Magia dos Aromas –, mas há outras dez

em processo de certificação. O principal selo de cosméticos sustentáveis no Brasil é a Ecocert, de origem francesa, que certificou marcas como Surya Brasil e Florestas. Para Bellocq, é só uma questão de tempo para que a tendência chegue com força no Brasil e conquiste mais espaço nas prateleiras das lojas.

Mas para que isso aconteça, será preciso ven-cer alguns obstáculos. Um deles é a falta de regu-lamentação oficial para elaboração de cosméticos orgânicos. Sem fiscalização, há muitas empresas que usam deliberadamente os termos orgânico, natural e ecológico, sem se importar com os in-gredientes usados na fórmula. Esse problema não ocorre apenas no Brasil. Mesmo em países como a França há problemas de harmonização das nor-mas. “Existem muitas diferenças em qualidade de certificação”, afirma Bellocq.

Outro desafio é dominar o uso de ingre-dientes naturais para que os produtos sejam bem formulados. Bellocq cita o exemplo de conservantes e emolientes, que ainda apre-sentam poucas alternativas naturais. Uma das consequências é a formulação de cosméticos que apresentam variação de cheiro, cor e efi-cácia num prazo muito curto. “O consumidor não aceita produto orgânico de má qualida-de”, destaca o gerente do IBD. A boa notícia,

segundo ele, é que o setor de matéria-prima já acordou para esse mercado e vem apresen-tando avanços significativos.

Bellocq não arrisca prognósticos, mas não tem dúvidas do potencial do Brasil para o mer-cado de cosméticos orgânicos. Não apenas para atender à demanda interna, mas também para exportação. A Magia dos Aromas é uma prova disso. Há apenas três anos nesse mercado, a empresa se prepara para exportar. “Estamos em negociação e esperamos que isso ocorra ainda este ano”, afirma Marcos Caram, sócio-proprie-tário da marca, também de Botucatu. No ano passado, a empresa apresentou um crescimento de 20% na produção. A expectativa é, no mínimo, repetir esse índice em 2009.

Com experiência de mais de 20 anos no ramo de farmácia de manipulação, Caram de-cidiu produzir cosméticos orgânicos em 2004. Muitos clientes reclamavam de alergia e lhe pediam para formular produtos naturais. No início, a maior dificuldade do negócio foi com relação à disponibilidade de matéria-prima, mas a oferta tem crescido. A primeira linha da Magia dos Aromas foi lançada em 2006, já com certificação do IBD. Os produtos são vendidos em lojas de cosméticos, farmácias de mani-pulação e no varejo de produtos naturais. “A fidelização dessas lojas com a marca mostra o potencial do nosso produto.”

do setor com o selo do IBD – Reserva Fólio e Magia dos Aromas –, mas há outras dez

fidelização dessas lojas com a marca mostra opotencial do nosso produto.”

PHOT

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do Brasil. Em 2007, a empresa lançou a marca Weeze Bath & Body, com produtos para corpo e banho. Inicialmente, o objetivo era investir em franchising. Três lojas franqueadas chega-ram a ser abertas. “Agora estamos fazendo um redirecionamento estratégico para o varejo tradicional. Não chega a ser uma desistência do modelo de franquias, pretendemos retor-nar em quatro ou cinco anos”, afi rma Manue-la Bossa, proprietária da marca. A proposta, segundo ela, é tornar a marca conhecida do consumidor. Para isso, a empresa vai trabalhar fortemente com a atuação de consultoras nos pontos-de-venda.

O problema é a forte concorrência nesse canal, situação que exige um trabalho muito forte para manter o produto em evidência nas prateleiras. Antes de criar e franquear a marca Akakia, o empresário Guilherme Jacob produzia e vendia cosméticos para redes de supermercados e lojas especializa-das. Ele conta que só conseguiu espaço para seus produtos depois que obteve a licença da Looney Tunes para uma linha baby. Pes-quisando alternativas, decidiu partir para o franchising e não sente saudades do varejo tradicional. “As exigências de grandes redes em investimentos para manutenção do espa-ço de vendas são muito negativas. Com lojas

da marca temos uma valorização de verdade do nosso produto”, diz Jacob.

É justamente atrás dessa valorização que está a engenheira química Vanessa Mayo, fun-dadora da Korai Cosmética. Depois de nove anos bem-sucedidos no varejo tradicional, a empresária começou a sentir o peso da concorrência e resolveu aderir ao sistema de franchising. “A fi delização é praticamente impossível num ponto-de-venda que não é seu”, afi rma Vanessa. Atualmente, a Korai tem uma loja própria em Moema e um quiosque no Shopping Ibirapuera, em São Paulo. A meta é começar a franquear este ano. “Estou extremamente confi ante porque os resulta-dos de nossas lojas têm sido muito bons. A concorrência é muito menor no mercado de franquias.” Aos poucos, a Korai deve deixar o varejo tradicional. “Não dá para coexistir”, afi rma Vanessa.

Num mercado dominado por marcas con-sagradas – 70% do faturamento do setor está concentrado em 15 empresas de grande por-te – o jeito é encontrar nichos de produtos ainda não explorados. Foi o que fez Vanessa Mayo. Depois de trabalhar seis anos no mer-cado de matéria-prima para a indústria de cosméticos, ela decidiu criar uma linha com-pleta de cuidados com o corpo dedicada ao

mercado semiprestígio, localizado entre o luxo e o popular. “Com produtos de qualida-de e preços médios, começamos crescendo em média 50% por ano”, conta a empresária. No primeiro ano da marca, a empresa faturou quase R$ 1 milhão.

A Korai Cosmética também faz linhas ex-clusivas para grandes redes. Entre elas as Lojas Renner. É outro mercado bastante promissor para a indústria da beleza. Atualmente, esse nicho representa 55% do faturamento da Ko-rai. A empresa está construindo uma quarta fábrica, exclusiva para atender esse mercado. O licenciamento de marcas também é o foco da DNA Cosméticos. Hoje, a empresa respon-de pelos produtos com a marca Ronnie Von, vendidos em seus catálogos, e Ocimar Verso-lato, comercializados em lojas franqueadas pelo estilista. “A meta a longo prazo é ter 30% de produtos da própria marca e 70% de pro-dutos de nossos parceiros”, afi rma Ronaldo Nascimento, diretor comercial da DNA.

Profissional

Um outro canal de distribuição tem cha-mado a atenção do mercado nos últimos anos. São salões de beleza e clínicas estéticas que até bem pouco tempo eram ignorados pelo

Fonte: Euromonitor 2008

M E RCAD O M UNDIA L

Higiene Pessoal, 2008 US$ Bilhões Porcentual Perfumaria e Cosméticos (preço ao consumidor) Crescimento Participação

Mundo ............................................. 333,50 ..............................9,13

1. Estados Unidos ................................ 52,14 ............................-0,05 .............................. 15,62. Japão ............................................. 33,75 ............................ 11,92 ............................... 10,13. Brasil ..............................................28,77 ........................... 27,46 ................................8,64. China .............................................. 17,73 ............................22,10 ................................5,35. Alemanha ....................................... 16,86 ............................. 8,04 ................................ 5,16. França ........................................... 16,23 ............................. 6,80 ................................4,97. Reino Unido .....................................15,72 ............................-3,54 ................................ 4,78. Rússia.............................................12,38 ............................ 14,51 ................................ 3,79. Itália ............................................. 12,25 ..............................7,97 ................................ 3,710. Espanha ........................................ 10,64 ............................10,69 ................................3,2

Top Ten .............................................216,47 ..............................9,17 ..............................64,9Basílio: setor agressivo nos investimentos em marketing e pesquisa e desenvolvimento

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PHOTOSTOGO

fi xado foi de 15%, mas só em janeiro o cresci-mento chegou a 82%. Para atender à deman-da crescente, a Kush está construindo uma segunda fábrica. A expectativa é aumentar a produção em 300%.

O mercado profi ssional também é o foco da Extratos da Terra, especializada em trata-mento para corpo e estética. Com uma equi-pe de 65 distribuidores, a empresa calcula que existam atualmente entre 15 mil e 20 mil profi ssionais utilizando seus produtos em clí-nicas de vários estados brasileiros. O número é resultado de quase 30 anos de atuação. No ano passado, a empresa teve um crescimento de 28%, índice que espera repetir em 2009. No momento, a Extratos da Terra se prepara para ingressar no mercado varejista por meio de lojas licenciadas. O proprietário Joel Ate-rino de Souza explica que, com o sucesso da marca nas clínicas, o consumidor fi nal come-çou a requisitar pontos-de-venda.

Atualmente existe apenas uma loja con-ceito anexa à fábrica, mas a meta é chegar a 30 unidades até o fi nal do ano. Para isso, a empresa está investindo cerca de R$ 1 milhão na ampliação da indústria. As obras devem estar concluídas em março de 2010 e elevar a produção de 1 milhão de unidades para 1,5 milhão. A expectativa é dobrar o nú-

mero de empregos. Hoje, são 41 funcioná-rios. “Em termos de faturamento, esperamos um crescimento de 40% em 2010”, afi rma Souza. A empresa produz atualmente 280 itens. Os produtos comercializados nas lojas da marca serão os mesmos da linha profi ssio-nal. A mudança será apenas na apresentação das embalagens.

Assim como em qualquer outro setor da economia, o segmento de produtos de be-leza exige uma análise constante do merca-do. Foi assim que a Contém 1g reformulou toda a sua operação e passou de perfumaria a loja especializada em maquiagem. “Come-çamos a olhar o mercado de maquiagem e vimos que não existia ninguém no Brasil atuando com força nesse segmento”, conta Fernando Galiteri Soares, diretor comercial da rede de franquias, com cerca de 180 uni-dades. A proporção de 80% de vendas em perfumes e 20% em maquiagem se inver-teu. O público-alvo deixou de ser a adoles-cente e passou a ser a mulher na faixa dos 30 anos, totalmente independente.

Para se adequar ao novo mercado, as lo-jas foram reformuladas. A proposta, segun-do Soares, era fazer um espaço para ensinar a mulher a se maquiar. “Assim ela consome mais”, explica o executivo. As vendedoras

setor. “Cabeleireiros não tinham o hábito de vender produtos. Hoje, eles perceberam que, sem forçar a barra, podem ampliar seus ga-nhos com a venda de produtos como xampus e condicionadores”, diz Manuela, da Kush. Em 2002, o laboratório criou uma linha especial para cabelos com o objetivo de atender profi s-sionais. Resultado: não parou mais de crescer. Com a marca Truss, a empresa foi a primeira a produzir itens nacionais para escova defi ni-tiva, na época mais conhecida por alisamento japonês, justamente por usar produtos em sua maioria importados do Japão.

Com seis anos de vida, a Truss conta com 48 distribuidores que percorrem salões de beleza do Brasil inteiro. Para Manuela, bons produtos é tudo o que se precisa para ganhar credibilidade em tão pouquíssimo tempo. “No início era como vender chinelo em terra de descalço porque existiam poucos concor-rentes, apenas multinacionais. Mas hoje con-tamos com o sucesso de nossas formulações. Nossa planilha de resultados mostra que 80% das vendas acontecem por indicação. O ca-beleireiro indica uma vez e a cliente já se fi deliza, não existe vendedor melhor”, afi r-ma a empresária. No ano passado, a marca cresceu 52%, superando signifi cativamente a meta estipulada de 30%. Para 2009, o índice

Manuela, da Kush: segunda fábrica em construção para atender demanda crescente

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C A P A

passaram a ser também maquiadoras e as lojas ganharam cadeiras semelhantes às de salão de beleza. Cursos de automaquiagem são promovidos nos pontos-de-venda, orga-nizados em nichos de acordo com ocasião de uso e etnia. A primeira loja com o con-ceito make-up foi inaugurada em dezembro de 2007 e, hoje, já são 13 unidades. A meta é chegar a 50 lojas ainda neste ano, seja por meio de conversão de unidades já existen-tes ou novos pontos. “Convencemos pelos números. Temos casos de lojas convertidas que aumentaram o faturamento em 100%”, afirma Soares.

O consumidor também aceitou a mu-dança de forma muito rápida. O tempo de permanência dentro da loja aumentou de 14 para 30 minutos. O tíquete médio alcançou um crescimento de mais de 50%. “Quando elas aprendem a se maquiar, querem levar to-dos os produtos para uma maquiagem com-pleta, desde itens de preparação de pele até o batom”, comenta o executivo. Com toda essa movimentação, a Contém 1g não sentiu refl exos da crise. No primeiro trimestre de 2009 o crescimento foi de 23%. No ano pas-sado, a empresa registrou um aumento de 30% no faturamento. É como diz o empre-sário Joel Aterino de Souza, da Extratos da Terra: “O setor não está imune à crise não. Se estamos crescendo é porque estamos traba-lhando para isso. Ainda há uma fatia grande de mercado para abocanhar”.

I N F ORMALI DA DE

Existem atualmente no Brasil cerca de 1,7 mil empresas atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E há também um número muito semelhante de empresas operando informalmente, ou seja, ignorando o que a indústria chama de princípios de boas práticas de fabricação e controle.

A informação é da consultora Maria Regi-na Diniz de Oliveira, técnica do Sebrae Nacio-nal. A situação é séria porque o uso de cos-méticos sem o aval da Anvisa pode colocar em risco a saúde dos consumidores desses produtos. Praticamente a totalidade desses estabelecimentos é de micro e pequenas em-presas, que representam 98,9% dos negócios de cosméticos no Brasil, concentrados na Região Sudeste (65%).

Para resolver essa situação de ilegalida-de e desenvolver o potencial dos pequenos negócios da indústria da beleza, foi assinada em 2006 uma parceria entre Abihpec, Sebrae e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O programa também tem a participação de outros órgãos oficiais como BNDES, Anvisa e Inpi. Quatro desafios foram fixados para o segmento: adequar marco le-

gal, elevar padrão tecnológico e produtivo, desenvolver a cultura exportadora e conso-lidar o cosmético brasileiro como solução ambiental sustentável.

O trabalho começou com a formalização sanitária das empresas. Na Bahia, um dos primeiros estados a desenvolver o programa, o diagnóstico inicial mostrou que apenas três empresas tinham registro na Anvisa. “Hoje já são 38 e, em breve, serão 48”, comemo-ra Regina. Segundo a consultora, o bom de-sempenho do programa no estado pode ser comprovado pelos dados apresentados pela Abihpec. Em 2005, a associação computava 21 indústrias de cosméticos na Bahia. No ano passado, esse número chegou a 42, exata-mente o dobro.

A meta, segundo Regina, é preparar esses pequenos negócios para exportar. “O Paraná, por exemplo, tem empresas com potencial mui-to grande para isso”, destaca. Além da Bahia e Paraná, há outros dez estados desenvolvendo o programa, incluindo Santa Catarina, Goiás, Amazonas, Pará e Minas Gerais. “O que nós queremos é levar conhecimento e fazer com que micro e pequenas empresas de cosméti-cos operem com tecnologia para se tornarem competitivas”, afirma a consultora.

LINHA DIRETA

Abihpec: (11) 3372-9899ABEVD: (11) 5042-0587Akakia Cosméticos: (48) 3283-6000Avon: 0800 708 2866Contém 1g: (11) 3660-0378DNA Cosméticos: (15) 3271-7072Ecologie Cosméticos: (11) 4227-1011Extratos da Terra: (48) 2033-0050IBD: (14) 3882-5066Korai: (11) 5051-0161Mary Kay: 0800 702 0738Magia dos Aromas: (14) 3813-8431Natura: 0800 115566Racco: 0800 601 0303Sebrae: (61) 3348-7249Truss Cosmetics: (17) 3808-9900

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presenteR E S P O N S A B I L I D A D E

Escritórios do

Mais do que oferecer conforto e segurança, edifícios inteligentes são projetados segundo princípios de eficiência energética e colaboram para reduzir a conta do desperdício

por Francis Franç[email protected]

Imagine que você é o primeiro a chegar à sua empre-sa. Para entrar, um leitor biométrico identifica sua impres-são digital, libera as portas e acende as luzes que levam até sua sala, onde a eletricidade e o telefone foram ligados, e os dispositivos eletrônicos estão prontos para usar. As per-sianas das janelas ajustam-se automaticamente para manter a luminosidade constante, sincronizadas com as lâmpadas artificiais, cuja intensidade varia de forma imperceptível para complementar a luz natural, e quando a temperatura passar dos 20ºC, o ar-condicionado ligará sozinho.

Sua empresa não precisa ser nenhum departamento de in-teligência ou de alta tecnologia para ter uma rotina como essa. As soluções de automação vêm ganhando espaço no mundo corporativo, e não apenas pelas facilidades tecnológicas. Os edifícios inteligentes são também efi cientes e geram economia de tempo, dinheiro e de recursos naturais – variável cada vez mais importante para as empresas, pela cultura e pelo bolso. Em construções projetadas segundo os princípios de efi ciên-cia energética, a economia no consumo supera os 50% se com-parada às edifi cações tradicionais, segundo dados do Programa Nacional de Conser-vação de Energia Elétrica (Procel).

As soluções podem ser adap-tadas para empresas de todos os tamanhos e já são produzidas por tecnologia 100% nacional. A cata-rinense Spherical Networks desen-volve sistemas que permitem, por meio de comandos locais ou remo-tos, monitorar ambientes, acionar

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putadores, tomadas, luzes e sistemas de condicionamento de ar com um só botão, como o alarme de um carro.

O Brasil consumiu cerca de 393 bilhões de kWh em 2008, segundo números da Em-presa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia (EPE/MME). A economia teórica em edifi cações residenciais, comer-ciais e públicas poderia chegar aos 53 bilhões de kWh, caso fossem adotados sistemas mais efi cientes, o que seria sufi ciente para abas-tecer 2,7 milhões de residências anualmen-te. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Conservação de Energia (Abesco), o Brasil perde R$ 10 bilhões por ano com o desperdício de energia elétrica. Se fosse economizado, em três anos esse dinheiro poderia pagar quase metade do in-vestimento em geração de energia previsto pelo governo federal no Programa de Acele-ração do Crescimento (R$ 65,9 bilhões entre 2007 e 2010). A despeito de todo o empe-nho para investir em fontes renováveis, ao fazer as contas fi ca a certeza de que a energia mais limpa e barata é a poupada.

Sistemas permitem monitorar e controlar dispositivos a distância

alarmes, controlar iluminação, portas, ven-tilação, fluxo de pessoas e um conjunto de soluções modulares que podem ser perso-nalizadas para cada tipo de negócio. Lança-do em 2007, o sistema VisAct Architecture integra dispositivos de automação, segu-rança, controle de acesso, ponto eletrônico e comunicação digital interna.

A empresa já desenvolveu sistemas com-plexos para 10 edifícios inteligentes, e man-tém 20 pessoas trabalhando diretamente com o desenvolvimento de tecnologia. As soluções permitem controlar o funcionamento dos equipamentos com diferentes sistemas, como sensores de mobilidade, horário ou fl uxo de pessoas, gerenciar as câmeras de vigilância por controle remoto e atuar inclusive em si-tuações de emergência, como incêndios, em que as catracas são liberadas para facilitar a evacuação, e os computadores mostram a planta do prédio com imagens das câmeras internas e sugestões de ações. “Os sistemas foram pensados para garantir alto nível de conforto e segurança para os usuários, e lá na ponta temos um bônus de efi ciência energéti-ca com economia real de energia”, explica Jú-nior Dymow, diretor de desenvolvimento de software da Spherical Networks, que também fabrica os equipamentos.

De acordo com estatísticas do Procel, quase 50% da energia elétrica produzida no País é consumida na operação e manutenção de construções e sistemas artifi ciais que pro-

porcionam conforto, como iluminação, cli-matização e aquecimento de água. Os siste-mas efi cientes ajudam a aliviar o peso sobre a geração de energia e não se limitam a me-lhorar construções novas. Embora os resul-tados não sejam tão expressivos quanto nos edifícios já projetados segundo os padrões de efi ciência, uma boa reforma pode redu-zir em até 30% o consumo de energia. “Se pensarmos no ciclo de vida de um empreen-dimento, a redução no consumo de recursos naturais é muito relevante. E estamos falan-do de iniciativas racionais. Afi nal, por que as lâmpadas de uma sala precisam funcionar com 100% da capacidade se temos ilumina-ção natural?”, questiona o engenheiro Thales Cavalcanti, diretor da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).

Os sistemas automáticos têm ainda a vantagem de monitorar a economia e converter os números em relatórios que permitem analisar horários e setores com maior consumo. “A procura tem crescido bastante, principalmente de arquitetos que fazem projetos para empresas interessadas em praticar responsabilidade socioambien-tal, que estão preocupadas não só com a economia, mas com a imagem”, diz o enge-nheiro Francisco Rodriguez Sanches, dire-tor da Domótica Automação de Ambientes. Um dos dispositivos desenvolvidos pela empresa foi o Box Master Off (BMO), que permite desligamento inteligente de com-

LINHA DIRETA

Aureside: (11) 3926-9805Domótica: (11) 3285-4629Spherical Networks: (48) 3334-8064

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Visão de mercado e perfil motivador do executivo levaram empresa de engenharia carioca a um novo patamar

PaixãoPaixãoP E R F I L

por Cléia [email protected]

Mudar de emprego é uma prática bastante co-mum entre executivos profi ssionais. Mas, defi niti-vamente, essa vida cigana não combina com o eco-nomista Bernard Isnard Bogossian, 48 anos, quase metade deles como profi ssional da Craft Engenharia, empresa carioca especializada em serviços de infraes-trutura para a construção civil. Comodismo? Falta de convite? Não, aliás, a situação é exatamente inversa. O executivo já foi assediado por outras companhias, mas não larga a rotina “desafi adora” proporcionada pela Craft, onde ocupa desde 2001 o cargo de geren-te-geral comercial, equivalente a diretor comercial.

Bogossian conseguiu algo raro no meio executivo: atuar na empresa como um verdadeiro dono, tendo ampla liberdade para decidir. “O proprietário da Craft nos chama de sócios e, realmente, nos sentimos meio donos mesmo. Existe uma equipe que tem poder de decisão absoluto na sua unidade de gestão, o que nos faz pequenos empresários dentro da empreiteira”, afi r-ma o executivo. Segundo ele, o vínculo com a empresa é muito grande, tanto que diversos colegas gerentes já tiveram oportunidade de atuar em outras companhias – “incluindo convites bem relevantes”, afi rma Bogos-sian. “Mas não é tarefa fácil sair daqui. Me sinto um pouco pai, fi lho e espírito santo”, brinca.

O executivo chegou à Craft em 1987 para assumir a função de assistente comercial. Tinha apenas 27 anos e uma experiência profi ssional de pouco mais de cinco anos, com destaque para a atuação na área de logística e operação do grupo varejista Casas da Banha. Bogos-sian conta que ainda na faculdade de Economia – na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro – começou a enveredar para a área de operação industrial. Curio-

so, sempre se interessou muito por assuntos ligados a máquinas e equipamentos produzidos para a indústria. Outra característica marcante, já naquela época, era a habilidade em lidar com pessoas e negociar.

Com esse perfi l, Bogossian se ajustou à Craft como uma luva. Convidado a assumir o cargo de assistente comercial, o executivo tinha como fun-ção prospectar e captar novos clientes. Com o or-çamento na mão, seguia para a etapa de negociação dos contratos. Em resumo, seu ofício era vender os serviços oferecidos pela empresa. Para que tivesse sucesso, tinha que conhecer muito bem toda a fro-ta de equipamentos da Craft, como escavadeiras e tratores. Na época, a empresa tinha uma década de vida e atuava basicamente como subcontratada de grandes construtoras. Entre os serviços prestados, locação de máquinas e execução de obras de terra-planagem e demolição.

Em pouco tempo, Bogossian percebeu que era preciso superar as expectativas dos clientes. E para isso a Craft tinha que reformular sua operação, dei-xando de ser uma mera locadora de equipamentos para se transformar numa empresa de engenharia capaz de atender o cliente sem intermediários. O primeiro passo para que isso acontecesse foi in-vestir em mão-de-obra especializada e também em equipamentos modernos. “Nossa proposta era não depender de terceiros para cumprir nossas missões, em geral, muito apertadas, ou seja, com prazos exí-guos”, afi rma Bogossian.

A estratégia não poderia ter sido mais acertada. Hoje, a Craft se consolidou como uma empresa ágil e reconhecida pelo mercado como ideal para exe-cutar obras em que a rapidez é um fator essencial no processo. Shopping centers e hipermercados são bons exemplos porque enquanto não abrem as por-

iadora

CEZAR ALVES

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Idade: 48 anosLocal de nascimento: Rio de Janeiro (RJ)Formação: Graduado em Economia pela Universidade Gama FilhoEmpresa: Craft EngenhariaAno de fundação: 1977Cidade-sede: Rio de JaneiroNúmero de funcionários: 540 www.craftengenharia.com.br

Bernard Isnard Bogossian

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P E R F I L

196019791983

1987

2001

Nascimento no Rio de Janeiro (RJ)Admissão na Casas da BanhaConclusão do curso de Economia na Universidade Gama FilhoAdmissão na Craft Engenharia como assistente comercialPromovido a gerente-geral comercial da Craft

LINHA

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Bernard BogossianCraft

tas estão deixando de faturar. A Craft assumiu a obra de infraestrutura de vários desses empre-endimentos, principalmente no Rio de Janeiro, cidade-sede da empresa, mostrando sua capaci-

dade de executar obras de grande porte sob pressão. Nos outros estados do Brasil, atua

sem fi liais. Equipes e máquinas são deslo-cadas temporiariamente da capital carioca para executar os serviços.

O curioso é que a decisão de con-centrar na empresa todos os serviços foi tomada numa época em que a tendência

no Brasil era terceirizar ao máximo as ati-vidades. “Realmente estávamos na contra-

mão do mercado, mas entendíamos que cada ferramenta que precisávamos contratar era um foco de preocupação no atendimento ao cliente, tanto na questão da qualidade quan-to na velocidade da obra”, conta Bogossian. O temor da Craft, segundo o executivo, era não cumprir as metas e comprometer a imagem junto ao cliente. Seguindo essa

premissa, a empresa adquiriu em 1988 sua primeira usina de asfalto, inaugurando a divi-

são de pavimentação. Paralelamente, renovou sua frota de máquinas.

Assertivo

O cuidado com a inovação contínua come-çou na mesma época. A Craft não queria ser apenas efi ciente, mas também a mais assertiva possível. Para buscar soluções tecnológicas ino-vadoras, que pudessem trazer mais qualidade aos serviços prestados, passou a enviar comiti-vas técnicas a feiras na Europa. Hoje, a empresa também mantém um convênio com o Instituto

Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universida-

de Federal do Rio de Janeiro (Cop pe/UFRJ). “Eles usam nossos laboratórios e

nós adquirimos parte dos resultados dos testes realizados”, explica Bogossian.

A política de inovação constante faz da Craft uma pioneira na utilização de vários equipamen-tos. Em 1996, a empresa foi a primeira a trazer equipamentos de grande porte para demolição mecanizada, usada até então só em alguns países desenvolvidos. Da Áustria, a Craft importou um equipamento que recicla, na própria obra, resí-duos sólidos da construção civil, principalmente material de demolição. As vantagens do maqui-nário são inúmeras, a começar pela redução do passivo ambiental. O material processado pode ser usado, por exemplo, na execução de aterros

ou como sub-base para pavimentação, o que também dispensa a compra de itens como pedra britada, saibro ou areia. Por último, ainda reduz o tráfego de caminhões com entulhos.

Bogossian foi um dos protagonistas de toda essa transformação da Craft. Quando foi contratado, a empresa tinha 50 funcionários, hoje são mais de 500. Para o diretor-geral e proprietário da emprei-teira, Sérgio Guedes, o executivo foi mesmo uma peça fundamental. “Uma empresa de engenharia precisa, principalmente, de uma boa equipe, ideias e modernos equipamentos. Mas, para que haja harmonia no uso destes recursos, é fundamental contar com pessoas capazes de agregar e incentivar esta equipe a cada dia. O Bernard é destas pessoas apaixonadas pelo que faz e, por isso mesmo, tudo o que faz, faz com muita paixão, contaminando to-dos que com ele convivem”, afi rma Guedes. Para o empresário, Bogossian representa o espírito da política de qualidade da Craft, focada na supera-ção das expectativas dos clientes.

Mas essa capacidade de entusiasmar equipes foi apenas um dos fatores que levou Bogossian ao cargo de gerente comercial da empreiteira em 2001. O executivo é daqueles que procura conhecer e se envolver com todos os assuntos da empresa. Em consequência disso, acaba par-ticipando de todas as decisões estratégicas da Craft. Ele mesmo se defi ne como wum profi ssio-nal ‘multidisciplinar’, que tem ‘mania de se in-trometer em todos os assuntos’. “Eu gosto de ter uma visão geral muito consistente da empresa porque assim faço o meu trabalho muito melhor. Em função disso vou vender o que é possível vender e entregar”, diz Bogossian.

A rotina de trabalho do executivo tem hora para começar – por volta das 8h –, mas não para terminar. Às vezes, a jornada não passa de nove horas por dia, mas há épocas em que chega tranquilamente a 16 horas. “Nesses períodos, a gente volta para casa, briga com o cachorro, mas no fi m dá tudo certo. Eu gosto de trabalhar sob pressão, isso não me assusta, normalmente sou bem-humorado”, garante Bogossian. Sobre no-vos desafi os, ele é enfático: “Não tenho fi ssura de querer trilhar outros campos porque aqui na Craft ainda é muito desafi ador. É um trabalho novo todo dia, não tem uma obra nem um clien-te igual a outro”.

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Bernard Bogossian: (21) 3535-9900

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Pequenos empresários acreditam que 2009 será melhor que 2008

P E Q U E N A S N O T Á V E I S

Agência Sebrae de Notícias

Mesmo dentro de um contexto global de incertezas financeiras, os negócios da empresária Ana Lúcia de Cirqueira Silva estão cada vez melhores. No mês passa-do, a proprietária de uma empresa de ar-condicionado sentiu melhora nas vendas e contratou dois novos funcionários. Ela e o sócio, o marido Elielton Barros da Silva, ainda planejam investir mais na empresa e até comprar novos equipamentos.

O casal faz parte de uma boa porcenta-gem de micro e pequenos empresários bra-sileiros, segmento responsável por 99% do total de empresas do País, que está otimista com relação ao desempenho da economia

em 2009. De acordo com a sondagem Ponto de Vista dos Pequenos Negócios, divulgada pelo Sebrae, 62% dos empresários entrevis-tados esperam vender e faturar mais, 56% pretendem manter o quadro de funcionários e 35% afi rmam querer aumentar as contrata-ções com carteira assinada.

A sondagem revela que 68% dos micro e pequenos empresários acreditam que ha-verá aumento do número de clientes e que 49% devem aumentar o investimento no próprio negócio. Desta forma, grande parte dos entrevistados avalia que suas atividades empresariais serão boas (57%) ou muito boas (22%). Apenas 9% acreditam que 2009 será um ano ruim ou muito ruim – 8% e 1%, respectivamente.

O otimismo apurado pela sondagem, re-alizada em março, coincide com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempre-gados (Caged) de fevereiro, divulgados pelo Ministério do Trabalho. De acordo com o mi-nistério, as microempresas foram as principais responsáveis pela manutenção dos empregos formais em fevereiro deste ano. Aquelas com até quatro empregados geraram aproximada-mente 82 mil postos de trabalho em todos os oito setores de atividade econômica; as peque-nas extinguiram 16.935 postos, e as médias e grandes demitiram 44.905 funcionários.

Os dados obtidos pelo Sebrae também revelam que, ao contrário do que ocorreu com as grandes empresas, a crise fi nanceira internacional não afetou, de forma relevan-

Sondagem do Sebrae revela a percepção de empresários brasileiros sobre seus negócios no último quadrimestre de 2008 e as perspectivas para 2009

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te, a dinâmica do mercado de trabalho nas micro e pequenas empresas brasileiras no último quadrimestre de 2008. Os números mostram que 69% dos empresários entre-vistados não demitiram funcionários, contra

MÁRCIA GOUTHIER/ASN

EXPECTATIVA

Perspectivas de micro e pequenos empresários para os negócios em 2009 Boas ....................................... 57% Muito boas ...............................22% Indiferente ............................... 11% Ruins .........................................8% Muito ruins ............................... 1%

11%

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8%1%

31% que confi rmaram ter reduzido a mão-de-obra no período analisado.

Apesar de terem optado por manter seus quadros de trabalho, as micro e pequenas em-presas sofreram algum impacto com a crise. Para 55% dessas empresas, houve redução do número de clientes e, consequentemente, do número de vendas e do faturamento.

Questionados a respeito das estratégias que poderão contribuir para o desenvolvi-mento dos seus negócios, tendo em vista o atual cenário econômico, 23,3% afi rmaram que a ampliação do negócio é o tema-chave para 2009. Em segundo lugar, o marketing foi apontado por 21,2% dos entrevistados, enquanto a busca por novos mercados foi o terceiro tema mais votado, com 16,3%.

O item inovação, considerado funda-mental para que haja novos ciclos de dina-mismo empresarial, atingiu apenas o quarto lugar, com 14,2%. Esse último dado mostra que muitos empresários ainda não assimila-ram a importância da inovação. Esse dado também é confirmado pela Global Entre-preneurship Monitor (GEM) 2008, pesqui-sa divulgada recentemente pelo Sebrae. A GEM avaliou que o Brasil possui uma das mais baixas taxas de lançamento de produ-tos novos (desconhecidos para o consumi-dor) e de uso de tecnologias disponíveis há menos de um ano no mercado.

Crédito

No último quadrimestre de 2008, embo-ra 63% dos empresários tenham respondido que foram afetados pela crise, 65% afirma-ram que não houve necessidade de tomar dinheiro emprestado aos bancos.

Uma parcela dos empresários acredita que os juros do sistema fi nanceiro fi carão mais baixos em 2009 (35% acham que os juros vão diminuir; 34% que não haverá alteração e 31% que os juros vão aumentar), porém a maioria não deve recorrer a novos empréstimos.

Quando perguntados sobre qual a pers-pectiva do grau de endividamento para este ano, 33% responderam que as dívidas deverão diminuir, 53% afirmaram que o índice não deve sofrer alteração e apenas 14% acreditam que aumentarão o grau de endividamento.

Metodologia

Para a composição da sondagem, foram entrevistados 2.937 empresários dos seto-res da indústria, agronegócios, comércio e serviços, distribuídos nos 26 estados do País e no Distrito Federal. As entrevistas foram realizadas no período de 3 a 13 de março pelas Centrais de Relacionamento do Sebrae nos estados.

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Conciliando experiência e intuição, o aprendiz de florista na infância tornou-se um dos pioneiros no Brasil a vender flores pela internet

arranjosA V O Z D A E X P E R I Ê N C I A

por Diogo [email protected]

O empresário paulista Clóvis Souza, di-retor-geral da Giuliana Flores, cresceu respi-rando o perfume das rosas. De seus 38 anos, quase três décadas foram dedicadas ao ofício de florista. Como os pais trabalhavam e a fa-mília era humilde (o pai era enfermeiro e a mãe vendia leite fermentado na rua), Souza, então com 10 anos, não teria com quem ficar depois que chegasse do colégio. Preocupa-da com o que poderia acontecer se o filho passasse todas as tardes sozinho e ocioso, a mãe resolveu oferecer a ajuda do menino à floricultura que funcionava no térreo do so-brado onde a família morava. O que ela não imaginava era que daquela iniciativa germi-naria uma empresa que hoje é responsável pela renda de toda a família.

Na loja, Souza passou a ajudar na fl oricul-tura em trabalhos leves, como raspar rosas, tirar pétalas secas, trocar água dos vasos e aramar – essa última, uma tarefa necessária naqueles anos, quando o caule das rosas não era tão resistente quanto o das fl ores de hoje. Em períodos de grande movimento, como Fi-nados e Dia das Mães, ele ajudava a vender as rosas (na época, principal produto das fl o-

riculturas) fora do estabelecimento. Com o ordenado que recebia, cerca de meio salário mínimo, Souza podia ajudar com as contas da casa e reservava uma parte do dinheiro. A maior riqueza, no entanto, foi o fato de se tor-nar um aprendiz de fl orista. Com dois anos de casa, ele já sabia montar arranjos com fl ores. “Na época, era difícil ter mão-de-obra específi -ca e qualifi cada. Hoje, é muito mais fácil, todo mundo é fl orista”, conta.

Sua experiência influenciou em sua opi-nião sobre incentivar os jovens a buscarem a aprendizagem profissional – o que é di-ferente da exploração do trabalho infantil. “Acho importante aprender uma profissão. Se vai segui-la ou não, é outra conversa. Caso eu não tivesse começado cedo, hoje eu não teria essa naturalidade em lidar com flores”, opina. Clóvis Souza, que é o mais velho dos três irmãos, conta que em sua família todos os filhos foram incentivados a trabalhar des-de pequenos. “Entre nós, o mais ‘folgado’ começou com 14 anos”, brinca.

Foram quase dez anos de empregado, seis só na primeira floricultura, até decidir abrir seu próprio negócio, em 1990. Mas até o dia em que foi ajudar um amigo a alugar uma casa, a ideia não lhe havia ocorrido. “Fui com ele colocar uma placa de ‘aluga-se’ e vi

Mestre dos

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Nascimento: 1970, em São Paulo Formação: Ensino médio Empresa: Giuliana Flores Ramo de atuação: Venda de flores e presentes Cidade-sede: São Caetano do Sul (SP)

Clóvis Souza

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um monte de carros passando. Pensei: ‘Aqui dá um bom local para uma loja’. Foi em um estalo, nada premeditado”, relembra Souza. O florista quis arriscar. Juntou as economias que guardara nos anos anteriores e vendeu a Variant ano 1972 que possuía para con-seguir montar a loja. Para economizar, ele mesmo fez a reforma do local. E com medo de não conseguir pagar o aluguel do espa-ço, continuou como empregado por alguns meses, o que o obrigava a tocar seu projeto pessoal em apenas um período do dia.

Os primeiros anos, como os da maioria dos novos empresários, foram de desa-fios. “O começo é hora de aprender com o próprio negócio, pois não se tem base nenhuma. Ainda não tinha conhecimento sobre como é ser patrão”, diz. “Eu queria fazer tudo: montar o arranjo, fazer a ven-

da e entregar. Com o tempo, aprendi que a gente tem que ser um time e não dá para fazer tudo sozinho. Descobri que poderia vender mais com um motorista entregando para mim e um funcionário montando um arranjo, enquanto eu corria atrás de mais clientes”, explica. E, de repente, o negócio começava a ganhar proporções maiores do que ele esperava. “Eu só pensava em ter uma lojinha para mim. Não uma empresa com o tamanho que hoje temos.”

Lugar ao sol

Receita para crescer? Regar o negócio todo dia e colocá-lo na incidência direta de luz sempre que possível. Souza tinha montado sua loja entre outras floriculturas, que tinham mais de 10 anos de ponto. Por

isso ele tratou de se diferenciar para atrair a atenção dos clientes e fazer com que a loja conseguisse seu lugar ao sol. “Eu ia sempre a Embu das Artes (a 35 quilômetros da capi-tal) e tentava buscar coisas diferentes, algo que não fosse apenas rosa”, conta. Clóvis Souza também caprichou na decoração. Ele instalou um painel chamativo e deu novos ares ao estabelecimento, usando elementos como capim barba-de-bode, cipós (que iam do teto até o chão) e calçada de pedra. “Hoje é muito normal e até cafona. Mas, na época, as lojas eram diferentes. As que existiam lá tinham história, mas estavam acomodadas. Assim como elas, ainda hoje vemos outras floriculturas com fachadas horríveis, luz queimada. Daí fica difícil vender!”

Nesses anos, ele aprendeu que, assim como as flores, os clientes precisam ser bem

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sempre é preciso dominar o assunto e amar o que se faz, independente do ramo.

Em seis anos, Souza conseguiu abrir mais duas lojas. “Eu tinha o sonho de ter 10 lojas físicas porque considerava que sabia administrar e comprar para 10 lojas. Que-ria dominar a cidade de São Caetano do Sul (onde ficam as lojas). Se fosse falar sobre flor, eu queria que falasse o nome da minha empresa.” Mas seus planos mudaram quan-do descobriu que poderia ganhar dinheiro com um novo canal, a internet – estratégia semelhante à venda por telefone a partir de catálogo, só que a um preço bem menor. “Pensar que alguém pode comprar enquan-to você está dormindo, na época, era uma coisa dos sonhos”, diz.

Entrar no mercado on-line, em 2000, não foi muito diferente da criação da pri-meira loja física. De cara, descobriu que construir um site próprio, nos moldes que imaginava, gastaria 20 vezes mais do que estava disposto a pagar. Dessa vez, Souza teve que se contentar em usufruir dos ser-viços de hospedagem de sites, que já ofe-recem design e sistema próprio, mas que são muito engessados. “No começo, todo mundo acha que é só colocar um site no ar e começar a vender. Só depois descobre que existe uma série de outros processos por trás.” Para ele, o segredo de ter sucesso na internet é justamente começar pequeno – “a não ser que tenha muito dinheiro para investir em uma equipe”, pondera.

Com o crescimento do comércio on-line (em três anos já representava metade do faturamento da empresa), Souza tam-bém era obrigado a dividir sua atenção en-tre os dois meios – já que, como percebe-ra, é possível ganhar dinheiro na internet enquanto se dorme, mas não dormir o dia todo. E cada vez mais ele perdia o contato pessoal com os clientes fiéis, que prezavam pela atenção personalizada. Para resolver o problema, Souza resolveu separar as ações: passou para a irmã a gerência das lojas fí-sicas e ele se concentrou no comércio on-line, já que mais uma loja havia sido criada: a Cestas Michele.

Focado, Souza intensificou suas ações de marketing , área que vinha lhe interessando há tempos. Além de promoções semelhan-tes às oferecidas nas lojas físicas, passou a buscar diferentes formas de divulgação. Tentou mídias como painéis e adesivos em

LINHA DIRETA

Clóvis Souza: (11) 3383-1703

BÚSSOLA EM PRE SARI AL

O Q U E N Ã O FA Z E RPermanecer na zona de confortoAcumular para si funções que possam ser divididas Desvalorizar sua equipe de trabalho

O Q U E FA Z E RSer apaixonado pelo que fazTer sempre o cliente e a sua satisfação como foco principalPersistir. Unir o esforço e o talento

tratados. “Sempre gostei de promoções do tipo ‘compre e ganhe’. Se o cliente compra-va um buquê de 12 flores, eu colocava mais três de brinde. Em outros casos, dava frete grátis ou desconto”, detalha. “Para mim, se o cliente entrou na loja, é preciso conven-cê-lo a comprar, nem que seja um produto de R$ 1.” Disposto a atrair e receber bem os clientes, Souza reunia forças para trabalhar de domingo a domingo, o que não chega-va a ser tão ruim para alguém que se diz apaixonado pelo que faz. “Gosto de pegar o produto bruto e transformá-lo em arranjo ou em decoração. É uma arte, como pintar uma tela. Tanto que hoje o antigo florista é chamado de ‘artista floral’”, confessa o em-preendedor, que também se diz realizado quando vê seus caminhões saindo cheios de produtos. Para ele, para se ter sucesso,

carros, mas o comércio on-line floresceu mesmo depois de conseguir uma parceria com um banco privado, que permitiu que a empresa colocasse encarte com os produtos em todas as faturas do cartão enviadas por correio, sem nenhum custo. “Fiquei muito feliz, pois mais de 1 milhão de pessoas ve-riam minha marca. Como eu era pequeno, vi que, para crescer, tinha que me associar a uma marca grande”, relembra. Depois do primeiro acordo, o empresário resolveu apostar em ações de interesse mútuo entre empresas: elas divulgavam a Giuliana Flores e os clientes dessas empresas ganhavam be-nefícios como desconto ou brindes. A par-tir do momento que conseguiu a primeira, podia chegar a outro lugar e dizer que já tinha feito parceria com um grande banco e com isso outras também passavam a acre-ditar em nós. Foi o que mais nos ajudou a crescer”, garante o empreendedor. Hoje já são cerca de 400 parcerias.

A empresa possui três lojas físicas e mais três virtuais – além da Giuliana Flores e da Cestas Michele, que cresceram 42% e 102% no ano passado, respectivamente, há quatro anos foi criada a Nova Flores (cres-cimento de 173%), site focado no mercado da classe C, que nos últimos anos aumen-tou seu acesso à internet. Somados todos os negócios, são processados em média 14 mil pedidos por mês, com tíquete médio de R$ 94, segundo informa o diretor da empresa. Os números dão uma noção do faturamento da Giuliana Flores, cujo núme-ro exato ele não divulga. Para dar conta de tanto trabalho, a empresa conta com 82 co-laboradores, mais os familiares que também trabalham no grupo.

Apesar de ainda estar na flor da idade, Clóvis Souza afirma que se parasse de traba-lhar hoje, ainda assim se consideraria reali-zado, pois sua empresa é uma das principais no comércio on-line de flores e presentes no País. Mas outra conquista também satis-fez o empresário: a casa que Souza conse-guiu comprar para a mãe há 15 anos. Uma homenagem a quem, desde cedo, preparou um terreno fértil para o desenvolvimento de um empreendedor.

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Smartphones e PDAs funcionam como computadores de mesa, com a vantagem da mobilidade e outras possibilidades de uso

ESCRITÓRIODE BOLSO

por Diogo [email protected]

Eles são quadradões e este ano completam uma dé-cada de história. Mas, ainda hoje, são os melhores ami-gos dos executivos modernos – e, claro, de seus negó-cios. Falamos dos smartphones e PDAs, que possibilitam levar o escritório no bolso, acessando ou produzindo documentos como em um desktop. Um alívio para quem não quer (ou não pode) ficar o tempo todo em sua mesa, e um terror para quem tenta se desligar do trabalho nas horas de folga.

Se antes os Assistentes Pessoais Digitais (nome cujas iniciais em inglês formam a sigla PDA) podiam ser facil-mente diferenciados dos smartphones pelo fato de não fazerem ligações, hoje essa categorização se mistura, haja vista a existência de modelos de PDA com celular integra-do. E, embora novos recursos sejam lançados toda semana, as funções básicas já podem ser bastante úteis: podem ser usadas para gerenciar informações pessoais – como agen-da de contatos, gerador de tarefas a fazer, armazenador de compromissos, etc. – e para produzir ou visualizar arquivos de texto, planilhas e apresentações, através de versões adap-tadas de tradicionais aplicativos de escritório.

Os PDAs, também chamados de Handhelds, ainda aceitam a instalação de softwares complementares, adquiridos à parte pelos usuários. E nesse caso há uma infinidade de aplicações. Uma delas é o uso de PDAs como comanda digital em restau-rantes e lanchonetes. Funciona assim: utilizando um software próprio e uma rede interna, os garçons anotam os pedidos nos PDAs, que são enviados via rede local wi-fi para a cozinha, agili-zando o atendimento. Com o sistema Enjoy Delivery, a empresa MASS.COM foi além: a cada pedido, não apenas a cozinha, mas o próprio proprietário do estabelecimento pode acompanhar,

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a distância, utilizando um celular ou smart-phone, a situação do negócio. “Acessando o sistema, via internet, ele pode saber a movi-mentação em tempo real e saber o que está acontecendo em relação a estoque. É como se estivesse de olho em todo o negócio, mesmo sem estar lá”, explica Marco Aurélio Santos de Souza, CEO da empresa.

Utilizando o mesmo princípio, a MGI comercializa uma solução de retaguarda voltada para o mercado hoteleiro utilizan-do PDAs: o sistema “Camareira Eletrônica”. O aplicativo automatiza preenchimento de formulários de governança, como os usados para informar a conclusão da limpeza em um quarto e registro do consumo do frigobar, ou ainda sobre as preferências de um hóspede. O aplicativo também está apto a trabalhar in-tegrado ao sistema de gestão do hotel.

Já os smartphones, além das funções dos PDAs, também fazem ligações. Mas realizar chamadas quase não será necessá-rio. Assinando um pacote de transmissão de dados, o usuário terá acesso à internet e todas as suas possibilidades. Apesar dis-so, não é difícil encontrar quem utilize seu smartphone apenas para receber e enviar

e-mails e desconheça a potencialidade do aparelho. Com o objetivo de aumentar as possibilidades do uso dos smartphones, a Navita, empresa especializada em soluções móveis, desenvolveu um sistema que leva para os terminais inteligentes algumas ta-refas usuais em computadores. “O mundo hoje é muito dinâmico. Os diretores pas-sam o tempo inteiro fora de suas mesas, ou fazendo reunião ou fora da empresas. Por isso, o mercado corporativo hoje de-manda mobilidade”, avalia Roberto Dariva, diretor-executivo da Navita. O Sistema Na-vita Mobile possui módulos de workflow

(fluxo de trabalho) de aprovação de via-gem, de crédito, de compra, entre outros. Em todos os casos, o princípio é o mesmo: conectar-se ao sistema de fluxo de trabalho já existente na empresa e disponibilizar a funcionalidade dos aplicativos originais na plataforma BlackBerry. “Há empresas que pagavam uma fortuna em passagens, pois a aprovação de viagens era demorada e sem-pre acontecia em cima da hora, quando os bilhetes são mais caros”, conta Dariva.

Conectados remotamente ao sistema da empresa, os smartphones se transformam em um assistente de vendas. “Eles são muito usados quando a empresa tem uma equi-pe de campo que precisa checar a base de dados para conferir disponibilidade de pro-dutos, preços e já encaminhar pedidos”, diz Ari Boehme, superintendente regional da TIM Sul. Com uma impressora conectada via bluetooth ainda é possível imprimir contra-tos na mesma hora que se fecha um acordo.

Como ressalta Boehme, muitos dos sis-temas de gestão (ERP) utilizados hoje nas empresas já possuem versões móveis, o que facilita a integração entre as duas platafor-mas. Mas como os smartphones são mini-

“Acessando o sistema, é possível saber a movimentação em tempo real. É como se estivesse de olho em todo o negócio, mesmo sem estar lá”

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por R$ 99, mediante contratação de plano de telefonia de 120 minutos, enquanto o usuário recebe o HTC Touch ou o Samsung i617 na contratação de um plano de 250 minutos mais pacote ilimitado de dados. Apesar dos preços, acredite: com um smart-phone no bolso, você nem vai se importar em esvaziá-lo.

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LINHA DIRETA

Marco de Souza (MASS.COM): (47) 3001-5599Roberto Dariva (Navita): (11) 3045-6373 TIM (atendimento corporativo): *144

computadores, também há problemas de compatibilidade entre os sistemas opera-cionais usados em cada aparelho. Por isso, deve-se levar em conta qual o aplicativo uti-lizado pela empresa na hora de escolher o telefone mais adequado. Em casos de apli-cativos que rodam via internet e se adaptam ao formato de tela dos smartphones, não há problemas de compatibilidade. Para usos pessoais, ainda existem diversos aplicativos que são vendidos em sites especializados, divididos de acordo com o fabricante.

Entre os homens de negócio, os smart-phones com maior tradição são os modelos BlackBerry, fabricados pela Research in Mo-tion (RIM). Além de terem sido os pionei-ros (chegaram ao Brasil em 2004), os Black-Berries se destacam pela segurança e pela usabilidade do teclado (que contém todo o alfabeto, o que facilita a comunicação via texto). “Toda comunicação via BlackBerry é criptografada, ao contrário dos outros smartphones. Isso dificulta o acesso de ha-ckers às informações da empresa”, explica Roberto Dariva, da Navita. Mas para que a segurança seja completa, é indicado que a empresa possua um servidor próprio de comunicação móvel, conhecido como BES (sigla para BlackBerry Enterpriser Server). Ele será o responsável por garantir a segu-rança dos dados trafegados pelos colabo-radores da empresa, via e-mail, e também permite gerenciar as permissões de todos os smartphones que integram a rede, como acontece nas redes internas de desktops de algumas empresas (restringindo o uso de câmeras, por exemplo). Assim, é possível estender a segurança usada no ambiente corporativo ao espaço externo.

Para empresas menores, que não pos-suam servidores de e-mail próprios nem condições de implantar um BES, algumas operadoras de telefonia móvel oferecem serviço semelhante. “Usando um servidor da RIM, instalado dentro de nosso parque tecnológico, o usuário pode cadastrar seu e-mail e utilizá-lo normalmente”, explica Ari Boehme, da TIM. Os preços dos aparelhos fazem jus aos recursos disponíveis, mas as operadoras oferecem aparelhos a baixo cus-to ou mesmo de graça. Um aparelho Palm Centro, por exemplo, pode ser adquirido

Dariva: “Toda comunicação via BlackBerry é criptografada. Isso dificulta o acesso de hackers às informações da empresa”

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Nota fiscal eletrônica Duas empresas de tecnologia catarinenses

desenvolveram uma solução simples para as in-dústrias emitirem, receberem e transportarem notas fi scais eletrônicas. A DF-e Tecnologia de-senvolve softwares para EDI (troca de documen-tos) e a Diativa Informática insere nesse sistema os processos de documentos fi scais eletrônicos. O principal foco dessa parceria é atender empre-sas ligadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e ao Sindipe-ças (Sindicato Nacional da Indústria de Compo-nentes para Veículos Automotores). www.diativa.com.br/www.dfe.com.br

Solução para backup Pequenas e médias empresas podem armazenar e proteger me-

lhor suas informações com o HP StorageWorks RDX lançado pela HP. Baseado em disco removível, ele permite o armazenamento das informações em tempo real. Há três versões em 160 GB, 320 GB e 500 GB. Os cartuchos são pequenos, leves, resistentes e fáceis de transportar. O RDX faz sincronização automática e contínua dos dados e não necessita de intervenção manual. O produto chega às revendas autorizadas ao preço de R$ 750. www.hp.com.br

Data centersimplificado

Um novo software simplifi ca gerenciamento de data centers virtualizados, o que ajuda os clien-tes a aumentar a efi ciência de TI. O programa EMC Smarts Server Manager aumenta a visibilidade, o controle e a conformidade das operações em ambientes com infraestrutura mista. www.emc2.com.br/0800 55 3622

Software para segurançaViolações na segurança dos dados de uma empresa podem ser resolvidos com

treinamento de funcionários. O Symantec Security Awareness Program é um pro-grama de treinamento projetado para ajudar as organizações a conscientizarem seus colaborado-res sobre os riscos das operações on-line. O programa pode ser cus-tomizado para atender qualquer público, independentemente do cargo, responsabilidade, indústria ou localização geográfi ca. www.symantec.com

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Documentos em ordemRH integradoEmpresas com até 50 funcionários podem

otimizar os processos de folha de pagamento e gestão dos recursos humanos com a informati-zação dos processos. A Sispro, empresa de soft-ware e serviços de TI, disponibiliza o software Sispro Rh na modalidade ASP (Application Ser-ver Provider). Com o sistema é possível ter a gestão integrada do ponto eletrônico, quadro funcional, cargos e salários, recrutamento e se-leção. Uma de suas principais características é a redução do tempo e dos custos. “Empresas de menor porte têm a possibilidade de utilizar o Sispro Rh com um projeto adequado ao ta-manho da empresa, possibilitando signifi cativa melhoria na gestão dos processos internos com um custo compatível com o seu orçamento”, afi rma Pedro Cesar de Melo, gestor do produto RH da Sispro. www.sispro.com.br

Sugestão de funcionários O software Zest, criado pela RioPro Informá-

tica, promete inovar o conceito de comunicação entre as empresas e seus funcionários. É uma ferramenta de comunicação virtual que permite

a troca de ideias entre os mais diversos públicos de uma companhia sobre seus produtos e servi-ços. “Com alguns cliques é possível ter um fórum interativo. Ouvir a opinião dos clientes e empre-

gados é fundamental para apontar erros e sugerir soluções para um determinado produto ou servi-ço”, explica Otávio Sampaio, gerente de projetos da RioPro Informática. www.zest.com.br

A WK Sistemas lança software para o arquivamento e controle de documentos digitais e físicos através de catalogação e armazenamento. O Radar GED (Geren-ciamento Eletrônico de Documentos) permite a consulta e o cadastro de do-cumentos na web, gerando economia

de tempo e ganho de produtividade nos processos de verificação, produção e envio de cópias. O Radar GED impede o acesso indevido aos documentos por fora do sistema e realiza o controle de versões dos documentos alterados.www.wk.com.br

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Negócio

Abrir uma unidade franqueada é uma boa opção para profissionais recém-formados na área da saúde

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por Diogo [email protected]

Desde a fundação da primeira faculdade do Brasil, em 1808, na Bahia, que se con-sidera a saúde uma área rentável – prova disso é que o primeiro curso foi justamente o de Medicina. No ramo de franchising, o valor do serviço combinado à eficiência ad-ministrativa tem ajudado a consolidar essa percepção. De acordo com dados da Asso-ciação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de Saúde, Beleza, Esporte e Lazer faturou R$ 8,4 bilhões em 2008, crescimen-to de 25,8% sobre o ano anterior.

Para quem ainda está começando a car-reira e está interessado em abrir seu con-sultório, mas teme não conseguir clientes, tornar-se um franqueado pode ser a pres-crição mais adequada. “A vantagem é que esse profissional atuará em uma clínica com renome e pode utilizar o suporte oferecido pela rede. Com isso, eles ficam mais segu-ros em abrir seu próprio negócio”, afirma Márcia Rosely Mira, gerente de franquias da Odontoclinic. Em busca de profissionais

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com esse perfil, a rede deve divulgar seus atrativos entre alunos do último semes-tre de graduação em Odontologia a partir deste ano. Para os recém-formados que se interessarem, é importante ter algumas economias guardadas: o custo mínimo de instalação é de R$ 150 mil. Mas em muitas franquias, incluindo a Odontoclinic, não é preciso ter formação na área de saúde para se tornar um franqueado.

A formatação oferecida pelas franquias evita que os empreendedores da saúde co-metam erros administrativos e comprome-tam a rentabilidade do negócio. Márcia Mira cita que um agendamento efi ciente, por exemplo, pode ajudar a reduzir os custos operacionais. “Às vezes há um paciente às 8h e outro para as 10h. E esse horário vago precisará ser pago para o dentista. São deta-lhes como esse que, somados no fi m do mês, fazem diferença”, explica. Nessa linha, o for-mato adotado pelas unidades utiliza os servi-ços de profi ssionais de nove especialidades odontológicas, concentrando os procedi-mentos em um só local. Isso agiliza os trata-mentos, já que os pacientes não precisam se deslocar. Com o aporte de uma administra-ção bem preparada, o profi ssional pode se concentrar em atender bem o cliente.

Trabalhando como autônomos e indi-vidualmente, os profissionais da saúde na

maioria das vezes têm como única opção divulgar seu trabalho através da indicação de outros pacientes. No caso da franquia, as ações para atrair clientes ganham maior for-ça. Na Sorridents Clínicas Odontológicas, por exemplo, as ações de marketing e pro-paganda reforçam a qualidade, diversidade e acessibilidade dos tratamentos oferecidos pelas unidades da rede. “Nossas campanhas obedecem às regras do Procon e código de ética da Odontologia, que impõe diversas restrições à área de saúde”, garante o di-retor de franchising Cléber Soares. “Como franqueado, o investidor terá acesso à pro-paganda cooperativada em nível regional e nacional, com materiais de propaganda de alto nível”, diz. Para divulgar a marca, a fran-quia cobra taxa equivalente a 2% do fatura-mento bruto da unidade.

Outra vantagem comparativa, de acordo com Soares, é o poder de barganha que as franquias possibilitam na aquisição de mate-riais, já que o volume é maior (no caso em que os franqueados compram conjuntamen-te). Só a Sorridents possui 90 clínicas e es-pera inaugurar mais 54 ainda este ano. Além disso, a reunião das informações e experiên-cias de todas as unidades gera uma amplitu-de de conhecimentos que o empreendedor independente difi cilmente teria acesso.

Quando o assunto é estética e emagre-

cimento, sempre há alguém que conheça um novo tratamento e outra pessoa que conteste sua eficácia. Por isso, certificar-se sobre os efeitos de um método pode ser a receita para a satisfação dos clientes e um boca-a-boca bem-sucedido. Como nem to-dos os profissionais têm qualificação para testar as novidades em técnicas e produtos, utilizar a estrutura de um franqueador é a melhor alternativa. Uma das franquias que investe em pesquisas que certifiquem pro-dutos e procedimentos é a Emagrecentro, a maior rede de emagrecimento e estética do Brasil, composta por 84 unidades franquea-das e três próprias.

Princípios básicos

Segundo afi rma o cirurgião plástico Ed-son Ramuth, fundador da Emagrecentro, a franquia segue três princípios em relação aos tratamentos usados: eles não podem gerar riscos para o paciente ou para o pro-fi ssional que o executa, devem ser efi cazes e lucrativos. “Todos os nossos tratamentos são baseados em trabalhos científi cos. Antes de adotá-los, fazemos um estudo bibliográ-fi co sobre seus efeitos e fazemos testes em nossa unidade piloto para verifi car as infor-mações”, garante Ramuth. Do mesmo modo que garante a qualidade dos serviços, a certi-

Ramuth, fundador da Emagrecentro: certificação respalda os franqueados contra possíveis efeitos colaterais e problemas judiciais

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preços de materiais cirúrgicos. Como lem-bra Korn, essas são ações que os médicos, individualmente, não possuem expertise para fazer. O diretor, que é pós-graduado em administração hospitalar, informa que com esse trabalho um implante de silicone que custa no mercado, em média, R$ 10 mil, pode sair pela metade do valor. Já o pa-gamento pode ser parcelado em até 24 ve-zes, o que torna a operação atrativa mesmo para pessoas de menor poder aquisitivo. “Não são só os ricos que querem ficar bo-nitos, pois hoje buscar bem-estar virou uma necessidade, não apenas uma coisa fútil.” Acompanhando as atualizações da legisla-ção, que a partir de 2009 passou a autorizar a utilização da carta de crédito como forma de pagamento de cirurgias plásticas, Korn adianta que a franquia já estuda a adoção dessa nova modalidade de financiamento. É o que clientes precisam para manter a saú-de financeira em boas condições.

Korn, da AGS: “Temos os melhores cirurgiões plásticos do mundo, mas eles

não são treinados para serem

administradores”

F R A N Q U I A S

LINHA DIRETA

AGS: (11) 4508-6361Emagrecentro: (11) 5585-2700Odontoclinic: (11) 2181-3826 Sorridents: (11) 2076-5040

fi cação respalda os franqueados contra pos-síveis efeitos colaterais e problemas judiciais, que Ramuth afi rma nunca ter ocorrido em 22 anos de existência da franquia.

Recursos modernos

Junto com as novas técnicas de melho-ramento estético surge também a necessi-dade de saber aplicar corretamente os re-cursos mais modernos – a franquia também oferece treinamentos para os colaborado-res de cada unidade sobre todos os proce-dimentos realizados, com aulas teóricas e práticas. A qualificação se estende também aos profissionais da área administrativa dos franqueados. De acordo com Edson Ra-muth, outros diferenciais da rede são as ta-xas cobradas – não há nem de franquia nem de publicidade – e os custos de instalação a partir de R$ 30 mil. Para o executivo, o número de 150 mil clientes atendidos pode ser atribuído aos preços acessíveis que são praticados, voltados para público das clas-ses B e C. Com a alta procura, a franquia assegura lucratividade de 50% em média ( já descontadas taxas de royalties de 16,6%) e retorno entre seis e oito meses.

No mercado de saúde e estética, um segmento que o Brasil se destaca é o de ci-rurgias plásticas. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estima que em 2008

cerca de 630 mil intervenções foram reali-zadas no Brasil, sendo que mais da metade (53%) delas é de mama ou lipoaspirações. Atento a esse mercado, o Centro Nacional de Cirurgia Plástica (AGS) criou um sistema de franchising baseado em serviços de in-termediação entre pacientes e profissionais da saúde. Ou seja, realiza tarefas adminis-trativas, que muitas vezes acabam ficando a cargo do médico e de sua equipe. “No Brasil, temos os melhores cirurgiões plásti-cos do mundo, mas eles não são treinados para serem administradores”, justifica Ar-naldo Korn, diretor da AGS. Os escritórios da franquia (12 ao todo) atendem os inte-ressados nas cirurgias e os direcionam aos especialistas mais adequados. Após o diag-nóstico, a empresa passa a cuidar da parte legal e financeira do processo, como elabo-ração de contratos, orçamentos, aquisição de materiais (como prótese de silicone) e agendamentos hospitalares.

A formalização desses processos e o foco nos aspectos administrativos propi-ciam condições mais acessíveis aos interes-sados em cirurgias plásticas, de acordo com o diretor da AGS. Um exemplo do trabalho realizado pela rede é a busca de melhores condições de pagamento, que incluem acor-dos com instituições financeiras em busca de menores taxas de juros ou negociação com fornecedores para conseguir melhores

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F R A N Q U I A S

Serviço de entrega A rede Vivenda do Camarão inaugu-

rou a primeira unidade delivery. A loja, que está localizada na Vila Olímpia em São Paulo, trabalha somente com serviço de entrega em domicílio. A nova unidade é própria, mas há expectativas de fran-quear também esse tipo de negócio já a partir do segundo semestre. “Sentimos uma demanda muito forte por este tipo de produto, já que não existe no mercado nenhuma empresa de delivery que entre-gue pratos elaborados de frutos do mar”, comenta Rodrigo Perri, diretor da rede. www.vivendadocamarão.com.br

Coisas de homem A marca de underwear masculino U/W, es-

pecializada na confecção de cuecas, meias, pija-mas e camisetas, abre sua segunda loja em Ma-naus no Manauara Shopping. A U/W pertence à

Casa das Cuecas, empresa paulista que está no mercado há 40 anos. Atualmente, a U/W – Casa das Cuecas possui 26 lojas em funcionamento. A previsão é ter 40 lojas em operação nas princi-

pais cidades do Brasil até o fi nal de 2010. A rede pretende expandir seus investimentos em Salva-dor, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Belo Hori-zonte e Vitória. www.casadascuecas.com.br

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Lojas pequenas A Estação do Pão de Queijo,

franquia especializada em comércio de pães de queijo e biscoitos, quer expandir os negócios investindo em unidades pequenas com apro-ximadamente 60 metros quadra-dos. A rede que atualmente conta com 11 unidades prevê a abertura de lojas de rua pequenas e localiza-das em centros comerciais. www.estacaodopaodequeijo.com.br

Excelência profissional A Microlins, especializada em cursos profi ssiona-

lizantes, mantém pelo sexto ano consecutivo o selo de excelência da Associação Brasileira de Franchising (ABF) na categoria Master concedida às marcas com mais de 10 anos. Todos os franqueadores da rede avaliaram os aspectos éticos e técnicos do franchising as-sim como o compromisso da rede em seguir o Código de Autorregulamentação do se-tor. A rede oferece mais de 40 cursos desenvolvidos de acordo com as exigências do mercado. www.microlins.com.br

Rumo interior As duas unidades do Ragazzo inau-

guradas em São José do Rio Preto são as primeiras de uma série de novos restaurantes da rede no interior pau-lista. A Ragazzo fast-food, especializada em massas, saladas e lanches, acredita que o crescimento dos setores produ-tivos das cidades do interior dão ple-nas condições para que a rede seja um atraente negócio para franqueados. www.ragazzofastfood.com.br

O Yázigi Internexus, franquia de idiomas no Brasil, deve inaugurar 30 unidades até o fi m de 2009. A rede quer expandir os negócios em Vitó-ria e Porto Alegre. A capital capixaba é considerada um ponto estratégico para o Yázigi na Região Su-

deste. A expectativa é contar com cinco escolas na cidade até o fi nal do ano. Em Porto Alegre, a meta de crescimento é de 15%. O Yázigi conta com 10 unidades na capital e uma em Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre. www.yazigi.com.br

Expansão estratégicaPH

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Obrigações fiscais

Novidades MotorolaA Motorola apresenta dois novos produ-

tos de captura de dados: um leitor de código de barras e um micro kiosk (verifi cador de preços). O leitor de código de barras Imager DS9808 é um produto híbrido com leitura rá-pida de códigos 1D e 2D e que captura ima-gens e assinaturas. A empresa também lança o verifi cador de preços MK500, de tamanho compacto, o que possibilita instalação em ambientes antes inacessíveis. As aplicações típicas do produto incluem verifi cação de pre-ços, consulta do cartão de fi delidade, cartão próprio da loja e acesso à agenda de trabalho das escalas. www.motorola.com.br

Cargas aéreasA Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A

lança o Gollog Express, sua unidade de ne-gócios de cargas aéreas. Os serviços foram desenvolvidos para atender à demanda do mercado de cargas expressas. As cargas en-viadas têm até as 18h do dia seguinte ao des-pacho para serem entregues nas principais cidades brasileiras atendidas pela Gol. A em-presa oferece ainda o Gollog Próximo Voo, que despacha a carga no próximo voo dispo-nível, e em até duas horas é possível retirá-la no local de destino. www.voegol.com.br

Nova versão do software Tecwin aju-da o empresário a cumprir as obrigações fi scais. O sistema permite conhecer dados sobre taxas de juros, códigos da Receita Federal, indicadores econômicos e outras taxas. O Tecwin tem ainda a Tabela Tra-tamento Administrativo do Sistema Inte-grado de Comércio Exterior (Siscomex).

“Com a inclusão da tabela, o empresário tem um importante ganho para a sua to-mada de decisões, entre elas como evitar multas por embarque de mercadorias fora do prazo, com a exigência da licença de importação”, esclarece o gerente técnico nacional da Aduaneiras, Amaro José dos Santos. www.aduaneiras.com.br

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009Impressoras inteligentes

A Zebra Technologies lança a impres-sora HC100, desenvolvida para confecção de pulseiras para identificação hospita-lar, lazer, hotelaria e entretenimento. As

pulseiras Z-band, utilizadas nas HC100, são as únicas do mercado com cobertura antimicrobiana e disponíveis nos tama-nhos adulto, infantil e pediátrico. Outra

novidade é a GK420T, primeira impres-sora desktop com opção Bluetooth, com painel LCD e disponível para o opcional wireless. www.zebra.com

Facas resistentesTestes feitos pela consultoria Agricef com

cinco marcas especializadas no sistema de corte basal das colhedoras de cana mostra-ram que a faca Bellota tem a menor incidên-cia de desgaste e quebra. As facas da marca têm 5 milímetros, mas obtêm os mesmos re-sultados que uma peça de 6 milímetros, sem agredir a estrutura da cana. “O investimento

em matéria-prima e métodos de fabricação diferenciados para facas de colheitadeiras é consequência da compreensão que a Bellota tem sobre a infl uência que produtos de qua-lidade exercem na efi cácia e economia dos processos produtivos em usinas de cana”, explica o gerente de marketing agrícola, Giulliano Chinchio. www.bellota.com.br

Impressoras inteligentes

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Transações eletrônicas

P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Eventos corporativosA proposta da empresa Revolux Eventos Conceituais

é organizar encontros corporativos para estimular o net-working e promover o relacionamento entre empresários com interesses em comum. A empresa, que é coordenada pela jornalista Maria Priscila Alves, já organizou eventos para a Embaixada do Reino Unido no Brasil, Ministério do Turismo e Confederação Brasileira de Conventions & Visi-tors Bureaux. www.mapacomunicacao.com.br

Bobinas térmicas A Maxprint, empresa do segmento de suprimentos

de informática e escritório, lança bobinas térmicas fei-tas de papel termossensível em que a impressão é feita através do calor liberado. O produto tem características especiais: as bobinas são embaladas de duas em duas em embalagem fl owpack inviolável, garantindo a segurança na hora da armazenagem. Com as impressoras e bobinas térmicas não há necessidade de armazenamento da via do fi sco durante cinco anos, já que os dados fi cam grava-

dos na forma de arquivos eletrônicos. A Maxprint atua há mais de 20 anos no mercado e tem mais de 800 produtos.www.maxprint.com.br

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Bobinas térmiA Maxprint, empresa do s

de informática e escritório, latas de papel termossensível eatravés do calor liberado. O pespeciais: as bobinas são embaembalagem fl owpack inviolávena hora da armazenagem. Comtérmicas não há necessidade do fi sco durante cinco anos, já

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Decisões rápidasA Teradata Corporation, especializada em datawa-

rehousing, e a SAS, empresa de inteligência analítica de negócios, lançam novas soluções analíticas e de otimiza-ção de serviços para data-base. As duas empresas fi rma-ram uma parceria e apresentam ao mercado hardwares, softwares e serviços para acelerar as funções do aplicativo SAS Analytics dentro do datawarehouse da Teradata, o que faz reduzir o tempo que as empresas gastam com tomadas de decisões negociais. “A decisão de formar uma aliança estratégica com a SAS nos permitiu oferecer às empresas serviços e ferramentas capazes de agilizar em até 45 vezes seus processos internos”, comenta Rob Berman, vice-pre-sidente de parcerias da Teradata. www.sas.com

O empresário pode automatizar as operações bancárias, evitar fraudes e garantir a segurança do estabele-cimento utilizando o programa Pos Pertos e Minitrap, da em-presa Perto. As operações são realizadas com o Pos Pertos e as cédulas recebidas são depo-sitadas no Minitrap, que valida e conta automaticamente as notas. Através do switch, todas as informações da transação fi cam disponíveis on-line para o banco. O Minitrap conta au-tomaticamente as cédulas, ve-rifi ca a autenticidade e as arma-zena em um cassete lacrado. O equipamento verifi ca possíveis falsifi cações, protege contra perdas por furtos internos e as-saltos e ainda elimina qualquer erro de contagem de cédulas. www.perto.com.br

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L E I T U R A

Best seller aperfeiçoado

O consultor Ronald J. Degen, uma das maiores referências no mundo empresarial, atualizou e complementou o clássico livro O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. A obra é um guia para montar o próprio negócio, vencer as dificuldades e administrar os riscos. O autor apresen-ta de modo didático e objetivo a evolução dos fundamentos da iniciativa empresarial e mostra que o sucesso do empreendedor depende da aplicação sistemática de técni-cas administrativas.

A obra conta também com uma parte dedicada às novas demandas empresariais, como os aspectos sociais e ambientais neces-

sários para o desenvolvimento sustentável das empresas e as mudanças provocadas pela revolução da informação. Vários empreende-dores contribuíram para o conteúdo do livro com relatos de experiências, ideias, proble-mas e soluções. Outra novidade dessa edição é um site exclusivo em que há propostas de como usar os conceitos do empreendedoris-mo em sala de aula.

O livro, que está em sua oitava edição, teve sua primeira versão publicada em 1989. O em-preendedor: fundamentos da iniciativa em-presarial foi escrito por Degen a partir das au-las ministradas no curso de especialização em Administração da Fundação Getulio Vargas.

Obra cobre os aspectos básicos para quem quer se tornar empreendedor, vencer as dificuldades e administrar os riscos

Negociação Danny Ertel e Mark Gordon Editora M.Books do Brasil – R$ 69

O contrato assinado costuma ser visto como

o ponto fi nal das negociações, mas para Danny Ertel e Mark Gordon esse pode ser o início de um longo processo de relacionamento. Os auto-res de Negociação explicam como fazer a transi-ção de uma mentalidade de negociador, centra-do em fechar o acordo, para um posicionamento que pode gerar mais valor para a empresa.

O empreendedor: empreender como opção de carreiraRonald Jean Degen – Editora Pearson Education – www.prenhall.com/degen_br R$ 79

SEGREDO DA LONGEVIDADE“Importante frisar que este livro não é um mero apanhado das últimas teorias e modismos sobre o tema, como é comum em trabalhos acadêmicos. Ao contrário, aí talvez resida seu maior mérito, o uso da teoria para chegar à prática.” Roberto Civita, presidente da Abril (trecho do prefácio da primeira versão)

Economia Michael Parkin Editora Pearson Education – R$ 119

Com texto claro e adaptado à realidade brasileira, o livro apresenta ideias centrais so-bre economia. A obra, que está em sua oitava edição, busca desenvolver o pensamento crí-tico e o entendimento teórico dos estudantes sobre o tema. Há recursos didáticos, como análises de artigos jornalísticos, discussões sobre políticas públicas e exercícios.

Coaching efi caz David Clutterbuck Editora Gente – R$ 69,90

O segredo para o sucesso profi ssional

pode estar no coaching, um processo in-terativo e individual que auxilia pessoas a desenvolverem resultados mais satisfatórios em suas vidas. Em Coaching efi caz, David Clutterbuck une a teoria à prática, combi-nando técnicas de treinamento de equipes com experiências práticas de gestores.

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Micro e pequenas puxamqueda na demanda por crédito

O Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito aponta que caiu em 6,6% a procura por crédito em todo o Brasil, em março de 2009 com relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do pri-meiro trimestre de 2009, o recuo é de 6,7% em relação ao primeiro trimestre de 2008. Em relação ao mês imediatamente anterior (fevereiro/09), março registrou elevação de

5,8% na procura das empresas por crédito, alta esta infl uenciada pelo menor número de dias úteis ocorridos em fevereiro.

No primeiro trimestre, a região que apre-sentou a maior queda na demanda das empre-sas por crédito foi a Sul, retração de 8,8% em relação ao mesmo período de 2008, seguida de perto pelo Centro-Oeste (-8,3%) e Sudeste (-7,0%). Já as regiões Norte e Nordeste tiveram

menores quedas, -1,9% e -3,0%, respectiva-mente, neste mesmo critério de comparação.

Na classifi cação por porte, as micro e pe-quenas empresas foram as que mais se afasta-ram do crédito durante o primeiro trimestre de 2009, registrando queda de 6,9%. As mé-dias empresas apresentaram recuo de 3,5% e as grandes empresas sofreram queda menor na demanda por crédito (-0,9%).

* sem ajuste sazonal | ** em relação ao mesmo mês do ano anterior

Vale ressaltar que todas estas categorias registraram aceleração da queda na demanda por crédito em março, quando avaliamos as evoluções dos comparativos anuais: micro e pequenas empresas passando de -4,5% em fe-vereiro de 2009 para -6,8% em março de 2009; médias empresas passando de -3,0% (fev/09)

para -3,9% (mar/09) e grandes empresas indo de -0,7% (fev/09) para -0,9% (mar/09).

Na análise por segmento, a indústria re-cuou 10,1% em março de 2009 contra o mes-mo mês do ano passado, liderando a queda na procura de crédito por parte das empresas. Já o comércio registrou queda de 8,1% e o setor

de serviços caiu 3,5% em março de 2009 com relação a março de 2008. No acumulado do primeiro trimestre de 2009, o indicador apon-tou quedas generalizadas e muito parecidas na busca por crédito com relação aos primeiros três meses de 2008: indústria (-7,0%), comér-cio (-7,0%) e serviços (-6,4%).

MENSAL * ANUAL ** ACUMULADO ANO

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Total por Porte .......13,3% ..........-10,8% ............ 5,8% ................-8,7% ................ -4,4% .............. -6,6% ...............-8,7% ............. -6,7% ............ -6,7%MPE ........................14,2% ..........-11,4% ............ 6,1% ................-9,1% ................ -4,5% .............. -6,8% ...............-9,1% ............. -7,0% ............ -6,9%Médias ......................2,3% ............-2,1% ............ 2,4% ................-3,6% ................ -3,0% .............. -3,9% ...............-3,6% ............. -3,3% ............ -3,5%Grandes ...................0,7% ............-0,4% ............ 0,4% ................-1,1% ................ -0,7% .............. -0,9% ...............-1,1% ............. -0,9% ............ -0,9%

* sem ajuste sazonal | ** em relação ao mesmo mês do ano anterior

MENSAL * ANUAL ** ACUMULADO ANO

JAN/09 FEV/09 MAR/09 JAN/09 FEV/09 MAR/09 JAN/09 FEV/09 MAR/09

Total por Setor .......13,3% ..........-10,8% ............ 5,8% ................-8,7% ................ -4,4% .............. -6,6% ...............-8,7% ............. -6,7% ............ -6,7%Indústria ................16,3% ..........-11,0% ............ 1,2% ................-6,1% ................ -4,8% ............ -10,1% ...............-6,1% ............. -5,5% ............ -7,0%Comércio ...............14,7% ............-9,6% ............ 4,2% ................-8,3% ................ -4,3% .............. -8,1% ...............-8,3% ............. -6,4% ............ -7,0%Serviços ..................10,6% ..........-12,4% ............ 9,8% ..............-10,4% ................ -4,7% .............. -3,5% .............-10,4% ............. -7,8% ............ -6,4%Demais ...................12,5% ..................... ........ -11,6% .................2,2% ......................... .............. 0,2% ................2,2% ...................... ............ 1,2%

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“Mais informação para definir políticas e estratégias”A crise financeira global está impondo novos desafios à compreensão dos fatos. Desde a ruptura das hipotecas subprime, nos Estados Unidos, o fenômeno mundial ficou mais abran-gente e complexo no consenso das análises e opiniões. Considerando essa conjuntura, o presidente da Serasa Experian, Francisco Valim, explica por que a empresa lançou um indicador de Demanda por Crédito.

Por que a Serasa Experian lançou esse novo indicador que acompanha a demanda por cré-dito no Brasil?

Francisco Valim – Com a perspectiva de recessão em boa parte do planeta, é fun-damental identifi car as razões diretas para a retração do consumo, da produção e dos in-vestimentos. Entender o comportamento dos agentes econômicos, sobretudo no crédito, é determinante para se defi nir políticas e estra-tégias – públicas e privadas – importantes para a recuperação econômica. Sendo o crédito um dos componentes mais sensíveis da economia em relação ao risco e à expectativa sobre o futuro próximo, monitorar sua demanda é es-sencial para os negócios e para estudos.

O Indicador Serasa Experian de Demanda por

Crédito refl ete os efeitos, no Brasil, da crise fi -nanceira global, que se agravou em setembro de 2008?

Valim – Sim. Com os efeitos da crise no Brasil, a partir de outubro de 2008 houve sig-nifi cativa mudança no comportamento dos consumidores e das empresas em relação ao seu fi nanciamento. Justamente para dimen-sionar esse fato e contribuir para análises mais precisas dessa conjuntura, a Serasa Ex-perian, a exemplo do que se faz em países mais desenvolvidos, passou a acompanhar a demanda por crédito, por meio de uma amostra de 11,5 milhões de CPFs e 1,2 milhão de CNPJs por mês.

O que o indicador tem revelado?

Valim – Estudar a demanda do consumi-dor pelo crédito é fundamental por uma série de aspectos. Do lado macroeconômico, por exemplo, o consumo das famílias correspon-de a 60% do PIB, o que por si só justifi ca esse acompanhamento. Do lado micro, a utilização do crédito facilita a aquisição de produtos de maior valor agregado, como imóveis, automó-veis, material de construção e eletroeletrôni-cos, ou seja, é o próprio retrato da atividade econômica. Constatamos que renda e região

sofrem diferentes impactos na demanda por crédito no atual contexto. As pessoas físicas estão mais cautelosas em relação aos novos empréstimos por causa da insegurança sobre seu emprego, renda e inadimplência.

E em relação às empresas?

Valim – No caso das empresas, a busca por recursos de terceiros (crédito) é sinôni-mo de investimento, de fi nanciamento de sua atividade (capital de giro) e de sua competiti-vidade. Os setores e portes da pessoa jurídica sentem de forma distinta a conjuntura. Há uma reavaliação dos investimentos, um maior controle do endividamento e do gerenciamen-to do risco, com menor exposição.

Como o senhor interpreta as sinalizações que o indicador tem apresentado?

Valim – A demanda por crédito no Brasil precisa, o mais rápido possível, voltar a pata-mares mais altos, de forma a não se perder as conquistas econômicas e sociais dos últimos anos. O momento exige disponibilidade de informações com qualidade e imparcialidade. Afi nal, a restauração da confi ança nos merca-dos passa pela transparência e pela correta interpretação dos fatos.

Francisco Valim, presidente da

Serasa Experian

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D I N Â M I C A E M P R E E N D E D O R A

administra a relação entre o id e o superego.Em situações que por algum motivo o indi-

víduo considere ameaçadoras e não consegue li-dar o ego aciona mecanismos de defesa que têm por fi nalidade reduzir qualquer manifestação que possa colocar em perigo sua integridade. É um conjunto de 27 “estratégias” inconscientes de defesa, sendo 13 mais comuns. Quando o ego está consciente das condições imperantes, ele atua racionalmente com lógica e objetivida-de. Mas quando se desencadeiam situações que promovem ansiedade ou sentimentos de culpa, ele perde esses três atributos. Num momento de ansiedade ou de angústia, de forma inconsciente, dispara uma série de mecanismos de defesa para se proteger contra uma dor psíquica iminente.

Na história inicial a mecânica de defesa que se apresenta é chamada deslocamento. É um processo psíquico dinâmico. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. É o caso de alguém que teve uma experiência desagradável com uma fi gura de autoridade reagir negativamente diante de qualquer au-toridade. Ou ao receber uma bronca do chefe chega em casa e desconta na esposa como se fosse responsável por sua frustração.

Conteúdos das relações humanas são fun-damentais em qualquer ambiente de trabalho.

Nossas formações privilegiam conteúdos técni-cos, mas são incipientes naqueles que afetam o relacionamento interpessoal. Temos difi cul-dade para perceber o confl ito como parte in-tegrante e inevitável do ambiente empresarial. Em todos os níveis de sua empresa está aconte-

Pedro e Antônio são os sócios de uma me-cânica automotiva há quase dois anos. Torna-ram-se sócios por convite de Pedro que já tra-balhava na área e tinha diversos clientes. Eles são amigos há muitos anos e se conhecem bem e a vida um do outro. Dos problemas de Pedro com os pais doentes e dependentes e da situação de Antônio com as difi culdades para pagar a pensão dos fi lhos para a ex-mulher. A sociedade começou como possibilidade dos dois unirem forças para iniciar algo que lhes trouxesse mais do que o salário que ambos recebiam em seus empregos anteriores.

Entretanto, ao permitir que os problemas pessoais interferissem a todo momento na em-presa, eles passaram a se atacar diariamente. Às vezes assuntos práticos e até simples da empresa se tornam trocas de acusações graves de assun-tos delicados em que um torna o outro o cul-pado pela situação da empresa, que mesmo não sendo a melhor do mundo, se sustenta e os paga. O principal problema é que a culpa do peso de suas vidas pessoais passou a ser a relação societá-ria, e se continuar assim não dura muito.

Como vimos no artigo anterior, a princi-pal causa de confl itos nas relações de trabalho se deve a embates de personalidade e de egos (49%). Esta situação narrada nos permite uma

leitura psicodinâmica. De acordo com a segunda teoria de Freud, o aparelho psíquico compõe-se do ego, do id – desejos de natureza inconsciente – e superego, o “grande juiz” que se baseia em costumes, regras morais e ensinamentos recebi-dos ao longo da formação do indivíduo. O ego

Pessoal versus empresarial

cendo algum confl ito neste momento. Eles são o motivo para o fracasso de inúmeros projetos. Para a perda de clientes e bons funcionários. Ou, no mínimo, ausências do trabalho e doen-ças. Representam uma perda de tempo que po-deria ser melhor aproveitado para a realização de atividades e alcance de resultados.

Embora um empresário não seja um psi-canalista ou terapeuta é necessário ter conhe-cimento de alguns conteúdos que possam lhe auxiliar a prever alguns pontos de ignição que geram confl itos pessoais e profi ssionais. Isto também poderá contribuir para conduzi-lo aos métodos mais efi cazes de resolução. Isto se torna mais signifi cativo ao vermos que inú-meras empresas se estruturam como uma fa-mília: o pai-patrão e os fi lhos-empregados.

A abordagem de feedback apresentada no artigo anterior pode contribuir para prevenir situações limítrofes de confl ito. Problemas de relação são muitas vezes de natureza projetiva, e por isso devem ser processados e elaborados a partir da tentativa de separar o que é efetiva-mente dado de realidade daquilo que se origina de algo que carregamos dentro de nós e, por-tanto, não é responsabilidade da outra pessoa.

Se couber a você juntar os pedaços quando as coisas saem erradas, procure atuar de forma preventiva. Crie um ambiente seguro onde as pessoas possam se expressar com confi ança. Não contra-ataque. Procure ver o problema pela perspectiva do outro. Seja duro com os problemas e gentil e respeitoso com as pessoas. Invariavelmente a criatividade e o aprendizado emergirão em sua empresa. Bom trabalho!

Problemas de relação são muitas vezes de natureza projetiva, e por isso devem ser processados e

elaborados a partir da tentativa de separar o que é efetivamente dado de realidade daquilo que se origina

de algo que carregamos dentro de nós

por Luiz Fernando GarciaConsultor especialista em manejo

comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br

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De 12 a 15/05/2009Texfair do Brasil – Feira Internacional da Indústria TêxtilParque Vila GermânicaBlumenau – SCwww.sintex.org.br

As maiores marcas e indústrias têxteis de confecções do País apresentam lançamentos e coleções Primavera-Verão 2008/2009 nos segmentos de cama, mesa, banho, vestuário, malharia e decoração. O evento é organizado pelo Sindicato das Indústrias de Fiação, Tece-lagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex).

De 18 a 21/05/200925ª Feira Internacional de Negócios em Supermercados e Congresso de GestãoExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.portalapas.org.br

Feira que apresenta ao mercado produtos, equipamentos e serviços de fornecedores de todo o Brasil e do exterior. São 520 exposito-res dos setores de perecíveis, laticínios, pada-ria, açougue, higiene e utilidades. O encontro reúne, anualmente, mais de 60 mil empresá-rios e executivos.

Até 31/05/2009Programa de Trainees BDO Trevisanwww.bdotrevisan.com.br/bancodetalentos(11) 3138-5000

A BDO Trevisan, especializada em audito-ria, advisory, tributos e sustentabilidade, ofe-rece 200 vagas para o programa de trainees da BDO Trevisan. Podem se inscrever estudantes dos cursos relacionados à área de Tecnologia e Informática e que estejam a partir do se-gundo ano da graduação ou formados há no máximo dois anos. Os interessados devem ter conhecimento em informática, inglês e dispo-nibilidade para trabalhar em tempo integral.

De 12 a 14/05/2009Exposec 2009 – Feira Internacional de Segurança Eletrônica, Empresarial e PatrimonialCentro de Exposições ImigrantesSão Paulo – SP – www.exposec.tmp.br

A feira apresenta as últimas novidades em sistemas eletrônicos de segurança, da gestão pública e privada de segurança, além de pro-dutos específi cos para segurança pessoal, de residências e empresas. A exposição é organiza-da pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).

LIDERANÇAS EMPRESA RIA IS

De 16 a 19/06/20097ª Expogestão – Congresso Nacional de Atualização em Gestão e Feira de Produtos e Serviços da GestãoCentreventos Cau Hansen – Joinville – SC – www.expogestao.com.br

A Expogestão reúne lideranças empresariais dos diversos setores da economia. São especialistas que discutem a crise, as ameaças e as oportunidades para o setor de ser-viços de gestão. Entre os palestrantes, Gary S. Becker, Prêmio Nobel de Economia de 1992; Tom Peters, autor de best sellers; Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho administrativo da Sadia; e Ricardo Amorim, CEO da Concórdia Asset Management.

Até 23/08/2009Apoio financeiroPrêmios Santander de Empreendedorismo e de Ciência e Inovaçãowww.universia.com.br/premiosantander

O Prêmio Santander oferece R$ 400 mil em bolsas para projetos de empreendedorismo e inovação. Graduandos e pós-graduandos po-dem se inscrever na categoria empreendedo-rismo e pesquisadores-doutores na categoria ciência e inovação. Cada vencedor receberá R$ 50 mil. Todos os orientadores dos projetos selecionados ganharão um curso de espanhol em Salamanca (Espanha) e o orientador com o maior número de projetos fi nalizados rece-be uma bolsa para estudar na Babson College, eleita a 10ª escola de negócios do mundo. O prêmio é organizado pelo Santander Universi-dades e Universia Brasil.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

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tanto, poderá acarretar em alguns problemas para o governo. Primeiramente, a diminui-ção da arrecadação com os impostos, ou o aumento dos gastos, provavelmente vai criar desequilíbrios nas contas públicas, o que poderá ser um problema a mais no futuro a ser solucionado. O governo deve ter certeza, também, que uma ajuda a um setor “x”, por exemplo, em detrimento a um setor “y”, seja uma decisão única e exclusivamente técni-ca, e não política. E difi cilmente isso ocorre. Outra questão é que ao intervir na economia o governo pode criar algumas distorções no mercado de médio a longo prazo.

A aplicação de políticas econômicas em momentos de crise é indispensável. Cabe ao governo tomar medidas pontuais, que comba-tam diretamente os pontos de estrangulamen-to da economia, e que seus resultados tenham um amplo poder de alcance.

A N Á L I S E E C O N Ô M I C A

O mundo segue sofrendo com os impac-tos da crise. Retração nos níveis de atividade, escassez do crédito, aumento do desemprego e o temor de uma recessão econômica são al-guns dos exemplos da turbulência pela qual estamos vivendo. Nestes tempos difíceis o governo passa a utilizar com maior frequência os instrumentos de política econômica que dispõem. Sendo os dois mais importantes a política monetária e a política fi scal.

A política fiscal é composta pela arreca-dação que o governo tem com os impostos e pelos gastos governamentais. A mesma influencia indiretamente o nível de deman-da. Caso o governo tenha como objetivo estimular a economia, por exemplo, ele tem duas alternativas. A primeira seria uma redução nos tributos. Uma queda nos im-postos tende a aumentar a renda disponível e, consequentemente, o consumo. A outra opção seria o aumento dos gastos, o que impactaria o nível de atividade econômica. Denomina-se a referida política de expansão fiscal. Por outro lado, se o governo quiser diminuir o ritmo de expansão da economia, em função de uma aceleração dos índices de inflação, por exemplo, o inverso deve ser feito. Ou seja, um aumento dos impos-tos, ou uma redução dos gastos públicos. Chama-se tal política de contração fiscal.

Recentemente o governo brasileiro adotou algumas medidas com o objetivo de estimular a demanda, que vinha sofrendo com o estran-gulamento do crédito e o aprofundamento da crise internacional. Ganhou destaque e reper-cussão nas manchetes de jornais a redução de IPI para a indústria automobilística, anunciada no fi m de 2008, e para a chamada “linha bran-ca” (geladeiras, máquinas de lavar, tanquinhos e fogões), no último mês de abril. Ao reduzir os impostos, o governo estimula indiretamen-te o consumo que, por sua vez, acaba fazendo com que as empresas invistam mais no curto prazo (teoricamente, já que a magnitude dos investimentos dependerá dos níveis dos esto-ques, bem como das expectativas de vendas futuras) para suprir a demanda crescente.

Um afrouxamento da política fi scal, entre-

Política fiscal

Caso o governo tenha como objetivo estimular a

economia, por exemplo, ele tem duas alternativas. A

primeira seria uma redução nos tributos. A outra opção seria o aumento dos gastos

por João Pedro Brügger MartinsEconomista da Leme Investimentos

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Carteira Teórica Ibovespa

ALL Amér.Lat. UNT N2 1,37 6,60 5,30Ambev PN 1,03 4,20 13,00Aracruz PNB 0,51 22,10 -24,50B2W Varejo ON 0,84 27,50 16,30BMF Bovespa ON 5,09 23,20 45,50Bradesco PN 3,55 8,70 11,40Bradespar PN 1,26 11,60 31,80Brasil T Par ON 0,25 1,80 6,00Brasil T Par PN 0,35 -4,20 -7,90Brasil Telec PN 0,35 2,00 -3,50Brasil ON 2,50 6,70 26,70Braskem PNA 0,47 16,00 0,50CCR Rodovias ON 0,52 18,10 4,20Celesc PNB 0,09 0,00 -10,30Cemig PN 1,55 -1,60 6,90Cesp PNB 1,00 13,20 -2,50Comgás PNA 0,09 9,10 -1,10Copel PNB 0,59 8,70 9,20Cosan ON 0,63 19,30 2,30CPFL Energia ON 0,52 6,80 16,40Cyrela Realty ON 1,42 19,50 19,20Duratex PN 0,60 12,30 20,60Eletrobrás ON 0,88 7,60 7,80Eletrobrás PNB 0,92 6,60 10,60Eletropaulo PNB 0,79 -4,40 22,40Embraer ON 0,54 11,80 -1,40Gafi sa ON 1,12 21,50 34,90Gerdau Met PN 0,73 15,70 -2,30Gerdau PN 2,48 14,80 -1,30Gol PN 0,45 11,70 -25,00Itausa PN 2,19 8,20 12,90Itauunibanco PN 5,53 6,40 6,00JBS ON 0,66 13,30 20,70Klabin S/A PN 0,27 7,70 -7,30Light S/A ON 0,20 1,00 13,00Lojas Americ PN 1,33 21,90 26,90Lojas Renner ON 0,80 22,70 11,50Natura ON 0,68 2,90 26,90Net PN 1,02 -4,90 22,40Nossa Caixa ON 0,35 0,90 5,60P. Açúcar-CBD PN 0,51 7,10 7,10Perdigão S/A ON 0,81 6,80 3,30Petrobras ON 3,56 3,30 32,90Petrobras PN 18,58 2,00 27,50Redecard ON 0,81 -2,00 10,10Rossi Resid ON 0,63 34,30 31,50Sabesp ON 0,32 4,00 -1,80Sadia S/A PN 0,82 4,50 -12,50Sid Nacional ON 3,91 11,90 40,60Souza Cruz ON 0,43 1,60 5,60TAM S/A PN 0,46 27,20 -15,30Telemar N L PNA 0,25 0,10 -5,70Telemar ON 0,40 0,90 7,90Telemar PN 1,07 -0,20 12,50Telesp PN 0,18 -0,90 8,30Tim Part S/A ON 0,22 5,30 26,50Tim Part S/A PN 0,65 13,80 11,50Tran Paulist PN 0,34 -4,90 11,80Ultrapar PN 0,43 1,50 12,80Usiminas ON 0,59 13,20 18,30Usiminas PNA 3,11 11,90 27,00V C P PN 0,40 24,70 -24,90Vale R Doce ON 3,27 10,90 24,20Vale R Doce PNA 11,96 10,80 24,10Vivo PN 0,74 6,40 19,40

Infl ação (%)

Índice Março Ano

IGP-M - 0,74 - 0,92IGP-DI - 0,84 - 0,96IPCA 0,20 1,24IPC – Fipe 0,40 1,14

Juros/Aplicação (%)

Março Ano

CDI 0,97 2,89Selic 0,97 2,90Poupança 0,64 2,01Ouro BM&F -4,29 4,77

Indicadores Imobiliários (%)

Março Ano

Juros/Crédito (%)

20/Abril 17/Abril

Desconto 1,85 1,92Factoring 4,04 4,01Hot Money 3,36 3,37Giro Pré (taxa mês) 2,05 2,13

Câmbio

Mercados Futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 2,2350 Euro US$ 1,2928 Iene (US$ 1,00) $ 97,8390

Dólar R$ 2,247 R$ 2,261 R$ 2,276Juros DI 11,01% 10,39% 10,15%

Contratos mais líquidos 20/04Ibovespa Futuro 45.050

Nome Ação Tipo Ação Participação Bovespa Abril Variação % Ano

Até 20/04

Até 20/04

CUB SP -0,09 0,54TR 0,14 0,48

Maio Junho Julho

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Feriados prolongadosO recesso do Dia do Trabalho, come-

morado no dia 1º de maio, fechou um ciclo atípico: foi o terceiro feriado em apenas quatro semanas. Se muitos comemoram a sequência de folgas, o mesmo não se pode dizer dos empresários. Principalmente os da indústria e comércio, que precisam fechar as portas nesses dias, reduzindo o faturamento no fi m do mês. Para ameni-zar esse problema, tramita no Senado um projeto de lei que pretende mudar a data dos feriados que caem no meio da semana, evitando as folgas prolongadas.

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que os feriados nacionais e estaduais cau-sam perdas de R$ 155 bilhões por ano aos negócios na indústria e no comércio em todo o País. Para reduzir o impacto, os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentaram

projetos de lei que adiam para a sexta-feira os feriados nacionais que caírem no meio da semana. As exceções seriam os feriados de Ano Novo, Independência e Natal.

No comércio varejista, no entanto, a proposta não agradou, já que o feriado na sexta-feira, como proposto, acabará com o movimento do sábado, considerado pela Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) um dos melhores dias para venda. Os varejistas entendem que se os feriados forem transferidos para segunda-feira, grande parte da população viajará após o expediente de sábado, e a sequência de recesso não afetará tanto o desempenho do setor. Mas, e você, o que pensa sobre o projeto de lei? Registre sua opinião partici-pando da enquete do site Empreendedor. Basta acessar o endereço www.empreende-dor.com.br e, no menu à esquerda do site, clicar em “Enquete”.

Confi ra os últimos comentários postados no site durante o mês de abril:

Já que as empresas não reconhecem talentos, é melhor assim, porque a pessoa acaba se tor-nando executivo de sucesso e acaba virando concorrente daquela corporação que queria tanto ingressar. Isso é ótimo para incentivar o empreendedorismo, a concorrência e o crescimento profi ssional. Simone sobre a reportagem “Consultor ganha mais que empregado”

Considerando a crise atual e inúmeros impos-tos criados em nosso país e a “preocupação” do governo atual com a crise, as centrais de negócios são um norte para os empresários das PMEs. Comprar e negociar é uma “arte” que não é ensinada em cursos de graduação. É necessário existir um bom relacionamento e investimento entre governo e interessados em abrir seu próprio negócio. Infelizmente o individualismo é o fator crítico de sucesso. Os “pequenos” são grandes devido ao relaciona-mento corpo a corpo com o cliente, só preci-sam enxergar isso. Vou abrir minha central de negócios com alguns diferenciais consideran-do a oferta do mercado. Tenho certeza que as centrais, em pouco tempo, sofrerão mutações, pois o mercado exigirá tal atitude.Ailton Martins Santiago sobre a reportagem “Redes e centrais de pequenas empresas serão regulamentadas”

As empresas que estão renovando seus produ-tos, ultrapassando as expectativas dos consu-midores ou clientes, não estão sofrendo com esta suposta crise mundial. Tomamos como exemplo as empresas de informática, prin-cipalmente com os produtos de celular, no-tebook, etc. Muitos produtos são procurados nas prateleiras dos supermercados, das lojas de materiais de construção, etc., e não são encontrados, mas os comerciantes alegam que as indústrias pararam de fabricar em razão da crise. Portanto, a crise é formada por comentários ou pela pequena redução no consumo de alguns produtos. Norival Thimoteo sobre a reportagem “Inovação de produtos e corte de custos são decisivos para o aumento da rentabilidade”

Interatividade

Código de Defesa do Consumidor A última enquete do site Empreendedor quis saber de

que forma o Código de Defesa do Consumidor infl uencia os negócios. Mais da metade dos internautas escolheu a opção “Estimula fi delização dos clientes”. Confi ra o resultado:

Estimula fi delização dos clientes .............................60,81% Reduz concorrência desleal .....................................29,73% Prejudica estratégias comerciais ................................9,46%

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