83
UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Administração Adriana Pascale Viana de Moraes Renata Jacomini Junqueira de Andrade Sidney Rodrigues Junior EMPREENDEDORISMO Microlins Formação Profissional Lins/SP LINS – SP 2008

EMPREENDEDORISMO Microlins Formação Profissional Lins/SP · 1 adriana pascale viana de moraes renata jacomini junqueira de andrade sidney rodrigues junior empreendedorismo trabalho

Embed Size (px)

Citation preview

0

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Administração

Adriana Pascale Viana de Moraes

Renata Jacomini Junqueira de Andrade

Sidney Rodrigues Junior

EMPREENDEDORISMO

Microlins Formação Profissional

Lins/SP

LINS – SP

2008

1

ADRIANA PASCALE VIANA DE MORAES

RENATA JACOMINI JUNQUEIRA DE ANDRADE

SIDNEY RODRIGUES JUNIOR

EMPREENDEDORISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração, sob orientação da Prof.ª M.Sc. Máris de Cássia Ribeiro e orientação técnica da Prof.ª Especialista Ana Beatriz Lima.

LINS – SP

2008

2

Moraes, Adriana Pascale Viana de; Andrade, Renata Jacomini Junqueira de; Rodrigues Junior, Sidney

Empreendedorismo / Adriana Pascale Viana de Moraes; Renata Jacomini Junqueira de Andrade; Sidney Rodrigues Junior. Lins, 2008.

82p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins – SP para graduação em Administração, 2008

Orientadores: Máris de Cássia Ribeiro; Ana Beatriz Lima CDU 658

1. Empreendedor. 2. Empreendedorismo. 3. Visão. 4. Transição.

I Título.

CDU 658

M818e

3

ADRIANA PASCALE VIANA DE MORAES

RENATA JACOMINI JUNQUEIRA DE ANDRADE

SIDNEY RODRIGUES JUNIOR

EMPREENDEDORISMO

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ______/______/______

Banca Examinadora:

Prof.ª Orientadora: Máris de Cássia Ribeiro

Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba

– UNIMEP-SP.

Assinatura: ______________________________________

1º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ______________________________________

2º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ______________________________________

4

MENSAGEM

Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis,

as pedras do caminho se tornam montanhas,

os fracassos se transformam em golpes fatais.

Mas, se você tiver grandes sonhos...

seus erros produzirão oportunidades,

seus medos produzirão coragem.

Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos.

É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar

por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes

que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem

obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas

construir uma história...

Quantos projetos você deixou para trás?

Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos?

Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas

conquistá-la.

Augusto Cury

5

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à Deus, onde minha fé, junto ao

incentivo e apoio do meu marido e meus filhos foram o estímulo e

a importância de toda minha caminhada.

Aos meus pais, minhas referências, a minha família e a todos que

me acompanharam por mais essa conquista.

E por fim ao meu avô e alguém em especial que me ajudou a

confiar nos meus sonhos, acreditando que sempre haverá o

amanhã.

Adriana

Dedico à minha família, meu esposo e meus filhos que me

incentivaram e apoiaram durante esses 4 anos de crescimento e

conquistas.

Ao meu pai, que sempre foi um exemplo de vida para mim, enfim

à toda minha família que sempre esteve em minha vida torcendo

por essa vitória.

Renata

6

AGRADECIMENTOS

A Deus,

Pois sem ele nada somos e nada podemos.

Acreditamos que Ele esteja sempre presente na vida de cada

um de nós, guiando-nos e carregando-nos nas muitas vezes que

não conseguimos caminhar sozinhos.

Aos nossos familiares,

Por estarem sempre ao nosso lado, principalmente nas

dificuldades.

Pelo carinho, compreensão e paciência durante esse período

de nossas vidas, servindo de estímulo para levarmos adiante este

sonho.

Aos nossos amigos do Unisalesiano,

Por seu bom-humor, alegria de viver e otimismo diante das

vezes que estávamos desanimados e essa energia fez com que

acreditássemos que iríamos vencer.

7

À todos os funcionários do Unisalesiano,

Pelo respeito e carinho com que fomos tratados.

Às nossas orientadoras, Máris e Ana Beatriz e a todos os

professores,

Que não mediram esforços para nos transmitir

conhecimento e colaborarem para nosso crescimento acadêmico e

pessoal.

Por estarem sempre nos apoiando em nossas dificuldades

com palavras de estímulo e autoconfiança e fazendo-nos refletir o

ser administrador.

À Microlins,

Por nos receber de braços abertos, em especial à Sara Alves,

dona da franquia de Lins, que não poupou esforços para que

pudéssemos realizar este trabalho.

Ao José Carlos Semenzato, por sua atenção e prontidão em

nos receber e de maneira simples e clara contar toda a sua

trajetória.

Adriana, Renata e Sidney

8

RESUMO

O modelo de ensino, dirigido à criação de empregados para grandes empresas, esgotou-se diante das profundas alterações nas relações de trabalho e da produção. Ao ter seu eixo deslocado para os pequenos negócios, as sociedades se vêem induzidas agora a formar empregadores, pessoas com uma nova atitude diante do trabalho e com uma nova visão do mundo. Mas não basta que exista a motivação para empreender, é necessário que o empreendedor esteja preparado para isso, ou seja, que conheça formas de análise de negócio, do mercado e de si mesmo para perseguir o sucesso com passos firmes e saber colocar a sorte a seu favor. Ressalta-se a importância da visão do empreendedor como agente de mudança, possuidor de componentes essenciais, mobilizando capital, agregando valor a recursos naturais, produzindo bens e administrando os meios para incrementar o seu negócio. Deve-se isso ao seu gosto pela diversidade, critério de organização, controle, comprometimento e disposição em assumir riscos. A empresa escolhida para a realização da pesquisa foi a Microlins Centro de Formação Profissional que teve seu início em 1991, em Lins, no interior de São Paulo. Focada inicialmente no segmento de ensino da informática, sofre influência do mercado competitivo e através da visão empreendedora de seu proprietário, José Carlos Semenzato, parte para a criação do centro de formação oferecendo atualmente mais de quarenta cursos profissionalizantes e contando com aproximadamente 750 franquias. Como resultado da pesquisa, ficou evidente a importância da visão empreendedora para a transição de uma simples escola de informática para um Centro de Formação Profissional, tornando a empresa mais competitiva. Palavras-chave: Empreendedor. Empreendedorismo. Visão. Transição.

9

ABSTRACT

The model of teaching, aimed at creation of employees for big companies became exhausted in face of profound changes in relations between work and production. By taking its focal point moved to small business, companies are now induced to train employers, people with distinct attitude in face of work and with a renewed vision of the world. But motivation to undertake is not enough, it is necessary that the enterpriser to be ready for that, in other words, knows how to analyze the business, of the market and himself, to pursue the success with firm steps, and also take advantage of luckiness. It is emphasized the importance of vision of the entrepreneur as an agent of change, possessing the essential components, mobilizing capital, adding value to natural resources, producing goods and managenning the means to increase his business. This is due to his inclination for diversity, criterion of organization, control, commitment and willingness to take risks. The company chosen to accomplish the research was Microlins Vocational Training Centre, which was initiated in 1991 in Lins, an interior town of Sao Paulo. Focused initially in the segment of teaching’s technology, was influenced by the competitive market and though entrepreneurial vision of its owner, Jose Carlos Semenzato, idealized the creation of the training centre, currently offering over then forty professional training courses, and counting with approximately 750 franchises. As a result of the search, it became clear the importance of entrepreneurial vision for the transition from a simple school of information technology into a Centre of Vocational Training, becoming the company more competitive.

Keywords: Entrepreneur. Entrepreneurship. Vision. Transition.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Primeira escola de informática ....................................................

Figura 2: Foto de uma, das dezoitos unidades do interior da escola

Microlins .....................................................................................................

Figura 3: Foto exterior da Editora Raízes ...................................................

Figura 4: Foto interna da Editora Raízes ....................................................

Figura 5: Logomarca do Centro de Formação Profissional ........................

Figura 6: Foto da inauguração Máster da Grande São Paulo ....................

Figura 7: Foto da Microlins Franchising de São José do Rio Preto ...........

Figura 8: Foto do curso de instalador e reparador de linhas telefônicas ....

Figura 9: Fundação Xuxa Meneghel ..........................................................

Figura 10: Instituto Casa da Gente .............................................................

Figura 11: Foto do grupo formado na UCM ................................................

Figura 12: Logomarca atual das franquias .................................................

Figura 13: Primeiro selo da ABF ................................................................

Figura 14: Foto do estúdio da Microlins SAT .............................................

Figura 15: Selo comemorativo dos 15 anos da Microlins ...........................

Figura 16: As três características básicas do empreendedor ....................

Figura 17: O processo empreendedor na visão de Timmons ....................

Figura 18: Fatores que influenciam no processo empreendedor ...............

Figura 19: Matriz da Microlins Franchising .................................................

Figura 20: Alunos com Semenzato na matriz .............................................

Figura 21: Pedro Furquim ...........................................................................

Figura 22: Alunos com sócios na matriz .....................................................

18

19

20

20

21

22

23

24

25

25

28

29

29

30

31

46

49

50

61

62

64

66

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Empresas da Holding Microlins .................................................

Quadro 2: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo

empreendedor ............................................................................................

32

38

11

Quadro 3: Tabela empreendedores iniciais por gênero no Brasil 2001 a

2007 ............................................................................................................

40

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CIAGE: Centro Integrado de Gestão Empreendedor

GEM: Global Entrepreneurship Monitor

GERA: Holdiding-Global Entrepreneurship Reserach Association

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MBA: Master in Business Administration

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TEA 1: Empreendedores em Estágio Inicial

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 15

CAPÍTULO I - A EMPRESA MICROLINS ....................................................... 17

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA................................................................... 17

1.1 1991 – o ano em que tudo começou .................................................. 17

1.2 1992 – o começo da divulgação Microlins .......................................... 18

1.3 1994 – o início das primeiras escolas próprias Microlins .................... 18

1.4 1996 – nasce a editora raiz................................................................. 19

1.5 1997 – da escola de informática ao centro de formação profissional . 21

1.6 1998 – as primeiras másteres Microlins.............................................. 22

1.7 2000 – o ano das telecomunicações .................................................. 23

1.8 O antes e depois da rede Microlins .................................................... 24

1.8.1 Merchandising .................................................................................... 24

1.8.2 Responsabilidade social ..................................................................... 25

1.8.3 Novos cursos ...................................................................................... 26

1.9 2002 – mais de 400 franquias em todo Brasil..................................... 26

1.9.1 Encaminhamento ao mercado de trabalho ......................................... 27

1.9.2 Lançamentos ...................................................................................... 27

1.9.3 Universidade corporativa Microlins ..................................................... 27

1.10 2003 – Ano da expansão.................................................................... 28

1.10.1 O primeiro selo de excelência............................................................. 29

1.11 Microlins – ensino via satélite ............................................................. 30

1.12 2006 – quinze anos de história Microlins............................................ 31

1.12.1 Grupo Microlins................................................................................... 32

1.13 Missão ................................................................................................ 33

1.14 Visão................................................................................................... 33

CAPÍTULO II - EMPREENDEDORISMO......................................................... 34

13

2 CONCEITUANDO EMPREENDEDORISMO...................................... 34

2.1 A origem e evolução do empreendedorismo ...................................... 34

2.1.1 Introdução........................................................................................... 34

2.1.2 Idade média ........................................................................................ 35

2.1.3 Século XVII ......................................................................................... 36

2.1.4 Século XVIII ........................................................................................ 36

2.1.5 Séculos XIX e XX ............................................................................... 37

2.2 A educação e o empreendedorismo ................................................... 41

2.3 Ser empreendedor.............................................................................. 44

2.3.1 Características do empreendedor....................................................... 45

2.3.2 Elemento de suporte da visão do empreendedor ............................... 47

2.3.3 A decisão de ser empreendedor......................................................... 48

2.4 Carreiras empreendedoras do futuro.................................................. 52

2.4.1 Novas concepções empreendedoras ................................................. 53

2.4.1.1 Intrapreneurs (empregados empreendedores)..................................... 53

2.4.1.2 Extrapreneurs....................................................................................... 54

2.4.1.3 Entrepreneurs (empresários) ............................................................... 54

2.4.1.4 Spin-off................................................................................................. 54

2.4.1.5 Proprietários gerentes de pequenas empresas.................................... 55

2.4.1.6 Operadores de microempresas............................................................ 55

2.4.1.7 Os autônomos...................................................................................... 55

2.4.1.8 Supportpreneurs................................................................................... 55

2.4.1.9 Interpreneurs........................................................................................ 56

2.4.1.10 Networkpreneurs (empreendedores em rede de negócios) ............... 56

2.4.1.11 Negopreneurs (empreendedores de negócios).................................. 56

2.4.1.12 Familypreneurs (empreendedores em negócios de família) .............. 57

2.4.1.13 Technopreneurs (empreendedores de tecnologia)............................. 57

2.4.1.14. Ecopreneurs (empreendedores em ecologia) ................................... 57

2.4.1.15 Gerontopreneurs ................................................................................ 57

2.4.1.16 Coopreneurs (empregadores em negócios cooperativos).................. 58

2.4.1.17. Groupreneurs (empreendedores de consórcio)................................. 58

2.4.1.18 Sociopreneurs (empreendedores sociais).......................................... 58

2.4.1.19 Netpreneurs (empreendedores em tecnologia da informação) .......... 58

2.4.1.20 Webpreneurs (empreendedores em negócios da Internet) ................ 59

14

CAPITULO III - PESQUISA ............................................................................. 60

3 INTRODUÇÃO ................................................................................... 60

3.1 Relato e Discussão sobre Empreendedorismo na Microlins Centro de

Formação Profissional...................................................................................... 60

3.1.1 Semenzato: um perfil puramente empreendedor................................ 60

3.1.2 A transição de escola de informática para centro de formação

profissional ....................................................................................................... 62

3.2 Sistema de franquias: o caminho do empreendimento Microlins........ 68

3.2.1 A universidade corporativa ................................................................. 70

3.2.2.1 reinamento de Formação de Executivos de Franquia Microlins ......... 71

3.2.2.2 Iron manager Microlins ....................................................................... 71

3.2.2.3 Renovare Microlins ............................................................................. 72

3.3 Parecer final sobre o caso .................................................................. 72

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................... 74

CONCLUSÃO .................................................................................................. 75

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 76

APÊNDICES .................................................................................................... 78

15

INTRODUÇÃO

O empreendedorismo tem sua origem na reflexão de pensadores

econômicos do século XVIII e XIX, conhecidos defensores do laissez-faire ou

liberalismo econômico. Esses pensadores econômicos defendiam que a ação

da economia era refletida pelas forças livres do mercado e da concorrência.

Atualmente o empreendedorismo tem sido visto como um engenho que

direciona a inovação e promove o desenvolvimento econômico.

(SCHUMPETER apud DOLABELA, 1999)

O termo empreendedor – do francês enterpreneur – significa aquele que

assume riscos e começa algo novo. Na verdade, o empreendedor é a pessoa

que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade

para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades.

Com esse arsenal, transforma idéias em realidade para benefício próprio e

para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o

empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que

combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma idéia simples e

mal-estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado.

O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias. (SCHUMPETER apud DOLABELA, 1999, p.67 )

Embora não haja certeza sobre ser ou não ser possível ensinar

empreendedorismo, existe um ponto em que estudiosos concordam: é possível

aprender a ser empreendedor, mas, como em algumas outras áreas, através

de métodos diferentes dos tradicionais, enfatizando-se características

comportamentais da criatividade, do pensamento difuso, da parceria definitiva

dos dois lados do cérebro, do conhecimento autônomo, pró-ativo, do aprender

a aprender.

Com o objetivo de verificar a importância da visão empreendedora para

a transição dos negócios da Microlins foi realizada uma pesquisa na Microlins

Centro de Formação Profissional sediada em Lins, no interior de São Paulo.

Inaugurada em 1991, focada inicialmente no segmento de ensino da

16

informática, sofre influência do mercado competitivo e parte para a criação do

centro de formação oferecendo atualmente mais de 40 cursos

profissionalizantes.

A pergunta problema que norteou a pesquisa foi:

Até que ponto a visão empreendedora da empresa Microlins foi o fator

decisivo em seu período de transição de escola de informática para um Centro

Profissional?

Em resposta a pergunta problema surgiu a seguinte hipótese:

A visão empreendedora é fator decisivo na tomada de decisão em todas

as ações desenvolvidas pela empresa Microlins para atingir competitividade e

conquistar mercado.

Para a realização da pesquisa utilizou-se dos métodos de observação

sistemática, histórico e estudo de caso especificado minuciosamente no

Capitulo III deste trabalho.

O trabalho está assim estruturado:

O Capitulo I aborda sobre a evolução histórica da empresa em estudo.

O Capitulo II discorre sobre a fundamentação teórica do

Empreendedorismo.

O Capitulo III demonstra a pesquisa realizada na Microlins.

Finalmente, a proposta de intervenção e as considerações finais foram

resultantes de uma comparação entre a teoria descrita e a pesquisa realizada

na empresa.

17

CAPÍTULO I

A EMPRESA MICROLINS

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A Microlins, uma empresa fundada em Lins, interior de São Paulo, tem

se consagrado como a maior e melhor rede de escolas profissionalizantes do

país.

Todo este crescimento, esta consolidação no mercado e este sucesso

devem-se ao trabalho de uma grande equipe, bem como à dedicação e visão

de mercado de uma pessoa muito especial, empreendedora, que fez da

Microlins, uma pequena escola de informática, o maior centro profissionalizante

do país.

Esta pessoa é seu fundador, José Carlos Semenzato que, com uma

idéia e muita persistência, transformou um sonho em realidade. E, em

contrapartida, o sonho de toda a família.

1.1 1991 – o ano em que tudo começou

No mês de junho do ano de 1991, em uma pequena cidade no interior de

São Paulo nasce a Microlins, uma escola de microinformática focada no ensino

dos principais programas de computação da época.

A cidade de Lins, com um pouco mais de 70 mil habitantes, é sede da

primeira escola Microlins, adquirida por José Carlos Semenzato e composta

por apenas quatro microcomputadores PC 4.77 usados, carteiras de segunda

mão e uma turma de quinze alunos.

Formado em Processamento de dados, José Carlos troca o cargo de

programador de sistemas de uma construtora pela escola. Nessa época, José

Carlos não imaginava a grandiosidade do negócio que estava por vir.

18

Em menos de dois anos, portanto, já era possível constatar que a

Microlins estava caminhando rumo ao sucesso, pois, em pouco mais de uma

década e meia, transformou-se na maior empresa de cursos profissionalizantes

do País.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 1: Primeira escola de informática

1.2 1992 – o começo da divulgação Microlins

Buscando divulgar a marca Microlins para toda a cidade de Lins e com

isso conquistar mais alunos para a escola, José Carlos Semenzato

desenvolveu várias ações. Uma delas foi o sorteio de um microcomputador

feito em parceria com uma rádio local.

1.3 1994 – o início das primeiras escolas próprias Microlins

Em 1994, a Microlins comemora a inauguração de dezoito unidades nas

cidades do interior de São Paulo: Cafelândia, Promissão, Penápolis, Birigui,

Araçatuba, Adamantina, Marília, Paraguaçu Paulista, Tupã, Assis, Palmital,

Bauru, Jaú, Lençóis Paulista, Avaré, São José do Rio Preto, Olímpia e

19

Votuporanga.

Já com diversas unidades próprias operando com sucesso absoluto, a

Microlins dá início ao sistema de franqueamento de seu método e marca,

nascendo então, a Microlins Franchising. Pelo sistema de franqueamento

iniciou-se a transformação das unidades próprias em franquias.

Em 1995, a Microlins participa pela primeira vez da ABF Franchising

Expo, a mais importante feira do segmento de franchising no Brasil.

Organizada anualmente pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. A

feira reuniu cerca de 200 expositores em busca de parceiros que desejavam

ingressar no mundo das franquias.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 2: Foto de uma, das dezoitos unidades do interior da

escola Microlins

1.4 1996 – nasce a editora raiz

Como o número de escolas e franqueados não parava de crescer,

percebeu-se a necessidade de apostilas e os impressos Microlins seguirem

uma padronização e que esses materiais fossem produzidos em grande

quantidade.

Tudo começa em 1996, de uma forma empírica para depois ser uma

outra empresa, uma editora de porte industrial, para atender a demanda dos

20

franqueados Microlins. Nasce assim a Editora Raízes, em parceria com José

Rafael Rosa Pacini, experiente empresário do setor gráfico, proprietário da

Garagem Cópias de Lins há mais de 30 anos.

Desde o começo, a Editora Raízes sempre primou pela qualidade e bom

atendimento, organizando a produção, venda e distribuição das apostilas e

materiais da Microlins, além de publicar livros e imprimir materiais para clientes

da região.

Nesse ano, a Microlins chega a 65 franquias e, devido ao grande

crescimento, José Carlos Semenzato convida Célia Regina Volponi para

assumir a área administrativa da editora, já que ela havia trabalhado antes para

a Microlins. Posteriormente, Célia torna-se sócia da Editora Raízes.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 3: Foto exterior da Editora Raízes

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 4: Foto interna da Editora Raízes

21

1.5 1997 – da escola de informática ao centro de formação profissional

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 5: Logomarca do Centro de Formação Profissional

O ano de 1997 é muito especial para a Microlins. A empresa consolida

sua posição como a maior rede de escolas profissionalizantes do Brasil,

saltando de 25 para 130 franquias, crescimento este decorrente do “boom” da

tecnologia.

O computador passa a ser uma ferramenta importante e as pessoas

começam a procurar cursos para aumentar os conhecimentos,

conseqüentemente, crescendo a procura pelos cursos de informática.

Por essa razão, abriram-se muitas escolas de informática oferecendo os

mesmos serviços que a Microlins. Para que a Microlins pudesse se diferenciar

no mercado, Pedro Furquim, consultor especializado em Marketing, teve a idéia

de a Microlins deixar de ser uma escola de informática para se tornar um

Centro de Formação Profissional, oferecendo assim diversas opções de cursos

profissionalizantes.

Apesar da excelente receptividade que o mercado tinha ao produto

“curso de informática”, a Rede Microlins não se estagnou e desenvolveu novos

produtos.

O resultado desse processo foi o lançamento do curso de Capacitação

Profissional em Rotinas Administrativas que, no primeiro ano, matriculou 29 mil

alunos em todo o país.

Atualmente, em meio aos mais de 40 cursos disponíveis na rede

22

Microlins destacam-se os de Informática, Capacitação Profissional em Rotinas

Administrativas, Telefonista, Recepcionista, Operador de Telemarketing,

Turismo, Hotelaria, Info-Linux, Web Designer, entre outros.

1.6 1998 – as primeiras másteres Microlins

No ano de 1998, nascem as Másteres Franquias Microlins. Contrato

assinado com Sidney Eduardo Kalaes, que assume a Máster da Grande São

Paulo, iniciando com aproximadamente 20 franquias, e com Mauro Dias que

assume a Máster Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A Máster Franquia Microlins oferece ao franqueado um suporte regional

para que ele obtenha total sucesso no negócio. Esse suporte vai desde a

escolha do ponto, padronizações e até orientações de como administrar a

franquia.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 6: Foto da inauguração Máster da Grande São Paulo

Com o objetivo de intensificar o crescimento para fora do estado de São

Paulo, José Carlos Semenzato concede a Antonio Brizoti e Antonio Brizoti

Júnior as Másteres Interior de São Paulo, Sul de Minas e Norte do Paraná,

momento em que eles administravam quatro franquias da Rede na região de

São José de Rio Preto/SP.

23

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 7: Foto da Microlins Franchising de São José do Rio Preto

No ano de 1999, a Microlins Franchising, localizada em Lins/SP, mudou-

se para São José do Rio Preto, em busca de uma cidade com maior infra-

estrutura, bons profissionais e, ao mesmo tempo, com qualidade de vida.

1.7 2000 – o ano das telecomunicações

Preocupada em atender a demanda de acordo com as necessidades do

mercado, a Microlins lança uma série de cursos profissionalizantes no setor de

telecomunicações.

No período, o Brasil passa por um “boom” na área de telefonia devido a

algumas privatizações e cresce de forma considerável a procura por

profissionais da área.

O instalador e reparador de linhas e aparelhos, por exemplo, tem como

objetivo ensinar métodos de instalações de novas linhas de telefones,

diretamente nos postes das companhias telefônicas, e também reparar defeitos

encontrados desde as centrais até a entrada das linhas nas casas dos

assinantes.

Foram mais de 30 mil profissionais qualificados pela Microlins para o

mercado.

24

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 8: Foto do curso de instalador e reparador de linhas

telefônicas

1.8 O antes e depois da rede Microlins

Visando o crescimento contínuo, visto que a Rede Microlins nessa época

contava com 14 franquias próprias, José Carlos Semenzato convida Antonio

Brizoti e Antonio Brizoti Júnior para tornarem-se sócios da Microlins

Franchising. No ano de 2001, a Microlins comemorou seus 10 anos de história.

1.8.1 Merchandising

Segundo José Carlos Semenzato, se a Microlins é querida e desejada

em todo País, é porque, com sua visão de futuro, convenceu seus sócios a

investirem em propagandas na mídia nacional nos programas de auditório. Em

2001, a marca Microlins pode ser vista nos programas: “Domingo da Gente”,

apresentado pelo cantor Netinho, transmitido pela Rede Record, e “Domingo

Legal” no SBT, apresentado por Gugu Liberato.

José Carlos Semenzato considera esse momento um dos mais decisivos

na história da Microlins.

25

1.8.2 Responsabilidade social

A Responsabilidade Social sempre foi preocupação constante da

Microlins e, em 2001, surge a oportunidade de agregar sua marca a ações

sociais com grandes parceiros como a Fundação Xuxa Meneghel, Instituto

Casa da Gente, dos apresentadores Xuxa e Netinho, respectivamente, e

Fundação Cafu, do jogador Cafu.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 9: Fundação Xuxa Meneghel

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 10: Instituto Casa da Gente

Nestas parcerias, a Microlins disponibiliza para cada instituição uma

escola de formação profissional para que as crianças carentes atendidas por

essas entidades tenham a oportunidade de aprender nos cursos

26

profissionalizantes.

Além da filiação às entidades, as franquias Microlins mantêm convênios

locais com entidades assistenciais, doando alimentos, agasalhos, remédios,

entre muitos outros benefícios.

Ações como essas consolidam a marca Microlins em todo o mercado

nacional.

1.8.3 Novos cursos

Em 2001, a Microlins lançou o curso de Turismo e Hotelaria. O

lançamento do curso veio ao encontro da grande expansão dessa carreira. A

profissão Turismo é uma profissão em constante crescimento, que movimenta

cerca de 45 bilhões de dólares por ano no Brasil e emprega 6 milhões de

pessoas, direta e indiretamente. É uma espécie de símbolo do setor de

serviços, cuja importância cresce no ritmo em que a tecnologia avança e

elimina empregos na indústria.

1.9 2002 – mais de 400 franquias em todo Brasil

Uma oportunidade de negócio altamente rentável, em constante

crescimento, com baixo investimento, marca forte e com credibilidade no

mercado. Estes são alguns fatores que fazem com que a marca Microlins atinja

450 franquias espalhadas pelo Brasil e mais de 600 mil alunos qualificados.

Com base no crescimento da Empresa, a Rede Microlins recebe

homenagem como uma das 10 maiores empresas de destaque de 2002. Entre

200 empresas, 10 foram selecionadas como as que mais se destacaram

durante o período em “Estratégias Vencedoras”, de acordo com uma pesquisa

feita pelo Cemaq – Centro de Metrologia e Qualidade Industrial.

A rede Microlins foi citada 1,8 milhões de vezes pelos pesquisadores,

dentro do quesito Cursos, não ficando muito atrás de empresas que já

27

possuem uma marca muito forte no mercado como a Nestlé, citada 2,2

milhões, e o Mc Donald’s, com 2,3 milhões de citações.

1.9.1 Encaminhamento ao mercado de trabalho

No ano de 2002, tem início o “Programa de Encaminhamento ao

Mercado de Trabalho”, um dos diferenciais da Microlins. Este projeto tem como

objetivo encaminhar os alunos Microlins para empresas parceiras que estejam

recrutando mão-de-obra qualificada.

1.9.2 Lançamentos

O leque de cursos da Microlins ganha, em 2002, quatro integrantes:

Inglês New Generation, Capacitação em Vendas, Garçom e Barman. Estes

cursos são desenvolvidos para atender a uma crescente demanda de pessoas

que procuram se profissionalizar, com qualidade, para entrar no mercado de

trabalho.

1.9.3 Universidade corporativa Microlins

Em 2002, a Microlins inaugura a Universidade Corporativa Microlins

(UCM), com o objetivo de oferecer um novo conceito em soluções para

treinamento e recursos humanos.

Desenvolvida por profissionais altamente capacitados, responsáveis

atualmente pela sua operação, a UCM oferece para a equipe de másteres,

franqueados e colaboradores, todo o conhecimento desenvolvido e

aperfeiçoado pela Microlins ao longo dos anos e um suporte permanente na

administração e expansão do negócio com manuais, treinamentos presenciais

28

e via satélite, audioconferência, vídeotreinamentos, entre outros.

O site “Universidade Corporativa Microlins” oferece para os franqueados

um suporte virtual e exclusivo. Entre os links disponíveis no site destacam-se

“Programas de Treinamento”, “Videotreinamento” e “Materiais”, dos quais o

franqueado pode fazer o download do “MARF – Manual de Avaliação e Rotina

da Franquia”, o “Manual de Avaliação de Instalações” e o “Manual de

Padronização da Franquia”.

Por meio dessa formação, todo o trabalho da Rede reverte-se em um

diferencial qualitativo para os alunos. Isto vem ao encontro da missão da

Microlins de prepará-los efetivamente, para ingressarem no mercado de

trabalho.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 11: Foto do grupo formado na UCM

1.10 2003 – Ano da expansão

No dia 16 de agosto de 2003, é inaugurada a sede da Microlins

Franchising em São José do Rio Preto, localizada em uma área nobre da

cidade em um terreno de 1447 metros quadrados. O prédio abriga toda

estrutura da Microlins Franchising.

29

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 12: Logomarca atual das franquias

O ano de 2003 é marcado pela expansão da Microlins por todo Brasil.

Nesse ano, a empresa consolidou sua marca inaugurando franquias em todos

os estados brasileiros.

1.10.1 O primeiro selo de excelência

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 13: Primeiro selo da ABF

Em 2003, a Microlins conquista o primeiro Selo de Excelência cedido

pela ABF – Associação Brasileira de Franchising.

30

A empresa é reconhecida pela qualidade e excelência em sua atuação

como empresa franqueadora.

O selo de excelência em franchising é o resultado de um processo

minucioso de avaliação que tem como objetivo estimular a melhoria do nível de

atuação das empresas franqueadoras, valorizando as melhorias práticas e o

profissionalismo das empresas que atuam dentro do sistema de franquias.

1.11 Microlins – ensino via satélite

Com o rápido crescimento do Grupo Microlins, surge a necessidade de

uma comunicação em tempo real que facilite os treinamentos dos franqueados

e colaboradores em todo o Brasil, nascendo então o Microlins SAT, com um

investimento de R$ 15 milhões.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 14: Foto do estúdio da Microlins SAT

O empreendimento é criado exatamente para ser ferramenta tecnológica

para uso de todas as empresas do Grupo Microlins, encurtando com isso as

distâncias territoriais.

O Microlins SAT transmite aulas ao vivo, palestras e cursos ministrados

por alguns dos mais conceituados profissionais de diferentes áreas de atuação,

31

permitindo interatividade com os alunos. Além disso, possibilita treinamentos e

comunicação da franqueadora com os franqueados e suas equipes, agilizando

o processo e reduzindo custos operacionais.

No sistema Microlins SAT, é utilizada a tecnologia de transmissão via

satélite de última geração, implementada pela Comsat, uma das maiores

empresas de comunicação via satélite do mundo, que permite aos alunos

interagirem em tempo real, por videoconferência, chat, e-mail e webforum com

o estúdio onde está o palestrante ou professor.

1.12 2006 – quinze anos de história Microlins

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 15: Selo comemorativo dos 15 anos da Microlins

No ano de 2006, a Microlins comemorou seus 15 anos de existência,

tendo mais de 700 franquias localizadas em todo o território brasileiro e mais

de 2 milhões de alunos formados. Por mês, 50 mil novos alunos fazem parte

dessa Rede.

O conhecimento de mercado e a visão de futuro do seu fundador, José

32

Carlos Semenzato, fizeram da Microlins o maior centro profissionalizante do

país.

De uma simples escola de informática, que oferecia aos seus alunos

apenas os programas de informática da época, a Microlins transformou-se em

um centro profissionalizante que oferece mais de 40 opções de cursos e uma

estrutura toda voltada para a capacitação dos alunos e o encaminhamento

deles ao mercado de trabalho.

A Microlins está mudando a vida de milhares de jovens e adultos em

todo o Brasil, seguindo sua nobre missão de transformar os sonhos de seus

alunos em realidade, através da educação, formação profissional e

encaminhamento ao mercado de trabalho.

1.12.1 Grupo Microlins

Visando perenizar o negócio e centrar todos os esforços dos sócios em

2006, quando a Microlins completou 15 anos, decidiu-se por centralizar todos

os negócios em um único Grupo. Desta forma, o Grupo Microlins conta hoje

com participação nas seguintes empresas:

EMPRESA NÚMERO DE FRANQUIAS

Microlins Franchising 700 franquias no Brasil

Instituto Embelleze 140 franquias no Brasil

Number One Idiomas 100 franquias no Brasil

Editora Microlins fornecedor do material impresso

Fonte: elaborado pelos autores, 2008

Quadro 1: Empresas da Holding Microlins

Pelo terceiro ano consecutivo, a Microlins Franchising recebeu da ABF -

Associação Brasileira de Franchising, o Selo de Excelência, sendo reconhecida

33

pela qualidade e excelência em sua atuação como empresa franqueadora.

1.13 Missão

Transformar os sonhos dos alunos em realidade, através da educação,

formação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho.

1.14 Visão

Realizar sonhos e cultivar a cidadania através da formação profissional,

agregando valores perceptíveis para o país, para clientes, acionistas e

parceiros.

34

CAPÍTULO II

EMPREENDEDORISMO

2 CONCEITUANDO EMPREENDEDORISMO

Empreendedorismo designa os estudos relativos ao empreendedor, seu

perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação.

Empreendedor é o termo utilizado para qualificar, ou especificar,

principalmente, aquele indivíduo que detém uma forma especial, inovadora, de

se dedicar às atividades de organização, administração, execução;

principalmente na geração de riquezas, na transformação de conhecimentos e

bens em novos produtos – mercadorias ou serviços; gerando um novo método

com o seu próprio conhecimento. (WIKIPEDIA, 2008)

Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as conseqüentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal. (SEBRAE, 2007a, p.15)

2.1 A origem e evolução do empreendedorismo

2.1.1 Introdução

O mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de

tempo, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções

que revolucionaram o estilo de vida das pessoas.

Geralmente, essas invenções são frutos de inovação, de algo inédito ou

de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém

antes ousou olhar de outra maneira.Por trás dessas invenções, existem

pessoas ou equipes de pessoas com características especiais que são

35

visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e

empreendem.(DORNELAS, 2005)

Em determinados períodos, alguns conceitos administrativos

predominaram, em virtude de contextos sócio-políticos, culturais, de

desenvolvimento tecnológico, de desenvolvimento e consolidação do

capitalismo, entre outros, os quais foram determinantes para a evolução das

teorias administrativas.

No momento, acredita-se que o empreendedorismo irá cada vez mais

mudar a forma de fazer negócio no mundo, devido ao avanço tecnológico, à

economia e aos meios de produção e serviços, de modo que há necessidade

de se formalizar os conhecimentos, propiciando assim o surgimento de um

número cada vez maior de empreendedores.

A palavra enterpreneur é de origem francesa, literalmente traduzida,

significa aquele que está entre ou intermediário; ou também definido como

aquele que assume riscos e começa algo novo.

O uso mais antigo da palavra enterpreneur registra-se na história militar

francesa, no século XVII, referindo-se a pessoas que se comprometiam em

conduzir expedições militares.

No contexto empresarial, diz respeito a alguém que compra bens e

serviços, a certos preços, com a intenção de vendê-los a preços incertos no

futuro. (SEBRAE, 2007b)

Segundo Sebrae (2007b), um primeiro exemplo de definição de

empreendedorismo pode ser creditado a Marco Pólo, que tentou estabelecer

rotas comerciais para o Extremo Oriente.

Como intermediário, o empreendedor Marco Pólo assinava um contrato

com uma pessoa de recursos para vender suas mercadorias. Enquanto o

capitalista corria riscos passivamente, o aventureiro empreendedor assumia o

papel ativo no negócio, suportando todos os riscos físicos e emocionais.

Quando o empreendedor era bem-sucedido e completava a viagem, os

lucros eram divididos, cabendo ao capitalista a maior parte (75%), enquanto o

empreendedor ficava com o restante (25%).

2.1.2 Idade média

36

Na Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele

que gerenciava grandes projetos de produção. Em tais projetos, esse indivíduo

não corria riscos, simplesmente administrava o projeto usando os recursos

fornecidos, geralmente pelo governo do país. Um empreendedor da Idade

Média era a pessoa encarregada das obras arquitetônicas, como castelos e

fortificações, prédios públicos. (DORNELAS, 2005)

2.1.3 Século XVII

Os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e

empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou

fornecer produtos.

Como geralmente os preços eram prefixados, quaisquer lucros ou

prejuízos eram exclusivos do empreendedor. Richard Cantillon, importante

escritor e economista do século XVII, é considerado por muitos como um dos

criadores do termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a

diferenciar o empreendedor – aquele que assumia riscos -,do capitalista-

aquele que fornecia o capital.(DORNELAS, 2005)

2.1.4 Século XVIII

No século XVIII, a pessoa com capital foi diferenciada daquela que

precisava de capital. Em outras palavras, o capitalista foi diferenciado do

empreendedor e, provavelmente, devido, ao início da industrialização que

ocorria no mundo.

Muitas invenções desenvolvidas durante esse período eram reações a

essas mudanças. Como exemplo, tem-se as pesquisas relacionadas à

eletricidade e à química, de Thomas Edison, que desenvolveu novas

tecnologias e era incapaz de financiar suas invenções. Tais pesquisas só foram

37

possíveis com o auxílio de investidores que financiaram os experimentos.

(DORNELAS, 2005)

2.1.5 Séculos XIX e XX

No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram

freqüentemente confundidos com gerentes ou administradores (o que ocorre

até os dias atuais), sendo meramente de um ponto de vista econômico, como

aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem

e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do

capitalista.

Dornelas (2005), faz uma breve análise das diferenças e similaridades

entre administrador e empreendedor:

Todo empreendedor necessariamente deve ser um bom administrador para obter o sucesso, no entanto, nem todo bom administrador é um bom empreendedor. O empreendedor tem algo a mais, algumas características e atitudes que o diferenciam do administrador tradicional. (DORNELAS, 2005, p. 30)

A seguir o quadro que sintetiza o desenvolvimento da teoria e do termo

empreendedor:

· Origina-se do Francês: empreendedor

significa aquele que está entre ou

estar entre.

· 1961: David McClelland – o

empreendedor é alguém dinâmico que

corre riscos moderados.

· Idade Média: o empreendedor

participante e pessoa encarregada de

projetos de produção em grande

escala.

· 1964: Peter Druker – o empreendedor

maximiza oportunidades.

· SÉCULO XVII: o empreendedor é a

pessoa que assumia riscos de

lucro(ou prejuízo)em um contrato de

valor fixo com o governo.

· 1975: Albert Shapiro – o empreendedor

toma iniciativa, organiza alguns

mecanismos sociais e econômicos e

aceita riscos de fracasso.

38

continuação

· 1725: Richard Cantilon define

empreendedor como a pessoa que

assume riscos é diferente da que

fornece capital.

· 1980: Karl Vésper – o empreendedor é

visto de modo diferente por

economistas, psicólogos, negociantes e

políticos.

· 1803: Jean Batiste Say – os lucros do

empreendedor separados do lucro de

capital.

· 1983: Gifford Pinchot – o intra-

empreendedor é um empreendedor que

atua dentro de uma organização já

estabelecida.

· 1876: Francis Walker -distinguiu entre os

que forneciam fundos e recebiam juros

e aqueles que obtinham lucro com

habilidades administrativas.

· 1985: Robert Hisrich – o

empreendedorismo é o processo de

criar algo diferente e com valor,

dedicando o tempo e o esforço

necessários, assumindo os riscos

financeiros, psicológicos e sociais

correspondentes e recebendo as

conseqüentes recompensas da

satisfação econômica e pessoal.

· 1934: Joseph Shumpeter – o

empreendedor é um inovador e

desenvolve tecnologia que ainda não foi

testada.

Fonte: SEBRAE, 2007a, p. 9

Quadro 2: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo

empreendedor

No Brasil, o movimento do empreendedorismo começa ganhar

importância, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, onde os

empreendedores são os grandes propulsores da economia. O primeiro curso

na área de empreendedorismo de que se tem notícia surgiu em 1981, na

Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, em São

Paulo. A disciplina Novos Negócios fazia parte da especialização em

Administração para graduados. Em 1984, o curso foi estendido à graduação e,

em 1989, criou-se o Centro Integrado de Gestão Empreendedor (CIAGE); a

partir daí, o ensino do empreendedorismo foi inserido nos cursos de mestrado,

39

doutorado e MBA. (SEBRAE, 2007b)

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)

surgiu em 1972 para estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento do

Brasil. É uma entidade privada e de interesse público, apóia a abertura e a

expansão dos pequenos negócios e transforma a vida de milhões de pessoas

por meio do empreendedorismo. O Sebrae tem uma missão clara e focada no

desenvolvimento do Brasil através da geração de emprego e renda pela via do

empreendedorismo. É uma entidade privada sem fins lucrativos que tem como

missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos

empreendimentos de micro e pequeno porte. (SEBRAE, 2008)

Com iniciativas pioneiras, tem como foco estimular o empreendedorismo

no país onde micro e pequenos negócios são essenciais para o

desenvolvimento do Brasil, sendo necessário que atuem em um ambiente

institucional no qual se estimule a criação de empresas formais, competitivas e

sustentáveis. O Sebrae atua fortemente na busca desse ambiente, pois

acredita que o desenvolvimento do país passa necessariamente pela geração

de emprego e renda por meio do empreendedorismo. No Brasil, de acordo com

o IBGE, existem 14,8 milhões de micro e pequenas – 4,5 milhões formais e

10,3 milhões informais – que respondem por 28,7 milhões de empregos e por

99,23% dos negócios do país. O trabalho do Sebrae nesse segmento

transforma a vida das pessoas e auxilia o desenvolvimento sustentável de

diversas comunidades, de forma comprometida com a construção de um país

melhor e de uma sociedade mais justa e equilibrada. (SEBRAE, 2008).

De acordo com Dornelas (2005), no ano de 1998, foi criado o projeto

GEM-Global Entrepreneurship Monitor, uma iniciativa conjunta do Babson

College, nos Estados Unidos, e da London Businnes School,na Inglaterra, com

o objetivo de se medir a atividade empreendedora dos países e se observar

seu relacionamento com o crescimento econômico.Trata-se de uma iniciativa

pioneira, sem precedentes e que tem trazido novas informações a cada ano

sobre o empreendedorismo mundial e também em nível local para os países

participantes.

O GEM BRASIL (2008) é o maior estudo independente sobre a atividade

empreendedora, cobrindo mais de 50 países consorciados, o que representa

algo em torno de 95% do PIB e 2/3 da população mundial. O GEM BRASIL

40

(2008) atualmente é administrado por uma Holdiding-Global Entrepreneurship

Reserach Association (GERA) e está fortemente ligado a suas duas instituições

fundadoras, a London Business School e a Babson College, Boston com a

proposta de compartilhar o conhecimento disponível e evidenciar ainda mais a

importância dessa atividade como propulsora de desenvolvimento social e

econômico.

Segundo o relatório de 2007 do GEM BRASIL (2008), o Brasil tem se

mantido ao longo desses anos sem perda de continuidade em relação aos

outros países participantes, apresentando uma taxa de Empreendedores em

Estágio Inicial (TEA) 1 de 12,72 no momento da pesquisa,posicionando-se na

9ª colocação entre os 50 países participantes. E essa taxa de 12,72 representa

que, a cada 100 pessoas, cerca de 13 desenvolviam alguma atividade

empreendedora, representando assim importante papel no cenário mundial.

Em 2007, as mulheres representavam 52% dos empreendedores no

Brasil, invertendo uma tendência histórica quando considerado o período 2001-

2007, quando os homens em 2001 representavam 71% contra as mulheres

29%.

Gênero 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2001-2007

Homem 47,6 56,2 50,0 56,6 53,2 57,6 70,9 56,3

Mulher 52,4 43,8 50,0 43,4 46,8 42,4 29,1 43,7

Fonte: GEM BRASIL, 2008

Quadro 3: Empreendedores iniciais por gênero no Brasil 2001 a 2007

A necessidade é o fator de motivação para a mulher iniciar o

empreendimento. Enquanto 38% dos homens empreendem por necessidade,

essa proporção aumenta para 63% para as mulheres, o que indica que elas

buscam alternativa de empreendimentos para completar a renda familiar, ou

ainda porque, nos últimos anos,vêm assumindo cada vez o sustento do lar

como chefe de família.

A mudança na expectativa de vida média do brasileiro, que era no ano

de 1910 de 34 anos e atualmente está em média 73 anos, explica o fenômeno

41

de os brasileiros, na fase de sua aposentadoria, estarem abrindo novos

negócios. O desejo é uma longevidade e uma expectativa de que manter-se

na ativa traduz-se a efetividade de uma velhice mais saudável,quando muitos

estudos relacionam a aposentadoria precoce ao encurtamento da vida.

Segundo dados do GEM BRASIL (2008), no ano de 2007, 17,5% dos

brasileiros à frente de negócios em estágio inicial tinham entre 45 e 54 anos,

quando em 2001 eles representavam apenas 7% do total.Só em 2005, a

instituição calcula que 20847 pessoas com mais de 50 anos abriram negócios

no de São Paulo. Hoje a aposentadoria passou a ser encarada como uma

oportunidade de recomeçar, diferente dos anos de 1960 a qual era sinônimo de

descanso, e nos anos de 1970 e 1980 como um direito.

Empreender aos 50 tem algumas vantagens, mas está sujeito às

mesmas armadilhas comuns entre todos os calouros de empreendedorismo,

como não estudar o mercado em que vai entrar ou não incluir o planejamento

de gastos, o montante necessário de gastos para o capital de giro. Nessa faixa

etária, está totalmente exposto o romantismo do negócio próprio o qual é

pertencente aos mais jovens. A decisão em empreender não é mais apenas

uma fantasia, sendo assim a sua concepção em empreender tem mais chance

de sucesso, porque em geral são mais cautelosos e estudam melhor a

concorrência e também costumam a ter em seu favor o traquejo na gestão de

pessoas e uma rede de contatos estabelecida ao longo da carreira, o chamado

networking. (ROGAR, 2008)

Passado mais de 15 anos, pode-se dizer que o Brasil entra nesse novo

milênio com todo o potencial para desenvolver um dos maiores programas de

ensino de empreendedorismo de todo o mundo, comparável apenas aos

Estados Unidos, onde mais de 1500 escolas ensinam empreendedorismo.

2.2 A educação e o empreendedorismo

O espírito empreendedor é algo inerente ao ser humano, sendo

importante estimulá-lo. O Brasil pertence a uma cultura empreendedora pouco

difundida e as escolas e universidades ensinam os estudantes a serem

42

empregados, não empregadores.

O sistema de ensino e a família incutem em seus alunos a síndrome do

empregado, dando ênfase à tecnologia, formando empregados para um

mercado que praticamente não existe mais, sendo nociva na atual dinâmica da

economia, submetendo todos os indivíduos a se tornarem iguais, sem a

capacidade de empreender, ser igual a todo mundo.

O ensino do empreendedorismo deve ser introduzido da pré-escola à

universidade e deve ter como objetivo o desenvolvimento humano e social,

sendo um instrumento de geração e distribuição de riqueza, proporcionando

assim o crescimento econômico do país. O empreendedorismo é uma proposta

que todo curso de graduação deve adotar, bem como Sociologia, Jornalismo,

Medicina, Letras, Música, Turismo, Relações Públicas, Biologia, entre outras.

Dolabela (2005) recusa-se a usar a palavra ensinar no sentido de

transferir conhecimento. Ele ressalta que:

Ensinar é mais do que isso, não é possível transferir conhecimento

empreendedor, como é possível se fazer com Geografia ou História.

Empreendedorismo não é um tema cognitivo. Diz respeito à cultura, valores,

crenças e forma de ser. Aprende-se a ser empreendedor através da

convivência com pessoas que sinalizam positivamente para os valores

empreendedores, como criatividade, inovação, rebeldia, autonomia,

independência, auto-suficiência, enfim, de protagonismo. São esses valores

que devem ser desenvolvidos. (DOLABELA, 2005)

Portanto, educar na área empreendedora é desenvolver algo que já

existe, é tornar útil e dinâmico um potencial já existente, onde, de alguma

maneira, muitos possam ter deixado de ser empreendedores em virtude de

dois obstáculos sérios, a escola e a família impedindo assim o desenvolvimento

desse potencial.

A escola geralmente propõe uma educação com um aprendizado de

perguntas e respostas que dificulta a criação de uma mente brilhante e criativa,

sendo assim um entrave ao empreendedorismo, pois tira da mente e da

personalidade das crianças e jovens a curiosidade nata do inovador, do

criativo. Basta contemplar algumas horas uma criança, ela cria um mundo ao

seu redor apenas com gravetos e caixas. Crianças sonham, vivem epopéias

em suas mentes e sonhos e assim que começam a falar e a discernir o mundo

43

ao seu redor, elas não se cansam de perguntar o porquê das coisas.

Por isso, tendo como base esses conhecimentos, a educação deveria

preservar o sentimento de busca pelo novo, de conhecer o desconhecido, o

sentimento de que atrás da próxima porta existe uma oportunidade nova, de

encontrar soluções onde no primeiro momento elas não existem e, com

certeza, teria como resultado muito mais empreendedores.

Equivocadamente muitas escolas, professores e pais querem que seus

filhos “saibam fazer” em vez de “saber ser”. Fórmulas prontas, conceitos

decorados, tornam jovens acomodados, sem a energia necessária para

enfrentar o mundo real. A educação deveria ter a missão de formar indivíduos

que buscam constantemente seu autoconhecimento e auto-aperfeiçoamento,

respeitando individualidades e limitações, enaltecendo virtudes, forças e

talentos. O papel da escola é aplicar as modernas técnicas pedagógicas para

estimular este desenvolvimento, além de incentivar que seus mestres, pais,

propiciem às crianças e jovens as condições de perenizar e consolidar caráter,

personalidade, atitudes e comportamentos de empreendedores de sucesso.

(MEDEIROS, 2006)

Empreender é um processo existencial, sem regras nem dicas. O

indivíduo deve se conhecer, ter auto-estima, ser proativo, definir um sonho e

construir a concepção de futuro para então identificar oportunidades. A grande

questão é que os estudantes não são preparados para empreender. O sistema

tradicional de formação para o emprego não trabalha o autoconhecimento, a

auto-estima, a emoção, o sonho, a internalidade, exigências do mundo

empreendedor. (DOLABELA, 2005)

A atitude empreendedora deve ser incentivada, porque todos nascem

com vontade de fazer uma coisa diferente ou própria. Todas as instituições

universitárias devem oferecer disciplinas dedicadas ao estímulo

Empreendedorismo. É imprescindível inserir a cultura empreendedora no

ambiente acadêmico e é algo que já está sendo alcançado, pois, segundo

Dolabela, empreender significa conceber o futuro e transformar essa

concepção em realidade.

O ensino tradicional mais inibe do que incentiva, porque tem uma ênfase

no conteúdo e tem a resposta no professor, enquanto que o empreendedor é

muito mais voltado ao auto-aprendizado. Parece um jogo de palavras: o

44

empreendedorismo pode ser aprendido, mas é difícil de ser ensinado. O

professor entra na sala e cria um processo de aprendizagem em que o centro é

o aluno. (COZZI apud UNIVERSIA, 2005)

A educação empreendedora deve reconhecer que todo ser humano tem

capacidade empreendedora e para isso, ninguém precisa mudar sua forma de

ser, sendo concebível o auto-aprendizado. Este não resume ao domínio de

teorias, tecnologias, processos e instrumentos, mas no desenvolvimento de

algumas habilidades para lidar com o contexto cultural, altamente mutante.

Entendendo esse comportamento, algumas pesquisas detectam que é

uma ferramenta importantíssima, mas o alcance do sucesso só é possível com

a união de perseverança, criatividade e capacidade de identificar

oportunidades, porém a maneira de se ensinar essas características ainda não

foram descobertas, pois elas fluem espontaneamente em quem está no

processo de realização: a emoção da busca.

“A habilidade estratégica do empreendedor é aprender a aprender”.

(DOLABELA, 2003, p.44)

2.3 Ser empreendedor

O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar sonho em

realidade. Quando consegue promover o próprio sustento por meio do próprio

trabalho está sendo empreendedor.

O mundo tem passado por muitas transformações em curtos períodos de

tempo e essas mudanças revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Tais

mudanças são frutos de inovação, de algo inédito ou de uma nova visão de

como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém antes ousou olhar de outra

maneira.

Há pessoas ou equipes com características especiais, tais como:

visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e

empreendem.

Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem

motivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser

45

mais um na multidão, querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e

imitadas, querem deixar um legado. (DORNELAS, 2005)

O papel do empreendedor sempre foi fundamental na sociedade, mas

nos dias atuais ele se torna imprescindível, pois o avanço tecnológico tem sido

de tal ordem que requer um número muito maior de empreendedores.

Segundo Dornelas (2005, p.22) “a economia e os meios de produção e

serviço se sofisticaram de maneira que hoje existe a necessidade de se

formalizar conhecimentos, que no passado eram obtidos empiricamente.”

Os empreendedores estão eliminando barreiras comerciais e culturais,

criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas

e gerando riqueza para a sociedade.

A nova economia e a era da Internet, têm mostrado que boas idéias

inovadoras, know-how, um bom planejamento e, principalmente, uma equipe

competente e motivada são ingredientes poderosos que, quando somados no

momento adequado, acrescidos do capital podem gerar negócios grandiosos

em curto espaço de tempo.

Há 15 anos era considerado loucura, um jovem recém-formado

aventurar-se na criação de um negócio próprio, pois os empregos oferecidos

pelas grandes empresas, bem como a estabilidade alcançada nos empregos

em repartições públicas eram muito convidativos.

Com a mudança de cenário, os profissionais experientes, os jovens à

procura de uma oportunidade no mercado de trabalho e as escolas de ensino

de administração revisaram alguns conceitos sobre esta nova realidade.

Mudar a visão sobre algum assunto, redirecionar ações e repensar

conceitos levam algum tempo até gerarem resultados práticos.

2.3.1 Características do empreendedor

Segundo Dornelas (2005) os empreendedores de sucesso:

a) são visionários;

b) tomam decisões;

c) fazem a diferença;

46

d) sabem explorar ao máximo as oportunidades;

e) são dedicados;

f) são otimistas e apaixonados pelo que fazem;

g) são independentes e constroem o próprio destino;

h) ficam ricos;

i) são determinados e dinâmicos;

j) são líderes e formadores de equipes;

k) são bem relacionados (networking);

l) são organizados;

m) planejam, planejam, planejam;

n) possuem conhecimento;

o) assumem riscos calculados e

p) criam valor para a sociedade.

Fonte: CHIAVENATO, 2008, p.10

Figura 16: As três características básicas do empreendedor

Adicionalmente, segundo Chiavenato (2008) três características básicas

identificam o espírito empreendedor:

a) necessidade de realização: os empreendedores apresentam elevada

necessidade de realização em relação às pessoas da população em

geral, em muitos casos, o impulso empreendedor torna-se evidente

desde cedo, até mesmo na infância;

b) disposição para assumir riscos: o empreendedor assume variados

riscos ao iniciar seu próprio negócio – riscos financeiros decorrentes

Necessidade de realização

Disposição para assumir

riscos

Autoconfiança

47

do investimento do próprio dinheiro e do abandono de

empregosseguros e de carreiras definidas; riscos familiares ao

envolver a família no negócio; riscos psicológicos pela possibilidade

de fracassar em negócios arriscados;

c) autoconfiança: quem possui autoconfiança sente que pode enfrentar

os desafios ao seu redor e tem domínio sobre os problemas que

enfrenta. Os empreendedores de sucesso são pessoas

independentes que enxergam os problemas inerentes a um novo

negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para superar

tais problemas.

O empreendedor, em resumo, é a pessoa que consegue fazer as coisas

acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e

capacidade de identificar oportunidades, ele transforma idéias em realidade

para benefício próprio e para benefício da comunidade.

Segundo Chiavenato (2008) por ter criatividade e um alto nível de

energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos

que, combinados adequadamente, habilitam-no a transformar uma idéia

simples e mal-estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado.

Mas não basta buscar oportunidades, é necessário que o empreendedor

se aprofunde nas informações do seu negócio, como também não adianta

estabelecer metas objetivas se ele não for perseverante na sua conquista.

O empreendedor precisa ter profundo comprometimento emocional com

seu negócio e o segredo está nele desenvolver todas essas características no

seu conjunto, pois elas constituem a essência do espírito empreendedor.

2.3.2 Elemento de suporte da visão do empreendedor

Segundo Fillion (apud DOLABELA, 2003) o empreendedor age para

realizar sua visão sobre cinco elementos de suporte:

a) conceito de si: é a forma como a pessoa se vê, a imagem que tem

de si mesma. No conceito de si estão contidos os valores de cada

um, sua forma de ver o mundo, a motivação. O indivíduo precisa

48

saber quem é para ter consciência do que vai criar, pois a empresa é

uma extensão do ego;

b) conhecimento do setor: significa saber tudo sobre ele – tecnologia,

mercado, ambiente (legal, demográfico, político, social, econômico),

mas principalmente entender como funciona o negócio, qual a sua

dinâmica. Abrir uma empresa em um setor desconhecido é aventura,

e não empreendedorismo;

c) rede de relações: as relações que o empreendedor desenvolve são

o fator mais influente na evolução da visão, elas podem ser de vários

níveis: pessoas da família, amigos, conhecidos, internet. O

empreendedor estabelece relações com base na sua visão;

d) energia: é o tempo reservado às atividades profissionais e também a

intensidade com que elas são executadas, a energia despendida

poderá conferir mais liderança e capacidade de estabelecer

relações;

e) liderança: é a capacidade do empreendedor de convencer

apoiadores (sócios, colaboradores, financiadores, fornecedores,

clientes) de que é capaz de conduzí-los a uma situação favorável no

futuro. Há uma permanente relação de interdependência entre a

visão e os elementos de suporte, todos eles se alteram

permanentemente, fazendo com que o empreendedor e sua visão

estejam em constante mudança, redefinição, recriação.

2.3.3 A decisão de ser empreendedor

Segundo Timmons (apud DORNELAS, 2005) o empreendedor prioriza a

análise de três fatores fundamentais do processo. O primeiro fator é a

oportunidade, que deve ser avaliada para que se tome a decisão de continuar

ou não com o projeto. O segundo fator é a equipe empreendedora, ou seja,

quem; além do empreendedor, estará atuando em conjunto neste projeto. E

mais, estas pessoas que formam a equipe empreendedora têm perfil

complementar? Finalmente, quais são os recursos, como e aonde esta equipe

49

irá consegui-los? É muito importante que a questão relativa à análise dos

recursos necessários para o início do negócio seja a última a ser feita, para

evitar que o empreendedor e sua equipe restrinjam a análise da oportunidade,

a primeira das tarefas a ser realizada. Na verdade, às vezes a formação da

equipe ocorre até antes da identificação da oportunidade, porém o mais comum

nos casos de sucesso é a identificação da oportunidade, formação da equipe e

captação dos recursos. O empreendedor deve ter em mente ainda que nem

sempre a equipe inicial estará completa e que após a captação dos recursos

necessários esta pode e deverá ser complementada.

A Figura 17 apresenta esses três fatores essenciais para a existência do

processo empreendedor. O planejamento, por meio de um plano de negócios

(business plan), é a ferramenta do empreendedor, com a qual sua equipe

avalia oportunidades, identifica, busca e aloca os recursos necessários ao

negócio, planeja as ações a serem tomadas, implementa e gerencia o novo

negócio. Obviamente, muitas incertezas estarão presentes ao longo de todo o

processo, e a equipe empreendedora deverá saber lidar com os riscos de

forma calculada, analisando as várias possibilidades existentes e as possíveis

conseqüências para o negócio e para eles mesmos.

Fonte: DORNELAS, 2005, p.46

Figura 17: O processo empreendedor na visão de Timmons

A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer por acaso. Isso pode

Oportun

idade

Recurs

os

Equipe

Comunicação

Criatividade Liderança

Forças externas

Incerteza Mercado de capitais

Ambiguidade

50

ser verificado perguntando-se a qualquer empreendedor: o que o levou a criar

sua empresa? Não haverá surpresa se a resposta for: não sei, foi por acaso...

Segundo Dornelas (2005), essa decisão ocorre devido a fatores

externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de

todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de

uma nova empresa. O processo empreendedor inicia-se quando um evento

gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio. A Figura 18

exemplifica alguns fatores que mais influenciam esse processo durante cada

fase da aventura empreendedora.

Fonte: DORNELAS, 2005, p.41

Figura 18: Fatores que influenciam no processo empreendedor

O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações

associadas com a criação de novas empresas. Em primeiro lugar, o

empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor. Em

segundo, requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço

necessário para fazer a empresa crescer. E em terceiro, que riscos calculados

sejam assumidos e decisões críticas tomadas; é preciso ousadia e ânimo

inovação evento inicial implementação crescimento

Fatores Pessoais Realização pessoal Assumir riscos Valores pessoais Educação experiência

Ambiente Oportunidade Criatividade Modelos(pessoas)de sucesso

Ambiente Competição Recursos Incubadoras Políticas públicas

Ambiente Competidores Clientes Fornecedores Investidores Bancos Advogado Recursos Políticas públicas

Fatores organizacionais Equipe Estratégia Estrutura Cultura produtos

Fatores sociológicos Networking Equipes Influência dos pais Família Modelos de sucesso

51

apesar de falhas e erros.

O empreendedor revolucionário é aquele que cria novos mercados, ou

seja, o indivíduo que cria algo único, como foi o caso de Bill Gates, criador da

Microsoft, que revolucionou o mundo com o sistema operacional Windows.

No entanto, a maioria dos empreendedores cria negócios em mercados

já existentes, não deixando de ser bem-sucedidos por isso.

Segundo Dornelas (2005) as quatro fases que envolvem o processo

empreendedor são:

a) identificar e avaliar a oportunidade;

b) desenvolver o plano de negócios;

c) determinar e captar os recursos necessários; e

d) gerenciar a empresa criada.

Identificar e avaliar uma oportunidade é a parte mais difícil. Existe uma

lenda segundo Dornelas (2005), de que a oportunidade é como um velho sábio

barbudo, baixinho e careca, que passa ao seu lado. Normalmente ele não é

nota passando...

Ele parece sem graça e sem importância nenhuma mas, quando se

percebe que ele pode ser útil, tente-se desesperadamente alcançá-lo, mas já é

tarde e ele já foi embora. Isso acontece muitas vezes e ai está a diferença dos

empreendedores de sucesso, pois estes agarram este “velho” logo no primeiro

instante, usufruindo o máximo que podem de sua sabedoria.

E como distinguir um velho sábio daquele que não traz algo de valor?

Aí entra o talento, o conhecimento, a percepção e o feeling do

empreendedor. Muitos acreditam que isso ocorre por sorte. No entanto, muitos

também dizem que sorte é o encontro da competência com a oportunidade.

A segunda fase do processo empreendedor – desenvolver o plano de

negócios – talvez seja a que dê mais trabalho para os empreendedores de

primeira viagem. Ela envolve vários conceitos que devem ser entendidos e

expressos de forma escrita, em poucas páginas, dando forma a um documento

que sintetiza toda a essência da empresa, sua estratégia de negócio, seu

mercado e competidores, como vai gerir receitas e crescer.

Determinar os recursos necessários é conseqüência do que foi feito e

planejado no plano de negócios. Já a captação dos recursos pode ser feita de

várias formas e por meio de várias fontes distintas. Há alguns anos, as únicas

52

possibilidades de se obter financiamento ou recursos, no Brasil, eram recorrer

aos bancos e as economias pessoais, à família e aos amigos. Atualmente, com

a globalização das economias e os mercados mundiais, e com a recente

estabilização econômica do país, o Brasil passou a ser visto como um celeiro

de oportunidades a serem exploradas pelos capitalistas. Estes mesmos que

preferiam aplicar suas divisas no mercado financeiro, que lhes proporcionava

retornos imbatíveis. Começa a ser comum encontrar a figura do capitalista de

risco no país e, principalmente, do angel, ou anjo – investidor pessoa física –

que prefere arriscar em novos negócios a deixar todo seu dinheiro aplicado nos

bancos. Isso vem ocorrendo nos setores onde as empresas podem crescer

rapidamente, como o de empresas de tecnologia, e já está mudando todo um

paradigma de investimentos no Brasil, o que é saudável para o país e para os

novos empreendedores que estão surgindo.

Gerenciar a empresa parece ser a parte mais fácil, mas não é bem

assim. Cada fase do processo empreendedor tem seus desafios e

aprendizados. Às vezes, o empreendedor identifica uma excelente

oportunidade, elabora um bom plano de negócios e “vende” a sua idéia para

investidores que acreditam nela e concordam em financiar o novo

empreendimento. Quando é hora de colocar as ações em prática, começam a

surgir os problemas. Os clientes não aceitam tão bem o produto, surge um

concorrente forte, um funcionário-chave pede demissão, uma máquina quebra

e não existe outra para repor, enfim, problemas vão existir e precisarão ser

solucionados. Aí é que entra o estilo de gestão do empreendedor na prática,

que deve reconhecer suas limitações e saber, antes de qualquer coisa, recrutar

uma excelente equipe de profissionais para ajudá-lo a gerenciar a empresa,

implementando ações que visem a minimizar os problemas, e identificando o

que é prioridade e o que é crítico para o sucesso.

2.4 Carreiras empreendedoras do futuro

Nos próximos anos, a compreensão do termo carreira irá mudar

radicalmente e muitas carreiras irão se tornar bem mais empreendedoras. A

53

sociedade que não embutir o conceito de empreendedorismo no currículo

escolar será incapaz de se manter com grau de desenvolvimento, pois quanto

mais indivíduos uma sociedade tem, mais criativa e inovadora ela se tornará, e

isso lhe dará mais valor.

Há inúmeros caminhos diferentes em carreiras empreendedoras e nos

próximos anos, os indivíduos estarão mais bem habilitados a selecionar o

caminho certo para eles ou mudar de um caminho para outro. A melhor

previsão para o sucesso do negócio é o nível de especialização da pessoa no

setor, sendo mais difícil ser vitorioso em um negócio se alguém escolher um

campo que não conhece, pois a faceta de uma carreira empreendedora é a

uma combinação de Know-how, conhecimento próprio e visão do futuro.

No passado, uma carreira empreendedora significaria, normalmente

trabalhar num pequeno negócio. Atualmente há novas formas de

empreendedorismo, incluindo negócios da família, microempresas, auto-

emprego, empreendedorismo ecológico, empreendedorismo tecnológico,

cooperativa, empreendedorismo de grupo, empreendedorismo social, assim

como outros tipos de empreendedorismo no setor dos grandes negócios, como

os que estão se tornando cada vez mais comuns.

2.4.1 Novas concepções empreendedoras

2.4.1.1 Intrapreneurs (empregados empreendedores)

São pessoas criativas que projetam e inovam dentro do ambiente de

trabalho. Assim, necessitam de suporte e têm que construir um bom sistema de

relacionamento.Há duas categorias, a primeira inclui pessoas que incorporam a

visão de alguém e trabalham ativamente para realizá-la, os facilitadores; e a

segunda categoria inclui aqueles que projetam e implementam visões

emergentes, modificando a visão central do proprietário do negócio, chamados

de os visionários.

Todo mundo, em algum ponto de suas vidas, tem a

54

oportunidade de ser um intrapreneurs, que são os agentes de mudança, que atuam empresarialmente nas organizações as quais não possuem, mas para as quais trabalham. (CARRIER apud SEBRAE, 2007a, p.24)

2.4.1.2 Extrapreneurs

São pessoas que lançam negócios como uma extensão do trabalho que

costumam fazer para seus empregadores.São pessoas que tenham sido

empregados empregadores, planejando e gerenciando projetos, envolvidos em

mudanças, transformando-se assim em Extrapreneurs, montando o próprio

negócio.Continuam a aplicar os comportamentos que aprenderam, ao longo

dos anos, mas, desta vez, para seu benefício.

2.4.1.3 Entrepreneurs (empresários)

Empresários são pessoas que focam suas energias na inovação e no

crescimento, criando empresas ou desenvolvendo coisas novas numa empresa

já existente (novos produtos, novos métodos, novos mercados). Os

empresários almejam crescimento pessoal e organizacional. Eles necessitam

aprender continuamente porque seu trabalho é complexo, estando em

constante evolução.

2.4.1.4 Spin-off

O termo refere-se ao processo que engloba a pessoa que quer criar um

novo negócio e que recebe ajuda de uma outra organização ou negócio. É uma

maneira de reduzir riscos, sendo assim uma forma de criação associada, a qual

tenderá a ser mais popular nos próximos anos.

55

2.4.1.5 Proprietários gerentes de pequenas empresas

Proprietários gerentes de pequenas empresas precisam ser versáteis,

precisam ser capazes de resolver problemas e tomar decisões

rapidamente.Necessitam dominar todos os elementos básicos de

gerenciamento, sendo capazes de incorporar práticas de gerenciamento efetivo

dentro de suas atividades diárias.

2.4.1.6 Operadores de microempresas

Seu trabalho é parecido com aquele dos proprietários gerentes de

pequenas empresas, só que em escala menor. Há poucos recursos para atingir

suas metas, sendo a maior vantagem o conhecimento do campo de trabalho e

de seu tempo.

2.4.1.7 Os autônomos

Um autônomo trabalha essencialmente sozinho, apenas ocasionalmente

com outras pessoas.Alguns se tornam autônomos por livre escolha e outros

são forçados por não encontrarem trabalho.Tal diferença pode afetar o tipo de

aprendizado necessário, entretanto, todos devem aprender a administrar seu

tempo e achar meios de se reciclar.Os mais bem-sucedidos são extremamente

flexíveis, um estilo de vida equilibrado assegurando assim manter motivação e

produtividade.

2.4.1.8 Supportpreneurs

56

São os que dão suporte para novas associações e

negóciosexistentes.Exemplos de carreiras possíveis incluem consultorias,

serviços de suporte a novos empresários, assistência com preparação de

planos de negócios, tutorias, juntas de aconselhamento, de famílias, de

diretores.

2.4.1.9 Interpreneurs

São os intermediários, geralmente representados por contadores e

advogados, agora especializados em negociações intercomerciais.

Interpreneurs devem ser peritos em negociação, estando aptos a preparar e

atualizar planos estratégicos de gerenciamento.

2.4.1.10 Networkpreneurs (empreendedores em rede de negócios)

São pessoas que ajudam a melhorar o poder de negociação dos

pequenos negócios com os fornecedores, para incrementar sua capacidade. É

comum hoje ter indivíduos começando uma rede, trazendo os participantes e

criando uma carreira para eles, enquanto continuam a gerenciar a rede e a

desenvolvê-la.

2.4.1.11 Negopreneurs (empreendedores de negócios)

São as pessoas que compram e vende empresas. A maioria é

especialista em recuperação do empreendimento. Agem comprando empresas

quebradas ou quase quebradas; negociam acordos com fornecedores e iniciam

uma recuperação. Têm poucas despesas iniciais e lucros substanciais quando

vendem os negócios.

57

2.4.1.12 Familypreneurs (empreendedores em negócios de família)

São controlados pela família ou parentes do proprietário majoritário. A

sucessão é sempre a maior preocupação, mas um negócio de família

proporciona às pessoas jovens uma excelente oportunidade de demonstrar

suas qualificações empreendedoras e de aprender sobre gerenciamento.

2.4.1.13 Technopreneurs (empreendedores de tecnologia)

São inventores que estão promovendo seus próprios produtos,

geralmente promovem seus produtos no mercado mundial, pois seus clientes

estão em setores pequenos e altamente especializados. E novas tecnologias

causam impactos não somente no próprio setor, mas também nos métodos

organizacionais e nos estilos de vida individuais.Facilitam a globalização.

2.4.1.14. Ecopreneurs (empreendedores em ecologia)

Em emergência para proteger e ter um equilíbrio ambiental, os

ecopreneurs deverão estar aptos a identificar nichos específicos, diferenciando-

se a si mesmos e a seus produtos, criando assim um grande e novo setor

industrial.

2.4.1.15 Gerontopreneurs

Com a perspectiva da expectativa de vida ter aumentado, a demanda

por serviços a idosos está se tornando cada vez mais importante, criando

assim um mercado promissor.Muitos autônomos e microempresas estão

58

trabalhando neste setor.

2.4.1.16 Coopreneurs (empregadores em negócios cooperativos)

Um empreendimento cooperativo proporciona um caminho alternativo

para a criação, gerenciamento e desenvolvimento de uma organização. Os

benefícios dos métodos cooperativos podem encorajar grupos de indivíduos e

empreendimentos a se juntarem em torno de um projeto comum. Os criadores

dos empreendimentos cooperativos devem aprender a gerenciar as diferenças.

2.4.1.17. Groupreneurs (empreendedores de consórcio)

São pessoas que juntam forças para formar um empreendimento grupal

ou coletivo, só que não é uma cooperativa. Muitas dessas organizações

existem no setor de lazer, e grupos de autônomos e microempresas tornam-se

mais comuns.

2.4.1.18 Sociopreneurs (empreendedores sociais)

São pessoas em atividades voluntárias representando assim papéis

empreendedores, são organizações sem fins lucrativos criando ou inovando

uma atividade já existente. Sendo uma nova forma de trabalho, este é um

excelente caminho, de baixo risco, para aprender sobre empreendedorismo e

contribuir de uma forma útil ao mesmo tempo.

2.4.1.19 Netpreneurs (empreendedores em tecnologia da informação)

59

São empreendedores tecnológicos, mas numa categoria que está se

tornando cada vez mais separada, não sendo dirigido por empreendimentos

existentes. Uma tendência que se tornará mais forte no futuro.

2.4.1.20 Webpreneurs (empreendedores em negócios da Internet)

Proprietários de pequenas empresas especializadas em design,

monitoramento, desenvolvimento e gerenciamento de sites da Web, os

webpreneurs estão projetando e lançando produtos especialmente para serem

vendidos na Internet ou tornando-se corretores ou varejistas de todos os tipos

de produtos e serviços.

Empreendedores que vencem são aqueles que se concentram nos seus objetivos, preservando seus valores, evitando ser desonestos. Você sempre colhe o que semeia, e os resultados que obtém dependem da energia que você investe. (SEBRAE, 2007a, p.30)

Recentemente, a sociedade vagarosamente ficou ciente dos limites de

recursos naturais e do governo, estando já ciosa de que precisa erradicar os

excessos do passado. Diante disso, os empreendedores do presente e do

futuro devem representar um papel de participação e contribuição para o

desenvolvimento da sociedade, para que esta seja melhor que a de seus

antepassados.

Empreendedores são pessoas que criam riquezas, e a sociedade deve estar apta a identificá-los, reconhecê-los e apoiá-los. Eles são a máquina motriz do nosso desenvolvimento. Progredimos muito nesse sentido, entretanto muito deve ser feito ainda, especialmente na Educação. (SEBRAE, 2007a, p. 30)

60

CAPITULO III

PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Foi realizada uma pesquisa de campo no período de fevereiro a outubro

de 2008 na empresa Microlins – Centro Profissional com o objetivo de verificar

a importância da visão empreendedora para a transição dos negócios.

Para a realização da pesquisa, utilizou-se dos seguintes métodos:

Estudo de Caso: foi realizado um estudo de caso, na Microlins Centro

Profissional, analisando os aspectos relacionados ao empreendedorismo.

Observação Sistemática: foram observados e acompanhados os

aspectos relacionados ao empreendedorismo para o desenvolvimento do

Estudo de Caso.

Histórico: foram observados os dados sobre a evolução histórica da

Microlins, no tocante ao empreendedorismo como suporte para o

desenvolvimento do Estudo de Caso.

Utilizou-se também das seguintes técnicas para o desenvolvimento da

pesquisa:

Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A);

Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B);

Roteiro do Histórico da Microlins Centro Profissional (Apêndice C);

Roteiro de Entrevista para o Proprietário da Empresa (Apêndice D).

Segue relato e discussão da pesquisa.

3.1 Relato e Discussão sobre Empreendedorismo na Microlins Centro de

Formação Profissional

3.1.1 Semenzato: um perfil puramente empreendedor

61

O pequeno prédio de dois andares, instalado no número 1.000 da

avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, na cidade de São José do Rio Preto,

no interior de São Paulo, parece ser apenas mais um edifício de escritórios

como muitos outros existentes pelo Brasil afora. O que poucos sabem, porém,

é que naquele endereço despretensioso funciona a sede da Microlins

Franchising, o maior Centro de Formação Profissional do país, com mais de

700 franquias e um faturamento estimado de 500 milhões de reais em 2007. É

dali que José Carlos Semenzato, 40 anos, controla a expansão do negócio de

que está no comando há 17 anos, desde a cidade de Lins - daí o nome de

Microlins.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 19: Matriz da Microlins Franchising

São metas arrojadas para um período de retomada do crescimento da

economia, como o que se vive hoje no país, mas sem ousadia não se vai a

lugar algum, afirma Semenzato (2008).

Nascido em Cafelândia, também no interior paulista, Semenzato não tem

diploma universitário, apenas formação técnica em processamento de dados.

Filho de um pastor evangélico e casado com Samara, iniciou sua carreira

profissional em uma copiadora e, aos 17 anos, atuou como operador de

computador numa construtora e logo em seguida, assumiu a função de

programador e de analista de sistemas. Aos 18, ministrava aulas de

processamento de dados paralelamente a seu emprego, no curso de segundo

grau Técnico e também na Microlins.

62

Com uma personalidade centralizadora, administra os negócios à moda

antiga. Seus funcionários rezam pela cartilha do trabalho medido através de

resultados e não há conselho consultivo para tomada de decisões estratégicas.

Sua equipe é composta principalmente por gente que tem experiência prática.

Semenzato é enérgico quando necessário, mas sabe que a ferro e a

fogo não se chega a lugar nenhum.

Libertar o empreendedor que existe dentro de nós implica aceitar que empreender é uma capacidade da espécie humana. Natural, como qualquer outra. No entanto, se sua origem pode ser tão simples, não o é o processo de superar o mito de que a capacidade empreendedora só existe em alguns poucos iluminados. (DOLABELA, 2003, p. 42)

Fonte: Elaborada pelos alunos, 2008

Figura 20: Alunos com Semenzato na matriz

3.1.2 A transição de escola de informática para centro de formação

profissional

Desde a infância desejava sair da periferia e dar uma condição melhor

de vida para sua família, sempre acreditou na intuição, no feeling. Acredita que

tem a questão de gestão, mas em toda a sua jornada foi o feeling que o guiou

na maioria das tomadas de decisões e, onde não seguiu sua intuição, perdeu e

está pagando até hoje.

63

Semenzato afirma que desconhecia sua veia empreendedora até trocar

o cargo de programador de sistemas pela escola de informática quando, no

ano de 1991, com 24 anos, surgiu a oportunidade de comprá-la.

Era uma pequena escola que ficava nos fundos da casa de seu antigo

proprietário, na cidade de Lins, interior de São Paulo. Comprou-a por US

$5000,00 a prazo, com quatro computadores XT 4.77 MHZ usados e carteiras

de segunda mão e não mais do que 15 alunos. E com orgulho fala que, em

dois meses, tinha 200 alunos, ficando também surpreso, pois sua única

experiência na área comercial era vender coxinhas, que sua mãe Alzira fazia.

Ela dizia que o poder de convencimento dele era grande, já que com a venda

dos salgadinhos, comprou um fusca 1978 usado.

A Microlins começou a crescer e a conquistar as principais cidades da

região onde foi fundada e um ano depois já estava com 17 unidades próprias,

era o boom da informática.

A primeira prova de seu perfil empreendedor foi com a mudança do

governo, a implantação do plano real e a política de juros altos tornando-se as

dívidas impagáveis e sua receita não sendo o suficiente para saldá-las.

Semenzato, como muitos empresários, foi aconselhado a fechar as portas de

seu negócio, mas ao contrário do que o bom senso recomendava, resolveu

seguir em frente e como ele mesmo diz, perdeu o nome, a conta bancária, o

crédito, mas não o sonho. E descobriu que quem não acredita no próprio sonho

morre na praia, mas sua vontade de vencer sempre foi maior e, como ninguém

vive de sonho, foi atrás tentando superar as dificuldades em busca de

alternativas de sobrevivência.

“A atividade empreendedora completa-se somente quando o sonhador

age, buscando a realização do sonho.” (DOLABELA, 2003, p.36)

No final de 1994, Semenzato começou a repassar cada escola das 17

para parceiros, surgindo assim o sistema de franchising da Microlins, que na

verdade veio muito mais por necessidade que por fruto de planejamento,

dizendo que se tivesse planejado não teria dado certo.

O retorno do negócio gira por volta de 12 meses, pois o investimento não é alto. O retorno do investimento é bom, desde que você tenha paciência, pois, tudo que você começar tem que terminar, carrego comigo, porque quando começamos não foi fácil, todo mundo falava para desistir, para não continuar, mas não desisto, pois vou continuar , eu gosto, eu

64

quero. É o que devo passar para meus colaborados, sempre começar e terminar. (DÉCIO, 2007)

O seu feeling o ajudou a chegar onde está, teve a ajuda de seus

colaboradores e ainda tem, mas sua intuição fez acreditar que seria a hora de

inovar, arriscar. Porém só arriscou porque em um determinado momento,

atento ao mercado e seguindo sua intuição, sentiu a importância de mudanças

em sua empresa, visto que a concorrência estava muito acirrada no tocante às

escolas de informática e que se ele não inovasse, logo seria mais um entre

tantos outros que ofereciam a mesma coisa: cursos de informática.

Muito bem informado no mercado, José Carlos ouviu falar do consultor

de marketing Pedro Furquim, foi até seu escritório e deixou um cartão pedindo

que Pedro entrasse em contato com ele.

Através de uma consultoria, Pedro fez uma análise do ambiente de

mercado, do potencial da empresa e do perfil arrojado de seu proprietário,

vislumbrando a necessidade de um redirecionamento dos negócios. Chegou-se

à conclusão que a diferenciação estaria em ampliar o leque de cursos

oferecidos pela Microlins abocanhando assim uma outra fatia de mercado que

estava esquecida: as pessoas que precisavam de uma qualificação para

conseguir o primeiro emprego.

Fonte: MICROLINS, 2008

Figura 21: Pedro Furquim

José Carlos é a prova definitiva de que alguém sem absolutamente

65

nada consegue fazer alguma coisa importante no Brasil, um sujeito simples, em um emprego de remuneração baixa, de repente vê uma oportunidade, abraça essa oportunidade, vai em direção à realização do seu projeto sabendo que vai enfrentar dificuldades, não tem paciência de esperar o curso normal das coisas, atropela alguns processos, se expõe demasiadamente à riscos e em um determinado momento consegue fazer decolar seu projeto. Possui alguns temperos interessantes como a coragem de mudar quando as coisas vão bem, pois normalmente as pessoas só mudam quando algo está ruim, aí tem que mudar mesmo. (PEDRO FURQUIM, abril de 2008)

O consultor mostrou para José Carlos que a informática é um

aprendizado autodidata, quer dizer, à medida que um membro da família

aprende a utilizar um programa, transmite esse conhecimento para os demais

membros de sua casa e assim esse usuário passa a não depender mais de um

curso. Ele enxergou que a tendência para as escolas de informática era a

estagnação. O SENAC, na época, começou a abandonar o ensino

profissionalizante e passou a se voltar para as Universidades, foi aí que a

Microlins, através de seu consultor, percebeu esse nicho de mercado que

estava aberto.

O que aconteceu? A Microlins passou a acenar para as pessoas de

classe C, D e E com uma proposta de colocação no mercado de trabalho.

Outra brecha vislumbrada por José Carlos foi a mídia televisiva. Nos

anos de 1996 e 1997, havia alguns programas como o do Gugu no SBT que

apresentava pessoas que iam ao programa para ganhar algo de que

necessitavam e o empresário viu e percebeu que isto era muito barato e

encontrou na televisão a possibilidade da Microlins não só satisfazer o desejo

do público, mas também a oferecer outros prêmios.

José Carlos achou que estava comunicando-se com seus alunos mas,

na realidade, estava encontrando futuros franqueados que acharam a empresa

atrativa para investimento. Não foi só a transição de escola de informática para

Centro de Formação Profissional que alavancou a Microlins, mas também o

uso da mídia que até pouco tempo era muito barato.

Foi assim que a Microlins passou de 80 para 300 franquias em pouco

tempo e depois disso a empresa deslanchou.

Outros ingredientes importantes: José Carlos cercou-se de sócios

diferentes dele, como o Sr. Rafael e a Célia, que são mais controladores, têm

pés no chão, porque o empresário é muito voraz, muito agressivo e não sabe

66

fazer nada mais ou menos. Os sócios tiveram uma importância crucial para

equilibrar essa ambição com sensatez. Essa sociedade começou da seguinte

maneira: José Carlos foi funcionário do Sr. Rafael na Garagem Cópias mais ou

menos aos 16,18 anos.

Saiu de lá e foi trabalhar na Cermaco como analista de sistema e, nessa

época, conheceu Célia que era contadora da empresa. Quando José Carlos

adquiriu a Microlins, Sr. Rafael, através da Garagem Cópias, passou a ser

fornecedor das apostilas didáticas.

A Microlins cresceu, abrindo franquias próprias na região em parcerias,

como o caso de Antônio Brizoti que é sócio da Franholding até hoje. Chamou

Célia para trabalhar na franqueadora como controller.

Em 1996, José Carlos viu a necessidade de montar uma editora, visto

que o volume de apostilas era muito grande. Convidou Sr. Rafael para ser

sócio, pois devia a ele e não tinha como saldar essa dívida.

Fonte: Elaborada pelos alunos, 2008

Figura 22: Alunos com sócios na matriz

Segundo Sr. Rafael, José Carlos sempre transmitiu muita segurança,

sendo muito hábil no seu poder de persuasão e foi assim que ele também

passou a acreditar nos sonhos do empreendedor.

A editora foi crescendo e José Carlos convidou Célia para trabalhar lá

para estruturá-la técnica e administrativamente.

Em um determinado momento, José Carlos fez uma composição de

67

sócios. Segundo Célia, ele é muito ágil, enxerga sempre o futuro, está sempre

tendo idéias diferentes, reinventando e tem uma forma simplista de resolver as

coisas. Quando ela saiu da franqueadora, José Carlos devia-lhe o fundo de

garantia e, como não podia pagá-la, propôs-lhe sociedade na editora com 5%.

Em 2006, houve uma fusão formando a Holding, todos passaram a ser

sócios de todo o grupo tendo José Carlos como majoritário, Antônio Brizoti,

Brizoti Junior, Rafael e Célia.

Segundo Célia, para conviver com José Carlos tem-se que aceitar essa

liderança nata que ele possui, sua forma intuitiva de fazer as coisas não

medindo esforços para realizar seus sonhos e seus projetos. Possui uma

capacidade de superação fantástica, que faz com que os problemas sejam

encarados naturalmente como parte do cotidiano. Seu foco é a solução, para

tudo ele encontra solução, pode não ser a melhor, mas tem uma solução.

Outro ponto foi que os concorrentes demoraram muito para conseguir

imitar a Microlins ou criar um produto novo para tentar superá-la.

Segundo Pedro Furquim, o perfil de José Carlos tem muito a ver com

seu sucesso, pois é uma pessoa muito atenta às oportunidades, rápido para

captá-las e com energia transformadora, vislumbra negócios promissores.

O desenvolvimento do empreendedor supõe as seguintes capacidades: sonhar; agir, persistir e se emocionar na busca da realização do sonho e estabelecer as conexões autocriativas entre os dois primeiros momentos (sonhar e realizar). (DOLABELA, 2003, p.36)

Hoje, os novos desafios da franqueadora, segundo Furquim são:

a) reinventar-se, por exemplo, descobrir uma versão, um modelo da

empresa para cidades com menos de 30000 habitantes;

b) não tem mais novidade, a Microlins logo vai ser imitada e pode até

ter uma imitação melhor que a original;

c) o governo está colocando muito dinheiro em profissionalização via

ONGs, então cada vez mais o que a Microlins oferece tem de graça

no mercado;

d) tendência irreversível de ensino a distância, o desafio será concorrer

com este tipo de ensino.

Segundo Furquim, este tipo de empreendedorismo baseado na intuição

tem um lado nocivo que é uma certa resistência em investir em gestão, por

68

exemplo, resistência em investir na tecnologia SAP.

O consultor tem que alertar para a situação porque essa resistência

tende a levar a empresa a não se cercar de bons aparatos de gestão, a pensar

que já chegou nessa posição sem tais investimentos, seguindo o feeling e isso

vai continuar dando certo sempre.

“José Carlos é brilhante, é rápido, sabe antever situações, é

extremamente negociador, tem privilégios mentais”. (PEDRO FURQUIM, 2008)

Segundo Furquim 2008, do ponto de vista do empreendedorismo, deve

ser observado com admiração, porém, o case de sucesso do José Carlos e que

se repete em outros cases como o dele, reflete algumas coisas que o

empreendedor precisa ter. Em um determinado momento, ele precisa parar de

se comportar como um barquinho de velas abertas seguindo ao sabor dos

ventos e precisa aprender a ser grande e aí precisa se valer dos recursos que

os grandes têm para competir com eles. Precisa ter as melhores consultorias

jurídicas, tributárias e de TI, precisa de apoio especializado nas diversas áreas

e apoio de alto nível para competir com gente de alto nível.

A tendência é o empreendedor ficar baseado no seu feeling, e isso é

perigoso porque o feeling vai até um certo ponto , a intuição é importante mas

baseada em informação. Se tiver informações e mesmo assim estiver em

dúvida, aí sim seguir a intuição, mas não se pode achar que a intuição vai levar

sempre para os melhores caminhos.

A Microlins, no ponto em que está, precisa de informações

especializadas para tomar decisões mais aguçadas, lidar com sutilezas mais

refinadas e para se chegar nestas sutilezas é necessário informação

especializada.

3.2 Sistema de franquias: o caminho do empreendimento Microlins

Semenzato acredita que sem o sistema de franchising não teria chegado

ao sucesso. Segundo ele, o sistema pulveriza os riscos, pelo fato de o dono

estar colado no balcão da franqueada, cuidando da operação. Talvez onde

comece um dos segredos do sucesso, pois com a distância, tendo filiais no

69

Belém e Rio Grande do Sul, jamais se consegue gerar a qualidade,a entrega

do serviço, treinar e preparar pessoas. E através do sistema franchising, o

franqueado tem que cuidar do negócio, da loja com qualidade total, seguindo

os manuais da rede, a padronização e o franqueador com a inovação em busca

de novos produtos, pesquisando a satisfação do mercado local, do mercado

nacional vendo tendências de futuro, ou seja, havendo uma divisão de tarefas

tendo no meio entre franqueado e franqueador, o máster, que é o mediador

entre o que a franqueadora deseja e o que o franqueador necessita, é quem

apóia, quem cobra e quem treina o franqueado.

Através da máster, o franqueado fala com o franqueador

constantemente, encurtando as distâncias e sendo com certeza o seu grande

sucesso. As empresas que optam pelo sistema de franchising têm muito mais

chance de sobrevivência porque o franqueador já testou, já experimentou, já

tirou os obstáculos, possibilitando assim a chance de sucesso do

empreendimento. Enquanto a taxa de mortalidade de um empreendimento

comum é de 80% a de uma franchising é de 9%.

Segundo Décio 2008, franqueado da Microlins na cidade de Birigui há 11

anos, destaca:

A relação da franquia com a franqueadora é tranqüila, temos abertura para idéias, mesmo seguindo os padrões da rede, tem- o suporte desde o treinamento até aos materiais utilizados para os cursos, seguindo o padrão da rede. O controle é feito através de um sistema on-line que faz todo o controle em tempo real, como o número de matrículas, faturamentos, cancelamentos de matrículas, inadimplência e outros. (DÉCIO, 2008)

De acordo com Semenzato (2008):

a) acreditar no próprio sonho é o primeiro passo para chegar ao

sucesso.Quem deixa de sonhar se perde pelo caminho e tem mais

de 60% de possibilidade de fracassar;

b) ser mais forte que todos os obstáculos. Só chega ao sucesso quem

acreditar que o amanhã será melhor do que hoje. Preservar significa,

também, saber lidar com os fatores não ligados diretamente ao seu

negócio, a sua maior competência;

c) ter paciência, diálogo aberto e transparência para criar boas

parcerias, que são indispensáveis a um empreendimento bem

estruturado;

70

d) aprender dizer não ao crescimento e aos novos investimentos para

garantir a construção de uma base sólida. Nem sempre o que é bom

para a concorrência é ideal para a sua empresa e vice-versa;

e) ter a capacidade para enxergar uma tendência e antecipar as

necessidades do seu consumidor, sair na frente e driblar a

concorrência;

f) a reciclagem constante é essencial para que a rede consiga ir além

do que o manual de franquia determina;

g) os Másteres são indispensáveis à multiplicação do modelo de

negócio num país continental como o Brasil;

h) no mundo dos negócios, não é o maior que engole o menor. É o mais

rápido que devora o mais lento;

i) sou um eterno inconformado.Se atingir uma meta, imediatamente

procuro outro objetivo para gastar energia.

Apesar de conduzir a empresa com firmeza, o empresário afirma não

economizar nos investimentos, na reciclagem da equipe: investe cerca de 15%

do faturamento da rede em treinamento.

3.2.1 A universidade corporativa

A Microlins Franchising, por meio das atividades da Universidade

Corporativa Microlins, procura oferecer todo o know-how para sua equipe de

másteres, franqueados e colaboradores de uma empresa sólida, que atua há

15 anos no mercado de franchising. O objetivo do franqueador é preparar,

atualizar e orientar o franqueado para a abertura, operação e expansão do seu

negócio. As atividades são realizadas através de um suporte permanente com

manuais, treinamentos presenciais, áudio-conferência e vídeos-treinamento,

entre outros.

A Universidade Corporativa Microlins foi implantada, em 2002, com a

proposta de oferecer um novo conceito em soluções para treinamento e

recursos humanos. A Universidade foi desenvolvida por profissionais altamente

capacitados, responsáveis atualmente pela sua operação, e tem como objetivo

71

garantir que a franqueadora assuma seu papel na coordenação da educação

de toda sua equipe, alinhando as competências dos cerca de nove mil

funcionários em todo o país com os interesses da empresa e vice-versa. O site

da Universidade, desenvolvido pela rede, oferece para os franqueados um

suporte virtual que pode ser acessado através de uma senha. Entre os links

disponíveis no site destacam-se o Programa de Treinamento, Vídeos-

Treinamento e Materiais que podem ser baixados pelo franqueado.

Segundo o diretor de operações da Microlins Franchising, Daniel

Guedes, o grande diferencial é oferecer a franqueados e colaboradores

treinamentos por meio dos quais eles possam se sentir seguros e aptos para

gerenciar o novo empreendimento.

Merecem destaque, os treinamentos oferecidos pela Microlins.

3.2.2.1Treinamento de Formação de Executivos de Franquia Microlins

Oferecido para os novos franqueados da rede, com duração de seis

dias, enfoca todo o suporte técnico e operacional para a abertura e início da

operação de suas franquias. Durante a realização, são abordados temas,

rigorosamente selecionados, imprescindíveis ao gerenciamento inicial do

negócio, como seleção e locação do imóvel, constituição da empresa,

recrutamento e seleção de funcionários, sistema de gestão, produtos Microlins,

perfil do papel dos colaboradores, gestão de marketing e campanha de

inauguração.

3.2.2.2 Iron manager Microlins

Neste treinamento, o gerente comercial, que exerce um papel

fundamental para a rentabilidade da franquia, conhecerá na prática todas as

ferramentas para solução dos principais desafios enfrentados pelos

colaboradores da área comercial. Os participantes têm oportunidade de adquirir

72

experiência dentro de temas como: o que os franqueados e másteres esperam

do gerente, técnicas de contratação, liderança de equipe, conceitos de

marketing e planejamento e treinamento dos profissionais que atuam nas

mídias diretas de cada franquia.

3.2.2.3 Renovare Microlins

O Renovare foi criado com o objetivo de oferecer para os franqueados

uma nova visão operacional na gestão do negócio, proporcionando para os

participantes uma programação diversificada, que desenvolve todas as áreas

operacionais da franquia com vivências, exercícios práticos e atividades com

acompanhamento de psicólogos que auxiliam na auto-avaliação do profissional

e no direcionamento de uma nova etapa.

O treinamento apresenta todas as inovações para a gestão e tem no

respaldo psicológico um dos pontos forte, pois ajuda na busca de soluções

para alguns bloqueios que impedem o crescimento do negócio, por meio de

atividades que neutralizam os fatores negativos.

Os participantes têm oportunidade de renovar suas experiências no

gerenciamento da franquia em áreas como finanças, retenção de alunos,

inadimplência e conceitos de marketing. Além disso, podem vivenciar e

conhecer o planejamento de vendas, desenvolvimento e treinamento dos

profissionais que atuam nas mídias diretas de cada unidade.

3.3 Parecer final sobre o caso

Diante da pesquisa, ficou evidente que a visão empreendedora de José

Carlos Semenzato foi o grande diferencial da Microlins. Com seus sonhos e

poder de realização, conseguiu transformar um pequeno negócio em uma

grande empresa que capacita pessoas para o mercado de trabalho pela

qualificação e profissionalização.

73

Por ser empreendedor, enxergou antecipadamente as necessidades do

país, porque hoje têm-se empregos sobrando, porém, faltam profissionais

adequados para executar funções específicas.

O perfil de José Carlos reúne todas as competências e habilidades

empreendedoras fundamentais para a organização alcançar o sucesso.

Enfim, a pergunta problema que norteou a realização da pesquisa foi

respondida e a hipótese de que a visão empreendedora foi fator decisivo no

processo de transição dos negócios da Microlins foi comprovada.

74

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A partir da pesquisa realizada na Microlins sobre empreendedorismo,

observou-se que mesmo sendo uma empresa forte no mercado existem alguns

desafios que ela precisa estar apta a enfrentar, portanto, propõe-se que:

a) a empresa crie diferencial no modelo de franquia para atender as

cidades com menos de 30000 habitantes;

b) desenvolva estratégias competitivas para enfrentar os outros Centros

de Formação Profissional;

c) trabalhar com o ensino a distância visando enfrentar a concorrência.

Diante dessa nova realidade de mudanças econômicas e sociais, a visão

empreendedora é primordial para que se consiga visualizar oportunidades de

crescimento e manutenção de uma estrutura concreta e bem-sucedida no

mercado.

75

CONCLUSÃO

Ao término da realização deste trabalho chegou-se à conclusão de que o

empreendedor tem papel fundamental na sociedade atual.

Diante da teoria e da pesquisa apresentada, nota-se que o

empreendedorismo é condição essencial para a inovação e o desenvolvimento

econômico. Características como: necessidade de realização, disposição para

assumir riscos e autoconfiança identificam o espírito empreendedor.

A rapidez do processo decisório e a capacidade do fazer acontecer

consistem em dois principais atributos da rota e do sucesso de qualquer

empreendimento nestes próximos anos.

Evidentemente acrescentam-se a sensibilidade para os negócios, o tino

financeiro e a capacidade para identificar oportunidades, transformando idéias

em realidade para benefício próprio e para a comunidade.

O assunto não está esgotado, podendo servir de base para o

aprofundamento de outras pesquisas.

76

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. DOLABELA, F. Empreendedorismo: educação não prepara para o mercado. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\imprensa.hmt>. Acesso em: 22 abr. 2008. ______. Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura, 1999. ______. A minha relação com o empreendedorismo. [s.l.], 2004. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\Fernando Dolabela.mht>. Acesso em: 22 abr. 2008. ______. Empreendedorismo uma forma de ser: saiba o que são empreendedores individuais e coletivos. Brasília: AED, 2003. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. GEM BRASIL. Programa empreendedorismo. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.gembrasil.org.br/home>. Acesso em: 17 jun 2008. MEDEIROS, E. E. A educação e o empreendedor. [s.l.], 2006. Disponível em: <http://www.gembrasil.org.br/index.php>. Acesso em: 17 jun 2008. MICROLINS. Microlins formação profissional. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.microlins.com.br>. Acesso em: 08 set. 2008. SEBRAE. Sebrae: um agente do desenvolvimento. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/institucional/sebrae-um-agente-do-desenvolvimento/BIA_1129/integra_bia>. Acesso em: 17 jun. 2008. SEBRAE. Disciplina de empreendedorismo. São Paulo: Manual do aluno, 2007a, 67 p.

77

SEBRAE. Disciplina de empreendedorismo. São Paulo: Manual do professor, 2007b, 140 p. SEMENZATO, J. C. Giro business. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://www.via6.com/topico.php?tid=120774>. Acesso em: 22 abr. 2008. ROGAR, S. Com 50 anos e sem patrão. Revista Veja, Abril, n. 27, p.90-93, jul. 2008. UNIVERSIA. Aulas com pitadas de empreendedorismo. [s.l.], 2005. Disponível em: <http://www.empreendedorismo\Aulas com pitadas de empreendedorismo - Administradores_com_br.mht>. Acesso em 22 abr. 2008. WIKIPEDIA. Empreendedorismo. [s.l., s.d.]. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreendedorismo>. Acesso em: 17 jun. 2008.

78

APÊNDICES

79

APÊNDICE A – Fotos

Foto 1: Fachada Microlins

Foto 2: Valores Microlins

80

Foto 3: Recepção da matriz Microlins

Foto 4: Aluno na recepção Microlins

81

Foto 5: Área interna Microlins

Foto 6: Alunos no estoque da Microlins

82

Foto 7: Material didático Microlins

Foto 8: Alunos com a Franqueada de Lins, Sara