Author
dinhngoc
View
218
Download
1
Embed Size (px)
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
Instituto Politcnico de Setbal
Escola Superior de Cincias Empresariais
Mestrado em Cincias Empresariais-Pequenas e Mdias Empresas
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
Estudos de caso aplicados hotelaria
Juliana Carina Camilo Fernandes
Orientao
Professora Doutora Lusa Margarida Cagica Carvalho
Setbal, 2012
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
i
DEDICATRIA
minha famlia e amigos que me apoiaram.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
ii
AGRADECIMENTOS
Aos grupos hoteleiros Pestana Hotels & Resorts e Vila Gal Hotis, pela sua prontido e
disponibilidade na colaborao neste trabalho.
Dirijo tambm um agradecimento minha orientadora de mestrado, professora doutora Lusa
Carvalho, cujos contributos foram de extrema importncia no desenvolvimento e concluso deste
trabalho.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
iii
RESUMO
Tendo em conta a envolvente socio-econmica atual e o seu impacto sobre as empresas, estas
tentam focar-se em formas de garantir a sua sobrevivncia. A turbulncia dos mercados e a forte
concorrncia impe a necessidade de inovar para sobreviver.
Nesse mbito, o que se pretende com o estudo deste tema, de forma sintetizada, o processo
empreendedor e de inovao das empresas do ramo hoteleiro. tambm objetivo deste estudo
avaliar a perspetiva do empreendedor acerca destes conceitos, bem como as suas motivaes
para inovar.
Para concretizar os objetivos deste estudo, a parte emprica utiliza a metodologia do estudo de
caso para estudar o setor hoteleiro. Na base desse estudo est o modelo desenvolvido por
Timmons (1994) New Venture Creation, que apresenta o que o autor considera ser as foras
motoras do empreendedorismo (Pessoas, Inovao e Recursos).
Pretende-se com o presente estudo, dar alguns contributos consistentes discusso sobre o
tema, no sentido de se perceber o fenmeno da inovao e empreendedorismo nas empresas do
setor hoteleiro.
As principais concluses desta investigao focam-se na validao das dimenses estudadas. A
procura e identificao de oportunidades, as pessoas e os recursos relacionam-se entre si,
estabelecendo um equilbrio que influencia positivamente a atividade empreendedora das
empresas da hotelaria estudadas.
Palavras-chave: Empreendedorismo; Inovao; Hotelaria; Estudos de caso.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
iv
ABSTRACT
Given the current socio economic and financial involvement and its impact on companies.
Nowadays companies try to focus on ways to guarantee their survival in the market. The market
turbulence and the strong competition determine an entrepreneurship and innovation approach.
The aim of the study is to understand the innovation and entrepreneurial activity to hospitality
companies. It is also a goal of this study to evaluate the entrepreneurs perspective of these
concepts, as their motivations to innovate.
To achieve the objectives of this study, the empirical part uses a case study methodology to study
the hospitality industry. The case study research is supported in the theoretical part of this work, by
the model developed by Timmons (1994) - New Venture Creation, which presents the "driving
forces" of entrepreneurship (People, Innovation and Resources).
In the present study undertaken, the intent is to give some solid contributions to literature on this
subject, in order to understand the innovation and entrepreneurship phenomenon in companies, in
hospitality companies.
The main conclusions of this research focus on the validation of the studied dimensions. The
search and identification of opportunities, people and resources are relate to each other,
establishing a balance that positively influences entrepreneurial activity in the hospitality
companies.
Key-words: Entrepreneurship; Innovation; Hospitality services; Case study.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
v
ACRNIMOS
EUROSTAT Estatsticas da Unio Europeia
GEM- Global Entrepreneurship Monitor
I&D- Investigao e Desenvolvimento
INE- Instituto Nacional de Estatstica
OCDE- Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OECD- Organization for Economic Co- Operation and Development
OMT- Organizao Mundial de Turismo
PENT- Plano Estratgico Nacional do Turismo
PIB- Produto Interno Bruto
PME- Pequenas e Mdias Empresas
NUTS- Nomenclature of Territorial Units for Statistics
RH- Recursos Humanos
RLE- Resultado Lquido do Exerccio
TEA -Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage
TIC- Tecnologias de Informao e Comunicao
UNWTO- World Tourism Organization
VAB- Valor Acrescentado Bruto
V&T- Viagens e Turismo
WEF- World Economic Forum
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
vi
NDICE
DEDICATRIA .............................................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... ii
RESUMO ................................................................................................................................... iii
ABSTRACT ................................................................................................................................ iv
ACRNIMOS ............................................................................................................................... v
NDICE ...................................................................................................................................... vi
NDICE DE TABELAS, GRFICOS E ILUSTRAES ........................................................................ viii
INTRODUO ............................................................................................................................. 1
CAPTULO 1 - REVISO DA LITERATURA .................................................................................. 3
1.1. O Empreendedorismo .....................................................................................................3
1.1.1 O conceito de Empreendedorismo ..........................................................................3
1.1.1.1. Empreendedorismo em Portugal .............................................................................4
1.1.2 O perfil Empreendedor ............................................................................................6
1.1.3 Intraempreendedorismo ou empreendedorismo corporativo ....................................8
1.1.4 Processo Empreendedor ....................................................................................... 10
1.1.5 Uma sociedade mais empreendedora ................................................................... 14
1.2. Inovao ....................................................................................................................... 17
1.2.1. Abordagem ao Conceito ........................................................................................ 17
1.2.2. Tipos de Inovao ................................................................................................. 18
1.2.3. Barreiras Inovao ............................................................................................. 20
1.2.4. Inovao nos Servios .......................................................................................... 21
1.2.4.1. Inovao no Turismo: O caso da hotelaria ............................................................. 24
1.2.5. Setor do Turismo- Breve caracterizao ................................................................ 26
1.2.5.1. Setor Hoteleiro ...................................................................................................... 29
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
vii
CAPTULO 2- OBJETIVOS E METODOLOGIA ................................................................................ 31
2.1. Objetivos e proposies do estudo................................................................................ 31
2.2. Metodologias de investigao ....................................................................................... 33
2.2.1. Abordagem prvia e construo de estudo de caso............................................... 34
2.2.3. Entrevista .............................................................................................................. 35
2.2.4. O modelo aplicado nos estudos de caso ............................................................... 36
CAPTULO 3- ESTUDO EMPRICO ............................................................................................... 38
3.1. Anlise e relato dos estudos de caso ............................................................................ 38
3.2. Anlise global dos estudos de caso .............................................................................. 47
3.3. Concluses dos estudos de caso .................................................................................. 55
CAPTULO 4- CONCLUSES ...................................................................................................... 58
4.1. Limitaes do estudo e sugestes para investigaes futuras ........................................... 60
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................................................ 61
ANEXOS .................................................................................................................................. 69
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
viii
NDICE DE TABELAS, GRFICOS E ILUSTRAES
Grficos
Grfico 1 Exportao de bens e servios, 2011 ......................................................................... 28
Grfico 2- Repartio da capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros por NUTS,
2011 ............................................................................................................................................ 30
Grfico 3- Repartio da capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros, 2011 ........ 30
Grfico 4 - Distribuio geogrfica das unidades hoteleiras das amostras do estudo .................... 48
Grfico 5 - Percentagem de unidades hoteleiras em Portugal vs. Estrangeiro das amostras em
estudo .......................................................................................................................................... 48
Grfico 6 Motivao para inovar e empreender das amostras em estudo .................................. 50
Grfico 7- Tipologias de inovao das amostras em estudo ......................................................... 53
Grfico 8- Impacto das diferentes fontes de inovao na competitividade das amostras em estudo
.................................................................................................................................................... 53
Grfico 9 Importncia dos diferentes recursos na capacidade de inovar das amostras em estudo
.................................................................................................................................................... 54
Grfico 10 Grau de acessibilidade dos diferentes recursos das amostras em estudo ................. 54
Tabelas
Tabela 1- Trs perspetivas do empreendedorismo .........................................................................4
Tabela 2- Cultura empreendedora ................................................................................................ 15
Tabela 3- Fatores do mercado e ambiente que influenciam a natureza da resposta empreendedora
.................................................................................................................................................... 16
Tabela 4- Envolvente interna e externa ........................................................................................ 18
Tabela 5 - Canais pelos quais o know-how transmitido no setor do turismo ............................... 25
Tabela 6- Barmetro do turismo mundial ...................................................................................... 27
Tabela 7- ndice de competitividade e turismo, 2011 .................................................................... 28
Tabela 8 - Ranking de turismo...................................................................................................... 29
Tabela 9- Objetivos gerais, especficos e questes orientadoras do estudo emprico.................... 31
Tabela 10- Ranking dos grupos hoteleiros em estudo .................................................................. 34
Tabela 11 - Tipos de inovao (Pestana) ..................................................................................... 40
Tabela 12 - Impacto causado por diversos fatores inovadores na empresa (Pestana) .................. 41
Tabela 13 - Grau de Influncia de diversos fatores na atitude empreendedora e inovadora
(Pestana) ..................................................................................................................................... 41
Tabela 14 - Grau de importncia dos recursos (Pestana) ............................................................. 42
Tabela 15 - Grau de acessibilidade aos recursos da Tabela 14 (Pestana) .................................... 42
Tabela 16 - Tipos de inovao (Vila Gal) .................................................................................... 45
file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342510995file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342510996file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342510996file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342510997file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342510999file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511000file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511000file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511002
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
ix
Tabela 17- Impacto causado por diversos fatores inovadores na empresa (Vila Gal) .................. 45
Tabela 18 - Grau de Influncia de diversos fatores na atitude empreendedora e inovadora (Vila
Gal)............................................................................................................................................ 46
Tabela 19 - Grau de importncia dos recursos (Vila Gal) ............................................................ 46
Tabela 20 - Grau de acessibilidade aos recursos da Tabela 19 (Vila Gal) ................................... 47
Tabela 21 - Dados dos grupos hoteleiros ..................................................................................... 47
Tabela 22- Caractersticas dos empreendedores entrevistados .................................................... 49
Tabela 23 - Conceito de Inovao e aspetos relacionados Quadro comparativo entre as
amostras de estudo...................................................................................................................... 52
Tabela 24- Sntese das concluses do estudo emprico ............................................................... 56
Tabela 25- Validao das proposies do estudo emprico........................................................... 57
Ilustraes
Ilustrao 1- Influncias nos gestores/ empreendedores ................................................................6
Ilustrao 2- Caractersticas do empresrio/ gestor de negcio prprio ..........................................7
Ilustrao 3- Caractersticas do empreendedor ..............................................................................7
Ilustrao 4- Inveno e empreendedorismo ..................................................................................8
Ilustrao 5 - Os constituintes do conceito intraempreendedorismo .............................................. 10
Ilustrao 6 - Processo empreendedor ......................................................................................... 11
Ilustrao 7- Modelo do processo empresarial .............................................................................. 12
Ilustrao 8- Processo empreendedor .......................................................................................... 13
Ilustrao 9- Distribuio de empreendedores na sociedade ........................................................ 15
Ilustrao 10 - Tipos do Corporativo Empresarial. ...................................................................... 20
Ilustrao 11 - Tipo do Corporativo Empresarial versus ambiente impulsionado pelo
empreendedorismo ...................................................................................................................... 20
Ilustrao 12 - Tipos de inovao ................................................................................................. 20
Ilustrao 13 - Processo empreendedor ....................................................................................... 36
file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511074file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511079file:///C:/Users/juliE/Desktop/04_12_12_%20Tese%20Atualizada.docx%23_Toc342511082
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
1
INTRODUO
Nas ltimas dcadas tem-se assistido a uma grande transformao dos mercados, algo que se
deve, no apenas, mas tambm, evoluo das estratgias de gesto das empresas, a qual ,
em grande parte impulsionada por alteraes nos mercados globais.
As empresas independentemente da sua dimenso, cultura, localizao, se encontram sujeitas a
toda uma panplia de fatores externos que influenciam positiva ou negativamente o seu
desempenho, a necessidade de sobreviverem e a competio empresarial crescente impem uma
atitude inovadora e pr-ativa nos mercados. Assim, a inovao e o empreendedorismo so
aspetos que ganham relevncia e assumem um papel bastante importante na sobrevivncia das
mesmas, quer a curto/ mdio prazo, mas essencialmente no longo prazo.
A natureza e cultura dos empreendedores; atividades empreendedoras; perfis traados dos
principais intervenientes; entre outras, so alguns dos fatores que determinam o esprito
empreendedor de uma organizao. De acordo com Schumpeter (1934), empreender inovar a
ponto de criar condies para uma transformao radical de um determinado setor ou territrio
onde o empreendedor atua, remetendo para um novo ciclo de crescimento, capaz de promover
uma rutura no fluxo econmico contnuo.
Associado a este dinamismo do empreendedor surge com frequncia o conceito de inovao, o
qual pode no estar exclusivamente associado criao de algo novo, mas tambm no que diz
respeito criao de valor atravs da melhoria de um produto/ servio j existente.
As empresas que integram o cluster do setor do turismo, mais propriamente os hotis e os grupos
hoteleiros, integram o setor dos servios, o qual est ainda relativamente pouco estudado,
particularmente em Portugal. Por este motivo se considerou relevante estudar o
empreendedorismo e a inovao neste setor, nesta dissertao. As suas caractersticas
especficas e o facto de ser um dos setores que mais contribui para o desenvolvimento da
economia nacional e internacional, foram critrios tidos em conta nesta opo de investigao.
Assim, o objetivo geral do presente trabalho o de analisar os fenmenos do empreendedorismo
e da inovao nas empresas da hotelaria. Para este efeito utiliza-se o modelo concebido por
Timmons (1994) New Venture Creation, que apresenta as foras motoras do
empreendedorismo (Pessoas; Inovao; Recursos). Este objetivo geral subdivide-se num conjunto
de objetivos especficos, nomeadamente:
Caracterizar o perfil empreendedor dos responsveis de gesto das empresas de
hotelaria;
Caracterizar e analisar as respetivas equipas (recursos humanos) das empresas de
hotelaria;
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
2
Perceber como promovida a inovao nas empresas de hotelaria;
Analisar qual a perspetiva adotada no que diz respeito atividade empreendedora e
inovadora nas empresas de hotelaria;
Compreender a influncia dos recursos disponveis na capacidade de inovar destas
organizaes.
Nesse sentido, realizaram-se estudos de caso em empresas portuguesas do setor da hotelaria,
com vista a verificar se os aspetos acima referidos so, ou no, tidos em considerao neste
subsetor dos servios.
Esta dissertao encontra-se dividida em trs captulos distintos. O primeiro enquadra a
problemtica em estudo, isto , diz respeito a toda a reviso da literatura que suporta o estudo
emprico. O segundo captulo apresenta a metodologia utilizada na realizao desta dissertao,
assim como, os objetivos gerais e especficos da mesma. O terceiro captulo apresenta a anlise e
discusso dos dados obtidos com o estudo emprico, no qual se analisa em particular cada estudo
de caso, e a posteriori se realiza tambm a comparao entre estes, apresentando ainda as
principais concluses retiradas do estudo em causa. Por fim, no quarto e ltimo captulo
apresentam-se as principais concluses retiradas deste trabalho, assim como as limitaes do
estudo e sugestes para investigaes futuras.
Encontram-se em anexo os instrumentos de recolha de dados, como o guio da entrevista e
quadros de sntese da caracterizao dos casos em estudo. Esto ainda em anexo documentos
com informao relevante de suporte realizao deste trabalho, cuja presena nos captulos j
referidos, no se justifica.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
3
CAPTULO 1- REVISO DA LITERATURA
1.1. O Empreendedorismo
1.1.1 O conceito de Empreendedorismo
O empreendedorismo um conceito que se pode afirmar j existir h dcadas. Este tem evoludo
ao longo do tempo, no entanto, os diversos autores que o tm abordado no conseguem estar em
consenso relativamente designao clara e exata deste fenmeno. Pode-se referir que o
empreendedorismo abrange a criao de novos negcios e o desenvolvimento de novas
oportunidades em organizaes j existentes. Por contribuir para a criao de uma cultura
empresarial dinmica, onde as empresas procuram progredir na cadeia de valor, num ambiente
econmico global, o empreendedorismo encontra-se no centro da poltica econmica e industrial.
GEM (2010, Pg. IX)
Com o passar do tempo, comearam a diferenciar-se algumas vertentes deste conceito. Para
alguns autores, como o caso de Schumpeter e Drucker, o empreendedorismo est diretamente
associado inovao.
Para Schumpeter (1934), empreendedor aquele que realiza novas combinaes dos meios
produtivos, capazes de propiciar desenvolvimento econmico, tais como: introduo de um novo
bem e/ ou de um novo mtodo de produo; abertura de um novo mercado; conquista de uma
nova fonte de oferta de matrias- primas ou bens semi- manufaturados. Este autor, importante
economista, desenvolveu uma teoria que se dividiu em dois marcos distintos: Mark I e Mark II,
sendo que no primeiro defende que a atividade inovadora e a evoluo tecnolgica da sociedade
dependem dos empreendedores, dando especial relevncia ao indivduo que considera possuir
um esprito empreendedor. No segundo marco da teoria desenvolvida pelo mesmo autor, os
protagonistas da inovao e verdadeiros contribuintes para o desenvolvimento da economia
passaram a ser as grandes empresas, j que so as entidades com poder financeiro e econmico
para investir na investigao, desenvolvimento e tecnologia, ou seja, para empreender, de um
modo geral.
Tambm segundo Drucker (1985), o que est no cerne deste termo a inovao, isto , o esforo
para se criar uma mudana com propsito e com potencial econmico e/ ou social. Outra
abordagem do conceito do empreendedorismo baseia-se na oportunidade, ou seja, este conceito
resulta exclusivamente da identificao de oportunidades e da sua explorao, como explicam
Kirzner (1973), Venkataraman (1997) e Sarkar (2007), sendo que o ltimo defende que essa
explorao de oportunidades deve ser complementada com a sua sustentabilidade atravs de
inovao.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
4
Para Gartner (1989), ao contrrio de todos os outros autores j referidos, empreededorismo o
processo de criao de novas organizaes. Tambm Stevenson e Jarillo (1990) partilham esta
perspetiva, com a diferena de que para estes, o empreendedorismo se concretiza como um
processo de expresso organizacional, o qual no tem de ser necessariamente em novas
empresas, pode ser tambm desenvolvido em empresas j existentes, englobando-se a
abordagem do intraempreendedorismo.
Tendo em conta as definies acima propostas, pode-se estruturar o conceito de
empreendedorismo em trs diferentes prismas:
Tabela 1- Trs perspetivas do empreendedorismo
Empreendedorismo diretamente associado inovao. S considerada uma atitude empreendedora se a mesma for, de alguma forma inovadora (introduo de novos produtos/ servios no mercado).
Empreendedorismo realizado essencialmente atravs da descoberta e explorao de oportunidades (lacunas no mercado que possam ser exploradas, de forma a conferirem alguma vantagem).
A atividade empreendedora est centrada no processo organizacional, quer seja em relao criao de novas empresas, quer em relao a processos em empresas j existentes.
Drucker (1985); Schumpter (1985).
Kizner (1973); Venkataraman (1997).
Garner (1998); Stevensen e Jarillo (1990).
Fonte: Organizado pela autora.
de extrema importncia a ateno requerida pelo processo empreendedor, j que as empresas
so, em grande parte, responsveis e impulsionadoras do crescimento econmico e,
consequentemente, pela criao de postos de trabalho, bem como de melhorias sociais.
Os resultados deste fenmeno refletem- se ao nvel econmico e social, j que de acordo com o
Livro Verde- Esprito Empresarial na Europa (2003), o esprito empresarial contribui positivamente
para o crescimento econmico, mesmo tento em considerao que o crescimento do PIB
influenciado por muitos outros fatores. Porm, o esprito empreendedor no da responsabilidade
nica das empresas e instituies do mundo empresarial. Se por um lado o empreendedorismo
pode ser avaliado pelo prisma ao qual est mais associado, prisma empresarial, tambm, por
outro lado, faz sentido a sua anlise do ponto de vista social e pessoal.
1.1.1.1. Empreendedorismo em Portugal
O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) analisa anualmente as condies de empreendedorismo
no mundo. De acordo com o GEM (2010), as condies na atualidade favorveis ao
empreendedorismo em Portugal assentam no acesso a infraestruturas fsicas e infraestruturas
comerciais e profissionais. Em contrapartida, as normas culturais e sociais no apelam ou
incentivam atividade empreendedora, j que na cultura nacional h pouca orientao para tal,
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
5
existindo uma grande averso tomada de decises que tenham implcito algum risco. Tambm o
excesso de burocracia necessria criao de uma nova organizao e os escassos apoios
financeiros so apontados como fatores negativos.
A facilidade de obteno de apoio de programas governamentais por parte das novas empresas e
em crescimento e a eficcia desses programas governamentais so considerados parcialmente
insuficientes. Em relao educao, esta apresenta lacunas na medida em que no estimula
convenientemente valores essenciais para uma cultura mais empreendedora, tais como a
criatividade, autossuficincia, dinamismo e iniciativa prpria. A mesma no proporciona uma
instruo adequada sobre os princpios da economia de mercados nem d a ateno devida ao
fenmeno do empreendedorismo. Ainda o acesso aos mercados constitui uma dificuldade j que
as barreiras so elevadas, nomeadamente no que diz respeito aos gastos que as empresas tm
de suportar com a sua entrada no mercado.
No mbito da avaliao da atividade empreendedora, o principal ndice usado pelo GEM -
designado por Taxa de Atividade Empreendedora Early-Stage (taxa TEA) - caracterizou Portugal
como economia orientada para a inovao. Contudo, a TEA 2010 (4,5 %) decresceu cerca de 4,3
% face ltima avaliao, em 2007. Este decrscimo vai de encontro s estatsticas nacionais
(INE, 2012), que retratam a conjuntura negativa da economia nacional neste perodo.
No que diz respeito a questes demogrficas, em termos de gnero, verifica-se que existe quase o
dobro de homens empreendedores em relao s mulheres, j que nmero de empreendedores
early-stage do gnero masculino corresponde a 5,9 % da populao adulta masculina e o nmero
de empreendedores early-stage do gnero feminino a 3,0 % da populao adulta feminina.
A faixa etria onde se regista a maior taxa TEA a que compreende s idades compreendidas
entre os 25 e os 34 anos (6,7 %), sendo a mdia etria inferior s restantes. Economias orientadas
para a inovao onde a faixa etria dos 35 aos 44 anos, a que apresenta a taxa TEA mais
elevada (7,0 %).
O setor da economia portuguesa onde se regista uma maior percentagem de empreendedores o
setor orientado para o consumidor (que inclui todos os negcios direcionados para o consumidor
final), representando este 54 % do total.
Em Portugal, o setor orientado para o consumidor e o setor da transformao revelam-se mais
preponderantes em matria de empreendedorismo early-stage do que nas economias orientadas
para a inovao, s quais correspondem os resultados mdios de 43,0 % e 20,1 %,
respetivamente (face a 54,0 % e a 26,4 %, em Portugal, respetivamente).
Em relao inovao, entre 139 pases, Portugal encontra-se na 32 posio. Aliada inovao
est a internacionalizao. Em Portugal, 37,6 % dos negcios empreendedores no apresentam
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
6
clientes internacionais. Por outro lado, 50,6 % dos negcios empreendedores apresentam at
de clientes fora do Pas. Apesar disto, o nmero de trocas com o exterior (tanto importaes como
exportaes) tem vindo a diminuir nos ltimos anos.1
1.1.2 O perfil Empreendedor
Numa das suas vertentes, o empreendedorismo estuda o principal interveniente nas atividades
empreendedoras, no sentido de entender quais as caractersticas ou traos da personalidade que
definem um empreendedor de sucesso.
Para David McClelland (1961), psiclogo e tambm para Lowrey (2003) a motivao/ desejo de
realizao (achievement) uma das caractersticas que definem um empreendedor. De acordo
com o primeiro autor referenciado, no s as atividades econmicas e empresariais, mas tambm,
as mais comuns atividades do quotidiano podem ser executadas de modo empreendedor
(entrepreneurial way).
De acordo com Rye (1998), um empreendedor de sucesso possui uma viso clara acerca das
oportunidades criadas pela sua organizao, assumindo todos os riscos e a determinao
necessria para fazer face a todos os obstculos que possam surgir (envolvente interna e externa
da empresa), bem como na realizao de tarefas; encontra nele motivao e confiana suficientes
para desenvolver o seu trabalho e iniciativas; focaliza os seus recursos e energia na realizao de
todas as atividades fulcrais da organizao e dedicado/ empenhado nas suas ideias, assumindo
1 Informao retirada de GEM 2010 - Estudo sobre o Empreendedorismo
Ilustrao 1-Influncias nos gestores/ empreendedores
Fonte: Adaptado de Burns (2001).
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
7
a responsabilidade pelo rumo de um projeto. Rye (1998), defende ento que viso, determinao,
motivao, enfoque e dedicao so os fatores acima referidos (respetivamente), como
caracterizadores de um empreendedor de sucesso.
Segundo Deakins (1996), os aspetos mais importantes so a necessidade de realizao; o
controlo interno; a elevada tendncia para correr riscos; esprito de independncia;
comportamentos inovadores e personalidades desviantes (desequilbrio face ao desemprego). De
acordo com Burns (2001), as caractersticas dos gestores do seu prprio negcio e dos
empreendedores so distintas, mas convergem em certos pontos, como possvel verificar na
ilustrao 2.
Ilustrao 2- Caractersticas do empresrio/ gestor de negcio prprio
Ilustrao 3- Caractersticas do empreendedor
Fonte: Burns (2001); adaptado.
Apesar de todas estas caractersticas serem definidas pelos vrios autores referidos, como
importantes para o sucesso da atividade empreendedora, tambm atravs desta que o mesmo
adquire capacidades e competncias para gerir o negcio.
Goss (1991), desafia a suposio de que o comportamento do empreendedor resulta apenas da
sua personalidade e no de uma resposta ao ambiente, contexto ou indstria nos quais a atividade
empreendedora se encontra inserida.
Necessidade de independncia
Necessidade de atingir objetivos
Senso de controle interno
Capacidade de viver em incerteza
Averso ao risco
Oportunidade
Sentido de inovao
Auto-confiana
Pr-atividade
Auto motivao
Viso
Capacidade de viver em incerteza/ averso ao risco
Influncias antecedentes
Educao
Fonte: Burns (2001); adaptado.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
8
Ilustrao 4- Inveno e empreendedorismo In
ven
o
/
Cri
ati
vid
ad
e
Empreendedorismo
B) Lutador A) Inovador
D) O estagnatrio C) O imitador
Inovao / Mudana
Fonte: Burns (2001); adaptado.
De acordo com Burns (2001), conforme se pode analisar na ilustrao 4, pode estabelecer-se uma
relao entre os graus de inveno/ criatividade e a capacidade empreendedora das
organizaes.
No quadrante A, onde se estabelece a melhor combinao entre os fatores inveno/
criatividade e empreendedorismo. No quadrante B ocorre uma luta constante para empreender,
embora com ideias desperdiadas. Neste caso, falta ao empreendedor a capacidade para explorar
comercialmente as ideias por ele concebidas. O quadrante C representa uma empresa com
carncia de criatividade, no entanto, com alguma capacidade de imitar ou melhorar invenes de
outras organizaes. Por fim, as organizaes representadas no quadrante D necessitam quer de
sentido de criatividade e inovao, quer de esprito empreendedor, sendo que provavelmente
nunca iro crescer o suficiente para se conseguirem manter no mercado.
1.1.3 Intraempreendedorismo ou empreendedorismo corporativo
Como j foi possvel aferir, uma das principais questes geradoras de conflito no conceito de
empreendedorismo perceber em que medida se pode designar um indivduo de empreendedor,
isto , at onde se estende esta definio e, consequentemente, a de atividade empreendedora.
Por ser considerado um elemento importante no desenvolvimento econmico e organizacional das
empresas, diversos autores e profissionais tm demonstrado interesse no conceito de
intrapreneurship desde o incio da dcada de 1980.
Pinchot (1985), foi o pioneiro no estudo deste conceito, considerando o intraempreendedorismo
como a atividade de empreender dentro de uma organizao. Para John Naisbitt (1986) o
intraempreendedorismo entendido como uma forma estabelecida de negcios para encontrar
novos mercados e produtos. J para Carrier (1997), diz respeito atividade de intraempreender, a
qual, importante no apenas em organizaes de grandes dimenses, como tambm em
pequenas e mdias empresas.
As grandes mudanas pelas quais os mercados tm vindo a passar levam a que os colaboradores
das organizaes tenham de acompanhar essa evoluo, j que surgem desafios relacionados
com grandes alteraes nos processos organizacionais, devido em grande parte, transformao
tecnolgica. Desta forma, para melhorar o desempenho e a produtividade, o perfil dos
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
9
trabalhadores abrange cada vez mais, competncias mais abrangentes, mais completas e
capazes de satisfazer as necessidades exigidas dentro da organizao.
Tambm dentro das abordagens do intraempreendedorismo dada especial ateno figura do
intraempreendedor, procurando diversos autores classific-lo de acordo com o seu perfil e
caractersticas. De acordo com a avaliao de Pinchot (1985), as caractersticas que definem o
comportamento do intraempreendedor so: viso, polivalncia, necessidade de agir, prazer na
realizao de pequenas tarefas, ao, dedicao, prioridades, metas, superao dos erros e
administrao dos riscos. Para Stevenson, Robert, Grousbeck e Bhide (1999), para se tornar
intraempreendedor, o indivduo tem de ter um desejo intenso de inovar, ser conhecido como um
lder, ter um relacionamento estvel com os seus superiores que acreditam no seu desempenho,
ter capacidade de visualizao de ideias e respetivas etapas para sua execuo, ter o respeito por
parte dos que o rodeiam (includo as chefias) e conseguir manipular o sistema de forma a
adequar os seus interesses.
Gartner (1985) defende que os aspetos que caracterizam uma organizao empreendedora que
mais se salientam so: atitude pr-ativa, objetivos maiores do que o potencial ou fontes existentes,
cultura do trabalho em equipa, capacidade de aprendizagem e de resoluo de problemas.
relevante destacar que estes mesmos aspetos, esto presentes no perfil do prprio sujeito
empreendedor. Assim, o processo empreendedor pode ser considerado como um conjunto de
comportamentos que o empreendedor ou intraempreendedor desenvolve.
Podemos ainda dentro desta temtica classificar o intraempreendedorismo. Este pode dividir-se
em quatro diferentes dimenses: new business venturing; inovao; auto -renovao e pr-
atividade. A primeira salienta-se no conceito de empreender, pois pode resultar numa criao de
novos negcios originados no seio de uma organizao j existente (Stopford e Baden-Fuller,
1994).
Rule e Irwin (1988) e Zahra (1991) defendem que tal pode acontecer pela introduo de novos
produtos ou servios. Zahra (1991) acrescenta que pode ser tambm pelo desenvolvimento de
novos mercados. Para Schollhammer (1981, 1982), tal dimenso pode verificar-se (em
organizaes de maior dimenso) pela formao de novas filiais ou de unidades autnomas em
relao prpria empresa.
A dimenso da inovao, est diretamente ligada ao produto e ao servio e, ao contrrio da
primeira dimenso, existe grande nfase dada ao desenvolvimento e investigao em tecnologia.
Schollhammer (1982) defende que nesta dimenso se consideram intraempreendedoras aes
que dizem respeito ao desenvolvimento de um novo produto, bem como a melhorias de produtos
j existentes e o desenvolvimento de novas tcnicas e procedimentos.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
10
A auto- renovao reflete a transformao das organizaes atravs da renovao das ideias-
chave que estiveram na base da sua criao (Guth e Ginsberg 1990; Zahra 1991). Tambm
Stopford e Baden-Fuller (1994) acreditam que atividades relacionadas com a renovao de
organizaes j existentes so um elemento de intraempreendedorismo.
Por fim, a dimenso pr-atividade est associada postura agressiva revelada face aos
concorrentes, de acordo com Knight (1997), pois uma empresa pr-ativa est mais disposta a
aceitar os riscos, atravs das experincias a que se prope. Stopford e Baden-Fuller (1994) e
Vesper (1984) consideram novas direes estratgicas como parte de atitude
intraempreendedora.
Ilustrao 5 - Os constituintes do conceito intraempreendedorismo
1.1.4 Processo Empreendedor
A ao de empreender mais do que uma atitude isolada sem consequncias ou efeitos. Trata-se
de um processo complexo que se divide em etapas distintas, nas quais se d maior ou menor
importncia aos fatores envolvidos. O processo empreendedor envolve todas as funes,
atividades e aes associadas s oportunidades detetadas e criao de organizaes para
aproveitar essas mesmas oportunidades. (Sarkar, 2007). De acordo com o Websters Ninth New
Collegiate Dictionary (1989), o processo empreendedor refere-se ao processo de organizao,
operao e tambm assuno do risco do empreendimento. O sucesso empresarial diz respeito
ao resultado final deste processo.
Hirish e Peters (1998), consideram como importantes as fases da identificao e avaliao de
oportunidades, desenvolvimento do plano de negcios, determinao e captao de recursos e a
gesto desses mesmos recursos, sendo que cada uma dessas fases compreendem medidas
especficas, representadas abaixo na ilustrao 6, referente ao processo empreendedor:
Intra
empreendedorismo
Nova criao de
negcio
Inovao
Pr-atividade
Auto-renovao
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
11
Fonte: Hirish e Peters, (1998); adaptado.
Outro modelo relevante para explicar o processo empreendedor foi desenvolvido por Bygrave
(2004), cujas etapas principais so: a ideia de conceo de negcio, o fator que gera ou propicia
as operaes, implementao e crescimento. Este autor refere os fatores crticos que conduzem o
crescimento de negcio em cada fase, dando especial nfase aos fatores comportamentais, j que
o mesmo afirma que como a maioria dos comportamentos humanos, as caractersticas
empresariais so modeladas pelos atributos pessoais e pelo ambiente. (Bygrave, 2004; Pg. 5)
Ilustrao 6 - Processo empreendedor
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
12
Ilustrao 7- Modelo do processo empresarial
Fonte: Bygrave, (2004); adaptado.
Para Stevenson e Gumpert (1985), o processo empreendedor aplicvel a empresas j em
atividade compreende as seguintes fases:
Procura da oportunidade;
Capitalizao da oportunidade;
Identificao e controlo dos recursos necessrios;
Definio da estrutura adequada para o aproveitamento da oportunidade.
Timmons (1994), vai de encontro aos modelos desenvolvidos por Stevenson e Gumpert (1985) e
por Hirish e Peters (1998) ao propor uma forma de analisar o processo empreendedor, que
contempla trs fatores fundamentais: reconhecimento da oportunidade (inovao), equipa
empreendedora (lder e equipas) e recursos. O primeiro passo avaliar a oportunidade, que deve
ser analisada para decidir a continuidade ou no do projeto.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
13
Ilustrao 8- Processo empreendedor
Fonte: Timmons (1994) - New Venture Creation; adaptado.
O autor afirma que as ligaes entre as foras motoras da atividade empreendedora assemelham-
se a linhas pontilhadas e no a linhas slidas, j que impactos ocorridos em qualquer uma das
dimenses afetam os resultados do processo, na sua globalidade. Tudo isto, porque existem
fatores externos que condicionam o funcionamento deste modelo na perfeio. As condies
verificadas ao nvel das pessoas, dos recursos e da inovao em busca das oportunidades, so
circunstanciais, isto , no se assumem como fixas. No contexto real existem incertezas, riscos e
contradies que influenciam ou contribuem para alteraes dessas condies.
Segundo o mesmo autor, o tempo exemplo de um dos fatores que influenciam o modelo, na
medida em que no contexto real cada um dos elementos constituintes do mesmo, ocorrem em
tempo real, no existindo pausas ou intervalos. Apesar disso, e de considerar que essa relao
entre as foras motoras no ser perfeita, o mesmo defende que imprescindvel a tentativa de
que isso acontea. Na sua abordagem, Timmons (1994), afirma ainda que o empreendedor
responsvel pela avaliao da oportunidade, organizao de recursos e desenvolvimento de uma
equipa, com o fim de conquistar essa oportunidade. Este assume, portanto, um papel de grande
relevncia na medida em que a coordenao equilibrada entre as trs vertentes so da
responsabilidade.
So vrios os modelos existentes acerca do processo empresarial, no tendo sido objetivo deste
subcaptulo enunciar todos eles. Como foi possvel constatar, a identificao de oportunidades, a
gesto de recursos e os fatores pessoais so algumas das fases/ etapas comuns a alguns deles.
O ltimo modelo referido, New Venture Creation de Timmons (1994), pelas suas caractersticas e
dimenses estudadas, vai de encontro aos elementos em estudo na reviso de literatura deste
trabalho e considera adaptar-se aplicao emprica a um setor em concreto. Este modelo foi
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
14
inclusive, aplicado ao setor da indstria metalrgica (Cunha, 2004), sendo por esses motivo, um
modelo j testado e aplicado empiricamente e com resultados provados.
1.1.5 Uma sociedade mais empreendedora
O mundo dos negcios impulsionado pelo poder criativo que pode originar uma panplia de
novos servios-produtos. De acordo com o Livro Verde- Esprito Empresarial na Europa (2003), a
criatividade e inovao so necessrias para entrar e competir num mercado j existente, como
tambm para mudar ou at criar um novo mercado. Essas caractersticas tornam-se necessrias
quer numa start-up, j que se encontram em fase e iniciao e experimentao, quer em
empresas cuja maturidade j avanada, por se encontrarem em atuao num perodo de maior
durao no mercado.
De acordo com a OCDE (2006), deve partir dos prprios governos e entidades responsveis pelo
crescimento e desenvolvimento social e econmico a iniciativa de incentivar e incutir uma cultura
mais inovadora e empreendedora. Isso implica, claro est, uma nova atitude e uma nova poltica
econmica, o que se traduz no aumento da procura de produtos, processos e servios inovadores.
Nesta linha importa referir que para criar um novo dinamismo econmico, para gerar crescimento,
emprego e oportunidades, precisamos de apoiar as grandes empresas de amanh, no apenas as
grandes empresas de hoje. Isto significa facilitar o acesso a financiamento, criar um ambiente
atrativo para capital de risco, levar os bancos a financiar novamente as PMEs e insistir que uma
fatia muito maior do oramento de compras pblicas seja alocada a este segmento de empresas.
(Citado por David Camon, Confederation of British Industry, 2011).
Uma atitude inovadora e econmica renovadas so cruciais para o sucesso de uma empresa no
mercado, afetando os seus resultados, o seu desempenho, a melhoria das suas estratgias
internas e para a assegurar que se mantm competitiva e consegue fazer face concorrncia.
Em resposta s crescentes expectativas pblicas relativamente ao impacto da atividade
empresarial na sociedade e no ambiente, muitas grandes empresas adotaram estratgias formais
de responsabilidade social, o que implica a incluso voluntria de aspetos sociais e ambientais
nas respetivas operaes e nas suas relaes com as partes interessadas, reconhecendo que o
comportamento empresarial responsvel pode servir de base ao sucesso empresarial. H assim, a
necessidade de se construir uma sociedade mais empreendedora, com desejo de investir e criar
valor, com menos receio de arriscar. No se trata nica e exclusivamente de comear um negcio,
mas sim de o manter. Por isso, fazem falta medidas e atitudes que dinamizem este conceito a
todos os nveis. Neste sentido, h que:
Eliminar os obstculos ao desenvolvimento e ao crescimento das empresas;
Pesar os riscos e as recompensas do esprito empresarial;
Valorizar o esprito empresarial.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
15
Apesar das caractersticas pessoais dos empreendedores, a educao e cultura vividas tm um
papel bastante importante na promoo do empreendedorismo. A ilustrao 9 mostra que apenas
uma pequena parte das pessoas nasce com capacidades empreendedoras natas, enquanto que a
maioria pode ser influenciada pelos fatores j mencionados (fatores extrnsecos).
Fonte: Sarkar (2007).
Pelas razes expostas, necessria uma maior ateno no que diz respeito aos meios que
propiciem uma educao e cultura mais voltadas para o conceito de empreender, j que as
mesmas podem ter um papel fundamental na determinao de um indivduo se tornar ou no
empreendedor. No mesmo contexto, Gibb (1987) identifica cinco etapas que considera principais
na aquisio das influncias acima referidas:
Tabela 2- Cultura empreendedora
Infncia Adolescncia Idade Adulta Meia- idade 3 idade
Objetivos de vida dos pais; famlia.
Influncia dos pais nas escolhas de educao; preferncias vocacionais; escolhas de educao disponveis e em que vai servir para fornecer os
Possibilidade de escolha por mais educao e formao; ranking na turma; comunidade (sociedade e amigos); influncia familiar;
Mobilidade entre classes devido :
Profisso;
Relaes no trabalho;
Famlia e amigos;
Sistemas de recompensa;
Satisfao no trabalho;
Rendimento alcanado; Situao familiar; objetivos comunitrios; oportunidades extra de trabalho; satisfao no trabalho; facilidade de
Ilustrao 9- Distribuio de empreendedores na sociedade
Populao geral
Podem ser influenciados
Tornam-se empreendedores
Nascem empreendedores
Educao Cultura
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
16
Fonte: Adaptado de Gibb (1987).
O mesmo autor define ainda quatro ambientes relativos natureza empreendedora, o que nos
permite constatar mais uma vez a importncia dos fatores externos/ caratersticas independentes
das pessoais.
O ambiente A, requer um nvel empreendedor reduzido, j que o mesmo apresenta um mercado
estvel e, consequentemente, um reduzido grau de concorrncia.
O ambiente B tambm requer um nvel empreendedor reduzido, pelo facto de o mercado,
consumidores e competio se apresentarem bastante incertos. O ambiente C, ao contrrio dos
anteriores, requer um nvel empreendedor elevado. Neste ambiente, existe uma tecnologia de
produto/ processo complexa, mas de desenvolvimento previsvel, que se encontra associado a
uma concorrncia mdia. O ambiente D, tal como o C, requer um elevado nvel empreendedor.
Neste, alm do produto e do processo, tambm a tecnologia se apresenta com elevada
complexidade, associada a um elevado nmero de concorrentes em diferentes indstrias, com
ofertas provenientes de uma variedade de fontes, e, cuja taxa de alterao tecnolgica mais
elevada do que em qualquer um dos anteriores.
Tabela 3- Fatores do mercado e ambiente que influenciam a natureza da resposta empreendedora
Ambiente A
Mercado estvel (pouca competio e comportamentos bem reconhecidos)
Contratos longos;
Ofertas asseguradas;
Produtos tecnologicamente avanados.
Ambiente B
Mercado bem organizado, embora com comportamento de consumidores e clientes incerto;
Ofertas so garantidas;
Tecnologia com elevado grau de alterao.
Ambiente C
Produtos, processos e tecnologia complexos mas com desenvolvimento previsvel;
Competio no grande e as ordens so cclicas mas de uma grande variedade de clientes e diferentes indstrias.
Ambiente D
Produtos, processos e tecnologia complexos;
Grande nmero de concorrentes ativos em diferentes indstrias;
Ofertas de vrias fontes;
Grande taxa de alteraes tecnolgicas.
Fonte: McNeil et al. (2004).
objetivos; amizade e comunidade.
natureza do trabalho.
Interaes sociais.
reforma antecipada.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
17
Como j foi referido no incio deste captulo, o incentivo ao empreendedorismo pode ser difundido
atravs das instituies responsveis pelo ensino e formao dos indivduos. Lipper (1987) e Gibb
(1987) concordam na medida em que ambos defendem que as universidades, escolas
secundrias e outras instituies de ensino devem trabalhar em conjunto, no sentido de promover
o desenvolvimento do empreendedorismo nas etapas de formao.
De acordo com Hatten e Ruhland (1995) esta ideia (de educar indivduos no sentido de aproveitar
o seu potencial empreendedor ao longo da vida) pode originar mais empreendedores de sucesso.
Tambm Miner (1997), acredita que determinados atributos de todos os tipos de empreendedores
podem sofrer um acrscimo atravs da educao, e, ao mencionar-se a importncia que tem o
ensino do empreendedorismo, imprescindvel recorrer-se ao tema empreendedorismo
acadmico. necessrio que se revolucione o ensino, a cultura e as polticas que regem os
cidados, de forma a se obter uma sociedade mais moldada ao mundo atual, inovador.
1.2. Inovao
1.2.1. Abordagem ao Conceito
Aps um enquadramento do conceito do empreendedorismo, empreendedor e temas
relacionados, cabe-nos agora apresentar a reviso de literatura sobre inovao. Parte-se do
pressuposto que inovao um conceito relacionado com algo novo; recente e diferente do que
j existe. Schumpeter (1934), aborda no s o conceito de empreendedorismo mas tambm o da
inovao. Segundo este, a evoluo industrial depende em grande parte, das alteraes ao nvel
tecnolgico. Tal evoluo industrial ocorre devido a inovaes no produto/ processo e/ ou
organizacionais.
Como j foi referido no subcaptulo 1.1.- O conceito de Empreendedorismo, os cinco tipos de
inovao Schumpeteriana so:
Nova organizao;
Novo produto;
Novo processo;
Novo mercado;
Nova fonte de matrias-primas.
De acordo com Rogers e Shoemaker (1971) uma inovao pode ser uma nova ideia, uma nova
prtica ou tambm um novo material a ser utilizado num determinado processo, embora sejam
vrios os tipos de inovaes que se podem implementar:
Inovaes administrativas e tcnicas (Kimberly e Evanisko,1981);
Inovao no trabalho organizacional, inovaes em produtos e
Inovaes em processos (Whipp e Clark, 1986).
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
18
De acordo com Pereira (2002) inovao organizacional diz respeito a todos os processos de
organizao e/ou gesto da organizao (ou de parte desta), que so reconhecidos como novos
num determinado contexto e so suscetveis de reformar ou melhorar processos empresariais,
bem como de trazer valor acrescentado para a empresa e para os trabalhadores o que significa
que uma inovao no tem de ser necessariamente a conceo de algo novo, pode tratar-se de
uma melhoria incremental em algo pr-concebido.
A inovao, segundo Pinchot (1985), necessria como fator diferencial na oferta, como meio de
localizar e preencher nichos ainda no ocupados no mercado e como forma de manter-se
atualizado em relao produtividade da concorrncia. De acordo com Drucker (1985), uma
inovao a funo especfica do empreendedorismo, independentemente de acontecer num
negcio j existente ou num servio pblico e abarca mesmo a atitude individual para inovar ao
nvel pessoal. Trata-se de um meio atravs do qual o empreendedor cria valor. Ainda de acordo
com o mesmo autor, a maioria das inovaes com sucesso, resultam de uma procura aprofundada
e consciente pela oportunidade das mesmas, que podem resultar apenas de algumas situaes,
com as descritas na tabela 4:
Tabela 4- Envolvente interna e externa
Fonte: Drucker (1985); adaptado.
Para Drucker (1985), a definio de inovao rene alguns pontos importantes:
Inicia-se com a anlise de oportunidades;
tanto concetual, como percetual;
Requer simplicidade e especificidade para ser eficaz;
Comea em ponto pequeno, com um objetivo especfico;
Tem em vista a liderana.
1.2.2. Tipos de Inovao
De acordo com o manual de Oslo (2006), 2 existem quatro tipos de inovaes: inovaes do
produto, do processo, organizacionais e de marketing. Inovaes de produto envolvem mudanas
significativas nas potencialidades de produtos e servios, (incluem-se bens e servios totalmente
2 Publicao conjunta entre a OCDE e a Eurostat.
Envolvente Interna Envolvente Externa
Acontecimentos inesperados Mudanas demogrficas
Incongruncias Mudanas na perceo
Necessidade de processos Novo know-how
Mudanas na indstria e no mercado
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
19
novos e aperfeioamentos importantes para produtos existentes); inovaes de processo
representam mudanas significativas nos mtodos de produo e de distribuio.
Por sua vez, as inovaes organizacionais referem-se implementao de novos mtodos, tais
como mudanas em prticas de negcios na organizao do local de trabalho ou nas relaes
externas da empresa e as inovaes de marketing envolvem a implementao de novos mtodos
de marketing, incluindo mudanas no design do produto e na embalagem, na promoo do
produto e respetiva colocao, bem como em mtodos de estabelecimento de preos de bens e
de servios. Depreende-se ento que uma inovao pode ocorrer a vrios nveis, em simultneo
ou isoladamente, consoante a estratgia adotada pela organizao.
De acordo com Brazeal e Azriel (2002), possvel medir o grau de inovao e mudana de uma
organizao, consoante o grau de impulso da sua envolvente para o empreendedorismo assim
como das influncias externas para culturas inovadoras. Assim, as caracterizaes das
organizaes dividem-se em quatro tipos:
A Organizao Empresarialmente Desafiada distingue-se por ter uma cultura tradicionalista, que
no adota novos mtodos e/ ou servios. Consequentemente, tem averso a todas as aes/
decises que impliquem um grau de risco considervel. A Organizao Acidentalmente Inovadora
no o tipo de organizao tendencialmente inovadora, na sua cultura no esto implcitas
estratgias de inovao/ empreendedorismo. No entanto, quando surgem oportunidades de
melhoria que impliquem recorrer a tal, a organizao usufrui das mesmas. As Organizaes
Orientadas para o Empreendedorismo so dedicadas a melhorar processos ou produtos pr-
existentes e so incentivadas por polticas que remetem para a inovao incremental. Desta
forma, este tipo de organizaes prefere atingir sucesso com a realizao de pequenas e variadas
inovaes incrementais ao invs de se debruar sobre inovaes radicais, sendo portanto, menos
qualificada a esse nvel. Por fim, as Organizaes Empreendedoras so criadas e estruturadas
para a criao, melhoria, facilitismo e implementao de processos, produtos, tecnologias e
servios inovadores.
Desta forma, as Organizaes Empreendedoras empenham-se com o mesmo grau de
envolvimento no que diz respeito quer s inovaes incrementais, quer s radicais j que ambas
tm importncia estratgica para a competitividade das mesmas e tacitamente relevantes para as
suas operaes e processos organizacionais.
Os quatro tipos do Corporativo Empresarial, podem ser analisados nas ilustraes 10 e 11:
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
20
Ilustrao 10 - Tipos do Corporativo Empresarial
Fonte: Brazeal e Azriel, (2002); adaptado.
Ilustrao 11 - Tipo do Corporativo Empresarial versus ambiente impulsionado pelo
empreendedorismo
Fonte: Brazeal e Azriel, (2002); adaptado.
Por ltimo, e sem ter por objetivo apresentar todos os tipos de inovao presentes na literatura,
que se assumem como diversas, apresenta-se ainda a perspetiva de Garcia e Cantalone, (2003).
Estes autores identificam trs tipos de inovao, como se pode ver na ilustrao 12.
Ilustrao 12 - Tipos de inovao
Fonte: Garcia e Calantone (2003); adaptado.
1.2.3. Barreiras Inovao
As empresas tm inmeros motivos para quererem inovar, estes podem estar relacionados com a
criao de novos produtos, a melhoria de servios, obteno de melhores resultados, posio de
destaque no mercado, entre outras. Contudo, como j se referiu no subcaptulo 1.1.5.- Sociedade
Organizao Empresarialmente
Desafiada
Organizao Empreendedora
Organizao Acidentalmente
Inovadora
Organizao
Orientada para o Empreendorismo
Inovao Incremental (tecnolgica ou descontinuidade de mercados, ao nvel micro)
Novas Inovaes
Inovao Radical (descontinuidades
de marketing e tecnolgicas, quer
ao nvel macro e micro)
Elevado O. O. E. O. E.
Reduzido O. E. D. O. A. I.
Ambiente impulsionado pelo
Empreendedorismo
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
21
mais empreendedora, existem vrias limitaes atividade de inovar. A falta de apoio e incentivos
monetrios, o complexo da legislao e processos burocrticos e o dfice de pessoal constituem
algumas das principais barreiras inovao, tornando inexequvel essa ao. De acordo com o
Manual de Oslo, (2006) as atividades de inovao podem ser obstrudas por diversos fatores,
sendo que podem existir razes que impeam o incio de atividades de inovao, assim como
fatores que as impedem ou as afetam negativamente, tais como fatores econmicos, custos
elevados e deficincias de procura, fatores especficos a uma empresa, como a carncia de
pessoal especializado ou de know-how, e fatores legais (regras tributrias).
Conforme j foi anteriormente referido, no caso portugus o GEM (2010) aponta a cultura
nacional, isto , as normas sociais e culturais como um fator que no incentiva ou apela
inovao. Existem diversas lacunas no sistema educativo, que deveria fazer uma abordagem mais
integrada da economia em geral, bem como de conceitos como o empreendedorismo e a
inovao. Tambm o acesso aos mercados constitui uma grande barreira, devido ao excesso de
burocracia e carga fiscal que so inerentes ao processo de constituir uma nova empresa, estando
a isto associada a escassez de apoios financeiros facultados pelo Estado.
1.2.4. Inovao nos Servios
As dificuldades em compreender e definir inovao nos servios, explicam-se em parte, pela
similar dificuldade em definir servio. O conceito de servio, quer em relao ao seu significado,
quer em relao sua rea de atuao bastante abrangente. Tanto o seu significado como a
sua relevncia foram sofrendo alteraes ao longo do tempo. Reynoso (2001), defende que desde
os anos 70 que este setor tem vindo a demonstrar uma tendncia de crescimento futuro. Os
servios devem ser analisados de uma forma mais profunda, j que os mesmos tm
caractersticas bastante especficas que os distinguem das caractersticas que podemos encontrar
nos designados bens. Assim, os mesmos no devem ser considerados como coisas ou objetos,
mas sim como processos. (Shostack, 1987).
Kotler (1998, pg. 412) define servios como qualquer ato ou desempenho que uma parte possa
oferecer a outra e que seja essencialmente intangvel. A sua produo pode ou no estar
vinculada a um produto fsico. De acordo com Lovelock e Wright (2006; Pg. 5), servios definem-
se por um ato ou desempenho que cria benefcios para clientes por meio de uma mudana
desejada no/ ou em nome do destinatrio do servio. Para Clark e Johnston (2002, Pg. 65), a
definio de servios, numa perspetiva organizacional, pode ser dado por o modo como a
organizao gostaria de ter os seus servios percebidos pelos seus clientes, funcionrios,
accionistas e financiadores. J na perspetiva do cliente, defendem que o modo pelo qual o
cliente percebe os servios da organizao. Segundo Grnroos (1995, Pg. 36), o servio uma
atividade ou uma srie de atividades de natureza mais ou menos intangvel.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
22
A definio de produto simples e concisa. um objeto concreto que satisfaz as necessidades do
consumidor. (Urdan e Urdan, 2006). Em relao designao de servios, estes caracterizam-se
essencialmente por:
Intangibilidade- o servio normalmente percebido de maneira subjetiva, descrito muitas
vezes pelos clientes como confiana, tato e segurana. (Grnroos, 1995: Pg. 38; Hoffman
e Bateson, 2003).
Simultaneidade/ Perecibilidade- na maior parte das situaes, aquando da prestao de
um servio, o mesmo consumido enquanto est a ser produzido. (Grnroos,1995);
Refere-se ao fato dos servios no poderem ser armazenados. Hoffman e Bateson
(2003, Pg. 29).
Inseparabilidade/ Heterogeneidade - existe participao do cliente no processo de
produo. (Grnroos,1995; Hoffman e Bateson, 2003).
Tendo em conta que os servios englobam vrios setores de atividade, os fatores acima referidos
assumem um papel de caracterizao global e abrangente. Nesse sentido, para se fazer uma
anlise mais restrita, conveniente proceder ao agrupamento dos servios, j que existem os
mais variados tipos. Lovelock e Wrigth (2006), sugerem o agrupamento de servios por setor de
atividade, por ser o mtodo mais tradicional e permite perceber melhor quais as necessidades do
cliente e avaliar a sua concorrncia. Assim, de acordo com Lovelock e Wrigth (2006), os servios
podem classificar-se por:
Grau de tangibilidade/ intangibilidade do processo de servio;
Destinatrio direto do processo de servio;
Tempo e lugar da entrega do processo de servio;
Grau de personificao ou padronizao;
Medida na qual a oferta e a procura esto em equilbrio.
Conforme o explicitado, pode-se compreender a dificuldade em estudar inovao nos servios. As
diferentes abordagens do conceito podem desde logo gerar equvocos. (Carvalho, 2008).
Inovao pode ser definida, de acordo com Pavitt (1984), como um produto ou processo produtivo
novo ou melhor, usado ou comercializado com sucesso por uma organizao. Ainda segundo o
mesmo autor, reconhecido o facto de que a produo, adoo e difuso da inovao,
principalmente tecnolgica, so essenciais para o desenvolvimento econmico e para as
mudanas sociais nos pases. Ideia que pode ser reforada pela argumentao de Utterback
(1994), que assenta no facto da inovao ser um determinante central de sucesso ou fracasso nas
empresas de produo.
Atravs dos autores acima referidos, possvel verificar que o termo inovao, por ser associado
tecnologia, tambm associado ao setor industrial. Schumpeter (1934) foi pioneiro na
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
23
abordagem do tema inovao e associo-a a empreendedorismo, defendendo o conceito de
destruio criativa e o papel do empreendedor neste processo.
Para os autores, Howells e Miles (2001), a definio de inovao vai em parte de encontro de
Schumpeter, na medida em que se pode tratar da introduo de uma prtica ou um produto, que
pode ser tanto um produto como um processo. Por outro lado, focam tambm a adoo de um
novo padro de relaes intra ou inter-organizacional (incluindo a entrega de bens e servios) -
uma viso mais organizacional, ao invs de uma viso mais tecnolgica (viso Schumpeteriana).
Mas convm definir de forma mais clara o que a inovao nos servios. Galouj (2000), salienta
que nos servios, mais do que na indstria, os fatores tecnolgicos por si s no so suficientes,
afirmando que existem outros fatores importantes que condicionam e contribuem positivamente
para o desenvolvimento de todo o processo de inovao, nomeadamente humanas e
organizacionais.
Para complementar, temos ainda abordagens de inovao aplicadas aos servios consoante o seu
foco de atividade, seja lucrativo ou no. No caso dos servios pblicos, Howells e Miles (2001),
defendem ainda que a inovao neste setor pode ser dividida em vrios tipos, como por exemplo:
Um servio novo ou melhorado;
Inovao do processo;
Inovao de administrao;
Sistema de inovao (um novo sistema ou uma mudana fundamental de um sistema
existente, por exemplo, a criao de novas organizaes ou novos padres de
cooperao e interao);
Inovao conceitual (a mudana na viso dos atores; essas mudanas so
acompanhadas pelo uso de novos conceitos);
A mudana radical da racionalidade, (o que significa que a viso dos colaboradores de
uma empresa est em mudana).
Existem assim vrias formas de abordar a inovao nos servios. Para alguns autores a
tecnologia continua a ser o fator de maior enfoque quer se trate de inovao do produto ou de
inovao do processo. (Schumpeter, 1934). Outros, consideram que existem mais fatores
relevantes alm da tecnologia, como os sociais e organizacionais. (Gallouj, 2000; Howells e Miles,
2001). A inovao nos servios assume caractersticas especficas, sendo em muitos casos
incremental, particularmente nas empresas do setor do turismo, onde os processos tecnolgicos
so menos intensivos. (Carvalho, 2008).
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
24
1.2.4.1. Inovao no Turismo: O caso da hotelaria
Depois de uma abordagem inovao nos servios, fundamental a anlise no setor especfico
do estudo emprico- setor do turismo, particularmente as empresas da hotelaria. De acordo com
Weiermair (2001) e Keller (2002), embora o setor dos servios e o subsetor do turismo em
particular, se tenham tornado mais maduros, estes exigem inovao e novas atraes tursticas.
Para Smith (1994), os servios de turismo so pessoais e na sua maioria implicam para a sua
criao de fatores internos (funcionrios) e um fatores externos (clientes).
A noo de inovao sofreu uma alterao em virtude da influncia do crescimento da
denominada economia de servios, e tambm pelo boom das empresas de tecnologias de
informao e comunicao a partir dos anos 80. A assuno da intangibilidade na definio de
inovao, refletiu-se no facto das indstrias passarem a ser gradualmente reconhecidas pelo seu
potencial inovador (Miles, 2001; OCDE e EUROSTAT, 2005). Segundo Heskett (1986), a inovao
de sucesso, isto , a inovao que tambm rentvel para a empresa de turismo num mercado
competitivo, deve aumentar o valor do produto ou da experincia turstica.
A atividade turstica est profundamente enraizada espacialmente, (pelo patrimnio envolvente,
atraes e facilidades de alojamento). O turismo tambm envolve atividades que apresentam
proximidade com indstrias de lazer, tais como, atividades culturais, desportivas e recreativas.
Uma vez que ambos so afetados por abordagens de industrializao, o desenvolvimento de
prticas de curto prazo, a influncia das inovaes em turismo urbano sobre a oferta de atividades
de lazer (casinos, museus, eventos especiais, etc.) acentua a convergncia para o ponto em que
se torna difcil estabelecer uma fronteira clara entre as mesmas. (Decelle, 2004).
A caracterizao da inovao no turismo influenciada pela abordagem Schumpeteriana.
Precisamente com base na viso Schumpeteriana, Hjalager (1997), adotou os conceitos
desenvolvidos no modelo de Abernathy e Clark (1985), o qual mede os nveis de inovao no
turismo. Neste modelo as categorias de inovao dividem-se em produto, processo,
organizacionais e de mercado, sendo que inovaes de distribuio e inovaes institucionais so
exemplos de tentativas de considerar particularidades de inovao no turismo. (Hjalager, 2010).
Assim, inovaes no produto ou no servio so aquelas que so percetveis pelo cliente e
constituem um fator de deciso de compra. A definio de Decelle (2004) de produtos tursticos
vai de encontro a esta ideia, j que os classifica como "bens de experincia" que, por norma, so
validados ex post facto por parte dos consumidores. De acordo com Murphy et al., (2000), esta
situao aplica-se a todos os servios de turismo em alojamento, restaurao, agncias de
viagens, sistemas de transporte e outras empresas relacionadas com a cadeia de valor do turismo.
De acordo com Decelle (2004), devido s dificuldades de apropriao de direitos de propriedade
intelectual e tambm ausncia de I&D, as inovaes no setor do turismo no so transmitidas
atravs dos mesmos canais do que no setor industrial. Alm da capacidade de uma empresa de
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
25
turismo para a produo de novos conhecimentos derivados da sua atividade, como no learning by
doing, importante considerar a sua capacidade de:
Adquirir e absorver inovaes existentes, ou seja, "internalizar" o conhecimento que
codificado e convert-lo em conhecimento tcito;
Transmitir e divulgar as suas inovaes, isto , externaliz-los na forma de conhecimento
codificado capaz de ser circulado com maior facilidade.
Os canais de transmisso de conhecimento, encontram-se descriminados na tabela 5.
Tabela 5 - Canais pelos quais o know-how transmitido no setor do turismo
Setor do
Turismo
A profisso Territrios e
Infraestruturas
Tecnologias Leis e
Regulamentos
Divulgao de estudos, conferncias; boas prticas; certificao e padronizao; ligaes com investigao.
Atuao das autoridades pblicas na inovao e regulamento sobre: patrimnio nacional e cultural; infraestrutura de transportes.
Equipamentos; abastecimento; substitutos dos produtos industriais.
Normas de sade e de segurana; tributao; legislao laboral; normas ambientais.
Fonte: Hjalager (2002); adaptado.
No que diz respeito capacidade de inovar acima referida, esta depende de fatores estruturais de
cada organizao, como a sua dimenso; tipo de organizao3 incluso ou no num grupo
empresarial. Tendo em conta estes aspetos, pode afirmar-se que as empresas do setor hoteleiro
que fazem parte de uma cadeia integrada, so tendenciosamente, mais inovadoras. No entanto,
so considerados cruciais outros itens, respetivamente, os fatores cognitivos como a natureza pr-
ativa ou reativa das rotinas, as capacidades de gesto (gesto do know-how) e as relacionadas
com as remuneraes (habilitaes). (Decelle, 2004).
No que concerne hotelaria e de acordo com a categorizao dos servios proposta por Sundbo e
Gallouj (1998), esta pode ser definida como uma atividade personalizada e de trabalho intensivo,
isto , depende essencialmente dos conhecimentos e profissionalismo dos trabalhadores. Desta
forma os recursos humanos, mais do que a tecnologia, constituem um dos aspetos mais
relevantes na diferenciao das organizaes deste setor.
Segundo Hjalager (2010), tendo em considerao alguns estudos realizados neste setor, so
exemplos de inovaes de produto no setor hoteleiro, as que se relacionam com as qualidades
3 No caso de ser uma PME.
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
26
individuais do servio do hotel, como a gastronomia; o bem- estar; a animao; a infraestrutura; as
prprias instalaes; conforto personalizado e medidas ambientais. De acordo com Osen e
Connelly (2000), os responsveis de gesto e os marketers de empresas da hotelaria devem
enfrentar o desafio de determinar quais os servios preferidos pelos seus hspedes, no sentido de
valorizar a sua experincia, j que diversos estudos comprovaram que as empresas de maior
sucesso so aquelas que esto inteiramente a par dos interesses dos consumidores e
desenvolvem os seus servios de acordo com as necessidades especficas do mercado.
(Karmarkar, 2004).
Relativamente s inovaes no processo, estas so geralmente as que se processam nos
bastidores das empresas, geralmente denominados como back-office, no tendo
necessariamente de ser percetveis para o consumidor. As TIC tm sido nas ltimas dcadas, um
grande exemplo deste tipo de inovao e sobre as quais tem recado bastante ateno por parte
das instituies, de acordo com Buhalis e Law, (2008). Tambm Osen e Connelly (2000),
defendem que o setor hoteleiro se encontra em constante mudana devido, essencialmente, a
rpidas aceleraes nas tecnologias de informao. As inovaes organizacionais dizem
respeito a novas formas de organizar a colaborao interna, orientando e capacitando os recursos
humanos, construindo carreiras e valorizando o trabalho realizado, atravs de mecanismos de
motivao de equipas. As inovaes na distribuio e marketing esto diretamente ligadas a
diversos processos de marketing, associando por vezes, o turismo comercializao de outros
produtos. Novos servios de informao para pessoas surgiram como bancos de dados, o que
facilitou o processamento de perfis de clientes e comportamento do cliente. Alm disso, novas
formas de organizao em rede surgiram em particular no domnio do marketing turstico.
(Weiermair 2004, Pg. 4). So ainda apontadas outras inovaes organizacionais que se traduzem
na adoo de uma nova estrutura organizacional ou quadro jurdico que redirecione ou melhore o
negcio em determinadas reas ou mercados especficos.
1.2.5. Setor do Turismo- Breve caracterizao
A primeira definio de turismo datada de 1911, citada por um economista austraco, Hermann
Von Shattenhofen, diz que: o turismo o conceito que retrata todos os processos, especialmente
os econmicos, que se manifestam na chegada, permanncia e sada do turista de um
determinado municpio, pas ou estado (Barreto, 2003). De acordo com a mesma autora, este
pode ser classificado de diferentes formas: quanto sua natureza; objetivos e motivaes;
nacionalidade dos turistas; tipo de hospedagem, entre outras classificaes possveis.
Num nvel internacional, os dados provisrios da balana turstica dos 27 pases da Unio
Europeia, divulgados pelo EUROSTAT (2011), apontam para uma melhoria muito significativa do
saldo da balana turstica. A diferena entre despesas e receitas tursticas manteve-se favorvel e
passou de 4,7 mil milhes de euros para 19,2 mil milhes. Espanha, Itlia e Frana foram os
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
27
pases europeus que apresentaram os saldos mais favorveis da balana turstica, com 30,6, 10,2
e 8,8 mil milhes de euros, respetivamente.
semelhana do que se verificou em 2010, a Alemanha, o Reino Unido e a Blgica foram, em
2011, os pases que revelaram saldos da balana turstica mais desfavorveis: -32,7 %, -10,5 % e
-7,9 %, respetivamente. Portugal manteve-se na sexta posio em termos do saldo da balana
turstica, com um total de 5,2 mil milhes de euros em 2011, mais 13 % relativamente ao ano
anterior, j que as receitas provenientes da atividade turstica aumentaram 7,2 %, e as despesas
tursticas revelaram variao mnima (+0,7 %).
As receitas do turismo atingiram 8.145,6 milhes de euros e as despesas tursticas 2.973,6
milhes, o que se traduziu num saldo de 5.172 milhes de euros em 2011, face a 4.648 milhes
de euros em 2010. (Banco de Portugal, 2012).
Segundo dados da Organizao Mundial de Turismo (2012), as chegadas de turistas a nvel
mundial ascenderam a 982 milhes, o que representa um aumento de 4,6 % em 2011. A Europa
foi a regio do globo que recebeu mais turistas, 503,7 milhes em 2011 correspondendo a 6,1 %,
conforme se pode analisar na tabela 6.
Tabela 6- Barmetro do turismo mundial
Regio 2007 2008 2009 2010 2011
Mundo 899,9 918,8 881,8 939,0 982,0
Europa 485,4 487,3 461,6 474,7 503,7
sia e Pacfico
182,0 184,1 181,1 204,4 217,0
Amricas 143,0 146,9 140,8 149,7 155,9
frica 42,6 44,5 45,9 49,7 50,2
Mdio Oriente
46,9 56,0 52,8 60,4 55,4
Fonte: UNWTO, (Maio, 2012); adaptado.
Tambm no ano de 2011, efetuaram-se cerca de 15,2 milhes de viagens por motivos tursticos,
das quais 13,7 milhes (90,4 %) dentro do territrio nacional. As restantes, cerca de 1,5 milhes
tiveram o seu destino localizado no estrangeiro.
Para a economia portuguesa, o turismo tem uma importncia verdadeiramente estratgica em
virtude da sua capacidade em criar riqueza e emprego. Este dos setores que apresenta maior
relevncia no desenvolvimento da economia portuguesa. Em 2008, de acordo com dados
preliminares do INE (INE, 2009), o turismo gerou cerca de 5 % do VAB da economia, ou seja,
cerca de 7,3 mil milhes de euros. De acordo com o PENT, trata-se de um setor em que temos
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
28
vantagens competitivas claras como sucede com poucos outros. Tem vindo a ter lugar uma
grande aposta no turismo por parte do governo e dos empresrios do setor. (Turismo de Portugal,
2007, Pg.1).
Tambm no ano de 2011, o setor do turismo foi o que mais receitas apresentou, no que diz
respeito exportao de servios, como possvel aferir no grfico 1.
Grfico 1 Exportao de bens e servios, 2011
Fonte: INE Instituto Nacional de Estatsticas (2011).
O World Economic Forum, responsvel pelo Travel & Tourism Competitiveness Report (2012),
define os critrios avaliadores de competitividade no que diz respeito ao turismo, que se
denominam pilares da competitividade, os quais integram: medidas de poltica e regulamentao;
sustentabilidade ambiental; proteo e segurana; sade e higiene; prioridade atribuda ao setor
das V&T; infraestrutura de transporte areo; infraestrutura de transporte terrestre; infraestrutura
turstica; infr-estrutura de TIC; competitividade de preos no setor V&T; recursos humanos;
afinidade para com as V&T; recursos naturais e recursos culturais. atravs destes que se
estabelece o ranking de pontuaes globais por cada pas.
O ndice de competitividade posiciona Portugal nos 20 pases mais competitivos para investimento
no setor de V&T pelo 3 ano consecutivo, entre 139 os pases avaliados, conforme se apresenta
na tabela 7.
Tabela 7- ndice de competitividade e turismo, 2011
2011 2009 2008
Posio Pontuao Posio Pontuao Posio Pontuao
Portugal 18 5,01 17 5,01 15 5,09
14,0%
10,1%
8,4%
5,4%
4,7% 4,6% 4,1% 3,8%
44,9%
Receitas Tursticas
Mquinas e Aparelhos
Veculos, Outros Meios de Transporte
Metais comuns
Plsticos e Borracha
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
29
U.E. 11 5,01 10 5,01 9 5,09
Bacia do Mediterrneo
3 5,01 3 5,01 3 5,09
Fonte: World Economic Forum, The Travel & Tourism Competitiveness Report 2008, 2009 e 2011;
adaptado.
Como demonstra a tabela 7, no ano passado, Portugal ocupava a 18 posio ao nvel mundial, o
que corresponde a uma pontuao de 5,01. O mesmo, ocupa tambm posio de destaque em
relao a destinos concorrentes da Bacia do Mediterrneo, estando logo atrs da Frana e da
Espanha.
Quadro Regulatrio, Ambiente Empresarial e Infra-estrutura e Recursos Humanos, Naturais e
Culturais so os trs sub-ndices que resultam do agrupamento dos pilares da competitividade, em
que as posies ocupadas por Portugal, nos respetivos rankings esto descritas na tabela 8.
Tabela 8 - Ranking de turismo
Quadro Regulatrio Ambiente Empresarial e
Infra-estrutura
Recursos Humanos,
Naturais e Culturais
Rank U.E. 27
Rank Global
Pont. Rank U.E. 27
Pont. Rank Global
Rank U.E. 27
Rank Global
Pont.
Portugal 13 19 5,47 14 24 4,84 9 17 4,73
Fonte: World Economic Forum, The Travel & Tourism Competitiveness Report, 2011.
Portugal posiciona-se no 19 lugar a nvel global, na 9 posio face aos pases da U.E. 27 e no 3
lugar no contexto dos pases concorrentes mediterrnicos. Todo este enquadramento do setor
justifica um estudo mais aprofundado e acadmico sobre os mesmos.
1.2.5.1. Setor Hoteleiro
A atividade turstica compreende vrias ramificaes com diversas especificidades,
nomeadamente reas como a restaurao, setores de transportes, agncias de viagens e
hotelaria. De acordo com o INE (2012), em julho de 2011, os meios de alojamento turstico coletivo
dispunham de uma oferta de 498.526 camas, que se concentraram maioritariamente pela hotelaria
(58 %). Dos restantes alojamentos, os parques de campismo representaram 37,6 % da oferta total,
o turismo no espao rural 2,7 % e as colnias de frias e pousadas de juventude 1,8 % em
conjunto. Relativamente ao ano anterior a capacidade disponvel aumentou 2,9% (tabela descritiva
disponvel no anexo n. 1).
A oferta de alojamento na hotelaria caracterizava-se por uma relativa estabilidade face ao ano
anterior. Estavam em atividade 2.019 estabelecimentos hoteleiros, mais 8 do que em julho de
2010, correspondendo a um ligeiro acrscimo de 0,4 %. Os hotis foram os que mais cresceram
Empreendedorismo e Atitude Inovadora nas Empresas
30
em nmero (102 estabelecimentos, que equivalem a um aumento homlogo de 13,2 %). Todas as
categorias aumentaram, com destaque para as unidades de duas e uma estrela (+35,1 %) e de
cinco (+14,1 %).
Grfico 2- Repartio da capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros por NUTS, 2011
Fonte: INE, (2012