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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO emprego

emprego - viarapida.sp.gov.br Arte e cotidiano 9 ... Marco Antonio Queiroz Silva Preparação Luciana Soares, Tamara Castro Revisão ... desenhar objetos,

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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

emprego

Prog rama de

C a d e r n o d o Tr a b a l h a d o r

Vo l u m e

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Conteúdos GeraisQualificação

Profissional

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Governo do Estado de São Paulo

Secretaria de deSenvolvimento econômico, ciência e tecnologia

ÍNDICE

Caderno do trabalhador – Volume 7

Arte e cotidiano 9Ler e conhecer 71

dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (bibliotecária silvia marques crb 8/7377)

P964

Programa de qualificação profissional / Conteúdos geraisSão Paulo : Fundação Padre Anchieta, 2010. (Caderno do trabalhador, v. 7)

(vários autores, il.)Programa de qualificação profissional da Secretaria do

Emprego e Relação do Trabalho-SERT

ISBN 978-85-61143-45-9

1. Trabalho – treinamento. 2. Arte – estética 3. Redação – interpretação I. Título. II. Série.

1-ª edição: 2010

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia

Secretário

Nelson Baeta Neves Filho

Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino

Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto

Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA

Presidente João Sayad

Vice-Presidentes Ronaldo Bianchi

Fernando Vieira de Mello

Diretoria de Projetos EducacionaisDiretor

Fernando José de AlmeidaGerentes

Monica Gardelli FrancoJúlio Moreno

Coordenação técnicaMaria Helena Soares de Souza

Equipe EditorialGerência editorial

Carlos SeabraSecretaria editorial

Solange Mayumi LemosApoio administrativo

Acrizia Araújo dos Santos, Ricardo Gomes, Walderci Hipólito

Edição de texto Fernanda Spinelli, Marcelo Alencar

Leitura crítica Adriano Botelho, José Bruno Vicentino,

Evanisa Arone, Hugo Fortes, Luciane Genciano, Marco Antonio Queiroz Silva

Preparação Luciana Soares, Tamara Castro

Revisão Beatriz Chaves, Fernanda Bottallo, Vera Ayres

Identidade visual João Baptista da Costa Aguiar

Arte e diagramação Carla Castilho

Pesquisa iconográfica Elisa Rojas,

Renato Luiz FerreiraIlustrações

Beto Uechi, Felipe Cohen, Gil Tokio, Kellen Carvalho, Leandro Robles, Lúcia Brandão

Colaboradores Eliana Kestenbaum, Gustavo Lico Suzuki, Marcia Menin, Maria Carolina de Araújo,

Paulo Roberto de Moraes Sarmento

Coordenação do ProjetoCETTPro/SDECT

Juan Carlos Dans SanchezFundação Padre AnchietaMonica Gardelli Franco

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

José Lucas Cordeiro

Apoio Técnico à CoordenaçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – FundapFernando Moraes Fonseca Jr., Laís Schalch, Maria Helena de Castro Lima, Selma Venco

Apoio à ProduçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – Fundap Ana Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio,

Emily Hozokawa Dias, Isabel da Costa Manso Nabuco de Araújo, José Lucas Cordeiro,

Karina Satomi, Laís Schalch, Maria Helena de Castro Lima,

Selma VencoCETTPro/SDECT

Cibele Rodrigues Silva, João Batista de Arruda Mota Jr.

Textos de ReferênciaAirton Marinho da Silva, Alan Pereira de Oliveira,

Ana Paula Alves de Lavos, Antonio Carlos Olivieri, Bianca Briguglio,

Clélia La Laina, Cleusa Helena Pisani, Elaine Oliveira Teixeira,

Fernanda Maria Macahiba Massagardi, Hugo Capucci Jr., Jaquelina Maria Imprizi,

Joana Scheidecker Rebelo dos Santos, Laís Schalch, Leonor Gonçalves Simões,

Maria de Souza Oliveira Tavares, Maria Helena de Castro Lima,

Renata Violante, Ricardo Mendes Antas Junior, Roberto Cattani, Selma Venco, Silvia Andrade da Silva Telles,

Sonia Regina Martins, Walkiria Rigolon

Secretaria de deSenvolvimento econômico, ciência e tecnologia

Caro(a) trabalhador(a),

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do

Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação

profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o

seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo

desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se

manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais

atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da

educação profissional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para

facilitar o aprendizado de forma rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores

experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho

e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos a certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação

profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a

realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Caro(a) trabalhador(a),

Gostaríamos de parabenizá‑lo(a) por sua iniciativa de buscar um programa de

qualificação profissional.

Seja qual for o motivo que o(a) trouxe aqui – procurar um trabalho, aperfeiçoar

aquilo que você já sabe fazer ou tentar mudar de profissão –, aprender, adquirir

novos saberes, aprimorar‑se é sempre bom; é um passo importante na vida

das pessoas.

O curso iniciado por você agora foi pensado para os trabalhadores que

– como você – estão com dificuldade de arrumar trabalho: seja em uma fábrica,

uma empresa, seja como autônomo, seja cuidando do próprio negócio.

Pensamos que, se passamos a saber um pouco mais, esse caminho, pode se

tornar mais fácil.

Estudando as características do mercado de trabalho e as mudanças que estão

acontecendo nessa área – tanto no mundo, como aqui no Brasil e no estado de

São Paulo –, a SDECT preparou um programa de qualificação com duas partes.

A primeira, que chamamos de conteúdos gerais, trabalha os saberes básicos

necessários em qualquer ocupação.

São conteúdos que objetivam preparar você, trabalhador, para: ler melhor um

texto; refletir de forma crítica sobre ele; tirar conclusões sobre um fato; encontrar

soluções possíveis para determinado problema; entender o mercado de trabalho

e inserir‑se melhor nele; participar de um debate ou de um trabalho em equipe;

raciocinar de forma lógica, entre outros saberes.

Na segunda parte deste curso serão trabalhados os chamados conteúdos

específicos, relacionados ao aprendizado de determinada ocupação e escolhidos

de acordo com as características de cada região ou cidade.

Os cadernos que você está recebendo são voltados exclusivamente para os

conteúdos gerais.

Este caderno traz os temas: Arte e cotidiano e Ler e conhecer.

Arte e cotidiano procura definir arte e sua função, além de apresentar o

trabalho de artistas importantes e as técnicas utilizadas por eles. No final do

caderno há páginas em branco para você exercitar seu talento.

A segunda parte deste volume, Ler e conhecer, convida você a se transformar

em escritor e jornalista enquanto explora divesos gêneros textuais.

Com esses conteúdos colocados à sua disposição, esperamos que você aproveite

o curso de qualificação que irá fazer e possa ampliar suas habilidades e seus

saberes para o mundo do trabalho.

Coordenadoria de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

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Arte e cotidiano

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Caro(a) trabalhador(a),

Será que é importante ter conhecimentos de arte em um curso de qualificação pro-fissional? Este módulo tem como objetivo trazer a você algumas informações sobre arte. Por que ela existe? Que função ela tem na sociedade? Quais as principais técnicas usadas pelos artistas? A arte nos transforma?

Para começar, o que é arte? O que vem à nossa mente quando pensamos nesse assunto? Museu? Pincel? Quadro? Fotografia?

A arte pode se manifestar de várias formas, como a dança, a música, o teatro, as artes visuais (quadros, esculturas, grafites, fotografias, filmes...). Quaisquer que sejam as técnicas ou as formas de sua produção, podemos dizer que arte é uma maneira de expressar sentimentos, emoções e ideias de forma criativa e diferente, com o uso de materiais e técnicas diversos como tintas, produtos recicláveis, instrumentos musi-cais, elementos da natureza etc.

Mas, para aqueles que não fazem da arte a sua profissão, será que faz sentido conhecer o tema? A arte pode, nesse caso, nos deixar mais atentos para perceber a beleza das formas e nos ajudar a aproveitar os recursos que temos e sermos mais criativos no trabalho, independentemente de qual seja ele.

Em nossos encontros, experimente ver o mundo de maneira diferente, observando detalhes que estão à sua volta e procurando registrar tudo da forma que achar mais interessante: desenhando, bordando, recortando e colando imagens, pintando e, até mesmo, misturando tudo isso.

No fim deste caderno você encontrará algumas páginas em branco. Elas serão seu caderno de artista. O que é isso? Vamos entendê-lo como uma espécie de agenda, na qual você poderá registrar trechos de textos em prosa e poesias de que gosta, desenhar objetos, anotar ideias, fazer colagens, enfim, registrar o resultado de sua produção artística no decorrer dos nossos encontros.

Ao final do curso, você poderá mostrar seu caderno a colegas, como se fosse uma pequena exposição, ou somente guardá-lo para se lembrar das aulas. O importante é perceber que a arte pode fazer parte da sua vida, ajudando-o a ver o mundo de um jeito diferente: bem mais bonito.

Desejamos muito sucesso a você e que a arte o ajude a abrir novas portas para uma realidade repleta de conhecimentos e oportunidades.

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Unidade 1 A função da arteAlguma vez você já se perguntou para que serve a arte? Por que ela é feita e admirada? Essas questões podem ter muitas respostas.Desde que o homem existe a arte existe. Na pré-história, há cerca de 40 mil anos, nossos antepassados moravam em cavernas e “desenhavam” a vida nelas. Por meio de imagens pintadas nas rochas, eles mostravam como viam os animais, como os caçavam, as armas que uti-lizavam e outros aspectos de seu dia a dia. Esses desenhos e pinturas nas cavernas são chamados de arte rupestre.

Exemplo de arte rupestre encontrada em Altamira, na Espanha. As primeiras pinturas em cavernas foram feitas há cerca de 40 mil anos.

Para fazer esse tipo de arte, nossos ancestrais usavam uma técnica. Você deve estar se perguntando: como havia técnica num período tão remoto como a Idade da Pedra? Imagine que, para conseguir preparar um tipo de “tinta” e chegar a esse resultado, eles precisaram testar e testar

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diversos materiais até descobrirem que uma mistura de sangue e terra servia de tinta para pintar as paredes das rochas. Veja só: eles devem ter feito uma verdadeira pes-quisa de materiais! Com o passar do tempo, homens e mulheres foram aper-feiçoando o jeito de fazer arte, criando diversas técnicas a fim de representar a si próprios e a natureza, por exemplo. Inventaram o couro curtido, o papel, o tecido, a fotogra-fia, o cinema, a internet e trocaram a mistura de sangue e terra por tintas sintéticas (não naturais), computadores, garrafas PET, tecidos, televisão e tantos outros materiais que funcionam como meios para a humanidade dar for-ma a suas ideias.Expressar aquilo que vemos, vivemos ou sentimos é um dos objetivos da arte. Há também a intenção de trans-mitir ideias por meio da poesia, da música, da pintura, da escultura, dos filmes etc., ou seja, a arte é algo que procura provocar sentimentos e sensibilizar. Isso não significa que a experiência, aquilo que você sente diante da obra de um artista, deva ser necessariamente boa. Há artistas cuja intenção é, muitas vezes, causar indignação, medo, tristeza...

Atividade 1 – Sentimentos e sensações

Se a arte nos traz conhecimentos e provoca sentimentos e sensações, vamos experimentá-los. 1 Observe atentamente as imagens a seguir ao som da

música que seu professor irá colocar (Wolfgang Ama-deus Mozart, Piano Concerto No. 21 Andante, Elvira Madigan). Não tenha pressa... Olhe bem a expressão dos rostos estampados nas telas, as cores utilizadas pelos artistas, o lugar em que cada “cena” acontece... Relaxe e solte sua imaginação.

Edvard Munch, O grito, 1893. Galeria Nacional de Oslo, Noruega.

Vamos guardar essa ideia da pesquisa de materiais para usá-la mais adiante.

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2 Agora, registre suas observações e seus sentimentos.

O grito As apanhadoras

O que você sentiu ao observar cada quadro?

Em sua opinião, que sensação as cores utilizadas transmitem?

Os quadros transmitem alguma mensagem? Qual?

3 Aproveitando que você soltou sua imaginação e refletiu sobre o significado de cada obra, escolha uma das telas e escreva um texto a respeito dela, criando uma história sobre a cena desse quadro.

As apanhadoras, de Banksy, 2009. releitura de uma tela que tem o mesmo nome, pintada por Jean‑François Millet em 1857. Exposição temporária no Museu de Bristol, inglaterra.

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Atividade 2 – Leitura e debate

Forme um grupo com mais dois colegas. Cada um deve ler o texto dos outros.

Já leram? Agora discutam o que pensaram ao observar as imagens. Os sentimentos foram parecidos ou muito diferentes? Reflita e registre aqui a conclusão do grupo, indicando se concorda ou não com o resultado.

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A arte morre?Se pensarmos nas obras que estão nos museus, nas fotografias e nos filmes antigos, percebemos como a arte é importante para que a história fique registrada de alguma forma. Pode ser nossa história de vida, guardada na memória, por meio da foto do filho pequeno ou do vídeo do passeio que fizemos. Do mesmo modo, as obras de pintores, fotógrafos e cinegrafistas captam e mostram imagens de acontecimentos históricos, mas não apenas para nós, e sim para todas as pessoas.

Um aniversário... Ou o retrato da seca no Nordeste do país...

Portanto, a arte é uma das formas de expressão que nos permitem regis-trar a história. Por meio de músicas, pinturas, desenhos, cinema, vídeo, fotos e outras artes é possível mos-trar determinados períodos da vida de um povo.

Temos a possibilidade, por exemplo, de saber que tipo de música se ouvia séculos atrás. Observando alguns quadros da época, também podemos conhecer as pessoas, o que faziam em seu cotidiano, que lugares frequentavam, que costumes cultivavam (e que foram mudando ao longo dos tempos). Isso tudo é possível porque os fatos do passado foram registrados por artistas.

As técnicas de retratarHá diversas técnicas usadas pelos artistas para retratar as pessoas. A pintura com tinta a óleo – como a que vimos acima – é apenas uma delas.

Candido Portinari, retirantes, 1944. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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Algumas técnicas são bem recentes: você já pensou que há cerca de 200 anos não era possível ter uma fotografia de alguém que amamos?

Além disso, faz pouco mais de 100 anos que as pessoas conseguiram captar e reproduzir, pela primeira vez, uma imagem em movimento. É isso mesmo: apenas no final do século 19 (XIX), em 1900, foi possível ver um filme projetado numa tela de cinematógrafo (que hoje chama-mos de cinema).

Um crítico de arte chamado Tablada, que viveu no início do século passado, escreveu sobre o assunto: “A chegada do cinema é como um anúncio do fim da morte, pois podemos, com ele, continuar vendo [assistindo a] pessoas que já mor-reram e ouvir a voz dos que estão longe”.

E daqui a alguns séculos, o que os homens poderão saber sobre nossa cultura? Vamos pensar sobre isso.

Atividade 3 – Você, fotógrafo!

Vamos construir uma máquina fotográfica? Ela se chama pinhole (fala-se “pinrôule”). O nome é esquisito, mas ela pode ser feita facilmente. Mãos à obra!

S. A. Sisson, retrato de D. Pedro i, 1826. Museu Histórico Nacional, rio de Janeiro, Brasil.

Você sabia?Antes da invenção da má-quina fotográfica, as pes-soas ricas, os nobres, en-comendavam retratos pin tados da família.Este, por exemplo, foi Dom Pedro I, o primeiro imperador do Brasil.

Para saber mais… A invenção da fotografiaé atribuída ao francêsJoseph NicéphoreNiépce e ocorreu entreos anos 1823 e 1826.

O termo pinhole é inglês e quer dizer, literalmente, buraco de agulha. É usa-do para indicar buracos e furos bem pequenos.

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Quais são os materiais necessários?• Uma lata (do tipo usado para leite em pó), ou uma caixa de sapato, ou mesmo

uma caixa de madeira. Atenção! Seja qual for sua escolha, lata ou caixa, é neces-sário haver tampa.

• Tinta preta (spray ou líquida) ou cartolina preta. A tinta é melhor para não deixar a luz entrar.

• Filme ou papel fotográfico.• Fita isolante preta (se necessário).

Como fazer?Pinte a lata ou a caixa por dentro com a tinta preta, ou forre-a com a cartolina preta.

Com uma agulha, faça um pequeno furo na lateral da lata ou caixa. Assim:

Dependendo do material (lata, papelão ou madeira) que você usar, talvez não seja possível abrir um furo adequado. Se isso acontecer, uma opção é fazer um furo maior e colar sobre ele um pedaço de latinha de refrigerante ou de papel-alumínio, a fim de reduzir ao máximo a abertura, sempre vedando muito bem. O segredo está justamen-te aqui: você precisa fazer um furo bem pequeno!

Outra dica importante: certifique-se de que não há mais nenhum furo na lata ou caixa. Esse detalhe garante o bom funcionamento de sua máquina.

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Veja como ela vai captar imagens, por meio desse furo.

É preciso colocar filme (ou papel fotográfico) na máquina. Observe como:

O furo por onde vai entrar a luz deve permanecer tampado até que você escolha a imagem que pretende fotografar. Então, apoie o aparelho sobre uma base firme – uma mesa, por exemplo – e descubra o furo por alguns segundos, a fim de “sensibilizar” o filme ou o papel fotográfico; você está fazendo a sua foto. A seguir, volte a cobrir o furo. Não remova o filme ou o papel fotográfico em local iluminado. Leve sua má-quina a um laboratório onde será feita a revelação. Você obterá um negativo, que no laboratório vai gerar uma cópia positiva.

Atenção: em geral, é necessário fazer alguns testes com o tempo de exposição à luz até conseguir um resultado satisfatório. Nem sempre é fácil acertar logo de início.

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Atividade 4 – Imagem para o futuro

Chegou a hora de exercitar seu lado artístico e procurar retratar alguns aspectos de sua vida.

Forme um grupo com mais quatro colegas. Cada equipe fará uma exposição das pró-prias fotos, escolhendo um dos temas listados abaixo.

• O bairro • A família• O trabalho

Vocês devem fazer um planejamento detalhado antes de retratar o assunto seleciona-do. Aonde irão? Que tipo de fotografias pretendem tirar? Espontâneas (os chamados flagrantes) ou com poses? Vão fazer fotos mais tradicionais ou procurar algo diferente?

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Unidade 2 Arte e identidadeA arte pode mostrar como a identidade de um povo é for-mada. É este o assunto de que vamos tratar aqui e agora.

Quem sou eu? Quando e onde nasci? Onde já vivi? O que já fiz na vida? O que sei e o que não sei? Essas e tantas outras perguntas que nos fazemos de tempos em tempos referem-se à busca de nossa identidade pessoal. Vale lembrar que esse tema também é tratado no Caderno 1 deste curso, no módulo Como se preparar para o mercado de trabalho.

Além da identidade pessoal, há a identidade de um povo ou de um lugar, que buscamos com a questão “quem somos nós?”.

Tarsila do Amaral, Operários, 1933. Coleção do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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Identidade pessoalNossas histórias de família, as músicas que ouvimos quando crianças, as brincadeiras que nos foram ensina-das pelos amigos de infância, a escola onde estudamos, o que fizemos com base nas coisas que aprendemos, en-fim, nossas experiências de vida somadas formam nossa identidade pessoal.

E a beleza dela está em perceber que somos únicos: não há duas pessoas iguais! Além disso, nunca somos a mesma pessoa, pois estamos sempre mudando.

Vamos nos debruçar sobre a ideia de iden‑tidade pessoal. Muitos artistas adotam esse tema como inspiração para suas obras.

O autorretrato é um exemplo disso. Mario Quintana, em sua poesia O autorretrato, nos conta o que sentia em relação a si mesmo.

O autorretratoMario Quintana

No retrato que me faço – traço a traço – às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore... às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança... ou coisas que não existem mas que um dia existirão... e, desta lida, em que busco – pouco a pouco – minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança... Terminado por um louco!

Mario Quintana foi poeta, jornalista e tradu-tor. Gaúcho de Alegrete, nasceu em 1906. Rece-beu inúmeros prêmios por seus escritos e é con-siderado um dos maiores intelectuais brasileiros. Morreu em Porto Alegre, em 1994, mesmo ano em que escreveu: “Ami-gos, não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida – a ver-dadeira – em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira”.

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Nas artes plásticas – pinturas, esculturas e desenhos –, muitos autores também refle-tiram sobre o tema: quem sou eu?

E, assim como Mario Quintana escreveu uma poesia, muitos pintores fizeram retratos de si mesmos, ou de como eles se viam em diferentes épocas.

Atividade 1 – Autorretratos

Vamos observar autorretratos de alguns artistas e compará-los? Analise os quadros abaixo e responda às questões da página seguinte.

Autorretrato, de Vincent van Gogh.

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Frida Kahlo, Autorretrato com colar de espinhos e beija‑flor, 1940. Universidade do Texas, Austin, Estados Unidos.

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Autorretrato de criança.

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Autorretrato de Vincent van Gogh

Autorretrato de Frida Kahlo

Autorretratode criança

Quais são as cores usadas pelos artistas?

Qual é a expressão do rosto em cada obra?

O que você sente ao observar o olhar das pessoas retratadas?

Há outros elemen-tos nas obras, além das pessoas retrata-das? Quais?

Esses elementos são importantes para cada obra? Por quê?

As imagens se asse-melham a fotogra-fias? Por quê?

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Para saber mais...O longa-metragemMoça com brincode pérola, dirigido porPeter Webberem 2003, é inspiradonuma história real.Ele mostra o trabalhode um pintor holandêse como as tintas erampreparadas no século 17(XVII). Este é o quadro pintado por Johannes Vermeer que deu nome ao filme.

Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer, 1666. royal Picture Gallery Mauritshuis, Haia, Holanda.

Vamos conhecer algumas técnicas (os recursos) que esses artistas utiliza-

ram em suas obras?

Você sabe como a tinta é preparada?

Antigamente, as cores das tintas eram produzidas a partir de elementos da natureza: plantas, insetos etc.

Hoje em dia, quase todas as tintas são obtidas por processo químico, e a natureza praticamente desapareceu da fabri-cação desses materiais.

Cada tom de tinta é um pigmento diferente.

Mas, para preparar as tintas, é importante conhe-cer as cores...Você já pensou em como as cores podem ser combinadas? E, quando elas são misturadas, de que modo podem com-por outras cores?

Vamos ver agora algumas informações que podem ajudar na hora de pintar uma parede, preparar uma tintura de cabelo, confeccionar uma roupa e em muitas outras ativi-dades que envolvem a combinação de cores.

O quadro da página 26 traz o chamado círculo cromá-tico. De início, vamos observar que ele tem três cores chamadas primárias. Elas levam esse nome porque não é possível consegui-las a partir da mistura de outras co-res. Por essa mesma razão, elas são também chamadas de cores puras. A mistura de duas cores primárias dá origem às cores secundárias.

Olhando o círculo, vemos que as cores estão liga-das por traços – o amarelo está ligado ao violeta; o vermelho, ao verde; o azul, ao laranja, e assim por diante. Essas cores, que estão opostas no círculo, são chamadas de complementares. Observe que o complemento de uma cor primária será sempre uma secundária. Quando usamos cores complementares

Pigmentos são elemen-tos químicos res pon sá-veis pela coloração das tintas.

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numa pintura, conseguimos muito contraste. Se tivermos, por exemplo, uma flor amarela e violeta, ela aparecerá mais do que uma flor violeta e azul.

Por sua vez, as cores que ficam lado a lado no círculo são chamadas de adjacentes ou irmãs. Quando usadas numa pintura, elas tornam-se harmônicas e sem contrastes.

Além disso, os azuis e verdes são chamados de cores frias e os vermelhos e laranjas, de cores quentes.

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cores quentes cores frias

laranja (secundária) verde (secundária)

violeta (secundária)

vermelho (primária)

amarela (primária)

azul (primária)

Conhecer as cores é importante, mas não basta! É preciso saber que existem várias técnicas usadas para “fazer arte”. Vamos conhecer algumas delas:

Xilogravura – técnica utilizada por j. Borges (autor do trabalho na próxima página), a xilogravura é a arte de gravar em relevo, usando como base a madeira.

O relevo na xilogravura é obtido com pequenas escavações na madeira que vão forman-do um desenho.

Imagine um pedaço de madeira plana da qual você vai retirando lascas e formando uma imagem. Para isso são usadas goivas, ferramentas como as que você vê na foto

ao lado. O artista vai formando o de-senho conforme escava a madeira com elas. Depois disso, a tinta é espalhada sobre a superfície da madeira e uma folha é prensada sobre ela, como se a madeira carimbasse o papel.

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Xilogravura de J. Borges Côco de roda.

Pintura a óleo – Frida Kahlo uti-lizou essa técnica no autorretrato também mostrado do começo des-ta unidade. A pintura é feita sobre uma tela e emprega tintas à base de óleo de linhaça. Muitos artistas gostam da pintura a óleo porque, como a tinta demora a secar, eles podem retocar o quadro diversas vezes antes de finalizá-lo.

Aquarela – técnica utilizada pela criança que pintou o terceiro au-torretrato apresentado no início desta unidade. A tinta, muito se-melhante ao guache, é fabricada à base de água. Ao trabalhar com esses pigmentos, o artista tam-bém pode mudar sua pintura. Por exemplo: se ele deixou o céu muito escuro, basta misturar um pouco mais de água à tinta usada para clareá-lo.

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Auguste renoir, rosa e azul, óleo sobre tela, 1881. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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interior de uma casa de ciganos, aquarela sobre papel de Jean‑Baptiste Debret, 1823. Museu Castro Maya, rio de Janeiro, Brasil.

Voltando aos autorretratos analisados no início desta uni-dade, vale ressaltar que, por meio de suas obras, seus auto-res contam histórias de vida, cada um à sua maneira:

• Oswaldo Goeldi (1895-1961) nasceu no Rio de Ja-neiro e viveu em Belém, capital do Pará, até os 6 anos de idade. Dos 6 aos 24 anos, morou em Genebra, na Suíça, onde iniciou seus estudos de arte e fez sua primeira exposição. De volta ao Brasil, dedicou-se à xilogravura e trabalhou fazendo desenhos e gravuras para várias revistas e livros de importantes escrito-res brasileiros e estrangeiros. Na década de 1930, lançou o álbum 10 gravuras em madeira de Oswaldo Goeldi. Em 1952, iniciou na carreira de professor e, em 1955, passou a lecionar na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, onde abriu uma oficina de xilogravura. Um dos destaques de sua obra foi o uso de cores nas xilogravuras e a re-tratação de situações e pessoas típicas do nosso país.

• Frida Kahlo (1907-1954) nasceu no México e so-freu desde a infância com a paralisia infantil, que a impediu de ter uma vida normal. A obra de Frida retrata sua própria vida e seus sentimentos e exibe

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Para saber mais...Sobre Frida Kahlo, você pode assistir ao filme Frida, dirigido por Julie Taymor e estrelado por SalmaHayek em 2002. Segundo a pintora: “Eu pinto autorretratosporque sou a pessoaque mais me conheço.Eu pinto minha própriarealidade. A única coisaque sei é que pinto porque preciso e eu pintotudo que se passa emminha cabeça, semmaiores considerações”.

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traços da cultura mexicana na cor das roupas, nos penteados e nos animais típi-cos daquele país. Apesar da trajetória repleta de sofrimento, ela era considerada pelos amigos uma pessoa alegre e otimista.

• E o nome da criança? Bem, agora é com você...

Atividade 2 – Biografia de uma pintora

Crie uma história de vida para a autora-mirim do terceiro autorretrato. Como você a imagina? Que idade ela tem? Como é a sua vida? Quais são as técnicas artísticas utilizadas por essa criança?

Atividade 3 – Pesquisa na internet 1 Há vários artistas que pintaram, desenharam ou gravaram autorretratos. Apro-

veite as aulas de informática e pesquise sobre eles na internet. Assim você poderá aprender a navegar no mundo virtual e, ao mesmo tempo, saber mais sobre nomes importantes da arte no Brasil e no mundo. Registre, abaixo, os artistas sobre os quais você pesquisou e as informações sobre a vida e a obra deles que você achou interessantes.

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2 Agora você pode partilhar os resultados de sua pesquisa com os colegas da classe para que todos conheçam um pouco mais sobre arte.

Identidade coletivaVamos pensar que a identidade coletiva é como um desenho com muitos detalhes do grupo ao qual pertencemos.

Como esse desenho é feito?

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Uma parte dele tem como base a nossa memória, mas há também o local onde vive-mos (que chamamos de meio), as tradições e todas as transformações que aconte-cem com as coisas e pessoas com o passar dos anos.

Veja alguns exemplos. Observando a figura abaixo, conseguimos identificar o local em que as pessoas retratadas nasceram ou viveram?

Vamos entender melhor cada aspecto desse desenho que chamaremos de identidade coletiva?

O que entendemos por:

• …memória? Falamos em memória quando lembramos (ou esquecemos...) alguma coisa. Fatos que aconteceram na infância, o primeiro dia de aula, o nascimento dos filhos etc., todos os fatos que ficam guardados no cérebro e vão, pouco a pouco, construindo nossa memória;

• …meio em que vivemos? O bairro, a cidade e as pessoas com as quais nos relacionamos ajudam a construir uma identidade coletiva. Vamos refletir jun-tos: numa cidade praiana, é comum as pessoas usarem roupas de banho para ir ao mercado. Imagine a mesma situação no centro de São Paulo. Seria uma confusão! Portanto, temos referências e adotamos códigos diferentes mesmo morando num só estado.

Isso serve, também, para a linguagem. Há palavras usadas no Sul do Brasil que os moradores do Nordeste não conhecem, e vice-versa! Quer ver?

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Você já ouviu essas palavras ou expressões?

• Bergamota

• Te boleia pra lá

• Bolodório

• Fique peixe

Quem na sala conhece algum desses termos? O que eles significam?

Caso ninguém tenha a resposta, a turma toda pode fazer uma pesquisa na aula de informática.

• …tradição? Essa palavra quer dizer transmissão. É comum as famílias e os povos irem contando entre si as lendas e os fatos históricos que envolvem seu passado e suas crenças, informações que são passadas de geração para geração, não é mesmo? Outro exemplo são as danças típicas de uma região, que também são resultado desse tipo de transmissão.

Muitos artistas brasileiros – compositores, pintores, escultores etc. – se preocupa-ram (e ainda se preocupam) em dar valor, em suas obras, a características típicas do nosso povo.

Vamos ver agora alguns exemplos desses artistas e de suas criações.

Dorival Caymmi compôs uma canção intitulada O que é que a baiana tem?, que ficou mundialmente famosa na voz de Carmen Miranda. Acompanhe a letra na transcrição a seguir.

O que é que a baiana tem?

Dorival Caymmi

O que é que a baiana tem? Que é que a baiana tem? Tem torço de seda, tem! Tem brincos de ouro, tem! Corrente de ouro, tem! Tem pano da costa, tem! Tem bata rendada, tem!

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Pulseira de ouro, tem! Tem saia engomada, tem! Sandália enfeitada, tem! Tem graça como ninguém Como ela requebra bem!

Quando você se requebrar Caia por cima de mim Caia por cima de mim Caia por cima de mim

O que é que a baiana tem? Que é que a baiana tem? Tem torço de seda, tem! Tem brincos de ouro, tem! Corrente de ouro, tem! Tem pano da costa, tem! Tem bata rendada, tem! Pulseira de ouro, tem! Tem saia engomada, tem! Sandália enfeitada, tem! Só vai no Bonfim quem tem O que é que a baiana tem?

Só vai no Bonfim quem tem Um rosário de ouro, uma bolota assim Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim Um rosário de ouro, uma bolota assim Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim Oi, não vai no Bonfim Oi, não vai no Bonfim Um rosário de ouro, uma bolota assim Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim Oi, não vai no Bonfim Oi, não vai no Bonfim

Dorival Caymmi Compositor nascido em Salvador, em 1914, de-di cou-se a descrever, prin cipalmente, a vida das pessoas simples da Bahia, como pescadores e vendedoras de vatapá. Ele admirava o mar e a natureza e sempre con-siderou o homem parte disso tudo. Morreu em 2008, deixando mais de uma centena de canções.

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Também no Brasil, entre as décadas de 1950 e 1960, a dupla sertaneja Cascatinha e Inhana ficou conhecida ao interpretar uma guarânia (tipo de música de origem paraguaia) que descreve os traços de uma índia.

Índia

José Asunción Flor e Manuel Ortiz Guerrero (versão em português de Zé Fortuna)

Índia seus cabelos nos ombros caídos Negros como a noite que não tem luar Seus lábios de rosa para mim sorrindo E a doce meiguice desse seu olhar Índia da pele morena Sua boca pequena eu quero beijar Índia sangue tupi Tem o cheiro da flor Vem que eu quero lhe dar Todo meu grande amor

Quando eu for embora para bem Distante e chegar a hora de dizer-lhe adeus Fica nos meus braços só mais um instante Deixa os meus lábios se unirem aos seus Índia levarei saudade Da felicidade que você me deu Índia a sua imagem Sempre comigo vai Dentro do meu coração Flor do meu Paraguai.

Atividade 4 – Características do povo brasileiro

Após ler a letra das duas canções, relacione, no quadro abaixo, as características da baiana e da índia, personagens centrais dos textos. Como elas são mostradas pelos autores? Você pode acrescentar mais alguma característica além das que aparecem nas composições?

Baiana Índia

Tem saia engomada Cabelos negros

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Ouvimos as canções e conseguimos perceber como a baia-na e a índia foram retratadas pelos músicos. Podemos fa-zer a mesma coisa usando outras formas de arte, como esculturas, pinturas, peças de teatro.

Muitos artesãos, por exemplo, utilizam cabaças em peças que retratam diferentes aspectos da cultura brasileira.

Cabaça.

As cabaças são preparadas com duas demãos de uma tinta especial chamada látex PVA branco. Depois elas podem ser coloridas com tinta acrílica ou PVA também acrílico.

Veja um exemplo.

Cabaças são frutos de plantas rasteiras que têm o casco duro. Elas são ocas por dentro e não são comestíveis.

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Boneca feita de cabaça.

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Atividade 5 – Construindo um personagem

Vamos fazer um personagem típico de nosso país usando a técnica da papietagem? Essa é uma técnica com resultado próximo ao alcançado com as cabaças, mas que utiliza, como base, papel e farinha de trigo.

A peça pode ser produzida na sala de aula ou em sua casa.

Você vai precisar de:• 1 litro de água;• 6 colheres de farinha de trigo;• 1 colher de vinagre;• jornal;• pincel;• fita adesiva ou fita crepe; e• tinta látex ou guache.

Como fazer:Dissolva a farinha de trigo num copo de água (1). Junte essa mistura ao restante da água e leve ao fogo até formar um mingau (2). Retire a mistura do fogo e acrescente o vinagre (3), que serve para não deixar o jornal mofar com o passar do tempo.

Faça, então, duas bolas de jornal, uma para a cabeça e outra para o corpo (4), e passe fita adesiva ou fita crepe em volta delas até modelar seu personagem (5). Depois, vá rasgando jornal em tiras, passando farinha e encapando o “esqueleto” do boneco (6). É preciso fazer pelo menos seis camadas de tiras de jornal. Chamamos esse processo de empapelar um objeto (nesse caso, a própria bola de jornal). Espere secar e pinte (7).

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Na área da pintura e das artes plásticas também há muitos artistas do Brasil que valo-rizaram nossa gente.

Vamos ver uma pequena galeria de retratos do povo brasileiro produzidos em épocas diversas e com técnicas diferentes?

Tropical, óleo sobre tela de Anita Malfatti, cerca de 1916. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O lavrador de café, óleo sobre tela de Candido Portinari, 1934. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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yarinã e o pássaro azul, óleo sobre tela de Élon Brasil, 2008, coleção particular.

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O violeiro, óleo sobre tela de Almeida Júnior, 1899. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.

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Um desses artistas foi Emiliano di Cavalcanti (1897-1976), conhecido como “o pin-tor das mulatas”. Ele nasceu no Rio de Janeiro e foi um pintor muito famoso em nosso país. Pintou favelas, operários, pescadores e, principalmente, mulatas – retratando-as com sua beleza, contrariando a forma de fazer arte nas décadas de 1930 a 1960 (ou seja, seguindo as tendências estéticas tradicionais), que praticamente só valorizava as mulheres brancas.

Mulata em rua vermelha, óleo sobre tela de Di Cavalcanti, 1960. Coleção particular.

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Unidade 3 Ponto, linha, plano, texturaNa unidade anterior, conhecemos algumas técnicas para produzir pinturas e xilogravuras e também analisamos as cores e suas combinações.Nesta unidade, vamos ver outro aspecto importante para entendermos e fazermos arte: o estudo das formas.A geometria, uma área da matemática, irá nos auxiliar nesse estudo.A palavra geometria é composta por duas palavras gregas:geo = terra e metro = medir.Portanto, geometria significa medir a terra. Isso porque, há muito tempo, houve a necessidade de demarcação das terras para a cobrança de impostos. Hoje a geometria é muito usada nas artes e em outras profissões.Veja alguns exemplos de formas geométricas de duas dimensões (altura e largura):

Ponto Figura geométrica sem dimensões. •

Linha

Um conjunto de pontos forma uma linha.Experimente no papel: faça um ponto e mais adiante outro. Então, una os dois. Você terá uma linha.

• •

Quadrado Figura que tem os quatro lados iguais.

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Retângulo Figura de quatro lados, sendo dois lados iguais.

TriânguloFigura de três lados, que podem ou não ter o mesmo comprimento.

CírculoForma limitada por uma linha curva. Todos os pontos contados a partir do seu centro têm a mesma distância.

Outras formas, de três dimensões (altura, largura e profundidade), derivam dessas:

Cone

Repare que o cone tem uma base com formato de círculo. Mas ele também não parece um triângulo “deformado”?

Cubo

Figura com seis faces, formada a partir do quadrado.

Esfera

Agora é sua vez: como essa figura é formada?

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Todas essas formas geométricas estão presentes nas artes e também nas nossas vidas, mas muitas vezes não nos damos conta disso.

Atividade 1 – A geometria na vida

Vamos observar estas imagens e identificar a figura geométrica contida nelas:

As pirâmides do Egito: O planeta Terra:

Um terreno: Um sinalizador de trânsito:

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Uma bola de futebol:

Você já reparou que a colmeia que as abelhas constroem tem forma geométrica?

Veja como existem várias outras figuras contendo seis lados. Esta figura geométrica é chamada de hexágono, porque tem seis ângulos (hexa = seis; gono = ângulo).

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Muitas profissões utilizam a geometria até mes-mo sem pensar nela! Um marceneiro, por exem-plo, recebe a encomenda de fazer uma mesa quadrada!

Se esse profissional não souber que um quadrado possui os quatro lados iguais, a mesa pode sair diferente da encomenda, não é mesmo?

Pode sair retangular (dois lados iguais):

Oval:

Ou, ainda, redonda:

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Podemos listar muitas outras profissões que fazem uso da geometria: costureira, pe-dreiro, assistente administrativo, encanador etc.

Atividade 2 – A geometria no trabalho 1 Forme um grupo de quatro pessoas. Vocês devem listar algumas profissões que

utilizam a geometria. Como cada uma delas faz uso das figuras geométricas?

Profissão Como a geometria é usada

2 Na opinião do grupo, existem profissões que não precisam utilizar a geometria? Quais são elas? Por que não a usam?

3 Compartilhem e discutam os resultados com toda a classe. Certamente surgirão muitas opiniões diferentes.

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A geometria e as artesVocê já ouviu falar em tangram?

Tangram é um jogo, um quebra-cabeças chinês que estimula nossa criatividade, pois permite criar várias formas. Ele é composto de sete peças:

• 5 triângulos de vários tamanhos• 1 quadrado• 1 paralelogramo

Para jogá-lo, devemos montar figuras, mas temos que usar todas as sete peças!

Atividade 3 – Jogando com a geometria 1 Vamos construir o nosso tangram. Para isso, recorte revistas velhas ou papel colori-

do nos formatos que vemos na figura da página ao lado. Uma dica: para dar maior firmeza às peças, você pode colar as figuras sobre um papelão.

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2 Agora é com você: faça e refaça quantas figuras quiser. Escolha a que mais gostou e monte-a ou cole-a no seu caderno.

3 Em dupla, reflita: o que aprendemos a respeito das formas geométricas? E com o tangram? Registre aqui as conclusões a que chegaram.

Artistas também usaram essa mes-ma técnica que você acabou de aprender e até criaram um movi-mento artístico chamado cubismo.

Observe a seguir algumas das obras de arte que utilizaram a geome-tria. Repare nas formas, nas cores. Como será que o artista planejou tudo isso?

O espanhol Pablo Picasso foi um dos maiores nomes do movimento cubista. Seu quadro As senhoritas de Avinhão, de 1907, foi o maior símbolo desse movimento.

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O cubismo foi um movimento artístico iniciado por volta de 1907. Recebeu esse nome devido ao uso constante de formas geométricas, como o cubo. Os artistas criaram essa nova forma de fazer arte, que era bem diferente da que existia antes, mais preocupada em representar fielmente a realidade.

Os cubistas achavam que a obra de arte precisava ser decifrada e, por essa razão, utili-zavam as figuras geométricas para representar os traços das pessoas e das paisagens que pintavam. Eles desejavam representar na tela as três dimensões de um objeto – por isso os objetos retratados pareciam ter sido “desdobrados”.

Mesmo tendo sido iniciado na Europa, o movimento cubista ultrapassou fronteiras e influenciou grandes artistas brasileiros, como Tarsila do Amaral, um dos maiores nomes do modernismo nacional.

Ao lado de Pablo Picasso, o francês Georges Braque, autor desta natureza‑morta, ajudou a consolidar o movimento cubista na Europa.

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Tarsila do Amaral, uma das maiores modernistas brasileiras, teve grande influência do cubismo europeu, como podemos observar no quadro O mamoeiro, de 1925, acervo doMuseu de Arte Contemporânea da USP

Atividade 4 – Montando uma exposição

Agora que você já conhece cores e formas, vamos montar uma exposição cubista! Não tenha medo de errar e lembre-se: neste exercício não existe apenas uma forma certa, ou feio e bonito. A ideia aqui é continuarmos experimentando as formas e as cores. 1 Organize o material: revistas que possamos recortar, caneta hidrográfica ou lápis

de cor, papéis ou tecidos coloridos, lixa de madeira etc. 2 Faça um esboço, um desenho em seu caderno, usando as formas geométricas que

vimos, e pense nas cores que ele pode ter. 3 Agora registre no papel suas ideias. Utilize seu caderno de artista para montar sua

obra cubista.

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Unidade 4 Festas populares: a continuidade da tradição Na Unidade 2 deste módulo falamos sobre identidade e tradição. Agora vamos tratar das festas populares, que também fazem parte da tradição, da cultura de um povo.Chamamos de festas tradicionais aquelas que, em determinadas comunidades, ocorrem sempre em uma mesma época. Por suas características e peculiaridades (datas, formas como acontecem, significados etc.), acabam “desenhando” e divulgando a cultura de um povo. Há muitas festas tradicionais:

• aquelas que acontecem em vários lugares, como o Carnaval, que é comemorado em diversos países, mas em épocas e de formas diferentes;

• as festas típicas de um país, mas que também são comemoradas em comunidades que têm uma mesma origem. É o caso da Oktoberfest (festa de outubro), que acontece todo ano na Alemanha e também faz parte da tradição do estado de Santa Catarina, onde parte da população descende de alemães;

• finalmente, as que acontecem em uma região de um país, como o Bumba-meu-boi, muito conhecida entre os que já viveram ou nasceram no Nordeste e no Norte do Brasil, não sendo, porém, uma festa muito comemorada no Sudeste e no Sul do país.

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E a festa junina? Será uma festa brasileira?

Este quadro, que representa uma festa junina, é um exemplo de arte primitiva, também conhecida como naïf (pronuncia‑se “naífe” e quer dizer ingênuo). recebe esse nome porque são obras de artistas (como Aracy, autora do quadro) que produziram sua arte sem ter estudado para isso.

Nas festas juninas, além das comidas típicas, das fogueiras e dos balões (hoje proibidos, porque causam muitos in-cêndios), não podem faltar as famosas bandeirinhas.

Você sabia?A festa junina surgiu em homenagem a São João. Por isso, quando come-çou a ser comemorada, era chamada de joani-na. Ela parece uma festa brasileira, mas chegou ao Brasil trazida pelos por-tugueses, na época da co lo nização (leia sobre a colonização brasileira no módulo de História). A dança típica dessa festa, a quadrilha, teve origem na França, onde era dançada pelos nobres, as pessoas ricas, porém num ritmo mais lento que o que co-nhecemos hoje. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, onde a pólvora foi usada pela primeira vez. Portanto, a festa junina tem muitas influências culturais, de diversos paí-ses que formaram sua identidade, misturando-se a características de ou-tras festas de nosso país. Veja como a festa junina correu o mundo:

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As bandeirinhas das festas juninas inspiram muitos artistas.

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Há um artista que ficou conhecido no mundo inteiro por suas pinturas inspiradas nas formas das bandeirinhas juni-nas. Você já ouviu falar nele? Em seus trabalhos, podemos ver não apenas as bandeirinhas, mas também o “pau de sebo”, ou mastro, uma brincadeira típica dessas festas.

Veja como Alfredo Volpi experimentou criar a partir das formas geométricas que compõem as bandeirinhas e fez outros quadros com base no mesmo tema.

Volpi não costumava dar nome a seus trabalhos. Assim, há diversos deles chamados Bandeirinhas, como este, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, feito em 1958.

Barco com bandeirinhas e pássaros, de Alfredo Volpi, 1955. Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo, Brasil. O tema das bandeirinhas aparece aqui com outros elementos.

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Volpi nasceu na Itália em 1896, mas veio ainda criança para o Brasil, acompanhando seus pais. Ele nunca estu-dou artes, mas dava grande valor ao trabalho artesanal. Por isso, ele mesmo fabricava suas telas, seus pincéis e até as tintas que usava, que eram feitas com base em uma mistura de clara de ovo e pigmentos. Decorador de mu-rais, Volpi uniu-se a outros artistas proletários como ele e passou a pintar em um palacete na Praça da Sé, o edifício Santa Helena, posteriormente demolido.

Graças ao nome do lugar onde costumava se reunir, esse grupo, criado na década de 1930, ficou conhecido como Grupo Santa Helena.

Havia, na mesma época, outro grupo de artistas, mas pertencentes à elite paulistana. Eles ficaram conhecidos ao promover, em 1922, a Semana de Arte Moderna, que mostrava obras bem diferentes daquelas dos artistas mais tradicionais da época.

Como o início do século 20 (XX) trouxe muitas novi-dades no campo das ciências e da tecnologia (o cinema mudo, a fotografia, o carro), alguns artistas perceberam que a arte também precisava mudar.

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Francisco Rebolo e Zanini: decoradores de murais.

Aldo Bonadei: costureiro e bordador.

Fulvio Pennacchi: açougueiro, decorador e professor de desenho.

Alfredo Volpi: decorador de murais.

Proletário é aquele tra-balhador que vive da força de seu trabalho, ou seja, não é proprietário de ter-ras, máquinas etc. e pre-cisa vender seu trabalho a outra pessoa.

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Victor Brecheret: escultor.

Oswald de Andrade: escritor.

Anita Malfatti: pintora e desenhista.

Menotti Del Pichia: poeta e pintor.

Tarsila do Amaral: pintora.

Heitor Villa-Lobos: compositor.

Mario de Andrade: poeta e professor.

Atividade 1 – Pesquisando a arte...

Esta é uma atividade sobre a vida e a obra de artistas. 1 Reúna-se com mais quatro colegas. Vocês devem esco-

lher um dos artistas listados na tabela anterior e fazer uma pesquisa na internet sobre sua vida e obra. Peçam ao professor que oriente essa escolha de modo que cada grupo pesquise sobre um artista diferente.

2 Agora, montem um cartaz com as informações que obtiveram sobre o artista escolhido e também com re-produções de algumas de suas obras.

Você já deve ter visto esta escultura de Victor Brecheret, pessoalmente ou pela televisão. Ela fica em São Paulo, na frente do Parque do ibirapuera.

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Unidade 5 Pesquisando materiais Muitos escritores, poetas, atores, artistas de todo tipo encontraram uma maneira para expressar ao mundo o que são, o que pensam, o que lembram.E você, como registrará sua vida?Cada momento da nossa existência pode ser comparado a uma colcha de retalhos ou a um mosaico. São pequenos pedaços que, quando unidos, formam um todo.

A arte contemporâneaPodemos dizer, de modo bastante simplificado, que arte contemporânea é toda aquela feita a partir de 1960. Além de utilizarem técnicas conhecidas, como a pintura e a es-cultura, os artistas passaram a usar também materiais diferentes para expressar aquilo que pensavam ou sentiam.

Um dos exemplos de um novo jeito de fazer arte é a assemblage (pronuncia-se “as-samblage”). A ideia dessa técnica é que todo e qualquer material pode ser utilizado para fazer arte.

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Em vez de uma tela, o artista pode usar diversos materiais para fazer sua arte e mostrar os significados das coisas. Ele pode, por exemplo, colar fotografias ou objetos que fazem parte de sua vida em uma caixa; ou, ainda, colar as peças para decorar o palco de um teatro. É o que vemos na imagem abaixo do artista plástico francês Jean Dubuffet.

Atividade 1 – Observando assemblages 1 Vamos observar algumas assemblages?

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Você já assistiu ao filme norte-americano Colcha de retalhos, de 1995?Um grupo de mulheres borda, todos os anos, uma colcha de retalhos. Cada uma delas retrata sua vida e seus sentimen-tos nos bordados que faz.

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2 Agora anote:

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Qual delas é mais interessante?

O que, em cada uma delas, mais lhe chamou atenção?

O que você acha que o artista usou como base para a assemblage, no lugar da tela?

Dê um título a cada uma delas, pensando no que você acha que o artista queria transmitir quando escolheu esses objetos.

Reinventando a arte: o uso de materiais pouco comunsVocê já ouviu falar em Arthur Bispo do Rosário?

Ele é hoje considerado um dos grandes artistas brasileiros, após ser descoberto pelo importante crítico de arte Frederico Morais.

O ex-marinheiro Bispo do Rosário fazia suas obras utilizando materiais nada con-vencionais, incomuns. Ele usava o que estivesse à mão – fitas, botões, canecas – para bordar lençóis e roupas. Chegou a produzir mais de mil peças artísticas, que hoje compõem o acervo do Museu Bispo do Rosário (antigo Museu Nise da Silveira), localizado no Rio de Janeiro.

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Vamos conhecer outro artista brasileiro que trabalhou com materiais diferentes dos tradicionais? Estevão é morador da favela de Paraisópolis, em São Paulo, e trabalha como pedreiro. Seu desejo era construir para o filho uma casa onde ele pudesse brin-car e sonhar. Coletando materiais diversos no lixo, ele construiu a “Casa dos sonhos das estrelas”, um palácio de curiosidades e criatividade. Todos os materiais, dos mais diferentes tipos, são chumbados em cimento.

O Manto da anunciação foi bordado por Arthur Bispo do rosário (na foto, ao lado do seu trabalho) com os objetos que o artista tinha à mão, durante o longo período em que esteve internado em clínicas psiquiátricas.

Estevão no interior de sua casa, em Paraisópolis.

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E dos mosaicos? Você já ouviu falar?

Mosaico é uma técnica artística que resulta da união de pequenos pedaços de objetos. Esses pedaços podem ser de pedra, azulejo, vidro ou qualquer outro material. Eles são colados com argamassa ou cola branca e depois rejuntados ou não.

Os mosaicos já eram usados na Antiguidade na decoração de igrejas, como a antiga Catedral de Santa Sofia, em Constantinopla (hoje Istambul). Eles podem ser utiliza-dos na decoração de peças úteis ao dia a dia, como uma mesa ou um espelho, e também em grandes obras arquitetônicas, como fez Antoni Gaudí (nascido na Catalunha, Espanha), no final do século 19 (XIX) e início do século 20 (XX).

O mosaico é típico da arte bizantina, assim chamada por ter sido produzida em Bizâncio, hoje chamada de Istambul.

Objetos utilitários como um espelho também podem ser decorados com mosaicos.

Antoni Gaudí ficou famoso por utilizar materiais muito diversos e a técnica do mosaico em suas obras de arquitetura, como vemos nessa imagem do Parque Güell, em Barcelona, Espanha.

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A r t e e C o t i d i A n o

Atividade 2 – Agora é a sua vez 1 Utilizando revistas velhas, crie um mosaico. Primeiro faça um desenho que fale

um pouco sobre você. Depois escolha páginas bem coloridas e recorte-as em peda-ços pequenos, que serão colados sobre esse desenho. Outra possibilidade é recortar quadrados: cada colega da turma faz uma colagem sobre um quadrado e, ao final, todos os quadrados são reunidos.

2 Vamos agora fazer uma assemblage! Construa a sua com o tema “Memórias”. Você pode utilizar uma caixa de papelão (como uma caixa de sapatos) ou madeira, ou, ainda, uma tampa de caixa de papelão. Depois escolha objetos que signifiquem algo para você, como uma foto que lembre um momento de sua vida, uma ferra-menta usada que lembre algum trabalho que fez etc.

Materiais:

• 1 caixa de papelão ou madeira, ou 1 tampa de caixa de papelão• tesoura• cola• objetos diversos

Agora é só escolher onde colar os objetos na caixa. Não esqueça de fotografar suas obras de arte com a máquina fotográfica que construiu!

Hora da despedidaDurante as aulas deste módulo, estudamos a arte e como ela representa o que somos e como vivemos. Criamos diversas obras inspiradas em nossas vivências pessoais e em nossa sociedade. Mostramos ao outro e a nós mesmos partes de nosso dia a dia, redescobrindo e reinventando sentimentos, histórias, crenças, entre outras coisas.

Se fôssemos fazer esse trabalho daqui a alguns anos, certamente algumas coi-sas seriam diferentes. O mais interessante na construção de nossa identidade é que, com o passar do tempo, podemos modificar algo em que acreditamos, pois aprendemos com as experiências que a vida pode ser diferente e melhor. Tudo se transforma.

O poema Saber viver, que circula na internet, fala dessas experiências. Vamos ler?

Programa de Qualificação Profissional • Via Rápida Emprego • Conteúdos Gerais

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Saber viverNão sei... Se a vida é curta

Ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos

Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,

Braço que envolve,

Palavra que conforta,

Silêncio que respeita,

Alegria que contagia,

Lágrima que corre,

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,

É o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela

Não seja nem curta,

Nem longa demais,

Mas que seja intensa,

Verdadeira, pura... Enquanto durar.

Atividade 3 – Mãos à obra!

Vamos finalizar este módulo produzindo uma obra de arte. Inspire-se ouvindo a can-ção Aquarela, de Toquinho.

A turma transformará a escola em uma verdadeira galeria de arte!

Vamos lá!