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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária · 18h30 - Palestra de Abertura com William Waack 19h30 - Coquetel de abertura 03 de abril de 2019 8h - Critérios de condenação - a

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Suínos e Aves

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária Somevesc Núcleo Regional Oeste

ANAIS DO 20º SIMPÓSIO BRASIL SUL DE AVICULTURA E

11º BRASIL SUL POULTRY FAIR

Embrapa Suínos e Aves Concórdia, SC

2019

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Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Suínos e Aves BR 153, Km 110 Distrito de Tamanduá Caixa Postal 321 CEP 89.700-991 Concórdia, SC Fone: (49) 3441 0400 Fax: (49) 3441 0497 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac

Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária - Somevesc Núcleo Regional Oeste Estrada Municipal Barra Rio dos Índios Km 359, Rural Caixa Postal 343 CEP 89.815-899 Chapecó, SC Fone: (49) 3329 1640 Fax: (49) 3328 4785 [email protected] www.nucleovet.com.br

Unidade responsável pela edição Embrapa Suínos e Aves

Unidade responsável pelo conteúdo Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária - So-mevesc Núcleo Regional Oeste

Comitê de Publicações da Embrapa Suínos e Aves Presidente: Marcelo Miele Secretária: Tânia M.B. Celant Membros: Airton Kunz

Monalisa L. Pereira Gustavo J.M.M. de Lima Ana Paula A. Bastos Gilberto S. Schmidt

Suplentes: Alexandre Matthiensen Sabrina C. Duarte

Coordenação editorial: Tânia M.B. Celant Editoração eletrônica: Vivian Fracasso Normalização bibliográfica: Claúdia A. Arrieche Arte da capa: Nova Comunicação

1ª edição Versão eletrônica (2019)

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui

violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Suínos e Aves

Embrapa 2019

*As palestras e os artigos foram formatados diretamente dos originais enviados eletronicamente pelos autores.

Simpósio Brasil Sul de Avicultura (20.: 2019, Chapecó, SC). Anais do 20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry

Fair. - Concórdia, SC : Embrapa Suínos e Aves, 2019. 130 p.; 14,8 cm x 21 cm.

1. Avicultura - congressos. I. Título. II. Título: 11º Brasil Sul Poultry Fair.

CDD 636.50063

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Realização

Apoio

Mídias Parceiras

Patrocinadores

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Relação de Patrocinadores

ABPA - Associação Brasileira de Pro-

teína Animal

Adisseo

Agroceres Multimix

ALD Distribuidora

Alltech do Brasil

Anpario Saúde e Nutrição Ltda

APC do Brasil

Aveclean Brasil

Aviagen

Avinews

Avisite e Revista do Avisite

Basf

Bayer

Bentonita do Brasil

BioCamp

Biomin

Biorigin

Biosen

Boehringer Ingelheim Saúde Animal

BTA

Btech Pancosma

Cargill - Nutron

Ceva Saúde Animal

Chapecó e Região Convention & Visi-

tours Bureuau

Chr. Hansen

Cinergis Saúde e Nutrição Animal

Cobb

Conselho Regional de Medicina Vete-

rinária, SC

De Heus Brasil Nutrição Animal

Desvet Produtos Veterinários

DSM Produtos Nutricionais

Elanco Saúde Animal

Embrapa Suínos e Aves

Eurotec Nutrition

Evance Saúde Animal

Evonik Brasil Ltda

Farmabase Saúde Animal

GRASP

GSI Agromarau

Hubbard do Brasil

Huvepharma

ICC Brazil

Ilender

Imeve S.A.

INATA Produtos Biológicos

Indukern

Inobram Automações

Jornal O Presente Rural

Kemin

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Kobra Indústria e Tecnologia

Mcassab

MSD Saúde Animal

Novus do Brasil

NutriQuest TechnoFeed

Oligo Basics

Olmix do Brasil

Phibro Saúde Animal

Phileo Lesaffre Animal Care

Plasson do Brasil

Poli-Nutri

Prefeitura Municipal de Chapecó

Revista Agro & Negócio

Revista Feed & Food

Safeeds Aditivos para Nutrição Animal

Sanphar

Sauvet Industria Farmacêutica e Vete-

rinária Ltda

Silvafeed

Sindicato das Indústrias de Produtos

Avícolas do Estado do Paraná (Sindia-

vipar)

Sindirações

Somevesc

Suiaves

Tectron Tecnologia e Inovação

Theseo Saúde Animal

Vaccinar Nutrição e Saúde Animal

Vansil Saúde Animal

Vetanco

Vetscience

Wisium Nutrition & Beyond

Yes

Zinpro Animal Nutrition

Zoetis Indústria de Produtos Veteriná-

rios Ltda

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Comissão Organizadora

Adair Junior Alves

Adriano Santos Silva

Aiane Aparecida da Silva Catalan

Aleteia Britto da Silveira Balestrin

Beatriz de Felippe Peruzzo

Celita Andreia Matiello

Cristiano Pereira

Cristiano Todero

Daiane Carla Kottwitz Albuquerque

Dênis Cristiano Rech

Emersson Augusto Pocai

Fabio Momoli

Gersson Antonio Schimidt

Guilherme Lando Bernardo

Jair Alberto De Toni

Joao Batista Lancini

João Romeu Fabricio

Joel Schwertz

Lawrence Luvisa

Letícia De Toni Jirkwosky Canfield

Lissandro Trindade de Almeida

Lucas Pedroso Colvero

Lucas Piroca

Luis Carlos Farias

Luís Carlos Peruzzo

Marindia Aparecida Kolm

Mauro Renan Felin

Nilson Sabino da Silva

Renata Pamela Barrachini Steffen

Roberto Luiz Curzel

Rodrigo Santana Toledo

Rogério Francisco Balestrin

Talita Marchioro

Colaboradores Nucleovet

Crisley Schwabe Klickow

Solange Fatima Kirschner

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Mensagem da Comissão Organizadora

Há 20 anos o Nucleovet criou ao Simpósio Brasil Sul de Avicultura projetando na época uma avicultura de ponta, que abrisse mercados, que gerasse empregos e que atendesse a demanda por produção de proteína animal de qualidade.

O ano era 1998, e foi um ano histórico. Ano em que a Apple anunciou o lança-mento do novo computador iMac, ano em que também fundado o Google e ano em que houve o I Simpósio Brasil Sul de Avicultura.

Na época a produção de frango era cerca de 5 milhões de toneladas, sendo que o consumo interno não chegava a 28 kg/hab/ano. Estávamos prestes a dar um salto de produção e exportação e muitos dos assuntos sanitários, nutricionais e de mercado passaram pelos nossos Simpósios.

Aquele final dos anos 90 foi marcado pela abertura da economia latino-ameri-cana que proporcionou condições favoráveis ao setor agroindustrial, as agroindús-trias processadoras redefiniram suas estratégias empresariais, assim como a rees-truturação e reorganização da base agroindustrial da cadeia produtiva do frango.

Os principais e mais relevantes assuntos sanitários, nutricionais e de mercado passaram pelos nossos Simpósios

Participamos e assistimos o desenvolvimento da cadeia avícola e seu eficiente desempenho nas últimas décadas que podemos atribuir a fatores como o empreen-dedorismo e a pesquisa. No entanto ao longo do tempo observamos que esta cadeia, que é muito competitiva e possui uma margem estreita de lucro, é completamente vulnerável a condições sanitárias. Por isso a cada ano discutimos aqui temas como colibacilose, salmonelose, micoplasmose e doenças virais como Gumboro, Newcas-tle, Bonquite e influenza entre tantas outras.

Apesar de enfrentar ao longo de duas décadas temerosos desafios como a convivência com um câmbio pouco confiável, o aumento nos custos dos insumos e os fracos incentivos governamentais em prol da competitividade da cadeia de produ-ção, o setor se mantém firme como o principal player internacional. Frente aos obs-táculos, a cadeia avícola brasileira mantém seu foco associativo, na gestão empre-sarial, na otimização de recursos, na pesquisa, nos investimentos em estrutura de produção e na qualificação de seus profissionais. Como resultado, o setor colhe fru-tos como a qualidade de produto e o status sanitário que fizeram da avicultura brasi-leira referência internacional. Com orgulho e trabalho participamos ativamente dessa história.

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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O objetivo do Nucleovet com o Simpósio Brasil Sul de Avicultura & Poultry Fair é promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável da avicultura brasi-leira e fomentar o empreendedorismo fortalecendo a economia. E assim o fazemos até hoje, cercados de um grupo de voluntários que a cada ano se reúne para pensar e organizar estes encontros técnicos.

O SBSA & Poultry Fair fazem parte de um projeto maior de disseminação da informação, produção e difusão de conhecimento, criando oportunidades para o seg-mento produtivo e contribuindo para tornar os elos da cadeia da avicultura mais fortes para atuar no mundo globalizado.

Somos gratos pelos que iniciaram esse projeto, pelos que colaboraram e ainda colaboram com o Nucleovet e pelos profissionais que a cada ano, como aves migra-tórias vem para o Oeste e pousam aqui para renovar seus conhecimentos.

Nos preparamos ao longo desses 20 anos e estamos nos preparando para o futuro. Aproveitem o evento.

Bem vindos!

Rodrigo Toledo

Presidente do Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Programação Científica

02 de abril de 2019 Painel - Mercados

14h - O mercado mundial e brasileiro de carnes

Gordon Butland

15h - Mercado de carnes, a visão do consumidor André Machado

16h - Pausa para café

16h30 - Gerenciamento de uma integração AGP Free Eduardo Leffer

17h30 - Abertura oficial

18h30 - Palestra de Abertura com William Waack

19h30 - Coquetel de abertura

03 de abril de 2019

8h - Critérios de condenação - a visão americana Dr. Mike Casto

8h45 - Critérios de condenação - a visão europeia Dr. Philip Paul Hammond

09h30 - Pausa para café

10h - Critérios de condenação - a visão brasileira Dr. Elci Dickel

10h45 - Debates

11h15 - Avaliando as melhores práticas para redução de Campylobacter e Sal-monella em plantas de processamento de aves Dr. Nathan Wideman

12h30 - Intervalo para almoço

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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14h - O frango de corte do futuro - Ross Dr. Eduardo Souza

14h40 - O frango de corte do futuro - Cobb Mark Cooper

15h20 - O frango de corte do futuro - Hubbard Frederic Fagnol

16h - Debate 16h30 - Pausa para café 17h - Fatores que afetam a qualidade dos pintinhos e o desempenho no abate

Alex Maiorka

18h - Eventos paralelos 19h - Happy hour show

04 de abril de 2019 8h - Fisiopatologia e seus custos sobre a resposta do sistema digestório

Oscar Morales

9h - Custos de energia da dieta nas infecções por coccidiose ou vacinação Doug Korver

10h - Pausa para café

10h30 - Enfermidades metabólicas de maior impacto em frangos de corte Fernando Rutz

11h30 - Controle de salmoneloses paratíficas com vacinação Luiz Felipe Caron

12h30 - Encerramento das atividades

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Sumário

TENDENCIAS NA AVICULTURA MUNDIAL. DESDE CONSUMIDOR ATE O

COMERCIO GLOBAL ............................................................................................. 13

GORDON BUTLAND

MERCADO DE CARNES, A VISÃO DO CONSUMIDOR ....................................... 14

ANDRÉ MACHADO

GERENCIAMENTO DE UMA INTEGRAÇÃO AGP FREE ..................................... 23

EDUARDO LEFFER

CRITÉRIOS DE CONDENAÇÃO - A VISÃO AMERICANA ................................... 27

MIKE CASTO

EU PERSPECTIVE - BROILER PROCESSING CONDEMNATIONS .................... 29

PHILIP HAMMOND

CRITÉRIOS DE CONDENAÇÃO, A VISÃO BRASILEIRA .................................... 41

ELCI DICKEL

SALMONELLA AND CAMPYLOBACTER INTERVENTION METHODS IN THE

UNITED STATES POULTRY INDUSTRY............................................................... 42

NATHAN WIDEMAN

O FRANGO DO FUTURO ....................................................................................... 45

EDUARDO SOUZA

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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THE CHICKEN OF TOMORROW – HUBBARD ..................................................... 57

PAULA DIAS RIBOULET, JULIEN RECOQUILLAY, FREDERIC FAGNOUL

FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DOS PINTINHOS E O DESEMPENHO

NO ABATE .............................................................................................................. 66

FILIPE AUGUSTO MORENO E ALEX MAIORKA

FISIOPATOLOGIA E IMPACTOS SOBRE A RESPOSTA DO SISTEMA

DIGESTIVO ............................................................................................................. 86

OSCAR E. MORALES MENDOZA

ENERGETIC COSTS OF COCCIDIAL INFECTION AND VACCINATION ............ 97

DOUG KORVER

ENFERMIDADES METABÓLICAS DE MAIOR IMPACTO EM FRANGOS DE

CORTE .................................................................................................................. 102

FERNANDO RUTZ, EDUARDO GONÇALVES XAVIER, JULIANA KLUG NUNES, ALINE PICCINI ROLL,

DÉBORA CRISTINA NICHELLE LOPES E VICTOR FERNANDO BUTTOW ROLL

PRÁTICAS DE UTILIZAÇÃO DE VACINAS PARA O CONTROLE DE

SALMONELOSES EM FRANGOS DE CORTE.................................................... 128

LUIZ FELIPE CARON

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TENDENCIAS NA AVICULTURA MUNDIAL. DESDE CONSUMIDOR ATE O COMERCIO GLOBAL

Gordon Butland

Iniciamos com a situação nos mercados de alimentos e o comportamento dos consumidores. Em seguida analisamos como a indústria de proteína animal, especi-almente aves, sera afetada.

Listamos os “queros” e “não queros” do consumidor a o efeito nos regulamen-tos futuros de Food Safety, Bem-estar animal e Bio-seguranca.

Passamos para os efeitos na produção de produtos “Antibiotic Free”.

O segmento final analisara o comercio global na avicultura e a posição, opor-tunidades e desafios para a indústria brasileira.

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MERCADO DE CARNES, A VISÃO DO CONSUMIDOR

André Machado

O GPA em números

Com mais de 2.000 pontos de venda localizados em 21 estados e no DF, o GPA é a maior empresa varejista e de distribuição do Brasil. A Companhia, que faz parte do Grupo Casino, é também o maior empregador privado do Brasil no seu seg-mento de atuação, com 135 mil colaboradores.

Com diferentes modelos de negócio, operações em lojas físicas e no comércio eletrônico, o GPA está sempre acessível ao cliente, onde ele estiver e com o que ele quiser, oferecendo um amplo poder de escolha. O varejo alimentar corresponde a mais de 900 pontos de venda, caracterizados pelos mais diferentes perfis de consu-midores o que lhe confere com um grande desafio em conhecer os mais variados comportamentos de compra e as tendências no consumo de alimentos.

As tendências do mercado de alimentos

As intensas mudanças sofridas no mercado de alimentos, demandam altos pa-drões de qualidade relacionados a diferentes temáticas dentro da cadeia de alimen-tos como: segurança sanitária, questões ambientais e bem-estar animal. Essas mes-mas são promovidas por novos comportamentos alimentares e exigências dos con-sumidores ao redor do mundo (JAMISON, 2000).

O consumidor de hoje tornou-se cada vez mais interessado sobre a qualidade e a segurança do alimento e dos efeitos negativos da produção agricola e industrial (ROCOURT et al. 2003).

O setor de alimentos tem evoluído cada vez mais ao nivel internacional. A de-manda do mercado não é mais resumida pelas preferências dos consumidores locais ou regionais. A industria de alimentos e os grandes varejistas tem expandido pro-gressivamente seus canais de distribuição à escala mundial (TRIENEKENS E ZUUR-BIER, 2007).

O desenvolvimento do setor e do mercado de alimentos ocasiona inúmeras mudanças organizacionais e estruturais na cadeia, agindo sobre os agentes de pro-dução, transformação, comércio e distribuição.

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

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A posição do Brasil, como grande exposratdor de produtos do agronegócio, garantiu a profissionalização intensa da cadeia com o objetivo principal de atender às exigências de mercados com elevados padrões de segurança, como Europa e Estados Unidos.

A evolução e o aumento das normas relacionadas à segurança sanitária e/ou ligadas à qualidade alimentar nos países desenvolvidos, são baseadas nas condi-ções de padronização como resposta às preocupações do consumidor relativas à segurança e a qualidade alimentar; no desenvolvimento científico dos riscos ligados aos alimentos e às preocupações quanto aos consideráveis valores econômicos li-gados aos riscos sanitários (HENSON E CASWELL 1999; GARCIA MARTINEZ et al. 2005; BANCO MUNDIAL 2005).

A segurança alimentar e o controle de qualidade durante todas as etapas de produção dentro do sistema agroindustrial têm apresentado, nos últimos anos, uma considerável evolução dos sistemas e normas envolvidos. A cadeia produtiva animal sofreu intensas mudanças no que diz respeito a esses parâmetros.

Porém, as tendências que incitam as modificações da cadeia não se restringem somente às questões de inocuidade do alimento. Atualmente, a preocupação do con-sumidor, evolui de tal modo que vai além das condições de segurança sanitária. A qualidade dos alimentos e sua maneira com que são produzidos, o bem-estar animal, a utilização de produtos geneticamente modificados, o uso de hormônios e outros promotores de crescimento, as novas preferências culturais e a preservação de re-cursos naturais e proteção ao meio ambiente se tornaram os grandes temas de de-bate sobre a evolução da agroindustria.

As preocupações referentes à cadeia produtiva, porém evoluíram de diferentes maneiras e velocidades pelos países. O mercado consumidor brasileiro, por exemplo tem presenciado estas tendências de gradativa. Preocupações dos cunsumidores da Europa e Estados Unidos têm influenciado os novos padrões de consumo do mer-cado interno. Informações referentes à origem do alimento, bem como a rastreabili-dade e demais temas relacionados à cadeia passam a fazer parte das preocupações do de um segmento crescente do mercado consumidor, porém ainda não são posici-onadas como os critérios mais importantes para a compra do produto.

De acordo com pesquisas publicadas pela BRASIL FOODTRENDS - 2020, as-suntos como: rastreabilidade, emissões de carbono, sustentabilidade, alimentos transgênicos, entre outros, ainda são desconhecidos pela maior parte da população brasileira. Isso faz com que o consumo de produtos “conceitualmente diferenciados” não seja ainda valorizado pela população brasileira.

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Fonte: BRASIL FOODTRENDS – 2020, 2015

Neste mesmo cenário, fatores sociais influenciam significativamente também as tendências de consumo, sendo eles:

Evolução de novos formatos de família;

Crescimento das redes sociais;

Preocupação com o futuro do planeta;

Questões de desigualdades sociais;

Maior preocupação com a saúde, bem-estar humano e longevidade;

Situação política do país;

Tendências de consumo de carnes no Brasil

O consumo de carnes no Brasil tem aumentado nos últimos anos, com maior destaque para a carne de frango.Segundo dados da OECD, o consumo de carne bovina e suína se manterão estáveis aos longos dos próximos anos, conforme gráfico abaixo:

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02 a 04 de abril de 2019 - Chapecó, SC - Brasil

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Fonte: USDA/FAO/OECD, 2017.

A carne é um dos itens mais importantes na cesta básica do brasileiro e o con-sumo entre classe de proteínas (bovinas, suínas e aves) varia entre classes sociais. A carne bovina representa a grande fatia de consumo de todas as classes sociais, porém o frango apresenta seu maior consumo na classe D/E, a carne suína na C e a carne bovina na A/B. Tal informação é representada no gráfico abaixo:

Fonte: Nielsen, 2015

Os canais de venda de carnes no Brasil

A carne no Brasil é vendida em diferentes canais de venda que se relacionam diretamente ao modo cultural de compra, variando significativamente de acordo com as diferentes cidades e Estados do país. Importante salientar que a carne bovina é responsável por mais da metade do faturamento na maior parte dos canais de com-pra, de acordo com dados da pesquisa abaixo:

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Fonte: Nielsen, 2015

O comportamento e uso dos canais para a compra de carne também varia entre indivíduos, sendo que 45% da população compra em apenas 1 canal, 38% compram em 2 canais e 16% compram em mais de 3 canais.

Fonte: Nielsen, 2015

Comportamento de compra

As carnes e hortifruti representam os principais grupos de alimentos que levam o consumidor a se deslocar para a compra nos canais, por isso podem ser conside-radas como categorias de “destino”.

No momento da compra, os sentidos organolépticos são as principais ferra-mentas do consumidor para avaliar a qualidade do produto e também são decisivos como critério de compra. A apresentação do produto bem como seu aspecto e apa-rência são fundamentais no ponto de venda. Além disso, pesquisas com consumido-res apontam também a grande valorização do consumidor pelo atendimento, sendo este uma ferramenta que confere uma relação de confiança ao ponto de venda e representa uma importante ferramenta de fidelização.

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

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A categoria de carnes carrega um receio muito grande em relação à contami-nação por falhas de higiene e na conservação, desde a produção até o ponto de venda, sendo estes os primeiros degraus de decisão de compra e são identificados com facilidade.

O diagrama abaixo representa os principais elementos avaliados e ordenados por importância pelo consumidor:

Fonte: Pesquisa interna, 2015

Desafios na venda de carnes

O consumo de carnes tem gradativamente provocado a preocupação dos con-sumidores, principalmente por relacionar o produto aos problemas que afetam a so-ciedade como:

Desmatamento de florestas, ocasionada pela necessidade de ampliação dos pastos, principalmente no bioma Amazônico;

Aquecimento global, cada vez mais discutido pela mídia que apresenta os efeitos dos ruminantes e desmatamento de florestas provocada pela aber-tura de pastos para a produção;

Questões relacionadas à trabalho infatil e análogo ao escravo denunciados na cadeia de produção bovina;

Uso de antibióticos e crença, por parte do consumidor, do uso de hormô-nios, principalmente na avicultura de corte;

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20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 11º Brasil Sul Poultry Fair

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Relação do consumo de carne com problemas de colesterol, doenças car-díacas e câncer;

Temor pelo consumidor ao risco de doenças, como verminose, ocasionada pelo consumo de carne suína.

Visto as inúmeras incertezas e a falta de conhecimento relacionados à cadeia produtiva animal, torna-se cada vez mais indispensável a transmissão de informação e garantia de segurança do produto fornecido ao consumidor final. Dentro deste ce-nário, o varejo torna-se um dos principais responsáveis a desempenhar este papel.

Como forma de garantir o consumo sustentável e o fornecimento de produtos que atendam assertivamente a um mercado consumidor, gradativamente mais exi-gente e carente de informação, o GPA tem se esforçado a empregar ferramentas que aproximem cada vez mais os agentes da cadeia.

Mercado consumidor de aves

O Diagrama abaixo representa os principais pilares que direcionam o consumo e a tendência de produtos:

Apesar de grande parte do mercado consumidor de aves no Brasil ser classi-ficado como foco Preço, percebe-se um crescimento do consumo de produtos de maior valor agregado com apelo ao processo de produção (orgânicos, naturais, sem antibióticos), sendo esta linha de produtos, composta pelo consumo por parte de cli-entes foco Qualidade.

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Segue abaixo os grandes alavancadores deste movimento:

Brasil como maior exportador de proteína animal do mundo;

Aumento da importância da produção ética e humana na cadeia;

Evolução do mercado consumidor brasileiro (jovens e adolescentes mais preocupados com a forma de produção e abate)

Velocidade de informações;

Busca de diferencial do produto;

Agregação de valor.

Conclusão

O mercado de alimentos e as tendências de consumo têm evoluido dinamica-mente nos últimos anos acompanhando as mudanças da sociedade. Para atender novas preocupações e padrões de exigência, a cadeia da carne deve se adaptar e a este novo cenário social. É de grande importância que a cadeia se organize de ma-neira profissional e coesa para garantir seu sucesso e sobrevivência. Preocupações que no passado eram inexistentes, passam a atingir certos nichos de mercado e vêm influenciando gradativamente a maneira de produzir. O varejo, dentro deste cenário, tem a responsabilidade de saber compreender as novas demandas do consumidor e transmití-la retroativamente pela cadeia. A informação correta e assertiva é funda-mental para esta evolução.

Referências

BANCO MUNDIAL (2005) Food Safety and Agricultural Health Standards: Challenges and Op-portunities for Developing Country Exports. World Bank, Washington DC.

FAO – Food an Agriculture Organization of the United Nations; FAOstat. Disponível em: http://faostat.fao.org

FIESP, ITAL. BRASIL FOODTRENDS – 2020. Disponível em: http://www.brasilfo-odtrends.com.br

GARCIA MARTINEZ, M., FEARNE, A., CASWELL, J.A. AND HENSON S.J. (2005) Co-Regu-lation of Food Safety: Opportunities for Private-Public Partnerships. Imperial College at Wye, Ashford.

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HENSON, S.J. AND CASWELL, J.A. (1999) Food Safety Regulation: An Overview of Contem-porary Issues. Food Policy, 24: 589-603

JAMISON, W., 2000. Who eats meat: factors effecting pork consumption in Europe and the United States. Genetic and Pork Quality, Proceedings 50th EAAP, Wageningen Publ., vol.100. pp. 111– 118.

NIELSEN, 2015 – Pesquisa de Mercado. Uso interno

OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. Disponível em: https://www.oecd.org/

ROCOURT J., G.MOY, K.VIERK AND J.SCHLUNDT (2003), The present state of foodborne disease in OECD countries, WHO Geneva, Food Safety Department

TRIENEKENS, J.; ZUURBIER, P.; Quality and safety standards in the food industry, develop-ments and challenges, International Journal of Production Economics (2007)

USDA – United States Department of Agriculture. Disponível em: http:// www.usda.gov

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GERENCIAMENTO DE UMA INTEGRAÇÃO AGP FREE

Eduardo Leffer

Gerente Fomento Frangos de Corte - Coopavel

A avicultura Brasileira tem se destacado pelo dinamismo em se adaptar às exi-gências do mercado global ao longo dos anos, mantendo-se há quase uma década como maior exportador de frangos do mundo.

Atualmente três temas tem tido grande relevância na gestão da produção de frangos:

1) Redução do custo de produção com remuneração dos produtores em ní-veis a garantir fluxo de investimentos nas granjas.

2) Biosseguridade - Assegurar baixos índices de contaminação dos lotes por Salmonela sp. (principalmente as ambientais).

3) Estar preparado para uma possível restrição ao uso dos AGPs (Antibiotic Growth Promoters).

Restrição ao uso dos AGP´S - perspectiva atual

A adesão na produção de frangos sem o uso de AGPs vem aumentando nos principais centros de produção avícola. A Europa desde 2006 baniu seu uso e nos últimos anos vem apresentando também uma consistente redução no volume de uso de antibióticos utilizados nos tratamentos dos lotes. Os Estados Unidos (EUA), que sempre foram considerados “conservadores” para essa tendência, impulsionados pe-las exigências do consumidor, já estão produzindo em torno de 50% dos frangos AGP Free, obtendo custos de produção muito próximos àqueles obtidos na produção de frangos com APG.

No Brasil, são poucas as empresas que estão se dedicando a produção AGP Free. Estima-se que menos de 20% da produção de frangos brasileira atende esse segmento. O receio de um aumento no custo de produção e redução da produtivi-dade tem sido as principais barreiras a esse tipo de produção.

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Nossa experiência com a substituição dos AGPs

A Coopavel, Cooperativa do Oeste do PR produz 250.000 frangos/dia e desde dezembro de 2017 se dedica a produção AGP Free, motivada por atender demandas de seus mercados mais exigentes e obter know-how neste tipo de criação.

No momento da decisão de se retirar os AGPs, a integração passava por mui-tos desafios: baixo índice de produtividade, associados à alta conversão alimentar, mortalidade (principalmente por enterite necrótica) e sinais de desafio por Gumboro.

Para que pudéssemos controlar os desafios sanitários e ainda dar suporte a retirada dos AGP´s, foram desenvolvidas várias ações nas áreas de sanidade, admi-nistrativa, nutrição, manejo e ambiência. Em substituição ao AGP, foram incluídos os probióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais à ração.

Resultados obtidos com a retirada dos AGP´S

Comparando os resultados de 2017 (AGP´s) com os de 2018 (AGP Free) foi obtido as seguintes melhorias na performance:

Ítem Diferença (2018 Vs 2017)

CAc 2,950 - 49g

GPD + 2,5g

% Mort. - 0,6%

Redução gasto com tratamento enterites - 33%

Principais ações realizadas

Principais ações gerenciais realizadas com o objetivo de reduzir os desafios sanitários e promover a melhoria da performance das aves AGP Free.

1) Alteração do perfil da equipe: Para promover mais rapidamente a mu-dança da cultura de produção dos avicultores, trazendo para uma visão mais atenta as necessidades da criação, foi optado por formar uma equipe de campo com o seguinte perfil: experiência, proatividade, boa comunica-ção e trabalho em equipe.

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2) Redefinição da estrutura de trabalho: 2017 foi o ano em que o tema Sal-monella assumiu um papel tão ou mais relevante que a própria produtivi-dade das aves. Ficou claro também a necessidade de propor outra estru-tura de trabalho, mais eficiente e que pudesse, sob o ponto de vista de gestão, dar foco tanto a produção quanto a Biosseguridade. Foi criado en-tão, uma estrutura com supervisão de produção e outra com supervisão de “Segurança alimentar”.

3) Suporte de especialistas: Com o objetivo de aumentar a integração entre as áreas e ampliar a qualidade do trabalho através de especialistas, foi modificada a relação com fornecedores, que antes era basicamente rela-ção cotação-produto, passando a ser valorizado conhecimento, pacote de soluções e acompanhamento.

4) Aumento da imunidade das aves: Após implementação de programa de monitoramento sorológico de abate e de lotes com alta mortalidade, foi mo-dificado o programa vacinal do frango de corte para um programa vacinal mais amplo.

5) Foco em biosseguridade: Para gerenciar a implementação das ações de biosseguridade nas granjas, foi estabelecido um check list de biosseguri-dade contendo 32 itens de controle, realizada como rotina pela equipe de apoio. Ficou determinado também, a proibição da criação do suíno tipo “caipira” nas propriedades. O fornecimento aos produtores de produtos para o controle de cascudinho e ratos também foram medidas de biosse-guridade adotado para melhor controlar os principais focos de contamina-ção dos lotes.

6) Priorização do vazio sanitário: Por conta da redução momentânea da produção de frangos em 2018, o intervalo entre lotes ficou superior a 20 dias, o que colaborou fortemente para a redução da pressão de infecção e contaminação dos lotes AGP Free.

7) Padronização de manejo; Através de reuniões com a equipe, consultores e fornecedores, foi estabelecida uma diretriz básica de manejo e plano de melhorias nos aviários.

8) Relacionamento com o produtor/ informação: Não é possível cobrar o produtor sobre determinadas práticas se ele não estiver devidamente infor-mado e motivado. Assim, foi realizada em 2018 três rodadas de reuniões com os produtores, apresentando o cenário da avicultura e a relevância dos produtores neste contexto.

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9) Interação entre áreas: Com o objetivo de dar agilidade as melhorias e to-mada de decisões entre as diferentes áreas de produção, foram estabele-cidas reuniões mensais com o frigorifico, fomento, nutrição, incubatório, matrizeiro, onde são apresentados os indicadores de produção e principais ações.

10) Informação: Sem informação não tem como tomar decisões! Foram esta-belecidos monitoramentos sanitários (necropsia e sorologia ao abate) e de-terminado os índices de controle do fomento (estilo gestão a vista).

Conclusão

Não foram realizadas ações planejadas especificamente para a substituição dos AGPs e sim diversas ações para se obter melhoria geral dos resultados, ficando difícil saber o peso de cada um no resultado final.

Não obstante, é possível afirmar que os lotes AGP Free apresentaram uma excelente qualidade intestinal, mesmo diante de alto desafio por enterite bacteriana, desde que, claro, sejam respeitadas as boas práticas de produção.

A evolução dos resultados de performance, sanidade e custos obtidos na inte-gração, sempre levando em consideração a realidade e histórico da empresa, tem nos deixado otimistas quanto ao potencial da produção AGP Free.

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CRITÉRIOS DE CONDENAÇÃO - A VISÃO AMERICANA

Mike Casto World Technical Support, Cobb-Vantress

[email protected]

A story to tell…The advent of “ZERO” tolerance in the U.S. Poultry Industry

Many years ago, in 1996, the U.S. Poultry processors were met with a challenge that many plants were not prepared for. HACCP Zero Tolerance. This presentation evaluates the steps that industry Plant and Live production Management developed to deal with this new Government program to ensure that no product entered into the chilling systems with visible fecal material. The targeted intent was to lower the prob-ability of Salmonella contamination on carcasses. Prior to Zero tolerance Haccp, evis-cerated carcass quality evaluations were performed as normal protocol at the end of the evisceration lines (sanitary dress program), checking for processing errors and contamination. These 10 bird evaluations were made by plant Quality Assurance and the USDA hourly. Point totals were allocated to each error that accumulated to a rep-resentative score. Corrective actions would be made as necessary to keep quality issues in check. Upon the addition of the Zero tolerance rule, another complete set of hourly 10 bird evaluations were added strictly to evaluate every bird carcass 100% inside and out for visible fecal material. What we soon realized was that we had a larger problem than expected in processing and cleaning birds to meet the new stand-ards.

What happens… If fecal material was found on a carcass, the processing line would be immediately stopped. The plant would take corrective actions and preven-tative measure before the processing line would be re-started. This meant evaluating every piece of processing equipment on the line to determine a cause of the failure. Once an issue is noted, corrective actions would be made with adjustments. The plant would only then be capable of starting up their evis line for operation. A notice of preventative measures would also be documented to help prevent this occurrence from happening again for the same reason.

What about the product… The plant would hyper chlorinate and flush the chiller water. All birds would be retained out of the chiller back to the last acceptable check. This would normally mean removing all the birds out of the chiller for re-inspection, 8-10,000 birds. Each bird would be re-inspected, usually on overtime pay hours at the end of the shift. After all of the birds were evaluated and deemed clean of contaminant by the plant, they would be re-inspected by the Quality Assurance and the USDA. If

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a bird was found with visible fecal material anywhere on the carcass. They were all reworked again. If not, they would be passed for further processing.

Where it begins… For certain, what we immediately realized was that proces-sors had to ensure that the broilers were properly withdrawn from feed at the farm prior to arrival at the plant. Putting into place a recommendation 8-12-hour window from feed removal to the slaughter blade. Keep your water lines down so fresh water remains on the birds to promote proper digestion and dispelling of intestinal contents, until the catch crews are at the farm readying themselves to enter the house. By in-suring the tail guts are empty by processing time, you will raise your chances for not contaminating birds with the evis equipment. Most important we developed a logistics program that let most of the actual feed withdrawal hours occur naturally at the farm. Mimic your farm conditions at the plant, keep the birds as comfortable as possible so they will clean out their intestinal tract. Hold your birds a minimal amount of time be-fore processing, target < 2 hours.

Slaughter and Evis process… Proper bird flow. Do not run your scalder too high. This will heat the birds and make the intestines runny. Insure that all speeds are cali-brated correctly in the evis area. Do not let birds get congregated stacking up on each other, as this will put pressure on them smashing out fecal contents on the birds. Make sure that all equipment is functioning properly and adjusted to each different farm flock or visible variation noted in the size of birds. Charge is to have 98%+ effi-ciency on your major evisceration equipment. Uniformity is key!

Advent of online reprocessing...Bird Washer were Key! What we as processors found out was we were not doing as complete a job of washing the entire bird as necessary to reduce Zero tolerance fecal contamination. New models of the IOBW were invented that helped with this, but more was needed. Some processors used multiples. Industry maintenance and engineering soon learned creative ways to build Cabinet wash systems, some with brushes, that were using multiple styles of high-pressure nozzles. Adjustable angles for directional flow to hit hard to reach areas. In-line Booster pumps were added pushing pressures over 100psi.

Results: Most plants have seen a significant reduction in all contamination fac-tors since the inception of Zero tolerance. The above adjustments have made a sig-nificant difference in this reduction from necessity.

Anti-Microbials… Products such as TSP were initially used as an anti-microbial after the IOBW and Cabinet washers for Salmonella control. Now over 90+% of Plants in some major Companies are using PAA (Peracetic Acid).

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EU PERSPECTIVE - BROILER PROCESSING CONDEMNATIONS

Philip Hammond

BVetMed PGCert Avian Health (hons) MAHM MRCVS

President British Veterinary Poultry Association

Food safety within the EU is governed by the European Food Safety Authority. Each member state of the EU has a government agency responsible to the imple-mentation of EU Regulation and Directives to help to safeguard the welfare of birds and the public health of the human population.

In the UK, the government agency is known as the Food Standards Agency (FSA). This agency employs, through a private provider, post mortem inspection as-sistants (PIA) and official veterinarians (OV) who must be present in all processing plants for the duration of the slaughter and processing. These official veterinarians must be trained in food safety and animal welfare.

The following directive deals with broiler welfare (via assessing welfare out-comes at processing). Council Directive 2007/43/CE (June 2007) laying down mini-mum rules for the protection of chickens kept for meat production. It aims to reduce the overcrowding of chicken holdings by setting a maximum stocking density and en-sure better animal welfare by specifying requirements such as lighting, litter, feeding, and ventilation. Crucially inspections undertaken at processing are welfare outcome based and deficits identified initiate further investigation at farm level in order to safe-guard the future welfare of broilers on a given farm or within a given company. Whilst the FSA identify a problem, the Animal Health and Plant Agency (APHA) veterinarians investigate potential welfare breaches in the field and have the power to involve Trad-ing Standards (TS) to take legal action against producers failing to comply with the legislation.

Monitoring and follow-up at the slaughterhouse assesses 3 areas Mortality

1) In the case of stocking densities higher than 33 kg/m2, the documentation accompanying the flock shall include the daily mortality rate and the cumu-lative daily mortality rate calculated by the owner or keeper and the hybrid or breed of the chickens.

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2) Under the supervision of the official veterinarian these data as well as the number of broilers dead on arrival shall be recorded, indicating the holding and the house of the holding. The plausibility of the data and of the cumu-lative daily mortality rate shall be checked taking into account the number of broilers slaughtered and the number of broilers dead on arrival at the slaughterhouse.

Post-mortem inspection

In the context of the controls performed under the Regulation (EC) No 854/2004, the official veterinarian shall evaluate the results of the post-mortem inspection to identify other possible indications of poor welfare conditions such as abnormal levels of contact dermatitis, parasitism and systemic illness in the holding or the unit of the house of the holding of origin.

Communication of results

If the mortality rate as referred to in paragraph 1 or the results of the post-mor-tem inspection as referred to in paragraph 2 are consistent with poor animal welfare conditions, the OV shall communicate the data to the owner or keeper of the animals and to the competent authority. Appropriate actions shall be taken by the owner or the keeper of the animals and by the competent authority.

As well as assessing welfare at processing, regulation is in place to ensure that public health is protected. This is achieved by direct implementation of the following regulation by each member state.- REGULATION (EC) No 854/2004 OF THE EURO-PEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL of 29 April 2004 laying down specific rules for the organisation of official controls on products of animal origin intended for human consumption

This legislation ensures that Hazard Analysis Critical Control Points plans are in place and audited. Further the OV must ensure that the meat does not contain pathophysiological abnormalities or changes, and that meat does not bear faecal or other contamination. Official veterinarians must ensure that all animals entering a pro-cessing plant are accompanied by food chain information (FCI), antemortem inspec-tion undertaken, animal welfare monitored, post mortem inspection undertaken and laboratory sampling and testing undertaken particularly in respect of Salmonella.

From a practical perspective every load of birds that enters the processing plant is assessed and every bird is inspected on the shackle line. Any bird that is rejected is categorised and the rejections dealt with in accordance with the Animal Byproducts Regulations (ABPR). The data from every load is used to create a broiler condition

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report. The internal IT system used for this in the UK is known as the INNOVA system. The categories assessed include: DOA, emaciation, ascites/oedema, joint lesions/ar-thritis, dermatitis/cellulitis, septicaemia and respiratory (this includes Respiratory Dis-ease, Salpingitis, Hepatitis, Pericarditis and Perihepatitis), total rejections, foot pad dermatitis scoring and cumulative mortality (provided from the FCI report). The results are provided and compared to a trigger level. There are two thresholds, process 1 which provides for a higher trigger level- if any of the parameters are exceeded then this creates a trigger report and further investigation. Process 2 triggers provide for a lower trigger level but will result in a trigger report only if the cumulative daily mortality exceeds 7.37% and 3 other categories also exceed the level 2 trigger point.

In addition the broiler condition report will provide the average levels for the UK for the current quarter for comparative purposes. See below:

The following process trigger levels are used in the UK (December 2018):

Indicator Process 1

trigger Process 2

trigger Avg data:

Oct-dec 2018

Dead on arrival 1.51 0.12 0.12

Emaciation 0.67 0.04 0.02

Ascites or oedema 2.02 0.21 0.31

Joint lesions or arthritis 0.43 0.02 0.02

Dermatitis or cellulitis 3.00 0.20 0.18

Septicaemia\respiratory 9.28 0.49 0.35

Total rejections excluding processing 11.76 1.11 1.22

Fpd score 167.00 60.00 -

Cumulative daily mortality rate 11.85 7.37 1.93

For each of the key areas above the main causes of rejection are discussed below and explored in further detail – these are known as condition cards and provide guidance for the PIA and OV in processing plants. Photos are included in the main presentation.

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Abnormal colour/fevered- septicaemia, toxaemia- average level for GB 0.2% - Action: total rejection of carcass and offal

Invasion of the blood stream by virulent bacteria that multiply and discharge their toxic products. Also called blood poisoning, resulting in a dark, soft and/or dehy-drated carcase. This is a generalised condition that may be accompanied by haem-orrhages of red offal and muscle, hyperaemic skin and muscle wasting. The condition is caused by the presence of pathogenic bacteria and/or the proliferation of toxins in the blood stream. Sometimes, when the condition is in its initial stages, the only sign will be a fever affecting the animal. Nevertheless, the carcases will always appear dark, red, and/or dehydrated and will easily be seen at whole bird inspection point. Incidence of this condition is a good indicator of the overall health of the flock in a poultry operation. Increasing incidence would prompt an investigation by the veteri-nary team in order to evaluate the influence of many conditions from poor chick quality to infectious bursal disease and respiratory viruses.

Ante mortem rejects (Cull/Runts) – average level for GB – 0.02%

Note: If such birds are not culled at hang on point, then the carcase may be passed as fit for human consumption (although it is likely that such birds will be re-jected due to conditions arising during the processing, such as contamination and machine damage)

In a group of animals, a runt is a member which is smaller and/or weaker. Birds are normally well fleshed but significantly smaller than the average size of the flock. Often runts/stunted birds are present within the flock. Runting/stunting should be dif-ferentiated from general unevenness of flocks, i.e. a gradual variation in size, une-venness is often due to mixtures of chicks from different supply flocks in a single shed/house. Runted and stunted birds should be culled on farm at the earliest oppor-tunity. Due to their size, these birds may fail to be stunned and are also likely to be missed by the automatic neck cutter. There are various management factors that can lead to runting/ stunting: poor temperature management, poor farm hygiene leading to high general disease/ bacterial challenge, poor ventilation. Breeder flock nutrition can have an impact on chick viability and lead to runting/stunting. Various viruses such as adenovirus and reovirus have been associated with the condition. Diarrhoea is often associated.

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Ascites/Oedema – Action: total rejection of carcass and offal. Average level for GB- 0.2%

Abnormal accumulation of fluid in the abdomen. Its effect is greater in faster growing breeds. Slower growing breeds used for organic, free range of production will have significantly lower incidence levels.

Birds are often smaller than the average of the flock, but in some instances there can be large numbers of large birds affected due to the many factors that con-tribute to the condition. The fluid in the abdomen is usually sterile and the liver changes tend not to be bacterial in cause. The carcase may be congested in some cases.

The fluid is collected in the abdominal cavity by moving from the major blood vessels in the abdominal cavity due to increased blood pressure in the veins returning to the heart. The blood pressure in the vessels is raised due to failure of the right side of the heart. The right sided heart failure maybe due to several factors; high growth rate birds being the most important one. Inadequate ventilation in the housing or in-

cubation process. The gelatinous nature of the fluid is due to movement of plasma

proteins from the blood and liver into the abdominal cavity in the later stages of the condition.

Bruising and fractures – Action: total rejection if the bruising is extensive. Partial rejection if localised. Average level for GB 0.3%

Broken bone/s and/or accumulation of blood identified at post mortem inspec-tion.

Can be caused by poor on farm welfare, catching teams poorly trained, catching machines poorly maintained, poor transportation, poor crate maintenance (e.g. holes allowing limbs to protrude/ overcrowding), poor technique at uncrating and hanging on, and/or poor line environment before reaching the stunner. Estimates state that 90% of bruising occurs 12-24 hours prior to slaughter.

Trauma/bruising must be differentiated from post mortem machine damage. This can easily be done by identifying the absence of bruising (haemorrhage) in post mortem damage. Pinpointing the cause can be more difficult due to the various stages at which the damage may occur. Most of these will show as acute lesion (bruising with or without fracture). Some disease processes can predispose birds towards bruising mainly by increasing clotting times (e.g. aflatoxins, toxaemia/ septicaemia). These will show as bleeds without clotting. More chronic damage is rare as these birds would normally be culled on farm, but would show as a healing lesion which will be noted by green colour of the lesions.

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Cellulitis - Average rejection levels in GB 0.1%

Action: Partial rejection should be considered if lesions are localised (dry form); systemic effects are not observed and provided that the trimming is carried out in a way which is acceptable to the OV. Total rejection is required if cellulitis lesions are of the wet form as they are not clearly localised or accompanied with system effects.

Cellulitis is an Inflammation of the connective tissue between the skin and mus-cle caused by infection. It is commonly found beneath the abdominal skin in the region of the navel and the upper thighs in broilers. Affected birds are only detectable after slaughter, once the carcase has been scalded and plucked. The condition presents as a yellowing and thickening of the sub-dermis and sub cutaneous connective tissue which when incised may reveal the seropurulent lesion or plaque of inspissated pus.

There are two forms of cellulitis: wet and dry. In the wet form the connective tissue underneath the skin is deep yellow and jellylike with deposits of yellowish ca-seous pus. This form is normally associated with septicaemia. The dry form consists of a sheet of yellow dry pus. The underlying muscles often display small haemor-

rhages (Petechiae). Physical trauma such as scratches that lead to secondary bac-

terial infection. This is usually manifested on the upper thighs, and can arise at any stage in the life of the bird, but can occur on the abdominal wall due to irritant sub-stances in the litter. Chronic sub cutaneous infection that originated shortly after the chick was hatched. Bacterial infection is able to reach the sub cutaneous tissues be-fore the navel has fully healed. The infection is controlled by the immune system, but not resolved. This is usually associated with plaques of inspissated pus sometimes over large areas of the abdominal wall. The bacteria involved is usually E.coli. There are several risk factors associated with cellulitis: Increased use of slow-feathering broilers with a prominent abdomen (birds more exposed to scratching). Higher density in sheds. Higher litter humidity.

Dead on arrival/dead in lairage (DOA/DIL) - Average rejection levels in GB 0.13 %

Action: Total rejection at hanging on point. In gas stunning systems, birds will not bleed out adequately and will only be identified at PM Inspection

Poultry that are found dead at the hanging-on point or in the lairage. By far, the major stress which broilers are subjected to during transport and lairaging is Thermal Stress.

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There are a number of actions that can be taken by the Food Business Operator

(FBO) toalleviate the effects of high temperatures on the broilers, such as reducing

the stocking density therefore increasing airflow within each crate, removing lorry co-vers, transport at cooler times of the day, reduction of marketing times, protection from direct sun light and provision of fans to increase airflow once the birds have been unloaded. Also, if the lairage space is full, any new arrivals should be diverted and kept on the road to improve air flow. It is usually caused by stress or injuries caused by the catching process on the farm, transport to the abattoir, or lairaging conditions and times.

A number of published papers have shown a positive link between level of DOAs and:

Maximum daily temperatures over 17°C, Humidity, Longer travelling times to the abattoir, Longer marketing times (Total time from farm to slaughter), Faster grow-ing breeds/ genetic lines, General disease status of flock, Whenever the level of DOAs is higher than normal the OV should consider whether to carry out a post-mortem examination on a proportion of carcases, recording the results, and, if possible, take photographs. Previous assessments have highlighted congestive heart failure (47%) and trauma (35%) as the main causes of death, when there is an average prevalence of DOAs. When assessing the situation, special attention should be paid to acute

diseases such as Avian Influenza.

Dermatitis in poultry - Average rejection levels in GB – 0.03%

Action: Partial rejection: If lesions are localised, the carcase may be passed as fit provided that the removal of the affected area has been carried out to the satis-faction of the OV and following an approved guideline developed by the FBO and agreed with the OV.

Total rejection: more extensive lesions

Inflammation of the skin, often associated with bacterial infection within the skin thickness. There are different forms of dermatitis: Breast burn, hock burn and podo-dermatitis, Scabby hip dermatitis: characterized by brown encrustation of the thigh skin. Gangrenous dermatitis: distinguished by skin necrosis, subcutaneous fluid, and underlying muscle with cooked appearance and haemorrhage. The skin of the legs,

wings and abdomen is most frequently affected. This condition can be caused by:Contact with irritant substances that are present in the litter such as uric acid . The litter is often but not always wet when this condition arises. Physical trauma from the toes of other birds in the flock. Rarely, by nutritional deficiencies such as zinc, vita-mins. Secondary bacterial infection involving Staphylococci, Streptococci, Clostridia

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is a common consequence of the above causes. Poor feathering, high stocking den-sities, poor litter condition, high lighting levels and poor handling have been identified as possible factors contributing to avian dermatitis.

Emaciation in poultry - Average rejection levels in GB – 0.07%

Action: Total rejection of carcase and offal.

Birds of all sizes that have very poor muscle development and little or no fat deposits. The condition is characterised by protrusion of the sternum and concavity of the breast muscles.

The carcase may also show other signs of disease such as dehydration or sep-ticaemia.

Genetic diversity of the poultry population can lead to the presence of genet-ically small birds which fall behind the growth of the majority of the flock. As the feeder and drinker system is adjusted to suit the majority, the small birds may become de-prived of easy access to feed and water which will lead to poor muscle development. Larger numbers of emaciated birds can be caused by management, feed inadequa-cies or by either bacterial or viral disease challenge. Emaciated birds should be un-common on farms and their presence indicates a management, disease or feeding issue. Affected birds may also show other signs of disease. Small emaciated birds may fail to be stunned and are also likely to be missed by the neck cutter. Emaciated birds of all sizes should be, and generally are, culled on the farm at the earliest op-portunity and as such emaciated birds should be a rare observation in the processing plant. It is important to differentiate small well muscled birds from small emaciated birds.

Hepatitis (Cholangiohepatitis/necrotic foci) - Average rejection levels in GB – 0.13%

Action: Partial rejection: when only the liver is affected and there are no signs of further conditions on the carcase/or other offal, only the liver should be rejected and declared unfit for human consumption. Total rejection: if other organs and/or the carcase are affected

Hepatitis: Inflammation of the liver which may be toxic or infectious in origin; characterised by signs due to diffuse injury to the liver. Cholangiohepatitis: inflam-mation of the biliary system and, by extension, of the periportal hepatic parenchyma. Necrotic foci: death of cells or tissues through injury or disease, especially in a lo-calised area of the body.

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Enlarged, round edged, smooth surface often with necrotic foci or a reticular pattern apparent. Colour may vary from cherry red to pale brown/bronze colour. As the condition arises from ascending bacterial infection from the gut, the condition is not associated with a bacteraemia and therefore the carcase is salvageable. Depend-ing on the stage of progression of the condition, the liver may appear cherry red in the acute phase, pale brown/ bronze in later stages

Necrotic foci or a reticular pattern of scar tissue may become apparent in longstanding examples of the condition or associated with bacterial toxins. Cholangi-ohepatitis is also known as hepatosis. Bacterial or viral infection ascends from the gut via the bile duct and gall bladder, this leads to obstruction of the biliary system, pos-sibly associated with bacterial toxins. Clostridium perfringens may be involved.

Hock joint lesions (arthritis, perosis, twisted leg) - Average rejection levels in GB - 0.017%

Action: Partial rejection- affected parts can be trimmed at the next joint. Total rejection- if signs of systemic infection

Arthritis: inflammation of a joint or joints. Chondrodystrophy, slipped tendon or perosis: Deformity characterised by the shortening and thickening of the long bones and lateral slipping of the tendon. Twisted leg: deformity characterised by linear twisting of growth of long bones

Causes include: Reoviruses, Mycoplasma synoviae, Bacterial infections, Trauma, Nutritional imbalance in rapidly growing broilers

Pericarditis - Average rejection levels in GB 0.034%

Action: Total rejection: on pericarditis associated with secondary conditions or when salmonella test results received within the FCI are positive to S.Enteriditis or S. Typhimurium

Inflammation of the pericardium, normally with loss of translucency or increase in opacity of the pericardium associated with cloudy or turbid fluid in the pericardial sac. Severe cases may lead to the heart being obscured by dense white inflammatory tissue.

Often pericarditis that has affected birds early in life is resolved by the immune system. However, the pericardial sac may become adherent to the epicardium over part of the surface area. The presence of cloudy fluid in the pericardial sac associated with abnormality of the pericardium is indicative of pericarditis, but pericardial sac adherence in the absence of cloudy fluid in the pericardial sac is NOT indicative of pericarditis. Lack of pericardial ‘slip’ (adherences between pericardium and heart)

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should not be used in isolation to determine presence of pericarditis.

Bacterial infection is the most common cause of pericarditis. The infection can occur early in life as a chick or later during the growing period. The causative bacterial infection (E.coli and Salmonella spp. have been reported) is often subsequent to viral respiratory disease challenge. Some viruses are able to cause pericarditis directly. Mycoplasma infection may also be a cause of pericarditis.

Incidence of pericarditis is a very important indicator of disease incidence within a flock or within a poultry operation. A high incidence of this condition can be caused by: Disease problems in breeder flocks, Poor egg hygiene, Poor farm hygiene, Res-piratory viruses. The incidence of pericarditis is used by the production team to mon-itor and focus disease prevention and control measures in conjunction with their vet-erinary support.

Peritonitis/Perihepatitis - Average rejection levels in GB 0.085%

Action: Total rejection of carcase and offal.

Peritonitis: Dry caseous or mucopurulent yellow exudates limited to the ab-dominal cavity Peritonitis: Inflammation of the membrane lining the abdominal cavity and forming a covering of all the organs in the abdomen. Peritonitis in poultry may be secondary to a previous condition such as trauma, salpingitis, enteritis or hepatitis. E. coli is the most commonly isolated bacteria although others such as Pasteurella can also be found

Perihepatitis: Inflammation of the liver capsule. Perihepatitis: fibrous like liver appearance. Thickness and extension can vary between small and thin attachments to large and thickened liver fibrous attachments. Peritonitis/Perihepatitis are not to be confused with oedema of the liver capsule (filmy transudate on the liver) that oc-curs with ascitic and fevered poultry. Perihepatitis is also normally caused by an E. coli infection, and less frequently Salmonella.

Respiratory Diseases: Airsacculitis

Total rejection when associated with other conditions and if acute form

Partial rejections- chronic lesions when all the affected parts can be removed.

Average rejection levels in GB - 0.038%

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Inflammation of the air sacs in poultry frequently accompanied by the presence of yellowish caseous exudates in the sacs and often accompanied by peritonitis and/or perihepatitis.

Condition caused by respiratory infections. There are usually accompanying le-sions in the bronchi and lungs. Depending on the stage of progression of the infec-tion, the condition could be localised only at the frontal or rear sacs or spread through them all. Environmental farm shed conditions, such as ammonia levels in air, shed ventilation, bird concentration, shed hygiene, could have an input in the development of this condition; indicative of poor welfare conditions.

Many agents can cause airsacculitis, however Mycoplasmas and E.coli are probably the most frequently found. Avian air sacs have few immune protection mech-anisms; therefore any pathogen breathed in could produce this condition. This condi-tion provides a good indication of the prevalence of respiratory virus within the poultry operation and allows the veterinary team to focus on preventative vaccination pro-grammes or ventilation parameters on farms.

Foot pad dermatitis

A number of factors have been shown to influence the occurrence of FPD such as litter quality, litter depth, water drinker type, bird age, feed source and its quality, rearing system, and breed (genotype) used among others. Enteric disease may be a predisposing factor. All poultry species although special emphasis is placed on Turkey and Broiler production. Worldwide, this condition appears in all poultry rearing sys-tems with higher prevalence when outdoor access is supplied. The interaction of the

two following areas is to be taken into account when assessing FPD.Prevalence:

Percentage of birds in the flock that show no evidence of FPD. Severity: Focuses on the seriousness of the FPD lesions

Score 1 - Area affected: Does not extend over entire plantar pad. Lesion de-scription: substantial discoloration of the foot pad, superficial lesion, no ulceration, dark papillae with no ulceration

Score 2 - Area affected: Greater surface of plantar pad usually affected. Lesion description: deeper lesions with ulceration, sometimes haemorrhage, scabs of signif-icant size signs of haemorrhage severely swollen foot pad. Scoring is broadly based on the size of the lesion but any deep lesions with ulceration will be scored 2 regard-less of the size.

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The score should be based on a minimum of 100 feet per flock.

FPD is one of the measures to assess whether welfare standards are being met during rearing, alongside post-mortem rejections and on farm mortality.

Current published data shows that average prevalence (percentage of birds showing lesions) of FPD in the UK varies between 14.5%- 18.1% in intensive standard production, and the severity of the lesion (percentage of birds with gross lesions falling under score 2) varies between 4%- 9.5% in intensive rearing systems.

Acknowledgements

With thanks to the UK Food Standard Agency for providing condition card infor-mation.

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CRITÉRIOS DE CONDENAÇÃO, A VISÃO BRASILEIRA

Elci Dickel

Médico Veterinário

Professor da Universidade de Passo Fundo

O Brasil é líder mundial em exportação de carne de frango e o segundo maior produtor, atrás apenas dos Estados Unidos. Assim, é necessário que o serviço de inspeção oficial em conjunto com o controle de qualidade das indústrias passem por algumas adequações visando garantir produtos de origem animal inócuos e ao mesmo tempo nunca deixando de atender às legislações vigentes. A carne de frango, por seu valor nutricional e preço acessível, é um produto de origem animal de boa aceitação pelo consumidor e ao mesmo tempo, esse mesmo consumidor está cada vez mais exigente no que toca à segurança dos alimentos. Alguns aspectos passa-ram a definir a qualidade dos produtos oriundos de frangos, como: alimentos livres de perigos físicos, químicos e biológicos, adequado manejo sanitário e bem-estar animal nos sistemas de produção de carne, de forma que este assunto tem sido cada vez mais discutido mundialmente devido à sua relevância. Assim, para que o Brasil continue ocupando lugar de destaque na produção e exportação de carne de frango, é necessário um rígido controle sanitário para minimizar o risco de Doenças Trans-mitidas por Alimentos e reduzir as perdas oriundas das tecnopatias, ou seja, das falhas em processos realizados dentro da indústria e que também podem estar rela-cionadas ao manejo e transporte das aves. Dessa forma, o serviço de inspeção oficial deve permanecer sempre alerta e atuante, analisando e identificando os fatores que causam a condenação parcial ou total de carcaças de frango nos abatedouros co-merciais a fim de elaborar treinamentos, programas e/ou de adequar a legislação e seus critérios de julgamento de acordo com a realidade das causas de condenação em aves.

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SALMONELLA AND CAMPYLOBACTER INTERVENTION METH-ODS IN THE UNITED STATES POULTRY INDUSTRY

Nathan Wideman

Abstract

Contaminated poultry costs the United States over 2.5 billion dollars U.S. each year. Campylobacter- and Salmonella are the top 2 bacterial enteropathogen causes of poultry-related foodborne illness. According to FoodNet data, from 2006 to 2011, the incidence of Campylobacter and Salmonella infections had increased by 14% and 6%, respectively, with poultry continuing to be a primary reservoir for these pathogens (CDC, 2011).

In 1997, use of the Hazard Analysis and Critical Control Points system became mandatory in the United States to combat foodborne illnesses including salmonello-sis. Additionally, to reduce the incidence of poultry-related foodborne illness, the United States Department of Agriculture’s Food Safety Inspection Services (USDA-FSIS) implemented new performance standards, reducing the acceptable number of Salmonella-positive samples to 5 out of a 51 and 8 out of a 51 for Campylobacter on whole carcass rinses (USDA, 2012).

Salmonella and Campylobacter can be spread within flocks rapidly due to the coprophagic nature of birds, while horizontal transfer of the pathogens can occur via water, farm employees, transportation of live birds to processing plants, poor sanita-tion of transport crates, weather conditions, and holding times at the processing plants. Hence, poultry processors are adjusting in-plant intervention methods to meet the stricter regulation guidelines. Zero fecal contamination and <40◦F carcass tem-perature exiting the chiller are required critical control points regulated by the USDA-FSIS. One aspect that varies greatly between plants is the antimicrobial used to re-duce Salmonella and Campylobacter on poultry carcasses.

Chlorine has long been the antimicrobial used throughout the processing line including inside-outside bird washers (IOBW), pre-chillers, main chillers, and in post-chill applications. The relatively low cost and low concentration required for efficacy promoted widespread use of chlorine in processing plants. However, studies have shown chlorine to be less effective in spray applications (Mead et al., 1975; Northcutt and Jones, 2004), and the effectiveness of chlorine in immersion tanks has been shown to diminish due to a longer residence time (Yang et al., 2001). Chlorine has

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also been suggested to cause a bleaching effect on poultry when used in higher con-centrations, and its effectiveness is highly affected by pH changes and the amount of organic matter in the immersion tank (James et al., 1992).

Peracetic acid (PAA) has emerged as a popular choice in processing plants as an antimicrobial in both chiller applications and post-chill immersion tanks. Studies have shown that both Salmonella and Campylobacter are reduced significantly when contaminated poultry is exposed to low concentrations of PAA (Chantarapanont et al., 2004; Bauermeister et al, 2008). However due to the limited research on PAA, processing plants are wary of switching their primary chiller antimicrobial from chlorine to PAA or any other chemical.

Additionally, studies have shown that cetylpyridinium chloride (CPC) can be ef-fective at lowering Campylobacter and Salmonella incidence on poultry carcasses (Beers et al., 2006). However, limitations such as short contact time (approximately 10 s), use of specialized equipment for its application, and recycling CPC have been a deterrent for its use in processing plants.

Trisodium phosphate (TSP) is another antimicrobial that was used in poultry processing. However, the 11.0 pH required for TSP to be effective is difficult to main-tain with large volumes of water in immersion tanks, which has limited the use of TSP in initial spray applications or for on-line reprocessing treatment.

Another alternative to TSP or CPC in spray applications is acidified sodium chlo-rite (ASC), which has been shown to be effective in reducing Campylobacter on poul-try carcasses. However, the pH requirement of 2.2 to 3.0 for ASC to be effective makes the use of the antimicrobial in chiller applications costly.

Chlorine dioxide is another antimicrobial that has been shown to damage 97% of Campylobacter cells when exposed to a 2 min treatment (Smigic et al., 2011), has a stronger oxidizing potential and is less affected by pH changes than chlorine. How-ever, the major drawback of chlorine dioxide is the bleaching effect on poultry skin with prolonged use (Thiessen et al., 1984).

In this talk I will discuss these, and other interventions used in the U.S. to control Salmonella and Campylobacter in the poultry industry.

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References

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Beers, K., J. Rheingans, K. Chinault, P. Cook, B. Smith, and A. Waldroup. 2006. Microbial efficacy of commercial application of Cecure® CPC antimicrobial to ingesta-contaminated pre-chill broiler carcasses. Int. J. Poult. Sci. 5:698–703.

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Chantarapanont, W. M. E. Berrang, and J. F. Frank. 2004. Direct microscopic observation of viability of Campylobacter jejuni on chicken skin treated with selected chemical sanitizing agents. J. Food Prot. 67:1146–1152.

James, W. O., R. L. Brewer, J. C. Prucha, W. O. Williams, and D. R. Parham. 1992. Effects of chlorination of chill water on the bacteriologic profile of raw chicken carcasses and giblets. J. Am. Vet. Med. Assoc. 200:60–63.

Mead, G. C., B. W. Adams, and R. T. Parry. 1975. The effectiveness of in-plant chlorination in poultry processing. Br. Poult. Sci. 16:517–526.

Northcutt, J. K., and D. R. Jones. 2004. A survey of water use and common industry practices in commercial broiler processing facilities. J. Appl. Poult Res. 13:48–54.

Smigic, M., A. Rajkovic, N. Arneborg, H. Siegumfeldt, F. Devlieghere, and D. S. Nielsen. 2011. Intracellular pH in Campylobacter jejuni when treated with aqueous chlorine dioxide. Foodborne Pathog. Dis. 8:325.

Thiessen, G. P., W. R. Usborne, and H. L. Orr. 1984. The efficacy of chlorine dioxide in con-trolling Salmonella contamination and its effect on product quality of chicken broiler carcasses. Poult. Sci. 63:647–653.

USDA. Performance standards for Salmonella and Campylobacter in chilled carcasses at young chicken and turkey slaughter establishments [internet]. United States Department of Ag-riculture, Food Safety and Inspection Service Washington, DC; 2012 [cited Aug 2013]. Availa-ble from http://www. fsis.usda.gov/OPPDE/rdad/FSISNotices/54-12.pdf.

Yang, H., Y. Li, and M. G. Johnson. 2001. Survival and death of Salmonella Typhimurium and Campylobacter jejuni in processing water and on chicken skin during poultry scalding and chilling. J. Food Prot. 64:770–776.

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O FRANGO DO FUTURO

Eduardo Souza

Aviagen

Introdução

Estima-se que a população mundial atingirá 9 bilhões de pessoas em 2050. Recursos para produção como terra e água são limitados. Nós, avicultores, devemos continuar na trajetória e ajudar a alimentar essa crescente população, produzindo proteína animal a baixo custo e aplicando boas práticas de bem-estar animal, mini-mizando o impacto ambiental.

A evolução da indústria avícola nos últimos 100 anos foi impresionante. Em todas as áreas: saúde (vacinas e medicamentos), nutrição (exigências nutricionais e dietas balanceadas), equipamentos (incubatórios, granjas e abatedouros), técnicas de manejo e genética.

Falar sobre o futuro não é confortável e a chance de errar é grande. As variá-veis são muitas e estão em constante mudança, novos fatores aparecem e o que parecia previsível o deixa de ser. Não obstante, podemos temorosamente arriscar uma projeção, mas antes devemos recordar o passado e analisar o presente.

Passado

A domesticação e seleção de aves teve início a milhares de anos atrás, mas a década de 40 é considerada por muitos como início da avicultura industrial, quando o governo americano lançou a competição do frango do futuro (“chicken of tomor-row”). Nesta década, o frango levava 85 dias para atingir 1,3kg e a conversão ali-mentar (C.A.) era de 4,00, com uma mortalidade de 12% (Tabela 1). Nos dias de hoje, o frango atual atinge esse peso aos 26 dias de idade, com C.A. de 1,32. 59 dias mais cedo e quase 3,5kg de alimento a menos!

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Tabela 1. Evolução do frango ao longo das últimas décadas.

Ano Idade (dias) Peso Vivo (g) C.A.* Mortalidade (%)

1940 85 1312 4,00 12,0

1950 70 1398 3,00 8,0

1960 63 1521 2,50 6,0

1970 56 1643 2,25 5,0

1980 53 1784 2,05 5,0

1990 48 1984 2,00 5,0

2000 47 2284 1,95 5,0

2010 47 2588 1,92 4,0

2015 48 2778 1,89 4,8

2017 47 2846 1,83 4,5

*Conversão alimentar real sem correção para peso vivo. Fonte: Adaptado - National Chicken Council

Presente

Atualmente, mais de 70 características (diretas e indiretas) são consideradas no processo de seleção do frango de corte, em contraste com apenas algumas ca-racterísticas consideradas décadas atrás. Quase que na mesma velocidade aprimo-rou-se os processos e introduziu-se tecnologia de ponta na coleta de dados e na estimativa dos valores genéticos.

Conversão alimentar

Impacto econômico e sustentabilidade são dois pontos de importância abso-luta. Desnecessário comentar sobre o benefício na redução do custo de produção do frango que a melhora na conversão alimentar proporciona. Basta lembrar que 65-70% deste custo é com alimento.

No que se refere à sustentabilidade, a melhora na C.A. permite produzir a mesma quantidade de carne com menos alimento. Isto tem implicação na quantidade (menor) de matéria prima utilizada na produção de ração (milho e soja, por exemplo), portanto, com a menor necessidade de terras agriculturáveis para a produção de alimento animal, menor utilização de água, menor produção de rejeitos (CO2, N2O, CH4, NO3, PO4, NH3, SO2, etc.).

Outra forma de olhar o benefício da melhoria na C.A. e o crescimento susten-tável é a possibilidade de produzir mais carne sem requerer mais consumo de ração, maior consumo de água, maior produção de rejeitos, etc.

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Em um dos muitos estudos sobre a melhoria da C.A. liberando terras agricultu-ráveis, um em particular menciona que a melhoria de 15g de ração por quilo de peso vivo, considerando a produção global de frangos, libera em torno de 4000 km2 de terras agriculturáveis, uma área equivalente a 3,3 vezes o tamanho da cidade de Nova Iorque.

Pelo exposto, fica evidente que a C.A. é uma característica de grande impor-tância nos programas de melhoramento.

A Aviagen tem usado, desde 2004, a tecnologia de transponder (RFID) para registrar o consumo de alimento individual dos candidatos à seleção em baias cole-tivas (Figura 1). Com esta configuração, informações sobre o comportamento alimen-tar também são obtidas.

Figura 1. Conversão alimentar em grupo (transponder e RFID).

Os valores de C.A. são estrategicamente coletados em diferentes formas físi-cas de ração (farelo, pelete), matérias primas (milho, trigo), densidade dos nutrientes (energia, proteína) e diferentes ambientes (bom e de desafio). O principal objetivo é minimizar a interação genótipo x ambiente sobre o ganho genético da C.A.

Mortalidade, qualidade do esqueleto e características de bem-estar animal

No intuito de melhorar a viabilidade do frango, o registro da mortalidade e dos defeitos do esqueleto são necessários. Indivíduos oriundos de famílias com alta mor-talidade não são mantidos. Adicionalmente, com o uso do oxímetro (Figura 2), con-segue-se melhorar a capacidade da ave em carregar oxigênio. A utilização do oxí-metro permite eliminar da população indivíduos saudáveis, mas com baixa capaci-dade de carregar oxigênio, evitando assim descendentes que teriam dificuldade de

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sobreviver em condições de deficiências de manejo (baixa ventilação) ou em altas altitudes.

Figura 2. Oxímetro utilizado para medir a taxa de saturação de oxigênio no sangue.

Todos os indivíduos com algum defeito de esqueleto (perna, dedo, quilha, co-luna, etc.) são eliminados. Indivíduos sem defeitos, mas oriundos de famílias com alta incidência de defeitos também são eliminados. Complementarmente, o uso do tomógrafo, que substituiu o lixiscópio (aparelho de raios X em tempo real), facilita identificar e eliminar com muito mais precisão indivíduos portadores de tibiodiscon-doplasia, permitindo a seleção para problemas subclínicos de saúde de pernas.

Como resultado observa-se uma melhora no sistema cardiorespiratório e es-quelético, proporcionando um melhor bem-estar às aves e capacidade em suportar o rápido crescimento.

Além disso, características diretamente relacionadas ao bem-estar animal, tais como: gait score, postura do corpo, empenamento, pododermatite e lesão no calca-nhar, são medidas e consideradas no processo de seleção.

Uma das questões frequentes é sobre a correlação genética positiva entre peso vivo e defeito de pernas, levando, inevitavelmente a uma maior incidência de defeitos de pernas com a melhora genética para peso vivo. Isso não é verdade. A correlação genética entre essas duas características é baixa, entre 10 e 30% (Figura 3), o que permite identificar indivíduos na população superiores para ganho de peso e, ao mesmo tempo, com boa qualidade de pernas. Portanto, é possível obter ganho ge-nético para peso vivo e, simultaneamente, reduzir a incidência de defeito de pernas (Figura 4).

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Figura 3. Correlação genética de características ligadas ao bem-estar animal com o peso vivo e rendi-mento de peito. Como se observa, são correlações genéticas baixas.

Figura 4. Avanços conseguidos nos últimos anos para qualidade de pernas e viabilidade relacionados à melhora no peso vivo. Cada linha colorida representa o relacionamento entre o valor genético do peso vivo com a qualidade de pernas ou viabilidade dentro de um ano. A linha pontilhada representa a direção conjunta do valor genético médio das duas características no gráfico.

Estes são exemplos claros de que é possível ganhos genéticos em várias ca-racterísticas simultâneamente, mesmo na presença de características com antago-nismo, quando se tem objetivos de seleção bem definidos e se aplica com critério um processo de seleção equilibrado.

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Seleção para robustez

A produção de frango é uma atividade global. Eles são expostos a uma multi-tude de ambientes. Assegurar um bom desempenho do frango independente do am-biente de criação é o objetivo maior. Em outras palavras, selecionar um frango ro-busto. Tecnicamente é o estudo da interação genótipo x ambiente (GxE), ou seja, como os genótipos vão se interagir em diferentes ambientes.

A estratégia adotada pela Aviagen foi a implementação do teste de irmãos, no qual os candidatos à selecao são criados em um bom ambiente (quartil superior da indústria), com alta biossegurança, de forma a maximizar a expressão do potencial genético enquanto os irmãos são testados em um ambiente comercial de baixos re-cursos técnicos (quartil inferior da indústria), sendo expostos a condições que desa-fiam o sistema digestivo e o sistema imunológico. O registro de informações (peso, mortalidade, C.A., defeitos) em ambas realidades permite a estimativa de valores genéticos e a seleção de indivíduos que apresentem bom desempenho em uma grande variedade de ambientes. Um exemplo da variação do desempenho (C.A.) em função do ambiente é apresentado logo abaixo, na Figura 5.

Figura 5. Cada ponto no gráfico representa um candidato à seleção com informação de conversão ali-mentar em dois ambientes (do próprio candidato no ambiente bom e de irmãos no ambiente de desafio). Observa-se pela linha vermelha do gráfico que um grupo de indivíduos com a mesma C.A. em um bom ambiente (1,55) diferem bastante em desempenho no ambiente de desafio (C.A. variando de 1,58 a 1,70).

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Rendimento e qualidade de carne

Melhor peso e rendimento (de carcaça ou partes) por unidade esta diretamente relacionado com o faturamento, por isso sua grande importância no programa de melhoramento. E as miopatias também tem sua importância, pois a desvalorização do produto final afeta negativamente a receita.

O avanço genético para estas características é atingido pela combinação de dados de processamento (rendimento de carcaça, carne de peito, pernas, gordura e avaliação de miopatias peitorais, como peito amadeirado, estrias brancas, músculo verde, peito espaguete, etc.) de membros da família dos candidatos à seleção e pela avaliação dos próprios candidatos à seleção, com uso da tomografia computadori-zada – imagem em 3D (Figura 6). Os ganhos genéticos para rendimento de carne de peito têm sido fantásticos, no entanto, a variabilidade genética para as miopatias pei-torais é baixa, limitando os ganhos genéticos. Não obstante, são contemplados como objetivos de seleção. A boa notícia é que a maior parte da variação na incidência de miopatia peitoral deve-se à fatores de meio, que, se identificados corretamente e corrigidos promovem rápido impacto na redução da sua incidência.

Figura 5. Relação entre o peso de peito observado e predito, utilizando-se o tomógrafo.

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Futuro

Baseado nos ganhos genéticos obtidos nas linhas puras de pedigree nos últi-mos anos, podemos prever os ganhos genéticos anuais para os próximos 4 anos (Tabela 2).

Tabela 2. Previsão de ganho genético anual para características de frango para o periodo de 2019 a 2022.

Característica Unidade

Peso vivo (g) 45 a 50

Conversão alimentar -0,02 a -0,03

Mortalidade (%) -0,05 a -0,10

Carcaça eviscerada (%) 0,20 a 0,25

Rendimento de peito (%) 0,25 a 0,30

Defeito de pernas (%) -0,20 a -0,30

Até onde o frango pode chegar? Podemos atingir algum limite biológico? Per-guntas difíceis em serem respondidas.

A ferramenta do geneticista é a variabilidade genética. Enquanto existir varia-bilidade genética, existe a possibilidade de ganho genético. Sob esse aspecto, o que se tem observado é que a variabilidade genética das principais características de importância econômica não tem diminuído como muitos previam. Como exemplo, a variablidade genética para peso vivo é ilustrado na Figura 6.

Figura 6. Herdabilidade para peso vivo nos últimos anos para diferentes linhas genéticas.

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Como exemplos, já encontramos em algumas linhas puras de pedigree indi-víduos com peso de 2,5kg apresentando valor de C.A. de 1,15, outros com rendi-mento de carcaça e de carne de peito em relação ao peso vivo de 82% e 38%, res-pectivamente. O que demonstra que ainda há muitos ganhos por vir.

Em relação aos órgãos internos, a maioria dos relatos são de que o coração e o pulmão apresentam o mesmo rendimento nas aves atuais, quando comparado com as aves de algumas décadas atrás. Aparentemente, somente o sistema diges-tivo aumentou (pâncreas, fígado e intestino), o que faz sentido dado à grande evolu-ção da C.A. nas últimas décadas.

Os sistemas cardiorespiratório e esquelético estão sendo monitorados e apresentam melhoras, como descrito anteriormente.

Atingiremos algum limite biológico?

A médio prazo, creio que não. À longo prazo, o bom senso nos leva a crer que sim, mas quando? Quem viver, verá!

Em relação ao frango do futuro, digamos de 2030, o que podemos esperar?

Pelo apresentado aqui, podemos arriscar uma previsão de que atingirá 2kg de peso vivo aos 26 dias de idade, com uma C.A. de 1,27, rendimento de carcaca de 76% e de carne de peito de 29%.

Considerações finais

Genoma, produção livre de antibióticos e valores dos consumidores.

Genoma

A seleção genômica tem sido descrita como uma das maiores mudanças de paradigmas na seleção genética.

Inicialmente, a grande expectativa foi de encontrar algum gene ou SNP de grande efeito sobre alguma característica de grande importância econômica (como, por exemplo, resistência à doença). No entanto, não foi o que se observou. O que ocorre normalmente é que estas importantes características são influenciadas por vários genes, na sua grande maioria de pequenos efeitos.

O benefício do genoma tem sido em quantificar alguns desses pequenos efei-tos e, dessa forma, aumentar a precisão da estimativa do valor genético das carac-terísticas.

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A seleção genômica é particularmente importante para características de baixa variabilidade genética e aquelas que se expressam em somente um dos sexos, como, por exemplo, a produção de ovos. E, adicionalmente, para características que o candidato à seleção não possui no momento da seleção final. Por exemplo, carac-terísticas reprodutivas (produção de ovos, fertilidade, eclodibilidade, etc.) que, quando da seleção final, em torno de 18-20 semanas, não estão disponíveis. Para essas características, a informação genômica aumenta a precisão dos valores gené-ticos em media 30%. Por outro lado, a precisão adicional às características de frango (peso vivo, C.A., etc.) é de apenas 10% em media, uma vez que na idade de seleção adulta os candidatos à selecao possuem registros próprios para estas características. A Aviagen, pioneiramente, já utiliza a seleção genômica em seu programa de melho-ramento genético desde 2012.

Basicamente, a seleção genômica usa a variação natural que ocorre no DNA para estimar com maior precisão o valor genético do animal. Já a técnica de “edição do gene” tem como alvo a mudança em regiões específicas do genoma.

Existe algumas publicações e artigos científicos relatando exemplos de su-cesso com o uso desta técnica na medicina, no melhoramento de plantas e de ani-mais. Em aves, particularmente, existem alguns trabalhos, mas os desafios são gran-des devido às características do sistema reprodutivo desta espécie. Muitas destas barreiras serão vencidas em um futuro próximo, no entanto, a implementação desta técnica nos programas de melhoramento de aves ainda vai levar algum tempo. De-pois de vencer o desafio de modificar o genoma, o outro desafio será o de multiplicar essa modificação desejada na população (a modificação do genoma, quando bem-sucedida, ocorre em um ou poucos indivíduos). Além destes desafios técnicos e ci-entíficos, a percepção/aceitação da sociedade e definição legislativa (por exemplo, se será considerada um GMO ou não) devem ser consideradas.

Produção de frangos sem o uso de antibióticos

É crescente a preocupação com o surgimento de bactérias resistentes à anti-bióticos e sua conexão com o uso de antibióticos na produção animal. Historica-mente, na avicultura os antibióticos são usados com fim terapêutico ou como “pro-motores de crescimento” (em baixas doses para favorecer o desempenho do frango). Nos últimos 5 anos, houve um acelerado crescimento na produção de frangos sem antibióticos como promotores de crescimento (ABF – Antibiotic Free / Livre de Anti-bióticos) e sem nenhum uso de antibiótico (NAE – No Antibiotic Ever / Sem Antibióti-cos). Por exemplo, nos Estados Unidos, em 2013 e 2014, em torno de 5% dos fran-gos produzidos foram criados sem antibióticos ou ionoforos. Em 2018, metade dos frangos produzidos enquadraram-se nesta categoria – NAE. Na Europa, o uso de antibióticos como promotores de crescimento foi banido em 2006.

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No programa de melhoramento genético da Aviagen, não se usa antibiótico como efeito profilático desde o início da década de 90. Além de se antecipar a essa crescente demanda da indústria/consumidor, a criação livre de antibióticos permite um maior desafio ao sistema imunológico e digestivo dos candidatos à seleção, au-mentando a eficiência da seleção para viabilidade e robustez.

Valores dos consumidores

Na decisão de compra, valores tradicionais tais como preço, sabor e conveni-ência estão cedendo espaço para alguns novos valores, como saúde e bem-estar, segurança alimentar, transparência e impacto social. Cada vez mais aumenta o nú-mero de consumidores interessados em saber de onde vem seu alimento e como ele é produzido. Muito acertadamente, o consumidor quer estar mais informado. Neste contexto, toda a cadeia produtiva precisa ser transparente. Nossa contribuição como casa genética é informar a sociedade como o processo de seleção funciona, como os objetivos de seleção são considerados de forma balanceada para melhorar as características de grande impacto econômico (como peso, conversão alimentar e rendimento), mas também como contempla aspectos de impacto social como a não utilização de antibióticos, e a contínua visão em critérios de bem-estar animal e sus-tentabilidade.

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THE CHICKEN OF TOMORROW – HUBBARD

Paula Dias Riboulet, Julien Recoquillay, Frédéric Fagnoul

Hubbard SAS Mauguérand-22800 Le FOEIL, France

[email protected] (Corresponding Author)

Summary

Poultry meat will lead in the next years the world meat production with a high increasing on demand coming from developing countries. New societal concerns and demand for production technics with lower environmental impact will play major a role on future R&D investments.

To evolve on this new scenario, the activity of the prediction of breeding values and delivery of genetic potential has been moving and searching for more accurate phenotyping methods and taking into account this global approach.

This paper focuses on how these new concerns can be traduced as new con-cepts and challenges for the core activity of the Hubbard breeding company.

Introduction

In the context of a faster growing on chicken-meat consumption that rises and outpaces pork and other types of meat, global poultry breeder companies will face new challenges. World poultry production grew at 5%/year since 1970 versus 2.8% for the total meat. Many technical forecast reports agree that on 2025 the poultry meat will lead total production growth and in developing countries, this contribution can reach over more than the half of the total meat production on the horizon of 2050 1,2. This trend is especially remarkable in developing countries that drives this increasing demand to produce protein, for the rising human population 3.

In a global market, chicken meat production becomes more complex and decisions that drive breeding companies to adjust breeding goals are also moving from a higher yielding focus to a modern scenario where new market and societal concerns such as reduced environmental impact and animal welfare in a changing environment will play a major role on future R&D investments.

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This paper focuses on how these new concerns can be traduced as new con-cepts and challenges for the core activity of the Hubbard breeding company. To evolve on this new scenario, the activity of the prediction of breeding values and de-livery of genetic potential has been moving and searching for more accurate pheno-typing methods and taking into account this global approach.

Feed efficiency and reduction of environmental impact

Among feed efficiency traits, the FCR (Feed Conversion Ratio) has been a key trait over the last 30 years driving the breeder companies to search for feed efficiency in order to reduce the economic impact of feed on poultry production but also delivery higher genetics with reduced environmental impact. The improvement achieved on feed efficiency (43%) over the past 40-50 years helps to enhance broiler productivity with the genetic improvement contributing for 62.5% of this increase 3,4. The heritability estimates of FCR varied in recent studies from 0.07 to 0.41 and confirms the good potential of this trait to still respond to selection 5.

This better resource use through the improved feed efficiency was reached ei-ther through genetic improvement alone or combined with better animal production practices and accompanied by a huge reduction on environment impact through the important reduction of greenhouse gas emissions linked to broiler production 3.

All these past successes pave an optimistic way for the continuous improve-ment of this trait using completely new approaches.

Since the last decade, Hubbard Company has taken into account this global approach using modern devices such as electronic feeder stations that allow the capturing of data from the feed intake of grouped birds allied with feeding behavior.

Feed intake can thus be split into underlying feeding behavior traits, allowing the estimation of genetic correlations and assessment of the genetic consequences of selecting for performance traits on feeding behavior traits 6. Through these new devices, a fine-tuning genetic analysis can be assessed based on meal-based feeding behavior using massive data (Figure 1).

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Figure 1. Relative frequency of feeders visit during a 35-46 days period test showing a meal-based behav-ior.

Highly accurate prediction of breast yield and fertility using nondestructive methods

Many phenotypes that were inaccessible to measure own performance are now available since the rise of many nondestructive methods in animal breeding.

Image technologies are increasingly being applied to livestock animals for many years and have been used in experiments conducted with pig, sheep, and poultry7–9. Although this technology is still evolving and in widespread use, researchers require more accurate methods to evaluation carcass composition. The computer tomogra-phy (CT) is a high reliable and non-invasive diagnostic tool.

All the information captured from relatives and from indirect carcass measure-ments on candidates increases the accuracy of prediction of breeding values improv-ing the genetic gain. It also reduces the rate of inbreeding per generation, which is desirable for long-term selection 4,10.

Hubbard is using this high accurate method on yield prediction and integrated in routine on the breeding values estimation.

Although the high accuracy provided by CT scan, precision on the prediction is a key to obtain reliable results. Thus, to calibrate and enhance predictions, direct evaluations of yield still used in routine to monitoring the correlations between field yield and CT scan predictions. Figure 2 illustrates this routine on monitoring CT scan yield predictions and the high accuracy provided by the models.

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Figure 2. Monitoring of phenotypic correlation between breast yield predicted by computed tomography and cut-up direct measurement.

Another important outcome on CT analysis and yield prediction is the high ac-curacy provided by this tool in terms of genetic evaluation. Table 1 illustrates this high correlation between breast yield breeding values obtained by direct measurements and breast yield breeding values estimated using CT technology.

Table 1. Genetic correlation between body composition measurement, breast yield predicted by CT and breast yield by direct cut-up measurement.

Body conformation Breast Yield_CT Breast Yield Cut

Body conformation 0.59 0.66

Breast Yield_CT 0.93

The application of this non-invasive method also allows the study of animal de-velopment by following and monitoring different phases during the bird’s life. In this context, CT technologies are a useful tool to the monitoring of sexual maturity and fertility which represents major concerns in terms of prolificacy of flocks that under-gone selection.

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The genetic selection focused on increasing growth and body weight must also consider the impact on the reproductive potential, searching for a balanced selection between this two antagonistic traits.

Early sexual precocity in breeder males is generally followed by a rapid decline in reproductive performance after 45 weeks of age, resulting in their partial or even total replacement to maintain acceptable fertility rates throughout the season 11,12. Thus male maturity and fertility has a major impact on natural mating systems, not only in terms of flock production but also considering the higher heritability for male fertility compared to females 13.

Figure 3. Correlations between Testis volume measured by CT scanner and Testis weight.

Many studies have pointed out to the correlation between testis weight and male fertility 14,15. Consequently, the CT technology applied to testis monitoring before the start of reproduction is a very reliable tool to verify testis growth after light stimulation. This earlier screening of males allow to save time reducing the male replacement during the mating phase and to start natural mating using only roosters with a high fertility potential. The Figure 3 illustrates the high correlation between testis weight obtained by direct measurement on field and by CT scanner technology measurement obtained on a study before routine implementation.

Image technology has diverse applications in animal breeding and the fast im-provement in terms of speed of data acquisition and progress of analysis models cou-pled with genome data will provide deeper knowledge on the growth and body com-position on farm animals 16.

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Genomic Selection: the key to a more efficient breeding scheme

The wide use of Genomic Selection (GS) was first established in the dairy cattle breeding programs. This, at the time, new method allowed to notably reduce the gen-eration intervals and improve the accuracies of the breeding value estimations 17,18.

Implementing such methods in the broiler breeding programs would be more complicated as several factors seems to render genomic selection less attractive than in the dairy cattle breeding programs. Indeed, on the main issue was the cost of the high-density SNP panel genotyping which is more difficult to make profitable with the low margin revenues coming from a selection candidate.

However, as several studies in different species showed the possibilities of us-ing a combination of imputation and low-density SNP 19–23 and as the cost of geno-typing is globally decreasing 24, implementing the Genomic Selection in the broiler breeding programs becomes more and more practical.

Such integration would allow to increase the accuracy of the breeding values even for well-known traits like bodyweight 19,25 and other production traits such as meat quality or laying traits 26.

One important part of the broiler breeding program is the four way crosses which use as it implies four purebred lines. This way was for a time an issue for the imple-mentation of genomic selection in the breeding program as the final product would only have 25% of the genomic material from each lines. Thus, as genomic selection associates SNP markers and performance, some studies proposed to use this linkage in order to integrate the hybrid resulting from the crosses into the breeding programs. Fu et al (2015) 27 showed the possibility of using the crossbred population for the detection of QTL (Quantitative Trait Loci) or increase the accuracy of genomic breed-ing values. Esfandyari et al (2018)28 showed the long term impact of taking into the heterosis observed in a crossbred population with at first an increase of the accuracy of the genomic breeding value but was in the long term less efficient than the current use of the purebred performance. However, these results indicate that with the good criterion, it would be possible to maximize the genetic progress in purebred and cross-bred population.

With the decrease of the sequencing and genotyping is the capacity to look for SNP markers associated with the phenotype of economic value, thus paving the way to an association of genomic selection and selection assisted by markers. As such, several studies identified potential or even genes candidates associated with the re-sistance to ascites 29, males fertility 30, tibia traits 31 or fat deposition 32.

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Another application of genomic data and currently implemented at Hubbard, is the parental assignment. By knowing the genotype of the birds from the donor flocks and after a genotyping of all the progenies to reconstruct the pedigree. This method allows a lighter logistic of the donor flock as the birds can be housed freely on the floor and without the need of artificial insemination as the chick’s parents will be iden-tified later in its life.

Conclusions

To face the challenge of produce chicken meat to the growing population fitting societal new demands breeders companies have to adopt a global approach in terms of phenotyping speed, accuracy and environmental concerns. New global selections targets will rely more and more on high technology to better understand and reduce the costs and environmental impact of production and to evaluate animal well-known traits like body weight whereas new emergent traits linked to behavior.

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FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DOS PINTINHOS E O DE-SEMPENHO NO ABATE

Filipe Augusto Moreno e Alex Maiorka

Departamento de Zootecnia Universidade Federal do Paraná

Introdução

Os fatores que afetam o desenvolvimento precoce do pintainho vêm desper-tando interesse, devido à progressiva diminuição do tempo de produção dos frangos, já que os primeiros dias do pintainho representam uma proporção crescente do tempo total para a produção (Vieira & Moran, 1999).

De acordo com Wilson (1991), o peso do pintainho é determinado primaria-mente pelo peso inicial do ovo, correspondendo a valores entre 62% a 78% desse peso. Outros fatores que interferem no peso do pintainho estão relacionados à perda de peso durante a incubação, linhagem, tempo e condições de incubação, idade da matriz e o sexo da ave. A relação entre o peso do ovo e o peso inicial do pintainho e seu subseqüente desenvolvimento é de grande interesse para a indústria. Sabe-se que o tamanho do ovo está relacionado numa forma curvilínea com a idade da repro-dutora pesada, aumentando de 45 g às 24 semanas de idade, até 80 g às 64 sema-nas (Brandalize, 2001). À medida que as matrizes envelhecem produzem folículos maiores e ocorre um aumento no intervalo entre ovulações (redução na taxa de pos-tura), que são acompanhadas por um aumento no tamanho do ovo. Isso se deve ao fato de que a mesma quantidade de gema proveniente de síntese hepática é depo-sitada em um menor número de folículos (Zakaria et al., 1983). Como a relação entre o peso do ovo e o peso do pintainho é direta, os ovos produzidos por matrizes de idade mais avançada produzem também pintainhos com maior peso à eclosão. A correlação entre o tamanho do ovo e do pintainho à eclosão inicia após o 11º dia de incubação e aumenta até a eclosão. Também existe uma forte correlação entre o peso do pintainho no primeiro dia e seu desempenho posterior.

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Idade da matriz e a composição do ovo

O ovo é constituído basicamente de água, lipídios e proteínas, sendo a maior parte da matéria seca constituída de lipoproteínas de baixa densidade (VLDL) e fos-fovitina, uma lipoproteína que possui fósforo na sua molécula. Em média, os lipídios do saco vitelino possuem 72,5% de triglicerídeos, 24,4% de fosfolipídios e 3,9% de colesterol (Schneider & Tatrie, 1968). Apesar destes componentes poderem ser oxi-dados para o fornecimento de energia para o embrião, a maior parte, principalmente dos fosfolipídios são incorporados diretamente na constituição das membranas celu-lares dos tecidos embrionários. Por outro lado, a reserva de carboidratos presente é mínima e corresponde a aproximadamente 1% do ovo, sendo em sua maioria glicose.

A idade da matriz também parece interferir na composição química do ovo. May & Stadelman (1960) demonstraram que a umidade e a quantidade de proteínas e lipídios do ovo aumentam em ovos provenientes de matrizes mais velhas. Essa dife-rença na idade da matriz causa variações na constituição dos diversos componentes do ovo. Assim, nos ovos oriundos de matrizes mais velhas, ocorre um aumento no conteúdo de proteínas da gema, mas uma redução na concentração de proteínas do albúmen (Ambrosen & Rotenberg, 1981). Alterações na quantidade do albúmen tem um impacto muito grande no desenvolvimento do embrião. A remoção 20% do albú-men de ovos fertilizados antes da incubação resulta em redução no peso do corpo e do saco vitelino do embrião, demonstrando que o albúmen do ovo supre uma quan-tidade considerável de água e proteínas, e a redução do seu conteúdo pode trazer sérios prejuízos ao desenvolvimento embrionário. De outra forma, a retirada da gema não parece interferir no peso corporal do embrião, mas diminui o peso do saco vite-lino e isso pode comprometer o desenvolvimento do pintainho logo após a eclosão.

Pintainhos oriundos de matrizes mais jovens tendem a apresentar um desem-penho inferior ao daqueles oriundos de matrizes mais velhas, o que é atribuído à menor quantidade de albúmen e gema (Noy & Pinchasov, 1993). Aumento na pro-porção de gordura em gemas foi encontrado em ovos oriundos de matrizes de idade mais avançada (McNaughton et al., 1978) e menor quantidade de fósforo no conte-údo do saco vitelino de pintainhos, oriundos de matrizes mais jovens, porém, na gema e no albúmen, essa diferença não foi verificada (Vieira & Moran, 1998ª). Noble et al. (1986) sugeriram que a mobilização de fosfolipídios da gema para o embrião diminui em ovos provenientes de matrizes jovens, principalmente na última semana de incubação.

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Estudos conduzidos por Vieira & Moran (1998a) e Maiorka (2002) demonstra-ram diferenças, devido à idade da matriz, na constituição bromatológica do ovo e morfométrica de pintainhos (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Ovos, pintainhos e saco vitelino oriundos de matrizes de diferentes idades (27 e 62 semanas).

Idade da matriz (semanas)

27 62

Ovo

Peso (g) 55,5b 67,5a

Gema (%) 30,6b 34,7a

Albúmen (%) 55,8a 53,1b

Carcaça do pintainho sem saco vitelino

Peso (g) 43,4b 50,3a

Proteína Bruta* (%) 49,2 45,5

Extrato Etéreo* (%) 13,5 15,9

Cinzas* (%) 5,1 5,2

Conteúdo do saco vitelino

Peso (g) 4,4b 5,2a

Proteína Bruta* (%) 58,0 43,0

Extrato Etéreo* (%) 19,2 18,3

Cinzas* (%) 4,0 4,3

Fósforo (% das cinzas) 6,6 12,8

*Expresso em (% da matéria seca) e sem análise estatística. Adaptado de Vieira & Moran (1998a)

Brake (1995) cita que, devido às reprodutoras de corte consumirem maior quantidades diárias de proteína no início da postura, essa fase caracteriza-se por uma melhor qualidade de albúmen, que se torna espesso, podendo retardar o inter-câmbio de oxigênio, a absorção de saco vitelino e a captação de vitaminas pelo em-brião a partir da gema. Esse autor sugere ainda que, considerando que o embrião produz 90% de sua energia a partir da oxidação de ácidos graxos, a deficiência de oxigênio retardaria a oxidação de lipídios no saco vitelino atrasando o desenvolvi-mento do embrião.

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Tabela 2. Peso de ovos, embriões, saco vitelino e órgãos do trato digestório de 20 dias de incubação e suas vísceras de acordo com os diferentes tratamentos.

Idade da matriz (semanas)

60 30

Ovo (g) 65.92a 53.90b

Embrião (g) 50.57a 41.32b

Saco Vit. (g) 10.86a 7.53b

#Tratogastrointest. (g) 3.52 3.38

Fígado (g) 0.887a 0.759b

Saco Vit. (%) 21.47a 18.19b

#Tratogastroint. (%) 6.981b 8.981a

Fígado (%) 1.758 1.844

#Moela+Proventrículo+Intestino. Adaptado de Maiorka (2002)

Maturação do trato gastrointestinal

O trato gastrointestinal de pintainhos, oriundos de matrizes mais velhas, parece estar mais desenvolvido à eclosão, e isso pode contribuir para um melhor desempe-nho nesse período e também para a adaptação mais rápida desses animais à ali-mentação exógena. Applegate et al. (1999), avaliando o desenvolvimento morfoló-gico intestinal, desde o nascimento até o 7º dia pós-eclosão, em perus oriundos de matrizes de diferentes idades (34 e 48 semanas) e diferentes classes de peso de ovos, observaram que, ao nascimento, perus oriundos de matrizes mais velhas apre-sentaram maior altura de vilo no jejuno que os oriundos de matrizes jovens. Esses autores atribuíram tais resultados à maior transferência de lipídios da gema para o embrião em ovos, oriundos de matrizes velhas, durante a última semana de incuba-ção. Entretanto, essa diferença na morfologia intestinal encontrada ao nascimento desapareceu no primeiro dia pós-eclosão. Maiorka et al. (2001) também observaram que, em embriões de frangos de corte com 20 dias de incubação, oriundos de matri-zes jovens (30 semanas), tanto no vilo (duodeno, jejuno e íleo) como o microvilo (jejuno) na Figura 1, são menores, quando comparados àqueles de embriões oriun-dos de matrizes mais velhas (60 semanas) (Tabela 3). Da mesma forma que o ob-servado em perus, aos 7 dias pós-eclosão, essas diferenças não foram observadas.

Applegate & Lilburn (1999) não observaram diferenças entre peso, compri-mento e densidade do intestino delgado em perus oriundos de matrizes jovens (34 semanas) e matrizes velhas (48 semanas). Porém, verificaram que a concentração de glicose plasmática, aos quatro dias de idade, foi maior em perus oriundos de ma-trizes jovens do que naqueles oriundos de matrizes velhas. Os autores sugerem que

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perus, oriundos de matrizes jovens, não estão completamente adaptados às altera-ções metabólicas decorrentes da alimentação pós-eclosão.

Maiorka (2002) observou maior atividade das enzimas lípase e tripsina pan-creática em embriões de frangos de corte com 20 dias de incubação, oriundos de matrizes mais velhas, quando comparados àqueles provenientes de matrizes mais jovens (Tabela 4). Porém, aos 7 dias de idade das aves, esse efeito não mais obser-vado.

Pintainhos de matrizes mais velhas possuem maior reserva energética por causa da maior quantidade de saco vitelino. Latour et al. (1996) observaram que pintainhos recém-eclodidos, oriundos de matrizes mais jovens, possuem menor nível de colesterol circulante do que pintainhos oriundos de matrizes mais velhas. Uma possível explicação para esse fato pode ser de que o metabolismo de gorduras e a transferência de lipoproteínas são reduzidas em pintainhoa recém-eclodidos, oriun-dos de matrizes mais jovens (Latour et al., 1998).

Figura 1. Eletromicrografia de transmissão de embriões de frangos, com 20 dias de incubação, oriundos de matrizes de diferentes idades; jejuno de embriões oriundos de matrizes de 60 semanas (A); jejuno de embriões oriundos de matrizes de 30 semanas (B) (x5.000).

Tabela 3. Medidas de altura de vilo, profundidade de cripta e altura de microvilos do intestino delgado de embriões de 20 dias de incubação de acordo com a idade da matriz.

Segmento Idade da matriz

(semanas) Vilo (µm) Cripta (µm) Microvilos (µm)

Duodeno 60 101a 53 0,859 30 77b 44 0,860

Jejuno 60 45a 37a 1,09a

30 39b 31b 0,87b

Íleo 60 41a 31b 1,24 30 31b 26b 0,98

Adaptado de Maiorka (2001).

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Tabela 4. Atividade da lípase+ e tripsina* pancreática de embriões de 20 dias de incubação de acordo com a idade da matriz.

Idade da matriz (semanas) Lipase Tripsina

60 0,1713b 3,32a

30 0,1013b 2,34b

*mmoles/minuto/MG de proteína (atividade específica). *nmoles/minuto/mg de proteína (atividade específica). Adaptado de Maiorka (2002).

Desenvolvimento embrionário

Tem sido observado que alguns fatores genéticos, junto com as condições fisi-ológicas no momento da formação do ovo, influenciam as características da casca dos ovos das matrizes de corte e, assim, podem afetar o desenvolvimento do em-brião. Alterações na espessura, número e diâmetro dos poros da casca podem dimi-nuir a condutância de gases para o embrião e, dessa forma, afetar a atividade de enzimas envolvidas na gliconeogênese, enterferindo com a concentração de glicose sanguínea do embrião e o tipo e quantidade de nutrientes disponíveis para o seu desenvolvimento (Christensen et al., 1994).

Dentro dos fatores da matriz que podem influenciar o metabolismo do embrião, os hormônios tireoidianos, especialmente o T3, parecem ter grande importância. Aves adultas selecionadas para rápido crescimento tem afetado o processo de deio-dinação do T4 a T3, bloqueado pelo GH ou IGF-I, o que resulta em menores níveis de T3, maior peso relativo dos ovos, comparando-os com aves não melhoradas e com uma menor condutância da casca. Dessa forma, a administração de triiodotiro-nina (T3) na dieta para matrizes de linhagens melhoradas, reduz as concentrações sanguíneas de T4, aumenta o T3, e melhora a condutância da casca, aumentando a eclodibilidade. Segundo Christensen et al. (1991), o iodo é um substrato para a pro-dução do hormônio tireoideano que parece afetar a formação dos poros do ovo.

McLoughilin et al. (2000), separando ovos em pequenos, médios, grandes e extra grandes, pesados diariamente a partir do 3º dia de incubação, concluíram que o crescimento dos embriões é exponencial em relação ao tempo e que, efetivamente, o desenvolvimento do embrião encontra-se limitado devido ao espaço disponível no interior do ovo. Os autores ainda observaram que os embriões oriundos de ovos pe-quenos começaram atrasar seu desenvolvimento a partir do 8º dia de incubação e que, no 16º dia de incubação, existia uma diferença significativa entre o peso de embriões dos ovos grandes e dos jumbos. Também foi observado que esses embri-ões apresentaram quantidades similares de proteína, cinza e água, mas diferenças no conteúdo de lipídios que aumentaram proporcionalmente ao aumento do tamanho dos ovos.

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É provável que o desenvolvimento dos embriões de ovos menores, oriundos de matrizes jovens, esteja restrito ao limitado espaço dentro do ovo em comparação aos ovos maiores. McLoughlin et al. (2000), no entanto, sugeriram que essa teoria é muito simplista e que à restrição no crescimento é muito mais dependente do conte-údo nutricional do ovo. Os autores sugerem que a medida que avança a idade das matrizes pesadas, essas tornam-se mais eficientes para depositar todos os nutrien-tes essenciais ao crescimento do embrião, e que os embriões provenientes de lotes de matrizes mais velhas utilizam esses nutrientes de forma mais eficiente, quando comparados aos embriões oriundos de matrizes jovens.

Nutrição do embrião, fase de emergência e período de transição

O desenvolvimento dos embriões das aves depende dos nutrientes deposita-dos no ovo, o que pode variar de acordo com a alimentação e idade da matriz, tama-nho do ovo e estado sanitário das aves. Fatores genéticos e ambientais também podem afetar a transferência de nutrientes ao ovo (Vieira, 2007). Com exceção do oxigênio, o ovo contém todos os elementos essenciais ao desenvolvimento embrio-nário. A quantidade, composição e concentração dos nutrientes estocados no saco vitelino são fatores que determinam o sucesso do desenvolvimento embrionário e a eclosão de pintinhos saudáveis. Limitações na disponibilidade dos nutrientes podem restringir o crescimento embrionário ou causa até a morte do embrião.

Nos primeiros dias de incubação, o suprimento de oxigênio pode ser limitado devido à imaturidade das células sanguíneas e do sistema coriônico vascular. Desta maneira, a glicose se torna um nutriente importante no metabolismo embrionário, pois o metabolismo energético é realizado pela glicólise anaeróbica a partir de quan-tidades de glicose limitadas dentro do ovo (Moran, 2007).

Já, o segundo terço da incubação é marcado pelo desenvolvimento do sistema vascular, no qual o córioalantóide assegura a troca gasosa e fornece o oxigênio ne-cessário para a produção de energia a partir de vias oxidativas. Neste momento, o embrião passa por uma modificação drástica no seu metabolismo, quando os lipídios se tornam sua principal fonte de energia. As rotas metabólicas relacionadas aos lipí-dios são mais ativas a partir do segundo terço de incubação até dois ou três dias antes da bicagem interna (De Oliveira et al., 2008). Estes compostos são importantes para o metabolismo embrionário, pois geram duas vezes mais energia por grama que os carboidratos e proteínas. Outro fator importante é a produção de água metabólica a partir da oxidação dos lipídios.

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A hidrólise dos triglicerídios mobilizados do saco vitelino libera ácidos graxos e glicerol, o qual é capaz de produzir glicose por meio da gliconeogênese (De Oliveira et al., 2008). Grande parte dos ácidos graxos não essenciais é consumida para pro-dução de energia ao longo do período de incubação, já os ácidos graxos essenciais são conservados para formação das membranas celulares embrionárias (Moran, 2007). A β-oxidação destes ácidos graxos é o caminho metabólico preferencial para o embrião gerar energia, enquanto o O2 está presente em quantidades suficientes, tornando-os a base do desenvolvimento embrionário (White, 1991; Moran, 2007). No terço final de incubação o embrião precisa iniciar sua preparação para o processo de eclosão aumentando suas reservas de glicose no fígado e nos músculos (Uni & Fer-ket, 2004; Moran, 2007). A glicose estocada como glicogênio alcança sua concentra-ção máxima no fígado de embriões de frangos ao 19° dia de incubação e estes es-toques de glicogênio são minimizados durante o processo de eclosão (Uni et al., 2005; Zhai et al., 2011). Sendo assim, podemos inferir que os desafios enfrentados pelos embriões durante a fase final de incubação estão associados ao metabolismo energético.

De acordo com Moran (2007), a fase de emergência inicia quando o embrião rompe o córioalantóide e a membrana interna da casca. Neste momento, o embrião inicia a respiração pulmonar passando por um período crítico de suprimento de oxi-gênio. Durante este período, a utilização de lipídio é suprimida e a síntese e a degra-dação de glicogênio são vitais para a sobrevivência do embrião. Diante disso, o me-tabolismo se torna anaeróbico novamente, havendo liberação da glicose a partir do glicogênio, catabolismo da glicose e produção de lactato. Outra via metabólica im-portante na produção de glicose a partir de outros compostos ricos em carbono (ami-noácidos e o glicerol) é a gliconeogênese. No período do início da bicagem interna até o momento da alimentação pós-eclosão a gliconeogênese hepática e muscular é crucial por ser a única fonte de glicose do embrião (Donaldson, 1995; Christensen et al., 2001).

Durante o processo de eclosão grande quantidade de energia é utilizada nos movimentos para quebra da casca e rotação do corpo. Isto faz com que as reservas de glicogênio sejam deprimidas significativamente, a insuficiência de glicose força o embrião a mobilizar proteína corporal para o processo de gliconeogênese (Freeman & Manning, 1971; Christensen et al., 2001).

As fibras musculares (cardíacas e esqueléticas) utilizadas no momento da eclo-são são exclusivamente anaeróbicas e precisam de glicose como fonte de energia, gerada a partir do glicogênio estocado (Christensen et al., 2001; Moran, 2007). O músculo peitoral (Pectoralis major) de embriões é metabolicamente importante, tanto por ser fonte predominante de mobilização de proteína no suprimento

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Eclodibilidade e mortalidade de pintainhos

Ovos provenientes de matrizes jovens têm menor eclodibilidade e menor taxa de sobrevivência dos pintainhos logo pós-eclosão. Noble et al. (1986) observaram algumas anormalidades no metabolismo de lipídios em embriões oriundos de matri-zes jovens, na última semana de incubação, e atribuíram também a esse fato a maior mortalidade embrionária. Outros fatores, como a menor porosidade da casca, maior espessura da membrana e cutícula e maior densidade do albúmen em ovos oriundos de matrizes mais jovens, contribuem para menor eclodibilidade. Essas característi-cas são fatores que atuam como barreiras para a evaporação e difusão da água entre o interior do ovo e o meio ambiente da incubadora, dificultando a obtenção de oxigê-nio pelo embrião, atrasando, assim, alguns dos processos bioquímicos que poderão limitar o seu crescimento.

De acordo com Christensen (1995), a idade da matriz influencia o metabolismo embrionário pelas características de condutância da casca, ocasionando diferenças na entrada de oxigênio e no tipo de substrato que irá oxidar, modificando, assim, as necessidades de oxigênio.

Lima et al. (2001) demonstraram que pintainhos, oriundos de ovos menores, iniciam o processo de eclosão antes daqueles de ovos maiores, e dessa forma, per-manecem mais tempo no nascedouro sem água e alimento. Assim, nessas condi-ções, tendem a sofrer desidratação mais intensa nesse período. Isso, também, pode contribuir com a variação entre o peso dos pintainhos na retirada do nascedouro.

A densidade específica dos ovos e a perda de peso até a transferência têm sido relacionadas ao pior desempenho de incubação em ovos de matrizes no pri-meiro ciclo de produção. Nesse sentido, McDaniel et al. (1979) concluíram que ovos com menor densidade têm maiores perdas de peso, mortalidade embrionária precoce e menor eclodibilidade. Os autores observaram ainda que a piora na qualidade da casca, associada ao aumento da idade da matriz, determina elevação da taxa de mortalidade embrionária, promovendo redução do desempenho da incubação.

Foi observado também o rendimento de incubação (peso do ovo, peso do pinto, perda de peso do ovo em %, eclodibilidade, fertilidade e mortalidade embrionária) de ovos de matrizes de primeiro e segundo ciclo de produção (respectivamente 56 e 86 semanas de idade das matrizes) com diferentes densidades. Concluiu-se que o per-centual de pintos nascidos foi otimizado em matrizes de 56 semanas com ovos de densidade média e alta. A perda de peso dos ovos até a transferência (18 dias de incubação) foi maior para matrizes de primeiro ciclo (56 semanas) e em ovos com baixa densidade (Rosa et al., 1998).

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Rosa et al. (1999), comparando a eclodibilidade, a perda de peso e a mortali-dade embrionária total de ovos provenientes de matrizes de 36 a 62 semanas com diferentes densidades (baixa: 1,056 a 1,074; média: 1,075 a 1,080; e alta: 1,081 a 1,092), observaram que ovos de matrizes de 36 semanas apresentaram maior eclo-dibilidade e menor perda de peso e mortalidade. Os ovos com menor densidade apresentaram menor eclodibilidade, maior perda de peso e maior mortalidade embri-onária total.

Casca

O ovo fértil e sua estrutura funcional constituem-se em uma câmara natural de incubação, sendo a casca um importante componente desse processo, já que en-volve todo o conteúdo do ovo (clara+gema) e funciona como uma barreira, prote-gendo o conteúdo do ovo de choques mecânicos e da entrada de microorganismos. Além disso, a casca possui poros por onde ocorrem trocas gasosas com o exterior, permitindo a entrada da quantidade de oxigênio necessária ao desenvolvimento do embrião e saída de CO2 + H2O para o ambiente. Sendo assim, torna-se necessário que as estruturas da casca sejam formadas adequadamente, resultando em uma casca de boa qualidade para assegurar o ótimo desenvolvimento embrionário (Bran-dalize, 2001).

A perda de água ocorre através de processos de difusão pelos poros da casca, sendo 12,6% da massa total do ovo a quantidade de água eliminada, o que corres-ponde a um período de incubação de 21 dias, a 0,6% da massa total do ovo/dia. Esse cálculo é baseado no fato de que na casca não ocorram microtrincas, e que a perda de água seja feita apenas através dos poros existentes na casca. A quantidade de água eliminada fica também na dependência de outros fatores, tais como: umidade relativa do ar dentro da incubadora, porosidade funcional da casca, pressão de vapor d’água no ambiente, temperatura ambiente e pressão parcial de gases. A porosidade funcional da casca também é denominada de condutância, pois representa a capa-cidade que a casca tem de conduzir moléculas através da mesma.

Os poros da casca estão sempre preenchidos com gases ou vapor d’água, e o espaço entre as membranas interna e externa também fica cheio de ar. Dessa forma, o embrião e seu sistema de troca gasosa, o alantóide, ficam envoltos em uma atmos-fera gasosa e desenvolvem-se nesse meio. A composição adequada de gases é ne-cessária para o bom desenvolvimento do embrião.

A idade da ave destaca-se como um fator fisiológico determinante da qualidade da casca do ovo, do tamanho do ovo e, conseqüentemente, do tamanho dos pintai-nhos, o que resulta em uma constante preocupação em relação ao estabelecimento de programas de alimentação e na adoção das técnicas rotineiras de manejo.

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Apesar de não ser um fator nutricional, todos os artifícios usados para reduzir os efeitos da idade sobre a qualidade da casca estão direta ou indiretamente relaci-onados com a nutrição. A redução na qualidade da casca do ovo, com o aumento da idade da ave, é evidente, e pode ser facilmente constatada em condições de campo (Baião & Aguilar, 2001).

Segundo Brandalize (2001), à medida que as aves envelhecem, os ovos au-mentam de peso e diminuem a sua uniformidade. No entanto, os lotes de frangos de corte originados de matrizes jovens apresentam maior tendência em desuniformizar-se pelo fato de apresentarem uma porcentagem de ovos com pesos relativamente baixos, os quais originarão pintainhos com baixo peso à eclosão.

O tamanho do ovo aumenta com a idade mais rapidamente do que o peso da casca e, conseqüentemente, ocorre diminuição na espessura da casca e na porcen-tagem da casca em relação ao peso do ovo. Embora essas observações indiquem que a qualidade da casca do ovo da matriz mais velha pode ser melhorada contro-lando-se o tamanho do ovo, a correlação entre o peso do ovo e a resistência da casca é muito baixa (Baião & Aguilar, 2001).

Segundo Rondon & Murakami (1998), a condutância da casca pode ser melho-rada por meio da nutrição da matriz, especialmente pela administração de iodo e por métodos de manejo da pré-incubação, como lavagem com soluções de hipoclorito de sódio que, além de diminuir a contaminação microbiana, melhora a difusão de gases para evitar a hipóxia pré-eclosão.

A casca é responsável pela saída de dióxido de carbono e vapor de água do ovo. Os ovos de aves velhas têm a membrana externa (base orgânica da calcifica-ção) com uma composição em aminoácidos distinta daqueles produzidos por aves jovens. Essa distinta composição pode ser responsável por uma estrutura diferente e justificar as diferenças na qualidade das cascas (Baião & Aguilar, 2001). Além disso, foi demonstrado que as aves velhas, assim como aquelas que produzem ovos com casca de má qualidade, têm menor atividade da enzima anidrase carbônica, o que levaria à menor calcificação da casca do ovo.

Segundo Baião & Aguilar (2001), a quantidade de cálcio depositada na casca dos ovos permanece mais ou menos constante durante todo o ciclo de postura, to-davia, do início ao final do ciclo de postura, o ovo chega a aumentar até 40% do seu tamanho e, por isso, haverá menos cálcio na superfície da casca, o que reduz a resistência da casca. No entanto, essa teoria pode ser contestada, quando se verifica que ovos do mesmo tamanho, produzidos por galinhas de diferentes idades, e ovos originados de aves velhas têm menor resistência de casca.

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Desempenho pós-eclosão

Os aspectos relacionados à genética e idade das matrizes, bem como o manejo de incubação, podem afetar significativamente o desempenho das aves após a eclo-são. Wilson (1991) afirmou que a influência do tamanho do ovo permanece por um longo período após a eclosão. Nesse período, para cada grama a mais de ovo o pintainho possui um aumento de 2-13 gramas no peso corporal até a 6ª semana de vida. Segundo Leeson & Summers (2000), a diferença de 1g no peso do ovo pode resultar em 10 a 15 gramas de diferença no peso dos frangos com mais de 40 dias de idade, principalmente nos machos.

Tufft & Jensen (1991) observaram que a idade da matriz influenciou o peso corporal até a 3ª semana de vida das aves. Pintainhos oriundos de matrizes mais velhas foram mais pesados do que aqueles oriundos de matrizes mais jovens. Po-rém, no período subseqüente (3ª a 6ª semana), esse efeito não foi mais observado. Esses autores também mostraram que, quando são analisados os ovos por classes de peso, o efeito da idade da matriz desaparece, sugerindo que o peso do ovo e não a idade das matrizes influenciam o peso dos pintainhos.

Vieira & Moran (1998b,c) observaram que a idade da matriz influenciou positi-vamente o ganho de peso, a mortalidade e o rendimento de carcaça de frangos. Entretanto, quando se avaliou o peso de ovos dentro da mesma idade da matriz, observou-se que frangos oriundos de ovos mais pesados apresentaram maior ganho de peso que frangos oriundos de ovos leves. Porém, ovos maiores apresentaram influência negativa sobre a mortalidade de frangos durante os 49 dias do experimento (Tabela 5).

Os lipídios são a maior fonte de energia para o embrião durante o período de incubação. Aproximadamente 80% do conteúdo de lipídios da gema é mobilizado e absorvido durante os últimos 7 dias de incubação. Essa, portanto, pode ser uma das explicações para um melhor desempenho de pintos originados de ovos grandes.

Noy & Pinchasov (1993) avaliaram o efeito da idade das matrizes sobre a res-posta de pintainhos suplementados por uma solução nutritiva, logo após a eclosão, e não observaram diferença no desempenho final dessas aves. Porém, frangos de corte, provenientes de matrizes jovens (28 semanas de idade), e que receberam so-lução nutritiva, apresentaram melhor peso do que frangos de corte provenientes de matrizes velhas (70 semanas de idade) e que não receberam solução nutritiva. Esses dados sugerem que a diferença no desempenho devido à idade das matrizes pode ser atenuada pela estimulação do trato gastrointestinal logo após a eclosão.

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Tabela 5. Efeito da idade da matriz e do peso do ovo sobre o desempenho de frangos de corte.

Ganho de peso (g)

Conversão ali-mentar (g/g)

Mortalidade (%)

Rendimento de carcaça (%)

Idade da Matriz (semanas)

27 2595b 1,93 14,8b 65,6

62 2692a 1,90 9,0a 66,5

Peso do ovo

Pesado 2827a 1,90 5,0b 66,3

Leve 2750b 1,89 1,3a 65,9

Adaptado de Vieira & Moran (1998 b,c).

Almeida (2002), trabalhando com pintainhos oriundos de matrizes de diferentes idades (30 e 60 semanas) e com diferentes tempos de alojamento (0,24 e 48 horas pós-eclosão), observaram que pintainhos alojados 48 h pós-eclosão não recupera-ram o ganho de peso, quando comparados a pintainhos alojados 0 ou 24 h pós-eclosão. Aos 21 dias de idade, aves oriundas de matrizes velhas (60 semanas) alo-jadas 24 horas pós-eclosão conseguiram recuperar seu peso comparado a aves alo-jadas a 0 horas pós-eclosão; entretanto, aves oriundas de matrizes jovens (30 sema-nas) não apresentaram a mesma resposta, demonstrando assim a interação (Tabela 6) entre a idade da matriz e tempo de alojamento sobre o ganho de peso de frangos de corte. Esse achado pode auxiliar no esclarecimento de divergências encontradas em vários trabalhos sobre a interferência do tempo de alojamento no desempenho. Ainda, avaliando os dados de Almeida (2002), observa-se que o consumo de ração e o ganho de peso foram positivamente afetados em frangos de corte oriundos de matrizes mais velhas. Entretanto, a conversão alimentar dessas aves, oriundas de matrizes velhas, foi pior do que aquela observada em aves oriundas de matrizes jo-vens.

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Tabela 6. Ganho de peso aos 21 dias (GP-21), ganho de peso (GP-42), consumo de ração (CR-42) e conversão alimentar (CA-42) aos 42 dias de idade em frangos de corte, oriundos de matrizes de diferentes idades e submetidos a diferentes tempos de alojamento.

Idade Tempo GP-21 (g) GP-42 (g) CR-42 (g)

30 0 684 2299 3651

30 24 618 2242 3477

30 48 562 2190 3380

60 0 717 2395 4067

60 24 710 2449 3936

60 48 649 2337 3784

Efeitos principais

Idade 30 sem. 621 2244 3503

60 sem. 692 2394 3929

0 700 2347 3859

Tempo 24 664 2346 3706

48 606 2264 3582

Probabilidade

Idade 0,001 0,001 0,001

Tempo 0,001 0,021 0,011

Idade x Tempo 0,003 0,217 0,937

Adaptado de Almeida (2002).

Idade da matriz e alterações metabólicas

Com a melhoria do manejo, nutrição e sanidade na criação de aves, além de uma intensa pressão de seleção para o aumento do peso ao abate, boa conversão alimentar e diminuição do tempo necessário para a obtenção de um frango pronto para o mercado, começaram a aumentar a mortalidade e as condenações no abate-douro causadas por distúrbios metabólicos, como síndrome ascítica e síndrome da morte súbita, que estão diretamente ligadas aos altos níveis de produção.

Atualmente, na literatura, não têm sido reportados trabalhos mostrando a in-fluência da idade da matriz sobre os parâmetros fisiológicos dos embriões, especial-mente aqueles potencialmente envolvidos na fisiopatogenia das doenças metabóli-cas.

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A Síndrome Ascítica ou Síndrome da Hipertensão Pulmonar ou Ascite (SA) é um conjunto de fatores com características clínicas advindas de desarranjos meta-bólicos e fisiológicos associados com a rápida taxa de crescimento (Leeson, 1994). Seu início se dá em uma progressão fisiopatológica na qual há uma hipertensão pul-monar levando à hipertrofia, dilatação, falha cardíaca direita congestiva, congestão venosa e central, dano hepatocelular (edema e fibrose) e transudação de fluido para a cavidade abdominal. Normalmente aparece em lotes criados em altas altitudes com baixa pressão parcial de oxigênio ou em baixas altitudes durante o período de in-verno.

Muitos estudos têm tentado relacionar a suscetibilidade das aves aos parâme-tros fisiológicos, tais como o índice cardíaco, o hematócrito, os hormônios tireoidea-nos e a viscosidade sangüínea. Luquetti (2001) observou que a idade da matriz afe-tou o peso corporal e o peso absoluto dos pulmões e do coração de pintainhos neo-natos, mas não os parâmetros sangüíneos (Tabelas 7 e 8).

Gonzales et al. (1994), trabalhando com 2 linhagens comerciais originárias de plantéis de matrizes de diferentes idades e avaliando a incidência da síndrome da morte súbita (SMS) em frangos de corte, evidenciaram que nem as linhagens estu-dadas ou a idade da matriz afetaram a mortalidade total e/ou por SMS em frangos. Entretanto, esses autores ressaltaram que os frangos provenientes de matrizes mais velhas apresentaram maiores ganhos de peso e consumo de ração, fatores que es-tão associados com o aumento de mortalidade total e por SMS.

Wilson (1991) aponta a inexistência de relação entre idade da matriz e peso dos ovos sobre a mortalidade da progênie ou influência muito pequena em favor de frangos produzidos por matrizes mais velhas. No entanto, Tuff & Jensen (1991) ob-servaram que frangos produzidos por matrizes jovens apresentam menor taxa de sobrevivência.

A discondroplasia tibial (DT) é outra anormalidade metabólica de frangos de corte em crescimento, que é caracterizada pela formação de um plug ou massa anor-mal de cartilagem não vascularizada, pobremente mineralizada na metáfise da ex-tremidade proximal da tíbia. Normalmente, esse distúrbio é bilateral e aparece fre-qüentemente entre a 3ª e 8ª semanas de vida do frango, sendo os machos mais suscetíveis. A prevelência da DT em frangos é normalmente de 1 a 2%, com incidên-cia alcançando de 40 a 50% em populações severamente afetadas. Além do descarte de aves durante o período de criação, a discondroplasia tibial é frequentemente as-sociada com perdas nos abatedouros devido às fraturas tibianas (Leach & Lilburn, 1992).

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Tabela 7. Peso do ovo e valores absolutos e relativos dos pesos da casca do ovo e do pinto neonato obtidos de matrizes de frangos de corte de idades diferentes.

Ovo Casca Pinto

N¹ Peso (g) Peso (g) I.R.² (%) Peso (g) I.R.² (5)

Idade da matriz (semanas)

30 103 58.3±0.25c Q 5.82±0.07b L 9.97±0.12a L 42.2±0.24c L 72.35±0.24L

45 71 64.6±0.44b 6.14±0.11a 9.49±0.14b 46.0±0.44b 71.21±0.52

60 76 68.2±0.49a 6.07±0.09a 8.91±0.12c 48.6±0.48a 71.33±0.52

Sexo

M 122 63.5±0.50 6.02±0.07 9.50±0.10 45.7±0.39 71.97±0.33

F 128 62.7±0.48 5.96±0.08 9.51±0.12 44.8±0.39 71.47±0.34

Valores de F (ANOVA)

Idade(I) 195.4* 3.36* 19.10* 76.56* 4.28*

L 380.34* 4.40* 38.20* 151.92* 5.22*

Q 10.50* 2.32ns 0.00ns 1.19ns 3.35ns

Sexo(S) 0.12ns 0.24ns 0.20ns 0.93ns 1.31ns

I x S 0.05ns 0.03ns 0.07ns 0.15ns 0.24ns

¹ N=número de observações. Dados expressos em valores médios ± EPM (erro padrão da média). ²I.R.=índice percentual do peso da característica em relação ao peso do ovo. L=efeito linear (p<0,05). nsNão significativo; *Significativo ao nível de 5%; **Significativo ao nível de 1%. Adaptado de Luquetti (2001).

Tabela 8. Características sanguíneas de pintos neonatos originados de ovos de matrizes de idades dife-rentes.

RBC HCT VCM HGB

N¹ (x106/mm³) % (µ³) g/dL

Idade da matriz (semanas)

30 102 2.48±0.03 34.7±0.57 140.4±1.39 8.78±0.10

45 70 2.49±0.04 36.0±0.65 145.3±1.87 8.96±0.11

60 73 2.44±0.05 35.0±0.71 143.8±1.85 8.83±0.13

Sexo

M 120 2.42±0.03b 34.5±0.49b 143.7±1.44 8.73±0.10

F 125 2.52±0.03a 35.8±0.54a 142.0±1.30 8.96±0.10

Valores de F (ANOVA)

Idade(I) 0.28ns 0.10ns 1.64 ns 0.39 ns

L 0.44ns 0.09 ns 3.28 ns 0.21 ns

R 0.11ns 0.10 ns 0.001 ns 0.57 ns

Sexo(S) 6.05* 5.04* 1.23 ns 3.48 ns

I x S 0.39ns 0.85 ns 1.25 ns 0.50 ns

¹N=número de observações. Os dados estão expressos em valores médios ± EPM. RBC=número de eritrócitos; HCT=he-matócrito; VCM=volume corpuscular médio; HGB=hemoglobina. Efeito do sexo, médias seguidas de diferentes letras diferem significativamente pelo teste F (P<0.05). ns=não-significativo; *Significativo ao nível de 5%. Adaptado de Luquetti (2001).

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A idade da matriz também pode interferir na incidência da discondroplasia tibial na progênie. Existe uma tendência de maiores taxas de incidência em frangos oriun-dos de matrizes mais jovens, principalmente quando alimentados com ração de alta energia (Rambousek et al., 1998).

Literatura consultada

Almeida, J.G. (2002). Efeito do intervalo de tempo entre o nascimento e o alojamento no de-sempenho, características de carcaça e vísceras de frangos de corte provenientes de matrizes de diferentes idades. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.76p.

Ambrosen, T., Rotenberg, S. (1981). External and internal q uality and chemical composi-tion of hen eggs as related to age and selection for production traits. Acta Agricultura Scandi-navica, 31:139-152.

Applegate, T.J., Dibner, J.J., Kitchell, M.L., Uni, Z., Lilburn, M.S. (1999). Effect of turkey (Mel-eagridis gallopovo) breeder hen age and egg size on poult development. 2.Intestinal villus growth, enterocyte migration and proliferation of the turkey poult. Comparative Biochemistry and Physiology, 124B:381-389.

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FISIOPATOLOGIA E IMPACTOS SOBRE A RESPOSTA DO SIS-TEMA DIGESTIVO

Oscar E. Morales Mendoza

DVM MSc. Consultor

O entendimento e a compreensão da estrutura e funcionalidade digestivas são de alta importância na produção animal. Sabemos que o aparato digestivo é uma interface entre o que entregamos ao animal a partir de um ambiente variável e o sistema interno do animal, altamente homeostático. Se tudo correr bem, os resulta-dos produtivos serão os esperados.

Caso se apresentem desvios do comportamento fisiológico esperado teremos impactos diversos na saúde, produtividade, inocuidade / qualidade do produto final, e decréscimo na rentabilidade.

O que é o que chamamos de integridade intestinal?

Devemos entender a integridade intestinal desde vários ângulos:

Os elementos estruturais são simplesmente o andaime do cenário. Quando aparecem os atores, cada elemento tem uma função a desempe-

nhar, visando um resultado de equipe.

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A tarefa deve respeitar o equilíbrio e o bom relacionamento com outros siste-mas, com o próprio animal e com a massa bacteriana que mora simbioticamente dentro do tubo digestivo e com o consumidor final dos produtos.

Tradicionalmente temos entendido o funcionamento produtivo do intestino a partir das bases de seus componentes estruturais e suas funções individuais. Espe-ramos uma seqüência fisiológica aparentemente pré-definida, altamente repetitiva e previsível. Entretanto, a renovação de nossos conhecimentos e compreensão per-mite reconhecer a complexidade e interações de múltiplos fatores que nem sempre parecem estar, à primeira vista, ligados à eficiência e produtividade da função diges-tiva.

Passo a passo: dos elementos simples à complexidade de um ecossistema altamente diverso

Com os avanços e aportes constantes dos pesquisadores, surgiram gradual-mente modelos inovadores que incorporam a compreensão de que o intestino, além de suas funções monotemáticas digestivas, é, na realidade, o cenário de múltiplas interações e que temos no fundo um ecossistema complexo. Mesmo assim, esses novos modelos não ignoram a simplicidade nem o conhecimento básico. Ainda é importante entender cada um dos elementos funcionais e estruturais para que seja possível correlacioná-los.

O sistema digestivo está em contato permanente com agentes e substân-cias do ambiente externo.

Além de cumprir a função de seleção e absorção de nutrientes, o sistema digestivo deve evitar que essas substâncias ou agentes estranhos entrem no corpo.

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O ambiente digestivo é normalmente hostil à maioria dos agentes infeccio-sos; mesmo assim, alguns desses agentes patógenos, ou potencialmente patógenos desenvolveram mecanismos de adaptação ou escape.

A Tabela 1 apresenta os componentes estruturais do intestino e suas funções. Todos esses elementos e funções têm uma tendência a manter o equilíbrio funcional. A soma das capacidades que cada elemento aporta ao equilíbrio do sistema intestinal é chamada de “Reserva Homeostática”:

Epitélio

Barreira Secreção e fixação de enzimas Absorção Transporte ativo Apresentação de antígenos Secreção e recepção de citocinas Aderência de leucócitos Aderência de microbiota

Endotélio

Barreira Alojamento de células imunes

Matriz extracelular Os fibroblastos secretam e recebem citocinas Modificam a composição e estrutura das fibras para aderência de leucócitos Fibroblastos

Musculatura Motilidade e tonicidade. Avanço ou retro-peristaltismo Modificam o tempo de contato e permanência

Nervos

Sensores para captura de data sobre as condições Retorno das respostas Estímulo +/- atividade muscular e glandular Estimula a secreção de muco e IgA Regula a resposta a hormônios locais Regulador do stress?

Macrófagos

Participa das respostas imunes ina-tas e adaptativas

Limpeza, apresentação de antígenos

Linfócitos e outras células imunes

Desenvolvimento de respostas imu-nes inatas e adaptativas

Linfócitos intra-epiteliais governam o desenvolvimento e função dos ente-rócitos

Glândulas secre-toras externas

Secreção e entrega de enzimas, tensoativos, Desintoxicação e eliminação de metabolitos

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A barreira epitelial do intestino

A barreira mais evidente entre os espaços da luz intestinal e a circulação sistê-mica do animal é o epitélio intestinal. Biologicamente esta barreira delimita os territó-rios onde as bactérias do microbioma intestinal habitam e o espaço sistêmico onde a presença de bactérias não é tolerada.

As células epiteliais não são simples barreiras estruturais. Elas têm capacidade de apresentação de antígenos, que antes acreditava-se limitada somente aos ma-crófagos profissionais (heterófilos no caso das aves).

Os enterócitos exercem múltiplas atividades, como parte de um complexo in-tercâmbio que regula e é regulado pelos fenômenos inflamatórios:

Secretam citocinas que regulam a presença e proliferação de células mo-nonucleares na lâmina própria.

Expressam moléculas superficiais que ancoram os leucócitos. Alteram suas funções pela própria influência dos linfócitos. Expressam proteínas de presença intracelular e extracelular, que se enla-

çam ativamente para conformar a arquitetura da barreira.

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A forma como os enterócitos estão unidos para conformar a barreira não é sim-

plesmente mecânica. Complexos protéicos com domínios intracelulares e extracelu-lares estabelecem diversos tipos de ancoragem entre células adjacentes e entre as células e a lâmina própria em que estão assentadas.

O microbioma e a ecologia intestinal

A Tabela 1, que lista os elementos estruturais e suas funções homeostáticas e a descrição do detalhe estrutural da barreira epitelial intestinal, têm uma função des-critiva e pedagógica, mas ainda são insuficientes. É necessário, também, considerar outros elementos, que não são de natureza estrutural nem anatômica, mas que têm grande importância no equilíbrio e funcionamento intestinal.

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A grande massa de microrganismos que habita o interior do intestino – cha-mada de “microbioma” – é, sem dúvida, um ator biológico importante. O comporta-mento do microbioma intestinal e o relacionamento com o hospedeiro são determi-nantes de alto impacto na saúde dos animais, no resultado produtivo e na qualidade final do produto alimentício para consumo humano.

Como conseqüência de grandes avanços na biologia molecular de genes ri-bossômicos (ARNr) e o processamento de dados seqüenciais (metagenômica), obti-vemos mais conhecimento sobre a composição do microbioma intestinal das aves. Hoje sabemos que o microbioma obedece a todos os parâmetros de um ecossistema, com grande diversidade de espécies – mais de 2.800 conhecidas e muitas ainda desconhecidas – e com distribuição altamente heterogênea.

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Em termos ecológicos, o microbioma intestinal é um “ecossistema diverso”. Estamos aprendendo que alterações e desequilíbrios dessa diversidade, em termos de riqueza e distribuição, têm conseqüências negativas para a saúde e produtividade dos animais.

A enorme diversidade (riqueza + abundância relativas), resulta difícil de apre-sentar e interpretar visualmente; mas os pesquisadores têm usado representações gráficas do tipo “mapa de calor” ou perfis mais simples de grupos taxonômicos. Essas representações nos ajudam a entender melhor as mudanças seqüenciais do micro-bioma que acontecem com a idade das aves e como diferentes intervenções resultam em modificações destes perfis do ecossistema intestinal.

O “mapa de calor” representa, em diferentes intensidades de cores, a ausência ou presença relativa de diferentes grupos taxonômicos de bactérias no microbioma cecal de frangos de corte. A seqüência amostra que a taxa dominante muda de bac-térias Gram negativas a Gram positivas, a partir da semana 1 até a semana 6 de idade.

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Representação gráfica da composição do microbioma de frangos de corte aos 14 e aos 28 dias de idade. Os perfis taxonômicos -- mesmo com diferenças notáveis -- não expressam a mesma variabilidade funcional, indicando que diferentes micro-biomas podem alcançar um mesmo equilíbrio funcional, representando um papel importante na homeostase intestinal.

Quanto custa uma alteração intestinal?

O impacto produtivo de uma alteração intestinal pode ser visualizado sob três perspectivas diferentes:

Contábil e financeiro Nutricional Fisiopatológico

Métrica contábil / financeira

O impacto econômico de um desequilíbrio produtivo intestinal pode se apre-sentar claramente no resultado produtivo da granja. Em geral o sistema contábil pode detectar e quantificar esse impacto. Vejamos este caso de campo:

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Tabela 2. Relatório contábil comparativo dos resultados em lotes de 24.000 frangos de corte, (População ajustada a 24.000 iniciais frangos para comparação) com ou sem apresentação de enterite moderada (diagnosticada como disbacteriosis), com aumento de mortalidade + aves prostradas não aptas para abate (+1.51%).

Sem enterite

Com enterite (disbacteriosis)

diferença

Consumo ração /ave 3.517 g 3.534 17 Média peso / ave 2.364 g 2.310 -54 g % Mortalidade final 3,22 % 4,73 % +1,51% Conversão alimentar 1,48 1,53 +0,04 Aves final em processo 23.227 22.865 -362 Consumo total ração 81.263 kg 80.812 -451 Kg Peso vivo total entregado 54.908 kg 52.818 kg -2.090 kg Ingresso por frango vivo $4,07 / Kg

$223.475,56 $214.969,26 $-8.506,30

Egresso ração $1,35 Kg $-109.705,05 $-109.096,20 $608,65 Total outros egressos por custos fixos e variáveis

$-80.400,00 $-92.520,00 +$ 12,120

Ingressos - egressos $33.370,51 $13.353.06 $-20.017.45 Por frango $-0,875 Por kg vivo $-0.378

O impacto medido pelo exercício contábil é a somatória interconectada de:

Perdas diretas (mortalidade, menor produção, mais ração por unidade de produto, quantidade reduzida de produto final, descartes e condenação, etc.).

Aumento ponderado dos custos fixos (custo laboral, depreciação de equi-pamentos, uso de instalações, etc.) / pelo menor número de unidades pro-duzidas.

Aumento de custos: medicações, reprocesso, desinfeções, troca de cama, mão de obra adicional.

Outros custos empresariais com escopos mais amplos não aparecem no rela-tório contábil da granja, mas poderão influir direta ou indiretamente nos relatórios contábeis e financeiros da empresa: impactos negativos na qualidade, na imagem, marca, perda de oportunidades de acesso a mercados (exportações, mercados ins-titucionais, compradores seletivos, etc.)

A perspectiva nutricional

Vejamos os resultados dos vários trabalhos do Dr. Titter e colaboradores. A metodologia tem como foco pesquisar e comparar de que forma os animais usam a energia em condições normais e em condições de alterações fisiopatológicas. Um dos resultados é a estimativa razoável do custo em quilocalorias. Para isto, o Dr.

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Titter e colaboradores usaram diferentes medições com gaiolas metabólicas, energia eliminada nas excretas, curvas de desempenho, escores de lesões, além de correla-ções entre os testes sob condições altamente controladas e observações de campo.

A equipe do Dr. Titter avaliou a correlação entre a alterações fisiopatológicas causadas por Eimeria – medidas pelo escore de lesões --, contra as alterações me-tabólicas medidas em Kcal. Os trabalhos da equipe do Dr. Teeter resultaram em modelos matemáticos preditivos do impacto medido em quilocalorias de várias doen-ças.

Vejamos, como exemplo condensado, um dos estudos que avaliou o custo ca-lórico de um desafio de Eimeria.

A Tabela 3 apresenta os resultados parciais e condensados das mudanças metabólicas (energia metabolizável) e produtivas, correlacionadas com o escore de lesões intestinais por Eimeria, em frangos de corte de 28-34 dias de idade:

Tabela 3. Mudanças metabólicas e produtivas por desafio de Eimeria em frangos.

Grau de lesão por Eimeria

0 1 2

Média ganho de peso/dia gramas 92,6 54,3 27,3 Custo de manutenção Kcal 187 218 308 Demanda adicional por alteração -31 -121 Consumo / dia Kcal ( E metabolizável) 562 477 420 Consumo adicional por alteração -55 -142 Energia em excretas Kcal/dia 24 57 86 Aumento em excretas -33 -62 Energia retida 274 162 87 Ganho de peso / ração gr/gr 0.54 0.37 -0.04 Kcal manutenção + retida 461 380 395 % Energia usada /consumida 82.0% 79.6% 94% Quantas Kcal custou/ (Idade 28-34 dias) 0 -833 -2.275

A perspectiva fisiopatológica do desvio energético

O interesse inicial do Dr. Klasing e colaboradores, em Davis - California, foi estudar o gasto metabólico ocasionado pela resposta imune adaptativa. Estes pes-quisadores isolaram e avaliaram o efeito diversos fatores fisiopatológicos, assim como as possíveis interações entre eles.

Os modelos iniciais comparavam os ganhos de peso de animais inoculados com agentes inflamatórios vs. controles. As respostas observadas não explicavam completamente as observações dos resultados produtivos. Klasing e col. chegaram

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a suspeitar que na patogenia dos modelos estudados estavam presentes interferên-cias e interações sutis que inadvertidamente alteravam a distribuição dos recursos nutricionais, mas que resultavam em impactos produtivos e econômicos notáveis.

Os resultados foram mais esclarecedores após a alteração do modelo experi-mental pela adição de um terceiro grupo de animais controle. O consumo de ração deste grupo (alimentação paralela) passou a ser governado pelo consumo dos ani-mais sujeitos a agentes causantes de inflamação. Os resultados evidenciaram que 70% do impacto negativo no ganho de peso era devido à redução de apetite/con-sumo, resultante do efeito de citocinas acompanhantes de mecanismos inflamató-rios.

O 32 % restante explicava-se por deficiências metabólicas (8%), gasto energé-tico em febre (3.5 %), ineficiências digestivas (9%) e a construção de uma resposta imune sistêmica (5%).

As perspectivas, nutricional e fisiopatológica das alterações intestinais não são – e não pretendem ser - independentes do resultado econômico. Os objetivos da continuação da pesquisa buscam obter repostas e aplicações práticas às seguintes questões:

Por que se apresentam as alterações digestivas/intestinais? Quais agentes e mecanismos estão envolvidos? Como interagem entre eles? Como interagem com outros fatores não in-

testinais? Quando os problemas se apresentam: o que não deu certo? Que fatores

se somaram? Por que? Em que momento? Como se poderia evitar/remediar? Que intervenções práticas e realistas poderiam corrigir ou mitigar o im-

pacto?

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ENERGETIC COSTS OF COCCIDIAL INFECTION AND VACCINATION

Doug Korver

University of Alberta Edmonton, AB Canada

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Introduction

Feed costs are generally recognized to contribute approximately 60 to 70% of the total cost of broiler production, and energy is the most expensive component of broiler feed. Therefore, factors that influence the efficiency of feed energy utilization can have a major impact on the overall profitability of broiler production.

Coccidiosis is an intestinal disease caused by protozoan parasites of the genus Eimeria and results in intestinal cell disruption leading to decreased growth perfor-mance and potentially death [1]. Although exact costs are difficult to quantify, the global costs of coccidiosis were estimated to be approximately $2.4 billion USD, or R$9.1 billion at current exchange rates [2]. Within the United Kingdom, the estimated cost of coccidiosis to the industry in 1999 was over £38.5 million, or R$1949 million at current exchange rate [3]. Of that cost, almost 18% was due to the cost of prophy-laxis, and over 80% due to subclinical effects on weight gain and feed conversion ratio losses. Therefore the economic impact of lost productivity far outweighs the costs of preventing the disease in the first place. In addition to the metabolic costs associated with tissue damage caused by the Eimeria parasites directly [4], activation of the immune response, particularly inflammation, can also reduce performance [5].

Overview of the immune system

The immune system has two distinct arms, which work together to protect the bird from infectious disease. The innate immune system offers non-specific protection from pathogenic threats, and includes the barrier function of the skin and mucosal surfaces [6]. Inflammation is an important component of the innate response, and the signals regulating inflammation can have endocrine-like effects on other physiological systems as well [7]. The systemic effects of inflammation include mechanisms meant to create an inhospitable environment for the pathogen, but also change the metabo-lism of the animal in a way that can restrict feed intake, nutrient utilization for tissue

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deposition, and ultimately, growth [8]. Conversely, the adaptive immune response in-volves targeted mechanisms focused directly and specifically upon the invading path-ogen. The cost of using the adaptive immune response is low, and in many cases, allows for a more rapid and specific response when a particular pathogen is encoun-tered more than once [6]. It is this memory function that is used when birds are vac-cinated against a particular disease such as coccidiosis. The activation of adaptive immunity requires an initial innate response, as the pathogen antigen is processed by cells of the innate system, signals are sent throughout the body to recruit more innate and adaptive cells to the site of infection, and ultimately the resolution of the immune challenge by the adaptive immune system. Therefore, the activation of the innate im-mune system following a coccidiosis challenge or vaccination can have detrimental effects on the health and productivity of the bird. As long as an appropriate adaptive response can be maintained, it would therefore be beneficial to reduce the duration of the innate response before the shift to adaptive, the intensity of the innate response, or both.

Calorific costs of coccidial infection

Almost all of the work quantifying the energetic costs of coccidiosis on broiler performance was done by Dr. Bob Teeter of Oklahoma State University. Unfortu-nately, most of this work has been published as proceedings papers for various con-ferences [9-11], and can be difficult to obtain. Although intestinal lesion scores are widely used to track the progression and timing of coccidiosis in broiler flocks, little work had been done prior to that point relating the severity of lesions to bird perfor-mance.

The energetic cost of a coccidiosis challenge at various ages of broiler chickens was determined [10, 11]. Groups of broilers were given either an oral dose of sterile saline, or a coccidiosis challenge on 14, 21, 28, 35 or 42 days of age. The coccidiosis challenge given on days 14 through 35 consisted of an oral dose of Eimeria maxima (20,000 oocysts per bird), Eimeria acervulina (50,000 oocysts per bird) and Eimeria tenella (30,000 oocysts per bird); at day 42 the number of oocysts were increased to 55,000, 105,000 and 50,000 for the respective Eimeria species. For the six days fol-lowing the oral dosing, average daily gain, feed consumption and feed efficiency of the control and challenged birds were determined. At the end of the six days, heat production was determined by indirect calorimetry, and body composition measured using dual-energy x-ray absorptiometry. The birds were then euthanized to determine intestinal coccidiosis lesion scores, with 0 indicating no lesions and 4 indicating se-vere lesions [12]. Maintenance energy, retained energy, accretion energy, added ex-creta energy and predicted ME consumption were modelled.

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Within each age range, increasing lesion severity decreased body weight gain and metabolizable energy consumption, and increased maintenance energy cost per day. As well, energy excretion was increased, and energy retention and feed effi-ciency were decreased. Most importantly, the severity of the negative effects of coc-cidiosis became substantially greater as the birds aged. That is, as birds increased in body weight as they approached marketing age, the negative consequences of a coc-cidiosis challenged was dramatically increased. It is important to keep in mind that the comparisons were made keeping lesion score constant. Therefore, at a given severity of coccidiosis, there will be less of an effect on younger birds than on older birds. Additionally, the younger birds will have a longer time to recover from the challenge before reaching market age.

Other detrimental effects of coccidiosis

In addition to the metabolic effects of coccidiosis infection, there are direct costs to the bird due to tissue damage and reduced nutrient absorption. Following a vaccine challenge (12,500 oocysts/bird of Coccivac-B) at 42 days of age, energy digestibility at 55 days of age was reduced compared to non-challenged birds [13]. Thus not only is energy expenditure increased following infection [10, 11], so is energy absorption from the diet.

Following a coccidial challenge (1,000 oocysts of E. tenella at 21 d of age), the reduction in broiler growth and performance was mediated in part by a reduction in feed intake, and in part by reduced expression of some brush border amino acid and peptide transporters, as well as some carbohydrate transporters [14]. Challenge with E. acervulina (250,000 to 1,000,000 oocysts per bird) at 15 d of age decreased growth rate, feed intake and feed efficiency, as well as the digestibility of most essential and non-essential amino acids [15]. However, circulating levels of some amino acids in-creased, whereas others decreased following infection, indicating an altered protein metabolism due to increased skeletal muscle degradation and acute phase protein synthesis in the liver.

Adedokun et al. [16] investigated the effect of a 12X coccidial vaccine challenge (a total of approximately 6,000 oocysts of E.acervulina, E. mivati, E. maxima and E. tenella) of broiler chickens at 15 and 35 days of age. Bird performance was monitored for 6 days post- challenge. Contrary to the results of Teeter [10, 11], although there were significant reductions in body weight gain, feed intake, and feed efficiency in the younger birds, there was no effect on performance in the older birds. However, en-dogenous losses of nitrogen and several essential amino acids by infected birds were increased in older birds, but there were no changes in the younger birds.

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Conclusions

Coccidiosis can directly decrease bird performance through decreased feed in-take and damage to the intestine, and indirectly through reduced nutrient absorption and changes in nutrient and energy metabolism. Prevention of the disease is essential in reducing the economic impact. Although pharmaceutical control of coccidiosis is allowed under most production systems, it might be expected that consumer pressure will begin to result in a removal of certain products, similar to the loss of growth-pro-moting antibiotics. Vaccination may be an effective strategy to control coccidiosis in broilers. Although vaccination might elicit mild systemic inflammatory responses, it is apparent that such responses early in life have a much lesser impact on performance than the same challenge later in life. Further, the response to a typical vaccine dose would be far less than to that of a clinical disease challenge.

References

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4. Bould, J. G., H. M. Elsheikha, and T. A. Morsy. 2009. Avian coccidiosis: The basic pathology to control. J Egypt Soc Parasitol 39:85-98.

5. Lu, H., S. A. Adedokun, L. Adeola, and K. M. Ajuwon. 2014. Anti-inflammatory effects of non-antibiotic alternatives in coccidia challenged broiler chickens. Journal of Poultry Science 51:14-21.

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10. Teeter, R. G., A. Beker, C. Brown, C. Broussard, S. Fitz-Coy, J. Radu, and L. Newman. 2009. Effective caloric value of bird health and management. Pages 71-73 in Proceedings of the Fifty-Eighth Western Poultry Disease Conference, Sacramento, CA.

11. Teeter, R. G., A. Beker, C. Brown, C. Broussard, S. Fitz-coy, J. Radu, and L. Newman. 2008. Calorific cost of immunity development to coccidiosis. Pages 22-26 in Proceedings of the World's Poultry Congress, Brisbane, Australia.

12. Johnson, J., and W. M. Reid. 1970. Anticoccidial drugs: Lesion scoring techniques in battery and floor-pen experiments with chickens. Exp Parasitol 28:30-36.

13. Adedokun, S. A., A. J. Pescatore, M. J. Ford, J. P. Jacob, and A. Helmbrecht. 2017. Examining the effect of dietary electrolyte balance, energy source, and length of feeding of nitrogen-free diets on ileal endogenous amino acid losses in broilers. Poult Sci 96:3351-3360.

14. Miska, K. B., and R. H. Fetterer. 2018. The effect of eimeria maxima infection on the expression of amino acid and sugar transporters aminopeptidase, as well as the di- and tri-peptide transporter pept1, is not solely due to decreased feed intake. Poultry Science 97:1712-1721.

15. Rochell, S. J., C. M. Parsons, and R. N. Dilger. 2016. Effects of eimeria acervulina infection severity on growth performance, apparent ileal amino acid digestibility, and plasma concentrations of amino acids, carotenoids, and alpha 1-acid glycoprotein in broilers. Poultry Science 95:1573-1581.

16. Adedokun, S. A., A. Helmbrecht, and T. J. Applegate. 2016. Investigation of the effect of coccidial vaccine challenge on apparent and standardized ileal amino acid digestibility in grower and finisher broilers and its evaluation in 21-day-old broilers. Poult Sci 95:1825-1835.

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ENFERMIDADES METABÓLICAS DE MAIOR IMPACTO EM FRANGOS DE CORTE

Fernando Rutz1, Eduardo Gonçalves Xavier1, Juliana Klug Nunes2, Aline Piccini Roll1, Débora Cristina Nichelle Lopes1,

Victor Fernando Buttow Roll1

1Universidade Federal de Pelotas 2Instituto Federal Sul-rio-grandense câmpus Pelotas-Visconde da Graça

Introdução

O consumo de carne de frangos tem aumentado substancialmente no mundo (OECD/FAO, 2015). Em 2050, serão mais de nove bilhões de pessoas que necessi-tarão ser alimentadas e a carne de aves terá um papel fundamental. Perspectivas indicam que, ao redor do ano 2020, o consumo de carne de aves ultrapassará o de carne suína, na atualidade a mais consumida globalmente (BEST, 2011). Uma das principais razões para esta mudança é a percepção, por parte do consumidor, de que a carne de aves é mais saudável, comparativamente às carnes vermelhas. Uma pu-blicação conjunta da Royal College of Physicians of London e da British Cardiac So-ciety (RCP-BCS, 1976) recomendou substituir a carne vermelha pela de aves para reduzir doenças cardíacas coronárias. Além disso, a gordura depositada em aves está associada à pele, o que a torna de fácil remoção, reduzindo o consumo lipídico. Por outra parte, a facilidade de cozimento, a disponibilidade, o baixo custo e a au-sência de restrição religiosa, também tornam a carne de aves mais popular (PE-TRACCI et al., 2014).

Como o consumo de carne de aves tem aumentado consideravelmente, os ge-neticistas estão desenvolvendo aves com ganho de peso cada vez mais acelerado. Desde o início dos anos 2000, os frangos e os perus têm alcançado o peso de abate em torno da metade do tempo previsto, comparativamente a mais de meio século atrás (HAVENSTEIN et al., 2003). De 1957 até 2005, o peso dos frangos quadrupli-cou e o rendimento de peito (Pectoralis major) aumentou 80% (ZUIDHOF et al., 2014). Nos últimos 30 anos, o ganho de peso tem aumentado 30,2 g por ano e a conversão alimentar melhorado anualmente em 0,036% (National Chicken Council, 2015). Além disso, nos últimos 15 anos, a mortalidade dos frangos caiu 0,05% ao ano e a condenação de carcaças reduziu de 1,79% para 0,24% por ano (National Chicken Council, 2015).

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O desempenho produtivo das aves poderia ser superior. Ao trabalhar com fran-gos de um a 34 dias, Mateos et al. (2014) registraram que estas aves, alimentadas adequadamente e sob condições ótimas de criação, alcançaram ganho de peso diá-rio (71 g) em torno de 20% acima dos parâmetros esperados como padrão para as linhagens genéticas (60 g).

Em torno de 80 a 85% da melhora verificada no desempenho produtivo das aves tem sido atribuída ao melhoramento genético e, devido à alta seleção genética, as novas linhagens comerciais de frangos de corte estão desenvolvendo músculos formados pelo dobro de fibras musculares e com maior diâmetro (REMIGNON et al., 1995; SHEUERMANN, 2008). Na Europa e nos Estados Unidos, a demanda de carne de aves está mais concentrada em cortes de peito, que podem ser comercializados frescos ou processados, por terem alta qualidade nutricional. Assim, as linhagens modernas têm demonstrado um aumento substancial no rendimento de peito, que representa 20% do peso vivo de um frango (HAVENSTEIN et al., 2003). Corrobo-rando com esta informação, Petracci et al. (2015) registraram que de 2005 até 2015 a seleção contínua de frangos resultou em um aumento de 5% no rendimento de peito, representando mais de 20% do peso da ave.

Entretanto, o progresso genético no desempenho dos frangos de corte tem ge-rado efeitos colaterais adversos, como o aparecimento de enfermidades metabólicas, especialmente relacionadas à musculatura do peito, destacando-se a distrofia mus-cular com aspecto visual adverso do peito, chamado de estrias brancas (white sti-pping); o peito com textura rígida indesejável, denominado peito amadeirado (woody breast); ou enfermidade de origem cardio-vascular, como a ascite. Uma breve abor-dagem de cada um destes quadros será feita no decorrer do artigo.

Desenvolvimento muscular de frangos de corte

O desenvolvimento muscular (ou miogênese) é um processo altamente contro-lado de crescimento temporal e espacial do músculo, que começa no estágio embri-onário. Os precursores das células musculares, conhecidos como mioblastos, mi-gram e se fundem para formar as fibras, conhecidas como miotubos, que se diferen-ciam em fibras musculares maturas. Os mecanismos moleculares induzidos pela se-leção genética para o crescimento do músculo P. major permanecem desconhecidos, mas é provável que seja essa a causa dos problemas de miopatias (WICK, sd).

Após o nascimento, o rápido crescimento muscular é caracterizado pelo au-mento das células musculares (hipertrofia) e não por multiplicação de células mus-culares (hiperplasia). As células satélites miogênicas são críticas para o crescimento muscular, pós-natal, e suas atividades são sensíveis ao regime nutricional durante o período imediatamente pós-nascimento. Assim, é necessário oferecer dietas bem

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balanceadas para maximizar a atividade das células satélites e do crescimento do músculo Pectoralis major (VELLEMAN et al., 2018). Dado que a eficiência e o cres-cimento muscular são mais rápidos do que os mecanismos homeostáticos de con-trole, isto pode levar a anormalidade no músculo do peito. Embora o frango venha apresentando um peso cada vez mais elevado a certa idade, ele ainda é considerado um animal jovem, portanto, ainda em fase de crescimento e é nesta fase que ocorre maior síntese e deposição proteica, o que resulta em maior eficiência no crescimento do animal, incluindo o tecido muscular. Este é um processo complexo e altamente regulado que envolve a síntese e a degradação proteica, uma vez que o músculo sofre degeneração e regeneração. É importante enfatizar que a deposição proteica e o crescimento muscular não são uma prioridade metabólica do organismo. Por-tanto, elas só ocorrem se todas as outras necessidades fisiológicas forem satisfeitas. Em condições nutricionais, sanitárias e ambientais adequadas, o crescimento mus-cular é maximizado. Logo, o anabolismo excede o catabolismo proteico resultando um maior ganho de peso do animal.

Seleção genética para maximizar o ganho de peso de frangos de corte e as suas consequências

A alta pressão de seleção genética, o curto intervalo de gerações e a redução das influências ambientais adversas reduzem a idade de abate e aumentam o peso corporal, o rendimento muscular e a eficiência alimentar de frangos de corte. Entre-tanto, influenciam negativamente características de qualidade da carne, como textura e sabor (ANTHONY, 1998).

Mahon (1999) formulou a hipótese de que a seleção genética para ganho de peso resulta em efeito colateral adverso na seleção para defeitos na fibra muscular ou insuficiente crescimento capilar, isto porque a hipóxia limita a capacidade regene-rativa das fibras musculares ao favorecer a substituição das fibras musculares dege-neradas pelo tecido fibrótico e lipídico.

Alguns estudos indicam a relação entre velocidade de crescimento de frangos de corte com baixa densidade capilar, aumento de estresse metabólico (HOVING-BOLINK et al., 2000; MACRAE et al., 2006), alteração na regulação de cátion na célula muscular (SANDERCOCK et al., 2009), aumento de lesão muscular (VELLE-MAN; NESTOR, 2003), incidência de carne PSE (WANG et al., 2009) e miopatia focal (WILSON et al., 1990).

Mazzoni et al. (2015) observaram que frangos de corte pesados, produzidos em condições ideais, apresentaram maior incidência de miodegeneração que refletia na composição química, prejudicando a capacidade de retenção de água da carne. Petracci et al. (2015) apresentaram a hipótese de que os frangos de crescimento

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acelerado poderiam reduzir a capacidade termorregulatória e o potencial glicolítico e alterar a regulação catiônica da célula muscular, resultando em vários defeitos na qualidade da carne. Mesmo que não se conheçam os mecanismos pelos quais a alta velocidade de crescimento muscular resulta em miopatias em frangos de corte, está claro que este tipo de ave com alta taxa de ganho de peso está mais sujeito a estrias brancas e peito amadeirado.

Estas condições afetam os principais quesitos de qualidade da carne de aves, como a aparência e a textura, que influenciam o consumidor na seleção inicial e na satisfação final do produto (AGUIAR, 2006), ocasionando um elevado prejuízo eco-nômico para o setor avícola.

Distrofia muscular - Peito com estrias brancas (White stripping)

Examinando trabalhos realizados entre as décadas de 50 e 60, Leeson e Sum-mers (2001) registraram a distrofia muscular de origem nutricional, ou seja, uma en-fermidade metabólica muscular ligada à deficiência de vitamina E, selênio e de ami-noácidos contendo enxofre, caracterizada, histologicamente, por degeneração das fibras musculares, tendo normalmente o músculo do peito como sendo o mais atin-gido, mas com alteração também na sobrecoxa. O exame histológico da enfermidade indicava infiltração perivascular e acúmulo de eosinófilos e linfócitos, o que resultava em aumento de enzimas lisossomais, cuja função estaria envolvida com a degrada-ção e remoção de produtos da degeneração distrófica. É importante salientar que naquelas décadas em questão, os frangos levavam 112 dias para alcançar 1,8 kg de peso vivo (HAVENSTEIN et al., 2007).

O reaparecimento de determinadas estrias brancas que seguiam a direção das fibras musculares do peito (Pectoralis major) e, em menor grau, nas sobrecoxas e no filezinho do peito (Pectoralis minor) dos frangos foi registrado por Bauermeister et al. (2009). A incidência, na indústria, varia de 12 (PETRACCI et al., 2013) a 30% (OWENS, 2014), podendo chegar a 95%, em aves abatidas com 61 dias de idade (OWENS, 2014). Já a forma severa do peito com estrias brancas aumentou de 1,4 a 8,7% (média de 5%) em 2012 (KUTTAPPAN et al., 2012a; PETRACCI et al., 2013) para 25,7 a 32,3% (média de 29%) em 2015 (RUSSO et al., 2015; TIJARE et al., 2016).

O aumento na proporção de estrias esbranquiçadas no músculo peitoral de frangos abatidos com oito semanas de vida, quando comparado a seis semanas de idade, sugere que a ocorrência dessas estrias está correlacionada com a idade e, consequentemente, com o peso de abate das aves. Assim, Kuttappan et al. (2013a) indicaram que a velocidade de crescimento entre as linhagens poderia influenciar o

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aparecimento das estrias brancas, descartando a possibilidade do arraçoamento ou do período que as carcaças ficavam no chiller terem qualquer efeito. Ainda, Kuttap-pan et al. (2009) observaram que machos tinham maior incidência de estrias brancas do que as fêmeas e associaram a ocorrência com maior peso corporal e tamanho do filé do peito.

Um sistema de classificação das estrias brancas em normal, moderada e se-vera, baseado em aparência individual, foi desenvolvido por Kuttappan et al. (2012b). Já Bailey et al. (2015) confirmaram e ampliaram este escore de classificação muscu-lar. Entretanto, esta evidência estética na carne afeta adversamente a seleção por parte do consumidor (KUTTAPPAN et al., 2012b). A principal razão da rejeição, por parte do consumidor, está no aspecto gorduroso ou marmóreo. As pesquisas indica-ram que, realmente, a composição muscular de aves com estrias brancas apresenta um aumento no conteúdo de tecido conjuntivo (tecido conjuntivo frouxo e de gordura) e uma redução no teor proteico (KUTTAPPAN et al., 2013a), alterando portanto o valor nutricional da carne. Devido à rejeição, por parte do consumidor, os filés com estrias brancas, especialmente os classificados como severos, podem ser utilizados para processamento em filés pré-cozidos e empanados. Entretanto, a condição da alteração do percentual químico do músculo resulta em uma potencial redução na qualidade dos produtos processados (PETRACCI et al., 2013).

As observações histológicas indicam degeneração e atrofia de fibras muscula-res do músculo do peito (McKEE et al., 2010). Uma miodegeneração moderada apre-senta maior área de secção transversal das fibras, enquanto que as amostras com miodegeneração severa apresentam fibras com diâmetros diferentes, sem o formato poligonal característico, degeneração multifocal, bem como infiltração de células imu-norreativas CD3 (MAZZONI et al., 2015).

As estrias brancas indicam a presença de colágeno e de lipídios, ocupando espaços onde ocorreu a degeneração de fibras musculares (KUTTAPPAN et al., 2009, 2011, 2013b), condição esta que não resulta em risco para o consumo hu-mano, uma vez que estudo desenvolvido por Kuttappan et al. (2013b), avaliando o perfil hematológico (contagem de leucócitos) de aves com estrias normais e severas, indicaram que as estrias brancas não eram consequência de qualquer condição in-fecciosa ou inflamatória. De igual forma, os estudos de Bailey et al. (2015) não regis-traram a presença de patógenos associados com essa miopatia.

Segundo Kuttappan et al. (2009), a qualidade da carne de aves portadoras de estrias brancas não é alterada. Os mesmos autores avaliaram a capacidade de re-tenção de água, coloração e maciez e não registraram diferenças significativas no que tange a qualidade de consumo, mas em estudos desenvolvidos em 2013, de-monstraram que o valor de b* (tom amarelo) estava mais relacionado a filés que apresentavam estrias classificadas como severas (KUTTAPPAN et al., 2013b).

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Além das características de qualidade da carne, as dimensões dos filés tam-bém foram afetadas pela condição das estrias. Os filés de peito com estrias brancas eram maiores, mais largos e altos do que os filés normais (KUTTAPPAN et al., 2009), o que já era esperado, uma vez que esta condição está associada com peitos de frango mais desenvolvidos ou que apresentam taxa de crescimento mais acelerado. Para a indústria, o tamanho do filé é fundamental, visto que a partir dele podem ser gerados vários produtos. Já PETRACCI et al. (2013), analisando peitos com estrias brancas, verificaram que os mesmos apresentam maior perda durante a cocção e menor rendimento, no caso de empanados. Isto foi atribuído a uma redução signifi-cativa no conteúdo total de proteína, em particular na fração miofibrilar (PETRACCI et al., 2014) que apresenta, durante o processamento, um papel importante na fun-cionalidade das proteínas (PETRACCI et al., 2013).

O aparecimento de estrias brancas no peito é atribuído (senso comum entre técnicos da área) ao desenvolvimento genético das aves. Entretanto, Bailey et al. (2015) indicaram que fatores ambientais e de manejo podem ser responsáveis por mais de 65% da variação da incidência de estrias brancas no peito. Por exemplo, a restrição quantitativa de ração reduz as miopatias de forma significativa. Nesse sen-tido, Meloche et al. (2015) submeteram frangos de corte a restrição alimentar (até 90% do consumo voluntário) e observaram redução nas estrias brancas e no peito amadeirado, mas com uma indesejável redução no ganho de peso das aves.

A incógnita é se a nutrição poderia alterar ou minimizar o aparecimento de es-trias brancas. Nesse sentido, Kuttappan et al. (2012a) avaliaram, durante o período experimental (18 a 54 dias de idade), a velocidade de crescimento de frangos de corte (Cobb 500) para determinar o efeito sobre as estrias brancas. Estes pesquisa-dores forneceram para as aves dietas contendo alto (3250 - 3200 kcal EM/kg; 22 - 24% PB) e baixo (3000 - 3050 kcal EM/kg; 21,5 - 19% PB) teor nutricional e obser-varam que as aves que receberam mais energia e proteína na dieta apresentaram melhor conversão alimentar, maior ganho de peso corporal (9%) e do peito (11%), comparativamente aos frangos de corte que receberam dietas com baixo teor nutri-cional. Entretanto, estas apresentaram maior incidência de peitos com estrias bran-cas.

O desenvolvimento de estrias brancas é uma condição similar à observada em aves deficientes em vitamina E, selênio ou aminoácidos contendo enxofre, tendo sido denominada por Dam et al. (1952) como distrofia muscular nutricional, conforme su-pracitado. Concomitantemente à distrofia muscular, a deficiência de vitamina E e se-lênio em aves também resultava em diátese exudativa e encefalomalácea (KLASING, 2008). A vitamina E, juntamente com enzimas dependentes de selênio, como a glu-tationa peroxidase, a catalase e a superóxido dismutase, está envolvida na neutrali-zação da propagação dos radicais livres, que se relaciona com vários processos de enfermidades (HERRERA; BARBAS, 2001). A deficiência desses nutrientes poderia

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propiciar alteração na integridade da célula, resultando em lesão e indução de uma condição patológica.

A miopatia nutricional é caracterizada por estrias brancas no peito e nas patas e sua histopatologia revela degeneração das fibras musculares com fragmentação, hialinização, perda de estrias, multiplicação das células do sarcolema, infiltração de heterófilos e agrupamento de fibras em massas de eosinófilos (DAM et al., 1952; MACHLIN; SHALKOP, 1956), que são lesões similares às encontradas no peito com estrias brancas e no peito amadeirado (KUTTAPPAN et al., 2013a; SIHVO et al., 2013).

Embora as lesões de miopatia nutricional sejam similares às das miopatias atu-ais, a etiologia parece ser diferente. Vários estudos registraram que níveis adequa-dos de acetato de DL-alfa-tocoferol (0,01%), L-cistina (0,24%) e DL-metionina (0,5%) na dieta (DAM et al., 1952; MACHLIN; SHALKOP, 1956) ou 900 a 1025 mcg/100 mL de tocoferol plasmático (SCOTT; DESAI, 1964) podem impedir completamente a in-cidência de miopatia nutricional. Não existe relato recente de miopatias em frangos de corte que recebem níveis recomendados, pelo NRC (1994), de vitamina E (> 10 UI/kg) e de outros nutrientes na dieta, e os casos atuais de distrofia muscular apare-cem mesmo em aves recebendo níveis adequados de vitamina E na dieta. Nesse sentido, Kuttappan et al. (2012c) avaliaram o efeito do fornecimento de vários níveis de vitamina E (15 - 400 UI/kg) na dieta de frangos de corte e observaram que a vitamina E não apresentava efeito sobre a incidência moderada e severa de estrias brancas. Estes resultados indicam que tanto o peito com estrias brancas como o amadeirado não ocorrem por deficiência de vitamina E. Entretanto, é mister a reali-zação de outros experimentos para avaliar se as exigências de vitamina E, selênio ou aminoácidos contendo enxofre estão sendo atendidas nas dietas para as linha-gens de crescimento rápido e se existe relação com as miopatias atuais (KUTTAP-PAN et al., 2012c).

Peito amadeirado (Woody breast)

O peito amadeirado é uma condição observada, mundialmente, em frangos de corte de crescimento rápido, principalmente com alto rendimento de peito (OWENS, 2014), podendo a sua incidência chegar a 50% de um lote. Entretanto, é provável que casos mais severos de peito amadeirado ocorram em menor número. Nos Esta-dos Unidos, um artigo publicado pelo The Wall Street Journal (GEE, 2016) indicou que 5 a 10% da carne do peito sem osso, produzida na indústria, poderia apresentar peito amadeirado e que os filés de peito com esta característica eram vendidos a um preço mais baixo ou na forma processada.

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O peito amadeirado é uma miopatia que resulta em necrose das fibras muscu-lares, com infiltração de macrófagos. Em resposta à necrose, ocorre fibrose, resul-tando em síntese de tecido conjuntivo e substituição de proteínas musculares espe-cíficas por colágeno, cujas ligações cruzadas (tecido conjuntivo frouxo) propiciam a dureza do músculo afetado do peito. Logo, o peito amadeirado se caracteriza por ser duro ao palpar, o que se assemelha à contração muscular. A dureza do peito à pal-pação pode estar presente na ave viva e ser detectado após a morte, durante o pro-cessamento da carne. Alguns filés são totalmente duros, com flexibilidade limitada, enquanto outros podem apresentar dureza com alguma flexibilidade na porção inter-mediária. Sendo assim, o grau de dureza pode ser identificado e o sistema de escore pode ser usado para classificar os filés.

Os filés de peito afetados podem apresentar hemorragias petequiais e um flu-ido viscoso estéril amarelo (transudato), especialmente na fração mais espessa do músculo (SIHVO et al., 2013). Por vezes, o aparecimento de uma protuberância é observado na porção final do filé, que é um artefato da dureza e da arquitetura do músculo (largura do músculo na altura da base da quilha).

Uma alternativa utilizada pela indústria é a marinada, durante o processamento à vácuo ao armazenamento. Comparativamente à porção ventral, a porção dorsal do músculo Pectoralis major apresentando amadeiramento retém mais prontamente a marinada, durante o processamento citado. Assim, embora o peito amadeirado afete adversamente a marinada e o cozimento em ambos os filés, o efeito é menos severo na porção dorsal (BOWKER et al., 2018). Entretanto, a marinada à vácuo ameniza, mas não elimina totalmente o efeito adverso na qualidade sensorial (textura sensorial da carne cozida) do peito em madeira (MAXWELL et al., 2018).

O peito amadeirado e a presença de estrias brancas podem ser vistos juntos. Sihvo et al. (2013) registraram que filés duros (amadeirados) eram acompanhados de estrias brancas e apresentavam sinais de degeneração das miofibras e acúmulo de tecido conjuntivo (como na fibrose, por exemplo) que são as mesmas caracterís-ticas encontradas nas estrias brancas. Por vezes é afirmado que não está claro se estas duas miopatias estão relacionadas ou se elas são simplesmente consequência de genética, nutrição ou algum outro motivo. No entanto, existem dados suficientes para indicar algum grau de associação entre peito com estrias brancas e peito ama-deirado. Quase todos os casos registrados indicam que aves, tendo peito amadei-rado, apresentam certo grau de peito com estrias brancas. Além disso, que o grau de severidade de cada anomalia é influenciado por: genótipo (alto > baixo rendimento de peito), gênero (machos > fêmeas), taxa de crescimento (rápido > lento), dieta (alta > baixa energia), peso do músculo P. major (pesado > leve) e peso de abate (pesado > leve).

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A razão exata da origem das duas miopatias, peito com estrias brancas e peito amadeirado, não é conhecida. Todavia, há várias hipóteses sobre a etiologia das mesmas. Um estudo com uma análise de RNA (RNA-seq) sugeriu hipóxia localizada, estresse oxidativo, altos níveis de cálcio intracelular e tipo de fibra muscular (MU-TRYN et al., 2015) associada com linhagens de frangos de corte com alta velocidade de crescimento. Esta hipótese vem de encontro à evidência de que o peito amadei-rado é causado pela expansão das células musculares, associada com um supri-mento limitado de sangue (oxigênio e nutrientes) e uma inadequada remoção de re-síduos metabólicos (dióxido de carbono, ácido lático, osmolaridade, adenosina, bra-dicinina, resposta miogênica, etc). Portanto, a presença de estresse oxidativo na cé-lula muscular afetada ultrapassa a capacidade de reparação, resultando em morte celular e inflamação e, consequentemente, o tecido muscular danificado é substituído por colágeno.

Embora seja consenso de que o aparecimento do peito amadeirado seja em decorrência do melhoramento genético, Bailey et al. (2015) indicaram que fatores ambientais ou de manejo podem contribuir em mais de 90% da variação da incidência deste problema. Independentemente da causa, a condição pode levar a problemas potenciais durante o processamento da carne, tais como desossa, confecção de em-panados, perdas por cocção, juntamente com características sensoriais. Em função disto, pesquisas têm sido feitas, em salsichas e nuggets, para investigar o efeito da inclusão de diferentes proporções de carne de frango com peito amadeirado. A pre-sença de carne de peito amadeirado em salsichas e nuggets aumenta a força de cisalhamento (PUOLANNE; RUUSUMEN, 2014), e em carne empanada a capaci-dade de retenção de água é menor (MUDALAL et al., 2014), confirmando que altas perdas de líquidos, durante o cozimento, estão associadas a um aumento na dureza da carne (MURPHY; MARKS, 2000).

Kuttappan et al. (2013a) indicaram que o aparecimento de estrias brancas no peito estava associado com filés mais pesados e mais espessos. Da mesma forma, Mudalal et al. (2014) observaram que aves com peito amadeirado também apresen-tavam peitos mais pesados e mais espessos, o que indica que em um lote as aves que apresentarem o peito mais desenvolvido são as mais passíveis de apresentarem uma ou ambas anormalidades. Portanto, a seleção para crescimento rápido e desen-volvimento de peito é crucial para o aparecimento destas enfermidades metabólicas (PETRACCI; CAVANI, 2012). A informação de que o aumento no peso do filé não resulta em qualquer alteração na largura e no comprimento do peito coincide com as de trabalhos desenvolvidos por Lubritz (1997) e Brewer et al. (2012), que indicaram que o peso tem um impacto maior na espessura, comparado com o comprimento e largura dos filés. Assim sendo, o peito amadeirado estava associado com um mar-cado aumento na altura do filé, na porção inferior do peito, comparativamente a filés normais ou com aqueles que só apresentavam estrias brancas. Assim, Mudalal et al.

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(2014) propõem que a parte caudal do peito seja usada como critério para discriminar o peito amadeirado.

Mudalal et al. (2014) encontraram maior valor de pH nos filés com estrias bran-cas em relação ao grupo normal. Este fato indica uma relação positiva entre o de-senvolvimento do músculo do peito e uma redução no potencial glicolítico (BERRI et al., 2007). Os mesmos pesquisadores concluíram que o peito amadeirado resulta em efeitos mais adversos do que aquele com estrias brancas na qualidade da carne. Com relação às alterações histopatológicas, estudos indicaram que estas eram as mesmas para peito com estrias brancas e peito amadeirado (SIHVO et al., 2013), sugerindo uma etiologia comum. Todavia, Sihvo et al. (2014) observaram que o peito amadeirado era afetado por um processo inflamatório, conforme demonstrado pela presença de linfócitos T, os quais não foram observados nos filés com estrias bran-cas (KUTTAPPAN et al., 2013b). Assim, pode ser proposto que a anormalidade evi-denciada por estrias brancas ocorre em estágios iniciais da degeneração muscular, enquanto que o peito amadeirado ocorre em estágios finais de desenvolvimento.

As miopatias (estrias brancas e peito amadeirado) são problemas metabólicos emergentes e globais na indústria avícola, considerando todo o histórico da avicul-tura. É provável que estas enfermidades aumentem, caso o ganho de peso dos fran-gos de corte continue a aumentar. Isto resultará em perda na qualidade da carne, caracterizada pela capacidade de retenção de água, alteração no teor nutricional da carne, potencial redução de bem-estar animal, menor aceitação pelo consumidor e impacto econômico negativo (OWENS, 2014).

As miopatias do peito podem ser observadas em todas as linhagens de frangos de corte. Os músculos afetados, histologicamente, apresentam alterações isquêmi-cas difusas ou focais, incluindo fragmentação da fibra muscular, edema, degenera-ção, infiltração de tecido conjuntivo frouxo e adiposo e de células inflamatórias (SO-GLIA et al., 2016).

Miopatias em frangos de corte: onde as pesquisas deveriam se concentrar

Após uma revisão sobre miopatias em frangos de corte, Kuttappan et al. (2016) indicaram onde as principais investigações deveriam se concentrar, conforme a se-guir:

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Biomarcadores

Atualmente, as tentativas de identificação das miopatias são feitas através da palpação das aves vivas. A identificação de biomarcadores pode auxiliar na avaliação de aditivos alimentares, na genética, no ambiente ou nas condições de manejo, tanto para melhorar como para agravar a condição no animal vivo. Recentemente foi de-senvolvido um sistema de Near-infrared para detectar o peito amadeirado em filé, através de marcadores proteicos contendo proteínas marcadoras e diferentes graus de água livre (WOLD et al., 2018).

Escala de comparação

A busca da padronização de uma escala de comparação, uma vez que tanto o peito com estrias brancas como o amadeirado é baseado em sistemas subjetivos de comparação. No caso do peito com estrias brancas, a escala de escore desenvolvida por Kuttappan et al. (2012a) é amplamente utilizada em vários estudos. Entretanto, a eficiência desta escala depende de vários fatores: examinar os filés sob as mesmas condições para evitar a interferência das condições de processamento; manter idên-ticas, durante a comparação das amostras, temperatura e umidade ambiental, fonte e intensidade de luz na sala, temperatura e umidade da superfície das amostras; avaliar as amostras sobre um contraste branco (em uma bandeja branca, por exem-plo); manter a mesma pessoa fazendo o escore.

Tendo em vista que existem registros de que a incidência de peito com estrias brancas e amadeirado aumentou nos últimos anos, possivelmente a severidade das enfermidades metabólicas também tenha aumentado através dos anos. Desta forma, a escala do escore de comparação também deveria ser ampliada.

A escala de valores comparativos para peito amadeirado é mais complicada do que para peito com estrias brancas, tendo em vista a dificuldade de estabelecer es-cores com palpações, ao contrário do escore visual estabelecido para peito com es-trias brancas. Tijare et al. (2016) descreveram métodos de escore para esta condi-ção, levando em conta a firmeza e a localização (cranial versus filé inteiro). Ao reali-zar o escore para peito amadeirado, é melhor que esteja envolvida mais de uma pessoa até que o melhor treinamento seja atingido.

Uma avaliação instrumental da dureza do peito seria útil, especialmente se um método rápido pudesse ser desenvolvido. Mudalal et al. (2014) usaram com sucesso um medidor de textura para determinar a força necessária para comprimir os filés. Assim, filés normais e amadeirados poderiam ser diferenciados. Um método a laser (LEE et al., 2008) poderia ser adaptado e talvez utilizado na avaliação de peito ama-deirado.

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Nutrição

A adição de antioxidantes, enzimas, minerais orgânicos e agentes anti-inflama-tórios, de forma individual ou combinada, na dieta dos frangos de corte, a fim de reduzir a ocorrência das miopatias, deve ser mais intensamente investigada.

Quanto maior a oxidação tecidual, menor a incidência de síndrome ascítica e de miopatias não infecciosas em frangos de corte. York et al. (2016) estudaram a suplementação de altas doses de fitases para reduzir a ocorrência de peito amadei-rado e concluíram que a melhor solubilidade de minerais traços, como selênio, zinco, ferro, manganês e cobre, desempenham papeis importantes na imunidade, cresci-mento, saúde intestinal, estado antioxidante das aves e na redução da ocorrência de peito amadeirado.

A fitase auxilia a suportar a capacidade antioxidante do frango de corte e a melhorar a taxa de oxigenação tecidual. Os autores apresentaram resultados recen-tes, indicando que a suplementação de ferro, selênio, zinco, triptofano e/ou etoxiquin em dietas de frangos de corte combinados com altos níveis de fitase diminuíram a severidade do peito amadeirado em até 50%, com aumento do ganho de peso médio diário e melhora na eficiência alimentar destas aves.

Considerações finais

A busca incessante da seleção genética dos frangos de corte para aprimorar a velocidade de ganho de peso, a alta eficiência alimentar e a viabilidade, o melhor rendimento e a menor deposição de gordura na carcaça resultaram em efeitos cola-terais adversos, entre eles as enfermidades metabólicas.

O peito com estrias brancas e o amadeirado são duas miopatias observadas em frangos de corte que apresentam alta velocidade de crescimento, alto rendimento de peito e problemas de rede vascular. As características macro e microscópicas destas duas enfermidades metabólicas apresentam similaridades, incluindo lesões inflamatórias e hemorrágicas, edema e perda vascular. Já as similaridades micros-cópicas incluem degeneração polifásica, necrose perivascular e infiltração de tecido conjuntivo.

A ocorrência de vários graus das miopatias (peito com estrias brancas, ama-deirado e síndrome ascítica) reduz a qualidade e a aceitação pelos consumidores tanto dos produtos in natura como processados. Em condições comerciais, o pro-blema das miopatias é multifatorial.

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No âmbito nutricional, a restrição alimentar propicia melhora na condição mio-pática e fatores como antioxidantes, minerais orgânicos, enzimas e agentes anti-in-flamatórios, de forma individual ou conjunta, deveriam ser mais profundamente estu-dados para amenizar o quadro destas miopatias.

Ascite

A síndrome ascítica causa grandes perdas em consequência da mortalidade de frangos de corte, seja no período de produção ou durante o transporte, e das condenações no abatedouro, devido ao aspecto repugnante das carcaças afetadas. Classificada como doença metabólica, a ascite pode ser definida como o acúmulo de fluido no abdômen, sendo por isso denominada de barriga d´água. O fluído é consti-tuído pelo plasma proveniente do fígado (por aumento da pressão hidrostática capi-lar, acompanhado ou não por hipoproteinemia) através de um processo que ocorre ao final de uma cascata de eventos provocada pela carência de oxigênio. Devido a vários fatores, a necessidade de prover mais oxigênio aos tecidos resulta em au-mento do débito cardíaco, propiciando uma hipertrofia do ventrículo direito que, as-sociada ao mau funcionamento da válvula cardíaca, leva ao aumento da pressão venosa ao coração, acarretando aumento da pressão sanguínea no fígado, culmi-nando com extravasamento de líquido (LEESON; SUMMERS, 2005).

A ascite é multifatorial, provocada pela elevada velocidade de crescimento, al-titude (hipóxia) e temperatura ambiental. Destes fatores, há alguns anos, a hipóxia era a principal causa, uma vez que o problema era mais frequente em elevadas alti-tudes, onde a mortalidade de frangos de corte, machos, chegava a 20 - 30%. Poste-riormente, a ascite passou a ser observada em linhagens de crescimento rápido que recebiam dietas altamente concentradas nutricionalmente, especialmente em locais onde o clima apresentava-se fresco ou frio, pelo menos em parte do dia.

A mortalidade observada, na ascite, ocorre devido a fatores estressantes en-volvidos e, portanto, da falta de eficácia do sistema cardiopulmonar em oxigenar os tecidos. Julian (1990) afirma que a rápida taxa de crescimento das aves sobrecarrega os pulmões e o coração, induzindo, desta forma, falhas cardíacas, lesões vasculares, hipoproteinemias, e, secundariamente, falhas renais que resultam na retenção de eletrólitos. As dietas com baixo teor de proteínas podem levar a ascite (BENEZ, 2004), mas a velocidade de crescimento é o principal fator que contribui na demanda de oxigênio. Wideman et al. (2013) indicaram que um pintinho de corte pesa 40 g ao nascimento, podendo chegar a 4 kg em oito semanas de vida. Caso o humano fosse crescer na mesma velocidade, um bebê recém-nascido com 3 kg, após dois meses pesaria 300 kg. Portanto, duplicar e reduplicar a massa corporal quase sete vezes em oito semanas não pode ser mantida sem uma compensação intensa na capaci-dade cardiopulmonar. No frango de corte, o ventrículo esquerdo do coração bombeia

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cerca de 200 mL de sangue por kg de peso vivo por minuto (WIDEMAN, 1998) e uma extrapolação relativa deste valor indica um débito cardíaco aumentado em 100 ve-zes, durante um período de oito semanas, variando de 8 mL/min, ao pesar 40 g, até aproximadamente 800 mL/min quando pesar 4 kg. A taxa de retorno venoso ao co-ração deve equalizar o débito cardíaco. Portanto, durante os primeiros dois meses pós-natal, os vasos sanguíneos dos pulmões devem desenvolver uma capacidade vascular pulmonar para oxigenar um aumento de 100 vezes o retorno venoso. A as-cite, normalmente, vem acompanhada ou antecedida por hidropericárdio.

A composição do crescimento também influencia porque a necessidade de oxi-gênio varia com o metabolismo de gorduras e de proteínas. O oxigênio necessário para o metabolismo de nitrogênio e de proteína é alto em relação ao de gordura, embora deva ser lembrado que a carcaça contém pouca proteína ou nitrogênio. A carcaça contém uma boa fração de músculo, mas em sua composição participa 80% de água. Por outro lado, o tecido adiposo contém 90% de gordura e, assim, a sua contribuição na demanda de oxigênio é alta. A presença do excesso de gordura, na ave, resulta em aumento na necessidade de oxigênio para o metabolismo. Em altas altitudes, estes efeitos são exacerbados devido à falta de oxigênio (LEESON; SUM-MERS, 2005). Este fato é levado em conta nos processos de seleção, ou seja, em altas altitudes ou sob condições de frio, a seleção genética tende a eliminar os indi-víduos suscetíveis da população, o que provoca aumento da mortalidade nos plantéis de melhoramento, podendo reduzir a variabilidade genética para taxa de cresci-mento, composição do crescimento e conversão alimentar, e intensidade de seleção para características essenciais (ganho de peso, conversão alimentar e rendimento de carcaça). Portanto, os procedimentos de seleção controlada, preservando ao má-ximo o potencial de seleção, são, por esta razão, preferidos quando se pratica a se-leção para resistência à ascite (WIDEMAN, 1988) (Figura 1).

Idade (dias)

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Figura 1. Mortalidade por hipertensão arterial pulmonar cumulativa/ascite na progênie de três linhas de frangos de corte não selecionadas (REL), selecionadas durante 14 gerações, em condições de hipóxia hipobárica para susceptibilidade (SUS) ou resistência (RES) a ascite (ANTHONY; BALOG, 2003, PAVLI-DIS et al., 2007)). As aves SUS e REL foram criadas sob condições que simulassem 2438 m de altura, enquanto que a linha RES foi exposta a uma altitude de 3353 m.

Alguns relatos, a respeito do uso da seleção de aves resistentes à síndrome ascítica, foram feitos por SANCHEZ et al. (2000), visando diminuir as perdas da in-dústria avícola francesa. Os autores utilizaram critérios indiretos de seleção como o hematócrito, o volume pulmonar, o eletrocardiograma e a troponina, e diretos como seleção em altas altitudes, onde o ar é mais rarefeito. Assim, as aves resistentes seriam selecionadas para constituir os progenitores das progênies comerciais.

A incidência de ascite é reduzida quando as aves são mantidas aquecidas. Ao modificar-se a temperatura ambiental, ocorre uma alteração na exigência de oxigê-nio. Considerando-se a zona de termoneutralidade, tanto abaixo como acima da mesma, ocorre aumento na taxa metabólica e na necessidade de oxigênio. Em con-dições de baixas temperaturas, no entanto, é mais problemático, pois um aumento no consumo de ração é acompanhado por pouca redução no ganho de peso. Tam-bém, as baixas temperaturas podem aumentar a hipertensão pulmonar e a atividade tireoidiana. Neste contexto, a ascite parece ter se tornado frequente durante épocas frias (HERNANDEZ, 1987).

Em condições comerciais, por exemplo, comparando-se 10 versus 26ºC, a de-manda de oxigênio dobra e este aumento dramático na necessidade de oxigênio, juntamente com a necessidade de metabolizar o aumento da quantidade de alimento, invariavelmente induz à ascite (LEESON; SUMMERS, 2005). Já em condições de altas temperaturas, por sua vez, ocorre aumento na demanda de oxigênio devido à ofegação e esta situação é acompanhada por redução na taxa de crescimento, ocor-rendo assim uma leve diminuição na necessidade de oxigênio.

Como foi mencionado anteriormente, o aquecimento das aves reduz a incidên-cia de ascite, mas a renovação do ar é fundamental. O aquecimento inicial dos pinti-nhos, principalmente nas regiões mais frias, como a região Sul do Brasil, parece estar relacionado com o desenvolvimento da ascite. É interessante criar condições de re-novação de ar, no interior dos galpões, mas não em detrimento do aquecimento dos pintinhos, na fase inicial de criação. A utilização de estruturas denominadas de casulo nos pinteiros, quando a renovação do ar é adequada, proporciona maior conforto térmico, reduzindo a mortalidade por ascite (GONZALES; MACARI, 2000).

As trocas de ar inadequadas, no ambiente, aumentam as concentrações de partículas de monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e amônia (NH3)

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e diminuem as de oxigênio (O2), favorecendo a ascite. BEKER et al. (2003) estuda-ram os efeitos da concentração de oxigênio (12, 14, 16, 18 e 20,6%) sobre a propen-são ao desenvolvimento da síndrome ascítica, em machos, e concluíram que, com a diminuição da concentração de oxigênio no ambiente, a massa do ventrículo direito e o valor do hematócrito e de outros parâmetros sanguíneos aumentaram significati-vamente, sendo que o hematócrito parece ser o mais sensível indicador da mudança fisiológica atribuída ao oxigênio atmosférico. Os dados obtidos também sugeriram que a concentração de oxigênio de 19,6% é o nível mínimo para que as alterações cardíacas e do valor do hematócrito sejam evitados com relação ao desenvolvimento da ascite.

A alteração na composição da dieta e no sistema de arraçoamento pode ter um efeito na incidência de ascite. Na maior parte das vezes, tais alterações no programa alimentar influenciam a ascite via taxa de crescimento. Entretanto, existe preocupa-ção sobre os níveis de nutrientes que influenciam o balanço hídrico e eletrolítico, sendo o sódio o principal componente neste aspecto. O fornecimento de altos níveis de sal para frangos de corte (> 0,5%) propicia uma retenção de líquido, embora a ascite ocorra em aves que consumam rações contendo uma ampla variação de sal. Entretanto, existem várias fontes de sódio. O cloreto de amônio (BRANTON et al., 1986; SHLOSBERG et al., 1998) e o cloreto de sódio (SHLOSBERG et al., 1998) favorecem a acidose e consequentemente a ascite; já o bicarbonato de sódio (BOTTJE; HARRISON, 1985) e o carbonato de sódio (OWEN et al., 1994) favorecem a alcalose. Em uma condição de acidose sanguínea, a ave está mais propensa a desenvolver a ascite, pois ocorre uma vasoconstrição pulmonar, dificultando as tro-cas gasosas e a circulação sanguínea; já em uma condição de alcalose sanguínea, ocorre uma vasodilatação pulmonar inibindo ou diminuindo a mortalidade por ascite. O excesso de sódio na dieta pode induzir ascite em frangos de corte (JULIAN, 1993), sendo que as aves próximas aos 21 dias de idade são muito sensíveis a este excesso (JULIAN; MIRSALIMI, 1992) e a toxicidade por este mineral, nesta idade, é muito comum (JULIAN, 1998). Outra fonte de excesso de sódio é a água de bebida, que é mais prejudicial ainda, pois a ave consome 2,4 vezes mais água do que alimento por dia, dentro de um mesmo peso base (WILLIAMS, 1996).

A ascite é mais prevalente em condições de dietas com alto conteúdo energé-tico, especialmente em dietas peletizadas. Nick Dale, da Universidade da Georgia, citado por Leeson; Summers (2005), observou que aves recebendo dietas com 3.000 a 3.100 kcal EM/kg apresentavam maior incidência de ascite do que as que recebiam 2.850 a 2.950 kcal EM/kg. Ao fornecer uma dieta com 3.059 kcal EM/kg e frio como fatores estressantes para frangos de corte de crescimento rápido, WIDEMAN et al. (1998) obtiveram médias significativamente diferentes para o valor do hematócrito de machos ascíticos (40,3%) e não ascíticos (35,8%), e para fêmeas ascíticas (41,3%) e não ascíticas (36,8%).

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Tendo em vista que a densidade nutricional, o programa alimentar e a taxa de ganho de peso influenciam a severidade da ascite, surgiu a discussão da restrição alimentar com o objetivo de reduzir a incidência da ascite, sem afetar o retorno eco-nômico de produção, mesmo reduzindo um pouco o peso corporal dos animais. A restrição alimentar qualitativa pode ser obtida manipulando-se o conteúdo de energia da dieta ou as relações entre componentes da dieta (proteína, energia, minerais, vi-taminas). A utilização da restrição alimentar, no estudo da ascite, foi empregada por pesquisadores (SCHEELE; FRANKENHUIS, 1988) que demonstraram que o au-mento do conteúdo de energia metabolizável da dieta de 3.273 a 3.631 kcal EM/kg leva a um aumento significativo da taxa do hematócrito dos frangos de corte de cres-cimento rápido, mas não nos de crescimento lento. Quando duas linhagens de fran-gos de corte obtidas pela seleção divergente para crescimento (rápido e lento) foram comparadas, as taxas de hematócrito e de mortalidade por ascite foram significativa-mente mais elevadas para as aves de crescimento rápido (SCHEELE et al., 1992).

Outro fator a considerar na formulação das dietas é o balanço e a qualidade da proteína. O excesso de nitrogênio deve ser removido do corpo da ave e isto demanda oxigênio. Há o potencial de reduzir a demanda de oxigênio, ao minimizar o ofereci-mento de proteína, mantendo os aminoácidos essenciais na dieta. O excesso de ni-trogênio é eliminado na forma de ácido úrico e a cadeia carbônica é direcionada para a síntese de gordura. Assim, a proteína bruta da dieta deve ser minimizada, porque o seu catabolismo impõe outro estresse na demanda de oxigênio pela ave.

Caso a mortalidade dos frangos de corte esteja elevada devido à ascite, é re-comendável reduzir a energia metabolizável e a proteína da dieta, alterar a forma de apresentação (farelada ou peletizada) e levar em conta as primeiras três semanas de vida da ave, devido às exigências nutricionais e necessidade do fornecimento de calor (SCHEELE, 1993). O oferecimento de dieta farelada propicia menor consumo de ração, consequentemente, menos ganho de peso.

Os relatos de maior incidência de ascite, em frangos de corte, têm sido cons-tatados em altitudes acima de 2.000 m em relação ao nível do mar, devido à rarefa-ção do oxigênio atmosférico, o que leva à hipóxia tecidual e o aumento do débito cardíaco (GONZALES; MACARI, 2000).

Vários fatores, relacionados à sanidade dos lotes de frangos corte e às medi-das no controle sanitário dos planteis, podem favorecer a incidência de ascite. Entre esses fatores, pode-se citar: fumigação excessiva com formol (nascedouros e gal-pões); complicações por aspergilose pulmonar e broncopneumonias; problemas tó-xicos que afetam o fígado, coração ou pulmão; pintos de baixa qualidade, resultantes de nascimentos retardados ou com problemas pulmonares; e vacinação por pulveri-zação, que pode causar danos ao sistema respiratório dos pintinhos de um dia de idade (GONZALES; MACARI, 2000).

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A síndrome ascítica não possui um método único e/ou eficiente de prevenção. Uma vez manifestada, os sinais clínicos e a morte ocorrem muito rápido.

A ascite e a falha no ventrículo direito podem ser prevenidas por vários méto-dos, embora estes, invariavelmente, resultem em redução do ganho de peso. Assim, o retorno econômico deve ser calculado localmente.

Em uma sinopse sobre como amenizar o quadro de síndrome ascítica, em fran-gos de corte, Jaenish et al. (2001), Summers et al. (2013) e Correa (2018) listaram várias condições que predispõem às aves a um quadro de deficiente oxigenação. Para tanto, recomenda-se:

Adquirir pintinhos de boa qualidade, livres de aspergilose; Alojar machos e fêmeas separadamente; Criar frangos de corte, machos, em locais de altitude baixa, pois as altitudes

superiores a 1.500 m aumentam a predisposição para a ocorrência da as-cite;

Evitar o excesso de poeira e de gases tóxicos (amônia, monóxido e dióxido de carbono) no aviário, mantendo ventilação adequada (níveis de 11 ppm de amônia e de 70 ppm de monóxido de carbono no ambiente comprome-tem o sistema respiratório favorecendo a manifestação da síndrome ascé-tica);

Não estimular, excessivamente, o crescimento corporal das aves, nas duas primeiras semanas de vida;

Observar os níveis de sódio na dieta (eles deveriam ser limitados a 0,19% da dieta e a cloração da água não deve superar a adição de 3 ppm de hipoclorito de sódio);

Utilizar dietas fareladas, que não devem ser finamente moídas, ao invés das peletizadas, e ingredientes de boa qualidade;

Fornecer dietas menos energéticas, nas regiões em que há alta incidência da síndrome ascítica, no período de oito a 21 dias de idade dos pintinhos;

Assegurar que as dietas tenham uma boa proteção antioxidante; Utilizar programas de restrição alimentar, tanto qualitativos quanto quanti-

tativos, a fim de reduzir o crescimento das aves e a incidência da ascite. É necessário, porém, avaliar o custo-benefício desejado, pois estas medidas acarretam menor desempenho produtivo do lote. Na prática, 10% na redu-ção da mortalidade deve ser alcançada com uma redução de menos de 10% no ganho de peso para que o sistema seja econômico;

Manter uniforme e adequada a temperatura interna do aviário, principal-mente durante as três primeiras semanas de vida das aves, evitando am-plitude superior a 2ºC, através da adição de cortinas suplementares (casu-los). A temperatura ambiente junto aos pintinhos, na primeira semana de vida deve ser de 32ºC, reduzindo-se 3ºC a cada semana, até atingir 20ºC

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na quinta semana de vida. As oscilações significativas de temperatura, em relação à zona de conforto das aves, promovem o aumento da taxa meta-bólica gerada para produzir ou dissipar calor. Um período curto de exposi-ção aguda a baixas temperaturas, durante a fase final da embriogênese, aumenta a capacidade dos frangos de corte a tolerar baixas temperaturas ambientais. Isto pode ser explicado por uma aclimatação epigenética pré-natal do sistema termoregulatório e cardiovascular a baixas temperaturas ambientais. Entretanto, esta visão ainda não está completamente clara para ser recomendada na prática;

Abater os lotes de aves mais cedo, durante os períodos de maior incidência de ascite;

Implantar cuidados de biosseguridade na produção, para prevenir a intro-dução de enfermidades. As doenças e as reações vacinais que influenciam o trato respiratório contribuem para a ocorrência da ascite e devem ser mi-nimizadas, como estratégia de manejo;

Evitar situações de estresse para as aves, durante as práticas de manejo; Preconizar o programa de luz recomendado as linhagens de crescimento

rápido, ou seja, para aquelas que apresentam crescimento muscular supe-rior ao dos órgãos internos;

Fazer avaliação de todo o sistema avícola, visando atender as necessida-des térmicas (conforto), manter a qualidade do ar e evitar sobrecarga car-diorrespiratória das aves. Logo, deve-se prestar atenção na integridade das cortinas externas e internas (longitudinais e transversais) e no forro; na existência de frestas em portas, paredes, muretas e paineis de resfriamento evaporativos dos galpões de pressão negativa; no subdimensionamento do sistema de aquecimento ou na falha de manejo; na dificuldade do granjeiro para realizar trocas de ar, principalmente à noite; nos erros no manejo de inlets em granjas de pressão negativa (abertura e velocidade do ar); na quantidade de luz (horas) fornecida acima do recomendado.

Estudo de caso: Ascite

Em uma indústria avícola do centro do Brasil ocorreu um aumento significativo dos casos de ascite nos frangos. A necropsia, já no primeiro dia de vida, indicava a presença de um líquido seroso claro, no interior do saco membranoso que rodeia o coração dos pintinhos (Figura 2). A causa inicial não estava clara e as suspeitas re-caiam sobre possível carência nutricional ou presença de micotoxinas nas dietas das matrizes. Então, surgiu a hipótese da janela de nascimento estar sendo muito ampla, fazendo com que os pintinhos que nascessem antes estivessem sendo expostos a uma condição adversa, por um longo período de tempo, diferente daqueles que es-tariam nascendo posteriormente, dentro de um mesmo lote de aves.

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Para comprovar a hipótese, após a retirada normal dos pintinhos (500 horas de incubação), os técnicos da empresa deixaram 50 pintinhos no nascedouro, por mais 16 horas, a uma temperatura de 37,2o C. Três dias depois, 100% dos pintinhos foram necropsiados e o resultado foi a alta incidência de hidropericárdio (16%). Concluiu-se, assim, que a oxigenação deficiente, no nascedouro, estava propiciando o apare-cimento de hidropericárdio, que posteriormente levava ao aparecimento da síndrome ascítica.

Figura 2. Presença de líquido seroso claro, no interior do saco pericárdico dos pintinhos, em decorrência da síndrome ascítica.

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PRÁTICAS DE UTILIZAÇÃO DE VACINAS PARA O CONTROLE DE SALMONELOSES EM FRANGOS DE CORTE

Luiz Felipe Caron

A partir do segundo parágrafo há uma tentativa simples de se caracterizar di-ferentes estratégias com diferentes tipos de vacinas, mas o mais importante é, ao final, concluir-se que a vacina, como ferramenta, depende para seu sucesso das es-tratégias de biosseguridade (BARREIRAS), e ao início, estabelecer que há uma le-gislação a ser seguida, quando se trabalha com aplicação de vacinas, essencial-mente em reprodutoras, e um método para determinação de custo-benefício, ao se pensar no frango como cliente destas vacinas. Ao se determinar programas de vaci-nação de reprodutoras, há naturalmente um foco no impedimento da evolução de transmissão vertical (ou mesmo lateral na eclosão), além da diminuição da incidência nas próprias matrizes, e da prevalência ambiental, dependendo do tipo de vacina. Há que se respeitar a identidade das cepas vacinais com o desafio de cada empresa, visto as respostas imunes específicas entre diferentes sorovares, onde o conceito de imunidade cruzada, que esta presente algumas vezes, nem sempre significa prote-ção cruzada, o que depende de outros fatores.

O benefício par o frango como resultado final do controle, é algo pertinente à vacinação das matrizes, visto a pirâmide de transmissão possível, uma intervenção neste ponto pode trazer benefícios, sempre como estratégias a longo prazo, como avaliações e validações nos animais e no ambiente.

Se ao contrário o objetivo é a vacinação do frango, o ponto de partida após a avaliação do custo-benefício, é que no produto foco (frango) se estará operando mais uma barreira, a imune específica, como resultado da vacinação. No frango normal-mente como resultado da vacinação em massa, mas dado o nível de desafio e difi-culdade atual em algumas situações, também já elencado como estratégia de vaci-nação individual, seja via mucosa ou mesmo parenteral.

A resposta imune contra Salmonella é mediada pelas defesas inatas (mucosas, macrófagos células NK interferons etc....) e pela defesa adaptativa (anticorpos e Lin-focitos T específicos (CD4 e CD8). Todas são importantes. Não se pode caracterizar uma como mais importante em detrimento da outra. A questão é como se pode esti-mular todas estas respostas artificialmente de forma mais ampla e segura com a utilização de vacinas.

Investir na defesa inata é algo inteligente, o que significa incremento da quali-dade intestinal, qual a qualidade da matéria prima do alimento, microbiota intestinal e respiratória, e uma grande variedade de ferramentas para intervenção pontual ou constante, inclusive a vacinação. Dentro do contexto da vacinação, é convencional

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se dividirem as vacinas em inativadas (chamadas não replicantes), e as vacinas vivas atenuadas (chamas replicantes). Classicamente dependendo do tipo de vacina, se determina a via de aplicação e consequente a isto o tipo de resposta. Assim, tem-se as vacinas vivas, que são administradas por via mucosa (água de bebida ou spray), e eventualmente podem ser aplicadas via parenteral. E as vacinas inativadas, que devem ser administradas via parenteral.

Atualmente a um novo espaço a ser caracterizado que são as vacinas inativa-das, que podem ser administradas por via mucosa, baseado num estimulo a essa mucosa devido a adjuvantes de mucosa ou mesmo resultado de recombinação gê-nica dos antígenos que formam a vacina. E a vacinação “in ovo”, como uma pro-messa para o futuro próximo, resultado de investimento em biotecnologia, ou seja, novas formulação, que permitam eficácia e segurança. Abaixo de forma muito sim-ples o que se deve saber para caracterizar os efeitos.

Investir na vacina inativada gerará o seguinte: Forte resposta de anticorpos e de resposta CD4. Este Linfocito T CD4 tem a função de ajudar Linfocito B a produzir anticorpos e ajudar macrófagos a destruir Salmonelas fagocitadas. São duas respos-tas interessantes e a vacina inativada estimula isto. Tenha em mente que a vacina viva também estimula isto, com a seguinte diferença: as vacinas atuais no mercado não geram anticorpo circulante em nível detectável, para não atrapalhar as monito-rias em reprodutoras, mas apenas anticorpos nas mucosas. Estes anticorpos das mucosas (são as IgA secretoras) não são gerados pelas vacinas inativadas, pois estas são injetáveis e não administradas pelas mucosas, exceto o novo modelo com inativada e adjuvantes de mucosas.

A grande diferença é que uma vacina viva (tanto faz se injetada ou aplicada por qualquer mucosa, também gera a resposta de Linfocitos T CD8 ou linfócito cito-tóxico, efeito que a inativada não gera. Como a Salmonella é uma bactéria intracelu-lar facultativa, esta resposta citotóxica é importante para a eliminação da bateria do organismo de forma mais eficiente.

É importante se entender que há outra vantagem quando se administra uma cepa vacinal pela mucosa, por exemplo, no primeiro dia de vida. O animal já vai para o campo colonizado, com a cepa vacinal, o que dificulta o estabelecimento da infec-ção por bactérias de campo. E cabe exemplificar que é regulamentado oficialmente a possibilidade de vacinação autógena, que significa preparações “personalizadas”, ou seja identificação da cepa desafio do cliente, e preservada a identidade desta formulação da vacina para esta situação. Neste ponto caberiam discussões intermi-náveis, quanto a eficácia, segurança, e principalmente evolução do desafio (evasão imune), mas não é este o fórum. Há sim que se preservar a idoneidade de todos os envolvidos e se aplicar ferramentas, paralelas a vacinação para medir o resultado esperado e acompanhar a evolução da realidade campo.

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Estratégias que visam estimular e associar todas as repostas, a inata, a de vacinas inativadas vacinas vivas e colonização precoce com vacina via mucosa é o melhor cenário. Só com inativada não se gera resposta de linfócito T CD8 nem colo-nização, Só com viva tenho menos anticorpo na progênie, Só com parenteral não tenho colonização intestinal precoce. O que se recomenda é acelerar o controle e diminuição da prevalência, inclusive a ambiental

Lembre-se, vacinação talvez seja 15% do sucesso. O restante, ou melhor, o que vem antes, é biosseguridade e manejo. Estratégias que hierarquicamente devem ser implantadas muito antes e com mais afinco e poderão melhorar inclusive o resul-tado dos processos de vacinação.

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