13
Página 1 Boletim 603/14 – Ano VI – 10/09/2014 Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre funcionários Por Adriana Aguiar | De São Paulo O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que as empresas não podem impedir seus funcionários de namorar. Ao analisar um processo relativo ao tema, a 8ª Turma manteve uma indenização de R$ 50 mil por danos morais a uma ex-empregada da Transportadora Colatinense, no Espírito Santo, por discriminação no trabalho. A funcionária trabalhava como auxiliar administrativa e iniciou um relacionamento, mantido em segredo, com o gerente comercial da mesma empresa. Quando o sócio da companhia soube do namoro, determinou que o gerente rompesse o relacionamento com aquela "simples funcionária". Como isso não ocorreu, a empregada foi demitida dias depois. Grandes companhias, principalmente multinacionais, costumam ter normas internas que proíbem o namoro entre funcionários. É o caso do Walmart e das Lojas Renner, também condenadas pelo TST pela prática. A conduta, que já é antiga, tem como objetivo muitas vezes proteger a empresa de possíveis conflitos de interesse entre os empregados. A Justiça do Trabalho tem entendido, porém, que a empresa não pode simplesmente vedar o relacionamento entre os empregados, se o namoro ocorre fora do horário de trabalho. Também considera que normas genéricas e amplas ultrapassam o campo de atuação da companhia. Nas poucas decisões existentes, o TST e os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) reverteram as demissões por justa causa e asseguraram o pagamento de indenização por danos morais, que têm variado de R$ 30 mil a R$ 50 mil. No caso da auxiliar administrativa, a Transportadora Colatinense alegou no processo que a demissão da funcionária ocorreu por corte de pessoal e não em consequência do relacionamento.

Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

  • Upload
    dangdat

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 1

Boletim 603/14 – Ano VI – 10/09/2014

Empresas pagam danos morais por impedir namoro entr e funcionários Por Adriana Aguiar | De São Paulo O Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que as empresas não podem impedir seus funcionários de namorar.

Ao analisar um processo relativo ao tema, a 8ª Turma manteve uma indenização de R$ 50 mil por danos morais a uma ex-empregada da Transportadora Colatinense, no Espírito Santo, por discriminação no trabalho.

A funcionária trabalhava como auxiliar administrativa e iniciou um relacionamento, mantido em segredo, com o gerente comercial da mesma empresa. Quando o sócio da companhia soube do namoro, determinou que o gerente rompesse o relacionamento com aquela "simples funcionária". Como isso não ocorreu, a empregada foi demitida dias depois.

Grandes companhias, principalmente multinacionais, costumam ter normas internas que proíbem o namoro entre funcionários. É o caso do Walmart e das Lojas Renner, também condenadas pelo TST pela prática.

A conduta, que já é antiga, tem como objetivo muitas vezes proteger a empresa de possíveis conflitos de interesse entre os empregados.

A Justiça do Trabalho tem entendido, porém, que a empresa não pode simplesmente vedar o relacionamento entre os empregados, se o namoro ocorre fora do horário de trabalho.

Também considera que normas genéricas e amplas ultrapassam o campo de atuação da companhia.

Nas poucas decisões existentes, o TST e os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) reverteram as demissões por justa causa e asseguraram o pagamento de indenização por danos morais, que têm variado de R$ 30 mil a R$ 50 mil.

No caso da auxiliar administrativa, a Transportadora Colatinense alegou no processo que a demissão da funcionária ocorreu por corte de pessoal e não em consequência do relacionamento.

Page 2: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 2

Até porque, segundo a transportadora, o gerente era casado na época com outra mulher. O TST manteve decisão do TRT do Espírito Santo que, ao analisar provas, entendeu que ocorreu constrangimento e discriminação.

O Walmart também teve que indenizar um casal, após determinação do TST. Cada um receberia R$ 30 mil.

O ex-funcionário era operador de supermercado e ela atuava no setor de segurança e controle patrimonial. Eles começaram a namorar em março de 2009 e passaram a viver em união estável.

Após descobrir a relação, o Walmart abriu processo administrativo com base em norma interna que proíbe integrantes do setor de segurança de ter "relacionamento amoroso com qualquer associado (empregado) da empresa ou unidade sob a qual tenha responsabilidade". Os dois foram demitidos no mesmo dia.

Para o redator do processo do funcionário na 2ª Turma do TST, ministro José Roberto Freire Pimenta, houve "invasão da intimidade e do patrimônio moral de cada empregado e da liberdade de cada pessoa que, por ser empregada, não deixa de ser pessoa e não pode ser proibida de se relacionar amorosamente com colegas".

Com base nos dados do processo, o ministro Freire Pimenta concluiu que a demissão se deu somente pelo fato de o casal ter um relacionamento afetivo. "Não houve nenhuma alegação ou registro de que o empregado e sua colega de trabalho e companheira agiram mal, de que entraram em choque ou de que houve algum incidente envolvendo-os, no âmbito interno da própria empresa", afirmou.

O ministro ainda citou precedente da 3ª Turma do TST, que julgou o recurso da companheira.

A Lojas Renner também foi condenada a indenizar em R$ 39 mil por danos morais um empregado que trabalhou por 25 anos na empresa e foi dispensado, por justa causa, ao manter namoro com uma colega de trabalho.

A companhia alegou no processo que o empregado foi dispensado por ter praticado falta grave ao descumprir orientação que não permitia o envolvimento amoroso entre superiores hierárquicos e subalternos, mesmo fora das dependências profissionais.

A juíza de primeiro grau considerou inconstitucional o código de ética da empresa e, por isso, declarou nula a dispensa motivada. Ainda levou em conta o fato de o empregado ter prestado serviços à empresa, por mais de duas décadas, sem jamais ter sofrido uma única advertência ou suspensão.

Page 3: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 3

Os desembargadores do TRT de Santa Catarina mantiveram a condenação por entender ser "da natureza humana estabelecer relações, empatias e antipatias, encontros e desencontros, amores e desamores".

O TST também considerou a decisão correta.

Nos casos em que há casamento entre empregados do mesmo setor, tem sido comum que as companhias estabeleçam, em regulamento interno, a saída de um dos funcionários, para não haver conflitos de interesses, diz a advogada Juliana Bracks, do Bracks & von Gyldenfeldt Advogados Associados. "Essas regras, porém, têm que ter razoabilidade". Segundo ela, o que não pode é existir uma proibição genérica.

Para o professor de direito do trabalho da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Túlio Massoni, apesar de a companhia ter a prerrogativa de criar regras e regulamentos internos, eles têm que estar em conformidade com o ordenamento jurídico. "A razão dessa iniciativa é louvável para evitar, por exemplo, favoritismos em detrimento da competência dos funcionários.

Contudo não deve ser unilateralmente imposta", afirmou Túlio. Ele sugeriu que essas normas sejam elaboradas com a participação do sindicato dos empregados e sejam consensuais.

O advogado trabalhista Marcos Alencar, entende que essas normas só podem limitar o relacionamento quando há um nexo entre a função que os funcionários exercem. "Nada pode impedir que o marido, por exemplo, seja motorista da empresa e a esposa trabalhe no setor de contas a pagar.

Nesse caso, um setor nada tem a ver com o outro. O trabalho de cada um flui de forma independente", disse.

As empresas, ao editarem suas regras, devem demonstrar de forma convincente que são necessárias, segundo o advogado trabalhista Alexandre Fragoso Silvestre, do Miguel Neto Advogados. "Os empregados, por sua vez, devem evitar demonstrações de afeto muito incisivas perante terceiros, o que, de certa forma e em dado grau, pode agredir outras pessoas", afirmou.

Procurado pelo Valor , o Walmart informou por meio de nota que "que respeita o entendimento do Judiciário e que cumprirá a determinação do TST". E acrescentou que "o respeito ao indivíduo é uma de suas premissas, e que as regras internas estabelecidas visam o bem-estar e qualidade dos ambientes de trabalho".

A Lojas Renner, por sua vez, afirmou em nota que não inibe relacionamentos entre colegas de trabalho e que conta com inúmeros casais que trabalham na organização.

Page 4: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 4

Segundo a empresa, "o caso em questão refere-se a um relacionamento extraconjugal com uma de suas subordinadas, o que poderia caracterizar assédio sexual".

A reportagem não conseguiu localizar representante da Transportadora Colatinense para comentar o assunto.

Justiça permite que companhias vedem a contratação de parentes Por Adriana Aguiar | De São Paulo As empresas também têm instituído em seus regimentos internos normas que proíbem a contratação de parentes, com o objetivo de evitar conflitos de interesse. Uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) livrou a Lojas Americanas do pagamento de indenizações por danos morais coletivos por vedar a admissão de familiares no mesmo setor para cargo de chefia. O processo foi encerrado em 2011. Para advogados, trata-se de um exemplo de cláusula restritiva na qual predominou o bom senso do empregador, que limitou as contratações apenas aos mesmos setores da empresa.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio de Janeiro entrou com a ação contra a empresa por entender que a conduta da empresa configuraria dano moral coletivo ao violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, conforme o inciso X do artigo 5º da Constituição Federal.

A 6ª Turma do TST entendeu, porém, que a proibição para contratar parentes de empregados não constitui, por si só, motivo de ofensa à liberdade do exercício de qualquer trabalho. Segundo os ministros, não houve abuso do poder diretivo do empregador ao estabelecer a norma, já que se pretende evitar "no caso a defesa do seu patrimônio, consistente na intenção de se combater possíveis privilégios".

Segundo a decisão, não há notícia de que tenha ocorrido excesso da empresa na contratação, "nem há qualquer remissão a tratamento discriminatório dado a apenas um candidato a empregado por ser parente de um empregado efetivo da empresa, não tendo se verificado qualquer irregularidade na atuação da empresa, sendo impossível conferir o dano moral coletivo, por se tratar tão-somente do exercício atinente à administração negocial".

No acórdão, os ministros ainda acrescentam que a Lojas Americanas incluiu norma no regulamento interno que "apenas e tão somente impediu a contratação de parentes para trabalharem com o chefe de serviço, sob a chefia e responsabilidade dele. Não se impediu

Page 5: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 5

a contratação desses parentes para desenvolver atividades em outros setores da empresa".

Segundo o voto do relator, ministro Aloysio Correa da Veiga, " a prática, longe de ferir a liberdade de exercício de trabalho, vem sendo utilizada em diversos ambientes profissionais e comerciais, na política de admissão de empregados, com o fim de coibir que haja privilégio dos parentes na contratação, sendo tal conduta favorável, inclusive, para os candidatos".

De acordo com o advogado trabalhista Alexandre Fragoso Silvestre, do Miguel Neto Advogados, "se não há relação direta entre os empregados, de forma que um possa beneficiar o outro, ou, de qualquer forma, prejudicar a empresa, não haveria, em tese, motivos para proibir a contratação". De acordo com o advogado, a cláusula fez essa distinção. A Lojas Americanas, por nota, informou que não comentaria o assunto.

Sem emprego, mas com trabalho garantido Por Letícia Arcoverde | De São Paulo Tanto pela vontade dos profissionais quanto pelas necessidades das empresas, o trabalho por projetos, sem vínculo empregatício, tem se tornado uma tendência no mercado. Na opinião de Jorge Vazquez, presidente no Brasil da holandesa Randstad, segunda maior empresa de recursos humanos do mundo, a necessidade constante de qualificação no país ajuda a intensificar esse movimento em setores diversos. "Profissionais qualificados de determinadas áreas podem não ter empregos garantidos, mas terão trabalhos garantidos", afirma.

Português, Vazquez assumiu recentemente o cargo com a missão de ampliar a operação local que, pela primeira vez, terá um presidente exclusivo. Seu antecessor, Mario Costa, era presidente da Randstad no Brasil e em Portugal e se aposentou no fim do ano passado.

Ao longo dos últimos anos, a empresa dobrou o número de funcionários próprios para 300 e abriu 25 filiais em 12 Estados, além de empregar hoje cerca de cinco mil profissionais terceirizados e temporários em empresas clientes. Antes de vir para o Brasil, Vazquez era diretor do grupo de controle, uma área da holding focada em desenvolver os planos de estratégia e expansão nos quase 40 países onde a empresa está presente. "Em razão do potencial de crescimento no Brasil, percebemos que precisaríamos de uma estrutura sólida e 100% no país", diz.

Page 6: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 6

O crescimento hoje é de "pelo menos dois dígitos", o que configura aumento mais intenso do que em muitos outros países, segundo o novo presidente.

A estratégia ainda é, contudo, o crescimento seletivo, compatível com a forma como a empresa atua - com equipes enxutas de especialistas em determinados perfis de profissionais.

Um dos principais focos é recrutamento de média e de alta gerência em áreas como engenharia e supply chain, vendas e marketing, e tecnologia da informação. Além disso, a Randstad atua na seleção de perfis administrativos e operacionais e em projetos de trabalho temporário em varejo e centros de distribuição. Recentemente, foi desenvolvida também uma área especializada em saúde.

Geograficamente, Vazquez enxerga muitas oportunidades na região Nordeste - que deve receber mais filiais nos próximos meses, com foco em perfis técnicos para a indústria de energia eólica e montadoras automotivas - e prevê mais investimentos nos mercados de Manaus e Goiânia.

Apesar das mudanças no cenário econômico desde a entrada da empresa no Brasil, Vazquez diz que as maiores adaptações ocorrem devido às necessidades apresentadas pelos clientes. Em sua opinião, o momento atual é de incerteza no país, mas sem pessimismo. "Os projetos existem e são concretos, o que percebemos é algum atraso na decisão", diz.

No Brasil, Vazquez destaca o aumento da procura por projetos de "arquitetura de trabalho", na qual a consultoria auxilia a empresa a encontrar a melhor combinação de recrutamento próprio e trabalho terceirizado, além de fazer os ajustes necessários para atrair e reter profissionais.

São buscados também sistemas de informação que possam reunir fluxos de serviços de RH para otimizar custos e se adequar a questões de compliance.

Recentemente, a empresa holandesa investiu, no exterior, em ferramentas de tecnologia de recursos humanos por meio de um fundo de inovação. As mais recentes foram uma plataforma de transmissão de informações de pontos de venda, chamada Gigwalk, e a rede europeia de trabalhadores freelancers twago.

Vazquez considera que essas ferramentas podem ser usadas também no mercado brasileiro e espera um crescimento cada vez maior de plataformas voltadas para os trabalhadores autônomos por aqui. "Diferentemente de outros países, o mercado de recursos humanos no Brasil é bastante fragmentado, o que nos dá bastante espaço para crescer", ressalta.

Page 7: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 7

Ford amplia 'layoff' em fábrica de motores Por Eduardo Laguna | De São Paulo A Ford ampliou para 224 o número de trabalhadores afastados em sua fábrica de motores

em Taubaté, no interior paulista. Na segunda-feira, mais 116 operários tiveram contratos de

trabalho suspensos em regime conhecido como "layoff", no qual os funcionários são

afastados das linhas de produção por até cinco meses.

No início do mês passado, a montadora já tinha colocado 108 funcionários em "layoff"

nessa fábrica, que emprega cerca de 1,8 mil pessoas na produção de motores e

transmissões dos modelos EcoSport, Fiesta e Focus, este último montado na Argentina.

O objetivo, diz a Ford, é ajustar a produção à menor demanda. Previsto na legislação

trabalhista, o "layoff" tem sido uma das ferramentas usadas pelas montadoras para

administrar o excesso de mão de obra num momento de baixa tanto das vendas

domésticas como das exportações.

O número de operários afastados em fábricas de veículos passa agora de 3,8 mil, já que

Mercedes-Benz, Volkswagen, General Motors (GM) e MAN também estão adotando esse

expediente.

Enquanto permanecem afastados da produção, os trabalhadores passam por cursos de

qualificação profissional e têm parte do salário, R$ 1,3 mil, bancada pelo Fundo de Amparo

ao Trabalhador (FAT).

Na fábrica da Volks em Taubaté, onde é produzido o subcompacto Up!, os trabalhadores

retornaram na semana passada de um período de dez dias de férias coletivas.

A fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, também voltou a funcionar

após paralisação na semana passada.

Page 8: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 8

Destaques Estabilidade de gestante

A Justiça do Trabalho negou a uma copeira que sofreu aborto o pedido de estabilidade concedido às gestantes. Para a 8ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que não conheceu de seu recurso, a garantia de estabilidade gestacional não se aplica em casos de interrupção de gravidez, uma vez que a licença-maternidade visa proteger e garantir a saúde e a integridade física do bebê, oferecendo à gestante as condições de se manter enquanto a criança estiver aos seus cuidados. A perda do bebê ocorreu ao longo do processo trabalhista, depois das decisões de primeira e segunda instâncias. Dispensada grávida, a trabalhadora teve o pedido de estabilidade deferido em sentença sob a forma de indenização compensatória. Em defesa, a empregadora, Sociedade Assistencial Bandeirantes, alegou que o contrato era por prazo determinado e que desconhecia o fato no momento da dispensa, e foi absolvida do pagamento da indenização pelo Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Em recurso ao TST, a trabalhadora insistiu no direito à indenização, mas, com a interrupção da gestação, restringiu o pedido ao reconhecimento da estabilidade somente até o advento do aborto com o argumento de que no momento da rescisão do contrato estava grávida.

Vínculo de emprego

Uma manicure que prestava serviço em um salão em Santos (SP) teve o seu pedido de reconhecimento de vínculo de emprego negado em segunda instância e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Tanto os ministros do TST quanto os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo avaliaram que o fato dela receber 50% de comissão pelos serviços, livres de qualquer custo, transforma a relação em uma parceria comum entre o proprietário de salão e a profissional, ainda que informalmente. A profissional atendeu no salão de beleza por um ano, recebendo ajuda de custo de R$ 150, mais 50% de comissão sobre o valor pago por todos os clientes atendidos. Após o desligamento, ela pleiteou em ação trabalhista o reconhecimento do vínculo e as demais verbas daí decorrentes. As testemunhas afirmaram que a manicure controlava a própria agenda e horários de trabalho, e que se não pudesse comparecer, bastava avisar à dona do salão, sem consequência alguma.

(Fonte: Valor Econômico dia 10-09-2014).

Page 9: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 9

Passaredo não pagará insalubridade a mecânico A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) absolveu a Viação Passaredo de pagar adicional de periculosidade a um mecânico, que alegava contato com óleo diesel quando limpava as peças dos ônibus. A Turma entendeu que houve extrapolação do pedido, visto que a verba deferida era diferente daquela requerida. A empresa afirmou que ele não trabalhava em condições perigosas nem abastecia os ônibus, não havendo que se falar em periculosidade. A perícia, porém, indicou que o trabalho ocorria em condições insalubres, em razão do contato, sem uso de luvas, com hidrocarbonetos. Com base no laudo, a 1ª Vara do Trabalho de Paulínia (SP) condenou a companhia a pagar o adicional de insalubridade no patamar de 20%. Para o juízo de primeiro grau, embora não houvesse pedido nesse sentido, o deferimento estaria autorizado porque o laudo confirmou o contato do empregado com o agente apontado na petição inicial da ação (óleo diesel), cabendo ao perito fazer o correto enquadramento quanto ao tipo de nocividade. A empresa recorreu alegando julgamento fora do pedido, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região manteve a sentença. Segundo o TRT, embora o mecânico tenha se referido à periculosidade na petição, "outra não poderia ser a pretensão senão o recebimento do adicional de insalubridade", visto que o agente agressor era óleo diesel. Em seguida, a Viação Passaredo mais uma vez recorreu e, no TST, a Primeira Turma acolheu sua alegação de que houve violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Isso porque a empresa embasou toda a sua defesa na inexistência de ambiente perigoso, mas nada se referiu quanto à insalubridade, porque não havia pedido neste sentido. Da Redação

(Fonte: DCI dia 10-09-2014).

Page 10: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 10

Medo de indenizações freia contratação de terceiriz ados Escrito por Silvia Pimentel Grandes companhias têm reduzido o ritmo de contratação de mão de obra terceirizada com receio de condenações bilionárias na Justiça do Trabalho ou até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida sobre a validade da súmula 331, que proíbe a terceirização da atividade-fim das empresas – a utilização de pessoal terceirizado na finalidade principal do negócio. A análise do assunto na última instância da Justiça deve ocorrer ainda neste ano e, segundo especialistas, é um dos julgamentos mais aguardados no meio empresarial. A Vale é uma das companhias que reduziram esse tipo de contratação por ser alvo de reclamações trabalhistas. A estratégia de terceirizar serviços é também largamente usada nos setores de papel e celulose, petroquímico, Tecnologia da Informação (TI), elétrico, entre diversos outros. De acordo com o gerente jurídico da Vale, Rafael Grassi, atualmente o número de processos judiciais movidos por funcionários terceirizados supera a quantidade de ações provenientes de trabalhadores próprios. Em 2007, metade dos funcionários da empresa era terceirizada. Hoje, a proporção caiu para um terço. “Diversificar, às vezes, é uma necessidade. Não há como uma empresa fazer tudo sozinha. Temos que terceirizar porque não dá para se especializar em tudo”, disse o executivo, durante o seminário "Terceirização e o STF: o que esperar?", Uma das atividades terceirizadas pela Vale, que têm sido questionada na Justiça, se refere à movimentação de cargas, que envolve equipamentos de alto custo e a necessidade de especialização no manuseio desses equipamentos. A companhia foi condenada em Minas Gerais, recorreu e aguarda decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O Ministério Público do Trabalho também questiona o contrato firmado com uma empresa chilena, especializada em pesquisas com explosivos, que presta serviços de detonação e mapeamento de áreas. “É uma atividade de alto risco e só

Page 11: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 11

uma empresa especializada pode realizá-la com a devida segurança”, explicou Grassi. A presidente executiva da Ibá, associação que reúne empresas da indústria de plantação de pinus e eucalipto, Elisabeth Carvalhares, afirmou que se a regulamentação da terceirização no Brasil não sair do papel, parte dos investimentos previstos pelo setor, de US$ 23 bilhões, será postergada. “A terceirização é vital para a atividade”, afirmou Elisabeth, ao explicar que a base da indústria florestal é formada essencialmente por empresas de serviços especializados, que agrupam as várias fases do processo. Para José Pastore, defensor da terceirização desde que feita com regras claras para evitar a precarização do trabalho, é grande a expectativa em torno do julgamento do STF. Os ministros devem definir se a Súmula 331, do TST, tem ou não força de lei. Como não existe uma legislação específica sobre esse assunto, os juízes trabalhistas usam a súmula para guiarem suas decisões. Pelo texto trazido pela súmula 331, somente os serviços relativos à atividade-meio da contratante – que não é inerente ao objetivo principal de uma empresa – podem ser terceirizados. E existem divergências sobre a definição dos termos “atividade-fim e atividade-meio”. O grande volume de ações que tramitam na Justiça levou o relator da matéria, ministro Luiz Fux, a considerar a súmula como de “repercussão geral”. Ou seja, a decisão da Corte terá de ser seguida por todo o Poder Judiciário. “É difícil antecipar o desfecho do processo. É possível que o STF coloque restrições ao uso da Súmula por impedir a liberdade de contratação, garantida pelo princípio Constitucional da livre iniciativa”, conclui Pastore.

(Fonte: Diário do Comércio dia 10-09-2014).

Page 12: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 12

Votação em conselho deve prolongar greve na USP Abono salarial será discutido em órgão da universid ade; sindicatos veem recuo. Reitores pedirão ao governo estadual e à Assembleia a revisão dos repas ses de ICMS, atualmente em 9,57% NATÁLIA CANCIANTHAIS BILENKYDE SÃO PAULO A greve na USP, que chega nesta quarta (10) ao 107º dia, terá uma sobrevida com a decisão da reitoria de submeter ao Conselho Universitário a eventual concessão de abono salarial a funcionários. A reunião no conselho está marcada para o dia 16. O órgão reúne professores, funcionários e alunos. O Cruesp, que reúne os reitores de USP, Unicamp e Unesp, decidiu nesta terça (9) que cada universidade negociará internamente a concessão do abono. Unesp e Unicamp dizem que tratarão diretamente com sindicatos de funcionários e docentes. A decisão de submeter o abono ao conselho foi interpretada pelos grevistas da USP como um recuo. "Estávamos com a intenção de sair da greve e agora vamos ter que continuar", disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, que representa os servidores técnico-administrativos. Cesar Minto, da Adusp (associação de docentes), afirmou que "muito provavelmente, o indicativo será de continuidade da greve". Na segunda-feira, os funcionários tinham aceitado proposta do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de abono de 28,6% para o período de maio a setembro. Havia concordância em torno do reajuste salarial de 5,2% proposto pela universidade. Desde o início da paralisação, em maio, os grevistas pediam 9,78%. A reitoria sustentava não poder conceder aumento --a USP tem 106% do orçamento comprometido com a folha de pagamento. Ambas as partes cederam. A universidade não informou qual será o eventual impacto de um abono de 28,6% em suas finanças. Tampouco esclareceu se a proposta que será levada ao conselho incluirá também os docentes --a decisão no TRT era exclusiva aos demais funcionários. O Cruesp informou que pedirá ao governo do Estado e à Assembleia a revisão dos cálculos dos valores de repasse do ICMS, principal fonte das universidades estaduais. Hoje, as três instituições recebem juntas 9,57% do que é arrecadado com o imposto. A presidente do Cruesp e reitora da Unesp, Marilza Rudge, não especificou se a revisão ampliará os repasses. A reitoria da USP, em comunicado aos funcionários em greve, se disse "disposta a estudar" a reposição dos dias parados e o pagamento dos valores descontados de vale-refeição "à medida que a reposição de horas ocorrer". Grevistas querem que as horas não sejam repostas e pedem o ressarcimento de benefícios suspensos. Cerca de 200 pessoas protestaram durante a reunião do Cruesp, em São Paulo.

(Fonte: Folha SP dia 10-09-2014).

Page 13: Empresas pagam danos morais por impedir namoro entre ...az545403.vo.msecnd.net/uploads/2014/09/informe-desin-603-ano-vi-10... · Grandes companhias, principalmente multinacionais,

Página 13

Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.