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Enade 2015 - Psicologia

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QUESTÃO Nº 9

O processo de consolidação da Psicologia como ciência autônoma no Brasil já estava em pleno desenvolvimento na segunda metade do século XX. Com a aprovação da Lei nº. 4.119, de 27 de agosto de 1962, foi reconhecida e regulamentada como profissão e área de conhecimento, o que possibilitou a criação de cursos acadêmicos regulares. ANTUNES, M.A.M. A psicologia no Brasil no século XX. In: MASSIMI, M.; GUEDES, M. C.(orgs). História da psicologia no Brasil: novos estudos. São Paulo: Educ/Cortez, 2004 (adaptado). O período que antecede o marco histórico mencionado no texto caracterizou-se por

I. intensa produção na área de Psicologia, ampliada e diversificada em suas abordagens e seus campos de atuação.

II. farta produção de ideias nas áreas da Medicina e da Educação, desencadeada pela busca de conhecimentos desenvolvidos em outros países.

III. práticas psicológicas desenvolvidas por médicos, sobretudo por psiquiatras, assim como por graduados em Filosofia e Pedagogia, que se especializavam em cursos de extensão e de pós-graduação na área de Psicologia. É correto o que se afirma em

A I, apenas. B III, apenas. C I e II, apenas. D II e III, apenas. E I, II e III.

Gabarito: E

Tipo de questão: fechada/objetiva com múltipla escolha (de A a E)

Conteúdo avaliado: História da Psicologia

Autor(a): Ronaldo

Comentário: Primeiramente, julgo que há professores no departamento que seria mais competentes que para comentar essa questão, como o professor Cláudio Ivan, por exemplo, por ser ima disciplina que ele já ministra há anos. Por isso, acho que ele comentaria melhor que eu e fica, então, o convite para ele analisar e comentar. A alternativa E está correta, pois a psicologia, de acordo com Baumeiter & Finkel (2010), em seus estudos sobre o histórico da Psicologia Social, principalmente no ocidente, pontuam que os item I e II da questão procedem; são verdadeiros. Para o item III, Shultz e Shultz (2007) argumentam sobre a trajetória da psicologia antes e logo após dela se tornar uma ciência. Nessa passagem, corroboram com o item III da questão, permitindo a interpretação mais viável de considera-la, outrossim, verdadeira. Logo, todas são verdadeiras: alterativa correta E.

Referências: Baumeister, R. F., & Finkel, E. J. (2010). Advanced social psychology: The state of the science. New York: Oxford University Press. Shultz, D. P., & Schultz, S. E. (2007). A history of modern psychology (9th ed.). Stanford, CT: Cengage Learning

QUESTÃO Nº 10

A segunda metade do século XIX foi caracterizada pela utilização dos métodos das ciências naturais em pesquisas de fenômenos mentais. Técnicas foram elaboradas, livros foram escritos e aparelhagens, desenvolvidas. Alguns filósofos enfatizavam a importância dos sentidos, enquanto cientistas buscavam descrever seu funcionamento. Entretanto, faltava quem propusesse unir, sintetizar essas duas posições e, assim, constituir o marco do começo do reconhecimento da Psicologia como uma ciência, à luz do paradigma científico do período. SCHULTZ D.; SCHULTZ, S. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2009 (adaptado). A partir da descrição acima, avalie as afirmações seguintes. I. A Psicofísica, desenvolvida sobre tudo por Fechner, foi responsável por

apresentar a síntese mencionada no texto e, assim, contribuiu para o reconhecimento da Psicologia como ciência.

II. O estudo da experiência consciente realizado por Wilhelm Wundt no laboratório de Leipzig atendeu ao Zeitgeist do período e marcou o efetivo ingresso da Psicologia no campo das ciências.

III. As alterações efetuadas por Titchener no sistema teórico wundtiano foram responsáveis pelo atendimento pleno das exigências acadêmicas e culturais da época. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C ) I e III, apenas. C) II e III, apenas. D) I, II e III.

Gabarito: B

Tipo de questão: complementação múltipla

Conteúdo avaliado: a constituição de uma psicologia científica no Século XIX na Alemanha (segundo a definição de ciência que se constituía então).

Cláudio Ivan de Oliveira (avaliador)

Comentário: A alternativa B está correta porque, de acordo com a pesquisa historiagráfica atualizada (Araujo,2010), foi Wundt, e não Fechner, o principal responsável por um projeto de uma psicologia científica na Alemanha na segunda metade do Século XIX, considerando a definição de ciência que se constituiu neste momento: “Foi Wundt, mais do que a qualquer outra pessoa, que lutou para fixar o significado do termo

“psicologia” em conformidade com a tradição científica do Século XIX na Alemanha (Araujo, 2005, p. 102). O ponto fraco desta questão é utilizar o conceito de Zeitgeist (espírito epocal). Este conceito é utilizado no livro texto de Schultz e Schultz (2009), mas não aparece em todos os trabalhos de historia da psicologia em língua portuguesa que abordam o pensamento de Wundt (artigos e livros- ex: Araujo, 2009). Desta forma, o aluno que aprendeu sobre a contribuição de Wundt para a constituição da psicologia científica pode ter dificuldades para responder a questão simplesmente porque não leu a obra específica de Schultz e Schultz (2009) e, portanto, não sabe o significado do conceito alemão Zeitgeist. Também vale salientar que, em língua portuguesa, há trabalhos mais atualizados sobre o pensamento de Wilhelm Wundt que o trabalho de Schultz e Schultz (2009). Como exemplo podemos citar Araujo (2010, 2009, 2005).

Referências: Araujo, S. F. (2010). O projeto de uma psicologia científica em Wilhelm Wundt: uma nova interpretação. Juiz de Fora: Ed. UFJF. Araujo, S. F. (2009). Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt. Scientiæ zudia, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 209-20. Araujo, S. F. (2005). Wilhelm Wundt e o estudo da experiência imediata. Em Jacó- Vilela, A. M., Ferreira, A. A. L. & Portugal, F. T., R., (Orgs.). (2006). História da psicologia: rumos e percursos (p. 92-104). Rio de Janeiro: Nau Ed. Schultz, D. & Schultz , S. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning.

QUESTÃO Nº 11

O texto a seguir discute as implicações práticas provenientes de um estudo de meta-análise da validade das variáveis do Rorschach. “O objetivo principal do nosso estudo foi avaliar se um método de avaliação baseado em performance poderia complementar métodos introspectivos (inventários) comumente usados na prática clínica. Nossos achados apoiam essa hipótese, pois os dados sugerem que seus escores mais válidos propiciam validade incremental sobre métodos de autorrelato (...). Discrepâncias intramétodos de avaliação devem ser mais preocupantes e motivadoras de investigações subsequentes do que discrepâncias entremétodos, já que estas últimas podem levar à ampliação do entendimento das pessoas. Concordâncias intramétodos não devem ser interpretadas como evidências de validade convergente, mas, sim, como evidências de fidedignidade/precisão (isto é, consistência de informações em formas alternativas em um contexto de método único). Além disso, se a confiança que um clínico tem em seus julgamentos é unicamente baseada na congruência de informações obtidas pelo mesmo método ou por métodos muito semelhantes (por exemplo, autorrelato, por meio de questionários e entrevistas, ou duas respostas separadas do Rorschach), ele corre risco de ter suas decisões baseadas em variância de erro associada à especificidade do método. MIHURA, J. L.; MEYER, G. J.; DUMITRASCU, N.; BOMBEL, G. The Validity of Individual Rorschach Variables: Systematic Reviews and Meta-Analyses of the Comprehensive System. Psychological Bulletin. Publicação on-line doi: 10.1037/a0029406, 27/8/2012 (adaptado). O texto discute conceitos da psicometria e suas implicações na validade ao serem usados diferentes tipos de métodos de avaliação (autorrelato, testes de performance/projetivos). Os autores argumentam que:

A. correlações entre testes do mesmo tipo que medem construtos relacionados deveriam ser interpretadas como evidências de validade convergente e aconselham a inclusão de um método projetivo na bateria de testes.

B. correlações entre testes de tipos diferentes que medem construtos similares deveriam ser interpretadas como evidências de validade convergente e aconselham o uso de, pelo menos, uma entrevista em qualquer avaliação.

C. correlações baixas entre testes cujos métodos sejam distintos são evidências negativas de validade, e correlações altas entre testes de tipos similares são evidências de validade convergente.

D. correlações entre testes do mesmo tipo que medem construtos semelhantes deveriam ser interpretadas como evidências de precisão teste-reteste e aconselham o uso de testes similares (do mesmo tipo de método), para serem obtidos índices de congruência entre os resultados.

E. correlações entre testes do mesmo tipo que medem construtos semelhantes deveriam ser interpretadas como evidências de precisão, e não de validade, e desaconselham o uso de um só tipo de método de avaliação, como, por exemplo, o de entrevistas.

Gabarito: E

Tipo de questão: questão de resposta única

Conteúdo avaliado: Fundamentos Psicométricos da Testagem Psicológica

Autor(a): Otília Loth (?)

Comentário: Os autores sugerem que concordâncias entre diferentes métodos de avaliação (métodos de autorrelato e métodos de desempenho/projetivos, por exemplo) podem ser consideradas como evidências de validade incremental. Eles enfatizam que se os resultados provenientes de instrumentos com metodologias semelhantes (dois instrumentos de autorrelato, por exemplo) forem congruentes, isso não deveria ser interpretado como evidência de validade convergente, mas sim como evidência de fidedignidade, já que instrumentos com metodologias semelhantes poderiam ser considerados como formas alternativas de avaliar um mesmo construto. Validade refere-se à característica psicométrica do teste que garante que o instrumento está medindo aquilo que ele deveria medir, enquanto fidedignidade refere-se à precisão com a qual o instrumento mede a característica que se propõe a medir. Existem diferentes fontes de evidências de validade e diferentes métodos para verificar a fidedignidade de um teste. Ao final, os autores sugerem que para uma avaliação confiável deve-se lançar mão de instrumentos de diferentes metodologias (um inventário e um teste projetivo, por exemplo). Avaliações que se utilizam de instrumentos de uma única metodologia correm mais risco de incorrerem em erros.

Referências: 1- Alchieri, J.C e Cruz, R. M. (2003). Avaliação psicológica: conceitos, métodos e

instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2- Ambiel, A. M. R; Rabelo, I. S; Pacanaro, S. V; Alves, G. A. S & Leme, I. F. A. S. (2011). Avaliação psicológica: guia de consulta para estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo.

3- Anastasi, A. e Urbina, S. (2000). Testagem psicológica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

4- Cohen, R.J.; Swerdlik, M.E. & Sturman, E.D. (2014). Testagem e Avaliação Psicológica: introdução a testes e medidas. Porto Alegre, RS: Artes Médicas

5- Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico: Fundamentos de Técnicas Psicológicas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

6- Urbina,S. (2007). Fundamentos da Testagem Psicológica. Porto Alegre, RS: Artmed

QUESTÃO Nº 12

Os pais e professores de Paulinho, que tem 6 anos e 3 meses de idade, gostariam de saber mais sobre seu desenvolvimento cognitivo. A professora diz que Paulinho parece ter dificuldades em se comunicar com as crianças de sua classe. Ele foi avaliado por meio de uma bateria de testes cognitivos. Os resultados dessa avaliação foram comparados aos do grupo normativo de crianças da mesma faixa etária. Os resultados da avaliação de Paulinho são apresentados na tabela a seguir. Subtestes Fatores cognitivos Tarefa Resultado Padronizado Percentil Vocabulário pictórico Inteligência cristalizada (Gc) Nomear objetos apresentados em figuras 84 14 Memória de palavras Memória de curto prazo (Gsm) Repetir sequências de palavras 92 30 Raciocínio Inteligência fluida (Gf) Resolver analogias com figuras geométricas 112 79 Relações espaciais Processamento visual (Gv) Identificar partes que, se combinadas, formam uma figura 119 90 Consciência fonológica Processamento auditivo (Ga) Identificar fonemas iniciais, centrais e finais de palavras 81 10 Cancelamento Velocidade de processamento (Gs) Identificar figuras repetidas em uma sequência 98 45 Resultado global Inteligência geral Soma dos resultados em todos os subtestes 98 45 Fatores cognitivos: nomenclatura do modelo de Cattell-Horn-Carroll (CHC); Resultado padronizado: escala com média 100 e desvio-padrão 15; Percentil: em escala de 1 a 99 indicando a posição relativa da nota em relação à do grupo normativo. Considerando os resultados apresentados acima, avalie as afirmações a seguir.

I. Em parte dos testes que requerem habilidades visuais, verifica-se que Paulinho tem desempenho acima do esperado para crianças de sua idade. Por exemplo, em tarefas que envolvem processamento visual, ele chega a ter desempenho classificado entre as 10% melhores notas obtidas por crianças da mesma faixa etária.

II. Paulinho apresenta desempenhos muito baixos, em relação a crianças de sua idade, em tarefas de processamento auditivo e conhecimento de palavras. Isso poderá ajudar a compreender melhor as dificuldades de comunicação relatadas. Esses resultados alertam para possíveis dificuldades na aquisição de leitura e escrita.

III. Considerando a capacidade global (combinando-se todos os subtestes), Paulinho tem desempenho superior à média, entre os 2% de notas mais altas. Esse resultado elimina a hipótese de explicações cognitivas para as dificuldades de comunicação relatadas pela professora.

Gabarito: C

Tipo de questão: QUESTÃO DE RESPOSTAS MÚLTIPLAS

Conteúdo avaliado: 1. Leitura e interpretação de texto; 2. Psicometria (Avaliação Métodos e Medidas em Psicologia); 3. Estatística (Métodos); 4. Avaliação Neuropsicológica (especificamente avaliação cognitiva); 5. Aprendizagem e Desenvolvimento; 6. Teoria das capacidades cognitivas de Cattell-Horn-Carroll 7. Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson – Revisada (Woodcock Johnson Psychoeducational Battery – Revised/ WJ-R); WISC III; WISC IV.

Autor(a): Ms. Ivone Félix de Sousa

Comentário: De acordo com as Diretrizes Curriculares para o Curso de Graduação em Psicologia foram analisadas as Competências e Habilidades apresentadas nesta questão (12). Constatou-se que as COMPETÊNCIAS cobradas consistiram em: a) Identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta, e análise de dados em projetos de pesquisa; b) Escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência; c) Avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, em diferentes contextos; d) Realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, de grupos e de organizações; e) Atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar; f) Elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; g) Saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional. Constatou-se que as HABILIDADES cobradas foram: a) Ler e interpretar comunicações científicas e relatórios na área da Psicologia; b) Utilizar o método experimental, de observação e outros métodos de investigação científica; c) Analisar, descrever e interpretar relações entre contextos e processos psicológicos e comportamentais; d) Descrever, analisar e interpretar manifestações verbais e não verbais como fontes primárias de acesso a estados subjetivos; e) Utilizar os recursos da matemática, da estatística e da informática para a análise e apresentação de dados e para a preparação das atividades profissionais em Psicologia. A questão foi elaborada com a finalidade de avaliar a articulação entre competências e habilidades inter e multidisciplinares. Foi requerido que este aluno (a) demonstrasse conhecimento tanto na área de leitura e interpretação de texto, quando da Psicologia de forma ampla. Os conhecimentos na área da psicologia devem abranger: a) Psicometria e estatística (normatização de testes psicológicos, interpretação dos percentis...); b) Avaliação neuropsicológica (avaliação cognitiva realizada por variados testes – instrumentos – para mensurar a inteligência ex.: Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson – Revisada, Woodcock Johnson Psychoeducational Battery – Revised/ WJ-R, WISC III, WISC IV, entre outros); c) Teoria das capacidades cognitivas de Cattell-Horn-Carroll; d) Inteligência fluida, cristalizada, consciência fonológica e o grau de importância de cada uma destas tarefas para o processo de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. Quando se analisa a distribuição das respostas dos(as) alunos(as) concluintes em relação cada alternativa desta questão objetiva (no Componente de Conhecimento Específico, considerando-se a IES da Grande Região e do Brasil e as respostas específicas da PUC Goiás), observa-se que nossos alunos(as) tiveram melhor desempenho (porcentagem de acertos, 55,6%) em relação aos dados gerais (Brasil, 54,1%) e na grande região (54,5%) (Site do Inep, 2015). Isto implica dizer que a PUC Goiás está proporcionando uma abrangência de conteúdos maior do que as outras IES da região e em relação à média das IES do Brasil nas áreas de psicometria, estatística, Neuropsicologia, aprendizagem, leitura e compreensão de texto. No entanto, como somente 55,6% das pessoas que responderam a questão na PUC Goiás acertaram esta questão, faz-se necessário melhorar a forma de absorção do conteúdo por parte de nossos alunos.

Talvez uma pesquisa para avaliar o nível de leitura e compreensão de texto pudesse levar ao principal gargalo encontrado em nossos alunos(as).

Referências: Alegria, J., Leybaert, J. & Mousty, P. (1997). Aquisição da leitura e distúrbios associados: Avaliação, tratamento e teoria. Em J. Grégoire & B. Piérart (Orgs.), Avaliação dos problemas de leitura: Os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas (pp. 105-124). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. Almeida, L. S. (1988). Teorias da inteligência (2ª ed.). Porto: Jornal de Psicologia. Cronbach, L. J. (1996). Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas. Ferrer, E., & McArdler, J. J. (2004). An experimental analysis of dynamic hypotheses about cognitive abilities and achievement from childhood to early adulthood. Developmental Psychology, 40, 935-952. Pasquali, (2003). Psicometria Teoria dos testes na psicologia e Educação. Petrópolis: Vozes. Pasquali, L (2003). Instrumento psicológico: manual prático de elaboração. Brasília: LabPAM; IBAPP Schelini, Patrícia Waltz. (2006). Teoria das inteligências fluida e cristalizada: início e evolução. Estudos de Psicologia (Natal),11(3), 323-332. Retrieved June 24, 2015, from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 294X2006000300010&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S1413-294X2006000300010. Wechsler, D. (1984). David Wechsler Test de Inteligencia para Niños. Buenos Aires, Argentina: Paidós http://enadeies.inep.gov.br/enadeIes/enadeResultado/ http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/psicologia.pdf

QUESTÃO Nº 13

Há múltiplas tipologias utilizadas para diferenciar os tipos de pesquisa, considerando a natureza dos problemas investigados e das relações entre os fenômenos, as estratégias metodológicas utilizadas, a natureza dos dados coletados e analisados, entre outras dimensões diferenciadoras. Uma das tipologias usuais discrimina os estudos em: exploratórios, descritivos, correlacionais e explicativos. Ao se diferenciarem tais tipos, não há uma atribuição de valor nem uma hierarquia de qualidade das pesquisas. Cada tipo atende a objetvos específicos postos pelo pesquisador e que se apoiam na natureza da sua questão de estudo e no acúmulo de conhecimento já consolidado sobre ela. A seguir são descritos de forma bem sintética quatro estudos sobre temáticas de interesse da Psicologia. Estudo 1 Buscando analisar os efeitos possíveis dos conteúdos antissociais veiculados pela televisão no comportamento agressivo de crianças entre 5 e 10 anos de idade, foram compostos dois grupos que assistiram a programas com diferentes conteúdos (um antissocial e outro pró-social). Os grupos foram compostos aleatoriamente, sendo equiparados quanto a gênero e faixa etária. Antes e após assistirem aos programas, as crianças foram observadas em seus ambientes naturais (escola e casa), tendo-se registrado a frequência e os tipos de comportamentos agressivos. As comparações permitidas pela pesquisa possibilitaram avaliar a influência da televisão, além de outros fatores contextuais (família, escola) que também impactavam os comportamentos agressivos. Estudo 2 Buscando-se identificar as diferenças entre homens e mulheres na suscetibilidade a infecções por DSTs, verificou-se na comparação entre os percentuais de homens infectados por mulheres e de mulheres infectadas por homens, depois de uma única penetração, sem proteção, com parceiro infectado, que mulheres apresentam risco muito maior que homens em quatro das seis DSTs (clamídia, gonorreia, hepatite B e sífilis). Em se tratando do papiloma genital e do herpes genital, a percentagem estimada de infectados não se diferencia entre homens e mulheres. Estudo 3 Buscando analisar possíveis fatores associados ao desempenho de estudantes universitários, um pesquisador aplicou um questionário, que continha várias escalas validadas, a uma amostra ampla e representativa de alunos de diferentes cursos de uma universidade de grande porte. Foram avaliados, entre outros aspectos, a satisfação com a qualidade do ensino, a integração social com os colegas, a satisfação com a escolha profissional, o investimento relativo a horas dedicadas ao estudo semanalmente, além de variáveis socioeconômicas e demográficas. Os resultados permitiram identificar que maiores níveis de satisfação com a escolha profissional associavam-se mais fortemente com maior investimento do aluno no curso e com desempenhos superiores, relativos a notas obtidas nas disciplinas cursadas. Estudo 4 Buscando compreender crenças e significados relacionados a cuidados com a saúde de um grupo de habitantes de uma comunidade bastante isolada geograficamente de centro urbano, pesquisadores fizeram várias visitas ao local e, à medida que se aproximaram dos moradores, puderam conversar sobre o cotidiano, ouvir histórias sobre o passado da comunidade, observar interações, rotinas de trabalho, comemorações festivas e práticas de cuidado com a saúde, tendo sido gerada quantidade razoável de informações sobre padrões culturais dominantes no grupo. Tais informações forneceram base para hipóteses iniciais de como as práticas de cuidado com a saúde eram elementos constituintes de padrões culturais bem distintos dos que se observam nas grandes cidades do país. Na sequência em que foram apresentadas, as descrições correspondem aos estudos A explicativo, correlacional, descritivo e exploratório.

B exploratório, descritivo, explicativo e correlacional. C descritivo, correlacional, exploratório e explicativo. D explicativo, descritivo, correlacional e exploratório. E descritivo, exploratório, correlacional e explicativo.

Gabarito: A

Tipo de questão: associação (resposta única)

Conteúdo avaliado: tipos da pesquisa científica (disciplinas Métodos de Pesquisa em Psicologia I, II e III e outras)

Autor(a): Weber Martins

Comentário: O primeiro estudo busca encontrar (explicar) o efeito de uma variável nominal (tipo de conteúdo veiculado pela televisão, antissocial ou não) sobre o comportamento agressivo de crianças entre 5 e 10 anos de idade. Para isso, forma grupos aleatórios e equivalentes, submetendo cada grupo a um único tipo de conteúdo e procurando registrar o comportamento das crianças em termos quantitativos. Trata-se, portanto, de um estudo experimental, onde o aumento de comportamentos agressivos em cada grupo será comparado, buscando explicar o possível maior aumento no grupo que assistiu a conteúdos antissociais pela natureza desse conteúdo. Certamente, os dados serão avaliados por meio de testes estatísticos adequados à comparação de dois grupos independentes (teste t-Student ou teste de Mann-Whitney) Temos, portanto, um belo exemplo de estudo explicativo, onde nem toda a coleta de dados foi realizada em laboratório (ambiente controlado). O segundo estudo é menos "ambicioso" inclusive por procurar relações envolvendo gênero, variável com grande fixidez (ao contrário do tipo de conteúdo do estudo anterior). Perceba que os grupos não são aleatórios nem equivalentes, sendo as tentativas de contaminação feitas por parceiros contaminados, que não podem estar no outro grupo. Sem a possibilidade de explicar o efeito do gênero sobre a contaminação, pois os grupos não são aleatórios e equivalentes, resta procurar as possíveis correlações. O estudo é, portanto, correlacional. Perceba que o estudo deve usados dados históricos, pois esbarra em restrições éticas evidentes. Para ser explicativo, o estudo precisaria dividir os grupos aleatoriamente, impor um único gênero a cada grupo (tarefa impossível praticamente...) e realizar a tentativa de contaminação em condições controladas. O terceiro estudo se apoia em escalas validadas para conhecer (descrever) uma determinada população a partir do exame de uma amostra representativa.

Referências: Dancey, C. P. & Reidy, J. (2006). Estatística sem Matemática para Psicologia. Porto Alegre: Artmed. Breakwell et all (2010). Métodos de Pesquisa em Psicologia. Porto Alegre: Artmed.

QUESTÃO Nº 14

Henry (19 anos de idade) terminou seu trabalho na cozinha e foi para o convés. Havia um velho marinheiro sentado em uma escotilha, trançando um longo cabo. Cada um de seus dedos parecia uma inteligência ágil enquanto trabalhava, pois seu dono não os olhava. Em vez de olhá-los, tinha os olhinhos azuis fixos, ao estilo dos marinheiros, cravados além dos confins da costa. — Então, queres conhecer o segredo das cordas? disselhe, sem afastar o olhar do horizonte. — Pois só tens que prestar atenção. Faço há tanto tempo que minha velha cabeça se esqueceu de como se faz; só meus dedos se lembram. Se penso no que estou fazendo, me confundo. STEIBECK, J. A taça de ouro. In: POZO, J. I. Aprendizes e mestres. Porto Alegre: ArtMed, 2002, p. 227 (adaptado). Considerando o texto acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. Depreende-se da fala do velho marinheiro, apresentado no último parágrafo do texto, que a aprendizagem motora se diferencia do conhecimento verbal, pois implica saber fazer algo, sem, necessariamente, saber dizer o que faz. PORQUE II. A memória estrutura-se em distintos sistemas: processual, episódico e semântico. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. C A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E As asserções I e II são proposições falsas.

Gabarito: B

Tipo de questão:

Conteúdo avaliado: Correspondência entre o Fazer/dizer/pensar, e Memória/Lembrar.

Autor(a):Lorismario E. Simonassi

Comentário: A asserção I está correta pois as classes do Fazer, dizer e pensar são classes de operantes independentes, isto é são mantidas por variáveis diferentes. A asserção II pode estar correta pois existem n classificações de memória. A mais usada é a de Atkinson e Shiffrin (1969) que, no entanto não classificam a memória de acordo com a classificação em questão. A classificação da estrutura da memória é feita com base no tempo e é classificado como MS/MCP/MLP. A classificação funcional é feita como Codificação, armazenamento e recuperação. No entanto existem outros tipos de classificação de “sistemas” de memória, consequentemente este pode existir. Deveria ser explicitado quais autores foram os responsáveis por esta classificação. Seguindo a norma do direito “na dúvida pro réu” o item pode ser considerado correto, mas dá margem a equívocos.

Referências: 1- Catania, A.C. (1999). Aprendizagem: comportamento e cognição. Porto Alegre: ArtMed . 2- Shiffrin, R.M., & Atkinson, R.C. (1969). Storage and retrieval processes in Long Term Memory. Psychological Review, 76 (2), 179. 3- Davidoff, L.L, & Perez, L. (2001). Introdução a Psicologia. New York: MCV Graw Hill Book Company.

QUESTÃO Nº 15

Kantowitz, Roediger III e Elmes (2006) afirmam que: “se uma teoria precisa de uma proposição distinta para cada resultado que deve explicar, evidentemente ela não permitiu praticidade. As teorias ganham solidez quando podem explicar muitos resultados com poucos conceitos explicativos. Portanto, se duas teorias possuem o mesmo número de conceitos, a que puder explicar mais resultados é uma teoria melhor. Se duas teorias podem explicar o mesmo número de resultados, a com menor número de conceitos explicativos é a preferida”. KANTOWITZ, B.H.; ROEDIGER III, H.L.; ELMES, D.G. Psicologia experimental: Psicologia para compreender a pesquisa em psicologia. (R. Galman, trad.). São Paulo: Thomson Learning, 2006, p. 14. O critério explicativo descrito acima é denominado A pragmatismo. B testabilidade. C refutabilidade. D parcimônia. E precisão.

Gabarito: D

Tipo de questão: múltipla escolha

Conteúdo avaliado: A natureza da ciência

Autor(a): Dra. Sonia Mello

Comentário: A questão 15 aborda um dos importantes aspectos das teorias científicas, que é a parcimônia. Segundo Marx & Hillix (1973), o princípio científico de parcimônia aponta que deve ser aceita, em igualdade de condições, a mais simples de duas hipóteses. Aspecto esse bastante apropriado para a análise e critica das teorias da Psicologia visto que a nossa ciência ainda encontra-se em fase pré-paradigmática, co-existindo assim vários modelos/teorias em uso no momento atual. As teorias psicológicas ao tentar explicar os fenômenos de interessem lançam mão de vários conceitos e os critérios para análise das propostas vigentes devem considerar a necessidade e validade desses conceitos. A questão elaborada aponta quatro outras alternativas como resposta e elas referem-se a aspectos também importantes na construção das teorias científicas porém não correspondem as características descritas no enunciado. Segundo os autores mencionados acima, o pragmatismo refere-se a posição filosófica segundo a qual o conhecimento útil é o verdadeiro, onde a validação de um princípio se dá através da sua utilidade. Portanto muitas das teorias científicas atuais estão pautadas em uma visão pragmática na construção do conhecimento. Já a característica de testabilidade das hipóteses refere-se à um pré-requisito da validação da teoria. O cientista deve equacionar um problema de modo que possa ser abordado por técnicas científicas. Isso subentende que quaisquer questões devem ser sempre expressas de um modo que permita serem empiricamente respondidas. O

primeiro requisito para uma hipótese científica é que ela seja testável. Outro requisito das hipóteses científicas é que sejam enunciados com suficiente precisão para que possam ser refutadas. “As hipóteses que não podem ser desaprovadas são excessivamente genéricas para que revistam de utilidade científica; a ciência esforça-se, entre outras coisas, por predizer eventos, dado um conjunto de circunstancias precedente. Se uma hipótese é tão genérica que não pode ser refutada, também é tão genérica que não pode ser efetivamente prevista” (p. 35) Já em relação à linguagem utilizada pelo cientista para descrever os eventos em análise afirma-se que a exatidão e a precisão, especialmente na medição, distinguem o cientista. A terminologia usada e a exatidão com que as quantidades podem ser expressas são resultados de uma parte decisiva do processo científico. O psicólogo em formação acadêmica deve conhecer a discussão filosófica sobre a ciência para melhor entender a evolução das teorias da psicologia e poder avaliá-la criticamente. Na matriz curricular do curso de Psicologia da PUC-GO existe a disciplina Matrizes do Pensamento Psicológico I aborda justamente esse conteúdo.

Referências: Marx & Hillix (1973) Sistemas e Teorias em Psicologia, 2ª Ed. Editora Cultrix

QUESTÃO Nº 16

Esquecemos da maior parte das informações que chegam até nós, e várias teorias já foram propostas para esclarecer por que isso acontece. Entre elas, as mais conhecidas são a teoria da interferência e a teoria da deterioração. A interferência ocorre quando informações concorrentes fazem com que esqueçamos de algo, e a deterioração acontece quando a simples passagem do tempo faz com que esqueçamos.

STERNBERG, R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000 (adaptado).

Tendo como base os processos de esquecimento e a teoria da interferência, é correto concluir que

. A a interferência retroativa decorre da passagem do tempo, que faz com que nos

esqueçamos de algo.

. B o efeito da recenticidade ocorre quando nos recordamos melhor de itens do final de

uma lista.

. C ainterferência proativa ocorre quando nós recordamos melhor de itens do início de uma

lista.

. D o efeito da primazia ocorre após termos aprendido algo, mas antes que tenhamos que

recordá-lo.

. E o decaimento ocorre quando o material que interfere está antes e não depois da

aprendizagem do conteúdo a ser lembrado.

Gabarito: B

Tipo de questão: Objetiva de múltipla escolha – complementação simples. O enunciado é redigido em forma de frase incompleta e as alternativas completam a frase.

Conteúdo avaliado: Trata-se de teorias clássicas que procuram explicar o fenômeno do esquecimento, caracterizado pela incapacidade de lembrar informações que estavam, anteriormente, disponíveis para serem recordadas. A principal representante daquelas teorias que postulam o desaparecimento dos traços de memória é a Teoria da Deterioração, que tem como seu precursor o pesquisador alemão Ebbinghaus. Esta teoria enfatiza o efeito da passagem do tempo no esquecimento de informações aneteriormente aprendidas e que estão mais acessíveis a serem utilizadas. A Teoria da Interferência foi inicialmente formulada, em 1894, por dois cientistas alemães, Muller e Schumann. Eles foram os pioneiros em demonstrar experimentalmente que a aprendizagem de uma informação nova pode interferir em uma aprendizagem anterior, o que ficou conhecido como interferência retroativa. Muller e Schumann também foram os primeiros a comentar sobre o efeito de uma aprendizagem anterior sobre uma posterior, fenômeno que foi examinado de maneira pormenorizada por Underwood (1957) e conhecido como interferência proativa. Para exemplificar os conceitos de interferência retroativa e a interferência proativa é preciso entender outros dois conceitos importantes: o efeito de recenticidade e o efeito de primazia. Para isso podemos pensar na seguinte tarefa: uma pessoa recebe uma lista de

palavras e, depois de um tempo pede-se que ela recorde quais eram essas palavras. Segundo o efeito da recenticidade, ela recordará melhor as palavras que estavam no final da lista (STERNBERG, 2008). Em segundo lugar, ela lembrará das palavras que estavam no início da lista (efeito de primazia) (STERNBERG, 2008)

Autor(a): Flávio da Silva Borges

Comentário: A partir da análise de cada uma das alternativas pode-se observar que:

- Na alternativa “a” a proposição é falsa pois a teoria que trata do esquecimento considerando a simples passagem do tempo é a deterioração. A interferência retroativa refere-se a aprendizagens mais recentes interferindo em conteúdos aprendidos anteriormente.

- Na alternativa “b” a proposição é verdadeira pois a recenticidade refere-se a facilidade que se tem em lembrar informações que foram apresentadas por último e portanto foram aprendidas mais recentemente.

- Na alternativa “c” a proposição é falsa pois a interferência proativa ocorre quando o material a ser lembrado refere-se a material aprendido mais antigo interfere em um mais recente. Os itens recordados no início da lista sofrem o efeito da primazia.

- Na alternativa “d” a proposição é falsa pois os itens recordados no início de uma lista é que sofrem o efeito da primazia. Não é possível haver recordação anterior a aprendizagem.

- Na alternativa “e” a proposição é falsa pois o decaimento ou deterioração refere-se ao esquecimento que ocorre em função da passagem do tempo. Na interferência proativa aprendizagens mais antigas e na interferência retroativa ocorreria o contrário, aprendizagens mais recentes interferem na mais antigas. É importante ressaltar que o lembrar depende da aprendizagem do material, não sendo possível recordar ou reconhecer sem a aprendizagem em algum momento do material a ser recuperado.

Referências: Catânia, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição.

Porto Alegre: Artes Médicas. Sternberg, R. J. (2000) Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas. Davidoff, L. L. (2001). Introdução à Psicologia. São Paulo: Makron Books Eysenk, M. W. & Keane, M. T. (1994). Psicologia cognitiva: um manual

introdutório. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. Machado, A. & Teixeira, E. A. (1996). Aprendendo técnicas de memorização. São

Paulo: Makron Books Myers, D. (1999). Introdução à psicologia geral. Rio de Janeiro: LTC.

QUESTÃO Nº 17

Em relação ao estudo das emoções, há vários modelos teóricos conflitantes. Os modelos teóricos científicos se distanciam da forma como o senso comum entende as relações entre eventos, as emoções e as reações das pessoas. Observe as figuras abaixo, que sintetizam a ideia central de quatro modelos explicativos da emoção.

Gabarito: E

Tipo de questão: Múltipla escolha (Objetivo)

Conteúdo avaliado: Específico

Autor(a): Luc Vandenberghe

Comentário: A questão e a resposta são claras e simples. Cinco afirmações descrevem as quatro figuras. Afirmação I alega descrever figura 1, mas em realidade descreve figura 2 (por isso, é falsa). Afirmação II alega descrever figura 2, mas descreve figura 1 (é falsa). Afirmação III descreve figura 3 e é correta. Afirmação IV descreve figura 4 também corretamente. Afirmação V explica a figura 4 corretamente, elaborando o exemplo da própria figura. Entre as opções de resposta, somente a opção E declara que afirmações I e II estão corretas e que as afirmações III, IV e V são corretas. Assim, fica claro que opção E é a resposta correta. Essa questão identifica facilmente quem conhece as quatro teorias da emoção. Não contem “pegadinhas”.

Referências: WEITEN, W. Introdução à Psicologia: Temas e Variações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002, p. 299.

QUESTÃO Nº 18

Acerca da investigação e da compreensão das relações de apego estabelecidas entre pais e bebê, verifica-se que A - a perspectiva mais aceita até hoje, desde os estudos de John Bowlby sobre o tema, prioriza o desenvolvimento unidirecional das relações de apego e o papel central que as atitudes dos pais exercem nessas relações. B - a proximidade física e emocional entre a mãe e o bebê, conforme proposto nos estudos de Bowlby, influenciados pela Etologia e Psicanálise, tem como origem evolucionária a sobrevivência do bebê e sua futura adaptação às demandas do ambiente. C - o vínculo de apego estabelecido inicialmente entre o bebê e a figura materna funciona, como propõe Bowlby e Ainstworth, de maneira singular, pouco vinculada às relações sociais estabelecidas pela criança ao longo de sua vida. D - o “procedimento da situação estranha”, como ficou conhecido o procedimento que muitos estudos empíricos sobre o apego utilizaram, permitiu que os pesquisadores concluíssem que não há como identificar padrões de apego que possam classificar as relações entre mãe e bebê. E - os estudos empíricos, de acordo com perspectivas mais recentes na investigação do apego, são pouco relevantes, e se enfatiza o comportamento da mãe como primordial para favorecer o desenvolvimento de um estilo de apego seguro do bebê.

Gabarito: B

Tipo de questão: Resposta única

Conteúdo avaliado: Desenvolvimento psicossocial

Autor(a): Noecyr T. Mendonça Chaves

Comentário: A alternativa B é a única correta ao apontar que a proximidade física entre mãe e bebê constitui condição necessária à formação do vínculo afetivo que, por sua vez, garante a sobrevivência e adaptação do bebê ao ambiente, com base nas abordagens etológica e psicanalítica. A alternativa E pode, em princípio, ser tomada como verdadeira e induzir ao erro; as outras alternativas estão parcialmente certas mas contem elementos que as invalidam. Trata-se de uma questão que exige conhecimento das mencionadas abordagens.

Referências: 1. Bowlby, J. (1984) – Apego. São Paulo: Martins Fontes. Vol. 1 da Trilogia

Apego e Perda 2. Bowlby, J. (2015). Formação e Rompimento dos laços afetivos. São Paulo:

Martins Fontes.

QUESTÃO Nº 19

Em O preço da perfeição, Ellen (Crystal Bernard), corredora de longas distâncias, descobre uma ótima maneira de comer à vontade e não engordar nada: vomitar. Ótima, obviamente, se não considerarmos sua saúde física e mental. Quando seu treinador sugere que ela perca quatro quilos para melhorar seu desempenho, ela intensifica a prática de provocar o vômito após as refeições, o que já fazia desde a infância. LANDEIRA-FERNANDEZ, J.; CHENIAUX, E. Cinema e loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. Porto Alegre: Artmed, 2010. A respeito do quadro descrito acima, avalie as afirmações a seguir. I. Trata-se de um quadro de anorexia nervosa. II. É considerado um transtorno, e não uma doença, pois sua etiopatogenia ainda é desconhecida. III. Após um episódio de hiperfagia, seria esperado que Ellen fosse acometida por sentimentos de vergonha e culpa. IV. Para o DSM-IV, a manutenção do peso normal representa um dos aspectos básicos da diferenciação entre os diagnósticos de anorexia nervosa e bulimia nervosa.

Gabarito: E

Tipo de questão: Múltipla Escolha

Conteúdo avaliado: Transtorno Alimentar: anorexia nervosa tipo compulsão alimentar purgativa e bulimia nervosa.

Autor(a): Dra. Gina Nolêto Bueno

Comentário: O enunciado proposto denota que a atleta teme o ganho de peso com o seu padrão de hiperfagia. Destaca ainda que a estratégia, por ela aplicada, com o objetivo de tentar alcançar e manter o peso normal se dá por meio de comportamentos compensatórios do tipo purgativos (indução de vômitos). Logo, esses dados estabelecem descartar a indicação de anorexia nervosa tipo compulsão alimentar purgativa (Barlow & Durand, 2005/2008). A sugestão do treinador para que Ellen perca quatro quilos, e que leva a atleta ao aumento do número de episódios purgativos de indução de vômito, pode induzir aos mais desavisados apontarem critérios para anorexia nervosa (Barlow & Durand, 2005/2008). Todavia, é relevante atentar-se ao fato de que Ellen é atleta, cujo seu treinamento é orientado. Logo, o seu peso, como atleta, deve ser o normal. Portanto, não apresenta “(...) peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física.” (APA, DSM5: 2013/2014, p. 338), ou seja, o seu peso não é relatado como inferior ao peso mínimo normal. Condição essa que sustenta critério básico para anorexia nervosa. A informação de que Ellen mantém o hábito de induzir vômito após as refeições, desde a infância, pode favorecer confusão diagnóstica entre bulimia nervosa e anorexia nervosa, em função de esse padrão não ser tão comum a essa fase de desenvolvimento humano [infância] (Barlow & Durand, 2005/2008). Desse modo:

(a) fica descartado o item I para a composição da resposta correta. (b) Item II: é verdadeira essa assertiva, uma vez que o padrão apresentado por Ellen é recorrente, logo, favorece ser descrito como transtorno. E por não haver achados físicos, não pode ser descrito como doença, ou seja, não conta com uma etiopatogenia conhecida (APA, DSM5, 2013/2014). (c) Item III: o padrão apresentado pela atleta favorece sim a hipótese de sentimento de vergonha e culpa, dada a resposta apresentada após o episódio de hiperfagia: purgar o alimento por meio de indução de vômito. (d) Item IV: não apenas no DSM-IV, mas no DSM-IV-TR (APA 2000/2003) e no DSM5 (APA, 2013/2014) o peso mantido como normal caracteriza sim relevante diferenciação entre anorexia nervosa tipo compulsão alimentar purgativa e bulimia nervosa. Assim, o gabarito apresenta-se correto ao apontar a resposta “E” como correta.

Referências: Associação Americana de Psiquiatria (2003). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais – DSM – IV – TR. Tradução organizada por C. Dornelles. 4ª Edição. Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 2000). Associação Americana de Psiquiatria. (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5. Tradução organizada por M. I. C. Matos. 5a Edição. Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 2013). Barlow, D. H & Durand, V. Mark. (2008). Psicopatologia: uma abordagem integrada. Tradução organizada por F. B. Assunpção Jr. (Trabalho orginal publicado em 2005).

QUESTÃO Nº 20

O movimento denominado Psicologia Positiva teve início em 1998, quando o psicólogo Martin Seligman assumiu a presidência da American Psychological Association (APA). Segundo ele, a ciência psicológica vinha negligenciando o estudo dos aspectos virtuosos da natureza humana, o que poderia ser confirmado por uma simples pesquisa no banco de dados da PsycInfo. Ao se utilizar a palavra chave “depressão”, são encontrados 110 382 artigos entre os anos de 1970 e 2006; ao passo que, na busca com a palavra-chave “felicidade”, são encontrados apenas 4 711 artigos publicados no mesmo período. A negligência ao estudo dos aspectos positivos e virtuosos dos seres humanos pela Ciência Psicológica, de acordo com Seligman (2002), baseou-se, historicamente, no pensamento dominante na Psicologia, direcionado ao estudo dos aspectos “anormais”. Parece que o fator mais intrigante no estudo do comportamento humano não era representado pela média da população, mas pelo improvável e pelo diferente. PALUDO S. S. & KOELLER, S.H. Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões. Paideia, v. 17, n. 36, p. 9-20, 2007 (adaptado). Avalie as seguintes afirmações acerca da Psicologia Positiva, movimento mencionado no texto acima.

I. O foco em aspectos positivos do desenvolvimento humano já era presente nos trabalhos de teóricos humanistas, tais como Maslow e Rogers.

II. A ênfase em contribuir para o fortalecimento de dimensões saudáveis e positivas das pessoas leva esse movimento da Psicologia a afastar se de métodos científicos rigorosos em suas investigações e teorizações.

III. Esse movimento buscou modificar o foco dos estudos da Psicologia, que deixaria de atuar na reparação do que está errado ou ruim, para (re) construir qualidades positivas, fortalecendo-se, assim, o que existe de mais saudável nos indivíduos.

IV. Um dos desafios atuais da Psicologia Positiva é a operacionalização de instrumentos para avaliar e classificar as virtudes e as forças pessoais. V. A Psicologia Positiva reconhece que a ênfase atribuída, nos últimos 50 anos, às patologias ou àquilo que é desviante trouxe importantes contribuições científicas para a Psicologia e para a capacidade de intervenção em tais problemas.

Gabarito: C

Tipo de questão: Múltipla Escolha

Conteúdo avaliado:

Autor(a): Dra. Helenides Mendonça

Comentário:

A Psicologia Positiva traz à tona aspectos do desenvolvimento humano discutidos por teórico s nada recentes, com Maslow, com a hierarquia das necessidades humanas e Carl Rogers, com a terapia centrada no cliente. Ambas as teorias focam nas virtudes e potencialidade. Portanto, a afirmativa I é correta. A afirmativa II é incorreta, pois a Psicologia Positiva segue, como toda a ciência psicológica, procedimentos científicos rigorosos. A afirmativa III é incorreta, pois o movimento não exclui o desenvolvimento de estudos que analisam a doença e os aspectos negativos, mas traz para o debato científico a busca do entendimento dos fatores que levam ao equilíbrio, as saúde aspectos positivos das pessoas. Em razão de ser um Paradigma recente, ainda há muito a ser desenvolvido no campo empírico no que se refere à Psicologia Positiva. Assim é que os pesquisadores precisam se dedicar à operacionalização de instrumentos de medida que favoreçam o desenvolvimento de estudos empíricos. Item IV e V corretos. Ao mesmo tempo em que a Psicologia Positiva entende haver poucos estudos nesse campo do conhecimento, reconhece também as contribuições dos estudos sobre as patologias e os comportamentos negativos das pessoas das pessoas.

Referências: FERREIRA, M. C.; SOUZA, M. A.; SILVA, C. A. Qualidade de vida e bem-estar no trabalho: principais tendências e perspectivas teóricas. In M. C. Ferreira & H. Mendonça (Orgs.). Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais (pp.79-103). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

QUESTÃO Nº 21

Os processos psicossociais de caráter cognitivo e emocional influenciam as relações sociais e, por sua vez, são influenciados por circunstâncias sociais. São objeto de estudo da Psicologia e de outras ciências sociais e buscam explicar comportamento humano e fenômenos sociais complexos. São processos que têm uma função fundamental, tanto na manutenção como na transformação das condições de vida e constituem importante eixo do trabalho comunitário. MONTERO, M. Introducción a la psicología comunitaria: desarollo, conceptos y processos. Buenos Aires: Paidós, (2004). Considerando a importância dos processos psicossociais no trabalho do psicólogo, avalie as afirmações abaixo. I. Indivíduos e relações por eles mediadas são afetados pelos processos psicossociais e são objeto de estudo e intervenção do psicólogo. II. A realidade cotidiana organiza-se por meio de processos psicossociais de naturalização e familiarização, que se configuram como objeto de estudo da Sociologia. III. Hábitos são comportamentos estruturados, estáveis e não assumidos conscientemente, podendo, portanto, relacionar-se a distúrbios psicológicos. IV. Os processos psicossociais são modos de se enfrentar a vida cotidiana e de facilitar a vida social. V. A participação e o compromisso social são processos psicossociais comunitários que ocupam lugar importante no trabalho do psicólogo. É correto apenas o que se afirma em A I e II. B I e V. C II e III. D III e IV. E IV e V.

Gabarito: D

Tipo de questão: Múltipla Escolha

Conteúdo avaliado: Processos Psicossociais e Psicologia Comunitária

Autora da avaliação: Vera Lucia Morselli

Comentário: A questão de número 21 foi considerada a mais difícil dentre as 27 questões específicas, com baixo índice de facilidade, apenas 7,0% de acertos. Essa questão apresentou poder discriminatório igualmente baixo, 0,00, o que comprova ter sido esta a mais difícil para os estudantes, segundo o Relatório Síntese – Psicologia, ENADE 2012. Competências e Habilidades Avaliadas:

Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos;

Analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais;

Avaliar problemas humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, em diferentes contextos;

Analisar, descrever e interpretar relações entre contextos e processos psicológicos e comportamentais;

Saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional.

Objeto de conhecimento: Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do Psicólogo: Processos psicossociais e comunitários. Conteúdo e formato da questão: A questão, de acordo com seu enunciado, foi formulada com a finalidade de fazer o aluno pensar sobre os processos psicossociais e a prática do psicólogo ao atuar na comunidade. Entretanto, as alternativas oferecidas estão mal elaboradas, falta clareza e relação entre o tema e a atuação do psicólogo. A alternativa III fala de hábitos, está desconectada do escopo da questão e Montero (2004) não se refere a distúrbios psicológicos, mas diz que os hábitos poder ser prejudiciais para as pessoas, pois elas se tornam acríticas, impedindo as transformações sociais. A alternativa V está correta, uma vez que a participação e o compromisso social são processos psicossociais comunitários que ocupam lugar importante no trabalho do psicólogo. A alternativa I também está correta, pois as relações que o indivíduo estabelece são afetadas pelos processos psicossociais e são objeto de estudo e intervenção do psicólogo. Portanto esta questão deveria ser anulada. Os professores da PUC Minas ao comentarem o ENADE 2012, consideraram anulada esta questão, mas não teceram comentários.

Referências: MONTERO, M. Introducción a la psicología comunitaria: desarollo, conceptos y processos. Buenos Aires: Paidós, (2004). Prova ENADE 2012 Comentada. Retirado em 27 de julho de 2015, do site: http://www.saogabriel.pucminas.br/psicologia/wp-content/uploads/2012/09/Prova-comentada-ENADE-2012.pdf Prova ENADE 2012 Psicologia. Retirado em 27 de julho de 2015, do site: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2012/08_PSICOLOGIA.pdf Prova ENADE 2012 Psicologia – Gabarito. Retirado em 27 de julho de 2015, do site: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/gabaritos/2012/08_Gab_PSICOLOGIA.pdf

QUESTÃO Nº 22

Os teóricos da personalidade divergem sobre as questões básicas da natureza humana: livre arbítrio versus determinismo, natureza versus criação, importância do passado versus presente, peculiaridade versus universalidade, equilíbrio versus crescimento e otimismo versus pessimismo. SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002, p. 36. Considerando as diferentes questões implícitas nas teorias da personalidade, avalie as afirmações abaixo. I. Diferenças culturais afetam o desenvolvimento da personalidade e, portanto,

a natureza humana. II. As teorias da personalidade diferenciam-se porque partem de diferentes

concepções da natureza humana. III. Personalidade, conceito que envolve as características pessoais, mais

permanentes e estáveis, pode variar de acordo com as circunstâncias de seu desenvolvimento.

IV. Aspectos internos influenciam o comportamento das pessoas em diferentes situações e definem sua personalidade

Gabarito: D

Tipo de questão: Múltipla escolha

Conteúdo avaliado:

Autor(a): MS. Fábio Miranda

Comentário: O ponto central da citação de Schultz e Schultz (2002), de saída, indica a impossibilidade de um a definção absoluta e pacífica do que se denomina “A natureza humana” e, de certa forma, aponta para a impossibilidade de um entendimento do que seja a natureza humana sem o viés dos pré-conceitos epstemológicos-téoricos-políticos-religiosos-sociais que impregnam nossa visão de mundo. Por outro lado, uma definição “válida”, do que quer que fossem as especificidades da natureza humana, consolidar-se-ia em uma descrição que inviabilizaria qualquer incerteza sobre “as questões básicas” desta natureza e eliminaria toda e qualquer possiviel discordância sobre o que é o humano. Neste sentido, independente do que é apontado por Schultz e Schultz (2002) sobre a divergência dos teóricos sobre as questões básicas da natureza humana, qualquer que fosse a definição considerada apropriada, esta natureza não estaria sujeita a mudanças, pois diria de algo que está no cerne, na essência da própria definição do que é humano e por isso imutável. A partir do pressuposto acima, consideramos a questão 22:

Afirmação de número um – a questão se divide em duas asserções: “diferenças culturais afetam o desenvolvimento da personalidade” e “e, portanto, a natureza humana.” 1) No que se refere à primeira afirmação, por analogia, do ponto de vista do

desenvolvimento, pode-se inferir que da mesma forma que ocorre para

qualquer ser vivo, as condições do ambiente externo (e neste sentido, para

o ser humano, o contexto cultural, familiar, etc) afetam sobremaneira seu

desenvolvimento de modo geral. Assim, podemos logicamente considerar

a primeira parte da afirmação correta.

De outro modo, do ponto de vista teórico, não existe uma definição absoluta, universal do que seja a personalidade (Schultz & Schultz, 2002). De forma mais geral, as definições referem-se a algo de estável e habitual no modo de ser: perceber, pensar, sentir, querer, agir de um grupos ou de indivíduos. No entanto, de modo variado entre si, todos os modelos teóricos sobre a Personalidade consideram para o seu desenvolvimeto a intersecção dos aspectos constitucionais (fatores internos) e do contexto histórico das relações do indivíduo com seu ambiente (fatores externos). Assim, a resposta à primeira afirmativa também se confirma correrta do ponto de vistas das teórias vingentes sobre a personalidade.

2) No que se refere à segunda afirmação, com exposto anteriormente, uma

definição “válida”, do que quer que fossem as especificidades da natureza

humana, apontaria algo de imutável, sobre qualquer que fossem as

condições em que estivesse submetida, inclusive as mudanças motivadas

pela inserção cultural. Assim, podemos considerar que um ser humano,

por mais que possa diferir de um outro ser humano sobre todo e qualquer

aspecto, será sempre um ser humano ou, de outro modo, manterá sua

natureza humana.

Sendo assim, a segunda parte da asserção deve ser considerada incorreta e o gabarito de resposta apresentado para a questão (resposta corrreta D) anulado. Afirmação de número dois– De forma lógica, podemos inferir que a referencia conceptual utilizada na organização da percepção de um objeto influência a representação desse objeto. Neste sentido, o processo de formação de sentido para um objeto dado será sempre mediado pelos elementos interpretativos presentes e que organizarão a orientação fundande da percepção do mundo. Assim, pode-se considerar a afirmação correta. Afirmação de número três – as consideraçoes para a primeira parte da asserção um são suficientes para considerar correta a afirmaçãotrês. Afirmação de número quatro –“Aspectos internos influenciam o comportamento das pessoas em diferentes situações e definem sua personalidade.

Referir-se à personalidade é dizer de algo que caracteriza de modo permanente, habitual, estável um indivíduo e que se organiza durante o desenvolvimento e que se torna um patrimônio interno, íntimo, inalienável de cada indivíduo. Neste sentido, em sua formulação pleonástica, a afirmação está correta.

Referências: SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002, p. 36.

QUESTÃO Nº 23

Considerando as associações das teorias da inteligência com seus autores, avalie as afirmações abaixo.

I. No modelo de Guilford, a inteligência é representada por três dimensões: operações, conteúdos e produtos.

II. Na teoria de Spearman, afirma-se que o fator g é o fator geral que permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental.

III. Na teoria triárquica, Sternberg considera que a inteligência possui três aspectos: analítico, criativo e prático.

IV. O modelo de Gardner apresenta sete fatores referentes a capacidades mentais primárias: compreensão verbal, fluência verbal, raciocínio indutivo, visualização espacial, números, memória, velocidade perceptual.

V. A teoria de Cattel propõe o modelo de inteligências múltiplas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista. Estão corretas apenas as associações feitas em

A) I e V. B) I, II e III. C) I, III e IV. D) II, IV e V. E) II, III, IV e V.

Gabarito: B

Tipo de questão: Multipla Escolha

Conteúdo avaliado: Teorias da Inteligência

Autor(a): Thaissa Neves R. Pontes

Comentário: A questão 23 aborda o tema sobre a teoria da inteligência de diversos autores. A questão é pertinente pois, para respondê-la corretamente, é necessário conhecer as teorias da inteligência de diversos autores, tais como Guilford, Spearman, Sternberg, Gardner e Cattel. Para Guilford, a inteligência pode ser explicada por meio de três capacidades sendo classificadas como: operações, produtos e conteúdos. Dessa forma, a afirmativa I é verdadeira. Já a teoria da inteligência de capacidade mental começou com Charles Spearman, que defendeu que o desempenho em testes de inteligência é uma função de dois tipos de fatores: um fator G (inteligência geral) e alguns fatores S (capacidades intelectuais específicas). O fator G deve ser entendido como uma inteligência que está subjacente à todas as funções intelectuais sendo possível estabelecer correlações entre as aptidões avaliadas no teste. Dessa forma, mesmo que a afirmativa II não tenha feito menção ao fator S, a mesma é verdadeira porque afirma que o fator G é o que permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental. A teoria da inteligência de Sternberg é conhecida como teoria triárquica da inteligência. A mesma propõe a existência de três tipos de inteligência: analítica,

prática e criativa. A analítica corresponde às habilidades necessárias para um bom desempenho acadêmico; a prática corresponde ao bom-senso comum ou à “sabedoria das ruas” ; a criativa corresponde à capacidade de resolver novos problemas e lidar com situações incomuns. Embora a afirmativa III não tenha especificado cada tipo de inteligência, a mesma fez referência à teoria da inteligência de Sternberg corretamente, portanto, a alternativa é verdadeira. A afirmativa IV é incorreta porque Gardner foi o criador da teoria das inteligências múltiplas, na qual oito tipos de inteligências existem de forma independente. Elas são: musical, corporal-cinestésica, lógico-matemática, lingüística, espacial, interpessoal, intrapessoal e naturalista). Por fim, a alternativa V também é incorreta porque Cattel não foi o criador da teoria das inteligências múltiplas. Para esse autor, havia dois tipos de inteligência: a fluida e a cristalizada. A primeira se refere a capacidades independentes do conhecimento adquirido, enquanto a cristalizada se refere ao conhecimento acumulado e às habilidades verbais e numéricas.

Referências: Griggs, R. (2005) Psicologia:uma abordagem concisa. Porto Alegre: Artmed.

QUESTÃO Nº 24

A relação entre estímulo-resposta-consequência, chamada de contingência tríplice ou tríplice relação de contingência, é considerada a unidade mínima de análise dos comportamentos operantes. Com base no modelo de contingência tríplice, avalie as afirmações a seguir. I. Não é suficiente identificar os estímulos ou as respostas isoladamente, mas, sim, a relação mútua entre esses eventos. II. O comportamento operante de um organismo depende tanto dos estímulos antecedentes quanto das consequências imediatas que produz. III. Um estímulo antecedente sinaliza a ocasião em que dada resposta, se emitida, poderá ter como consequência um estímulo reforçador. IV. Um estímulo antecedente acarreta, automaticamente, uma resposta e sua consequência, de tal modo que, em ocasiões futuras, essa resposta precisará daquele estímulo antecedente para ser emitida. V. Um estímulo consequente é chamado de aversivo quando diminui a probabilidade de emissão futura da resposta que o produziu, o que gera variabilidade comportamental.

Gabarito: Oficialmente letra C. (ver considerações no Comentário.)

Tipo de questão: Escolha múltipla

Conteúdo avaliado: Conceito de contingência tríplice

Autor(a): Comentarista Antônio Carlos Godinho Santos

Comentário: A análise do comportamento define o estudo da interação entre o comportamento do organismo e o meio ambiente como o objeto de estudo da psicologia. Os aspectos relevantes a serem identificados nesse processo de interação dizem respeito às possíveis relações entre estímulos e ou entre estímulos e respostas presentes quando o organismo interage com o meio ambiente. A análise do comportamento utiliza-se do conceito de contingência como instrumento para identificar as variáveis relevantes nessas possíveis relações. A contingência é um instrumento conceitual empregado para identificar esses eventos. Existem diferentes tipos de contingências. Uma delas é o de contingência tríplice ou contingência de três termos, onde os elementos relevantes são os estímulos antecedentes, a resposta e a consequência e é empregada para estudar comportamentos operantes. Os estímulos antecedentes são também denominados como estímulos discriminativos e adquirem essa função por meio de treinamento específico (e não automaticamente). Por outro lado, as consequências dizem respeito às modificações produzidas pelas respostas no ambiente. Essas modificações ou consequências podem aumentar a probabilidade da resposta voltar a ocorrer na presença do estímulo discriminativo e são chamadas de reforçadoras, ou podem diminuir essa probabilidade, quando são denominadas como aversivas. Contudo, conforme descreve a literatura, cabe ressaltar que procedimentos de

punição, além de comumente gerarem a supressão da resposta punida, podem também produzir, sob certas circunstâncias, variabilidade comportamental. Esse fato permite questionar o gabarito oficial que considerou a afirmação V como incorreta. Assim, parece-me mais apropriado considerar como verdadeiras as afirmações I, II, III e V.

Referências: Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: ARTMed. Martins, G e Pear, J. (2009). Modificação do comportamento: o que e como fazer.São

Paulo: Roca. Meyer, S. B. (1997). O conceito de análise funcional. In: M. Delitti (org). Sobre

comportamento e cognição: Vol. 2. A prática da análise do comportamento e da terapia cognitivo-comportamental. Santo André: SET, pp. 31 – 36

Skinner, B. F. (1978). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes. Sidman, M. (2009). Coerção e suas implicações. Editara Livro Leno Souza, D. G. (1997). O que é contingência? In: R. A. Banaco (org.). Sobre

comportamento e cognição: Vol. 1. Aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista: São Paulo: ARBytes. (p. 82p - 87)

QUESTÃO Nº 25

A figura abaixo sintetiza resultados de três estudos de neuroimagem, por meio dos quais se busca investigar a relação entre a inteligência e a ativação de regiões cerebrais específicas. GRAY, J. R. & THOMPSON, P. M. Neurobiology of intelligence: science and ethics. Neuroscience, n. 5, 2004, p. 471-82 (adaptado). A figura 1 mostra regiões em que o volume da substância cinzenta está sob forte influência genética, tendo o volume dessas áreas correlação moderada com a inteligência geral. A figura 2 mostra áreas pré-frontais laterais que são recrutadas mais intensamente para se responder a tarefas verbais e não verbais presentes em testes de inteligência geral. A figura 3 mostra as regiões ativadas em tarefas de memória de trabalho — verbais e não verbais —, especialmente aquelas que envolvem interferência de estímulos que requerem atenção controlada. O nível de atividade nessas regiões, ao se responder a tarefas de memória, está correlacionado com o desempenho em testes de inteligência fluida, mais associados à inteligência geral. Considerando os achados desses estudos, avalie as afirmações abaixo. I. A inteligência geral está associada ao volume das áreas que contêm o corpo celular dos neurônios. II. Os resultados indicam que tarefas de inteligência fluida recrutam áreas cerebrais distintas daquelas recrutadas por testes de memória de trabalho. III. Os resultados sugerem que os altos índices de herdabilidade da inteligência geral podem, em parte, ser explicados por diferenças neuroanatômicas estruturais. IV. Os achados permitem visualizar-se que as áreas que contêm os axônios são as que sofrem mais influência genética. É correto apenas o que se afirma em A I. B II. C I e III. D II e IV. E III e IV.

Gabarito: C

Tipo de questão: Múltipla Escolha

Conteúdo avaliado: Neuropsicologia

Autor(a):

Comentário: Questão complexa, bem elaborada, porém com nível de dificuldade alto para graduação. Talvez, rever a possibilidade de desmembrar o assunto em mais de uma questão, especificando melhor questões neurobiológicas das questões de avaliação neuropsicológica.

Referências:

QUESTÃO Nº 26

O Relatório do Desenvolvimento Humano de 2007, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresenta dados referentes ao ano de 2005, e nele o Brasil, pela primeira vez, consta entre as nações de alto desenvolvimento humano. De acordo com o Relatório, o Brasil ocupa a 70.ª posição (em um conjunto de 177 nações avaliadas), com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,800. Embora seja alvissareiro que os índices estejam em uma trajetória ascendente, o quadro social brasileiro não deixa muita margem para euforia. A posição ocupada pelo Brasil está no limite inferior da escala, com uma diferença de 0,002 da primeira nação de médio desenvolvimento humano. Além disso, considerando especificamente o Índice de Pobreza Humana, pesquisado pelo mesmo programa, o Brasil ocupa a 23.ª posição, de um total de 108 países e m desenvolvimento. Em um país marcado por profunda desigualdade social, a pobreza figura como um dos traços mais pungentes. Apesar da significativa melhora do quadro de pobreza nos últimos anos, 16% da população brasileira vive em condições de extrema pobreza e 38%, em condições de pobreza. DANTAS, C. M. B.; OLIVEIRA, I. F.; YAMAMOTO, O. H. Psicologia e pobreza no Brasil: produção de conhecimento e atuação do psicólogo. Psicologia e Sociedade, n. 22(1), 2010, p. 104-111 (adaptado).Disponível em: <http://grafar.blogspot.com.br/ 2010/02/charge-joel-almeida.html>. Acesso em: 26 ago. 2012.

Há relação entre o que é mostrado na charge e no texto? A) Sim, pois tanto a charge quanto o texto abordam temáticas relativas ao desenvolvimento humano e à miséria. B) Sim, pois, apesar de ser considerado um país de alto desenvolvimento humano, o Brasil não evidencia esse atributo na organização da sociedade. C) Sim, pois o desenvolvimento humano é processo que envolve os que se consideram humanos, e os que não se consideram como tal estão na linha da miséria. D) Não, pois a charge refere-se ao Programa Nacional de Direitos Humanos, ao passo que o texto trata de pobreza e desenvolvimento humano.

E) Não, segundo o texto, o Brasil está, pela primeira vez, entre os países de alto

desenvolvimento humano.

Gabarito: letra A

Tipo de questão: objetiva de múltipla escolha

Conteúdo avaliado: direitos humanos, atenção às populações em situação de vulnerabilidade social, exclusão social.

Autor(a):Thyago do Vale Rosa

Comentário: Sem dúvida há relação entre a charge e o texto. Ambos discutem a questão dos direitos humanos e a necessidade de superarmos a miséria no mundo. Portanto, as letras “D” e “E” estão erradas. Embora o Brasil tenha alcançado uma posição entre as nações com alto índice de desenvolvimento humano e apresente avanços na superação da miséria e pobreza, ainda figuramos ligeiramente acima dos países com indicadores apenas medianos. Tanto a charge como o texto colocam em consideração o problema da miséria, a qual parte da população ainda está submetida. Entretanto, não podemos dizer que o Brasil não tenha buscado superar esse problema através de políticas públicas e direcionamento de recursos que visam assistir e promover melhores condições de vida às populações excluídas e em situação de vulnerabilidade. É injusto dizer que o Brasil não evidencia essa condição, pois há vários setores em nosso país com profundas e consistentes avanços, como no combate ao analfabetismo infantil, ao aumento do número de estudantes em universidades brasileiras, ao aumento das oportunidades de emprego e diminuição do desemprego, melhor distribuição de renda e na implantação de programas sociais que contribuíram para superarmos os indicadores outrora muito negativos. Desta feita, a letra “B” está errada. Dentro da discussão sobre os direitos humanos, a qual a psicologia não pode se furtar, há uma premissa em que todos os seres humanos são iguais no que tange aos direitos universais do homem. Como direito a ser livre, à vida, à prosperidade, à segurança, enfim; todos seres humanos têm direitos inalienáveis e fundamentais, não

importa sua condição social, étnica, econômica. A charge, embora use uma forma ácida e caricatural para acentuar a situação de ausência de direitos e de opressão que alguns possam estar submetidos, até o ponto da personagem alegar que “não sabe nem o que é ser um humano”, é completamente inadmissível, dentro do desenvolvimento humano, um ser humano não se reconhecer como tal, mesmo que ele esteja em situação de miséria. Então a charge chama a atenção para os desafios que ainda temos a frente enquanto nação democrática e que deve zelar pelos direitos humanos. Para concluir, todos nós, cidadãos, profissionais, população mobiliada, devemos preservar e lutar pelos direitos humanos. Como um horizonte necessário, nunca podemos perde-lo de vista. Nesse sentido, a psicologia, enquanto ciência e profissão ocupa um lugar de destaque e de grande responsabilidade, seja na mobilização representativa e política do Conselho Federal de Psicologia face ao congresso nacional e na articulação e mobilização social, seja na formação dos futuros psicólogos nas universidades brasileiras no que tange as suas práticas de ensino, pesquisa e extensão, seja na atuação profissional e docente que deve estar pautada e direcionada sob a mais crítica reflexão ética, científica e humana.

Referências: Assembleia Geral das Nações Unidas (1948). Declaração Universal dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível na Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo. http//: www.direitoshumanos.usp.br Conselho Federal de Psicologia (CFP) (Org.) (2003). Os direitos humanos na prática profissional dos psicólogos. Em Cartilha da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia. Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia Machado, A. M. et al (2005). Psicologia e direitos humanos: educação inclusiva, direitos humanos na escola. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo e Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia Magalhães, J. L. Q. et al. (2001). Direitos Humanos e Direitos dos Cidadãos. Vol. I - Belo Horizonte, MG: PUC Minas Magalhães, J. L. Q. et al. (2001). Direitos Humanos e Direitos dos Cidadãos. Vol. II - Belo Horizonte, MG: PUC Minas Sawaia, B. (Org.) (2001). As artimanhas da exclusão análise psicossocial e ética da desigualdade social (2ª Ed.). Petrópolis, RJ: Vozes

QUESTÃO Nº 27

Quino. Toda Mafalda – da primeira a última tira. Martins Fontes, 2006. Nessa tirinha, a personagem Mafalda, criada por Quino, expressa o conceito de A identidade fluida na perspectiva de modernidade tal como proposta por Bauman. B institucionalização na perspectiva sociológica de Berger e Luckmann. C desenvolvimento humano na perspectiva bioecológica de Bronfenbrenner. D aquisição e desenvolvimento da linguagem na perspectiva soviética de Luria. E desenvolvimento da personalidade na perspectiva psicodinâmica de Melanie Klein.

Gabarito: B

Tipo de questão: Múltipla Escolha

Conteúdo avaliado: Psicologia Social

Autor(a): Ms. Ivana Orionte

Comentário: Nas tiras utilizadas para a construção da questão 27 temos a personagem da Mafalda entabulando uma conversa com a sua amiga da mesma idade. Ela deixa claro no seu discurso o quanto a fala dos adultos é para ela inacessível. Aponta inclusive que eles vieram muito antes delas, o que sugere um contexto sócio, histórico e cultural muito diferente do atual, ou seja, da realidade vivida por elas. Os adultos pertencem a uma realidade instituída em outro momento histórico e por isso tão difícil para elas alcançarem o sentido dos conteúdos adultos . Berger e Luckmann (2004) no seu livro “A Construção Social da Realidade” exploram o problema da construção da realidade a partir dos alicerces da vida cotidiana. Eles apresentam a sociedade enquanto realidade objetiva e subjetiva. A realidade objetiva enfatiza a institucionalização bem como sua legitimação por meio da organização social, já a realidade subjetiva apresenta a interiorização da realidade que se constitui a parir da socialização e da identidade dentro da estrutura social na qual o individuo está inserido. A linguagem, por sua vez, construída nas relações é um sistema de símbolos dotados de sentidos que vão além das interações face a face. A linguagem, importante sistema de sinais, engloba expressão do pensamento interior e exterior. Berger e Luckmann enfatizam que enquanto as relações decorrem das interações face a face na vida cotidiana, são menos problemáticas do que aquelas que se desenvolvem entre ausentes. Assinalam ainda os referidos autores, que quando as especificidades dos participantes de uma comunidade são levadas em consideração os equívocos de comunicação diminuem. A questão elaborada deveria, no meu ponto de vista, apresentar um conteúdo mais robusto nas alternativas para que o aluno pudesse captar com maior facilidade a proposta e escolher com mais segurança a resposta.

Referências: BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.

QUESTÃO Nº 28

Avalie as afirmações abaixo, relativas a processos organizacionais e gestão de pessoas, em especial com referência às características que definem novas tendências de inserção ampliada do psicólogo em face dos problemas organizacionais.

I. Tem havido crescente especialização em algumas atividades de RH que

requerem profundo conhecimento técnico e científico, de forma a

possibilitar a atuação do psicólogo como consultor interno.

II. O trabalho em equipes multiprofissionais diversificadas obriga o psicólogo

a lidar com linguagens e estratégias de solução de problemas oriundas de

diferentes domínios de conhecimento.

III. É crescente a participação do psicólogo em programas cujo objetivo é

preservar a saúde do trabalhador e garantir-lhe condições apropriadas de

trabalho.

IV. Cada vez mais, o psicólogo participa como elemento externo à

organização, quer como consultor, quer como mão de obra terceirizada.

É correto apenas o que se afirma em A I. B II. C III. D I e IV. E II, III e IV.

Gabarito:

Tipo de questão: Múltipla escolha

Conteúdo avaliado:

Autor(a): Alberto de Oliveira

Comentário: Não há como contestar a letra “E” que contém as afirmações II, III e IV como

pertinentes. A afirmação I poderia ter espaço entre as pertinentes se não ficasse circunscrita à atuação do Psicólogo como consultor interno.

Aproveitando o espaço e considerando os processos organizacionais e a gestão de pessoas, o papel do psicólogo dentro de um espaço organizacional poderia ser mais afeito à razão substantiva e com a consciência de que gravitamos em contextos com conflitos de interesses antagônicos e inconciliáveis.

As técnicas não são neutras e o escopo das organizações, consubstanciado em nossos conhecimentos, gira em torno da produtividade do empregado, ideologicamente denominado de colaborador. Quando encantamos com as novas ferramentas (embutidas nas afirmações da questão em tela) para resolver questões antigas, somos incitados a estreitar nossos laços com a razão instrumental que nos limita apenas a gerir o que os trabalhadores conquistaram.

Temos que nos inserir mais organicamente nas organizações fundamentados

nos aspectos filosóficos (a história do homem é a história do trabalho), antropológicos, sociológicos e não apenas aos pressupostos dos profissionais que compõem a área de gestão de pessoas nos dias de hoje.

Já seria um avanço, se no curto prazo, assumíssemos que o mal menor de nossa inserção profissional nas organizações seria a opção de sermos “úteis conscientes” e não apenas de “inocentes úteis”. Os outros avanços viriam com muita paciência histórica sem que neguemos nossos equívocos históricos.

Referências:

QUESTÃO Nº 29

As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) apresentam altas prevalências de internados em uso de psicofármacos para o controle de distúrbios comportamentais. A associação deles com a polifarmácia e a depressão é significativa, e os portadores de demência foram os que mais fizeram uso dos neurolépticos. Fatores como idade e sexo, normalmente relevantes em pacientes ambulatoriais, não apresentaram associação em pacientes institucionalizados. Foi realizado estudo transversal e retrospectivo por meio de análise de prontuários de todos os idosos (60 anos de idade ou mais) internados em uma ILPI, independentemente das doenças apresentadas. Aplicou-se a regressão logística para verificar os fatores associados ao uso de psicofármacos na instituição, obtendo-se os resultados a seguir. As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) apresentam altas prevalências de internados em uso de psicofármacos para o controle de distúrbios comportamentais. A associação deles com a polifarmácia e a depressão é significativa, e os portadores de demência foram os que mais fizeram uso dos neurolépticos. Fatores como idade e sexo, normalmente relevantes em pacientes ambulatoriais, não apresentaram associação em pacientes institucionalizados. Foi realizado estudo transversal e retrospectivo por meio de análise de prontuários de todos os idosos (60 anos de idade ou mais) internados em uma ILPI, independentemente das doenças apresentadas. Aplicou-se a regressão logística para verificar os fatores associados ao uso de psicofármacos na instituição, obtendo-se os resultados a seguir. LUCCHETTI et al. Fatores associados ao uso de psicofármacos em idosos asilados. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v. 32(2), 2010, p. 38-43. A partir das informações acima, avalie as afirmações seguintes.

I. Os pacientes internados em ILPI merecem atenção especial quanto ao consumo dos grupos medicamentosos apresentados na tabela, por causa de seu uso corriqueiro em quadros demenciais, depressões e distúrbios comportamentais.

II. O uso de medicamentos psicoativos no contexto das IPLI deve ser justificado pelas características clínicas dos pacientes, mas não necessariamente pela etiologia em si, apresentando, em muitos casos, um mau uso medicamentoso.

III. Apesar dos conhecidos riscos e efeitos colaterais que os benzodiazepínicos provocam em idosos, torna se, muitas vezes, difícil sua retirada em quadros de ansiedade e distúrbios do sono — em razão da própria institucionalização —, provocando seu consumo em percentual significativo de asilados.

IV. O quadro depressivo é comum nas ILPI devido, geralmente, a fatores como as limitações físicas e a dependência funcional, associados ao isolamento e à negação, no intuito de diminuir a percepção de um ambiente desconhecido.

É correto o que se afirma em A I e II, apenas. B I e III, apenas. C III e IV, apenas. D II e IV, apenas. E I, II, III e IV.

Gabarito: letra E

Tipo de questão: Resposta única

Conteúdo avaliado: conhecimento sobre as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI; doenças psiquiátricas, manifestações de comportamentos da pessoa idosa depressão, demência ,AVC, psicofarmacos e sua ação no organismo.

Autor(a): Dra. Adalgisa Regina Teixeira

Comentário: É uma questão de dificuldade média, exigindo do aluno conceitos, conhecimentos do desenvolvimento humano, principalmente na velhice bem como os conceitos das doenças psiquiátricas e de psicofarmacologia.

Referências: LUCCHETTI et al. Fatores associados ao uso de psicofármacos em idosos asilados. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v. 32(2), 2010, p. 38-43.

QUESTÃO Nº 30

Os fenômenos organizacionais revelam-se complexos para aqueles que querem investigar seus determinantes, tanto quanto para aqueles que buscam intervir na solução de problemas comuns no dia a dia de qualquer organização, independentemente de tamanho, setor ou segmento produtivo. É comum, na literatura, a compreensão de que tais fenômenos devem ser considerados como resultados da interação entre fatores que se estruturam em, pelo menos, quatro níveis: individual, grupal, organizacional propriamente dito e contextual ou ambiental. Considerando essas informações, avalie as seguintes afirmações, que relacionam os níveis dos fenômenos organizacionais com possíveis explicações de alguns temas organizacionais clássicos. I. Quando o absenteísmo é considerado o produto de fatores culturais e de políticas de gestão de pessoas, trabalha-se no nível organizacional. II. Quando a permanência do trabalhador na organização é explicada pela intensidade do seu comprometimento organizacional, trabalha-se no nível individual. III. Quando a perda do emprego não mais é atribuída à falta de habilidade do trabalhador, mas, sim, a mudanças tecnológicas que demandam novo perfil de qualificação, trabalha-se no nível contextual. IV. Quando a qualidade do desempenho no trabalho é explicada como resultado de processos motivacionais ligados a valores e metas pessoais, trabalha-se no nível grupal. V. Quando o estresse é explicado pelos conflitos, pela falta de comunicação e pelas relações entre gestores e seus subordinados, trabalha-se no nível individual. É correto apenas o que se afirma em A I, II e III. B I, III e V. C I, IV e V. D II, III e IV. E II, IV e V.

Gabarito: A

Tipo de questão: complementação múltipla.

Conteúdo avaliado: 1.Realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, grupos e instituições. 2. Saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional.

Autor(a):

,

Comentário: É uma questão da psicologia social/ psicologia do trabalho e das organizações, e verifica conhecimentos dos subsistemas de gestão de pessoas, tais como o

comprometimento como o trabalho, o desempenho, o estresse, e a qualidade de vida e o nível de atuação da psicologia. PONTOS POSITIVOS: De modo geral, a questão encontra-se bem elaborada com nível médio de dificuldade para o aluno. A questão possui paralelismo sintático entre o enunciado e as afirmativas. A questão possui a mesma quantidade de linhas em todas as afirmativas. PONTOS A MELHORAR: O enunciado é muito amplo, e generalizado, expões sobre todos os fenômenos que poderiam ocorrer dentro da psicologia do trabalho. Este poderia já focar no tema que virá em seguida que é o tipo de atuação do profissional de gestão de pessoas, já apresentando o que será averiguado. A questão se inicia expondo sobre os organizacionais fenômenos de uma forma geral, e afunila afirmando que vários fatores interferem nas questões individuais, e grupais dentro das organizações de trabalho. Enquanto que as afirmativas são bem específicas ao apresentam temas como absenteísmo, desempenho, qualidade de vida, e estresse. As afirmativas são longas, e o que podem confundir o aluno, pois poderiam ser mais objetivas, e concisas, indo direto sobre o que se pretende verificar.

Referências:

QUESTÃO Nº 31

A saúde no Brasil é organizada em níveis de atenção primária, secundária e terciária. O nível de atenção primária diz respeito à atenção básica ou a unidades e programas de saúde que atendem à população em um nível básico de complexidade tecnológica e de mão de obra. Estão enquadrados na atenção primária os postos de saúde; o Programa de Saúde da Família (PSF); os centros de referência que oferecem suporte à saúde da mulher, da criança, do idoso, do adolescente; os programas antitabagismo e os de apoio a pessoas com HIV, entre outros. O nível de atenção secundária diz respeito à complexidade tecnológica e de mão de obra intermediária, como é o caso dos hospitais gerais. O nível de atenção terciária diz respeito à alta complexidade tecnológica e de recursos humanos, como é o caso dos hospitais especializados, como o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Rede SARAH. O trabalho do psicólogo da área da saúde que atue no nível de atenção primária deve estar focado na prevenção de doenças e na promoção de saúde, o que exige que o psicólogo:

A) colabore em equipe interdisciplinar formada para a avaliação e o tratamento de pacientes com câncer hospitalizados e projete programas de reabilitação psicológica de pacientes internados.

B) projete programas para ajudar as pessoas a parar de fumar e perder peso, os quais minimizam outros fatores de risco à saúde, e promova comportamentos saudáveis, tais como a prática de exercícios físicos e a alimentação balanceada.

C) facilite o trabalho do médico no serviço de atendimento de emergências dos hospitais, atuando no acolhimento dos pacientes, e identifique dificuldades psicológicas que contribuam para a compreensão da doença no atendimento de emergência hospitalar.

D) promova a educação ambiental, para que as pessoas desperdicem menos e produzam menos lixo, e crie programas de treinamento e capacitação que permitam aos médicos lidar melhor com as questões psicológicas dos pacientes internados em estado grave em unidades de saúde.

E) capacite outros profissionais da área de saúde, para que possam realizar visitas domiciliares e avaliar as condições psicológicas de determinada população, e promova reuniões de equipe para avaliar os pacientes em tratamento e reabilitação neurológica em unidade hospitalar.

Gabarito: B

Tipo de questão: resposta única

Conteúdo avaliado: atuação e prática profissional do psicólogo da saúde segundo os níveis de atenção a saúde.

Autor(a): comentarista: Daniela Zanini

Comentário: A presente questão avalia três aspectos importantes da Psicologia da Saúde e mais especificamente da atuação do Psicólogo da Saúde no Brasil: 1 – a diferenciação dos níveis de atenção a saúde; 2 – a exemplificação do atendimento da saúde nos diferentes níveis no sistema de saúde brasileiro; 3 - a atuação do psicólogo da saúde em cada um destes níveis. Neste sentido, a presente questão inicia apresentando, descritivamente, exemplos dos serviços de saúde existentes no Brasil que representam cada um dos níveis de atenção à saúde. Posteriormente pergunta ao leitor as possibilidades de atuação de um Psicólogo da saúde no nível primário. Neste sentido, a única opção correta apresentada é a de letra B pois é o único caso em que o Psicólogo realizaria ações com vistas a prevenção de doenças e promoção de saúde. Nas demais alternativas as ações estão voltadas para o tratamento de pacientes já diagnosticados (opção A); em crise ou atendimentos emergenciais e, portanto, já com alguma patologia instalada (opção C); que necessitem de cuidados especiais (opção D); ou que estejam em processo de reabilitação (opção E). Em todos esses casos a intervenção psicológica ocorreria nos níveis secundário ou terciário mas não primário.

Referências: Angerami, C. V. A. (1996). E a Psicologia entrou no Hospital. 1ª edição, São Paulo:

Editora Pioneira.

Angerami, C. V. A. (2003). A Psicologia no Hospital. Sao Paulo: Thompson Pioneira.

Straub, R. (2005). Psicologia da Saúde. Porto Alegre: ArtMed.

QUESTÃO Nº: 32

O modo como a Psicologia tenta dar conta das relações sociais apresenta dupla característica. Uma consiste em focalizar as dimensões ideais e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos fundamentos materiais dessas relações. A outra aborda essas dimensões e esses processos considerando o espaço de interação entre pessoas ou grupos, no seio do qual elas se constroem e funcionam.

JODELET, D. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 54 (adaptado).

Considerando o contexto acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A Psicologia Social, ao estudar fenômenos como preconceito, estereótipo, crenças e valores, insere-se em perspectiva mais sociologizante do que psicológica. PORQUE II. A Psicologia Social tenta compreender de que maneira as pessoas e os grupos se constroem no interior de relações socioculturais mais amplas, de acordo com as duas características apontadas por Jodelet. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas.

Gabarito: D

Tipo de questão: Complementação Múltipla

Conteúdo avaliado: Identificar os pressupostos epistemológicos que caracterizam o estudo das relações sociais na perspectiva da Psicologia Social.

Autor(a): Prof. Dr. Divino de Jesus da Silva Rodrigues

Comentário: Considerando a resolução nº 5/2011, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, compreendo que a questão em análise está diretamente relacionada aos seguintes aspectos:

Eixos Estruturantes: I - Fundamentos epistemológicos e históricos que permitam ao formando o conhecimento das bases epistemológicas presentes na construção do saber psicológico, desenvolvendo a capacidade para avaliar criticamente as linhas de pensamento em Psicologia;

II - Fundamentos teórico-metodológicos que garantam a apropriação crítica do conhecimento disponível, assegurando uma visão abrangente dos diferentes métodos e estratégias de produção do conhecimento científico em Psicologia.

Competências: I - analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos; III - identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo.

Habilidades: V - analisar, descrever e interpretar relações entre contextos e processos psicológicos e comportamentais.

Quanto ao conteúdo da questão: Acerca da compreensão dos pressupostos epistemológicos que caracterizam o estudo das relações sociais na perspectiva da Psicologia Social, expostas por Denise Jodelet, uma das principais representantes na atualidade da Psicologia Social, em sua vertente denominada de Representação Social. Podemos fazer o seguinte comentário sobre as asserções e a relação proposta entre elas. Com relação à asserção I, o ponto central, é a palavra “sociologizante”, ora, é evidente o equivoco apresentado na asserção, reduzindo os estudos das relações sociais da Psicologia Social apenas a perspectiva “sociologizante”, uma vez que,

para dar conta desta construção social, diversos modelos teóricos foram propostos. Referindo-se a dinâmicas psíquicas ou a processos cognitivos, eles colocam em jogo noções elaboradas no seio da Psicologia Social, tais como as de preconceito, estereótipo, discriminação, identidade social, ou ainda apelam, através da análise dos discursos sociais, às representações sociais e à ideologia (JODELET, p.54, 2004).

Nesse sentido, a alternativa “D” é a opção correta, uma vez que afirma: a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

Quanto ao formato da questão: Considerando o conteúdo das alternativas, caracterizadas pelo tipo de complementação múltipla, exige dos discentes uma leitura interpretativa, critica e reflexiva aos enunciados que se contradizem nas opções: “A”, “B”, “C” e “E”. Desta maneira, mesmo que os discentes não tenham um estudo aprofundado dos pressupostos teóricos da Psicologia Social, uma leitura atenta das alternativas, conseguiria elimina as alternativas incorretas.

Referências: Jodelet, D. Os processos psicossociais da exclusão (2004). Em SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. (pp. 54). 5ª ed. Petrópolis: Vozes. BRASIL. (2011). Conselho Nacional de Educação. Resolução nº 05, de 11 de Março de 2011. Câmara de Educação. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia.

QUESTÃO Nº 33

A realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmicae, nem sempre, as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a globalização e a informatização da sociedade, os movimentos sociais, em muitos países,inclusive no Brasil e em outros países da América Latina,tenderam a se diversificar e complexificar. Por isso, muitas explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos. Scherer-Warren, I. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. Sociedade e Estado. Brasília, v. 21, n. 1, jan./abr., 2006, p. 109-30. Considerando a afirmação acima, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A Psicologia precisa dedicar-se a compreender os novos sujeitos sociais em seus cenários políticos, a diversidade identitária, as diferentes demandas por direitos e formas de ativismo, para construir um arcabouço teórico capaz de dar respostas às demandas de fortalecimento de indivíduos e das redes sociais. PORQUE II. A sociedade civil, embora configure um campo composto por forças sociais heterogêneas, está relacionada à esfera da defesa da cidadania e suas respectivas formas de organização em torno de interesses públicos e de valores, não sendo isenta de relações e conflitos de poder, de disputas por hegemonia e representações sociais e políticas diversas e antagônicas. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. C A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E As asserções I e II são proposições falsas.

Gabarito: D

Tipo de questão: Asserção razão

Conteúdo avaliado: a relação entre a Psicologia e os Movimentos Sociais

Autor(a):Lenise Santana Borges

Comentário: Em que pese essa questão ter sido considerada muito difícil e ter sido anulada, seguem minhas considerações. A forma como os enunciados são apresentados não deixa claro se o que está sendo discutido é a necessidade de atualização e novas teorizações da Psicologia frente às mudanças provocadas pela globalização, meios de comunicação e movimentos sociais, ou se o foco da questão são as mudanças nos movimentos sociais. De acordo com o gabarito a resposta é D, ou seja, a primeira asserção é falsa e a segunda é verdadeira. Naquilo que consegui depreender da questão, o segundo enunciado não é justificativa para o primeiro, configurando-se tão somente como uma descrição sobre a constituição e as tensões referentes ao campo dos movimentos sociais. No entanto, o conteúdo que consta no enunciado está correto. No que toca a primeira asserção a Psicologia não precisa construir um arcabouço teórico, pois isso ela já tem, o que é preciso é que ela crie e atualize suas teorizações de forma que essas contemplem as novas demandas sociais, incluindo a questão da diversidade e das diferenças. Abaixo uma sugestão de leitura sobre o tema.

Referências: MACHADO, Frederico. Imaginar a sociedade: movimentos sociais e análise política na contemporaneidade. Entrevista com Benjamin. Psicologia & Sociedade, 25(2), 256-262, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v25n2/02.pdf

QUESTÃO Nº 34

A Psicologia do Esporte, como área emergente de aplicação, faz parte das Ciências do Esporte, juntamente com a Antropologia, Filosofia e Sociologia do Esporte. No que se refere ao trabalho com atletas de esportes coletivos, a caracterização do trabalho do psicólogo do esporte ainda está consolidando-se e, cada vez mais, esse profissional é requisitado a I. desenvolver programas de auxílio, como, por exemplo, por meio de

psicoterapia individual, a atletas que estejam vivenciando sobrecargas emocionais devido às altas exigências que os esportes de competição demandam.

II. II. identificar características de ansiedade-traço e ansiedade-estado, direcionando atividades específicas que visem auxiliar os indivíduos a manejar o estresse em situações de preparação para competições e durante competições.

III. III. promover, junto a atletas, técnicos e treinadores, modos de manejo e enfrentamento de estresse em competições, controle da concentração, ampliação das habilidades de comunicação e de coesão de equipe, padrões de resiliência diante de situações de derrota em competições, desenvolvimento da noção de esporte como promoção de saúde e bem-estar individual e coletivo.

É correto o que se afirma em

A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: D

Tipo de questão: Complementação Múltipla

Conteúdo avaliado: Psicologia do Esporte

Autor(a): Adriana Bernardes Pereira

Comentário:

O esporte contemporâneo é considerado um dos maiores fenômenos sociais do século XX. Essa tendência, contudo, não representa uma prática interdisciplinar, ainda, uma vez que as diversas sub-áreas convivem enquanto soma, mas não em relação, fazendo com que as Ciências do Esporte vivam hoje um formato denominado ‘multidisciplinar’.

A Psicologia do Esporte, enquanto uma sub-área das Ciencias do Esporte, iniciou suas pesquisas há aproximadamente um século, estudando inicialmente aspectos próximos à fisiologia, os chamados condicionantes reflexos. Ao longo dos anos outros temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança, dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários outros aspectos da prática esportiva e da atividade física foram sendo incorporados à lista de preocupações e necessidades de pesquisadores e profissionais. Na atualidade, diante do equilíbrio técnico alcançado por atletas e equipes de alto rendimento, os aspectos emocionais têm sido considerados como um importante diferencial nos momentos de grandes decisões.

A Psicologia do Esporte tem como meio e fim o estudo do ser humano envolvido com a prática de atividade física e esportiva competitiva e não competitiva. Esses estudos podem abarcar os processos de avaliação, as práticas de intervenção ou a análise do comportamento social que se apresenta na situação esportiva a partir da perspectiva de quem pratica ou assiste ao espetáculo (J. Azevedo Marques & S. Junishi, 2000; S. Figueiredo, 2000; M. Markunas, 2000; S. Martini, 2000).

A Psicologia no Esporte é a transposição da teoria e da técnica das várias especialidades e correntes da Psicologia para o contexto esportivo, seja no que se refere a aplicação de avaliações para a construção de perfis, seja no uso de técnicas de intervenção para a maximização do rendimento esportivo (O. Feijó, 2000).

A avaliação psicológica de atletas e a construção de perfis é um dos procedimentos que maior visibilidade dá ao psicólogo do esporte e maior expectativa cria em comissões técnicas e dirigentes. É também uma das grandes preocupações dos profissionais da área por envolver procedimentos éticos ditados pelo Conselho Federal de Psicologia.

O processo de avaliação psicológica no esporte é conhecido como psicodiagnóstico esportivo e está relacionado diretamente com o levantamento de aspectos particulares do atleta ou da relação com a modalidade escolhida. As investigações de caráter diagnóstico têm como objetivo determinar o nível de desenvolvimento de funções e capacidades no atleta com a finalidade de prognosticar os resultados esportivos. No esporte de alto rendimento, o psicodiagnóstico está orientado para a avaliação de características de personalidade do atleta, para o nível de processos psíquicos, os estados emocionais em situação de treinamento e competição e as relações interpessoais. Com o resultado do diagnóstico pode-se chegar a conclusões referentes a algumas particularidades pessoais ou grupais que oferecem subsídios para se fazer uma seleção de novos atletas para uma equipe, para mudar o processo de treinamento, individualizar a preparação técnico-tática, escolher a estratégia e a tática de conduta em uma competição e otimizar os estados psíquicos. Os métodos utilizados para esse fim podem ser tanto da categoria de análise de particularidades de processos psíquicos nos quais se enquadram os processos sensórios, sensórios-motores, de pensamento, mnemônicos e volitivos como os de ordem psicossociais nos quais são estudadas as particularidades psicológicas de um grupo esportivo, buscando revelar e explicar

No caso das modalidades individuais, em que o foco da intervenção é o próprio atleta e sua atuação, atividades voltadas para a concentração, o controle da ansiedade e o manejo das variáveis ambientais costumam ser os principais objetivos da intervenção psicológica. No entanto, a forma e o tempo que esse trabalho levará para ser desenvolvido irá variar conforme o referencial teórico do psicólogo que o aplica. As práticas podem envolver visualização, relaxamento, modelagem de comportamento, análise verbal, inversão de papéis, técnicas expressivas ou corporais.

No caso das modalidades coletivas o foco da intervenção recai sobre as relações grupais, a formação de vínculo e organização de liderança, e aqui também a diversidade de procedimentos é grande. São amplamente utilizados os jogos dramáticos advindos do psicodrama, o desenvolvimento de auto-conhecimento por meio das técnicas de senso-percepção, bem como procedimentos verbais originários da psicanálise de grupos.

Referências: RUBIO, K. O trajeto da Psicologia do Esporte e a formação de um campo profissional. In RUBIO, K. (org.). Psicologia do Esporte: interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000

QUESTÃO Nº 35

A seguinte queixa foi encaminhada ao Conselho Regional de Psicologia. Uma adolescente, atendida no setor de orientação vocacional, queixou-se de que o psicólogo influenciava pacientes a participar de cultos, relacionando acontecimentos à vontade de Deus; utilizava-se de mapa astral em suas orientações e realizava atendimento a diferentes pessoas de uma mesma família propiciando a troca de informações entre elas. Foi constatado o uso de mapas astrológicos em sessões de orientação vocacional como ferramenta complementar de análise. Verificou-se, ainda, que houve indução a convicções morais e religiosas e que foi realizado atendimento individual a diversos membros da família. Em sua defesa, o psicólogo negou ter abordado a questão religiosa e devassado o sigilo, destacando ser relativa a inviolabilidade, já que a atendida era menor de idade. Afirmou utilizar-se somente de instrumentos científicos e, eventualmente, da técnica de mapa astral para melhor compreender os pacientes e abreviar os processos psicoterápicos. Psi Jornal de Psicologia CRP SP, n. 168, mar./abr./2011. Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao>. Acesso em: 06 jul.2012 (adaptado). Com base na situação apresentada e tendo como referência o Código de Ética Profissional do Psicólogo, avalie as afirmações abaixo. I. A astrologia não é prática complementar da Psicologia e tampouco método científico; desse modo, não pode ser utilizada direta ou indiretamente no decorrer de um processo ou tratamento psicológico. II. O psicólogo tem o dever de respeitar o sigilo profissional, protegendo, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas; entretanto, na situação apresentada, a pessoa atendida era menor de idade, o que autoriza o psicólogo a repassar aos familiares as informações obtidas. III. Ao psicólogo é vedado induzir a convicções políticas, filosóficas, morais ou religiosas no exercício de suas funções profissionais; portanto, no caso relatado, o psicólogo infringiu o Código de Ética Profissional. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III.

Gabarito: C

Tipo de questão: COMPLEMENTAÇÃO MÚLTIPLA

Conteúdo avaliado: ÉTICA PROFISSIONAL

Autor (a): Silvamir Alves

Comentário: A questão requer do aluno conteúdo, experiência e prática na área clínica. Pois

exige dele um posicionamento prático, devidamente fundamentado, nos aspectos éticos de atuação do profissional da Psicologia. Assim, para respondê-la é necessário que o mesmo tenha conhecimento sobre a Clínica e o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

A afirmativa I está correta. Isso pode ser constatado no Artigo 2º, letra f, do

referido código, que ressalta ser vedado ao psicólogo “prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão” (p.10).

A afirmativa II está incorreta. Essa constatação e corroborada pelo Artigo 9º, do referido código, no qual está escrito que “é dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional” (p. 13). Bem como pelo artigo 13 que ressalta que “no atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado ao responsáveis o estritamente essencial para promoverem medidas em seu benefício” (p. 13).

A afirmativa III está correta. Pois de acordo com o Artigo 2º, letra b, do referido código, é vedado ao psicólogo “Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais” (p. 9).

Competências e Habilidades Gerais (DCN’s) I - Atenção à saúde: os profissionais devem estar aptos a desenvolver ações de

prevenção, proteção e reabilitação da saúde psicológica e psicossocial, tanto em nível individual quanto coletivo, bem como a realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética;

Competências Básicas (DCN’s) XI – atuar, profissionalmente, em diferentes níveis de ação, de caráter

preventivo ou terapêutico, considerando as características das situações e dos problemas específicos com os quais se depara;

XII – realizar orientação, aconselhamento psicológico e psicoterapia; Habilidades Básicas (DCN’s) VI – descrever, analisar e interpretar manifestações verbais e não verbais como

fontes primárias de acesso a estados subjetivos;

Referências: Conselho Federal de Psicologia. (2005). Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Brasília.

QUESTÃO Nº Questão Discursiva 03

Gabarito: Padrão de resposta para questão discursiva (INEP): Proposta de intervenção no contexto escolar: O estudante deve, partindo dos problemas apresentados pelas crianças, apontar problemas do contexto institucional. O que se exige é que o foco central da resposta seja a dimensão institucional e não a individual. Pode referir-se à necessidade de avaliar métodos, relação professor-aluno, relações entre as crianças etc. São exemplos de intervenções possíveis no contexto escolar: processo de adaptação para o aluno que está iniciando; processo de socialização da escola; preparação dos professores para lidar com as dificuldades de interação social e outras intervenções que sejam pertinentes. A proposta de intervenção deve ser justificada com apoio em teorias da área (por exemplo, conceitos do desenvolvimento infantil, da dinâmica do processo ensino-aprendizagem, dos processos instrucionais) afastando-se de explicações do senso comum. A resposta pode recorrer ao contexto familiar como um determinante dos problemas das crianças, mas não pode restringir sua intervenção no nível da família e, em especial, na estratégia de psicoterapia. Proposta de intervenção no contexto organizacional: O estudante deve, partindo dos problemas apresentados pelo funcionário (João), apontar problemas do contexto institucional. O que se exige é que o foco central da resposta seja a dimensão institucional e não a individual. Pode referir-se, entre outros, a questões de reestruturação do mundo do trabalho, das ameaças de perda do emprega, dos métodos de controle do desempenho, do padrão gerencial de cobrança de metas, do processo de definição de metas de desempenho. Todos são fatores organizacionais que podem gerar insegurança e ansiedade no trabalhador. Como intervenção pode sugerir: pesquisa de clima organizacional, análise da cultura organizacional, treinamento de gestores, intervenções no processo de trabalho, clínica do trabalho e outras intervenções pertinentes. A proposta de intervenção deve ser justificada com apoio em teorias da área (por exemplo, conceitos de clima, motivação no trabalho, reestruturação produtiva, processos de trabalho, estilos de liderança e gestão, relação trabalho-família) afastando-se de explicações do senso comum. A resposta não pode restringir sua intervenção à psicoterapia para João.

Tipo de questão: Discursiva

Conteúdo avaliado: Proposta de diagnóstico e intervenção institucional na área de Psicologia Escolar ou de Psicologia Organizacional. Em relação à Psicologia Escolar são cobrados conteúdos sobre diagnóstico institucional, conceitos de desenvolvimento infantil, de processo ensino-aprendizagem, de relações interpessoais no contexto escolar, de intervenção na área de Psicologia escolar com ênfase na dimensão institucional. Em relação à Psicologia Organizacional, segundo a resposta padrão esperada pelo INEP, são cobrados conteúdos sobre cultura e clima organizacional, intervenções no processo de trabalho, e conceitos sobre clima, motivação no trabalho, reestruturação produtiva, estilos de liderança e gestão, relação trabalho família.

Autor(a): Alba Cristhiane Santana da Mata

Comentário: Inicialmente, vale destacar a boa proposta da questão em analisar uma situação-problema por meio de uma ou outra área de atuação da Psicologia, possibilitando ao candidato a escolha da área. Essa proposta amplia as possibilidades de acerto, pois o candidato provavelmente escolherá uma área em que tenha mais segurança teórico-metodológica para argumentar. E ainda respeita a diversidade teórico-metodológica da Psicologia, coerente com as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso. Espera-se que o candidato apresente uma postura teórico-metodológica coerente com as discussões contemporâneas nas duas áreas, com ênfase na dimensão institucional e em fatores sócio-históricos, políticos e econômicos, superando visões reducionistas, subjetivistas e centradas no sujeito. Os estudos contemporâneos na área de Psicologia escolar apontam a necessidade de investir em uma atuação institucional, abrangendo ações de diagnóstico, análise e intervenção em nível institucional com vistas a contribuir com a otimização do processo educativo, e respeitando o caráter complexo e multideterminado da educação e do processo ensino-aprendizagem (Marinho-Araujo, 2014; Mitjáns Martinez, 2010). Segundo as orientações apresentadas pelo Conselho Federal de Psicologia em 2013 (CFP, 2013), o psicólogo no contexto educativo deve desenvolver uma intervenção com qualquer um dos segmentos que compõem esse espaço, sejam gestores, professores, alunos e pais, fundamentados no princípio da coletividade. Dessa forma, mesmo que a situação-problema apresentada na questão relate a problemática a partir do ponto de vista das crianças, o foco da ação do psicólogo escolar deverá ser essas crianças inseridas num coletivo, no contexto escolar. Essa proposta da questão está coerente com os estudos atuais na área de Psicologia Escolar, ou seja, estudos desenvolvidos nos últimos quinze anos.

Referências: Conselho Federal de Psicologia (2013). Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na Educação Básica. Brasília: CFP. Marinho-Araujo, C.M. (2014). Intervenção Institucional: ampliação crítica e política da atuação em psicologia escolar. Em R.S.L.Guzzo (Org.), Psicologia Escolar: desafios e bastidores da educação pública (pp. 153-176). Campinas, SP: Editora Alínea. Mitjáns Martinéz, A. (2010). O que pode fazer um psicólogo na escola? Em Aberto, 23 (83), 39-56.

QUESTÃO Nº Questão discursiva 4

Para a maioria dos grupos sociais, a brincadeira é consagrada como atividade essencial ao desenvolvimento infantil. Com o advento de pesquisas sobre o desenvolvimento humano, observou-se que o ato de brincar conquistou mais espaço. No âmbito educacional, a brincadeira está colocada como uma ação fundamental, defendida como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a brincadeira é, cada vez mais, entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo. QUEIROZ, N.L.N.; MACIEL, D.A.; BRANCO, A.U. Brincadeira e desenvolvimento infantil: um olhar sociocultural construtivista. Paideia. Ribeirão Preto, v.16, n.34, mai./ago. 2006, p.169-79 (adaptado). Com base nas informações do texto, faça o que se pede nos itens a seguir. a) Identifique, no texto, um fenômeno psicológico. (valor: 1,0 ponto) b) Elabore um problema de pesquisa relacionado com o fenômeno psicológico identificado no item anterior. (valor: 3,0 pontos) c) Descreva as etapas essenciais de uma pesquisa que investigue o problema proposto anteriormente. (valor: 6,0 pontos)

Gabarito:

Tipo de questão: Discursiva

Conteúdo avaliado:

Autor(a): Janille Maria Lima Ribeiro

Comentário: a. O conceito de fenômeno psicológico se dá de acordo com a linha teórica adotada pelo estudante em sua prática e nos fundamentos teóricos utilizados para amparar esta prática. Para responder a esta questão utilizo a Psicologia Sócio-Histórica, cujo autor de referencia é Vigotski, que considera por fenômeno psicológico aquilo que é construído fora do universo psíquico, o que é concreto, material, da realidade sócio-histórica. O mundo psicológico é constituído a partir do contato do indivíduo com a vida material, não é algo inato ou que aparece espontaneamente nos sujeitos. Diante disso, o brincar se caracteriza como um fenômeno psicológico, pois a criança brinca a partir de uma provocação de seu mundo material, de uma determinada realidade social, cultural e histórica. O brincar não se dá espontaneamente na criança, mas é apresentado a ela por um adulto ou outra criança mais velha. O brincar envolve, como o próprio texto admite, a expressão do mundo interior da criança (expressão, pensamento), que é formulado a partir do mundo exterior (interação e comunicação). b. Como profissionais que trabalham com crianças, na Educação Infantil, entendem o brincar? Esta questão se caracteriza como problema porque, apesar do brincar se constituir em um direito da criança e ser amplamente reconhecido por alavancar o processo de desenvolvimento infantil, há profissionais que não entendem ou conhecem seus benefícios, relegando o brincar a uma esfera de mero passatempo. A questão, portanto, poderia revelar como o brincar é entendido para que uma

intervenção pudesse ser proposta nas instituições onde não há maiores esclarecimentos a respeito da complexidade do tema. c. As etapas essenciais a serem seguidas são: problematização da questão a ser abordada na pesquisa; fundamentação teórica que define e delimita conceitos principais, como o brincar, Educação Infantil, quais profissionais estão sendo instigados para responder a pesquisa; justificativa do trabalho que esclarece a importância, relevância e exeqüibilidade do mesmo; esclarecimentos dos objetivos, ou seja, o que a pesquisa deseja alcançar; metodologia que inclui os métodos de coleta de dados, o público que será pesquisado e como o trabalho será executado; por fim, a forma de análise dos dados coletados. *Fiz um breve esboço de como a questão poderia ser respondida já que não havia gabarito para ela. Não utilizei material de apoio ou de consulta para respondê-la, pois queria tentar me colocar, minimamente, na situação do aluno respondendo a avaliação. No entanto, exponho abaixo algumas leituras recomendadas para embasar teoricamente minhas respostas. O conteúdo avaliado na questão refere-se ao conceito de fenômeno psicológico e passos importantes para a formulação de um projeto de pesquisa. A questão pareceu-me bastante complexa para um nível de graduação, além de exigir muito tempo e espaço para respondê-la adequadamente.

Referências: Vigotski, L.S. (1998). A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. (6ªed.). Trad. José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins Fontes. BOCK, A.M.B; GONÇALVES, M.G.M. & FURTADO, O.(Orgs.). (2002). Psicologia Sócio-histórica: uma perspectiva crítica em Psicologia. 2ed. São Paulo: Cortez. RICHARDSON, Roberto Jarry. (1999). Pesquisa social: métodos e técnicas. São

Paulo: Atlas.

QUESTÃO Nº 5 - Discursiva

Fabiana, 45 anos de idade, casada, 2 filhos, procura um psicólogo em razão de sintomas que a acometem há cerca de 10 anos. No contato inicial, descreve sua situação familiar atual como de muito sofrimento, pois ninguém a entende nem a ajuda a resolver seus problemas, inclusive seu marido, que, segundo ela, já não lhe dá muita atenção. Recusa-se a alimentar-se normalmente “por não sentir fome” e revela que os familiares tentam motivá-la, sem muito sucesso. Reporta a perda do pai precocemente, aos 12 anos de idade, e da mãe, há dois anos, e o fato de ter sofrido tentativa de abuso sexual na adolescência. Sempre foi tratada com muito mimo pela família nuclear (pai, mãe e irmãos), pois era a única filha. Culpa-se por não ter podido cuidar da mãe doente, já que também se sentia enferma. Na juventude, era muito alegre, gostava de sair, de dançar e de beber com os amigos. Após o nascimento do segundo filho, cuja gravidez, inicialmente, não aceitou, tendo, inclusive, fantasias de aborto, começou a sentir tonturas, que pioraram com o tempo. Passou, então, a apresentar taquicardia, dores no peito, respiração ofegante, tremores, transpiração excessiva e medo de morrer e de ficar louca. Começou a ficar mais em casa e a não sair sozinha, com medo de ter alguma crise na rua. Descuidou-se dos seus afazeres e distanciou-se das pessoas. É excessivamente apegada ao segundo filho e não admite a hipótese de que ele, algum dia, fique longe dela. Com base na situação descrita acima, elabore, a partir de uma abordagem psicoterápica escolhida e justificada, um texto dissertativo, contemplando os seguintes aspectos: a) diagnóstico do caso apresentado; (valor: 3,0 pontos) b) hipóteses sobre o desenvolvimento do transtorno; (valor: 3,0 pontos) c) técnicas de intervenção. (valor: 4,0 pontos)

Gabarito: A partir da abordagem psicoterápica Psicanálise, as respostas são:

a) Histeria de Angústia (Transtorno do Pânico b) Os sintomas surgiram após o nascimento do segundo filho, o qual a paciente

teve dificuldades de aceitar, o que pode ter gerado um sentimento inconsciente de culpa e o apego excessivo ao mesmo. Esse fato também pode se associar ao abuso sexual sofrido na adolescência, uma vez que fantasias de desejo podem estar recalcadas em relação à violência sofrida, o que só agravaria o sentimento de culpa geralmente associado às situações de violência sexual. Com o adoecimento e posterior falecimento da mãe, a culpa aumenta, se associando também às outras situações já vividas, denunciando sua incapacidade de retribuir o amor recebido ao longo da vida. Tudo isso agrava seus sintomas de angústia, que geram inclusive inibição do apetite e nas relações interpessoais.

c) Partindo da regra fundamental da Psicanálise, o tratamento da paciente seria por meio da fala, convocando-a a dizer “tudo o que lhe vier à cabeça”, a fim de que a mesma possa recordar fatos da infância, adolescência, juventude e vida adulta, o que pode promover o acesso a lembranças e afetos recalcados. O profissional deve escutá-la sem julgamento e atentamente ao que é dito, a fim de ajudá-la a associar as ideias que a mesma for recordando. Á medida em que ela for recordando e associando livremente as ideias, o profissional poderá auxiliá-la na elaboração do que está, inconscientemente, provocando esses sintomas.

Tipo de questão: Discursiva

Conteúdo avaliado: Psicologia Clínica – intervenções terapêuticas

Autor(a): Elizabeth Cristina Landi L. Souza

Comentário: Questão muito bem elaborada, especialmente porque contempla a possibilidade do concluinte do curso de Psicologia abordar a teoria e prática psicológica à qual mais se dedicou ao longo do curso.

Referências: Freud, S. (2010). Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago. Leite, S. (2012). Angústia. Rio de Janeiro: Zahar Ed.