Upload
video-nas-aldeias
View
228
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Encarte oficial da Coleção Kisêdjê de Cineastas Indígenas
Citation preview
c i n e A s T A s i n D Í G e n A s i n D i G e n O u s f i l m m A K e R s
KısêdjêA m T Ô A festa do RatoT H E M O U S E C E R E M O N Y
T X Ê J K h Ô K h à m m B y
mulheres GuerreirasT H E W A R W O M E N
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 1 09.09.11 15:13:16
Apresentação | i n T R O D u c T i O n
Tempos antigos, narrativas contemporâneas, ges-
tos cotidianos. Entrelaçando passado e presente,
palavra e imagem, corpo e memória, os fi lmes
apresentados na coleção cineastas indígenas re-
velam outras possibilidades de perceber a diversi-
dade das realidades indígenas no Brasil. Cineastas
dos coletivos de cinema Kuikuro, Huni kuı , Panará,
Xavante, Ashaninka e Kısêdjê nos oferecem olha-
res íntimos sobre seus povos, seus modos de pen-
sar e viver o mundo.
A série é fruto de uma longa relação entre o Ví-
deo nas Aldeias e as populações indígenas envolvi-
das com o projeto. Fundada no compartilhamento
de saberes e tecnologias, na discussão de projetos
e sonhos, essa parceria resultou na criação de fi l-
mes que se destacam tanto por sua beleza estética
quanto pela singularidade de seus temas.
Vídeo nas Aldeias tem como objetivo primeiro
criar condições para que os realizadores produ-
ancient times, contemporary
narratives, daily gestures. Weaving past
and present, Word and image, body
and memory, the movies included in
the inDiGenOus filmmAKeRs collection
reveal neW perspectives to perceive the
diversity of the brazilian indigenous
reality. filmmaKers from the indigenous
collectives KuiKuro, huni Kui, panará,
ashaninKa, Xavante, and Kisêdjê offer
us intimate glimpses into their people’s
Ways of thinKing and living the World.
the collection is the result of a long-
lasting relationship betWeen vÍdeo nas
aldeias and the indigenous populations
involved With the project. based on the
principles of sharing KnoWledge and
technology, discussing projects and
dreams, this partnership resulted in
the creation of movies that stand out
for both their aesthetic beauty and
the uniQueness of their themes.
VÍDeO nAs AlDeiAs’ first goal is to
establish the conditions for the
filmmaKers to create their movies
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 4 09.09.11 15:13:24
zam seus fi lmes de maneira autônoma. Por meio
da formação de cineastas indígenas no uso criati-
vo da linguagem e técnicas audiovisuais, o projeto
possibilita a apropriação pelos índios de suas ima-
gens e falas. Dessa maneira, passam de objetos de
observação a sujeitos de seus próprios discursos.
cineastas indígenas é também resultado da
parceria entre diferentes atores, entidades, organi-
zações indígenas e órgãos públicos. Agradecemos
a todos aqueles que tornaram possível a concreti-
zação deste projeto.
Esperamos, com esta coleção, contribuir para a
formação de uma audiência crítica em relação aos
povos nativos do Brasil, possibilitando novos espa-
ços de diálogo entre eles e a sociedade nacional.
equipe do Vídeo nas AldeiasA G O S T O 2 0 1 1
autonomously. through the training
of indigenous filmmaKers, and by
encouraging a creative use of the
audiovisual language and techniQues,
the project alloWs the appropriation by
the indigenous of their oWn images and
discourses. therefore, they stop being
mere objects of observation to become
the subject of their oWn discourses.
inDiGenOus filmmAKeRs is also the
result of a partnership betWeen
different actors, groups, indigenous
organizations and public institutions.
We thanK all of those Who made it
possible for this project to come to life.
With this collection, We hope to
contribute for the development of a
critical audience in regard to brazilian
native people, by opening neW channels
of dialogue betWeen them and the
national society.
Vídeo nas Aldeias TeamA U G U S T 2 0 1 1
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 5 09.09.11 15:13:29
Os filmes | Th e fi lms
AmTÔ A festa do RatoTh e mOuse ceRemOny
34 min., 2010
Enquanto o povo Kısêdjê celebra a festa Amtô após 10 anos de interrupção – por conta da luta pela recuperação de seu território ancestral – os jovens cineastas da aldeia filmam e investigam a festa da qual pouco se recordam.
While the Kisêdjê celebrate the amtô ritual, after
ten years of interruption – due to their struggle
to taKe their ancient territory bacK – the young
filmmaKers of the village film and looK into a
ceremony that they barely recollect.
TXÊJKhÔ KhÃm mBy mulheres GuerreirasTh e wAR wOmen
12 min., 2011
Dois velhos narram um mito, encenado em ficção pelos jovens Kısêdjê, em que uma moça namora secretamente com o próprio irmão. Os acontecimentos que se sucedem a essa paixão proibida dão ori-gem à revolta das “Mulheres Guerreiras”.
tWo elders tell a mythical story, staged as fiction
by the young Kisêdjê, in Which a girl is secretly
in love With her oWn brother. the folloWing
events to this forbidden passion cause the
“War Women” uprising.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 6 09.09.11 15:13:34
KhÁTPy RO suJAReniA história do monstro KhátpyTh e sTORy Of Th e KhÁTPy mOnsTeR
5 min., 2008
Os Kısêdjê, da Aldeia Ngôjhwêrê no Mato Grosso, encenam e filmam a lenda do índio feio que ameaça os caçadores na mata.
the Kisêdjê stage the legend of their ancient
hunter Who Was captured by the Khátpy
monster in the forest.
filmando KhÁTPy fi lmi nG KhÁTPy
11min., 2010
Os bastidores das filmagens da primeira ficção realizada pelo coletivo Kısêdjê de cinema.
the maKing of the first Kisêdjê fiction by.
KisÊDJÊ RO suJAReniOs Kısêdjê contam a sua históriaTh e K i sÊDJÊ Tell Th ei R h isTORy
20 min., 2011, inédito / premiere
Enquanto os velhos narram os primei-ros contatos e sua relação com o Parque do Xingu, Winti, liderança jovem, presi-dente da associação, apresenta a histo-ria recente do povo Kısêdjê.
While the elder tell us about their first
contacts With White people and their relation
With the Xingu people, Winty, a young Kisêdjê
leader and president of their association,
presents his people’s recent history.
Outros filmesOTh eR fi lms
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 7 09.09.11 15:13:38
A Associação Indígena Kısêdjê foi fundada em 2005, e desde então desenvolveu vários projetos e iniciativas, todos voltados para a integração das preocupações dos Kısêdjê com a proteção e recuperação de suas terras, com a preservação ambiental de seu território e do entorno, com o registro e revitalização dos conhecimentos e práticas que identifi cam como mais importan-tes em sua cultura, e com a unidade dos povos indígenas, no Xingu e além, na defesa de seus modos de vida, que sabem estar criticamente ameaçados.
Associação indígena Kısêdjê – AiKK i sÊDJÊ i n DiGenOus AssOciATiOn – Ai K
the Kisêdjê indigenous association Was
founded in 2005 and has coordinated
numerous projects and initiatives over
the years since, all of them focused on
integrating Kisêdjê concerns across
various Key areas, including protecting
and recovering their lands, preserv-
ing the environment of their territory
and the surrounding region, record-
ing and reviving their most important
cultural KnoWledge and practices, and
uniting the indigenous peoples of the
Xingu and beyond in defence of native
Ways of life, Which they KnoW are under
severe threat.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 8 09.09.11 15:13:41
Os Kısêdjê
Os Kısêdjê, que fi caram conhecidos como Suyá antes de reassumirem a sua autodenominação, são um povo de tradição guerreira – o único de língua jê da região do Parque Indígena do Xin-gu (PIX), na qual chegaram no início do século XIX, tendo desde então convivido com as várias etnias xinguanas e adquirido junto a elas uma vasta gama de conhecimentos – de instrumen-tos, de técnicas, da fabricação de artefatos como redes e canoas e toda uma culinária, de enfeites, cantos, desenhos etc – que, somadas ao reper-tório imemorial que trouxeram consigo, e que valorizam como próprio, compõem uma cultura de riqueza única e variada. Sobreviveram, com sua determinação, há mais de 50 anos de adver-sidades e desafi os. Reduzidos a uma população de 62 indivíduos na década de 60, são hoje mais
Th e K isÊDJÊ“we were already living in this village before the whites existed. Our village, ngôjhwêrê, was a fi ne place. it was the village of our grandparents, our elders. it was here that claudio and Orlando Villas-Bôas made contact with our people and later transferred us to the Xingu and Diauarum. we then began to live in the Xingu. But even while we were living in the Xingu, we never forgot our village. we never imagined that this forest would be destroyed by the whites. we are still the owners of this land.” (Kuiussi suyá 2004)
THE KiSÊDJÊ, KNOWN AS THE SUYÁ BEFORE THEY PRESSED FOR OFFICIAL RECOGNITION OF THEIR OWN NAME FOR THEMSELVES, ARE A WARRIOR PEOPLE – THE ONLY GROUP SPEAKING A GE LANGUAGE IN THE XINGU INDIGENOUS PARK (PIX). AFTER ARRIVING IN THE REGION AT THE START OF THE 19TH CENTURY, THEY LIVED ALONGSIDE THE
“nós já morávamos nessa aldeia quando ainda não existiam os brancos. essa nossa aldeia, ngôjhwêrê, era um lugar muito bom. foi a aldeia de nossos avós, nossos antigos. foi aqui que claudio e Orlando Villas-Bôas fi zeram contato conosco, e depois transferiram a gente para o Xingu, para o Diauarum. nós passamos então a morar no Xingu1. mas mesmo morando no Xingu nós nunca esquecemos de nossa aldeia. nunca imaginamos que essa mata iria ser destruída pelos brancos. nós continuávamos sendo donos desta terra.” (Kuiussi suyá, 2004).
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 9 09.09.11 15:13:42
de 450, distribuídos em quatro aldeamentos (al-guns, casados com pessoas de outras etnias do Xingu, vivem em aldeias de povos vizinhos). E são reconhecidos pela tenacidade e efi cácia com que permanecem lutando pela integridade de seu território – pela recuperação das terras que lhes foram usurpadas, pela defesa das condições am-bientais daquelas que lhes foram reconhecidas e de seu entorno – e pelos direitos sociais e cultu-rais dos povos da região do Xingu.
A demarcação do Parque em 1961, dois anos após serem contatados, não contemplou parcelas fun-damentais do seu território tradicional. Em um contexto de disputa fundiária acirrado, com sua extensão reduzida a quase 10 por cento do pre-visto no projeto original, a criação do Parque do Xingu implicou a redução de territórios indígenas tradicionais e o deslocamento e transferências de várias etnias, liberando terras para a colonização. Esse foi o caso dos Kısêdjê, que entretanto nunca reconheceram os limites do Parque. Continuaram freqüentando suas terras, em expedições de caça e coleta em que iam buscar recursos nas áreas de aldeias e roças antigas, e acompanhando de per-to o avanço do processo de ocupação regional. No início da década de 90, diante da proximidade das fazendas de pecuária, do aumento dos desmata-mentos e das queimadas, tiveram certeza de que essas terras e recursos estavam em risco. Mobili-zaram-se então para salvar o que era importante para eles: o mato que restava em seu território.
Em 1998, com a homologação da Terra Indígena Wawi, contígua ao Parque, recuperavam ofi cial-mente uma parte desse território, e em 2002 mu-daram-se para o sítio de uma das duas aldeias antigas onde moravam quando do contato em 1959 (atual Ngôjhwêrê), localizada em suas terras
VARIOUS XINGUANO PEOPLES AND ABSORBED AN AMPLE BODY OF KNOWLEDGE FROM THEM – SPANNING FROM INSTRUMENTS, TECHNIQUES AND THE MANUFACTURE OF ARTEFACTS LIKE HAMMOCKS AND CANOES TO CULINARY PRACTICES, BODY ADORNMENTS, SONGS, DESIGNS AND SO ON – WHICH, ADDED TO THE IMMEMORIAL REPERTOIRE THEY HAD BROUGHT WITH THEMSELVES AND VALUE AS THEIR OWN, COMPOSE A CULTURE OF A UNIQUE AND DIVERSE RICHNESS. THEIR DETERMINATION ENABLED THEM TO SURVIVE MORE THAN 50 YEARS OF ADVERSITIES AND CHALLENGES. REDUCED TO A POPULATION OF 62 PEOPLE IN THE 1960S, TODAY THEY NUMBER MORE THAN 450, DISTRIBUTED IN FOUR VILLAGE SETTLEMENTS (SOME, MARRIED TO PEOPLE FROM OTHER INDIGENOUS GROUPS FROM THE XINGU, LIVE IN THE VILLAGES OF THESE NEIGHBOURING PEOPLES). THE KiSÊDJÊ ARE RENOWNED FOR THE TENACITY AND EFFECTIVENESS WITH WHICH THEY CONTINUE TO FIGHT FOR THEIR TERRITORY – INCLUDING RECOVERING LANDS THAT WERE TAKEN FROM THEM AND DEFENDING ENVIRONMENTAL CONDITIONS OF THE AREAS OFFICIALLY RECOGNIZED AS THEIR OWN AND THE SURROUNDING REGION – AND FOR THE SOCIAL AND CULTURAL RIGHTS OF THE PEOPLES OF THE XINGU.
THE DEMARCATION OF THE XINGU PARK IN 1961, TWO YEARS AFTER CONTACT, LEFT OUT ESSENTIAL PORTIONS OF THEIR TRADITIONAL TERRITORY. FOLLOWING A HEATED LAND DISPUTE, THE FINAL AREA OF THE XINGU PARK AT THE TIME OF ITS CREATION HAD BEEN REDUCED TO JUST TEN PER CENT OF ITS INTENDED ORIGINAL SIZE, WHICH MEANT THE SHRINKAGE OF TRADITIONAL INDIGENOUS TERRITORIES AND THE DISPLACEMENT AND TRANSFER OF VARIOUS GROUPS, CLEARING THEIR LANDS FOR NON-INDIGENOUS COLONIZATION. THIS WAS THE CASE OF THE KiSÊDJÊ, WHO NONETHELESS NEVER RECOGNIZED THE PARK BOUNDARIES. THEY CONTINUED TO USE THEIR LANDS DURING HUNTING AND GATHERING EXPEDITIONS IN WHICH THEY COLLECTED RESOURCES FROM THE SITES OF THEIR FORMER VILLAGES AND SWIDDENS, AND CLOSELY MONITORED THE ADVANCE OF NON-INDIGENOUS OCCUPATION. AT THE START OF THE 1990S, OBSERVING THE PROXIMITY OF THE CATTLE FARMS AND THE
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 10 09.09.11 15:13:43
recém reconquistadas, na fronteira com as fazen-das. Hoje, as plantações de soja se estendem pra-ticamente até o pé da placa que marca a entrada na Terra Indígena. Os Kısêdjê vivem então o desa-fi o de assegurar a saúde das pessoas, das águas e das matas diante da degradação de sua área, causada pelas fazendas que ali tinham se instala-do, e da devastação do entorno, função do avanço do modelo perverso de ocupação regional.
Assim como o Ngôjhwêrê antes, as aldeias que fi caram fora da Terra Indígena Wawi nunca foram esquecidas. Em 2007, em resposta às reivindica-ções da comunidade, a FUNAI constituiu um gru-po técnico para proceder à revisão de limites da Terra Indígena, de modo a assegurar aos Kısêdjê seus direitos sobre o que restou de mata em seu antes vasto território. Os Kısêdjê hoje sabem que mesmo depois de demarcadas terão sempre de lutar por suas terras, pelo direito de viver nelas se-gundo seu próprio entendimento do que consiste uma boa vida. É a serviço dessa luta que procuram hoje incorporar as ferramentas de conhecimento e comunicação trazidas pelos brancos, como a escri-ta, a escola, os projetos, e, é claro, o vídeo.
1. Os irmãos Villas-Bôas (Claudio, Orlando e Leonardo) são os famosos sertanistas que estiveram à frente da criação do Parque Indígena do Xingu.
INCREASE IN DEFORESTATION AND FIRES, THEY REALIZED THAT THESE LANDS AND THEIR RESOURCES WERE AT SEVERE RISK. THEY MOBILIZED THEMSELVES, THEREFORE, TO SAVE WHAT WAS IMPORTANT TO THEM: THE FOREST STILL REMAINING ON THEIR TERRITORY.
PART OF THIS TERRITORY WAS OFFICIALLY RECOVERED IN 1998 WITH THE APPROVAL OF THE WAWI INDIGENOUS TERRITORY, CONTIGUOUS WITH THE XINGU PARK. IN 2002 THEY MOVED TO ONE OF THE TWO FORMER VILLAGE SITES WHERE THEY HAD LIVED AT THE TIME OF CONTACT IN 1959 (TODAY NGÔJHWÊRÊ VILLAGE), LOCATED ON THE LANDS THEY HAD RECENTLY WON BACK, IN AN AREA BORDERING THE FARMS. TODAY THE SOYA PLANTATIONS STRETCH ALMOST TO THE FOOT OF THE SIGN MARKING THE ENTRANCE TO THE INDIGENOUS TERRITORY. TODAY THEREFORE THE KiSÊDJÊ CONFRONT THE CHALLENGE OF ENSURING THE HEALTH OF THEIR PEOPLE, THE RIVERS AND THE FORESTS IN THE FACE OF THE DEGRADATION OF THEIR AREA CAUSED BY THE FARMS ESTABLISHED IN THE REGION, AND THE DEVASTATION OF THE SURROUNDING REGION CAUSED BY THE ADVANCE OF THE PREDATORY MODEL OF REGIONAL OCCUPATION.
LIKE NGÔJHWÊRÊ BEFORE, THE VILLAGES LEFT OUTSIDE THE WAWI INDIGENOUS TERRITORY WERE NEVER FORGOTTEN. IN 2007, IN RESPONSE TO THE COMMUNITY’S DEMANDS, FUNAI SET UP A TECHNICAL GROUP TO REVIEW THE TERRITORY’S BORDERS AND ASSURE THE KiSÊDJÊ THEIR RIGHTS OVER WHAT REMAINED OF THE FOREST IN WHAT WAS ONCE A VAST TERRITORY. THE KiSÊDJÊ TODAY KNOW THAT EVEN AFTER DEMARCATION THEY WILL HAVE TO CONTINUE TO FIGHT FOR THEIR LANDS, FOR THE RIGHT TO LIVE ON THEM IN LINE WITH THEIR OWN UNDERSTANDING OF WHAT COMPRISES A GOOD LIFE. IT IS AS PART OF THIS FIGHT THAT THEY ARE TODAY LOOKING TO INCORPORATE THE KNOWLEDGE AND COMMUNICATION TOOLS BROUGHT BY THE WHITES, SUCH AS WRITING, SCHOOLS, PROJECTS AND, OF COURSE, VIDEO.
1. THE VILLAS-BÔAS BROTHERS (CLAUDIO, ORLANDO AND LEONARDO) WERE THE FAMOUS SERTANISTAS (EXPLORERS) AT THE FOREFRONT OF CREATING THE XINGU INDIGENOUS PARK.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 11 09.09.11 15:13:44
winti suya
Jovem liderança, presi-dente da Associação Indí-gena Kısêdjê (AIK) desde sua fundação em 2005, começou sua formação como cinegrafi sta e atu-
ando na ATIX na década de 1990. Essas experiências o despertaram para a necessidade de pensar no futuro de seu povo diante das rápidas mudanças em curso, enfrentando o desafi o de utilizar os co-nhecimentos e tecnologia dos brancos para defesa do modo de vida indígena. É sempre um dos princi-pais promotores das atividades culturais da aldeia, buscando combinar as orientações dos mais velhos e as iniciativas dos mais jovens para que as novas experiências e expectativas não levem ao esqueci-mento e abandono das tradições do povo Kısêdjê.
Realizadores | f i lmmAKeRs
Nascido em 1984, sem-pre estudou na aldeia, e desde pequeno se inte-ressou em trabalhar com vídeo, acompanhando as fi lmagens de Winti. De
2005 a 2008, realizou as gravações dos programa de rádio Xingu FM, com temas como saúde, edu-cação, fi scalização e outros eventos. As gravações eram distribuídas em CD nas aldeias do Xingu, sendo muito apreciadas pelas comunidades. O programa sobre desnutrição foi premiado na
a young leader, president of the Kisêdjê
indigenous association (aiK) since its
foundation in 2005, Winti began his
training as a filmmaKer and a WorKer
for atiX in the 1990s. these eXperiences
made him aWare of the need to thinK
about the future of his people in
the face of the rapid changes taKing
place, responding to the challenge of
using White people’s KnoWledge and
technologies to defend the indigenous
Way of life. he is alWays one of the
main promoters of cultural activities
in the village, seeKing to combine the
guidance received from the older
generation With the initiatives of the
young to ensure that neW eXperiences
and eXpectations do not lead to
Kisêdjê traditions being forgotten and
abandoned.
born in 1984, he alWays studied in
the village and Was interested from
a young age in WorKing With video,
accompanying Winti’s filming. from
2005 to 2008 he recorded the material
for the Xingu fm radio program,
covering topics liKe healthcare,
education, border surveillance
and events. the recordings Were
distributed on cd to the Xingu villages
and Were eXtremely popular among
the communities. the program on
malnutrition received an aWard at
the 1st national eXpo of indigenous
Kamikia Pentotxi Trumai Kısêdjê
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 12 09.09.11 15:13:45
yaiku suya
Yaiku Kısêdjê nasceu em 1980 na aldeia Sêtxi, ain-da no Parque Indígena do Xingu, fi lho de pai Kısêdjê e mãe tapayuna. Começou a estudar com
11 anos, com professores indígenas na aldeia, nunca na cidade, e gostava muito de estudar na aldeia, onde podia ver a natureza se mexendo, e ainda trabalhar na roça com seu pai, caçar, pes-car, participar das festas de seu povo e de outros povos. Indicado pela comunidade para ser coor-denador dos apicultores, dos projetos de manejo, e por fi m diretor adjunto da AIK, hoje, também cineasta indígena, gosta de fi lmar e coordenar as fi lmagens, discutindo com os atores, se interes-sa por registrar em imagens as festas, histórias, expedições e eventos políticos que envolvem seu povo e povos vizinhos.
I Mostra Nacional de Saúde Indígena em Brasí-
lia. Admirador do trabalho do Vídeo nas Aldeias,
participou em 2008 de duas ofi cinas do VnA na
sua aldeia. Kamikia chegou no projeto como fã,
e agora já realizou vários trabalhos de video para
outras associações e ONGs. Trabalha com áudio
e vídeo há 8 anos mas sente que está sempre
aprendendo coisas novas a cada momento. Atua
também na diretoria da AIK, desde sua fundação;
hoje é também coordenador da AIK Produções.
healthcare in brasÍlia. an admirer of the
WorK of vÍdeo nas aldeias, in 2008 he
tooK part in tWo vna WorKshops in his
village. KamiKia arrived at the project
as a fan and has noW completed
various video projects for other
associations and ngos. he has WorKed
With audio and video for 8 years but
still feels he is learning neW things all
the time. he has also WorKed as part of
aiK’s directorate since its foundation.
today he is also the coordinator of aiK
productions.
yaiKu Kisêdjê Was born in 1980 in the
village of sêtXi, located in the Xingu
indigenous parK, the son of a Kisêdjê
father and tapayuna mother. he
began to study at the age of 11 With
indigenous teachers in the village,
never in the city, Which alloWed him to
study, observe the natural World and
still be able to WorK in the sWidden
With his father, hunt, fish and taKe
part in the festivals of his oWn people
and other peoples. nominated by the
community as coordinator of the
beeKeepers and forest management
projects, as Well as acting as assistant
director of aiK, today he is also an
indigenous filmmaKer and liKes to film
and coordinate film projects, liasing
With the actors. he is interested in
filming festivals, stories, eXpeditions
and political events involving his
people and neighbouring groups.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 13 09.09.11 15:13:45
Kambrinti suyaKambrinti Kısêdjê é o fi lho mais jovem do Nto-ni Kısêdjê. Nascido em 1989, começou a estudar na escola da aldeia com dez anos. Interessou-se
por trabalhar com vídeo vendo os fi lmes feitos por outros cineastas indígenas. Participou de duas ofi cinas do VnA em 2008, e com esses dois anos de experiência, sente que realizou um so-nho: adora pegar a câmera na mão. Seu objetivo é registrar histórias antigas, mitos, cantos etc... para que por meio do seu trabalho se transmi-tam para as futuras gerações. Sente que a co-munidade está junto com eles, apoiando-os no esforço para que a cultura de seu povo continue sendo valorizada, inclusive na escola.
Kokoyamaratxi Suyá, neto do cacique Kuiussi, nas-ceu em 1989 na aldeia Kısêdjê no Parque Indíge-na do Xingu. Crescendo junto ao avô, com a famí-
lia toda engajada na luta dos Kïsêdjê para prote-ger e recuperar suas terras, sempre achou impor-tante garantir que fossem lembradas tanto as grandes quanto as pequenas coisas de que são fei-tas a cultura de seu povo. Participou da ofi cina do VnA em 2008 porque queria aprender a usar a ca-mêra para registrar festas tradicionais, eventos, manifestações, mas também o dia-dia dos ho-mens, mulheres e das crianças Kısêdjê. Foi o princi-pal idealizador do fi lme Khátpy.
KoKoyamaratXi suya, the grandson of
the leader Kuiussi, Was born in 1989 in the
Kisêdjê village in the Xingu indigenous
parK. he Was raised by his grandfather
With the entire family engaged in the
fight of the Kisêdjê to protect and
recover their lands. he has alWays
believed it important to remember both
the big and small things maKing up his
people’s culture. he participated in the
vna WorKshop in 2008 because he Wanted
to learn hoW to use the camera to
record traditional festivals, events and
demonstrations, but also document the
everyday lives of Kisêdjê men, Women and
children. he Was the main creative force
behind the film Khátpy.
Kokoyamaratxi suya
Kambrinti Kisêdjê is the youngest son of
ntoni Kisêdjê. born in 1989, he began to
study at the village school at the age
of ten. he became interested in WorKing
With video after seeing the films made
by other indigenous filmmaKers. he
tooK part in tWo vna WorKshops in 2008
and With these tWo years of eXperience
feels that he realized a dream: he
loves picKing up a camera. his goal
is to record ancient stories, myths,
songs and so on to be transmitted to
future generations. he feels that the
community supports them in the effort
to ensure that their culture continues
to be valued, including at the school.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 14 09.09.11 15:13:48
narradores | nARRATORs
ndêmuniUm ancião respeitado co-mo liderança, vive na al-deia Ngôsoko. Conhece-dor de todas as músicas Kısêdjê e dos cantos dos povos vizinhos, é dono de
uma importante festa aprendida desses povos. É também rezador e artesão reconhecido. Conhece-dor profundo da história do povo Kısêdjê, acompa-nhou em 2007 o grupo de trabalho para a revisão de limites da Terra Indígena Wawi no le vantamento dos lugares kïsêdjê que fi caram fora da terra de-marcada.
RopndoO mais velho ancião Kısêdjê, nascido quando viviam nas cabeceiras do Suiá-Miçu. Bem humo-rado, brincalhão, como deve ser tradicionalmen-
te um velho na cultura Kısêdjê, é também um importante guardião da memória das músicas e histórias de seu povo, um rezador reconhecido, e um grande conhecedor de cantos de povos vizi-nhos, que os Kısêdjê muito apreciam. Hoje, com mais de 80 anos, mora no Horehusïkrô, uma das aldeias menores, mas está sempre presente quan-do os Kısêdjê se reúnem para suas festas.
the oldest Kisêdjê man, born When
they lived in the headWaters of the
suiá-miçu. good humoured and playful
as befits an older person in traditional
Kisêdjê culture, he is also an important
guardian of his people’s music and
histories, a renoWned healer, and
a great specialist of the songs of
neighbouring peoples, Which the
Kisêdjê greatly enjoy. today, aged over
80 years old, he lives in horehusiKrô,
one of the smaller villages, but is
alWays present Whenever the Kisêdjê
gather for their festivals.
an elder respected as a leader, ndêmuni
lives in the village of ngôsoKo. a
specialist in the Kïsêdjê musical canon
and the songs of neighbouring peoples,
he is the oWner of an important festival
learnt from the latter. he is also a
famed healer and artisan. possessing a
deep KnoWledge of the history of the
Kisêdjê people, in 2007 he accompanied
the WorKgroup revising the borders
of the WaWi indigenous territory,
surveying the Kisêdjê sites left outside
of the demarcated land.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 16 09.09.11 15:13:51
ntoniNtoni é um conhecedor do mundo dos animais e espíritos que vivem nas matas e nas águas, apren-dendo com eles nomes e músicas que transmite
para o povo Kısêdjê. Esse conhecimento inspira sua preocupação com a destruição provocada pelas atividades dos brancos, pois percebe em seus efei-tos – mudanças climáticas, desastres naturais – no mundo inteiro as respostas dos espíritos contra tal destruição, vendo nisso grandes ameaças para o futuro não só dos Kısêdjê mas de todos os povos... Inquieta-se com a atitude das novas gerações e es-tá constantemente alertando os jovens para a im-portância de manterem vivas suas festas, músicas e tradições – como modos de viver humanos capa-zes de garantir um futuro com os outros seres que partilham o mesmo universo.
ThemujsôrôAncião Kısêdjê que teve participação importante no momento do contato: quando os Yudjá visita-ram os Kısêdjê para falar da chegada dos Villas-
Boas no Xingu, ele, ainda um jovem solteiro, os acompanhou para conhecer os recém-chegados e retornou com estes à aldeia Kısêdjê. Hábil artesão, dono de festas, cantor e narrador de histórias, está sempre pronto a partilhar seu conhecimento e en-sinar os mais jovens, sendo muito respeitado como guardião da cultura e tradições de seu povo.
ntoni is a specialist of the World
of the animals and spirits Who live
in the forests and rivers, learning
names and music from them Which he
transmits to the Kisêdjê people. this
KnoWledge inspires his concern With
the destruction caused by the activities
of the Whites, since he perceives in
its effects – climate change, natural
disasters – across the World the
responses of spirits to this destruction,
anticipating huge threats to the
future not only of the Kisêdjê but
of all peoples... he Worries about the
attitude of the neW generations and
is constantly Warning young people
about the importance of Keeping their
festivals, music and traditions alive – as
human Ways of life capable of ensuring
a future With the other beings sharing
the same universe.
a Kisêdjê elder Who played an important
part at the time of contact: When the
yudjá visited the Kisêdjê to tell them
of the arrival of the villas-boas in the
Xingu, themujsôrô, still an unmarried
youth, accompanied them to learn
about the neW arrivals and return
With the latter to the Kisêdjê village.
a sKilled artisan, oWner of festivals,
singer and story narrator, he is alWays
ready to share his KnoWledge and
teach younger people, maKing him
highly respected as a guardian of his
people’s culture and traditions.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 17 09.09.11 15:13:52
mbeniNascida quando os Kısêdjê moravam no alto Suiá-Miçu, antes de 1920, é uma grande contadora de histórias. Quem não a conhece e a vê todos os
dias indo e voltando do rio para banhar-se espan-ta-se com a energia de Mbeni que, com seus mais de noventa anos, está sempre pronta a transmitir para seus muitos netos – quase metade dos Kısêdjê a chama de “avó” – as memórias e conhe-cimentos que acumulou em sua longa vida. Ela sempre pede que os netos gravem e escrevam su-as palavras, “enquanto estou viva”, diz, para que as futuras gerações possam continuar a ouvi-las.
mbrajtáwymbaLíder da aldeia Roptotxi, no baixo Pacas. Na época em que os Kısêdjê mora-vam no Parque do Xingu, preocupava-se muito com as terras de seu povo que
tinham fi cado fora do Parque, para onde sempre pretendeu retornar, desempenhando papel impor-tante na monitoração daquela área e na luta por sua reconquista nos anos 1990. Construiu então sua aldeia próxima aos limites, para continuar exer-cendo vigilância do território. Foi um dos Kısêdjê que trabalhou com os Villas-Boas na construção do Parque, participando do contato com os Panará na década de 1970. É também muito respeitado como cantor, artesão, e conhecedor da cultura Kısêdjê.
leader of roptotXi village on the
loWer pacas. during the period When
the Kisêdjê lived in the Xingu parK, he
Was deeply concerned by the lands
of his people left outside the parK
boundaries, an area to Which he alWays
sought to return, and performed
an important role in monitoring the
area and fighting to regain it in the
1990s. afterWards he built his neW
village close to the borders in order to
continue Watching over the territory.
he Was one of the Kisêdjê Who WorKed
With the villas-boas in building the
parK, taKing part in the contact With the
paraná in the 1970s. he is also respected
as a singer, artisan and specialist in
Kisêdjê culture.
born When the Kisêdjê lived on the
upper suiá-miçu, prior to 1920, she is a
great storyteller. people Who do not
KnoW her and see her WalKing to and
from the river every day is surprised
by the energy of mbeni Who, aged over
ninety, is alWays ready to transmit to
her many grandchildren – almost half
of the Kisêdjê call her ‘grandmother’
– the memories and KnoWledge
accumulated over her long life. she
alWays asKs her grandchildren to
record and Write doWn her Words,
“While i am still alive,” as she says, so
that future generations can continue
to hear them.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 18 09.09.11 15:13:52
KuiussiCom menos de vinte anos na época do conta-to, quando faleceram seu pai e praticamente todos os homens das ge-rações mais velhas, tor-
nou-se então, ainda muito jovem, o principal lí-der dos Kısêdjê. Nos anos 1990, preocupado com o avanço da agropecuária na bacia do Suiá-Miçu, liderou a luta pela reconquista do território tra-dicional de seu povo, parte do qual foi então re-conhecido e demarcado como Terra Indígena Wawi. Nunca desistiu, entretanto, de recuperar as terras em que viveu em sua juventude, que fi-caram fora da área demarcada. Conhecedor pro-fundo da história e tradições Kısêdjê, é também reconhecido e respeitado em todo o Parque do Xingu por sua força, coerência e clareza políticas, inspirando as novas gerações de líderes indíge-nas em seus esforços para manter um modo de vida que ele sabe estar criticamente ameaçado.
less than tWenty years old at the
time of contact, When his father and
practically all the other older men
died, Kuiussi became the main leader of
the Kisêdjê. in the 1990s, Worried about
the advance of farming Within the
suiá-miçu river basin, he led the fight to
Win bacK his people’s traditional land,
part of Which Was later recognized and
demarcated as the WaWi indigenous
territory. hoWever he never gave up
trying to recover the lands Where he
had lived as a youngster, Which Were
located outside the demarcated area.
possessing a profound KnoWledge
of Kïsêdjê history and traditions, he
is also recognized and respected
throughout the Xingu parK for his
political strength, coherence and
clarity, inspiring the neW generations
of indigenous leaders in their efforts
to maintain a Way of life that he KnoWs
is under severe threat.
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 19 09.09.11 15:13:52
R e A l i Z A Ç Ã O |
R e A l i Z A T i O n
Vídeo nas AldeiasPrograma Cultura Viva – MINC
c O O R D e n A Ç Ã O V Í D e O
n A s A l D e i A s | V Í D e O n A s
A l D e i A s c O O R D i n A T i O n
Vincent Carelli
P R O D u Ç Ã O D O D V D |
D V D P R O D u c T i O n
Fábio MenezesVincent Carelli
e D i Ç Ã O D O s f i l m e s |
e D i T i n G
Amandine GoisbaultJuliana LapaLeonardo Sette
T e X T O s | T e X T s
Marcela Coelho de Souza
T R A D u Ç Ã O | T R A n s l A T i O n
Cristian HuaiquiñirDavid RodgersOiara Bonilla
A u T O R A Ç Ã O | A u T h O R i n G
Fabio MenezesErnesto Ignacio de Carvalho
A n i m A Ç Ã O D e A B e R T u R A | A n i m A T i O n
Ernesto Ignacio de CarvalhoTiago Campos TôrresAmandine Goisbault
f O T O s | P h O T O s
Amadeu LanaLeonardo SetteJuliana LapaErnesto Ignacio de CarvalhoJamtô Suya
P R O J e T O G R Á f i c O |G R A P h i c D e s i G n
Traço Design
P R O D u Ç Ã O | P R O D u c T i O n
Olívia SabinoRenata Ribeiro
A G R A D e c i m e n T O s |T h A n K s
André Villas BoasInstituto SocioambientalPaulo Junqueira (ISA) Cláudio Tavares (ISA)
Kamani Trumai (CTL, Wawi/FUNAI)
Nhonkoberi Suyá (Coordenador Regional do Xingu/FUNAI)
Toni Seeger
[email protected] | www.videonasaldeias.org.br
R e A l i Z A Ç Ã O
A P O i O
Kisedje_encarte_PT-EN_3.indd 20 09.09.11 15:13:54