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ENCICLOPÉDIA PRÁTICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DIVERSOS TRABALHOS SUMÁRIO^ MOTIVOS DE JARDINS LAGOS DE EEPUXO FONTES PÉRGOLAS ESTUFAS •— ARMÁRIOS DE COZINHA ARMÁRIOS FECHADOS ARMÁRIOS LOICEIROS ARMÁRIOS DE CANTAREIRA PRATELEIRAS BETÃO ARMADO LIGAÇÕES DE FERRO FIXES PARA COLUNAS VIGAS DE FERRO FERROLHOS — 23 FIGURAS - \ PREÇO i5#oo EDIÇÃO DO AUTOR F. PEREIRA DA COSTA DISTRIBUIÇÃO DA PORTUGÁLIA EDITORA LISBOA _— PREÇO 15100

ENCICLOPÉDIA PRÁTICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... - satae.pt · ENCICLOPÉDIA PRÁTICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DIVERSOS ... lecção, em que os elementos da Construção Civil, na construção

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ENCICLOPÉDIA PRÁTICADA CONSTRUÇÃO CIVIL

D I V E R S O ST R A B A L H O S

S U M Á R I O ^

MOTIVOS DE JARDINS — LAGOS DE EEPUXO — FONTES — PÉRGOLAS — ESTUFAS •—

ARMÁRIOS DE COZINHA — ARMÁRIOS FECHADOS — ARMÁRIOS LOICEIROS — ARMÁRIOS

DE CANTAREIRA — PRATELEIRAS — BETÃO ARMADO — LIGAÇÕES DE FERRO — FIXES

PARA COLUNAS — VIGAS DE FERRO — FERROLHOS — 23 FIGURAS

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PREÇO i5#oo

EDIÇÃO DO AUTORF. PEREIRA DA COSTA

DISTRIBUIÇÃO DA PORTUGÁLIA EDITORAL I S B O A

_—PREÇO 15100

30 DA CONSTRUÇÃO CIVIL 30E U E S E M f í O S DE F. P E U E I S A DA COSTA

DIVERSOS TRABALHOSCOB a rubrica geral de Diversos Trabalhos apresenta-

mos alguns estudos sobre motivos de aplicaçõesdestinadas a jardins privativos das habitações, comolagos de repuxo, pérgolas e fontes. Um outro motivo aexplanar são os chamados móveis de cozinha, os vulgaresarmários fixos, e ainda os princípios básicos da cons-trução de betão armado.

Alguns trabalhos de ferro, muito ligados à alvenaria,como vigas e colunas, e os de maior ligação nas estru-turas de madeira, como os esticadores e junções, têemtambém neste Caderno o seu lugar.

Com estes últimos estudos damos por finda esta co-lecção, em que os elementos da Construção Civil, naconstrução das casas de habitação, são descritos desen-volvidamente como ó da maior conveniência para todosaqueles que desejam conhecer a arte de construir.

Nos estudos apresentados tratamos, por conseguinte,de quatro materiais bem distintos na construção, comoa madeira, a pedra, o ferro e o cimento.

De todos estes materiais já conhecidos, porque delestratámos nos nossos estudos sobre alvenarias, cantarias,interiores e exteriores e trabalhos de ferro, falamosneste Caderno novamente, como é preciso.

Os estudos dedicados ao jardim da casa de habitação,nos seus motivos decorativos e complementares, abar-cam, como acima dissemos, pormenores elucidativosde grande utilidade.

Assim, sobre pequenos lagos ou tanques explanamosboa matéria, tal qual como fazemos a respeito de pe-quenas fontes e das sempre agradáveis pérgolas ou la-tadas, que muito aformoseiam os jardins, embora dápequena área.

Fig. L— PEQUENO LAGO DE BE PUXO(Alçado}

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D I V E R S O S T R A B A L H O S

M O T I V O S D E J A R D I N Sprincipais motivos para o adorno das casas dehabitação, para os jardins das moradias e casas

de campo, são ,as pérgolas, destinadas a criar belezae bem estar, com as suas trepadeiras e roseiras, pro-movendo sombra e frescura. Os lagos com os seus re-puxos espalhando água às horas da calmia, são lindosornamentos dos pequenos jardins das habitações.

Os bebedouros e as pequeninas fontes dispostas noscaminhos e áleas dos parques são motivos apreciáveisa dar-nos.a refrigeração apetecível do estio.

Umas pequenas estufas para o prazer de uma culturade plantas tropicais são casos apreciáveis.

São, pois, esses quatro motivos complementares da casaque ora tratamos, com os pormenores necessários à suaconstrução.

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NIo vamos apresentar nenhum estudo relativo à cons-trução de grandes lagos, é bem de compreender,

mas somente as noções pormenorizadas para se cons-truir um pequeno lago de repuxo, próprio de um pe-queno jardim ou espaço relvado ou alfombrado.

O nosso estudo trata de um lago de planta circularcom um marco de repuxo no centro (Fig. T) e todoconstruído de cantaria aparelhada.

Este lago visto de qualquer lado ó sempre de agra-dável efeito. O seu marco de repuxo erecto no centro,é trabalhado de escultura a partir da altura dos rebor-dos da vedação e completa o seu conjunto de molduras.

A construção desta pequena obra é um tanto cor-rente. O trabalho de cantaria pode vir completamentepronto da oficina do canteiro, o que muito simplifica aexecução no local. Esta é iniciada, depois da escolhado terreno, com o seu traçado circular.

O terreno é um pouco profundado para se abrir achamada caixa, onde assentará toda a construção(Fig. 2).

Aberta a caixa e seguidamente cheia de betão, de-pois do fundo do terreno ser bem batido a maço e mo-lhado, começa-se a assentar todo o rebordo de cantaria,que aqui no nosso estudo comporta doze pedras.

Este assentamento é feito pelo pedreiro com a assis-tência do canteiro, para tirar os barbotes que porven-tura apareçam, com os seus ponteiros, ferramenta quenão ó manejada pelo primeiro destes operários.

As diferentes peças do rebordo à medida que se vãoassentando sobre o massame, vão sendo ligadas umasàs outras com massa de cimento pelo interior dos es-pessos, e com gesso ou cimento branco pelo exterior.A ligação destas pedras fica mais duradoura se se lhesfizer a aplicação de gatos de bronze com chumbo. Tam-bém em obras de certa modéstia se faz uso de gatose pernes de ferro galvanizado em vez de bronze.

Concluído todo o assentamento do rebordo, proce-de-se ao arranjo do pavimento do jardim à sua volta,para melhor fixação da obra.

Em seguida dispõe-se uma nova camada de betãocom cerca de Ora,15 de espessura. A profundidade dacaixa que se encheu de betão foi de Om,25 a Om

;30,pouco mais ou menos. Toda a espessura do betão perfazO'n,40 ou Om,45. Sobre esta última camada de betãoerege-se o marco ou plinto fontenário, construído tam-bém de cantaria e perfurado interiormente, para a pas-sagem do tubo da água.

Não convém esquecer que todo o massame já levoua tubagem necessária através da sua espessura, comomostramos nos desenhos.

Depois do assentamento do marco faz-se o revesti-mento do fundo do lago, e de uma espécie de rodapéaté cerca de Om,25 ou Om,30, com uma camada de beto-nilha de Om,03 de espessura e arredondada nos seuscantos. Esta massa para a betonilha deve ser ao traçode l: 3 de cimento e areia. Sendo cuidadosamente feitae bem apertada, esta betonilha torna o lago imper-meável.

As tubagens para o abastecimento e retorno da águapodem ser de ferro galvanizado. Estas canalizações par-tem de uma caixa de visita aberta junto dos muros dolago, a onde chegam as canalizações exteriores, e diri-gem-se, uma para o plinto do repuxo, a da alimentação,outra para qualquer ponto do fundo onde se assenta umralo, para recolha da água suja, e a terceira, ligada aeste último tubo, depois da torneira de segurança, diri-ge-se, metida num rasgo do rebordo, até à altura donível da água onde se assenta um ralo de bronze, oavisador.

A caixa de visita pode ser construída de tijolo, do-tada de um bom reboco de argamassa forte de cimentoe areia, com as dimensões necessárias ao seu funcio-namento.

A caixa de visita pode ser coberta por um tampãode ferro ou por uma laje de cantaria ou de betão ar-mado.

Cada tubo deve ser provido de uma torneira de se-gurança.

Como vimos, a água que vem do avisador entra nacanalização que recebe a água do lago quando este sedespeja. O lago é alimentado exclusivamente pelo re-puxo.

O avisador tem a função, como se sabe, de evitarque a água transborde e saia fora do nível estabelecido.No desenho do corte (Fig. 2) e na planta inferior dolago (Fig. 3), mostra-se a função da caixa de visita.

O esgoto do lago, a fim de se evitar maiores despe-sas, pode ficar próximo do rebordo, como temos nesteestudo.

Todas as tubagens podem comportar iguais diâme-tros. Para pequenos lagos, que mais não são do quetanques, os diâmetros de Om,012 ou Om,019 são sufi-cientes.

Alguns lagos e tanques têm os seus fundos construí-dos de lajes de cantaria, assentes sobre massames depequena espessura, mas como sabemos, o lajedo é re-lativamente caro e uma camada de betonilha de massaforte resolve bem o caso.

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D I V E R S O S T R A B A L H O S

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Fig. 2,— PEQUENO LAGO DE REPUXO(Corte)

Fig. 3.—PEQUENO I, AO O DE REPUXO(Planta inferior)

Também citamos que alguns destes pequenos lagossão dotados de rebordos de tijolo maciço, revestidosde azulejos, algumas vezes por dentro e por fora e ou-tras vezes só pelo lado exterior. Pelo interior, um bomreboco de massa forte, como se aplica sobre o fundo,com a concordância côncava entre estes dois paramen-tos, é o usual.

O revestimento de azulejos aplicado nos rebordosdos lagos e dos tanques, ó mais aconselhável nas cons-truções de planta quadrada, sexta ou oitavada. A boacombinação das cores dos azulejos torna os pequenoslagos verdadeiramente pitorescos.

F O N T E S

A s pequenas fontes, marcos fontenários ou simplesbebedouros, dão aos jardins onde se constróem

uma graciosa nota de frescura e de pitoresco.Neste nosso estudo apresentamos uma pequena fonte

(Fig. ô), provida de duas torneiras e um tanque paracultura de peixes, plantas aquáticas, ou mesmo bebe-douro para animais. A sua construção ó de pequenasdimensões e é feita de alvenaria ordinária com algunsornatos e revestimentos de pedra, e motivos decorati-vos de azulejos.

Fig. 4. —PEQUENO LAGO DE REPUXO(Planta superior)

D I V E R S O S T R A B A L H O S

lig. 6. — FONTE(Alçado e Planta)

No desenho do corte (Fig. ff) vê-se todo o género daconstrução: motivos de pedra, construção de alvenaria,base de betão e a caixa posterior para visita da cana-lização.

O abastecimento da água para esta fonte pode fazer--se por dois sistemas. Um é de canalização vinda daorigem alimentar a despejar o conteúdo num depósito,de onde desce às torneiras, outro ó o da condução daágua directamente para cada uma das torneiras.

No fundo do tanque abre-se o esgoto do seu con-teúdo, por meio de um ralo; a saída da água pode serlatente ou regulada por uma torneira disposta à mão,na caixa posterior de visita, onde se assentam todas astorneiras de passagem das tubagens de alimentação.

O lugar para o enchimento de bilhas tem por baseuma pedra provida de canal com escoamento, parasaída da água entornada. O escoante vaza para otanque.

Pedras esculpidas e azulejos na frente da fonte dão--Ihe aspecto agradável.

A caixa de visita é provida de uma porta, que tantopode ser de madeira como de chapa de ferro, de abrirpara fora e dotada de furos na sua maior altura paraventilação.

Fig. 6. —FONTE(Corte vertical)

P É R G O L A S

motivos de grande importância nos jardinse parques são as pérgolas, que não são mais do

que umas construções de carácter pitoresco. As pérgo-las são destinadas à obtenção de sombras, devido àsplantas trepadeiras que se lhes adaptam.

No fundo, as pérgolas são pouco mais ou menos comoas latadas. Pilares de tijolo, revestido ou não de qual-quer reboco, prumos de ferro, tubos ou tês, largos tubosde fibrocimento e magras colunas de cantaria. Sobrequalquer sistema de prumos que constitua a pérgola,um frechai corre sobre todos eles, quer seja assentesobre capitéis, como propriamente sobre os seus topos.As pérgolas podem ser encostadas a qualquer edifica-ção, levando nesse caso uma só ordem de prumos, ou,desviadas das paredes, a meio de um jardim, compor-tando por conseguinte duas ordens deles.

Atravessadas sobre os frechais, de lado a lado, assen-tam-se as varas ou latas, cujas pontas são recortadas(Fig. 9).

O assentamento das varas sobre os frechais é feitotal qual como se pratica nos madeiramentos. As varasentram nos frechais com um pequeno encaixe de cercade QP,01.

Se a pérgola é encostada a uma edificação os toposdas varas encastram na sua parede, mas se isso não forpossível assentam simplesmente sobre um frechai en-costado à edificação sobre cachorros de pedra (Fig. 7).

Quando a construção é feita com pilares de tijolo éconveniente preparar-lhes uma pequena fundação de ai-

D I V E K S O S T R A B A L H O S

Fig. 7.—PÉRGOLA DE PILARES

A) Alçado; B) Corte; C) Planta; D) Pormenores de variante

venaria; se, porém, se aplicam simplesmente prumos deferro, uma sapata de pedra para sua base é muito im-portante.

Quando a obra é apoiada por tubos de fibrocimento,basta a sua extremidade inferior ser metida no terrenopara haver segurança (Fig. 9).

Se os pilares são de tijolo à vista convém que essaconstrução seja de tijolo prensado, com as juntas to-madas com massa de cor. Se, porém, a construção seefectivar com tubos de fibrocimento de grande diâme-tro, como se fossem colunas grossas, é mister caiá-lasde branco para que a feia cor do cimento não fique àvista.

Na construção de algumas pérgolas as colunas de fi-brocimento também ficam caiadas de amarelo, o que lhesdá nm belíssimo aspecto.

Qualquer espécie de trepadeiras, como por exemploglicínias, são plantas apropriadas para as pérgolas. Aconstrução das pérgolas tanto pode ser em linha rectacomo em curva.

Convém notar que as pérgolas não se adaptam só àforma de áleas, antes podem também formar recintoscirculares para jogos, bailes e outros divertimentos quenecessitam de espaço largo.

E, nestes casos, o número de ordens de colunas oupilares pode ser de duas ou mesmo de três Uma pinturade tinta de óleo ó muito conveniente sobre o varedo.

P A V I M E N T O SD A S P É R G O L A S

pavimentos das pérgolas, quando não se quiserdeixar à vista o areado do jardim, pode ser cons-

truído com lajedos de vários aparelhos, empedrados devidraço à portuguesa, ou betonilhas de granítados decores variegadas. Também se preparam pavimentos mis-tos de vários materiais em artísticas combinações.

Quando se empregam lajedos (Fig. 8} podemos adop-tar os de juntas regulares, irregulares e de juntas largaspara o crescimento de relva.

Todos estes sistemas de lajedos são de bom efeitopara este género de construções, como são as pérgolas.

Os pavimentos mistos de vários materiais podem for-mar as mais variadas combinações geométricas, comogregas @ entrelaçados (Fig. 10), que são sempre degrande realce.

E saindo fora dos elementos da decoração clássica,temos dentro da arte moderna conjuntos agradabilíssi-mos a aplicar nos pavimentos das pérgolas.

Os aparelhos das pedras que constituem o lajedodestes pavimentos podem ser o da escoda, mas em algunscasos tem-se aplicado a bujarda, especialmente quandose tratar da utilização de pedra azulada, como a da re-gião de Cascais. As pedras de Pêro Pinheiro e suas

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D I V E R S O S T E A B A L II O S

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Fig. 8. — DIVERSOS TIPOS DE PAVIMENTOS LAJEADOS PARA PÉRGOLASA) Lajedo irregular; B) Lajedo regular] C) Lajedo quadricular

vizinhanças admitem um aparelho mais perfeito e pró-prio para os pavimentos de pérgolas nos jardins maisapurados.

Para o bom assentamento de todos estes lajedos depedra é conveniente preparar-se previamente um mas-sarne, embora de pequena espessura, para que o pavi-mento se não quebre.

Este massame, como todos os demais massames e for-migões, ó assente sobre o terreno, que também previa-mente deve ser bem batido a maço. Além dos lajedosde pedra também em alguns jardins se constróem pavi-mentos para pérgolas com ladrilhos-mosaicos, do tipohidráulico, em agradáveis combinações.

Por vezes os pavimentos lajeados ficam niveladoscom a superfície dos jardins, mas em alguns casos ficamelevados cerca de O"1, l O, formando, por conseguinte,cabeça, as pedras dos extremos.

Também se preparam as faixas cobertas sem as pe-dras dos extremos formarem alinhamento regular emtodo o comprimento da pérgola. Ficam umas lajes commais largura para os lados de fora do que outras.

Para esta forma de assentamento ó mais convenienteque o pavimento fique ao nível do terreno. Com as pe-dras de cortes desiguais para o lado de fora, formandomesmo vários recortes e cantos, o aspecto do pavimentoé mais pitoresco e Leio num pequenino jardim muitocheio de plantas.

Uma outra variante de pavimento de pérgolas, e debonito efeito, é esse constituído por vários esteados oucapachos de madeira, às ripas ou formando xadrez.

Estes estrados podem ser levantados na ocasião daschuvas, para não se deteriorarem.

Por vezes utilizam-so fasquias dessas dos fasquiadosdos tabiques, pregados sobre travessas, nas largurasapropriadas em relação com os comprimentos.

Estes estrados poderão ser pintados com tintas de óleo.

E S T U F A S

TSjos pequenos jardins também se podem construirestufas para a cultura de plantas das regiões

quentes, embora, como se entende, devido às exíguasdimensões que geralmente os pequenos jardins da habi-tação comportam, tenham de ser, por sua vez, de es-cassas dimensões.

Assim, essas pequenas construções, são feitas comparedes de meia-vez de tijolo ato à altura média deOm,80 a lm.OO. e de aí para cima com armações de ferroenvidraçadas com vidros caiados ou foscos.

As armações de ferro são construídas de cantoneirase os pinásios de T", tal qual como estudámos a cons-trução dos caixilhos de ferro. Uma porta de idênticaconstrução dá acesso à pequena dependência.

A forma da cobertura é da mesma compleição de todaa obra e com todo o aspecto de uma barraca. A incli-nação do telhado envidraçado é exposta para o sol e osseus vidros são igualmente caiados ou foscos.

Os muros desta obra são rebocados e caiados, comoó conveniente para a sua conservação.

Interiormente assentam-se prateleiras de madeira ouconstituídas por delgados varões de ferro, para daremlugar aos vasos das plantas.

fce se julgar conveniente poderá conduzir-se a águaaté à estufa para roga das plantas, bastando para issoassentar uma canalização de tubos de, ferro galvanizadode Om,'''12 de diâmetro, que-pode ficar mergulhada noterreno, só a caseia ficar distante de alguma parede.

fce a estafa ficar junto de algum muro pode trazer-sopor ele t-nio o encanamento, o que será mais económicoe prático.

Também pode dotar-se a estufa com canalização de es-goto, asseutando-se, para esse fim, uni ralo no pavimento.

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D I V E R S O S T R A B A L H O S

FILVPA ÇOSS

Fitj. 9. —PÉRGOLA DE COLUNAS

/. íft— PAVIMENTO DE PÉRGOLA

D I V E R S O S T R A B A L H O S

A R M Á R I O S D E C O Z I N H A8 armários de cozinha não são propriamente móveis

como à primeira vista parecem, porque são mo-tivos fixos.

Os armários da cozinha fazem parte do todo do imo-biliário e são pertença fixa da construção.

São variados os tipos de armários de cozinha. Sãoconstruídos conforme a categoria da casa de que fazemparte.

Temos armários fechados, de portas envidraçadas, deportas de rede metálica mosquiteira, completamenteabertos e ainda aqueles providos de cantareira, cujaconstrução descreveremos.

Nas boas edificações os armários são construídos demadeira de casquinha, mas nas vulgares casas de ren-dimento a sua construção é de madeira de pinho. A sua

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Fig. 11. — ARMÁRIO DE CANTAREIRA

pintura é em geral condizente com a pintura dos guar-necimentos e portas da dependência onde estão fixados.

As estruturas destes armários são feitas por meio deengradamento. Os armários das casas de baixa catego-ria são por vezes desprovidos de costas. O seu fundo éa parede a onde encostam.

Também em alguns destes motivos, os seus corposinferiores não comportam fundo; ele é constituído pelopróprio pavimento da cozinha. Quando o corpo de baixodos armários é destinado a carvoeira, lugar para o car-

vão, então são sempre desprovidos de prateleira. Destemodo faz-se melhor a arrumação dos caixotes.

Para as dispensas constroem-se armações apenas pro-vidas de prateleiras.

A R M Á R I O ;DE C A N T A R E I R A

C~)s armários de cantareira são destinados a casas des-providas do abastecimento de água, mas como

isso só acontece em algumas povoações mais atrasadasquanto a progresso, já hoje não interessa a construçãodesses armários.

Nas casas de campo, onde a água é conduzida dafonte, ainda se vêem as cantareiras, mas de resto não.

No tipo de armário que apresentamos (Fig. 11) temoso lugar pai*a uma cântara ou bilha para água oriundade alguma fonte especial. Não se destina portanto estearmário a comportar toda uma série de bilhas, paraabastecimento de água aos habitantes da casa.

Trata-se de um armário completo para guarda de pro-visões, constituído por três corpos : o do meio com por-tas envidraçadas e gavetas na parte superior e portasalmofadadas na parte inferior. Os corpos laterais sãocompostos de prateleiras com portas de rede em cimae almofadadas em baixo.

O corpo da esquerda comporta o lugar para a bilhada água fresca e o do lado direito possue uma prate-leira sem portas de resguardo, para coisas embrulhadasou enlatadas.

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Fig. 12.— PORMEKORES DO ARMÁRIO

D IV E R'S O S T E A B A L H O S

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Fiv. 13. —ARMÁRIO FECHADO(Em cima: Alçado; Embaixo: Planta)

Fig. 14. —PORMENORES(Em cima : Corte e Ilharga)

A cantareira é apenas caracterizada pela frente cons-tituída por uma tábua com um recorte curvo, para ser-vir de encosto à bilha, quando dela se pretende tiraralgum líquido.

Às vezes o fundo ou prateleira para a bilha é reves-tido de chapas de zinco, a fim de se evitar o apodreci-mento da madeira.

Gomo se vê trata-se de um armário vistoso, de boaconstrução, como mostramos nos pormenores (Fig. 12)apresentados.

A madeira para este tipo de construção pode ser a depinho, quando se possa obter de boa qualidade, ou en-tão a de casquinha, sempre de fácil mão-de-obra e demuita duração.

Este armário, cuja frente é constituída por portasalmofadadas ou dotadas de rede metálica mosquiteira,pode, se se quiser, comportar as suas portas das partesmédia e superior totalmente envidraçadas. Toda a suaconstrução dá optimamente para isso. Uma boa pinturacom tinta de óleo de linhaça, além de lhe dar boa apre-sentação, dá-lhe também maior conservação. Fig. 15,—ARMÁRIO L01CEIRO

D I V E R S O S T E A B A L H O S

Fig. 16.—ARMAÇÃO DE PRATELEIRASA) Corte; B) Alçado; C) Planta

A R M Á R I O F E C H A D O

""BATA-SE de um bom armário constituído por três di-visões de cima a baixo e dotado de quatro portas,

tanto no corpo de cima como no de baixo. Entre osdois corpos fica um espaçoso aparador com altura sufi-ciente para vasilhas.

Todo o armário ó constituído por prateleiras que seassentam sobre denteis, pelo que podem tomar a alturaque se quiser, consoante o volume dos objectos que sepretendam guardar.

As portas superiores são almofadadas mas poderãoser dotadas de redes metálicas, para arejamento do seuconteúdo.

As malhas destas redes chamadas mosquiteiras osci-lam de Om,001 a Om,0015.

O corpo superior ó sustentado pelas ilhargas do ar-mário, mas quando o seu comprimento for assaz grande,é de conveniência adoptar-lhe também algumas polésmetálicas, que se devem fixar com parafusos às coucei-ras do engradamento das costas, como temos no armárioem estudo (Fig. 13).

Este armário ó de concepção moderna. As suas es-quinas são arredondadas, ou mesmo redondas, o quelhe dá agradável aspecto.

Os corpos laterais comportam uma só porta e o cen-tral tem duas. O corpo superior é mais estreito do queo de baixo.

Este armário de grande espaço para arrecadação,tanto pode ser fixo como móvel, como sucede comquase todos os armários coni costas e ilhargas.

As almofadas das portas e dos engradamentos dasilhargas, das costas e das divisórias podem ser de folhasdo contraplacado.

No desenho dos pormenores (Fig. 14') mostramos osistema ue construção deste bom armário.

A espessara da madeira a utilizar na sua construção,devo ser de acordo com as suas dimensões.

A R M Á R I O L O I C E I R O

T^EATA-SE de um pequeno armário de construção vul-gar e de aplicação nas edificações de baixo ren-

dimento (Fig. 15).E constituído por dois corpos, como usualmente se

dotam todos os armários e mais particularmente os decozinha.

Na separação dos dois corpos um aparador como decostume tem o seu lugar. Nas ilhargas há um recorteformando polo para suporte e graciosidade do corpo decima sobre o aparador.

As portas do corpo superior podem ser almofadadasou dotadas de rede metálica, enquanto que as do corpoinferior são almofadadas. O corpo de cima além da suabase comporta uma prateleira a meio da sua altura.O corpo de baixo também comporta uma só prateleira,mas a mais de meia altura, para dar lugar às arruma-ções de baixo. Não possue estrado inferior, pois estecorpo terá a função de carvoeira, e no próprio pavi-mento da cozinha procede-se a melhor limpeza.

Este armário de contextura singela não tem costas,encostando simplesmente ao paramento da parede. Porvezes também deixam de ter uma ilharga se acaso sãoassentes num canto formado por duas paredes. Nessescasos as prateleiras e o aparador são assentes sobreréguas pregadas nas paredes, do lado em que não temilharga. Um tampo pregado superiormente cobre todoo armário.

Em alguns casos prega-se acima da prateleira e dabase do corpo superior, cerca de Om,10 ou Om,12, umaestreita régua, distante do lugar das portas também uns0™,0õ, com o fim de dar lugar à arrumação dos pratos,na posição de inclinados com o fundo para baixo.

P R A T E L E I R A S

PARA as dispensas, como atrás dissemos, são dispostasséries de prateleiras assentes nas paredes por meio

de réguas e polés de madeira, mas nas boas edificaçõesconstroem-se armações de serrafos, para a disposiçãomóvel das prateleiras.

Estas armações sào constituídas por grades de doisprumos ligados entre si por duas travessas, uma embaixo outra em cima.

No espaço entre as travessas são dispostos denteispara suporte das prateleiras. Os denteis são dispostoscom a equidistância necessária à arrumação das coisas,Om,30 ou Ora,40. As grades são espaçadas entre si porcerca de lm.OO ou mais.

A fixação das prateleiras estabelece o equilíbrio ne-cessário a toda a armação, pois as grades ficam dessemodo ligadas no conjunto.

A espessura da madeira de que se constróem estasarmações são dois fios quando construídas de casquinha,e tábuas de solho quando se aplica o pinho, o que émais vulgar. As prateleiras são recortadas formandocaixa, nos sítios em que têm de dar entrada aos pru-mos das grades, e podem ser metidas nelas depois daarmação estar assente.

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D IJV E'K S O S T R A B A L H O S

B E T Ã O A R M A D Obetão armado é de origem francesa e foram os

seus principais criadores os engenheiros Monier,Hennebique e Cottancin.

As primeiras experiências datam de cerca de 1850.Só por volta de 1884 se começou a construir com o

novo material na Alemanha, passando seguidamente àAmérica do Norte. Em 1896 construiu-se o primeiroedifício de betão armado em Portugal (*), sob cálculose direcção do engenheiro francês Hennebique, um doscriadores do novo sistema de construção.

Só cerca de quinze anos mais tarde se começou adesenvolver o betão armado entre nós, sendo os seusprincipais construtores Alberto de Sá Correia e Cra-veiro Lopes, condutores pelo Instituto Industrial e Co-mercial de Lisboa.

A construção das obras de betão armado obedece le-galmente a um regulamento oficial, a cujas directrizestêm os técnicos calculistas e construtores de se submeter.

Por ele se trabalha e por ele se estudam os processosa adoptar, quanto à elaboração dos cálculos.

A obra arquitectónica a construir com betão armadoó respeitada quanto ao seu projecto e o cálculo subme-te-se à arte.

Sendo o programa desta Enciclopédia o estudo prá-tico da construção civil, logo sobre o betão armado noslimitaremos a explanar os seus princípios e as noçõespráticas, que às suas obras dizem respeito.

T R A Ç O S

doseamento cia massa de betão é feito por volumeou por peso e também pelos dois sistemas com-

binados ; o cimento a peso e a areia e a brita em vo-lume.

Os traços mais usados na composição do betão (2) sãoem volume: 1:3 = 1 de cimento e 3 de areia e brita

medidos em caixas, baldes, pás ou carrinhos de mão;1:2:4 = 1 de cimento, 2 de areia e 4 de brita, o quetudo isto é igual a l: 6 em volume.

O betão de 400 quilogramas tem esse peso de cimentonum metro cúbico de areia e brita, e assim normalmente.Outros doseamentos são indicados como demonstramos:

1:3 = 450 kg de cimento por l m3 de areiae brita;

1:4 = 350 kg de cimento por l m3 de areiae brita;

1:5 = 300 kg de cimento por l m3 de areiae brita;

Este último traço também é assim descrito :300 kg de cimento, 400 i de areia, 800 l de brita

e 200 l de água.

Normalmente a relação para a areia e a brita, ó del : 2 o a água é a que baste, nem mais nem menos.

A R M A D U R A S

melhor ferro para a construção do betão armadoé o ferro macio e o aço doce em varões lisos,

torcidos e rugosos.Em muitas obras são usados os varões torcidos e ru-

gosos porque se atende que neles se prende melhor amassa, porém, é nos varões lisos que se faz a melhoraderência e o mais perfeito enchimento da armadura.

Metido na massa de betão o ferro não se oxida, se-gundo se crô. O ferro enferrujado não ó prejudicial à

(!) Fábrica de Moagem do Caramujo (Almada).(2) Ver os Cadernos n.08 13 e 18 desta Enciclopédia, sobre ar-

gamassas e betões, respectivamente.

Fig. 17. — DIVERSOS SISTEMAS DE ARMADURAS

A) Armadura curva ; Jí) Armadura de tracção e compressão; C) Armadura dupla reforçada ; Dj Pormenor

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D I V E R S O S T E A B A L H O S

Fig. 18. —ARMADURA E COFRAGEM(A esquerda: Corte; A direita: Planta)

obra, porque com o tempo a ferrugem desaparece de-vido à combinação química do cimento com o hidratode óxido de ferro.

Como geralmente os varões são de pouco diâmetronunca se poderão dar grandes dilatações nas ar-maduras.

As armaduras são concebidas consoante os cálculosde resistência e os varões que as formam são ligadosuns aos outros com arames de Om,0015 de diâmetro.As extremidades dos varões são voltadas, como castõesde bengalas (Fig. 11\

M A A

A boa massa para a fabricação do betão composta deareia e brita, pode ser feita de areia de grãos

com cerca de l milímetro de espessura, siliciosa, angu-losa e não salgada. A areia deve estar isenta de argila,terras e matérias orgânicas, sendo preferível a dos riosde ágna doce.

A brita pode ser extraída de qualquer pedra siliciosa,do quartzo, do granito e do basalto, convenientementelavada com água doce e limpa, para ficar livre de todasas matérias nefastas.

A areia grossa de grãos redondos proporciona melhoraderência do que a areia de grãos finos. 100 litros deágua por l metro cúbico de massa é a melhor percen-tagem para preparar a boa aderência.

A areia que, como já escrevemos, terá os grãos del ou 1.5 milímetros, deve passar no crivo de Om,005.No crivo de Om,003 admite-se o resíduo de 25 por centoe no de Om,G01, 10 por cento.

Quando a brita mede de Om,0õ a Om,08 designa-secascalho; de Om,02 a Om,04 tem o nome de murraça;de Ora,OÍ chama-se granito, e com menos de O'n,005,saibro, que são os resíduos da brita.

É também dado o nome de saibro à areia grossa e si-liciosa.

É escusado lembrar que todos estes materiais devemser muito bem lavados com água potável e limpa.

C O F R A G E M

A cofragem ou moldagem é constituída com madeirae serve para dar ao betão armado as formas de-

sejadas.Para a construção de placas a cofragem é apenas um

estrado, mas para a construção de vigas, nervuras e pi-lares são verdadeiras caixas.

Todas as cofragens são apoiadas sobre prumos, a fimde poderem suportar todo o peso da obra de betão ar-mado a construir.

Na construção de placas e vigas só depois de estarpronta a cofragem se procede à manufactura das arma-duras, mas nos pilares ó depois da construção das ar-maduras que se faz a moldagem. Compreende-se queassim seja pois que a massa ó despejada sobre as ar-maduras. Nas placas à medida que se vai despejando amassa, vai-se apiloando com ferros para que a armadurafique bem envolvida.

As armaduras das placas e de outras obras seme-lhantes ficam afastadas Ora,02 do estrado da cofragem(Fig. 18), e para manter esse espaço coloca-se por de-baixo dos varões, nos cruzamentos, um pequeno pedaçode pedra com a medida desejada.

Nos pilares e colunas é disposta em volta da arma-dura uma espécie de caixa bem construída. O betão édespejado do a'.to para dentro da cofragem, envolvendomuito bem a respectiva armadura.

Só depois do prazo regulamentar estabelecido parase dar conta da solidez da obra, se tira ou desmanchatoda a cofragem. A madeira indicada para as cofragenssão as tábuas de pinho de Ora,02 a Om,02õ de espessura.

V A N T A G E N SE D E S V A N T A G E N S

betão armado resiste à destruição do fogo, da águae das variações da temperatura. O betão armado

resiste bem à compressão e ao peso, conforme a suaestrutura.

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D I V E R S O S T R A B A L H O S

A par destas qualidades apreciáveis o betão armadopossne outras, pelo contrário, prejudiciais.

A resistência do betão armado à tracção ó muito máe nas vizinhanças do mar o ar corrompe a massa e atacao ferro. O betão armado deixa-se atravessar pela água,pelo frio, pelo calor e pelo som.

As massas feitas com cimento de presa rápida e areiafina são muitíssimo permeáveis. A qualidade do cimentoinflui na preparação do betão a respeito da sua resis-tência à compressão.

A equivalência dos dois elementos que entram na for-mação do betão armado, o betão e o ferro, de iguaiscondições e de quase iguais dilatações térmicas, dão-lhea sua homogeneidade nos esforços, resultando a obraum todo monolítico.

O melhor cimento para betão armado é o de presalenta.

I M P E R M E A B I L I D A D E

A fim de se evitar a infiltração de água nas lajes de^^ cobertura e em todos os géneros de placas debetão armado, é aconselhado que na preparação da pastade betão se não empreguem mais de 25 litros de águapor cada saco de cimento (50 quilogramas), pois que setem de contar com as humidades dos agregados.

Um dos principais meios para a impermeabilidade,consiste em deixar a pedra e o ferro bem envolvidose cobertos de massa de cimento, para que através delanão passe a água.

O enchimento da moldagem deve ser bem feito, parase evitarem os espaços vazios e a pedra mal coberta.Quando o enchimento é feito com leveza, como é fre-quente, os espaços ocos abundam e dessa maneira nãopode haver a desejada impermeabilidade.

Desde que não haja espaços ocos nem volumes malagregados, e que as superfícies fiquem bem envolvidasde pasta de cimento, e que esta seja feita sem abusode água, a impermeabilidade deve ser evidente.

Para a construção de manilhas, depósitos para líqui-dos, tanques e outras obras estanques, o trabalho assumecuidados extremos. Este betão prepara-se com dosagensfortes, obtendo-se uma massa compacta constituída porcimento de presa lenta e areia grossa. O anel da britadepende da espessura das paredes das obras de betão.

A massa de betão deve ficar bem comprimida e de-pois, superiormente, reveste-se tudo com um reboco demassa muito forte que deve ficar muito bem apertada,á. fim de se conseguir a impermeabilização necessária.

O cimento de presa rápida não é aconselhável paraeste género de trabalhos, pois que não garante a imper-meabilidade. Pela mesma causa também a areia fina nãoserve.

O I D

A ligação da massa de betão aos ferros deve ser per-• feita, para que com as cargas e esforços se nãoseparem os dois elementos, o que inutilizaria comple-tamente a solidez da obra. A boa propriedade do betãoarmado é a boa aderência dos dois elementos que se

Fig. 19.—DIVERSOS SISTEMAS DE PBISÕESA) Ferrolhos; B e C} Ptrn.es; D) Cancros

não separam facilmente, embora se possam quebrar de-vido a excesso de carga.

A aderência do ferro ao betão é superior ao limite daelasticidade do ferro à tracção e ao coeficiente de tra-balho. Por este facto ó mais fácil partir um varão quearrancá-lo ao agregado do betão.

A construção do betão armado deve fazer-se, tantoquanto possível, de uma só vez, porque em camadas,embora de pequenos intervalos, perde-se o poder deaderência, de grau para grau sucessivamente.

A grande resistência do betão armado ó devida àforça do betão à compressão e à do ferro à tensão, oque faz tornar-se toda a obra nnm sólido. A boa esta-bilidade do conjunto ó porque as fibras metálicas ficamtensas e comprimidas.

E S F O R Ç O S

esforços a que se submete o betão armado são:compressão, tracção, esforço transverso e fexão.

A flexão ó um misto de tracção e compressão.O esforço da tracção ó apenas suportado pelo ferro,

porque o betão só suporta um décimo do seu poder nacompressão, pelo que se não deve contar para os efei-tos do cálculo.

O betão armado resiste muitíssimo bem à chamadacombinação flexão.

Nas estruturas submetidas à flexão tem de se ter emconta os esforços tendentes a prejudicá-las ou a dar-lhes o escorregamento de uma parte do todo sólido so-bre a outra parte, aquela onde se acentua a pressão.Esta força é designada por esforço transverso ou cortante.Do mesmo modo se lhe chama corte transversal.

13 —

D I V E E S O S T E A B A L H O S

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Fig. 20. — ASSENTAMENTO DE VIGAS DE FE BB O

A) Vigas nas vergas de vãos; B) Corte da, verga; C) Corte de tabique; D) Viga a suportar uma parede;E) Viga revestida ; E') Pormenor do revestimento de uma viga

S E L I G A Ç Õ E S DE F E R R Oo betão armado já tenha atingido uma

grande parte do potencial que na construção civillhe está reservado, ainda e quase sempre, por grandeconveniência se utiliza o ferro. Vigas de suporte, co-lunas para apoio de corpos destacados e artefactos des-tinados a estabelecer o equilíbrio de obras de madeira,tais são os conjuntos metálicos que se integram nas al-venarias e nos toscos das edificações.

Exceptuando as colunas quase sempre fabricadas deferro fundido, todos os outros artefactos são de ferrolaminado, como já tratámos noutro lugar (*). Agora sótratamos dos casos das vigas em suporte de cargas,e dos artefactos apropriados às ligações, quer de obrasmetálicas entre si, quer de alvenarias ligadas aos tos-cos de madeira, ou ainda quaisquer outras ligações queseja conveniente estabelecer.

V I G A S

emprego de vigas de ferro de qualquer tipo nossuportes de paredes, pavimentos superiores ou

ern qualquer outra função idêntica, é uin trabalho, de-vido à sua mão-de-obra, relativamente económico.

No suporte de paredes mestras ou outras de certaespessura, quando nelas se abrem vãos, ó mister supor-tar a carga das partes que lhe ficam superiores comvigas de ferro, cujo perfil e número os cálculos indi-carão.

Nas paredes grossas compreende-se bem que é exi-gido o emprego de duas ou mais vigas, pois que apenasuma, embora de grande perfil, não tem o préstimo ne-cessário.

Tornando a espessura da parede a razão de duas oumais vigas ao lado umas das outras, com a vantagemde se poderem utilizar perfis baixos e, por conseguinte,de se encurtar espaço, fica-se com um maciço de ferroe tijolo de completa segurança.

Quando se abre o vão abre-se ao mesmo tempo umacaixa de cada lado dele, para encastramento das extre-midades das vigas (Fig. 20 — A e B). As vigas são li-gadas entre si com parafusos de porca, que as atraves-sam nos furos abertos previamente.

Os espaços entre as vigas são cheios com tijolo ma-ciço, acompanhados de argamassa de cimento e areia atraços relativamente fortes.

Quando se trata de vãos abertos em paredes delgadascomo frontais ou tabiques de tijolo, é mister que umasó viga seja suficiente, a não ser que a carga seja de-masiadamente grande.

A viga pode ser geralmente acompanhada de ambosos lados da sna alma com betão, para normalização dosparamentos da parede (Fig. 20—C").

Quando se suprimem paredes num pavimento inferiorque sustentam outras iguais num pavimento superior,tem de fazer-se o apoio da parede de cima com vigasde suporte. Estas vigas são quase sempre apenas apoia-das nos extremos com encastramento em paredes gros-sas, mas por vezes podem ter apoios intermédios ou emparedes divisórias, pilares ou colunas.

Quando estas vigas atravessam tectos que têm deser decorados ó costume revestirem-se de maneiraapropriada. Assim, se os tectos são de estuque, reves-tem-se com placas de estafe onde depois se aplica o

(#) Ver o Caderno n.° 28 desta Enciclopédia.

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D I V E K S O S T R A B A L H O S

estuque, e se são de qualquer outro material reves-tem-se também as vigas desse mesmo material (Fig. 20—E e E'}.

O L U N A S

as colunas de ferro fundido são fabri-cadas com as dimensões dadas e obtidas pelos

cálculos, porém, às vezes adquirem-se já prontas oumesmo usadas com as condições iguais ou aproximadas.A fixação das colunas ao solo é obtida sobre fixes depedra ou de betão, onde se abrem chumbadouros paraparafusos de porca que apertarão as bases dos corposde ferro.

Em certos casos, naqueles em que as colunas nãotêm de suportar sobrecargas, são elas metidas no ter-reno até uma profundidade convencional.

Este tipo de coluna comporta em baixo algumas aber-turas verticais para a passagem da terra e prover me-lhor a sua segurança no terreno (Fig. 21 — C). Umabase móvel enfiada na coluna, que assenta à face doterreno, dá-lhe o aspecto de firmeza.

Os fixes para o assentamento das colunas tem de serum bom fixe, e nunca deve medir menos de Om,40 deprofundidade sobre o terreno bem batido a maço. Quandoo terreno onde assenta não é de confiança, é costume

r

Fia. 2i. — ASSENTAMENTO DE COLUNASA) Coluna com chumbadouros; B) Capitéis cem vigas assentei;

G) Coluna eubterrada

Fig. 22. — DIVERSOS 1IPOS DE ESTICADORES

aplicar-se alguns ferros em quadrícula antes de se ini-ciar o vazamento do betão.

Quando o pavimento ó lajeado é mister assentar so-bre o betão uma laje de boa espessura, e é nela quese abrem os chumbadouros para a fixação da coluna(Fig. 21-A}.

As colunas comportam superiormente uma espéciede capitel, que é onde têm de assentar os corposdestacados superiores, que são as suas sobrecargas(Fig. 21-B}.

E S T I C A D O R E S

esticadores são varões de ferro providos de roscasnuma ou nas duas extremidades, onde se adapta

um canhão composto interiormente de fêmea de umlado a outro, para aperto de qualquer motivo de madeiraou mesmo metálico, como asnas, escoramentos, etc.

Os esticadores são fixados por meio de parafusos, emlugares sólidos, quando se trata de fazer unir dois mo-tivos de construção que se achem desunidos pela acçãodo tempo. Cada parte do esticador, pois que, como sesabe, os esticadores são compostos de duas peças, é fi-xada, e o canhão que se antepõe às duas partes, girandonas suas roscas, provoca a aproximação dos motivosdesunidos.

Em certas construções as asnas de madeira, comovimos quando estudámos essas obras, são providas deesticadores na ligação e aperto das Linhas, especialmentequando estas são compostas de duas peças. Estes esti-cadores são fixados a curta distância dos extremos daslinhas por meio de parafusos de porca (Fig. 22 — C),para melhor poderem resistir à pressão do aperto.

Os tipos de esticadores são vários, como vemos nosdesenhos (Hg. 22], em que mostramos a forma de tra-balho dos canhões e a forma de fixação dos terminais.

D I V E R S O S T E A B A L H O S

As vezes os canhões são de arco e, quando metidosnas roscas dos esticadores, são apertados com porcas,para de seguida serem eles próprios facilmente mane-jados para a sua actuação.

Este sistema ó aplicado a grandes e pesadas obrasde carpintaria e serralharia (Fig. 22 — B).

C A N C R O S

esta esquisita designação uns pequenos artefac-tos de ferro, constituídos por um espigão e uma

chapa dotada de furos para a sua fixação a qualquerpeça de madeira, de pedra ou ferro, por cravação comrebites ou por parafusos (Fig. 19 — D).

O espigão destina-se a entrar num massame, ondeficará fixada a obra que deixara o equilíbrio anterior-mente.

Os cancros podem ter qualquer grandeza e podem serfabricados propositadamente para o fim necessário.

A maior parte das vezes destinam se a manter apru-mados solidamente, prumos de madeira ou de ferro.

O seu assentamento é feito depois de se ter marcadoo lugar aprumado do motivo que tem de se fixar. Olado saliente do espigão fica para o lado de fora, poisque a face recta da chapa e do espigão terá de encos-tar à face da obra que se monta, como mostramos nodesenho (Fig. 19 — e).

C H U M B A D O U R O Ss pernes para clmmbadouros são uns artefactos se-

melhantes a parafusos providos de porca. Sãoconstruídos de varão de ferro com os diâmetros que sedesejar. Numa das extremidades são dotados de rosca,onde aperta uma porca sextavada, e na outra, geral-mente mais grossa, deixam-se picagens para melhorprisão ao chumbo ou à massa de cimento (Mg. 19 — H).Também alguns pernes têm na sua haste uma unha ra-chada para a sua prisão ao fixe (Fig. 19 — (7).

Os pernes servem para se fixarem ao solo bases decolunas (Fig. 21), aparelhos, máquinas e alguns motivosde construção, embebidos em chumbo vazado nas caixasabertas em cantaria, que são os chumbadouros, ou emmassa de betão.

F E R R O L H O S

T—TÁ vários sistemas de ferrolhos, mas neste estudo re-ferimo-nos somente àqueles que se destinam à

segurança dos vigamentos e madeiramentos às alvena-rias, apertando-se de encontro a elas.

Os ferrolhos são fixados às vigas por parafusos deporca, e a sua haste atravessando a parede, deixa noparamento exterior ficar à vista o anel que tem na ex-tremidade, onde se enfia um varão de pequeno com-primento, 0™,50 ou O™,60, que fica na posição diagonal.Para este fim a haste do ferrolho é previamente torcida,como mostra o desenho (Fig. 19 — A a). Em alguns ca-sos o varão do ferrolho, também chamado propriamenteferrolho, não é recto, mas tem a forma de S.

Os ferrolhos são equidistantes uns dos outros cercade 2m,00 a 2ra,50, conforme o comprimento da constru-ção. A sua acção é de grande proveito quando as alve-narias não são de comprovada garantia.

P A R A F U S O S

A I H D A são alguns os tipos de parafusos de ferro(Fig. 23) que têm lugar na Construção Civil, em-

bora nem todos sejam de constante aplicação. Os maisusados são os de porca sextavada que se empregam noaperto das ferragens das asnas e nas ligações de outrose variados motivos de madeira. Tudo isto, é claro, nãofalando nos vulgares parafusos de rosca de madeira.

O diâmetro dos parafusos a aplicar nos trabalhos decarpintaria civil não é caso de importância e, geral-mente, obedece-se ao sentimento de acordo com a es-pessura das madeiras a ligar.

Porém, o diâmetro quase que geral é o de Om,009«

Fig. 23. —DIVERSOS PARAFUSOS DE FERRO

A) De porca sextavada; B) De porca quadrada e cabeça de tremoço; C} De cabeça contrapunçoada e porca quadrada;D) De cabeça de tremoço; E) De cabeça contrapunçoada; F) De cabeça sextavada com furot