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Trabalho de pesquisa que propõe a exploração da literariedade do gênero Cordel. O trabalho faz um apanhado da literatura de Cordel desde suas origens até os dias atuais.
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FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE BELO HORIZONTE
CURSO DE LETRAS
Ana Flávia Delfim
Ezequias de Almeida
Fernanda Graziele
Fernanda Mendes
LITERATURA DE CORDEL: Literariedade e Ideologia
Belo Horizonte
2011.2
Ana Flávia DelfimEzequias de Almeida
Fernanda Graziele Fernanda Mendes
LITERATURA DE CORDEL: Literariedade e Ideologia
Projeto de Pesquisa apresentado no Curso de Graduação em Letras da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Belo Horizonte como requisito parcial de avaliação discente do Encontro Interdisciplinar “Encontrocas”.
Profa. Orientadora: Rebecca Monteiro
Belo Horizonte2011.2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO - Cordel, Literatura ou não afinal?.................................................................................3
1.2 Temas da literatura de cordel.......................................................................................................5
1.2.1 Histórias jocosas ou de gracejo.............................................................................................6
1.2.2 Romances de encantamento................................................................................................7
1.2.3 Histórias de Lampião............................................................................................................7
1.2.4 Histórias de amor e sofrimento............................................................................................8
1.3 Características do Folheto de cordel............................................................................................9
2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................................................9
3 OBJETIVOS..........................................................................................................................................10
3.1 Objetivos gerais..........................................................................................................................10
3.2 Objetivos específicos..................................................................................................................10
4 HIPÓTESE DE ESTUDO.........................................................................................................................10
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................................11
5.1 A ideologia do cordel..................................................................................................................11
5.2 Salto para o futuro - Literatura de Cordel e Escola.....................................................................12
5.3 Algumas outras referências importantes....................................................................................13
CRONOGRAMA...........................................................................................................................................14
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................14
ANEXOS......................................................................................................................................................15
LITERATURA DE CORDEL: LITERARIEDADE E IDEOLOGIA
1 INTRODUÇÃO - Cordel, Literatura ou não afinal?
O presente projeto de pesquisa propõe uma análise a nível semântico, ideológico e enfaticamente
literário de folhetos de cordel. Quanto ao âmago literário de tal análise pretende-se explicitar quais
elementos constituem o cordel como poesia, ou por outro lado o diferenciam da poesia canônica, ou
melhor, poesia não popular. Consequentemente ao fazer tal a análise será promovido o estudo do
discurso ideológico que sustenta a produção de tais folhetos. No meio acadêmico há sempre esta
dicotomia quanto à literalidade do folheto de cordel, este é visto como poesia popular impressa, mas
claramente como veremos adiante, apesar de obscura, a origem do cordel é predominantemente
popular.
Em uma palestra de M. Cavalcanti de Proença, transcrita e adaptada por Ivan Cavalcanti Proença em seu
livro A Ideologia do Cordel, é abordada tal dicotomia sobre a definição do cordel com literatura, e mais
enfaticamente sobre a sua “essência” poética:
(...) um paradoxo, porque literatura subentende letra, e oral é justamente o que não tem letra. Dentro dessa literatura oral temos a poesia. Ou para aqueles que consideram a poesia uma coisa excepcional e diferente, literatura popular em verso. (...) Entre a poesia popular e a de um grande poeta, Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, há, é certo, uma grande distinção de grau, mas não de essência. Esse é o mesmo problema que preocupou os naturalistas no século XIX, saber se o instinto e a inteligência eram duas coisas completamente diversas. Os grandes naturalistas defenderam, e hoje, depois de Freud, sabe-se que a essência é a mesma, a diferença é o grau. (PROENÇA, 1976)
1.1 A literatura de cordel e suas origens
A Literatura de cordel é a poesia popular, herdeira do romanceiro tradicional, e, em linhas gerais, da literatura oral (em especial dos contos populares, com predominância dos contos de encantamento ou maravilhosos). É a literatura que reaproveita temas da tradição oral, com raízes no trovadorismo medieval lusitano, continuadora das canções de gesta, mas também espelho social de seu tempo. Com esta última finalidade, a Literatura de cordel receberá o qualificativo - verdadeiro, porém reducionista - de “jornal do povo”. O cordelista, como hoje é conhecido o poeta de bancada, é parente do menestrel errante da Idade Média, que, por sua vez, descende do rapsodo grego. (FARIAS, 2010)
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Por volta de 1440 o inventor alemão Johannes Gutenberg aperfeiçoou o sistema de impressão utilizando
tipos móveis, o invento de Gutenberg permitiu a publicação de vários livros, textos, folhetins... Nascia
assim a imprensa, e é neste contexto que surge na península Ibérica um tipo de literatura periférica,
pequenos contos, relatos geralmente de expressão oral que séculos antes eram cantados por trovadores
e menestréis começaram a ser impressos e vendidos em feiras populares, além dos tradicionais contos
dos travadores haviam também peças teatrais e notícias vindas de lugares longínquos, tais impressos
eram vendidos dependurados em cordas, daí vem o nome que anos mais tarde foi adotado por uma das
vertentes deste movimento no nordeste brasileiro, a então chamada “Literatura de Cordel”.
O cordel não é exclusividade brasileira, sobretudo atentando para os aspectos estilísticos e temáticos,
pode se observar tal gênero em moldes semelhantes em países hispano-americanos como México,
Argentina e Nicarágua onde o que conhecemos como cordel é chamado de corrido. Na Espanha, uma das
nações Ibéricas, de onde estudiosos acreditam que tenha surgido o cordel, este é conhecido como
pliegos sueltos, que corresponde á sua versão portuguesa folhetos volantes.
M. Diégues Júnior (Cadernos de Folclore, 1975) é citado por Proença em seu livro A Ideologia do Cordel,
neste trecho em especial Diégues decorre sobre a origem da Literatura de Cordel:
Os inícios da Literatura de Cordel estão ligados à divulgação de histórias tradicionais, narrativas de velhas épocas, que a memória popular foi conservando e transmitindo; são os chamados romances ou novelas de cavalaria, de amor, narrativas de guerras ou viagens. (...) Mas ao mesmo tempo, ou quase ao mesmo tempo, também começaram a aparecer, no mesmo tipo de poesia e de apresentação a descrição de fatos recentes, de acontecimentos sociais que prendiam a atenção da população. (...) (M. Diégues Júnior, 1975)
O cordel, ou Literatura de Cordel como é conhecida, descende do trovadorismo, que por sua vez foi uma
manifestação literária ocorrida na península Ibérica por volta do século XIII. Canção é o nome dado às
produções literárias deste período. Tais canções eram escritas em eram escritas em galego-português e
estruturadas em versos que eram cantadas por poetas populares e muitas vezes musicadas por pelos
chamados menestréis. Atualmente o Trovadorismo é reconhecido como um movimento literário de
grande importância e referencia para outras escolas literárias espanholas e portuguesas.
Os primeiros poetas populares do cordel brasileiro recitavam os acontecimentos do cotidiano, sagas de
heróis, casos de assombrações, histórias de amor e notícias de lugares distantes; noticias estas, muitas
vezes marcantes na história do Brasil, entre os já citados eram muitos outros os temas versados por tais
declamadores que surgiram por volta de 1750. Tais versos eram recitados em espaços públicos como
mercados e praças e muitas vezes eram acompanhadas pela melodia da viola, a Literatura de Cordel, tal
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como na Europa, teve por aqui sua origem em parte na oralidade, o que foi fundamental para sua
instauração em uma nação onde poucos sabiam ler ou escrever.
Considerado o primeiro cordelista, nos moldes que conhecemos o cordel hoje, foi o brasileiro Leandro
Gomes de Barros, ele imprimia e vendia seus versos em várias localidades do nordeste brasileiro por
volta de 1890, pelo que se sabe Leandro foi um dos poucos que viveu exclusivamente de suas obras.
1.2 Temas da literatura de cordel
Os temas desenvolvidos nos folhetos de cordel são diversos, abrangem desde acontecimentos locais e
simplórios como as aventuras de um sertanejo, a exemplo temos As Proezas de João Grilo, até
acontecimentos grandiosos e históricos como grandes guerras e revoluções, neste caso pode-se tomar
como exemplo folhetos como Joana D’Arc, Heroína da França e Antônio Conselheiro e a Guerra de
Canudos.
Marco Haurélio de Farias um importante estudioso da Literatura de Cordel em comunhão com outros
estudiosos propõe uma divisão temática para os folhetos de cordel, em um ensaio que compõe o
boletim Literatura de Cordel e Escola, neste ensaio Faria discorre sobre tal classificação dos folhetos, de
acordo com tal classificação os cordéis tem-se a seguinte denominação temática dos folhetos:
1.2.1 Histórias jocosas ou de gracejo
São histórias engraçadas, anedotas de origem popular. Muitas outras são invenções dos próprios
autores. Como exemplos deste tipo de cordel têm-se A Intriga do Cachorro com o Gato e Proezas de João
Grilo, de autoria de João Ferreira de Lima. Abaixo temos um trecho do cordel supra-citado:
João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia,
criou-se sem formosura,
mas tinha sabedoria
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e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.
E nasceu de sete meses,
chorou o bucho da mãe;
quando ela pegou um gato
ele gritou: “não me arranhe
não jogue neste animal
que talvez você não ganhe”.
Na noite que João nasceu
houve um eclipse da lua
e detonou um vulcão
que ainda continua,
naquela noite correu
um lobisomem na rua.
Porém João Grillo criou-se
pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
a boca grande e beiçudo.
No sítio onde morava,
dava notícia de tudo.
1.2.2 Romances de encantamento
Também chamados de contos maravilhosos foram herdados de colonizadores europeus, grandes
estudiosos do folclore brasileiro reuniram várias destas histórias. Os cordelistas nordestinos conviveram
com pessoas que contavam tais histórias e ao escrever seus versos, os poetas mantiveram viva a tradição
dos contadores de histórias. Para exemplificar podem-se citar alguns cordéis que apresentam esta
temática: Juvenal e o Dragão de Leandro Gomes de Barros, O Príncipe do Barro Branco e a Princesa do
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Vai-Não-Torna de Severino Milanês, Os Três Conselhos da Sorte de Manoel D’Almeida Filho e A Bela
Adormecida no Bosque de João Martins de Athayde.
1.2.3 Histórias de Lampião
Há muitas histórias sobre o famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938), popularmente
conhecido como Lampião, Virgulino foi um criminoso que desfiava os governantes do nordeste com seu
bando. A mais famosa destas histórias é Os cabras de lampião escrito por Manoel D’Almeida Filho, uma
verdadeira epopeia sertaneja composta por 632 sextilhas. A seguir um trecho do início desta obra:
Entre os fatos mais falados
Pelas plagas do sertão,
Temos as grandes façanhas
Dos cabras de Lampião
Mostrando quadras da vida,
Do famoso capitão.
Em diversas reportagens
De revistas e jornais
Com testemunhas idôneas
Contando fatos reais,
Coligimos neste livro
Lances sensacionais.
Desde quando começaram
Os bandidos mais famosos
Que por várias injustiças
Tornaram-se criminosos,
Vingativos, desalmados,
Assaltantes, perigosos.
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São casos que ainda hoje
Não temos quem os conteste,
Porque ficaram gravados
Nas estranhas do Nordeste
Com sangue, com ferro e fogo,
Como a maldição da peste.
1.2.4 Histórias de amor e sofrimento
Estas histórias geralmente são tramas novelescas que geralmente se desenrolavam em ambiente
familiar, histórias que giram em torno de injustiças e crimes aparentemente impunes. Neste gênero, o
maior exemplo que temos é O cachorro dos mortos de Leandro Gomes de Barros, este folheto foi um dos
escritos por Leandro que serviram de inspiração para a obra O auto da Compadecida de Mariano
Suassuna. Segue abaixo a estrofe inicial do folheto:
Os nossos antepassados
Eram muito prevenidos
Diziam: matos têm olhos
E paredes têm ouvidos
Os crimes são descobertos
Por mais que sejam escondidos.
Algumas outras obras do gênero: O Enjeitado de Orion de Delarme Monteiro Silva, O Romance de um
Sentenciado de João Martins de Athayde e O Assassino da Honra ou a Louca do Jardim de Caetano
Cosme da Silva.
1.3 Características do Folheto de cordel
Leandro Gomes de Barros iniciou a publicação de folhetos de cordel no Brasil, nesta época as primeiras
histórias foram publicadas por Leandro em formato de folhetim. Os folhetos de cordel tem um tamanho
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de 11x15, tal formato corresponde a uma folha tamanho A4 dobrada em quatro partes. Outros vários
formatos foram adotados por outros autores-editores.
2 JUSTIFICATIVA
É notável a consolidação da literatura de cordel no âmago cultural no Brasil, enfaticamente no nordeste,
apesar de ser desconhecido, ou mesmo não reconhecido por determinados grupos sociais é certo que a
Literatura de Cordel é viva, presente e se renova a cada reviravolta que acontece desde o lar do poeta
sertanejo aos acontecimentos políticos de ordem nacional.
Cresce cada vez mais o interesse de estudantes e educadores de todo o Brasil, em especial das escolas públicas da Região Nordeste, pela Literatura de Cordel. Esse poderoso veículo de comunicação de massas, que já foi oportunamente batizado de “professor folheto”, tem sido responsável, durante muitos anos, pela alfabetização de milhares de nordestinos, constituindo, em muitos casos, o único tipo de leitura a que tinham acesso as populações rurais na primeira metade do século XX. (VIANA, 2010)
A literatura não é exclusiva de nosso país, apesar de características peculiares em cada ocorrência, o
cordel é também conhecido como corrido em outros países da América central e do sul, tais como o
México, Argentina e Nicarágua. Dado tal notório cenário e expressividade da literatura de cordel não é se
estranhar que esta apesar de classificada como literatura popular, ou mesmo com uma “ponte” entre a
expressão oral dos cancioneiros ou cantantes de repente e os folhetos impressos. Mas o que atribui a tal
manifestação cultural o status de literatura? Quais são as construções linguísticas, exclusivas ou não,
deste “gênero” o torna literário? O que torna poema os dizeres aparentemente nada clássicos ou
modernos dos cordelistas? Em qual escola tal manifestação cultural se encaixaria? Em quais ela já esteve
inserida a ponto de chamar atenção de grandes e reconhecidos poetas como Drummond de Andrade ou
personalidades notórias de nossa música como Zé Ramalho?
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivos gerais
Demonstrar quais elementos literários e enfaticamente linguísticos torna o folheto de cordel um texto
literário, quais são suas características que o diferencia de outros gêneros e manifestações culturais
propriamente orais ou escritas.
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3.2 Objetivos específicos
Verificar o caráter literário e especificamente poético do texto de cordel, assim podendo desmistificar o
senso comum de que esta é uma poesia linguisticamente no âmbito semântico sociolinguístico “pobre” e
literariamente inferior às ditas literaturas canônicas.
4 HIPÓTESE DE ESTUDO
Para estabelecer um panorama do gênero cordel serão estudadas as várias definições e ensaios que
definem o cordel. Após o estudo de tal material serão escolhidos alguns textos que servirão de amostra
para compor o corpus a ser analisado. Para composição de nosso projeto foram lidos a título de
conhecimento alguns cordéis famosos de Leandro Gomes de Barros, as obras deste autor foram
escolhidas para comporem o corpus da análise proposta por nosso projeto, visto que este influenciou os
versos de vários outros cordelistas.
Assim que estabelecido o corpus do trabalho deverá ser tomada como referencia uma definição de texto
literário de um crítico reconhecido tal como Antônio Cândido assim poderemos segundo as
especificações deste estabelecer a produção de cordéis com literatura ou não. Quanto à análise
linguística a ser feita no corpus selecionado serão analisados as construções linguísticas oracionais e sua
implicações ideológicas.
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Contrariando as suposições iniciais o grupo se deparou com um vasto referencial teórico que abrangia o
tema Literatura de Cordel, além de muitas obras impressas, várias instituições mantêm ricos acervos de
folhetins e materiais elaborados por estudiosos do gênero.
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5.1 A ideologia do cordel
A obra A ideologia do cordel de Ivan Cavalcanti Proença foi certamente o cerne de nossa justificativa
para este projeto. Nesta obra Cavalcanti aborda a Literatura de Cordel com simplicidade em seus dizeres,
mas com profundidade ideológica digna de grandes críticos literários. Nesta obra são feitas análises
semânticas, ideológicas e literárias de forma consistente e clara. Abaixo em um trecho da introdução do
livro podemos perceber a proposta principal da obra:
A ideia central deste trabalho é tentar mostrar que, por detrás da (aparente) não ideologia que envolve os textos de literatura de cordel, transparece exatamente a sua ideologia. Da mesma forma que as pessoas procuram ver nos ditos dos textos literários os não ditos (que para nós, só serão relevantemente comprovados naqueles ditos) será possível também, nos indícios de uma não-ideologia, identificar-lhes exatamente a ideologia. (PROENÇA, 1976)
O texto base que resultou na obra A ideologia do Cordel foi inicialmente elaborado para uma tese em
pós graduação de curso de Letras na linha de pesquisa Literatura Brasileira.
5.2 Salto para o futuro - Literatura de Cordel e Escola
O programa da TV Escola Salto para o Futuro apresentou uma série intitulada Literatura de cordel e
escola. A série apresentada pela TV escola, que está disponível também na Web, foi muito importante
para que o grupo traçasse uma panorama do é a Literatura de Cordel, na série há depoimento de vários
estudiosos e autores do gênero. Além de traçar uma linha temporal das temáticas das produções
cordelísticas.
A equipe de produção da série elaborou um boletim que transcreve os principais assuntos discorridos na
série, neste boletim nos baseamos em três textos principais:
Origens da Literatura ura de cordel, de autoria de Arievaldo Viana Poeta popular, radialista,
ilustrador e publicitário. Criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, que utiliza a poesia
popular na alfabetização de jovens e adultos. Membro da Academia Brasileira de Literatura de
Cordel. Autor de mais de cem folhetos de cordel e de livros sobre a Literatura de cordel.
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Consultor da série coordenada pela TV Escola. No texto de Viana se encontra um histórico de
como e literatura de cordel surgiu e como esta chegou e se desenvolveu nas colônias hispânicas
e lusitanas com ênfase para a literatura de cordel no nordeste brasileiro e suas ramificações por
todo o país. O texto ainda faz uma ressalva para o cordelista Leandro Gomes de Barros por ter
sido este o percursor do gênero como o conhecemos hoje.
O segundo texto Temáticas e Características da Literatura de Cordel aborda como se pressupõe
as temáticas que envolvem a Literatura de Cordel e suas caraterísticas no aspecto literário, tal
como a estruturação dos versos e também os aspectos do folheto impresso de cordel. Marco
Haurélio de Farias é autor deste segundo texto; Farias é Cordelista, professor e pesquisador.
Coordena a coleção Clássicos em Cordel pela editora Nova Alexandria.
Por fim o terceiro texto Cordel: da feira à sala de aula aborda como a presença do cordel no dia
a dia dos alunos de escola públicas de nordeste de autoria de Arievaldo Viana.
5.3 Algumas outras referências importantes
Cada vez mais muitas produções podem ser acessadas através da Web tanto no âmbito literário, com
plástico e cênico. Cada vez mais este espaço tem sido utilizado por artistas para exporem seus trabalhos.
E neste mesmo espaço muitas instituições mantêm acervos de obras consagradas, e estudos acerca
destas. Ao pesquisar sobre a literatura de cordel encontramos várias instituições amparadas
universidades ou mesmos órgãos do governo que mantinham pesquisas sobre a literatura de cordel, a
consulta tais estudos foi compensadora para a elaboração deste projeto. Podemos citar duas instituições
que visitamos virtualmente que nos serviram de apoio Casa Rui Barbosa e a Academia Brasileira de
Cordel.
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CRONOGRAMA
Especificação/Ano 2011Meses Agosto Set. Out. Nov. Dez.
Definição do tema X
Levantamento bibliográfico X X X
Esboço do texto X X
Elaboração definitiva do texto X X
Revisão X X
Entrega ao Orientador X
Retorno do Projeto X
Revisão Final X
Apresentação do Projeto junto à banca X
Entrega da versão final p/ prof. Nicolle X
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO - LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA - PGM. 1: ORIGENS DA
LITERATURA DE CORDEL. MEC, Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option
=com_zoo&view=item&item_id=4335>. Acesso em: 12 de outubro, 2011.
TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO - LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA - PGM. 2: TEMÁTICAS E
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA DE CORDEL. MEC, Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/
index.php? ption=com_zoo&view=item&item_id=4336>. Acesso em: 12 de outubro, 2011.
TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO - LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA - PGM. 3: CORDEL: DA FEIRA À
SALA DE AULA. MEC, Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=
item&item_id=4338>. Acesso em: 12 de outubro, 2011.
TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO - LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA - PGM. 4: OUTROS OLHARES.
MEC, Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_ zoo&view=item&item_
id=4556 >. Acesso em: 12 de outubro, 2011.
14
TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO - LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA - PGM. 5: DEBATE. MEC,
Disponível em: < http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=4557>.
Acesso em: 12 de outubro, 2011.
ACADEMIDA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL: História do cordel. Disponível em:
http :// www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm . Acesso em: 18, out. 2011.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
GOMES, Izaias. SETE MITOS SOBRE A LITERATURA DE CORDEL BRASILEIRA. Disponível em: <
http://cordeldobrasil.com.br/v1/sete-mitos-sobre-a-literatura-de-cordel-brasileira/>. Acesso em: 16 de
out. 2011.
VIANA, Arievaldo. Leandro Gomes de Barros, grande mestre da poesia popular brasileira. Disponível em:
<http://cordeldobrasil.com.br/v1/leandro-gomes-de-barros-grande-mestre-da-poesia-popular-
brasileira/>. Acessado em: 14 de out. 2011.
ANEXOS
BIOGRAFIA À MODA DA CASA
Leandro Gomes de Barros, paraibano nascido em 19/11/1865, na Fazenda da Melancia, no Município de
Pombal, é considerado o rei dos poetas populares do seu tempo. Foi educado pela família do Padre
Vicente Xavier de Farias, (1823-1907), proprietários da fazenda, e dos quais era sobrinho por parte de
mãe. Em companhia da família "adotiva" mudou-se para a Vila do Teixeira, que se tornaria o berço da
Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários
cantadores e poetas ilustres.
Do Teixeira vai para Pernambuco e fixa residência primeiramente em Jaboatão, onde morou até 1906,
depois em Vitória de Santo Antão e a partir de 1907 no Recife onde viveu de aluguel em vários
endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias.
Vale a pena transcrever o aviso no final de um poema, A Cura da Quebradeira, que demonstra suas
constantes mudanças e o grande tino comercial:
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"Leandro Gomes de Barros, avisa que está morando em Areias, Recife, e que remetterá pelo correio
todos os folhetos de suas produções que lhe sejam pedidos”.
Sua atividade poética o obriga a viajar bastante por aqueles sertões para divulgar e vender seus poemas
e tal fato é comentado por seus contemporâneos, João Martins de Ataíde e Francisco das Chagas
Baptista:
"Voltando João Athayde
De Vitoria a Jaboatão
Quando chegou em Tapéra
Que saltou na estação
Encontrou Leandro Gomes
Entraram em conversação"
"Estava em Lagoa dos Carros,
O grande Chagas Batista,
Quando trouxeram-lhe à vista
Leandro Gomes de Barros,
que para comprar cigarros
tinha descido do trem (...)"
Foi um dos poucos poetas populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas.
Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor. Começou a escrever seus
folhetos em 1889, conforme ele mesmo conta nesta sextilha de A Mulher Roubada, publicada no Recife
em 1907:
Leitores peço-lhes desculpa
se a obra não for de agrado
Sou um poeta sem força
o tempo me tem estragado,
escrevo há 18 anos
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Tenho razão de estar cansado.
Caboclo entroncado, de bigode espesso, alegre, bom contador de anedotas: este é o retrato que dele faz
Câmara Cascudo em Vaqueiros e Cantadores. Casou-se com Venustiniana Eulália de Barros antes de
1889 e teve quatro filhos: Rachel Aleixo de Barros Lima, Erodildes (Didi), Julieta e Esaú Eloy, que seguiu a
carreira militar tendo participado da Coluna Prestes e da Revolução de 1924. De Leandro só possuímos
fotos de meio-busto e uma de corpo inteiro, que colocava em seus folhetos para provar a autoria de seus
versos; de sua família, o que ficou para a história foram os folhetos assinados com caligrafia caprichada,
sobretudo os de Rachel.
Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos
Drummond de Andrade o chamou de "Príncipe dos Poetas" e assinala:
"Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do
Brasil em estado puro". E diz mais: "Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios,
aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia,
falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do
real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião".
Mas não foi só Drummond, nosso poeta maior, que reconheceria em Leandro a majestade dos versos.
Em vida era tratado por seus colegas como o poeta do povo, o primeiro sem segundo (Athayde) e
verdadeiro Catulo da Paixão cearense daqueles ásperos rincões (Gustavo Barroso).
Após o seu falecimento, em 4 de março de 1918, no Recife, o poeta e editor João Martins de Ataíde, em
seu folheto A Pranteada Morte de Leandro Gomes de Barros, escreveu:
Poeta como Leandro
Inda o Brasil não criou
Por ser um dos escritores
Que mais livros registrou
Canções não se sabe quantas
Foram seiscentas e tanta
As obras que publicou.
FONTE → http :// www . casaruibarbosa . gov . br / cordel / leandro _ biografia . html #
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