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Encontrando o mar em triedro com Gui Oliva e Sylvia Cohin Encontro poético seguindo Leda Mello a partir de “Desabro” Num encontro poético sobre o “QUERER” Encontro poético entre mágica, magias e magos.... Série Conciso Sem Siso XXIV distribuindo o coração Vida-Vitrine em triedro com Gui Oliva e Cleide Canton Traduzindo Sylvia Cohin em “O traçado do destino” Traduzindo Caio Amaral em “Acredite” (natal 2006/2007) Na trilha do trem... encontrando Gui Oliva e Humberto Poeta Traduzindo Caio Amaral em “Que belo é” Traduzindo Caio Amaral em “Chuva de paixão” “Cantando a vida” em ciranda Catando versos Homenagem ao Dia da Poesia 2010 Na cadência dos trilhos Triedro: Manuel Jorge Monteiro de Lima, Joaquim Marques e Gui Oliva Vento Sudeste Encontro entre Odir (de passagem), Carmo Vasconcelos, Eugênio de Sá e Antônio Barros (Tiago) Encontro de poetas amigos numa tarde de domingo Tema: VOAR: Sylvia Cohin, Vera Mussi, E. Gonçalves, M. Milhazes, Lêda Mello, A.Cordeiro, ELCarreon, Gui Oliva, Eneisa) Vida: Sylvia Cohin com versão espanhol de Roseanna/Argentina e francês de Michèle/Brasil Fragmetos: Regina Coeli e Cleide Canton “Encontro de natal”: Eugênio de Sá, Luiz Poeta, J.J.Oliveira Gonçalves, Odir Milanez, Glória Marreiros, Antônio Barroso (Tiago) e Carolina Ramos

Encontros poéticos_26_dezembro_2013

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Encontrando o mar em triedro com Gui Oliva e Sylvia Cohin

Encontro poético seguindo Leda Mello a partir de “Desabro”

Num encontro poético sobre o “QUERER”

Encontro poético entre mágica, magias e magos....

Série Conciso Sem Siso XXIV – distribuindo o coração

Vida-Vitrine em triedro com Gui Oliva e Cleide Canton

Traduzindo Sylvia Cohin em “O traçado do destino”

Traduzindo Caio Amaral em “Acredite” (natal 2006/2007)

Na trilha do trem... encontrando Gui Oliva e Humberto – Poeta

Traduzindo Caio Amaral em “Que belo é”

Traduzindo Caio Amaral em “Chuva de paixão”

“Cantando a vida” em ciranda

Catando versos – Homenagem ao Dia da Poesia 2010

Na cadência dos trilhos – Triedro: Manuel Jorge Monteiro de Lima,

Joaquim Marques e Gui Oliva

Vento Sudeste – Encontro entre Odir (de passagem), Carmo Vasconcelos,

Eugênio de Sá e Antônio Barros (Tiago)

Encontro de poetas amigos numa tarde de domingo – Tema: VOAR:

Sylvia Cohin, Vera Mussi, E. Gonçalves, M. Milhazes, Lêda Mello,

A.Cordeiro, ELCarreon, Gui Oliva, Eneisa)

Vida: Sylvia Cohin com versão espanhol de Roseanna/Argentina e francês

de Michèle/Brasil

Fragmetos: Regina Coeli e Cleide Canton

“Encontro de natal”: Eugênio de Sá, Luiz Poeta, J.J.Oliveira Gonçalves,

Odir Milanez, Glória Marreiros, Antônio Barroso (Tiago) e Carolina

Ramos

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PO–E-MAR

Sylvia Cohin

Porto, 04.11.2007

vi o desenho na espuma

do vulto de uma sereia

fazendo verso na areia

de um poema que se esfuma

na fúria da maré cheia.

vi o mar enfurecido

a fustigar o rochedo;

entre as fendas do penedo,

vi um búzio recolhido

na concha com seu segredo...

vi meu barco impetuoso

enfrentando com braveza

o açoite da correnteza,

oscilante, mas teimoso,

a vencer sua proeza...

vi prantos boiando n‘água

e o mar engolir sedento

os gemidos de um lamento

molhando a franja da anágua

que reveste o pensamento.

vi o sonho flutuante

no horizonte condensado.

um farol iluminado,

Page 3: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

um apelo embriagante,

ao barqueiro extenuado.

vi também um pescador...

navegava alheio ao mar

entregue ao árduo labor

e a Netuno protetor,

ensimesmado, a remar

MEU-O-MAR

Gui Oliva

Santos,SP 13/11/07

meu o mar se apresenta

fugidio e arrogante

desatento e petulante

nem o sol mais o esquenta

insiste em maré vazante.

meu o mar só faz marola,

não explode mais na praia,

vai e vem só de tocaia

com onda a cantar parola,

paralisa minha catraia...

meu o mar secou luar

e a lua envergonhada

retirou-se acanhada

não podendo mergulhar

disse adeus encabulada

meu o mar espantou dunas

Page 4: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

lágrimas que são chorosas

ventos de areias penosas

a espraiarem em brumas

suas águas dolorosas

meu o mar já desbotou

perdeu o verde, o azul anil

descoloriu tom pueril

toda sua cor naufragou

assim, de mim, partiu sutil.

TEU–O-MAR

Michèle Christine

BH, BR nov/2007

teu mar adormeceu

a cor dos delírios,

o cheiro dos lírios,

os brilhos...

teu mar amanheceu

farrapos de festa,

pegadas na areia,

conchas dispersas...

teu mar faz volteios,

permeios e candeios,

roda-onda-pião...

Page 5: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

teu mar, um dia, sem alteios

quebra-se em ondas

no meu coração.

Início

Page 6: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

(1) DESABRO

Lêda Mello

Largo

ao sabor do vento

o que não foi levado a sério...

Talvez,

numa volta da vida,

o encontrem

... e já passou.

Arapiraca (AL), BRASIL

(2) O AMOR QUE A DOR SORRI

Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto de Barros Às 18 h e 35 min do dia 4 de maio de 2007 do Rio de Janeiro

Especialmente para os versos de Lêda Mello

Tu fechas tuas malas... guardas nelas

As tuas solidões... e foram tantas

Tão expressivas, tristes... não revelas

A dores que sofreste... meu Deus... quantas...

Tu jogas tuas flores... secas... queres

Que o vento as dissolva nas estradas;

O amor é muito estranho, não esperes

A paz... nas dores mais desesperadas.

O vôo é iminente, o céu... é lindo;

A fantasia surge e a dor...sorrindo

Page 7: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Parece te dizer que essa magia

De transformar tristeza em sedução

Repousa dentro do teu coração

E acorda quando encontra... a fantasia.

(3) RETENHO

Michèle Christine

Guardo

à luz das estrelas

o amor que virou enfado...

Num clarão qualquer,

da imortalidade,

o encontrem

... não passou, é saudade.

Belo Horizonte (MG)

29/04/2007

(4) DESABRO

Bernardino Matos

Gosto de sentir o vento,

para receber de frente,

alguém que se faz presente,

na verdade do lamento.

Por não sabermos ouvir,

esquecemos de viver,

e jamais vamos saber,

quem acaba de partir.

Fortaleza,30/04/07

(5) SOU POEMA

Page 8: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

® Roseli Busmair

Sou poema saindo d’uma aventura

Se vou ouvindo sons em seu regaço

De tanto calor, todinha me enlaço

E lá vagueio, aprisionada à cintura

Sou poema se ternas mãos me afagam

Ainda, estremecida ao calor do abraço,

Alço um vôo além por sobre todo espaço,

Planando aos ventos que me tragam

Sou poema muito triste se perdida

Entre as nuances indeléveis desta lida,

Sinto algo arredio ao nosso amor...

Sou poema de um alegre esplendor

Quando ao entrelaçar-me c’uma flor

Meu coração se lança e volta a vida!

PR_BR_Abril_2007

(6) DOR DE AMOR... Ciducha

Deitou-se no horizonte

num repouso ausente

quem um dia foi o meu querido;

seu sono de sombra

seu sono de luz

tão dolorido!

Seu sonho....talvez de amor!

No inverno,as forças tuas requeimam

Erguido e só no topo da vida

és a imagem do tempo que passou!

Os profundos e negros amargores

não tem luz,sol,sombras,

nem flores......

Apenas lágrimas e dores

Feliz de quem não sofre,nem as sente.

Page 9: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

É tão triste a dor destes amores

E sinto que me inundam derepente

negros rancores.....

Carregando comigo,

a dor e a saudade desse amor antigo!

02/05/2007.

Início

Page 10: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Gui Oliva

eu quero pouco...muito pouco

além de um amor louco,

eu quero um sorriso

dado de coração aberto,

eu quero um sono

sonho sereno,

Page 11: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

santificado...satisfeito,

então ele me desperta,

e faz-se verdadeiro,

eu quero a atenção

da palavra na hora certa,

eu quero a crítica

que me faça mais esperta

para erros não trilhar,

eu quero beijo de bom dia

para o meu dia clarear,

eu quero outro de boa noite

para espantar fantasma

que me açoite,

e para o sol dessa noite

fazer-me brilhar como estrela,

quero um bolero, uma valsa,

um tango dançar,

talvez eu queira

ser musa de um poema,

eu quero mãos deslizando

em carícias pelo meu corpo,

ai...acho que não quero

tão pouco...é muito o que desejo,

quero alguém que me ensine,

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para que eu possa,

aprender a amar.

Santos/SP - 04/10/06

Michèle Christine

eu quero muito mais, quero o direito e o avesso dos desejos,

experimentar muitos erros, quero tempestades sem zelos,

atenções distraídas, amores desprotegidos

e o deleite do vinho sabor vermelho-vivo.

Quero esgotar forças nos tangos lascivos

e beijos, muitos beijos sufocativos.

Quero o pecado do afago mais ousado,

o inteiro da hora, e a fração milésima do tempo logrado.

Quero som, quero música, quero notas

quero girar um solo em tempo cambalhota,

quero dançar a dimensão do movimento

e encolher-me, medrosa, no mistério de uma sonata ao vento.

Quero o tremor que faz vibrar a sinfonia

e das serenatas quero apenas a nostalgia.

Quero despir-me de vestes, de véus e de preceitos

e poupar-me de todos os conceitos.

Quero banhar-me nas frias cachoeiras,

e aventurar-me nas trilhas forasteiras,

quero caminhos, quero rios, mares e rochedos

e quero porto para todos os meus enredos.

Page 13: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Quero paz, insensatez e agonia,

quero noite, quero dia

quero ser, estar, ficar ou ir embora

quero a folia do agora.

Quero atentar verbos, credos, desenredos e medos

quero a paixão e todos seus segredos,

quero enloucar-me nos ecos da solidão

e adormecer ofegante nos braços da emoção.

Belo Horizonte/MG - 14/01/08

Carmo Vasconcelos

Não quero um amor constante

quero instante e paixão!

Um instinto animal

na entrega ocasional

que anseia por união...

União não programada

por isso mais desejada

ansiada por não tida

proibida, censurada

vestida cor de emoção

de preconceito despida

Quero esse tremer de mão

esse sussurro ofegante

esse desejo vibrante

pendente de aquietação...

O pensamento ardente

ansiando teu corpo quente

se entregando quase a medo

perdido em meu enredo

qual Julieta e Romeu

Tudo volúpia e segredo

romance ainda não lido

verso ainda não rimado

calvário não percorrido

teu desejo extenuado

Page 14: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

dentro em meu corpo vertido...

E nesse suor escorrido

pegajoso e molhado

correr meu corpo pelo teu

Quero chamar-te "querido"

em meu urgente chamado

por não ter-te sempre ao lado

como um móvel esquecido

e dizer-te "meu amor"

sussurrando ao teu ouvido...

Jamais ver-te arrefecido

por ser eu disco riscado

ou lareira sem calor

Quero este corpo que arde

pelo meu vício impune

enraivecer de ciúme

se não chegas ou vens tarde

para meus lábios beijar

com o teu beijo de lume...

Quero expiar meu castigo

na ânsia de estar contigo

ao ter de por ti esperar

Quero esse teu corpo-chão

alma-céu em poesia

macieza de colchão

doce cheiro a maresia...

Que importa a cama vazia

se nela ficas latente

na lembrança que não esquece

na memória viva e quente

no desejo que me aquece

Não quero rotas nem metas

quero esse amor vadio

chorado pelos fadistas

pintado pelos artistas

cantado pelos poetas

trazendo brilho de estrelas

entrando pelas janelas...

Vaticínio de profetas

acalento e arrepio

Não quero regras nem leis

amor firmado em papéis

em rabiscos abstractos

na frieza dos contratos...

Mas ler nesse amor um hino

que gritando o verbo amar

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faça explodir, rebentar

numa ansiedade cantante

o meu louco coração

Não quero um amor constante

quero instante e paixão!

Lisboa/Portugal/2005

Humberto -Poeta

Nem o mais e nem o menos,

sem sins ou nãos de somenos,

deve usar quem pouco erra.

Para enganos evitar,

diz a frase lapidar

que não se dê tanto ao mar,

e nem se dê tanto à terra..

Também quero alguém assim,

sem pejo nenhum de mim

e que ao extremo me excite!

Que me ame sem preconceito

na intimidade do leito,

pois o amor pra ser bem feito

não tem norma nem limite.

Mas que me ame de verdade,

com toda a sinceridade

Page 16: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

que um grande afeto requer.

sem laivos de vã parêmia,

sonho haurir dessa alma gêmea

nem tanto o ardor de uma fêmea,

mas o amor de uma mulher!

Eme Paiva

Não quero tanto seu beijo de boa noite

Quero essa sua mão atrevida

que me excita e convida

ao amor!

Quero o silêncio das teorias...

do conceito de certo e errado e destinto.

Quero ser laica... ser leiga...

Deixar levar-me o instinto...

Quero sua boca... sua língua...

o dialeto de seu gemido, saber!

Sim!

Não quero o som de seu salmo,

mas o rítmo de sua folia!...

Quero sua coreografia

em mim!

Page 17: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Quero sua manha... sua sanha

seu queixo...

sua barba que me arranha...

sua boca que em mim passeia

e me assanha

a mais não poder!

Quero seu tato em meus mapas

sem fronteiras,

meus montes, meus vales, minhas fontes,

descerrando as porteiras do meu recato,

seguindo destemido por minhas pontes,

meus rios, meus leitos...

deslizando do embalo de minhas corredeiras,

ao desatar de suas cascatas...

às radiâncias que, nos elevados mirantes,

se pode ver!!

Depois...

quero seu beijo de boa noite

e adormecer!

21.01.08

Rosenna

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¿Que es lo que yo quiero?..

quiero noches interminables

bailando contigo un tango

y quiero en su compás

desatar mi loca pasión.

Quiero soñar sin dormir

disfrutar de este...

nuestro amor prohibido,

sentír alegría en mi corazón...

que mi sueño no sea fantasía

y saborear tus besos con satisfacción.

¿Que es lo que yo quiero?..

quiero en tus brazos desfallecer,

embrujada sin importarme nada ,

de esta vida sólo quiero ¡tu querer!..

Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008

Que é o que eu quero?..

quero noites intermináveis

dançando contigo um tango

e quero no seu compasso

desatar minha louca paixão...

Quero sonhar sem dormir

desfrutar deste...

nosso amor proibido,

sentir alegria no meu coração...

que meu sonho não seja fantasia

e saborear teus beijos com satisfação.

Que é o que eu quero?..

quero nos teus braços desfalecer,

enfeitiçada sem me importar nada,

desta vida só quero teu querer!..

Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008

Lilia Machado

Eu quero assumir a culpa do beijo

Quero a culpa do desejo

Page 19: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Quero, neste ensejo,

Seus làbios benfazejos.

Quero a culpa da noite de lasciva

E, além de suas mãos atrevidas,

Quero você, sem limite, em minha vida!

Quero a culpa do seu gozo

Quero assumir, sem engodo,

Seus gemidos de prazer...

Quero lençóis amassados

Travesseiros jogados

E você extasiado!

Quero assumir seu cansaço

Quero apertar nossos laços

Numa noite só de amor!

Anna Peralva

A sinceridade assumida,

sem armaduras mascarando

os sentimentos.

Perder-me na loucura da paixão...

Saborear adocicados beijos,

saciar os desejos reprimidos

e represados...

Encontrar-me na serenidade do prazer,

Page 20: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

ser decifrada em prosa e verso,

revelar em meu reflexo

a pura emoção,

sem condições,

com rendições.

Ser livre e plena,

misteriosa e infinita.

Sem elos que me prendam

à opacidade da solidão.

Eu quero ser

uma semente intacta

a florescer no aconchego do abraço,

vivendo o amor sem barreiras

e sem limites.

Ser mulher de corpo e alma.

Tocar... Sentir...

Trocar de identidade

em momentos de rara intensidade.

Unir as metades,

sendo ao mesmo tempo:

ousada e tímida,

voraz e mansa

audaciosa e precavida

Page 21: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

casta e pecadora.

Sussurrar palavras que

não sejam esquecidas,

pois que nelas estarei contida,

irracional e incontida,

lúcida e consciente,

segura e presente.

Eu quero a vida por inteiro,

deixar marcas da minha passagem...

Não ser só uma imagem passageira,

já que doarei meu rastro de luz

nas estradas do corpo

onde hei de aportar

e levarei desse mundo

o que nele eu deixar.

Início

Page 22: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

MAGIA

Gui Oliva

Toda a magia da poesia se aconchega

na imensidão iluminada do Universo,

e sensíveis almas de poetas ali versejam

brilhando, estelares, os seus versos ...

MÁGICA

Michèle Christine

Nas noites mais prateadas

meu aconchego é ao céu aberto

onde tento encontrar

numa estrela iluminada,

os meus sonhos dispersos.

Page 23: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

E os poetas, no seu alento amoroso

arrimam os sonhos da gente

que se encaixam em nossa alma ansiosa

em feitio de rimas, prosas e versos.

MAGOS

Sylvia Cohin

Faces ocultas, sérios, encapuzados pelo manto de mistérios,

dedilham rimas para os seus fonemas.

E dessa forma, com tal maestria,

criam poemas plenos de alquimia!

Porto, 16.12.2007

MAGIA

Anna Peralva

Na face encoberta,

um entrelace de emoções

em sutis disfarces...

Sonhos ocultos aprisionados

nos vultos das sensações...

O verbo se inquieta

Page 24: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

e conjuga a magia

das palavras certas!

Alquimia?...

Ali nasce o poeta!

Em lavas de inspirações

numa alma sem embaraces,

um visionário desperta!

16/12/2007-RJ

MAGIA

Carmo Vasconcelos

Magia é extrair da tinta escura

duma pena esquecida e inerte

a mágica e alquímica mistura

das claras essências que a alma verte

É astros inventar na escuridão

Desenhar sóis em papiros sem cor

Vestir de letras-luz a inspiração

Com um poema nu fazer amor

17/12/2007

Lisboa, 1.55 horas, 6º de temperatura

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MAGOS

Humberto - Poeta

Devotos dos Merlins e das Morganas,

edificando em sonho astrais nirvanas,

fazem da rima um rico florilégio.

Só aos poetas Deus doou a primazia

de extrair do vernáculo a magia

e da mente o poema que extasia,

qual se fosse bruxedo ou sortilégio!

MAGIA

Marise Ribeiro

Nas entrelinhas do devaneio

o poeta cria a vida e a morte,

pinta a coragem e o receio,

e nem se preocupa com a sorte...

É mágico, músico e amante,

fazendo de tudo um pouco...

E nesse sonho tão delirante

o poeta é sempre um louco...

Verseja, grita, esbraveja...

Page 26: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Vê estrelas até na escuridão,

e toda a magia que almeja

é a de enfeitiçar um coração ...

18/12/07

Início

Page 27: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

SÉRIE CONCISO SEM SISO XXIV

-1-

RIFO O MEU

Gui Oliva

Rifa-se um coração aguado pois,

cercado de água, o danado,

parece verter contidas lágrimas

no interior, que se acumulam,

e assim resistem à exposição.

Chora então,

esse desalentado solitário,

chora por dentro,

no circundante pericárdio

mas, o choroso nessa situação

é mesmo sozinho o coração!

Santos/SP 04/06/07

-2-

RIFE NÃO!

Fala Syl

Rife não! Mesmo alagado

tens no peito um mar de amor

que desse jeito aluado

palpita tanto calor!

Page 28: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

-3-

RIFE SIM!

Eliane Couto Triska

E a poesia a arrematar-lhe inteiro,

Num desfecho, para ele, inusitado.

Ó coração, devoto e soldadeiro,

Para sempre lhe será fiel escravo.

Canoas, junho, 2009/RS

-4-

DÊ!

Michèle Christine

Dê o teu coração aos teus amigos

Alagado ou escravo é abrigo,

pericárdio onde o amor está prescrito

e lugar onde cabe o infinito.

Belo Horizonte, junho/2009

-5-

RIFE SIM

Vera Mussi

Há na vida do "coração sozinho"

Muitas vidas e intensa emoção...

Resta pois,

Rifar tamanha ilusão!

A seguir, depois...

Resolver a situação

Escolher o melhor caminho...

Entre os dois :

O da velha razão

Em evidente exposição !

-6-

DOE!

Anna Peralva

Não rife a fascinação que lá existe,

a luz do sentimento lhe traz

inspiração,

o sonhar do amar sempre insiste

em outra alma afim encontrar!

Alagado ou não, é um nobre coração

que palpita e sopra versos de amor.

Doe! Tem sempre um alguém

solitário

que suas lágrimas haverá de secar!

RJ - 12/06/2009

-7-

CORAÇÃO RIFADO

Maria Luiza Bonini

-8-

REPARTA

Marly Caldas

Page 29: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Meu coração rifado

Teve como num sonho

Meu amor, premiado

Indulgente ganho

Meu coração agora te pertence

ainda que já a ti havia doado

No meu legado a vida

Lá deixei gravado

Quis a sorte ser amiga

Simplesmente outorgada

Pelo que foi escrito

É teu meu coração

Agora, por ato sacramentado

Por que rifar?

Ele é tão valioso

E tantos dele precisam

inclusive você

Então por que rifar?

Dê um pedacinho prá quem precisa

Tanta gente sem amor

E você com esse coração transbordando

Pense só quanta felicidade distribuirá

Então amiga mude de intenção

Reparta seu coração

E se verá envolvida de muita gratidão....

R.J.-12/06/09

-9-

SIM, RIFE!

Eme Paiva

Preciso é, que venha a poesia,

arrematar os seus dons alados...

Que o sol lírico do amor

Faça arco-íris, sobre esse peito,

assim magoado...

Verá, então, que não está sozinho,

pois vem o carinho,

morar ao seu lado!

E a Poesia, quando o arrebatar,

o declarará sempre ocupado!

-10-

EU COMPRO!

Marise Ribeiro

Se o seu coração vem com amor,

acessório essencial à vida

Se o seu coração é amigo

e não usa de enganosas artimanhas

Se o seu coração tem fé

e não teme o dia de amanhã

Se o seu coração se compadece

com um irmão que adoece...

Eu compro!

Há sempre um coração farsante

Page 30: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Precisando de um transplante!

13/06/09

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Page 31: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

VIDA VITRINE

Gui Oliva

Por que será? quase um atavismo,

quando a melancolia inaugura espaço,

a fuga desenfreada do realismo da vida,

procura por um outro rol de fantasia.

Por que será? necessário cumprir ritual,

extenuar-se pelas escadarias da galeria

transpor alamedas de granito e alvenaria,

mais um dia a rolar um silêncio abissal.

Por que será? só com o olhar já se compraz,

mirar manequins de gesso vestidos, moda verão

virá ver o que entrou em liquidação no magazine.

Page 32: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Por que será? e como será que está sendo capaz

de esquecer, abandonar a abulia de tamanha ilusão,

como se a vida passasse, incólume, pela sua vitrine.

Santos/SP 24/10/07

PAINEL

Cleide Canton

Exposta a olhos puros, condensada,

evocando o passado no presente

descortina a lembrança mais ousada

que se mostra sempre viva, latente.

Sem reparos, desnuda inconseqüências,

erros muitos, acertos, tentativas,

buscas tantas perdidas em pendências

ocultas em respostas evasivas.

No painel cada passo é registrado,

cada cena, cada ato inacabado,

cada tempo a seu tempo respeitado.

Intensa, sem rodeios conta a vida

cada feito, cada fase esquecida

no momento final, de despedida.

SP, 26/10/2007

14:00 horas

Page 33: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

VITRINE-PEREGRINE

Michèle Christine

Confesso a minha vida-vitrine

Imersa entre fugas e suedines,

para que a rotina não se amofine

e os avessos não me contaminem.

Descortino assim na fantasia

os meus mais cansados desalentos

nos melhores pensamentos

de magia, alegoria e calmaria.

Um ritual que cansa e faz trança

entre alívio e tapeação.

Pode ser abulia ou dissimulação,

mas constante aliviação.

Vida não pode ser vitrine toda vida,

mas vitrine pode até virar guarida

quando se está ferida.

Vida-vitrine.

Vitrine-peregrine.

Pelerine da minha solidão.

01/11/2007

(reedição 2008)

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Page 34: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

La Trace du Destin

Sylvia Cohin le 19, février, 2007

Traduction: Michèle Christine

Pour Rogério, in memoriam

Pour João Hélio, in memoriam

Soudain,

Rien qu’en un instant,

la ville pleure en un sanglot

qui s'éparpille dans l'éther,

et contamine la nation...

Entre l'horreur et le désespoir

le peuple triste et terrassé

pleure et demande le clémence,

étourdi, inconsolable...

Soudain,

Rien qu’en un instant,

se forme un long cordon

hommes, femmes, passants,

dans un geste immense,

se rapprochent doucement

et leurs larmes vont arroser...

le sol où gît la semence...

Soudain,

Rien qu’en un instant,

Entièrement contenues dans la main

la ville,

Page 35: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

la foule,

et la nation...

Le Temps a cessé d'avoir

la dimension attendue

par des causes qui ne se voient pas

et la vie s’est arrêtée,

et le Temps fou à courir...

Soudain,

Rien qu’en un instant,

il se dit ici et là,

qu'une lumière a brillé dans le ciel

à la Terre a descendu et est repartie,

aussi rapidement qu'elle est arrivé...

Mais c'est sur qu’elle a suivi

la Trace du Destin

en laissant pour ceux qui restent,

les empreintes de pas d'un garçon...

Ce poème, originalement offert au Garçon Rogério, qui est si

tôt parti, a été dédié aussi au Citoyen Brésilien João Hélio,

qui quelques jours ensuite nous a été arraché. Ce fait a déterminé

l'édition de ce poème et le changement de posture de la Poésie qui au

delà du cri d'amour et de douleur, est aussi une véhémente protestation

que nous laissons 'dans l'éther 'de la mémoire de la Vie.

Je transcris au-dessous les mots généreux de la "Tante Eme" :

« ...Je trouve que, si tu voulais, tu pourrait le consacrer, in

memoriam, aussi à João, puisque le poème, est totalement cohérent

et actuel, envers ce qui s’est passé... »

Avec les remerciements à l'amie Soninha Valle qui, affectueusement,

a offert le formatage du dessin.

L'auteur, Sylvia Cohin

Page 36: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

dans le 19, février, 2007 (date de publication)

O Traçado do Destino

Sylvia Cohin

19.02.2007

Para Rogério, in memoriam

Para João Hélio, in memoriam

De repente,

não mais que num instante,

chora a cidade um pranto

que se espalha pelo éter,

e contamina a nação...

Entre o horror e o desespero

o povo triste e aterrado

chora e pede por clemência,

aturdido, inconformado...

De repente,

não mais que num instante,

forma-se um longo cordão

homens, mulheres, passantes,

num gesto de imensidão,

se aproximam docemente

e seu pranto vai regando

o chão daquela semente...

De repente,

não mais que num instante,

coube todinha na mão,

a cidade,

a multidão,

e a nação...

O Tempo deixou de ter

a dimensão esperada

por causas que não se vê

e a vida ficou parada,

e o Tempo louco a correr...

De repente,

não mais que num instante,

conta-se por aí,

que uma luz brilhou no céu

desceu à Terra e partiu,

tão veloz quanto chegou...

Mas é certo que seguiu

o Traçado do Destino

deixando pra quem ficou,

Page 37: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

as pegadas de um menino...

Este poema, originalmente ofertado ao Menino Rogério, que tão cedo

partiu,

foi estendido também ao Cidadão Brasileiro João Hélio, que dias depois

foi arrancado de nós. Este fato determinou a edição deste poema e a

mudança de postura da Poesia que além de grito de amor e dor, é

também

de veemente protesto que deixamos 'no éter' da memória da Vida.

Transcrevo abaixo as palavras generosas da "Tia Eme":

"...Acho até que, se você quisesse, poderia dedicá-lo, in memoriam,

também ao João, que ele, o poema, está totalmente

coerente e atual, para com o ocorrido..."

Com os agradecimentos à amiga SoninhaValle que carinhosamente.

se prontificou a oferecer o formato.

A autora, Sylvia Cohin

em 19.02.2007 (data de publicação)

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Page 38: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Acredite na...

Paz da Terra

Natureza e no seu equilíbrio

Energia do Universo

Força da mente

Fé e na perseverança

Paixão e o seu poder

Maravilha do amor

Infinita bondade de DEUS

Que viverá mais e muito melhor!

Croyez...

Caio Amaral

(traduction: Michèle Christine)

À la paix sur la Terre

Page 39: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

À la nature et son équilibre

À l'énergie de l'Univers

À la force de l'esprit

À la foi et à la persévérance

À la passion et son pouvoir

À la beauté de l'amour

À l'infinie bonté de DIEU

Ainsi vous allez vivre plus et beaucoup

mieux!

Crea!

Caio Amaral

(traducción by Betty)

Paz de la Tierra

En la naturaleza y su equilibrio

Energia del universo

Fuerza de la mente

Fe y la perseverancia

Pasion y su poder

Maravilla del amor

Infinita bondad de Dios

Que viverá mas y mucho mejor!

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Page 40: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Trilha Trem

Gui Oliva

Em cada compasso eu sentia um nó

que desatinava a me fazer sonhar,

cada minuto era um e não o queria só

sem você daí, no galanteio, a cortejar.

Nesta toada lágrima não deveria vir mas vem,

se, ao contrário, o riso é solto, a alma trilha

por aqueles trilhos de um certo trem,

trenzinho do caipira, dedilha mestre Villa.

E rodeio assim nesse volteio,

rodopio, cantarolando um estribilho

do vem não vai imaginei o desafio,

será que você chegaria de afogadilho?

Page 41: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

mas... locomotiva Maria Fumaça apitou partida

e o anunciado, foi de voz doída,

partiu comboio da estação da vida,

devagarzinho,

meu olhar perdeu-se e lágrima escapou,

e foi o trem se afastando de mansinho,

nem reparou... entristeci...

porque você se atrasou!

Santos/SP 13/02/08

O Trem de Ferro

Humberto - Poeta

O trem na estação dá o berro

e os nossos bilhetes marco;

num ruidoso trem de ferro

com meu amor eu embarco.

Bem juntinhos eu e ela

começamos a viagem;

vira um cinema a janela

que vai filmando a paisagem!

E mais tarde, ao restaurante,

eu a levo pela mão

comer algo estimulante

para o corpo e o coração.

Até num trem bem simplório

há momentos de esplendor,

Page 42: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

pois no vagão-dormitório

recrudesce o nosso amor!

Para o casal que se afina,

que se ama e se quer bem,

pro amor não virar rotina,

bom mesmo é viajar de trem!

Recado Poético

Michèle Christine

No trem de uma nova trilha

o amor não te fará armadilha.

Encontrarás o teu laço no espaço

aberto de uma janela.

Não esperes, não tenhas cautela.

Atrelas o laço ao teu abraço,

deixa-o entrar.

Por certo, confesso,

a felicidade na tua vida

fará guarida.

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Page 43: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Que belo é!

Caio Amaral

A aurora de um novo dia

O som do vento nas planícies

O renascer de uma esperança

Planar nas asas da paz interior

O encanto e a beleza do céu azul

A força da paixão e o poder do amor

A leveza de uma canção de Beethoven

O brilho da lua e a luz que irradia o sol

O silêncio de uma serena noite de verão

A calma da criança que dorme ao colo da mãe

O canto dos pássaros nas tardes de primavera

O suave embalo de uma onda na calma do mar

O tenro ato de flutuar em nuvens de carinho e amor

Ouvir a palavra: TE AMO!

Comment c'est beau !

Page 44: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Caio Amaral

(traduction par Michèle Christine)

L’aube d'un nouveau jour

Le bruit du vent dans les plaines

La renaissance d'un espoir

Glisser dans les ailes de la paix intérieure

La merveille d’un ciel bleu

La force d’une passion et le pouvoir de l'amour

La légère musique de Beethoven

La luminosité de la lune et la lumière qui rayonne le soleil

Le silence d'une rafraîchissante nuit d'été

La calme de l'enfant qui dort sur les bras de sa mère

Le chant des oiseaux aux après-midi du printemps

Le doux bercement d'une vague dans la mer

Le tendre acte de flotter dans les nuages de tendresse et de l´amour

Écouter le mot : JE T'AIME!

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Page 45: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

CHUVA DE PAIXÃO

Caio Amaral

Saudade que morre no encanto de uma paixão

Desce como granizo em forma de carinho

É chuva de prata com raios de amor

Irrompe sob a beleza do arco-íris

Se eleva na beleza do sol em pleno verão

Resplandece em mares de uma doce ilusão

PLUIE DE PASSION

Caio Amaral

(Traduction par Michèle Christine)

Nostalgie qui meurt dans l'enchantement d'une passion

Page 46: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Tombe comme grêle dans une forme d'affection

C'est une pluie d'argent avec rayons d'amour

Éclate sous la beauté de l'arc-en-ciel

S'élève dans la beauté du soleil en plein été

Et brille dans les mers d’une douce illusion

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Page 47: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

CANTANDO A VIDA em ciranda

*******

"A vida é uma sucessão de momentos,

Um contínuo ir e vir,

Uma estação de chegadas e partidas,

Um misto de tristezas e contentamentos."

Alceu Costa

*******

“A vida tem momentos de brisa calma e serena,

em outros apresenta-se como um dilúvio,

mas sei que só a vivo assim mais plena,

quando faço da Poesia meu refúgio.”

Gui Oliva

*******

“A vida é um tango choroso e delirante,

preciso, corajoso, serpenteante,

é conjunto, é ardência e suavidade,

também paixão, beleza, vinho e saudade.”

Michèle Christine

*******

“A vida é perfeita composição divina,

Page 48: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

uma canção em suave melodia,

paz no gorjeio da ave que livre trina

e na leveza do ser em luz, pura estesia!”

Anna Peralva

*******

“A vida é a verdade e o grande ensinamento,

Que indica o caminho certo para união.

A direção exata para chegar ao Criador,

ponte de aprendizagem para nossa valorização.”

José Ernesto Ferraresso

*******

“A vida é um presente do criador,

é a ponte que liga nossos pensamentos,

mostrando o caminho da verdade e do amor.

Viver com sabedoria é um bálsamo tranquilizador.”

faffi/Silvia Giovatto

*******

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Page 49: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

PROJETO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas... refinamentos...

- não!

Nada disso encontrarás aqui.

Um poema não é para te distraíres

como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.

Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe

Um poema não é também quando paras no fim,

porque um verdadeiro poema continua sempre...

Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte

não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

(Mário Quintana)

Page 50: Encontros poéticos_26_dezembro_2013
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Na cadência dos trilhos

Aniversariante

Manuel Jorge Monteiro de Lima

Há sessenta e nove anos, colocado

Num trem que correu vertiginoso,

E eu cada vez mais vagaroso

A olhar pelas janelas, o passado.

Page 54: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Lá fora, tudo passa sem parar,

quão velozes são minhas lembranças

a par das minhas tantas esperanças

que imagino, divagando a sonhar.

Sentado no vagão, as arvores passam

Elas que correm de volta ao passado,

Eu sigo em frente, um pouco confiado

Nas sortes do destino, que me cassam.

Do meu trem, vejo o caos se esvaindo

As intempéries abraçando a confusão

Eu, num fingimento de doce alienação

Sigo no trem, sentado, cantando e rindo.

TREM DA VIDA

© Joaquim Marques

Somos levados em alta velocidade...

Page 55: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

P'lo trem da vida em que todos viajamos

Partimos da estação da mocidade...

E a esta, alguma vez, jamais voltamos.

O trem vai correndo a toda a brida

Os olhos se deliciam na paisagem

Não pára em estações; não há saída

Pois é direto o curso da viagem...

Enquanto viajamos podemos contar

As estações por onde o trem passa...

Em velocidade louca sem nunca parar.

Um túnel escuro, muda a paisagem!

Uma luz ao fundo, lentamente, grassa...

Estação de chegada... E fim de viagem!...

PORTUGAL

23-3-2010

Trem que vem e não volta

Gui Oliva

Page 56: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Embarquei nesse trem da vida

de início eram trajetos de trilhos calmos,

tudo era alegria, folia na trilha seguida

corria célere a fazer-me crescer a palmos.

Atravessou túneis que pareciam sem saída

e parou nas estações e seus percalços,

apitava cruel quando a partida era doída,

reagia minh´alma leve e de pés descalços.

Esse trem trilhou caminhos, enfrentou desvios

anda agora em batente de trilho mais cadenciado,

não deixa passageira sofrer quenturas ou calafrios,

trem que chega e não volta ao trilhado no passado.

Santos/Brasil

31/03/2010

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Page 57: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

VENTO SUDESTE (Em décimas sujeitas a mote)

Odir, de passagem; Carmo Vasconcelos; Eugénio de Sá, António Barroso (Tiago)

O mote:

"Do vento do sudeste algum recado

perdido na distância inatingível."

VENTO SUDESTE Odir, de passagem

Escuto o vento enquanto a noite tenta fazer-se fria e me afastar do mundo

feito todo de mar, de um mar profundo que rasteia no raso, em vaga lenta. E o vento inventa sons, e me atenta

Page 58: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

com uma voz de mulher, quase inaudível, provinda de além-mar, que faço crível

mesmo que saiba ser desordenado do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível..

Escuto o vento, enquanto a noite alerta

o lucilante das estrelas guias, enquanto o mar me embala fantasias,

enquanto a musa dentro em mim desperta. Noite sem lua, lúbrica, deserta

nos excertos do tempo irredutível, a me falar de amor quase impossível, muito embora eu já tenha descartado

do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.

Escuto a voz do vento, que apregoa d’outros mares cantigas amorosas

lembrando versos meus, antigas prosas que à minha musa dediquei à toa.

E escuto-lhe a voz, que ainda ecoa numa estória de adeus inconcebível

um adeus definito, irrecorrível, ainda que ouvir me seja dado

do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.

***

J.Pessoa – 18/Fev/2011

VENTO SUDESTE Carmo Vasconcelos

Enquanto em seus murmúrios canta a noite,

e, impudica, a lua despe prós amantes seus ternos raios de luz, acariciantes,

fustiga-me a tua ausência como açoite. Não há lua nem estrela que me acoite

esta dor da saudade inextinguível, este insano querer-te, irreprimível;

e espero, em desespero tresloucado, do vento do sudeste algum recado

perdido na distância inatingível.

Mas o vento que sopra vem do Norte,

Page 59: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

dessas paragens, surdas à tua voz, e assim, o vento oposto deixa a sós quem triste desespera nesta sorte.

E nessa angústia negra, cor da morte, sabendo desse amor inacessível,

mas entregue à paixão irrestringível, ainda peço, num pranto derramado, do vento do sudeste algum recado,

perdido na distância inatingível.

Sons débeis que me alcançam, chegam vagos, ambíguos - que me iludem, promissores;

são versos encantando mil amores, mas que minh'alma toma por afagos.

Do cacho que desejo, escassos bagos, vinho breve pra sede inexaurível!

Mas... pese, embora, o longe intransponível, recorro a Deus pra não me ser negado

do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.

***

Lisboa/Portugal - 20/Fevº/2011

VENTOS E BRISAS Eugénio de Sá

Foi um lamento da brisa que passou O que se ouviu gemer pla ramaria

Contando de um amor que se extinguia Chorando nessa dor quem mais amou.

Que sempre o vento ouve quem chamou E os sentimentos de quem lhe é sensível Que ouviu as preces de um povo imbatível

Que rezava pra ver o pano enfunado Do vento do sudeste algum recado

Perdido na distância inatingível.

Se a tempestade a alma nos assola E o turbilhão d’Eolo é bravo e pavoroso

Mais sentimos no peito o êxtase amoroso E mais ao seu abrigo a gente se consola

Com um bom vinho e o som de uma vitrola Partilhados com um amor irreprimível

Page 60: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

D'alguém que ora nos é imprescindível E espera connosco o sopro abençoado

Do vento do sudeste algum recado Perdido na distância inatingível.

É de bonança o dia, amaina o vento, Mas o amor que partilhámos não perdura

E um espanto nos enche d'amargura Num espírito apostado em cismar lento.

Pois quem nos soube amar, nos deu alento, Levou consigo esse sonho impossível E ficamos suspensos de dor indizível

Voltando a ouvir na voz do nosso fado, Do vento do sudeste algum recado

Perdido na distância inatingível.

*** Bogotá – 24/Fevº/2011

VENTO SUDESTE

António Barroso (Tiago)

O vento que me esfria o rosto quente e que faz ondular campos de flores,

transporta, no seu dorso, mais odores que aqueles que eu aspiro, livremente.

Minha alma, inebriada, logo sente quando chega, todo ufano e aprazível,

com um ar tão risonho e tão visível, que eu espero tenso, ansioso e apressado,

do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.

Se o vento se transforma em tempestade,

eu penso como é belo ser só brisa que faz uma carícia, se é precisa,

e afaga meu corpo, com suavidade. Mas, em toda a tormenta, a novidade

na voz do seu rugir indiscutível, é saber que, de longe, inda é possível

receber, por correio improvisado, do vento do sudeste algum recado

perdido na distância inatingível.

Page 61: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Se o vento sossegar os seus furores,

eu ficarei esperando ouvir cantar as musas, em sonatas de encantar,

que o vento, quando amaina, traz amores que se colam nos beijos, com sabores

ao mel colhido em colmeia invisível que, para amantes se torna acessível. E eu continuo esperando, enamorado,

do vento do sudeste algum recado perdido na distância inatingível.

***

Parede – Portugal (24-02-2011)

]

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Page 62: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Encontro de Poetas Amigos numa tarde de domingo.

Tema: Voar

"Papillons"

na liberdade das asas a vertigem do voo... na brisa... o rumo

no tempo... o semáforo na crisálida, a marca de largada...

no infinito a promessa de chegada?

no relógio... o recado dos ponteiros.

C’est la vie!...

Sylvia Cohin

Domingo de um tempo de voo Porto, 29.04.2007

C’est la vie

Meu coração se nega a voar ... Só deseja amar o voo livre !

Para onde voar? ... ainda não conheço a direção !!!

Ah! o tempo dos relógios ...

Page 63: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

guardado em outro coração !!!

O tempo marca os minutos. Na madrugada perde o sono ...

Entra nos sonhos, minutos e segundos ... Todos os dias e longas noites !

Pensando no amor que não perdeu o espaço... Por que o eterno pernoite?

Por quê? Onde se escondeu o abraço?

Faltou a asa dupla da crisálida esquecida no infinito...

Abandonada... A grande liberdade! A grande largada...

A grande chegada !!!

C’est ma vie !!

Vera Mussi Num Domingo em São Paulo

29.04.2007

Metamorfose

Dentro do meu casulo Vivo a transformação Sem contemplar a luz

Aguardo... Sem pressa vou evoluindo

Crescendo e me esforçando Espero o fluído de Deus Um sinal de liberdade

Nesse esforço Me transformo Borboletando

Amando Busco a felicidade

Num voo de esperança Colorindo a vida

Enfeitando os sonhos Transformando

A dor Em amor!

Eliane Gonçalves

Page 64: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Metamorfose

Quem serei afinal, eu? Começar a andar sem mim

Coisa estranha adestrador mágico das normas

Cadê minhas formas? Nasci diferente

temente, cheia de pernas Cadê minhas antenas?

Nem sabia, apenas me escorria Pelas folhas, pelos galhos

desajeitada, até desrespeitada Lenta

Horizonte e ar pelas minhas preces

nem pensar em voar

Magia de casulo, mãos do criador

véu de seda, cores a amostra pêndulo fumegante

Final de espera, surpresa, quimera!!! Eu, alada?

Buliçosa, em água de orvalho nas manhãs frescas

da Primavera, flores e universo Em todos os lugares Eterno lepidóptero.

Marcos Milhazes

"Borboletas"

Há que se compreender a beleza e o mistério

da metamorfose. Não há o que se perguntar.

Há o que se ver e sentir, voo por voo,

até que se cumpra o tempo.

Lêda Mello Numa nostálgica tarde de domingo...

Arapiraca(AL) - Brasil, 29.04.2007

Page 65: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Devaneios sem pé nem cabeça.

E muito menos asas. Minha asa tá meio quebrada,

Meu coração agitado e minha barriga reclamando que já passa das 2 horas.

Meu time entra em campo daqui a pouco Esta canção me deixa triste e com vontade de voar Estou com vontade de escrever um conto erótico

e de comer peixe daqui a pouco no quilo da esquina. Tem uma montanha de livros pra organizar

e transformar em tijolos. Ontem, conversei com uma mulher extraordinária.

Mas perdi uma asa no caminho e a outra está quebrada. Perdi os caminhos das paixões em algum botequim no meio da estrada.

O que me ocorre são sonhos nas madrugadas sem fim e nos dias sem sol.

Alguém me lembra que sonho que se sonha junto é realidade. Mas, como sonhar juntos se meus sonhos não têm pé nem cabeça?

Ou apenas lembram cidades que não existem ou rios que não têm fim?

Não sei voar. Apenas caminho até o restaurante a quilo. O que eu quero dizer com isso?

Se eu soubesse, não escreveria. Estaria vivendo o voo. Voo não se escreve. Voo se vive.

Menino, larga esse livro do Fernando Pessoa, que a comida tá esfriando.

Eta, nós...

Vou até o restaurante, que o peixe está frito e aumentando minha fome.

Aldo Cordeiro Aldo, o faminto

Rio de Janeiro, 29. 04.2007

Voar

Voar, privilégio das almas... Então voe alma minha,

vá para o infinito, onde ficam as estrelas...

E deixe-as salpicarem com seu brilho a esperança e claridade,

para que eu alcance a felicidade, reencontrando meu amor...

Voe alma minha... Sem pressa de voltar...

Page 66: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

quem sabe, junto às estrelas, poderá encontrar, entre as mais brilhantes,

a luz da minha vida, que em uma triste despedida,

o infinito foi buscar, pra de presente me dar... E resolveu por lá ficar...

E com sua luz brilhante e inconfundível... O céu ajuda clarear...

Mas o infinito tem milhares de estrelas... Diga que volte, ou que venha me buscar...

para juntos podermos voar...

Edna Liany Carreon 29.04. 2007

Ser borboleta para amar

quero voar já passei

fase de larva mas... mira

com a atenção dessa lupa do olhar

embora o tempo

passe rápido, ainda

vivo pupa... quero

polinizar amores, seco e estico

as asas porém crisálida,

ainda não aprendi voar...

fico, assim, impedida de amar

Gui Oliva

Numa segunda de sol em Santos 30/04/07

Page 67: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

VOAR Eneisa

Quem me dera, sair... pode voar,

Como um pássaro gigante. Ir para os ares...Poder sonhar

ver de cima tudo, logo ali e tão distante Poder sonhar...com esse mundo vendo-o lindo e puro.

Ah, se eu pudesse!... Voaria...Sentiria, a tão sonhada felicidade!

Ter você, meu amor, para sempre... Ah, se eu pudesse voar...

Sentir-me leve, leve com pluma. Para alcançar você, no soprar da luz

Tal uma divindade tão distante que estás de mim,

Sensual e provocante, me rende e me seduz...

Nos amaríamos tão plenamente, Em nuvens de êxtase,

nos teríamos eternamente... Seriamos um só! Sonhar, voar, amar...juntos!

Quero você comigo, Vamos, meu amor, do voo ao sonho...

Venha para mim, eu te acolho neste passeio ao infinito Porque eu o amo muito.

Eternamente, completa que sou, tão e somente,

Voando com você, meu grande amor...

Page 68: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Vida... vida vida minha

Castelo de verdades, etérea fantasia

Vida, vida minha ardor e utopia,

crença permanente urgente fugidia

Vida a girar carrossel

Minha vida, tanto sentir, quanto amar...

Curso trepidante,

sereno,

Page 69: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

áspero... intrigante pleno

estigmas, enigma

Vida que escorre e passa, água de rio

sinuoso turvo, caudaloso Vida apressada,

viagem... escalada

Fica!

Não ouses fugir. Fica.

Preciso de ti. Falta escrever o pedaço

da Vida que não vivi.

Sylvia Cohin (Brasil, 2003)

Portugal, 26.08.2007

Versão Espanhol: Rosenna/Argentina

Vida... vida mi vida

Castillo de verdades, etérea fantasía

Vida, mi vida

ardor y utopía, creencia permanente

urgente fugitiva

Vida girando

como carrusel Mi vida,

tanto sentír, cuanto amor...

Curso trepidante, sereno,

áspero... intrigante pleno

estigmas, enigma

Page 70: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Vida que escurre y pasa, agua de río

sinuoso turbio, caudaloso Vida apresurada, viaje... escalada

Quédate!

No oses huír.

Quédate. Preciso de tí.

Falta escribir el pedazo de la Vida que no viví.

Sylvia Cohin (Brasil, 2003)

Portugal, 26.08.2007

Versão Francês: Michèle/Brasil

La vie ... la vie ma vie

Château des vérités fantaisie éthérée

La vie, ma vie

ardeur et utopie croyance permanente

fugitive urgente

La vie qui se tourne comme un carrousel

Ma vie autant que sentir et aimer...

Le cours passionnant

serein, Rugueux ... intrigante

plein stigmates, énigme

Page 71: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

La vie qui flux et se passe, eau d'une rivière

sinueux est trouble et se fait rage

Vie pressée, voyages... escalade

Reste là !

Ne t’avise pas de s'enfuir.

Reste là !. J'ai besoin de toi.

Donne la pièce manquante De ma vie que je n'ai pas vécu.

Sylvia Cohin (Brésil, 2003)

Portugal, 26.08.2007

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Page 72: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

Amigos Pares

Amigos leitores

Amigos simplesmente

O prazer a que nos leva a escrita, a criação, não se confunde com o prazer da

leitura.

O primeiro, onde cada qual se esmera para produzir o melhor,

é um parto onde a espera provoca uma ansiedade maior,

uma preocupação com o resultado que compense

e que se possa dizer: Brotou!

O prazer da leitura é aquele que sentimos ao receber um presente

que pode ser grande, pequeno ou mesmo nenhum,

dependendo do gosto de cada leitor.

Agradar não é tarefa fácil e o criador de qualquer obra sabe muito bem disso,

apesar do seu esmero e da sua dedicação.

Regina Coeli e eu

encontramos muito prazer em escrever em parceria

e vibramos quando podemos dizer:

Brotou!

E brotou "Fragmentos",

uma troca de visões diferentes, mas convergentes.

Hoje estamos dando um laço

Page 73: Encontros poéticos_26_dezembro_2013

no presente que oferecemos a vocês

com muito carinho e sem pretensão alguma,

a não ser a "vontade" de agradá-los,

antecipadamente agradecendo a sua leitura.

Regina Coeli e Cleide Canton

Setembro de 2013

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FRAGMENTOS

Regina Coeli

Não mais que de repente aconteceu

e aquele olhar brilhou intensamente

e o meu sonhou ainda reticente

ganhar pra compensar o que perdeu...

Se tantas emoções em apogeu,

o peito agora nega o qu'inda sente

e agarra-se à verdade do que mente

e diz ser claridade o que é um breu...

Tranquem-se as bocas tolas e vazias

e o pranto sequem, olhos sonhadores,

que os pés farejam ilusões baldias...

O que é amar, senão sorrir em dores,

acreditar são bênçãos agonias

que explodem em ilusórias lindas flores?

Rio, 19 de fevereiro de 2011

Cartas de alforria

Escritos de Regina Coeli

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APOGEU

Cleide Canton

"Se tantas emoções em apogeu"

explodem nesse peito cristalino,

as lágrimas perdidas no citrino

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salpicam de dourado um véu de breu.

Retalhos de um amor que se viveu

na clausura de um sol já vespertino,

se cosem sob o olhar quase divino

que sonha e ainda canta o que sofreu.

O que é o amor senão a fantasia

que endeusa e bem completa a alegoria

calando a voz e a tese de um ateu?

É a vida revestida de euforia,

é o sonho que navega na poesia,

na rima que no fim não se perdeu.

SP, 20/03/2011

15:15 horas

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ESCORA

Regina Coeli

"Na rima que no fim não se perdeu"

eu teço a veste do que não vestia

e busco olhar sedenta o novo dia

à espera do que não me aconteceu...

Trazer de volta um sonho como o meu

e dar ao verso um tom em euforia

é nele achar da vida a simetria

no traço solitário do meu eu...

E a cruz que se carrega em solidão

é a mesma que reveste a tez do verso

e o escora pra enfrentar o furacão...

No verso forte, puro, controverso,

a rima então bafeja o coração

e traz à tona o amor, tão submerso!

Rio, 26 de março de 2011.

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SIMETRIA

Cleide Canton

"Eu teço a veste do que não vestia"

e tranço as franjas soltas, rebuscadas,

abrindo os nós das telas malformadas

no entardecer de um sonho em agonia.

Na letra de uma triste sinfonia,

as pausas se definem em ciladas

que sondam, nos finais das madrugadas,

o muito que restou da simetria.

Um novo manto, embora inacabado,

por sobre os ombros deita, imaculado,

deixando em desespero a solidão.

É a vida a despertar com a fragrância

da garra que persiste e, na constância,

encontra o que energiza um coração.

SP, 27/03/2011

14:50 horas

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VÉRTICE

Regina Coeli

"Encontra o que energiza um coração",

assim sacode o pó a nossa vida

tão sábia, tão bravia e destemida

e a não deixar um filho seu no chão...

Os pés tropeçam, bravos os passos vão

beber em doce aleia, a mais florida,

sumo de amor na paz ali sentida,

que afaga e faz sorrir o coração...

O que é uma flor? A flor é um mimo em cor,

mui caprichosamente trabalhada

ela nos vem amar no desamor...

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As pétalas colorem a passada

num tempo de viver, seja o que for,

qual dia que renasce em madrugada...

Rio, 28 de março de 2011.

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SINUOSAS

Cleide Canton

"Beber em doce aleia, a mais florida",

a cor de cada sonho que viceja

é dar luz ao olhar que lacrimeja

pela mágoa que outrora foi vivida.

E colhe-se uma flor, a mais luzida

do galho em ousadia que a corteja

sabendo que ali mesmo ela é sobeja

e do seu velho altar será banida.

A cor do sonho muda, relutante,

sem mesmo perceber s'inda é constante

o belo que brotou num arrebol.

Ao vento vão as pétalas caindo,

as cores e o perfume vão sumindo...

Sementes serão sempre ao mesmo sol.

SP,29/03/2011

11:30 horas

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SONHAR

Regina Coeli

"A cor do sonho muda, relutante",

percorre estranhas vias, sinuosas,

agouros a jardins com belas rosas

que após brilharem morrem num instante.

Os sonhos são as rosas num distante;

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eles tão lindos; elas, majestosas,

até que realidades dolorosas

aos sonhos cortem voos de ir adiante...

Os sonhos choram, tristes titubeiam,

guardam da rosa ainda o seu perfume;

felizes elas vivem... E eles anseiam...

E despertando o amor, que é seu lume,

os sonhos chispam raios que clareiam

a linha do infinito, que é seu cume!

Rio, 31 de março de 2011.

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AGOUROS

Cleide Canton

"Agouros a jardins com belas rosas"

litigam entre si, sem compaixão,

enquanto o justiceiro coração

resguarda, do furor, as primorosas.

E voam sobre o cume das rochosas

distantes da esperteza do vilão

os sonhos que se deitam no perdão

tecendo suas vestes luminosas.

Das rosas o perfume é resguardado

das garras, da maldade do pecado

que trilha o mesmo rumo, em contramão.

Os sonhos são as rosas transformadas,

sem vícios de abordagens rebuscadas

e livres do temor da escuridão.

SP,31/03/2011

12:50 horas

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POESIA

Regina Coeli

"Das garras, da maldade do pecado"

que corta com sua língua de serpente,

a rosa se ergue e luze intensamente

do chão e da tristeza do seu fado,

pois não será um sonho malogrado

a condenar à sombra o que se sente:

uma vontade de seguir em frente,

amando o qu'inda não se fez amado.

Altiva a rosa, então recende em cor,

namora o sol num mar de fantasia,

vem perfumar a pedra e o mais que for,

sorrindo a pétala que não sorria.

E dos confins do sonho emerge o amor

e esculpe a rosa em rocha com poesia.

Rio, 04 de setembro de 2013.

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ENCONTRO

Cleide Canton

"Pois não será um sonho malogrado"

se em frascos pequeninos, resistentes

a todos os tropeços dissidentes,

dessas rosas o olor for resguardado.

Mantém o seu frescor mui cobiçado

por tantos novos sonhos emergentes

em busca dos segredos insolventes

ocultos do domínio do pecado.

A essência é pura, basta-se por si.

Constrói a nova rosa e ela sorri

em versos esculpidos no rochedo.

No passo a passo dança em harmonia

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o encontro de poema com poesia

traçando um novo rumo, um novo enredo.

São Carlos, 04 de setembro de 2013

14:00 horas

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ENLEVO

Regina Coeli

"A essência é pura, basta-se por si",

quem sabe é esta a chave do segredo,

ter sempre o coração num bom enredo

com rosa em flor, poesia em frenesi?

Mágoas e dores, podem ir daqui,

fechada foi minha estação do medo,

que ser feliz é bom, e o tempo é cedo

quando se acorda ao som de um bem-te-vi...

A Vida passa, passa de mansinho,

e rima sonhos, poemas e ilusões

numa lição que vem de um passarinho,

driblando ventos, brisas, furacões,

nada exigindo pra fazer o ninho

onde vicejam novos corações.

Rio, 04 de setembro de 2013.

****

ETERNO

Cleide Canton

"Quando se acorda ao som de um bem-te-vi"

a flor do amor desponta num sorriso

reabrindo os portais do paraíso

onde o perfume mora... E chega aqui!

Os medos da estação eu já esqueci.

Dores de amor se esvaem sem prévio aviso

na magia do tempo, que é preciso,

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e se esgota levando o que vivi.

O que resta é precioso e tem sabor

de manjares servidos com rigor

em banquetes que nunca tem finais,

pois eterno é o que vem após o fim,

é o que traz o meu eu de volta a mim

sem passado e sem ranços vesperais.

São Carlos, 05 de setembro de 2013

12:10 horas

****

TODO

Regina Coeli

Pois eterno é o que vem após o fim,

quanta sabedoria vem e fala

ao coração e à alma, que se embala

vendo eclodir perfume em seu jardim!

Aquele pranto que morou em mim

saiu pra ver o sol e agora cala,

sentindo etéreo o tempo que ainda exala

o sonho de uma nuvem de onde eu vim...

Belo é sonhar, à Vida pôr seu manto

no trono que Ela tem em primazia

e do qual faço o meu maior encanto.

A rosa é o brilho meu de todo o dia

pra depurar o Amor, fazê-lo santo

quando se põe o sol, pra ser poesia.

Rio de Janeiro/RJ, 11 de setembro de 2013.

****

Ilustração das próprias autoras

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“Tirai-me tudo, mas deixai-me o Êxtase” Emily Dickinson

É esse êxtase que adivinhamos nos olhos de Maria na "adoração

ao Seu filho, Jesus", que a mestria de Rembrandt tão bem

reproduziu.

É esse êxtase que procuramos na poesia que criamos, onde o que é

estéril queremos tornar fértil, onde os vazios queremos preencher

com a verdade, onde as acusações queremos que se extingam

na esperança da redenção das consciências, onde o nosso

coração queremos franquear num manifesto de amor pelo próximo.

É esse êxtase que constitui a essência do Ser poeta, assim somos

nós, meus irmãos; procurando sempre, na exiguidade física

dos nossos braços abertos ao mundo, abarcar a vastidão dos

horizontes onde se esparsa o sonho, quiçá na expectativa do

conhecimento da fonte da admirável utopia que o configura.

E. Sá

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Feliz Natal

Poeta, meu irmão Eugénio de Sá

Sei que tu és, amigo, companheiro;

Um projecto de Deus feito de amor

Como um poema raro, alvissareiro,

Que a cada verso é mais amansador.

Porque és de Cristo a doce emanação

E d’Ele recolheste o que é penhor;

A humanidade, a terna mansidão

Com que almejas um mundo bem melhor.

Neste soneto aqui te trago, irmão

Com a fraternidade que te dou a mão

A evocação de um Cristo redentor.

E nela a minha fé que este Natal

O lembres como um Ser a ti igual;

Um justo paladino, um... sonhador.

( Dedicado aos seus Pares e Amigos )

Amigos de verdade Luiz Poeta

Luiz Gilberto de Barros – às 7 h e 40 minutos do dia 28 de abril de 2013 do Rio de Janeiro – Brasil

Amigos não se perdem, só se ausentam

E testam, sem nenhuma precaução,

As nossas solidões que se alimentam

Do que a lembrança traz... por distração.

Não partem os amigos de verdade...

Nosso abandono, sim, quer companhia

E quando a solidão sente saudade

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Invade o coração, por rebeldia.

Amigos de verdade compreendem

Ausências... e a distância eventual

Desperta emoções que surpreendem

A essência do amor mais fraternal.

A amigo verdadeiro não nos cobra

Presenças nem nos torna exclusivos

Pois quando Deus constrói a sua obra

Modela o seu amor nos seres vivos.

E o modo mais sensato de lembrá-los ,

É tê-los no peito, no pensamento,

É muito mais que vê-los, é amá-los

Na dimensão maior de um sentimento.

Saudades nunca são meras lembranças,

Senti-las de verdade é resgatar

O dom de amar, tão próprio das crianças

Que brincam de viver e de sonhar.

E quando, a mais sublime emoção

Faz da saudade o verdadeiro abrigo,

Quem nos visita torna-se o irmão

Que um dia transformou-se em nosso amigo.

Ao Pé da Letra... J.J. Oliveira Gonçalves

Amigo - ao pé da letra - de verdade

É raro neste mundo de Ambição!

Eis que virou o Amor banalidade

Já uma mão não lava a outra mão!

Nuança desse Amor é a Amizade

Que nasce sem nos dar explicação!

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Sinônimo de Fé e de Lealdade

Tem, sim, irmão do outro, o coração!

Amigo é para sempre! E qualquer hora

É hora de a Amizade celebrar

Em franciscano abraço de Igualdade!

Ah, amigo se conhece pelo olhar...

E dói quando um deles vai embora

Na Alma: Doces Rastros de Saudade!

Porto Alegre, 17 de Dezembro/2013. 15h40min

Feliz Natal Odir Milanez

Neste Natal, amigo, o que eu queria

era cobrir de azul todas as flores,

ver o choro chorando de alegria,

calar a dor que dói em nossas dores!

Da fome ver o fim! Que bom seria

sustasse o céu das secas os horrores.

Em um Natal assim eu me faria

feliz, festasse o chão verdosas cores!

Mas minh’alma me aduz a ser abraços,

a superar meus sensos de perdão,

de amizade acenando novos laços.

Com o princípio da vida em comunhão,

em um soneto estendo-te os meus braços:

Feliz Natal, poeta meu irmão!

JPessoa/PB

22.12.2013

oklima

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Era Natal Glória Marreiros

As luzes brilhavam das grandes janelas,

Mostrando, nas mesas, os ricos manjares.

As frutas e os doces lembravam pomares

Pintados com arte, exibidos nas telas.

Dançavam nas montras céus densos de estrelas,

Encantos do tempo voando nos ares.

Presépios sorriam em grandes altares

E a cera pingava dos cotos das velas.

Bem junto das luzes estava a mulher

Que dera o seu corpo, vendera prazer,

Agora embrulhada em papel de jornal.

Olhava as janelas, do fundo da rua,

Pedia uma côdea, untada de lua,

P’ra dar ao seu filho, porque era Natal.

Aos meus amigos, Feliz Natal António Barroso (Tiago)

Há festa de Natal, amor profundo

Pelo Menino que inda irá nascer

Sabendo que, depois, irá morrer

Para haver salvação em todo o mundo.

Desde o familiar ao vagabundo,

Quem é honesto, com todo o prazer,

Abraça o seu irmão, p’ra lhe dizer

Que tudo o que quiser seja fecundo.

Dia de convidar: - Anda comigo,

Come deste meu pão, sê meu amigo,

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Recebe o meu abraço fraternal.

A minha oração mando para os céus

P´ra que chegue depressa, e peça a Deus,

Que dê, aos meus amigos, Feliz Natal.

Parede - Portugal (19/12/2013)

A ti, caro Irmão Poeta, desejo, com emoção,

que o Natal te enfeite a meta

com Amor e Inspiração!

Carolina Ramos

Obs.: um repasse de Eugênio de Sá

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