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Este conteúdo pertence ao Descomplica. É vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. 1 Apostila ENEM em 100 Dias Redação Índice 1. O Curso de Redação 2 2. A Organização Discursiva do Texto 8 3. Dissertação Exemplar – Parte 1 12 4. Dissertação Exemplar – Parte 2 17 5. Planejamento de Redação 21 6. Uso da Coletânea de Textos 27 7. A Estrutura da dissertação – A Introdução 30 8. A Estrutura da Dissertação – O Desenvolvimento 34 9. A Estrutura da Dissertação – A Conclusão 38 10. Coesão Textual 41 11. Métodos de Raciocínio Lógico 42 12. Crase 49 13. Uso da Vírgula 52 14. Regência Verbal 55 15. Concordância Verbal 60

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apostila de redaçao

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    Redao

    ndice 1. O Curso de Redao 2 2. A Organizao Discursiva do Texto 8 3. Dissertao Exemplar Parte 1 12 4. Dissertao Exemplar Parte 2 17 5. Planejamento de Redao 21 6. Uso da Coletnea de Textos 27 7. A Estrutura da dissertao A Introduo 30 8. A Estrutura da Dissertao O Desenvolvimento 34 9. A Estrutura da Dissertao A Concluso 38 10. Coeso Textual 41 11. Mtodos de Raciocnio Lgico 42 12. Crase 49 13. Uso da Vrgula 52 14. Regncia Verbal 55 15. Concordncia Verbal 60

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    Redao

    O Curso de Redao

    Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma

    tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta,

    pobre ou terrvel, que lhe deres: Trouxeste a chave?

    (Carlos Drummond de Andrade) Escrever para passar no vestibular. Escrever para obter um emprego. Escrever para matar as saudades de um parente ou de um amigo distante. Escrever para lembrar ao irmo que hoje no o seu dia de lavar a loua. Em diversos momentos de nossas vidas, significativos ou banais, a escrita sempre est - ou esteve - presente. Ela to importante que utilizada como referencial pelos estudiosos na diviso da histria do mundo em Pr-Histria e Histria. No entanto, devemos atentar para o fato de que existem diversas formas de se produzir um texto escrito, e o que mais nos interessa no ano do vestibular (e de realizar a prova do ENEM!) a escrita voltada para a produo de uma redao. O que a redao? Esse substantivo derivado do verbo redigir; de acordo com o dicionrio Aurlio, o vocbulo redigir vem do latim redigere e significa, entre outras especificaes, escrever com ordem e mtodo. Essa definio vem bem ao encontro da proposta de nosso curso: permitir que os alunos adquiram e absorvam, de forma plena e integrada, conhecimentos gerais acerca das tcnicas existentes e aplicveis de redao na ocasio do exame vestibular. Em outras palavras, objetivamos fazer com que o aluno/candidato possa, ao fim do curso, ter ampla conscincia acerca do que est sendo passado para o papel. Essa conscincia, com toda a certeza, ser fundamental para que o texto (ou as respostas das provas discursivas) seja bem apreciado pela banca corretora do ENEM e do vestibular. Mais profundamente, fato que voc estar sendo preparado tambm para a vida. J que mencionamos o vestibular, cabe lembrar aqui que a prova de Redao vista pelas comisses de vestibulares como essencial classificao de um aluno, uma vez que, justamente por no possibilitar a existncia de um gabarito, acaba por medir alguns aspectos da subjetividade humana. Dito de outro modo, a nica prova que permite banca conhecer, mesmo que de forma bastante restrita, a capacidade de reflexo do candidato. Sobre esse aspecto, falaremos em outro momento. I - CONSIDERAES INICIAIS 1. CONCEITO DE TEXTO Ao contrrio do que pode parecer primeira vista, o conceito de texto bastante amplo. Ao utilizarmos o referido vocbulo, imediatamente imaginamos uma folha de caderno pautado, com suas linhas preenchidas caneta ou a lpis. Viso equivocada ou, no mnimo, limitada. Deve-se definir texto como um todo, divisvel em partes ou no, construdo em determinada linguagem e

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    Redao que produz sentido completo para um leitor, em dada situao. Para maior entendimento,

    seguem alguns comentrios pertinentes: Entende-se por situao, o contexto em que o leitor est inserido. Pode ser uma sala de aula, uma festa ou uma reunio de negcios, por exemplo. O leitor qualquer indivduo que se encontra em uma situao na qual ocorre a emisso de uma mensagem no necessariamente escrita. A referncia linguagem remete a qualquer forma de comunicao: palavras, olhares, gestos, sons, cores, smbolos, entre outros. imperativo que todos esses elementos associados produzam sentido, isto , possam ser entendidos por algum no caso, o leitor. Podemos inferir, desse modo, que quela noo comum de texto somam-se outras muito mais amplas. At mesmo um sinal luminoso com o farol vermelho indicado pode ser concebido como texto, uma vez que se trata de uma unidade (todo), construda em linguagem visual (cor vermelha, no caso), produzindo sentido (PARE) para o leitor (o motorista) no contexto adequado ao entendimento, que o do trfego de veculos. Esse o motivo por que, no momento em que nos propomos a aprender tcnicas de interpretao textual, no podemos estar presos a uma viso restrita, anacrnica, segundo a qual, so analisados apenas textos de grandes autores como Machado de Assis e Manuel Bandeira, por exemplo. Devemos ampliar ao mximo nossos horizontes, procurando fazer estudos a partir de textos jornalsticos, orais, ou at mesmo no verbais e hbridos. Alis, essa ltima referncia tem se apresentado como uma das maiores tendncias dos atuais vestibulares: a cobrana da correta leitura de charges, tirinhas em quadrinhos, fotografias e at mesmo pinturas. Nesse contexto, a prova do Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM) j formulou questes utilizando telas do mestre cubista Pablo Picasso. 2. O TEXTO: CLASSIFICAES Embora as classificaes de texto sejam inmeras, vamos iniciar nossos estudos trabalhando duas divises bastante simples: quanto forma e quanto ao contedo. Quanto forma, os textos podem ser classificados como textos verbais (construdos com palavras, no sentido estrito do termo); no verbais (produzidos por imagens e smbolos) e hbridos (associao entre palavras e imagens). No plano do contedo, so divididos em literrios (ou artsticos) e no literrios (ou tcnicos). Abaixo, temos um exemplo de texto hbrido no literrio, retirado de um site da Internet.

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    II - PRESSUPOSTOS DA ESCRITA, DA LEITURA E DA INTERPRETAO Um pressuposto uma circunstncia ou fato considerado como antecedente necessrio de outro. Dito de outro modo trata-se da base necessria ao aprendizado de determinado contedo. Na aula de hoje, apresentaremos os pressupostos a serem apreendidos, ao longo do ano, pelos alunos que pretendem ler, interpretar e, principalmente, escrever bem. Vamos a eles! 1. DOMNIO DA LINGUAGEM Voc j deve ter se deparado, em sua vida, com inmeras situaes em que era necessrio expressar-se de forma clara, precisa e gramaticalmente correta. Pode ter sido na apresentao de um trabalho na feira de cincias de seu colgio ou em algum discurso de homenagem aos pais. Por outro lado, tambm ocorreram situaes mais numerosas, at em que a utilizao de uma linguagem muito cuidada poderia fazer voc parecer pedante frente a outras pessoas. o que aconteceria em reunies com os amigos, por exemplo. Em todas essas situaes, voc foi exigido no que diz respeito ao nvel de linguagem a ser empregado. Na verdade, no existe um uso de linguagem essencialmente adequado. A escolha do nvel aplicvel depender, fundamentalmente, das circunstncias em que o falante estiver inserido. Nesse sentido, vale a pena analisarmos os nveis de linguagem existentes todos j cobrados pelo ENEM. A. Registro Formal, que se subdivide em registro erudito e registro culto. B. Registro Informal, subdividido em uso coloquial e uso vulgar (ou inculto). Observao: A classificao acima no suficientemente completa para que se analise a linguagem em seus diversos usos; podem aparecer outros nveis como a linguagem regional, a familiar e a especializada, prpria de determinados grupos de pessoas. 2. CONHECIMENTO DE MUNDO Se de um lado necessrio dominar a linguagem referente forma do texto - para que possamos ler e interpretar bem ou nos expressar do modo mais adequado, por outro lado, isso de nada adiantar se no tivermos o conhecimento e as referncias necessrias para que aquilo que existe sob o plano formal, possa fazer sentido para ns. Em outras palavras, devemos possuir tambm o contedo necessrio apreenso das informaes. Nesse momento, um provvel questionamento invade sua mente: - O que contedo? Como obt-lo? Eu j no o possuo?. Tais dvidas so legtimas a partir do que foi colocado. Assim, vamos s respostas. Em primeiro lugar, deve-se considerar contedo todo o conhecimento que pode ser utilizado no entendimento ou na escritura de um texto. Desde as referncias mais banais (reconhecer os mecanismos utilizados para que se possa atravessar uma rua em segurana, por exemplo) at as mais sofisticadas (compreender o que so alimentos transgnicos, a fim de se aprofundar a discusso sobre a sua comercializao). Em segundo lugar, os meios de obteno desse conhecimento j devem ter sido inferidos por voc. Ora, qualquer indivduo que interaja com a sociedade, assistindo televiso ou

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    Redao conversando com os amigos, passa a ter um acmulo de conhecimento mnimo, cotidiano, o que

    por si s j pode ser utilizado. A complementao mais tcnica pode ser obtida de diversas formas: na escola/universidade, com a leitura de jornais, revistas, livros, e por meio das mais diversas mdias, com o cinema e a Internet, hoje ocupando posies de destaque. Por fim, a ltima grande dvida: voc j possui esse conhecimento? A resposta sim e no. Sim, porque voc completou ou est para completar o Ensino Mdio com mritos, tendo absorvido uma gigantesca carga de conhecimento. No, porque, sem dvida alguma, diversos aspectos que voc ter que dominar ainda sero ministrados, e nossos mdulos visaro o preenchimento dessa lacuna. A REDAO NO ENEM Antes de avaliarmos como ser a prova de Redao no ENEM, observe os eixos cognitivos que sero cobrados no exame e comuns a todas as reas do conhecimento. Depois, compare com as competncias da prova de Redao e perceba que incrvel coincidncia... EIXOS COGNITIVOS (comuns a todas as reas de conhecimento) I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Lngua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemtica, artstica e cientfica e das lnguas espanhola e inglesa. II. Compreender fenmenos (CF): construir e aplicar conceitos das vrias reas do conhecimento para a compreenso de fenmenos naturais, de processos histrico-geogrficos, da produo tecnolgica e das manifestaes artsticas. III. Enfrentar situaes-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informaes representadas de diferentes formas, para tomar decises e enfrentar situaes-problema. IV. Construir argumentao (CA): relacionar informaes, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponveis em situaes concretas, para construir argumentao consistente. V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborao de propostas de interveno solidria na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. A seguir, apresentamos as cinco competncias que sero avaliadas pela banca examinadora do ENEM na prova de Redao. COMPETNCIAS EXPRESSAS NA MATRIZ DE REFERNCIA PARA REDAO Baseada nas cinco competncias da Matriz de Referncia para a Redao, a proposta da Redao do Enem elaborada de forma a possibilitar que os participantes, a partir de uma situao-problema e de subsdios oferecidos, realizem uma reflexo escrita sobre um tema de ordem poltica, social ou cultural, produzindo um texto de tipo dissertativo-argumentativo. So tais:

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    Redao 1 - Demonstrar domnio da norma padro da lngua escrita.

    2 - Compreender a proposta de redao e aplicar conceitos das vrias reas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos, opinies e argumentos em defesa de um ponto de vista. 4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingusticos necessrios para a construo da argumentao. 5 - Elaborar proposta de soluo para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. Nveis de conhecimentos associados s Competncias Expressas nas Matrizes de Referncia para Redao do Enem. Para cada uma das competncias expressas na matriz de referncia para Redao do Enem, existem nveis de conhecimento associados a essas competncias, conforme descritos abaixo: Nvel 0: Demonstra desconhecimento da norma padro, de escolha de registro e de convenes da escrita. No defende ponto de vista e apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos incoerentes. Apresenta informaes desconexas, que no se configuram como texto. No elabora proposta de interveno. Nvel I: Demonstra domnio insuficiente da norma padro, apresentando graves e frequentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenes da escrita. Desenvolve de maneira tangencial o tema ou apresenta inadequao ao tipo textual dissertativo-argumentativo. No defende ponto de vista e apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos pouco relacionados ao tema. No articula as partes do texto ou as articula de forma precria e/ou inadequada. Elabora proposta de interveno tangencial ao tema ou a deixa subentendida no texto. Nvel II: Demonstra domnio mediano da norma padro, apresentando muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenes da escrita. Desenvolve de forma mediana o tema a partir de argumentos do senso comum, cpias dos textos motivadores ou apresenta domnio precrio do tipo textual dissertativo-argumentativo. Apresenta informaes, fatos e opinies, ainda que pertinentes ao tema proposto, com pouca articulao e/ou com contradies, ou limita-se a reproduzir os argumentos constantes na proposta de redao em defesa de seu ponto de vista. Articula as partes do texto, porm com muitas inadequaes na utilizao dos recursos coesivos. Elabora proposta de interveno de forma precria ou relacionada ao tema, mas no articulada com a discusso desenvolvida no texto.

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    Nvel III: Demonstra domnio adequado da norma padro, apresentando alguns desvios gramaticais e de convenes da escrita. Desenvolve de forma adequada o tema, a partir de argumentao previsvel e apresenta domnio adequado do tipo textual dissertativo-argumentativo. Apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos pertinentes ao tema proposto, porm pouco organizados e relacionados de forma pouco consistente em defesa de seu ponto de vista. Articula as partes do texto, porm com algumas inadequaes na utilizao dos recursos coesivos. Elabora proposta de interveno relacionada ao tema, mas pouco articulada discusso desenvolvida no texto. Nvel IV Demonstra bom domnio da norma padro, com poucos desvios gramaticais e de convenes da escrita. Desenvolve bem o tema a partir de argumentao consistente e apresenta compreenso do tipo textual dissertativo-argumentativo. Seleciona, organiza e relaciona informaes, fatos, opinies e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, com indcios de autoria, em defesa de seu ponto de vista. Articula as partes do texto com poucas inadequaes na utilizao de recursos coesivos. Elabora proposta de interveno relacionada ao tema e bem articulada discusso desenvolvida no texto. Nvel V: Demonstra excelente domnio da norma padro, no apresentando ou apresentando escassos desvios gramaticais e de convenes da escrita. Desenvolve muito bem o tema com argumentao consistente, alm de apresentar excelente domnio do tipo textual dissertativo-argumentativo, a partir de um repertrio sociocultural produtivo. Seleciona, organiza e relaciona informaes, fatos, opinies e argumentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, configurando autoria, em defesa de seu ponto de vista. Articula as partes do texto, sem inadequaes na utilizao dos recursos coesivos. Elabora proposta de interveno inovadora relacionada ao tema e bem articulada discusso desenvolvida em seu texto.

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    A organizao discursiva do texto

    Nas aulas de redao do Ensino Fundamental, voc deve ter aprendido que existem trs modalidades chamadas clssicas de organizao discursiva de um texto. So elas: a narrao, a descrio e a dissertao. Entre as no clssicas, destacam-se a carta argumentativa, o resumo, a resenha, entre outras. De todas essas possibilidades, sem dvidas, devemos concentrar nossos esforos e nossa ateno ao modelo dissertativo. justamente essa modalidade que cobrada pela banca examinadora do ENEM desde a sua concepo. 1. O TEXTO DISSERTATIVO 1.1. Consideraes Iniciais

    O modelo dissertativo o preferido pela banca examinadora do ENEM, conforme foi dito anteriormente. Essa preferncia no se d ao acaso, muito pelo contrrio, justifica-se pelo fato de a dissertao ser a modalidade textual que associa com maior evidncia, as caractersticas que a banca espera de um candidato: inteligncia lingustica, capacidade de articulao de discursos ou informaes soltas, reflexividade e senso crtico. Tudo isso, no a partir de referncias muito tcnicas ou provenientes de decorebas, mas sempre com base em aspectos da realidade.

    Em sntese, podemos afirmar que a dissertao mede a capacidade do aluno de absorver, interagir e interpretar o seu mundo, alm de produzir tais ideias sob a forma escrita.

    Diante do que foi mencionando, vlido enfatizar que quase impossvel se obter um bom resultado na prova de Redao se estivermos presos a frmulas mgicas ou receitas de bolo relativas produo textual. Por esse motivo, estimularemos sempre o pensamento crtico e consciente de nossos alunos, a fim de que qualquer redao, a partir de qualquer tema e em qualquer circunstncia possa ser produzida de modo adequado e proveitoso. 1.2. Caractersticas Gerais da Dissertao

    1.2.1. O ato de dissertar: segundo o dicionrio Aurlio, dissertar significa tratar com desenvolvimento um ponto doutrinrio ou um tema qualquer. Em outras palavras, trata-se do ato de desembrulhar um tema esclarecendo os seus pontos principais para o leitor s vezes, inclusive, emitindo uma opinio. Na escola, aprendemos que existem duas espcies de textos dissertativos: o expositivo e o argumentativo. No primeiro caso, so feitas consideraes imparciais sobre o tema, sem a emisso de qualquer juzo de valor pelo enunciador. No segundo caso, uma opinio emitida e, posteriormente, defendida com o uso de argumentos. Nesse sentido, cuidado: as bancas dos exames vestibulares no costumam observar com bons olhos textos meramente expositivos; j dissemos que o senso crtico um dos ingredientes de uma boa redao e somente com a defesa de uma opinio ou ponto de vista, poderemos fazer notar nossa capacidade crtica. Textualmente, isso confirmado pela banca da UNICAMP:

    Em uma dissertao, deve-se defender uma tese, ou seja: organizar dados, fatos, ideias, enfim, argumentos em torno de um ponto de vista definido sobre o assunto em questo. Uma

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    Redao dissertao deve, na medida do possvel, concluir algo. Portanto, no tem cabimento ficar

    simplesmente elencando argumentos favorveis ou contrrios a determinada ideia. (www.comvest.unicamp.br)

    Daqui para frente, lembre-se do seguinte: quando falarmos em dissertao pura e

    simplesmente, estaremos fazendo referncia ao tipo argumentativo.

    1.2.2. Objetivo ou funo: como vimos na ltima aula, o objetivo maior da dissertao convencer o possvel leitor de que um determinado ponto de vista vlido. Para que esse objetivo seja atingido, fazemos uso de argumentos que, bem estruturados, configuram a chamada argumentao. A argumentao constituda de um conjunto de ideias comentadas e fundamentadas lgica ou psicologicamente, que garantem a adeso de um interlocutor a certo ponto de vista.

    1.2.3. Estrutura ortodoxa: existem diversas formas de se organizar um texto. Entretanto, uma parece ser a mais indicada na ocasio do exame vestibular: trata-se da chamada estrutura ortodoxa da dissertao. Sob esse escopo, o texto possui trs partes bem definidas, cada uma desempenhando um papel especfico. So elas: a introduo, o desenvolvimento e a concluso. Essa parece ser a estruturao mais adequada por diversos motivos, entre os quais se destacam:

    a) no uma tarefa simples organizar as ideias e apresent-las para a banca de modo coerente. A estrutura ortodoxa constitui um meio extremamente eficaz de promover essa organizao.

    b) todos os exemplos de redaes divulgadas que obtiveram grau mximo pelas

    comisses examinadoras seguem essa estrutura. Desse modo, o candidato no vai apenas mostrar capacidade de ordenao do raciocnio, vai tambm demonstrar que entrou em contato com bons textos ao longo de sua preparao.

    1.2.4. Linguagem impessoal: o texto dissertativo deve ser escrito, via de regra, na terceira

    pessoa. Dito de outro modo, os pronomes eu, meu ou minha jamais devero ser utilizados, bem como formas verbais que contenham em sua estrutura a desinncia nmero-pessoal da primeira pessoa: acredito, acho, devo, quero.

    Por que no posso utilizar a primeira pessoa do singular no meu texto? Ora, se a minha opinio...

    Esse questionamento deve estar surgindo em sua mente neste exato momento. De fato, parece paradoxal impedir que se utilizem marcas de personalizao em um texto pessoal. Na verdade, a explicao para essa aparente contradio bastante simples: de um lado, bvio que o texto pertence a quem o produz; nesse sentido, seria redundante o enunciador ter o tempo todo que aparecer. Por outro lado, e aqui est o motivo maior, bons argumentadores fazem com que opinies pessoais paream verdades absolutas; isso, s mesmo a linguagem impessoal (em terceira pessoa) pode realizar. Observao: existe a possibilidade de ser utilizada a primeira pessoa do plural (ns), contudo esse subterfgio s deve ser empregado quando estivermos diante de um contexto mais

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    Redao humanstico, em que a incluso genrica do enunciador seja bem-vinda. o que acontece em

    muitas provas do ENEM, que por apresentar, muitas vezes, um carter nitidamente social, acaba fazendo com que o aluno se sinta vontade para redigir estruturas como Devemos buscar, ento, os meios adequados para diminuir tamanho flagelo social.

    1.2.5. Adequao norma culta e aos ndices de formalidade: a dissertao um texto tcnico e, como tal, deve seguir um conjunto mnimo de regras. Nesse contexto, o registro formal e culto deve ser empregado pelo aluno. Assim, todas as modalidades relativas boa gramtica, desde as regras de acentuao, pontuao, concordncia, regncia, entre outras, at o no uso de grias ou de vocbulos considerados de baixo calo devero ser observadas. 1.2.6. Qualidades essenciais: para que sua dissertao consiga obter o grau mximo, mais alguns detalhes devero estar presentes: clareza (por isso no se deve redigir um texto muito hermtico), coerncia, coeso (esses dois aspectos sero trabalhados em aulas posteriores), senso crtico, uma pequena dose de originalidade e profundidade. Todos esses elementos somados faro com que o candidato consiga causar excelente impresso banca corretora e, por isso, a nota ser alta.

    Voc deve ter percebido a partir do exposto, que escrever uma dissertao perfeita no uma tarefa fcil. Muito pelo contrrio, trata-se de uma atividade bastante complexa que requer do aluno concentrao total aliada a muita prtica. Vamos comear nossos esforos? Mos obra! 2. EXEMPLOS DE DISSERTAO: Redao 1 Tema: Por que o vestibular considerado problemtico? Nota: 10,0 Os piores cegos Quando o assunto vestibular, no h calmante suficiente. Nem remdio algum para a miopia que se revela nesse perodo. Sem dvida, a presso da famlia, o mito do momento decisivo e a falta de maturidade dos candidatos so os principais fatores que levam pais e filhos ao desespero. Nem sempre, no entanto, a culpa do concurso, mas isto poucos conseguem enxergar. As dificuldades comeam em casa e atingem a quase todos. Rigorosos ou no, os pais costumam reforar as presses que os alunos sentem no ar, na aurora do ano em que se diplomam no Ensino Mdio. Frequentemente, a cobrana de outros se transforma em cobrana pessoal, o que implica, sem sombra de dvida, um mal ainda maior. Como se no bastasse ter as atenes do resto do mundo voltadas para si, o vestibulando enfrenta uma situao considerada nica e, por isso, decisiva. Porm, isso no deveria ser assim. Afinal, existem provas todos os anos e, alm disso, sempre hora de mudar, sobretudo quando se trata de uma deciso tomada em plena adolescncia. De fato, outro fator que contribui para a mitificao do concurso a idade da maior parte dos candidatos, variando em torno dos dezoito anos. As dificuldades desse perodo da vida no so poucas, e o vestibular vem multiplic-las na mesma medida em que por elas alimentado. Como

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    Redao resultado, cria-se um crculo vicioso, que atinge a todos sem constrangimento e no permite que

    se vejam alternativas. Portanto, evidente que a natureza do vestibular no problemtica. Elementos externos so os reais complicadores, e devem ser combatidos seja pela conscientizao de pais e alunos, seja pela imposio de um novo modelo, mais racional a fim de que o ano do concurso seja um momento saudvel, de construo da personalidade, e no de deteriorao desta. Abrir os olhos para essa realidade querendo enxerg-la to fundamental quanto estudar. Redao 2 Tema: Consumismo no Brasil: comportamento natural ou prejudicial? Nota: 10,0 Em busca do tnis perfeito Nas ltimas dcadas do sculo XX, a popularizao dos meios de comunicao de massa foi acompanhada pela evoluo da publicidade. Como consequncia, houve a exploso, no Brasil, a partir da dcada de 80, dos objetos do desejo. No pas, tal exacerbao do consumismo apresenta aspectos peculiares, ao contrapor-se realidade socioeconmica local. A penetrao do ideal do ter reflete a dominao cultural dos EUA sobre o Brasil. Os objetos glamourizados pela mdia trazem o modelo de vida estrangeiro, desvalorizando a cultura nacional. Dessa forma, o brasileiro deseja, muitas vezes, possuir bens inadequados ao seu ambiente e necessidades primordiais, e, principalmente, economicamente inviveis maior parte da populao. Por isso, nos centros urbanos, assiste-se ao crescimento de maneiras ilcitas de obter maiores ganhos. Num pas em que a m distribuio de renda beira o absurdo, a populao de baixa renda submetida aos mesmos ideais consumistas dos mais ricos. De tal maneira, crianas e jovens miserveis e sem perspectivas de educao ou emprego atiram-se ao trfico de drogas e a assaltos em busca do tnis de marca. No apenas com a violncia gratuita em nveis alarmantes, mas tambm com o alto nmero de golpes e a corrupo, observa-se a decadncia moral da sociedade. Valores ticos, solidariedade e respeito so suprimidos em favor do consumo irracional numa economia que no o suporta. Com isso, cresce a descrena no futuro do pas, fazendo com que essa prtica apresente-se muito mais como um mal a ser exorcizado do que algo necessrio para a evoluo da populao. O consumismo exagerado, portanto, contribui para o agravamento das mazelas do pas. Para reverter tal quadro, deve-se procurar o resgate da cultura nacional e a recuperao de valores atravs da mdia. Assim, em vez de propagar o compre, essa propagar educao, fundamental na construo de um pas justo. O tnis perfeito ser finalmente substitudo por um Brasil mais igualitrio.

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    Redao

    Dissertao exemplar parte 1 A fim de aprofundar seu estudo sobre a dissertao, separamos diversos textos com contedo considerado acima da mdia. Leia-os com ateno e verifique quais aspectos fazem com que eles se diferenciem dos textos comuns.

    Redao 1 Tema: Problemas da democracia no Brasil

    De olho no picadeiro

    Sabe-se que o Brasil , historicamente, marcado por absurdas desigualdades sociais e por nenhuma medida poltica eficaz para, pelo menos, ameniz-las. Nesse contexto de displicncia governamental, o abismo entre as classes apenas aumentou, chegando, nos dias atuais, a uma assustadora realidade de diviso e segregao. O paradoxal, no entanto, que mesmo em um pas de gritantes diferenas, h quem acredite viver em uma plena democracia. A princpio cabe ressaltar que aps a implantao do modelo neoliberal de produo, ficamos ainda mais distantes do conceito democrtico. De fato, a poltica do estado mnimo corri os alicerces sociais na medida em que sade, educao e previdncia social so confinadas ao segundo plano de investimentos. Esse verdadeiro ataque aos patrimnios populares uma negao ao desenvolvimento do chamado governo do povo. o maior exemplo de violncia social que pode existir. Como se no bastasse o jogo poltico na economia, ele tambm se faz presente em nvel psicolgico. Nesse sentido, no raro que novas medidas do governo sejam ineficientes, porm sempre amplamente divulgadas. Qual brasileiro no ouviu falar do bolsa-escola? ou at mesmo que algumas terras j esto sendo redistribudas? Puro marketing da autopromoo, remontando aos tempos varguistas. A hipocrisia, deste modo, consiste em supervalorizar a inteno, ofuscando a eficincia da ao, mantendo as discrepncias sociais e o controle ideolgico de grande parte da populao. Alm disso, a ao poltica indissocivel da predisposio do povo submisso e ao controle. Um bom exemplo o sistema carcerrio atual, que confina presos em um pequeno espao quase que animalizando-os. Por outro lado, enquanto muitos se espremem em uma reduzida jaula, o juiz Nicolau tem recadas depressivas em sua priso especial e liberado para a casa algumas vezes. Revolta popular? Nenhuma. A naturalidade com que encaramos essa violentao aos direitos sociais, tambm nos torna, em parte, antidemocratas. Sendo assim, governo e povo so aliados no retardamento da construo da democracia. No se pode duvidar de que, entretanto, somos apenas espectadores nesse circo instaurando no Brasil. O importante, na verdade, negar a passividade e tambm contribuir para o andamento do espetculo que, at o momento, s teve o palhao em cartaz. Redao 2 Tema: Violncia social e construo da democracia no Brasil contemporneo.

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    Redao Poltica de vanguarda

    Violncia, misria, segregao social. Essas so as bases do Brasil contemporneo, do Brasil individualista, do Brasil que vive a terica democracia. Nessa conjuntura, fica evidente a miopia de uma sociedade que no observa a runa dos direitos humanos e o caos iminente do quadro scio-poltico do pas. Por permanecer cega, inerte e aptica, a populao segue demolindo os alicerces que estruturam a sociedade. Em nome do individualismo e da busca incessante da acumulao de capital, a elite busca isolar-se cada vez mais do mundo real, mesmo que para tanto torne-se cmplice e vtima da violncia social que se faz presente. De fato, a riqueza agride tanto ao miservel quanto a misria fere aos olhos da minoria que pode comprar culos escuros. Diante de tanta ignorncia humana, cumpre questionar onde se encontram o regime democrtico e o governo do povo para o povo. Sendo assim, cabe ressaltar que vivemos em um pas onde muitas so as perguntas e raras so as respostas. O que se tm, portanto, so apenas discusses inteis e um conjunto de medidas que agravam ainda mais os casos de agresso aos direitos humanos. Um fato que comprova isso o surgimento da indstria da violncia; carros blindados, condomnios excludos e os inmeros polticos que fazem da segurana uma arma para declarao de diretos do cidado, j que segurana passou a ser direito de poucos. Alm disso, vale ressaltar que muitas so as formas de agresso, desde a violncia gratuita, at a provao do direito de viver com dignidade. Contudo, o que se percebe de comum na realidade do pas um sistema poltico anacrnico, em desacordo com a ideologia internacional do neoliberalismo e da globalizao. De fato, fica difcil manter a democracia e os ideais de liberalidade e igualdade quando o estado deixa de ser nao e passa a ser empresa ou ainda, quando se derrubam fronteiras e no se respeitam as diferenas. Torna-se evidente, portanto que a violncia social e a destruio da democracia no Brasil contemporneo no so culpa da sociedade, mas a responsabilidade sim desse modo, fica claro que o brasileiro um irresponsvel consciente, que vive fora dos padres da vanguarda scio-poltica. O que o torna diferente, justamente o fato de no soneira com uma ideologia que esteja de acordo com suas verdadeiras necessidades, mesmo que ela seja considerada ultrapassada. Redao 3 Tema: A importncia do amor no mundo contemporneo

    procura de lucidez Basta estar vivo para conhecer clichs sobre o amor, mesmo sem t-lo sentido. At os mais dignos poetas se deixam levar pelo lugar-comum das maravilhas e paradoxos desse nobre sentimento. De Cames a Drummond, de Shakespeare a Vincius, o amor tem povoado textos que, se no tm valor literrio, pelo menos ajudam jovens pouco inspirados a conquistar belas moas. Nesse contexto de tamanha unanimidade, seria ousado discordar. Mas o risco talvez valha a pena. Na maioria das vezes, atribui-se ao amor um papel subversivo em um mundo marcado pelo materialismo. Diante das exigncias do capitalismo, que impe aos indivduos uma rotina apagada de trabalho e sofrimento, a paixo seria um contraponto decisivo. Na base dessa ideia,

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    Redao encontra-se uma premissa equivocada: a de que o prazer no pode advir da rotina, do trabalho e

    da produo. Basta, porm, conversar com pessoas bem-sucedidas em suas profisses para descobrir que sua relao com as tarefas dirias bastante positiva. Nesse caso, paixo e trabalho no se excluem; pelo contrrio, ajudam-se. Assim, o amor s constituiria um refgio para aqueles que so frustrados nos outros campos da vida. Na origem dessa percepo equivocada, encontra-se outra falsa oposio. Trata-se do antagonismo entre sentimento e racionalidade, segundo o qual o aquele mais importante que esta. A quem sustenta essa viso, vale lembrar o pensador italiano Antonio Gramsci, para quem o amor tambm demanda inteligncia. De fato, o estabelecimento de relaes sentimentais saudveis deve ser feito com base em sensatez e reflexo. Sem essas qualidades, um namoro ou casamento tende a se dissolver nos exageros tpicos da irracionalidade. No sem motivo que a palavra paixo tem a mesma raiz etimolgica que patologia: ambas remontam ideia de doena. Nesse sentido, no ser demais afirmar que o amor excessivo pode ser absolutamente prejudicial. Indivduos improdutivos, relaes improdutivas, sociedade improdutiva. Eis as consequncias do exagero sentimental. Em seu lugar, um pouco de comedimento ajudaria a tornar as pessoas mais equilibradas. Desse modo, em vez de gritos, mortes e suicdios, pode afluir uma harmonia serena, na medida em que a maturidade amorosa costuma ser muito mais profunda e duradoura que os desejos momentneos. Quem discordar dessa perspectiva e quiser citar poetas e filsofos deve se lembrar do seguinte: ao escreverem seus textos sobre o amor, eles possivelmente estavam cegos. De paixo.

    REDAES DE VESTIBULARES ANTERIORES Redao 1 UFRJ 2004 (Identidade da msica brasileira)

    Antropofagia musical Historicamente, a cultura brasileira sempre foi criticada por no ter uma identidade prpria, sendo um misto adaptado das culturas indgena, europeia e africana. No entanto, esta crtica mostra-se invlida, visto que uma evoluo cultural ocorre pelo contato entre diferentes costumes alimentares, religiosos e musicais. A msica brasileira um exemplo da consolidao da identidade cultural do Brasil, uma vez que essa constitui o espelho dos acontecimentos do pas e as caractersticas de seu povo. Na era da globalizao, em que as fronteiras foram eliminadas, verifica-se um fenmeno curioso, que primeiramente, pareceria paradoxal. O acesso internet permitiu um intenso intercmbio entre culturas, o que promoveu uma verdadeira invaso de bandas de rock e cantores pop no seio musical brasileiro. Entrementes, o surgimento e a disseminao de ritmos como o funk e o forr mostram uma reao da msica brasileira a esse processo. Esse nascimento de estilos genuinamente brasileiros, como o funk, corrobora o fato de que a msica o reflexo das transformaes sociais. Vtimas de um dficit educacional abissal e do abandono governamental, os criadores do funk retratam, por meio da msica, as consequncias do descaso que assola grande parte da populao. Embora, no seja um protesto, como ocorreu na Tropiclia, percebem-se os efeitos da crise moral vigente por meio desse estilo musical e

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    Redao consolidao efetiva de nossa identidade cultural.

    Nessa perspectiva, em que a msica brasileira est sentada em bases slidas, toda a nossa cultura contaminada por essa valorizao do que nacional. O movimento modernista foi o grande responsvel por esse acontecimento. Com esse, o povo brasileiro passou a ser retratado tal como ele , e com isso, passamos a apreciar a vasta riqueza deste caldeiro de raas e culturas que se chama Brasil. O fato de nossa cultura ser resultado de uma experincia antropofgica no faz dela melhor ou pior que outras, mas especial por ser to diversificada. Sem a conotao hiperblica usada pelos romnticos para caracterizar o Brasil e sua cultura, podemos, ainda assim, dizer que somos privilegiados e temos o imensurvel regozijo de sermos donos de um acervo musical abastado e consolidado, nico no mundo. Redao 2 UFRJ 2004 (Identidade da msica brasileira)

    Beleza sim, nacionalismo no Quem vai Histria descobre logo que o samba no seria o mesmo sem os ritmos africanos e as danas latinas, o mesmo valendo para outros estilos tipicamente brasileiros. Por isso, acaba vendo como histeria o alarme diante da msica americana nas rdios e lojas de CDs. Entretanto, a velocidade das influncias, hoje, realmente motivo de preocupao. Afinal, embora as trocas estejam na base de qualquer cultura, a globalizao econmica as torna excessivas, exigindo mecanismos de filtragem. Ainda que existam pessoas que idealizem a ideia de pureza cultural, a anlise histrica sempre revela intercmbios nas mais diversas manifestaes. No seria diferente com a msica brasileira, criada em um pas marcado pela convergncia de razes tnicas diversificadas. Nessa perspectiva, parece razovel afirmar que a riqueza dos ritmos e melodias nacionais seja diretamente proporcional multiplicidade dessas fontes, todas misturadas de modo singular. Entretanto, essa singularidade mltipla tambm no deve ser idealizada. Nem todas as influncias externas so positivas, sobretudo quando as trocas culturais so rpidas demais. exatamente isso que vem ocorrendo hoje, no contexto da globalizao. A msica estrangeira, principalmente norte-americana, impe-se como um gosto nico, massificado, dentro de uma lgica que inclui gravadoras, emissoras de rdio e TV, alm do cinema e da Internet. Embora no se trate de uma ameaa extrema, esse panorama precisa de ateno. Mais do que perder a identidade da msica brasileira, corre-se o risco de perder sua qualidade. Nesse sentido, filtros inteligentes podem ter um papel decisivo. Em vez de criar leis para impedir as influncias, faz mais sentido educar musicalmente as pessoas. Se a expresso musical nacional tiver mesmo qualidade, basta apurar os ouvidos do pblico. O resto natural. Dessa forma, valorizando o contato do pblico com as expresses culturais de qualidade, a identidade musical brasileira pode manter sua riqueza. A esse propsito, Tom Jobim costumava afirmar que a msica exatamente nossa maior qualidade, aquilo que nos torna 1 mundo. Resta seguir a lio de mestre e olhar para o que aqui se produz, no por simples nacionalismo, mas principalmente por admirao do belo. Redao 3 UFRJ 2005 (A valorizao do corpo)

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    Redao

    Corpo so, mente insana Basta uma hora diante da televiso ou em um shopping para perceber que a valorizao do corpo faz parte da viso de mundo atual. Academias, tratamentos, cosmticos tudo isso reflete uma lgica cultural to difundida quanto ilusria. Embora tenha razes histricas, o culto ao corpo constitui hoje uma distoro, cujos efeitos tm sido bastante negativos para a maior parte das pessoas. Um olhar para a histria nos mostra que as mais diversas sociedades e pocas tiveram seus padres de beleza associados a formas fsicas. Sobretudo nos perodos em que o homem se colocou como centro do universo, o corpo teve papel cultural de destaque. O Renascimento, em especial, representa esse conceito, que sempre esteve baseado na relao orgnica entre aparncia e essncia. Assim, a beleza externa seria a expresso desejvel de uma essncia completa. justamente essa relao que parece ter sido perdida pelo homem contemporneo, que se baseia na falsa premissa de que corpo e alma constituem dimenses distintas. Sem dvida, as pessoas passam a se preocupar com uma aparncia dita perfeita, que no reflete seu modo de ser. Para os modelos da publicidade, essa beleza padronizada parece bastar; para uma pessoa real, ela nunca ser suficiente. Em virtude dessa iluso, criam-se efeitos perversos para dois grupos de pessoas. O menor deles, com acesso a essa indstria da beleza, compromete a sade do corpo e nunca estar em harmonia consigo mesmo. O segundo, formado pela maior parte da sociedade, encontra-se excludo dessa lgica, no porque queira, mas porque no tem poder aquisitivo para nela se integrar por completo. Pode-se perceber, portanto, que no h por que colocar o corpo em um plano inferior mente, uma vez que dele tambm dependemos para viver bem. Nesse sentido, a valorizao do corpo, por si s, no chega a ser um mal. O problema imaginar que a harmonia, a beleza e a felicidade possam ser alcanadas exclusivamente pela ida a shoppings e academias. Eis a iluso a ser superada.

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    Redao

    Dissertao Exemplar Parte 2 Abaixo, avalie uma proposta de redao que contm os mesmos padres utilizados pelo ENEM. Depois, leia as redaes que receberam diferentes notas na mesma banca. Procure perceber a capacidade argumentativa, coerncia e coeso, e as diferenas de linguagem entre elas. Tente compreender por que cada uma recebeu a nota atribuda. MODELO DE PROPOSTA DE REDAO Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da lngua portuguesa sobre o tema A violncia na escola brasileira: como mudar as regras desse jogo? Apresente experincia ou proposta de ao social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Texto 1

    At que ponto a violncia das ruas penetrou nas escolas do Brasil? Essa questo at agora s podia ser respondida com especulaes baseadas em incidentes de maior repercusso, que aparecem na imprensa. Um levantamento realizado pela Unesco, o brao das Naes Unidas para a educao, cincia e cultura, que ser divulgado nesta semana, o primeiro a examinar a insegurana na escola por meio de estatsticas. O estudo conclui que na maioria dos colgios, sejam eles pblicos, sejam eles privados, a violncia atingiu tal patamar que os alunos esto to inseguros na sala de aula como se estivessem na rua. Para chegar a esse diagnstico, foram entrevistados 34.000 estudantes, 13.400 pais e professores de 340 escolas de catorze capitais durante dois anos. "A violncia no entorno da escola chegou a um ponto to alarmante que ultrapassou os portes e invadiu o ambiente escolar", diz a sociloga Miriam Abramovay, coordenadora do estudo da Unesco. "Pudemos comprovar tambm que no passa de mito a ideia de que apenas os estabelecimentos de ensino pblico convivem com trfico de drogas, armas e gangues. A situao bem parecida no ensino privado."

    Os pesquisadores da Unesco consideram como violncia na escola agresses, roubos e assaltos, estupros, depredaes, armas e discriminao racial. Em dcadas passadas, a violncia dentro das instituies de ensino era vista como decorrncia da rebeldia natural da adolescncia. Os primeiros estudos sobre o assunto datam de 1950 e esto repletos de relatos de depredaes e respostas malcriadas de alunos indisciplinados. O que antes era rebeldia hoje crime de verdade. Nunca foi to fcil o acesso a drogas e armas. Nem sequer preciso procurar drogas fora da escola, pois muitos estudantes so tambm traficantes. "Temos alunos na cidade que se matriculam apenas para traficar", observa Jucinia Santos, secretria de polticas educacionais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de So Paulo (Apeoesp). "H aluno que vende crack s 8 horas da manh. Quem deve a ele pode ser baleado no ptio, na hora do recreio", diz.

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    Redao Veja alguns nmeros do levantamento:

    Dos alunos que tm arma de fogo, 70% j levaram seus revlveres para a escola. As ameaas contra professores tornaram-se mais constantes e perigosas: 50% do corpo

    docente de So Paulo e 51% do de Porto Alegre relataram algum tipo de agresso. Quatro de cada dez professores atribuem a violncia ao envolvimento dos alunos com

    drogas.

    (Adaptado de Veja on-line; acesso em 21/06/2011)

    Texto 2

    O menino Vitor Fernando Dutra Gumieiro, de 9 anos, foi agredido por cinco garotos da mesma faixa etria dentro da sala de aula e na sada da Escola Estadual Adolfo Alceu Ferrero, anteontem, em So Joaquim da Barra, na regio de Ribeiro Preto (SP). Devido agresso, ele foi internado e passou por exames de tomografia e ressonncia magntica em Ribeiro Preto. Vitor ter alta hospitalar amanh e usar colar cervical por 15 dias.

    Segundo a me, Knia Helena Silveira Dutra, de 27 anos, o filho sofre com as brincadeiras de colegas porque gago. Aps a agresso na escola, ele no mencionou nada em casa. Dentro da sala de aula (3 srie), ele foi atingido por um soco, um tapa e um golpe de mochila. Na sada da escola, a inspetora o mandou sair pelos fundos, mas os agressores perceberam e o cercaram, desferindo socos e chutes em seu corpo.

    (http://www.estadao.com.br/noticias/geral, acesso em 21/06/2011) Texto 3

    A violncia protagonizada pelos jovens nas escolas uma realidade inegvel. A sociedade ter que se organizar e insurgir-se ativamente contra este fenmeno. De igual modo, a escola ter que ajustar os seus contedos programticos e aproximar-se mais das crianas. Devido s exigncias, as famlias muitas vezes destituem-se da sua funo educativa, delegando-a escola. No meio de toda essa confuso, esto as crianas, que atuam conforme aquilo que observam e agem consoante os estmulos do meio. Meio esse que por vezes oferece modelos de conduta e referncias positivas questionveis.

    (Trabalho realizado para o mdulo de "A escola e os seus agentes perante a excluso social" do Doutoramento em Educao Social)

    INSTRUES: - Seu texto tem de ser escrito tinta, na folha prpria. - Desenvolva seu texto em prosa: no redija narrao, nem poema. - O texto com at 7 (sete) linhas escritas ser considerado texto em branco.

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    Redao - O texto deve ter, no mximo, 30 linhas.

    - O rascunho da redao deve ser feito no espao apropriado. Agora, leia algumas das redaes feitas para esse simulado. Compare-as e perceba os aspectos fundamentais que diferenciam um texto de outro.

    REDAES EXEMPLARES SIMULADO ENEM 2011 Redao 1 Nota: 4,0

    Insegurana do que chamamos de lar

    Armas, drogas e mscaras so o que agora encontramos em lugares de conforto, segurana e alegria, em teoria, mas o bvio parece ter se tornado inesperado, e o que achamos no passa de dio e destruio. O ensino que, ao longo dos anos, tende a somente receber mais valor terico, no posto em prtica, consequentemente, afetando o aprendizado de centenas de alunos, porm, antes de se julgar o culpado, por que no levado em conta as pessoas que poderiam mudar isso e preferem apenas ficar olhando? Com a pouca tica de trabalho dada por alguns professores e o costume revoltas e falta de disciplina de variados tipos de alunos, nos faz perceber que os problemas de educao ocorrem em casa e na escola, onde comportamentos abusivos, agressivos e desrespeitosos no so repreendidos por nenhuma autoridade. Enquanto for dado mais valor quantos idiomas se fala, quantas palavras consideradas eruditas ou a elevao de QI de cada um, esqueceremos que somos seres humanos iguais e continuaremos perdendo nossos valores e princpios por ambies que a sociedade nos concede de ser grandiosos e para poucos. Redao 2 Nota: 8,5

    Tiro ao alvo As vtimas atingidas pela violncia dentro do colgio carregam com elas um substantivo que as antecede, o desrespeito. O desrespeito ao professor, ao funcionrio, ao aluno. O desrespeito ao gordinho, ao nerd, o magricelo. O desrespeito diferena, individualidade. inevitvel tornar-se um alvo. A violncia um produto de sentimentos negativos acumulados durante o tempo. Sentimentos que muitas vezes so encarcerados e abandonados, podendo refletir em atos brutais. Uma infncia sofrida, pais ausentes, a influncia do meio e a presso que ele exercem so fatores pelos quais crianas e adolescentes sofrem e praticam o popular e infeliz bullying.

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    Redao Alm do constante abuso fsico e verbal, a violncia tambm exposta de outras formas,

    como o roubo, o trfico e o consumo de drogas, dentro e fora do ambiente escolar, e em casos mais graves, o trauma pode levar a verdadeiras tragdias, como o massacre testemunhado em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro, onde crianas foram assassinadas por um ex-aluno, perturbado at a idade adulta pelo sofrimento no ensino fundamental. Nesse sentido, necessrio o apoio psicolgico s vtimas e aos agressores, por parte da escola, para garantir uma maior estabilidade emocional. essencial o aumento do policiamento na entrada de armas e drogas nas salas de aula. preciso promover uma conscientizao sobre o perigo e a infelicidade que a violncia capaz de trazer, pois assim, acabar pouco a pouco com as flechas de que ferem gravemente. Redao 3 Nota: 10,0

    CONECTANDO POLOS Devido ao fcil acesso a armas, de fogo ou brancas, e drogas, a violncia que antes se mantinha fora dos portes da escola hoje a permeia. Casos de violncia entre alunos e desses contra professores so cada vez mais comuns. Algo precisa ser feito. Primeiramente, deve-se aumentar a segurana das instituies. Colgios que possuem um histrico de casos de violncia devem receber patrulhamento rotineiro na entrada e na sada de seus alunos. Alm disso, como objetivo de um projeto de lei estadual, essencial a instalao de detectores metlicos nos portes. Dessa forma, ser assegurada a segurana tanto dentro quanto fora das escolas. Em segundo lugar, deve-se instaurar um departamento que acompanhe e oriente tanto o aluno quanto o professor. Pesquisas mostram que metade do corpo docente de algumas capitais nacionais j foi agredida. Tal departamento ser responsvel por atender psicologicamente esses profissionais e os alunos envolvidos, orientando tambm as famlias como proceder diante do fato. Desse modo, teramos um movimento de dilogo e conciliao a verdadeira anttese da violncia. Por ltimo, e no menos importante, o combate ao trfico dentro dos colgios. Muito frequente no ensino particular, segundo percepo dos prprios mestres, a causa da maior parte das agresses. Nesse caso, a soluo deve ser direta e simples: a instituio deve comunicar no s aos pais, mas tambm s autoridades competentes. Denunciar, nesse caso, seria a melhor forma de a escola exercer seus deveres da cidadania. Fica claro, portanto, que o combate violncia escolar bipolar. Como em uma bateria, seus polos - a escola e a famlia - devem estar conectados, a fim de que se estabelea uma corrente que torne a instituio de ensino impermevel ao problema. Com isso, o futuro do pas estar blindado contra o horror em uma de suas clulas fundamentais.

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    Redao

    Planejamento de Redao 1. CONSIDERAES INICIAIS Voc j esteve ou se imaginou em uma situao-limite como o momento da realizao da prova de Redao no vestibular? fcil imaginar os estgios dessa ocasio to peculiar em nossas vidas: certa tenso no ar, o silncio imperando na sala, os minutos do relgio passando to lentos e, ao mesmo tempo, to rapidamente, num paradoxo angustiante. Nesse contexto, apenas um pensamento vem sua mente: resolver a prova a todo custo! Escrever a regra do jogo, e voc deve fazer isso de forma consciente, constante e organizada. Ento, voc comea a escrever tudo aquilo que foi aprendido, todas as referncias lidas, todas as reflexes feitas em sala de aula... Enfim, tudo o que voc sabe e que diga respeito ao tema proposto pela banca. Desse modo, a nota atribuda pelo corretor ser boa, certo? Errado! Infelizmente, a melhor estratgia no a descrita acima.

    De fato, uma prova de Redao s ser corrigida se houver um caderno de respostas, devidamente preenchido. No entanto, os alunos tm a (falsa) impresso de que somente no momento em que a caneta utilizada na folha de prova que esta ser resolvida. Na verdade, a tarefa de produo textual muito mais complexa, e necessita de uma fase pr-textual, talvez at mais demorada que a fase da escrita em si. Por Exemplo: do mesmo modo que um edifcio ou uma viagem, para darem certo, devem ser pensados e planejados com antecedncia, (no caso do edifcio preciso verificar quantos pavimentos vo existir, o permetro a ser construdo, a disposio dos cmodos, entre outros. J no caso da viagem, checar o meio de transporte a ser utilizado, o nmero de dias, conferir a programao, etc.) Um texto tambm s produzir o efeito esperado se tiver passado por uma fase de preparao. Essa fase pode ser dividida para fins didticos, em quatro etapas distintas, que se percorridas com o devido cuidado, permitiro ao candidato um gigantesco salto de qualidade, no que tange a apreciao da banca. Vamos a elas? 2. AS ETAPAS DE PREPARAO

    ETAPA1: Interpretao da proposta de tema preciso ressaltar, antes de tudo, que a primeira etapa talvez seja a mais importante de todas. Isso porque se o candidato no tiver conseguido apreender na totalidade aquilo que a banca colocou em discusso, sempre ser aplicado algum tipo de penalidade. Essa falha do vestibulando, o que chamamos de fuga ao tema. A fuga pode ser total ou parcial: no primeiro caso, a redao anulada pela banca (como corrigir um texto que no versa sobre o que foi pedido? Como compar-lo com os demais?) e, obviamente, a nota correspondente zero; no segundo caso, as possibilidades de erro so inmeras, com as penalizaes variando na mesma medida.

    Para que esse tipo de problema no ocorra, preciso que nos atenhamos a aspectos extremamente importantes, como os abaixo discriminados.

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    Redao D ateno total a cada uma das palavras que compem o tema. A banca teve cerca de

    um ano para pensar na proposta, e se aquelas palavras foram utilizadas, cada uma delas desempenha uma funo especfica dentro do contexto. Para que a apreenso dos sentidos da proposta seja completa impedindo que ocorra fuga ao tema esses sentidos especficos devem ser inter-relacionados para a composio do todo.

    Muito cuidado para no confundir tema e assunto. A falta de distino pode levar o aluno a uma falha bastante grave. O assunto pode ser uma referncia genrica ou um fato especfico; o que o diferencia do tema que este ltimo uma discusso direcionada, construda a partir do assunto escolhido. Para maior entendimento, observe os exemplos abaixo:

    Ex. 1 - Assunto: Conscincia ecolgica

    Possvel tema: O que deve ser feito para que a conscincia ecolgica aumente em todo o mundo?

    Ex. 2 Assunto: Ataque terrorista s torres do World Trade Center Possvel tema: Causas da intolerncia no mundo contemporneo.

    Em ambos os exemplos, fica clara a distino entre tema e assunto. No primeiro, o assunto vem com uma referncia genrica (conscincia ecolgica), enquanto o tema traz uma discusso mais direcionada, em que se questiona um modo para que se aumente a conscincia sobre o meio ambiente. No segundo, o caso do atentado terrorista o assunto usado como pretexto para trazer tona a verdadeira discusso: os motivos que fazem com que as manifestaes de intolerncia estejam to presentes nos dias de hoje.

    Genericamente, podemos dizer que existem trs formas de se apresentar uma proposta de

    discusso temtica para o candidato, na ocasio do vestibular: a) Proposta compreendida a partir de um texto-base e/ou uma frase-tema.

    b) Proposta compreendida a partir de uma coletnea de textos, que dialogam entre si. Observao: nos dois primeiros casos, muitas vezes a frase-tema no est explcita e deve ser inferida pelo candidato com base nos textos da coletnea.

    c) Proposta compreendida a partir de texto no-verbal ou de texto hbrido. Abaixo esto elencados alguns exemplos desses modelos de proposio:

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    Redao

    Modelo A UNIRIO 2003

    O Mundo para todos

    Durante debate recente nos E.U.A., fui questionado sobre o que pensava da internacionalizao da Amaznia. O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e no de um brasileiro.

    (Cristovam Buarque, em artigo publicado por meio eletrnico.) Voc favorvel internacionalizao de reas e de bens culturais nacionais?

    Modelo B UFRJ 2000

    Na primeira gramtica da lngua portuguesa, escrita por Ferno de Oliveira em 1536, lemos: [...] mui poucas so as coisas que duram por todas ou muitas idades em um estado, quanto mais as falas [...] Ns, j agora, para fazer vocbulos de todo assim como digo no temos muita licena, mas, porm, se achssemos uma coisa nova em nossa terra, bem lhe podamos dar um nome novo, buscando e fingindo voz nova, como poderiam ser as rodas ou moendas em que agora se fala e dizem que ho de moer com nenhuma e pouca ajuda. Esta tal coisa nunca foi vista, portanto, no pode ter nome. Se agora de novo for achada, trar tambm voz nova consigo.

    (pp.95-96) Quase quatrocentos anos depois, em 1923, o escritor carioca, Benjamim Costallat, escreveria em seu romance Mademoiselle Cinema, o delicioso trecho: O champagne salva muita cousa. Disfara muita tristeza. No meio do jantar, a mulher j outra. Ri, diz pilhrias. De sua testa foram varridas as rugas de melancolia... Um jazz-band de negros ensurdece com sua alegria forada as risadas tambm foradas daquele fim de jantar. Tudo ali simetria em cada mesa h um casal, um abat-jour colorido, um jarrinho de flores, uma garrafa de Pommery, e os garons, silenciosos, servem as mesas simtricas, simetricamente vestidos de casaca preta.

    (p.89) Hoje, as relaes entre a renovao do vocabulrio e o contexto sociocultural continuam a despertar o interesse, gerando as mais diversas reaes, conforme se l nos trs textos a seguir, extrados de jornais: Portanto, a partir de agora, e at prova em contrrio, apoio a utilizao do termo Cimeira para a reunio de cpula que acontecer no Rio. Como vimos em cenas do captulo anterior, o encontro

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    Redao virou Cimeira aps discusses em ingls, numa deciso que ocorreu no Panam. As tradutoras

    para o portugus eram nascidas em Portugal, summit virou cimeira e assim ficou. [...] Nestes tempos em que as palavras s se perdem, realmente vantajoso ganhar uma. J gostei mais um pouco da tal cimeira.

    (Artur Xexo, Jornal do Brasil, 25.06.99) H um novo linguajar na praa, talvez filho da globalizao, que me obriga a refletir, cada vez que o ouo [...] J havia me acostumado ao verbo 'deletar', palavra de boa origem latina, mas importada pelos informatas, quando ouvi um avio de traficante dizer numa entrevista que seu chefe mandara 'deletar o cara'. At bem pouco tempo, o verbo deles era 'apagar'.

    (Romildo Guerrante, Jornal do Brasil, 01.11.99) Elio Gaspari, em sua coluna no O Globo de 17.10.99, reproduz trecho do projeto de lei do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP): Estamos a assistir a uma verdadeira descaracterizao da lngua portuguesa, tal a invaso indiscriminada e desnecessria de estrangeirismos como 'holding', 'recall', 'franchise', 'coffee-break', 'self-service' e de aportuguesamentos de gosto duvidoso. Em geral despropositados como 'startar', 'printar', 'bipar', 'atachar', 'database'. Reflita, numa dissertao de no mximo trinta linhas, sobre as questes levantadas pelos textos, considerando a afirmao do filsofo Mikail Bakhtine: A palavra ser sempre o indicador mais sensvel de todas as transformaes sociais...

    Modelo C UFRJ 2004

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    Redao

    (MACHADO, Juarez. Jornal do Brasil, 1972.)

    A) Leia o cartum de Juarez Machado, reproduzido ao lado, como ponto de partida para o desenvolvimento do seu texto e reflita sobre as mltiplas possibilidades de interpretao que sugere. B) D um ttulo ao cartum de modo que traduza o assunto a ser desenvolvido. C) Faa um resumo, de at trs linhas, do assunto que voc escolheu. D) Redija o texto de acordo com o ttulo e o assunto contido no resumo que voc escreveu. A modalidade pode ser predominantemente narrativa, descritiva ou dissertativa, conforme sua preferncia.

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    Redao

    Por fim, deve-se ressaltar o fato de os temas dos vestibulares poderem ser divididos em dois grandes grupos: os denotativos e os conotativos. Para melhor entendimento dessa distino, resolva os exerccios propostos nesta apostila.

    ETAPA 2: Listagem de ideias, exemplos, referncias e argumentos. Em sntese, nesta etapa voc deve elencar em uma folha de rascunho toda e qualquer referncia que sobrevier acerca do tema abordado. o que chamamos de brainstorm tempestade cerebral, ou seja, tudo o que vier em sua cabea, referente ao tema proposto, anote. Esse trabalho possui dupla funo: primeiro, impedir que uma boa ideia seja esquecida no momento da escrita do texto; segundo, permitir ao candidato que suas referncias sobre o tema sejam melhor visualizadas e, com isso, a organizao das mesmas possa ser mais eficiente.

    ETAPA 3: Organizao e seleo das ideias. Neste momento, voc j passou para o papel todo o seu conhecimento sobre a proposta de tema. Como voc est bem preparado, as referncias so muitas e praticamente impossvel que todas elas faam parte do texto final, sob pena de este tornar-se muito superficial. Por isso, deve-se proceder a seleo das melhores ideias, organizadas e associadas entre si, de modo que haja a mxima coerncia possvel.

    ETAPA 4: Roteirizao Trata-se do ltimo momento pr-textual. Depois de todo o processo anterior, voc j deve ter percebido que alguns pargrafos comeam a se definir. Agora, necessrio preparar as linhas gerais da introduo, a ordem mais adequada para os pargrafos argumentativos que vo compor o desenvolvimento e o encaminhamento da concluso. Somente depois de concluir essas quatro etapas, que o candidato dever comear a escrever. Lembre-se: quanto mais tempo for investido no planejamento do texto, menos tempo ser gasto na escrita propriamente dita. Isso porque um texto bem planejado flui muito mais do que aquele feito na hora , em que o aluno acaba empacando inmeras vezes.

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    Redao

    Uso da Coletnea de Textos 1. CONSIDERAES INICIAIS Uma das consequncias mais evidentes das mudanas estruturais na educao, diz respeito forma de apresentao das propostas de redao. Antes limitados a duas ou trs frases, muitas vezes enigmticas, os temas passaram a incluir fragmentos de textos tericos, trechos de leis, letras de msica, poemas, charges, fotografias, enfim, uma coletnea de ideias e informaes para ajudar o aluno a construir seu texto. E o ENEM no constitui exceo a essa regra. Dessa maneira, o ato de redigir propriamente dito, antecedido de um ato de leitura. Com o material fornecido pela banca, o aluno ter seu raciocnio bem norteado, sem se perder nos inmeros caminhos que lhe ocorrem ao ler o tema. Ao mesmo tempo, ele dever exercer sua capacidade de absorver o contedo apresentado, adaptando-o a seu projeto de texto, como que numa atividade de reciclagem criativa. Com frequncia, porm, os candidatos confundem uso com cpia ou citao literal. A esse respeito, cumpre lembrar que os fragmentos fornecidos precisam ser interpretados para que se aproveite deles apenas o essencial. Com essa compreenso, o aluno passa a associar as informaes e ideias apresentadas, somando s suas. S assim, ele ter utilizado de forma inteligente e ativa a coletnea. Mais uma vez, portanto, no existe uso fcil; por outro lado, para quem no tem medo de pensar, eis uma excelente oportunidade de enriquecer a redao. 2. APLICAO DA TEORIA Coletnea I 1) Meu partido/ um corao partido/ e as iluses esto todas perdidas/ os meus sonhos/ foram todos vendidos/ to barato que eu nem acredito/ que aquele garoto que ia mudar o mundo/ frequenta agora as festas do "grand monde".

    (CAZUZA, Ideologia) 2) No sou de So Paulo, no sou/ japons./ No sou carioca, no sou portugus./ No sou de Braslia, no sou do Brasil./ Nenhuma ptria me pariu./ Eu no t nem a./ Eu no t nem aqui.

    (ANTUNES, Arnaldo e outros. Lugar nenhum.) 3) Eu sei / que a vida devia ser bem melhor / e ser.

    (GONZAGA JR., Luiz. O que o que ?) 4) Qualquer que seja o modelo de desenvolvimento, independentemente de sua ideologia, ele se far atravs das pessoas e daquilo que elas forem capazes de realizar a partir de si prprias.

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    Redao (SOUZA, Herbert de. / Betinho. Escritos indignados. RJ. Ed.IBASE, 1991)

    5) De todas as coisas desse mundo to variado, a nica que me exalta, me afeta, me mobiliza o gnero humano. So as gentes (...) minha amada gente brasileira, que minha dor, por sua pobreza e seu atraso desnecessrios. tambm meu orgulho, por tudo o que pode ser, h de ser.

    (RIBEIRO, Darcy. O Brasil como problema. 2 ed. RJ: Francisco Alves, 1995). 6) Individualista dos ps cabea. (...) Sem dolos, descrente nos polticos e preocupada com o mercado de trabalho, a juventude do estado do Rio lista sonhos resumidos primeira pessoa do singular: eu. (...) Ajudar o prximo, ser feliz, viver numa sociedade mais justa, paz na terra? No por a. Eles no esto interessados em mudar o mundo.

    (VENTURA, Mauro, CNDIDA, Simone. "Jovem troca ideais por ambio". In: JB. Caderno Cidade. 06/07/97.)

    Levando em considerao os textos acima, disserte sobre o tema Individualismo e compromisso coletivo. Lembre-se de fundamentar suas afirmaes com argumentos que evidenciem a coerncia de seu raciocnio. Coletnea II Os textos a seguir expem diferentes aspectos da relao amorosa. Leia-os atentamente. 1) Os anos 60 e 70 esto mesmo distantes. Os jovens de hoje querem emprego fixo e valorizam o casamento de papel passado. E um tero acha importante a mulher casar virgem.

    (VENTURA, Mauro, CNDIDA, Simone, "Jovem troca ideais por ambio". In: JB, 06/07/97).

    2) Para viver um grande amor, mister ser um homem de uma s mulher; pois ser de muitas, poxa! de colher... no tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro seja l como for. H que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se fora com uma espada - para viver um grande amor.

    (MORAES, Vincius. Para viver um grande amor: crnicas e poemas. SP: Companhia das Letras, 1991.)

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    Redao

    3) Mudei de roupa: Lee, camisa vermelha, um mocassim legal. Apanhei o livrinho de endereos, acendi um cigarro, prendi o telefone entre a cabea e o ombro, disquei. Glorinha est? No estava. Disquei de novo, Ktia est? No estava. De novo, Ana Maria est? No estava. Ainda, Gilda est? No estava. Larguei o telefone, desconsolado. Liguei o rdio. No podia ficar sentado. Dei uma olhada para o livro de qumica, para a capa, e sa."

    (FONSECA, Rubem. Contos reunidos. SP: Companhia das Letras, 1994.) 4) Carta de namorado/ a felicidade mais pura!/ Prazer intenso, emoo que dura,/ certeza de ser amada/ por escrito e por extenso.

    (TELLES, Carlos Queiroz. Sonhos, grilos e paixes. SP: Moderna, 1990.) 5) Dizes que brevemente ser a metade de minha alma. A metade? Brevemente? No: j agora s, no a metade, mas toda. Dou-te a minha alma inteira, deixa-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te.

    (RAMOS, Graciliano. Cartas de amor a Helosa. SP: Record, 1994.) 6) Tenho cimes deste cigarro que voc fuma/ To distraidamente.

    (CESAR, Ana Cristina, Inditos e dispersos. SP: Brasiliense, 1985.) 7) Por ser exato, o amor no cabe em si/ Por ser encantado, o amor revela-se/ Por ser amor/ Invade/ E fim.

    (DJAVAN, Ptala.)

    Tomando os textos acima como motivao, discuta o tema proposto - Relaes amorosas na atualidade -, construindo um texto dissertativo. Lembre-se de fundamentar suas afirmaes com argumentos que evidenciem a coerncia de seu raciocnio.

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    A Estrutura da Dissertao A Introduo 1. CONCEITO A palavra introduo formada a partir do verbo latino ducere (levar, transportar, puxar sem descontinuidade, conduzir) e, do prefixo intro, derivado do advrbio latino intro dentro (especialmente de casa). A partir da etimologia do vocbulo, fica ntido o entendimento do que seria o ato de introduzir o texto: conduzir o leitor ao seu interior, dando noes sobre sua orientao geral e sua organizao.

    Em outras palavras, o leitor deve sentir-se em casa j na introduo, de modo que possa identificar o tema em discusso e prever, genericamente, qual o posicionamento defendido pelo enunciador.

    Funes/Objetivos: Como acabamos de ver, uma introduo eficiente deve revelar apenas o necessrio para situar o leitor no texto, estimulando-o a prosseguir com a leitura. Para que isso acontea, o pargrafo deve conter os dois aspectos mencionados: A explicitao do tema, ressaltando a relevncia da questo em debate. Essa funo

    extremamente importante, uma vez que a partir dela, que o enunciador revela para a banca que compreendeu integralmente a proposta.

    A sugesto de uma abordagem para o tema, especificando qual o ponto de vista a ser defendido ao longo do texto.

    Observao: Uma introduo para ser considerada excelente, deve conter um algo mais; ela deve ser capaz de atrair o leitor, atiando sua curiosidade. Isso pode ser obtido mais facilmente, se nela estiver contida uma tese. Entende-se que a tese a ideia central do texto, a partir da qual derivam os argumentos. Uma tese bem construda garante maior unidade redao, facilitando o entendimento do leitor. Esse ponto ser melhor explicado no momento da resoluo dos exerccios propostos.

    Estratgias: preciso ressaltar, antes de tudo, que no existe uma receita nica e infalvel para se construir uma boa introduo. Isso vai depender de inmeros fatores, entre eles, o conhecimento de mundo do enunciador e o entendimento do tema propriamente dito. Contudo, algumas tcnicas introdutrias podem (e devem) ser assimiladas pelos alunos, a fim de que as funes da introduo sejam cumpridas com a maior eficincia possvel e que a banca examinadora possa observar o texto com bastante simpatia (lembre-se: a primeira impresso conta muito!). Vamos a elas:

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    Redao Introduo por Citao dos Argumentos:

    a mais tradicional das modalidades de introduo. Consiste em, aps fazer uma contextualizao genrica do tema, construir um rpido trailer dos pontos que sero aprofundados no desenvolvimento, normalmente com palavras-chave. Costuma-se associar essa estratgia a que vem a seguir (Contextualizao Especfica).

    Exemplo: - Tema: Estatuto do Desarmamento Atualmente, os brasileiros parecem ter que se conformar com uma triste realidade no momento em que ligam a tev ou leem os jornais: o grande nmero de crimes cometidos com a manipulao de armas de fogo. No intuito de dificultar essa prtica, o governo criou um projeto de lei que prev grandes restries comercializao desses armamentos em nosso pas. Nessa perspectiva, aspectos comerciais, sociais e, principalmente, humanos devem ser avaliados para que se chegue a uma concluso minimamente polmica sobre a questo. Introduo por Contextualizao Especfica:

    Consiste em relacionar o ponto central da discusso a um panorama, um cenrio, um pano de fundo, enfim, um painel construdo com o repertrio de conhecimento do enunciador que enfatiza a importncia do tema. Os tipos so diversos, e entre eles destacam-se: a introduo por base histrica, a aluso situao concreta, a enumerao de tpicos e a apresentao de dados estatsticos. A seguir, temos alguns exemplos: Exemplo: - Tema: A conscincia poltica do brasileiro. Durante mais de duas dcadas, desde o golpe militar de 64 at a eleio de Fernando Collor de Mello como Presidente da Repblica no fim dos anos 80, o brasileiro manteve-se distante das urnas. No difcil imaginar que, nesse contexto de afastamento eleitoral, a maior parte da populao tambm tenha acabado por distanciar-se da prpria poltica. Hoje, o que vemos uma populao descrente e desinteressada, que vota mais por receio das punies do que por dever cvico consciente e direito cidado. - Tema: A intolerncia no mundo contemporneo. Onze de setembro de 2001. Nesse dia, o mundo parava completamente atnito em frente tela da televiso. As torres gmeas caam e, com elas, simplesmente desmoronava a sensao de segurana que certos grupos e pases possuam. Contudo, uma nova grande realidade emergia juntamente com a ameaa terrorista: a questo da intolerncia no mundo contemporneo e as formas de se combater, em todos os nveis, esse mal. - Tema: Como o brasileiro deve lidar com um pas em crise?

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    Crise econmica. Crise poltica. Crise ambiental. Crise de valores. At mesmo crise de energia... Infelizmente, nesse contexto de crise em que vive (sobrevive?) o brasileiro contemporneo. Para lidar com essa situao, diversas medidas so ou deveriam ser - tomadas, desde o investimento em educao, passando pelo combate aos corruptos at a ateno Floresta Amaznica. Somente desse modo se pode evitar a sada derradeira: a porta do avio. - Tema: Analfabetismo funcional no Brasil. Pesquisas revelam que cerca de setenta por cento dos brasileiros enquadra-se, com maior ou menor grau de intensidade, em um dos maiores problemas educacionais de nosso pas: o analfabetismo funcional. Essa disfuno ocorre quando a pessoa l e escreve, mas no capaz de entender aquilo que foi lido. Sem dvida, tal malefcio traz diversos prejuzos ao indivduo e sociedade, devendo ser combatido em sua raiz mais profunda - a educao de base. Introduo por Sugesto: Consiste em fazer aluses culturais ou citaes alegricas (como as comparaes, por

    exemplo), a fim de chamar a ateno do leitor para a importncia da questo. Exemplo: Tema: A transgresso s leis no contexto contemporneo. Segundo o filsofo grego Aristteles, a lei a razo livre da paixo. A julgar pelo panorama atual, esse precioso ensinamento vem sendo constantemente desvirtuado. Para muitos, a paixo - como sinnimo de interesses e desejos pessoais - revela-se elemento inerente observncia de uma lei, e, o que pior, pode ser o pretexto necessrio para que esta no seja sequer cumprida. Introduo por Conceituao:

    Consiste em expor o tema em conceitos, isto , dar a definio de alguma palavra-chave (como em um dicionrio), ou ainda, explicitar trechos de leis ou textos cientficos.

    Exemplo: Tema: A importncia da famlia. Em sua etimologia, educar significa elevar, conduzir a um patamar superior. No contexto contemporneo, a conduo do indivduo a um plano mais elevado depende de diversos elementos, seja a escola, seja o meio social, seja a ndole de cada um. No entanto, tudo indica que um fator mais essencial que todos os outros: a presena da famlia. Introduo por Questionamento:

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    Redao Consiste em fazer um ou mais questionamentos acerca do tema proposto, avaliando, porm, sua

    capacidade de elucidar ao longo do texto as questes. Exemplo: Tema: Identidade cultural brasileira. Muito se discute sobre a existncia de uma identidade cultural do brasileiro. De fato, em um contexto de globalizao como o que vivemos, as dvidas sobre as marcas de uma verdadeira brasilidade tendem a surgir. Nesse sentido, cabe perguntar: o que identidade cultural? Estamos sendo vtimas de dominao estrangeira? Podemos perder nossas principais caractersticas? possvel se opor globalizao, reafirmando nossos traos?

    Frmulas Desgastadas: J foi dito que uma pitada de originalidade sempre bem-vinda em qualquer redao, conferindo uma espcie de bnus (em termos de nota) ao enunciador. Do mesmo modo, evitar construes previsveis que, se no permitem ganhos, ao menos evitam perdas. Por isso, procure evitar ao mximo, construes com formatos clichs, como: Desde a antiguidade, o homem (...) ou A humanidade, desde os primrdios, (...). Esse tipo de aluso, alm de desgastada, no revela qualquer tipo de base cultural do aluno, j que as referncias so extremamente genricas ou inexatas.

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    Redao

    A Estrutura da Dissertao O Desenvolvimento 1. CONCEITO O desenvolvimento constitui a maior parte do texto dissertativo, e nele que a introduo se expande. Sua funo principal consiste em defender a viso de mundo do enunciador, explicitada ou sugerida no primeiro pargrafo do texto. Vale ressaltar que o desenvolvimento a parte mais importante da dissertao, pois nele que surgem os principais recursos argumentativos justamente aqueles que vo ser responsveis pelo convencimento do leitor. 2. ESTRUTURA E TCNICA

    Pargrafo: Quando pensamos no conceito de pargrafo, comum o imaginarmos sob o escopo puramente formal, como um emaranhado de linhas que se distinguem do todo por haver um espaamento entre a primeira palavra e a margem esquerda da pgina. Essa viso nitidamente equivocada, uma vez que a verdadeira noo de pargrafo vem do plano semntico e no estrutural. Como dissemos, a maior parte do espao do texto consumida na fase do desenvolvimento. Para que seja possvel ao leitor compreender o todo textual, imperativo que o raciocnio do enunciador seja dividido em etapas ou segmentos menores. Cada um desses segmentos o que chamamos pargrafo. Ento, podemos definir assim:

    Pargrafo a unidade do texto que desenvolve um ncleo semntico principal, associado a

    ncleos acessrios, que devem ser articulados entre si para produzir sentido.

    Em outras palavras, o pargrafo de desenvolvimento jamais poder explanar duas ideias principais. Cada uma dessas ideias, separadamente, dever estar contida em um nico pargrafo.

    Alm disso, devemos considerar tambm como deve ser a estrutura interna de um pargrafo-padro de desenvolvimento. Nesse sentido, podemos afirmar que duas partes so inerentes a um bom pargrafo: o tpico-frasal um perodo-sntese da ideia que ser desenvolvida e a ampliao que nada mais do que o desembrulhar do tpico-frasal. Leia com ateno o exemplo abaixo, escrito para uma redao sobre a criminalidade no Brasil: (Espao) Alm disso, deve-se atentar para os fatores socioeconmicos implicados no processo. Ao contrrio do que pensa a maioria, no a pobreza, mas sim o contato desta com a riqueza, que faz com que a criminalidade seja to presente em nossa sociedade. De fato, em um pas em que crianas descalas, sem qualquer perspectiva de ascenso social, fazem malabarismos para pessoas trancadas no interior de seus confortveis veculos, mais provvel que o crime surja como uma grande vlvula de escape.

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    Redao No pargrafo de desenvolvimento anterior, o primeiro perodo constitui o tpico frasal; os

    demais perodos so responsveis pela ampliao no caso, feita pelo processo de exemplificao.

    Coerncia: Em uma anlise superficial, ser coerente significaria no cair em contradio. Entretanto, uma anlise mais aprofundada permitiria trabalhar a coerncia como a produo de sentido para o texto dissertativo. Essa produo de sentido deve ser buscada sob duas perspectivas distintas, mas complementares; o que chamamos de coerncia interna e de coerncia externa.

    Entende-se por coerncia interna o conjunto de informaes no contraditrias e sequenciadas logicamente, que compem o todo textual. Por exemplo, em um texto em que se busca avaliar as causas, as consequncias e propor solues para uma determinada questo cada um desses tpicos desenvolvido em um pargrafo -, coerente fazer com que os pargrafos do desenvolvimento sigam exatamente a ordem anunciada, do contrrio, teramos uma situao no mnimo estranha: a proposio de solues para um problema pouco conhecido em profundidade (devido ausncia das causas) pelo leitor.

    A coerncia externa, por sua vez, trata da associao do texto com o mundo em que vivemos. Em outras palavras, de nada vale uma redao que produz sentido internamente se ela no razovel com a realidade exterior. Um exemplo disso ocorreria em uma redao em que, ao buscar as solues para o problema da violncia no Brasil contemporneo, o enunciador propusesse o fim das favelas e o extermnio dos traficantes de drogas. Essa possibilidade prescinde de coerncia externa por diversos motivos:

    a) a maioria dos moradores das comunidades carentes no so violentos; b) mesmo que fossem, seria impossvel simplesmente dar um fim aos conglomerados

    habitacionais (onde colocar tanta gente?); c) no existe, oficialmente, pena de morte no Brasil; d) os traficantes no so os nicos responsveis pela violncia. Assim, claro que o grau de apreciao do corretor sobre um texto desse tipo seria baixo,

    o que implicaria uma nota ruim.

    Coeso: A coeso e a coerncia esto intimamente ligadas. Se a segunda responsvel pela parte do contedo, pode-se dizer que a primeira se responsabiliza peloplano formal do texto. Sem dvida alguma, impossvel um texto produzir sentido sem que haja algum tipo de ligao entre suas partes. a que entra o conjunto de mecanismos conhecido como recursos de coeso.

    Os recursos de coeso so inmeros: pronomes, advrbios, sinnimos, eptetos, metonmias, frases de apoio, termos-sntese, entre outros. Esses termos contribuem para um melhor entendimento do texto. Em breve, uma aula especfica trar maiores esclarecimentos e consideraes sobre tais mecanismos.

    Na aula de hoje, vlido destacar dois recursos principais: os conectivos (ou conectores), entre os quais se destacam as conjunes coordenativas e subordinativas, as palavras ou expresses denotativas e os advrbios; e os chamados ganchos semnticos, que so espcies de pontes para a continuao do raciocnio.

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    Redao Argumentao:

    Argumentao , de modo geral, um conjunto de procedimentos lingusticos, utilizado pelo enunciador para convencer o leitor, obtendo sua adeso. Recursos Argumentativos:

    a) Argumento de Autoridade: Caracteriza-se pela citao de um pensamento ou frase de

    uma autoridade no assunto que est sendo debatido. Entenda como autoridade, o indivduo que possui algum tipo de especializao no assunto em pauta e reconhecvel pelo homem mdio. H prs e contras na utilizao desse tipo de argumento. O seu emprego positivo quando permite evidenciar capacidade de leitura e reflexo por parte do enunciador, inter-relacionando disc