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A questão está em como casar estas duas afirmações na linha do tempo, a tecnologia avançará sem dúvida. Absorver esta tecnolo- gia, aprender a usá-la, e se beneficiar dela, é outra questão. Aprender a usar um smartphone, operar um tablet, beneficiando-se das várias tecnologias que se entrelaçam nestes aparelhos, para que nos proporcione, conectividade, interativida- de e mobilidade é muito diferente do que co- locar para funcionar um sistema de geração distribuída com sistema fotovoltaico.O mundo conhece o efeito fotovoltaico, fenômeno que permite a conversão direta da luz solar em ele- tricidade, desde 1839, quando observado e descrito por Edmund Becquerel. Desde então, esta tecnologia tem avançado, de forma gra- dual. Com a colocação dos satélites em torno da Terra, da corrida para chegar à Lua, na dé- cada de 1960, a tecnologia começou a se tornar mais usual. Pode-se dizer que nos últi- mos 20 anos o salto foi importante, com sua disseminação e utilização pelos países mais desenvolvidos.Aqui no Brasil não foi diferente, e já estamos trabalhando com esta tecnologia há algum tempo, com aplicações pontuais e em mercados específicos, principalmente em aplicações de eletrificação rural. Já as instituições de ciência e tecnologia, como as universidades, em especial a USP, UFSC, UFPA, e UFRGS, bem como, as instituições de educação profissional e tecnológica, produ- zem trabalhos e pesquisas, experimentos em lugares onde se necessita levar maior desen- volvimento e inserção social em comunidades de difícil acesso, contribuindo com a socieda- de e o avanço tecnológico neste setor. Toda nova tecnologia passa por um aprendizado, existe um tempo para se absorver, e então fa- zer parte de nosso quotidiano, isto está bem expresso na curva de Rogers abaixo. Tenho duas frases que carrego comigo e, sempre que posso, eu as exponho: “Nada segura a Tecnologia.” “O maior gargalo do crescimento brasileiro passa pela formação de mão-de-obra em qualquer segmento de mercado. ” © 2017 FINDER S.p.A - Todos os direitos reservados. Finder Componentes Ltda. Características, especificações e aspectos técnicos e estéticos estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. Consulte: www.findernet.com Energia Fotovoltaica e a Formação de Mão-de-obra ABISMO “O Salto” In ovadores Primeiros Adeptos M a io ria In ic i a l e M a i o ri a T a r d ia Retardatários Figura 1: Curva de Rogers (adaptação Finder) É notório que novas tecnologias aportam desafios, novos paradigmas, modifica o uso e costume de um país influenciando a economia e movimentando a indústria. 1

Energia Fotovoltaica e a Formação de Mão-de-obra · SENAI , as ETECs e FATECs do Centro Paula Souza e os Institutos Federais de Ciência e Tecnologia. Destaca-se também a ação

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A questão está em como casar estas duas afirmações na linha do tempo, a tecnologia avançará sem dúvida. Absorver esta tecnolo-gia, aprender a usá-la, e se beneficiar dela, é outra questão.

Aprender a usar um smartphone, operar um tablet, beneficiando-se das várias tecnologias que se entrelaçam nestes aparelhos, para que nos proporcione, conectividade, interativida-de e mobilidade é muito diferente do que co-locar para funcionar um sistema de geração distribuída com sistema fotovoltaico. O mundo conhece o efeito fotovoltaico, fenômeno que permite a conversão direta da luz solar em ele-tricidade, desde 1839, quando observado e descrito por Edmund Becquerel. Desde então, esta tecnologia tem avançado, de forma gra-dual.

Com a colocação dos satélites em torno da Terra, da corrida para chegar à Lua, na dé-cada de 1960, a tecnologia começou a se tornar mais usual. Pode-se dizer que nos últi-mos 20 anos o salto foi importante, com sua

disseminação e utilização pelos países mais desenvolvidos. Aqui no Brasil não foi diferente, e já estamos trabalhando com esta tecnologia há algum tempo, com aplicações pontuais e em mercados específicos, principalmente em aplicações de eletrificação rural.

Já as instituições de ciência e tecnologia, como as universidades, em especial a USP, UFSC, UFPA, e UFRGS, bem como, as instituições de educação profissional e tecnológica, produ-zem trabalhos e pesquisas, experimentos em lugares onde se necessita levar maior desen-volvimento e inserção social em comunidades de difícil acesso, contribuindo com a socieda-de e o avanço tecnológico neste setor. Toda nova tecnologia passa por um aprendizado, existe um tempo para se absorver, e então fa-zer parte de nosso quotidiano, isto está bem expresso na curva de Rogers abaixo.

Tenho duas frases que carrego comigo e, sempre que posso, eu as exponho:

“Nada segura a Tecnologia.”

“O maior gargalo do crescimento brasileiro passa pela formação de mão-de-obra em qualquer segmento de mercado. ”

© 2017 FINDER S.p.A - Todos os direitos reservados. Finder Componentes Ltda. Características, especifi cações e aspectos técnicos e estéticos estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. Consulte: www.fi ndernet.com

Energia Fotovoltaica e a Formação de Mão-de-obra

ABISM

O

“O Salto”

Inovado

res

Primeir

os A

depto

s

Maioria Inicial e Maioria Tardia

Retardatários

Figura 1: Curva de Rogers (adaptação Finder)

É notório que novas tecnologias aportam desafios, novos paradigmas, modifica o uso e costume de um país influenciando a economia e movimentando a indústria.

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De acordo com Rogers, há quatro elementos que influenciam a propagação de uma nova ideia: a própria inovação, canais de comuni-cação, o tempo e um sistema social. Este pro-cesso baseia-se fortemente em capital humano. A inovação deve ser amplamente adotada, a fim de se auto-sustentar.

Entretanto, dentro da taxa de adoção, há um ponto em que uma inovação alcança a massa crítica. As categorias de adopters são: Innova-tors, early adopters, maioria adiantada, maio-ria tardia e retardatários. A difusão se mani-festa de formas diferentes em várias culturas e campos e é altamente sujeita ao tipo de adotantes e processo de inovação decisão.

Para o caso dos sistemas fotovoltaicos, no caso brasileiro, penso que estamos exata-mente nesta lacuna denomidada abismo, pois a primeira fase onde estão os inovado-res e primeiros adeptos está chegando ao fim. Para superar esse “abismo” é necessário promovermos um “salto”, quebrando paradig-mas, como a capacidade e o uso dessa tecno-logia para gerar sua própria energia e vendê-la àquele que normanente fornece energia! Para chegar a este ponto, devemos unir forças, onde todos prescisam colaborar – indústria, Gover-no, instituições de ciência e tecnologia, pesso-as físicas e, em especial, as instituições de ensi-no onde deve-se capacitar a mão-de-obra para que se possa ter uma instalação de qualidade e segura, proporcionando os benefícios da ado-ção tecnológica em sua plenitude.

Passos importantes realizados pelo Governo quanto à regulação já foram dados, as princi-pais normas sobre produtos já estão em vigor, dentro em breve a norma que contempla a instalação -ABNT/CB-003/CE 003 082 001 “Sistemas de conversão fotovoltaicas de ener-gia solar” deve ser publicada.

Impulso maior deve ser dado nestes pela la-tente falta de água e, consequentemente, a

falta de energia, pois a maior concentração na geração é por usinas hidroelétricas, e es-tas dependem de chuva em locais onde estão instaladas. Soma-se a isto o aumento do custo de energia, em especial pela utilização das bandeiras tarifárias.

Estudos indicam que mais 50.000 empregos diretos deverão ser gerados até 2020, ou seja, gente que saiba analisar, projetar, pla-nejar, comprar, instalar e dar manutenção nos sistemas fotovoltaicos.

Como disse, “Nada Segura a Tecnologia”,

assim, por necessidade os primeiros players do mercado, buscaram se apoiar em expe-riências de outros países, trazendo pessoas capacitadas a executar estes serviços e, va-garosamente, passando o conhecimento de forma mais prática do que teórica àqueles que se juntaram aos projetos implantados. Assim, foram também os treinamentos de 16 ou 24 horas, disponibilizados, em especial pelas em-presas integradoras de sistemas fotovoltaicos como forma de disseminar a tecnologia e ob-ter mão-de-obra para seus negócios.

Este modelo, que foi imperativo devido às condições de contorno, atraiu por vezes pro-fissionais de áreas totalmente desconexas, quero dizer, desde engenheiros eletricistas, designers de interiores, mecânicos, profissio-nais do ramo elétrico, distribuidores de mate-riais elétricos, TODOS ÁVIDOS A ENTENDER A NOVA TECNOLOGIA, a buscar uma opor-tunidade de negócio. Porém, treinar é muito diferente de capacitar.

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Temos aí o grande desafio: A FORMAÇAO DA MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA, em especial para a instalação e manutenção destes sistemas, que cabe especialmente às instituições de ensino profissional e tecnológico.

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Em um treinamento de 16 horas pode-se obter uma boa ideia do que é a tecnologia, para que serve, como se usa, mas daí a pessoa estar apta a prestar seus conhecimentos para dimensionar e em especial instalar um sistema conectado à rede, mesmo que seja de baixa potência, em cima de um telhado, é um grande risco.

Por isto, iniciativas no sentido de fomentar a formação da mão-de- obra estão sendo tomadas, pelas mais conceituadas instituições de ensino técnico profissionalizante, como SENAI , as ETECs e FATECs do Centro Paula Souza e os Institutos Federais de Ciência e Tecnologia. Destaca-se também a ação dos Grupos de Pesquisa da USP, UFSC, UFRGS e UPFA associados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Energia Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia que atuam em rede e em parcerias com outros governos, como o GIZ, do governo Alemão que fornece apoio a esta e outras energias renováveis.

Por outro lado, instituições como a ABINEE, onde coordeno o Grupo de Trabalho Formação de Mão-de-Obra, está trabalhando há mais de quatro anos em conexão com os mais diversos segmentos, levando o ponto de referência e as necessidades da indústria eletroeletrônica para o desenvolvimento seguro e qualificado da geração fotovoltaica no país.

Associações como ABSOLAR e ABENS também compartem este ponto de vista e realizam ações para que sejam estabelecidas as competências técnicas essenciais para o desenvolvimento do setor.

Não podemos perder a oportunidade de acolher esta tecnologia definitivamente em nosso País.

E, para que não cause efeito contrário, causando dúvidas sobre sua eficácia, e segurança de instalação, faz-se necessário que formemos mão-de-obra, CAPACITANDO as pessoas, para que estas executem os trabalhos seguindo rigorosamente todas as normas pertinentes.

Oferecer cursos bem estruturados, com aulas teóricas e práticas, com carga horária compatível com a necessidade atender todos os níveis de qualificação profissional, desde Montador, Técnico, Pós-técnico, Técnico de sistemas FV, Tecnólogo e Projetista de Sistemas Fotovoltaicos.

As instituições de educação profissional e tecnológica já estão equipando seus laboratórios para aulas práticas como o objetivo de atender à demanda de formação da mão-de-obra.

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No entanto, mesmo considerando as ações de formação em andamento, haverá um período de escassez de mão-de-obra qualificada e, é imperativa a adoção de ações para evitar situações como as apresentadas nas Figuras 1 e 2 ao lado.

Diante da desejável expansão da geração distribuída com sistemas fotovoltaicos e dos riscos que podem causar uma instalação realizada de forma inadequada, é recomendável que as distribuidoras solicitem a comprovação de atendimento da Norma ABNT NBR 16274:2014 - Sistemas fotovoltaicos conectados à rede - Requisitos mínimos para documentação, ensaios de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho, para autorizar a operação dos sistemas acolhidos pela Resolução Normativa ANEEL 482/2012.

Pelos menos os seguintes itens da NBR 16274:2014 deveriam ser comprovação compulsória:

Item 4. Requisitos de documentação do SistemaItem 5. Verificação

“O Padrão do crescimento da economia brasileira será determinado pela educação e pelo conhecimento, uma vez que o treinamento capacita o profissional e a educação desenvolve a pessoa”.

José Juarez Guerra é engenheiro eletricista desde 1980, com larga experiência no mercado de energia. Atualmente é diretor comercial da Finder Brasil e Argentina. Membro ativo do CONDEC – Conselho de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e diretor adjunto da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, membro atuante da ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), como vice-diretor do GSFV (Grupo Setorial Fotovoltaico), sendo responsável pelo Grupo de Trabalho - Formação de Mão-de-Obra. Realiza trabalhos como consultor, palestrante em congressos, fóruns e em instituições de ensino, tendo sua trajetória profissional nas áreas de automação, energia e liderança de equipe.

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Figura 1

Figura 2

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