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ANO XXXIII - Nº 236 - JANEIRO/FEVEREIRO - 2011 A revista da Eletrobras Eletronorte Energia por um fio correntecontínua Mas implicam menor uso da potência instalada Usinas a fio d’água podem ser solução ambiental. Eletrobras Eletronorte

Energia por um fio

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Ano XXXIII - nº 236 - JAneIro/FevereIro - 2011 A revista da eletrobras eletronorte

Energia por um fio

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Mas implicam menor uso da potência instaladaUsinas a fio d’água podem ser solução ambiental.

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AMAZÔNIA E NÓSDiário de Katiana Silva Santos Página 22

CORRENTE ALTERNADAEstá raiando uma nova energiaPágina 30

CORREIO CONTÍNUOPágina 37 e 38

FOTOLEGENDAPágina 39

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CIRCUITO INTERNONovas tecnologias para equipamentos de proteção garantem mais segurança no trabalhoPágina 12

hISTÓRIAExemplo de honestidade e orgulhoPágina 15

TECNOLOGIANo Pará, a excelência tecnológica da Eletrobras EletronortePágina 18

Energia sem grandes reservatórios

Geração a fio d’água é a solução?

Depende. Cada caso é um caso

GERAÇÃOEnergia sem grandes reservatóriosPágina 3

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Rio Xingu: revisão de projeto para fio d’água reduziu a energia firme de Belo Monte

Michele Silveira

Em abril de 2007, a revista Corrente Contí-nua estampava na capa: O Brasil precisa das hidrelétricas. De lá para cá a demanda por energia e as pautas sobre novos empreendi-mentos hidrelétricos crescem em proporção geométrica. Agora, mais do que a discussão sobre a necessidade das hidrelétricas, volta a polêmica sobre o tipo de hidrelétrica de que o Brasil precisa.

Ainda no começo de janeiro de 2011, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema – ONS, Hermes Chipp (abaixo), fez um alerta: hidrelétricas sem reservatórios aumentam a

dependência de usinas a gás, carvão e óleo. A discussão sobre a utilização de usinas a fio d’água ou com reserva-tório não é novidade entre os especialistas. De um lado, há a exigência ambiental de re-duzir áreas alagadas; de ou-tro, a possibilidade de guardar energia e colocar em prática os chamados usos múltiplos dos reservatórios.

O desafio de atender à le-gislação ambiental resultou em projetos que abrem mão

do armazenamento de energia. Segundo Chi-pp, os benefícios ambientais das hidrelétricas a fio d’água precisam ser mais bem estuda-dos, já que a ausência de reservatórios pode empurrar o País para a complementação com geração térmica, notoriamente mais prejudicial ao meio ambiente.

Energia firme - Outro aspecto a ser analisa-do é que gerar energia a fio d’água implica em menor energia firme, ou seja, aquela que pode ser vendida no mercado. Segundo a Aneel, a energia firme de uma usina hidrelétrica corres-ponde à máxima produção contínua de energia que pode ser obtida, supondo a ocorrência da sequência mais seca registrada no histórico de vazões do rio onde ela está instalada. O históri-co de vazões atualmente utilizado pelas usinas hidrelétricas, do sistema brasileiro, é composto por dados verificados ao longo de setenta anos.

No caso de Belo Monte, por exemplo, a re-dução da área do reservatório diminuiu a mé-dia de energia gerada durante o ano. Em arti-go publicado recentemente, o autor dos livros Brasil, país do presente, Bric ou RIC e 1999-2010 - Década de Transformações, Osvaldo

Nobre, questionou por que, os mesmos grupos que forçaram a revisão do projeto no passado, questionam agora a redução de energia firme. Segundo ele, Belo Monte teve seu projeto refor-mulado, preservando áreas indígenas, reduzin-do a área inundada em 66% e, ainda assim, é objeto de críticas permanentes e tentativas de obstaculização.

“Estamos tratando do município de Altamira, segundo maior em área do mundo, com cerca de 160 mil km² e com sua riquíssima hidrografia. Vão ser inundados 516 km² (0,25% a 0,30%). A cidade de Altamira já tem mais de 105 mil habi-tantes, dos quais 80% alfabetizados”, afirmou. Belo Monte terá uma potência final instalada de 11.233,1 MW, uma geração anual prevista de 38.790.156 MWh e acrescentará ao Sistema Interligado Nacional – SIN, 4.796 MW médios de energia firme, o que representa um fator de capacidade de 43%. Todas as usinas hidrelétri-cas brasileiras apresentam fator de capacidade que variam entre 40% e 60%.

Sustentabilidade - Considerada uma espé-cie de “bateria” para a geração de energia, os reservatórios não são necessariamente sinôni-mos de degradação ambiental. Pelo contrário. Particularmente na Amazônia eles representam a possibilidade de preservação e pesquisa. A revista Brazil Confidential , do grupo Financial Times, cujo exemplar sai por mais de US$ 100, publicou em fevereiro de 2011, com exclusivi-dade, uma pesquisa sobre o impacto ambiental das empresas instaladas no Brasil e apontou que as empresas brasileiras estão entre as mais sustentáveis, com destaque para o Setor Elé-trico e a geração de energia por hidrelétricas. Segundo a pesquisa, de 49 grandes empresas brasileiras analisadas, dois terços têm impacto ambiental abaixo da média mundial. O fato de 70% da energia aqui consumida vir de hidre-létricas, diz o estudo, levou empresas de pro-dução e distribuição de eletricidade a atingir o topo do ranking.

De fato o Setor Elétrico Brasileiro é referência mundial na engenharia de barragens e tem feito a diferença na preservação de áreas que, sem a hidrelétrica, teria grandes chances de estar devastada. Para técnicos como o enge-nheiro da Eletrobras Eletronor-te, Humberto Gama (ao lado), é preciso ficar atento também à questão econômica das ter-melétricas. “Por mais de uma década os fornecedores de

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equipamentos térmicos conseguiram retardar a implantação de usinas hidrelétricas. Agora que o processo ficou irreversível e todos estão vendo que o Brasil precisa de energia, tentam impor essa bobagem de não se ter reservatórios. Quem de fato conhece a Amazônia sabe que um es-pelho d’água como o de Tucuruí, por exemplo, significa uma parcela ínfima da bacia do Rio To-cantins em relação ao seu ecossistema. A única forma de se estocar energia é estocando água, que é a dádiva que Deus nos deu!”.

Humberto cita como exemplo os impac-tos da pecuária ilegal (abaixo), que contribuiu de forma significativa para o desmatamento de mais de 70 milhões de hectares na região amazônica. A área ocupada pelo reservatório de Tucuruí (PA), por exemplo, é de 2.917 km², numa bacia hidrográfica composta pelos rios Tocantins e Araguaia, com 758 mil km². Para se ter uma ideia, todas as hidrelétricas brasilei-ras - das pequenas às grandes - inundam uma área equivalente a 35 mil km².

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A grande diferença, segundo os defensores das hidrelétricas, é que o Setor Elétrico cum-pre as obrigações de mitigação dos impactos e de compensação ambiental. No caso de Tucu-ruí, por exemplo, 97% das áreas degradadas já foram recuperadas com espécies nativas oriundas do Banco de Germoplasma, um dos projetos ambientais da Eletrobras Eletronorte (acima). Lá estão guardadas espécies florestais coletadas na época do enchimento do reser-vatório. Desde então ele tem sido ampliado e hoje estão identificadas cerca de 400 espécies de árvores que servem para a produção de se-mentes e mudas de alta qualidade, utilizadas em programas de reflorestamento.

Além disso, programas indígenas como o Parakanã e o Waimiri Atroari são referências mundiais na valorização da cultura, etnia e economia locais. Já em São Félix do Araguaia, norte de Mato Grosso, a Terra Indígena Ma-rãiwatsede, por exemplo, sofre com invasão da pecuária ilegal. A Fundação Nacional do Índio – Funai, identificou 68 fazendas em território indígena com cerca de 90% da área ocupada ilegalmente.

Consumo em alta - Em resumo, a questão é mais do que técnica. A usina a fio d’água, como é o caso dos aproveitamentos hidrelétricos de Santo Antônio (RO) e Dardanelos (MT), não ne-cessita acúmulo de água, mas sim, de volume e velocidade. Esse tipo de hidrelétrica também não requer grandes quedas d’água, evitando

barramentos muito altos e grandes alagamen-tos. No caso de Santo Antônio, por exemplo, o barramento é de 13,9 metros de altura. O reser-vatório tem 271 km², sendo 164 km² a própria calha do rio.

Já as usinas com os chamados reservatórios de acumulação armazenam água para, mesmo em período de seca, gerar energia. Esse pro-cesso provoca a formação de grandes lagos e necessita de queda d’água para movimentar a turbina, que é vertical.

Num primeiro momento a discussão parece óbvia: melhor optar pelo que causa menos im-pacto ambiental. Sim. No entanto, qual a cadeia desse impacto? Humberto Gama alerta para o fato de que, sem reservatórios, a complementa-ção de geração nas épocas de seca terá de ser feita pelas usinas térmicas, consideradas as vilãs das fontes de geração. Segundo ele, é preciso lembrar o regime hidrológico complementar que existe no Brasil, em que uma região em que este-ja chovendo mais pode abastecer as regiões onde os reservatórios estão com níveis muito baixos.

De acordo com Hermes Chipp, hoje a es-tratégia de curto prazo é ter, no fim do período seco, que se apresenta no mês de novembro, um estoque de segurança que garanta o ano seguinte. “Caso não tenhamos o armazena-mento necessário, ligamos as térmicas. Isso garante o abastecimento, mesmo na pior es-cassez”. Segundo ele, o desafio do ONS é ad-ministrar recursos hidrelétricos menores e usar o mínimo de térmica para reduzir custo. “As

novas usinas, Jirau, Santo Antonio, Belo Mon-te, são a fio d’água. Precisamos discutir com mais profundidade essa questão e avaliar o que prejudica mais o meio ambiente”.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética - EPE, em 2010 o consumo nacional de energia elétrica na rede registrou expansão de 7,8% ante 2009, totalizando o montante de 419.016 Giga-watts.hora (GWh). O mercado de energia elétri-ca, em 2010, foi favorecido pelo desempenho da economia, com destaque para o mercado inter-no, impulsionado pelo crescimento do emprego e da renda, e pelo aumento da oferta de crédito.

O consumo industrial de energia elétrica li-derou a expansão do mercado em 2010, con-

tribuindo com 4,5 pontos percentuais na taxa anual de 7,8% do consumo total. No mesmo ano, a indústria consumiu 183.743 GWh, um aumento de 10,6% sobre 2009. O consumo residencial também não ficou para trás e fe-chou 2010 com aumento de 6,3%. Para Chi-pp, o Brasil pode continuar crescendo sem ter problemas com energia, já que tem recursos naturais e financeiros para isso. O desafio, se-gundo empreendedores, ainda é a liberação das licenças ambientais que atrasam as obras e, consequentemente, a chegada de mais energia ao mercado.

Estudo mais recente da EPE aponta que o consumo de energia elétrica no País crescerá

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“Hoje, aqui nesse auditório, temos a alegria de reunir engenheiros, geólogos, enfim, profissionais do Setor Elé-trico brasileiro para discutir novos projetos e tecnologias”. O diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras Eletronorte, Adhemar Palocci, deu o tom na abertura do Seminário de Barragens Novos Projetos e Tecnologias, pro-movido pelo Núcleo Regional de Goiás do Comitê Brasileiro de Barragens – CBDB, e realizado em Brasília no dia 25 de fevereiro de 2011 no auditório da Empresa, ou seja: a retomada dos investimentos no Setor e a importância da geração hidrelétrica para o Brasil.

O presidente do CBDB, Erton Carvalho, destacou que o Brasil ainda mantém um consumo per capta de ener-gia semelhante ao de países do terceiro mundo. “Esta-mos abaixo da Argentina. Precisamos gerar energia limpa e levar mais conforto e cidadania para quem ainda não tem”. Segundo ele, todos os empreendimentos previstos na Amazônia somam cerca de 0,25% dos 41% de áreas de reservas da Amazônia.

No mesmo dia do evento, a ONU divulgou o relatório “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desen-volvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”, que mostra Brasil, China e Índia como líderes mundiais em investimentos globais em energia renovável. A expectativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Pnuma é de que novos investimentos em energias limpas superem os US$ 162 bilhões verificados em 2009, e que alcancem algo entre US$ 180 bilhões e US$ 200 bilhões em 2010.

Homenageado pelo Comitê, Adhemar Palocci dedicou a placa aos empregados da Eletrobras Eletronorte. “Con-sidero-me só mais um nesse time de pessoas que lutam por um Brasil melhor. Quando a presidente Dilma colocou o desafio de fazer o Brasil um país sem pobreza, mostrou o desafio que é levar um País que existia para poucos aos

“Não há conflito entre desenvolvimento e preservação”

quase 200 milhões de brasileiros. E o Setor Elétrico vive essa mesma especificidade. Queremos que o conforto, a qualidade de vida, chegue a todos, e não apenas para alguns”.

Cada vez mais frequente nos encontros de engenharia, a mitigação dos impactos ambientais é assunto principal. As quase três milhões de famílias atendidas pelo programa Luz Para Todos são exemplo de como a energia pode fazer a di-ferença na hora de preservar o meio ambiente. “São pessoas que passam a ter condições mínimas de conforto, de capaci-dade de produção, diminuindo o êxodo rural”, afirma Palocci.

Segundo ele, não há conflito entre desenvolvimento e pre-servação. “É perfeitamente possível aliar esses fatores. Nenhum país do mundo tem energia hidrelétrica como temos, e além de limpa e renovável, é mais barata”. O diretor lembrou que hoje, em Altamira, cerca de 20 mil pessoas vivem em palafitas e du-rante parte do ano precisam sair das suas casas para viver em abrigos e ginásios em razão das cheias do Rio Xingu.

Erton Carvalho e Adhemar Palocci

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Tucuruí - na página ao lado -, e Dardanelos, acima: numa o lago propiciou o aumento da produção pesqueira; na outra houve a preservação da floresta e das cachoeiras

em média 4,8% ao ano até 2020. O estudo leva em conta um crescimento da economia de 5% anuais até o fim da década. O consumo total vai para 730,1 mil GWh em 2020, segundo a estimativa.

Vantagens e desvantagens - Ao longo dos últimos 40 anos a engenharia brasileira de barragens acumulou experiência nas áreas de projeto, construção e gerenciamento de obras, tornando-se referência mundial (ver box). A recente notícia de que a Norte Energia S/A, empresa responsável pela construção de Belo Monte, assinou um contrato para fabricação dos equipamentos no Brasil fortaleceu a voca-ção do País para as hidrelétricas. O consórcio ELM, que fornecerá turbinas e outros equipa-mentos para a obra, é formado pelas empresas Alstom, Voith e Andritz. A fabricação deve gerar 11 mil empregos diretos, segundo a Eletrobras. Outro contrato definiu o fornecimento de tur-binas e outros equipamentos da Impsa, que possui unidade fabril no Porto de Suape (PE). As outras três empresas do consórcio ELM têm unidades em São Paulo.

De outro lado estão as térmicas, com tec-nologia e know-how importados e com vida útil menor. “A cada 15 anos, em média, uma térmica precisa trocar os equipamentos, pois trabalha no calor e o desgaste é muito maior. Quando falamos em hidrelétricas, falamos de uma durabilidade de mais de cem anos”, ex-plica Humberto Gama. As usinas sem reser-vatório foram uma alternativa do Setor Elétrico para não deixar o País sem energia, já que as licenças ambientais são hoje o maior entrave. Há pelo menos 30 anos o Brasil não eleva sua capacidade de armazenamento.

No caso das usinas com reservatório, ou-tro fator a ser levado em consideração, em algumas regiões, é a regulação da vazão em uma determinada seção de um rio. Muitas cidades deixaram para trás o cenário de grandes alagamentos em função dos reser-vatórios. Os usos múltiplos dos reservatórios podem fazer a diferença na vida das comu-nidades. Em Tucuruí, por exemplo, a produ-ção pesqueira aumentou substancialmente, originando uma grande expansão e desen-volvimento da atividade com repercussões

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econômicas positivas em toda a região. Hoje, no reservatório de Tucuruí, são produzidas em torno de dez mil toneladas de peixes por ano. Já em Dardanelos, a tecnologia a fio d’água permitiu a geração de energia com o mínimo de desmatamento e a preservação das cachoeiras da região.

Na conta dos prós e contras, a térmica é que entra em cena com as maiores desvanta-gens. Além de ser a mais poluente, é a mais cara. O professor do Departamento de Energia e do Programa de Pós-Graduação de Energia da Faculdade de Energia da Universidade Es-tadual Paulista - Unesp, José Luz Silveira, diz que as usinas a fio d’água são uma boa alter-nativa para as pequenas centrais hidrelétricas. Defensor das PCHs, José Luz também alerta para o risco da redução do armazenamento. Atualmente as PCHs respondem por quase 3% da energia produzida em todo o Brasil e têm potencial de geração estimado em 25 mil MW, o que corresponderia a 8% da oferta total de energia.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, 67 pequenas centrais estão sendo construídas no País e devem agregar mais 1.112 MW à potência de 2.489 MW de geração das 333 já em operação. Outros 152 pequenos empreendimentos, com potência de 2.255 MW, já foram outorgados pela Agência, mas ainda não começaram a ser construídos. “Nós temos um bom potencial para implantar PCHs, inclusive com a retomada de algumas que estão inativas. Se considerarmos que a atual demanda energética brasileira é de cerca de 70 GW, essas pequenas centrais respon-dem por cerca de 5% da necessidade total. É uma boa opção para atender à demanda loca-lizada”, afirma.

Resultados - O fato é que as exigências ambientais estão levando a tecnologia do fio d’água a projetos que deveriam ser de reser-

vatórios. Na soma geral é preciso considerar o risco hidráulico, hidrológico e energético de cada projeto. “Cada caso é um caso”, diz o professor José Luz (ao lado), embo-ra manifeste preferência pelas PCHs.

Em Santo Antônio, por exem-plo, o pequeno reser-

vatório de 270 km² está aliado a uma geração de 3.300 MW. Já em Serra da Mesa, em Goi-ás, serão gerados

1.275 MW com um reservatório de 1.784 km². Junto com Peixe Angical (452 MW) e Tucuruí (8.125 MW), Serra da Mesa contribui para re-duzir a dependência das chuvas, permitindo o armazenamento de energia.

O risco, segundo os especialistas, é trans-formar a tecnologia fio d’água em um mode-lo de engenharia de hidrelétricas e o cenário que vem pela frente exige resultados. O Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2019, indica um consumo final energético com au-mento de 228 milhões tep em 2010 para 365,7 milhões tep (tonelada equivalente de petróleo – 1 tep= 11,630 MWh) em 2019, o que corresponde a uma taxa anual média de crescimento de 5,4%.

O investimento total para suprir a demanda energética será de aproximadamente R$ 952 bilhões. Nesse horizonte, as obras de transmis-são receberão R$ 39 bilhões para assegurar o crescimento do intercâmbio de energia elétri-ca entre as regiões brasileiras, permitindo um atendimento mais eficiente em variações sazo-nais da oferta de hidreletricidade. Para isso é preciso energia.

O desafio, portanto, não é só do Setor Elé-trico. Ainda no mês de fevereiro de 2011, o Governo Federal anunciou um decreto para simplificar o licenciamento ambiental de empreendimentos de transmissão. A presi-dente Dilma Rousseff pediu agilidade nos processos, já que a demora na liberação das licenças pode ameaçar o fornecimento de energia.

O caso de Dardanelos é exemplar: está pron-ta para gerar 261 MW, mas ainda espera a con-clusão das obras do sistema de transmissão, sob a responsabilidade de outra empresa, que enfrenta problemas com o licenciamento am-biental. Mesmo problema a ser enfrentado pela usinas do Madeira. Os linhões que vão ligar Por-to Velho, em Rondônia, e Araraquara, em São Paulo, estão atrasados. Inicialmente, a energia de Santo Antônio – que entra em operação no fim deste ano – será escoada por meio de linhas regionais. A Aneel chegou a sugerir uma inver-são do cronograma e realizar os leilões de trans-missão antes da licitação das hidrelétricas.

Se há quatro anos a revista Corrente Contí-nua afirmava que o Brasil precisava das hidre-létricas, hoje ela reitera que precisa ainda mais. O fato de ser uma usina a fio d’água ou com reservatório é apenas a ponta da meada, pois encontrar o caminho do meio é a oportunidade para garantir ao Brasil um desenvolvimento que não fique por um fio.

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Bruna Maria Netto Quando se fala em eficiência energética,

lembra-se do fornecimento de eletricidade aos mais remotos cantos do Brasil com rapidez e qualidade. No entanto, muito além da geração e transmissão de energia, a Eletrobras Eletronor-te se empenha também para que aqueles que trabalham arduamente tenham essa mesma qualidade na segurança do seu trabalho. Por isso, um dos segredos, como conta Raimundo Nonato Gurjão Leite (abaixo), técnico de enge-nharia elétrica com 35 anos de experiência pro-fissional, é o de “atuar preventivamente, tanto na manutenção da geração e transmissão de energia, quanto na segurança do trabalhador”.

Em se tratando de energia elétrica, todo cuidado é pouco. Além das áreas de risco, de alta periculosidade, muitas vezes os locais de trabalho são inóspitos, como linhas de transmissão situa-das no meio de matas fechadas, por exemplo (ver matéria na página 22). Assim, os empregados que atuam nesses locais contam com o Equipa-mento de Proteção Individual – EPI, que nada mais é do que

Novas tecnologias para equipamentos de proteção garantem mais segurança no trabalho

todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho; e o Equipamento Conju-gado de Proteção Individual, que é todo equi-pamento composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocor-rer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no tra-balho. “A segurança no tra-balho é uma exigência con-juntural. Mesmo com todo o avanço tecnológico, qualquer atividade envolve certo grau de risco”, afirma o engenheiro de Segurança do Trabalho e Gerente da Divisão de Engenha-

ria de Segurança do Trabalho da Eletrobras, Márcio Filgueiras (acima).

Raimundo Nonato ressalta que esses equipamentos são mais do que necessá-rios, pois servem para que o trabalhador tenha proteção na execução de ativida-

des que possam ocasionar riscos de acidentes. De acordo com

Márcio, as empresas devem procurar mitigar os riscos a que estão expostos seus emprega-dos, pois a falta de um sistema eficaz de ges-tão da segurança causa conflitos no relacio-namento humano, baixa produtividade, baixa qualidade dos produtos ou serviços prestados e, consequentemente, o aumento do risco de acidentes e lesões graves. O engenheiro relata que os EPIs têm também como objetivo garan-tir a segurança e a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho, quando as medidas e os Equipamentos de Proteção Coletiva - EPCs não são suficientes para garantir a integridade físi-ca e mental durante a jornada laboral.

“O uso contínuo de calçados de segurança, bem como as perneiras são exemplos de equi-pamentos que protegem e evitam que os cola-boradores sofram lesões nos membros inferio-res devido aos agentes agressivos nos locais em que executam suas atividades. Tais atividades são geralmente realizadas em locais de difícil acesso, tais como matas, alagados e terrenos onde o risco de acidentes é acentuado”.

A utilização dos EPIs e EPCs é uma prática constante da Eletrobras Eletronorte, conside-rando que a norma regulamentadora NR-06 do Ministério do Trabalho e Emprego torna obri-gatório o fornecimento e conservação dos EPIs pelo empregador, e a norma regulamentadora NR-10 torna obrigatória a realização dos ensaios durante o uso tanto dos EPIs como dos EPCs. Raimundo lembra que tais ferramentas permi-tem ao trabalhador atuar preventivamente em relação aos acidentes do trabalho ou trabalhar em condições em que os riscos não podem ser evitados, mas que são certamente minimizados.

“Cada equipamento possui características especiais de funcionamento e uso que devem ser conhecidas por quem os utiliza, de modo que é importante a leitura e entendimento das instruções e dos manuais de operação e fun-cionamento, além do treinamento na operação dos equipamentos e o conhecimento dos ris-cos”, explica Raimundo.

Segurança no trabalho – “Todos os dias,

deparamo-nos com situações de quase aci-dentes, que poderiam provocar lesão com o não uso do EPI”, lembra o engenheiro Sérgio de Paula Falleiros (ao lado), geren-te de Segurança e Medicina do Trabalho da Eletrobras Eletronorte. De acordo com ele, apesar de o EPI ou EPC não evitarem acidentes, pois as causas que os origi-nam são mais complexas e depen-dem de vários fatores, são mais

do que essenciais. No entanto, em muitos casos a exposição aos riscos não é percebida pelos em-pregados e por isso a Empresa deve preocupar-se não apenas em cumprir as exigências legais, mas, principalmente, fornecer aos empregados um ambiente de trabalho seguro.

“Os EPIs são direcionados ao tipo de ativi-dade exercida pelo colaborador, que recebe o treinamento sobre a correta utilização dos equi-pamentos recebidos, qual a função de cada um deles e também orientações para um trabalho seguro. Um acidente que poderia ter ocorrido com algum material perfurocortante, é evitado pelo uso do calçado de segurança adequado”, explica Márcio, que ressalta não haver registros de acidentes ocorridos pela não utilização dos equipamentos na Eletrobras nos últimos anos.

A Eletrobras Eletronorte, desde 1982, com a estruturação do Laboratório de Ensaios em Equipamentos de Segurança, do Centro de Tecnologia da Empresa (ver matéria na página 18), vem realizando o controle da qualidade dos EPIs e EPCs utilizados pelos colaboradores em todos os estados em que atua. Já foram realiza-dos mais de 20 mil ensaios no decorrer de mais de 18 anos, além da contribuição para a melho-ria da qualidade dos equipamentos junto aos

fabricantes e fornecedores para a melhoria da qualidade dos produtos.

De acordo com Sérgio Falleiros, a Gerência de Segurança e Medicina do Trabalho mantém uma estatística de acidentes ocorridos na Empresa

desde 1979, e, em uma visão geral, os acidentes graves,

com ocorrência de óbito,

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ou incapacitação permanente, vêm diminuin-do, tendo ocorrido o último acontecimento fatal de um empregado em 2007.

“Pelos índices, verificamos que o quanti-tativo de acidentes não diminuiu nesses dois últimos anos, mas acidentes com lesões gra-ves diminuiram”. Essa queda, de acordo com Falleiros, é consequência da existência de uma cultura organizacional. “Na possibilidade de exposição do trabalhador a algum agente no-civo à saúde, há uma grande mobilização por parte da área de Segurança do Trabalho para enfatizar a importância do uso do EPI por meio de placas indicativas, reuniões com os empre-gados, que chamamos de Diálogo Diário de Segurança, palestras e notas técnicas”.

Controle de qualidade – No Centro de Tec-nologia da Eletrobras Eletronorte é feito o con-trole da qualidade dos EPIs adquiridos pela Empresa, abrangendo todas as unidades re-gionais. São realizados ensaios periódicos para garantir a conformidade dos equipamentos, atendendo às exigências da NR-10. Quando uma determinada quantidade é testada e não é aprovada, todo o lote é devolvido ao fornecedor e é dada uma segunda chance. Caso ele não atenda, o processo é cancelado e é chamado o fornecedor seguinte. Assim, o controle se torna bastante efetivo. Apesar de o Centro de Tecno-logia não produzir equipamentos, todos os que são adquiridos passam por testes e são libera-dos para uso após terem sido avaliados.

O diferencial do Centro de Tecnologia, de acor-do com Raimundo Nonato, “é que os ensaios são credenciados pelo Ministério do Trabalho e acreditados pelo Inmetro, o que concede con-fiabilidade tanto à Eletrobras Eletronorte, quanto aos clientes externos, fabricantes, importadores e órgãos governamentais. Hoje temos implanta-dos ensaios de 21 itens entre EPIs e EPCs. Con-sideramos ter uma responsabilidade social muito grande em contribuir para a melhoria da qualida-de dos equipamentos de segurança fabricados no Brasil, evitando que produtos fora de confor-midade sejam comercializados, além de contri-buirmos para a integridade do trabalhador”.

Para o Centro de Tecnologia, o maior in-vestimento foi em conhecimento: “Tivemos de pesquisar normas e implantar novos ensaios de EPCs, devido à grande demanda, principal-mente de clientes externos que nos procuram para certificar seus equipamentos. Com isso aumentamos nosso portfólio de serviços em cerca de 50% para atender essas necessida-des”, afirma Raimundo.

Roupas antichamas ganham formas femininasA Regional de Transmissão de Mato Grosso da Eletrobras Ele-

tronorte deu mais um passo no que se refere à segurança do trabalho e a equidade de gênero, ao adquirir roupas antichamas femininas, que garantem mais praticidade e segurança para as mulheres que precisam usar esse item de segurança. As peças foram confeccionadas sob medida para cinco empregadas.

A iniciativa surgiu após a ocorrência de um acidente, em 2007, quando um empregado perdeu a vida por não estar usando a roupa de proteção. Depois disso, todos os técnicos que trabalham em áreas de risco devem estar devidamente vestidos. Os modelos anteriores, no entanto, ficavam grandes para as mulheres, que reclamavam do desconforto e da dificuldade de usar o EPI.

Os novos modelos de roupas antichamas são mais práticos e, a pedido das próprias usuárias, vêm com botões na camisa e protegem os pulsos e o pescoço. Elas mesmas foram até a empresa fabricante do equipamento e tiraram as medidas para garantir mais praticidade e conforto no uso. A aquisição foi um grande passo para área de segurança do trabalho e para a ques-tão da equidade de gênero, demonstrando a preocupação da Empresa em valorizar as trabalhadoras.

Calça justa - Elinete Rodrigues da Silva, uma das empregadas da Eletrobras Eletronorte beneficiada com o novo modelo de rou-pa antichamas, está satisfeita com o resultado da mudança: “Foi maravilhoso. O formato, especialmente da calça, era totalmente masculino. Agora ficou melhor. Vai ajudar no trabalho”. A auxiliar técnica em engenharia, Cibele Luiza do Rosário Campos, também aprovou a mudança: “A outra era feita especialmente para ho-mens. Recebi uma e nem usei porque não dava para ajustar”. Elas fazem parte da equipe de eletromecânica e o serviço que exe-cutam se relaciona à manutenção de equipamentos. Por haver o risco de falhas, que podem causar explosões, por exemplo, o uso do item de segurança evita queimaduras e acidentes graves.

César Fechine

Nesta edição, a revista Corrente Contínua volta 35 anos no tempo, quando ocorriam as primeiras movimentações de máquinas e ini-ciaram-se os trabalhos de escavação e terrapla-nagem para a construção da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Vamos relembrar algumas histórias do catarinense Cláudio Filomeno, que foi o primei-ro encarregado dos setores de transportes e se-gurança da Usina.

Em 1972, o tenente da Aeronáutica, Cláu-dio Filomeno, que sempre possuiu uma ficha de bons serviços prestados e era muito bem relacionado com os superiores de patente, foi convidado pelo governo militar para assumir a prefeitura de Altamira (PA).

Quatro anos depois, em 1976, surgiria um novo e definitivo desafio: ajudar a construir o empreendimento monumental Tucuruí, con-siderado muito importante para garantir o su-primento de energia elétrica para o País. Como um bom militar, o Tenente não escolhia local de trabalho. “O coronel Newton Barreira, que era o vice-governador do Estado do Pará, convidou-me para ir trabalhar em Tucuruí e eu aceitei”, lembra Filomeno.

A primeira função exercida foi a de recepção geral, acompanhando os visitantes e mostran-do a área para os técnicos que chegavam para trabalhar. As coisas eram difíceis, com barro e

His

tóri

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lama em tudo o que era canto e a floresta e o Rio Tocantins como limites. Sem falar no calor, a umidade e os mosquitos.

As dificuldades de abastecimento também eram enormes, com os alimentos e mantimentos sendo transportados via fluvial, pois o acesso por terra era quase impossível, com imensas distân-cias a serem vencidas e atoleiros intransponíveis.

Atividades - Foi o tenente Filomeno quem or-ganizou as divisões de segurança da Usina, que englobavam as atividades de treinamento, vigilân-cia, acompanhamento, apoio, prevenção e com-bate à incêndio, além da organização de trânsito.

E, apesar de o número de pessoas envolvi-das com a obra ter chegado a cerca de 30 mil em poucos anos, nunca foi preciso usar a força para resolver eventuais problemas. “Os proble-mas que ocorriam envolviam, geralmente, de-savenças no alojamento ou atritos de família, que eram resolvidos, graças a Deus, com bas-tante conversa e diálogo”, afirma Filomeno.

O engenheiro civil Humberto Gama foi o chefe de obras de Tucuruí entre 1982 e 1985 e diz que Filomeno sempre foi um colega mui-to honesto, leal e administrava as questões de segurança com muita conversa, mas também com firmeza e eficácia. “Ele era estimado e respeitado por todos que com ele conviveram. Filomeno chefiava a segurança e também ad-ministrava pequenos conflitos, como briga de

Exemplo de honestidade

e orgulho

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Marcos do tempo de Filomeno, as etapas da construção de Tucuruí

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marido e mulher, brigas de alojamento. Só quando ocorria um caso mais grave é que era preciso chamar a polícia na cidade. E raramen-

te havia demissão.”Um pouco antes da chegada do

tenente Filomeno, no final de 1975, o engenheiro civil Ronaldo Rodrigues dos Santos (ao lado), 70 anos, traba-lhava em Brasília na Sociedade de Habitações de Interesse Social – SHIS (instituição responsável pela distribui-ção de residências para a população do Distrito Federal), quando recebeu o convite para trabalhar na Eletronor-te. Ele acompanhou as obras da pré-

ensecadeira de Tucuruí, do aterro do canteiro de obras e da dragagem da área do vertedouro. Naquele ano, estavam sendo entregues as pri-meiras casas da Vila Pioneira e o serviço de ter-raplanagem da Vila Permanente estava sendo executado.

O trabalho de Ronaldo era fazer a medição das obras no fim do mês, o que consistia, ba-

sicamente, em levantar os números relativos às escavações de rochas, aterro compactado e concreto lançado. Ele lembra que Filomeno chegou e logo começou a coordenar diversas atividades esportivas que reuniam engenheiros e peões, além de ser o juiz dos jogos. “Ele trei-nava um time de basquete sempre com apito na boca e arranjava atividade para o pessoal, porque Tucuruí não tinha nada para fazer. Ele era o chefe do transporte, função espinhosa, cuidava da segurança e arrumava esses jogos à noite. Sempre foi uma pessoa muito marcante, tinha um trato muito bom com as pessoas, bas-tante educado”, relata Ronaldo.

Humberto Gama também relembra: “O Fi-lomeno apitava as ‘peladas’ jogadas no campi-nho do canteiro de obras. O campo era muito pequeno e toda falta tinha que ter barreira, se-não era perigo de gol. Uma vez, eu sofri uma falta violenta e ele disse: ‘tiro direto!’. O cara re-clamou e ele: ‘está expulso!”

Comunicação - O tenente Filomeno também pode ser considerado um pioneiro na área de comunicação em Tucuruí, colaborando com o envio de informações sobre a obra da Usi-na para o jornal Tribuna do Tocantins; e ainda participava da organização das festividades e atividades de congraçamento.

Marcos Bezerra (abaixo), atualmente ge-rente de obras de Geração e Engenharia do Proprietário, trabalhou na tesouraria de Tucu-ruí entre 1979 e 1986, quando conheceu Fi-lomeno. Bezerra se lembra do poder de comunicação de Fi-lomeno: “Ele era uma pessoa ímpar, tinha uma facilidade muito grande de conversar com as pessoas e, apesar de andar sempre muito rápido, era muito alegre, atencioso e estava sempre sorrindo.”

Além de comunicar-se, era respeitado por deter muitas informações. “Ele tinha muito co-nhecimento sobre o que acontecia na obra e era uma espécie de elo entre a residência de obra, empregados e empreiteira”, acrescenta Marcos.

Índios - O tenente Filomeno também foi o primeiro negociador com as comunidades indí-genas e com os moradores atingidos pelo em-preendimento da Usina. “Eu me lembro de que uma vez alguns deles entraram na casa em que eu morava, levaram o meu sapato, roupas, tudo o que quiseram. Porque naquela época o índio era intocável. Se o índio entrasse numa tenda e recebesse cachaça, o vendedor podia ser preso na hora”, rememora o tenente.

Apuros grandes ele passou quando começou o enchimento do reservatório da Usina. A etnia ele não lembra, o que é perfeitamente compre-ensível em seus quase 92 anos. “Eu ia, conver-sava com o cacique e explicava que seria preciso deslocá-los para outra área, que aquela iria ala-gar, mas que a Empresa ia ajudar”, recorda-se.

Os índios não gostaram, mas lá foi o tenente para um segundo contato no fusquinha da Em-presa. O motorista ficou bem longe e Filomeno seguiu para a aldeia a pé. Ao se aproximar, viu que os índios estavam armados e exaltados. O jeito foi correr, procurar uma árvore e subir para se esconder. “Ele passou um dia e uma noite pendurado na árvore, escondido. E os índios procurando por ele”, conta a esposa, Maria Overlande Martins Filomeno, 64 anos, mãe de seis filhos com o tenente.

As marcas do trabalho na floresta estão na pele do tenente Filomeno. Quando do enchi-mento do reservatório foi realizada a Operação Curupira, de salvamento de animais. “Na épo-ca da enchente, ele sofreu muito. Foi mordido por piranha, levou ferroada de arraia, mordida de macaco e outros bichos e tem os braços e as pernas marcados pelas feridas. Aquela foi uma época de sacrifício muito grande e eu assisti a tudo, escutava a conversa das vizinhas, que fa-lavam sobre a falta disso e aquilo, e acabava falando com ele para ajudar”, lembra Maria.

E valeu a pena o sacrifício, tenente? “Se ti-vesse que fazer, eu faria tudo de novo. Sinto muita saudade daquela época. Eu sempre tra-balhei com muita honestidade e orgulho, tanto é que fiquei 16 anos como chefe de segurança e informações, transporte e serviços gerais. Ti-nha muita gente que queria o meu lugar, mas o meu chefe, que era o coronel Raul Garcia Lha-no, nunca permitiu que alguém tomasse o meu lugar”, conclui o tenente Filomeno.

Filomeno acompanhava das pequenas às grandes obras

Querido e homenageado pelos companheiros

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A tecnologia é um dos principais fatores res-ponsáveis pelo desenvolvimento social, político e econômico de uma nação. Como pode ser observado, os países mais ricos do mundo são aqueles que investem, desenvolvem e expor-tam sua ciência para outros locais. Atualmente, o Brasil tem sido destaque entre os países que estão expandindo seus parques tecnológicos. Uma das empresas brasileiras que tem acredi-tado em novas descobertas é a Eletrobras Ele-

No Pará, a excelênciatecnológica da Eletrobras Eletronorte

O diretor-presidente, Josias Matos de Araujo, ressalta a importância que a Eletrobras Eletronor-te tem dado aos projetos de P&D (pesquisa e de-senvolvimento): “Fomos considerados uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil, segundo a revista Época Negócios. A partir de agora nos-sos empregados irão desenvolver ainda mais seu lado cientista, pois com toda essa evolução con-seguida pelo Centro de Tecnologia, a pesquisa e a inovação são provas de que esse é o caminho a ser seguido. É a nossa força de trabalho trazendo resultados econômicos e sociais.”

O gerente do Centro de Tecnologia, Francis-co Roberto França (acima), afirma que “o co-nhecimento possui papel central como gerador do progresso econômico e social nas socieda-

des contemporâneas e a capacidade de inovar é um dos fatores mais relevantes na determi-nação da competitividade das empresas e da economia em geral”.

Produtos e serviços - Os principais pro-dutos e serviços realizados pelo Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte são pres-tados por cada um de seus laboratórios: o processo de Ensaios Físico Químicos congre-ga o laboratório de materiais isolantes, o la-boratório de óleos lubrificantes e o laboratório de óleos combustíveis; o processo de Química Instrumental e Ambiental possui o laboratório de ensaios físico-químicos em água e o labo-ratório de determinação de metais em água, solo e sedimentos; o processo de Corrosão Eletroquímica tem o laboratório de controle da corrosão; o processo de Ensaios Mecânicos conta com o laboratório de ensaios mecâni-cos; o processo de Ensaios em Alta Tensão com o laboratório de ensaios em alta tensão e o processo de Ensaios Elétricos Especiais, o seu laboratório de ensaios.

“O Centro de Tecnologia tem desenvolvido forte atividade de difusão do conhecimento, pesquisa, desenvolvimento e inovação, utilizan-do recursos próprios ou obtidos com parcerias

tronorte, que inaugurou no dia 17 de dezembro de 2010, as novas instalações do seu Centro de Tecnologia, em Belém (PA).

O Centro de Tecnologia é uma unidade da Diretoria de Produção e Comercialização, sendo responsável por realizar ensaios e calibrações em laboratórios próprios e nas instalações dos clientes; fazer a prospecção de novas tecnolo-gias, metodologias e soluções em engenharia elétrica; e prestar assessoria técnica.

Fachada do Centro. À direita,

diretores e aex-governadora

do Pará

Instalações modernas e confortáveis

Serviços certificados e de excelência

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Promover a cultura da comunidade; destacar a inova-ção e a competitividade das empresas e das instituições geradoras de conhecimento; e estimular e gerar o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades, institui-ções de pesquisa, empresas e mercados, são alguns dos objetivos do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, a ser inaugurado em 2012 a partir de uma parceria entre a Ele-trobras, por meio da Eletrobras Eletronorte, e o Governo do Estado do Pará, via Secretaria de Desenvolvimento, Ciên-cia e Tecnologia.

O Parque será um importante ambiente de apoio à cria-ção e consolidação de empresas intensivas em tecnologia e ambientalmente adequadas. Dever-se-á se configurar como um elemento fundamental de apoio e fomento à criação e atração de empresas estratégicas ao Estado do Pará e concebido para ser o elo potencia-lizador da transferência do conhe-cimento científico às empresas que gerem produtos de alto valor agregado.

A superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética da Eletrobras Eletronorte, Neusa Lobato (ao lado), afirma que o Parque será construí-do de acordo com as características da região: “Geralmente, num parque tecnológico são criadas as incubadoras de em-presas, assim como acontece no Vale do Silício, nos Estados Unidos, em que diversas empresas mundiais de tecnologia estão hospedadas. Lá começou como um parque tecnológi-co e aqui se espera resultado semelhante”.

estratégicas. Utilizamos a estrutura de labora-tórios e o elevado nível de conhecimento teó-rico e, especialmente o prático, aproveitando o potencial humano. Grande parte de nossos colaboradores possuem larga experiência em campo, pois são oriundos de usinas e subesta-ções. Em relação aos recursos externos, desta-camos as parcerias com as instituições de en-sino e pesquisa, públicas e privadas da Região Norte e de outras regiões do País”, destaca Francisco Roberto França.

Propagando o saber - A difusão do conheci-mento tem sido promovida de forma prioritária nas atividades do Centro, principalmente nas áreas de calibração, qualidade de energia, téc-nicas de manutenção preditiva, meio ambiente, energia renovável e automação de sistemas.

A atuação do Centro de Tecnologia da Ele-tronorte é feita em parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – Cepel, da Ele-trobras, que, inclusive, tem oferecido treina-mentos em tecnologias de ensaio como as utili-zadas no laboratório de alta tensão.

Em razão de inexistência na Região Nor-te de laboratórios similares aos do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, diferentes empresas procuram os seus serviços, especial-mente os dos laboratórios de calibração, acre-ditados pelo Inmetro e onde se aplica a norma de gestão da qualidade NBR-17.025, exclu-siva para este tipo de serviço. O atendimento a clientes externos viabiliza a obtenção, pelas empresas, da certificação ISO-9000, a qual exige calibração de instrumentos utilizados em seus processos, e consolida a excelência da Empresa nesta tecnologia.

Parque de Ciência e Tecnologia Guamá

Antônio Abelém (à es-querda), presidente do Parque Tecnológico Gua-má, explica que as pes-quisas a serem ali desen-volvidas auxiliarão o Setor Elétrico como mais um apoio, além de universi-dades e instituições de pesquisa. “Pelo convênio, será oferecida consultoria em eficiência energética para 41 empresas e in-dústrias, para gestão do sistema elétrico e da rea-dequação de instalações e equipamentos”, avisa.

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá iniciou suas obras em 2008, tendo sua primeira etapa inaugurada no dia 28 de dezembro de 2010. Nessa primeira fase de construção foram investidos cerca de R$ 70 milhões.

Estádios reforçados – A Copa do Mundo de 2014 será realizada no Brasil, a bola vai rolar, as torcidas vão pular e o que o Centro de Tec-nologia da Eletrobras Eletronorte tem com isso? Tudo começou com a repercussão da falta de energia durante o clássico paraense Remo X Paysandu (à esquerda), um jogo que desperta a paixão dos paraenses. Além de reunir os dois principais clubes do Pará e donos das maiores torcidas do Norte do Brasil, o clássico pode acarretar reações perigosas e de prejuízos in-calculáveis, inclusive com possíveis perdas de vidas humanas.

Segundo Francisco França, “o majestoso estádio Mangueirão, em que são realizados os famosos ‘RE x PA’ foi avaliado pela Fifa como o estádio brasileiro mais adequado à realização

dos jogos da Copa, no qual o menor número de exigências e obras precisavam ser feitas. In-felizmente, Belém não foi escolhida por outros motivos que não o estádio. Pois bem, para que isso ocorresse também deveria haver a partici-pação dos laboratórios e especialistas do Cen-tro de Tecnologia da Eletrobrás Eletronorte”.

Como? França responde: “Com a mudança dos hábitos das torcidas nos estádios na últi-ma década, que permanecem por todos os 90 minutos dos jogos pulando, surgiu um forte movimento vibratório de oscilação mecânica, que compromete a estrutura em concreto ar-mado dos estádios de futebol. Em Belém, no Mangueirão, não foi diferente. O governo do Estado do Pará precisou realizar reformas no estádio. A coleta de dados para o projeto de

reforma, reforço e modernização da estrutu-ra em concreto armado, agora capaz de su-portar o ‘pula-pula’ contínuo das torcidas de Remo e Paysandu foi todo realizado pelos especialistas e pela instrumentação do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte. Esta instrumentação especial com acelerômetros e instrumentos digital de coleta de dados e re-gistro é a mesma utilizada pelos laboratórios de ensaios mecânicos e calibração mecânica no ajuste das máquinas rotativas – geradores de energia elétrica das usinas termelétricas e hidrelétricas. Há a garantia para os torcedores pularem à vontade e os gols serem comemo-rados com toda a tranquilidade”.

Colaborou Higor Sousa Silva

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“Na verdade o título seria ‘Diário de uma eletricista de linha de transmissão’. Não, não é um erro de digitação. Sou mulher e sou eletricista de linha de transmissão, sim! Tenho muito orgulho e prazer no que faço. O prazer maior é ter sido escolhida, mais uma vez, para estar aqui con-tando a todos sobre quem sou e falando do meu dia a dia. Como sei que a maioria não me conhece, vou fazer uma apresentação rápida. Meu nome é Katiana Silva Santos, 29 anos, nascida na cidade de Grajaú (MA). Mudei para Imperatriz com 11 anos de idade. Sempre fui guerreira como todo brasileiro de origem humilde, ralei muito e ain-da ralo até hoje, mas nunca reclamei disso nem tive raiva ou medo do trabalho. Ingressei na Eletrobras Eletronorte como treinando bolsista no dia 10 de outubro de 2007, lotada na Divisão de Transmissão de Imperatriz, sendo efetivada em 2 de julho de 2008. Um choque para os padrões da Regional, afinal mulher eletricista de linha?! Não foi fácil ficar aqui. Passei por vários testes e um trei-namento exaustivo em que todos os dias tinha que provar para mim mesma e para todos os homens que dava conta do trabalho. Moro com as maiores bênçãos da minha vida, minha mãe Cotinha, de 60 anos bem vividos e muita experiência, e meu filho David Matheus, de 13 anos, que tem muito a desfrutar e aprender na vida, criaturas pelas quais tenho um amor incondicional. Nesses três anos de empresa, percebo a cada dia que estamos em uma Empresa ímpar. No entanto, estou aqui escrevendo para falar de coisas boas e de momen-tos felizes, do prazer em conhecer novas culturas, novas cidades e fazer muitos amigos. Quem leu até aqui, imagina que nossa vida seja só viagens e amizades, puro engano. Em meio a tudo isso, temos muito trabalho, e trabalho pesado. Sem contar o que mais maltrata e atrapalha a vida de qualquer eletricista de linha, a distância das pessoas que amamos. Mas vamos deixar de conversa fiada e des-crever uma semana de trabalho. Escolhi descrever uma atividade que realizamos com bastante frequência, a substituição de isoladores”.

Segunda-feira, 17 de janeiro

6h – Como de costume, o meu companheiro inseparável de todas as noites des-pertou, mostrando que é hora de ir trabalhar. Fiz minhas orações, mais agradeci-

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nós Diário de Katiana Silva Santos mentos que pedidos e fui até ao quarto do meu filho para acordá-lo, ele estuda pela

manhã. O café, a minha boa e velha mãe já preparou, dei um abraço carinhoso nela de bom dia, enquanto o Matheus estava no banho. Por volta das 6h15 entrei no banho e quinze minutos depois estávamos os três em volta da mesa no café da manhã. Antes de o Matheus sair para a escola, abracei-o, e, em um momento só nosso falei aquelas coisas que só mãe fala para filho, comuniquei-o que iria viajar e só voltaria na sexta-feira. Ele com um soluço preso me disse: vai mãe, tomarei con-ta da casa e da outra mãe, é assim que ele chama a avó, pode ir trabalhar. Isso me partiu o coração, mas sei que todos nós que viajamos muito passamos por isso.

6h45 – Já a caminho do trabalho e com as malas no carro, fui fazendo um exercício mental, buscando encontrar algo que deixei de fazer, para essa sema-na... Lembrei, parei o carro e liguei para a mãe, para dizer onde eu tinha deixado o dinheiro para comprar o gás.

7h – Cheguei à Subestação Imperatriz e saí distribuindo sorrisos e bom dia a todos. Liguei o computador da minha estação de trabalho e vi os meus e-mails, alguns relativos ao trabalho e outros que me fazem lembrar o quanto é bom ter tantos amigos espalhados por aí. Não sou muito adepta a mandar e-mails, o que deixa alguns amigos contrariados comigo, mas eles sabem o quanto tenho apreço por cada um.

8h – Iniciou-se a reunião semanal da equipe na qual discutimos os serviços realizados na semana anterior, conversamos sobre a programação da semana e programamos a semana futura. Essas reuniões, em que são feitas as cobranças e os agradecimentos pelos serviços realizados, costumam levar a manhã quase inteira.

11h – Eu e a equipe de viagem arrumamos o material necessário no carro e no

reboque no qual são guardados todos os materiais da equipe de linhas. Conferi-mos todo o material para fazer uma viagem tranquila. Nesse instante, já sabíamos o número de isoladores que substituiríamos e o número de estruturas para manu-tenção. Dessa vez ficaremos nas estruturas próximas à cidade, pontos de vanda-lismos, em que serão trocados isoladores de vidro por isoladores de polimérico.

12h – Saímos da Subestação com destino ao restaurante e depois à cidade de Grajaú, que fica a 250 km de Imperatriz.

16h – Demos entrada no hotel e eu corri para o quarto para descansar, falar com a família e me preparar para um novo dia de trabalho.

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Terça-feira, 18 de janeiro:

6h – Como de costume, o meu companheiro inseparável de todas as noi-tes desperta, mostrando que é hora de ir trabalhar. Fiz minhas orações, mais agradecimentos que pedidos, liguei para o meu filho para acordá-lo, desejei um bom-dia a eles e pedi a bênção à minha mãe. Por volta das 6h10 entro no banho e quinze minutos depois, na descida para o café, fui orando pedindo a Deus mais um dia tranquilo de trabalho. Caprichei no café, vida de eletricista é assim, não sabemos que horas voltamos do trecho (termo usado pelos eletricistas que significa o local de trabalho ao longo da linha de transmissão), então tento me alimentar bem no café. Encontrei os companheiros de trabalho e já começamos as brincadeiras sadias. Todos sabem que nós eletricistas somos uma equipe de fato, não apenas no nome.

6h40 - Estávamos todos nas viaturas, geralmente utilizamos três viaturas na

substituição de isoladores, sabíamos onde e quantas manobras teríamos que fazer no dia, então saímos para o trecho. No carro tentei descansar mais um pouco e, mesmo adorando as brincadeiras, as piadas contadas durante o deslocamento, tentei tirar mais um cochilo, a cabeça sempre voltada para as pessoas que amo, e também aos probleminhas do cotidiano que todos temos.

7h30 - Chegamos à estrutura em que serão realizadas as manobras. Hoje serão

apenas quatro, todas na mesma torre. Como de costume, preparamos o material em cima da lona, fazemos a limpeza deste equipamento e o nosso “DDS – Diálogo Diário de Segurança”, assim sabemos se todos estão em condições de trabalho. Dividimos a equipe, uma que irá subir e outra que irá ficar embaixo. Eu, particu-larmente, prefiro sempre escalar a estrutura, no solo o calor é bem maior. Não irei detalhar o serviço, pois acho que não se faz necessário, gastamos geralmente uma hora em cada manobra.

13h - Estamos guardando o material e indo rumo ao almoço, todos exaustos, mas com o orgulho e a certeza do dever cumprido. Nessa ida para o almoço observo o povo local, um povo geralmente bastante humilde, como a maioria do nosso povo, mas hospitaleiro, fraterno, carinhoso, solícitos. Neles vejo o quanto, às vezes, somos injustos com nós mesmos e com Deus. Aquela gente, muitas vezes, sem metade do conforto que eu tenho, e sempre com um sorriso no rosto, sempre feliz e contente, Deus por eles me diz que não preciso de muita coisa para ser feliz ou fazer quem me ama feliz e, muitas vezes, sou injusta comigo mesma e com as pessoas mais próximas. Assim, vejo que a felicidade não está em bens materiais, mas em sabermos observar e aproveitarmos o que a vida tem de melhor.

14h - Chegamos à churrascaria, no fim de festa, como se diz. As comidas já não são as melhores, mas a nossa fome, somada ao atendimento sempre solícito e as brincadeiras da equipe, faz com que a comida se torne o melhor prato do mundo, é claro que nunca comparado ao da minha mãe. Falando nis-so, nessa hora liguei, queria saber que horas o Matheus chegou. Como vocês percebem, faço o tipo mãe carrapato, mas sabemos que a violência hoje em dia anda sem limites.

15h - Depois do almoço e um pequeno descanso voltamos para o hotel, geral-mente o cansaço é tamanho que não consigo nem cochilar, contamos geralmente as mesmas piadas e mesmo assim dou boas gargalhadas, sou boba para sorrir de qualquer piada.

16h - Já no hotel, do jeito que cheguei tranquei a porta do quarto, me atirei na cama e dormi.

18h - Acordei, tomei um banho, liguei para casa, passei quase uma hora que-rendo saber das coisas, se pagaram as contas com o dinheiro que deixei, es-sas coisas de casa. Depois desci para o jantar, como sempre, encontrei alguns companheiros de trabalho e falamos de coisas da vida, planos, acontecimentos passados... Futuro.

20h - Já estava na internet, falando adivinhem com quem? Com o meu filhote é claro! Desejando uma ótima noite de sono e com os olhos “cheios de areia”, morta de sono também, agradeci pelo dia. Prometi a mim mesma que amanhã irei ler aquele livro que carrego na mala, mas hoje o cansaço é grande. Chequei o despertador e ainda liguei para a recepção, pedindo que me ligassem às 6h, para não perder o horário. De repente, “apaguei”!

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Quarta-feira, 19 de janeiro:

6h - Como já perceberam mantenho a rotina dos dias anteriores e já aproveitei para fazer um alongamento. Fui para o café e, como sabemos, a rotina do eletricis-ta acaba aí, pois quando entramos na viatura, como falamos, tudo pode acontecer. Até mesmo porque a linha de transmissão é um “organismo vivo”, no qual todos os dias acontecem modificações feitas pela natureza, seja pelo homem, numa nova cerca ou colchete, seja a flora, uma árvore caída na estrada, ou mesmo a fauna, no caso de uma serpente no pé de cerca ou torre.

6h40 - Lembrando disso, alguém comentou algo inusitado que aconteceu comigo. Foi o seguinte: numa inspeção detalhada, escalei a torre tipo V2, fiz toda a inspeção e, quando estou descendo, já próximo ao solo, reparo um “ga-lhinho” bem próximo à base, galhinho esse que não havia percebido quando subi. O “galhinho” parecia ter vida, pois estava se mexendo. Parei e achei que fosse o vento (risos). Que nada! Uns dois metros abaixo vejo que é uma cobra querendo escalar a torre também, entro em desespero (risos). Só lembro que gritei muito para o nosso motorista e ele do carro me perguntou: mas ela é venenosa? Eu, já mais calma, não perdi a piada e disse: espera aí, deixa-me ver, vou perguntar a ela. Piada feita, susto passado, continuamos contando “histórias” de eletricistas.

7h50 - As estruturas são mais distantes e o acesso não é tão bom. Hoje serão

apenas quatro manobras em torres diferentes. Seguimos nosso ritual quase que sagrado, preparamos o material em cima da lona, fizemos a limpeza e o nosso “DDS”, dividimos a equipe, a que irá subir e a que ficará embaixo. Hoje fui esco-lhida para escalar a estrutura, vesti a roupa condutiva, e todos os demais equipa-mentos de segurança. (ver matéria na página 12)

10h - As manobras foram tranquilas

e agora estamos nos deslocando para a próxima torre. Começamos a escalada na estrutura, as posições das equipes continuam as mesmas.

12h30 - Tudo ocorreu conforme a normalidade. Estamos guardando o material e indo rumo ao almoço, todos exaustos, mas com o orgulho e a certe-za do dever cumprido, mais uma vez.

14h - Hoje, durante o almoço, liguei para casa e fiquei bem preocupada com minha mãe, pois ela tem problemas sérios de saúde, e o Matheus me falou que ela está sem comer. Permaneci calada durante o almoço, logo notaram e vieram me perguntar o que estava ocorrendo. Desconversei. Todos temos problemas em casa, mas fiquei bem preocupada. Entramos nas viaturas e fomos para o hotel.

16h - Novamente liguei para casa e falei com ela, que negou não estar bem, mas senti que tinha algo errado, pedi que fosse ao médico. Sei que não irá. Aproveitei para fazer uma prova do curso da Ucel. Mesmo exausta li o capítulo do livro, mas es-tava bastante preocupada e nem desci para o jantar. Não sei que horas adormeci.

Quinta-feira, 20 de janeiro:

6h40 - Assim que saímos do hotel e entramos na “faixa”, um pneu furado. Na substituição lá se vão uns vinte minutos, como falei, o nosso dia a dia, nunca é igual.

8h - Chegamos à estrutura na qual foram realizadas apenas quatro manobras, todas na mesma torre. No nosso ritual diário, um dos colegas diz que não dormiu bem e pediu para não escalar a estrutura. A equipe comenta a importância desse pedido e atende com a maior naturalidade, até o agradece, pois o nosso pensa-mento é o seguinte: se você não tem condições avise, é melhor avisar do que estar sem condições físicas ou psicológicas para realizar um determinado trabalho, e termos que dar a notícia de um acidente a um de nossos familiares.

8h30 - Escalamos a estrutura. Hoje trabalhei no “meio-campo”, fazendo a distribuição das ferramentas lá em cima, lugar em que acho mais cansativo. As manobras não emperraram e, mesmo começando tarde, não fizemos nada com correria, sempre buscando a segurança individual e coletiva e o não acidente, pois a nossa meta é acidente zero.

14h - Estávamos já rumo ao almoço, eu particularmente hoje bem cansada, talvez estresse emocional, só lembro que apenas dormi até chegar ao restaurante. Almoçamos, descansamos um pouco e partimos para o hotel.

16h30 - Chegando ao hotel, subi e fui pensar um pouco na vida. Pensei, pen-sei e acabei dormindo.

19h - Acordei, tomei um banho, liguei para casa, passei quase duas horas ao telefone, querendo logo o amanhã, pois verei meus tesouros. Assisti a um jornal, pedi um lanche no quarto, li meio capítulo do livro e dormi.

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Sexta-feira, 21 de janeiro:

6h30 - Hoje acordei um pouco mais tarde, a sexta geralmente é apenas para a viagem de retorno. Segui minha rotina e liguei para casa. Desci já com minhas malas prontas, fiz o check-out e fui ao café. Encontrei todos lá.

8h - Saímos do hotel com destino à Subestação Imperatriz. No carro tocou uma canção que me lembrou de alguém especial em minha vida, quase chorei, e dei aquele sorriso que só quem um dia viveu um momento feliz, conhece: aquele meio triste, de saudade. Pedi para repetir a música umas duas ou três vezes e vi que todos perceberam e brincaram comigo.

10h - Chegamos à Subestação e fomos logo para uma reunião de desli-

gamento no final de semana, o sonhado fim de semana com a mãe e o Ma-theus. O amor ficou no sonho para um próximo fim de semana. No entanto, pensei comigo: é por eles que estou aqui e é neles que encontrei forças para enfrentar tudo, todas as dificuldades, para calar até a mim mesma quando por um segundo pensei que não seria capaz de fazer certas coisas, pois é desse amor por eles que vem a força para pegar pesos que às vezes nem eu mesma creio que posso.

12h - Almocei por aqui mesmo, temos apenas uma hora de almoço e minha casa é um pouco afastada. Fomos arrumar os materiais que trouxemos da viagem, guardar e preparar o material para o desligamento no final de semana.

16h - A hora mais feliz da semana! Registrei meu ponto e fui para o carro. Cheguei em casa e abracei as minhas joias raras, parecia que tinha passa-do um ano fora, sempre acho que o Matheus cresceu dez centímetros em uma semana, coisa de mãe boba. Já a minha mãe, sempre a acho mais magra, coisa de filha preocupada. Perguntei como estavam todos e tudo, e os problemas começaram a aparecer. Então nem tirei as malas do carro e fomos ao supermercado, pois trabalhar tanto e deixar faltar comida não é justo, nem com eles e nem co-migo (risos).

19h - Voltamos do supermercado e hoje pre-parei uma surpresa para eles: depois do banho os levarei a uma pizzaria, cansada sim, mas muito feliz por poder proporcionar o melhor a eles e a mim. Acho que essa história de escre-ver meu diário me deixou ainda mais “boba” (risos). Enfim, essa é a minha rotina e agora é a hora de mais agradecimentos, é sempre bom agradecer. Agradeço a Deus por eu fazer parte dessa grande família chamada Eletrobras Ele-tronorte, agradeço a superação de cada desafio que me é colocado, pois tenho sempre a certe-za de que Ele está sempre comigo, mostrando-me os caminhos para trilhar, pois Deus nunca dá um problema, sem que a solução não es-teja ao nosso alcance. Quero nesse finalzinho agradecer além de Deus, a todos: instrutores, treinandos, colegas de Imperatriz e de outras regionais, que de uma forma ou de outra me ajudaram a chegar aqui e, apesar dos pesares, graças a alguns deles me sinto muito feliz com o que faço. Como alguém já falou, um dos maiores incentivos em continuar ralando tanto longe de casa, da família, além do salário, bens pesso-ais, de que todos necessitamos, é claro, o que me faz permanecer forte na vida é o prazer de, pela estrada, encontrar pessoas boas, pessoas que nos mostram que fazer o bem vale a pena, que ajudar sem querer nada em troca, não é ser “otário” e, sim, é ser humano, é ser gente, gente como eu, que sempre confiarei no amor, na vida e em Deus.

Colaborou Arthur Quirino, da Regional de Transmissão do Maranhão

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Quem diria? A grande novidade energética do futuro vem do próprio, belo, eterno e velho sol. O Brasil, um dos lugares mais ensolarados de mundo, está radiante. Imagine: a matriz energética brasileira é tão rica e diversificada que agora até o sol quer participar dela. A nossa demanda por energia elétrica cresce em ritmo acelerado e deverá aumentar a cada ano. As fontes tradicionais oriundas de hidrelétricas e termelétricas ainda atenderão majoritariamente ao abastecimento, mas alternativas energéti-cas ganham cada vez mais importância e, em conjunto com as energias tradicionais, poderão agregar investimentos bilionários nos próximos quatro anos.

A energia heliotérmica é uma dessas fon-tes, com grande potencial de crescimento, que ocupará cada vez mais espaço entre as fontes de energia limpas e renováveis, pois os equi-pamentos para a sua captação estão sendo aprimorados e tendo os seus custos reduzidos à média de 15% a cada ano. Ainda popular-mente dita como energia solar, heliotérmica é o nome mais adequado, pois se refere ao sol, o “hélio”, e, como fonte, a térmica, que se re-fere ao processo de aquecimento dos líquidos. Julga-se mais adequado também usar o termo “heliotérmica” quando se trata da central ener-gética.

A outra forma de se explorar a energia do sol é por meio das células de silício, em que os raios solares são absorvidos por unidades fotovoltaicas que os transformam em energia elétrica. Nesse sistema o “foto”, ou energia luminosa, é convertido diretamente em eletri-cidade. Depois, montadas e interligadas, as células passam a gerar Watts em quantidades suficientes para iluminar uma casa, um centro comunitário, escolas etc.

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Outra alternativa é a energia eólica. Segun-do o diretor da Empresa de Pesquisa Energé-tica - EPE, Maurício Tolmasquim (abaixo), o Brasil tem capacidade de ventos o suficiente para construir grupo de usinas eólicas que ge-rariam, em conjunto com outras plantas limpas e renováveis, o equivalente a uma Usina Hidro-

elétrica de Itaipu, em torno de 14 mil MW. Ele diz que somos pionei-ros mundiais na pesquisa, desen-volvimento e na implantação de fontes renováveis de energia em larga escala: energia hidrelétrica, energia extraída de biodiesel de plantas oleaginosas, energia solar, energia do hidrogênio, dos resí-duos e gases do lixo, biomassa e outras em fases experimentais. “O Brasil é a potência energética do Século XXI, porque é o País com a maior matriz renovável do mun-do, pois além de explorar o etanol

como combustível de grande consumo interno, poderá ainda, em breve, exportar boa parte do petróleo do pré-sal e continuar a manter limpa a sua matriz energética”, afirmou.

Com tal diversidade em fontes energéticas, justificam-se os crescentes investimentos pri-vados e oficiais em fontes alternativas. Nesse sentido, os ministérios de Minas e Energia, e Ciência e Tecnologia, firmaram acordo de cooperação em energia solar, durante a inau-guração da nova sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em dezembro de 2010, visando à troca de informações técnicas para o desen-volvimento da energia solar, com foco em he-liotérmicas.

Para o secretario-executivo de Energia do MME, Márcio Zimmermann, o documento assi-nado é um marco do desenvolvimento da tecno-logia solar no Brasil, pois é essencial que o País estimule o desenvolvimento da tecnologia nacio-nal incentivando a comunidade acadêmica e os centros de pesquisas a produzir conhecimentos para reduzir a importação de centrais solares. E conclamou as empresas privadas a também participarem do processo, mas seguindo a lógi-ca e estratégia desenvolvida em conjunto pelos ministérios correlacionados ao tema.

O documento prevê a elaboração de proje-tos-piloto, de pesquisa e demonstrativos, capa-citação técnica e acordos nacionais e interna-cionais, no intuito de promover conhecimentos, debates, teses e outras atividades que contri-buam para o aperfeiçoamento contínuo do co-

nhecimento para o desenvolvimento do termo de cooperação. A energia heliotérmica é uma extensão da energia solar e é movida a partir de concentrados solares a serem construídos em regiões ensolaradas e de altas temperaturas durante a maior parte do ano.

Recentemente, Zimmermann e técnicos do Cepel,(acima) visitaram algumas das mais avançadas plantas de energia solar do mun-do, na Espanha, para juntar esforços na ab-sorção de conhecimentos sobre a questão. Nesse sentido, foi celebrado um acordo entre o Ministério de Minas e Energia, o Cepel, e o CNPq para fazer uma planta-piloto no Nordes-te, tendo a Chesf e o Cepel como as empresas promotoras, mas as demais do Sistema Ele-trobrás também foram convidadas a participar do projeto.

Investidor privado - O cenário atual é tão pro-missor para esse tipo de energia natural que já desperta o interesse de investidores não oficiais. Este é o caso da MPX, do empresário Eike Ba-tista, que investirá R$ 10 milhões na primeira usina solar comercial brasileira, em Tauá, no Ce-ará, com potência firme de um MW, podendo ampliá-la para cinco MW, em dois anos, permi-tindo o abastecimento de 1.500 residências já em 2012. Eike diz que sua intenção é instalar 50 MW quando o setor estiver regulamentado e os equipamentos forem fabricados no Brasil, bem como o setor receber mais incentivos do gover-no, o que reduzirá os custos, ainda girando em torno de R$ 500,00/MWh; enquanto o custo da energia eólica, gira em torno de R$ 150,00/MWh, a preços dos últimos leilões da Aneel.

O presidente da Associa-ção Brasileira de Energias Renováveis e Meio Ambiente - Abeama, Ruberval Baldini (ao lado), tem afirmado que o

custo da energia solar poderá vir a ser seme-lhantes ao da energia eólica. Mas sugere que “o governo defina claramente uma política para a geração de energia solar, e que incentive os investidores a encontrarem os seus próprios caminhos para viabilizá-la, pois apesar de ser o segundo lugar mais ensolarado da Terra, só perdendo para o norte da África, o Brasil ainda está distante de países com a Espanha e Ale-manha”. Atualmente, no Brasil, há vários proje-tos, em curso ou em operação, para o aprovei-tamento da energia solar, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de geração de eletricidade, visando ao atendimento de comu-nidades isoladas da rede de energia elétrica e ao desenvolvimento regional. Segundo a Aneel, o País tem apenas cinco MW de potência insta-lada de energia solar.

Inovação tecnológica - A energia heliotér-mica é originária de uma sequência de trans-formações: o poder calorífico dos raios so lares aquece os recipientes com água e lí-quidos especiais, que adquirem pres-são, gerando o vapor, com jatos sufi-cientes para fazer rodar uma turbina, que, por sua vez, aciona um gerador de eletricidade. O gerente de Progra-mas de Pesquisa e Desenvolvimento da Eletrobras Eletronorte, Álvaro Rai-neri (ao lado), observa que a trans-formação de energia solar em energia elétrica, via células fotovoltaicas, ainda

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é um processo caro para produção em gran-des volumes. Todavia, lembra que os investi-mentos precisam continuar nas duas direções, pois ambas as tecnologias funcionam, só que a energia oriunda de células fotovoltaicas ainda é utilizada para eletrificar lugares em que outras alternativas são inviáveis.

O Plano Diretor de Inovação Tecnológica da Eletrobras Eletronorte – 2011/2014, no su-bitem Energia Solar Térmica, determina que a Empresa busque tecnologias a respeito do assunto, com linhas de pesquisa enfocando os chamados gargalos: os concentradores so-lares, os tanques térmicos de armazenagem, os métodos de geração de vapor e outros. “O concentrador solar, por exemplo, precisa ser

consumida na Europa virá de matrizes solares térmicas do norte da África. Eles mapearam as áreas com os maiores índices de insolação no planeta, o “Solar Belt”; ou seja, o “Cinturão So-lar”. Elas estão no deserto do Saara, na África; no deserto do Atacama, nos EUA, na Austrália e no Nordeste do Brasil (grá-fico abaixo).

Segundo Frade (ao lado), “esses locais têm poucas nuvens, não ge-ram gases do efeito estufa, e por isto são fontes fabulosas de energia solar durante todo o dia e, quase, no ano todo. Tudo isto nos leva a um interes-se maior por esta fonte não poluente, inesgotável, promissora e muito ade-quada para áreas semidesérticas. No Nordeste, a falta de rios dificulta a formação de reservatórios para hidrelétricas. Logo podere-mos fazer um ciclo de geração solar em perí-odos de seca. A heliotérmica, a médio prazo, será uma fonte complementar excelente. Creio que, logo teremos equipamentos de captação solar em volumes consideráveis, inclusive em momentos de baixa insolação, pois os sistemas de armazenamento estão melhorando”.

Energia do açaí - A intenção do Sistema Ele-trobras é se tornar o maior produtor de energia limpa do planeta até 2020 e as possibilidades de se fazer isto é por meio da exploração de fontes como a hidroelétrica, eólica, solar térmi-ca e via células fotovoltaicas, biomassa, entre outras. Para o gerente de Pesquisa e Desenvol-vimento do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, Norberto Bramatti, é um equívoco se achar que as heliotérmicas são sempre fábri-cas de baixa produção. Ele diz que já se conse-gue grandes quantidades de energia com ter-

camos em inovações incrementais, 20% em estratégicas, 20% em introdutivas e 10% em desruptivas. Inovações incrementais são aque-las que melhoram algum processo já presente na estratégia empresarial. As inovações intro-dutivas referem-se à criação de algum tipo de negócio ou atividade nova. A desruptiva trata de algo inovador, ainda não implantado”, esclare-ce Álvaro Raineri.

Cinturão solar – Luis Cláudio Frade, geren-te do Departamento de Gestão Tecnológica da Eletrobras, esclarece sobre a necessidade de se investir em fontes limpas e renováveis de energia como meio de se obter a produção perene de insumos integrada às regiões, com o uso racional dos recursos naturais. Segun-do ele, “a energia heliotérmica é um caminho promissor. Na abordagem de energias futuras a Eletrobras identificou os temas estratégicos e traçou linhas de ação para os próximos cinco anos. Na abordagem Geração, destaca-se a energia solar térmica e seus avanços. Porém, a Aneel precisa verificar a legislação para permi-tir que as energias alternativas sejam inseridas no Sistema Interligado Nacional-SIN. Creio que esta solução virá logo. Há pouco tempo se fala-va em energia eólica em termos de expectativas e experimentalismos. Agora ela já se tornou um grande negócio, foi regulamentada, vieram os leilões para a sua contratação e o Brasil já pro-duz geradores, torres e peças sobressalentes a preços competitivos”.

O estudo “Pictures of the Future”, da revista da Siemens, relata o projeto Desertec Industrial Initiatives, um documento fruto do esforço de 250 pesquisadores de empresas e de cien-tistas de várias universidades, que chegaram a conclusão que até 2050, 20% da energia

adequado para a situação de radiação solar na Amazônia, com grande quantidade de forma-ção de nuvens. Ainda não temos concentrado-res de qualidade para manter a água aquecida pelo tempo necessário. O Plano também de-manda que convoquemos parceiros para nos ajudar a resolver os pontos tecnológicos críti-cos. Anualmente, os interessados em ser um de nossos parceiros, devem apresentar suas propostas de projeto em resposta às nossas demandas tecnológicas anuais. O nosso foco principal em 2011 será nos concentradores solares”, afirma Álvaro.

Em 2011, a Eletrobras Eletronorte investirá R$ 40 milhões em P&D. Além de demandas sobre manutenção da transmissão, operação da geração e meio ambiente, a Empresa bus-cará inovações em tecnologia para geração hidrelétrica de baixa queda, fontes alternati-vas (eólica, hidrocinética, solar e biomassa) e armazenamento não-convencional de energia elétrica. “A nossa meta é ter 50% do que bus-

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mosolares, compatíveis inclusive com as usinas térmicas convencionais e algumas até superam a produção de médias hidrelétricas.

“Nos Estados Unidos e na China já estão fa-zendo heliotérmicas com 280 MW de potência. Seria interessante regulamentarmos a geração de fontes alternativas específicas, para que pos-

samos construí-las em prédios, perto de estádios de futebol, indústrias, e lançarmos essa energia na rede do Sistema Integrado Nacional - SIN. Por enquanto só se pode usar este tipo de energia para próprio consumo ou para situações específicas como as cober-tas pelo programa Luz Para Todos (fo-tovoltaicas) e para pequenas comu-nidades, vila de pescadores, centros sociais, postos de saúde, etc”.

Nos sistemas maiores, as centrais heliotérmicas usam, num dos seus tipos de produção, vários espelhos com raios solares convergentes para um recipiente central que aquece a água e os fluidos especiais, de onde se extrai o vapor e daí para frente o método de geração de energia é similar ao de uma terme-létrica convencional. Um projeto que está sen-do desenvolvido pelo Centro de Tecnologia é o de uma usina protótipo termosolar com uso do caroço do açaí, no Pará. Ele terá duas fases.

“Na primeira, os espelhos móveis concen-trarão a energia para fins específicos: secagem do caroço de açaí, de madeira e de produtos,

e para o transporte de gás aquecido sem con-sumo de eletricidade. Uma usina com essas funções já ajudaria o projeto de biomassa, pois hoje só se exporta a polpa do açaí, pasteuri-zada. Um gaseificador para geração de ener-gia elétrica requer que o caroço do açaí esteja seco, e a nossa região é úmida. Assim, antes de partir para aquecer os fluidos e gerar o vapor há vários gargalos a resolver, mas ter o aque-cimento já é importante, pois aproveitaríamos os convênios com as prefeituras e instalaríamos coletores solares nas 17 ilhas paraenses produ-toras de açaí”, explica Bramatti (à esquerda).

Numa segunda fase, o caroço do açaí seco será o combustível do gaseificador que fará funcionar os motores e geradores elétricos for-necendo eletricidade para as ilhas. Assim, elas teriam energia para fazer os processos de con-gelamento, pasteurização, desidratação e con-servação. “Sempre trabalhamos com parce-rias. Nesse caso, temos o pesquisador Helmut Mechede, dono de uma patente de coletores solares, que nos forneceu os conhecimentos sobre o dimensionamento, a posição e o apon-tamento dos sistemas de espelhos e forma de capitação ideal dos raios solares. Verificaremos a eficiência desses sistemas, ditos heliosta-tos, em regiões com bons níveis de insolação. Mantemos consultas também com os pesqui-sadores de painéis termosolares com espelhos orientados, de várias universidades brasileiras”, observa Bramatti.

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“Encaminhamos agradecimento pelo envio da publicação Corrente Contínua, nº 235, Novem-bro/Dezembro de 2010”.

Josemara Brito - Biblioteca da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - Cruz das Almas - BA

“Prezada equipe, mais uma vez parabéns pelas excelentes matérias da Corrente Contínua nº 235. Todavia, gostaria de registrar uma correção e uma sugestão. Na matéria ‘Luz Para Todos: a energia de 13 milhões de brasileiros’, pág. 49, a foto é da presidente da Associação das Quebra-deiras de Coco Babaçu de Itapecuru-Mirim, Maria Domingas, e não da presidente da União dos Clubes de Mães do Município de Itapecuru-Mirim, Raimunda Licar. Sobre a matéria ‘Brasil 500 Pássaros: dez anos de revoada’, pág. 39, por onde anda essa tão bela e rica exposição? Parece que após a revoada, passando inclusive aqui pelo Maranhão, fazendo revoadas até internacionais, eles voltaram para o ninho. Vamos fazer com que eles renasçam e voltem a cantar e encantar pelo nosso Brasil afora? Aproveitando a oportunidade, por onde anda, também, a nossa exposição sobre a Alma do Norte?”.

Arthur Quirino da Silva Neto - Regional de Transmissão do Maranhão - São Luís - MA

“Prezado Alexandre, recebi a revista Corrente Contínua, li a reportagem ‘Plantas que geram energia’ e penso que vocês podem me ajudar no meu trabalho. Acontece que preciso analisar uma proposta de projeto de plantio de pinhão manso nas nossas faixas de servidão do Maranhão e Pará. O material que recebi não contempla informação suficiente sobre essa planta. Por isso, gostaria de solicitar o contato do Sr. Frederico Durães, citado na reportagem, para que sejam esclarecidas algumas dúvidas sobre o tema”.

Érica Vilela Pereira Kurihara - Gerência de Sistema Gestão Ambiental - Brasília - DF

“Alexandre, gostaria de parabenizar pela edição 235 da revista Corrente Contínua. Está belís-sima e não vejo a hora de tê-la em mãos para folhear. Já pela imagem da capa, uma bela foto por sinal, sabia que boas reportagens estariam por vir. Em destaque, a reportagem sobre o Luz Para Todos nas comunidades quilombolas e sobre a avaliação feita do programa. No entanto, o que me cativou ainda mais foi, com certeza, a bela índia e o seu bebê que estampam a capa”.

Rose Dayanne Santana Nogueira - Coordenação Regional Representação Estado do Tocantins - Palmas - TO

“Érica, quero parabenizá-la pela excelente matéria publicada na revista Corrente Contínua n° 235, principalmente pelo fato histórico que foi a conclusão de um empreendimento que vinha se arrastando desde 1981, quando da construção do encabeçamento da Eclusa 1, estrutura necessá-ria e fundamental para permitir a formação do reservatório da nossa grandiosa usina. As imagens do empreendimento, mais uma vez demonstram a capacidade de, em poucas páginas, apresentar ‘sucintamente’ toda a grandiosidade do complexo de transposição. Agradeço-lhe a reportagem e, principalmente pelo destaque colocado no início da reportagem”.

José Biagioni de Menezes - Gerência de Obras da UHE Tucuruí - Tucuruí - PA

“Caríssimo Alexandre, parabenizo toda a equipe da revista Corrente Contínua, especialmente o jornalista Byron de Quevedo e o fotógrafo Alexandre Mourão. Profissionalismo, compromisso e sensibilidade são as marcas da excelente matéria ‘Luz para todos os quilombos’. Obrigada por proporcionar a todos os colaboradores da Eletrobras Eletronorte um pouquinho da história de vida e luta dos quilombos Mata Cavalo, Capão Verde e Santarém, além dos sabores, ritmos e cheiros”.

Vera Lúcia Alves da Silva - Assessoria para Universalização da Energia Elétrica - Brasília - DF

Açaí: energético para o corpo humano também vai gerar energia elétrica termosolar

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Texto: Michele SilveiraFoto: Rony Ramos

O longe fica mais perto quando se consegue verNo caminho da ida, a luz chega a queimar Na volta, faz a vista apertar procurando o caminhoE pensar no que ficou pra trás...Que bom que a gente andou e chegou mais pertoPra ver o longeSaber, a gente já sabia:Sem luz não há corNão há nem mesmo sombraNem esperançaNão há o perto, não há o longeMas quase sempre, o que é bom é pra fazer E não só pra saber Por isso é tão forte o sussurro de um interruptorPorque apresenta a energia à esperançaE fazer essa energia é dar cor, sombra, formaFazer energia é o que mais nos aproxima de DeusPorque é transformar seus instrumentos em cidadania, em trabalho, Em amorFaz-nos mais fortes, mais humanosÉ ver o olho do filho enquanto ele suga o seio da vida em uma noite Sem afliçõesÉ andar pelo caminho de volta sem apertar os olhosPorque o caminho está aliE agora, todas as noites, a casa sorri.

“Parabéns a toda a equipe da Corrente Contínua 235, pelo texto da Fotolegenda. Tocou-me mui-to a beleza, o romantismo, a sensibilidade e a simplicidade como foi elaborado. Adorei. Foi muito criativo e original. Acredito que muita gente se identificou, colocando-se no lugar dos personagens. Fez-me lembrar alguns acontecimentos. A capa também tem seu destaque. Mais uma vez para-béns e ... miau para vocês”.

Maró Dias - Brasília - DF“Prezado Alexandre, adorei o seu diário. Ficou ótimo, bom de ler e riquíssimo em informações.

Vou guardar para sempre e me lembrar dos detalhes dessa viagem”.Renata Petrocelli - Assessoria de Comunicação da Eletrobras - Rio de Janeiro - RJ “Caro Alexandre, parabenizo a sua equipe pelo notável trabalho que desenvolve, registrando, via

importantes textos, fotografias ou publicações, as significativas realizações executadas pela nossa Eletrobras Eletronorte ao longo de sua reconhecida história, em prol do desenvolvimento da região amazônica e do Brasil. Registro, particularmente, o brilhante trabalho desenvolvido na elaboração da última revista Corrente Contínua do ano de 2010, notadamente em relação às matérias que abordam o programa de Universalização de Energia Elétrica, nacionalmente conhecido como Luz Para Todos. A profundidade do conteúdo técnico apresentado é enaltecida pelo olhar humanista dos jornalistas escalados para tais trabalhos, que constataram e conseguiram transmitir em seus artigos, as profundas transformações que um programa de tal magnitude é capaz de provocar na alma de populações até então esquecidas e que, finalmente, começam a se sentir parte de uma Nação comprometida com um modelo de desenvolvimento includente. Os fatos narrados e as imagens descritas comprovam a capacidade transformadora de um País, indo muito além da aná-lise de um programa que, em sua gênese, se propõe a tirar contingentes da população brasileira do século XIX, viabilizando o acesso a aspectos do desenvolvimento relativamente comuns neste século XXI.”

Henrique Luduvice - Assessoria para Universalização da Energia Elétrica - Brasília - DF

“Muito bom, gostamos muito. O quilombo Capão Verde agradece a Eletrobras Eletronorte as ações integradas do Luz Para Todos, e ao jornalista e fotógrafo da comunicação, pela oportunidade de oferecer um pouco da nossa história e dos produtos que fabricamos no Centro Comunitário de Produção - CCP, construído pela Empresa. Ficamos muito agradecidos e voltem sempre”.

Andrelina Domingues de Oliveira - Presidente da Associação dos Agricultores e Agricultoras Afrodescendentes da Comunidade Capão Verde - Poconé - MT

“Gostaria de que vocês nos enviassem todos os números de revistas com reportagens sobre o nosso projeto, publicados pela Eletrobras Eletronorte ou pelo Ministério de Minas e Energia, se for o caso. Um amigo nosso viu casualmente na internet várias revistas que fazem referências a Capão Verde e nós não temos conhecimento. Precisamos organizar a nossa memória. Transmita o meu abraço e as minhas felicitações à área de comunicação da Empresa por divulgar nossos projetos”

Felinto da Costa - Universidade Estadual de Mato Grosso - Cuiabá - MT

“Caro Alexandre Accioly,recorremos a você, como em situações anteriores, para solicitar, na medida do possível, que nos forneça imagens utilizadas na edição 235 da Corrente Contínua, sobre as eclusas de Tucuruí. Aproveitamos a oportunidade para parabenizar a equipe da revista pelo tra-balho cada vez mais aprimorado, profissional e completo apresentado em suas reportagens”.

Patrick Roberto - Diretor de Redação do Jornal Correio do Tocantins - Marabá - PA

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No período da cheia do Rio Tocantins, cerca de

12 mil metros cúbicos por segundo de água

passam diariamente pelas turbinas da Usina Hidrelé-trica Tucuruí. Seriam como

12 mil caixas d’água a cada segundo para gerar até oito

mil megawatts de energia, como o recorde registrado no dia 12 de março de 2010.

Mas toda essa água não gera apenas energia. Gera bem-estar

e uma melhor qualidade de vida. Como as dez mil toneladas de peixes produzidas por ano, ou os

R$ 38 milhões de royalties pagos pelo uso da água aos municípios

do entorno do reservatório, anu-almente. A Eletrobras Eletronorte valoriza o recurso natural mais im-

portante do mundo e trabalha para preservá-lo a cada dia, cada vez mais.