118
As energias renováveis no Brasil: entre o mercado e a universidade José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra & Youssef Ahmad Youssef Prefacio de Manoel Arlindo Zaroni Torres, Diretor Presidente da Tractebel Energia S.A. O Consórcio de Universidades Européias e Latino-America- nas em Energias Renováveis – JELARE (Joint European-Latin American Universities Renewable Energies Project) é um pro- grama de cooperação que envolve universidades da Alemanha, Letônia, Bolívia, Brasil, Chile e Guatemala, a fim de fomentar novas abordagens na educação e pesquisa, no domínio das ener- gias renováveis, orientadas para o mercado de trabalho, nas insti- tuições de Ensino Superior Européias e Latino-Americanas. O projeto é financiado pelo programa ALFA III, um programa da União Européia para cooperação com a América Latina, no âmbi- to do ensino superior e técnico. Devido a natureza inovadora deste campo, as Instituições de En- sino superior (IES) são atores muito importantes no campo das energias renováveis, quer através da investigação quer da forma- ção dos recursos humanos. Não obstante a importância do estu- do das energias renováveis, este ainda não encontra o destaque merecido nos currículos das Universidades Latino-Americanas (e Européias). Com base nas necessidades supramencionadas, o Consórcio de Universidades Européias e Latino-Americanas em energias re- nováveis visa o “Fomento de propostas educacionais e de pes- quisa inovadoras, orientadas para o mercado de trabalho no setor de Energias Renováveis, nas Instituições de Educação Superior Européias e Latino-Americanas”. José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra, Ph.D. é graduado em Economia pela Universidade Autônoma de Lisboa “Luis de Camões”, Mestre em Desenvolvi- mento Social e Econômico pela Universidade Técnica de Lisboa e Doutor em Ciência Política/ Relações Internacionais pela Universidade de Sophia e Universidade Nova da Bulgá- ria. Diretor e Professor da Unisul Business School (UBS)-Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Diretor de Mestrados e MBA´s no Brasil e em Portugal. Diretor Exe- cutivo, junto da UNISUL, das redes de pes- quisa JELARE – Consórcio de Universidades Européias e Latino-Americanas em Energias Renováveis, financiado pelo programa ALFA III (União Européia) e REGSA – Promoção da geração elétrica renovável na América do Sul, financiado pela União Européia através do programa temático para o ambiente e gestão sustentável dos recursos naturais, in- cluindo energia. Autor e organizador de seis livros nas áreas da Economia, Política e Re- lações Internacionais e Energias Renováveis, ambiente e sustentabilidade. Youssef Ahmad Youssef, Ph.D. fez seu pós- -doutorado em Administração na Eric Sprott School of Busi- ness Carleton University, Cana- dá e Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina; Mestre em Engenharia de Produ- ção e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina e Graduado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia de Lins - São Paulo. Prof. Youssef foi responsável pela criação e coordenação do curso de Engenha- ria Elétrica-Telemática na Unisul entre 1999 e 2005 e liderou também a criação do Cen- tro de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis (CEPEAR) na Unisul em 2007. Atualmente, o professor Youssef é supervisor de dois projetos de pesquisa na área de sus- tentabilidade e energias renováveis (JELARE e REGSA) financiados pela União Européia e que reúnem universidades da Alemanha, Latvia, Chile, Bolívia e Guatemala. O propósito do Consórcio de Uni- versidades Européias e Latino- -Americanas em Energias Reno- váveis (JELARE) é o de promover a cooperação e a troca de experiências entre a Europa e a América-Latina relativamente ao mercado de traba- lho, pesquisa e educação no campo das energias renováveis O consórcio JELARE tem como objetivos específicos os seguintes: » Desenvolver e implementar pes- quisas voltadas ao levantamento das necessidades do mercado de trabalho, em termos de energias renováveis, e promover as adap- tações necessárias nas universida- des para atender a essas necessi- dades, » Aumentar a capacidade dos cola- boradores das universidades par- ticipantes, para modernizar seus programas educacionais na área das energias renováveis, » Fortalecer as relações entre as uni- versidades participantes, o merca- do de trabalho, Governos e em- presas privadas na área das Ener- gias renováveis, » Estabelecer Alianças estratégi- cas e uma rede permanente entre Universidades Européias e Lati- no-Americanas. José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra & Youssef Ahmad Youssef | As energias renováveis no Brasil: entre o mercado e a universidade 9 788580 190199 > ISBN 978-85-8019-019-9 ORGANIZADORES

Energias Renovaveis No Brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Energias renováveis do Brasil.

Citation preview

  • As energias renovveis no Brasil:entre o mercado e a universidade

    Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra & Youssef Ahmad Youssef

    Prefacio de Manoel Arlindo Zaroni Torres, Diretor Presidente da Tractebel Energia S.A.

    O Consrcio de Universidades Europias e Latino-America-nas em Energias Renovveis JELARE (Joint European-Latin American Universities Renewable Energies Project) um pro-grama de cooperao que envolve universidades da Alemanha, Letnia, Bolvia, Brasil, Chile e Guatemala, a fim de fomentar novas abordagens na educao e pesquisa, no domnio das ener-gias renovveis, orientadas para o mercado de trabalho, nas insti-tuies de Ensino Superior Europias e Latino-Americanas.O projeto financiado pelo programa ALFA III, um programa da Unio Europia para cooperao com a Amrica Latina, no mbi-to do ensino superior e tcnico.Devido a natureza inovadora deste campo, as Instituies de En-sino superior (IES) so atores muito importantes no campo das energias renovveis, quer atravs da investigao quer da forma-o dos recursos humanos. No obstante a importncia do estu-do das energias renovveis, este ainda no encontra o destaque merecido nos currculos das Universidades Latino-Americanas (e Europias).Com base nas necessidades supramencionadas, o Consrcio de Universidades Europias e Latino-Americanas em energias re-novveis visa o Fomento de propostas educacionais e de pes-quisa inovadoras, orientadas para o mercado de trabalho no setor de Energias Renovveis, nas Instituies de Educao Superior Europias e Latino-Americanas.

    Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra, Ph.D. graduado em

    Economia pela Universidade Autnoma de Lisboa Luis de Cames, Mestre em Desenvolvi-mento Social e Econmico pela Universidade Tcnica de Lisboa e Doutor em Cincia Poltica/

    Relaes Internacionais pela Universidade de Sophia e Universidade Nova da Bulg-ria. Diretor e Professor da Unisul Business School (UBS)-Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Diretor de Mestrados e MBAs no Brasil e em Portugal. Diretor Exe-cutivo, junto da UNISUL, das redes de pes-quisa JELARE Consrcio de Universidades Europias e Latino-Americanas em Energias Renovveis, financiado pelo programa ALFA III (Unio Europia) e REGSA Promoo da gerao eltrica renovvel na Amrica do Sul, financiado pela Unio Europia atravs do programa temtico para o ambiente e gesto sustentvel dos recursos naturais, in-cluindo energia. Autor e organizador de seis livros nas reas da Economia, Poltica e Re-laes Internacionais e Energias Renovveis, ambiente e sustentabilidade.

    Youssef Ahmad Youssef, Ph.D. fez seu ps--doutorado em Administrao na Eric Sprott School of Busi-ness Carleton University, Cana-d e Doutor em Engenharia e Gesto do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa

    Catarina; Mestre em Engenharia de Produ-o e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina e Graduado em Engenharia Eltrica pela Escola de Engenharia de Lins - So Paulo. Prof. Youssef foi responsvel pela criao e coordenao do curso de Engenha-ria Eltrica-Telemtica na Unisul entre 1999 e 2005 e liderou tambm a criao do Cen-tro de Pesquisa em Energias Alternativas e Renovveis (CEPEAR) na Unisul em 2007. Atualmente, o professor Youssef supervisor de dois projetos de pesquisa na rea de sus-tentabilidade e energias renovveis (JELARE e REGSA) financiados pela Unio Europia e que renem universidades da Alemanha, Latvia, Chile, Bolvia e Guatemala.

    O propsito do Consrcio de Uni-versidades Europias e Latino--Americanas em Energias Reno-vveis (JELARE) o de promover a cooperao e a troca de experincias entre a Europa e a Amrica-Latina relativamente ao mercado de traba-lho, pesquisa e educao no campo das energias renovveisO consrcio JELARE tem como objetivos especficos os seguintes:

    Desenvolver e implementar pes-quisas voltadas ao levantamento das necessidades do mercado de trabalho, em termos de energias renovveis, e promover as adap-taes necessrias nas universida-des para atender a essas necessi-dades,

    Aumentar a capacidade dos cola-boradores das universidades par-ticipantes, para modernizar seus programas educacionais na rea das energias renovveis,

    Fortalecer as relaes entre as uni-versidades participantes, o merca-do de trabalho, Governos e em-presas privadas na rea das Ener-gias renovveis,

    Estabelecer Alianas estratgi-cas e uma rede permanente entre Universidades Europias e Lati-no-Americanas.

    Jos

    Bal

    taza

    r Sal

    guei

    rinho

    Os

    rio d

    e An

    drad

    e Gu

    erra

    & Y

    ouss

    ef A

    hmad

    You

    ssef

    | As

    ener

    gias

    reno

    vve

    is n

    o Br

    asil:

    ent

    re o

    mer

    cado

    e a

    uni

    vers

    idad

    e

    9 788580 190199 >

    ISBN 978-85-8019-019-9

    O R G A n I z A D O R E S

  • As energias renovveis no Brasil:entre o mercado e a universidade

  • As energias renovveis no Brasil:entre o mercado e a universidade

    P A L H O A , 2 0 1 1

    Org an i z a dOr e s

    Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra Youssef Ahmad Youssef

    au tOr e s

    Guilherme Crippa Ursaia (Pinheiro Pedro Advogados)Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra

    Youssef Ahmad Youssef

    CO l a bOr adOr e s

    Aline Mara MorenoAndr Mauricio JtivaAndr Luis Silva Leite,

    Joo Luiz Alkaim,Mariana Eliza Ferrari,

    Mariana Dalla Barba Wendt,Rodrigo Antonio Martins,

    Renan Corra Torres Camila Masri (Pinheiro Pedro Advogados)

  • ReitorAilton Nazareno Soares

    Vice-ReitorSebastio Salsio Herdt

    Chefe de GabineteWillian Corra Mximo

    Pr-Reitor de EnsinoMauri Luiz Heerdt

    Pr-Reitora de Administrao AcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa

    Pr-Reitora de Pesquisa, Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz Heerdt

    Pr-Reitor de Desenvolvimento e Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto

    Diretora do Campus Universitrio de TubaroMilene Pacheco Kindermann

    Diretor do Campus Universitrio da Grande FlorianpolisHrcules Nunes de Arajo

    Diretora do Campus Universitrio UnisulVirtualJucimara Roesler

    Assessoria de Comunicao e Marketing C&M

    AssessorLaudelino J. Sard

    Diretora Maria do Rosrio Stotz

    Gestora EditorialAlessandra Turnes

    EditoraoOfficio (officiocom.com.br)

    Reviso ortogrficaParola Editorial

    Design instrucionalMarina Cabeda Egger Moellwald

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    This publication has been produced with the assistance of the European Union. The content of this publication is the sole responsibility of the JELARE project consortium

    and can in no way be taken to reflect the views of the European Union.

    E46 As energias renovveis no Brasil : entre o mercado e a universidade / organizadores Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra, Youssef Ahmad Youssef. - Palhoa : Ed. Unisul, 2011. 231 p. : il. color. ; 21 cm

    Bibliografia: p. 183-188. ISBN 978-85-8019-019-9

    1. Energia Fontes alternativas. 2. Desenvolvimento sustentvel. 3. Universidades e faculdades. I. Guerra, Jos Baltazar Salgueirinho Osorio de Andrade, 1968-. II. Youssef, Ahmad Youssef, 1967-.

    CDD (21. ed.) 333.794

    P R E F C I O

    No cenrio mundial, o Brasil ocupa posio de liderana na uti-lizao de fontes renovveis na gerao de energia eltrica. De sua capacidade instalada de 115.065,54 megawatts em julho de 2011, 79 % (90.901,24 MW) so provenientes dessas fontes. Somente a gerao hidroeltrica uma forma de energia que, alm de ser obtida de um re-curso natural renovvel, permanece como a de melhor proporo custo / benefcio para as nossas condies territoriais e climticas, responde por 70,8% da capacidade instalada total.

    Mas no s em recursos hdricos que o Brasil se destaca. Como de-monstra este livro dos professores Jos Baltazar Salgueirinho Osrio de Andrade Guerra e Youssef Ahmad Youssef, o Brasil possui um grande potencial de biomassa para produo de energia, principalmente a do bagao da cana de acar, como tambm privilegiado em matria de ventos e incidncia de raios solares fontes renovveis, capazes de com-plementar a hidroeletricidade e aos poucos substituir a energia prove-niente de combustveis fsseis.

    A principal contribuio deste livro, porm, chamar a ateno para algo da maior importncia para o desenvolvimento sustentvel do Bra-sil: como preencher as lacunas existentes entre o ensino universitrio e as necessidades de mercado relativas s energias renovveis. Guerra e Youssef manifestam-se quanto aos papis que devem desempenhar o Estado, as universidades e as empresas em seu ponto de vista e respec-tivamente, estabelecendo leis e polticas de incentivo, realizando pes-quisas e recursos humanos, desenvolvendo e utilizando novas tecno-logias e propem o fortalecimento do vnculo entre empresas e Ins-

  • tituies de Ensino Superior. Entre outras interessantes consideraes que tecem ao longo do texto, destaca-se, por exemplo, a de que o desafio energtico e de sustentabilidade global possa proporcionar um cenrio econmico mais equitativo entre as naes.

    O livro apresenta um histrico do despertar da conscincia para a relevncia do desenvolvimento em bases sustentveis, um painel sobre a necessidade mundial de aumentar a participao das energias reno-vveis, culminando com pesquisas realizadas em empresas e universi-dades brasileiras, principalmente da regio Sul, muito teis para apon-tar caminhos para aprimorar o ensino acadmico e aproxim-lo das de-mandas do mercado empresarial. Integra o Projeto JELARE Joint Eu-ropean-Latin American Universities Renewable Energy Project -, uma cooperao internacional para o fomento das pesquisas e estudos das energias renovveis, desenvolvidas entre universidades da Alemanha, Letnia, Bolvia, Brasil, Chile e Guatemala. Como desdobramento, alm de trazer dados e concluses sobre a nossa realidade, apresenta infor-maes sobre o cenrio internacional sobre investimentos, pesquisas e preparo para suprir as necessidades empresariais para produo e utili-zao das energias renovveis.

    Aos autores e seus colaboradores, nossos parabns pela relevncia e qualidade deste livro.

    Ao leitor, nosso convite para conhec-lo na ntegra.

    Manoel Arlindo Zaroni TorresDiretor Presidente da Tractebel Energia S.A.

    Lista de figuras, grficos e tabelas O QuAdRO POlTICO E InsTITuCIOnAl dO sETOR ElTRICO bRAsIlEIRO

    Tabela 1 Etapas do Clculo do Preo de Liquidao das Diferenas 37

    Grfico 1 - Potncia contratada por regio e fonte (MW) 43

    Grfico 2 - Gerao de energia eltrica no Brasil, participao por fonte. 45

    EnERGIAs REnOvvEIs: As ExPECTATIvAs dO MERCAdO E As REsPOsTAs dA unIvERsIdAdE

    Figura 1 - Os objetivos do milnio 83

    Grfico 1 - Consumo mundial de energia, de 1971 a 2006 98

    Grfico 2 - Diversificao da matriz energtica mundial, de 1971 a 2006 101

    Grfico 3 - Investimento global em energias renovveis, de 2004 a 2008 104

    Grfico 4 - A substituio da matriz energtica mundial 107

    Grfico 5 - Brasil (mercado): qual o tipo da sua organizao? 119

    Grfico 6 - Brasil: setor da Organizao 120

    Grfico 7 - Brasil: qual o setor das energias renovveis em que a sua organizao opera? 121

    Grfico 8 - Brasil: qual o segmento da cadeia de valor das energias renovveis em que a sua organizao opera?

    122

    Grfico 9 - Brasil: como a sua organizao desenvolve projetos relacionados s energias renovveis?

    123

    Grfico 10 - Brasil: qual a disponibilidade de profissionais qualificados na rea das energias renovveis, no mercado de trabalho?

    124

    Grfico 11 - Brasil: quais as qualificaes dos profissionais recrutados na rea das energias renovveis da sua organizao?

    124

    Grfico 12 - Brasil: quais as maiores dificuldades enfrentadas para encontrar e selecionar profissionais qualificados na rea energias renovveis?

    125

    Grfico 13 - Brasil: quais modalidades de treinamento a sua organizao planeja no campo das energias renovveis?

    126

    Grfico 14 - Brasil (casos afirmativos para a questo): as instituies de ensino superior precisam desenvolver novos cursos e qualificaes no campo das energias renovveis?

    127

    Grfico 15 - Brasil: as instituies de ensino superior, em termos das energias renovveis 128

    Grfico 16 - Brasil: quais os tipos de servios oferecidos por instituies de Educao Superior a sua organizao estaria interessada em usar?

    129

    Grfico 17 - Brasil: interesse por setor das energias renovveis 132

    Grfico 18 - Brasil: qual das seguintes opes melhor descreve o seu tempo de experincia acadmica nas energias renovveis?

    132

    Grfico 19 - Brasil: voc estaria interessado em receber capacitao no desenvolvimento de currculos em energias renovveis?

    133

    Grfico 20 - Brasil: voc teria interesse em receber treinamento em tecnologias das energias renovveis? 134

    Grfico 21 - Brasil: interesse das instituies 134

    Grfico 22 - Brasil: tendo em vista o campo das energias renovveis, qual a sua necessidade? (parte 1) 135

  • Grfico 23 - Brasil: tendo em vista o campo das energias renovveis, qual a sua necessidade? (parte 2) 135

    Grfico 24 - Brasil: caminhos para o estreitamento dos laos entre as instituies de ensino superior e o mercado das energias renovveis (parte 1)

    136

    Grfico 25 - Brasil: caminhos para o estreitamento dos laos entre as instituies de ensino superior e o mercado das energias renovveis (parte 2)

    137

    Grfico 26 - Brasil: justificativa do foco em energias renovveis na sua instituio (parte 1) 138

    Grfico 27 - Brasil: justificativa do foco em energias renovveis na sua instituio (parte 2) 139

    Grfico 28 - Brasil: que tipos de programas relacionados com as energias renovveis a sua universidade realiza?

    140

    Grfico 29 - Brasil: desde quando a sua universidade tem desenvolvido polticas e estratgias no campo das energias renovveis?

    140

    Grfico 30 - Brasil: que tipo de aquisio de conhecimento a sua universidade realiza regularmente? 141

    Grfico 31 - Brasil: sua universidade possui programas ou cursos especficos na rea de energia renovvel?

    142

    Grfico 32 - Brasil: setor das energias renovveis em que a universidade possui atividades 143

    Grfico 33 - Brasil: que tipo de produtos a sua universidade produz concernindo pesquisa e ensino de energias renovveis?

    143

    Grfico 34 - Qual foi o faturamento da sua organizao em 2008? 145

    Grfico 35 - Qual foi o faturamento de sua organizao resultante do segmento das energias renovveis em 2008?

    146

    Grfico 36 - Em qual setor das energias renovveis sua organizao opera? (parte 1) 147

    Grfico 37 - Em qual setor das energias renovveis sua organizao opera? (parte 2) 147

    Grfico 38 - Em qual setor das energias renovveis sua organizao planeja operar? (parte 1) 148

    Grfico 39 - Em qual setor das energias renovveis sua organizao planeja operar? (parte 2) 149

    Grfico 40 - Em qual segmento da cadeia de valor das energias renovveis sua organizao planeja operar?

    149

    Grfico 41 - Quais as qualificaes dos profissionais recrutados na rea das energias renovveis da sua organizao?

    151

    Grfico 42 - Disponibilidade de profissionais qualificados para a rea das energias renovveis no mercado

    152

    Grfico 43 - Quais as maiores dificuldades enfrentadas para encontrar e selecionar profissionais qualificados na rea das energias renovveis?

    152

    Grfico 44 - Quais as perspectivas de recrutamento para a sua organizao na rea das energias renovveis, no curto prazo de dois anos?

    153

    Grfico 45 - Quais as perspectivas de recrutamento para a sua organizao na rea das energias renovveis, no mdio prazo de cinco anos?

    153

    Grfico 46 - As universidades precisam desenvolver novos cursos e qualificaes no campo das energias renovveis?

    154

    Grfico 47 - Casos afirmativos: universidades precisam desenvolver novos cursos e qualificaes no campo das energias renovveis?

    154

    Grfico 48 - Quais tipos de servios oferecidos por instituies de ensino superior sua organizao estaria interessada em usar? (parte 1)

    155

    Grfico 49 - Quais tipos de servios oferecidos por instituies de ensino superior sua organizao estaria interessada em usar? (parte 2)

    155

    Grfico 50 - Como esto as instituies de ensino superior em termos de energias renovveis? 156

    Grfico 51 - Em qual setor das energias renovveis voc trabalha ou tem interesse? (parte 1) 156

    Grfico 53 - Qual das seguintes opes melhor descreve seu tempo de experincia acadmica nas energias renovveis?

    157

    Grfico 54 - Qual a sua necessidade de infraestrutura de pesquisa em energias renovveis? 159

    Grfico 55 - Qual a sua necessidade de acesso a uma base de dados em energias renovveis? 159

    Grfico 56 - Como voc descreveria sua necessidade de maior interao entre sua instituies de ensino superior e o mercado das energias renovveis?

    160

    Grfico 57 - O estreitamento com o mercado precisa ser fortalecido em sua instituies de ensino superior? 161

    Grfico 58 - Mais programas acadmicos voltados para as necessidades do mercado? 161

    Grfico 59 - Programas de intercmbio entre as instituies de ensino superior e o mercado de energias renovveis?

    162

    Grfico 60 - Parceria entre as instituies de ensino superior e o mercado de energias renovveis visando a compartilhar conhecimentos?

    162

    Grfico 61 - Pesquisas aplicadas em energias renovveis conduzidas dentro das instituies de ensino superior e financiadas por empresas?

    163

    Grfico 62 - Pesquisas aplicadas em energias renovveis conduzidas dentro das instituies de ensino superior e financiadas por agncia do Governo?

    163

    Grfico 63 - Um maior nmero de estgios em energias renovveis para alunos nas empresas? 164

    Grfico 64 - Monitoramento contnuo na gesto de pessoas, devido s mudanas tecnolgicas e ao ambiente socioeconmico?

    165

    Grfico 65 - Programas de ensino (graduao e ps-graduao) 165

    Grfico 66 - Trabalho em colaborao com organizaes pblicas ou privadas 167

    Grfico 67 - Bolsas e incentivos aos estudos na rea de energias renovveis 168

    Grfico 68 - Polticas em energias renovveis 169

    Grfico 69 - Estratgias em energias renovveis 169

    Grfico 70 - Usa conhecimento sobre energias renovveis obtido atravs de outras fontes do mercado 170

    Grfico 71 - Conhecimento sobre energias renovveis obtido atravs de instituies de pesquisa 171

    Grfico 72 - Prov investimentos para obter conhecimento externo em energias renovveis 171

    Grfico 73 - Em qual setor das energias renovveis sua universidade possui atividades de pesquisa? (parte 1) 172

    Grfico 74 - Em qual setor das energias renovveis sua universidade possui atividades de pesquisa? (parte 2) 172

    Grfico 75 - Em qual setor das energias renovveis sua universidade possui atividades de ensino? (parte 1) 173

    Grfico 76 - Em qual setor das energias renovveis sua universidade possui atividades de ensino? (parte 2) 174

    Grfico 77 - Sua universidade possui programas/cursos especficos em energias renovveis? 174

    Grfico 78 - Sua universidade possui departamentos especficos ou institutos em energias renovveis? 175

    Grfico 79 - Que tipo de produtos sua universidade produz concernindo pesquisa e ensino de energias renovveis?

    175

    Grfico 80 - Sua universidade possui um oramento dedicado ao investimento em energias renovveis? 176

  • O QuAdRO POlTICO E InsTITuCIOnAl dO sETOR EnERGTICO bRAsIlEIRO

    13

    1. Introduo 151.1 - Definio de geradores de energias renovveis

    (relacionadas s categorias de geradores de energias renovveis criados pelo seu prprio regulamento)

    18

    1.2 - Funcionamento do mercado de eletricidade 261.3 - Quadro institucional do setor eltrico 451.4 - Leis e regulamentos do setor eltrico 59

    EnERGIAs REnOvvEIs: As ExPECTATIvAs dO MERCAdO E As REsPOsTAs dA unIvERsIdAdE

    65

    1. Introduo 672. O contexto global 71

    2.1 - Energias renovveis e a cooperao internacional 712.2 - Aquecimento global e as energias renovveis 722.3 - A pegada ecolgica 742.4 - Sustentabilidade e desenvolvimento 742.5 - Globalidade dos problemas ambientais 752.6 Sustentabilidade 772.7 - Desenvolvimento sustentvel 802.8 - Conferncias sobre mudanas atmosfricas 842.9 - Conveno-quadro das Naes Unidas 852.10 - Conferncia das Partes (cop) 862.11 - O Protocolo de Kyoto 872.12 - Conferncia de Copenhagen 912.13 - Cooperao internacional 932.14 - Economia da energia 972.15 - A matriz energtica global 1002.16 - Energias renovveis 102

    3. A matriz energtica brasileira 1093.1 - Breve anlise do setor de energias renovveis no brasil 111

    4. A pesquisa conduzida no brasil 1174.1 - Perfil das organizaes 1184.2 - Setor e forma de operao no campo das energias renovveis 1214.3 - Disponibilidade e qualificaes dos profissionais 1234.4 - Papel das universidades 1274.5 - Concluses 130

    5. As energias renovveis e as instituies de ensino superior 1315.1 - Caracterizao do staff 1315.2 - Demandas das instituies de ensino no campo das energias renovveis 1335.3 - Interao com o mercado 1365.4 - Concluses 1375.5 - Forma de atuao no campo das energias renovveis 1385.6 - Pesquisa e ensino 1425.7 - Concluses 144

    6. uma comparao entre brasil, Alemanha, Chile, bolvia, letnia e Guatemala 1456.1 - Comparativo entre o perfil das organizaes 1456.2 - Comparativo: setor e forma de operao no campo das energias

    renovveis147

    6.3 - Comparativo: disponibilidade e qualificaes dos profissionais 1506.4 - Comparativo: papel das universidades 1536.5 - Comparativo: caracterizao do staff 1566.6 - Comparativo: demandas das Instituies de Ensino Superior no campo

    das energias renovveis158

    6.7- Comparativo: interao com o mercado 1606.8 - Comparativo: forma de atuao no campo das energias renovveis 1656.9 - Comparativo: pesquisa e ensino 1726.10 - Os desafios da universidade e as necessidades do mercado 176

    Referncias 183Apndices 189

    Relatrio de pesquisa I: Mercado (Survey Market) 191Relatrio de pesquisa II: HEI/IES (Survey Staff) 209Relatrio de pesquisa III: HEI/IES (Survey Benchmarking) 225

    Sumrio

  • O QuAdRO POlTICO E InsTITuCIOnAl dO sETOR EnERGTICO bRAsIlEIRO

  • 14 15

    1

    InTROduO

    O modelo institucional do setor de energia eltrica passou por duas grandes mudanas desde a dcada de 90. A primeira en-volveu a privatizao das companhias operadoras e teve incio com a Lei n. 9.427, de dezembro de 1996, que instituiu a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) e determinou que a explorao dos poten-ciais hidrulicos fosse concedida por meio de concorrncia ou leilo, em que o maior valor oferecido pela outorga (Uso do Bem Pblico) deter-minaria o vencedor.

    A segunda ocorreu em 2004, com a introduo do Novo Modelo do Setor Eltrico, que teve como objetivos principais: garantir a segurana no suprimento; promover a modicidade tarifria; e promover a insero social, em particular pelos programas de universalizao (como o Luz para Todos). Sua implantao marcou a retomada da responsabilidade do planejamento do setor de energia eltrica pelo Estado.

    Uma das principais alteraes promovidas em 2004 foi a substitui-o do critrio utilizado para concesso de novos empreendimentos de gerao. Passou a vencer os leiles o investidor que oferecesse o menor preo para a venda da produo das futuras usinas. Alm disso, o novo modelo instituiu dois ambientes para a celebrao de contratos de com-pra e venda de energia: o Ambiente de Contratao Regulada (ACR), exclusivo para geradoras e distribuidoras, e o Ambiente de Contratao Livre (ACL), do qual participam geradoras, comercializadoras, importa-dores, exportadores e consumidores livres.

  • 16 17

    A nova estrutura assenta-se sobre muitos dos pilares construdos nos anos 90, quando o setor passou por um movimento de liberalizao, depois de mais de 50 anos de controle estatal.

    At ento, a maioria das atividades era estritamente regulamentada e as companhias operadoras controladas pelo Estado (federal e estadual) e verticalizadas (atuavam em gerao, transmisso e distribuio).

    A reforma exigiu a ciso das companhias em geradoras, transmis-soras e distribuidoras. As atividades de distribuio e transmisso continuaram totalmente regulamentadas. Mas a produo das gera-doras passou a ser negociada no mercado livre ambiente no qual as partes compradora e vendedora acertam entre si as condies atravs de contratos bilaterais.

    Alm disso, foram constitudas na dcada de 90 novas entidades pa-ra atuar no novo ambiente institucional: alm da ANEEL, o Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS) e o Mercado Atacadista de Energia (MAE). A ANEEL sucedeu o Departamento Nacional de guas e Ener-gia Eltrica (DNAEE), uma autarquia vinculada ao Ministrio de Minas e Energia (MME). Como agncia reguladora, em sntese tem por objeti-vo atuar de forma a garantir, por meio da regulamentao e fiscalizao, a operao de todos os agentes em um ambiente de equilbrio que per-mita, s companhias, a obteno de resultados slidos ao longo do tem-po e, ao consumidor, a modicidade tarifria.

    O ONS, entidade tambm autnoma que substituiu o GCOI (Grupo de Controle das Operaes Integradas, subordinado Eletrobrs), res-ponsvel pela coordenao da operao das usinas e redes de transmis-so do Sistema Interligado Nacional (SIN). Para tanto, realiza estudos e projees com base em dados histricos, presentes e futuros, da oferta de energia eltrica e do mercado consumidor.

    Para decidir quais usinas devem ser despachadas, opera o Newa-ve, programa computacional que, com base em projees, elabora ce-nrios para a oferta de energia eltrica. O mesmo programa utiliza-do pela Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE) para definir os preos a serem praticados nas operaes de curto prazo do mercado livre.

    J o MAE, cuja constituio foi diretamente relacionada criao do mercado livre, em 2004, com a implantao do Novo Modelo, foi substi-tudo pela CCEE. No mesmo ano, o MME constituiu a Empresa de Pes-quisa Energtica (EPE), com a misso principal de desenvolver os estu-dos necessrios ao planejamento da expanso do sistema eltrico.

    O modelo implantado em 2004 restringiu, mas no extinguiu, o mer-cado livre que em 2008 respondia por cerca de 30% da energia eltri-ca negociada no pas. Alm disso, mantiveram-se inalteradas porm, em permanente processo de aperfeioamento as bases regulatrias da distribuio e transmisso.

    Em 2004, com a implantao do Novo Modelo do Setor Eltrico, o Governo Federal, por meio das leis n. 10.847/2004 e 10.848/2004, man-teve a formulao de polticas para o setor de energia eltrica como atri-buio do Poder Executivo federal, por meio do Ministrio de Minas e Energia (MME), com assessoramento do Conselho Nacional de Poltica Energtica (CNPE) e do Congresso Nacional.

    Os instrumentos legais criaram novos agentes. Um deles a Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), vinculada ao MME, cuja funo realizar os estudos necessrios ao planejamento da expanso do sistema eltri-co. Outro a Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE), que abriga a negociao da energia no mercado livre.

    O Novo Modelo do Setor Eltrico preservou a ANEEL, agncia re-guladora, e o Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), respons-vel por coordenar e supervisionar a operao centralizada do sistema interligado brasileiro. Para acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e a segurana do suprimento eletroenergtico em todo o territrio nacional, alm de sugerir as aes necessrias, instituiu-se o Comit de Monitoramento do Setor Eltrico (CMSE), tambm liga-do ao MME.

  • 18 19

    1.1 PAnORAMA dAs EnERGIAs REnOvvEIs nO bRAsIl

    a) bioenergia

    O Brasil, em maro de 2005, possua uma capacidade instalada de 3.070 MW (PORTO, 2005). Com o PROINFA, foram contratados 685 MW a serem implantados at o final de 2007. No entanto, foram res-cindidos contratos na ordem de 79,4 MW, devido, segundo seus em-preendedores, s mudanas nos custos de conexo, pois as subestaes inviabilizaram os empreendimentos. (CANAZIO, 2006). A biomassa, as-sim como ocorre no caso da energia elica, uma fonte complementar da hidroeletricidade nas regies Sul e Sudeste, onde a colheita de sa-fras propcias gerao de energia eltrica (cana-de-acar e arroz, por exemplo) ocorre em perodo diferente do chuvoso.

    Com relao biomassa de cana-de-acar, estima-se que para o Bra-sil atender futura demanda mundial por etanol em 2025 (para subs-tituir 10% da demanda por gasolina), seriam necessrios 35 milhes de hectares de novos canaviais, cuja expanso se daria sem substituio de culturas, sem necessidade de irrigao, apenas utilizando a disponibilida-de existente de terras segundo critrios do estudo elaborado pelo Ncleo Interdisciplinar de Planejamento Energtico da Unicamp. (NIPE, 2005).

    Porm, para permitir o aproveitamento de todo potencial existente e do futuro potencial de energia de biomassa de cana-de-acar, neces-sria uma estratgia baseada em trs medidas.

    Primeiro, os critrios de valorizao praticados no mbito dos leiles de energia nova, inclusive o ICB ndice de Custo Benefcio e o CEC Custo Econmico de Curto Prazo, deveriam ter valores preestabelecidos dentro de uma faixa mvel com teto e piso, assegurando a rentabilidade dos investimentos.

    Segundo: considerando que a bioeletricidade da cana-de-acar tem consumo prprio, a legislao do desconto da tarifa do uso do fio, atual-mente determinada em 30MW de potncia instalada, deveria conside-

    rar potncia disponibilizada para venda e no potncia instalada, au-mentando para 50MW.

    Terceiro: aprovar a integrao dessa fonte que sazonal e comple-mentar a hidroeletricidade no caso de venda no mercado.

    b)Energia elica

    O mercado de energia elica o que ostenta o maior potencial de crescimento dentre as chamadas fontes alternativas de energia, a uma taxa mdia anual de 40% no mundo.

    Hoje, com os avanos tecnolgicos e produo em larga escala, esta tecnologia j considerada economicamente vivel para competir com as fontes tradicionais de gerao de eletricidade em pases como Alemanha, Dinamarca, EUA, Portugal e Espanha. Alm disso, ainda grande o po-tencial elico a ser explorado em diversos pases, principalmente o Brasil.

    Existem oportunidades de melhoramentos tecnolgicos, bem identi-ficados internacionalmente, que devem levar ainda mais a redues de custo de produo, permitindo estabelecer metas bastante ambiciosas neste segmento.

    No Brasil, particularmente na regio Nordeste, a energia elica uma alternativa para complementar a hidroeletricidade, j que o perodo com maior regime de ventos ocorre quando h baixa precipitao de chuvas. Alm do mais, o maior potencial elico brasileiro encontra-se nessa regio.

    Atualmente, a potncia elica instalada no pas de 1 GW. O total es-t distribudo entre os 50 empreendimentos em operao no territrio nacional.

    Essa meta foi atingida com a entrada em operao do parque eli-co Elebrs Cidreira 1, pertencente associada EDP Energias do Brasil, localizado no municpio de Tramanda (RS). L esto 31 aerogeradores fabricados pela Wobben WindPower, com capacidade total de 70 MW.

    Com isto, de acordo com dados da ANEEL Agencia Nacional de Energia Eltrica atualizados at a data da execuo deste estudo, as usi-nas elicas j respondem por quase 1% da energia outorgada em relao capacidade de gerao de energia do pas.

  • 20 21

    A expectativa, segundo especialistas, que a gerao elica represen-te 5,2 GW na matriz brasileira at 2013. O valor considera os resultados dos leiles de 2009 e 2010.

    O Ministrio de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energtica tm sinalizado na direo de manter a participao das elicas nos lei-les. Com isso, espera-se que, por ano, sejam licitados entre 2 mil MW e 2,5 mil MW elicos.

    Executivos das maiores empresas do setor trabalham com a perspec-tiva da ordem de 10 GW de projetos inscritos, e 7,5 GW habilitados para os leiles de reserva e fontes alternativas programados para acontece-rem em julho de 2011.

    De acordo com o Atlas do potencial Elico Brasileiro (MME, 2001), considerando somente velocidades de vento maiores que 7 m/s, o Bra-sil possui um potencial de gerao de eletricidade de 272 TWh/ano pa-ra uma capacidade instalvel de 143,5GW, o que ocuparia uma rea de 71.735 km (utilizando-se de uma estimativa de densidade mdia con-servadora de 2 MW/km).

    A energia elica ainda apresenta custo de gerao alto no pas, ha-vendo a necessidade de incentivos para a sua maior insero na matriz eltrica nacional. O PROINFA surgiu com essa finalidade. A sua primei-ra fase contratou 1.423 MW de empreendimentos elicos inicialmen-te previstos para entrarem em operao em 2007. (MACHADO, 2005).

    Alm de procurar expandir o mercado para a introduo de energia elica, necessrio tambm maior conhecimento e adaptaes tecnolgi-cas para o pas poder tirar maior proveito do potencial dessa energia. As reas mais importantes para um programa de P&D em energia elica so:

    desenvolvimento de mquinas para situaes especficas no Brasil, observando o regime de ventos e melhoria de eficincia;

    consolidao de dados de potencial elico; integrao de parques elicos ao sistema interligado.

    A experincia com o PROINFRA indica a necessidade de instalar unidades fabris no pas para atender a demanda por equipamentos e servios, e em particular para disseminar os resultados obtidos atravs dos esforos de P&D.

    c) Pequenas centrais hidreltricas (PCHs)

    A capacidade mundial instalada de PCHs no ano 2000 era de 23 GW, valor que cresce cerca de 2, 3% ao ano, mas muito inferior ao potencial estimado de 2.000GW (CGEE, 2003). No Brasil, inventrios realizados estimam o total de 7,3 GW disponveis, alm da capacidade j instalada que, de acordo com a ANEEL, de 1,4 GW. (ANEEL, 2006).

    ainda possvel reativar PCHs antigas ou promover repotencia-mento daquelas existentes, acionando cerca de 0,68 GW de capacidade. (CGEE, 2003).

    O mercado nacional possui fabricantes que podem fornecer qua-se a totalidade dos equipamentos para PCHs. Nas instalaes acima de 5MW, h grandes empresas com alguma tecnologia atualmente licen-ciada. J os mercados para instalaes menores que 5MW, em geral tm sido atendidos por inmeras pequenas empresas totalmente nacionais. A engenharia e/ou projetos na rea contam com profissionais e recursos modernos, embora em grande parte no sejam nacionais.

    So necessrios ainda alguns esforos de modernizao tecnolgica, especialmente nas instalaes de pequeno porte. necessrio resolver, tambm, alguns aspectos legais e tcnicos relacionados com o meio am-biente, os procedimentos para interligao rede, avanar no conheci-mento do uso mltiplo das guas e otimizar controles de carga/frequn-cia. H suficiente informao hidrolgica (mais de 10 mil estaes fl-vio e pluviomtricas), mas necessrio avanar nos estudos de invent-rio, especialmente em bacias de mdio e pequeno portes.

    importante notar que grande parte de trabalhos de engenharia e projetos para PCHs conta com profissionais no pas. Vrias tecnologias para PCHs so produzidas no pas, com fabricantes nacionais e estrangei-ros, embora muitas vezes a partir de projetos desenvolvidos no exterior.

    H um grande potencial para o desenvolvimento de ferramentas pa-ra estudos de inventrios de bacias hidrogrficas, especialmente nas ba-cias de mdio e pequeno portes, e para recapacitao ou repotenciao adequao e correo de turbinas e geradores para maior capacidade e eficincia das usinas mais antigas.

  • 22 23

    d) Energia solar fotovoltaica

    O mercado mundial de energia solar fotovoltaica continua manten-do um elevado crescimento anual: expandiu 42% de 2003 a 2004, atin-gindo 2,6 GWp (IEA; PVPS, 2006), dos quais 2,1 GWp correspondem a aplicaes conectadas rede. Apenas ao longo da ltima dcada, o mercado duplicou quatro vezes. Da capacidade instalada em 2004 (770 MW), 94% foram instaladas somente no Japo, Alemanha e Estados Unidos. No caso brasileiro, o mercado ainda incipiente, limitando-se a programas governamentais, como o PRODEEM, e a projetos de eletrifi-cao de comunidades isoladas.

    A modularidade, favorecendo sistemas distribudos, j demonstra aplicaes importantes para regies isoladas no Brasil e poder ser de importncia crescente para aplicaes de maior porte em 10, 20 anos, interconectadas rede eltrica. O silcio o material predominante-mente utilizado em sistemas fotovoltaicos no mundo e o pas possui 90% das reservas mundiais economicamente aproveitveis. A tecnolo-gia hoje baseada em bolachas de silcio (silicon waffers), mas j existe uma segunda gerao de filmes finos (thin films PV technologies).

    Existem muitos pequenos projetos nacionais de gerao fotovoltai-ca de energia eltrica, principalmente para o suprimento de eletricida-de em comunidades rurais e/ou isoladas do Norte e Nordeste do Brasil.

    Esses projetos atuam basicamente com quatro tipos de sistemas:I) bombeamento de gua, para abastecimento domstico;II) irrigao e piscicultura; III) iluminao pblica;IV) sistemas de uso coletivo, tais como eletrificao de escolas, pos-

    tos de sade e centros comunitrios; e V) atendimento domiciliar. Entre outros, esto as estaes de telefonia e monitoramento remoto,

    a eletrificao de cercas, a produo de gelo e a dessalinizao de gua.Existem tambm sistemas hbridos, integrando painis fotovoltaicos

    e grupos geradores a diesel.

    No municpio de Nova Mamor, estado de Rondnia, est em ope-rao, desde abril de 2001, o maior sistema hbrido solar-diesel do Bra-sil (Figura 3.13). O sistema a diesel possui trs motores de 54 kW, tota-lizando 162 kW de potncia instalada. O sistema fotovoltaico consti-tudo por 320 painis de 64 W, perfazendo uma capacidade nominal de 20,48 kW. Os painis esto dispostos em 20 colunas de 16 painis, vol-tados para o Norte geogrfico, com inclinao de 10 graus em relao ao plano horizontal, ocupando uma rea de aproximadamente 300 m2. Esse sistema foi instalado pelo Laboratrio de Energia Solar Labsolar da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, no mbito do Pro-jeto BRA/98/019, mediante contrato de prestao de servios celebrado entre a ANEEL/PNUD e a Fundao de Amparo Pesquisa e Extenso Universitria FAPEU daquela Universidade.

    Uma significativa parcela dos sistemas fotovoltaicos existentes no pas foi instalada no mbito do Programa de Desenvolvimento Energtico de Estados e Municpios PRODEEM, institudo pelo Governo Federal em dezembro de 1994, no mbito da Secretaria de Energia do Ministrio de Minas e Energia MME. Desde a sua criao, foram destinados US$ 37,25 milhes para 8.956 projetos e 5.112 kWp (quilowatt-pico) de potncia.

    Esses projetos incluem bombeamento de gua, iluminao pblica e sistemas energticos coletivos. A maioria dos sistemas do PRODEEM so sistemas energticos e instalados.

    A grande maioria desses sistemas localiza-se nas regies Norte e Nor-deste do pas. No Brasil, entre os esforos mais recentes e efetivos de ava-liao da disponibilidade de radiao solar, destacam-se os seguintes:

    a) Atlas Solarimtrico do Brasil, iniciativa da Universidade Federal de Pernambuco UFPE e da Companhia Hidroeltrica do So Francis-co CHESF, em parceria com o Centro de Referncia para Energia Solar e Elica Srgio de Salvo Brito CRESESB;

    b)Atlas de Irradiao Solar no Brasil, elaborado pelo Instituto Na-cional de Meteorologia INMET e pelo Laboratrio de Energia Solar LABSOLAR da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC1.

    1 Disponvel em: . Acesso em: 4 ago. 2011.

  • 24 25

    Alm do apoio tcnico, cientfico e financeiro recebido de diversos rgos e instituies brasileiras (MME, Eletrobrs/CEPEL e universi-dades, entre outros), esses projetos tm tido o suporte de organismos internacionais, particularmente da Agncia Alem de Cooperao Tc-nica GTZ e do Laboratrio de Energia Renovvel dos Estados Unidos (National Renewable Energy Laboratory) NREL/DOE.

    Tambm a rea de aproveitamento da energia solar para aqueci-mento de gua tem adquirido importncia nas regies Sul e Sudeste do pas, onde uma parcela expressiva do consumo de energia eltrica des-tinada a esse fim, principalmente no setor residencial.

    e) Energia Termosolar

    A tecnologia do aquecedor solar j vem sendo usada no Brasil des-de a dcada de 60, poca em que surgiram as primeiras pesquisas. Em 1973, empresas passaram a utiliz-la comercialmente. (ABRAVA, 2001).

    Segundo informaes da Associao Brasileira de Refrigerao, Ar Condicionado, Ventilao e Aquecimento (ABRAVA, 2001), existiam at recentemente cerca de 500.000 coletores solares residenciais instalados no Brasil. Somente com aquecimento domstico de gua para banho, so gastos anualmente bilhes de kWh de energia eltrica, os quais po-deriam ser supridos com energia solar, com enormes vantagens socioe-conmicas e ambientais.

    Mais grave ainda o fato de que quase toda essa energia costuma ser consumida em horas especficas do dia, o que gera uma sobrecarga no sistema eltrico. Alm disso, h uma enorme demanda em prdios p-blicos e comerciais, que pode ser devidamente atendida por sistemas de aquecimento solar central.

    Embora pouco significativos diante do grande potencial existente, j h vrios projetos de aproveitamento da radiao solar para aquecimen-to de gua no pas. Essa tecnologia tem sido aplicada principalmente em residncias, hotis, motis, hospitais, vestirios, restaurantes industriais e no aquecimento de piscinas. Em Belo Horizonte, por exemplo, j so

    mais de 950 edifcios que contam com este benefcio e, em Porto Seguro, 130 hotis e pousadas. (ABRAVA, 2001).

    Um dos principais entraves difuso da tecnologia de aquecimento solar de gua o custo de aquisio dos equipamentos, particularmen-te para residncias de baixa renda. Mas a tendncia ao longo dos anos a reduo dos custos, em funo da escala de produo, dos avanos tec-nolgicos, do aumento da concorrncia e dos incentivos governamentais.

    Fatores que tm contribudo para o crescimento do mercado so: a divulgao dos benefcios do uso da energia solar; a iseno de impos-tos que o setor obteve; financiamentos, como o da Caixa Econmica Fe-deral, aos interessados em implantar o sistema; e a necessidade de re-duzir os gastos com energia eltrica durante o racionamento em 2001. (ABRAVA, 2001).

    Tambm so crescentes as aplicaes da energia solar para aqueci-mento de gua em conjuntos habitacionais e casas populares, como nos projetos Ilha do Mel, Projeto Cingapura, Projeto Sapucaias, em Conta-gem, Conjuntos Habitacionais SIR e Maria Eugnia (COHAB), em Go-vernador Valadares. (ABRAVA, 2001). Outro elemento propulsor dessa tecnologia a Lei n. 10.295, de 17 de outubro de 2001, que dispe sobre a Poltica Nacional de Conservao e Uso Racional de Energia e a pro-moo da eficincia nas edificaes construdas no pas.

    O crescimento mdio no setor, que j conta com aproximadamen-te 140 fabricantes e possui uma taxa histrica de crescimento anual de aproximadamente 35%, foi acima de 50% em 2001. Em 2002, foram pro-duzidos no pas 310.000 m2 de coletores solares. (ABRAVA, 2001).

    Neste segmento, em especfico, importante para o Brasil desenvol-ver uma estratgia de P&D para essa rea visando:

    anlise das necessidades tecnolgicas e viabilidade econmica pa-ra a produo de silcio de grau solar no pas. A indstria brasileira de painis fotovoltaicos utiliza restos de silcio de grau eletrnico, de custo mais elevado;

    apoio ao desenvolvimento de clulas e painis solares no pas a partir de silcio de grau solar;

  • 26 27

    desenvolvimento e produo de componentes, sistemas eletrni-cos, conversores e inversores para painis fotovoltaicos;

    desenvolvimento de mecanismos regulatrios e tarifrios para in-centivar a criao de um mercado para essa tecnologia, como j adotado em diversos pases;

    criao de normas tcnicas e padres de qualidade.

    1.2 FunCIOnAMEnTO dO MERCAdO dE ElETRICIdAdE bRAsIlEIRO

    O novo modelo do setor eltrico define que a comercializao de ener-gia eltrica realizada em dois ambientes de mercado, o Ambiente de Contratao Regulada - ACR e o Ambiente de Contratao Livre - ACL.

    a) Ambiente de contratao

    A contratao no ACR formalizada atravs de contratos bilaterais regulados, denominados Contratos de Comercializao de Energia El-trica no Ambiente Regulado (CCEAR), celebrados entre Agentes Vende-dores (comercializadores, geradores, produtores independentes ou au-toprodutores) e Compradores (distribuidores) que participam dos lei-les de compra e venda de energia eltrica.

    J no ACL h a livre negociao entre os Agentes Geradores, Comer-cializadores, Consumidores Livres, Importadores e Exportadores de energia, sendo que os acordos de compra e venda de energia so pac-tuados por meio de contratos bilaterais.

    Os Agentes de Gerao, sejam concessionrios de servio pblico de Ge-rao, Produtores Independentes de energia ou Autoprodutores, assim co-mo os Comercializadores, podem vender energia eltrica nos dois ambien-tes, mantendo o carter competitivo da gerao, e todos os contratos, sejam do ACR ou do ACL, so registrados na CCEE e servem de base para a conta-bilizao e liquidao das diferenas no mercado de curto prazo.

    Uma viso geral da comercializao de energia, envolvendo os dois ambientes de contratao, apresentada na figura seguinte:

    Figura 1 Comercializao de energia Fonte: Aneel (2008)

    b) Ambiente de Contratao Regulada

    Participam do Ambiente de Contratao Regulada - ACR os Agentes Vendedores e os Agentes de Distribuio de energia eltrica. Para garan-tir o atendimento aos seus mercados, os Agentes de Distribuio podem adquirir energia das seguintes formas, de acordo com o art. 13 do De-creto n. 5.163/2004:

    leiles de compra de energia eltrica proveniente de empreendimen-tos de gerao existentes e de novos empreendimentos de gerao;

    gerao distribuda, desde que a contratao seja precedida de chamada pblica realizada pelo prprio Agente de Distribuio e com montante limitado a 10% do mercado do distribuidor;

    usinas que produzem energia eltrica a partir de fontes elicas, pe-quenas centrais hidreltricas e biomassa, contratadas na primeira etapa do Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica PROINFA;

    Itaipu Binacional.

    VendedoresGeradores de Servio Pblico, Autoprodutores,Produtores Independentes e Comercializadores

    Ambiente de Contratao Regulada

    (ACR)

    Distribuidores(Consumidores Cativos)

    Ambiente de Contratao Livre

    (ACL)

    Consumidores Livres, Comercializadores

    Contratos Resultantesde Leiles

    Contratos LivrementeNegociados

  • 28 29

    As Regras de Comercializao so um conjunto de equaes ma-temticas e fundamentos conceituais, complementares e integrantes Conveno de Comercializao de Energia Eltrica, instituda pela Re-soluo Normativa ANEEL n. 109, de 26 de outubro de 2004, que asso-ciadas aos seus respectivos Procedimentos de Comercializao, estabe-lecem as bases necessrias para a operao comercial da CCEE e estipu-lam o processo de contabilizao e liquidao.

    c) Energia de Reserva

    A Energia de Reserva foi inicialmente prevista na Lei n. 10.848/2004, e regulamentada posteriormente por intermdio do Decreto n. 6.353/2008. Esse Decreto estabeleceu que o valor necessrio para o pagamento desta contratao fosse arcado pelos consumidores finais do SIN.

    A Energia de Reserva contratada dever ser proveniente de novos empreendimentos ou empreendimentos existentes, desde que estes em-preendimentos atendam s seguintes condies:

    I) acrescentem Garantia Fsica ao SIN;II) sejam empreendimentos que no entraram em operao comercial,

    at 16 de janeiro de 2008 (data de publicao do Decreto 6.353/2008).

    De forma complementar energia contratada no ambiente regula-do, a partir do Decreto n. 6.353, de 16 de janeiro de 2008, o Modelo do Setor Eltrico Nacional passou a contar com a contratao da chamada Energia de Reserva. Seu objetivo elevar a segurana no fornecimento de energia eltrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) com energia proveniente de usinas especialmente contratadas para este fim.

    Com o incio da comercializao da Energia de Reserva, em janeiro de 2009, a Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE) pas-sou a representar os agentes de consumo desta energia e a responder pela centralizao da relao contratual entre as partes e pela gesto da Conta de Energia de Reserva (CONER).

    Esta modalidade de contratao formalizada mediante a celebra-o dos Contratos de Energia de Reserva (CER) entre os agentes vende-

    dores nos leiles e a CCEE, como representante dos agentes de consumo, incluindo os consumidores livres, aqueles referidos no 5o do art. 26 da Lei n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e os autoprodutores.

    Decorrente deste processo de contratao, o Encargo de Energia de Reserva (EER) passa a ser cobrado de todos os usurios do SIN. O en-cargo ser apurado de acordo com as Regras de Comercializao de Energia Eltrica, verso 2010, aprovadas por meio da Resoluo Nor-mativa da ANEEL n. 385/2009.

    1.2.1 O quadro econmico do mercado da eletricidade brasileiro

    a) O processo de comercializao

    Participam do Sistema dos leiles e mercado livre do Ambiente de Contratao Regulada (ACR), na parte compradora, apenas as distri-buidoras, para as quais passou a ser a nica forma de contratar grande volume de suprimento para o longo prazo.

    As vendedoras da energia eltrica so as geradoras. O incio da entre-ga previsto para ocorrer em um, trs ou cinco anos aps a data de rea-lizao do leilo (que so chamados, respectivamente, de A-1, A-3 e A-5).

    O MME (Ministrio de Minas e Energia) determina a data dos leiles, que so realizados pela ANEEL e pela CCEE. Por meio de portaria, fixa o preo teto para o MWh a ser ofertado, de acordo com a fonte da energia: trmica ou hdrica. Como as geradoras entram em pool (ou seja, a oferta no individualizada), a prioridade dada ao vendedor que pratica o me-nor preo. Os valores mximos devem ser iguais ou inferiores ao preo teto.

    Os leiles dividem-se em duas modalidades principais: energia exis-tente e energia nova. A primeira corresponde produo das usinas j em operao e os volumes contratados so entregues em um prazo me-nor (A-1). A segunda, produo de empreendimentos em processo de leilo das concesses e de usinas que j foram outorgadas pela ANEEL e esto em fase de planejamento ou construo. Neste caso, o prazo de en-trega geralmente de trs ou cinco anos (A-3 e A-5). Alm deles, h os leiles de ajuste e os leiles de reserva.

  • 30 31

    Nos primeiros, as distribuidoras complementam o volume necessrio ao atendimento do mercado (visto que as compras de longo prazo so rea-lizadas com base em projees), desde que ele no supere 1% do volume total. No quinto ano anterior ao ano A (chamado ano A - 5), realizado o leilo para compra de energia de novos empreendimentos de Gerao. No terceiro ano anterior ao ano A (chamado ano A - 3), realizado o leilo para aquisio de energia de novos empreendimentos de Gerao. No ano anterior ao ano A (chamado ano A - 1), realizado o leilo para aquisi-o de energia de empreendimentos de Gerao existentes.

    Alm disso, podero ser promovidos leiles de ajuste, previstos no ar-tigo 26 do Decreto n. 5.163, de 30/07/2004, tendo por objetivo comple-mentar a carga de energia necessria ao atendimento do mercado consu-midor das concessionrias de distribuio, at o limite de 1% dessa carga.

    Nos leiles de reserva, o objeto de contratao a produo de usi-nas que entraro em operao apenas em caso de escassez da produo das usinas convencionais (basicamente hidreltricas).

    Como so realizados com antecedncia de vrios anos, esses leiles so tambm indicadores do cenrio da oferta e da procura no mdio e longo prazos. Para a EPE, portanto, fornecem variveis necessrias ela-borao do planejamento. Para os investidores em gerao e para as dis-tribuidoras, proporcionam maior segurana em clculos como fluxo de caixa futuro, por permitir a visualizao de, respectivamente, receitas de vendas e custos de suprimento ao longo do tempo. Segundo o governo, o mecanismo de colocao prioritria da energia ofertada pelo menor preo tambm garante a modicidade tarifria.

    No mercado livre ou ACL, vendedores e compradores negociam en-tre si as clusulas dos contratos, como preo, prazo e condies de en-trega. Da parte vendedora participam as geradoras enquadradas como PIE (produtores independentes de energia). A parte compradora cons-tituda por consumidores com demanda superior a 0,5 MW que adqui-rem a energia eltrica para uso prprio. As transaes geralmente so intermediadas pelas empresas comercializadoras, tambm constitudas na dcada de 90, que tm por funo favorecer o contato entre as duas pontas e dar liquidez a esse mercado.

    b) Operaes de curto prazo

    Os contratos tm prazos que podem chegar a vrios anos. O com-prador, portanto, baseia-se em projees de consumo. O vendedor, nas projees do volume que ir produzir e que variam de acordo com as determinaes do ONS. Assim, nas duas pontas podem ocorrer diferen-as entre o volume contratado e aquele efetivamente movimentado. O acerto dessa diferena realizado por meio de operaes de curto prazo no mercado spot abrigado pela CCEE, que tm por objetivo fazer com que, a cada ms, as partes zerem as suas posies atravs da compra ou venda da energia eltrica.

    Os preos so fornecidos pelo programa Newave e variam para cada uma das regies que compem o SIN, de acordo com a disponibilidade de energia eltrica.

    Alm de abrigar essas operaes, a CCEE tambm se responsabiliza pela sua liquidao financeira. Esta a sua funo original.

    Nos ltimos anos, a entidade passou a abrigar a operacionalizao de parte dos leiles de venda da energia que, junto s licitaes para cons-truo e operao de linhas de transmisso, so atribuio da ANEEL.

    O Processo de Comercializao de Energia Eltrica ocorre de acordo com parmetros estabelecidos pela Lei n. 10.848/2004, pelos Decretos n. 5.163/2004 e n. 5.177/2004 (o qual instituiu a CCEE), e pela Resoluo Normativa ANEEL n. 109/2004, que instituiu a Conveno de Comer-cializao de Energia Eltrica.

    As relaes comerciais entre os Agentes participantes da CCEE so regidas predominantemente por contratos de compra e venda de ener-gia, e todos os contratos celebrados entre os Agentes no mbito do Siste-ma Interligado Nacional devem ser registrados na CCEE.

    Esse registro inclui apenas as partes envolvidas, os montantes de energia e o perodo de vigncia; os preos de energia dos contratos no so registrados na CCEE, sendo utilizados especificamente pelas partes envolvidas em suas liquidaes bilaterais.

    A CCEE contabiliza as diferenas entre o que foi produzido ou con-sumido e o que foi contratado.

  • 32 33

    As diferenas positivas ou negativas so liquidadas no Mercado de Curto Prazo e valorado ao PLD (Preo de Liquidao das Diferenas), de-terminado semanalmente para cada patamar de carga e para cada sub-mercado, tendo como base o custo marginal de operao do sistema limi-tado por um preo mnimo e por um preo mximo. Dessa forma, pode--se dizer que o mercado de curto prazo o mercado das diferenas entre montantes contratados e montantes medidos.

    So associados da CCEE todos os Agentes com participao obrigatria e facultativa previstos na Conveno de Comercializao de Energia Eltrica.

    Os Agentes da CCEE dividem-se nas Categorias de Gerao, de Dis-tribuio e de Comercializao, conforme definido na Conveno de Comercializao.

    c) Gerao

    Categoria dos Agentes Geradores, Produtores Independentes e Auto-produtores. A atividade de gerao de energia eltrica permanece com seu carter competitivo, sendo que todos os Agentes de Gerao podero ven-der energia tanto no ACR como no ACL. Os Geradores tambm possuem livre acesso aos sistemas de transmisso e distribuio de energia eltrica.

    Os Agentes de Gerao podem ser classificados em: Concessionrios de servio Pblico de Gerao: agente titular de Servio Pblico Federal delegado pelo Poder Concedente mediante li-citao, na modalidade de concorrncia, pessoa jurdica ou consr-cio de Empresas para explorao e prestao de servios pblicos de energia eltrica, nos termos da Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.

    Produtores Independentes de Energia Eltrica: so Agentes in-dividuais ou reunidos em consrcio que recebem concesso, per-misso ou autorizao do Poder Concedente para produzir energia eltrica destinada comercializao por sua conta e risco.

    Autoprodutores: so Agentes com concesso, permisso ou auto-rizao para produzir energia eltrica destinada a seu uso exclu-sivo, podendo comercializar eventual excedente de energia, desde que autorizado pela ANEEL.

    d) distribuio

    Categoria dos Agentes Distribuidores. A atividade de distribuio orientada para o servio de rede e de venda de energia aos consumi-dores com tarifa e condies de fornecimento reguladas pela ANEEL (Consumidores Cativos). Com o novo modelo, os distribuidores tm participao obrigatria no ACR, celebrando contratos de energia com preos resultantes de leiles.

    e) Comercializao

    Categoria dos Agentes Importadores e Exportadores, Comercializa-dores e Consumidores Livres.

    ImportadoresSo os Agentes do setor que detm autorizao do Poder Conce-dente para realizar importao de energia eltrica para abasteci-mento do mercado nacional.

    ExportadoresSo os Agentes do setor que detm autorizao do Poder Conce-dente para realizar exportao de energia eltrica para abasteci-mento de pases vizinhos.

    ComercializadoresOs Agentes Comercializadores de energia eltrica compram ener-gia atravs de contratos bilaterais celebrados no ACL, podendo vender energia aos consumidores livres, no prprio ACL, ou aos distribuidores atravs dos leiles do ACR.

    Consumidores livresSo consumidores que, atendendo aos requisitos da legislao vi-gente, podem escolher seu fornecedor de energia eltrica (gera-dores e comercializadores) por meio de livre negociao. A tabela apresentada adiante resume as condies para que o consumidor de energia possa se tornar livre.

    A partir de 1998, conforme regulamenta a Lei n. 9.427, pargrafo 5, art. 26, de 26 de dezembro de 1996, os consumidores com deman-

  • 34 35

    da mnima de 500 kW, atendidos em qualquer tenso de fornecimento, tm tambm o direito de adquirir energia de qualquer fornecedor, des-de que a energia adquirida seja oriunda de Pequenas Centrais Hidrel-tricas (PCHs) ou de fontes alternativas (elica, biomassa ou solar).

    Conforme disposto no inciso III do art. 2 do Decreto n. 5163/2004, os consumidores livres e aqueles atendidos conforme o pargrafo 5 do art. 26 da Lei n. 9.427 devem garantir o atendimento a 100% de seu con-sumo verificado, atravs de gerao prpria ou de contratos bilaterais celebrados no Ambiente de Contratao Livre que, quando necessrio, devero ser aprovados, homologados ou registrados na ANEEL.

    f) Agentes Obrigatrios

    So Agentes com participao obrigatria na CCEE: os concessionrios, permissionrios ou autorizados de gerao que possuam central geradora com capacidade instalada igual ou su-perior a 50 MW;

    os autorizados para importao ou exportao de energia eltrica com intercmbio igual ou superior a 50 MW;

    os concessionrios, permissionrios ou autorizados de servios e instalaes de distribuio de energia eltrica cujo volume comer-cializado seja igual ou superior a 500 GWh/ano, referido ao ano anterior;

    os concessionrios, permissionrios ou autorizados de servios e instalaes de distribuio de energia eltrica cujo volume comer-cializado seja inferior a 500 GWh/ano, referido ao ano anterior, quando no adquirirem a totalidade da energia de supridor com tarifa regulada;

    os autorizados de comercializao de energia eltrica, cujo volume comercializado seja igual ou superior a 500 GWh/ano, referido ao ano anterior;

    os Consumidores Livres e os consumidores que adquirirem energia na forma do 5 do art. 26 da Lei n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996.

    g) Agentes Facultativos

    So Agentes com participao facultativa na CCEE: os titulares de autorizao para autoproduo e cogerao com central geradora de capacidade instalada igual ou superior a 50 MW, desde que suas instalaes de gerao estejam diretamente conectadas s instalaes de consumo e no sejam despachadas de modo centralizado pelo ONS, por no terem influncia significati-va no processo de otimizao energtica dos sistemas interligados;

    demais titulares de concesso ou autorizao para explorao de ser-vios de gerao, para realizao de atividades de comercializao de energia eltrica, bem como para importao e exportao de energia.

    h) Preo de liquidao das diferenas

    O Preo de Liquidao das Diferenas (PLD) utilizado para valorar a compra e a venda de energia no Mercado de Curto Prazo.

    A formao do preo da energia comercializada no mercado de cur-to prazo se faz pela utilizao dos dados considerados pelo ONS para a otimizao da operao do Sistema Interligado Nacional.

    Em funo da preponderncia de usinas hidreltricas no parque de gerao brasileiro, so utilizados modelos matemticos para o clculo do PLD, que tm por objetivo encontrar a soluo tima de equilbrio entre o benefcio presente do uso da gua e o benefcio futuro de seu ar-mazenamento, medido em termos da economia esperada dos combus-tveis das usinas termeltricas.

    A mxima utilizao da energia hidreltrica disponvel em cada pe-rodo a premissa mais econmica, do ponto de vista imediato, pois mi-nimiza os custos de combustvel. No entanto, essa premissa resulta em maiores riscos de dficits futuros. Por sua vez, a mxima confiabilidade de fornecimento obtida conservando o nvel dos reservatrios o mais elevado possvel, o que significa utilizar mais gerao trmica e, portan-to, aumento dos custos de operao.

  • 36 37

    Com base nas condies hidrolgicas, na demanda de energia, nos preos de combustvel, no custo de dficit, na entrada de novos projetos e na disponibilidade de equipamentos de gerao e transmisso, o mo-delo de precificao obtm o despacho (gerao) timo para o perodo em estudo, definindo a gerao hidrulica e a gerao trmica para cada submercado. Como resultado desse processo so obtidos os Custos Mar-ginais de Operao (CMO) para o perodo estudado, para cada patamar de carga e para cada submercado.

    O PLD um valor determinado semanalmente para cada patamar de carga com base no Custo Marginal de Operao, limitado por um preo mximo e mnimo vigentes para cada perodo de apurao e para cada Submercado. Os intervalos de durao de cada patamar so determina-dos para cada ms de apurao pelo ONS e informados CCEE, para que sejam considerados no SCL.

    Na CCEE so utilizados os mesmos modelos adotados pelo ONS para determinao da programao e despacho de gerao do sistema, com as adaptaes necessrias para refletir as condies de formao de pre-os na CCEE. No clculo do PLD no so consideradas as restries de transmisso internas a cada submercado e as usinas em testes, de forma que a energia comercializada seja tratada como igualmente disponvel em todos os seus pontos de consumo e que, consequentemente, o preo seja nico dentro de cada uma dessas regies. No clculo do preo so consideradas apenas as restries de transmisso de energia entre os submercados (limites de intercmbios).

    As usinas que apresentarem limitaes operativas (inflexibilidade) pa-ra o cumprimento de despacho por parte do ONS tm sua parte inflex-vel no considerada no estabelecimento do preo e so consideradas co-mo abatimentos da carga a ser atendida. Contudo, se a unidade geradora tiver declarado um nvel mnimo de gerao obrigatria (inflexvel) e esti-ver programada para gerar acima desse nvel (flexvel), ser considerada na formao do preo. As geraes de teste produzidas pela entrada de novas unidades tambm no so consideradas no processo de formao do PLD.

    O clculo do preo baseia-se no despacho ex-ante, ou seja, apu-rado com base em informaes previstas, anteriores operao real do

    sistema, considerando-se os valores de disponibilidades declaradas de gerao e o consumo previsto de cada submercado. O processo comple-to de clculo do PLD - Preo de Liquidao das Diferenas consiste na utilizao dos modelos computacionais Newave e Decomp, os quais pro-duzem como resultado o Custo Marginal de Operao de cada submer-cado, respectivamente em base mensal e semanal.

    A Tabela a seguir sumariza o processo do clculo do preo de energia na CCEE e a legislao pertinente.

    Tabela 1 Etapas do Clculo do Preo de Liquidao das Diferenas

    A abrangncia Caracterizao

    setembro de 2000 a Maio de 2001

    Preo ex-ante por submercado, em base mensal, por patamar de carga. Calculado pelo Modelo Newave (Resoluo ANEEL n. 334/2000) e Ofcio SRG/ANEEL n. 96/2000.

    Junho de 2001 Preo ex-ante por submercado, em base mensal, por patamar de carga. Calculado pelo Modelo Newave/Newdesp para os submercados Norte e Sul, fora do racionamento (Resolues ANEEL n. 202/2001, GCE n. 12/2001) e Ofcio ANEEL n. 116/2002. Para os submercados Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste em racionamento, adotado custo de dficit R$ 684,00 R$/MWh - (Resoluo GCE n. 12/2001).

    Julho de 2001 a Janeiro de 2002

    Preo ex-ante por submercado, em base semanal. Determinado de acordo com procedimentos estabelecidos pela GCE (Resolues GCE n. 12/2001, 49/2001, 54/2001, 77/2001, 92/2001, 102/2002 e 109/2002).

    Fevereiro a Abril de 2002

    Preo ex-ante por submercado, em base semanal. Calculado pelos Modelos Newave/Newdesp, com revises semanais (Resolues GCE n. 109/02 e ANEEL n. 70/2002).

    Maio de 2002 em diante

    Preo ex-ante por submercado, em base semanal. Calculado pelos Modelos Newave/Decomp (Resolues ANEEL n. 42/2002, 228/2002, 395/2002, 433/2002, 794/2002, 27/2003, 29/2003, 377/2003, 680/2003, 682/2003, 686/2003, Resolues Homologatrias ANEEL n. 002/2004 e 286/2004, Despachos ANEEL n. 401/2003, 402/2003, 873/2003, 850/2004 e 01/2005, Resoluo n. 10/2003 do CNPE, Decreto n. 5.177/2004).

  • 38 39

    i) Entendendo os leiles

    As concessionrias, as permissionrias e as autorizadas de servio pblico de distribuio de energia eltrica do Sistema Interligado Na-cional (SIN), por meio de licitao na modalidade de leiles, devem ga-rantir o atendimento totalidade de seu mercado no Ambiente de Con-tratao Regulada (ACR), de acordo com o estabelecido pelo artigo 11 do Decreto n. 5.163/2004 e artigo 2 da Lei n. 10.848/2004.

    Cabe ANEEL a regulao das licitaes para contratao regulada de energia eltrica e a realizao do leilo diretamente ou por interm-dio da Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE), confor-me determinado no pargrafo 11 do artigo 2 da Lei n. 10.848/2004.

    O critrio de menor tarifa (inciso VII, do art. 20, do Decreto n. 5.163/2004) utilizado para definir os vencedores de um leilo, ou seja, os vencedores do leilo sero aqueles que ofertarem energia eltrica pelo menor preo por Mega-Watt hora para atendimento da demanda prevista pelas distribuidoras. Os Contratos de Comercializao de Energia Eltrica em Ambiente Regulado (CCEAR) sero, ento, celebrados entre os vence-dores e as distribuidoras que declararam necessidade de compra para o ano de incio de suprimento da energia contratada no leilo.

    1.2.2 Modelo do mercado do setor Eltrico brasileiro

    A primeira organizao do mercado de eletricidade no Brasil ocor-reu com aprovao do Cdigo de guas em 1934, cujos princpios so ainda hoje a base da estrutura de funcionamento desta indstria. Nessa linha de argumento, o Brasil teve trs momentos importantes na hist-ria do desenvolvimento dos servios de eletricidade:

    a) mudana de base tecnolgica (a separao entre o direito de pro-priedade do solo e o aproveitamento dos recursos hdricos permitiu o desenvolvimento de novas bases econmicas);

    b) mudana pragmtica (a escassez da oferta de eletricidade e as pre-crias condies do fornecimento em vrias regies levaram o governo Kubitschek a decidir pela expanso da rede eltrica via empresas estatais);

    c) mudana de privatizao (o governo reconhece as dificuldades fi-nanceiras de continuar expandindo a oferta de eletricidade pelas em-presas estatais).

    Essas modificaes poderiam ser comparadas com o desenvolvi-mento da economia americana e de outros pases que tambm inicia-ram suas reformas econmicas e os movimentos de privatizao, des-regulamentao e reestruturao das indstrias de rede. As mudanas atuais no so dirigidas para modernizar as atividades e os negcios que as empresas estatais (operando na forma de Holdings) desenvol-viam. Elas so de ordem econmica, poltica, social e tecnolgica. De fa-to, vrios elementos importantes esto dirigindo o processo de mudan-as e transformando os negcios de eletricidade de uma indstria inte-gralmente monopolstica para uma indstria mista competitiva.

    A partir de 1995, o mercado de eletricidade no Brasil opera com uma nova organizao e uma nova estrutura de decises, podendo--se destacar a nova agncia de regulao (ANEEL), o Mercado Ataca-dista de Energia (MAE), o Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Conselho Nacional de Poltica de Energia (CNPE). Nos grandes for-necimentos, a ideia de que a eletricidade pudesse ser negociada no mercado spot como uma commodity, isto , uma mercadoria como as demais existentes na economia que so negociadas para entrega fu-tura. Nesse contexto, surge a ideia de criao de uma bolsa especial de energia, cuja nfase estaria na negociao de contratos a termo e fu-turo, uma ideia praticamente inexistente na economia brasileira at o advento do novo modelo proposto pela Coopers & Lybrand ao MME no ano de 1997.

    Outro componente importante dessa estrutura o mercado a varejo (retail market) que deriva da separao das atividades de comercializao da distribuio. So produtores independentes e comercializadores (mar-keters) que competem no varejo para ofertarem os excedentes de energia.

    Nesse quadro, outra deciso foi importante para melhorar a eficin-cia da rede: a desverticalizao dos negcios de gerao, transmisso, distribuio e comercializao. Este desdobramento visa introduzir a competio na gerao e comercializao com o objetivo de reduzir os

  • 40 41

    custos envolvidos nesses dois segmentos. O sistema de transmisso e de distribuio de eletricidade fica caracterizado como monoplio natu-ral, sendo regulamentado e controlado pelo governo federal para evitar abusos no estabelecimento de preos e de proteo aos consumidores. A rede eltrica passa a ter acesso livre para que os consumidores possam se conectar em qualquer ponto dela e receber o fornecimento de eletri-cidade da empresa que escolheram para comprar.

    A introduo dessa nova estrutura e organizao do mercado de ele-tricidade foi feita com base no conjunto de princpios definidos no mode-lo mercantil proposto em 1997 e que se encontra em fase de implementa-o. A viabilizao deste modelo depende da firme disposio do Estado de dar sequncia aos procedimentos propostos, privatizar parcial ou inte-gralmente as empresas que se encontram sob a responsabilidade da ad-ministrao federal e estadual. Para o funcionamento dos mercados ata-cadista de energia e de varejo, as empresas precisam estar dispostas a cor-rer algum risco e atender s regras estabelecidas no quadro regulatrio.

    O pas no conseguiu, portanto, estabelecer diretrizes seguras para o funcionamento das agncias de regulao, uma vez que elas sofrem pres-ses de grupos interessados e desmandos da prpria administrao p-blica. O CNPE ainda no se firmou como rgo mximo de poltica p-blica de energia e os demais papis de influncia que ajudariam o desdo-bramento de outras atividades no mbito encontram-se paralisados. A nova organizao do mercado de eletricidade busca afirmao pela pres-so das empresas e investidores para o cumprimento dos contratos de fornecimento estabelecidos e aprovados pela agncia de regulao.

    O processo de reestruturao do setor eltrico nacional comea a ficar mais forte a partir de 1993, com a promulgao da Lei n. 8.6317.

    Em 1995, com a promulgao das Leis das Concesses n. 8.987 e o Decreto n. 9.074 (que regulamentaram o artigo 175 da Constituio Fe-deral), criou-se condies legais para que os geradores e distribuido-res de energia eltrica pudessem competir pelo suprimento dos grandes consumidores de energia eltrica.

    Porm, a privatizao comeou a ser implementada antes que o Es-tado tivesse criado os mecanismos necessrios para a nova regulao

    do setor. A ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica) foi criada so-mente em 6 de outubro de 1997, por meio da aprovao do Decreto n. 2.335. A ANEEL veio exercer a funo de rgo regulador em nvel fede-ral, substituindo o DNAEE e reordenando as reas de negcios do setor em: produo de energia (gerao); transporte nas tenses mais altas (transmisso); transporte com o especfico objetivo de atendimento a consumidores finais (distribuio); e vendas no varejo, com a funo de medir e conquistar os consumidores finais (comercializao).

    Na esfera estadual tambm foram criadas agncias reguladoras, a sa-ber: outras 12 unidades da federao criaram suas agncias de regula-o (porm, vinculadas a ANEEL) do setor eltrico para atender s es-pecificidades da regulao estadual.

    Suas respectivas agncias so: na regio Norte, a ARCON (estado do Par); na regio Nordeste, a ARCE (estado do Cear), ARSEP (estado do Rio Gran-de do Norte), a ARPE (estado de Pernambuco), a ASES (estado de Sergipe) e a AGERBA (estado da Bahia); na regio Sudeste a AGERSA (estado do Esp-rito Santo), a ASEP (estado do Rio de Janeiro) e a CSPE (estado de So Paulo); na regio Centro Oeste a AGER/MT (estado do Mato Grasso) e a AGR (estado de Gois); e, por fim, na regio Sul, a AGERGS (estado do Rio Grande do Sul).

    O novo modelo de regulao definido pelo governo federal dividiu o setor em quatro segmentos, cada um com uma forma distinta de ope-racionalizao e um agente envolvido. O segmento da gerao foi aber-to concorrncia privada; o segmento da transmisso permanece como monoplio gerido pelo Operador Nacional do Sistema Eltrico ONS2; o segmento da distribuio tambm continuaria como monoplio ge-rido por concessionrias; e, por fim, o segmento da comercializao foi aberto competio pelas comercializadoras.

    de fundamental importncia esclarecer que a remodelao do se-tor eltrico brasileiro passou por uma transio de um Estado produtor para um Estado regulador, incluindo:2 O ONS uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos e que est estruturado sob a forma de associao civil.

    Dele participam geradores, empresas de transmisso e de distribuio, consumidores livres, comercializadores, im-portadores e exportadores de eletricidade. Suas funes consistem na garantia da qualidade do suprimento eltrico na rede de transmisso; na garantia de que todos os agentes do setor eltrico tenham acesso aos servios prestados pela rede de transmisso; e o despacho das centrais cujo objetivo a minimizao do preo de energia no mercado atacadista. (TOLMASQUIM; CAMPOS, 2002).

  • 42 43

    a) criao do marco regulatrio;b) criao e fortalecimento das agncias reguladoras e;c) realizao das privatizaes.

    Todavia, quando observa-se o caso do setor eltrico brasileiro e em que contexto foi privatizado, nota-se claramente uma inverso de prio-ridade e de proposio prtica, ou seja: no Brasil comeou-se com as privatizaes. E, ainda em andamento, criaram-se as agncias regulado-ras (ANEEL, no caso do setor eltrico) e, em seguida foram formulando os marcos regulatrios.

    De acordo com o Congresso Nacional (2002), no perodo de 1991 a 1995, o acrscimo mdio capacidade instalada de gerao de energia foi de 1.179 MW/ano. No perodo de 1996 a 2000, o acrscimo corres-pondente foi de 3.100 MW/ano.

    Na mesma dcada, aps a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), o Pas tambm passou a incorporar, de modo mais intenso, novas formas de aproveitamento de energias reno-vveis atravs de incentivos regionais e locais, em parcerias com governos estaduais, concessionrias e laboratrios de pesquisa, sobretudo voltados inicialmente para sistemas fotovoltaicos e elicos de gerao de energia eltrica. Essas experincias foram responsveis pela demonstrao da via-bilidade tcnica das operaes de fontes renovveis de energia no Brasil e pelo desenvolvimento de know-how relacionado operao de empreendi-mentos para o aproveitamento dessas fontes de energia no pas.

    Em 1994, foi criado o Programa de Desenvolvimento Energtico dos Estados e Municpios (PRODEEM) com o objetivo de se fornecer energia eltrica a comunidades remotas no conectadas s redes de ele-trificao, instalando-se principalmente sistemas fotovoltaicos. De acor-do com Winrock International (2003), foram adquiridos 3 MW de capa-cidade de gerao atravs de licitaes internacionais, que, segundo da-dos do Programa, beneficiaram aproximadamente 400 mil pessoas em mais de 2.000 comunidades. No mesmo ano, o Ministrio de Minas e Energia (MME) e o Ministrio de Cincia e Tecnologia (MCT) propuse-ram a definio de Diretrizes para o Desenvolvimento de Energias Solar

    e Elica com o intuito de difundir e disseminar a utilizao desse tipo de energia. No mesmo sentido, foram criados nos anos que se seguiram os diversos centros de referncia, especializados em cada tipo de tec-nologia, quais sejam, o Centro de Referncia em Energia Solar e Elica (CRESESB); o Centro de Referncia em Biomassa (CENBIO); e o Centro de Referncia em Pequenas Centrais Hidreltricas (CERPCH).

    Os constantes esforos governamentais culminaram com o lana-mento do Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia El-trica (PROINFA), em 2002. O PROINFA previa a contratao e incor-porao ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de 3.300 MW gerados a partir de fontes renovveis de energia, especificamente de fontes de bio-massa, elicas e de pequenas centrais hidreltricas (PCH)3.

    O Programa tornou-se o principal plano diretor da diversificao da matriz energtica nacional. Entre os benefcios estimados pelo Programa, esto a gerao de 150 mil postos diretos e indiretos de trabalho; investi-mento de R$ 4 bilhes na indstria nacional de equipamentos e materiais; diversificao da matriz energtica, reduzindo a dependncia de recursos hidrolgicos e economia de 40 m3/s na cascata do Rio So Francisco a ca-da 100 MW instalados; emisso evitada de 2,5 tCO2/ano; e investimentos privados da ordem de R$ 8 bilhes. O Grfico 1 apresenta a potncia con-tratada pelo PROINFA por regio e tipo de fonte, no perodo 2005-2006:

    NO NE SE/CO S

    102,2 119,2

    805,58

    41,8

    460,94

    163,05

    784,14

    105,1

    454,29

    263,1

    Biomassa Elica PCH

    Grfico 1 - Potncia contratada por regio e fonte (MW)

    3 3.300MW, prevendo-se a contratao de 1.100 MW gerados por cada fonte, respectivamente.

  • 44 45

    As reformas institucionais tambm possibilitaram a insero do setor privado em empreendimentos relacionados com a gerao de energia eltrica a partir de fontes renovveis. Em 1994, foi criada a Associao Brasileira de Empresas de Energia Renovvel e Eficincia Energtica (ABEER). A nova legislao do setor eltrico criou um mo-delo comercial competitivo e instituiu novos agentes como Produtor Independente de Energia, Consumidor Livre e o Mercado Atacadista de Energia (MAE), do qual participam representantes das 62 maiores empresas de gerao, distribuio e comercializao de energia eltri-ca no Brasil.

    No quadro geral, o Brasil apresenta uma matriz energtica prepon-derantemente renovvel na gerao de energia eltrica, com nveis rela-tivamente baixos de emisses de CO2. Segundo dados de International Energy Agengy (2003), as emisses de dixido de carbono para gerao energtica no Brasil atingem 1,69 tCO2/tep, enquanto pases como Es-tados Unidos e Alemanha atingem 2,49 tCO2/tep e 2,42 tCO2/tep, res-pectivamente. A mdia brasileira tambm se encontra abaixo da mdia mundial, estimada em 2,36 tCO2/tep.

    Entretanto, de acordo com a Resenha Energtica Brasileira (2007), observa-se uma tendncia crescente da participao de fontes de ori-gem fssil, notadamente o gs natural, cuja participao passou de 3,7%, em 1998, para 9,3% em 2007. Porm, observa-se, pari passu, tendncia decrescente de participao de fontes fsseis relativamente mais emissoras de dixido de carbono, como as originrias de leos combustveis. O Plano Decenal de Expanso 1999/2008, elaborado pe-la Eletrobrs, prev um aumento da participao de energias renov-veis. No entanto, as fontes compreendidas no conceito mais restrito de renovveis (solar, elica, biomassa etc.) podero permanecer inex-pressivas no todo.

    O Grfico 2 apresenta a participao percentual das fontes para a ge-rao de energia eltrica no Brasil.

    Hidrulica77,3%

    Biomassa77,3%

    Nuclear2,5%

    Gsnatural3,6%Derivadosde Petrleo

    2,8%Carvomineral1,3%

    1.3 QuAdRO InsTITuCIOnAl dO sETOR ElTRICO bRAsIlEIRO

    A Estrutura Organizacional do Ministrio de Minas e Energia est disposta da seguinte forma:

    Autarquias- Depto. Nac.de Produo Mineral- Agncia Nac. de Energia Eltrica

    (Aneel)- Agncia Nac. do Petrleo (ANP)

    Sociedades de Economia Mista- Petrleo Brasileiro S.A.

    (Petrobras)- Centrais Eltricas Brasileiras S.A.

    (Eletrobras)

    Empresas Pblicas- Companhia de Pesquisa de

    Recursos Minerais (CPRM)- Comercializao Brasileira de

    Energia Emergencial (CBEE)- Empr. de Pesq. Energtica (EPE)

    M I N I S T RO

    Secretaria de Geologia,Minerao e Transformao Mineral

    Secretaria de Energia Eltrica

    Assessoria Econmica

    Consultoria Jurdica

    Gabinete do Ministro

    Secretaria de Petrleo, Gs Naturale Combustveis Renovveis

    Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Estratgico

    Subsecretaria de Planejamento, Oramento e Administrao

    Assessoria Especial de Gesto Estratgica

    Secretaria Executiva

    Grfico 2 - Gerao de energia eltrica no Brasil, participao por fonte.Fonte: Fonte: Resenha Energtica Brasileira 2007, MME.

  • 46 47

    1.3.1. O Marco Poltico

    a) Agncia nacional do Petrleo, Gs natural e biocombustveis (AnP): implantada em 1998, pelo Decreto n. 2.455, o rgo regulador das atividades que integram a indstria do petrleo e gs natural e a dos biocombustveis no Brasil.

    Autarquia federal, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, a ANP responsvel pela execuo da poltica nacional para o setor ener-gtico do petrleo, gs natural e biocombustveis, de acordo com a Lei do Petrleo (Lei n. 9.478/1997).

    A ANP estabelece regras por meio de portarias, instrues norma-tivas e resolues; promove licitaes e celebra contratos em nome da Unio com os concessionrios em atividades de explorao, desenvolvi-mento e produo de petrleo e gs natural; e fiscaliza as atividades das indstrias reguladas, diretamente ou mediante convnios com outros rgos pblicos, entre outras atribuies.

    b) Petrleo brasileiro s/A Petrobras: criada em outubro de 1953, pela Lei n. 2.004, foi autorizada com o objetivo de executar as atividades do setor petrleo no Brasil em nome da Unio.

    Entre 1954 e 1997, a Petrobras deteve monoplio sobre as operaes de explorao e produo de petrleo, bem como as demais atividades ligadas ao setor de petrleo, gs natural e derivados, exceo da distri-buio atacadista e da revenda no varejo pelos postos de abastecimento. Em 1997, o Brasil, com a Petrobras, ingressou no seleto grupo de 16 pa-ses que produz mais de 1 milho de barris de leo por dia.

    Em 2006, com o incio da produo da plataforma P-50, no Campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, permitiu ao Brasil atingir autos-suficincia em petrleo.

    Atualmente, a Companhia est presente em 27 pases. Em 2007, a Petrobras foi classificada como a stima maior empresa de petr-leo do mundo com aes negociadas em bolsas de valores, de acordo com a Petroleum Intelligence Weekly (PIW), publicao que divulga anualmente o ranking das 50 maiores e mais importantes empresas de petrleo.

    c) Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM): em-presa governamental brasileira, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, que tem as atribuies de Servio Geolgico do Brasil. Entre suas atividades, esto a realizao de levantamentos geolgicos, geofsi-cos, geoqumicos, hidrolgicos, hidrogeolgicos e a gesto e divulgao de informaes geolgicas e hidrolgicas.

    Sua misso Gerar e difundir o conhecimento geolgico e hidro-lgico bsico necessrio para o desenvolvimento sustentvel do Brasil.

    d) departamento nacional de Produo Mineral (dnPM): autar-quia federal brasileira, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, com sede e foro em Braslia, Distrito Federal, e circunscrio em todo o ter-ritrio nacional, com representao por distritos.

    Criado pela Lei n. 8.876, em 1994, o DNPM tem por finalidade pro-mover o planejamento e o fomento da explorao mineral e do aprovei-tamento dos recursos minerais e superintender as pesquisas geolgicas, minerais e de tecnologia mineral, bem como assegurar, controlar e fiscali-zar o exerccio das atividades de minerao em todo o territrio nacional, na forma do que dispem o Cdigo de Minerao; o Cdigo de guas Mi-nerais; os respectivos regulamentos e a legislao que os complementam.

    e) Agncia nacional de Energia Eltrica (AnEEl): autarquia em regime especial, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, foi criada pela Lei n 9.427 de1996.

    f) Operador nacional do sistema Eltrico (Ons): entidade de direi-to privado, sem fins lucrativos, criada em 26 de agosto de 1998, responsvel pela coordenao e controle da operao das instalaes de gerao e trans-misso de energia eltrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fis-calizao e regulao da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL). O Operador constitudo por membros associados e membros participantes.

    g) A Eletrobras : criada em 1962, em sesso solene do Conselho Na-cional de guas e Energia Eltrica (Cnaee), no Palcio Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Na condio de holding, a Eletrobras controla grande parte dos sistemas de gerao e transmisso de energia eltrica do Bra-sil por intermdio de seis subsidirias: Chesf, Furnas, Eletrosul, Eletro-norte, CGTEE e Eletronuclear.

  • 48 49

    h) Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE): criada em novembro de 2004, comeou a operar como fruto do novo marco re-gulatrio estabelecido pelo governo brasileiro para o setor eltrico.

    Associao civil integrada por agentes das categorias de gerao, de distribuio e de comercializao, a instituio desempenha papel estra-tgico para viabilizar as operaes de compra e venda de energia eltrica, registrando e administrando contratos firmados entre geradores, comer-cializadores, distribuidores e consumidores livres.

    A CCEE tem por finalidade viabilizar a comercializao de energia eltrica no Sistema Interligado Nacional nos Ambientes de Contratao Regulada e Contratao Livre, alm de efetuar a contabilizao e a liqui-dao financeira das operaes realizadas no mercado de curto prazo.

    i) Empresa de Pesquisa Energtica (EPE): empresa pblica vincu-lada ao Ministrio de Minas e Energia. Tem por finalidade prestar servi-os na rea de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamen-to do setor energtico.

    1.3.2 Marco Regulatrio

    A Agncia nacional de Energia Eltrica (ANEEL), autarquia em regime especial, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, foi criada pela Lei n. 9.427 de 1996.

    A agncia tem como atribuies regular e fiscalizar a gerao, a trans-misso, a distribuio e a comercializao da energia eltrica, atenden-do reclamaes de agentes e consumidores com equilbrio entre as partes e em benefcio da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os agen-tes do setor eltrico e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalaes e servios de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do servio; exigir investimentos; estimular a competio entre os operadores; e assegurar a universalizao dos servios.

    A misso da ANEEL proporcionar condies favorveis para que o mercado de energia eltrica se desenvolva com equilbrio entre os agen-tes e em benefcio da sociedade.

    1.3.4 A operao do sistema

    a) O Operador nacional do sistema Eltrico (Ons) uma enti-dade de direito privado, sem fins lucrativos, criada em 26 de agosto de 1998, responsvel pela coordenao e controle da operao das instala-es de gerao e transmisso de energia eltrica no Sistema Interliga-do Nacional (SIN), sob a fiscalizao e regulao da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL). O Operador constitudo por membros associados e membros participantes.

    A misso do ONS operar o Sistema Interligado Nacional de forma integrada, com transparncia, equidade e neutralidade, de modo a ga-rantir a segurana, a continuidade e a economicidade do suprimento de energia eltrica no pas.

    Entre seus objetivos estratgicos esto aumentar a segurana ele-troenergtica; responder aos desafios decorrentes da diversificao da matriz energtica brasileira e do aumento da complexidade de operao do SIN; e aperfeioar a ao do ONS como gestor da rede