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Enfynie - A Outra Dimensão

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Natasha Fernandes era uma menina comum, de vida confortável e monótona, até encontrar um misterioso amuleto, que mudaria drasticamente sua realidade. As fantasias que ela imaginava existir somente em fábulas se tornam realidade: o amuleto abre uma passagem que a conduz abruptamente para outro mundo. Agora, em outra dimensão, Natasha tentará ser firme, e manter as esperanças de um dia retornar, e novamente encontrar sua família e seus amigos. Enquanto isso luta para sobreviver aos perigos e desafios existentes em Enfynie, um planeta em outra dimensão repleto de vida inteligente e criaturas fantásticas.

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Patricia Fagundes

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Patricia Fagundes

São Paulo, 2014

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

A Outra Dimensão

Enfynie

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2014ImPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAzIL

DIREITOS cEDIDOS PARA ESTA EDIçãO àNOvO SécULO EDITORA

cEA – cENTRO EmPRESARIAL ARAgUAIA IIAlameda Araguaia, 2190 - 11o andar

Bloco A – conjunto 1111cEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SPTel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323

[email protected]

copyright © 2014 by Patricia Fagundes

coordenação editorial Letícia Teófilo

Diagramação claudio Tito Braghini Junior

composição de capa monalisa morato

Ilustração de capa Patricia Fagundes

Preparação Fernanda guerriero Antunes

Revisão Fabrícia Romaniv

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995)

Fagundes, PatriciaEnfynie : a outra dimensão / Patrícia Fagundes.

-- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2014. --(Coleção novos talentos da literatura brasileira)1. Ficção brasileira I. Título. II. Série.

14-00351 CDD-869.93

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Dedico este livro a todos aqueles que precisam de forças para se erguer de um desânimo profundo. Espero

que ele os ajude, assim como me ajudou.

2014ImPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAzIL

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Gostaria de agradecer, do fundo do meu coração, a todos aqueles que me apoiaram durante o difícil processo de escre-ver esse livro. Quero que saibam que eu considero essa história a minha cura. Ou, como diz meu querido namorado, o meu amadurecimento. Foi a partir dela que eu consegui melhorar muitos aspectos que atrapalhavam a minha vida. Portanto, todos vocês, queridos amigos, contribuíram de alguma forma para a cura da minha tristeza, do meu mimo, de todos os pro-blemas psicológicos que eu desenvolvi durante a minha vida.

É com um grande sorriso no rosto, um sentimento de satisfação e realização no peito e um desejo de ajudá-los da mesma forma, que agradeço principalmente aos meus pais, Elizabeth e Romolo, por terem me dado tanto carinho, amor, atenção, educação, conselhos terapêuticos, transformando-me na pessoa que sou hoje.

Agradeço às minhas avós, Lenyr e Jocília, por todo apoio de “avós corujas”.

Agradeço aos meus primos lindos que considero irmãos, principalmente ao Ygor e à Paula, com quem tenho um contato mais frequente. Obrigada pela presença, por todos os momen-tos alegres que tivemos, compartilhando risos e histórias.

Minha amiga, Pri Correia: obrigada pelas dicas, pelo apoio e por todos esses anos de amizade (que eles durem para sempre!). Quero que saiba, é uma pessoa incrível e as portas da minha casa estarão sempre abertas para você.

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Meu namorado, Otavio: obrigada pelos conselhos e por colocar meus pés no chão quando eu parecia estar voando de-mais nos sonhos. Obrigada por todo carinho, pela compreen-são e pela ajuda.

Meu amigo, Felipe Freitas, obrigada por todas as madru-gadas que passamos conversando sobre o livro no Skype, pelas as ideias, opiniões... E, principalmente, obrigada por todas as belas palavras que me disse, mostrando que, por mais que seja menor de idade, sua mentalidade é bem mais avançada.

A todos os meus “gnomos ajudantes”, obrigada por sem-pre me colocarem para cima, pelo reconhecimento e, acima de tudo, por terem acreditado no meu potencial, dando-me a chance de compartilhar tudo o que sei com vocês. Quero fazê--los sorrir, aumentar seus conhecimentos e habilidades, bem como ajudá-los com conselhos quando estiverem com proble-mas. Por mais que eu demore a responder (pela falta de tem-po), adoro conversar com vocês e espero que nossa amizade se fortaleça cada vez mais.

Agradeço à Renata Ventura por ter me dado uma dica crucial para o desenvolvimento da história, pela paciência e simpatia em me ajudar com os milhares de perguntas sobre como escrever um livro.

Ao leitor, obrigada por me dar uma chance e comprar este livro. Espero que ele o ajude da mesma forma que me ajudou.

Por fim, quero agradecer ao amuleto draconiano, que possibilitou essa jornada de autoanálise pela minha cabeça cria-tiva. Nossa mente tem um poder incrível, meus amigos. Somos capazes de materializar nossos desejos com a força do nosso pensamento e a ajuda do nosso esforço e trabalho. Somos capa-zes de aprender novas habilidades e obter novos conhecimen-

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tos. Pelo amor de Ra, fomos capazes de sair do nosso próprio planeta! O ser humano tem um grande potencial escondido nessa “pequena” massa cinzenta. Eu acredito que nós consegui-mos criar a realidade ao nosso redor, e só pelo fato de ter escrito esta história, vivenciado tudo isso na minha cabeça e guardado em minha memória até mesmo cheiros, texturas, cores, sensa-ções momentâneas, acabei criando Enfynie em algum lugar da imensidão deste universo.

Ou, então, quem sabe esse planeta já existia e o que eu fiz não foi “criar”, e sim “ser intuída” a escrever sobre ele? Quero que vocês reflitam.

“Vejo” vocês no próximo livro: Enfynie — Perigo iminente!Até mais, meus lindos!

Com amor,Patricia Fagundes

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Prólogo

No dia 16 de maio de 2012, eu renasci. Meu destino foi traçado de uma forma que julgava impossível: fui enviada a ou-tra dimensão. Com o passar do tempo, perdi as esperanças de voltar para casa e rever a minha família e amigos, além de co-meçar a questionar a minha própria sanidade.

Meu nome é Natasha Fernandes, e esta é a história da minha vida.

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A tarde estava chegando ao fim: O sol já começava a se pôr, escondendo-se atrás das inúmeras árvores e montanhas daquele terreno irregular, e não havia nuvens no céu. O som da cachoeira ecoava por entre a vegetação e folhas que caíam das copas das árvores cobriam a terra úmida.

Diferentes pássaros cantavam, acompanhando a melo-dia da água fluindo, majestosa, imponente. À harmonia dessa música natural, juntava-se a leve brisa que soprava, vinda do leste, tocando gentilmente a paisagem esverdeada e fazendo as árvores dançarem em um ritmo lento, de um lado para o outro, num movimento quase hipnótico.

Natasha estava visivelmente abatida, andando por entre as plantas, pisando no chão fofo com cuidado, como se o seu peso fosse machucá-lo. Apesar de ser brasileira, carioca, tinha uma pele bem branquinha, e, por mais que ficasse debaixo do sol o dia inteiro, só conseguiria ficar vermelha como um to-mate. Usava o cabelo castanho-escuro repartido de lado, sem franja: no topo de sua cabeça era liso, depois ia ondulando até formar, nas pontas, cachos que chegavam até um pouco abaixo de seus ombros.

Seu rosto era fino, com as bochechas e o nariz redondo salpicados de sardas. Tinha sobrancelhas escuras, não muito finas, bem delineadas, olhos mel-esverdeados com um for-mato amendoado.

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Vestia uma roupa simples: camiseta branca, meio suja de terra, e um short jeans azul-claro meio rasgado. Estava descalça.

Gostava da natureza, sentia-se em casa ali. Por um mo-mento, olhou a paisagem, apreciando-a. A cachoeira caía de uma enorme pedra, formando um pequeno lago, não muito fundo, e este, por sua vez, constituía um rio cheio de pedregulhos cober-tos de musgo, que descia cortando caminho pelas árvores.

Ela escolheu uma árvore perto do lago, do lado direito da margem do rio. Carregava em sua mão esquerda um pe-sado livro de aparência rústica, cujas páginas amareladas se assemelhavam a pergaminhos velhos.

Aquele era o seu diário, seu companheiro inseparável.Depois de um tempo admirando a maestria do local em

que se encontrava, virou-se, apoiando as costas no tronco da árvore que havia escolhido, e foi deslizando até sentar-se no chão, sem nenhuma hesitação em se sujar de terra.

Colocou o diário pesado em cima das pernas cruzadas e alisou sua capa áspera com as mãos. Uma lágrima precipitou--se, escorrendo pela bochecha direita.

Após tirar uma mecha de seus cabelos da frente do rosto, colocando-a atrás de sua orelha esquerda, endireitou a coluna e abriu o diário, folheando as páginas repletas de desenhos, ano-tações, símbolos estranhos e amostras de plantas esquisitas, já murchas, coladas ao papel enrugado.

Ela analisava tudo o que havia escrito.Antes de ser enviada a outra dimensão, sem aviso prévio,

motivo plausível ou qualquer garantia de que voltaria para casa, Natasha estava em um estado de desânimo.

Tinha seus motivos, muito embora achasse que todos pensavam que estes eram infundados. A sua família era unida,

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com quem trocava muitos gestos de amor e carinho. Não era feia, vivia com conforto, fazia faculdade de Relações Internacio-nais, além de ter cultura e uma veia artística aflorada.

No entanto, era muito solitária, talvez por achar que nin-guém a compreendesse direito, já que nem ela própria se entendia às vezes. Tinha uma mente muito dinâmica, sem foco, de onde brotavam ideias diversas. Cada hora queria fazer uma coisa dife-rente, e não sabia disciplinar essa criatividade rebelde. Afinal, é difí-cil escolher uma só coisa para fazer quando se gosta de quase tudo.

Muito exigente, autocrítica, orgulhosa, teimosa e de bai-xa autoestima. Por conta da preguiça, que a fazia querer que tudo fosse fácil, era muito mimada.

Não teve um passado tão triste, mas sofreu um pouco de bullying nas escolas onde estudou. Depois de tentar mu-dar seu jeito de ser para agradar aos outros, esquecendo-se de quem era de verdade, aos poucos, foi se isolando em seu mundinho particular.

Apesar disso, gostava de entreter as pessoas por meio das artes: desenho, música, teatro. Sentia prazer em emocionar a todos, fosse com sorrisos ou lágrimas. Apreciava essa atenção, pois parecia ser importante, como se, assim, tivesse um ótimo objetivo na vida (embora não fosse nada concreto). Na infân-cia, sempre buscou atenção e, em grande parte das vezes, rece-bia olhares de desprezo ou pena.

A família, além de seus poucos amigos verdadeiros, era sua companhia. Morava com os pais, Paula e Roberto, sua irmã, Isabella, de 14 anos, e seu irmão, Yuri, de 20. Ela era a mais ve-lha: praticamente, acabara de fazer 22 anos, no início do mês de maio, dia 08. Sem nenhum motivo, ia até cada um deles e beijava sua testa ou bochechas, e o gesto era retribuído.

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Ao ser enviada para outra dimensão, todo esse carinho foi tirado bruscamente dela. Teve grande dificuldade de apren-der a dar seus próprios passos sozinha, percebendo quão mi-mada era, acostumada às facilidades e ao conforto. Ao aprender a se virar, correr atrás, lutar para sobreviver, seu antigo desâni-mo foi se transformando no primeiro objetivo verdadeiro de vida: sobreviver.

Natasha pensava em tudo isso quando chegou até as úl-timas linhas de seu grosso diário. Ela alisava a página seguin-te, em branco. De uma pequena bolsinha presa à capa, retirou uma pena acinzentada artesanal, cujo cabo estava repleto de tinta marrom orgânica, feita de alguns minérios triturados misturados a óleo vegetal. Usou-a para escrever suas palavras finais, encerrando seus registros com uma mensagem destinada a todos que fossem lê-lo:

Neste diário, descrevo como aprendi a viver e encontrei forças para sair do marasmo. Nessa viagem, descobri o grande e óbvio segredo, a verdade da vida. Aquela que está pairando à nossa frente, mas somos cegos demais para enxergar. Espero que as minhas anotações os ajudem a abrir os olhos.

Quando este diário alcançar o maior número possível de leitores, um objetivo ainda maior estará completo.

Esse é o meu mais sincero desejo.

Natasha Fernandes

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Introdução

14 de maio de 2012

Querido diário,

Sei que é um pouco tarde pra começar um diário, quase no meio do ano, mas só hoje tive vontade de escrever, inspirada num jogo de videogame do meu irmão. O personagem principal tinha um diário repleto de anotações e esboços. Pensei: Por que não ter um diário assim também?! Eu não tenho uma vida de caçadora de tesouros como ele, mas posso ao menos anotar tudo o que de interessante me acontece.

Na realidade, este é um diário improvisado, já que não passa de um caderno velho faltando poucas folhas livres pra acabar, mas pretendo arranjar um tempo amanhã pra comprar um decente. Aí, arranco esta folha e colo na primeira página dele. E olhe lá.

Eu nunca consegui passar do mês de março quando escrevia em diários antigamente. Minha paciência acaba depressa. Acabo não tendo nada de interessante para registrar, ou, então, esqueço--me de escrever por um dia e perco o ânimo pra continuar, porque não gosto de deixar lacunas para trás. Aliás, tudo na minha vida é

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assim: começo a fazer algo, superempolgada, mas passa um tempo e enjoo, ou vai dando vontade de fazer outra coisa completamente diferente e eu largo tudo inacabado.

Contudo, este diário será diferente, inspirado no jogo do meu irmão. Não vou escrever sobre o almoço de ontem ou quantas pes-soas me ligaram hoje (até porque ninguém me liga), mas, sim, sobre tudo que me fascina!

Bem, vejamos o que escrever de interessante nele...Eu amo História, principalmente a Antiguidade. Leio mui-

tos livros sobre esses assuntos. Um dos meus maiores sonhos (e o mais impossível de todos, mas é só um sonho) é saber tudo o que aconteceu desde o tempo em que os primeiros seres humanos surgi-ram no planeta Terra. Legal, né?!

Sabe, meu problema, e também uma qualidade minha, é ser autodidata. Não gosto de assistir às aulas, mas a sociedade exige diplomas; portanto, tenho que me contentar com tudo isso. Se eu pudesse ganhar diplomas e reconhecimento estudando por conta própria só aquilo que eu considero interessante e importante... Nos-sa, estaria feita na vida.

Seria muito bom poder preencher os espaços vazios que fal-tam na História da humanidade... Mistérios que nunca vamos descobrir nos dias de hoje, a menos que inventem uma máquina do tempo, ou encontrem pergaminhos antigos revelando os segredos do passado.

Atlântida, por exemplo. Eu li alguns textos sobre esse conti-nente lendário. Acredita-se que ele se localizava no meio do Oce-ano Atlântico (graças ao nosso querido amigo Platão). Pra mim, isso soa estranho, porque o “quebra-cabeças” de continentes que se separaram da Pangeia não tem espaço pra um continente “imenso” no meio deles. Sempre achei que Atlântida ficasse na própria Amé-

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rica. Quem sabe aquelas ilhas todas do Caribe fossem uma só no passado, e o nível do mar tivesse subido, alagando tudo e deixando só as partes mais altas fora d’água? E se Eldorado e Atlântida fos-sem a mesma coisa? Mas acho que Eldorado era um cara, né? Um rei ou sei lá o quê. Enfim.

Também já me disseram que, na verdade, Atlântida não era uma ilha ou um continente, mas um planeta muito mais evoluído que este, do qual fomos expulsos há muitos anos. Nossos espíritos foram enviados para cá, a Terra. As primeiras civilizações eram descendentes dos atlantes (sumérios, egípcios etc.) e muito avan-çadas, mais evoluídas do que a nossa. Preste atenção: se não fosse pela Idade Média (não é chamada de “Idade das Trevas” à toa), não teríamos regredido tanto. Seríamos mais evoluídos do que so-mos hoje, e nosso conhecimento, derivado dos antigos. Mas o ser humano CISMA em fazer guerra, dizimar civilizações inteiras, destruir livros e arquivos importantes, além de esconder as verdades do passado. Isso me dá uma raiva desgraçada.

Fomos expulsos de Atlântida porque o planeta estava em fase de “reciclagem”, passando para uma etapa mais evoluída. Os espíritos que não se adequavam àquela Era foram enviados para a Terra, um planeta inferior espiritualmente. Faz sentido que a maioria das mitologias (antigas e religiões atuais) tenha sua histó-ria iniciada após uma “expulsão do paraíso” ou uma “inundação”. Lembra que Atlântida foi “engolida pelo mar”?

Mas, enfim, isso a gente talvez nunca vai poder saber.Ah, queria falar sobre o sonho que eu tive hoje (mudando de

assunto bruscamente). Estava parada no meio de uma floresta tão bonita e a minha família se divertia em alguma cachoeira dessas em que a gente costuma ir quando faz trilha. De repente, de trás de uma árvore, um homem saiu. Quando olhei pra ele, soube que era

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a minha alma gêmea. Não tinha muita fé nisso, até ter esse sonho. O rapaz usava uma blusa branca bem larga, tinha uma pele bem morena e cabelos pretos lisos e curtos. Seus olhos eram azuis como o céu claro, o que fazia um contraste sinistro com a pele e o cabelo. Só consegui enxergar isso, e não lembro direito de seu rosto. Vejo alguns detalhes, mas não consigo imaginá-lo mais.

Passei o dia todo pensando nele. De manhã, na aula de Fi-losofia que tive na faculdade, me inspirei e escrevi a letra de uma música (é pra isso que minhas aulas na faculdade servem: inspi-ram-me a fazer músicas e desenhos, porque estudar mesmo eu faço em casa, sozinha). Ficou assim, ó:

Eu tive um sonho com alguém que nunca vi, parecia tão real...E quando fui perceber, por ele eu me apaixonei.Não sei por que aconteceu, nem como foi.E agora, o que fazer?Nem sei se ele existe, ou não, e já ganhou meu coração.Fecho os olhos, tento lembrar como o seu rosto é.Vejo detalhes, traços sutis, mas não é o bastante pra mim!Eu preciso te ver, sua pele sentir, seu cabelo acariciar.Com meus lábios, tocar o seu rosto a sorrir,Eu queria te fazer feliz.Fico pensando nos momentos junto a ti,Não quero nunca te esquecer.Vi você parado ali.Quando me viu, sorriu pra mim.Meu coração acelerou e eu soube enfim:Minha alma gêmea é você.Seu olhar me cativou.Queria tanto te encontrar.

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E se você não existir, meu coração vai sofrer.Vou me lembrar de um dia irreal, em que conheci o amor.Eu preciso te ver, sua pele sentir, seu cabelo acariciar.Com meus lábios tocar o seu rosto a sorrir,Eu queria te fazer feliz.E o que dói mais é não poder te dizer o quanto eu quero você,Nos meus braços te envolver.Eu preciso te ver, sua pele sentir, seu cabelo acariciar.Com meus lábios tocar o seu rosto a sorrir,Eu queria te fazer feliz.

Quando cheguei em casa, a fim de criar a melodia, fui cor-rendo para o teclado. As emoções me inspiraram tanto, que terminei rapidinho e gravei tudo em umas duas horas. Espero que um dia eu o encontre mesmo. Tentei fazer um esboço do rosto dele assim que acor-dei, mas não ficou tão parecido... Devo ter inventado algumas feições:

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Depois, fui ver o que meu irmão estava fazendo. Ele estava brincando no videogame e, impressionada com os gráficos do jogo, fiquei por lá mesmo. Minha irmã passou o dia na casa das amigas e meus pais saíram pra comprar um abajur ou qualquer coisa do tipo.

Maneiro! Eu disse que não ia escrever sobre meu dia a dia, mas acabei escrevendo. Força do hábito.

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Parte I

O amuleto

No dia seguinte, 15 de maio de 2012, Natasha voltava para casa pedalando em sua bicicleta amarela, depois das au-las matinais na faculdade. Morava perto do campus, portanto só tinha de pedalar algumas quadras até chegar ao condomí-nio. Usava uma blusa cinza com alguns poucos detalhes em vermelho-escuro perto da gola, uma bermuda jeans que ia até acima do joelho, num tom azul-escuro, e um tênis bege. Como a cestinha da bicicleta era muito estreita, carregava nas costas a mochila branca decorada com bolinhas rosa-choque. Seus ca-belos longos estavam presos em um rabo de cavalo alto, para que não a incomodassem ao cair no rosto. Quando estavam soltos, chegavam até a cintura.

Uma pequena trilha de chão batido e cercada por muitas plantas dava acesso a todos os prédios. Era agradável pedalar por ali, pois o clima era mais ameno por conta da sombra das árvores. Se ela não usasse fones de ouvido durante o percurso,

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também seria agradável ouvir o som do vento e dos pássaros cantando. No entanto, crianças berrando, cachorros latindo e obras ocasionais não faziam parte do que a garota considerava “agradável”. Os fones, então, vinham a calhar, ainda mais agora que escutava uma linda trilha sonora retirada de um filme.

A poucos metros do caminho que a levaria ao seu prédio, avistou uma fumaça esbranquiçada no chão. Parecia cemitério em filme de terror, em que a fumaça esconde o chão tal qual uma nuvem.

Natasha costumava pedalar pensando no que faria du-rante o dia e no que havia feito no passado. Às vezes, imaginava ter superpoderes, como se fosse personagem de um desenho animado ou de um filme qualquer. Como se não bastasse, às vezes, se empolgava e acabava falando sozinha, “contracenan-do” consigo mesma. Para que ninguém percebesse, já tinha até criado uma técnica: sem mexer a boca, praticamente fazia ven-triloquismo, bem baixinho.

Raramente prestava atenção no caminho, ainda mais quando já o conhecia de cor e salteado. Portanto, como só per-cebeu a fumaça muito em cima da hora, não deu tempo de frear a bicicleta e contorná-la.

A fumaça foi sumindo enquanto Natasha pedalava por cima dela. Quando a garota enxergou um minúsculo brilho vermelho, foi tarde demais: atropelou o objeto que o emitia e perdeu o controle do guidom, estatelando-se no chão esfumaçado.

— Droga! — ela falou por entre os dentes cerrados, en-quanto se levantava do chão, tirando a terra de sua blusa e sen-tindo o sangue escorrendo pelo joelho ralado na queda, logo abaixo de sua bermuda.

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Olhou para onde a fumaça havia sido dissipada e lá es-tava o objeto que causou a sua queda, tão pequeno quanto uma pedra.

Natasha foi chegando mais perto e agachou o corpo jun-to a uma estatueta dourada, muito estranha, do tamanho da palma de sua mão. As pedras cor de rubi cintilavam, refletindo a luz do sol. Não soube como chegou à conclusão de que se tratava de um dragão com olhos vermelhos, mas foi a primeira coisa que veio à sua mente, como se ele mesmo tivesse dito isso a ela. A boca dourada estava um pouco aberta, deixando seus dentes pontudos à mostra. Pegou-o do chão, ainda agachada. Era um pouco pesado. Talvez seja de ouro, pensou, curiosa.

Olhou ao redor, procurando o dono daquilo. Não havia ninguém ali e começou a ficar com medo daquela fumaça e da-quele dragão.

De onde isso surgiu? Será que é pegadinha?, pensou. Ti-nha mania de achar que tudo era pegadinha, desconfiada. “Será que a Nasa implantou câmeras nos olhos dele e vão monitorar a minha vida?”. Depois, sacudiu a cabeça. Que idiotice. Por que diabos a Nasa teria algum interesse na minha vidinha monótona?

Além dela, as únicas criaturas naquela trilha eram pássa-ros, gatos, insetos e pequenos lagartos eventuais, escondendo--se rapidamente entre as plantas quando alguém passava.

Colocou o dragão de volta no chão, levantou-se e pegou a bicicleta jogada nas plantas. Sentou-se ao banco e pensou em começar a pedalar, mas olhou novamente para o dragão atrás de si.

Os olhos dele brilhavam, como se a estivessem enfeiti-çando. Cruz credo! Tentou virar o rosto, mas não conseguiu. Sua curiosidade a fez voltar atrás e pegar novamente o objeto.

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