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ENGENHARIA AMBIENTAL MONITORAMENTO E PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL PARA UMA TRANSPORTADORA NO MUNICIPIO DE RIO VERDE-GO LEODINA MOURA DO AMARAL Rio Verde, GO 2020

ENGENHARIA AMBIENTAL · Figura 17 Identificação de Produtos Perigosos (UFGMG, 2019) 32 Figura 18 (a) e (b) Identificação de Produtos Perigosos (UFMG, 2019) 32 Figura 19 (a) e

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ENGENHARIA AMBIENTAL

MONITORAMENTO E PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO

AMBIENTAL PARA UMA TRANSPORTADORA NO

MUNICIPIO DE RIO VERDE-GO

LEODINA MOURA DO AMARAL

Rio Verde, GO

2020

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

GOIANO – CÂMPUS RIO VERDE

ENGENHARIA AMBIENTAL

MONITORAMENTO E PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL

PARA UMA TRANSPORTADORA NO MUNICIPIO DE RIO VERDE-

GO

LEODINA MOURA DO AMARAL

Trabalho de Curso apresentado ao Instituto

Federal Goiano – Campus Rio Verde, como

requisito parcial para a obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientadora: Prof. Ma. Andriane de Melo Rodrigues

Rio Verde – GO

Janeiro, 2020

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos que me deram forças para

chegar até aqui, seja com uma palavra

amiga ou através de uma oração. Dedico

especialmente a minha mãe que sempre me

mostrou que a melhor forma de conseguir

algo é correndo atrás, e que a única coisa

que o ser humano leva para vida é o

conhecimento que adquire.

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AGRADECIMENTOS

Acredito que a fase da graduação seja a fase mais importante e determinante da vida

de alguém, é uma fase cheia de descobertas, e olha que a maior delas não é nem em si da

graduação. É na faculdade que a gente aprende a viver, pelo menos para mim foi.

E é exatamente por isso, que os agradecimentos poderia ser a parte mais extensa do

meu trabalho de conclusão de curso, eu tenho tanto a agradecer, foram tantos momentos,

tantas pessoas envolvidas nessa fase que com toda certeza não conseguirei expressar a real

importância que cada um teve nos agradecimentos.

Vou começar agradecendo á Deus, que não me abandonou nenhum dia desses longos 5

anos, a Ele que há mais de 15 anos ouviu de uma criança que a vida não podia parar depois do

ensino médio, que queria mais, a Ele que me deu a oportunidade de realizar um sonho antigo

de concluir a faculdade, e que nos dias de risadas e de choros esteve ao meu lado, em espirito

e fisicamente através de anjos que eu os chamo de amigos.

Sair de casa, atrás de um sonho, nunca foi fácil para ninguém, mas Deus já sabia disso,

sabia que eu precisaria de pessoas boas, de um colo amigo nos momentos difíceis e foi com

esse pensamento que ele me presentou com alguns seres humanos. Eu agradeço do fundo do

meu coração o apoio e companhia nessa jornada de Wilse Marques, Brunna Souza, Alef

Samis, Fabiana Stfany, Isabella Pelosi, Luana Vieira, Ana Clara Lopes, Livia Jacielly,

Leonardo Pataro, Thiago Bolina, Rafaella Siqueira, obrigado! Vocês de alguma forma, direta

ou indireta, me ajudaram chegar até aqui com um sorriso no rosto e a sensação de dever

cumprido.

Agradeço também aos professores e colaboradores da instituição que passaram por

minha vida nesses anos de graduação, que me ensinaram mais do que conteúdo,

acrescentaram na minha vida profissional e pessoal. Marcelo Araujo, Patricia Caldeira,

Wilker, Renata, Cássia e principalmente minha orientadora Andriane, o meu muito obrigado!

Além das empresas que abriram suas portas como forma de me incentivar e me preparar para

o mercado de trabalho, Saneago e Mendonça Ambiental, obrigado por expandirem meus

conhecimentos e pelos presentes que ganhei no meio da trajetória: Katiuscia, Viliene, Tayná e

Tálita vocês somaram muito na minha vida.

Agradeço em especial a minha família, minhas irmãs, Ana Lidia e Lidiane que sempre

acreditaram mais no meu potencial que eu mesma, a minhas avós, vó Vanda sei que me

guarda ai de cima e sempre torceu por mim, vó Ronilda, obrigada por sempre cobrar e me

apoiar a estudar, agradeço ainda meu pai, Amaral, que mesmo de longe sempre torceu pelas

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minhas realizações, á meu padrasto, Antônio, que tem acompanhado desde o começo dessa

jornada e sempre dando o suporte necessário, e finalmente, a minha mãe, a minha fonte de

inspiração, meu porto seguro, não só te agradeço como te dedico, essa vitória é nossa, sei que

realizando meu sonho estou realizando o seu. E é a primeira de muitas conquistas que eu

quero nos dar.

Por último, e não menos importante, eu me agradeço, por em momento nenhum ter

pensado em desistir, mesmo nos dias mais difíceis, que eu seja todo sempre a minha própria

fortaleza e que tenha ciência que meu sucesso depende unicamente e exclusivamente de mim.

Teve nota alta, teve nota baixa, teve choro, teve risada, teve festa, teve VIDA, á esses

cinco anos, ao curso de Engenharia Ambiental, ao IF Goiano, meu muito obrigado!

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RESUMO

AMARAL, Leodina Moura. Monitoramento E Proposta De Adequação Ambiental Para

Uma Transportadora No Município De Rio Verde-GO. 2019. 46 p Monografia (Curso de

Bacharelado em Engenharia Ambiental). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Goiano – Campus Rio Verde, Rio Verde, GO, 2019.

Devido ao aumento expressivo da atividade transportadoras e os impactos que estas causam

ao meio em que estão inseridas, tornou-se indispensável o estudo sobre a caracterização deste

tipo de empreendimento. Este trabalho teve como foco a identificação dos passivos

ambientais advindo da atividade e a apresentação de propostas de melhorias e adequações

ambientais. Para a realização do estudo, foram realizadas visitas periódicas ao

empreendimento e a aplicação de um questionário, abordando os aspectos mais relevantes do

ponto de vista ambiental. Foi analisado a quantidade e a classificação dos resíduos gerados no

local, bem como seu armazenamento, coleta e destinação final, além dos tipos de degradação

ambiental que as atividades de oficina mecânica e abastecimento de frota ali realizadas

oferecem. Posteriormente ao levantamento de dados, foi apresentado uma relação de

propostas de melhorias e adequações que estão em acordo com a legislações ambientais

vigentes, de forma que o empreendimento possa expandir suas atividades no mercado de

trabalho e não precise agredir o meio ambiente.

Palavras-chave: adequação ambiental, levantamento ambiental, passivo ambiental, transporte

viário.

ABSTRACT

AMARAL, Leodina Moura. Monitoring and Environmental Suitability Proposal for a

Carrier in Rio Verde-Go. 2019. 46 p. Monograph (Bachelor Degree in Environmental

Engineering). Goiano Federal Institute of Education, Science and Technology - Rio Verde

Campus, Rio Verde, GO, 2019.

Due to the significant increase in the activity of carrirs and the impacts that they cause to the

environment in which they operate, the study of the chacacterization of this type of enterprise

became.This paper focused on the identification of environmental liabilities arising from the

activity and the presentaation of proposals for environmental improvements and adjustments.

To carry out the study periodic visits were made to the enterprise and the application of a

questionnaire, addressing the most relevant aspects from the environmental point of view. The

quantity and classification of waste generated at the site, as well as its storage, collection, and

diposal, as well as the types of environmental degradation offered by the machine shop and

fleet supply activities offered there were analyzed. Subsequent to the data survey, a list of

proposals for improvements and adjustments that are in accordance with current

environmental legislation was presented, so that the enterprise can expand its activities in the

labor Market and do not have to harm the environment.

Keywords: carriers, environmental liability, environmental suitability. survey, road transport.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma das atividades e resíduos gerados em oficinas mecânicas. 20

Figura 2 Fluxograma da atividade e resíduos gerados em pontos de abastecimento. 21

Figura 3 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de produtos perigosos. 22

Figura 4 (a) Acondicionamento e armazenamento inadequado de óleo usado; (b)

Acondicionamento e armazenamento inadequado de filtros de óleo. 23

Figura 5 (a) e (b) Acondicionamento e armazenamento incorreto de estopas contaminadas. 23

Figura 6 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de resíduos especiais. 24

Figura 7 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de resíduos especiais. 24

Figura 8 Acondicionamento inadequado de resíduos comuns. 25

Figura 9 (a) Acondicionamento e armazenamento inadequado de sucatas metálicas; (b)

Acondicionamento e armazenamento inadequado de sucatas metálicas. 25

Figura 10 (a) e (b) Vazamentos de combustível e disposição inadequada de serragem

contaminada. 26

Figura 11 Efluente oriundo da lavagem de peças. 27

Figura 12 Canaletas fora da área de cobertura. 27

Figura 13 Caixa de passagem obstruída. 28

Figura 14 - Sistema SSAO sem eficiência. 29

Figura 15 Mini poço sem hidrômetro. 29

Figura 16 Extravasamento de sumidouro em área permeável. 30

Figura 17 Identificação de Produtos Perigosos (UFGMG, 2019) 32

Figura 18 (a) e (b) Identificação de Produtos Perigosos (UFMG, 2019) 32

Figura 19 (a) e (b) Exemplo de barreira de contenção de argamassa. 33

Figura 20 Exemplo de funcionamento de tanque séptico. 35

Figura 21 Esquema de tratamento de efluentes domésticos. 35

Figura 22 Exemplo hidrômetro instalado em minipoço. 36

Figura 23 Croqui do projeto da fossa séptica. Fonte: Adaptado da Norma NBR 7229. 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2

2.1 Licenciamento Ambiental 2

2.2 Licenciamento Ambiental Referente aos Pontos de Abastecimento de Veículos 3

2.3 Licenciamento Ambiental em Oficinas Mecânicas 5

3 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS REFERENTE A ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS EM TRANSPORTADORAS 6

4 PRINCIPAIS AGENTES POLUIDORES 7

4.1 Derivados de Petróleo 7

4.2 Baterias Automotivas 9

4.3 Efluentes líquidos 10

4.4 Resíduos Sólidos 11

5 GERENCIAMENTO DOS PRINCIPAIS POLUENTES 12

5.1 Gerenciamento dos derivados de petróleo 12

5.2 Gerenciamento de baterias 12

5.3 Gerenciamento de efluentes líquidos 13

5.4 Gerenciamento de resíduos sólidos 15

6 METODOLOGIA 17

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES 18

7.1 Caracterização do local de estudo 18

7.2 Levantamento de impactos ambientais 21

7.3 Medidas Mitigatórias 30

7.3.1 Capacitação dos Funcionários 30

7.3.2 Implantação do acondicionamento e armazenamento dos produtos e resíduos perigosos

31

7.3.3 Gerenciamento dos resíduos não perigosos 33

7.3.4 Adequação e manutenção das canaletas e do sistema separador de água e óleo 34

7.3.5 Adequação dos tanques sépticos 35

7.3.6 Regularização do sistema de abastecimento de água 36

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

9 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37

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1 INTRODUÇÃO

O intenso processo de industrialização, bem como o acelerado crescimento

populacional, tem ocasionado o desenvolvimento desordenado das cidades, além da crescente

demanda de produtos e insumos para consumo, impulsionando assim, a atividade logística

exercida nas transportadoras. As transportadoras atuam no ramo de transporte e logística de

cargas rodoviárias, podendo estas serem dotadas de riscos ambientais, ou não.

As frotas de veículos desses empreendimentos necessitam de amparo e manutenção

corriqueiras, devido aos intensos percursos realizados para a entrega dos produtos,

aumentando-se a procura por oficinas mecânicas e postos de abastecimento de combustível,

em razão da necessidade de abastecimento, reparos e revisões periódicas dos veículos

utilizados. Desse modo, as transportadoras optam por uma infraestrutura que contemplem os

serviços de oficina mecânica e de abastecimento de combustível, de forma a atender as

necessidades da frota. Estas atividades por sua vez apresentam potencial poluidor, quando não

executadas de maneira adequada, provocando impactos ao ambiente e problemas à saúde

humana e de outros animais.

Os resíduos líquidos e sólidos perigosos gerados nos processos de manutenção e no

abastecimento de veículos, requerem maior atenção quanto ao tratamento, que deve ser

efetuado por meio de um conjunto de métodos e processos com o intuito de minimizar os

impactos ambientais negativos, tais como, disseminação de doenças, contaminação do solo e

água, poluição do ar, acidentes, odor, outros. Da mesma forma, deve-se atentar para a

destinação ou disposição final dada para estes resíduos após o tratamento. Pois, sabe-se que

tem sido muito comum, empreendimentos que realizam atividades logísticas, evidenciarem a

ausência de sistemas adequados de tratamento de resíduos, resultando em disposição

inadequada nos resíduos no ambiente.

Os impactos ambientais podem causar alterações no ambiente, afetando o equilíbrio

geológico, climático, hidrológico, biológico e social, resultando em problemas como

enchentes, chuvas ácidas, inversão térmica, degradação de áreas verdes, poluição visual e

sonora, poluição e contaminação de áreas e cursos d' água, encadeando impactos

significativos, que comprometem e inutilizam o uso das áreas, uma vez contaminadas,

afetando a economia e qualidade de vida da população local.

De modo a minimizar os impactos ambientais causados por determinadas atividades,

os órgãos ambientais instituíram o Licenciamento Ambiental como ferramenta de controle

ambiental e fiscalização, tornando-se uma exigência legal amparada em diversas normativas

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de cunho ambiental, que estabelecem critérios e procedimentos para o gerenciamento das

atividades potencialmente poluidoras, dispondo de critérios e procedimento para o adequado

gerenciamento dos resíduos sólidos (Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos), propondo padrões de lançamento de efluentes líquidos (Resoluções do

CONAMA n° 357/2005 e n° 430/2011), padrões de qualidade do ar (Resolução do CONAMA

n°491/2018), outros.

Desse modo, mediante à necessidade de adequação ambiental das atividades logísticas,

o presente trabalho tem como objetivo a identificação dos aspectos e impactos ambientais

originados em um empreendimento de transporte e logística, bem como sugestões de

melhorias e adequação ambiental das atividades desenvolvidas, de forma a atender a

legislação ambiental pertinente.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Licenciamento Ambiental

O processo de licenciamento ambiental consiste em um procedimento realizado pelo

órgão ambiental, com a intenção de autorizar ou não a localização, instalação, ampliação e

operação de empreendimentos e atividades que são consideradas potencialmente poluidoras

ou que possam causar danos ao meio ambiente e/ou ao bem-estar humano. Segundo a

Resolução CONAMA n° 237/97, o processo de licenciamento é constituído através de três

licenças, sendo estas os pilares para regulamentação do empreendimento/ atividade, deste

modo:

I – Licença Prévia (LP) – constitui o primeiro pilar do licenciamento, sendo concedida

ao empreendimento que tem sua localização admitida pelo órgão ambiental, apresentando

viabilidade ambiental. A LP estabelece as condições mínimas que devem ser adotadas na fase

de instalação, para posteriormente ser dado andamento no processo de licenciamento;

II – Licença de Instalação (LI) – compõe a segunda parte do licenciamento, pois é o

momento em que o órgão ambiental autoriza a instalação do empreendimento ou atividade,

devendo este cumprir todas as exigências ambientais instituídas;

III – Licença de Operação (LO) – representa a terceira e última fase do licenciamento,

pois autoriza a operação da atividade ou empreendimento, sendo o momento em que se

observa o cumprimento das exigências ambientais e das atividades a serem iniciadas, de

maneira adequada perante o órgão ambiental.

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O licenciamento ambiental é utilizado pelo órgão ambiental como uma forma de

ponderar se as atividades potencialmente poluidoras cumprem as exigências legais e

condicionantes que orientam e padronizam as atividades, determinando medidas de

prevenção, formas de tratamento e facilitando as atividades do proprietário para um bom

desempenho ambiental. (PAULINO, 2009).

Segundo o artigo 60 da lei n.º 9.605 o ato de construir, reformar, ampliar, instalar ou

fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, empreendimentos, obras ou serviços

potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais, ou discrepando

as normas legais e regulamentares pertinentes. é considerado crime punível com detenção de

um a seis meses e/ou multa.

Assim sendo, têm-se que o licenciamento ambiental funciona como um instrumento

para que órgãos ambientais e poder público possam controlar e fiscalizar a instalação e

operação das atividades, visando a preservação do ambiente, recursos naturais e saúde pública

para as sociedades atuais e futuras.

Quanto ao licenciamento referente a atividades de transporte e logística, a Resolução

CONAMA nº 237/1997, revisou os procedimentos e critérios utilizados no licenciamento

ambiental introduzidos pela Resolução CONAMA nº 001/1986, ratificando a rodovia e a

ferrovia como empreendimento para os quais é exigida a avaliação de impacto ambiental.

2.2 Licenciamento Ambiental Referente aos Pontos de Abastecimento de Veículos

Segundo a Resolução CONAMA 273/2000, art. 1º (…) §4º ficam dispensadas do

licenciamento as instalações aéreas com capacidade total de armazenagem de até 15 m³,

inclusive, destinadas exclusivamente ao abastecimento do detentor das instalações, devendo

ser construídas de acordo com as normas técnicas brasileiras em vigor, ou na ausência delas,

normas internacionalmente aceitas. Logo, o licenciamento ambiental é obrigatório para

qualquer instalação subterrânea e para instalações aéreas com capacidade total superior a

15m³.

Outro fator a ser verificado no processo de licenciamento é a obtenção da autorização

da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), regida pela

Resolução ANP n° 12/2007, que determina no art. 3º que o funcionamento da instalação do

Ponto de Abastecimento depende de autorização de operação na ANP.

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Portanto no Brasil, a legislação pertinente à atividade de armazenamento e distribuição

de combustível refere-se a Resolução CONAMA nº 237/97, que cita a atividade como sendo

sujeita ao licenciamento ambiental.

Mais recentemente, o CONAMA, publicou a Resolução nº 273/2000, com a finalidade

principal de padronizar os procedimentos e o licenciamento das atividades que possuem

armazenagem de combustíveis, como os postos de gasolina e atividades de logística em

transportadoras (LORENZETT e ROSSATO 2010).

Além das normas citadas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

constitui um grupo próprio de normas que regula, essencialmente, todos os aspectos técnicos

do armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis, podendo destacar algumas para o

abastecimento de frotas de veículos:

NBR 15428 – Dispõe de critérios e procedimento para serviços de manutenção na

unidade abastecedora (ABNT, 2014);

NBR 15456 – Dispõe sobre a construção e ensaios de unidade abastecedora (ABNT,

2016).

NBR 14639 – Dispõe sobre as instalações elétricas (ABNT, 2001);

NBR 13.784 – Estabelece quanto ao ensaio de estanqueidade (ABNT, 1997);

NBR 16.764 – Estabelece os princípios de projeto para execução e instalação dos

componentes do sistema de armazenamento subterrâneo de combustíveis (SASC), óleo

lubrificante usado e contaminado (OLUC) e ARLA 32 (ABNT, 2019);

NBR 13.786 – Estabelece os princípios gerais para seleção dos equipamentos para

sistemas subterrâneos de armazenamento e distribuição de combustíveis líquidos destinados a

posto de serviço (ABNT, 2005);

NBR 13.787- Trata do controle de estoque dos tanques do SASC (ABNT, 2013);

NBR 15.495 – Estabelece critérios para construção de poços de monitoramento de

águas subterrâneas em aquíferos granulados (2009);

NBR 14.973 – Estabelece os requisitos a serem atendidos quanto a desativação,

remoção, destinação, preparação e adaptação de tanque subterrâneo usado de armazenamento

de combustíveis (ABNT, 2010);

NBR 15.515-3 – Estabelece os procedimentos mínimos para a investigação detalhada

de áreas onde foi confirmada contaminação em solo ou água subterrânea com base em série

histórica de monitoramento, avaliação preliminar, investigação confirmatória ou estudos

ambientais (ABNT, 2013);

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NBR 12.236 – Estabelece os critérios de projeto, montagem e operação de postos de

gás combustível comprimido e outras normas pertinentes (ABNT, 1994).

Tanto as Resoluções do CONAMA, quanto as normas da Associação de Normas

Técnicas, constituem a base legal mais importante, para o licenciamento ambiental da

atividade no país.

2.3 Licenciamento Ambiental em Oficinas Mecânicas

Apesar das atividades desenvolvidas em oficinas mecânicas serem potencialmente

poluidoras, principalmente, por produzirem resíduos sólidos com características de

periculosidade, esses empreendimentos ainda não apresentam normas especificas para o seu

licenciamento ambiental.

Em escala municipal, o órgão ambiental local do município de Rio Verde, através da

Portaria SEMMA 002/2017, estabelece critérios e procedimentos a serem adotados para o

licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Considerando os impactos

e resíduos perigosos gerados nas atividades exercidas em oficinas mecânicas, tal portaria

considera que estes empreendimentos necessitam no mínimo de Licenciamento Ambiental

Simplificado.

Segundo a NBR 10004/2004, resíduos perigosos são quaisquer resíduos que

apresentem características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,

patogenicidade. Ao considerar as atividades desenvolvidas em oficinas, podemos identificar

diversos resíduos considerados perigosos gerados no processo de reparação mecânica, tais

como: óleo lubrificante usado, estopas contaminadas, serragem contaminada, embalagens

contaminadas com óleo, bateria, efluente advindo do sistema separador de água e óleo.

Considerando que a Lei nº 12.305/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

dispõe de instrumentos e diretrizes relativas ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo

os resíduos perigosos, tem-se que as oficinas mecânicas são responsáveis pelos resíduos

gerados, estando sujeitas ao gerenciamento dos resíduos sólidos: acondicionamento

armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação e disposição final ambientalmente

adequada dos resíduos sólidos, que devem ser elaborados em processos de licenciamento

ambiental.

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3 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS REFERENTE A ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS EM TRANSPORTADORAS

Segundo Almeida e Garcia, 2010 a atividade de transportadora é responsável pela

entrega de matéria prima para linha de produção das empresas de forma rápida e de acordo

com a demanda de produção, além de distribuir os produtos com potencial de consumo para

todo o mercado.

Como forma de manter as atividades de transporte de produtos sempre ativas, as

empresas utilizam dos serviços de oficina mecânica para manutenção e reparação de veículos

automotores, bem como de sistemas de ponto de abastecimento para abastecimento dos

veículos e troca de óleo lubrificantes.

Segundo a norma ISO 14001, o aspecto ambiental refere-se a produtos, ações ou

serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente, enquanto que os

impactos ambientais são quaisquer alterações no meio ambiente, podendo ela ser positiva ou

negativa, resultando total ou parcialmente dos aspectos ambientais da organização.

Conforme Ribeiro (2001), os impactos ambientais no setor de transportes podem ser

originados a partir de duas fontes. A primeira refere-se à infra-estrutura, responsável pela

segregação espacial, intrusão visual, modificações no uso e ocupação do solo. A segunda,

refere-se às operações que causam efeitos sobre a qualidade de vida da população, derivados

dos ruídos, vibrações, acidentes, poluição do ar e da água provocados pelo movimento dos

veículos.

A atividade de logística gera impactos ambientais negativos em diversas áreas, todavia

os impactos mais comuns no ramo de transportadoras segundo Takahashi (2008) são a

poluição atmosférica, através do alto consumo de óleo diesel, que em decorrência de seus

componentes gera a emissão de gases e poluentes, como o dióxido de carbono (CO2),

principal causador do efeito estufa, afetando diretamente a saúde humana. Outra área bastante

afetada são os recursos hídricos uma vez gera-se grande quantidade de efluente provindo da

lavagem de veículos para circulação, impactando diretamente a disponibilidade hídrica.

Já nas atividades de reparações mecânicas realizadas em muitas transportadoras os

impactos mais significantes, segundo Befi (2014), são: a contaminação do solo, através das

atividades de troca de peças, geração de estopas contaminadas descartadas de forma indevida,

contaminação da água através da geração de efluentes oleosos, além de alteração da água e/ou do solo

a partir de vazamentos obtidos através de trocas de peças de motor e destinação incorreta do efluente

gerado na troca de óleo.

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Segundo Bazzan (2016), os impactos ambientais gerados no procedimento de

abastecimento de combustíveis são considerados como impactos de mitigação dispendiosa e

custosa uma vez que seu grau de gravidade é muito alto, sendo eles: alteração da qualidade do

solo, através do transbordamento das canaletas da pista, alteração na qualidade do solo e das

águas subterrâneas através de vazamento de combustíveis dos tanques e/ou tubulações,

descarte inadequado de óleo lubrificante usado e embalagens, alteração da qualidade

atmosférica/odores e potenciais de explosões e/ou incêndios por meio da emissão de VOC´s

(Compostos orgânicos voláteis) no processo de abastecimento e/ou armazenamento.

Dessa forma, os impactos ambientais podem variar, podendo atingir os ecossistemas

nas características físicas, climáticas, hidrológicas, biológicas, resultando em problemas como

enchentes, degradação de áreas verdes, chuvas ácidas, poluição visual, sonora, hídrica e dos

solos, inversão térmica, além dos problemas sociais que o mesmo pode desencadear como:

desemprego, má estar, desenvolvimento de doenças respiratórias e/ou infecciosas.

4 PRINCIPAIS AGENTES POLUIDORES

4.1 Derivados de Petróleo

Dentre a maior preocupação com a atividade de ponto de abastecimento de frota se

acentuam os contaminantes presentes nos derivados do petróleo, destacando hidrocarbonetos

monoaromáticos, como: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos, também conhecidos por

BTEX. Segundo Andrade, Augusto e Jardim (2010), esses compostos são utilizados,

principalmente, em solventes e combustíveis e são constituintes mais solúveis na fração da

gasolina.

O BTEX é um exemplo de compostos que apresenta maior toxicidade ao meio

ambiente. Eles acometem de forma negativa a qualidade do solo prejudicando a vegetação

dependente dele e as águas subterrâneas (RODRIGUEZ, 2006).

Os compostos BTEX e seus derivados ao atingirem o solo, seus componentes são

separados em fase dissolvida, líquida e gasosa. A fase dissolvida atinge o lençol freático, uma

fração da fase liquida é armazenada nos espaços porosos do solo, e outra parte, a gasosa por

ser passível de evaporação, originam a contaminação atmosférica. Consequentemente, a

contaminação de águas subterrâneas, do solo e da atmosfera tem início (DIONISIO, 2012).

Capaz de causar danos também a saúde, o grupo BTEX são compostos que apresentam

toxicidade crônica, uma vez que são depressores do sistema nervoso central mesmo em

pequenas quantidades (FOGAÇA, 2015).

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Além disso, dentre os BTEX, o benzeno destaca-se como o principal composto de

relevância toxicológica, devido aos seus efeitos à saúde humana, como síndromes

mielodisplásticas (SMD) e, principalmente, a seu efeito carcinogênico, como leucemia

mieloide aguda (LMA). Com isso, mesmo que as concentrações de benzeno sejam menores

que 1% na gasolina, como estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP), o estímulo ao consumo de combustíveis fósseis oriundos da cadeia

produtiva do petróleo como política de desenvolvimento econômico, faz com que a exposição

ao benzeno a partir da gasolina tenha grande influência no âmbito da saúde ambiental e

ocupacional.

O óleo lubrificante representa cerca de 2% dos derivados do petróleo, este é produzido

através da mistura de óleos lubrificantes básicos (minerais ou sintéticos) juntamente com

aditivos, o mesmo é muito utilizado devido sua função de minimizar o desgaste do motor,

porém após um tempo este precisa ser trocado, gerando assim um resíduo perigoso, que

necessita de manejo adequado.

Os óleos usados contêm produtos resultantes da deterioração parcial dos óleos em uso,

tais como compostos oxigenados (ácidos orgânicos e cetonas), compostos aromáticos

polinucleares de viscosidade elevada, resinas e lacas.

Segundo Philippi Júnior (2005, Moreira e Santana, 2008) um descarte inadequado

desses compostos químicos no meio ambiente afeta direta e indiretamente os seres vivos. Os

hidrocarbonetos, que compõem a estrutura do petróleo e consequentemente dos seus

derivados, possuem propriedade físicoquímicas que dependendo da permanência no solo,

podem contaminar o lençol freático e se forem despejados diretamente na rede de esgoto

podem chegar às ETE’s (Estações de Tratamento de Esgoto), consequentemente,

contaminando os corpos d’água.

De acordo com Paulo Finotti, membro do CONAMA, um litro de óleo lubrificante

usado causa danos praticamente irreversíveis a 1 milhão de litros de água, por demorar até

300 anos para sofrer deterioração.

Apesar de todo potencial poluidor, boa parte do óleo usado ainda não é reciclada de

forma adequada através do rerrefino. De acordo com dados do Sindirrefino (Sindicato

Nacional da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais), em 2003 foram consumidos mais de

1,03 bilhões de litros de óleo lubrificante no país, e apenas 250 milhões de litros (ou 24,20%)

foram coletados para reciclagem.

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4.2 Baterias Automotivas

As baterias automotivas quando acondicionadas e destinadas de forma incorreta

podem provocar impacto significativo ao meio ambiente devido à grande quantidade de

compostos químicos. Sendo assim, a Resolução Conama n° 401/2008 estabelece os limites

máximos de mercúrio, chumbo e cádmio para pilhas e baterias, e os critérios e padrões para o

seu gerenciamento ambientalmente adequado.

No meio ambiente, o mercúrio metálico pode se oxidar e se complexar com ácidos

húmicos nos solos. A poluição do meio aquático pode estar associada à possibilidade de

complexação do mercúrio inorgânico com compostos orgânicos dissolvidos, possibilitando a

manutenção de concentração relativamente elevada nos corpos d’água e acesso preferencial à

biota (TINÔCO et al., 2010).

O consumo de peixe contaminado é a principal via de exposição humana ao

metilmercúrio (TRASANDE et al., 2010). A presença de mercúrio no corpo humano pode

ocasionar grandes danos à saúde. Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, esse

elemento fica retido nos tecidos, causando lesões graves, principalmente aos rins, fígado,

aparelho digestivo e sistema nervoso central (TINÔCO et al., 2010).

Antigamente, as fontes de Hg poluidoras mais preocupantes eram as indústrias cloro-

álcali, tintas e produtos farmacêuticos. No atual momento, as fontes de petróleo e a disposição

do lixo estão entre as fontes mais poluidoras desse metal.

A principal utilização do metal chumbo consiste na fabricação de baterias

automotivas, esse metal é considerado adequado pois apresenta baixo custo quando

comparado aos outros, além de grande condutividade, resistência à corrosão e sua

particularidade de apresentar reação reversível entre o óxido de chumbo e o ácido sulfúrico

(SATO et al., 2014).

O chumbo é encontrado na atmosfera na forma particulada e as partículas são

eliminadas com relativa rapidez por deposição seca e úmida, porém partículas pequenas

podem ser transportadas a longas distâncias. A concentração de chumbo em solo geralmente é

baixa, porém maior nas camadas superficiais devido a precipitação atmosférica. A

contaminação da água ocorre principalmente por efluentes industriais, sobretudo de

siderúrgicas. (CETESB, 2012).

A maior parte do chumbo entra no organismo pelas vias respiratórias - rota mais

importante na exposição ocupacional - e gastrintestinal. Uma vez absorvido, pode ser

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encontrado no sangue, tecidos moles e mineralizados, depositando-se primariamente nos

ossos. (PASSAGLI, 2011).

Além de doenças respiratórias e gastrointestinais esse composto pode induzir

toxicidade hematológica, pois, altos níveis de chumbo estão relacionados à diminuição da

síntese do grupo heme, como resultado da inibição das enzimas ácido delta-aminolevulínico

sintase (ALA), delta-aminolevulínico desidratase (ALA-D), coproporfirinogênio

descarboxilase e ferroquelatase, e pela diminuição do tempo de meia-vida dos eritrócitos,

afetanto a saúde de humanos e outros animais A exposição ao chumbo pode, também, estar

relacionada à toxicidade neurológica, renal e reprodutiva, além da ação carcinogênica

(Minozzo, 2008).

Por apresentar grande resistência a corrosão o Cadmio é muito usado em baterias Ni-

Cd, cerca de 75% de seu consumo usado nesse meio. Diante disso, o chorume do lixo urbano

passa a ser um grande poluidor, visto que contém concentrações de Cd perigosas para o meio

ambiente e para a saúde humana (MAINIER; SANTOS, 2006).

A poluição por Cádmio pode durar muito tempo e contaminar plantas e animais que

ficarão expostos a esse poluente por tempo indeterminado. O lodo de esgotos usados como

adubo também contamina os solos, pois muitas baterias de Ni-Cd são eliminadas juntamente

com o esgoto (MAINIER; SANTOS, 2006).

Dentre os males patológicos causados pela toxicidade do Cádmio, incluem-se anemia,

anorexia e distúrbios respiratórios. Além disso, ele pode se ligar a outros poluentes e

expressar um efeito aditivo, sinérgico ou antagônico.

4.3 Efluentes líquidos

Os efluentes líquidos ao serem despejados com os seus poluentes característicos

causam a alteração de qualidade nos corpos receptores e consequentemente a sua poluição

(degradação). (GIORDANO, 2014).

Antecedendo o processo de destinação final, deve se realizar o tratamento dos

efluentes líquidos, no caso de efluentes industriais, as próprias empresas são responsáveis

pelo tratamento do esgoto através de sistemas de tratamento, devendo atender as

particularidades do efluente gerado pois as características variam essencialmente pelo tipo da

indústria e pelo tipo de processo industrial utilizado. (REIS et al, 2014).

Em casos de empreendimentos que há ausência de uma gestão adequada dos efluentes

gerados, podem ocorrer vazamentos e contaminações causando uma grande degradação

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ambiental. Os principais poluentes de origem industrial são os compostos orgânicos e

inorgânicos, especialmente os metais pesados.

4.4 Resíduos Sólidos

Segundo a Lei n° 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),

resíduo sólido é todo material, ou bem provindo da execução de atividades humanas, que não

tem proveito e que apresentem características que tornam inviável o seu lançamento em rede

pública de esgoto ou em corpos d’água, podendo este apresentar estado sólido, liquido ou

gasoso.

Para a NBR 10.004 da ABNT (2004), são várias as maneiras de se classificar os

resíduos sólidos. As mais comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio

ambiente. Os resíduos são classificados em:

Resíduos Classe I – perigosos: em função de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde

pública e ao meio ambiente, podendo apresentar uma ou mais características de

periculosidade.

Resíduos Classe II – Não perigosos, geralmente são os resíduos que apresentam

capacidade de ser aproveitado e/ou reciclados;

Resíduos Classe II A – Não inertes, são resíduos que apresentam características de

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade quando amostrados de uma forma

representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou

deionizada.

Resíduos Classe II B – Inertes, são resíduos que, quando amostrados de uma forma

representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou

deionizada, à temperatura ambiente não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor,

turbidez, dureza e sabor.

E quanto a natureza de origem os resíduos são classificados em: lixo doméstico ou

residual, comercial, público, domiciliar especial e lixo de fonte especiais. As características

do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e

climáticos. Podem ser classificados quanto às características físicas, biológicas e químicas

(ABNT, 2004).

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É necessário gerenciar o manejo de resíduos sólidos, pois, à medida que são

produzidos e consumidos, acarretam uma geração cada vez maior de resíduos os quais

coletados ou dispostos inadequadamente trazem significativos impactos sociais, a saúde

pública e ao meio ambiente.

5 GERENCIAMENTO DOS PRINCIPAIS POLUENTES

5.1 Gerenciamento dos derivados de petróleo

Como os derivados de petróleo são classificados como produtos perigosos, os mesmos

devem atender as exigências impostas pela norma NBR 12335/1992 que determina que o

armazenamento dos produtos perigosos deve ocorrer em recipientes/local identificados, em

áreas cobertas, bem ventiladas, com sistema de drenagem e captação de líquidos (ABNT

1992).

A Resolução CONAMA n° 362/2005 determina que os óleos lubrificantes gerados em

oficinas mecânicas devem ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não

afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele

contidos. Devendo ser realizado a coleta, transporte e destinação final por empresa

ambientalmente licenciada pelo órgão competente e cadastradas no Órgão Regulador da

Industria de Petróleo (ANP). O mesmo fica estabelecido para peças, estopas ou serragem

contaminadas com óleo. Fica determinado pela ainda que todo o óleo lubrificante usado ou

contaminado coletado deverá ser destinado à reciclagem por meio do processo de rerrefino.

5.2 Gerenciamento de baterias

As sucatas de baterias devem ser armazenadas nos estoques dos autocentros separadas

dos outros produtos, sendo dispostas em paletes, não tendo assim contato com o chão. O

armazenamento deve ocorrer em local fechado com o piso de concreto como forma de

inviabilizar um possível vazamento de uma solução de bateria para o solo, o espaço deve

conter ainda canaletas ou sistema de contenção em casos de vazamentos do ácido que as

mesmas possuem.

Segundo a legislação a destinação final das baterias não pode ser realizada em aterros

sanitários ou ser incinerados, portanto, segundo o artigo n°33 da Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS) e o Decreto Federal nº 9.177/2017 estas devem participar,

obrigatoriamente, do sistema de logística reversa, devendo ser encaminhadas aos

estabelecimentos comerciais ou em rede de assistência técnica autorizada, e após deverão ser,

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em sua totalidade, encaminhadas para destinação ambientalmente adequada, de

responsabilidade do fabricante ou importador.

Ainda segundo Resolução do CONAMA n° 401/2008, os fabricantes e importadores

de baterias devem estar cadastrados no sistema Cadastro Técnico Federal (CTF), realizando

desta forma prestações de contas anualmente ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) das quantidades produzidas, vendidas e que forem

destinadas. Cada fabricante ou importador deve possuir também um plano de gerenciamento

de baterias para que possam receber licenças de funcionamento do IBAMA.

E as empresas que comercializam baterias automotivas ou a rede de assistência técnica

autorizada pelos fabricantes e importadores desses produtos, são obrigados pela mesma

resolução, a aceitar dos clientes a devolução das unidades usadas, que possuam características

que sejam similares às comercializadas no início de suas vidas úteis.

5.3 Gerenciamento de efluentes líquidos

A poluição pelos efluentes líquidos industriais deve ser controlada inicialmente pela

redução de perdas nos processos, incluindo a utilização de processos mais modernos, arranjo

geral otimizado, redução do consumo de água incluindo as lavagens de equipamentos e pisos

industriais, redução de perdas de produtos ou descarregamentos desses ou de matérias primas

na rede coletora. A manutenção também é fundamental para a redução de perdas por

vazamentos e desperdício de energia (GIORDANO, 2014).

Um sistema de tratamento de efluentes é constituído por uma série de etapas e

processos, os quais são empregados para a remoção de substâncias indesejáveis da água ou

para sua transformação em outra forma que seja aceitável pela legislação ambiental, os

principais processos de tratamento são reunidos em um grupo distinto, sendo eles os

processos físicos, químicos e biológicos (PROJETO MUNICÍPIO VERDE, 2012).

Os sistemas de tratamento devem ser utilizados não só com o objetivo mínimo de

tratar os efluentes, mas também atender a outras premissas. Um ponto importante a ser

observado é que não se deve gerar resíduos desnecessários pelo uso do tratamento. A estação

de tratamento não deve gerar incômodos seja por ruídos ou odores, nem causar impacto visual

negativo. Deve-se sempre tratar também os esgotos sanitários gerados na própria indústria,

evitando-se assim a sobrecarga no sistema público. Assim cada indústria deve controlar

totalmente a sua carga poluidora (GIORDANO, 2014).

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O Sistema Separador de Água e Óleo (SSAO), é empregado principalmente em

estabelecimentos industriais ou comerciais que apresentam efluentes com características

oleosas, como, por exemplo, as refinarias de petróleo e as atividades automotivas.

O SSAO é constituído por um conjunto de equipamentos responsáveis pela remoção

de óleo em estado livre. O princípio de funcionamento é baseado na separação da fase oleosa

e aquosa em virtude da diferença de densidade existente entre elas. (SECRON; GANDHI;

FILHO, 2010).

O equipamento consiste basicamente em uma câmara de sedimentação, onde é retida a

borra oleosa, seguida de uma ou mais câmaras providas de dispositivos de regulação de fluxo,

no intuito de manter o escoamento em condições de controle, além de dispositivos para

coletar o óleo retido. O efluente oleoso escoa através das câmaras, onde ocorre a separação, a

remoção do óleo livre e possíveis sólidos sedimentáveis da fase líquida. As gotículas de óleo

coalescem formando gotículas maiores que ascendem até a superfície, enquanto os sólidos em

conjunto com o óleo adsorvido sedimentam e depositam-se no fundo. Os sólidos

sedimentados (borra oleosa) e camada de óleo (óleo livre) são removidos no processo de

limpeza do sistema. (SECRON; GANDHI; FILHO, 2010).

O sistema como referência para as atividades automotivas, é composto em linhas

gerais pela seguinte estrutura (Referência):

I - Caixa retentora de areia

A caixa de areia serve para reter os sólidos grosseiros e materiais sedimentáveis (areia

e lodo), provenientes dos chassis, rodas dos veículos e lavagem de piso, que são conduzidos

pela água. Essa caixa deve ter dimensões que proporcionem velocidade baixa de fluxo, que

produzam a deposição de areia e outras partículas no fundo da caixa.

II - Caixa separadora de óleo

A caixa separadora de óleo tem a função de reduzir a velocidade do fluxo e reter a

maior parte do óleo livre proveniente da área de geração de efluentes, além de pequena

parcela de óleo emulsionado, especialmente as emulsões instáveis. O efluente final é

drenando para a caixa separadora de óleo B por gravidade.

III - Caixa coletora de óleo

A caixa coletora de óleo serve para receber o óleo que vem da caixa separadora. É um

depósito que deve ser esvaziado periodicamente. O óleo deve ser, então, encaminhado para a

reciclagem.

IV - Caixa de inspeção

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A caixa de inspeção é onde a eficiência da remoção do óleo pode ser verificada, e

assim, finalmente, seguir para o sistema de drenagem urbana. O fundo da caixa de inspeção

deve ser feito com um enchimento de concreto e uma declividade mínima de 1% (1 cm por

metro) de modo a garantir um rápido escoamento e evitar a formação de depósito.

A NBR 9800/1987 estabelece os critérios para lançamento de efluentes líquidos

industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário, deixando integralmente proibido o

lançamento no sistema coletor público de esgoto sanitário de substâncias que, em razão de sua

qualidade ou quantidade, sejam capazes de causar incêndio ou explosão, ou sejam nocivas de

qualquer outra maneira na operação e manutenção dos sistemas de esgotos, como, por

exemplo, gasolina, óleos, solventes e tintas.

5.4 Gerenciamento de resíduos sólidos

O acondicionamento dos resíduos sólidos comuns deve ser realizado em recipientes

(tambores e/ou contêineres) com sacos plásticos pretos, indicando a classificação do mesmo,

estes devem ser armazenados em locais com pisos impermeáveis, com o objetivo de

impossibilitar a contaminação e ou/ percolação de líquidos (chorume) causando contaminação

no solo e/ou lençol freático.

O armazenamento dos resíduos perigosos, segundo a normativa NBR 12235/1992,

torna-se aplicável para a regularização de atividades poluidoras por dispor de condições

exigíveis para o armazenamento de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde

pública e o meio ambiente. Esta norma também determina que o acondicionamento de

resíduos perigosos, como forma temporária à espera da reciclagem, recuperação, tratamento

e/ou disposição final, pode ser realizado em contêineres, tambores, tanques e/ou a granel.

A NBR 12.335/1992 ainda determina que o armazenamento dos resíduos perigosos

deve ocorrer em áreas cobertas, bem ventiladas, com sistema de drenagem e captação de

líquidos contaminados para que sejam posteriormente tratados, sobre base de concreto ou

outro material que impeça a lixiviação e percolação de substâncias para o solo e águas

subterrâneas. Os recipientes de acondicionamento devem ser devidamente rotulados de modo

a possibilitar uma rápida identificação, os mesmos devem permanecer em todos momentos

tamponados, exceto no momento de acondicionar ou coletar o resíduo.

A norma 13.221/2013 trata dos requisitos para o transporte de resíduos sólidos no

território brasileiro, há ainda as normativas NBR 96044/1988 e NBR 420/2004 especificas

para o transporte de produtos perigosos, estas estipulam que as empresas devem apresentar a

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documentação necessária, além de uma série de exigências, tais como: os produtos devem ser

todos identificados, informados também a classe do produto, quantidade transportados, os

pontos de origem e destino, durante o percurso de transporte dos produtos deve ser evitado o

uso de vias em áreas densamente povoadas ou de proteção de mananciais, reservatórios de

água ou reservas florestais e ecológicas.

Nas dependências dos veículos de transporte deve haver equipamentos para situações

de emergência, além do motorista e todo o pessoal envolvido nas operações de carregamento,

descarregamento e transbordo de produto perigoso usará traje e equipamento de proteção

individual e deverá ter treinamento para a execução do mesmo.

Segundo ABNT NBR 13221/2003 que rege a legislação de transporte terrestre de

resíduos, o transporte de resíduos perigosos, este deve ser feito por veículos licenciados e,

além disso, alguns documentos devem acompanhar o motorista na coleta de resíduos, dentre

eles CIV (Certificado de Inspeção Veicular), CIPP (Certificado de Inspeção de Transporte de

Produtos Perigosos), Licença de Transporte Estadual, Licença de Transporte Interestadual,

Ficha de Emergência e etc. Toda essa exigência tem a finalidade de preservar o meio

ambiente e proteger a saúde pública.

Os resíduos considerados perigosos, por apresentarem alguma característica de

periculosidade devem passar por métodos pré tratamento e de tratamento, para apenas depois

serem encaminhados a sua destinação final. Os processos físicos são normalmente

empregados como pré-tratamento para que os resíduos sejam posteriormente encaminhados

para tratamento e/ou disposição final. No processo de tratamento são utilizadas técnicas

baseadas na aplicação de calor aos resíduos, os chamados processos térmicos (incineração),

sendo eles: combustão utilizando resíduos co-processados ou misturados, pirólise,

gaseificação e plasma.

Quanto a destinação final adequada, os resíduos sólidos em sua maioria podem ser

recuperados a partir da reciclagem, que deve ser implementada a partir da logística reversa, de

acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Uma vez que, os resíduos não possam

ser recuperados, devem passar por um tratamento de neutralização e inativação das

características que lhes conferem periculosidade, seguindo as exigências da Resolução do

CONAMA n° 313/2002, que institui o Inventário Nacional de Resíduos e critérios para

determinados tipos de tratamento de resíduos, e da Resolução 316/2002, que trata do

tratamento térmico dos resíduos.

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A disposição final de resíduos perigosos, que não forem passiveis de tratamento ou

reciclagem deve ser realizada em aterros sanitários projetos para resíduos perigosos, de

acordo com a NBR 10157/1987. Segundo esta norma, os aterros Classe I devem apresentar as

seguintes características: Sistema de drenagem e remoção de líquidos que percolam através

dos resíduos; Sistema de tratamento do líquido percolado; Sistema de tratamento de gases que

emanam dos resíduos; Monitoramento de águas subterrâneas; Impermeabilização com

camadas de argila e material polimérico de alta densidade, além do monitoramento periódico

de gases, monitoramento de água subterrânea e análise da composição do resíduo a ser

disposto.

6 METODOLOGIA

O empreendimento estudado está situado no município de Rio Verde – Goiás, o

mesmo encontra-se em na zona industrial da cidade, com ausência de Áreas de Preservação

Ambientais e a uma distância maior que 850 metros do curso de água mais próximo. A

topografia do local é plana levemente ondulada com 5% de declividade, com altitude média

de 748 m. O clima apresenta duas estações bem definidas: uma seca (de maio a outubro) e

outra chuvosa (novembro a abril) e a temperatura média anual varia entre 20°C e 35°C. A

vegetação típica é referente ao bioma cerrado, no entanto apresenta poucas matas naturais

residuais. O solo é do tipo latossolo vermelho escuro com texturas argilosa e areno-argilosa.

Como o empreendimento em estudo, tem como atividade principal o transporte

rodoviário de carga, exceto carga de produtos perigosos e mudanças, ele não se enquadra

diretamente como atividade dependente de licenciamento ambiental. No entanto, as atividades

desenvolvidas no empreendimento voltadas para mecânica e abastecimento de frota

necessitam de licenciamento, respeitando a regulamentação ambiental a Conama 273 de 2000

que por sua vez considera que toda instalação e sistemas de armazenamento de derivados de

petróleo e outros combustíveis, configuram-se como empreendimento potencialmente ou

parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais.

Para a realização da metodologia deste trabalho, levou- se em consideração o

acondicionamento dos produtos e resíduos perigosos, armazenamento de produtos e resíduos

perigosos, disposição final dos resíduos perigosos, sistema de abastecimento de água, sistema

de tratamento de esgoto, sistema de tratamento de efluentes oleosos, estruturas de prevenção

ambiental.

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Desse modo, o processo metodológico para obtenção de dados necessários para

elaboração deste trabalho, consistiu em visitas a campo, aplicação de questionários ao

proprietário e aos funcionários, uso de relatório classificando os impactos negativos ao meio

ambiente bem como as propostas de medidas mitigadoras.

Para elaboração do relatório de monitoramento foram realizadas quatro visitas no

empreendimento. A primeira visita teve como objetivo estabelecer o primeiro contato com a

empresa, a fim de se caracterizar o empreendimento, de acordo com sua estrutura e atividades

desenvolvidas. A visita foi realizada sob acompanhamento do proprietário do local, que expôs

o empreendimento, apresentando as áreas de cada departamento e as atividades que a empresa

desenvolve. Ainda forneceu informações sobre o horário de funcionamento, quantidade de

funcionários, sistemas de abastecimento de água, esgoto e energia.

A segunda visita consistiu no acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos

funcionários no horário de expediente, além da aplicação de questionários vinculados aos

resíduos sólidos gerados no empreendimento, como informações sobre o acondicionamento,

armazenamento e destinação final. Ainda, foi questionado sobre o funcionamento dos

sistemas de abastecimentos de água e energia, bem como sobre a existência de processos de

tratamentos e/ou prevenção dos resíduos sólidos e líquidos.

Durante a terceira e quarta visita foram realizados registros fotográficos das

características consideradas importantes no local, do ponto de vista da legislação ambiental.

Foram também registradas outras irregularidades ambientais observadas no local, bem como

os impactos gerados referente as atividades desenvolvidas.

A partir da realização das visitas a campo, aplicação de questionários aos funcionários

e levantamento ambiental fotográfico foi elaborado um relatório de monitoramento ambiental

(que se encontra no anexo deste trabalho), que evidencia o cenário atual do empreendimento

comparando-o com a legislação ambiental pertinente, apontando as irregularidades, além da

proposição de melhorias a serem implantadas para cada atividade desenvolvida no

empreendimento em estudo.

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

7.1 Caracterização do local de estudo

A empresa encontra-se em funcionamento desde o ano de 2014, possuindo o total de

08 funcionários. A empresa funciona de segunda a sexta das 08:00 às 11:00 e das 13:00 às

18:00, enquanto aos sábados das 08:00 às 12:00, totalizando 44 horas semanais.

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19

A área total do empreendimento é de 2.313,00 m², sendo 1.080,43 m² de área

construída. A construção foi realizada visando à melhor mobilidade de equipamentos e

funcionários em ambos os segmentos, onde 188,85 m² são de área de tanque de

armazenamento e abastecimento; 891,58 m² vinculados a área da transportadora/oficina. Os

pisos das áreas de reparação e das áreas de abastecimento são impermeáveis, envoltos por

canaletas de contenção.

O empreendimento não possui nenhuma área reservada para o armazenamento

temporário dos resíduos sólidos, pois, os mesmos encontram-se em recipientes alocados no

decorrer das áreas de serviços, apresentando ausência de qualquer tipo de identificação. O

empreendimento conta com um Sistema Separador de Água e Óleo (SSAO), constituído de 4

caixas, sendo elas: caixa de areia, caixa separadora, caixa coletora e caixa de inspeção. O

sistema de abastecimento de água do edifício é realizado através de um mini poço artesiano, o

qual não possui autorização de outorga para funcionamento, nem a presença de medidor de

vazão, como o empreendimento não possui sistema de abastecimento público de água, nem

sistema coleta de esgoto, o efluente gerado no local é destinado para um sumidouro (fossa

séptica, sem impermeabilização).

As áreas de serviços do empreendimento possuem cobertura, e canaletas de contenção

responsáveis por coletar a água de chuva, e todo efluente gerado no piso durante a execução

dos serviços, todo efluente e água da chuva é encaminhando para as caixas de tratamento do

SSAO. Quanto a ventilação e iluminação diurna do local são desempenhadas por meios

naturais, já a iluminação noturna ocorre por meio de lâmpadas fluorescentes.

O empreendimento dispõe de equipamentos de escritório em geral (mesas,

computadores e impressoras), operacional (compressor de ar, prateleiras, máquinas,

ferramentas e equipamentos) e auxiliares de limpeza (rodos, vassouras, panos). A área de

serviço e manutenção vinculada a oficina mecânica, dispõe de materiais como peças,

ferramentas e óleos lubrificantes que são armazenados em depósito. Já a área de

abastecimento de frota conta com 02 tanques de óleo diesel com área de 30 m³ cada,

totalizando 60 m³, que são dispostos de forma aérea, sobre piso impermeável envolto de bacia

de contenção.

As atividades desenvolvidas na oficina mecânica consistem em troca de óleo, reparos

mecânicos e elétricos, troca de baterias, troca de peças, lavagem de peças, entre outras. A

Figura 1 apresenta as principais atividades desenvolvidas na oficina mecânica, indicando os

resíduos sólidos gerados.

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Figura 1 Fluxograma das atividades e resíduos gerados em oficinas mecânicas.

Pode-se observar no fluxograma, que as atividades vinculadas a reparos mecânicos e

manutenção de veículos geram diferentes resíduos sólidos. A atividade de troca de óleo, por

exemplo, gera óleo lubrificante usado, estopas contaminadas e embalagens de óleo

lubrificante vazias. O processo de troca de peças gera filtros de ar, bateria, lâmpadas

queimadas, entre outros resíduos. A utilização da graxa durante diferentes atividades acarreta

na geração de estopas e/ou panos contaminados, enquanto que a lavagem das peças gera

efluente contaminado com graxa, óleo lubrificante, e outros resíduos perigoso.

Na área de abastecimento são realizados os abastecimentos de todos os veículos

utilizados na atividade da transportadora. A Figura 2 esquematiza a atividade de

abastecimento, permitindo a visualização dos resíduos gerados:

Atividades desenvolvidas

Veículo para manutenção OFICINA MECÂNICA

Veículo já reparado

Óleo usado, filtros de óleo, filtros de ar,

material absorvente contaminado com

óleo ou graxa, lâmpadas queimadas,

efluente oleosos, sucatas metálicas,

estopas contaminadas, baterias usadas.

Resíduos Gerados

Troca de óleo La

va

ge

m

de

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ça

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Troca de peças Uti

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de

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Figura 2 Fluxograma da atividade e resíduos gerados em pontos de abastecimento.

O fluxograma acima indica que a atividade de abastecimento dos veículos gera

diferentes tipos de resíduos. O manuseio inadequado e falhas vinculadas aos equipamentos de

abastecimento acarreta vazamento de combustível, o que é comum durante a atividade.

Assim, no intuito de minimizar o vazamento são usadas estopas e serragens, que acabam se

tornando resíduos contaminados com derivados do petróleo.

7.2 Levantamento de impactos ambientais

Para a realização do relatório de monitoramento foram levados em consideração as

condições de armazenamento, acondicionamento e destinação final dos produtos perigosos, as

adequações ou não do sistema de abastecimento de frota, a existência da atividade de lavagem

de peças/maquinários/veículos e posteriormente o sistema de tratamento de efluentes,

considerando a eficiência deste, foi verificado também quanto a forma de abastecimento de

água, esgoto e energia e a geração de resíduos perigosos e seu respectivo armazenamento,

acondicionamento e disposição final, após determinado todos esses quesitos foi elaborado um

relatório apontando os principais passivos ambientais e proposições de melhorias para cada

setor no empreendimento.

Durante as visitas foi possível identificar que o empreendimento faz o uso de produtos

perigosos durante suas atividades, usando óleos lubrificantes e graxa, ao observar quanto ao

Atividades desenvolvidas

Veículo para abastecer PONTO DE ABASTECIMENTO

Veículo já abastecido

Estopas contaminadas, serragem

contaminada com Diesel.

Resíduos Gerados

Ab

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m

en

to

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acondicionamento destes notou-se que os mesmos estão armazenados de forma incorreta, em

áreas impermeável e sem cobertura, sem a presença de barreira/bacia de contenção,

identificação e na ausência de material absorvente próximo ao local de armazenamento,

conforme mostrado na Figura 3 (a) e (b).

Figura 3 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de produtos perigosos.

O que vai contra as normativas ambientais proposta pela SEMMA (Secretária de

Meio Ambiente) de Rio Verde - GO, pois em caso de vazamentos/derramamentos dos

produtos não há nenhuma estrutura capaz de conter o vazamento o que pode causar

contaminação em caso de contato com a área permeável do local ou em contato com alguma

fonte de abastecimento de água, além da ausência de material absorvente (serragem, areia ou

estopas) que serve para reter o vazamento, evitando que o mesmo se expanda.

Além do empreendimento fazer uso de produtos perigosos foi ainda observado grande

geração de embalagens de óleo lubrificantes, filtros contaminados com óleo e óleo sujo,

advindos da atividade de troca de óleo. O armazenamento destes resíduos é realizado em áreas

sem barreira/bacia de contenção, em terreno permeável, em contato com o solo. O

acondicionamento é realizado em recipientes sem nenhuma identificação, não estanque e sem

tampa, indicando que em época de precipitação (chuva) os mesmos tendem a encher de água e

transbordar como mostrado na Figura 4 (a) e (b) abaixo:

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Figura 4 (a) Acondicionamento e armazenamento inadequado de óleo usado; (b)

Acondicionamento e armazenamento inadequado de filtros de óleo.

Outro resíduo perigoso que foi percebido com grande frequência na área de serviços

foram as estopas contaminadas com graxa e/ou óleo provindas das manutenções de veículos,

conforme mostrado na Figura 5 abaixo:

Figura 5 (a) e (b) Acondicionamento e armazenamento incorreto de estopas contaminadas.

Notou-se o acondicionamento incorreto de resíduos especiais (sucatas metálicas e

pneus) em local descobertos, indicando o acúmulo de água durante o período de precipitação,

conforme mostrado nas Figuras 6 (a) e (b); 7 (a) e (b) a seguir:

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Figura 6 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de resíduos especiais.

Figura 7 (a) e (b) Acondicionamento inadequado de resíduos especiais.

Quanto aos resíduos comuns (plástico, papel, papelão, orgânicos), durante a visita

estes foram pontuados principalmente quanto a segregação destes, observou-se a que não há a

presença de lixeiras identificadas com o tipo de resíduo para a posterior reciclagem, portanto

todos os resíduos são destinados juntos, e em alguns casos até com resíduos perigosos

(estopas contaminadas de óleo lubrificante e graxa) e especiais (sucatas metálicas), conforme

mostrado na Figura 8 (a) e (b) adiante:

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Figura 8 Acondicionamento inadequado de resíduos comuns.

Foi observado ainda a disposição de sucatas metálicas e peças juntamente com

resíduos de óleo e graxa, provocando a contaminação dos resíduos especiais, levando a

necessidade de tratamento (limpeza) para posterior destinação (reciclagem), com mostrado na

Figura 15 (a) e (b) abaixo:

Figura 9 (a) e (b) Acondicionamento e armazenamento inadequado de sucatas metálicas.

A respeito da destinação final dos resíduos, atualmente o empreendimento possui

contrato com uma empresa licenciada ambientalmente, que é responsável por realizar a coleta

e destinação de resíduos especiais e contaminados, enquanto que os resíduos comuns são

recolhidos por coleta pública e destinados ao aterro municipal. No entanto, como está

ocorrendo a incorreta segregação acredita-se que resíduos perigosos (contaminados com óleo)

possam estar sendo recolhidos também pela coleta pública e posteriormente sendo destinados

ao aterro municipal junto aos resíduos comuns. Assim, resíduos perigosos podem também

estar sendo coletados juntamente com resíduos especiais, contaminando os resíduos,

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aumentando a quantidade de resíduos que necessitam de manejo diferenciado e

consequentemente gerando maior custo pelo tratamento.

Quanto a atividade de abastecimento de veículos (frota) foi observado que o local se

encontra adequado, com instalações satisfatórias, pois o sistema é composto por 02 (dois)

tanques aéreos de 30 m3 cada, e o abastecimento é realizado por 02 (duas) bombas de

combustível, que estão localizadas em área coberta que apresenta canaletas de coleta de água

de chuva, evitando contaminação e contato com algum resquício de combustível nas bombas.

Entretanto, segundo a NBR 7501/ 2000, os tanques aéreos devem possuir, além da

bacia de contenção, uma bacia de contenção a distância, para utilização no caso de

vazamentos redirecionar o líquido inflamável, dispositivos de alívio de pressão e vácuo e

dispositivos de alívio de emergência para exposição a incêndio, que devem seguir o

dimensionamento que encontra-se nas NFPA 30 e API 2000.

No entanto, no empreendimento foi verificado a presença da bacia de contenção,

porém os equipamentos de abastecimento encontram-se com falhas técnicas, uma vez que

durante a vistoria foi verificado vazamentos de combustíveis na área de abastecimento, o que

sugere que as válvulas de dreno e as travas fixas e removíveis não foram corretamente

fechadas, provocando o vazamento do combustível no momento de abastecimento do tanque,

além da geração de serragem contaminada, que está sendo utilizada na contenção dos

vazamentos em área permeável, indicando atual contaminação do solo com hidrocarbonetos e

compostos orgânicos voláteis, conforme pode ser observado na Figura 10 (a) e (b):

Figura 10 (a) e (b) Vazamentos de combustível e disposição inadequada de serragem

contaminada.

Outro ponto importante de se avaliar em empresas que possuem a atividade de oficina

mecânica é a lavagem de peças/maquinários/veículos, pois é uma etapa importante para

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posterior manutenção de peças. No empreendimento não foi verificado uma área especifica

para lavagem de peças, assim acredita-se que a lavagem de peças ocorre no piso da área de

serviços, devido ao efluente gerado e encaminhado as canaletas, conforme mostrado na Figura

11.

Figura 11 Efluente oriundo da lavagem de peças.

Durante a vistoria pode-se observar que a cobertura da área de serviços possui

canaletas de contenção, ou seja, as canaletas que recebem os efluentes não possuem cobertura,

como mostrado na Figura 12, ocasionando problemas, já que quando chove o efluente das

canaletas se misturam com a água da chuva, provocando aumento considerável no efluente

líquido a ser tratado.

Figura 12 Canaletas fora da área de cobertura.

Quanto ao sistema de tratamento de efluentes oleosos, o empreendimento possui o

Sistema Separador de Água e Óleo (SAO), que contém quatro caixas que são

respectivamente:

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1. Caixa de areia: projetada para regularizar a vazão do efluente, desse modo, as

partículas em suspensão sedimentam no fundo da caixa;

2. Caixa separadora de água e óleo: o objetivo desta é criar duas fases distintas, uma

de óleo na superfície e outra de água no fundo esse fato acontece porque o óleo além de

hidrofóbico (não há interação com a água) é menos denso que a mesma;

3. Caixa coletora de óleo: projetada para receber o óleo advindo da caixa anterior do

sistema e por último;

4. Caixa de inspeção: onde o efluente tratado chega para ser destinado ao sumidouro.

Entretanto foi verificado que o sistema apresenta falhas, a caixa de areia encontra-se

saturada de sólidos, o que dificulta a passagem dos efluentes para o restante do processo de

tratamento, todas as caixas do sistema apresentaram óleo e na última o óleo da caixa coletora

não está sendo recolhido, o que sugere que todo efluente está sendo destinado ao sumidouro,

além da presença de lodo na última caixa, conforme mostrado nas Figuras 13 e 14

posteriormente:

Figura 13 Caixa de passagem obstruída.

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Figura 14 - Sistema SSAO sem eficiência.

O sistema de abastecimento de água é realizado através de um mini poço artesiano, o

mesmo não encontra-se regularizado, devido à ausência de outorga/ dispensa de outorga como

requerido pela Lei n 9.433/97, além de não apresentar hidrômetro, aparelho responsável por

medir a vazão e estipular o consumo médio de água, requerido pelo órgão estadual.

Como o empreendimento encontra-se em área afastada do setor central do município,

não existe rede coletora de esgoto no local, portanto o sistema de esgotamento da empresa é

composto apenas por um sumidouro, que não se encontra em adequação com Lei n°7229/93

que institui que o sistemas de tratamento de esgoto, deve ser constituído no mínimo de um

tanque séptico seguido de um sumidouro. Durante a visita foi verificado que o sumidouro

encontrava-se extravasado, causando transbordamento em área permeável onde encontrava-se

e espalhando por via pública, conforme mostrado nas Figuras 15 e 16 logo abaixo:

Figura 15 Mini poço sem hidrômetro.

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Figura 16 Extravasamento de sumidouro em área permeável.

Conclui-se portanto, que o empreendimento encontra-se em divergência com os padrões

estipulados pelas legislações ambientais pertinentes, tanto na atividade de abastecimento de frota

quanto nos serviços exercidos na área de oficina mecânica. Sendo assim, recomenda-se que o mesmo

deve recorrer a adequação ambiental, através da implantação de medidas mitigatórias, só assim dando

continuidade nas atividades de forma adequada, e sem a possibilidade autuação por infração

ambiental, e até mesmo paralização das atividades.

7.3 Medidas Mitigatórias

7.3.1 Capacitação dos Funcionários

A forma mais eficaz de manter o empreendimento adequado diante do órgão ambiental

é através da capacitação dos funcionários e o estabelecimento de diretrizes a serem adotadas.

A capacitação dos funcionários pode ser realizada através de treinamentos ambientais voltada

principalmente para o setor que trabalha diretamente com a geração dos resíduos que

apresentam impacto negativo ao meio ambiente.

A capacitação deve ser realizada por empresa especializada ou por profissional da área

ambiental com capacitação técnica, o treinamento pode ser realizado através de documentos

explicativos indicando as distintas formas de poluição existentes, orientações da correta

segregação e acondicionamento dos resíduos, classificação dos mesmos (através de textos,

figuras, símbolos) para posterior destinação final. O treinamento deve atender o tipo de

atividade exercida no estabelecimento priorizando as problemáticas ambientais do local.

No caso de empresas que geram efluentes oleosos, deve-se explicar sobre a função do

Sistema de Tratamento, como deve ser realizado seu funcionamento e a respectiva limpeza

que deve ser realizada periodicamente. Em empreendimentos onde há abastecimento de frota

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deve se atentar para o armazenamento de combustíveis, o sistema de retenção de poluentes e a

importância da bacia de contenção, além da presença de travas, equipamentos de contenção e

a forma correta de manuseio durante o abastecimento dos veículos. Nos locais onde há

lavagem de peças, deve conter um lavador próprio de peças que tenha ligação com o sistema

de tratamento de efluentes oleosos. Para ambientes que não possuem rede pública de esgoto,

deve se orientar quanto a importância do funcionamento dos tanques sépticos, realizando

periodicamente a limpeza destes.

Pode ser discutido também temas voltados para gestão ambiental na empresa,

consumo racional, coleta seletiva, reciclagem, gerenciamento de riscos ambientais e

segurança do trabalho, além de programas de gestão.

Um dos programas de gestão mais empregados atualmente é o 5S, que consiste em um

programa de gestão de qualidade empresarial que tem como finalidade apresentar melhorias

rumo à qualidade total da empresa, através de 5 princípios: senso de utilização, organização,

limpeza, padronização e disciplina. Este e outros mecanismos podem ser adotados pela

empresa como forma de gerenciar a melhoria continua de gestão.

7.3.2 Implantação do acondicionamento e armazenamento dos produtos e resíduos

perigosos

Durante a visita pode-se identificar que os produtos perigosos não possuem nenhum

princípio de acondicionamento e armazenamento. Porém a legislação prevê que os produtos

perigosos quando armazenados devem seguir as precauções estabelecidas pela norma técnica

dos bombeiros 32/2014 e pela norma NBR 12235/1992. A mesma estipula que a área de

armazenamento deve ser identificada e sinalizada através de placas ou adesivos de forma a ter

contato apenas funcionários autorizados, o acondicionamento pode ser realizado em tambores

tamponados, contêineres ou granel. A sinalização dos locais de armazenamento deve seguir a

NBR 7500/2001 conforme mostrado na Figura 17 abaixo:

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Figura 17 Identificação de Produtos Perigosos (UFGMG,2019).

Segundo a NBR 12235/1992 o local a ser utilizado para o armazenamento de resíduos

perigosos deve ser tal que: o perigo de contaminação ambiental seja minimizado; evite, ao

máximo, a alteração da ecologia da região e esteja de acordo com o zoneamento da região;

além da observância das distâncias indicadas pela legislação vigente no que se refere a

mananciais hídricos, lençol freático; deverão ser consideradas também as distâncias

recomendadas de núcleos habitacionais, logradouros públicos, rede viária, atividades

industriais.

Ainda segundo a NBR 12235/1992 resíduos perigosos devem ser acondicionados em

locais que possuam: sistema de isolamento tal que impeça o acesso de pessoas estranhas;

sinalização de segurança que identifique a instalação para os riscos de acesso ao local, áreas

definidas, isoladas e sinalizadas para armazenamento de resíduos compatíveis; deve ser

suprida de iluminação e força, de modo a permitir uma ação de emergência, mesmo à noite;

além de possibilitar o uso imediato de equipamentos como bombas, compressores, etc. O

local deve possuir um sistema de comunicação interno e externo, além de permitir o seu uso

em ações de emergência (ABNT, 1992).

.

No caso do armazenamento de produtos líquidos é exigido que estes sejam

armazenados em área impermeável, em recipientes onde há bacia/barreira de contenção,

impedindo assim casa haja algum vazamento ou derramamento do produto, o tipo de barreira

mais indicado são as de argamassa e de polietileno, como mostrado nas Figuras 18 (a) e (b);

19 (a) e (b) a seguir:

Figura 18 (a) e (b) Exemplo de barreira de contenção de polietileno (UFMG, 2019).

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Figura 19 (a) e (b) Exemplo de barreira de contenção de argamassa (Grupo CMT).

Todo e qualquer manuseio de resíduos perigosos nas instalações de armazenamento

deve ser executado com pessoal dotado de Equipamento de Proteção Individual (EPI)

adequado. Juntamente com o armazenamento dos produtos perigosos devem ser

disponibilizados materiais absorventes (arreia, serragem ou estopas), devidamente

identificados de forma a facilitar o manuseio do mesmo em caso de vazamentos e/ou

derramamentos de produtos perigosos.

A norma NBR 14725-4/2009 estipula ainda que no caso de acondicionamento de

produtos químicos estes devem sempre ser acompanhados da Ficha de Informação de

Segurança para Produtos Químicos (FISPQ), a fim de apresentar as informações referentes

ao(s) perigo(s) de substância(s) ou mistura(s), não comprometer a saúde e a segurança dos

usuários e a proteção do meio ambiente.

7.3.3 Gerenciamento dos resíduos não perigosos

No empreendimento em estudo observou-se que o acondicionamento dos resíduos

comuns era realizado sem a correta segregação e sem a presença de lixeiras devidamente

separadas e identificadas para o acondicionamento de todos os resíduos gerados no local.

É recomendado que a empresa providencie recipientes adequados que condicionem o

resíduo até o momento da coleta para sua destinação final, sendo que os resíduos comuns

devem ser separados no momento da geração para posteriormente serem encaminhados para

coleta seletiva e reciclagem.

A CONAMA n° 275/2001 estabelece o código de cores para os diferentes tipos de

resíduos, a serem adotados na identificação de coletores e transportadores, bem como nas

campanhas informativas para a coleta seletiva. Separando os diversos resíduos: plástico,

vidro, papel e metal.

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A destinação final destes deve ser realizada por empresa ambientalmente licenciada,

no caso do município de Rio Verde recomenda-se a destinação por meio da Cooperativa

Enrecicla, ong municipal sem fins lucrativos que realiza o serviço de coleta e reciclagem dos

resíduos, está também oferece as lixeiras personalizadas da própria cooperativa que abriga

todos resíduos em um mesmo ambiente e tem a identificação de resíduos a serem reciclados.

7.3.4 Adequação e manutenção das canaletas e do sistema separador de água e óleo

As canaletas responsáveis por encaminhar o efluente produzido na área de serviço para

o sistema de tratamento encontram-se fora da área de projeção da cobertura, o que provoca o

aumento de efluentes que requerem tratamento diferenciado quando ocorre precipitação além

do extravasamento das canaletas em área permeável. É recomendado que as canaletas sejam

projetadas pelo menos 0,5 m adentro da área coberta de forma que está não receba água da

chuva, portanto sugere-se que seja construída uma caneleta antecedendo a que já existe e que

atenda a legislação permanecendo dentro da área de cobertura, outra maneira de tratar adaptar

o empreendimento é através da ampliação da cobertura de forma que esta cubra as canaletas já

existentes.

Como o Sistema de tratamento de efluentes encontra-se com baixa eficiência devido à

falta de limpezas, manutenções e a incorporação de líquidos não oleosos, recomenda-se que

seja realizada uma limpeza em todo o sistema, encaminhando o resíduo contaminado e o lodo

retirado a uma empresa ambientalmente licenciada para tal atividade. Logo após a limpeza

deve-se efetuar a coleta de efluente para análises laboratoriais, que permitirá verificar se o

efluente atende os padrões de lançamento instituídos pelo Decreto Estadual 1745/1979.

Para o melhor desempenho do sistema deve-se seguir as orientações propostas do

Manual da Saneago para construção e operação de Sistemas Separadores de Água e Óleo,

seguindo as dimensões propostas e instalando um registro na tubulação da caixa coletora de

óleo, que deve ao ser aberto logo pela manhã antes de iniciar as atividades, uma vez que o

sistema encontra-se em repouso o óleo por ser menos denso que a água e situa-se na parte

superior facilitando assim a coleta do óleo e evitando que a água passe para caixa de coleta, o

que provocaria um custo maior ao proprietário, já que a destinação do óleo é cobrada pela

quantidade de tambores gerados.

A limpeza do Sistema SAO deve ser realizada periodicamente de forma a não

apresentar acúmulos exorbitante de efluente, quanto a coleta do óleo proveniente da caixa

coletora deve ser efetuada por empresa ambientalmente licenciada assim que o tambor atingir

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35

2/3 da sua capacidade, resguardando de possíveis derramamentos e extravasamentos. As

análises laboratoriais devem ser praticadas semestralmente, a fim de monitorar a qualidade do

efluente que deixa o sistema e que chega até o sistema de tanques sépticos.

7.3.5 Adequação dos tanques sépticos

A região onde o empreendimento fica localizado é desprovida de rede de esgotamento

sanitário, portanto todo efluente doméstico produzido advindo da área de cozinha, banheiros é

lançado no sumidouro sem dimensionamento específico e sem nenhum tratamento

antecedendo-o, além do efluente advindo do sistema separador de água e óleo.

Segundo a norma NBR 7229 da ABNT o tanque séptico é uma das formas possíveis

de tratamento de efluentes sanitários domésticos, que precede a disposição destes ao

sumidouro, sendo o tanque séptico “unidade cilíndrica de fluxo horizontal, para tratamento de

esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão”, possuindo um ambiente

favorável para os microrganismos anaeróbios realizarem a degradação da matéria orgânica

com baixa produção de biomassa (lodo), pois os mesmos utilizam a maior parte da energia

para o seu metabolismo anabólico resultando em metano e gás carbônico, conforme

apresentado na Figura 20 e 21 abaixo.

Figura 20 Exemplo de funcionamento de tanque séptico. (Fonte)

Figura 21 Esquema de tratamento de efluentes domésticos.

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Os sistemas de tanques sépticos possuem uma retenção de 60 a 70% dos sólidos

sedimentáveis responsáveis pela formação do lodo, que ficam acumulado na zona de digestão,

e da escuma, que são matérias graxas e sólidos em mistura com gases que flutuam na

superfície do líquido, os sistemas apresentam ainda uma eficiência de 40 a 60% na remoção

da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).

Portanto, é recomendado que o empreendimento adote o sistema de tanque séptico

para o satisfatório tratamento de efluentes domésticos produzidos no empreendimento.

Foi realizado o dimensionamento do sistema apropriado de tratamento de efluentes do

empreendimento, conforme em anexo.

7.3.6 Regularização do sistema de abastecimento de água

Por não possuir rede de distribuição de água no local onde o empreendimento está

instalado, a fonte de abastecimento ocorre através de um mini poço subterrâneo que não se

encontra regularizado diante o órgão Nacional e Estadual vigente. Uma vez que a Lei n°

9.433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, determina que está sujeito a

outorga a atividade de extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou

insumo de processo produtivo.

Além de não atender a lei Nº 13.583/2000 que estabelece que para que o órgão gestor

possa fiscalizar a produção, o outorgado tem a obrigação de instalar e manter um hidrômetro

na tubulação de saída do poço, como mostrado no modelo a seguir:

Figura 22 Exemplo hidrômetro instalado em mini poço.

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37

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do diagnóstico realizado no empreendimento e nas atividades ali

desenvolvidas pode-se concluir que a empresa gera em grande quantidade resíduos e efluentes

advindos dos processos operados no setor de oficina mecânica e abastecimento de frota,

constatou-se também um déficit em relação a existências de sistemas de prevenção e

contenção de passivos ambientais, além da ausência de manutenção periódica preventiva nos

equipamentos e instalações.

Para que das adequações ambientais sejam eficazes no empreendimento,

primeiramente deve ser implantado um sistema de gestão ambiental, de forma que o setor

administrativo dê ênfase na sustentabilidade, desta forma, a gestão ambiental visará o uso de

práticas e métodos administrativos que reduzam ao máximo o impacto ambiental advindo das

atividades.

Outro fator relevante é introdução nas diretrizes da empresa, a prática da educação

ambiental dos colaboradores, orientando-os desde a recepção dos produtos, quanto as formas

corretas de acondicionamento e armazenamento destes, na redução de geração de resíduos,

realização da segregação adequada e destinação final destes, além da racionalização de água e

energia.

Por último, a empresa deve adotar sistemas preventivos, com proposito de resguardar

o empreendimento de danos mais complexos, além de aderir sistemas de tratamento para os

processos que gerem resíduos com manejo diferenciado, realizando periodicamente a

manutenção destes. Mediante isto, acredita-se que o empreendimento possa expandir suas

atividades no setor de transportadoras, ganhando espaço no mercado, de forma a atender as

expectativas ambientais legais e se tornando referência em sustentabilidade.

9 REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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15 de dezembro de 2019.

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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. (2005).

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procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente

adequada para pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio,

mercúrio e seus compostos. Diário Oficial da União, jun 2005. Acesso em: 31 de agosto de

2019.

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Resolução Conama n° 401 de 23 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos de

chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os

critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras

providências. Diário Oficial da União, nov 2008. Acesso em: 15 de agosto de 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. (2008).

Resolução Conama n° 401 de 23 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos de

chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os

critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras

providências. Diário Oficial da União, nov 2008. Acesso em: 15 de setembro de 2019.

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ANEXOS

I RELATÓRIO DE MONITORAMENTO

1. No empreendimento é realizado o armazenamento de produtos perigosos/químicos?

(x) Sim ( ) Não

Se sim, o mesmo está sendo acondicionado/armazenado de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Foi observado durante a visita recipientes contendo produtos perigosos em

área sem bacia/barreira de contenção.

Há nas proximidades do local, recipiente com material absorvente?

( ) Sim ( ) Não

Observações: Não foi observado material absorvente na área de armazenamento de

produtos perigosos, apenas na área de serviço, porém sem a correta identificação.

2. O empreendimento dispõe de ponto de abastecimento da frota?

(x) Sim ( ) Não

Se sim, o sistema de abastecimento está operando de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Foi observado durante visita vazamento de combustível na área das bombas,

além de serragem contaminada em área permeável.

3. O empreendimento dispõe de lavagem de veículos/maquinários/peças?

(x) Sim ( ) Não

4. O empreendimento é abastecido apenas por energia elétrica pública?

(x) Sim ( ) Não

5. O empreendimento é abastecido apenas por rede de água pública?

( ) Sim (x) Não

Se não, o sistema alternativo está operando de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Foi informado pelo proprietário do local, que o poço artesiano não possui

hidrômetro.

6. O empreendimento dispõe de rede pública de esgotamento sanitário?

( ) Sim (x) Não

Se não, o sistema de tanques sépticos atende a Norma 7229?

( ) Sim (x) Não

Observações: Foi verificado durante visita que o empreendimento não possui fossa séptica,

apenas sumidouro, e este encontrava-se extravasado, o esgoto encontra-se disperso pela área

permeável, contaminando o solo e chegando á via pública com odor fétido, causando

incômodo à vizinhança.

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7. O empreendimento gera resíduos sólidos/líquidos perigosos e/ou especiais?

(x) Sim ( ) Não

Se sim, a segregação está sendo realizada de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Observou-se o acondicionamento de resíduos comuns (recipientes de produtos

de limpeza, restos de comida, plásticos) juntamente com resíduos perigosos (estopas

contaminadas) além de resíduos perigosos (peças contaminadas com óleo) juntamente com

resíduos especiais (sucatas metálicas).

Estão sendo acondicionados/armazenados de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Verificou-se a ausência de identificação nos recipientes destinados ao

armazenamento de resíduos perigosos, (vasilhames de óleo e/ou material contaminado com

óleo), resíduos comuns (papel, plástico, papelão) e de resíduos especiais (sucatas metálicas,

pneus), além do acondicionamento de resíduos especiais (sucatas metálicas) ocorrendo em

área descoberta, além de recipientes contaminados com óleo alocados em área permeável,

contaminando o solo.

Estão sendo destinados de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Acredita-se que por estar ocorrendo a incorreta segregação dos resíduos

perigosos (contaminados com óleo) estes podem estar sendo recolhidos por coleta pública e

posteriormente sendo destinados ao aterro municipal juntamente com os resíduos comuns,

assim como resíduos perigosos podem estar sendo coletados juntamente com resíduos

especiais, contaminando o restante dos resíduos.

8. No empreendimento são gerados efluentes líquidos industriais?

(x) Sim ( ) Não

Se sim, o sistema de tratamento está funcionado de forma adequada?

( ) Sim (x) Não

Observações: Foi verificado durante a visita que a caixa de inspeção encontrava-se

totalmente congestionada, e caixa coletora do Sistema Separador de Água e Óleo (SAO)

apresentava coloração divergente do habitual, o que sugere que o sistema não está tendo

eficiência necessária para tratar os efluentes.

9. O empreendimento gera efluentes atmosféricos industriais?

(x) Sim ( ) Não

Se sim, o sistema de tratamento está operando de forma adequada?

(x) Sim ( ) Não

10. Há outras inconformidades que não foram relacionadas nos itens acima?

(x) Sim ( ) Não

Observações: Foi verificado que as canaletas estão fora da área de projeção da cobertura, o

que implica no aumento de efluentes destinados ao sistema SAO, notou-se também o

lançamento de líquidos desconhecidos nas canaletas, o que não é recomendado uma vez que

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o SAO é dimensionado para tratar efluentes oleosos, além de efluentes advindos da área de

serviços em área permeável, verificou-se também estopas contaminadas espalhadas pela área

de serviços, o que pode causar contaminação se houver contato com o solo, observou-se

quanto a presença de recipientes contendo Arla em área permeável, além de pneus

acondicionados em área descoberta.

II DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE TANQUES SÉPTICOS

Foi realizado o dimensionamento do sistema apropriado de tratamento de efluentes do

empreendimento, considerando que trabalham 08 colaboradores no total. O volume útil da

fossa séptica foi calculado pela fórmula:

Onde:

V = volume útil, em Litros (Lts) ou Metros cúbicos (m3)

N = número de pessoas: 08

C = contribuição de despejos (escritório):50 Litros.pessoa-1

.dia-1

T = tempo de detenção: 1 dia

K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de

acumulação de lodo fresco (1 ano/15ºC): 65

Lf = contribuição de lodo fresco (escritório): 0,20 Litros.pessoa-1

.dia-1

Nesse sentido o volume útil da fossa séptica é de 1,504 m3.

De acordo com o dimensionamento a fossa séptica possui um período de limpeza de 1

ano, onde deverá deixar cerca de 10% de lodo no tanque, dessa forma, o tratamento não será

interrompido. A fossa séptica tem as seguintes dimensões, considerando uma relação de

comprimento e largura de 2:1:

Área = 1 m2;

Comprimento: 1,4 m;

Largura: 0,7 m;

Profundidade útil: 1,7 m.

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Segundo a normativa o sistema de tanque séptico deverá observar as seguintes

distâncias horizontais mínimas:

1,50 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal

predial de água;

15,0 m de poço freático e corpos de água de qualquer natureza;

3,00 m de árvores e de qualquer ponto de rede de abastecimento de água.

A Figura 23 apresenta o croqui do projeto detalhado da fossa séptica com câmara

única. A Norma NBR 7229 recomenda-se que as dimensões das letras a e b possuem um valor

≥ 5 cm e a letra c seja igual a 1/3 da altura útil.

Figura 23 Croqui do projeto da fossa séptica. Fonte: Adaptado da Norma NBR 7229.

Após o efluente doméstico/sanitário passar pela fossa séptica, isento de materiais

sedimentáveis e escumas, este é disposto no sumidouro, que consiste em escavação cilíndrica,

tendo as paredes laterais revestidas por tijolos e ao fundo britas de nos

3 ou 4.

Para o dimensionamento do mesmo foi considerado um coeficiente de infiltração de

65 Litros.metros-2

.dia-1

, pois o solo da região onde o empreendimento está localizado é

considerado arenoso, com isso, a área de infiltração necessária foi calculada considerando a

seguinte fórmula:

Onde:

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Af = área de infiltração, em m2;

Ci = coeficiente de infiltração: 65 Litros.metros-2

.dia-1

.

Nesse sentido, a área de infiltração do sumidouro é de 6,15 m2.

Para o cálculo da altura útil utilizou-se a seguinte fórmula:

Onde:

h = altura útil, em m;

D = diâmetro: adotado, 2,0 m.

Com isso a altura útil é de 1 m.

Dessa forma o sumidouro possui as seguintes dimensões:

Profundidade: 1,5 m;

Diâmetro: 2,0 m.