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Engenharia Mecânica Automação e Sistemas ALIMENTADOR AUTOMÁTICO PARA ENCARTUCHADORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS Vinícius Campos Baldon Itatiba – São Paulo – Brasil Dezembro de 2009

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Engenharia Mecânica Automação e Sistemas

ALIMENTADOR AUTOMÁTICO PARA ENCARTUCHADORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Vinícius Campos Baldon

Itatiba – São Paulo – Brasil Dezembro de 2009

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Engenharia Mecânica Automação e Sistemas

ALIMENTADOR AUTOMÁTICO PARA ENCARTUCHADORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Vinícius Campos Baldon

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Mecânica Automação e Sistemas da Universidade São Francisco, sob a orientação do Professor Ms. Paulo E. Silveira, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Orientador: Prof. Ms. Paulo E. Silveira

Itatiba – São Paulo – Brasil Dezembro de 2009

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Alimentador Automático para Encartuchadora de Produtos Farmacêuticos

Vinícius Campos Baldon Monografia defendida e aprovada em 09 de dezembro de 2009 pela Banca Examinadora assim constituída: Prof. Ms. Paulo Eduardo Silveira (Orientador)

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP. Prof. Dr. Fernando César Gentile

USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP. Engº. Michel de Almeida Lopes (Membro Externo)

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Para Ariana e William.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao Criador pela oportunidade de participar de tudo isso

e por ter superado as inúmeras dificuldades para chegar até aqui.

Agradeço ao Professor Paulo Silveira, meu orientador, pela confiança

depositada, pelo incentivo e orientações que possibilitaram este trabalho.

Agradeço ao Professor Eduardo Balster Martins pelas orientações dadas para a

elaboração deste trabalho.

Agradeço à minha família pelo apoio e compreensão nos momentos em que

precisei abrir mão da convivência face aos numerosos compromissos.

Agradeço especialmente ao meu filho William, que acompanhou todo o meu

trabalho, pelos vários momentos em solicitou minha companhia e que, ante minha

escusa, apenas me retribuía com seu sorriso amável e compreensivo.

Agradeço também às pessoas especiais listadas abaixo, em ordem alfabética,

pois todas foram importantes em algum momento de minha vida pessoal ou profissional

e, de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse até aqui:

Carlos Alberto Ferreira Machado

Dª. Jandira

João Paulo Galiego Bôscolo

Luiz Antonio da Rocha

Maria Aparecida de Oliveira Campos

Maria Lúcia Campos Baldon

Paulo Catini

Agradeço fraternalmente a todos.

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Sumário

1 Introdução............................................................................................................. 1 1.1 Objetivo ............................................................................................................ 2 1.2 Justificativa....................................................................................................... 3 2 Revisão Bibliográfica ........................................................................................... 4 2.1 Descrição do processo de Embalagem em Cartuchos de Papel........................ 4 2.2 Controladores Lógicos Programáveis (PLC’s)................................................. 6

2.2.1 Princípio de funcionamento e arquitetura de um PLC ............................. 7 2.2.2 Programa executivo e linguagens de programação .................................. 8

2.3 Motores Elétricos.............................................................................................. 9 2.3.1 Motores de passo ...................................................................................... 9

2.4 Sensores .......................................................................................................... 11 2.4.1 Visão geral:............................................................................................. 11 2.4.2 Tipos de Sensores: .................................................................................. 13

2.5 Inversores de Frequência ................................................................................ 15 2.5.1 Princípio de funcionamento:................................................................... 15

3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO................................................... 17 3.1 Abordagem do problema ............................................................................ 17 3.2 Concepção da máquina............................................................................... 19 3.2.1 Coleta de dados para o projeto ............................................................... 19 3.3 Estudo dos movimentos.............................................................................. 21 3.4 Especificação dos componentes mecânicos ............................................... 21 3.4.1 Silo.......................................................................................................... 21 3.4.2 Esteira elevatória .................................................................................... 22 3.4.3 Calha de Lançamento ............................................................................. 30 3.5 Especificação dos componentes elétricos................................................... 32 3.5.1 Inversor de frequência ............................................................................ 32 3.5.2 PLC......................................................................................................... 32 3.5.3 Sensores .................................................................................................. 35 3.5.4 Motor de passo ....................................................................................... 36 3.5.5 Componentes Elétricos Gerais ............................................................... 38 3.6 Funcionamento do Sistema e Fluxograma ................................................. 39 3.6.1 Descritivo do funcionamento: ................................................................ 39 3.6.2 Fluxograma do Programa do PLC.......................................................... 40

4 RESULTADOS .................................................................................................. 42 4.1 Desenhos mecânicos................................................................................... 42 4.2 Desenho Tridimensional............................................................................. 53 4.3 Diagrama elétrico ....................................................................................... 54 4.4 Programa do PLC ....................................................................................... 64 4.5 Lista de Materiais ....................................................................................... 65

5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 67 5.1 Contribuições.............................................................................................. 67 5.2 Extensões .................................................................................................... 67

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Resumo

Esta monografia apresenta o projeto de um alimentador automático para

aplicadores de produto farmacêutico. Este alimentador foi projetado para ser acoplado a

uma máquina encartuchadora, na qual produtos são embalados junto com aplicadores

em caixas de papel. O objetivo deste trabalho foi conceber um equipamento capaz de

automatizar o processo de alimentação dos aplicadores que são inseridos manualmente

na máquina encartuchadora. Os problemas e as necessidades de melhoria relacionadas

ao processo manual foram identificados e os benefícios do alimentador e as soluções

propostas foram desenvolvidas, originando um projeto que reuniu conhecimentos da

engenharia de automação e cujos resultados foram: o projeto mecânico do alimentador,

desenhos mecânicos, especificação de componentes mecânicos e elétricos e o

desenvolvimento do software de controle.

PALAVRAS-CHAVE: automação, máquinas de embalagem, indústria

farmacêutica

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1 INTRODUÇÃO

Do artesanato mais rudimentar às primeiras máquinas, dos primeiros teares aos robôs

atuais, a humanidade tem percorrido um longo caminho rumo ao aperfeiçoamento contínuo

dos processos de manufatura.

Com o avanço tecnológico das máquinas e de sua capacidade de produção,

manifestou-se cada vez mais a necessidade de alimentá-las com matérias-primas ou produtos

semi-acabados de maneira mais eficiente que a alimentação manual. Tempo e mão-de-obra

podem ser poupados da tarefa “secundária”, que é a alimentação, e serem aproveitados na

atividade essencial.

Quando se aborda o assunto de automação de um processo manual, inevitavelmente se

depara com a questão da eliminação do posto de trabalho ocupado por uma pessoa. Sob um

olhar mais criterioso é possível ir além desse aspecto e verificar que o objetivo essencial da

indústria é a produção em grande escala e que o aumento da produtividade pode promover a

criação de novas vagas em atividades mais qualificadas e melhor remuneradas.

No cenário atual, se por um lado existem máquinas e até mesmo linhas de produção

concebidas para serem completamente automatizadas, por outro lado há também máquinas e

equipamentos com projeto “generalista”, ou seja, fabricadas para uma finalidade geral, mas

que podem ser adequadas às condições específicas de um processo. Nesse aspecto se

enquadra, por exemplo, uma linha de produção na qual se investiu em equipamentos para

atender a uma necessidade atual, mas há ainda a possibilidade da gama de produtos fabricados

sofrer alguma alteração por qualquer motivo, por exemplo: aumento de vendas, lançamento

de novo produto, mudança no tamanho/volume do produto, inclusão de algum acessório, etc.

Tal situação se manifesta frequentemente na indústria. Um equipamento ou processo

passa a demandar alimentação automática em razão de alguma alteração e/ou melhoria do

processo, não somente tendo em vista o aumento da produtividade, mas também visando a

eliminação ou redução do risco ergonômico, doença ocupacional, contato manual com o

produto, risco de contaminação, risco de acidente, etc. Isso representa oportunidades e

desafios para os profissionais das diversas áreas da engenharia, que aplicam seus

conhecimentos não somente na inovação, mas também no aperfeiçoamento das tecnologias

existentes.

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Alguns produtos farmacêuticos na forma de cremes e pomadas são embalados em

bisnagas. Em alguns casos, tais produtos também são fornecidos com aplicadores (utensílios

de plástico semelhantes a seringas). A bisnaga e os aplicadores são acondicionados em uma

caixa de papel-cartão denominada cartucho, juntamente com a bula.

No caso em estudo, as bisnagas e aplicadores são inseridos automaticamente nos

cartuchos por meio de uma máquina encartuchadora horizontal, porém, antes de entrar nos

cartuchos, os aplicadores são alimentados manualmente sobre a esteira de entrada da

encartuchadora. Essa alimentação manual é um fator limitante para a velocidade da máquina,

que fica em torno de 60 unidades por minuto quando é utilizado um funcionário dedicado à

alimentação. Para velocidades maiores são necessários dois funcionários dedicados à

alimentação, ainda assim a velocidade máxima que se atinge é de 90 unidades por minuto e

são freqüentes as falhas de alimentação: produtos são encartuchados sem aplicador e

posteriormente rejeitados na balança de verificação de peso, o que significa perdas de

processo. Também há risco ergonômico, pois os operários encarregados da alimentação têm

que pegar os aplicadores numa caixa ao lado da esteira da máquina e colocá-los rapidamente

na esteira realizando um movimento de giro do tronco. Esse movimento repetitivo não é

recomendado pelos profissionais de saúde e existe a necessidade de revezamento dos

operários da linha nessa função.

1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho é projetar um alimentador automático de aplicadores de

produto farmacêutico que seja capaz de alimentar a máquina a uma velocidade nominal de 90

unidades por minuto, o que representa um aumento de 50 % sobre a capacidade atual, sem

utilizar um operador dedicado para tal função. O mesmo operador da máquina encartuchadora

deverá ser aproveitado para abastecer o alimentador com aplicadores sem sobrecarga de

trabalho.

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1.2 Justificativa

As deficiências do processo de alimentação manual abordadas na introdução deste

trabalho evidenciam as necessidades e oportunidades para melhoria.

O alimentador automático desenvolvido neste trabalho tem por objetivo proporcionar

os seguintes benefícios:

Aumento da capacidade produtiva do equipamento,

Redução do índice de falhas e melhoria da qualidade,

Redução do custo com mão-de-obra,

Redução de perdas de material de embalagem,

Redução do risco ergonômico e de acidentes de trabalho.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, será apresentada uma descrição do processo de embalagem do produto

farmacêutico e também serão abordados os principais elementos necessários à concepção do

projeto, bem como suas principais características, aplicações e seu atual estado de

desenvolvimento.

Para o desenvolvimento do trabalho, procurou-se por soluções que empregassem

componentes amplamente utilizados na engenharia mecatrônica, tais como: controlador lógico

programável, motores elétricos, motorredutores, motores de passo e sensores, assim como

também os componentes mecânicos necessários, como eixos, mancais, rolamentos, correias,

esteiras, etc.

Finalmente, para operar e controlar todos esses componentes e integrá-los ao

funcionamento da máquina, um sistema de comando com uma lógica de controle deve ser

projetado e implementado para alcançar os objetivos do projeto.

2.1 Descrição do processo de Embalagem em Cartuchos de Papel

As embalagens, de uma maneira geral, têm acompanhado a evolução tecnológica e as

necessidades de produção. Produtos que antigamente eram vendidos “a granel” ou em frascos

de vidro tiveram de ser adequados à realidade da produção em maior escala e às consequentes

necessidades de logística tais como: como armazenamento, distribuição, fracionamento, bem

como o alcance geográfico cada vez maior.

Alguns produtos cujas características assim permitem, passaram a ser comercializados

em caixas de papel cartão (cartuchos) como os exibidos na Figura 2-1.

No início, esse processo era totalmente manual, demandando tempo e mão-de-obra

consideráveis para obter uma produção relativamente baixa.

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Figura 2-1: Cartuchos de emplastros Johnson & Johnson do séc. XIX [1]

Os cartuchos tinham de ser montados manualmente, em seguida o produto era

introduzido e finalmente as abas eram encaixadas e/ou coladas. Atualmente existem máquinas

que executam todas essas operações.

Tais máquinas são chamadas de encartuchadoras (cartoning machines, em inglês) e

podem ser classificadas quanto ao tipo de movimento: intermitente ou contínuo; quanto ao

tipo de operação: semi-automática ou automática e quanto à posição do cartucho: vertical ou

horizontal.

O funcionamento básico de uma encartuchadora pode ser resumido como segue:

A máquina é alimentada com cartuchos de papel cartão que são fornecidos por

indústrias gráficas. Esses cartuchos já vêm pré-montados, porém ainda não têm o formato

tridimensional de caixas, são fechados de forma que fiquem planos e dispostos em maços e

assim são empilhados em um suporte apropriado na máquina.

Os produtos a ser encartuchados entram na máquina pela esteira transportadora, onde

são acomodados sequencialmente em espaços individuais existentes na esteira. Um sensor

detecta que há produtos em movimento na esteira e, para cada produto, deflagra a armação de

um cartucho.

A armação do cartucho é executada por um sistema mecânico de braço intermitente ou

rotativo que possui ventosas de sucção que pegam o cartucho que estava empilhado (o

primeiro debaixo da pilha) e o força a passar por guias mecânicas e outras ventosas de sucção

que fazem o cartucho “abrir” assumindo a forma de caixa.

Os produtos são então introduzidos nos cartuchos armados, sendo que essa introdução

pode ser feita manualmente (no caso das encartuchadoras semi-automáticas verticais) ou

automaticamente por empurradores mecânicos (no caso das encartuchadoras automáticas

horizontais).

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Finalmente, os cartuchos passam automaticamente por um sistema de guias que

fecham as abas superiores e inferiores, onde também podem receber um fechamento por jato

de cola quente nas abas, concluindo o processo de encartuchamento.

Atualmente existem máquinas encartuchadoras totalmente automáticas que podem

atingir altas velocidades. A Figura 2-2 mostra uma máquina encartuchadora horizontal com

capacidade de produção de 500 cartuchos por minuto:

Figura 2-2: Encartuchadora Uhlmann C2504 de 500 cartuchos/minuto. [2]

2.2 Controladores Lógicos Programáveis (PLC’s)

Os controladores lógicos programáveis (ou PLC’s: Programmable Logic Controllers)

podem ser definidos como dispositivos eletrônicos programáveis capazes de armazenar e

processar instruções específicas, tais como: lógica, lógica seqüencial, temporização,

contagem, funções aritméticas e funções de comunicação, empregadas no controle de

máquinas e processos [3].

Os PLC’s surgiram da necessidade de substituir os antigos controles a relés

eletromecânicos. Os dispositivos eletromecânicos eram os recursos mais utilizados para

efetuar controles lógicos e intertravamentos em máquinas.

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Apesar de funcionais, o aumento da complexidade das máquinas e processos passou a

demandar um número cada vez maior desses elementos, todos interconectados por fiação. As

dimensões dos componentes eram consideráveis, exigindo grandes painéis que deveriam

protegê-los contra umidade, altas temperaturas, gases, poeira, etc. Quando um desses

elementos falhava, o processo produtivo podia ficar paralisado por várias horas ou até mesmo

dias, para identificar o componente em falha e executar o reparo [4].

O desenvolvimento da tecnologia de estado sólido (transistores) nas décadas de

1950/60 e a integração de componentes eletrônicos em larga escala possibilitaram a criação de

controles integrados baseados em computação digital, sendo que a primeira experiência com

um controle de lógica programável por software foi realizada em 1968 na General Motors [4].

2.2.1 Princípio de funcionamento e arquitetura de um PLC

Um PLC é basicamente composto de uma CPU (Unidade Central de Processamento) e

interfaces para os sinais de entrada e saída. A arquitetura da CPU é semelhante à de um

computador digital, composta de processador, memórias e barramentos de comunicação,

conforme mostrado no diagrama de blocos da Figura 2-3:

Figura 2-3: Diagrama de blocos básico de um PLC

O princípio de funcionamento de um PLC é a execução cíclica de um programa

(conjunto estruturado de instruções) que realiza a “leitura” do estado das entradas, executa as

operações programadas e atualiza o estado das saídas.

As entradas e saídas podem ser digitais ou analógicas. As digitais (ou discretas) podem

apresentar somente dois estados lógicos: ligado ou desligado, 0 ou 1. Atualmente, é

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mundialmente difundido o uso de tensões de 0 a 24 VCC para as entradas e saídas digitais de

um PLC, sendo 0 V o nível lógico baixo ou “0” e 24 V o nível lógico alto ou “1”.

As entradas e saídas analógicas (ou contínuas) são empregadas para operar com sinais

continuamente variáveis como por exemplo: temperatura, pressão, etc. Estes sinais servem

para que o PLC receba e envie informações de variáveis do processo e podem operar com

tensão ou corrente. Geralmente a faixa de tensão é de 0 a 10 VCC e a faixa de corrente pode

ser de 4 a 20 mA (ou 0 a 20 mA), onde: 4 mA (ou 0 V) corresponde ao início da escala da

grandeza analógica e 20 mA (ou 10 V) corresponde ao final da escala.

É por meio das entradas e saídas, também conhecidas por “I/O’s” (do inglês: Input /

Output) que o PLC interage com o equipamento ou processo que está controlando. Entradas

podem ser acionadas por sensores, chaves, botões, chaves fim-de-curso, contatos, chaves de

nível, etc. Saídas podem acionar os seguintes dispositivos: relés, solenóides, válvulas,

alarmes, lâmpadas, partida de motores, etc. As entradas e saídas podem ser fisicamente

constituídas por relés ou transistores que recebem/enviam sinais entre a CPU e o processo

controlado (também chamado de sinais de campo).

Por exemplo: um processo industrial que requer aquecimento pode ser controlado por

um PLC que recebe (pela entrada analógica) um sinal analógico de 4 a 20 mA de um

transmissor de temperatura. De acordo com o programa gravado em sua memória, o PLC

compara o valor recebido do processo com o valor programado e pode atuar, por exemplo,

uma válvula proporcional que dosa mais ou menos combustível ao processo, através de saídas

analógicas.

Os sinais de campo são isolados galvanicamente do microprocessador por circuitos

optoacopladores que convertem os níveis de tensão/potência de campo para os níveis digitais

adequados ao processador. Os sinais analógicos são convertidos em sinais digitais e vice-

versa por meio de conversores analógico/digital e digital/analógico: A/D e D/A.

2.2.2 Programa executivo e linguagens de programação

O programa executivo (desenvolvido pelo programador de acordo com as

necessidades do processo) é o responsável pelo controle das variáveis. Basicamente, um

programa de PLC é um conjunto de instruções lógicas booleanas. As linguagens de

programação foram desenvolvidas tendo em vista o conceito de familiaridade com a lógica de

controle a relés já utilizadas por técnicos e engenheiros, sendo a mais amplamente utilizada a

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linguagem de diagrama de contatos, também conhecida como linguagem ladder. Como nem

todos os recursos de programação podem ser implementados por diagrama de contatos, foram

criadas outras linguagens de programação: diagrama de blocos funcionais, mnemônicos

booleanos e parâmetros idiomáticos.

A norma IEC 1131-3 fornece algumas diretrizes para padronização das linguagens de

programação de PLC’s. As linguagens podem ser divididas em duas categorias: linguagens

gráficas e textuais.

As linguagens gráficas são:

Sequential Function Chart (SFC): descreve graficamente o comportamento sequencial

de um programa de controle. É derivado de redes de Petri e do Grafcet IEC 848.

Diagrama Ladder (Ladder Diagram – LD): Lógica de contatos semelhante aos

diagramas elétricos.

Blocos de Função (Function Block Diagram – FBD).

As linguagens textuais são:

Lista de Instruções (Instruction List – IL).

Texto Estruturado (Structured Text – ST).

A Figura 2-4 mostra exemplos de um fragmento de programa escrito em 4 linguagens

de programação [5]:

Figura 2-4: Exemplos de linguagens de programação

2.3 Motores Elétricos

2.3.1 Motores de passo

O motor de passo é um dispositivo eletromagnético que converte pulsos digitais em

rotação do eixo mecânico. As vantagens que os motores de passo apresentam são: baixo

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custo, alta confiabilidade, alto torque em baixas velocidades e uma construção simples e

robusta que funciona em praticamente qualquer ambiente. As principais desvantagens na

utilização de um motor de passo são os efeitos de ressonância a baixas velocidades e redução

do torque com o aumento da velocidade. Ele não tem escovas ou contatos. Basicamente, é um

motor síncrono com o campo magnético comutado eletronicamente para rodar em torno da

armadura.

Existem basicamente três tipos de motor de passo: relutância variável, magneto

permanente e híbridos. O princípio de funcionamento do motor de passo é a comutação

(chaveamento) sequencial das bobinas dos pólos. Quando um par de pólos recebe corrente

elétrica DC, o campo magnético formado força o alinhamento do rotor, que se move um passo

e assim por diante, conforme a sequência de pulsos [6]. A Figura 2-5 representa um motor de

passo de relutância variável e 3 fases:

Figura 2-5: Motor de passo de relutância variável e sua sequência de comutação [6]

Um sistema de motor de passo é composto basicamente de: controlador (ou

indexador), driver e motor de passo. Também é comum a presença de algum tipo de interface

como por exemplo: um PC, um PLC ou um terminal de operação.

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O controlador microprocessado é o responsável pela geração dos pulsos de controle,

bem como de sinais de direção e de funções de comando. O driver é o dispositivo que

amplifica os sinais dos pulsos recebidos do controlador e os converte em corrente elétrica que

excitará as bobinas dos pólos do motor.

Motores de passo são classificados em termos do número de passos por segundo, do

ângulo de passo (ou resolução) e da capacidade de carga e torque.

O número de passos por segundo é também conhecido como taxa de passo. A

velocidade real de um motor de passo é dependente do ângulo de passo e da taxa de passo, e é

encontrada por:

Equação 2-1

Onde:

N= velocidade do motor em RPM

Ψ= ângulo de passo em graus

p/s= número de passos por segundo

2.4 Sensores

2.4.1 Visão geral:

Na automação de sistemas, é preciso determinar as condições ou variáveis do sistema,

isto é, obter os valores das variáveis físicas a serem controladas, como por exemplo: a posição

de um mecanismo, a temperatura de um processo, a velocidade de rotação de um motor, etc.

A obtenção desses valores é realizada por sensores [7] .

Um sensor é geralmente definido como um dispositivo que recebe e responde a um

estímulo ou um sinal. Há sensores naturais (biológicos, como um olho por exemplo) e

artificiais. Os sensores artificiais são aqueles que respondem com sinal elétrico a um estímulo

ou um sinal. Um transdutor, por sua vez, é um dispositivo que converte um tipo de energia em

outra, não necessariamente em um sinal elétrico. Muitas vezes um sensor é composto de um

transdutor e de uma parte que converte a energia resultante em um sinal elétrico. Podem ser

de indicação direta (como um termômetro de mercúrio ou um medidor elétrico) ou em par

com um indicador (algumas vezes indiretamente com um conversor de analógico para digital,

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um computador e um display) de modo que o valor detectado se torne legível pelo homem.

Além de outras aplicações, os sensores são largamente usados na medicina, indústria e

robótica.

Como o sinal é uma forma de energia, os sensores podem ser classificados de acordo

com o tipo de energia que detectam. Por exemplo: sensores de luz: células solares, fotodiodos,

fototransistores; sensores de som: microfones, hidrofone, sensores sísmicos; sensores de

temperatura: termômetros, termopares, resistores sensíveis a temperatura (termístores),

termômetros bi-metálicos e termostatos [8] . A Figura 2-6 ilustra um diagrama das formas de

energias em sensores:

Figura 2-6: Formas de energia em sensores [7]

A saída (resposta) de um sensor apresenta geralmente um nível de tensão muito baixo

sendo necessária a utilização de um amplificador para elevar o nível do sinal para sua efetiva

utilização.

Além, é claro, do tipo de energia a ser detectada/medida e da função desejada,

algumas das principais características a serem consideradas na seleção de sensores para cada

aplicação são:

Tipo de saída:

Digital: A saída assume valores lógicos “0” ou “1” (também chamados de on-off, liga-

desliga. Ex.: pressostatos, chaves de nível.

Analógica: O transdutor possui uma saída de sinal contínuo, semelhante à grandeza

física medida na entrada. Ex.: células de carga, transdutor de pressão analógico.

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Sensibilidade:

Sensibilidade (ou ganho) é a relação entre a amplitude do sinal de saída e o da entrada.

Por exemplo, à uma dada variação na entrada, corresponderá uma certa variação no sinal de

saída. Se a sensibilidade for alta, uma pequena variação na entrada corresponderá a uma

grande variação na saída.

Exatidão:

É a característica de quão próximas são as medições fornecidas por um instrumento do

valor verdadeiro da grandeza medida. Também pode ser expressa pelo erro da medida

realizada pelo instrumento em comparação a uma medida padrão.

Precisão:

Grau de repetibilidade do valor medido em várias medições sob as mesmas condições.

Alcance:

Faixa de valores que podem ser aplicados à entrada do instrumento.

Velocidade de resposta:

Tempo necessário para que a medição alcance o valor real do processo. Respostas

lentas podem ser críticas para a performance de sistemas realimentados.

Muitas outras características também devem ser consideradas na especificação, dentre

as quais pode-se citar: encapsulamento, dimensões, distância sensora, custo, requisitos de

calibração, faixa de trabalho, vida útil, etc.

2.4.2 Tipos de Sensores:

Os sensores podem ser classificados em grandes famílias por função e subclassificados

em uma grande diversidade de tipos. Segue uma relação dessas classificações com a listagem

dos principais tipos, sem no entanto, pormenores sobre princípios de funcionamento e

construção de cada tipo:

Sensores de presença: detectam a presença de qualquer material sem que haja contato

mecânico, podendo ser ópticos ou ultrassônicos. Principais tipos: sensor óptico por

retrorreflexão, por transmissão (ou barreira), por reflexão difusa e sensores infravermelho e

fibra óptica.

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Os ultrassônicos operam por ondas sonoras em alta frequência geradas por cristais

piezoelétricos que são emitidas e refletidas pelo objeto a ser detectado.

Sensores de posição: sensores de proximidade indutivos, capacitivos, sensores

magnéticos e codificadores (encoders).

Sensores Ópticos: fotorresistores LDR (Light Dependant Resistor), fotodiodos,

fototransistores, fototiristores, célula fotovoltaica, etc.

Sensores de velocidade: taco-gerador, tacômetro, acoplador óptico, etc.

Sensores de aceleração: acelerômetros de deslocamento, de deformação e de balanço

de força.

Sensores de temperatura: Termistores: PTC (Positive Temperature Coefficient),

NTC (Negative Temperature Coefficient), termopares, termorresistências (RTD’s),

pirômetros, etc.

Sensores de pressão: células de carga (strain gauges), transdutor de pressão

piezoelétrico, tubos de Bourdon, etc.

Sensores de nível: flutuadores, eletrodos metálicos, etc.

Sensores de vazão: rotâmetros, placa de orifício, tubo de Venturi, bocal, tubo de Pitot,

por efeito Coriolis, etc.

Sensores de tensão, corrente e potência: resistor shunt, efeito Hall, transformador

CC, relés térmicos, etc.

Sensores de umidade, gases e pH: higrômetros, analisadores de gases, medidores de

pH. [7]

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2.5 Inversores de Frequência

“Inversor de Frequência” é a designação comercial comum para Conversores Estáticos

de Frequência. São dispositivos desenvolvidos para controlar a velocidade de rotação de

motores elétricos de corrente alternada.

A rotação de um motor CA depende da frequência da rede de alimentação e do

número de pólos do motor, conforme a fórmula:

Equação 2-2

Onde:

N = rotação em RPM

f = frequência da rede em Hz

p = número de pólos do motor

Assumindo que o número de pólos de um motor CA seja fixo (de maneira geral é,

exceto em motores com múltiplos enrolamentos) e esse número de pólos é determinado em

sua fabricação, então, ao se variar a frequência de alimentação, a rotação varia na mesma

proporção.

O inversor de frequência, grosso modo, pode ser considerado como uma fonte de

tensão alternada de frequência variável.

2.5.1 Princípio de funcionamento:

A primeira etapa dos circuitos internos de um inversor de frequência é uma ponte

retificadora de onda completa trifásica e capacitores de filtro. Tal circuito constitui uma fonte

de corrente contínua (CC) simétrica, pois há um ponto terra como referência.

Isso forma o que se chama de “Barramento DC” onde existe uma tensão contínua

positiva + V/2 e uma tensão contínua negativa –V/2.

O barramento DC alimenta a segunda etapa, constituída de seis transistores IGBT

(Insulated Gate Bipolar Transistor: Transistor Bipolar de Base Isolada). Esses IGBTs atuam

como chaves, ligando e desligando sequencialmente, controlados por meio de uma lógica de

controle (3º etapa).

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O chaveamento sequencial dos IGBTs alternando entre a tensão positiva e negativa do

barramento DC produz uma inversão do sentido da corrente (daí o termo “inversor”) gerando

uma corrente alternada cuja frequência pode ser variada pela lógica de controle.

A lógica de controle distribui os pulsos de disparo para os IGBTs, produzindo uma

tensão de saída alternada e defasada de 120°, embora sua forma de onda seja quadrada devido

à característica do chaveamento e não senoidal como a da rede elétrica convencional.

Não somente a frequência é variada. Para manter o conjugado (torque) do motor frente

às diversas solicitações de carga, o inversor também precisa variar a tensão de saída. Essa

variação de tensão é proporcional à variação da frequência e a relação é chamada de razão

V/F ou curva V/F (Tensão / Frequência). A amplitude da tensão é controlada por meio de

modulação por largura de pulso - PWM (Pulse Width Modulation).

Para variar a tensão, a unidade lógica altera a largura dos pulsos entre os estados

lógicos alto e baixo, isto é, controla quanto tempo os IGBTs devem ficar ligados ou

desligados, ou seja: controla o ciclo de carga (duty cicle).

Para executar tais controles, os inversores dispõem de uma CPU (Unidade Central de

Processamento) constituída por um microprocessador e memória integrada. Na memória são

armazenados todos os parâmetros que a CPU utiliza para controlar o equipamento, tanto

parâmetros de fábrica, quanto os parâmetros variáveis que podem ser alterados pelo usuário

dependendo da aplicação.

Como exemplos de parâmetros variáveis que podem ser programados pelo usuário

estão: rampa de aceleração / desaceleração; frequência de referência; corrente e potência do

motor; modos de controle: local / remoto; tipo de sinal de referência analógica: 0 a 10 V, 4 a

20 mA, entre muitos outros.

Para viabilizar a interação entre homem-máquina, os inversores possuem uma IHM

(Interface Homem Máquina) que é um dispositivo que permite que os parâmetros sejam

inseridos / modificados no inversor através de um teclado e também que os mesmos sejam

exibidos em um mostrador eletrônico (display).

Além da IHM, os inversores também podem ter outras interfaces de comunicação, por

exemplo: porta de comunicação serial (RS 485, RS 232), redes industriais (Profibus, Ethernet,

AS-i, etc.) e entradas / saídas digitais e analógicas [9].

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3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

Este capítulo descreve os procedimentos que foram adotados para a concepção do

projeto, desde a definição do problema, a obtenção de informações, a seleção e especificação

dos componentes, passando pelos cálculos de verificação e chegando à descrição de

funcionamento do sistema.

3.1 Abordagem do problema

A máquina chamada de encartuchadora (Figura 3-1) executa a função de acondicionar

o produto farmacêutico em um cartucho de papel-cartão conforme mostra a Figura 3-2.

Figura 3-1: Encartuchadora

Figura 3-2: Bisnaga de produto e cartucho

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Além do próprio produto, em alguns casos, também é fornecido no cartucho um

pacote com os aplicadores mostrados na Figura 3-3 para que o próprio paciente aplique o

produto.

Figura 3-3: Pacote com 10 aplicadores

As bisnagas de produto chegam à encartuchadora por meio de uma esteira

transportadora vinda da máquina anterior, onde o produto é envasado. As bisnagas entram

assim, diretamente na esteira de entrada da encartuchadora, sem contato manual.

Entretanto, os pacotes de aplicadores são colocados manualmente na esteira de entrada

da encartuchadora, como exibido na Figura 3-4:

Figura 3-4: Alimentação manual dos aplicadores

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A alimentação manual de aplicadores limita a velocidade da máquina, que fica em

torno de 60 unidades por minuto quando é utilizada uma pessoa dedicada a esta tarefa. Para

velocidades maiores são necessárias duas pessoas dedicadas, mesmo assim a velocidade

máxima que se atinge é de 90 unidades por minuto e são freqüentes as falhas de alimentação:

produtos são encartuchados sem aplicador e posteriormente rejeitados na balança de

verificação de peso, o que representa perdas de processo.

Além disso, existe risco ergonômico devido ao movimento de giro de tronco que os

operários encarregados da alimentação têm de executar repetitivamente para pegar os

aplicadores numa caixa ao lado da esteira da máquina e colocá-los rapidamente na esteira.

O projeto do alimentador automático, objetivo deste trabalho, buscou solucionar os

problemas descritos acima, visando alcançar a meta de velocidade de 90 unidades por minuto.

3.2 Concepção da máquina

3.2.1 Coleta de dados para o projeto

Os aplicadores são fornecidos em caixas de papelão contendo 700 pacotes, sendo que

cada pacote contém dez unidades e pesa 6,5 g e uma caixa completa contém 4,550 kg.

A seguir foram definidos os requisitos mínimos para o sistema.

O alimentador automático precisa:

Armazenar os aplicadores,

Elevá-los a uma altura conveniente para entrada na máquina encartuchadora,

Conduzi-los orientados até a esteira de entrada da encartuchadora e,

Liberá-los um a um em sincronismo com a encartuchadora a uma velocidade

de 90 unidades por minuto.

Para satisfazer esses requisitos, o alimentador foi concebido com os seguintes

componentes principais indicados na Figura 3-5: Silo de armazenamento (posição A); esteira

elevatória (posição B); motor da esteira elevatória (posição C); calha de lançamento (posição

D) e motor de passo da saída (posição E).

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Figura 3-5: Componentes principais do alimentador

A Figura 3-6 mostra a posição do alimentador acoplado à esteira de entrada da

máquina encartuchadora:

Figura 3-6: Alimentador acoplado à encartuchadora

Premissas consideradas para a seleção dos materiais construtivos:

Ambiente de instalação/operação localizado em área climatizada (temperatura de 22 a

25 °C e umidade relativa máxima de 30%).

Processo não sujeito ao contato direto com o produto farmacêutico (respingos,

resíduos, etc.)

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Objetos a ser alimentados estão secos.

Partes sujeitas ao atrito contínuo com os objetos a ser alimentados: Esteira elevatória,

calha de descida e rolete do motor de passo de saída.

Partes sujeitas a pouco (ou nenhum) atrito contínuo com os objetos a ser alimentados:

Silo, componentes estruturais (suportes) e pés.

Como os pacotes de aplicadores pesam apenas 6,5 gramas, os esforços envolvidos para

movimentá-los são reduzidos, de modo que elementos mecânicos normalizados atendem e até

excedem às solicitações de esforços. Portanto, foram adotados os componentes mecânicos

normalizados mínimos para o projeto.

3.3 Estudo dos movimentos

O movimento da esteira elevatória é produzido pela rotação de um motorredutor. A

velocidade é controlada por meio de inversor de frequência para permitir ajustes.

A descida dos aplicadores pela calha de lançamento se dará por gravidade.

O lançamento dos aplicadores será executado pela rotação de um rolete acionado por

um motor de passo. Este rolete deverá ser radialmente excêntrico em relação ao eixo do motor

de passo para possibilitar um movimento intermitente que lance um pacote de aplicadores por

vez.

Assim, para cada rotação completa do eixo do motor de passo, o rolete excêntrico

arrasta um pacote de aplicador e na sequência permite que outro pacote ocupe o lugar do

pacote lançado devido ao espaço gerado pela excentricidade.

(Especificações do motorredutor, inversor de frequência e do motor de passo serão

abordadas mais adiante nos tópicos relativos a esses componentes).

3.4 Especificação dos componentes mecânicos

3.4.1 Silo

As dimensões do silo foram escolhidas de modo que o mesmo tenha capacidade para

armazenar duas caixas de aplicadores. Considerando que a velocidade de alimentação

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desejada é de 90 unidades por minuto e uma caixa contém 700 pacotes de aplicadores, o silo

terá uma autonomia teórica de 15 minutos de operação contínua entre reabastecimentos.

O silo foi projetado com as medidas de 600 mm de largura, 835 mm de comprimento e

650 mm de altura, incluindo um espaço adicional de 20% como margem de segurança.

O material construtivo escolhido para o silo foi chapa de aço inoxidável AISI 304,

laminada a frio, acabamento escovado, com espessura de 1,06 mm. A chapa escolhida é mais

que suficiente para suportar a carga de 9,1 kg, correspondente a duas caixas de aplicadores e é

resistente ao atrito contínuo dos objetos em contato.

A estrutura de base do silo foi concebida para ser fabricada com perfis estruturais de

aço baixa liga, com costura, retangulares 30 x 20 mm e/ou quadrados de 30 x 30 mm, com

espessuras entre 1,9 e 2,5 mm, e acabamento com pintura eletrostática a pó.

3.4.2 Esteira elevatória

Para elevar os aplicadores a uma altura superior à da esteira da encartuchadora e

permitir a instalação da calha de lançamento, a esteira elevatória foi projetada para ter um

comprimento de 1900 mm. Sua largura é de 150 mm, o suficiente em função das dimensões

do pacote de aplicador: 70 x 35 mm.

A seguir são enumerados os componentes da esteira elevatória.

3.4.2.1 Estrutura metálica:

Fabricada em perfil “U” de chapa dobrada, em aço carbono baixa liga SAE 1020,

dimensões 80 x 25 x 3 mm.

3.4.2.2 Roletes da esteira elevatória

Usinados em liga de alumínio comercialmente puro ABNT 1060 ou 1100 visando

leveza ao conjunto, revestidos com uma camada externa em borracha de poliuretano com

dureza entre 80 a 90 Shore-A e espessura de 3 a 5 mm para evitar deslizamento da esteira.

Os roletes devem possuir conicidade simétrica de 0,75° a partir do centro em direção a

cada uma das extremidades, para evitar que a esteira escape para os lados durante o

movimento. O rolete movido deve ter seus mancais montados em esticadores para permitir o

ajuste de tensão da esteira. Dimensões dos roletes: comprimento: 150 mm; diâmetro: 80 mm.

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O diâmetro de 80 mm foi escolhido em função do diâmetro da caixa dos mancais (81

mm) e do diâmetro mínimo de polia requerido pela esteira transportadora (correia plana) que

é de 80 mm. Maiores detalhes podem ser vistos no desenho n° 006MEC no capítulo 4.

3.4.2.3 Mancais de rolamento para sustentação dos roletes

Foram selecionados mancais de rolamento fabricados em chapa de aço estampado,

pois são mancais que aliam simplicidade de projeto, custo relativamente baixo e boa

tolerância ao desalinhamento.

Conforme literatura do fabricante [10], as caixas de rolamento permitem compensar

erros de alinhamento de até 5°. A caixa de rolamento SKF modelo PF-40 vista na Figura 3-7

pode suportar uma carga radial de 2,5 KN. O rolamento desta caixa suporta uma carga radial

estática de 4,75 KN, dinâmica de 9,56 KN, e rotação de até 9500 RPM.

Figura 3-7: Caixa de rolamento PF-40

Como o peso dos objetos transportados é irrelevante em termos de solicitação de carga

nos mancais (apenas 6,5 gramas por unidade), as solicitações de carga mais significativas a

que os mancais serão submetidos são: a tensão de estiramento da esteira (correia plana) e o

peso total do conjunto (roletes, eixos e a própria esteira).

Segundo dados do fabricante da correia transportadora [11] que será montada na

esteira elevatória, a tensão correspondente a um alongamento de 1% no comprimento da

correia, por unidade de largura é de 12 N. Considerando que a correia tem 150 mm de largura,

e um comprimento nominal de 4.000 mm, um alongamento de 40 mm (1%) resultaria numa

força de tensão de 1,8 KN.

Verificou-se, portanto, que os mancais escolhidos excedem às solicitações.

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3.4.2.4 Eixos para sustentação dos roletes

Usinados em aço carbono laminado a quente norma SAE 1040/1045, sem tratamento

térmico. As dimensões das extremidades dos eixos foram definidas pelo diâmetro do anel

interno do rolamento especificado na seção 3.4.2.3 (Ø 12 mm). As demais dimensões são

mostradas nos desenhos nº 004MEC e 005MEC no capítulo 4.

3.4.2.5 Acoplamento

Este elemento executa a transmissão de potência do motorredutor ao rolete motriz. O

componente foi especificado a partir da potência do motorredutor e do diâmetro do eixo do

rolete: 0,18 KW e Ø 12 mm.

3.4.2.6 Motorredutor

Para dimensionar o motorredutor, foram analisados os esforços que o mesmo deverá

realizar para movimentar a esteira transportadora, visando obter a potência e o torque

requeridos.

A energia mecânica fornecida pelo eixo do motor tem três destinos: parte é dissipada

por forças de atrito nos mancais, outra parte é utilizada para colocar em movimento cada novo

objeto que entra na esteira e, finalmente, o restante transforma-se em energia potencial

gravitacional dos objetos que são elevados, supondo que o sistema esteja em regime

permanente. Antes de ser atingido o regime permanente, parte da energia fornecida pelo

motor é utilizada para colocar em movimento todo o conjunto.

O atrito nos mancais foi desconsiderado, assumindo a hipótese de que seu valor seja

pouco significativo.

A massa de cada novo objeto que entra na esteira é de 6,5 g e também não foi

considerada significativa para dimensionamento do motorredutor.

Foi considerada como significativa neste caso, apenas a potência necessária para

colocar em movimento todo o conjunto (esteira carregada com os objetos, roletes e eixos).

Foram calculados: a) massa dos componentes envolvidos, b) massa dos objetos

transportados, c) momento de inércia dos roletes e da esteira, d) velocidade, e) aceleração da

esteira.

a) Massa dos componentes:

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Conforme esquema mostrado na Figura 3-8, o comprimento total da esteira elevatória

(1) foi estimado em aproximadamente 1.900 mm, visando ultrapassar a altura da esteira da

máquina encartuchadora (2) = 930 mm e possibilitar a implementação de uma calha de

descida (3) para que os aplicadores sejam lançados na esteira da encartuchadora.

Figura 3-8: Altura da esteira elevatória

A relação massa/superfície da correia transportadora é de 3,2 kg/m², conforme dados

do fabricante [11].

Estimando o comprimento total da correia com 4.000 mm (dois lados: 2 x 2.000 mm)

e largura de 150 mm, a correia tem uma superfície de 0,6 m², o que resulta em 1,92 kg.

Acrescentando a massa estimada das taliscas (detalhes na Figura 3-9b e descrição na seção

3.4.2.7), pode-se assumir que a massa total da correia transportadora seja de 3,1 kg, incluso

também neste valor as 520 g da massa dos objetos transportados, calculado no item b desta

subseção.

A massa dos dois conjuntos de roletes e seus respectivos eixos foi calculada

relacionando-se o volume dos elementos com a densidade dos materiais pela equação:

m = ρπD²L

4

Equação 3-1

Onde:

m = massa (kg)

ρ = densidade do material (kg/m³)

D = diâmetro do cilindro/eixo (m)

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L = comprimento do cilindro/eixo (m)

Portanto, a massa obtida para cada conjunto rolete/eixo foi de 1,2 kg.

b) Massa dos objetos transportados:

A correia transportadora (Figura 3-9-a) é dividida ao longo de seus 4 metros pelas

taliscas (Figura 3-9-b) em espaços de 100 mm o que resulta em 40 compartimentos nos quais

os pacotes de aplicadores são transportados.

Figura 3-9: Correia transportadora – vista geral e em detalhe

Considerando obviamente apenas o flanco de subida, há 20 compartimentos que serão

“carregados” com os objetos (aplicadores). Segundo as dimensões dos objetos, cada

compartimento comporta no máximo 4 unidades, o que resulta em 80 objetos em movimento

ascendente. Como cada pacote de aplicador pesa 6,5 g, a massa total dos objetos subindo pela

esteira é de 520 g.

c) Momento de inércia dos roletes e da esteira

O momento de inércia dos dois conjuntos rolete/eixo foi calculado por:

Equação 3-2

Onde:

Ī= momento de inércia (kg.m²)

m = massa (kg)

r = raio (m)

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A massa total dos 2 conjuntos rolete/eixo é de 2,4 kg. Substituindo os valores na

equação 3-2 resulta que:

Ī= (2,4*0,04²)/2 Ī= 1,92 x 10-3 kg.m²

O momento de inércia da correia transportadora é de 9,98 x 10-2 kg.m² e foi obtido no

desenho da esteira realizado no aplicativo computacional para projetos mecânicos (Solid

Works ™).

d) Velocidade máxima da esteira:

Hipótese: Considerando que a meta de alimentação de 90 unidades por minuto seja

alcançada e mantida, para que a velocidade da esteira seja máxima é preciso que a quantidade

de objetos que sobem pela esteira seja mínima.

No segmento ascendente, a esteira possui 20 compartimentos em 2 metros de

comprimento. Supondo que dessas 20 posições somente 25% delas estejam ocupadas por

apenas 1 pacote de aplicador, como mostra a Figura 3-10, um deslocamento de 2 metros da

esteira fornece 5 unidades.

Figura 3-10: Representação da esteira com 5 unidades de aplicadores

Como o diâmetro dos roletes é de 80 mm, são necessárias 8 rotações para movimentar

a esteira por 2 metros.

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Então, se para cada 8 rotações do rolete sobem 5 unidades, existe uma relação de 5:8

unidades/volta. Relacionando esta razão com a meta de velocidade de 90 un./min. resulta em

144 rotações/min. O valor foi aproximado para: 150 RPM de rotação máxima.

Convertendo 150 RPM em velocidade angular (ω) pela equação:

ω = 2π(n/60) Equação 3-3

Onde n = número de rotações por minuto (RPM).

ω = 2π(150/60) → ω = 15,7 rad/s

e) Aceleração angular da esteira

A aceleração da esteira é um parâmetro que, no caso do alimentador projetado, pode

ser escolhido por meio do inversor de frequência. O inversor selecionado pode ser

programado para uma rampa de aceleração com tempo entre 0,1 a 999 segundos. Uma

restrição é que, um tempo de aceleração extremamente curto para cargas de alta inércia pode

provocar falha por sobrecorrente no inversor. Para efeito de dimensionamento foi considerado

um tempo de aceleração de 1 segundo.

A aceleração angular (α) é calculada por:

α = d ω / dt Equação 3-4

Considerando então, do repouso ao regime permanente, a variação da velocidade

angular de 15,7 rad/s e a variação de tempo de 1 s:

α = 15,7 rad/s².

Em seguida, para maior clareza, os valores obtidos nos cálculos desta subseção foram

agrupados na tabela 3-1:

Tabela 3-1: Resumo dos resultados dos cálculos

Massa da esteira 3,1 kg Massa dos 2 conjuntos rolete/eixo 2,4 kg Momento de inércia dos conjuntos rolete/eixo (I) 1,92E-03 kg.m² Momento de inércia da esteira (II) 9,98E-02 kg.m² Momento de inércia total do conjunto (I + II) 0,102 kg.m² Velocidade angular da esteira 15,7 rad/s Aceleração angular da esteira 15,7 rad/s²

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O torque necessário para colocar todo o conjunto da esteira em movimento pode ser

calculado pela segunda Lei de Newton. Para rotação, a 2ª lei de Newton pode ser escrita da

seguinte forma:

T = Īα Equação 3-5

Onde:

T = torque (Nm)

Ī= momento de inércia (kg.m²)

α = aceleração angular (rad/s²)

Utilizando o momento de inércia total do conjunto: 0,102 kg.m² e a aceleração

angular: 15,7 rad/s² na equação 3-5, o torque obtido foi: 1,6 Nm.

A potência necessária para movimentar o conjunto da esteira foi calculada por:

P = Tω Equação 3-6

A potência encontrada foi de 25,12 W. Verificou-se, portanto, que a potência

requerida para movimentar a esteira é baixa, sendo superada por um dos menores

motorredutores padrão de catálogo: 0,18 KW.

A seguir, foi determinada a relação de redução do motorredutor (i):

A relação (ou fator) de redução (i) é a razão entre a rotação de saída (ns) e a rotação de

entrada (ne) de um motorredutor: i = ns / ne.

A rotação máxima requerida para a esteira foi calculada anteriormente em 150 RPM.

Considerando que o motorredutor possui um motor elétrico de 4 pólos com rotação de 1.800

RPM a 60 Hz, a relação será 150/1800, ou seja: um fator de redução i = 1:12.

Comercialmente, a relação de redução mais próxima é de 1:15.

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3.4.2.7 Esteira (correia transportadora plana tipo cinta):

Esteira fabricada em tecido sintético (malha de poliéster) revestida interna e

externamente com PVC branco, equipada com “taliscas” para facilitar a “pega” e elevação

dos objetos. Essas taliscas são protuberâncias no formato de abas, acopladas ao longo da

correia transportadora para possibilitar o arraste dos objetos a serem transportados.

As especificações da correia transportadora são: comprimento 4.060 mm; largura 150

mm; espessura 2,8 mm; diâmetro mínimo de polia (80 mm) e massa de 3,2 kg/m² conforme

dados do fabricante [11].

Cálculo do comprimento da esteira (L):

L= 2D + π(d + e)

L= 4.060 mm

Onde:

D= distância entre centros dos roletes (mm)

d= diâmetro dos roletes (mm)

e= espessura da esteira (mm)

3.4.3 Calha de Lançamento

Devido ao constante atrito com os aplicadores, que poderia danificar chapa pintada, o

material construtivo da calha deve ser aço inoxidável. Sua construção foi especificada em

chapa dobrada de aço inoxidável AISI 304, com espessura de 1,5 mm, com acabamento

polido para garantir deslizamento dos objetos. As dimensões da calha foram detalhadas no

desenho n° 009MEC no capítulo 4. A Figura 3-11 exibe uma visão 3D da calha de

lançamento.

Figura 3-11: Calha de Lançamento

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Na extremidade de saída da calha, é montado o motor de passo e o rolete de

lançamento com seu respectivo suporte, fabricado também em aço inoxidável soldado à chapa

da calha.

O rolete de lançamento foi projetado para ser fabricado em material plástico, como por

exemplo, poliamida (Nylon®) revestido externamente com borracha macia (silicone, dureza

55 – 60 Shore A) para tracionar os aplicadores e lançá-los.

Na sequência, foi determinado o diâmetro do rolete. Como a rotação do rolete será

excêntrica em relação ao eixo, a superfície do mesmo ficará alternadamente mais afastada e

mais próxima do aplicador.

Assumindo que a parte que terá maior contato com o aplicador terá um comprimento

de ¼ da circunferência (C) do rolete e o comprimento do aplicador é 70 mm, então, para

garantir a tração adequada, ¼ da circunferência deveria medir 70 mm. Portanto o diâmetro

escolhido para o rolete foi de 90 mm, e a largura de 35 mm. Detalhes construtivos do rolete

lançador podem ser vistos no desenho n° 007MEC no capítulo 4.

Para execução do controle da velocidade da esteira elevatória, a calha foi concebida

para ter três sensores de nível: mínimo, médio e máximo. Quando o nível de aplicadores

estiver na mesma altura do sensor de nível mínimo e os outros dois sensores não estiverem

atuados, significa que a calha está com nível mínimo de aplicadores.

Então, por meio da lógica de programação do PLC, o sinal de referência de velocidade

da esteira elevatória será incrementado, aumentando sua velocidade e possibilitando o

ingresso de novos aplicadores na calha de lançamento.

De modo inverso, quando todos os três sensores estiverem atuados, significa que a

calha de lançamento está cheia e o PLC comandará a redução da velocidade da esteira

elevatória. Caso a máquina encartuchadora pare, o PLC também comandará a parada da

alimentação.

A sustentação da calha foi solucionada por meio de perfis quadrados unidos por

parafuso à estrutura da esteira elevatória e, na extremidade de saída, fixada também por perfil

metálico à estrutura da encartuchadora, contando com um coxim de borracha para absorver

vibrações.

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3.5 Especificação dos componentes elétricos

3.5.1 Inversor de frequência

Para controlar a velocidade da esteira elevatória, optou-se por empregar um inversor

de frequência. Essa escolha foi determinada pelas características de grande durabilidade desse

tipo de acionamento, baixa manutenção, boa oferta de recursos de controle e custo atrativo

dada a baixa potência requerida.

A tensão de alimentação pode ser monofásica ou trifásica 220 V ou 380 V que são os

padrões mais difundidos em equipamentos industriais para a potência requerida. A potência

do inversor deve ser suficiente para alimentar a corrente consumida pelo motorredutor de 0,18

kW.

O inversor de frequência especificado apresenta recurso para receber sinal de controle

de velocidade via entradas digitais.

Atendendo às solicitações citadas acima, foi selecionado um inversor de freqüência da

marca Weg modelo CFW-10, com tensão de alimentação de 200-240 V, corrente nominal de

saída de 1,6 A e potência nominal de 0,6 kVA, compatível para acionar um motor de 0,18

kW.

3.5.2 PLC

Para a especificação de um PLC, é necessário determinar basicamente [12]:

Número de entradas e saídas digitais

Número de entradas e saídas analógicas

Nível de tensão das entradas e saídas

Tensão e potência da fonte de alimentação

Tempo de varredura ou tempo do ciclo de execução do programa (scanning time)

Capacidade de memória versus tamanho do programa

Possibilidade de expansão futura

Interfaces de comunicação

Condições ambientais de operação

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3.5.2.1 Mapeamento de entradas / saídas

A Tabela 3-2 apresenta a lista e o tipo das entradas e saídas necessárias para o

alimentador. O nível de tensão escolhido foi 24 VCC, padrão amplamente difundido entre os

diversos fabricantes de PLC.

3.5.2.2 Fonte de alimentação

Na Tabela 3-3 as entradas e saídas foram listadas relacionando os valores máximos de

consumo de corrente fornecidos pelo fabricante do PLC.

Foi escolhida uma fonte de alimentação de 24 VCC com capacidade para 10 Amperes,

capaz de atender os 3,24 A das entradas e saídas do PLC e o driver do motor de passo de 3 A.

Tabela 3-2: Classificação das entradas/saídas do PLC

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3.5.2.3 Tempo de varredura e capacidade de memória

O programa do PLC ficou com o tamanho de 68 KB e 75 instruções. Estes valores se

mostraram compatíveis com o modelo de PLC selecionado, que pode processar até 8.000

instruções.

Atualmente, um micro PLC ou PLC de pequeno porte de qualquer fabricante

reconhecido no mercado terá capacidade de memória e um tempo de varredura típico

suficiente para executar o programa do alimentador.

O programa foi desenvolvido na ferramenta de programação “Weg TP03-PCLink”

utilizando a linguagem de programação Ladder.

3.5.2.4 Considerações finais

As condições de instalação e operação do PLC para o alimentador não exigiram

características especiais tais como equipamento a prova de explosão, redundância, etc.

Capacidade de expansão também não foi necessária, bastando apenas algumas entradas e

Tabela 3-3: Consumo das entradas/saídas do PLC

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saídas reserva para eventual necessidade. Para esta aplicação, o PLC não necessitará de

interfaces de comunicação com outras máquinas ou sistema supervisório.

A especificação mínima para o PLC foi assim definida:

Alimentação: Entrada 127/220 V CA e saída fonte 24 VCC

16 entradas e 8 saídas digitais, integradas na CPU, a transistor, tipo PNP, 24 VCC

1 saída analógica 0 a 10 VCC ou saída de controle por pulsos – PWM (Pulse Width

Modulation)

CPU: EEPROM interna de 8.000 instruções, tempo de varredura ≤6 ms

Temporizadores, contadores, flags e registros internos

Retenção de dados por bateria ou capacitor

O PLC selecionado foi o modelo TPW-03-30HT-A da marca Weg, com tensão de

alimentação de 100~240 V CA, fonte interna de 24 VCC, 16 pontos de entradas digitais, 14

pontos de saídas digitais 24 V CC a transistor, com duas saídas rápidas PWM e tempo de

ciclo entre 0,31 µs e 0,45 µs por instrução.

3.5.3 Sensores

Foram especificados os seguintes sensores:

Sensor fotoelétrico reflexivo (barreira), saída PNP 24 VCC conforme exemplo

mostrado na Figura 3-12. Estes sensores foram selecionados para detecção de produto e

disparo do rolete lançador. Optou-se pelo o sensor por barreira, pois o facho de luz atravessa a

esteira de produto da encartuchadora até encontrar o refletor (espelho) do outro lado. Somente

quando há presença de produto a barreira é interrompida e atua o sensor.

Figura 3-12: Sensor fotoelétrico reflexivo

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Sensor fotoelétrico por fibra óptica, reflexão difusa, saída PNP 24 VCC, como

mostrado na Figura 3-13-a. Estes sensores foram escolhidos para controle do nível da calha e

detectar aplicador na posição de lançamento. Optou-se por sensor fibra óptica, pois a ponteira

onde as fibras terminam tem dimensões reduzidas (Figura 3-13-b), possibilitando assim

instalá-las na calha de lançamento apenas por pequeno orifício de 2 ou 3 mm de diâmetro, que

evita interferência no deslizamento dos aplicadores.

Figura 3-13: Sensor de fibra óptica

3.5.4 Motor de passo

3.5.4.1 Determinação da rotação do motor de passo

Sabendo que o aplicador tem 70 mm de comprimento, pode-se concluir que um

deslocamento de 80 mm será suficiente para lançá-lo da extremidade da calha de lançamento.

O tempo necessário para este deslocamento foi determinado pela divisão da largura

dos compartimentos de produto (60 mm) pela velocidade da esteira de entrada da

encartuchadora (1 m/s)1. Portanto o tempo é de 0,06 s.

A velocidade linear (v) de lançamento do aplicador será então de 1,33 m/s.

Consequentemente, esta é a velocidade tangencial do rolete lançador. A velocidade angular

(ω) do rolete foi obtida pela relação v = ωR, (sendo R= ao raio do rolete, em metros,

determinado na seção 3.4.3), resultando que ω = 29,6 rad/s → aproximando:→ ω = 30 rad/s.

Convertendo para RPM: →287 RPM. Portanto, a rotação do motor de passo foi

especificada para a faixa de 300 RPM.

1 Velocidade linear obtida com a máquina na velocidade na qual se atinge a produção alvo de 90 un/min.

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3.5.4.2 Determinação do torque mínimo do motor de passo

A força necessária para o motor de passo impelir o aplicador é proporcional à massa

do mesmo. Como a massa é desprezível (6,5 g) essa força foi desprezada.

Nota: a força de atrito também foi desprezada neste caso, pois o objeto é de plástico e

a superfície da calha é de aço inoxidável polido.

Foi considerada relevante apenas a massa do rolete lançador para a determinação do

torque necessário para girá-lo.

De posse da velocidade angular (ω) e do tempo, ambos calculados na seção 3.5.4.1, a

aceleração angular foi calculada pela equação 3-4 e o valor obtido foi de α = 500 rad/s².

O momento de inércia do rolete depende de sua massa, que foi calculada

multiplicando seu volume pela densidade dos materiais. (Poliamida: ρ = 1,1 kg/dm³, aço

inoxidável ρ = 7,9 kg/dm³ e borracha vulcanizada ρ = 1,08 kg/dm³,) [13]. A massa encontrada

para o rolete foi de 150,87 g.

O momento de inércia do rolete foi calculado pela Equação 3-2

resultando em:

Ī= 1,96 x 10-4 kg.m².

O torque necessário para a rotação do rolete foi determinado pela Equação 3-5

e o valor obtido foi:

T = 0,098 Nm (aproximadamente 1 kgf.cm).

De modo a atender tais parâmetros, foi selecionado um motor de passo marca

Autonics modelo A4K-M245(W) com carcaça tamanho 42, com ângulo de passo de 1,8°, 200

passos/revolução, torque estático de 0,348 Nm, 1,2 A/fase, comprimento de 47,5 mm, flange

quadrada de 42 mm e eixo de diâmetro de 5 mm. [14]

A rotação de 300 RPM corresponde a 5 revoluções por segundo. O motor tem um

ângulo de passo de 1.8°, então, cada revolução do motor corresponde a 200 passos.

Como cada revolução do motor tem 200 passos, para que o mesmo gire a 300 RPM,

são necessários 1.000 passos em 1 segundo, ou seja, 1.000 pulsos por segundo (1.000 PPS).

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A Figura 3-14 exibe a curva Velocidade x Torque, fornecida pelo fabricante do motor

de passo, onde se pode verificar que o torque correspondente à velocidade de 1.000 PPS

excede ao torque mínimo necessário (1 kgf.cm).

Figura 3-14: Curva Velocidade X Torque do motor de passo

Para controle deste motor foi selecionado o driver de controle Autonics modelo

MD2U-MD20.

3.5.5 Componentes Elétricos Gerais

Os demais componentes elétricos de uso geral foram descritos na lista de materiais no

capítulo 4.

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3.6 Funcionamento do Sistema e Fluxograma

A partir das especificações dos componentes, dos estudos e soluções descritas nas

seções anteriores, foi possível sintetizar o funcionamento do sistema e elaborar um

fluxograma das funções, o qual serviu de base para a programação do PLC.

Na sequência, são apresentados o descritivo de funcionamento do sistema e o seu

fluxograma.

3.6.1 Descrição do funcionamento:

1. O silo do alimentador deve estar previamente abastecido.

2. Ligar o alimentador.

3. Os sensores de nível da calha de lançamento (S-4, S-5 e S-6) detectarão a condição de nível da calha, conforme lógica mostrada na Tabela 3-4.

4. Será então enviado sinal de comando para acionar a esteira elevatória, que encherá a calha.

5. A calha receberá os aplicadores e o primeiro pacote de aplicador ficará parado na ponta da calha (posição de lançamento) por meio de um pequeno ressalto de retenção feito de borracha flexível.

6. Este primeiro pacote de aplicador atuará o sensor de presença de aplicador na posição de lançamento (S-3).

7. O sistema de lançamento (motor de passo/rolete) está pronto para lançar aplicador assim que receber sinal de produto entrando na encartuchadora.

8. Se não houver aplicador na posição de lançamento (S-3) e o motor de passo receber sinal para lançá-lo, será enviado sinal de falha de alimentação para a encartuchadora.

9. Se não houver sinal de produto entrando na encartuchadora o alimentador fica em stand-by.

Tabela 3-4: Tabela-verdade do nível da calha. As combinações válidas entre os 3 sensores de nível resultam em 4 estados de saída que determinam a velocidade da esteira elevatória:

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3.6.2 Fluxograma do Programa do PLC

As Figuras 3-15 e 3-16 exibem o fluxograma de programação do PLC que foi

elaborado a partir do descritivo de funcionamento:

Figura 3-15: Fluxograma - Parte I

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Figura 3-16: Fluxograma - Parte II

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4 RESULTADOS

Como este projeto ainda não foi implementado, os resultados obtidos até o momento

foram: os desenhos mecânicos, o diagrama elétrico, o programa do PLC e a lista de materiais

e orçamento.

Neste capítulo, são apresentados esses resultados que antecedem a implementação do

projeto.

4.1 Desenhos mecânicos

Para a realização deste trabalho foram executados diversos desenhos incluindo:

modelos 3D, desenhos de detalhes de peças e desenhos de montagens. Nas próximas páginas,

são exibidos os principais desenhos mecânicos gerados para o projeto.

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4.2 Desenho Tridimensional

Para proporcionar uma visão geral do equipamento, foi elaborado um desenho

tridimensional da montagem completa, como mostrado na Figura 4-1. O desenho da

montagem, n° 010MEC pode ser visto em maiores detalhes na subseção 4.1.

Figura 4-1: Desenho Tridimensional

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4.3 Diagrama elétrico

A potência elétrica total consumida pelo alimentador é de 500 W. Foi elaborado o

diagrama elétrico do alimentador como segue nas próximas páginas.

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4.4 Programa do PLC

O programa do PLC foi elaborado em linguagem ladder por meio da ferramenta de

programação Weg TP03-PCLink. Na sequência, é mostrada a versão impressa do programa

com comentários:

Início do Programa

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Fim do Programa

4.5 Lista de Materiais

Na Tabela 4-1, foram listados os materiais utilizados no alimentador, suas quantidades

e orçamento de custo dos componentes levantados à época da conclusão do trabalho.

A mesma tabela também mostra os custos orçados com mão-de-obra técnica para

montagem, partida e testes do alimentador.

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Tabela 4-1: Lista de Materiais e Orçamento

Descrição Qtde. Preço unitário (R$)

Subtotal (R$)

Material Elétrico PLC Weg TPW-03-30-HT-A - 10635257 1 1.200,00 1.200,00Fonte de alimentação 24 VCC 10A 1 413,00 413,00Inversor de Frequencia Weg CFW-10 1,6 A 220 V Monofásico 1 357,00 357,00Driver Motor de Passo Autonics MD2U-MD20 1 644,00 644,00Motorredutor 0,18 kW 220 V 1750 rpm i= 1:15 1 780,00 780,00Motor de Passo Autonics A4K-M245(W) 1 150,00 150,00Painel Elétrico 1 200,00 200,00Chave-geral seccionadora 3P 25A 250 V 1 120,00 120,00Disjuntor termomagnético 3P 20A - C 250 V 1 27,00 27,00Disjuntor termomagnético 2P 10A - C 250 V 1 23,00 23,00Disjuntor termomagnético 2P 6A - C 250 V 1 43,00 43,00Disjuntor-motor termomagnético 3P 1...1,6A - 250 V 1 115,00 115,00Contator 3P 250 V AC3 0,18 kW 1 53,00 53,00Chave seletora de painel Ø 22 mm 1NA / 1NF 1 35,00 35,00Botão pulsante Ø 22mm iluminado amarelo 1 NA / 1NF 1 30,00 30,00Botão de emergência Ø 22mm tipo "cogumelo" 1 NA / 1NF 1 28,00 28,00Sensor fotoelétrico reflexivo 24 VCC PNP 2 238,68 477,36Sensor fotoelétrico difuso fibra ótica 24 VCC PNP 4 416,10 1.664,40Acoplador ótico 24 VCC 1 NA / 1 NF 1 47,00 47,00Lâmpada p/ painel 24 VCC vermelha 3 11,00 33,00Lâmpada p/ painel 24 VCC verde 1 11,00 11,00Relé auxiliar 24 VCC - 1 NA / 1 NF 5A 5 28,00 140,00Borne-fusível de vidro 3 A 2 14,00 28,00

Miscelânea: Bornes, terminais, cabos, canaletas, parafusos, etc... 1 350,00 350,00 TOTAL 6.968,76

Material Mecânico Chapa de aço inoxidável AISI 304 # 1,06 mm (m²) 2,5 187,50 468,75Chapa de aço inoxidável AISI 304 # 1,5 mm (m²) 0,5 212,50 106,25Perfil aço estrutural 1020 c/ costura quadrado 30 x 30 x 2,5 mm (m) 5 10,40 52,00Perfil "U" aço estrutural 1.020 80 x 25 x 3 mm (m) 4 12,00 48,00Cantoneira aço 1020 2" x 2" x 3/16" (m) 0,6 11,30 6,78Sapatas anti-vibração Ø 60 mm 4 10,00 40,00Conjuntos de rolete da esteira elevatória (material + usinagem) 2 720,00 1.440,00Caixas de rolamento SKF PF40 4 145,00 580,00Acoplamento p/ eixo Ø 12 mm K-40 1 139,00 139,00Correia transportadora Habasit 4.060 x 150 x 2,8 mm 1 320,91 320,91Rolete da calha de lançamento (material + usinagem) 1 200,00 200,00

Miscelânea: suportes em geral, parafusos, tinta, etc... 1 500,00 500,00 TOTAL 3.901,69

Mão-de-obra técnica (hora) Mecânico / montador 40 60,00 2.400,00Eletricista 24 60,00 1.440,00

Técnico em eletrônica 24 80,00 1.920,00

TOTAL 5.760,00

TOTALGERAL R$ 16.630,45

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5 CONCLUSÃO

A pesquisa desenvolvida neste trabalho buscou resolver os problemas de alimentação

manual que foram apresentados e resultou num projeto que atendeu aos objetivos propostos.

Espera-se que, com a implementação do equipamento projetado, o mesmo seja capaz

de alimentar a encartuchadora na velocidade desejada sem a utilização de um operador

dedicado. As únicas ações requeridas seriam o abastecimento do silo e o reconhecimento

(reset) de eventuais falhas, que podem ser executadas pelo mesmo operador da

encartuchadora.

O projeto procurou aliar soluções técnicas consistentes e confiáveis, que possam

operar com baixo índice de manutenção e custo viável.

A viabilidade do investimento pode ser verificada a priori, num cálculo simples,

relacionando o custo total do alimentador com o custo da economia de mão-de-obra.

O custo mensal de um operador neste tipo de indústria é de R$ 1.720,00 (salário e

encargos). Considerando o valor do investimento no alimentador de R$ 17.000,00, em dez

meses de operação seu custo seria amortizado. Além da economia de energia elétrica, pois a

linha de produção operando com maior velocidade pode suprir a demanda de produção em

menor tempo.

5.1 Contribuições

As principais contribuições deste trabalho foram: a pesquisa por soluções técnicas para

viabilizar o alimentador, os dimensionamentos efetuados e os estudos e detalhamentos para

implementar cada função da máquina, além do software de controle.

5.2 Extensões

Este trabalho pode ser continuado, visando alcançar um nível mais sofisticado de

automação ou melhorar os materiais e componentes empregados.

Em eventos de falha, por exemplo, o sistema poderia executar automaticamente uma

ou mais tentativas para reiniciar sem a intervenção do operador, antes de parar a máquina.

Outra possibilidade seria um estudo para substituição dos atuadores elétricos por

atuadores pneumáticos.

Page 75: Engenharia Mecânica Automação e Sistemas …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1795.pdf · Os produtos a ser encartuchados entram na máquina pela esteira transportadora,

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