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ENGENHARIA MECÂNICA NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS Transporte Marítimo Trabalho realizado por: MIEM03_03 Bruna Fonseca [email protected] Carlos Pereira [email protected] Gonçalo Pereira [email protected] João Soeiro [email protected] Lourenço Alves [email protected] Luísa Gonçalves [email protected] Coordenadora: Teresa Duarte Supervisor: José Ferreira Duarte Monitor: Miguel Macieira

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ENGENHARIA MECÂNICA NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS | Transporte Marítimo

Resumo

No presente relatório pretende-se explicitar a contribuição da engenharia

mecânica para o transporte de mercadorias por meio aquático. Assumimos

como objetivo apresentar a importância desta área da engenharia não só na

evolução dos meios de transporte marítimos ao longo da história, mas também

na logística e organização dos portos, pois ambos possuem uma relação

inquebrável que pretendemos acentuar. Ao longo deste trabalho procuramos

também encontrar os pontos positivos e negativos mais importantes deste tipo

de transporte de mercadorias, que apesar de ter sido, em parte, substituído por

outros meios de transporte, continua a ser o mais utilizado. Para complementar

este trabalho, recorremos a entrevistas a trabalhadores da APDL (Administração

dos Portos Douro e Leixões) de modo a enriquecê-lo e assim abordar o ponto de

vista de alguém experiente relativamente ao tema a retratar.

Em suma, este projeto pretende informar sobre o transporte de mercadorias

marítimo e mostrar a sua eficácia, mas também apresentar alguns dos aspetos

que podem ser melhorados de modo a otimizá-lo.

Palavras chave

Engenharia Mecânica; Transporte; Mercadoria; Lei de Arquimedes; Impulsão;

Materiais; Propulsão; Impacto ambiental.

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ENGENHARIA MECÂNICA NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS | Transporte Marítimo

Agradecimentos

O presente relatório requereu a ajuda de vários profissionais e instituições que

forneceram um suporte indispensável a sua realização.

Entre outros, queríamos agradecer ao nosso monitor Miguel Maceira e ao

supervisor José Ferreira Duarte pelo acompanhamento ao longo das semanas e

pelos comentários essenciais à melhoria deste projeto.

Também a Faculdade de Engenharia Da Universidade do Porto nos

disponibilizou todos os equipamentos e fontes de informação necessárias.

Um agradecimento especial ao engenheiro Dantas da Rocha da APDL que

contribui com informação sobre o seu trabalho e sobre o transporte de

mercadorias no porto de Leixões.

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ENGENHARIA MECÂNICA NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS | Transporte Marítimo

Índice

Resumo ......................................................................................................................................................... 1

Palavras chave .............................................................................................................................................. 1

Agradecimentos ........................................................................................................................................... 2

Glossário ....................................................................................................................................................... 5

Lista de abreviaturas .................................................................................................................................... 5

Introdução .................................................................................................................................................... 6

Conceito de engenharia mecânica ........................................................................................................... 6

Transportes marítimos ............................................................................................................................. 6

Outros meios de transporte ..................................................................................................................... 7

História ......................................................................................................................................................... 8

Como flutuam os barcos- Lei de Arquimedes ......................................................................................... 13

Processo de Flutuação ........................................................................................................................ 14

Contributo da engenharia mecânica .......................................................................................................... 15

Materiais Utilizados ................................................................................................................................ 15

Constituição de um navio ................................................................................................................... 15

Fibras .................................................................................................................................................. 16

Tipos de propulsão ................................................................................................................................. 17

Conceito de Propulsão........................................................................................................................ 17

Remo .................................................................................................................................................. 17

Vela náutica ........................................................................................................................................ 17

Motor a diesel .................................................................................................................................... 18

Vantagens e Desvantagens ......................................................................................................................... 19

Impacto ambiental ................................................................................................................................. 19

Estatísticas .................................................................................................................................................. 21

Porto de Leixões ..................................................................................................................................... 21

Tipos de navios ........................................................................................................................................... 23

Perspetivas futuristas ................................................................................................................................. 25

Conclusão ................................................................................................................................................... 27

Referências bibliográficas ........................................................................................................................... 28

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Lista de figuras

Figura 1- Transporte de Mercadorias via aquática ....................................................................................... 6 Figura 2- Canoa de tronco oco ..................................................................................................................... 8 Figura 3- Projeto de watt .............................................................................................................................. 9 Figura 4- Expulsão do vapor no barco a vapor ........................................................................................... 10 Figura 5- Remo antigo em madeira ............................................................................................................ 17 Figura 6- Constituição do motor a diesel .................................................................................................... 18 Figura 7- Comparação do Custo de cada transporte por unidade de volume por distância (K/m) ............ 19 Figura 8- Comparação da emissão de dióxido de carbono pelos vários transportes por km de carga

transportada ............................................................................................................................................... 20 Figura 9- Petroleiro ..................................................................................................................................... 23 Figura 10- Porto com contentores ............................................................................................................. 23 Figura 11- Projeto rolls-royce ..................................................................................................................... 25 Figura 12- Projeto vindskip ......................................................................................................................... 26 Figura 13- Vantagens do projeto ................................................................................................................ 26

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Glossário

Impulsão - força que um fluido exerce sobre um corpo, quando este está

parcial ou inteiramente imerso nele, e que é dirigida verticalmente de baixo

para cima (força exercida pela água sobre o barco).

Peso aparente - Peso que o corpo aparenta quando se encontra dentro de

um fluido.

Logística - relação entre contabilidade, organização e planeamento de

várias áreas como armazenamento, distribuição e manutenção de

produtos.

Porto - um local com instalações que permitam amarrar navios mercantes e

descarregar ou carregar mercadorias, bem como desembarcar ou

embarcar passageiros dos ou nos navios.

Propulsão- movimento criado a partir de uma força impulsora

Lista de abreviaturas

TEU (Twenty-foot Equivalent Unit)- unidade de medida equivalente a 20 pés

APDL- Administração dos Porto do Douro e Leixões

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Introdução

Neste relatório pretendemos demonstrar a importância da engenharia mecânica na sociedade atual, mais concretamente no transporte de mercadorias via marítima.

Conceito de engenharia mecânica

A engenharia mecânica atua sobre diversas áreas tais como construção, análise, operação e manutenção de sistemas mecânicos, desenvolvendo e projetando máquinas e sistemas, ou seja, ferramentas que visam facilitar e optimizar determinados setores da indústria. O engenheiro mecânico tem ainda a função de calcular a necessidade de matéria-prima e providenciar moldes de peças que serão fabricadas. Além disto, é ainda responsabilidade do engenheiro mecânico testar os produtos obtidos analisando a sua resistência, conferindo medidas, etc. Assim, esta área desempenha um papel fundamental para o funcionamento da maioria dos equipamentos do nosso quotidiano, constituindo-se numa área indispensável para o desenvolvimento tecnológico, científico e económico.

Transportes marítimos

O transporte de mercadorias pode ser efetuado

por diferentes meios (terrestre, aéreo e

aquático). Neste trabalho iremos explorar a

evolução e desenvolvimento do

transporte por meio aquático (figura 1),

tanto marítimo como fluvial. O

transporte marítimo é o que utiliza,

como o nome indica, como via de

circulação os mares abertos. O transporte

fluvial faz-se por rios e lagos. Como o

transporte aquático se faz na sua maioria por

mar, a denominação de transporte marítimo é usada correntemente como

sinónimo.

Neste contexto, iremos abordar vários aspetos, desde os primeiros barcos, às

FIGURA 1- TRANSPORTE DE MERCADORIAS VIA AQUÁTICA

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mais recentes infra-estruturas e processos de logística, bem como as nossas perspetivas para o futuro nesta área promissora.

Desde os primórdios da humanidade que a raça humana teve a necessidade de transportar bens e mercadorias, tendo a engenharia desempenhado um papel imprescindível na evolução desses transportes essenciais para o desenvolvimento da humanidade, e de modo especialmente relevante no transporte marítimo já que este foi o primeiro modo eficiente de transporte de grandes quantidades de mercadoria. Atualmente, cerca de 80% de toda a mercadoria mundial (em volume) é transportada por mar e distribuída pelos portos de todo o mundo.

A mercadoria transportada e armazenada nos portos é muito variada, desde medicamentos e alimentos, a automóveis e líquidos derivados do petróleo. Na atualidade, os portos de maior destaque possuem uma moderna e grande infra-estrutura, que envolve máquinas e centros de armazenagem.

Outros meios de transporte

Para além do meio marítimo, as mercadorias podem ser transportadas por meio

aéreo ou terrestre. Os aviões e os comboios são, alguns exemplos dos

transportes referidos, que envolvem uma grande complexidade, também

derivada da Engenharia Mecânica, que foi crucial para todos estes meios

evoluírem.

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História

A história do barco estende-se desde a

Idade da Pedra, quando o Homem

descobriu que um tronco é capaz de

flutuar. Ao longo da evolução foi-se

apercebendo que era possível moldar o tronco

de forma a torna-lo mais estável.

O primeiro meio de transporte marítimo foram as canoas contruídas com

troncos de árvores coníferas (figura 2), cerca de 8000 a.C., e mais tarde as

jangadas e barcos feitos de junco 5000 a.C..

Contudo, os primeiros navios que percorriam já maiores distâncias eram

movidos por velas. Pequenos, em contraste com grandes transatlânticos de hoje

e navios de carga, estes eram também dependentes do vento e do tempo em

geral, ainda que desempenhassem o seu papel no comércio e na exploração.

Por séculos o seu design permaneceu fundamentalmente inalterado. No

Império Romano dependia-se das galés que eram movidas a remos, mas os

povos germânicos já confiavam sobretudo nas velas.

Para navegar no Atlântico e levar carga, os vikings utilizavam um barco

chamado knarr. Os knarrs eram muito parecidos com os seus barcos longos,

mas eram mais fundos e mais largos e os conveses eram cobertos na proa e na

popa e abertos apenas a meia-nau. Era frequente os knarrs terem mais de

cinquenta pés de comprimento, com uma largura de cerca de quinze pés. Podia

navegar em águas pouco profundas, sendo, portanto, um bom barco de rio. Era

sobretudo um barco à vela, recorrendo aos remos só quando não havia vento.

Com vento a favor o knarr podia atingir uma velocidade de oito nós. Já os barcos

longos conseguiam atingir, com remos, os quinze nós e tinham 35 metros de

comprimento. No século X apareceram os cogs também chamados de barcos

redondos, porque tinham cascos bastante largos em relação ao comprimento,

ao contrário do que acontecia em barcos anteriores. O barco redondo foi, sob

várias perspetivas, uma extensão do návio de transporte viking, o knarr. O cog

era um navio à vela com grande estabilidade e com maior espaço para carga e

apresentava a novidade de não ter remos, mas ser um verdadeiro barco

adaptado à navegação, capaz de fazer longas viagens e de transportar pesadas

mercadorias.

A descoberta do Novo Mundo intensificou a procura de maiores embarcações.

A construção naval tornou-se essencial às nações marítimas da Europa. O

FIGURA 2- CANOA DE TRONCO OCO

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engenheiro naval bem-sucedido era suscetível de ser alvo de favores reais, e as

suas criações assumiam cada vez mais uma aparência ostensiva. Os grandes e

ricamente ornamentados navios da Armada Espanhola eram sugestivos de umas

fortalezas flutuantes. Mas os ingleses que muito aprenderam das suas viagens

de descoberta e de comércio a terras distantes, construíam menores, mais

velozes e manobráveis navios que provaram ser mais eficazes em ação. Pelo

século XIX as grandes embarcações à vela da era dos veleiros atingiram uma

perfeição quase sem precedentes para navios, resultado das pressões da

procura da velocidade das longas viagens de comércio de chá e especiarias

entre o Extremo Oriente e Inglaterra e América, e do crescente comércio entre

Europa e América do Norte. No entanto, enquanto os navios à vela atingiam o

seu mais alto desenvolvimento, as sementes da sua obsolescência eram

lançadas.

Nos anos seguintes ao desenvolvimento bem sucedido da máquina a vapor pelo

engenheiro mecânico James Watt (1736-1819) no final do século XVIII, os

primeiros barcos a vapor experimentais foram testados em canais da Escócia e

em rios em Nova Jérsia. Watt trabalhou na Universidade de Glasgow, na

Escócia, onde começou a interessar-se pela máquina a vapor de Newcomen, um

aparelho ainda primitivo e ineficaz, que

estava a ser utilizado para extrair água das

minas. A máquina de Newcomen era grande

e não tinha muita força, era de difícil

manutenção e perdia mais de 80% do vapor.

Baseando-se em princípios completamente

diferentes, Watt desenhou uma máquina

bastante superior em 1765 (figura 3).

Utilizar a máquina de Watt como fonte de

energia de um barco era o mais óbvio, uma

vez que não havia necessidade de carris nem era preciso que a máquina fosse

leve. Assim as tentativas de construir um barco a vapor começaram quase

imediatamente (na sequência de tentativas falhadas de utilizar a ineficaz

máquina de Newcomen como fonte de energia para pôr um barco em

movimento). Alguns dos primeiros barcos parecem ter desempenhado

adequadamente as suas funções, mas não tiveram continuação. E então

apareceu o Eng. Robert Fulton (1765-1815).

Fulton era americano, mas começou a sua ilustre carreira em França, onde

construiu o primeiro submarino de sucesso, o Nautilus, a pedido de Napoleão

FIGURA 3- PROJETO DE WATT

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Bonaparte. Construiu depois um grande barco a vapor, com 66 pés de

comprimento, e submeteu-o a testes no Rio Sena em 1803. O resultado foi bom

e o barco chegou mesmo a atingir uma velocidade de 3 a 4 milhas por hora

contra a corrente. Quando se preparava para regressar aos Estados Unidos,

Fulton encomendou o último modelo de máquina a vapor a Boulton, sócio de

Watt. Despachou-o para os Estados Unidos e utilizou-o em 1807 como fonte de

energia de um barco a vapor que veio a ser conhecido por Clermont. Na

máquina a vapor a água é aquecida utilizando madeira, carvão ou óleo

queimados numa caldeira, um recipiente fechado. Quando a água alcança os

212 graus Fahrenheit (100ºC),

começa a transformar-se em vapor,

aumentando assim bastante o

volume e fazendo pressão na

caldeira. Se esta continuasse

fechada, a pressão do vapor

acabaria por abrir com violência

essa mesma caldeira, que contém a

energia básica da máquina a vapor.

Mas em vez de deixar a caldeira

explodir, a máquina domina a

energia do vapor em plena expansão através de uma válvula que permite que o

vapor se escape da caldeira para um cilindro (figura 4). O cilindro contém um

pistão e o vapor que entra empurra o pistão até ao fim do cilindro e é nessa

altura que o vapor pode sair. Quando o vapor se solta, o pistão regressa à outra

extremidade do cilindro e nessa altura o cilindro permite uma nova explosão de

vapor e o ciclo energético repete-se. O pistão está ligado ao eixo de um came

que põe em movimento aquilo a que a máquina está a fornecer energia, não as

rodas de um comboio ou de uma máquina industrial com um tear mecânico,

mas sim as rodas de pás. O barco tinha 150 pés de comprimento e 16 de largura

e tinha uma roda de pás em cada lado e o seu modelo acabou por ser um

clássico dos barcos a vapor. O Clermont aguentava uma velocidade de cinco

milhas por hora e foi um êxito comercial imediato. O barco conseguia fazer uma

viagem de 241 km, no rio Hudson entre Nova Iorque e a capital do estado,

Albany em cerca de 30 horas, bastante mais rápido do que qualquer outro meio

de transporte. E era muito mais barato- transportar a mesma carga de

mercadorias numa carroça durante a mesma distância custava 100 vezes mais.

Mal o Clermont abriu o caminho, os barcos a vapor começaram a povoar as vias

fluviais americanas e os rios da Europa Ocidental não tardaram também a

encher-se desse tipo de barcos.

FIGURA 4- EXPULSÃO DO VAPOR NO BARCO A VAPOR

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Em 1819, uma similar máquina de vapor a lenha foi instalada para conduzir

rodas de pás no recém-construído Savannah, que foi do porto de Geórgia para

Liverpool em 25 dias. O Savannah foi anunciado como o primeiro barco a vapor

de oceano. No entanto, foi totalmente equipado com velas e podia usar o motor

apenas por períodos limitados devido à enorme taxa de consumo de

combustível.

Por esta altura, alguns cientistas ingleses proeminentes afirmavam que nenhum

navio poderia ser construído suficientemente grande para transportar o

combustível necessário para cruzar o oceano apenas com o poder do vapor.

Com a maquinaria à data, estavam, sem dúvida corretos. Após Savannah

regressar à América, a sua maquinaria foi removida e o seu tempo útil foi

completado apenas sob o poder da vela.

Apesar do sucesso limitado e de retrocessos desastrosos devido a explosões de

caldeiras, os defensores da energia a vapor para navios perseveraram. Veleiros

ainda eram favoritos de várias companhias de navegação e empreendedores

bem-sucedidos que operavam nas rotas comerciais do Atlântico Norte já em

1839. Nesse ano, Samuel Cunard, um engenheiro civil britânico nascido na Nova

Escócia, começou a mudança para energia a vapor. Cunard ganhou um contrato

do governo britânico para o transporte de correio para a América em navios

com máquinas a vapor como complemento das velas. Cunard acabou por fundar

uma grande empresa de navios a vapor. O seu primeiro navio tinha rodas de pás

de madeira, 207 pés de comprimento e foi contruído no rio Clyde na Escócia

chamando-se Britannia. Sua viagem inaugural, começando em 4 de Julho de

1840, de Liverpool a Boston levou 14 dias e 8 horas.

Em 1855, Cunard tinha completado mais de uma dúzia de barcos de madeira

movidos a vapor que lentamente estabeleceram o vapor como um sério

competidor aos veleiros. Em poucas décadas o vapor suplantava a vela.

Em 1856, o primeiro navio a vapor de Cunard com rodas de pás de ferro, o

Persia, foi construído. Alcançava os 14 nós (14 milhas náuticas por hora) sendo

considerado o mais rápido. A sabedoria do governo britânico ao apresentar suas

exigências que levaram ao estabelecimento da competitiva Cunard Steamship

Company, é justificada pela abordagem à Guerra da Crimeia. Assim suportes

militares e progressos no transporte de mercadorias correlacionavam-se. Em

emergência 14 navios de Cunard tornaram-se imediatamente disponíveis para o

governo enviar tropas e mantimentos.

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Com todo este desenvolvimento a arquitetura naval rapidamente se consolidou

como uma ciência. Os novos e maiores navios a vapor apresentavam problemas

na força e na estabilidade do casco. Havia também um problema com a

velocidade. Os motores a vapor apresentavam vantagens, mas o conhecimento

sobre como melhor os utilizar teve de esperar até novos tipos de barcos serem

realmente construídos. O desafio foi aceite com entusiasmo e energia por

muitas das mentes excecionais da Europa e América. O engenheiro inglês

Isambard Kingdom Brunel, auxiliado pelo arquiteto naval John Scott Russel, fez

um notável progresso na construção de grandes navios. O Great Western de

Brunel tornou-se no primeiro navio para fazer regulares viagens transatlânticas

bem sucedidas. Constrúido em 1838 em Bristol, Inglaterra, para a Great

Western Railway Company, era um navio a vapor de madeira com rodas de pás

de 1440 toneladas brutas e atravessava o Atlântico em 15 dias. Mais tarde,

Brunel desenhou o Great Britain para o mesmo proprietário e serviço entre

Bristol e Nova York. Em vez das rodas de pás o navio era impulsionado por

hélices propulsoras, e tinha um casco de ferro. Foi o maior navio da sua época e

o primeiro navio a vapor com hélices propulsoras a atravessar o Atlântico na sua

viagem inaugural, em 1845.

Brunel então concebeu um navio a vapor ainda maior para transporte de

mercadorias entre Inglaterra e Calcutá via Cabo da Boa Esperança chamado de

Great Eastern. A embarcação de ferro teria 692 pés de comprimento, seis

mastros de velas e cinco chaminés, um par de rodas de pás a meio, uma de cada

lado, e uma grande hélice na popa. Como planeado, o navio conseguia

transportar uma enorme quantidade de carvão não apenas como combustível

para as suas próprias viagens, mas também para o reabastecimento, ao longo

da rota, para a Índia de embarcações menores.

Depois de vários anos de construção o navio foi lançado no Tamisa em 1858.

Infelizmente o custo de construção excedeu as estimativas, e a empresa de

construção foi obrigada a fechar. O Great Eastern foi vendido para uso no

Atlântico Norte. Do ponto de vista da engenharia o Great Eastern foi um trunfo.

Mas não foi teve êxito financeiro ao serviço de transporte de mercadorias

devido a instalações inadequadas para a expedição de cargas em terminais

portuários. No entanto, oito anos mais tarde o navio fez um excelente serviço

na colocação do primeiro cabo telegráfico transatlântico.

Durante as décadas de 1840 e 1850 as opiniões diferiam fortemente acerca das

vantagens de rodas de pás e hélices propulsoras para navios a vapor. A linha de

Cunard e outros inclinaram-se para as hélices. Em 1845 o governo britânico

patriocinou um teste único: um cabo de guerra entre Rattler movido a hélice e

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Alecto movido a rodas de pás. Cada navio tinha cerca de 800 toneladas. Num

dia calmo as embarcações foram dirigidas em sentidos opostos com cabos

grossos a anexar a popa de um com a do outro. A superioridade da hélice foi

demonstrada de forma convincente com Alecto a ser vergonhosamente

rebocado pelo Rattler.

Como flutuam os barcos- Lei de Arquimedes

Na sua obra Sobre os corpos flutuantes, o engenheiro e matemático grego Arquimedes (século III a.C.) assumiu que se corpos estão a flutuar ou suspensos em água, de forma que áreas iguais, na mesma profundidade, são pressionadas para baixo por diferentes pesos, então a água e os corpos deslocam-se até que todas essas áreas iguais, em determinada profundidade, sejam pressionadas para baixo pelo mesmo peso. A partir desse pressuposto, Arquimedes deduziu consequências gerais para corpos flutuantes e submersos.

Considere-se um navio, cujo peso é inferior ao peso de um mesmo volume de água. O navio flutua na superfície da água e desloca alguma quantidade de água. Se marcarmos uma extensão horizontal na água numa certa profundidade imediatamente por baixo do navio flutuante, e com uma área igual à do corpo na sua linha de flutuação, então o peso que pressiona essa superfície será o peso do navio mais o peso da água acima dessa extensão, não incluindo a água deslocada pelo corpo flutuante, que já não se encontra acima da extensão. Podemos compará-lo ao peso que pressiona para baixo uma extensão de mesma área e com igual profundidade, mas afastada do local da embarcação. Esse peso não inclui o peso do navio, mas inclui toda a água que preenche essa extensão até a superfície, já que não há deslocamento de água. Para que ambas as extensões sejam pressionadas para baixo pelo mesmo peso, o peso da água deslocada pelo corpo flutuante tem de ser igual ao peso do corpo flutuante. Daí que o peso de um navio seja geralmente referido como o seu “deslocamento”. A força de impulsão exercida sobre o corpo é numericamente igual ao peso da água deslocada. Considere-se agora um corpo cujo peso é maior que o de um igual volume de água. Esse corpo não irá flutuar, mas pode ser suspenso na água por um cabo. Se o cabo estiver ligado a um braço de balança, podemos medir o peso aparente (Pa) do corpo quando submerso. O peso que pressiona para baixo uma extensão horizontal na água, em alguma profundidade diretamente abaixo do corpo suspenso, será igual ao peso real (P) do corpo suspenso menos o peso aparente, que é cancelado pela tensão no cabo, mais o peso da água sobre a extensão, que obviamente não inclui a água deslocada pelo corpo. Podemos compará-lo ao peso que pressiona para baixo uma extensão de mesma área e com igual profundidade, que não inclua o corpo, mas

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toda a água dessa extensão até a superfície. Para que ambas as extensões sejam pressionadas para baixo pelo mesmo peso, temos: P – Pa = Pd, em que Pd é o peso da água deslocada. Deste raciocínio e do facto de o mesmo ser aplicável a qualquer outro fluído deriva a chamada Lei de Arquimedes:

"Todo o corpo mergulhado num fluido em repouso fica sujeito a uma força vertical de baixo para cima cuja intensidade igual ao valor do peso do fluido deslocado pelo corpo".

O valor da impulsão I é igual a diferença entre os valores do peso do corpo e do seu peso aparente (Peso que o corpo aparenta quando se encontra dentro de um fluido): I=P-Pa.

Processo de Flutuação

Se densidade do corpo for menor do que a do fluido então o peso do corpo será menor do que a força impulsão e deste modo o corpo será empurrado para a superfície, aproximadamente, até que o peso de um volume de fluído correspondente ao volume submerso do corpo seja igual ao peso do corpo.

Num corpo em flutuação no líquido verificam-se as seguintes características:

1. Encontra-se em equilíbrio 2. Volume de líquido que ele desloca é menor do que o seu volume 3. A sua densidade é menor do que a densidade do líquido 4. Valor do peso aparente é nulo

Mas não é apenas a impulsão que permite o transporte aquático. A lei de Arquimedes aplica-se a outros líquidos, mas em muitos a sua viscosidade seria impeditiva. A água tem uma propriedade especial relacionada com a sua própria química que a torna à medida. Devido à sua polaridade, as moléculas de água tendem a ligar-se umas às outras por pontes de hidrogénio, que se estabelecem entre os átomos de hidrogénio de uma molécula e os átomos de oxigénio de moléculas próximas. Assim, as moléculas de água bloqueiam-se numa coesão muito forte que origina uma tensão superficial. Em vez de aderirem ao barco as moléculas de água aderem umas às outras. São como uma camada que permite que os navios deslizem enquanto flutuam.

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Contributo da engenharia mecânica

A engenharia mecânica tem um papel indispensável em diversas áreas desde a projeção e desenvolvimento de novas ideias até à sua concessão, participando quer na automação de linhas de produção, sistemas de controlo, etc. quer na construção de equipamentos mecânicos e térmicos e na sua manutenção.

Especificando, no transporte marítimo de mercadorias, a engenharia mecânica foi não só indispensável na evolução dos navios ao longo dos séculos, mas é também essencial na escolha dos materiais a utilizar em cada tipo de embarcação tendo em conta o tipo de navegação pretendido: a sua massa, velocidade, etc., na manutenção dos seus equipamentos. Também na construção e funcionamento dos portos a engenharia mecânica tem um papel essencial.

Para a construção de um porto é necessária a contribuição de diversas áreas da engenharia tais como engenharia de solos (estudo dos movimentos de areias), engenharia civil (construção de infraestruturas), eletrotécnica, entre outras. A engenharia mecânica é a que se dedica não só ao estudo da carga a transportar em cada porto e projeta máquinas e equipamentos adequados ao tipo e quantidade de carga, mas tem também a função de fazer a sua manutenção (de gruas, empilhadoras, etc.) e no caso de avaria em algum equipamento agir rapidamente de forma a não haver prejuízo ou atraso no transporte. Além disto, está também ao cargo do engenheiro mecânico o cálculo e planeamento da distribuição da carga pelo navio para que este não afunde e também o cálculo das defensas necessárias para o navio não chocar contra o cais tendo em conta a velocidade e tamanho do navio, o vento, etc.

Materiais Utilizados

Para a construção de um navio é necessário ter em conta os materiais a utilizar

em cada parte específica, já que um navio é constituído pelas mais diversas

estruturas.

Constituição de um navio

o Casco (estrutura principal)

o Aprestamento - estruturas secundárias

o Máquinas

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o Tubagens, condutas e acessórios

o Instalações elétricas

o Isolamento e revestimento

A maioria dos materiais utilizados na construção de navios são materiais

metálicos, madeira e plásticos reforçados a fibra. A escolha do material mais

adequado a utilizar é feita com base nas propriedades de cada um: físicas,

mecânicas, resistência à corrosão e ao desgaste, o seu comportamento a

diferentes temperaturas, etc.

A produção de todos os aços utilizados para construção naval começa pela

fundição do minério de ferro composto por cerca de 92% a 97% de ferro (sendo

as restantes substâncias carbono, silício, manganês, enxofre e fósforo).

Fibras

Fibras de poliamida e de poliéster são utilizadas em velas e cabos náuticos,

devido à sua elevada resistência, baixa absorção de água, resistência à luz solar

(UV).

Fibras de vidro são aplicadas em isolamentos térmico devido à sua baixa

condutividade térmica, proporciona a sua aplicação de diversas formas, redução

da reverberação.

As fibras de carbono, vidro e aramídea são aplicadas em materiais em cascos de

barcos e navios devido a características como elevada rigidez, baixo peso, boas

propriedades mecânicas. O objetivo na construção dos cascos dos navios é

obter uma maior resistência ao impacto com o menor peso possível.

Nas embarcações de competição, os compósitos de fibra de carbono são

também utilizados como forma de garantir a produção de componentes

extremamente finos e resistentes, garantindo a possibilidade de elevadas

velocidades.

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Tipos de propulsão

Conceito de Propulsão

Para o deslocamento das embarcações é necessária produção de energia

mecânica. Desta forma a propulsão naval é o modo utilizado para obtenção

dessa energia.

Os remos, a vela, o motor a vapor, o motor diesel e a turbina a gás são os

principais meios de propulsão naval e alguns deles são explicados de seguida.

Remo

O remo foi o primeiro meio de

produção de energia que surgiu,

tendo sofrido um processo de

evolução da sua complexidade.

Este inicialmente consistia num

bastão longo de madeira (figura

5) que ajudava no movimento das canoas (também de madeira que

anteriormente referimos), através do seu manuseamento.

O remo funciona como um prolongamento do braço pois funciona como uma

alavanca que impele a água para trás e faz mover a embarcação.

O remo foi evoluindo de forma a otimizar a sua função, passando por alterações

tais como no seu comprimento dependendo do tipo de barco, na sua

constituição (passou a utilizar-se fibra de carbono) e tornou-se a sua parte

superior arredondada (como uma pá).

Hoje em dia, o remo possui uma reduzida importância sendo mais utilizado com

intuito desportivo, pois para o transporte de mercadorias foi em grande parte

substituído por motores.

Vela náutica

A vela é um tipo de propulsão muito utilizado pois não necessita de motor, o

seu trabalho é gerado quando exposta ao vento. As velas dividem-se em três

FIGURA 5- REMO ANTIGO EM MADEIRA

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grupos segundo o seu formato: quadrada ou redonda, áurica (quadrangular não

simétrica) e a latina (triangular que permite navegar contra o vento).

O seu funcionamento gera propulsão de duas diferentes formas

o aproveitando o vento e deslocando-se no mesmo sentido que este;

funcionamento semelhante a um para-quedas

o a vela posiciona-se transversalmente ao vento levando este a percorrer

uma trajetória maior do lado côncavo da vela no mesmo intervalo de

tempo levando a uma diferença de pressão entre os lados que força a

vela.

Motor a diesel

É um motor (figura 6) em que a

combustão é feita pelo aumento da

temperatura resultante da compressão

do ar. Este motor funciona a 4 tempos:

admissão, compressão, combustão e

escape.

Durante o processo, o ar aquecido pela compressão inflama o óleo diesel (na camara de compressão). O óleo diesel é bombeado para cada injetor.

Este tipo de motor tem desvantagens, entre as quais, o elevado custo, cheiro e intenso a combustível queimado, ruído, grande peso, vibração que leva a baixa rotação, entre outras.

FIGURA 6- CONSTITUIÇÃO DO MOTOR A DIESEL

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Vantagens e Desvantagens

Apesar dos importantes contributos da engenharia mecânica nos transportes de

mercadorias por meio marítimo terem trazido inúmeras vantagens, existem

também desvantagens associadas a este tipo de transporte.

Vantagens: aumento do tamanho e quantidade de carga possível de ser transportada, para deslocações intercontinentais, poucos custos de deslocação (em comparação com outros tipos de transporte- figura 7); descongestionamento da via terrestre.

Desvantagens: baixa velocidade de transporte, maior tempo de descarga devido à necessidade dos produtos passarem por portos/alfândegas, longa distância dos portos aos centros de produção, estragos ou perdas de mercadorias, poluição.

Impacto ambiental

O transporte marítimo é responsável na atualidade por cerca de 4% da emissão de gases poluentes e causadores do efeito de estufa a nível mundial. Em 2007 a frota de mercadoria mundial emitiu cerca de 1,2 biliões de toneladas de dióxido de carbono o que representou 4,5% da quantidade de gases poluentes em todo o mundo.

Estes gases, tais como dióxido de carbono (CO2), óxidos de azoto (NOx) e óxidos de enxofre (SOx) são os principais responsáveis pela poluição atmosférica o que pode causar impacto a nível ambiental e também na saúde humana, através da contaminação (por gases, partículas sólidas, líquidos em suspensão ou material biológico).

De acordo com estudos científicos recentes, a poluição atmosférica devida ao transporte marítimo, é causadora de cerca de 50 mil mortes prematuras por

FIGURA 7- COMPARAÇÃO DO CUSTO DE CADA TRANSPORTE

POR UNIDADE DE VOLUME POR DISTÂNCIA (K/M)

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ano na Europa.

Contudo, para efeitos de comparação com outros meios de transporte é necessário calcular a razão entre a quantidade de gases poluente e a quantidade de carga transportada pois apesar destes valores, é o transporte por meio marítimo que apresenta o mais baixo valor de emissão de CO2 por tonelada transportada (figura 8).

FIGURA 8-COMPARAÇÃO DA EMISSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO PELOS VÁRIOS TRANSPORTES POR KM DE CARGA

TRANSPORTADA

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Estatísticas

Porto de Leixões

Inicialmente, as cargas e descargas de mercadorias decorriam no rio Douro, o

qual tinha condições desfavoráveis para o fazer: baixa profundidade,

instabilidade da barra do rio, entre outras. Assim, houve necessidade de criar

um porto mais adequado. Com isto, as obras do Porto de Leixões iniciaram-se

em 13 de Julho de 1884 e este veio-se a tornar dos mais importantes portos do

país onde se registaram em 2015 os seguintes dados:

o 18,7 milhões de toneladas de carga transportada, das quais 5,8 milhões

exportadas

o 624 mil TEU´s

o 2712 navios

o 12 concessionários

o 60 agentes de navegação

o Exportação para 184 países

Apresentam-se ainda as estatísticas do movimento anual de carga.

Ano

Carga

Geral

Fracionada

Carga

contentorizada

RO-

RO

Granéis

Sólidos

Granéis

Líquidos Total

2015 1 146 5 988 705 2 568 8 353 18 760

2014 1 021 6 512 407 2 323 7 828 18 091

2013 895 6 296 75 2 095 7 825 17 186

2012 917 6 458 18 2 174 7 048 16 615

2011 935 5 409 10 2 503 7 506 16 363

2010 596 4 992 23 2 229 6 730 14 570

Tabela 1- Estatísticas porto de Leixões de 2003 a 2015

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2009 346 4 546 67 2 086 7 094 14 139

2008 647 4 633 22 2 191 8 142 15 635

2007 740 4 426 33 2 106 7 643 14 948

2006 570 3 866 26 2 150 7 404 14 016

2005 487 3 539 9 2 302 7 713 14 050

2004 467 3 549 11 2 378 7 298 13 703

2003 546 3 185 10 2 237 7 471 13 450

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Tipos de navios

Existem três grandes categorias de navio: de transporte, de pesca e auxiliares.

Dentro dos navios que transportam mercadorias, existem vários tipos

dependendo do tamanho e forma e principalmente da carga que transportam.

São estes alguns deles:

1. Navio-Tanque: transporte de

líquidos (petróleo e derivados,

gás liquefeito, água, vinho,

etc.), cereais, entre outras

cargas. Os mais famosos

navios-tanque são os

petroleiros (figura 9), podem

transportar milhares de

toneladas, contudo podem

trazer severos problemas

ambientais, devido a possíveis

derrames.

2. Navio Frigorífico: transporta cargas que necessitem refrigeração tais

como medicamentos, alimentos, entre outros. Devido à necessidade de

fornecer energia elétrica a todos os contentores a bordo, o consumo de

combustível bastante elevado comparativamente com outro navio de

transporte.

3. Navio porta-contentores:

transportam a sua carga em

contentores com medidas

padronizadas e empilhados

(figura 10) segundo uma

técnica conhecida como

conteinarização. São estes os

que transportam a maioria

FIGURA 9- PETROLEIRO

FIGURA 10- PORTO COM CONTENTORES

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da carga mundial pois podem transportar quase todo o tipo de

mercadoria. Existem diferentes tipos de contentores para o tipo de carga

(carga seca, pesada, necessidade de refrigeração).

4. Navio roll on roll off: mais conhecidos por (RO RO) são os navios mais

indicados para transporte de automóveis. Contém conveses amplos,

transportam diversas viaturas e as rampas de acesso permitem estas

entrarem por si mesmas (daí o seu nome). Outras mercadorias podem

também entrar mais facilmente no navio devido às rampas.

5. Navio Semi-submersível: utilizado para transporte de cargas de grande

porte tais como submarinos, plataformas-petrolíferas entre outros.

Contém bombas de água que injetam a água para dentro dos tanques de

forma a o navio se afundar para permitir a entrada e saída da carga a

transportar.

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Perspetivas futuristas

No que toca ao futuro do transporte de mercadorias destacam-se dois projetos

muito inovadores, diretamente relacionados com a modernização do cargueiro:

1. O primeiro (e mais polémico)

projeto (figura 1) é nos trazido

pela empresa Rolls-Royce que

apresentou planos para um navio

telecomandado e sem a

necessidade de uma tripulação a

bordo. Tal navio irá tornar o

transporte de carga num

processo praticamente

autónomo que se espera que

cruze os mares num futuro mais

ou menos próximo.

A empresa mais conhecida pelo fabrico de carros de luxo e motores a

jato publicou um artigo a apresentar a visão que esta última possui do

“barco de carga moderno”. Este poderá ser monitorizado por um

"capitão" que se encontrará numa estação de controlo remoto.

A Rolls-Royce afirma que o conceito de um navio autónomo será superior

a nível económico, de segurança e de espaço (destinado a carga). A

empresa garante também que é apenas uma questão de tempo até a

visão se tornar uma realidade.

Contudo, o projeto futurista apresenta algumas desvantagens,

nomeadamente a possibilidade do sistema operativo de comando vir a

ser vitima de "hacking" ou até mesmo o próprio navio ser salteado.

2. Em relação ao segundo projeto, o Vindskip, apresentado pela empresa

norueguesa LadeAs, é um inovador cargueiro que visa a usufruir do casco

do navio como uma vela.

FIGURA 11- PROJETO ROLLS-ROYCE

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Inspirado pelos barcos à vela e pela engenharia aeroespacial, o navio

com o seu casco em formato de aerofólio simétrico irá ser concebido de

forma a usar a propulsão do vento para gerar sustentação e propulsão na

direção pretendida.

O Vindskip virá equipado com um programa computacional destinado a

analisar as condições meteorológicas e a calcular a melhor rota com base

na energia potencial eólica. Desta forma, foi estimado que o navio será

capaz de produzir uma poupança no seu consumo de combustível até

60%, juntamente com uma redução na emissão de CO2 até 80% em

comparação com um cargueiro tradicional.

No entanto, apesar do investimento por parte de terceiros, o projeto

apresenta um custo de produção bastante elevado para a indústria naval.

FIGURA 13-VANTAGENS DO PROJETO

FIGURA 12- PROJETO VINDSKIP

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Conclusão

Concluímos assim que o transporte de mercadorias por meio marítimo é o meio

mais eficaz para, principalmente, transportes de longas distâncias quer a nível

ambiental quer a nível económico e que o seu desenvolvimento tecnológico

terá um grande impacto no futuro.

Pudemos também concluir, que sem a engenharia mecânica não seria possível

nem a evolução nem a criação de barcos para o transporte de carga com tanta

eficácia e de uma forma tão inovadora quanto realmente foi.

De referir que ao longo deste trabalho desenvolvemos competências de

trabalho em equipa alargámos o nosso espirito critico e a capacidade de gestão

do tempo para realizar as tarefas que eram pedidas. Acima de tudo, foi o

trabalhar em equipa o mais importante devido à divergência de opiniões e à

forma de como devemos coexistir enquanto equipa. À semelhança do que será

no futuro no mercado de trabalho.

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