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03 REVISORES AUDITORES ABRIL_JUNHO 2014 Enquadramento A reforma do mercado de auditoria (revisão legal de contas) da União Europeia (UE) iniciou em 2010, com um Livro Verde da Co- missão Europeia intitulado “ Política de auditoria: as lições da crise “. Após este processo de consulta, a Comissão Europeia divulgou as suas propostas em 30 de novembro de 2011, incluindo uma revisão da diretiva de auditoria aplicável a todas as revisões legais de contas na UE e um regulamento aplicável apenas à revisão legal de contas das entidades de interesse público (EIP). Os dois textos foram discutidos no âmbito de um processo legisla- tivo ordinário. Ao fim de quase três anos de debate, a Diretiva e o Regulamento finais foram aprovadas. Foi feita a sua publicação no Jornal Oficial (JO) da EU em 27 de maio de 2014. EM FOCO Âmbito e Prazos Âmbito A nova legislação consiste numa Diretiva e num Regulamento: · A Diretiva (2014/56/UE) altera a Diretiva de Auditoria (2006/43/CE) e contém uma série de alterações e novos re- quisitos que regem a revisão legal de contas na União Europeia, bem como alguns requisitos aplicáveis a EIP (apenas no que res- peita aos comités de auditoria); · O Regulamento contém requisitos adicionais que se referem es- pecificamente à revisão legal de contas das EIP, além dos men- Diretiva da União Europeia (UE) relativa à Revisão Legal de Contas Individuais e Consolidadas e Regulamento da UE relativa à Revisão Legal de Contas das Entidades de Interesse Público

Enquadramento Âmbito e Prazos - oroc.pt · RevisoRes AuditoRes ABRIL_JUNHO 2014 03 Enquadramento A reforma do mercado de auditoria (revisão legal de contas) da União Europeia (UE)

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03RevisoRes AuditoRes ABRIL_JUNHO 2014

EnquadramentoA reforma do mercado de auditoria (revisão legal de contas) da União Europeia (UE) iniciou em 2010, com um Livro Verde da Co-missão Europeia intitulado “ Política de auditoria: as lições da crise “. Após este processo de consulta, a Comissão Europeia divulgou as suas propostas em 30 de novembro de 2011, incluindo uma revisão da diretiva de auditoria aplicável a todas as revisões legais de contas na UE e um regulamento aplicável apenas à revisão legal de contas das entidades de interesse público (EIP).

Os dois textos foram discutidos no âmbito de um processo legisla-tivo ordinário. Ao fim de quase três anos de debate, a Diretiva e o Regulamento finais foram aprovadas. Foi feita a sua publicação no Jornal Oficial (JO) da EU em 27 de maio de 2014.

Em Foco

Âmbito e Prazos

ÂmbitoA nova legislação consiste numa Diretiva e num Regulamento:

· A Diretiva (2014/56/UE) altera a Diretiva de Auditoria (2006/43/CE) e contém uma série de alterações e novos re-quisitos que regem a revisão legal de contas na União Europeia, bem como alguns requisitos aplicáveis a EIP (apenas no que res-peita aos comités de auditoria);

· O Regulamento contém requisitos adicionais que se referem es-pecificamente à revisão legal de contas das EIP, além dos men-

Diretiva da união europeia (ue) relativa à revisão Legal de Contas individuais e Consolidadas e regulamento da ue relativa à revisão Legal de Contas das entidades de interesse Público

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· Relato de auditoria (certificação legal das contas ou relatório de auditoria); e

· Requisitos adicionais para os comités de auditoria das EIP.

Definições - Entidade de Interesse Público (EIP) [artigo 2º]Algumas definições da Diretiva de 2006 foram atualizadas, incluin-do a definição das EIP [Artigo 2 (13) ] que agora diz:

“13. “Entidades de interesse público”:

a) Entidades regidas pelo direito de um Estado-Membro, cujos valores mobiliários são admitidos à negociação num mercado regulamentado de qualquer Estado-Membro na aceção do artigo 4.º, n.º 1, ponto 14, da Diretiva 2004/39/CE;

b) Instituições de crédito, tal como definidas no artigo 3.º, n.º 1, ponto 1, da Diretiva 2013/36/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, que não as referidas no artigo 2.° dessa diretiva ;

c) Empresas de seguros, na aceção do artigo 2.°, n.° 1, da Diretiva 91/674/CEE do Conselho; ou

d) Entidades designadas pelos Estados-Membros como entidades de interesse público, por exemplo, entidades de relevância pública signi-ficativa em razão da natureza das suas atividades, da sua dimensão ou do seu número de trabalhadores;”.

A definição em si não se alterou significativamente. No entanto, a identificação das EIP é agora crucial para determinar as entidades que estão no âmbito do Regulamento (UE) n.º 537/2014.

Independência e objetividade [artigos 22º, 22ºa e 22ºb]O texto emendado da Diretiva de 2014 é mais específico do que o da Diretiva de 2006 sobre o tema da independência e objetividade.

A exigência de independência da entidade auditada é colocada não só sobre o revisor oficial de contas ou sociedade de auditoria (sociedade de revisores oficiais de contas), mas agora também em «qualquer pessoa singular em posição de, direta ou indiretamente, influenciar o resultado da revisão legal de contas».

Algumas das ameaças à independência são mencionados na Direti-va de 2014 e incluem:

· Autoavaliação, interesse próprio e representação;

· Relações financeiras, pessoais, de trabalho, comerciais ou ou-tras com a entidade auditada;

· Detenção de interesse económico material e direto ou partici-pação na transação de qualquer dos instrumentos financeiros emitidos, garantidos ou de qualquer outra forma apoiados por qualquer entidade auditada;

cionados na Diretiva. As disposições sobre a rotação obrigatória das firmas de auditoria, os concursos públicos e a lista de servi-ços que não sejam auditoria que são proibidos são incluídas no Regulamento.

A legislação é aplicável em todos os estados membros da UE e nos países do Espaço Económico Europeu (EEE), sendo estes a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega.

Prazos

No que respeita aos prazos, a Diretiva,para entrar em vigor, deve ser transposta pelos respetivos estados da UE e do EEE na sua legisla-ção nacional, para se tornar eficaz. Os estados membros terão dois anos para aprovar e publicar as disposições para dar cumprimento à Diretiva após a sua entrada em vigor, ou seja, o prazo termina em meados de junho de 2016.

No que diz respeito ao Regulamento, tecnicamente entrou em vigor em junho de 2014. No entanto, principalmente devido ao fato de o Regulamento se referir à Diretiva, que - conforme acima explicado –tem um prazo de dois anos para a transposição para o direito nacio-nal, existe também dilação de dois anos na aplicação da maioria das disposições contidas no Regulamento (prazo que, portanto, termina em junho de 2016). Mais especificamente:

· Todas as disposições contidas no Regulamento têm a sua apli-cação diferida para junho de 2016, com exceção do artigo 16.º, sobre a nomeação do auditor, cuja aplicação é diferida mais um ano; e

· As disposições sobre a rotação obrigatória das firmas de audito-ria entraram em vigor em junho de 2014, mas com disposições transitórias, que são mais detalhadas abaixo.

Diretiva da UE sobre a revisão legal de contas individuais e consolidadas - Principais alterações Algumas disposições da Diretiva de 2006 permanecem completa-mente inalteradas. As principais alterações incluídas na Diretiva de 2014 dizem respeito a:

· Algumas definições, incluindo a definição de EIP que foi alarga-da;

· As disposições sobre a independência e a objetividade do audi-tor (revisor oficial de contas);

· A organização geral do auditor e do trabalho de auditoria;

· Controlo de qualidade e novas exigências em relação às penali-dades e sanções;

· Um novo mecanismo para adotar as normas internacionais de auditoria a nível da UE;

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Em Foco

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ex-auditor participou no trabalho de auditoria, não poderá realizar as seguintes funções na entidade auditada: Posições de gestão fun-damentais na entidade auditada; membro da comissão de auditoria ou de órgãos que desempenhem funções equivalentes, membro não executivo do órgão de administração ou membro do órgão de fiscalização.

O período de restrição é prolongado a dois anos para revisores ofi-ciais de contas e “sócios chave” de auditoria de EIP.

Antes da aceitação de um trabalho de auditoria, o auditor ou socie-dade de auditoria deve avaliar e documentar os seguintes indica-dores de independência, que são consistentes com os da Diretiva de 2006:

· O cumprimento das exigências estabelecidas pela Diretiva de 2014;

· Ameaças à independência e as medidas tomadas para eliminar essas ameaças;

· Disponibilidade de funcionários competentes, tempo e recursos para executar a auditoria de forma adequada;

· Aprovação do sócio principal responsável pela revisão legal de contas como revisor oficial de contas no estado membro que exige a revisão legal de contas (para sociedades de auditoria apenas).

· Aceitação de presentes com um valor maior do que considerado trivial ou irrelevante;e

· Aquisição por fusão ou aquisição da entidade auditada por ou-tra entidade que resulta em interesses ou relações que possam comprometer a independência após a data efetiva da fusão ou aquisição.

Os requisitos fundamentais de independência permanecem os mesmos dos da Diretiva de 2006. O auditor ou sociedade de audito-ria devem adotar salvaguardas adequadas para minimizar eventu-ais ameaças à sua independência.

A condição de independência tem de ser cumprida, pelo menos para o período auditado e para o período em que a auditoria é realizada. É da responsabilidade de cada auditor (revisor oficial de contas) ou sociedade de auditoria implementar todas as medidas razoáveis para manter a independência da entidade auditada durante esses períodos. Os estados membros devem assegurar que sejam toma-das essas medidas devidamente.

Se surgirem matérias com base nas quais uma parte terceira obje-tiva, razoável e informada concluiria que a independência do revisor oficial de contas ou da sociedade de auditoria está comprometida, a revisão legal de contas não deve ser realizada.

A Diretiva de 2014 aborda especificamente a questão da indepen-dência em relação à contratação como quadro da entidade auditada dos revisores oficiais de contas que prestaram os seus serviços du-rante o trabalho de auditoria. Até pelo menos um ano desde que o

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De acordo com a Diretiva de 2014, cada trabalho de auditoria deve ser atribuído a pelo menos a um sócio principal de auditoria e este deve participar ativamente na realização da auditoria. Este sócio ne-cessita de ter recursos adequados e pessoal competente. A Diretiva também estabelece condições relativas à:

· Independência e competência do sócio principal de auditoria;

· O registo e comunicação de falhas e reclamações;

· O conteúdo dos registos de clientes; e

· O conteúdo de um arquivo de auditoria.

As normas internacionais de auditoria [artigo 26º]

Como na Diretiva de 2006, a Diretiva de 2014 exige que cada re-visão legal de contas na UE seja realizada em conformidade com as normas internacionais de auditoria adotadas pela Comissão Europeia. Estas normas, até agora, ainda não foram adotadas pela Comissão Europeia e, portanto, a sua implementação nos estados membros não é exigida.

A Diretiva de 2014 agora especifica que:

· “ [...] “normas internacionais de auditoria” são as Normas Interna-cionais de Auditoria (ISA), a Norma Internacional sobre Controlo de Qualidade 1 ((ISQC 1) e outras normas conexas emitidas pela Federação Internacional dos Contabilistas (IFAC) através do In-ternational Auditing and Assurance Standards Board (IAASB); e

Os estados membros têm a opção de simplificar os requisitos para auditorias de pequenas empresas.

Organização interna de auditores e de seu trabalho [artigos 24º-A e 24º-B]A Diretiva de 2006 não apresentava quaisquer exigências específi-cas sobre a organização interna do revisor oficial de contas ou socie-dade de auditoria ou sobre a organização do seu trabalho. A Diretiva de 2014 introduz dois novos artigos que colocam novas exigências ao auditor sobre:

· Manter a objetividade e independência;

· O estabelecimento de um mecanismo de controlo de qualidade interno eficaz, a sua monitorização e avaliação;

· Garantir que a externalização de atividades não limita a capa-cidade da autoridade competente de exercer a sua supervisão;

· Registar e gerir os incidentes que possam afetar a integridade;

· Estabelecimento de políticas para a realização da revisão legal de contas e gestão do arquivo de auditoria;

· Garantir a continuidade e a regularidade da realização de ativi-dades de revisão legal de contas; e

· Garantir a adequação das políticas de remuneração, incluindo a participação nos lucros.

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Em Foco

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· é concordante com as demonstrações financeiras relativas ao mesmo exercício; e

· foi elaborado de acordo com os requisitos legais aplicáveis.

û Uma declaração sobre se, à luz do conhecimento e compreen-são da empresa e do seu ambiente obtidas no curso da audi-toria, o auditor identificou distorções materiais no relatório de gestão, dando uma indicação da natureza de tais distorções.

Controlo de qualidade, investigações e sanções [artigos 29º, 30º e 30º-A a 30.º-E]

Controlo de qualidade

Deve ser estabelecido em cada Estado-Membro um sistema de con-trolo de qualidade que deve respeitar critérios mínimos estabeleci-dos na Diretiva de 2014. A maior parte destes critérios constava na Diretiva de 2006.

Na Diretiva de 2014 está prevista uma análise baseada no risco para determinar a frequência das verificações de controlo de qualidade. As verificações de controlo de qualidade continuam a dever ser rea-lizadas pelo menos uma vez em cada seis anos.

A Diretiva de 2014 especifica algumas outras exigências sobre os controladores de qualidade, tais como:

û Formação profissional, experiência e formação específica so-bre controlo de qualidade;

û Um mínimo de três anos mediando desde a associação entre o controlador e o auditor ou sociedade de auditoria “contro-lada”; e

û Inexistência de conflitos de interesses entre o controlador e o auditor ou sociedade de auditoria “controlada”.

As exigências relativas aos controladores, bem como o âmbito do controlo de qualidade devem refletir a escala e a complexidade do revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de contas sujeita a controlo.

O controlo de qualidade, bem como as investigações e sanções, po-dem estar sujeitos a delegação em organismos profissionais. É feita referência em algumas secções a “supervisão pública e delegação em organismos profissionais» na Diretiva de 2014 e «delegação em organismos profissionais» no Regulamento de 2014, este último in-cluindo algumas especificações e restrições sobre as auditorias das EIP.

investigações e sanções

As questões sobre investigações e sanções foram brevemente mencionadas na Diretiva de 2006: Afirmava que os Estados-Mem-bros deviam estabelecer um sistema eficaz de sanções aos reviso-res oficiais de contas e sociedades de auditoria que não executavam a auditoria em conformidade com todos os requisitos legais e que

· A Comissão Europeia tem poderes para adotar, através de atos delegados, normas internacionais de auditoria no domínio da prática de revisão ou auditoria, da independência e do controlo de qualidade interno.

As normas internacionais de auditoria que venham a ser adotadas pela Comissão Europeia devem:

· Ser elaboradas mediante um processo adequado, sob supervi-são pública e transparência;

· Ser geralmente aceites a nível internacional;

· Contribuir para um elevado nível de credibilidade e qualidade das demonstrações financeiras individuais ou consolidadas;

· Promover o interesse público da União; e

· Não conflituar com qualquer um dos requisitos da Diretiva de 2014.

A opção do Estado-Membro de aplicar as normas nacionais de audi-toria que tratam de assuntos que não estão abrangidos pelas nor-mas internacionais adotadas pela Comissão Europeia, permanece inalterado.

Duas opções adicionais são permitidas aos Estados-Membros em relação às normas internacionais de auditoria:

· Os Estados-Membros podem impor procedimentos ou requisi-tos de auditoria para além dos requisitos das normas internacio-nais de auditoria adotadas pela Comissão Europeia;

(esta opção pode ser utilizada somente se forem necessários os requisitos adicionais devido a requisitos legais nacionais e apenas na medida necessária para aumentar a credibilidade e a qualidade das demonstrações financeiras)

· Os Estados-Membros podem tomar medidas para garantir a aplicação proporcional das normas de auditoria à revisão legal de contas das pequenas empresas.

Relato de auditoria [artigo 28º]

Os requisitos básicos para o relato de auditoria estão incluídos na Diretiva de contabilidade de 2013. O artigo dedicado ao relato de au-ditoria na Diretiva de 2014 inclui uma série de novas medidas para definir os requisitos mínimos que visam melhorar a compreensão dos utentes do relatório de auditoria, incluindo:

· Uma declaração de qualquer incerteza material relacionada com acontecimentos ou condições que possam lançar dúvidas significativas sobre a capacidade da entidade de dar continui-dade às suas atividades;

· Como referido no artigo 34º da Diretiva de Contabilidade de 2013:

û Uma opinião sobre se o relatório de gestão:

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û A pessoa acusada de uma infração deve estar habilitada a executar o direito de defesa e de ser ouvido.

Deverão ser igualmente definidos dentro das sociedades de audito-ria procedimentos específicos para relatar violações.

A visão geral anual de todas as sanções impostas e medidas admi-nistrativas tomadas pela autoridade competente deve ser comuni-cada ao Comité das Autoridades Europeias de Supervisão de Audi-toria (CEAOB), que irá incluir esta informação no seu relatório anual. A imposição de uma proibição de exercício de funções de um auditor ou sociedade de auditoria, conforme descrito na lista acima, deverá ser comunicada imediatamente ao CEAOB.

Supervisão pública e delegação em organismos profissionais [artigo 32º]Como já exigido pela Diretiva de 2006, o sistema de supervisão deve ser organizado por cada Estado-Membro, mas a responsabili-dade pela supervisão pode ser delegada na autoridade competente. A autoridade competente deve ser governada por “não – pratican-tes”. Profissionais e especialistas podem ser chamados para ajudar a autoridade competente em tarefas específicas, desde que não se-jam envolvidos em qualquer tomada de decisão. A autoridade com-petente deve ter a responsabilidade final pela supervisão:

· da aprovação e registo de revisores oficiais de contas e socieda-des de revisores oficiais de contas;

· da adoção de normas (de ética profissional, de controlo de quali-dade interno das sociedades de auditoria e de auditoria); e

· da formação profissional contínua, sistema de controlo de quali-dade, sistemas disciplinares administrativos e de investigação.

Os Estados-Membros têm agora a opção explícita de “delegar ou autorizar a autoridade competente a delegar qualquer das funções que lhe incumbem noutras autoridades ou órgãos designados ou de outro modo autorizados por lei a exercer essas funções”. A de-legação deve especificar as condições de delegação e as tarefas a ser delegadas e devem evitar conflitos de interesses. A autoridade competente deve ser capaz de recuperar as suas competências numa base caso a caso.

Deve notar-se que o Regulamento de 2014 especifica as tarefas que não podem ser delegadas em relação às EIP. É feita referência à «De-legação em organismos profissionais” na secção abaixo.

Comité de Auditoria [artigo 39º]

As exigências sobre os comités de auditoria previstos na Diretiva de 2014 baseiam-se nas da Diretiva de 2006. Note-se que, ainda que este artigo pertença à Diretiva, ele é apenas aplicável às EIP dado que diz «Os Estados-Membros asseguram que cada entidade de in-teresse público dispõe de um comité de auditoria».

Exceções a esta obrigação de ter um comité de auditoria podem ser permitidas a algumas entidades auditadas como por exemplo:

o sistema, bem como as sanções impostas, deviam ser divulgados ao público.

As medidas de sanção que devem estar sob a alçada da autoridade competente estão incluídas na Diretiva de 2014. São, por exemplo:

û Um aviso exigindo à pessoa singular ou coletiva responsável pela infração, de cessar tal conduta e de se abster de qualquer repetição de tal conduta;

û Uma declaração pública, que indica a pessoa responsável e a natureza da infração, publicada no site das autoridades com-petentes. A informação deve ser publicada logo que possível e deve permanecer disponível no site, pelo menos durante cinco anos. Esta pode ser divulgada anonimamente se a pu-blicação de dados pessoais não for apropriada ou se puder conduzir a danos inadequados para a instituição ou a pessoa singular envolvida;

û Uma proibição temporária de até três anos, impedindo:

û O revisor oficial de contas, a sociedade de revisores oficiais de contas ou o sócio de auditoria principal de prestar ser-viços de revisão legal de contas e/ou de assinar relatórios de auditoria;

û Um membro de uma sociedade de auditoria ou um mem-bro de um órgão de administração ou de direção de uma EIP de exercer funções em sociedades de auditoria ou em EIP;

û Uma declaração de que o relatório de auditoria não está de acordo com os requisitos da UE; e

û Sanções pecuniárias administrativas sobre as pessoas singu-lares e coletivas.

Os estados membros têm a opção de adicionar outros poderes san-cionatórios a esta lista.

Ao determinar o nível e o tipo de sanção, a autoridade competente deve considerar todas as circunstâncias relevantes, incluindo a gra-vidade, duração ou historial de violações. A Diretiva de 2014 exige que as regras de sanções de cada Estado-Membro e quaisquer alte-rações a estas sejam comunicadas à Comissão Europeia.

A autoridade competente deve estar habilitada a exercer os seus poderes sancionatórios diretamente, em colaboração com outras autoridades ou por pedido das autoridades judiciais competentes. O direito de recurso deve ser dado a cada instituição ou indivíduo a quem for imposta a sanção.

Para que a autoridade competente possa impor sanções, quando necessárias, é importante o estabelecimento de um mecanismo efi-caz para a comunicação de violações dentro de cada Estado-Mem-bro. Tal mecanismo deve satisfazer o seguinte:

û A notificação de violações e o processo de acompanhamen-to devem ser executados em conformidade com os procedi-mentos especificamente definidos;

û Os dados pessoais de todas as pessoas envolvidas no relato a infração são protegidos; e

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Em Foco

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· Assumir a responsabilidade pelo processo de seleção do auditor ou sociedade de auditoria

Regulamento da UE sobre a Auditoria de Entidades de Interesse Público - Principais disposições O regulamento de 2014 é uma nova legislação que se aplica apenas à revisão legal das contas de entidades de interesse público (EIP). As principais áreas abrangidas dizem respeito a:

· Restrições à prestação de serviços não relacionados com audi-toria a clientes de auditoria (que sejam EIP), englobando a proi-bição de serviços elencados no regulamento (lista de serviços proibidos que não sejam de auditoria) e a limitação a uma per-centagem do total dos honorários de auditoria da prestação de outros serviços, considerados “admissíveis”;

· Novas exigências em relação à rotação obrigatória das socieda-des de auditoria;

· Comunicação do auditor - externa (ao público) e interna (para o comité de auditoria) - que agora é regulamentada em mais de-talhe, incluindo a exigência de certas divulgações;

· Supervisão dos auditores e sociedades de auditoria a nível da UE;

· Uma pequena e média empresa em que as funções do comité de auditoria sejam realizadas por um órgão administrativo ou de fiscalização;

· Uma EIP com um órgão que desempenhe funções equivalentes a um comité de auditoria em conformidade com as disposições legais do Estado-Membro em que a entidade esteja registada.

O requisito de elegibilidade de pelo menos um membro do comité de auditoria ter competência em contabilidade e auditoria foi pre-visto na Diretiva de 2006. O requisito de independência tornou-se mais restritivo, uma vez que onde se lia na Diretiva de 2006 “pelo menos um” lê-se agora na nova Diretiva “a maioria” dos membros deve ser independente da entidade auditada.

A lista de funções atribuídas ao comité de auditoria foi estendida a:

· Informar o órgão de administração ou de fiscalização da entida-de auditada sobre o resultado da revisão legal de contas e expli-car a sua contribuição para a integridade do relato financeiro;

· Acompanhar o processo de relato financeiro e apresentar reco-mendações;

· Controlar a eficácia dos sistemas de controlo de qualidade e de gestão de risco interno;

· Acompanhar a auditoria das demonstrações financeiras indivi-duais e consolidadas;

· Verificar e acompanhar a independência do revisor oficial de contas; e

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· Serviços de assessoria fiscal relacionados com a preparação de declarações de impostos, processamento de salários, direitos aduaneiros, a identificação de subsídios públicos e incentivos fiscais, apoio em inspeções fiscais por parte das autoridades fiscais, cálculo de impostos diretos e indiretos e impostos diferi-dos, prestação de aconselhamento fiscal;

· Serviços que envolvem a participação na gestão e tomada de decisões da entidade auditada;

· Escrituração e preparação dos registos contabilísticos ou de-monstrações financeiras;

· Serviços de processamento de salários;

· Conceção e aplicação de controlos internos ou procedimentos de gestão de risco ou de sistemas de tecnologia da informação financeira;

· Serviços de avaliação;

· Serviços jurídicos;

· Criação de um novo organismo, o Comité Europeu dos Órgãos de Supervisão de Auditoria (CEAOB).

Prestação de serviços distintas da auditoria (NAS) [artigos 4º e 5º]

Lista de serviços distintos da auditoria proibidos

O Regulamento de 2014 apresenta uma lista de serviços distintos da auditoria proibidos e que, portanto, exigem que o revisor oficial de contas de uma EIP “não preste direta ou indiretamente à entida-de auditada, à sua empresa-mãe ou às entidades sob o seu controlo na União quaisquer serviços distintos da auditoria proibidos”. Esta proibição aplica-se no período compreendido entre o início do pe-ríodo auditado e a emissão do relatório de auditoria, bem como no exercício imediatamente anterior a respeito dos serviços relaciona-dos com controlos internos.

Os serviços proibidos, como previsto no artigo 5 º do regulamento de 2014, são os seguintes:

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Em Foco

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As normas internacionais de auditoria [artigo 9º]A adoção das normas internacionais em relação à auditoria das EIP está sujeita às condições estabelecidas na Diretiva de 2014. Uma condição adicional é a de que as normas internacionais adotadas para a auditoria das EIP não devem alterar qualquer um dos requi-sitos do Regulamento de 2014. As únicas áreas do Regulamento que poderiam ser complementadas pelas normas internacionais de auditoria são:

· Irregularidades [artigo 7º];

· Revisão do controlo de qualidade do trabalho [artigo 8º]; e

· Dossiê de transferência [artigo 18º] .

Além disso, o Regulamento de 2014 estabelece que a adoção das normas internacionais e a sua análise técnica deve ser realizada pelo CEAOB.

Comunicação do auditor [artigos 10º e 11º]O regulamento define requisitos próprios para a comunicação do auditor tanto externa - relatório de auditoria e relatório de transpa-rência - como internamente - relatório ao comité de auditoria da EIP.

relatório de auditoria

De acordo com o Regulamento de 2014, o relatório de auditoria das EIP tem de cumprir os requisitos incluídos na Diretiva de 2014 (ver a secção “Relato de auditoria’ acima), bem como com os seguintes requisitos adicionais:

· Indicação de qual o órgão que nomeou o auditor ou sociedade de auditoria;

· Indicação da data da nomeação e do período de contratação, in-cluindo renovações e reconduções de auditores anteriores;

· Apoio do parecer de auditoria com uma descrição dos riscos avaliados de distorção material que sejam mais significativos, da resposta do auditor a esses riscos, em síntese, e, se for o caso, observações relevantes sobre esses riscos. Quando pertinente, o relatório deve referir-se às divulgações nas demonstrações fi-nanceiras relacionadas com o descrito;

· Explicação de em que medida a auditoria foi considerada eficaz na deteção de irregularidades, incluindo fraude;

· Confirmação de que o parecer de auditoria é coerente com o relatório adicional dirigido ao comité de auditoria (ver abaixo);

· Declaração de que não foram prestados serviços distintos de au-ditoria proibidos e que a independência do auditor foi mantida.

· Serviços relacionados com a função de auditoria interna da en-tidade auditada;

· Serviços associados ao financiamento, à estrutura e afetação do capital e à estratégia de investimento da entidade auditada;

· A promoção, negociação ou tomada firme de ações na entidade auditada;

· Serviços de recursos humanos, tais como recrutamento de ges-tores de alto nível, de estruturação da organização ou de contro-lo de custos do cliente.

Os Estados-Membros podem ter a opção de ampliar a lista de ser-viços proibidos.

O Regulamento de 2014 também dá aos Estados-Membros a op-ção de permitir alguns dos serviços acima mencionados desde que o seu impacto sobre as demonstrações financeiras auditadas seja imaterial. A avaliação deste impacto nas demonstrações financei-ras deverá estar documentada no relatório adicional para o comi-té de auditoria e os princípios de independência tal como referidos na Diretiva de 2014, deverão ser respeitados pelo revisor oficial de contas (remete-se para a respetiva secção ‘Independência e objeti-vidade” acima).

outros serviços distintos da auditoria

A prestação de outros serviços que não sejam de auditoria que não são proibidos, são:

· Sujeitos à aprovação do comité de auditoria após uma avaliação das ameaças à independência e as salvaguardas que podem ser aplicadas para reduzir ou eliminar essas ameaças; e

· Limitados a 70 % da média dos honorários de revisão legal de contas pagos nos últimos três anos consecutivos. Este limite de 70% é calculado para o revisor oficial de contas ou sociedade de auditoria; aplica-se à entidade auditada, à empresa-mãe e em-presas controladas. Serviços impostos pela legislação nacional ou pela da União Europeia não devem ser incluídos no cálculo. Os Estados-Membros têm a opção de aplicar condições mais ri-gorosas, mas também podem permitir exceções temporárias a este requisito.

Avaliação das ameaças à independência [Artigo 6º]O Regulamento de 2014 acrescenta outros requisitos à Diretiva de 2014 sobre o tema da independência no que se relaciona com a au-ditoria das EIP.

Entre outros, o revisor oficial de contas ou sócio, diretores de topo ou diretores da sociedade de auditoria devem confirmar ao comité de auditoria, por escrito, todos os anos a sua independência. Quaisquer possíveis ameaças à independência e as medidas adotadas para li-mitar essas ameaças também devem ser discutidas com o comité de auditoria.

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são exigidos pelo Regulamento de 2014: a divulgação do volume de negócios total da rede onde a sociedade se insere e uma declaração sobre a independência da sociedade.

Rotação obrigatória da sociedade de auditoria [artigo 17º]

Disposições relativas à duração do mandato de auditoria

Uma das questões mais importantes abrangidas pelo Regulamento de 2014 é a duração do trabalho de auditoria .O artigo 17º do Re-gulamento limita a duração do trabalho de auditoria a um máximo de dez anos. A duração mínima é de um ano. Os Estados-Membros estão autorizados a:

· estabelecer a duração mínima superior a um ano; e

· estabelecer a duração máxima inferior a dez anos.

São também dadas aos Estados-Membros duas opções para pro-longar a duração máxima de um trabalho de auditoria – recorrendo a «concursos públicos» ou a «auditorias conjuntas». Mediante uma destas opções pode resultar a definição da duração máxima de um trabalho de auditoria até:

· um período total de 20 anos, mas somente se o concurso pú-blico for realizado no termo do primeiro período de dez anos (ou um período mais curto, se decidido pelo Estado-Membro);

· um período total de 24 anos, mas somente se dois auditores fo-rem simultaneamente nomeados – para realização de uma au-ditoria conjunta – após o termo do primeiro período de 10 anos e apresentarem um relatório conjunto.

O período durante o qual um revisor oficial de contas, a sociedade de auditoria ou qualquer membro da sua rede não pode realizar a revisão legal de contas da mesma EIP, após a expiração da duração máxima do contrato, é de quatro anos.

Disposições transitórias

As disposições transitórias variam dependendo do período de per-manência atingido à data da entrada em vigor da nova legislação:

· Se o auditor estava em funções há 20 anos ou mais, a primeira rotação sob esta nova legislação deve ocorrer dentro de seis anos;

· Se o auditor estava em funções há mais de 11 e há menos de 20 anos, a primeira rotação sob esta nova legislação deve ocorrer no prazo de nove anos;

· Nos restantes casos, o novo regime é aplicado no prazo de dois anos.

relatório adicional ao comité de auditoria

A Diretiva de 2006 para auditorias a EIP exigia um relatório adicio-nal para o comité de auditoria. Nesse relatório o revisor oficial de contas ou a sociedade de auditoria relata ao comité de auditoria as-petos fundamentais resultantes da revisão legal de contas, nome-adamente insuficiências materiais dos controlos internos no que diz respeito ao processo de informação financeira. O Regulamento de 2014 alarga o conteúdo do relatório com os seguintesrequisitos adicionais:

· Uma descrição da frequência e natureza das comunicações en-tre o revisor oficial de contas ou sociedade de auditoria e o comi-té de auditoria, a administração e/ou o conselho fiscal, incluindo as datas das reuniões;

· Uma descrição da metodologia utilizada, incluindo a indicação das rubricas do balanço que foram diretamente verificadas e as rubricas verificadas com base em testes dos sistemas e da conformidade;

· A divulgação do nível quantitativo de materialidade para as demonstrações financeiras como um todo utilizado para realizar a revisão legal de contas e, se aplicável, o nível ou níveis de materialidade utilizados para classes específicas de transações, saldos de contas ou divulgações;

· Uma explicação dos juízos sobre os eventos ou as condições identificadas no decurso da auditoria que possam suscitar dúvidas significativas quanto à capacidade da entidade para prosseguir as operações em continuidade e a indicação se estes representam uma incerteza material;

· Relato sobre as deficiências significativas no sistema de con-trolo interno financeiro, bem como no sistema de contabilidade. Para cada deficiência significativa, indicação sobre se a deficiên-cia foi ou não resolvida pelo responsável pela gestão;

· Relato sobre questões significativas que envolvam o incumpri-mento ou a suspeita de incumprimento de leis, regulamentos ou estatutos identificadas durante a auditoria;

· Uma indicação dos métodos de avaliação utilizados nas diver-sas rubricas das demonstrações financeiras, incluindo o even-tual impacto de alterações a esses métodos;

· Um relatório sobre as dificuldades encontradas durante a au-ditoria, quaisquer assuntos importantes decorrentes da audi-toria discutidos, ou sujeitos a correspondência com a direção ou quaisquer outras questões decorrentes da revisão legal de contas que, no julgamento profissional do auditor sejam signifi-cativos para a supervisão do processo de relato financeiro.

relatório de transparência da sociedade de auditoria

O relatório anual de transparência também pode ser visto como uma parte da comunicação do auditor.

Este relatório deverá estar disponível ao público no site do revisor oficial de contas ou sociedade de auditoria, que realiza auditorias às EIP. As exigências sobre o conteúdo do relatório de transparência fo-ram incluídas na Diretiva de 2006. Apenas alguns pontos adicionais

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Em Foco

13RevisoRes AuditoRes ABRIL_JUNHO 2014

A cooperação entre as autoridades competentes deve ser organi-zada no âmbito de um novo organismo, o Comité das Instituições Europeias de Supervisão de Auditoria (CEAOB), que será composto por representantes de alto nível das autoridades competentes na-cionais (um representante de cada estado membro), e um membro nomeado pela European Securities and Markets Authority (ESMA), este último sem direito a voto. O presidente será eleito de entre os representantes das autoridades competentes nacionais e o Vice--Presidente será nomeado pela Comissão Europeia. Todas as tarefas ativas do atual Grupo Europeu dos Órgãos de Supervisão de Audito-ria (EGAOB) serão assumidas por aquela nova comissão.

O CEAOB será responsável pela coordenação das atividades das au-toridades competentes nacionais e, principalmente, deve abranger o seguinte:

· A fim de reforçar a aplicação coerente da Diretiva de 2014 e do Regulamento de 2014, o CEAOB pode aprovar orientações ou opiniões não vinculativas que serão publicados pela Comissão Europeia. Também tem um papel de coordenação das tarefas, quando exigido pela nova legislação;

· Deve facilitar o intercâmbio de informações, aconselhar a Co-missão Europeia e contribuir para a avaliação técnica dos siste-mas de supervisão pública dos países terceiros e exame técnico das normas internacionais de auditoria, incluindo os processos para a sua elaboração, com vista à sua adoção a nível da UE;

· Deve contribuir para a melhoria dos mecanismos de cooperação para a supervisão dos revisores oficiais de contas das EIP, socie-dades de auditoria e das redes.

· Se relevante, o CEAOB pode solicitar a assistência da ESMA, da Autoridade Bancária Europeia (EBA) ou da Entidade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA).

Delegação em organismos profissionais [artigo 24º]Como acima mencionado, as autoridades competentes estão habi-litados a delegar algumas tarefas e competências a outras entida-des. No entanto, conforme indicado no Regulamento de 2014, em relação às EIP, as tarefas relacionadas com as seguintes áreas não podem ser delegadas:

· O sistema de controlo de qualidade referido no artigo 26º;

· As investigações a que se refere o artigo 23º do regulamento de 2014 e o artigo 32º da Diretiva de 2014 decorrentes do sistema de controlo de qualidade ou da denúncia de outra autoridade ; e

· As sanções e medidas relacionadas com as verificações de con-trolo de qualidade ou com a investigação das revisões legais de contas de EIP.

Os requisitos gerais da Diretiva de 2014, como dito acima, também se aplicam (ver a secção acima sobre supervisão pública e delega-ção em organismos profissionais).

O controlo de qualidade [artigo 26]

A inspeção de controlo de qualidade dos revisores oficiais de contas e sociedades de auditoria das EIP deve ser realizado com mais fre-quência do que é exigido pela Diretiva de 2014, pelo menos a cada três anos.

Esta exigência não se aplica às EIP que são pequenas e mé-dias empresas, para as quais o período máximo entre inspeções de controlo de qualidade permanece nos seis anos. O Regulamento define o âmbito mínimo de inspeção como:

· Uma avaliação da conceção do sistema de controlo de qualidade interno do revisor oficial de contas ou da sociedade de auditoria;

· Testes adequados da conformidade dos procedimentos e verifi-cação dos dossiês de revisão de contas de EIP, a fim de apreciar a eficácia do sistema de controlo de qualidade interno;

· à luz das situações identificadas na sequência dos trabalhos de inspeção realizados, uma avaliação do teor do relatório anual de transparência mais recente.

Cooperação dos organismos de supervisão de auditoria e de fiscalização [artigos 24 e 30]As autoridades competentes dos Estados-Membros devem coo-perar entre si, sempre que necessário, com a finalidade de levar a cabo as suas funções de supervisão em matéria de revisão legal de contas. Devem respeitar o princípio da regulamentação do país de origem e a supervisão pelo Estado-Membro em que o revisor oficial de contas ou sociedade de auditoria é aprovado e a entidade audi-tada tem a sua sede.

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