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TÍTULO: Enquadramento legal da proibição de fumar, ingerir alimentos, beber bebidas alcoólicas e obrigação de uso de Equipamento de Protecção Individual (EPI) nas empresas AUTORIA: Paulo Moreira PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.ºs 157 e 158 (Março/Abril/Maio/Junho de 2004) Com o objectivo de contextualizar esta temática, abordaremos em primeiro lugar o enquadramente legal da segurança, higiene e saúde no trabalho, de uma forma geral, com a devida referência ao novo Código do Trabalho e respectiva regulamentação. Passaremos de seguida para uma análise dos direitos e deveres dos trabalhadores e entidades patronais em matéria de SHST. Os poderes da entidade patronal ao nível da tutela de valores superiores – segurança de pessoas e bens – onde se inclui a proibição de fumar, de ingerir alimentos, de consumir bebidas alcoólicas e estupefacientes no local de trabalho, bem como a imposição do uso de equipamento de protecção individual (EPI) são abordados de forma pormenorizada no corpo deste artigo. 1 – Enquadramento Legal da segurança, higiene e saúde no trabalho. As fontes de direito de onde emanam o conjunto de regras reguladoras da segurança, higiene e saúde no trablaho (SHST) são em grande número, destacando-se, pela sua importância no que refere à organização dos serviços de SHST, - a Constituição da República Portuguesa (CRP); - a Lei nº 99/2003, de 27 de Agosto, que aprovou o Código do Trabalho (CT); - a Lei nº 35/2004, de 29 de Julho, que aprova a Regulamentação do Código do Trabalho (RT); - o Dec-Lei nº 441/91, de 14 de Novembro, alterado pelo Dec-Lei nº 133/99, de 21 de Abril, que transpõe a Directiva quadro sobre esta matéria, estabelecendo no seu artigo 13º princípios básicos que as empresas devem ter em conta na organização das actividades de SHST; - o Dec-Lei nº 26/94, de 1 de Fevereiro, que veio estabelecer o regime de organização e funcionamento das actividades de segurança, higiene e saúde no trabalho previstas no artº 13 do Dec-Lei nº 441/91 (em vigor para a Administração Publica apenas). Porém, o conjunto de normas reguladoras desta importante matéria – SHST – não se esgota nas normas referentes à organização dos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho.

Enquadramento Legal Da Proibicao de Fumar Comer Beber

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Enquadramento Legal

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TTULO:Enquadramentolegal da proibio de fumar,ingeriralimentos, beber bebidas alcolicas e obrigao de uso de Equipamento de Proteco Individual (EPI) nas empresas AUTORIA: Paulo Moreira PUBLICAES:TECNOMETALn.s157e158(Maro/Abril/Maio/Junhode 2004) Comoobjectivodecontextualizarestatemtica,abordaremosemprimeiro lugaroenquadramentelegaldasegurana,higieneesadenotrabalho,de umaformageral,comadevidarefernciaaonovoCdigodoTrabalhoe respectiva regulamentao. Passaremosdeseguidaparaumaanlisedosdireitosedeveresdos trabalhadores e entidades patronais em matria de SHST. Ospoderesdaentidadepatronalaonveldatuteladevaloressuperiores segurana de pessoas e bens onde se inclui a proibio de fumar, de ingerir alimentos,deconsumirbebidasalcolicaseestupefacientesnolocalde trabalho,bemcomoaimposiodousodeequipamentodeproteco individual (EPI) so abordados de forma pormenorizada no corpo deste artigo. 1EnquadramentoLegaldasegurana,higieneesadeno trabalho. Asfontesdedireitodeondeemanamoconjuntoderegrasreguladorasda segurana,higieneesadenotrablaho(SHST)soemgrandenmero, destacando-se, pela sua importncia no que refere organizao dos servios de SHST,- a Constituio da Repblica Portuguesa (CRP); - a Lei n 99/2003, de 27 de Agosto, que aprovou o Cdigo do Trabalho (CT); -aLein35/2004,de29deJulho,queaprovaaRegulamentaodoCdigo do Trabalho (RT); - o Dec-Lei n 441/91, de 14 de Novembro, alterado pelo Dec-Lei n 133/99, de 21deAbril,quetranspeaDirectivaquadrosobreestamatria, estabelecendonoseuartigo13 princpios bsicosque asempresasdevem ter em conta na organizao das actividades de SHST; -oDec-Lein26/94,de1deFevereiro,queveioestabeleceroregimede organizao e funcionamento das actividades de segurana, higiene e sade notrabalhoprevistasnoart13doDec-Lein441/91(emvigorparaa Administrao Publica apenas). Porm, o conjunto de normas reguladoras desta importante matria SHST noseesgotanasnormasreferentesorganizaodosserviosde segurana, higiene e sade no trabalho. Acrescemquelasmaisdeduzentosdiplomaslegaisregulandodiversos aspectos da segurana, da higiene e da sade no trabalho. Outrosexistemqueemboranosereferindodirectamenteseguranaeou higienenotrabalho,tmincidncianessasvertentes,comosejamalgumas directivasnovaabordagem(ex.DirectivaMquinas,DirectivasEPIs)que versamaharmonizaotcnicadeaspectosambientaisedaseguranadas pessoas. 2 Direitos e Deveres das partes em matria de SHST Oprincpioconstitucionalmenteconsagradonoart59n1al.c)daCRP segundooqualtodosostrabalhadores,semdistinodeidade,sexo,raa,cidadania, territriodeorigem,religio,convicespolticasouideolgicas,tmdireitoaprestaodo trabalhoemcondiesdehigiene,seguranaesadeencontranaLein 99/2003,de 27 de Agosto, que aprovou o Cdigo do Trabalho, um maior desenvolvimento, referindonosartS120e273(aenumeraodosdeveresextensapeloquese aconselha a sua leitura), como deveres da entidade patronal os seguintes: c)Proporcionar boas condies de trabalho, tanto do ponto de vista fsico como moral e)Promooevigilnciadasade,bemcomoaorganizaoemanutenodosregistos clnicos e outros elementos informativos relativos a cada trabalhador;g) Prevenir riscos e doenas profissionais, tendo em conta a proteco da segurana e sade do trabalhador, devendo indemniz-lo dos prejuzos resultantes de acidentes de trabalho;h)Adoptar,noquesereferehigiene,seguranaesadenotrabalho,asmedidasque decorram,paraaempresa,estabelecimentoouactividade,daaplicaodasprescries legais e convencionais vigentes;i)Forneceraotrabalhadorainformaoeaformaoadequadasprevenoderiscosde acidente e doena (todos do art 120) .informarostrabalhadores,assimcomoosseusrepresentantesnaempresa, estabelecimento ou servio, sobre os riscos para a segurana e sade, bem como as medidas deprotecoedeprevenoeaformacomoseaplicam,relativosqueraopostodetrabalho ou funo, quer, em geral, empresa, estabelecimento ou servio; (art 275 CT)e ainda ..asseguraraostrabalhadorescondiesdesegurana,higieneesadeemtodosos aspectos relacionados com o trabalho (do art 273) Poroutrolado,sotambmimpostosaostrabalhadores,nosdiplomassupra identificados,art121alneash)ei)CdigodoTrabalho,deveresgenricos que os convidam obedincia entidade patronal em tudo o que respeite matria de segurana, higiene e sade no trabalho, nomeadamente cooperar, na empresa,estabelecimentoouservio,paraamelhoriadosistemadesegurana,higienee sadenotrabalhoecumprirasprescriesdesegurana,higieneesadenotrabalho estabelecidas nas disposies legais ou convencionais aplicveis, bem como as ordens dadas pelo empregador. No que se refere medicina no trabalho podemos encontrar outras afloraes desta obrigao de colaborao concretizadas nos artigos 17 e 19 do Cdigo do Trabalho e 255 do Regulamento de Trabalho. Atente-senaseguinteredacodoart19CT1-Paraalmdassituaes previstasnalegislaorelativaasegurana,higieneesadenotrabalho,oempregadorno pode,paraefeitosdeadmissooupermanncianoemprego,exigiraocandidatoaemprego ouaotrabalhadorarealizaoouapresentaodetestesouexamesmdicos,dequalquer natureza, para comprovao das condies fsicas ou psquicas, salvo quando estes tenham porfinalidadeaprotecoeseguranadotrabalhadoroudeterceiros,ouquando particularesexignciasinerentesactividadeojustifiquem,devendoemqualquercaso ser fornecida por escrito ao candidato a emprego ou trabalhador a respectiva fundamentao. Daleituradeste dispositivolegal,resultaclaroaobrigaodostrabalhadores se sujeitarem a testes de qualquer natureza, para comprovao das condies fsicasoupsquicas,quetenhamporfinalidadeaprotecoeseguranado trabalhadoroudeterceiros,ouquandoparticularesexignciasinerentes actividade o justifiquem. Em que termos isto possvel, algo que iremos analisar mais frente. 3 Poderes da Entidade Patronal Paraocumprimentodasobrigaesqueimpendemsobreostrabalhadorese dosdireitosqueassistementidadeempregadora,estadispe,comopara todososrestantescasosdeorganizaodotrabalhoqueprestadonasua esferajurdica,dopoderdirectivo(dedarordens,conformandoaactividade dotrabalhador)-art150CT-,dopoderregulamentar(elaborarnormas internasregulamentadorasdaorganizaoedisciplinanotrabalho)-art153 CT-edopoderdisciplinar(deassegurarqueassuasordenseregrasso cumpridas) - art 365 e segs. Do CT. Quanto forma de exerccio, a entidade empregadora poder exercer o poder directivoatravsdeordensverbaisouatravsdaemissodeordensde servio. Neste aspecto, existem duas diferenas entre as Ordens de Servio (OS) e os Regulamentos Internos (RI), ambos documentos escritos. Uma, quanto forma, porque o Regulamento Interno, para alm da audio da comissodetrabalhadores,quandoestaexista,temdeserenviadoaoIDICT pararegistoedepsitosproduzindoefeitosapartirdarecepoporeste Instituto. Outra,quantosubstncia:naOrdemdeServio,enquantoemanaodo poderdaentidadepatronaldeconduziraformacomodeveserorganizadoo trabalho,nosepodemafectargarantiasdostrabalhadoresnemalteraro contedodarelaojuslaboral,oquejpodeaconteceratravsdo Regulamento Interno. 4Tuteladevaloressuperioresseguranadepessoase bens-proibiodefumar,comer,beberbebidasalcolicas, vigilncia. A Enquadramento da responsabilidade da entidade patronal Toda esta matriade proibies,pelaimportnciaquetemnoactualcontexto das empresas industriais, vai ser abordada numa perspectiva mais abrangente incorporando,comocomponentedeanlise,aresponsabilidadeobjectivada entidade patronal e a temtica dos acidentes de trabalho. Fazendoumpoucodehistria,necessariamentereduzidaaoobjectivoaqui pretendido - o de enquadrar o tema no sistema jurdico da SHST em Portugal - sobre a gnese da responsabilidade objectiva ou pelo risco, dir-se h que ela surgiu no mbito do direito laboral mas como uma criao da jurisprudncia francesa. O cdigocivilfrancsnopreviaindemnizaoforadoscasosderesponsabilidade subjectiva, ou seja, em que houvesse culpa do agente (dolo ou negligncia). Comarevoluoindustrialeoempregodemaquinariapesadasemqualquer preocupao de segurana, os trabalhadores passaram a estar sujeitos a muitos acidentes de trabalho cujos danos ficavam sem ser indemnizados uma vez que na responsabilidade subjectiva a prova da culpa da entidade patronal cabia ao trabalhador o que, data, era muitssimo dificil de fazer. Aestabilidadedossistemasjurdicosnessapocaeavontadepolticadeincentivaro crescimentodaactividadeindustrialnofavoreciamgrandealteraolegislativaem matriadeprotecodostrabalhadorespeloquecoubejurisprudnciacriar,ento,a figuradaclusuladaobrigaocontratualdeseguranaemquesediziaestar tacitamenteconsagradanocontratodetrabalhoumaclusulaemqueaentidade patronal,aocontratarumoperrio,secomprometiaaorganizarotrabalhodeformaa nohaveracidentes,earestituirapessoacontratadailesanofimdassuastarefas, competindo-lheprovarasuafaltadeculpaemcasodeacidente.Verifica-se,deste modo, a inverso do nus da prova. Mesmo assim, o nmero de acidentes que deixavam de ser indemnizados por a entidade patronalconseguirdemonstrarasuafaltadeculpaeragrande,atendendoaopoder econmico de que dispunha e de persuaso sobre as eventuais testemunhas do acidente. Arepulsaemdeixarosdanosresultantesdestesacidentessemindemnizao,levoua jurisprudncia a dar um passo no sentido de desvincular a responsabilidade da entidade patronal da culpa que ela pudesse ou no vir a ter. Surgiu assim a teoria do risco (responsabilidadeobjectiva) segundo a qual aquele que retirabenefciosdeumaactividadeoudelaaproveita,deveindemnizarosdanos resultantes de um acidente ocorrido no mbito dessa actividade quer haja, ou no, culpa dasuaparte.Apenasseexcluaaresponsabilidadeobjectivadaentidadeempregadora nosacidentesdevidosadoloouculpagrave(neglignciagraveougrosseira)do trabalhador. Esta teoria inspirou os legisladores dos restantes pases europeus que a adoptaram, com menores ou maiores modificaes, o que tambm veio a acontecer em Portugal.

Feitooenquadramentohistricodaresponsabilidadeobjectiva,a fundamentaonainexistnciadeculpadobeneficiriodedeterminada actividadedealgumaseucargonopodedeixardeseconsiderar excepcional. Afinal, o princpio geral em matria de responsabilidade deve ser o da responsabilidade subjectiva ou seja, da responsabilidade de quem, agindo voluntariamente,violeumdireitodeoutrem,agindocomculpa(doloou negligncia)ecomoconsequnciadessecomportamentoprovoqueumdano efectivo. esta tambm a posio do legislador portugus que a adopta no art 483 n 1 doCdigoCivil,dispondoainda,non2,quesexisteobrigaode indemnizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei Mais frente, no art 500, estabelece os limites desse tipo de responsabilidade sem culpa do agente, a tal responsabilidade objectiva, nos seguintes termos: S existe responsabilidade objectiva do comitente se: 1existirumvnculoentreocomitenteeocomissrio,ouseja,a possibilidadedocomitentedarordensaocomissrio(subordinaono sentido de actividade por conta e sob a direco de outrem) (art 500 n 1, 1 parte CC); 2 se verificar a prtica de facto ilcito no exerccio das funes e por causa destas funes, mesmo contra as ordens do comitente (art 500 n 2 CC), ou seja, a violao, pelo comissrio, de um direito de outrem, de Lei que protejainteressesalheios,ouabusodedireitoduranteoexercciodas funes mandatadas e por causa dela; 3houverculpadocomissrio;ouseja,temdehaverresponsabilidade subjectiva do comissrio (art 500 n 1, 2 parte CC). Noentanto,ocomitentepoderesponder,independentementedaculpado comissrio, se ele prprio tiver procedido com culpa, em trs situaes: - na escolha ou seleco do comissrio; - na transmisso de instrues; -naobrigaodevigilnciadaformacomoocomissrioexecutaas funes contratadas. Se a entidade empregadora, para alm do poder econmico que representa, detmainda,comovimosj,ospoderesdirectivo,regulamentare disciplinarparagarantirocumprimentodasobrigaesqueimpendemsobre ostrabalhadoresedosdireitosquelheassistem,serialgicoqueemmatria deSHSTexistisseresponsabilidadeobjectivadaentidadeempregadoraem caso de acidentes de trabalho. Noentanto,essafundamentaosporsi,nosuficiente.Sesexiste obrigaodeindemnizar,independentementedeculpa,noscasos especificados na lei, temos, ento, que encontrar na Lei esta previso. A responsabilidade objectiva no caso dos acidente de trabalho no ordenamento jurdicoportugusresultadadisciplinajurdicadaLein.100/97,de13de Setembro,queaprovaoregimejurdicodosacidentesdetrabalhoedas doenasprofissionaisedorespectivoregulamentoaprovadopeloDecreto-Lei n. 143/99, de 30 de Abril, onde se estabelece o direito reparao dos danos emergentesdosacidentesdetrabalhoedoenasprofissionaisdos trabalhadoreseseusfamiliares,reforadaaindapelaexistnciadeinmeras obrigaes a cargo da entidade patronal em matria de SHST, nomeadamente asprevistasnosarts272n2,273n1,276doCT,eart12.daLei n 100/97(acidentesdetrabalho)entremuitasoutras(deorganizaodos serviosdeSHST,degarantircondiesdeseguranaaostrabalhadores,de lhes dar formao, etc,). Acrescemafloraes concretasnoutrosdispositivoslegais,nomeadamente no artigo 274. onde se diz que as obrigaes dos trabalhadores no domnio da segurana esadenoslocaisdetrabalhonoexcluemaresponsabilidadedoempregadorpela segurana e a sade daqueles em todos os aspectos relacionados com o trabalho bem comonoart219.ondesedizqueautilizaodeserviosinterempresasoude servios externos no isenta o empregador das responsabilidades que lhe so atribudas pela demais legislao sobre segurana, higiene e sade no trabalho. Conclui-se,detodooexpostosupra,queaentidadeempregadoratemuma enorme responsabilidade ao nvel das vrias vertentes em que se decompe a suaresponsabilidadeemmatriadeSHTeacidentesdetrabalho,nolhe sendolegalmentelegtimoafastarasuaresponsabilidadeemaspectos absolutamente relevantes e que esto sob a sua direco. Verificadosqueestejam,emconcreto,osrequisitosdequedependea responsabilidadeobjectiva,aentidadepatronalchamadaaindemnizaros acidentes de trabalho ocorridos com os seus trabalhadores. E j vimos que, mesmo sem culpa do trabalhador, a entidade patronal pode ser chamado a responder se ela prprio tiver procedido com culpa, na escolha ou seleco do agente trabalhador - promotor do acidente (a chamada culpa in eligendo)ounatransmissodeinstrues(culpaininstruendo)ouna obrigao de vigilncia da forma como os trabalhadores executam as funes contratadas (culpa in vigilando). Hsituaes,porm,quenopodemficaracobertodestaresponsabilidade objectiva da entidade patronal. Estamos a pensar nos casos em que o agente doacidenteagecomdolo,ouemqueoacidenteocorreporcausasnaturais absolutamenteimprevisveisoudeforamaior.QueraLei100/97,(acidentes detrabalho)queroDL143/99quearegulamenta,tratamdeexcluirestes casosdaresponsabilidadedaentidadepatronal.Socausasque descaracterizamoacidenteequeidentificamosabaixoapartirdatranscrio da prpria lei: Artigo 7. Lei 100/97- Descaracterizao do acidente 1 - No d direito a reparao o acidente: a)Quefordolosamenteprovocadopelosinistradoouprovierdeseuactoouomisso,queimporte violao,semcausajustificativa,dascondiesdeseguranaestabelecidaspelaentidade empregadora ou previstas na lei;(Artigo8.n1DL143/99-Paraefeitosdodispostonoartigo7.dalei,considera-se existircausajustificativadaviolaodascondiesdeseguranaseoacidentede trabalhoresultardeincumprimentodenormalegalouestabelecidapelaentidade empregadoradaqualotrabalhador,faceaoseugraudeinstruooudeacesso informao,dificilmenteteriaconhecimentoou,tendo-o,lhefossemanifestamentedifcil entend-la. b) Que provier exclusivamente de negligncia grosseira do sinistrado; (Artigo8.n2DL143/99-Entende-seporneglignciagrosseiraocomportamento temerrioemaltoerelevantegrau,quenoseconsubstancieemactoouomisso resultante da habitualidade ao perigo do trabalho executado, da confiana na experincia profissional ou dos usos e costumes da profisso. c)Queresultardaprivaopermanenteouacidentaldousodarazodosinistrado,nostermosdalei civil,salvosetalprivaoderivardaprpria prestaodotrabalho,forindependentedavontade do sinistradoouseaentidadeempregadoraouoseurepresentante,conhecendooestadodosinistrado, consentir na prestao;d) Que provier de caso de fora maior. 2-Sseconsideracasodeforamaioroque,sendodevidoaforasinevitveisdanatureza, independentesdeintervenohumana,noconstituariscocriadopelascondiesdetrabalhonemse produzaaoexecutarservioexpressamenteordenadopelaentidadeempregadoraemcondiesde perigo evidente.3-Averificaodascircunstnciasprevistasnesteartigonodispensaasentidadesempregadorasda prestaodosprimeirossocorrosaostrabalhadoresedoseutransporteaolocalondepossamser clinicamente socorridos. A leitura atenta destes dispositivos legais absolutamente fundamental para se teracorrectapercepodaextensodaresponsabilidadeobjectivada entidade empregadora.Atente-senoconceitodecausajustificativaoudeneglignciagrosseira adoptadopelolegisladorparaefeitosdoart7daLei100/97eveja-seat ondechegaochapudaresponsabilidadeobjectivaacargodaentidade empregadora. Oconceitodecausajustificativaquepermiteaviolaodanormasde seguranaporpartedotrabalhadorprofundamenteresponsabilizanteda entidadeempregadora,muitoparaalmdoqueresultariadeuma responsabilidade objectiva doutrinalmente aceitvel. Aentidadeempregadoraficacomumnustalquedificilmentepoder,ano ser nas situaes de dolo do trabalhador, afastar a sua responsabilidade. luz deste chapu proporcionado pela actual extenso da responsabilidade objectiva que se devem entender o papel dos deveres da entidade patronalao nveldaSHSTbemcomo ospoderesque aLeilheconfereparaconformar a disponibilidade para o trabalho fornecida pelos trabalhadores. B Proibio de fumar Face a todo o exposto supra bem como no ponto 3), seria legtimo considerar legal que a entidade empregadora decidisse a proibio de fumar por meio de Ordem de Servio uma vez que a empresa mais no faz do que concretizar a obrigaolegaldepromoodasadedostrabalhadores.Enesteaspecto, tratar-se-iadeexerceropoderdirectivodaempresasobreostrabalhadores paraasseguraraconformidadedosseuscomportamentoscomasobrigaes legais a cargo da entidade empregadora. Pelomenosquanto proibiode fumaremzonasonde existam substncias explosivaseinflamveisnorestamdvidasacercadalegalidadequea determine em virtude da existencia de dois artigos da Portaria n 53/71, de 3 de Fevereiro, (alterado pela Portaria n 702/80, de 22 de Setembro) Regulamento GeraldeSeguranaeHigienedoTrabalhonosEstabelecimentosIndustriais, os arts ns 110 e 115, que se referem perigosidade de fumar nessas zonas. Masnosrestanteslocaisdetrabalhonoespecificamenteprevistosnalei,a proibiodefumarpodeefectivar-sepormerainvocaodospoderesda entidade patronal referidos em 3) supra? Emmatriadeproibiodefumarexistelegislaoespecfica, nomeadamenteoDecretoLein226/83,de27deMaio,queregulamentaa Lei n 22/82, de 13 de Fevereiro, e que dispe assim: Artigo 2. (Proibio de fumar em locais) 1 - No permitido o uso do tabaco: a)Nasunidadesemqueseprestemcuidadosdesade,nomeadamentehospitais,clnicas, centros e casas de sade, consultrios mdicos, incluindo as respectivas salas de espera, ambulncias, postos de socorros e outros similares e farmcias;b)Nosestabelecimentosdeensino,incluindosalasdeaula,deestudo,deleituraoude reunies, bibliotecas, ginsios e refeitrios;c)Noslocaisdestinadosamenoresde16anos,nomeadamenteestabelecimentosde assistnciainfantil,centrosdeocupaodetemposlivres,colniasdefriasedemais unidades congneres;d)Nas salas de espectculos e outros recintos fechados congneres; e)Nos recintos desportivos fechados. f)Noslocaisdeatendimentopblico,noselevadores,nosmuseusebibliotecas.(alterao introduzida pelo DL 393/88, de 8/11) g)Nasinstalaesdometropolitanoafectasaoserviopblico,designadamentenas estaesterminaisouintermdias,emtodososseusacessoseestabelecimentosou instalaes contguas. (alterao introduzida pelo DL 283/98, de 17/09) 2-Noslocaismencionadospoderserpermitidoousodotabacoemreasexpressamente destinadasafumadores,asquaisnodeveroincluirzonasaquetenhamcomummente acessopessoasdoentes,menoresde16anos,mulheresgrvidasouqueamamenteme desportistas.3 - permitido estabelecer a proibio de fumar: a)Nosrestauranteserestantesestabelecimentossimilaresdoshoteleiros,nasreasque, pordeterminaodagerncia,estejamreservadasanofumadores,sinalizadasnos termos do artigo4.; (alterao introduzida pelo DL 287/89, de 30/08) b) Nos locais de trabalho, na medida em que a exigncia de defesa dos no fumadores tornevivelaproibiodefumar,designadamentepelaexistnciadeespaos alternativos disponveis. (alterao introduzida pelo DL 393/88, de 8/11) 4 - (Revogado.) (alterao introduzida pelo DL 393/88, de 8/11) Ficamosasaberquepermitidoestabeleceraproibiodefumarnoslocais detrabalho,namedidaemqueaexignciadedefesadosnofumadores tornevivelaproibiodefumar,designadamentepelaexistnciade espaos alternativos disponveis. O que parece resultar de uma primeirainterpretao do dispositivo legal que aproibiodefumarparadefesadosnofumadoresserpossvelsetal proibio se tornar vivel pela adopo, a cargo da entidade empregadora, de alternativas que possibilitem aos fumadores exercer o seu direito de fumar. E se tal alternativa no for de todo possvel? Prevalece o direito dos fumadores sobre os dos no fumadores? isso que parece resultar da leitura do preceito legal. No limite, teriamos um conflito de direitos sade vs ao lazer? (admito a minha dificuldade em qualificar qual o direito protector do vcio fumar).Mas vamos admitir que setratadeumdireitoefectivo,sua(decadaum)liberdadedeescolhade opes de vida (direito de personalidade?). ParaapurarcorrectamenteosentidodaLeieconcluirqualdosdireitosem conflito ter maior tutela jurdica, teremos de recorrer a alguns elementos para fazerainterpretaodanormajurdica;nomeadamenteaelementoslgicos, formalmente includos na fonte preambulo da Lei , ao elemento sistemtico , ao contexto em que surgiu e histrico. Comoprimeiraconstataodir-se-quepblicoeestcientificamente provado que fumar causa prejuzo grave sade de todos os sujeitos, directa ou indirectamente, expostos ao fumo expelido pelo cigarro. Por outro lado, a ser aquela a interpretao que resulta do art 2 n 3 al. b) do DecretoLein226/83aceite,aformacomoestredigidaestapossibilidade traduz uma inverso de valores verdadeiramente contraditria com a razo de ser da Lei n 22/82, de 13 de Fevereiro, bem como do Decreto Lei n 226/83, de 27 de Maio, onde, no seu considerando 7 se diz que a IVConfernciaMundial sobreoTabacoeaSade,quetevelugaremEstocolmoemJunhode1979,considerouotabagismo, conjuntamente com o transito, a poluio, o lcool e a nutrio imprpria, como um dos grandes males dassociedadesmodernas.ConfirmouanecessidadedepremprticaasrecomendaesdaOMS, chamandoaatenoparaaurgnciadapublicaoecumprimentodelegislaoadequada,em especial no que se refere proteco de menores, grvidas e no fumadores e restrio, proibio e controle da publicidade, de modo que se consiga uma sociedade em que no fumar seja o normal. Para alm do aspecto abordado supra, convm chamar colaco o princpio constitucionalmente consagrado no art 59 n 1 al. c) da CRP que consagra o imperativo de que todosostrabalhadores,semdistinodeidade,sexo,raa,cidadania, territriodeorigem,religio,convicespolticasouideolgicas,tmdireitoaprestaodo trabalho em condies de higiene, segurana e sade. E porque estamos no mbito da prestaodotrabalhodeveprevalecerodireitoqueprossegueodesiderato constitucional de maior dignidade. Conjugando, assim, o disposto no art 59 n 1 com o disposto no art 25 n 1 - Aintegridademoralefsicadaspessoasinviolvel-ambosdaCRPecomas conclusesdaOMSsobreosmalefciosdotabacoeasuainflunciasobre a sade humana, no ser descabido considerar o acto de fumar na presena de nofumadorescomoactosatentatriosdaintegridadefsicadaspessoas, assim dignos de maior tutela que o direito liberdade de fumar. Edestemodo,apsesteexerccioargumentativo,pensamosficarlegitimada uma interpretao correctiva (quando se conclui de que a lei tem um sentido nocivo, deve ser interpretado no sentido dos interesses que a lei visa proteger, corrigindo-se o sentido que o legislador teria previsto) daquele dispositivo legal sob pena de se perder o efeito til da Lei. Alis, aps leituras atentas dos mais diversos comentrios doutrinais ao art 70 do Cdigo Civil que regula a tutela da personalidade, bem como a consulta de vrios acordos sobre esta matria, no parecem restar muitas dvidas quanto valoraosuperiordodireitointegridadefsicaemoral-queabrangeo direitosaderelativamenteaodireitodefumarabrangidopelodireito liberdade individual. Easempresasqueestabelecemaproibiodefumarsoobrigadasacriar espaos especialmente destinados aos fumadores ? Salvomelhoropinio,aimposiolegalnoapontanessesentido; meramenteexemplificativacomoosugereaaplicaodafrmula designadamente.Noentanto,dopontodevistadasociologiadotrabalho seriadetodoaconselhveldelimitarumespaoondeostrabalhadores pudessem fumar, estabelecendo-se regras quanto sua frequncia (nmero de frequentadores, tempo de permanncia, etc). Estaanossaposio,emboraseadmitamopiniesdivergentes, especialmentetratando-sedenumamatriatocomplexaemvirtudeda valorao pessoal dos direitos em confronto. C Proibio de comer e beber Tambm aqui nos parece ser absolutamente legal decidir sobre a proibio de comer e beber durante as horas de trabalho por meio de Ordem de Servio. umdireitoconstitucionalmenteconsagradoodireitovida,queassentana satisfao de necessidades vitais alimentao. Noentanto,asatisfao doactotendente aoexercciode tal direitotemsede prpriaenoincumbeentidadepatronal,salvoemcasosrarosde trabalhadorescomdeficienciaoudoenacrnicaouvulnerveis temporriamente(ex.grvidas)queexijamcuidadosespeciaisemtermosde hbitosalimentares.Nocasodetrabalhadorescomdeficienciaoudoena crnicaessaespecialsituaoexcepcionantedeverestarcomprovada atravs de indicao mdica. Para alm do aspecto supra referido e ainda da evidncia que resulta do facto dostrabalhadoresseremcontratadosparatrabalhare,porisso,serlegtimo proibiractividadesparaasquaisostrabalhadoresnoforamcontratados, aquela proibio fundamenta-se ainda na concretizao da obrigao legal de promoo da sade dos trabalhadores. Razes de segurana na execuo das funes bem como razes de higiene podem impor a proibio de ingesto de alimentos ou bebidas durante o perodo normal de trabalho (PNT). E neste aspecto, trata-se de exercer o poder directivo ou o poder regulamentar daempresasobreostrabalhadoresparaasseguraraconformidadedosseus comportamentos com as obrigaes legais a cargo da entidade empregadora. D Proibio de consumo de bebidas alcolicas ou de estupefacientes ParaalmdoqueficouditoemCequetemaplicabilidadenestasituao, acresceumaspectoadicionalque,pelasuaespecificidade,mereceateno especial.Trata-se de saber se a entidade patronal poder agir sobre um trabalhador que consuma bebidas alcolicas ou estupefacientes fora do local de trabalho edotempodetrabalho,mascujosefeitossefaamsentirjdentrodo tempo e local de trabalho. -Quepoderestemaentidadeempregadoraparaimpediroconsumonostermosreferios supra ? -Aquelimitessedeveconsiderarsujeitaaentidadeempregadoraatendendoaquea realizaodosexamespoderimplicarviolardireitosdepersonalidadedoprprio trabalhador, tutelados constitucionalmente ? -Quetipodeestigmaspodemservirdeorientaoparasubmissoaavaliaoclnicada pessoa presumivelmente sob a influncia de bebidas alcolicas ou de estupefacientes ? -Quemeiosdispeaentidadeempregadoraparasujeitarostrabalhadoresaexamespara despiste daquelas situaes e que tipos de exames sero admissveis ? -Oquepodeoudeveconsiderar-selocaldetrabalhoetempodetrabalhoparaestes efeitos ? Tentando responder s questes respeitando a ordem por que so colocadas, dir-se- que a entidade empregadora detem os poderes j explanados em 3 e 4 A-devendoexerc-lossemprequeestejaemcausaadefesadasegurana, higieneesadenotrabalhodostrabalhadoresabrangidospelasuaesferade influnciaedentrodolocaletempodetrabalho,conceitosquenestamatria deSHST,estreitamenteligadatemticadosacidentesdetrabalho,devero ser os adoptado na Lei n. 100/97, de 13 de Setembro (aprovaaleidosacidentes de trabalho)e Decreto-Lei n. 143/99, de 30 de Abril (regulamenta a lei dos acidentes de trabalho). Poroutrolado,atendendoaofactodequeasujeiodostrabalhadores realizao dos exames poder implicar a intromisso na esfera jurdica privada doprpriotrabalhador,reafortementetuteladapelosdireitosde personalidadetodooprocessodedetecodainfluncia(estigmas)dessas substncias,desujeioerealizaodeexamemdico,devalidaodos resultadosecontraprova,decomunicaoearmazenagemdosresultados, dever obedecer a uma tramitao legal que garanta a defesa dos direitos de personalidadedoprpriotrabalhadorparaalmdoestritamentenecessrio defesa da SHST. Jvimosqueaformalegalmaisconsentneacomadefesadosdireitosem causa a do Regulamento Interno, regulada no art 153 CT. Que critrios adoptar na elaborao deste tipo de regulamentos internos nesta matria to complexa e sensvel? O ordenamento jurdico que sustenta a SHST no trata esta matria. NaausnciadecritrioslegalmenteestabelecidosemsededeSHSTnas vriasfasesdoprocessojidentificado,somosdeopinioquesedeve pesquisar no restante ordenamento jurdico portugus a existncia de solues legais adoptadas para regular situaes em que estejam em conflito direitos de personalidadeedireitosdeterceiroscomfundamentonasuasegurana privada e pblica. Efectuada a pesquisa, detectou-se a existncia de regulamentao legal numa matriaemqueosinteressesemconfrontososubstantivamenteidnticos aos merecedoresde tutela no mbito da SHST. matriarelativa proibio deconduosobinflunciadolcooloudesubstnciasestupefacientesou psicotrpicas. O Decreto-Lei n. 114/94, de 3 de Maio, (Cdigo da Estrada) com as alteraes que lhe foram introduzidaspeloDecreto-Lein.2/98,de3deJaneiro,estabeleceoregimejurdicoda fiscalizaodaconduosobainflunciadolcooloudesubstnciasestupefacientesou psicotrpicas.ODecretoRegulamentarn.24/98,30deOutubro,veioregulamentaressasmatrias, introduzindo disposies legais, nomeadamente sobre os mtodos a utilizar na fiscalizao e nosexamesmdicosetoxicolgicosindispensveisdetecoseguradoestadode influenciado pelo lcool ou por substncias estupefacientes ou psicotrpicas. A Portaria n. 1006/98, de 30 de Novembro, veio fixar os requisitos a que devem obedecer os analisadoresquantitativoseomodocomosedeveprocederrecolha,acondicionamentoe expediodasamostrasbiolgicasdestinadassanlisestoxicolgicasparadeterminao da taxa de lcool no sangue e para confirmao da presena de substncias estupefacientes ou psicotrpicas ORegulamentoInternopoderadoptarcritriosdesujeioaexames,de recolhadeamostras,decontraprova,etc,emtudosemelhantesaosque constam na legislao supra referida. O Regulamento Interno poder ser mais oumenoscomplexoemfunodanaturezadasfunesexercidasnas empresasoudograuderisco(elevado)daactividadedaempresa, especificado no art 213 n 2 da RT matria de SHST (a) Trabalhos em obras de construo,escavao,movimentaodeterras,tneis,actividadesdeindstrias extractivas;trabalhohiperbrico;actividadesqueenvolvamautilizaoou armazenagemdequantidadessignificativasdeprodutosqumicosperigosos susceptveis de provocar acidentes graves; etc). Por exemplo, como orientao para submisso a avaliao clnica de pessoas sob influncia de substncias psicotrpicas poder-se-ia adoptar os critrios do Anexo III da Portaria 1006/98Estigmas (no determinantes) - Estigmas de consumo corporais: Mltiplas punes nos trajectos venosos: da mo, antebrao, prega do cotovelo, pescoo e ps;Sinais de abcessos ou fleimes; Higiene oral deficiente, mltiplas cries dentrias. Outros estigmas no determinantes: - Posse de: Colher (habitualmente carbonizada e torcida); Caricas de garrafas; Limo ou fragmentos; Seringas (habitualmente de insulina); .. a) Pessoa sob efeito do consumo de opiceos (ou intoxicao aguda): Aspecto geral: Pupilas miticas; Discurso lentificado, fala arrastada, sonolento; Sendo dependente, com frequncia apresenta mau estado fsico geral; Eventualmente estupuroso ou at comatoso, mas podendo tambm estar agitado; Pele plida, cianosada e hmida; . Equepodemasempresasfazerquandosevmconfrontadaspelaprimeira vezcomumasituaodeumtrabalhadoraparentementeembriagadoou drogado,notendoatessemomentoqualquercasoquejustificassea elaborao de um regulamento interno para estas situaes? Diz-nosaLeiquenocasodaSHSToempregadorpodeparaefeitosde permanncia do trabalhador no emprego exigir ao trabalhador a realizao ou apresentao de testes ou exames mdicos, de qualquer natureza, para comprovao das condies fsicas ou psquicasquandoestestenhamporfinalidadeaprotecoeseguranadotrabalhadoroude terceiros,ouquandoparticularesexignciasinerentesactividadeojustifiquem,devendoem qualquercasoserfornecidaporescritoaocandidatoaempregooutrabalhadorarespectiva fundamentao. Daleituradodispositivolegalsupratranscritopareceresultar,numaprimeira interpretao, de que no actual regime jurdico, contrariamente ao que sucedia nombitodoanteriorenquadramentolegalnestamatria(emqueaentidade empregadora s por via do poder regulamentar podia afectar determinados direitos e garantias dostrabalhadores(daaobrigatoriedadedesujeitaraumaentidadeexternaIDICTa aprovaodoRI),aentidadeempregadorapode,porviadopoderdirectivo, afectarpontualmenteaquelesdireitosegarantiasnamedidadonecessrio defesa da SHST. Tratar-se-ia de legitimar intervenes da entidade empregadora necessrias defesa dos direitos do prprio trabalhador e dos seus colegas quando estivesse emcausaasegurananotrabalhoemcasosextremosdegravidade.Afinal, estaremcausaadefesadaprpriavidaeaintegridadefsicadoprprio trabalhador e dos seus colegas de trabalho.Sestajustificaodefesadeuminteresse/valorjurdicosuperior-legitima tal interveno pontual. Mesmoconsiderandoadmissvelestasituaopontual,legtimoperguntar como se efectivaria todo o processo de sujeio a exames e a recolha de prova nestes casos ?Seasituaoemtermosdeperigoparaaseguranaesadedos trabalhadoresfortograveeevidente,paraqualquerobservadornormal,a entidade patronal tem o dever de intervirmesmo que no possa, por razes deordemprtica,sujeitarotrabalhadoraqualquertipodeexame.Nesta situao,seriadefensvelqueaentidadeempregadorapudessesuspender temporariamenteotrabalhadordassuasfunes,atentosossuperiores interesses em confronto. Fora destas situaes, a intromisso pontual da entidade patronal no exerccio do seu poder directivo em reas tuteladas pelos direitos de personalidade dos trabalhadores ilegal. Aentidadepatronaltemopoderdeestabelecerregrasgeraiseabstractas de interveno em determinados direitos e garantias dos trabalhadores, em defesa deoutrosvaloresquemereamsuperiortutelalegal,eessaavia correcta. E Obrigatoriedade de uso de equipamento de proteco individual (EPI) necessrio analisar esta matria luz do que ficou escrito em A, importando, para reforo do que se vai explicar a seguir, relembrar algumas das obrigaes que a entidade empregadora tem ao nvel da SHST: c)Proporcionar boas condies de trabalho, tanto do ponto de vista fsico como moral g) Prevenir riscos e doenas profissionais, tendo em conta a proteco da segurana e sade do trabalhador, devendo indemniz-lo dos prejuzos resultantes de acidentes de trabalho;h)Adoptar,noquesereferehigiene,seguranaesadenotrabalho,asmedidasque decorram,paraaempresa,estabelecimentoouactividade,daaplicaodasprescries legais e convencionais vigentes;i)Forneceraotrabalhadorainformaoeaformaoadequadasprevenoderiscosde acidente e doena, .informarostrabalhadores,assimcomoosseusrepresentantesnaempresa, estabelecimento ou servio, sobre os riscos para a segurana e sade, bem como as medidas deprotecoedeprevenoeaformacomoseaplicam,relativosqueraopostodetrabalho ou funo, quer, em geral, empresa, estabelecimento ou servio;bem como a impossibilidade que ela tem de excluir a sua responsabilidade em todososaspectosrelacionadoscomotrabalhomesmoatnocasoda utilizao de servios interempresas ou de servios externos. Conjugando: - a responsabilidade alargada da entidade empregadora resultante dos poderes que detm; - as obrigaes da entidade patronal a todos os nves da SHST (ex.fornecerao trabalhadorainformaoeaformaoadequadasprevenoderiscosdeacidentee doena,..informarsobreosriscosparaaseguranaesade,bemcomoasmedidasde proteco e de preveno e a forma como se aplicam, relativos quer ao posto de trabalho ou funo); - as causas de excluso de responsabildiade e o conceito (alargado) de causa justificativaoudeneglignciagrosseiraadoptadopelolegisladorpara efeitos do art 7 da Lei 100/97; -aimpossibilidadedeafastamentodaresponsabilidadedaentidade empregadora nas situaes j referidas; conclui-sequeentidadeempregadoraestoproibdasamaioriadas prticasecomportamentosquesocomunsverificarporessepasforaem matria de SHST especialmente ao nvel da utilizao dos EPIs. Aentidadeempregadoraficacomumnustalquedificilmentepoder,ano sernassituaesdedolodotrabalhador,afastarasuaresponsabilidade quandosetratadedarformaoaosseustrabalhadoresedeosobrigara uitlizar os EPIs sempre que razes de segurana o imponham. frequente verificar que a entidade empregadora obriga os seus trabalhadores aassinarumacartaderecepodeEPIcomoformadedemostrarque doravantenotemqualquerresponsabilidadepelofactosresultantesdano utilizao dos EPIs pelos trabalhadors ou, pior ainda, obrigar os trabalhadores a assinaruma declarao a responsabilizar-se por qualquer facto resultante da no utilizao dos EPIs distribudos pela entidade patronal. Salvomelhoropinio, estasdeclaraesnoproduzemqualquerefeito.Em casodelitgioostribunaisnopodem,faceaoenquadramentolegalquefoi exposto,atenderaoefeitopretendidopelaentidadepatronalcomestetipode desresponsabilizao. Onde est o exerccio do poder directivo, do poder disciplinar, do poder e deverdevigilncianecessriosaocumprimentodasobrigaesem matriadeSHSTassegurarcondiesdesegurananaexcecuodo trabalho, de informar e formar para a segurana que o legislador impe entidade empregadora? Nestamatria,paraalmdoenquadramentolegalexposto,aentidade empregadora dever cumprir ainda legislao especial, nomeadamente: - o Decreto-Lei n 348/93, de 1/10, que estabelece o enquadramento relativo s prescriesmnimasdeseguranaedesadeparaautilizaopelos trabalhadoresdeequipamentodeprotecoindividualnotrabalho,eque transpe a: -Directiva89/656/CEEdoConselhode30deNovembro(terceiradirectiva especial na acepo do n. 1 do art. 16. da Directiva 89/391/CEE); -aPortarian988/93,de6/10,queestabelecearegulamentaorelativas prescriesmnimasdeseguranaesadedostrabalhadoresnautilizao de equipamento de proteco individual. Acresce, embora este no seja tema para tratar neste mbito, que existe uma DirectivaNovaAbordagemrelativaaosrequisitosaquedeveobedecero fabricoecomercializaodosEPI,transpostapeloDecreto-Lein128/93,de 22 de Abril, alterado pelosDecreto-Lei n 139/95, de 14 de Junho, eDecreto-Lei n 374/98, de 24 de Novembro, regulamentado pela Portaria n 1131/93, de 4 de Novembro e Portaria n 109/96, de 10 de Abril, legislao esta que obriga aentidadeempregadoraacuidadosadicionaisquandodaaquisiodeEPIs no mercado.