5
O Galpão das Artes Dentre os mais de 50 cursos da Universidade Fed- eral do Espírito Santo (UFES), dois deles correspon- dem à formação de profissionais das artes. Especifi- camente os cursos de Artes Plásticas e Artes Visuais. Artes O curso é ministrado nas áreas dos Cemuni’s, onde os profes- sores lecionam matérias por vários prédios. Entretanto, assim como todos os outros cursos, existe uma área em que só os alunos das artes freqüentam, apesar de ser aberto ao público. É o Galpão do Centro de Artes da Ufes. O local é destinado à produção de monumentos artísti- cos e fica localizado entre o cemu- ni vermelho e o prédio audiovisual conhecido pelos alunos como Bob. O galpão pode ser caracterizado por seus vários, e chamativos, grafites desenhados nas paredes do lado de fora. Mas, o que pouca gente conhece são as produções que ficam dentro do local. A en- trada não é nada convidativa, com alguns móveis velhos espalhados pelos cantos, muita poeira e des- organização. Mas, quando se aden- tra na área destinada à produção, é possível se surpreender.

Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A obscuridade do galpão de artes

Citation preview

Page 1: Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

O Galpão das ArtesDentre os mais de 50 cursos da Universidade Fed-eral do Espírito Santo (UFES), dois deles correspon-dem à formação de profissionais das artes. Especifi-camente os cursos de Artes Plásticas e Artes Visuais.

ArtesO curso é ministrado nas áreas

dos Cemuni’s, onde os profes-sores lecionam matérias por vários prédios. Entretanto, assim como todos os outros cursos, existe uma área em que só os alunos das artes freqüentam, apesar de ser aberto ao público. É o Galpão do Centro de Artes da Ufes. O local é destinado à produção de monumentos artísti-cos e fica localizado entre o cemu-ni vermelho e o prédio audiovisual conhecido pelos alunos como Bob.

O galpão pode ser caracterizado por seus vários, e chamativos, grafites desenhados nas paredes do lado de fora. Mas, o que pouca gente conhece são as produções que ficam dentro do local. A en-trada não é nada convidativa, com alguns móveis velhos espalhados pelos cantos, muita poeira e des-organização. Mas, quando se aden-tra na área destinada à produção, é possível se surpreender.

Page 2: Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

Em uma estante velha e re-pleta de teias de aranha estão as partes de estátuas mais expressivas. Esta peça, (Foto 1 e 2) estava na prateleira de cima, reduzida a um artefato deixado para trás. Não está inacabada, mas pelo tempo já é possível perceber o des-gaste de seu gesso. Com tra-ços delineados e bastante perceptíveis, mas pedaços quebrados e sem curvas. Ris-cos no rosto que lembram cic-atrizes e cortes, e uma testura de pedra,, devido à sujeira que se impregnou. E, são es-ses traços, que fazem deste dorso um monumento tão expressivo. O dono, ninguém se lembra quem é, e o tempo que ela se está lá também é desconhecido, mas já parte da

identidade do Galpão.

FOTO 1

FOTO 2

Page 3: Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

São muitos rostos e minia-turas de pessoas e animais. Mas, além disso, é possivel encontrar, em lugares sucin-tos, pequenos objetos artísit-cos. E foi numa dessa procura por detalhes que uma mão pregada na parede ‘apareceu’. (Foto 3) Uma grande parede cinza de tijolos, com aspecto de pedra, em meio a ela está uma mão fechada e branca. Só possível notar quando se chega um pouco mais perto.

Em baixo, alojado numa prateleira repleta de objetos, está um pedaço de tronco de árvore (Foto 4), que se tornou arte. Com uma madeira ene-grecida e cheia de galhos, o tronco apresenta um aspecto sombrio e a cada detalhe se une aos outros tanto objetos

artísitcos obscuros.

FOTO 3

FOTO 4

Page 4: Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

Rosto esculpidos são os monumentos mais encontra-dos no Galpão, alguns feitos de moldes, outros moldados a mão, (Foto 5 e 8). Traços fortes que mostram imper-feições e tornam o rosto mais real. Não se sabe ao certo a técnica que foi usada, na ver-dade, nenhum monumento do galpão tem dono, nome ou alguma especificidade, são to-dos deixados por lá. Cada foto desta série apresenta elemen-tos sombrios que acabam por forma o idêtidade obscura do local. O rosto da Foto 5 e o suposto anjo de Foto 6 não aprentam alegria , mas sim algo contrário, talvez tristeza,

ou angústia.

FOTO 5

FOTO 6

Page 5: Ensaio fotográfico do Galpão de artes da UFES

A mão (Foto 7) é um objeto que estava, vamos dizer, de “quarentena”, pois foi uma obra que não deu muito certo, segundo o senhor que tra-balha lá. Os dedos estão que-brados e a pessoa que o fez, provavelmente desistiu de ‘arrumar’ e a deixou em uma outra estante mais isolada. Apesar, das imperfeições da mão, o que chama a atenção é o modo como ela foi projetada, como se quisesse agarrar algo em meio a escuridão. Já na ul-tima foto dessa série (Foto 8) é possível notar uma compa-ração, um molde de gesso em branco, e um rosto que surgiu de um molde como aquele. O rosto, apesar do aspecto ina-cabado é bastante expressivo e contribui com o aspecto um

tanto depressivo do galpão.

FOTO 7

FOTO 8