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Disciplina “Análise de Pesquisa em Administração” Profª Miriam Oliveira PPGAd FACE PUCRS Análise Qualitativa de Conteúdo em Três Artigos sobre Governança de TI em Empresas Brasileiras Jorge Horácio Nicolás Audy Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUC-RS RESUMO Este artigo tem por objetivo a apresentação de uma pesquisa qualitativa com análise de conteúdo realizada para a disciplina de Análise de Pesquisa em Administração no mestrado do PPGAd da Faculdade de Administração da PUCRS. Partindo da seleção de três artigos sobre governança de TI em empresas brasileiras, leitura, entendimento e codificação de um índice contendo tópicos e estrutura que permitam um melhor entendimento comparativo e rastreabilidade de seus conteúdos. Usando técnica muito utilizada para análise de entrevistas, o resultado e valor entregues objetivaram sobretudo o aprendizado e fixação do processo realizado desde a revisão de conteúdo e seleção dos textos, a codificação de seus conteúdos e conclusões sobre o processo como um todo, proporcionando conhecimentos relevantes para o processo de definição do problema de pesquisa e oportunidades metodológicas para uma futura dissertação. Palavras-chave: governança de TI; análise qualitativa; análise de conteúdo; revisão teórica

Ensaio Pesquisa Conteúdo 3 Artigos sobre Governança usando MaxQDA

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Disciplina “Análise de Pesquisa em Administração”

Profª Miriam Oliveira

PPGAd – FACE

PUCRS

Análise Qualitativa de Conteúdo em Três Artigos

sobre Governança de TI em Empresas Brasileiras

Jorge Horácio Nicolás Audy Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração

Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUC-RS

RESUMO

Este artigo tem por objetivo a apresentação de uma pesquisa qualitativa com análise de

conteúdo realizada para a disciplina de Análise de Pesquisa em Administração no

mestrado do PPGAd da Faculdade de Administração da PUCRS. Partindo da seleção de

três artigos sobre governança de TI em empresas brasileiras, leitura, entendimento e

codificação de um índice contendo tópicos e estrutura que permitam um melhor

entendimento comparativo e rastreabilidade de seus conteúdos. Usando técnica muito

utilizada para análise de entrevistas, o resultado e valor entregues objetivaram sobretudo

o aprendizado e fixação do processo realizado desde a revisão de conteúdo e seleção dos

textos, a codificação de seus conteúdos e conclusões sobre o processo como um todo,

proporcionando conhecimentos relevantes para o processo de definição do problema de

pesquisa e oportunidades metodológicas para uma futura dissertação.

Palavras-chave: governança de TI; análise qualitativa; análise de conteúdo; revisão

teórica

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ABSTRACT

This article has the objective of present a qualitative study of content analysis

performed to the discipline of Analysis Research Master's in Business Administration in

the Faculty of Management PPGAd PUCRS. Starting from the selection of three articles

on IT governance in Brazilian companies, reading, understanding and coding an index

containing topics and structure to enable a better way of comparative and traceability

content. Using technique for the analysis of interviews, a result value delivered

primarily aimed learning and assessment process undertaken since the content review

and selection the texts, encoding your contents and conclusions about the process as a

whole process, providing relevant knowledge to defining the research problem for

future methodological dissertation.

Keywords: IT governance, qualitative analysis, content analysis; theoretical review

1. INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado de pesquisa e apresentação realizadas como exercício na

disciplina de Análise de Pesquisa em Administração em seu primeiro módulo sobre

análise de dados qualitativos, ministrados pela Professora Miriam Oliveira no curso de

mestrado do Programa de Pós-Graduação em Administração da FACE/PUCRS para a

turma de primeiro semestre do ano de 2013. A disciplina em questão é dividida em dois

módulos, um sobre pesquisas qualitativas e outro sobre quantitativas, sendo este

exercício o trabalho final do primeiro módulo.

A contextualização e “lacuna” explorada neste trabalho resume-se ao fato de que a

maioria dos mestrandos não detém conhecimento ou prática em pesquisas científicas,

tendo a maioria apenas conhecimento superficial sobre pesquisas quantitativas muito

usadas pelo mercado em pesquisas de clima, opinião, feedback de serviços realizados,

entre outras. A introdução de novos conhecimentos e metodologias, são melhor fixadas

através de exercícios e práticas colaborativa entre os alunos e também seus professores.

O embasamento para este estudo foi trabalhado durante as quatro primeiras aulas,

tendo-se utilizado em especial os livros “Análise de Dados Qualitativos” (GIBBS, 2009)

escrito pelo professor Graham Gibbs da universidade de Oxford para abrir os debates e

entendimentos mínimos sobre análise qualitativa, entrevistas, grupos focais, além do

livro “Análise de Conteúdo” escrito pela professora de psicologia na universidade de

París, Laurence Bardin, sobre métodos de estudo e investigação de conteúdo, técnicas

muito úteis para a análise de discursos, entrevistas, textos, garantindo ao mesmo tempo

rigor e interpretação (BARDIN, 2009).

Também como parte deste trabalho e premissa para pesquisas e estudos científicos, a

professora Miriam introduziu e orientou quanto a boas práticas e técnicas para revisão

da literatura, usando um padrão iterativo-incremental, através da formação de critérios

de seleção de conteúdo (WOLFSWINKEL; FURMUELLER; WILDERON, 2013)

relevantes para revisões e seleções teóricas ou de conteúdo, posto que é preciso

esclarecer a forma de obtenção, os critérios de seleção e também necessidades de

mudança e revisão a partir de riscos ou oportunidades percebidos durante o trabalho.

Por ser este o primeiro artigo redigido e entregue desde o início das disciplinas do

primeiro semestre do Mestrado em Administração, cabe salientar a importância do

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padrão ABNT exigido na construção deste artigo, assunto tratado em sala de aula e

estudado em modelos e padrões apresentados no site da ANPAD (www.anpad.org.br) e

no site da biblioteca da PUCRS (www.pucrs.br/biblioteca), reconhecendo este

aprendizado como uma mudança de patamar que facilitará tanto novas percepções

durante a leitura de artigos quanto a redação dos ensaios e artigos ainda por fazer nas

demais disciplinas.

Este artigo esta organizado de forma a apresentar na seção dois, logo em sequencia a

esta, os critérios e análise do referencial teórico que suportou o método e conclusões

expressos neste artigo. Na seção três está detalhado o método de pesquisa utilizado, na

seção quatro há a explanação e análise dos dados e resultados obtidos, seguido da seção

cinco com as conclusões. Finalmente temos as referências teóricas e bibliográficas,

apêndices produzidos e anexos de terceiros.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Este trabalho estruturou-se a partir de três pilares conceituais que abordaremos em

detalhes nesta seção, o primeiro sendo a revisão da literatura para seleção dos três

artigos desejados, o segundo nos conceitos de codificação estruturada de tópicos inter-

relacionados entre o tema estudado e os textos coletados, o terceiro trata-se do

treinamento no uso da ferramenta MaxQDA de análise de conteúdo.

Primeiramente, temos o questionamento, entendimento e percepção individual de quais

os critérios e valor na revisão da literatura (WOLFSWINKEL; FURMUELLER;

WILDERON, 2013) até chegarmos aos três artigos necessários para leitura,

entendimento e aplicação do método, de forma a aproveitar a oportunidade e exercício

para aprofundar conhecimentos em teorias e constructos de interesse para a definição do

problema e hipóteses de pesquisa a serem estabelecidos para o desenvolvimento de

futura dissertação.

A adoção deste modelo de revisão teórica permitiu a configuração de uma série de

critérios, alguns apresentados pela própria professora, outros percebidos a partir das

opções iniciais e subsequente revisões e mudanças:

a. Artigos científicos publicados em revistas científicas ou congressos;

b. Textos acessíveis a meu nível de conhecimento, com teoria e temas conhecidos;

c. Busca múltipla na biblioteca da PUCRS pelo termo GOVERNANÇA DE TI;

d. Busca adicional pelo Google com o termo ARTIGO GOVERNANÇA DE TI;

e. Textos não longos demais, em torno de 15 páginas cada um;

f. Em Português para facilitar o trabalho de leitura e codificação;

g. Preferencialmente sobre adoção, uso, efetividade ou mecanismos.

Seguindo adiante, construiu-se a codificação de uma estrutura única de tópicos e

contabilização de frequência destes (KURASAKI, 2000), o que nos permite configurar

um sofisticado mecanismo de comparação e análise entre os três textos selecionados,

via análise temática, mesmo por mestrandos, dentro do prazo estipulado de três semanas

para uma apresentação e debate com professora e colegas, seguido de mais uma semana

para a entrega deste artigo em seu formato final via Moodle.

Inicialmente, por amadorismo, houve um entendimento de que seria fundamental revisar

e selecionar textos que tivessem convergência de tema e método, entretanto na aula do

dia 16/05 ficou claro que o importante neste processo é ter-se clareza no objetivo, dito

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isto, a análise de conteúdo agregará valor ao permitir analisar pontos chaves e tópicos

relevantes, quer concluindo semelhanças ou diferenças, mas essencialmente oferecendo

a oportunidade de uma matriz de rastreabilidade sintética e analítica quanto a facilidade

de acesso aos tópicos específicos dentro de cada texto.

Finalmente, importante esclarecer que houve um sucinto treinamento em sala de aula

com a Profª Miriam Oliveira sobre a instalação e operação do software MaxQDA

(http://www.maxqda.com), sistema especialista para a importação e tratamento de

textos, voltado a análises de conteúdo e contando com diferentes funcionalidades e

facilidades de processamento, tabulação e relatórios conforme configuração e

marcações realizadas. As lacunas técnicas do MaxQDA foram contornadas exportando

as grades de codificação para o Excel e lá realizando consultas com contabilização

cruzada de ocorrências, buscas, filtros, suportanto diferentes prismas para análise.

Foi utilizada uma licença de demonstração de 30 dias do software e tutoriais online,

entretanto o pouco tempo disponível frente as tarefas das outras disciplinas e vida

profissional, impôs que houvesse foco em algumas poucas funcionalidades que

permitissem a categorização, recategorização, geração de planilhas para análise e de

relatórios exportados várias vezes e conferidos em planilhas Excel.

3. MÉTODO

A seguir são apresentados os textos analisados, os selecionados, os procedimentos

utilizados para a construção da grade de codificação de seus tópicos, quais foram as

categorias encontradas inicialmente na etapa de codificação Aberta, um comparativo

com a grade final de categorias após a codificação Axial e a identificação da categoria

central após a etapa de codificação Seletiva, concluindo com alguns exemplos de

trechos por categoria.

Seguindo os critérios apresentados para a revisão dos artigos pesquisados e eletivos para

a realização deste trabalho, em consultas no mecanismo de busca múltipla da biblioteca

central da PUCRS e Google, foram identificados mais de 40 textos possíveis, reduzidos

a 11 através de uma simples avaliação de seu título, em especial eliminando todos os

que continham uma abordagem específica demais, como certas áreas, mecanismos ou

aspectos geográficos, não que não serviriam, mas por interesse particular pela leitura de

artigos mais gerais sobre governança:

a. BARBOSA et Al, RCEA, Governança em TI: COBIT; ITIL - v. 19, 01/2011

b. JUNIOR D, Governança de TI, Alinhamento aos Objetivos Estratégicos da

Empresa – CEETSP, 03/2010

c. LUCIANO E; TESTA M, Controles de Governança de TI para a Terceirização

de Processos de Negócio: Uma Proposta a partir do COBIT, Jistem, v. 8, n. 1

d. ALVES E; RANZI T, Governança de TI: Avaliação da Maturidade do COBIT

em uma Empresa Global - UFSC

e. LUNARDIA et Al, Um Estudo Empírico do Impacto da Governança de TI no

Desempenho Organizacional, Produção, v. 22, n. 3, Maio/Ago 2012

f. SANTOS G; CAMPO F, Modelo de Outsourcing para gestão da oferta e

operação de serviços de TI: Múltiplos casos de aplicação, G&P, v. 20, n. 1, 2013

g. REIS A et Al, Implantação de Governança de TI, SEGET

h. GAMA F; MARTINELLO M, Governança de Tecnologia da Informação: Um

Estudo em Empresas Brasileiras, 4º Simpósio FUCAPE

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i. BARBOSA C et Al, Governança de TI Utilizando as Práticas da ITIL, Revista

Tecnologias em Projeção, v. 2, n. 1, Jun/2011

j. ALBERTIN A; ALBERTIN R, Benefícios do Uso de Tecnologia de Informação

para o Desempenho Empresarial, RAP FGV, Mar/Abr 2008

k. ASSIS C; LAURINDO F, Governança de TI e seu Impacto na Gestão da TI,

XXX ENEGEP

l. LUNARDI et Al, Governança de TI no Brasil: Uma Análise dos Mecanismos

mais Difundidos entre as Empresas Nacionais,

Ao chegar no total de onze artigos, foi preciso abrir e ler seus resumos e reduzí-los a

três, entretanto um dos textos inicialmente selecionado, de letra (c), não foi possível

importar para o software MaxQDA, utilizado para o trabalho de análise de conteúdo,

sendo assim, foi necessário testar os outros três e selecionar mais um em substituição ao

(c) com sucesso, ao final sendo escolhidos os seguintes artigos:

(h) GAMA F; MARTINELLO M, Governança de Tecnologia da Informação: Um

Estudo em Empresas Brasileiras, 4º Simpósio FUCAPE

(k) ASSIS C; LAURINDO F, Governança de TI e seu Impacto na Gestão da TI,

XXX ENEGEP

(l) LUNARDI et Al, Governança de TI no Brasil: Uma Análise dos Mecanismos

mais Difundidos entre as Empresas Nacionais,

O primeiro texto confirmado foi o de letra (k), “Governança de TI e seu Impacto na

Gestão da TI” de Célia Barbosa Assis e Fernando José Barbin Laurindo, publicado em

Outubro de 2010 no XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção, que continha

o seguinte resumo:

“O artigo investiga o impacto e a contribuição da Governança da TI sobre

decisões na Gestão da TI. Por meio de revisão bibliográfica e de dois estudos

de casos, são discutidas i) a contribuição da Governança de TI para as

empresas; ii) como se diferenciam a Governança e a Gestão da TI; e iii)

como se caracteriza a tomada de decisão em TI, e como estas decisões são

influenciadas pelo modelo de Governança. A partir da aplicação do

Framework de Governança de TI proposto por Weill e Ross (2004) nas duas

empresas, conclui-se que a definição de papéis e responsabilidades da TI e do

negócio é um dos pontos críticos no estabelecimento dos programas de

Governança, e um de seus principais motivadores” (ASSIS; BARBIN. 2010)

O segundo texto escolhido foi o de letra (l), “Governança de TI no Brasil: uma Análise

dos Mecanismos mais Difundidos entre as Empresas Nacionais” de Guilherme Lerch

Lunardi, Pietro Cunha Dolci, João Luiz Becker e Antônio Carlos Gastaud Maçada,

publicado em 2007 no SEGeT, Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, que

continha o seguinte resumo:

“A Tecnologia de Informação (TI) tem se tornado um dos principais ativos

das organizações, sendo utilizada na realização de boa parte das operações de

muitas delas. Essa dependência, em termos de volume de investimentos e

impacto nos negócios, tem feito com que as decisões relacionadas à TI não

sejam mais tratadas apenas pela área tecnológica da empresa, exigindo um

maior envolvimento dos gestores de negócio. É nesse contexto que desponta a

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Governança de TI, tendo por finalidade auxiliar a organização a garantir –

com a ajuda de diferentes mecanismos – que os investimentos realizados em

TI estejam agregando valor aos negócios. Assim, buscou-se nesta pesquisa

identificar os mecanismos de governança de TI mais difundidos entre as

empresas brasileiras, bem como seus principais benefícios na gestão da TI.

Foram identificadas e analisadas 110 empresas, cujos mecanismos de

governança de TI haviam sido publicados eletronicamente em artigos,

entrevistas e balanços contábeis, no período de 2002 a 2007. Dos mecanismos

adotados, o ITIL, o COBIT e o atendimento das conformidades exigidas pela

SOX apareceram como os mais difundidos. Já os principais benefícios

proporcionados pelos diferentes mecanismos na gestão da TI puderam ser

agrupados em sete categorias: processos, área de TI, segurança, projetos,

serviços, infraestrutura e envolvimento da TI com as demais áreas.”

(LUNARDI et al. 2007)

O terceiro e último texto foi o de letra (h), “Governança de Tecnologia da Informação:

Um Estudo em Empresas Brasileiras” de Fernanda de Assis Gama e Magnos Martinello,

publicado em 2006 no IV Simpósio FUCAPE de Produção Científica, que continha o

seguinte resumo:

“Nos últimos anos, a Tecnologia da Informação (TI) tem sido tratada por

alguns grupos de discussão como estratégica para a competitividade das

empresas e por outros grupos como uma commodity. Independentemente dos

pontos de vista apresentados os investimentos em TI crescem a cada ano e por

conseqüência, a exigência com relação aos retornos dessa área também tem

aumentado. Com o intuito de evidenciar este retorno e alinhar a TI ao

negócio, muitas empresas estão tomando iniciativas relacionadas à

Governança de TI (GTI). A GTI consiste em um conjunto de processos e

controles que tem como objetivo propiciar que a TI agregue valor ao negócio.

Este artigo visa analisar como as empresas no Brasil estão exercendo a

Governança de TI e se de fato esta contribui com os resultados de TI. Para

isso foram analisados dados de 30 empresas de setores distintos com o intuito

de: mensurar o nível de GTI das mesmas e analisar se existe diferença nos

resultados operacionais para diferentes agrupamentos de Nível de

Governança de TI (NGTI). Um outro aspecto analisado verifica se diferentes

agrupamentos de Modelo de Gerenciamento de TI e de Tomada de Decisão

de TI possuem nível de GTI distintos. Constatamos no artigo que não houve

expressiva diferença de GTI nos agrupamentos analisados.” (GAMA;

MARTINELLO, 2006)

O processo de codificação, para a criação dos tópicos que representam as idéias e

conceitos no transcorrer do texto e o quanto estes se repetem, possui três etapas

evolutivas de construção, quanto a entendimento e refinamento, que são:

a. Codificação aberta, responsável pelo início do trabalho de levantamento dos

tópicos percebidos, cientes que são mutáveis durante cada uma das revisões;

b. Codificação Axial, responsável pelo refino e ajustes, eliminando, unindo,

dividindo, de forma que fique claro as categorias que representam;

c. Codificação seletiva, quando de posse da grade completa e a luz da repetição já

calculada é possível identificar aquela que centraliza o tema.

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A primeira etapa desta codificação, identificada como “Aberta” foi criada a partir da

primeira leitura do primeiro texto (k) e teve o valor de uma primeira abstração com foco

no entendimento e a construção de uma rede conceitual, inicialmente lastreada no

aspecto teórico e metodológico, mas que norteou a confirmação dos outros dois textos

selecionados (l) e (h) para estimativa de tempo e esforço no trabalho que se iniciava e

possuía um prazo exíguo para ser realizado e entregue.

A grade montada quando da leitura do primeiro texto na etapa de codificação aberta esta

representada na figura 01, que de alguma forma reflete a falta de experiência e

conhecimento mais profundo sobre o tema selecionado, contendo 27 códigos iniciais. A

forma de abstrair os códigos resultou de leituras diretamente no software MaxQDA,

marcando e remarcando códigos de várias formas, alguns parágrafos exigindo várias

leituras na tentativa de entender o que deveria ou não ser codificado, como e porque:

Figura 01 – Tabela com 27 códigos resultante da codificação aberta

Após a codificação do primeiro texto, mais a elucidação das dúvidas e análises surgidas

durante a leitura dos textos subsequentes, a grade sofreu diferentes variações, com

exclusões, unificações de dois ou mais códigos e inclusões de alguns novos. O processo

desta fase Axial foi bastante exigente, se foi possível realizar a ampliação e refino da

codificação inicial, de 27 para 40 códigos, é verdade dizer que cada novo código,

unificação ou exclusão exigia a abertura dos textos já codificados, releitura do trecho ou

de parte do artigo para validação das alterações e eventual adequação retroativa.

A falta de experiência e algumas restrições do sistema MaxQDA dificultaram bastante o

processo de refino desejável na etapa Axial, exigindo algum trabalho realizado

diretamente no Excel exportado pela ferramenta antes do fim do processamento e

análise. Para deixar mais clara a granularidade obtida, a seguir o exemplo de trechos

codificados e no APENDICE 02 a primeira linha de cada trecho codificado:

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Doc Code Segment Page

GAMA governança de ti

A Governança de TI (GTI) engloba métodos para tornar mais transparentes, organizadas e legítimas as práticas de direção e monitoramento do desempenho das empresas. A GTI engloba mecanismos implementados em diferentes níveis de uma empresa. Tais mecanismos permitem gerenciar, controlar e utilizar a TI de modo a criar valor para a empresa e permitir que decisões sobre novos investimentos sejam tomadas de maneira consistente em alinhamento com a estratégia corporativa. Para isso, a GTI pressupõe a adoção de métricas que permitem avaliar o impacto da TI no desempenho de negócios (CARVALHO, 2004). Como suporte ao processo de GTI as organizações tem utilizado metodologias novas ou já consolidadas no mercado, optando por

uma metodologia específica ou adaptando pontos de diferentes metodologias para a realidade da organização.

1

ENEGEP governança de ti

a Governança da TI é mais abrangente e se concentra nas transformações da TI para atender necessidades atuais e futuras de negócios e clientes (HAES e VAN GREMBERGEN, 2005; LAURINDO, 2008). Neste contexto de maior complexidade e com maior transparência, Laurindo (2008) resume que a Governança de TI trata da "administrabilidade" da área de TI. Para Weill e Ross (2004), a Governança "determina quem toma a decisão.

3

SEGET governança de ti

Em 1999, o conceito de governança de TI é novamente visitado, sendo definido por SAMBAMURTHY e ZMUD (1999) como a

implementação de estruturas e arquiteturas (e padrões de autoridade associadas) relacionadas à TI para atingir com sucesso atividades em resposta ao ambiente e à estratégia organizacional. A idéia da necessidade em definir diferentes estruturas como forma de atingir o sucesso da TI é reforçada nessa definição e corroborada com a definição de WEILL e ROSS (2004), que definiram a governança de TI como o sistema que especifica a estrutura de responsabilidades e direitos de decisão para encorajar comportamentos desejáveis no uso da TI..

3

GAMA Governança corporativa

A perspectiva de Governança Corporativa está intimamente ligada com a Perspectiva da Agência, que se refere à separação entre proprietário e controlador (Shleifer, Vishny ,1997). Assim, um sistema de governança estabelece mecanismos, estruturas e incentivos, que compõem o sistema de controle de gestão da empresa e direciona o comportamento dos administradores para o cumprimento dos objetivos estipulados pelos acionistas/proprietários (MARTIN, 2004).

3

GAMA governança de ti \ COBIT

O CobiT - Control Objectives for Information and Related Technology - foi desenvolvido na década de 90 pela ISACA - Information System Audit and Control Association - e pode ser traduzido como Objetivos de Controle para a Informação e Tecnologia. O Cobit é um modelo de governança em TI, criado para alinhar os recursos e processos de TI com os objetivos do negócio, padrões de qualidade, controle monetário e necessidades de segurança (OLTISIK, 2003). Ele é composto por quatro domínios: Planejamento e Organização; Aquisição e Implementação; Entrega e Suporte; e Monitoramento.

6

SEGET governança de ti \ ITIL

Já o Itil ganha destaque por ser específico para a área de TI, identificando os níveis de maturidade dos processos, como melhorá-los, além de oferecer, como conseqüência, parâmetros para uma empresa comparar seu desempenho com outras (ARAÚJO, 2005)

8

SEGET governança de ti \ mecanismos

Entretanto, é a partir de 2001, com a definição proposta por KORAC-KAKABADSE e KAKABADSE (2001) que a governança de TI passa a se concentrar também na necessidade de definir processos e mecanismos de relacionamento – e não apenas estruturas – para desenvolver, dirigir e controlar os recursos de TI, de modo a atingir os objetivos da organização. Nessa mesma linha, aparecem as definições de PETERSON (2004), TURBAN, MCLEAN e WETHERBE (2004) e do ITGI (2003).

3

ENEGEP matriz de responsabilidade

Foram discutidas a contribuição da Governança de TI para as empresas; como se diferenciam a Governança e a Gestão da TI; como se caracteriza a tomada de decisão em TI; e como estas decisões são influenciadas pelo modelo de Governança. Conclui-se que a definição de papéis e responsabilidades da TI e do negócio é um dos pontos críticos no estabelecimento dos programas de Governança, e um de seus principais motivadores.

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Figura 02 – Exemplos de trechos codificados

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ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente, compartilhar que pela inexperiência gastou-se muito esforço em

releituras na busca de “mais códigos”, “mais ocorrências”, “o que será que a professora

quer ver” ou “ter códigos com ocorrências em todos os textos”, esforço inútil e até

caricato quando começa-se a entender que o objetivo real da técnica é indexar aquilo

que realmente tenha valor para posterior cruzamento, análise e conclusões, é preciso

esquecer o objetivo de aprovação e focar em conhecimento científico.

Outra inquietação é o quanto faltou a busca pela discussão, busca de colegas, do nono

andar e décimo, nos laboratórios e professores, posto que não existiam regras que

ditassem evitar a troca ou a comparação entre trabalhos, fazê-lo não é plágio, para

alunos de primeiro semestre é aprendizado, como exemplo temos a aula de apresentação

deste para a professora e colegas de turma, uma avalanche de oportunidades que

poderiam em sua maioria terem sido antecipadas, valeu o aprendizado.

O trabalho e técnicas relatados até aqui podem ser analisados sinteticamente na Figura

03, onde é possível observar a distribuição das ocorrências por texto, apontando também

um acréscimo da grade de codificação de 27 para 40 tópicos entre a codificação Aberta,

e o refino e fechamento durante a codificação Axial.

Figura 03 – Tabela de códigos resultante da codificação axial

Apresentadas as grades resultantes das etapas de codificação sequencial e axial, cabe

destacar que o código central percebido ao final da categorização são “Mecanismos de

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Governança” e “Governança de TI”, posto que tratava-se de textos sobre este tema e

temos diferentes e variadas descrições e prismas sobre o que é e como se processa o

tema de mecanismos de Governança de TI e o próprio entendimento do que é a

Governança de TI. A seguir apresento a Figura 04 com ordem decrescente dos Top 12

códigos mais encontrados nos textos em discussão.

Figura 04 – Tabela códigos mais encontrados na fase de codificação seletiva

Há uma reflexão abaixo quanto a importância tanto ao número de ocorrências quanto da

área de cobertura de cada código, a primeira diz quantas citações ou trechos, podendo

ser de diferentes tamanhos, outra nos fornece a extensão do somatório dos trechos, o

que pode se resumir a uma pequena frase ou uma página de texto, por exemplo, na

Figura 05 temos a identificação que no presente exercício “Governança de TI” é a

segunda em ocorrências e a primeira em cobertura, mais detalhes no APENDICE 01.

Figura 05 – Comparativo entre ocorrências e área na fase de codificação seletiva

Como discussão pertinente, a percepção de que a granularidade correta é crucial para o

bom andamento da pesquisa e que não devemos ter receio de glosar o que foi feito e

refazer, posto que as conclusões encontradas e a qualidade do trabalho esta diretamente

ligada a estrutura e codificação criada na etapa aberta e especialmente na etapa Axial.

CONCLUSÕES

Quanto à revisão da literatura, não houve tempo hábil para exercitarmos o trabalho de

revisão teórica, busca de artigos seminais, sustentação a comentários, pois o foco do

trabalho era exercitar na prática uma análise qualitativa de conteúdo a ser realizado em

três textos “de interesse” usando teorias já debatidas em aula, entretanto a construção de

critérios explícitos para seleção dos textos e a importância de entender porque foram

selecionados para eventual mudança e registro foi um importante aprendizado.

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Quanto ao padrão para redação de artigos da ABNT, a relevância da primeira vez deve

ser valorizada, a busca do entendimento, a dificuldade de perceber tantos detalhes a

serem seguidos, inevitavelmente produzindo erros com vícios advindos de hábitos na

escrita de artigos e posts frequentes em meios não científicos, deixou a certeza da

importância e certeza de que mais artigos terão que ser escritos para sua completa e

correta internalização.

Quanto a pesquisas qualitativas e a análise de conteúdo, previsível que um mês de aulas

dedicados a leitura, seminário, debates não foram suficientes para assimilação de seus

meandros, entretanto, o exercício deixou claro o seu potencial e aplicabilidade,

desmistificando algumas amadoras restrições as pesquisas qualitativas como sendo mais

difíceis e trabalhosas que as quantitativas, substituídas pela percepção que para cada

caso há uma metodologia mais eficiente e alinhada a teoria e método.

Quanto ao processo de codificação, foi possível aprender muito mais que a aplicação,

pois com certeza não seria possível no tempo disponível refazer completamente o

trabalho, entretanto, o aprendizado quanto ao objetivo de cada etapa e o foco naquilo

que realmente agrega valor foi entendido, a cada trecho de texto identificado, sua

codificação ou não é a relevância em chegar a ele, rastreá-lo facilmente a partir de

análises sintéticas ou comparativas a partir da codificação Axial resultante.

Quanto ao uso de softwares especialistas, alguns deles com valores promocionais para

estudantes, o uso do MaxQDA permitiu perceber a produtividade obtida com o uso de

ferramentas desta natureza, diversas já foram citadas em aula, alguns colegas já as

estavam usando, mas ficou claro que não é algo para ser anotado, mas sim para ser

baixado e testado, em um curso de mestrado não há tempo sobrando e temos que

otimizá-lo.

Fosse encerrar este trabalho com uma palavra em defesa do maior aprendizado

conquistado, seria “rastreabilidade”, a necessidade e valor na geração de um registro

organizado e estruturado de informações para rápido acesso, sugestão feita por mais de

um professor desde o início do semestre, mas nada como a prática para entender a

necessidade prática e recorrente em comparações, sustentações, quer para teorias,

autores, constructos, métodos, técnicas, conteúdo, conclusões, etc.

Pressupondo que o exercício realizado nestes três textos sobre governança fosse o

embrião de uma base de codificação que suportará uma dissertação, durante a realização

da pesquisa, desenvolvimento e conclusões teríamos acesso instantâneo a múltiplas

consultas, como por exemplo, saber onde foi lido um conceito, seus autores, citações,

etc, precisamente em qual texto, página e posição.

Quanto as restrições, muitas, a professora deixou claro em aula o eterno aprendizado em

métodos e técnicas qualitativas de coleta de dados, gerando um processo cognitivo

iterativo-incremental onde a experiência do entrevistador ou pesquisador faz sim muita

diferença nos resultados, esta regra vale em escala zero para mestrandos de primeiro

semestre, a maioria sem qualquer experiência no assunto.

Antecipando oportunidades para trabalhos futuros, a realização de entrevistas para

transcrição, codificação e análise, quer aberta ou semiestruturadas, o valor desta

abordagem metodológica seria ainda mais explícita e instigante, pois a cada transcrição

seria possível evoluir nossa codificação Axial, potencializando o piloto e constituindo

uma análise cruzada a cada novo respondente.

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REFERÊNCIAS

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Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 2010.

GIBBS, G. Análise de dados qualitativos. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção

Pesquisa Qualitativa – Coordenada por Uwe Flick).

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. Ed. PARIS: PUF, 2009.

GAMA, F; MARTINELLO, M. Governança de Tecnologia da Informação: Um Estudo

em Empresas Brasileiras. IV Simpósio FUCAPE de Produção Científica. 2006.

LUNARDI, G; DOLCI, P; BECKER, J; MAÇADA, A. Governança de TI no Brasil:

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KURASAKI, KAREN. Intercoder Reliability for Validating Conclusions Drawn from

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Page 13: Ensaio Pesquisa Conteúdo 3 Artigos sobre Governança usando MaxQDA

APENDICE 01 – Tabela com o resultado da codificação AXIAL e totais em ocorrências e cobertura para a codificação SELETIVA

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APENDICE 02 (1 de 5) – Tabela com o resultado da codificação AXIAL, restrita a primeira linha de cada trecho codificado para exemplificação

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APENDICE 02 (2 de 5) – Tabela com o resultado da codificação AXIAL, restrita a primeira linha de cada trecho codificado para exemplificação

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APENDICE 02 (3 de 5) – Tabela com o resultado da codificação AXIAL, restrita a primeira linha de cada trecho codificado para exemplificação

Page 17: Ensaio Pesquisa Conteúdo 3 Artigos sobre Governança usando MaxQDA

APENDICE 02 (4 de 5) – Tabela com o resultado da codificação AXIAL, restrita a primeira linha de cada trecho codificado para exemplificação

Page 18: Ensaio Pesquisa Conteúdo 3 Artigos sobre Governança usando MaxQDA

APENDICE 02 (5 de 5) – Tabela com o resultado da codificação AXIAL, restrita a primeira linha de cada trecho codificado para exemplificação