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claudemirpereira
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8/18/2019 Ensaio Sobre a Dádiva_ Resumo Do Capítulo II
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Extensão deste sistema: Liberalidade, Honra, Moeda
Ao examinar as formas de circulação dos bens em diferentes sociedades, Mauss se
dedicou em compreender o caráter livre e gratuito, mas ao mesmo tempo obrigatório einteressado, dos atos de dar, receber e retribuir. Para Mauss a antítese do dom não é o
Mercado as interaç!es sociais são movidas por ra"!es #ue ultrapassam os interesses
estritamente materiais.
$ fio condutor dessa ótica é a noção de aliança #ue a dádiva produ" tanto as
matrimoniais #uanto as políticas %trocas de c&efes ou diferentes camadas sociais',
religiosas %como nos sacrifícios, entendidos como um relacionamento com os deuses',
econ(micas, )urídicas e diplomáticas %incluindo*se a#ui as relaç!es pessoais de eti#uetae &ospitalidade'.
+$ ob)etivo é, antes de tudo, moral, o ob)etivo visa produ"ir umsentimento amigável entre as duas pessoas em )ogo, e se a operaçãonão tivesse esse efeito, tudo teria fal&ado... %...' +-inguém tem aliberdade de recusar um presente oferecido. odos, &omens emul&eres, tentam ultrapassarem*se uns aos outros em generosidade./avia uma espécie de rivalidade entre #uem podia dar a maior#uantidade de ob)etos possível do maior valor possível %MA011,2345, p. 67'
A dádiva não inclui só presentes como também visitas, festas, comun&!es, esmolas,&eranças, um sem n8mero de +prestaç!es #ue podem ser +totais ou + agonísticas2.
-este ensaio postula*se um entendimento da constituição da vida social por um
constante dar e receber, universalmente estas são obrigatórias, mas organi"adas de modo
particular em cada caso %as variadas formas vão desde a retribuição pessoal 9
redistribuição de tributos'.
:á na epígrafe do Ensaio exprime a dialética inerente à dádiva: A mesma troca !e
me fa" anfitrião fa"#me também !m $%spede em potencial. ;sto ocorre por#ue +dar ereceber implica não só uma troca material, mas também uma troca espiritual. < ainda
neste sentido ontológico #ue toda troca pressup!e, em maior ou menor gral, certa
alienabilidade. Ao dar, dou sempre algo de mim mesmo. Ao aceitar, o receber aceita ao
do doador a dádiva aproxima*os, torna*os semel&antes.
-este ínterim, como vimos, as trocas incluem bens mais ou menos alienáveis, assim
como bens economicamente 8teis ou não. Podendo incluir +serviços militares, danças,
1 =i"*se de comportamento, #ue inclui reaç!es diversas como ameaça, ata#ue e fuga, observadoem encontros agressivos entre dois indivíduos de uma mesma espécie animal.
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festas, gentile"as, ban#uetes, mul&eres em resumo, #ual#uer +circulação de ri#ue"as
%incluindo*se a#ui as mul&eres' é apenas um momento de um +contrato mais geral e
muito mais permanente %MA011, 2345, p. 7>'.
Mauss sup!e também &aver uma associação universal entre troca e sacrifício +?@
destruir seria uma forma de dar, uma forma muito específica por#ue evita a retribuição
?@ (idem, p. 2BB'. =o ponto de vista de #uem doa +dar )á é destruir, logo um modo
da regeneração social. Ao destruir tira*se a vida do ob)eto, mas recria a do doador. %no
noroeste da América a destruição pode ser pelo fogo #ueimam*se as casas do próprio
grupo, ou atiram*se cobres ao mar'.
-o Potlatch, a troca de certo modo, substitui a guerra, mas guarda certa rivalidade
vence #uem destrói mais, a +luta dos nobres é a luta dos grupos. Mauss %2345' reserva
ao Potlatch a denominação +prestação total do tipo agonístico, isto é, implica um
desenvolvimento da rivalidade, uma maior institucionali"ação da competição. Mauss
c&ama esses diversos tipos de dádivas de +totais. 0ma forma, para ele, +evoluída e
+agonística de +prestação total, seria o potlatch dos índios da costa noroeste da
América do -orte.
&briga'ão de dar e receber
Para o autor, o constrangimento social está na base da obrigatoriedade de receberC em
outras palavras +um clã, uma família, uma compan&ia, um &óspede, não tDm liberdade
para não pedirem &ospitalidade, para não receberem presentes, para não exercem o
comércio, para não contraírem alianças, pelas mul&eres e pelo sangue.
E #uanto 9 obrigatoriedade de dar, o autor advoga #ue +recusar*se a dar, negligenciar
o convite, como recusar receber, e#uivale a declarar guerraC é recusar a comun&ão
%23>B73'. =á*se por#ue se é forçado a isso, por#ue o donatário tem uma espécie de
direito sobre tudo o #ue pertence ao doador. Essa propriedade exprime*se e concebe*se
como uma ligação espiritual.
A obriga'ão de retrib!ir
Maus inicia seu estudo sobre a obrigação de retribuir na Polinésia, nesta
interessa especialmente ao autor a noção de mana. %noção também importante em partes
da Melanésia, tendo noç!es semel&antes, também, no Potlatch da costa noroeste
americana, implicando &onra, prestígio e autoridade não retribuir implica perda do
mana'.
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Analisando as noç!es nativas de mana e hau, Mauss conclui #ue + o #ue, no
presente recebido e trocado, cria uma obrigação, é o fato #ue a coisa recebida não é
inerte. -este sistema, + o doador tem uma ascendDncia sobre o beneficiário %MA011,
2345, p. >5'. A transmissão cria um vínculo )urídico, moral, político, econ(mico,
religioso e espiritual. Maus observa também, #ue o sistema de Potlatch teria a
finalidade de +fixar por instantes uma &ierar#uia. 1endo #ue em monar#uias estáveis
%como na maioria das sociedades polinésias' não necessitam de instituiç!es como o
Potlatch. Assim os índios da costa noroeste evoluíram da prestação total simples 9
prestação total agonística, os da Polinésia teriam evoluído desta 8ltima 9 monar#uia.
-ão sendo este raciocínio puramente evolucionista, pois concede #ue uma sociedade
possa se desenvolver em diferentes sentidos, institucionali"ando ora a dádiva, ora a
centrali"ação política.Moeda e (!ro
-o #ue se trata a moeda, Mauss observa apenas a sua função de meio de troca %meio de
pagamento', mas não vD sua função de padrão geral de valor %medida de uso', isto é,
não parece estar ciente da especificidade da moeda capitalista como um +valor #ue
generali"a de modo não &ierár#uico, concepção criticada por MalinoFsGi %MA011,
2345, p. 4>'. alve" se)a por#ue nas sociedades não capitalistas, os valores só se
generali"am de modo &ierár#uico %no sentido de =umont'. ;sto é, o valor de certosob)etos pode não ser no sentido de sua generali"ação #uantitativa, como padrão ou
medida de troca. Por exemplo, seu valor pode estar em uma capacidade regenerativa
milagrosa ou em uma capacidade emblemática para representar todo um clã ou
lin&agem.
$ fato das trocas do tipo Potlatch obedecerem a um +crescendo foi entendido como
uma manifestação da#uilo #ue concebemos como empréstimos a )uros deve*se sempre
dar mais do #ue recebeu. Mauss sugere substituir os termos dívidas, pagamento,reembolso e empréstimo, mas mantém o de )urosH c&ega a falar em +taxas
+-ormalmente, o potlatch deve ser sempre retribuído com )uros, aliás, toda dádiva
deve ser retribuída dessa forma. As taxas são em geral de IBJ a 2BBJ ao ano.