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1 - Ensaios cooperativos em rede - Controle químico de giberela e redução de níveis de Micotoxinas em trigo Biól. Dra. Caroline Wesp Guterres [email protected] Fitopatologista CCGL Tecnologia

Ensaios cooperativos em rede

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Page 1: Ensaios cooperativos em rede

1

- Ensaios cooperativos em rede -

Controle químico de giberela e

redução de níveis de

Micotoxinas em trigo

Biól. Dra. Caroline Wesp Guterres

[email protected]

Fitopatologista CCGL Tecnologia

Page 2: Ensaios cooperativos em rede

2

GRUPO CCGL – Cooperativa Central Gaúcha Ltda.

3 unidades de negócio: CCGL LOG, CCGL LAC e CCGL TEC

Principais cooperativas agropecuárias gaúchas, universo de

171.000 produtores rurais, em mais de 350 municípios do Rio

Grande do Sul

Page 3: Ensaios cooperativos em rede

ÁREA EXPERIMENTAL – CCGL TECNOLOGIA Cruz Alta - RS

Page 4: Ensaios cooperativos em rede

4

GIBERELA

Fungo Gibberella zeae (Fusarium graminearum)

Maior importância após adoção do PD

Reduções no rendimento de grãos (20 e 50%)

Grãos pequenos, danificados e chochos

Fo

tos: G

asse

n; D

el P

on

te, C

ON

AB

Page 5: Ensaios cooperativos em rede

5

Dependente de clima: molhamento (48h, T° 20-25°C, UR>90%)

Período de infecção: início floração até grão leitoso

Fo

tos: S

eid

el; R

eis

Janela de pelo menos 30 dias para infecção

Page 6: Ensaios cooperativos em rede

6

Pico da suscetibilidade:

extrusão das anteras

Page 7: Ensaios cooperativos em rede

7

Além do dano visual / qualidade de grãos....

Contaminação por

Micotoxinas ...

...O que nem sempre é visível!!!

Page 8: Ensaios cooperativos em rede

8

Deoxinivalenol – DON (tricoteceno) “VOMITOXINA” - induz

vômitos e rejeição a alimentos em várias espécies animais

*Mais frequente e em maiores concentrações no trigo

ANVISA – 2011 Limites máximos para contaminação com

micotoxinas em grãos e alimentos

Fonte: Embrapa Trigo, 2013

http://www.cnpt.embrapa.br/publicacoes/pdf/2013-bp11-micotoxinas-Casiane.pdf

Page 9: Ensaios cooperativos em rede

9

Levantamento da concentração de DON em 545 amostras de

trigo provenientes da região Sul do Brasil

Embrapa Trigo, 2013

2012

2014

2016

Page 10: Ensaios cooperativos em rede

10

CONTROLE:

Manifestação dos sintomas dependente de ano/clima

Cultivares adaptadas com níveis insuficientes de R

Rotação de culturas? Várias sp hospedeiras (aveia, arroz,

cevada, centeio, milho, sorgo, soja, papuã, milhã, braquiária...)

TS – somente para podridão comum de raízes

Escalonamento de semeadura/ cultivares de diferentes

ciclos

Page 11: Ensaios cooperativos em rede

11

CONTROLE:

Aplicação de fungicidas no florescimento

Tecnologia de aplicação desenvolvida para doenças

foliares

Dificuldade em atingir espiga por completo

Eficácia de controle em torno de 70-80%

OBJETIVO: PROTEGER ANTERAS

Page 12: Ensaios cooperativos em rede

12

Informações técnicas...2016

Fotos: Reis, 2016

Espiga artificial: cilindro (1 x 10 cm) – cartão hidro sensível

Melhor

cobertura

Page 13: Ensaios cooperativos em rede

13

- Dificuldade em definir momento certo de aplicação

Máximo de anteras expostas

- De forma PREVENTIVA

- Antes da chuva

1°: 25-50% florescimento...se excesso de chuvas...

2°: 7 - 10 dias após

Quando aplicar fungicidas?

Page 14: Ensaios cooperativos em rede

14

Informações técnicas...2016

Page 15: Ensaios cooperativos em rede

15

Que produtos utilizar?

Informações técnicas...2016

Page 16: Ensaios cooperativos em rede

16

Que produtos utilizar?

- 48 produtos registrados no MAPA para controle de

Fusarium graminearum (incluindo TS)

Todos com a mesma eficiência para

controle de giberela e redução dos

níveis de micotoxinas?

Page 17: Ensaios cooperativos em rede

17

Diversas instituições / locais – resultados centralizados

na Embrapa Trigo

Protocolo único (permitir comparação, fabricante do defensivo demonstra

interesse em participar, define doses. Sempre 2 aplicações floresc.)

Ensaios Cooperativos em rede para giberela (2010)

Instituições participantes Local

RS

Embrapa Trigo Passo Fundo

CCGL-TEC Cruz Alta

SEEDS - Grupo Floss Giruá/S. B. do Sul

UPF Passo Fundo

SC UDESC Lages

PR Embrapa Soja Londrina

FAPA – Fund. de Pesq. Agropecuária Guarapuava

Page 18: Ensaios cooperativos em rede

18

Difusão: apresentação na Reunião da Comissão

Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT) e

Comunicado Técnico Online - Embrapa

OBJETIVO: Indicação de fungicidas na RCBPTT; gerar

informação para as “Informações Técnicas...”melhores

controles e redução dos níveis de DON

Ensaios Cooperativos em rede para giberela (2010)

Page 19: Ensaios cooperativos em rede

Como é feita a avaliação de giberela?

Fase de “grão em massa mole” - espigas colhidas para avaliação

* 1m em cada uma das 3 linhas centrais (3m) – mínimo de 100 espigas

Incidência (I) e severidade (S), índice da doença (ID = S*I/100)

Rendimento de grãos

Níveis de DON

Fonte: Reis, E.M.

Page 20: Ensaios cooperativos em rede

Como é feita a avaliação de giberela?

Fonte: Stack & McMullen, 1995

Page 21: Ensaios cooperativos em rede

21

CCGL participante da Rede de Ensaios de Giberela desde 2011

2013 - primeiros ensaios avaliando controle de giberela e teores

de DON nos grãos / parceria com UFSM. Avaliação de linhagens

do melhoramento e programas de aplicação. Ano não favorável ao

desenvolvimento de giberela

2014 - aquisição de leitor de micotoxinas (método Elisa). Ano

favorável ao desenvolvimento de giberela

2015 - Avaliação de teores de micotoxinas em trigo e milho. Ano

favorável ao desenvolvimento de giberela

2016 - ......? Ensaios com e sem inoculação de giberela

Page 22: Ensaios cooperativos em rede

Safra 2013 - CCGL Tecnologia em Cruz Alta, RS

4 genótipos

- 3 MS (linhagem TEC 02/13 e as cultivares TEC 10 e Bravo)

- 1 MR à giberela (cultivar Vigore)

DBC – 5 repetições. Parte vegetativa: mesmo manejo

1) Testemunha

2) Uma aplicação de fungicida* (25-50% floração)

3) Duas aplicações de fungicida* (25-50% floração + 10 dias AA)

*Metconazole + Piraclostrobin (0,75 L/ha) + Assist (0,5 L/ha) (Opera Ultra)

1° passo: Comparar 1 x 2 aplicações de fungicida em materiais

com distintas reações à giberela

Page 23: Ensaios cooperativos em rede

23

Resultados

2013 desfavorável à ocorrência de giberela no RS. Níveis de

DON dentro da legislação

Diferenças no IG e no acúmulo de DON quando se utilizou

fungicidas no florescimento para todos os genótipos, em

comparação à testemunha não tratada

Genótipos MS - redução no IG entre 1 e 2 aplicações no floresc.

Genótipo MR – NS, apenas em relação testemunha sem fung

Níveis de DON entre 1 x 2 - dependente do material

Não houve diferença significativa no rendimento para todos os

genótipos testados

Page 24: Ensaios cooperativos em rede

1AA = dias após aplicação anterior. 2Médias seguidas da mesma letra entrelinhas não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

Tabela 1. Rendimento de grãos (kg ha-1), índice de giberela e acúmulo de DON em genótipos de trigo

com diferentes manejos de fungicida no florescimento de grãos. Cruz Alta, 2013.

(ppb)

Aplicação sempre reduziu DON

1 X 2 = depende material

MS = 16%

Testemunha x uso fungicida floresc:

72% para 2 aplicações

64 % para 1 aplicação

2 aplicações reduziram IG nas MS

Média 44%

MR: 25%

Page 25: Ensaios cooperativos em rede

25

Em média, foram colhidos 3,7 sacas/ha a mais quando se utilizou

fungicida no florescimento

Page 26: Ensaios cooperativos em rede

26

Ensaio em rede, safra 2013 – cultivar TEC 10

Scott Knott, 5%

2° passo: Comparativo de produtos

Correlação entre melhores controles (menores IG)

X

menores níveis de DON

Page 27: Ensaios cooperativos em rede

27

Safra 2014 - excesso de chuvas (quase 2 mil mm - 15 de maio até a colheita)

em alguns locais do RS

* Cultivar MS X MR

3° passo: Comparar mistura de T + E e C + E

Triazol é importante para o controle? Sua ausência aumenta os níveis de DON?

Page 28: Ensaios cooperativos em rede

28

Cruz Alta, safra 2014

ppb

Page 29: Ensaios cooperativos em rede

29

ppb

Cruz Alta, safra 2014

Page 30: Ensaios cooperativos em rede

30

DON na testemunha da cultivar MS = 10.800 ppb

Cultivar MR = 5.700 ppb

Tratamentos com Metconazole + Piraclostrobina e

Epoxiconazol + Piraclostrobina + reforço de Carbendazim

reduziram o níveis de DON entre 48 e 68% em relação à

testemunha não tratada, em ambos os materiais

Fluxapiroxade + Piraclostrobina (C + E) não foi eficiente na

redução de DON

Decisões fundamentais, especialmente em anos favoráveis:

- Escolha do princípio ativo

- Escolha de cultivares MR

Page 31: Ensaios cooperativos em rede

31

Ensaio em rede de giberela – Safra 2014. Cultivar TEC 10

Comparativo de produtos

Page 32: Ensaios cooperativos em rede

32

Ensaio em rede de giberela – Safra 2014. Cruz Alta, RS

(ppb)

(pp

b)

*Azoxistrobina + Tebuconazol

Cuproquart = sulfato de cobre

Tratamentos 8 e 9 – apenas 1 aplicação

*

Page 33: Ensaios cooperativos em rede

33

Resultados de pesquisa indicam que duas aplicações

controlam melhor a doença e, consequentemente,

reduzem os níveis de DON

?...Produtores...?

Elevados custos de produção e baixos preços praticados

em trigo

Média de 3 aplicações ao longo do ciclo da cultura

Manejo suficiente para garantir o controle de giberela e

reduzir níveis de DON em anos favoráveis?

Page 34: Ensaios cooperativos em rede

34

4° passo: Comparar diferentes programas de aplicação

“Padrão produtor” - apenas 1 aplicação florescimento

Cultivar TBIO Sintonia (MS)

Total de 3 aplicações (elong, emb, floresc)

Tratamentos

1 - Abacus Piraclostrobina + Epoxiconazol

2 - Fox Trifloxistrobina + Protioconazol

3 - Locker Tebuconazol + Carbendazim + Cresoxim metílico

4 - Priori Xtra Azoxistrobina + Ciproconazol

5 - Aproach Prima Picoxistrobina + Ciproconazol

6 - Azimut Azoxistrobina + Tebuconazol

7 - Locker > Priori Xtra + Tilt1 > Fox

8 - Priori Xtra + Tilt* > Locker > Fox

9 - Priori Xtra + Tilt > Locker > Opera Ultra

10 - Priori Xtra + Tilt

11 - Tilt > Locker > Opera Ultra

12 - Priori Xtra + Unizeb Gold2

13 - Testemunha

1 Propiconazol; 2 Mancozeb

Page 35: Ensaios cooperativos em rede

35

Todos os tratamentos superaram a testemunha em pelo menos

31 sc/ha

IG não diferiu testemunha

Metconazole + piraclostrobina e Ciproconazol + azoxistrobina com reforço de propiconazol

Redução nos níveis de DON de mais de 50% em relação à testemunha

Page 36: Ensaios cooperativos em rede

36

A escolha dos princípios ativos a serem utilizados no

florescimento possui papel importante no controle de giberela

e na redução dos níveis de DON, mesmo em anos favoráveis

à ocorrência da doença e com apenas uma aplicação de

fungicida no florescimento.

Page 37: Ensaios cooperativos em rede

Ensaio em rede de giberela - Safra 2015. Cruz Alta, RS

- 2 volumes de calda (150 L/ha e 300 L/ha)

- 2 aplicações (25-50% floresc + 10DAA)

Tratamentos Doses

Nativo + Aureo Trifloxistrobina + Tebuconazol 0,75 + 0,25%

Fox + Aureo Trifloxistrobina + Protioconazol 0,5 + 0,25%

Opera Ultra + Assist Piraclostrobina + metconazol 0,75 + 0,5

Elatus + Nimbus Azoxistrobina + benzovindiflupir 0,2 + 0,6

Unizeb Gold + Aureo Mancozeb 2,0 + 0,5

Testemunha - -

Page 38: Ensaios cooperativos em rede

38

Volume de calda NS

Carboxamida + estrobilurina e mancozeb menores efeitos sobre DON

Reforça a necessidade do triazol para bom controle e redução dos níveis

de DON

Page 39: Ensaios cooperativos em rede

39

Safra 2015 – Ensaio interno BASF (regional Ijuí). Sta Bárbara do Sul

TBIO ITAIPÚ

Análise micotoxinas – CCGL

*Mesmo manejo vegetativo

523,4

3114,2 3162,6 3059,8 3132,7 3105,6 3117,6 2909,7 3077,7

TEST. OP. ULT OP. ULT /OP. ULT

CAR. CAR. /CAR.

CARB. CARB. /CARB.

TEBUCO TEBUCO /TEBUCO

De 8 (T) a 52 sc/ha. 7 dias entre 1° e 2° aplicação

Page 40: Ensaios cooperativos em rede

40

1800

200

0

400

0

600

600

200

200

TEST.

OP. ULT

OP. ULT / OP. ULT

CARAMBA

CARAMBA / CARAMBA

CARBENDAZIN

CARBENDAZIN / CARBENDAZIN

TEBUCO

TEBUCO / TEBUCO

DON ppb

Page 41: Ensaios cooperativos em rede

41

CONSIDERAÇÕES

Anos favoráveis e materiais MS – 2 aplicações de fungicida no

florescimento

Triazóis parecem ser importantes para controle de giberela e

redução dos níveis de DON. Consistência nos tratamentos contendo

metconazol, tebuconazol, protioconazol e carbendazim

Correlação entre melhores controles de giberela e os níveis de

DON

Embora haja correlação entre os melhores rendimentos e os

níveis de controle, relação nem sempre clara - outros fatores

envolvidos

Page 42: Ensaios cooperativos em rede

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DESAFIOS / PERSPECTIVAS

Resistência de ferrugem do trigo aos triazóis – Evitar uso isolado

China - carbendazim, utilizado desde 1970, já perdeu sua

eficiência, atuando inclusive, como fator de elevação dos níveis

de DON (Chen, 2016 - 5th ISFHB)

Levantamento de 2011 a 2014 na região de Guarapuava, PR, em

35 isolados de Fusarium graminearum – identificação de 2

isolados menos sensíveis ao tebuconazol e 6 ao carbendazim (in

vitro) (Machado et al., 2016 - 5th ISFHB).

...Seleção de populações resistentes a esses princípios ativos pode

estar ocorrendo também no Brasil, o que deve impactar o manejo

futuro da doença...

Page 43: Ensaios cooperativos em rede

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DESAFIOS / PERSPECTIVAS

Evitar o uso de um princípio ativo em isolado, optando-se

sempre por misturas comerciais com distintos modos de ação

(T+E; T+E+ reforço T ou reforço B (carbendazim))

Controle não pode ser baseado somente no uso de fungicidas –

Risco de desenvolvimento de resistência

Aliar a busca por produtos eficientes no controle/redução dos

níveis DON e o desenvolvimento de cultivares com maiores

níveis de resistência

Já que no que depender do clima...geralmente condições

favoráveis!

Page 44: Ensaios cooperativos em rede

44

DESAFIOS / PERSPECTIVAS

Quando a legislação de fato entrar em vigor...Haverá

possibilidade de produzir trigo na região Sul do país, dentro

dos limites estabelecidos pela ANVISA?

O controle adequado de giberela é um desafio para toda a

cadeia produtiva!

Page 45: Ensaios cooperativos em rede

45

Obrigada pela atenção!

Dúvidas?

[email protected]