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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Centro de Ciências Sociais Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Economia Celina Santos de Oliveira Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho João Pessoa, Paraíba 2017

Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

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Page 1: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA

Centro de Ciecircncias Sociais Aplicadas

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia

Celina Santos de Oliveira

Ensaios em Economia Internacional e Mercadode Trabalho

Joatildeo Pessoa Paraiacuteba

2017

Celina Santos de Oliveira

Ensaios em Economia Internacional e Mercado deTrabalho

Tese de Doutorado apresentada ao Programade Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia da Univer-sidade Federal da Paraiacuteba como parte dosrequisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo deDoutor em Economia

Orientador Prof Dr Joseacute Luis da Silva Netto JuacuteniorCoorientador Prof Dr Erik Alencar de Figueiredo

Joatildeo Pessoa Paraiacuteba2017

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo

Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

O48a Oliveira Celina Santos de

Ensaios em economia internacional e mercado de trabalho Celina

Santos de Oliveira - Joatildeo Pessoa 2017 91 f il

Orientador Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior

Coorientador Erik Alencar de Figueiredo

Tese (Doutorado) - UFPBCCSA

1 Comeacutercio internacional 2 Mercado de trabalho - Aspectos

3 Mobilidade ocupacional ascendente I Tiacutetulo

UFPBBC

A meu Pai ldquoIn Memoriamrdquo

Agradecimentos

A Deus por ter me dado minha famiacutelia meus pais Marcelino ldquoIn Memoriamrdquo eCreuza meus irmatildeos e irmatildes com suas respectivas famiacutelias e a eterna mais que amigaMichelly Todos me ajudaram da melhor forma possiacutevel e muitas vezes impossiacutevel na minhaformaccedilatildeo pessoal e acadecircmica incentivando-me a prosseguir nesta jornada fossem quaisfossem os obstaacuteculos Agradeccedilo a vocecircs com a mais profunda admiraccedilatildeo carinho e amor

Ao Professor Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior meu orientador e Erik Alencar deFigueiredo meu coorientador pela contribuiccedilatildeo e atenccedilatildeo na construccedilatildeo desse trabalhoAos professores Jorge Luiz Mariano da Silva Adriano Firmino Valdevino de Arauacutejoe Edilean Kleber da Silva Bejarano Aragoacuten pela participaccedilatildeo na banca examinadoracontribuindo com suas correccedilotildees e sugestotildees

A Risomar funcionaacuteria do PPGE pela amizade atenccedilatildeo competecircncia e prestezaem ajudar

Aos amigos em especial a Etevaldo Almeida que me incentivou e deu todo o apoionecessaacuterio desde o iniacutecio do curso a Patriacutecia Carvalho que me incentivou a ficar quandoquis desistir a Seacutergio Oliveira Juliane Ciriaco Otoniel Rodrigues Ana Claacuteudia AnneguesPaola Freire Wallace Patrick e Thiago Carvalho pelos momentos de estudo raciociacuteniosideias risadas e companhia

Aos meus familiares e amigos que mesmo natildeo citados estatildeo ao meu redor apoiando-me e incentivando-me e que de forma direta ou indireta contribuiacuteram tanto na conclusatildeodesse trabalho bem como para minha formaccedilatildeo pessoal e profissional

A CAPES pelo apoio financeiro

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

-20

020

4060

80Ex

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2000

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

rtPI

B(

)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

00Pr

odut

ivida

de

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or F

aixa

de

Expo

rtaccedilatilde

o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

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Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

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no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

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33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

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Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

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Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

34

Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

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a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

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MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

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Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

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Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

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Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

51

52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

60

um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

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trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

74

Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

76

Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

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Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 2: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

Celina Santos de Oliveira

Ensaios em Economia Internacional e Mercado deTrabalho

Tese de Doutorado apresentada ao Programade Poacutes-Graduaccedilatildeo em Economia da Univer-sidade Federal da Paraiacuteba como parte dosrequisitos necessaacuterios agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo deDoutor em Economia

Orientador Prof Dr Joseacute Luis da Silva Netto JuacuteniorCoorientador Prof Dr Erik Alencar de Figueiredo

Joatildeo Pessoa Paraiacuteba2017

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo

Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

O48a Oliveira Celina Santos de

Ensaios em economia internacional e mercado de trabalho Celina

Santos de Oliveira - Joatildeo Pessoa 2017 91 f il

Orientador Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior

Coorientador Erik Alencar de Figueiredo

Tese (Doutorado) - UFPBCCSA

1 Comeacutercio internacional 2 Mercado de trabalho - Aspectos

3 Mobilidade ocupacional ascendente I Tiacutetulo

UFPBBC

A meu Pai ldquoIn Memoriamrdquo

Agradecimentos

A Deus por ter me dado minha famiacutelia meus pais Marcelino ldquoIn Memoriamrdquo eCreuza meus irmatildeos e irmatildes com suas respectivas famiacutelias e a eterna mais que amigaMichelly Todos me ajudaram da melhor forma possiacutevel e muitas vezes impossiacutevel na minhaformaccedilatildeo pessoal e acadecircmica incentivando-me a prosseguir nesta jornada fossem quaisfossem os obstaacuteculos Agradeccedilo a vocecircs com a mais profunda admiraccedilatildeo carinho e amor

Ao Professor Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior meu orientador e Erik Alencar deFigueiredo meu coorientador pela contribuiccedilatildeo e atenccedilatildeo na construccedilatildeo desse trabalhoAos professores Jorge Luiz Mariano da Silva Adriano Firmino Valdevino de Arauacutejoe Edilean Kleber da Silva Bejarano Aragoacuten pela participaccedilatildeo na banca examinadoracontribuindo com suas correccedilotildees e sugestotildees

A Risomar funcionaacuteria do PPGE pela amizade atenccedilatildeo competecircncia e prestezaem ajudar

Aos amigos em especial a Etevaldo Almeida que me incentivou e deu todo o apoionecessaacuterio desde o iniacutecio do curso a Patriacutecia Carvalho que me incentivou a ficar quandoquis desistir a Seacutergio Oliveira Juliane Ciriaco Otoniel Rodrigues Ana Claacuteudia AnneguesPaola Freire Wallace Patrick e Thiago Carvalho pelos momentos de estudo raciociacuteniosideias risadas e companhia

Aos meus familiares e amigos que mesmo natildeo citados estatildeo ao meu redor apoiando-me e incentivando-me e que de forma direta ou indireta contribuiacuteram tanto na conclusatildeodesse trabalho bem como para minha formaccedilatildeo pessoal e profissional

A CAPES pelo apoio financeiro

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

-20

020

4060

80Ex

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PIB(

)2

013-

2000

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Viet

natildeHo

ng K

ong

Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

rtPI

B(

)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

00Pr

odut

ivida

de

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

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exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or F

aixa

de

Expo

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o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

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23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

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Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

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no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

34

Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

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ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

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forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

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A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

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a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

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MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

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Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

51

52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

74

Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

76

Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 3: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

Catalogaccedilatildeo na publicaccedilatildeo

Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo e Classificaccedilatildeo

O48a Oliveira Celina Santos de

Ensaios em economia internacional e mercado de trabalho Celina

Santos de Oliveira - Joatildeo Pessoa 2017 91 f il

Orientador Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior

Coorientador Erik Alencar de Figueiredo

Tese (Doutorado) - UFPBCCSA

1 Comeacutercio internacional 2 Mercado de trabalho - Aspectos

3 Mobilidade ocupacional ascendente I Tiacutetulo

UFPBBC

A meu Pai ldquoIn Memoriamrdquo

Agradecimentos

A Deus por ter me dado minha famiacutelia meus pais Marcelino ldquoIn Memoriamrdquo eCreuza meus irmatildeos e irmatildes com suas respectivas famiacutelias e a eterna mais que amigaMichelly Todos me ajudaram da melhor forma possiacutevel e muitas vezes impossiacutevel na minhaformaccedilatildeo pessoal e acadecircmica incentivando-me a prosseguir nesta jornada fossem quaisfossem os obstaacuteculos Agradeccedilo a vocecircs com a mais profunda admiraccedilatildeo carinho e amor

Ao Professor Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior meu orientador e Erik Alencar deFigueiredo meu coorientador pela contribuiccedilatildeo e atenccedilatildeo na construccedilatildeo desse trabalhoAos professores Jorge Luiz Mariano da Silva Adriano Firmino Valdevino de Arauacutejoe Edilean Kleber da Silva Bejarano Aragoacuten pela participaccedilatildeo na banca examinadoracontribuindo com suas correccedilotildees e sugestotildees

A Risomar funcionaacuteria do PPGE pela amizade atenccedilatildeo competecircncia e prestezaem ajudar

Aos amigos em especial a Etevaldo Almeida que me incentivou e deu todo o apoionecessaacuterio desde o iniacutecio do curso a Patriacutecia Carvalho que me incentivou a ficar quandoquis desistir a Seacutergio Oliveira Juliane Ciriaco Otoniel Rodrigues Ana Claacuteudia AnneguesPaola Freire Wallace Patrick e Thiago Carvalho pelos momentos de estudo raciociacuteniosideias risadas e companhia

Aos meus familiares e amigos que mesmo natildeo citados estatildeo ao meu redor apoiando-me e incentivando-me e que de forma direta ou indireta contribuiacuteram tanto na conclusatildeodesse trabalho bem como para minha formaccedilatildeo pessoal e profissional

A CAPES pelo apoio financeiro

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

-20

020

4060

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

rtPI

B(

)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

00Pr

odut

ivida

de

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or F

aixa

de

Expo

rtaccedilatilde

o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

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Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

34

Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

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a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

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Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

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52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

68

HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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YEAPLE S R A simple model of firm heterogeneity international trade and wagesJournal of International Economics v 65 n 1 p 1 ndash 20 2005 ISSN 0022-1996Disponiacutevel em lthttpwwwsciencedirectcomsciencearticlepiiS0022199604000418gt

87

ZOU H The adaptive lasso and its oracle properties Journal of the American StatisticalAssociation v 101 n 476 p 1418ndash1429 2006

88

APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 4: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

A meu Pai ldquoIn Memoriamrdquo

Agradecimentos

A Deus por ter me dado minha famiacutelia meus pais Marcelino ldquoIn Memoriamrdquo eCreuza meus irmatildeos e irmatildes com suas respectivas famiacutelias e a eterna mais que amigaMichelly Todos me ajudaram da melhor forma possiacutevel e muitas vezes impossiacutevel na minhaformaccedilatildeo pessoal e acadecircmica incentivando-me a prosseguir nesta jornada fossem quaisfossem os obstaacuteculos Agradeccedilo a vocecircs com a mais profunda admiraccedilatildeo carinho e amor

Ao Professor Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior meu orientador e Erik Alencar deFigueiredo meu coorientador pela contribuiccedilatildeo e atenccedilatildeo na construccedilatildeo desse trabalhoAos professores Jorge Luiz Mariano da Silva Adriano Firmino Valdevino de Arauacutejoe Edilean Kleber da Silva Bejarano Aragoacuten pela participaccedilatildeo na banca examinadoracontribuindo com suas correccedilotildees e sugestotildees

A Risomar funcionaacuteria do PPGE pela amizade atenccedilatildeo competecircncia e prestezaem ajudar

Aos amigos em especial a Etevaldo Almeida que me incentivou e deu todo o apoionecessaacuterio desde o iniacutecio do curso a Patriacutecia Carvalho que me incentivou a ficar quandoquis desistir a Seacutergio Oliveira Juliane Ciriaco Otoniel Rodrigues Ana Claacuteudia AnneguesPaola Freire Wallace Patrick e Thiago Carvalho pelos momentos de estudo raciociacuteniosideias risadas e companhia

Aos meus familiares e amigos que mesmo natildeo citados estatildeo ao meu redor apoiando-me e incentivando-me e que de forma direta ou indireta contribuiacuteram tanto na conclusatildeodesse trabalho bem como para minha formaccedilatildeo pessoal e profissional

A CAPES pelo apoio financeiro

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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4060

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

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Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

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Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

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eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

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F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

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exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

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Firm

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or F

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

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Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

28

treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

29

Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

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Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

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ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

45

a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

48

Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

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52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

56

36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

67

a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

68

HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

74

Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

76

Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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88

APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 5: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

Agradecimentos

A Deus por ter me dado minha famiacutelia meus pais Marcelino ldquoIn Memoriamrdquo eCreuza meus irmatildeos e irmatildes com suas respectivas famiacutelias e a eterna mais que amigaMichelly Todos me ajudaram da melhor forma possiacutevel e muitas vezes impossiacutevel na minhaformaccedilatildeo pessoal e acadecircmica incentivando-me a prosseguir nesta jornada fossem quaisfossem os obstaacuteculos Agradeccedilo a vocecircs com a mais profunda admiraccedilatildeo carinho e amor

Ao Professor Joseacute Luis da Silva Netto Juacutenior meu orientador e Erik Alencar deFigueiredo meu coorientador pela contribuiccedilatildeo e atenccedilatildeo na construccedilatildeo desse trabalhoAos professores Jorge Luiz Mariano da Silva Adriano Firmino Valdevino de Arauacutejoe Edilean Kleber da Silva Bejarano Aragoacuten pela participaccedilatildeo na banca examinadoracontribuindo com suas correccedilotildees e sugestotildees

A Risomar funcionaacuteria do PPGE pela amizade atenccedilatildeo competecircncia e prestezaem ajudar

Aos amigos em especial a Etevaldo Almeida que me incentivou e deu todo o apoionecessaacuterio desde o iniacutecio do curso a Patriacutecia Carvalho que me incentivou a ficar quandoquis desistir a Seacutergio Oliveira Juliane Ciriaco Otoniel Rodrigues Ana Claacuteudia AnneguesPaola Freire Wallace Patrick e Thiago Carvalho pelos momentos de estudo raciociacuteniosideias risadas e companhia

Aos meus familiares e amigos que mesmo natildeo citados estatildeo ao meu redor apoiando-me e incentivando-me e que de forma direta ou indireta contribuiacuteram tanto na conclusatildeodesse trabalho bem como para minha formaccedilatildeo pessoal e profissional

A CAPES pelo apoio financeiro

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

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2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

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da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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020

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

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Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

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Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

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Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

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eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

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F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

22

Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

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no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

29

Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

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Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

45

a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

48

Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

51

52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

53

Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

54

Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

55

peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

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trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

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se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

74

Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

76

Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

82

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88

APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 6: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

ldquoInsanidade eacute continuar fazendo semprea mesma coisa e esperar resultados diferentes

(Albert Einstein)

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

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da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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020

4060

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

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eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

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F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

22

Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

24

ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

25

3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

26

forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

27

Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

29

Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

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33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

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Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

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Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

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Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

45

a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

48

Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

51

52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

53

Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

54

Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

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se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

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44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

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Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 7: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

ResumoObjetiva-se com a presente tese investigar como o acesso ao comeacutercio internacional dasfirmas nacionais afetam aspectos do mercado de trabalho brasileiro como por exemplo omovimento entre ocupaccedilotildees e salaacuterios De modo especiacutefico em primeiro lugar busca-seinvestigar empiricamente os determinantes da mobilidade ocupacional ascendente para oBrasil em um periacuteodo entre 2003 e 2013 destacando o efeito do setor exportador sobreessa mobilidade Para atender tal objetivo utilizou-se o Logit e o Logit Ordenado sobre oconjunto de dados da RAIS e do SECEX Aleacutem disso com o intuito de minimizar o vieacutes deseleccedilatildeo amostral sobre o matching dos trabalhadores com as firmas exportadoras aplicou-seo meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceado por Entropia Como resultado encontrou-seque o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo ser branco e um diferencial salarial positivo entre asocupaccedilotildees aumentam a probabilidade de um trabalhador mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevelmaior enquanto que a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com migrantes estrangeirosaltamente escolarizados reduzem essa probabilidade Juntamente a isso destaca-se o efeitopositivo do ambiente exportador quando a mobilidade eacute acompanhada por uma mudanccedilade empregador e por reduccedilotildees nos custos dessa mobilidade quando na presenccedila do setorexportador Isto ocorre principalmente se este trabalhador proveniente desse setor eacute atraiacutedopor uma empresa natildeo exportadora Em um segundo momento pretende-se responder sehaacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching de trabalhadores entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras brasileiras Utilizou-se tambeacutem os mesmos dados fornecidos pela RAISpara um periacuteodo apoacutes a abertura comercial entre 2003 e 2013 Partiu-se do modelo teoacutericode Bombardini Orefice e Tito (2015) que considera a realizaccedilatildeo do matching em umambiente com trabalhadores e firmas heterogecircneos e com fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho Foi construiacutedo uma variaacutevel de tipos de trabalhadores usando trecircs metodologiasA primeira utilizou a abordagem do modelo teoacuterico que reduziu-se ao uso da variaacutevel salaacuteriocomo proxy para tipos de trabalhadores e a segunda e terceira utiliza-se uma regressatildeosalarial tradicional que foi estimada seguindo Guimaratildees e Portugal (2010) e Zou (2006)com o Lasso Adaptativo Em seguida construiu-se as medidas de meacutedia e dispersatildeo dotipo de trabalhadores a niacutevel de firma e sobre estas investigou-se o efeito dessas firmasestarem no setor exportador Como resultado encontrou-se que as empresas exportadorasselecionam uma meacutedia mais alta de tipos de trabalhadores ao mesmo tempo que essestipos satildeo menos dispersos em relaccedilatildeo agrave essa meacutedia Assim os exportadores pagam salaacuteriosmais altos porque entre outros fatores empregam os melhores trabalhadores

Palavras-chave Comeacutercio Internacional Mobilidade Ocupacional Ascendente Matchingno Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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020

4060

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

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)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

00Pr

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

22

Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

24

ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

25

3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

26

forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

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33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

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Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

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de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

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Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

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na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

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Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

45

a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

48

Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

51

52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

53

Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

65

Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

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se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

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44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

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trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 8: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

AbstractThe objective of this thesis is to investigate how access to international trade affectsaspects of the Brazilian labor market such as the movement between occupations andwages Specifically firstly we seek to empirically investigate the determinants of upwardoccupational mobility for Brazil in a period between 2003 and 2013 highlighting theeffect of the export sector on this mobility To meet this goal we used Logit and OrderedLogit on the RAIS and SECEX data set In addition in order to minimize the bias ofsample selection on the matching of the workers with the exporting firms the methodof Balanced Propensity Scores by Entropy was applied As a result it was found thatthe white workers with higher level of education and a positive wage differential betweenoccupations increases the probability of a worker changing occupation to a higher levelwhile older man worker and being in a region with highly educated foreign migrants reducethis probability Alongside this the positive effect of the export environment is highlightedwhen mobility is accompanied by a change of employer and by reductions in the costsof such mobility when in the presence of the export sector This is especially true if thisworker from this sector is attracted by a non-exporting company In a second momentit is intended to answer if there are differences in the realization of matching of workersbetween Brazilian exporting and non-exporting companies The same data provided byRAIS was also used for a period after the commercial opening between 2003 and 2013 Itwas based on the theoretical model of Bombardini Orefice e Tito (2015) which considersthe realization of matching in an environment with workers and heterogeneous firms withsearch frictions in the labor market A variable of types of workers was constructed usingthree methodologies The first one used the theoretical model approach that reduced tothe use of the wage variable as proxy for types of workers and the second and third oneuses a traditional wage regression that was estimated following Guimaratildees e Portugal(2010) and Zou (2006) with Adaptive Lasso Next the measures of average and dispersionof the type of workers at the firm level were constructed and on these the effect of thesefirms in the export sector was investigated As a result it was found that exporting firmsselect a higher average of types of workers while these types are less dispersed in relationto that average Thus exporters pay higher wages because among other factors theyemploy the best workers

Keywords Trade Ascending Occupational Mobility Matching in the Labor Market

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

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da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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020

4060

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

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)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

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F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

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or F

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o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

22

Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

24

ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

25

3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

26

forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

27

Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

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33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

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Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

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de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

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Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

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Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

45

a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

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Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

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Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

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52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

54

Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

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HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

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se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

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44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

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Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 9: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

Lista de ilustraccedilotildees

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000e 2013 16

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB () 18Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada 18Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal 19Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras 19Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$ 20Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados 51Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e

Natildeo Exportadoras 2003 a 2013 72

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

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020

4060

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2000

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

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)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

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1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

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eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

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Firm

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or F

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2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

22

Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

25

3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

27

Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

28

treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

29

Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

34

Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

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Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

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Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

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∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

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ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

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forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

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a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

48

Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

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52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

55

peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

67

a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

68

HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

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Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

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Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

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status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

89

81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

90

APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

91

Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
Page 10: Ensaios em Economia Internacional e Mercado de Trabalho

Lista de tabelas

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015 17Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil 34Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 36Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo) 37Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre

2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras 38Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo

entre 2003 e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras 38Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013 45Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo 50Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de

Pscore 2003 e 2013 52Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) 73Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 74Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Gui-

maratildees e Portugal (2010) 74Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso 75Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida 76Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

de Guimaratildees e Portugal (2010) 76Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo

do AdaLasso 77Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio

de Vida 78Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) 78Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo

Meacutetodo do AdaLasso 79

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 13

2 O COMEacuteRCIO INTERNACIONAL E PRODUTIVIDADE UMA ANAacute-LISE GERAL 15

21 Introduccedilatildeo 1522 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional 1523 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional 2124 Consideraccedilotildees Finais 23

3 EFEITO DO COMEacuteRCIO INTERNACIONAL SOBRE A MOBILI-DADE OCUPACIONAL 25

31 Introduccedilatildeo 2532 Modelo Teoacuterico 2733 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 30331 Base de Dados 30332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional 3334 Estrateacutegia Empiacuterica 3935 Resultados 4436 Consideraccedilotildees Finais 56

4 MATCHING ENTRE FIRMAS E TRABALHADORES NO SETOREXPORTADOR EVIDEcircNCIAS PARA O BRASIL 58

41 Introduccedilatildeo 5842 Modelo Teoacuterico 6143 Estrateacutegia Empiacuterica 63431 Base de Dados 64432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma 65433 Medidas de Tipo de Trabalhadores 68434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica 6944 Resultados 7145 Consideraccedilotildees Finais 80

REFEREcircNCIAS 82

APEcircNDICE A ndash CLASSIFICACcedilAtildeO BRASILEIRA DE OCUPACcedilOtildeES2002 - 2 DIacuteGITOS 88

APEcircNDICE B ndash RESULTADOS PARA MEacuteDIA E DISPERSAtildeO DETIPOS POR VARIAacuteVEL INSTRUMENTAL 90

13

1 Introduccedilatildeo

A exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobrea sua dinacircmica econocircmica e social Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemploo aumento dos fluxos de imigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeocultural e a transmissatildeo mais raacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levantaquestionamentos relevantes sobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamentodas famiacutelias do governo das firmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Eacute sobre o mercado de trabalho brasileiro que trata-se a presente tese Tendo comoobjetivo geral o de investigar como o acesso ao comeacutercio internacional afeta aspectos comomobilidade ocupacional matching entre firmas e trabalhadores e salaacuterios Destaca-se aindaque a proposta natildeo eacute analisar os efeitos da abertura comercial e sim do fluxo comercialobservado na uacuteltima deacutecada e iniacutecio da atual

A presente tese eacute construiacuteda por dois ensaios No primeiro procura-se identificaros determinantes da mobilidade ocupacional de forma ascendente dos trabalhadoresbrasileiros e destacar qual o efeito do setor exportador sobre essa mobilidade Entende-secomo mobilidade ascendente uma melhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira dotrabalhador

No segundo propotildee-se responder como o matching entre firmas e trabalhadores eacuteafetado pelo acesso das empresas ao mercado exportador Eacute possiacutevel que essa participaccedilatildeono comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadores e firmas

Se sim isso indica que firmas em contato com o setor exportador selecionam econtratam trabalhadores mais qualificados e produtivos Isto explicaria portanto queempresas exportadoras pagam maiores salaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porqueestas ganham produtividade ao entrar no comeacutercio internacional mas tambeacutem porqueselecionam e contratam trabalhadores de tipo alto lecirc-se tipo alto aqueles que possuemhabilidades e qualidades que elevam a produtividade da empresa

De modo resumido no primeiro ensaio utilizou-se como meacutetodo empiacuterico o Logite posteriormente com o objetivo de minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se omeacutetodo de Escores de Propensatildeo Ponderados

Jaacute no segundo ensaio fez-se uso da proposta metodoloacutegica de Abowd Kramarze Woodcock (2008) e Bombardini Orefice e Tito (2015) cuja captaccedilatildeo do efeito daparticipaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeo do tipo de cada trabalhador eem seguida gerou-se medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores ao niacutevelda empresa

14

Todos os questionamentos e objetivos postos soacute seratildeo possiacuteveis de serem respondidosdevido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanhar o trabalhador no mercado detrabalho formal no periacuteodo de 2003 a 2013 Essas informaccedilotildees conteacutem dados sobre omercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios e firmas com informaccedilotildees comosalaacuterios grau de instruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outrascaracteriacutesticas individuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Acrescenta-se a essas informaccedilotildees osdados sobre o comeacutercio internacional que conteacutem dados sobre empresas exportadorasfornecidos pela Secretaacuteria de Comeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo esta tese estaacute dividida em mais tecircs capiacutetulos No primeirodescreve-se de um modo geral os aspectos descritivos do comeacutercio internacional brasileiroe estudos jaacute realizados que envolvem o comeacutercio internacional

No segundo capiacutetulo estaacute o objetivo aspecto teoacuterico estrateacutegia empiacuterica resultadose consideraccedilotildees finais do ensaio que trata dos efeitos do comeacutercio internacional sobre amobilidade ocupacional ascendente Da mesma forma estaacute dividido o terceiro capiacutetulo quetrata dos efeitos do comeacutercio intercional sobre o matching entre trabalhadores e firmas e oconsequente diferencial de salaacuterio

15

2 O Comeacutercio Internacional e ProdutividadeUma Anaacutelise Geral

21 IntroduccedilatildeoUma vasta literatura tem procurado esclarecer os efeitos da abertura comercial

sobre o desempenho econocircmico em vaacuterios paiacuteses Como representante desse efeito aliteratura moderna tem destacado o papel da integraccedilatildeo internacional tendo como eminenteconsequecircncia a difusatildeo do conhecimento

A difusatildeo do conhecimento tem sido caracterizado como um dos principais fatoresque levam ao crescimento econocircmico de longo prazo Uma vez que o conhecimento tema caracteriacutestica de ser natildeo rival significando que o uso por uma pessoa ou empresa emalgumas aplicaccedilotildees natildeo impede seu uso simultacircneo ou posterior por outros implicando emrendimentos crescentes dos insumos (GROSSMAN HELPMAN 2015)

O compartilhamento de conhecimento entre naccedilotildees pode ser uacutetil para inventarnovos produtos para melhorar os existentes ou para produzir bens a um custo menor Essecompartilhamento tem como principal mecanismo as relaccedilotildees comerciais internacionaisque geram um maior acesso ao conhecimento e como consequecircncia maior disponibilidadede novos insumos incorporados de tecnologias traduzindo-se posteriormente em efeitospositivos de produtividade

Perante a isso eacute possiacutevel deduzir que a exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internaci-onal propicie diversas mudanccedilas sobre a sua dinacircmica econocircmica e social Eacute nesse sentindoque o atual capiacutetulo foi construiacutedo objetivando abordar aspectos descritivos e teoacutericossobre o comeacutercio internacional destacando seus efeitos sobre o mercado de trabalho queserviram de fundamentaccedilatildeo para a elaboraccedilatildeo dos demais capiacutetulos

Apoacutes esta Introduccedilatildeo descreve-se brevemente as principais estatiacutesticas relacionadasao comeacutercio internacional para o Brasil Na segunda seccedilatildeo revisa-se as literaturas sobreo mesmo das quais procuraram contribuir de uma maneira geral para a construccedilatildeo dapresente tese Por fim expotildee-se as consideraccedilotildees finais deste capiacutetulo evidenciando osprincipais objetivos e hipoacuteteses que culminaram na construccedilatildeo dos capiacutetulos 3 e 4

22 Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio InternacionalNas uacuteltimas deacutecadas tem-se observado a participaccedilatildeo crescente do comeacutercio inter-

nacional tanto em paiacuteses desenvolvidos quanto em paiacuteses em desenvolvimento Nos paiacuteses

16

da OECD a participaccedilatildeo das exportaccedilotildees sobre o PIB aumentou de 19 em 2000 paramais de 28 em 2013

Os paiacuteses da UE28 (28 paiacuteses da Uniatildeo Europeacuteia) obtiveram um aumento naparticipaccedilatildeo de 28 para 42 no mesmo periacuteodo (OECD 2014) Para o periacuteodo entre1990 a 2013 a Ruacutessia apresentou uma participaccedilatildeo 182 aumentando para 284 Jaacute aChina obteve um crescimento de 144 para 264 das exportaccedilotildees sobre o PIB e o Brasilpassou de 82 para 1255 (OECD 2014)

A figura (1) expressa a diferenccedila dessa participaccedilatildeo entre os anos 2000 e 2013Observa-se enorme disparidade do saldo brasileiro em relaccedilatildeo aos paiacuteses asiaacuteticos comopor exemplo Hong Kong Mesmo assim o Brasil ainda apresentou um saldo positivo entreo periacuteodo indicando que houve um aumento do volume exportado nesses 13 anos

Figura 1 ndash Diferenccedila da Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB entre o ano de 2000 e 2013

-20

020

4060

80Ex

port

PIB(

)2

013-

2000

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Fonte Mundial (2015)

O baixo desempenho brasileiro em relaccedilatildeo a paiacuteses como Argentina Meacutexico e Aacutefricado Sul se deve ao fato do Brasil ainda apresentar altas taxas protecionistas A tabela (1)apresenta o Rank do Iacutendice de Abertura Comercial1 para o ano de 2015 produzido peloICC World Trade Agenda (2015) cujo iacutendice eacute formado por indicadores como aberturaobservada no comeacutercio a poliacutetica comercial abertura para investimentos estrangeiros einfraestrutura para as exportaccedilotildees e importaccedilotildees

1 A ordem do ranking eacute dada do maior para a menor grau de abertura comercial

17

Tabela 1 ndash Iacutendice de Abertura Comercial para o G20 - 2015

Paiacuteses Rank Iacutendice AberturaComercial

PoliacuteticasComerciais FDI Infraestrutura

Alemanha 19 43 4 46 32 56Canadaacute 24 42 35 46 41 51

Austraacutelia 27 41 31 47 43 5Reino Unido 30 41 29 46 41 55

Araacutebia Saudita 36 39 4 43 29 37Franccedila 37 39 28 46 35 51

Coreia do Sul 41 38 43 3 32 49Estados Unidos 42 37 21 48 35 52

Itaacutelia 43 36 25 45 34 45Japatildeo 44 36 21 49 27 53

Aacutefrica do Sul 50 33 29 36 3 39Peru 51 32 28 33 34 39

Meacutexico 54 31 27 33 33 33Indoneacutesia 56 31 26 39 23 28

Ruacutessia 57 31 32 27 35 3China 59 3 3 25 3 39Iacutendia 63 26 33 18 26 27

Argentina 65 25 28 18 25 35Brasil 70 23 23 18 25 32

Fonte ICC World Trade Agenda (2015)

Observa-se que dentre os paiacuteses membros do grupo composto pelas maiores eco-nomias desenvolvidas e emergentes chamado de G-20 o Brasil aponta como o paiacutes maisprotecionista com um iacutendice de 23 ocupando a 70a posiccedilatildeo entre 75 paiacuteses que compotildeemo estudo O Brasil fica atraacutes de paiacuteses como Argentina Iacutendia Ruacutessia Meacutexico e Peru

Mesmo com o fraco desempenho em relaccedilatildeo a outros paiacuteses o Brasil apresentouainda crescimento em volume exportado principalmente na deacutecada de 2000 como apontaa figura (2) onde apresenta a seacuterie da participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB para o Brasil

Observa-se o maior pico por volta de 2003 e 2004 caracterizado por dois episoacutedios in-ternos a liberalizaccedilatildeo da acircncora cambial instrumento utilizado na poliacutetica anti-inflacionaacuteriado Plano Real e somado a isso as eleiccedilotildees de 2002 com a vitoacuteria do ex-presidente LuizInaacutecio Lula da Silva assumindo o cargo em 2003 Ambos os acontecimentos culminaramem uma alta desvalorizaccedilatildeo cambial estimulado o volume de exportaccedilotildees brasileiras

18

Figura 2 ndash Participaccedilatildeo das Exportaccedilotildees no PIB ()

68

1012

1416

Expo

rtPI

B(

)

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte Mundial (2015)

Acompanhando o desempenho das exportaccedilotildees brasileiras observa-se a tendecircnciade crescimento principalmente na deacutecada de 2000 da produtividade e da renda meacutedia realdo trabalho principal As figuras (3) e (4) evidenciam esses fatos que satildeo provaacuteveis reflexosda abertura comercial da deacutecada de 90 do plano real e de poliacuteticas soacutecios educacionais

Figura 3 ndash Produtividade por Pessoa Empregada

100

0011

000

120

0013

000

140

00Pr

odut

ivida

de

1990 1995 2000 2005 2010 2015Ano

Fonte The Conference Board (2015)

19

Figura 4 ndash Renda Meacutedia Real do Trabalho Principal

1000

1200

1400

1600

Rend

a M

eacutedia

1995 2000 2005 2010 2015ANO

Fonte Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada (IPEA)

Considerando o periacuteodo ente 2003 e 2013 o Brasil contava com um pouco mais de20000 empresas exportadoras Como destacado na figura (5) a grande maioria destasestatildeo localizadas no Estado de Satildeo Paulo seguido por Rio Grande do Sul Paranaacute e MinasGerais

Figura 5 ndash Quantidade de Firmas Exportadoras

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or U

F

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

AC AL AM AP BA CE

DF ES GO MA MG MS

MT PA PB PE PI PR

RJ RN RO RR RS SC

SE SP TO

Fonte SECEX-MDIC

O estudo de Gomes e Ellery Jr (2007) que traccedila o perfil das empresas exportadorasbrasileiras para anos apoacutes a abertura econocircmica evidenciou o fato de que poucas firmas

20

exportam e mesmo as que exportam destinam grande parte de sua produccedilatildeo ao mercadointerno

Em termos de valores os autores destacaram que mais de 60 das firmas exportamateacute 10 de toda a sua produccedilatildeo Aleacutem disso a maior parte dessa produccedilatildeo eacute escoada parapoucos mercados

A figura (6) demonstra que de todas as empresas brasileiras exportadoras cerca de80 delas exportam ateacute 1 milhatildeo de doacutelares durante o periacuteodo de 2003 a 2013 diminuindolevemente no final desse periacuteodo e aumentando a participaccedilatildeo faixa de exportaccedilatildeo de 1 a5 milhotildees de doacutelares

Figura 6 ndash de Firmas por Faixa de Exportaccedilatildeo em Milhotildees de US$

020

4060

8010

0

de

Firm

as p

or F

aixa

de

Expo

rtaccedilatilde

o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

lt=1 1_5 5_1010_50 50_100 gt100

Faixa de Exportaccedilatildeo em milhotildees de US$

Fonte SECEX-MDIC

Juntamente com a anaacutelise de Gomes e Ellery Jr (2007) e alguns fatos aqui apontadospode-se caracterizar o setor exportador brasileiro como um setor de poucas empresas emrelaccedilatildeo ao mercado total Aleacutem disso estas escoam para poucos mercados

Essas caracteriacutesticas sugerem a existecircncia de fortes barreiras para exportaccedilatildeoSomando-se a isso o estudo aponta que a produtividade eacute maior nas firmas exportadorasdo que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras e quanto maior o nuacutemero de mercados que recebemessas exportaccedilotildees maior seraacute essa produtividade

Na proacutexima seccedilatildeo procura-se destacar algumas literaturas sobre os aspectos teoacutericosdos efeitos do Comeacutercio Internacional sobre o enfoque econocircmico procurando destacar asprincipais consequecircncias sobre o mercado de trabalho tratado como objeto de pesquisa napresente tese

21

23 Aspectos Teoacutericos Comeacutercio InternacionalCoincidentemente com o aumento do comeacutercio internacional como destacado na

seccedilatildeo anterior observa-se uma maior integraccedilatildeo econocircmica entre os paiacuteses ambos reflexosdo movimento da globalizaccedilatildeo

Como facilitador desses movimentos estaacute o crescimento da flexibilizaccedilatildeo das tarifase cotas comerciais tecnologias e comunicaccedilotildees mais eficientes Acrescenta-se a isso a quedados custos de transporte e o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica ocorrida principalmentenos paiacuteses da Ameacuterica Latina no final da deacutecada de 80 Todos esses movimentos e processoslevam a uma maior mobilidade de capital e de matildeo-de-obra (SLAUGHTER SWAGEL1997)

Os ganhos de comeacutercio gerados por essa facilitaccedilatildeo juntamente com a reduccedilatildeodos custos de transaccedilotildees dos bens de capital e intermediaacuterios podem levar ao aumentoda concorrecircncia resultando em uma melhoria em termos de produtividade (ALESINASPOLAORE WACZIARG 2005)

Eacute possiacutevel destacar ainda as mudanccedilas institucionais causadas por uma aberturacomercial Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati (2010) destacam queo comeacutercio internacional natildeo soacute facilita as trocas de bens e serviccedilos mas tambeacutem osmecanismos de mercado Como exemplo a reduccedilatildeo da intervenccedilatildeo do governo no processode abertura econocircmica reflete no comeacutercio bilateral e multilateral onde os participantesdevem cumprir os seus compromissos com as regras internacionais para a realizaccedilatildeo decomeacutercio e natildeo com a legislaccedilatildeo e estruturas impostas por um dos paiacuteses participantes

Dessa forma tanto os aspectos de melhoria de produtividade de instituiccedilotildees bemcomo no bem-estar social acaba por refletir no crescimento econocircmico Alguns trabalhosempiacutericos retratados nos estudos de Alesina Spolaore e Wacziarg (2005) e Sun e Heshmati(2010) trazem evidecircncias de que o comeacutercio internacional afeta positivamente o crescimentoeconocircmico facilitando a acumulaccedilatildeo de capital a estrutura de modernizaccedilatildeo industrial oprogresso tecnoloacutegico e o avanccedilo institucional

O fato eacute que o aumento do comeacutercio internacional tem propiciado diversas mudanccedilasimportantes e o termo globalizaccedilatildeo eacute utilizado de forma geneacuterica para descrever taisfenocircmenos Goldberg e Pavcnik (2003) colocam como exemplo o aumento dos fluxos deimigraccedilatildeo a remoccedilatildeo dos controles de capital a globalizaccedilatildeo cultural e a transmissatildeo maisraacutepida de choques e tendecircncias internacionais Isto levanta questionamentos relevantessobre como o comeacutercio internacional afeta o comportamento das famiacutelias do governo dasfirmas domeacutesticas e do mercado de trabalho local

Perante a isso pretende-se na presente tese investigar como o acesso ao comeacuterciointernacional afeta o mercado de trabalho brasileiro com relaccedilatildeo a mobilidade ocupacionalmatching entre firmas e trabalhadores e seus respectivos salaacuterios

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Uma vasta literatura investiga o impacto das mudanccedilas na proteccedilatildeo comercial sobrea entrada de importaccedilotildees ou de quotas de exportaccedilatildeo e as consequecircncias disso sobre ageraccedilatildeo e mobilidade de emprego bem como sobre as desigualdades salariais ou o retornosobre agraves caracteriacutesticas dos trabalhadores

Sobre esse aspecto destaca-se as literaturas de Melitz (2003) Pavcnik (2004)Krishna Poole e Senses (2011) Caju Rycx e Tojerow (2012) dentre muitos outros queinvestigam principalmente a tendecircncia do comeacutercio internacional em produzir aumentosno diferencial salarial entre os trabalhadores mais e menos qualificados

Nos Estados Unidos por exemplo os salaacuterios dos trabalhadores menos qualificadoscaiacuteram desde o final da deacutecada de 70 em relaccedilatildeo agravequeles mais qualificado verificandoainda uma maior igualdade de renda dentro dos proacuteprios grupos mais e menos qualificados(FREEMAN 1995 SLAUGHTER SWAGEL 1997)

Slaughter e Swagel (1997) aponta ainda que esses efeitos podem natildeo ser encontradosem outras economias dada as diferenccedilas nas estruturas de mercado como por exemploem paiacuteses com mercado de trabalho descentralizados e salaacuterios flexiacuteveis A queda relativapor trabalho menos qualificado se traduz em menores salaacuterios relativos para esses grupode trabalhadores

Jaacute as firmas localizadas em paiacuteses com salaacuterios relativamente riacutegidos e com mercadode trabalho centralizado diminui a oferta de vagas para trabalhadores menos qualificadosrefletindo em um baixo emprego relativo

Considerando a anaacutelise de Slaughter e Swagel (1997) e Feenstra e Hanson (2001)cerca de 70 da mudanccedila nos EUA devido ao comeacutercio internacional ocorreram sobre aprocura de trabalho qualificado no interior das induacutestrias ou seja nem todos os setoresmudaram de matildeo-de-obra intensiva menos qualificada para intensiva mais qualificadaOs autores observaram ainda que a maior parte da induacutestria dos EUA durante os anos1980 empregou relativamente trabalhadores mais qualificados do que na deacutecada de 1970embora houvesse um aumento nos salaacuterios desses trabalhadores Essa evidecircncia natildeo foiconstatada somente nos paiacuteses desenvolvidos Em paiacuteses em desenvolvimento verifica-sediferenciais de salaacuterios aleacutem da transferecircncia da demanda de trabalho menos qualificadopara o mais qualificado Por exemplo a pesquisa de Bustos (2007) para a Argentina eVerhoogen (2008) para o Meacutexico tratam desse aspecto

Em relaccedilatildeo ao Brasil como jaacute destacado na seccedilatildeo anterior a deacutecada de 90 foimarcada por mudanccedilas significativas na estrutura econocircmica Um dos acontecimentosdeste periacuteodo foi a abertura comercial que levou a uma expansatildeo da participaccedilatildeo dasexportaccedilotildees sobre o PIB brasileiro

Nessa mesma deacutecada ocorreu a liberalizaccedilatildeo dos fluxos de capitais juntamentecom a estabilizaccedilatildeo promovida pelo Plano Real Todos esses acontecimentos refletiram

23

no modo de produccedilatildeo das induacutestrias na produtividade e qualificaccedilatildeo dos trabalhadores eseus respectivos salaacuterios

Sobre esse aspecto alguns estudos analisam os efeitos da abertura comercial sobreo mercado de trabalho brasileiro como exemplo os trabalhos de Freguglia (2007) Molinae Muendler (2013) Hidalgo e Sales (2015) Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman etal (2016)

Os dois uacuteltimos tratam especificamente sobre as desigualdades salariais geradascom a abertura Em geral um decliacutenio na proteccedilatildeo comercial poderaacute estar associado ao umaumento nos salaacuterios meacutedios nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais

Um dos temas mais debatidos na literatura de Comeacutercio Internacional e Mercadode Trabalho eacute exatamente os seus efeitos sobre a desigualdade salarial Alguns estudoscomo o de Freguglia (2007) Helpman Itskhoki e Redding (2010) Krishna Poole e Zeynep(2014) relacionam tal desigualdade como uma consequecircncia da exposiccedilatildeo ao comeacuterciointernacional sobre a produtividade das firmas

Melitz (2003) mostra como essa exposiccedilatildeo ao comeacutercio induziraacute apenas as empresasmais produtivas a entrarem no mercado de exportaccedilatildeo enquanto algumas empresas menosprodutivas continuam a produzir apenas para o mercado interno forccedilando simultaneamenteas empresas menos produtivas a sair

Sob uma perspectiva teoacuterica o autor considera a heterogeneidade das firmas e deum modo geral coloca que as empresas mais produtivas estatildeo em contato com o comeacuterciointernacional Isto de uma certa forma traz consequecircncias sobre os salaacuterios bem comosobre a realocaccedilatildeo de recursos como por exemplo a matildeo-de-obra

Nessa mesma linha Helpman Itskhoki e Redding (2010) coloca que aleacutem dese considerar as diferenccedilas nas estruturas do mercado de trabalho e a heterogeneidadedas firmas necessita-se tambeacutem considerar a heterogeneidade dos trabalhadores e suasdiferentes reaccedilotildees aos efeitos do comeacutercio internacional Isto reflete a possibilidade deocorrecircncia da diferenciaccedilatildeo salarial e do emprego em alguns setores da economia e emalgumas ocupaccedilotildees dentro da firma

Eacute considerando esses aspectos teoacutericos que a presente tese trata os efeitos docomeacutercio internacional sobre o mercado de trabalho brasileiro no periacuteodo de 2003 a 2013em dois ensaios considerados respectivamente nos capiacutetulos 3 e 4

24 Consideraccedilotildees FinaisNorteando-se pelas literaturas destacadas na seccedilatildeo anterior pretende-se analisar

os efeitos do comeacutercio internacional representado pelo acesso das firmas brasileiras aosetor exportador sobre o mercado de trabalho mais especificamente sobre a mobilidade

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ocupacional e sobre o matching (combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e firmas e as suasconsequecircncias salariais

Como destacado o comeacutercio internacional promove a expansatildeo do tamanho domercado e incentiva as firmas a adotarem novas tecnologias levando-as a um processode reestruturaccedilatildeo produtiva Isto reflete sobre a remuneraccedilatildeo do trabalhador que conse-quentemente levam as firmas a exigirem trabalhadores mais qualificados (GOLDBERGPAVCNIK 2003 CAJU RYCX TOJEROW 2012)

Eacute nesse momento como colocado por Melitz (2003) que as realocaccedilotildees de recursosocorrem e satildeo direcionadas para as empresas mais produtivas gerando novos ganhosprodutividade e receita

Eacute nesse contexto que primeiramente evidencia-se os efeitos do comeacutercio internacionalrepresentado pela participaccedilatildeo das firmas no setor exportador sobre a probabilidade damobilidade ocupacional ascendente entendendo-se essa mobilidade ascendente como umamelhoria de ocupaccedilatildeo ou progressatildeo de carreira do trabalhador Com isso espera-se quetrabalhadores em contato com o setor exportador adquiram uma habilidade especiacuteficadeste setor vindo portanto a influenciar na sua ocupaccedilatildeo

Em um segundo momento propotildee-se mostrar que a existecircncia do diferencial desalaacuterios entre empresas exportadoras e natildeo exportadoras brasileiras eacute uma consequecircnciada diferenccedila nos padrotildees de classificaccedilatildeo de trabalhadores contratados entre essas firmasEntende-se como padrotildees de classificaccedilatildeo a qualidade do matching (combinaccedilatildeo) entretrabalhadores e firmas

Este uacuteltimo fundamenta-se no fato das empresas exportadoras tenderem a obtermaiores receitas repercutindo com o tempo na remuneraccedilatildeo do trabalhador Consequente-mente as firmas passam a exigir trabalhadores mais qualificados o que reflete sobre aforma como o matching ocorre Portanto espera-se que as firmas exportadoras selecionemtrabalhadores semelhantes e dos tipos mais altos mais qualificados e mais habilidosos doque as empresas natildeo exportadoras e como consequecircncia disso os salaacuterios entre firmasexportadoras e natildeo-exportadoras poderatildeo ser diferenciados

Os dois proacuteximos capiacutetulos detalham com mais clareza as duas proposta dos ensaiosacima destacados bem como a teoria especiacutefica de cada uma a metodologia e os resultadosque procuraram atender aos objetivos propostos respectivamente

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3 Efeito do Comeacutercio Internacional sobre aMobilidade Ocupacional

31 IntroduccedilatildeoA exposiccedilatildeo de um paiacutes ao comeacutercio internacional propicia diversas mudanccedilas sobre

a sua dinacircmica econocircmica e social No acircmbito das empresas Melitz (2003) Meinen (2013)e Sampson (2016) argumentam que essa exposiccedilatildeo leva a diferenccedilas de produtividade entrefirmas na mesma induacutestria

A liberalizaccedilatildeo comercial permite aumentos da pressatildeo competitiva entre firmaso que as forccedilam a se ajustarem e tornarem-se mais eficientes levando-as a uma maiordisponibilidade de novos insumos incorporados de tecnologias podendo traduzir-se emefeitos positivos de produtividade

No Brasil a pesquisa de Sousa e Filho (2013) mostram evidecircncias de que as empresasexportadoras satildeo em meacutedia mais produtivas quando comparadas agraves natildeo exportadorasSegundo os autores as firmas exportadoras tecircm de arcar com os custos irrecuperaacuteveis deentrada no mercado internacional e para isso necessitam ser mais eficientes Aleacutem dissoenxerga-se a ideia de exportaccedilatildeo como um processo de aprendizado que permite agraves firmasexportadoras realizar inovaccedilotildees e acumular expertise o que consequentemente aumentaas suas produtividades

Melitz (2003) e Baumgarten (2010) coloca que o ajuste do mercado de trabalho eacuteuma das mais relevantes consequecircncias para uma economia exposta ao comeacutercio internacio-nal pois este funciona como um catalisador para as realocaccedilotildees de recursos entre as firmasdentro de uma induacutestria Dentre essas realocaccedilotildees estaacute o movimento da matildeo-de-obra queassim como os demais recursos e fatores de produccedilatildeo envolvem custos de transiccedilatildeo decurto prazo

Baumgarten (2010) e Menezes-Filho e Muendler (2011) colocam tambeacutem que asocupaccedilotildees dentro das firmas sofrem choques de produtividade com o comeacutercio internacionalassim como o conjunto de qualificaccedilatildeo dos trabalhadores que formam o seu capital humano

Sendo assim os novos padrotildees de produccedilatildeo apoacutes o contato com o comeacutercio inter-nacional podem induzir a uma mudanccedila na composiccedilatildeo ocupacional do emprego novasocupaccedilotildees surgem e as velhas desaparecem Posto isto questiona-se quais os efeitos que ocontato da firma e consequentemente de seus trabalhadores com o comeacutercio internacionaltrazem para o seu niacutevel ocupacional

Objetiva-se portanto identificar os determinantes da mobilidade ocupacional de

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forma ascendente dos trabalhadores brasileiros e destacar qual o efeito do setor exportadorsobre essa mobilidade A ideia eacute averiguar se o setor exportador contribui para a ldquomelhoriardquodo niacutevel ocupacional Para tanto considerou-se as condiccedilotildees dos trabalhadores iniciantesno mercado de trabalho formal em 2003 sobre a condiccedilatildeo dos mesmos em 2013

Como estrateacutegia empiacuterica utilizou-se o Logit e posteriormente com o objetivode minimizar o vieacutes de seleccedilatildeo amostral aplicou-se o meacutetodo de Escores de PropensatildeoPonderados definido como uma junccedilatildeo do meacutetodo de Escores de Propensatildeo balanceadoscom meacutetodo da Entropia

Eacute importante definir mobilidade ocupacional ascendente como a mobilidade de umniacutevel de ocupaccedilatildeo inferior para um niacutevel superior utilizando a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Dentro da literatura de ocupaccedilotildees Kambourov e Manovskii (2005) apontam quea formaccedilatildeo do capital humano dos trabalhadores eacute devido em grande parte da absorccedilatildeodas habilidades especiacuteficas da proacutepria ocupaccedilatildeo Aleacutem disso Chen Fougegravere e Lin (2008)expotildee que essas habilidades servem como uma medida conceitual do custo de mobilidadeocupacional

Somando esta ideia com o fato das ocupaccedilotildees absorverem os choques de produtivi-dade provenientes da exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional acrescenta-se mais um objetivoo de investigar se um ambiente exposto a este setor propicia uma reduccedilatildeo desses custosvindo assim a facilitar a mobilidade ascendente Isto porque acredita-se que este ambientecontribui para a formaccedilatildeo de capital humano especiacutefico do trabalhador diferenciando-odos demais e tornando-o mais atrativo para o mercado de trabalho

Aleacutem disso tentou-se investigar o quanto o setor exportador afeta a profundidadeda mobilidade ocupacional Entende-se como profundidade a distacircncia entre a ocupaccedilatildeofinal e inicial pois eacute possiacutevel que um trabalhador em 10 anos tenha se movido em 1 niacutevelhieraacuterquico 2 ou 3 de ocupaccedilatildeo

Deve-se destacar que literatura nacional relacionada ao tema ainda eacute limitadadevido principalmente a escassez de informaccedilotildees sobre o histoacuterico do indiviacuteduo ao longode sua vida de como se deu o seu movimento entre empregos salaacuterio educaccedilatildeo ou delocalizaccedilatildeo

A primeira literatura nacional a ser citada eacute a pesquisa de Pastore (1979) cujoobjetivo foi analisar entre as deacutecadas de 1970 e 1990 as mudanccedilas na mobilidade social ena estrutura ocupacional brasileira levando em consideraccedilatildeo as caracteriacutesticas de renda eeducaccedilatildeo Utilizando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) verificouque a estrutura ocupacional brasileira passou por uma reordenaccedilatildeo muito raacutepida e intensivarefletindo sobre a mobilidade social apesar do paiacutes apresentar ainda uma estrutura socialdesigual

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Inclui-se a literatura brasileira de mobilidade ocupacional as pesquisas de Carvalhoe Neri (2000) Oliveira e Machado (2000) Picchetti e Orellano (2001) Costa (2009) eMonsueto Bichara e Cunha (2014) que ateacute o momento expotildee os principais fatores quepodem contribuir para uma ascensatildeo ocupacional dos trabalhadores fazendo uso dabase de dados da Pesquisa Mensal de Emprego-PME ou da PNAD que natildeo permitem oacompanhamento do mesmo indiviacuteduo em um longo periacuteodo de tempo

Ainda assim a literatura nacional indica que caracteriacutesticas dos trabalhadores comoraccedila sexo condiccedilatildeo na famiacutelia idade e escolaridade satildeo relevantes para uma mobilidadede ocupaccedilatildeo aleacutem de dar ecircnfase aos efeitos dessa mobilidade sobre o niacutevel salarial

Dessa forma esta pesquisa vem a contribuir com a literatura nacional por dois meioso primeiro por investigar os efeitos do setor exportador sobre a mobilidade ocupacionalascendente onde soacute seraacute possiacutevel devido a posse de informaccedilotildees que permitem acompanharo trabalhador no mercado de trabalho formal no periacuteodo entre 2003 e 2013

A segunda contribuiccedilatildeo estaacute no uso dessas informaccedilotildees composta por dados sobreo mercado formal brasileiro a niacutevel de viacutenculos empregatiacutecios como salaacuterios grau deinstruccedilatildeo niacutevel de ocupaccedilatildeo de acordo com a CBO 2002 dentre outras caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores

Essa base eacute de origem da Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) produzidaspelo do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) Quanto agraves informaccedilotildees sobre o comeacuterciointernacional conta-se com a base de dados sobre empresas exportadoras da Secretaacuteria DeComeacutercio Exterior (Secex)

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo aborda um Modelo Teoacuterico na seccedilatildeo seguinte enas demais seccedilotildees deste capiacutetulo estatildeo sintetizados os Padrotildees de Mobilidade Ocupacionala Base de Dados utilizada bem como a Estrateacutegia Empiacuterica adotada e seus Resultados epor fim as Consideraccedilotildees Finais

32 Modelo TeoacutericoAs mudanccedilas de emprego dependem da natureza da estrutura de oportunidade

na qual o indiviacuteduo se depara bem como das suas caracteriacutesticas e recursos individuais(ROSENFELD 1992) Sendo assim o que determinaria um trabalhador deixar seu ldquoestadordquoatual nesse caso sua ocupaccedilatildeo no emprego para uma outra ocupaccedilatildeo

Assume-se que o trabalhador trata a mobilidade ocupacional como um investimentoem capital humano Este uacuteltimo segundo Becker (1962) trata-se do desenvolvimento e dapreparaccedilatildeo do conhecimento e das competecircncias da matildeo-de-obra humana que possam avir influenciar agrave renda real futura das pessoas envolvidas nesse processo Para o autor haacutemuitas maneiras de se investir em capital humano atraveacutes da escolaridade da sauacutede e do

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treinamento on-the-job (treinamento no local de trabalho) ambos melhoram as habilidadesfiacutesicas e mentais dos envolvidos e assim aumenta as perspectivas de produtividade e derenda real futura contribuindo para o aumento da produccedilatildeo

Gibbons e Waldman (1999) tambeacutem destacam a importacircncia de se considerar aaquisiccedilatildeo de capital humano no local de trabalho como efeito sobre as carreiras profissionaisAcompanhando essa ideia Kambourov e Manovskii (2005) e Chen Fougegravere e Lin (2008)revelam que o investimento em capital humano eacute especiacutefico da ocupaccedilatildeo e que os indiviacuteduostendem a mudar de ocupaccedilatildeo para maximizar o valor de seu investimento em capitalhumano

Os investimentos satildeo sempre acompanhados por custos de oportunidade e oinvestimento em treinamento on-the-job natildeo seria diferente pois caso contraacuterio haveriauma demanda ilimitada por formaccedilatildeo no local de trabalho Esses custos satildeo caracterizadospelo tempo e esforccedilo gastos no aprendizado de novas habilidades pelo trabalhador Dessaforma considerando que a mobilidade inter-ocupacional eacute um tipo de investimento emcapital humano ela incorpora tambeacutem esses mesmos custos de oportunidade (CHENFOUGEgraveRE LIN 2008)

Dado isso a decisatildeo do trabalhador de se mover para uma ocupaccedilatildeo diferente sebasearaacute em uma anaacutelise de custo-benefiacutecio Assim a tendecircncia de mudanccedila ocorreraacute agravedepender se o ganho salarial esperado associado agrave mudanccedila exceder o custo de mobilidadeEssa abordagem foi adotada por Chen e Fougere (2011) onde em sua pesquisa procurouinvestigar os determinantes da mobilidade inter-provinciais e industriais para o Canadaacute epor Kambourov e Manovskii (2009) onde constatou para os Estados Unidos que haacute umarelaccedilatildeo entre a desigualdade salarial e a mobilidade ocupacional Posto isto os retornosliacutequidos esperados para a mobilidade (E) podem ser expressos por

119864 =int

(1199081 [119905] minus 1199080 [119905]) 119890minus119903119905119889119905minus 119862119872 (31)

onde 1199080 e 1199081 satildeo os salaacuterios da ocupaccedilatildeo inicial e da ocupaccedilatildeo final respectivamente querepresentam os benefiacutecios da mobilidade 119903 eacute a taxa de desconto 119905 o tempo e 119862119872 o custoda mobilidade

Como benefiacutecio direto que induz a mobilidade ocupacional estatildeo os salaacuterios espera-dos com a mudanccedila Como posto por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011)as progressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a grandes aumentos salariaisde forma que haacute uma correlaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

Com relaccedilatildeo aos custos de mobilidade Kambourov e Manovskii (2005) e Xiong(2015) argumentam que o capital humano eacute em grande parte especiacutefico do ponto de vistaocupacional e que uma quantidade substancial desse capital pode ser destruiacuteda ao mudarde ocupaccedilatildeo

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Chen Fougegravere e Lin (2008) considera que uma habilidade especiacutefica refere-se agraveshabilidades necessaacuterias para realizar tarefas em uma determinada ocupaccedilatildeo obtida atraveacutesde educaccedilatildeo especializada formaccedilatildeo ou experiecircncia de trabalho Quando um indiviacuteduomuda de uma ocupaccedilatildeo para outra existe uma parte intransferiacutevel dessas habilidades ouseja capital humano subutilizado ou natildeo utilizado Dessa forma os autores considerarama perda de capital humano especiacutefico da ocupaccedilatildeo como uma medida conceitual do custode mobilidade Esse aspecto tambeacutem seraacute considerado nesta atual pesquisa

Acrescenta-se ainda agraves barreiras agrave mobilidade ocupacional as fricccedilotildees de busca poremprego Estas satildeo representadas pela incerteza inicial sobre a mobilidade ocupacional dostrabalhadores Como posto por Xiong (2015) e por Miyairi (2014) as fricccedilotildees de busca satildeosignificativas e afetam consideravelmente todos os padrotildees de transiccedilatildeo dos trabalhadores

Tomando como base as colocaccedilotildees acima pergunta-se como se daria a mobilidadeocupacional ascendente se levaacutessemos em consideraccedilatildeo a presenccedila do comeacutercio internacionalnas firmas Como evidenciado na Introduccedilatildeo uma das consequecircncias mais importantesgeradas pela exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional estaacute sobre o mercado de trabalho Istoporque este sofre choques de produtividade que recaem sobre as ocupaccedilotildees e sobre aformaccedilatildeo do capital humano especiacutefico dessa ocupaccedilatildeo

Dessa forma acredita-se que os trabalhadores absorvem os efeitos da produtivi-dade decorrentes do setor exportador atraveacutes da aprendizagem e do desenvolvimento dehabilidades especiacuteficas do setor Meinen (2013) coloca que aprender atraveacutes do contatocom o setor exportador pode estar relacionado com os ganhos de economias de escalamodernizaccedilatildeo tecnoloacutegica e maior concorrecircncia geradas no mercado internacional

Dado que a presenccedila do comeacutercio internacional gera realocaccedilotildees de matildeo de obraeacute de se esperar que uma das formas disso ocorrer eacute atraveacutes da mobilidade de ocupaccedilotildeespois como salientado por Kambourov e Manovskii (2005) a mobilidade ocupacional eacute umimportante mecanismo de ajustamento atraveacutes do qual o mercado de trabalho adapta-seagraves novas potencialidades e agrave possiacutevel escassez de matildeo-obra especifica do setor exportador

Perante a isso tem-se como hipoacutetese que a mobilidade ocupacional ascendentedo trabalhador seja favorecido pelo seu contato com o setor exportador Pois acredita-seque haacute uma contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo de capital humano diferenciada a partir domomento em que o trabalhador entra em contato com o ambiente exportador vindo areduzir os possiacuteveis custos de mobilidade descritos acima e tornando a sua matildeo-de-obramais produtiva e portanto mais atrativa para o mercado de trabalho

Para tanto segue-se na proacutexima seccedilatildeo a descriccedilatildeo da base de dados que iraacute permitirtal anaacutelise bem como a exposiccedilatildeo de estatiacutesticas descritivas que venha a contribuir com ahipoacutetese acima colocada

30

33 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

331 Base de Dados

Para tratar do objetivo proposto nessa pesquisa foi utilizado uma base de dadosdo tipo empregador-empregado combinados para os anos de 2003 e 2013 Com essa basepermite-se acompanhar os trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitandoidentificar os movimentos desses trabalhadores entre as firmas Aleacutem disso utilizou-se deinformaccedilotildees que indicasse se a firma estava no setor exportador e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade 1

Para o primeiro grupo de dados conta-se com a Relaccedilatildeo Anual de InformaccedilotildeesSociais (RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem comofonte direta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei acomunicar anualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela

Na RAIS consta informaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dostrabalhadores Com relaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo deatividade e natureza juriacutedica Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobre raccedila sexograu de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual ocupaccedilatildeo que estaacute de acordocom o sistema de classificaccedilatildeo da CBO 2002

Segundo o MTE a ocupaccedilatildeo eacute a agregaccedilatildeo de empregos ou situaccedilotildees de trabalhosimilares quanto agraves atividades realizadas Sendo assim a Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002) agrega os empregos por habilidades cognitivas comunsexigidas no exerciacutecio de um campo de trabalho Aleacutem disso o MTE define o sistema declassificaccedilatildeo da CBO 2002 como um documento normalizador do reconhecimento 2 danomeaccedilatildeo e da codificaccedilatildeo dos tiacutetulos e conteuacutedos das ocupaccedilotildees do mercado de trabalhobrasileiro para fins estatiacutesticos de registros administrativos censos populacionais e outraspesquisas domiciliares Inclui coacutedigos e tiacutetulos ocupacionais e a descriccedilatildeo sumaacuteria

O niacutevel mais agregado da CBO 2002 satildeo os grandes grupos formado por dezconjuntos agregados por niacutevel de competecircncia e similaridade nas atividades executadasdescritos no quadro 1

1 Foi selecionado apenas migrantes estrangeiros com grau de instruccedilatildeo Niacutevel Superior Mestrado e Doutoradopara cada Unidade Federativa

2 Reconhecimento para fins classificatoacuterios sem funccedilatildeo de regulamentaccedilatildeo profissional

31

Quadro 1 Grande Grupo CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo

0 Membros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares

1 Membros Superiores do Poder Puacuteblico Dirigentes de Organizaccedilotildees de InteressePuacuteblico e de Empresas Gerentes

2 Profissionais das Ciecircncias e das Artes

3 Teacutecnicos de Niacutevel Meacutedio

4 Trabalhadores de Serviccedilos Administrativos

5 Trabalhadores dos Serviccedilos Vendedores do Comeacutercio em Lojas e Mercados

6 Trabalhadores Agropecuaacuterios Florestais e da Pesca

7 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

8 Trabalhadores da Produccedilatildeo de Bens e Serviccedilos Industriais

9 Trabalhadores em Serviccedilos de Reparaccedilatildeo e Manutenccedilatildeo

Fonte Elaborado pelos Autores a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

A CBO 2002 toma como base (com algumas adaptaccedilotildees) a metodologia da clas-sificaccedilatildeo e agregaccedilatildeo internacional de informaccedilotildees ocupacionais de 1988 a InternationalStandard Classification of Occupations (ISCO 88) que utiliza a escolaridade como criteacuteriopara determinar o niacutevel de competecircncia No entanto para adequar agrave realidade brasileiraleva-se em maior consideraccedilatildeo a complexidade das atividades exercidas do que somente oniacutevel de escolaridade Assim haacute uma leve divergecircncia quando comparamos CBO 2002 aoISCO 88 como pode ser observado no Quadro 2

32

Quadro 2 Classificaccedilatildeo de Ocupaccedilotildees segundo o niacutevel de competecircncia ISCO 88

Coacutedigo GradesGrupos (GG)

CBO 2002

Niacutevel de Competecircnciasegundo ISCO 88

StatusOcupacional

GG 0

exclusivo da Forccedilas Armadas Policiaise Bombeiros Militares o niacutevel de competecircnciatambeacutem natildeo eacute definido devido agraveheterogeneidade das situaccedilotildees de emprego

Excluiacutedoda Amostra

GG 9 niacutevel de competecircncia 1 (natildeo qualificados) 1

GG 4 a 8 niacutevel de competecircncia 2 1

GG 3 niacutevel de competecircncia 3 2

GG 2 niacutevel de competecircncia 4 3

GG 1

sem especificaccedilatildeo de competecircncia pelofato de os dirigentes terem escolaridadediversa e portanto niacuteveis de competecircnciaheterogecircneos

4

Fonte Elaborado pelos Autores a partir das Informaccedilotildees constadas no Portal doMinisteacuterio do Trabalho e Emprego

Com isso optou-se nesta pesquisa utilizar uma classificaccedilatildeo descrita na colunaldquoStatus Ocupacionalrdquo construiacuteda a partir da aproximaccedilatildeo do niacutevel de competecircncia utilizadopelo ISCO 88 com a CBO 2002 levando-se em consideraccedilatildeo a escolaridade Dessa formaos niacuteveis de 4 a 9 da classificaccedilatildeo dos Grandes Grupos (GG) da CBO 2002 teratildeo o StatusOcupacional de niacutevel 1 os GG de niacutevel 3 e 2 teratildeo o Status Ocupacional de niacutevel 2 e 3respectivamente e por uacuteltimo o niacutevel 4 do Status Ocupacional refere-se ao GG de niacutevel 1da CBO 2002 que apesar desse niacutevel apresentar uma diversidade em termos de niacuteveis deescolaridade compotildee o niacuteveis hieraacuterquicos mais altos dentro de uma empresa como porexemplo os Diretores Executivos

A partir da construccedilatildeo da variaacutevel de Status Ocupacional constroacutei-se a variaacuteveldependente a ser investigada a Mobilidade Ascendente de Ocupaccedilatildeo onde eacute definida comoum movimento de um niacutevel hieraacuterquico mais baixo para um mais elevado entre o ano de2003 e 2013

Aleacutem das informaccedilotildees sobre o trabalhador e a firma foi necessaacuterio obter informaccedilotildeessobre o setor exportador Estas informaccedilotildees foram provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) para o periacuteodo de 2003 e 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteriaque indica o status de exportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadorade qualquer produto para qualquer destino

Acredita-se ainda que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia com a matildeo-

33

de-obra estrangeira o que pode ser considerada como uma fricccedilatildeo do mercado de trabalhopor dificultar a ocorrecircncia do matching entre trabalhador e empresa

Isto ocorre pois a empresa exportadora com o intuito de manter seu niacutevel de compe-titividade internacional procura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadoresaltamente escolarizados e qualificados mas tambeacutem eacute possiacutevel que essas empresas busquemesses trabalhadores no mercado internacional e este por sua vez venha a estabelecerresidecircncia no Brasil jaacute com emprego garantido por ter sido requisitado pela empresaexportadora sem precisar gastar tempo e recursos na busca por emprego

Sendo assim com o objetivo de captar o efeito da concorrecircncia com a matildeo-de-obrainternacional foi utilizado como proxy o nuacutemero em percentual de migrantes estrangeirosno Brasil com alta escolaridade Superior e Poacutes-Graduaccedilatildeo Esta informaccedilatildeo foi extraiacutedado Censo de 2000 para todas as Unidades Federativas do Paiacutes

Os dados da RAIS natildeo abrangem o serviccedilo domeacutestico e os trabalhadores autocircnomosA base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 581473 observaccedilotildees onde eacute compostaapenas por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileiro tanto para o anode 2003 quanto de 2013 Foi considerado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em2003 e que haviam sido admitidos como primeiro emprego nesse mesmo ano

Foi considerado apenas trabalhadores com 40 ou mais horas de trabalho contratuaispor semana e os salaacuterios deflacionados pelo INPC com 2003 como base Aleacutem dissofoi excluiacutedo da base inicial os trabalhadores estrangeiros e os membros da CBO 2002classificados como Grandes Grupos de niacutevel 0 e alguns de niacutevel 1 como por exemplo osmembros das Forccedilas Armadas Policiais e Bombeiros Militares e membros superiores doPoder Puacuteblico e Dirigentes de Organizaccedilotildees de Interesse Puacuteblico

332 Padrotildees de Mobilidade Ocupacional

A Tabela 1 traz as participaccedilotildees em termos de Status Ocupacional (classificadosde acordo com a CBO 2002 descrito no quadro 2) escolaridade e situaccedilatildeo da firma tantopara o setor exportador quanto tanto para o natildeo exportador para os anos de 2003 e 2013

Ao observar os valores percentuais para o total da amostra (uacuteltima coluna) verifica-se que tanto em 2003 quanto em 2013 a maior parte dos trabalhadores estavam no StatusOcupacional de niacutevel 1 no entanto houve uma queda entre os anos na participaccedilatildeo desseniacutevel e aumento na participaccedilatildeo dos demais niacuteveis indicando que houve uma transiccedilatildeohieraacuterquica entre os Status de Ocupaccedilatildeo

34

Tabela 2 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

StatusOcupacional (2003)

1 413630 851 81915 857 495545 8522 35414 73 11159 117 46573 803 25699 53 2485 26 28184 484 11171 23 0 00 11171 19

StatusOcupacional (2013)

1 443877 913 0 00 443877 7632 20710 43 41308 432 62018 1073 18738 39 31951 334 50689 874 2589 05 22300 233 24889 43

Escolaridadeem 2003

Analf 7120 15 162 02 7282 12Fund I 75115 155 3649 38 78764 136Fund II 156459 322 15136 158 171595 295Meacutedio 214074 441 58850 616 272924 469Sup 33146 68 17762 186 50908 88

Escolaridadeem 2013

Analf 1242 03 1 00 1243 02Fund I 20138 41 316 03 20454 35Fund II 83085 171 2844 30 85929 148Meacutedio 305590 629 40912 428 346502 596Sup 75859 156 51486 539 127345 219

Exportadorem 2003

Natildeo 423635 872 83658 875 507293 872Sim 62279 128 11901 124 74180 128

Exportadorem 2013

Natildeo 419251 863 79640 833 498891 858Sim 66663 137 15919 167 82582 142

Total 485914 8357 95559 1643 581473

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Dentro dos grupos que obtiveram mobilidade ocupacional ascendente em 2003857 estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 117 no niacutevel 2 Jaacute em 2013 432 semoveram para o niacutevel 2 e 334 para o niacutevel 3 e 233 para o niacutevel 4

Para o grupo que natildeo houve mobilidade ocupacional ascendente formado pelostrabalhadores que permaneceram na sua ocupaccedilatildeo inicial e por aqueles que se moveramde forma decrescente na hierarquia dos niacuteveis de Status Ocupacional observa-se que em2003 851 dos trabalhadores estavam no niacutevel 1 do Status Ocupacional e 73 no niacutevel 2Verifica-se ainda que no ano de 2013 houve um aumento do niacutevel 1 e uma queda para osdemais niacuteveis indicando que houve uma mobilidade decrescente entre o periacuteodo de anaacutelise

Com relaccedilatildeo a escolaridade ainda na Tabela 1 observa-se que houve uma queda

35

na participaccedilatildeo nos menores niacuteveis de escolaridade e um aumento no niacutevel meacutedio esuperior em 2013 Esse comportamento eacute observado tanto para o grupo dos que moveramascendentemente entra as ocupaccedilotildees quanto para os que natildeo se moveram por exemplo parao primeiro em 2003 186 estavam no niacutevel superior aumentando para 539 em 2013 epara o segundo grupo 68 estavam no niacutevel superior em 2003 e passou para 156 em 2013No entanto o segundo grupo conta com uma menor participaccedilatildeo de trabalhadores comniacutevel superior e uma maior participaccedilatildeo de trabalhadores com niacutevel meacutedio e FundamentalII no ano de 2013 em comparaccedilatildeo com os que cresceram profissionalmente

Considerando o setor exportador nota-se que houve um aumento no nuacutemero detrabalhadores que possuem viacutenculo com firmas exportadoras no periacuteodo analisado Aleacutemdisso a participaccedilatildeo em 2013 dos que cresceram profissionalmente de 167 eacute maior nosetor exportador em comparaccedilatildeo aos que natildeo cresceram profissionalmente 137

Jaacute a tabela 2 traz informaccedilotildees sobre algumas caracteriacutesticas dos indiviacuteduos comosexo cor e distribuiccedilatildeo geograacutefica entre as regiotildees e informaccedilotildees sobre a firma no qualesses indiviacuteduos possuem viacutenculo

Da amostra total 621 satildeo homens e o grupo que moveu ascendentementeentre as ocupaccedilotildees haacute uma maior participaccedilatildeo de mulheres em comparaccedilatildeo ao grupo quepermaneceram em suas ocupaccedilotildees ou que decresceram na hierarquia do Status OcupacionalCom relaccedilatildeo a cor 58 do total da amostra eacute formada por brancos e dos que moveramascendentemente contam com um maior nuacutemero de brancos do que os que natildeo cresceram

Em termos de localizaccedilatildeo geograacutefica Sudeste e Nordeste contam com os maiorespercentuais de trabalhadores Aleacutem disso mais da metade dos que se moveram ascenden-temente entre as ocupaccedilotildees 517 estatildeo localizados no Sudeste O mesmo se observa parao grupo dos que natildeo se moveram mas em um percentual menor 455

Com relaccedilatildeo a Classificaccedilatildeo Nacional de Atividades Econocircmicas (CNAE) a grandemaioria dos trabalhadores se concentram nas atividades de Serviccedilo 411 Comeacutercio 28e Induacutestria 212 Do grupo dos que se moveram ascendentemente grande parte estatildeoconcentrados tambeacutem no setor de Serviccedilos e Comeacutercio assim como para o grupo dos quenatildeo se moveram poreacutem em uma concentraccedilatildeo menor

Grande parte dos trabalhadores estatildeo em empresas privadas e de porte Micro ouPequena Empresa (MPE) Isso eacute observado tambeacutem para o grupo dos que natildeo se moveramascendentemente e dos que se moveram contando este uacuteltimo com uma maior participaccedilatildeode MPErsquos

36

Tabela 3 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis

Sem MobilidadeOcupacionalAscendente

Com MobilidadeOcupacionalAscendente

Total

N N N

Sexo Masc 311156 640 50188 525 361344 621Fem 174758 360 45371 475 220129 379

Cor Natildeo Branco 209939 432 34269 359 244208 420Branco 275975 568 61290 641 337265 580

Regiotildees NO 37203 77 7602 80 44805 77NE 105221 216 17002 178 122223 210CO 43248 89 6958 73 50206 86SE 220960 455 49423 517 270383 465SU 79282 163 14574 152 93856 161

CNAE Agrop e Pesca 29956 62 1630 17 31586 54Induacutestria 105958 218 17432 182 123390 212Const Civil 20239 42 2257 24 22496 39Comeacutercio 134709 277 30156 316 164865 284Serviccedilos 195052 401 44084 461 239136 411

Empresa Privada 419317 863 81956 858 501273 862Puacuteblica 66597 137 13603 142 80200 138

Micro e PequenaEmpresa

Natildeo 199734 411 37850 396 237584 409Sim 286180 589 57709 604 343889 591

MobilidadeInterfirma 380269 783 81258 850 461527 794Intrafirma 105645 217 14301 150 119946 206

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Do total da amostra grande parte dos trabalhadores que realizaram algumamobilidade seja ascendente ou descente foi realizada entre firmas diferentes (Interfimas)794 Do grupo que se moveu de forma ascendente entre as ocupaccedilotildees 85 ocorreu entrefirmas diferentes Esse percentual foi menor de 783 para o grupo que se moveram deforma descendente

Na tabela 3 encontra-se estatiacutesticas para as variaacuteveis contiacutenuas como salaacuterio realidade e percentual de migrantes por unidade federativa Em geral observa-se em todasas estatiacutesticas um crescimento do salaacuterio entre os anos de 2003 e 2013 Comparando osgrupos dos que realizaram mobilidade ocupacional ascendente com os que natildeo realizaramnota-se que a meacutedia do salaacuterio real aumentou entre os dois anos para os dois grupos noentanto para o primeiro grupo esse aumento foi muito maior passando de R$ 251 para R$832 cerca de 231 de aumento na meacutedia do salaacuterio enquanto que o segundo aumentou

37

cerca de 123

Tabela 4 ndash Padrotildees da Mobilidade Ocupacional no Brasil (Continuaccedilatildeo)

Variaacuteveis MobOcup Asc Min Max Mediana Meacutedia Desv

PadratildeoPctl(25)

Pctl(75)

Salaacuterioem R$

2003

Natildeo 28 13589 155 215 266 121 210

Sim 32 10384 172 251 295 129 244

Total 28 13589 157 221 271 122 215

2013

Natildeo 52 23102 321 479 581 237 486

Sim 52 21150 552 832 906 334 948

Total 52 23102 342 537 659 245 549

Idade

2003

Natildeo 180 650 230 257 78 200 290

Sim 180 650 210 234 62 190 250

Total 180 650 230 253 76 200 280

2013

Natildeo 280 750 330 357 78 300 390

Sim 280 750 310 334 62 290 350

Total 280 750 330 353 76 300 380

Migrantes() 2000

Natildeo 00024 01201 00329 00467 00355 00143 00949

Sim 00024 01201 00444 00513 00364 00144 00949

Total 00024 01201 00329 00475 00357 00143 00949Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Com relaccedilatildeo a idade verifica-se que a meacutedia de toda a amostra estaacute em torno de 25anos no periacuteodo inicial Aleacutem disso a meacutedia de idade dos que se moveram ascendentementeestaacute em torno de 23 anos indicando que a mobilidade ocorre principalmente entre os maisjovens

A uacuteltima variaacutevel a ser analisada eacute o percentual de Migrantes por unidade federativautilizada como proxy para a concorrecircncia da matildeo-de-obra brasileira com a estrangeiraEm geral observa-se que esse percentual eacute muito pequeno jaacute que extraiu-se apenas osestrangeiros mais escolarizados Esse percentual eacute relativamente maior para o grupo dosque se moveram ascendentemente em relaccedilatildeo aos que natildeo se moveram

As tabelas 4 e 5 reporta as origens e os destinos dos Status de Ocupaccedilatildeo ea probabilidade de transiccedilatildeo para o ano de 2013 tanto para as firmas de origem natildeoexportadoras quanto para as de origem exportadoras em 2003 Pode-se observar que osmovimentos ocupacionais satildeo distribuiacutedos de forma desigual

38

Tabela 5 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem natildeo Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 083 008 005 004

Status deOcupaccedilatildeo 2 040 036 019 005

Status deOcupaccedilatildeo 3 019 010 063 007

Status deOcupaccedilatildeo 4 059 009 010 023

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Analisado o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmasnatildeo exportadoras tabela 4 nota-se que haacute uma alta probabilidade de permanecircncia noprimeiro niacutevel de ocupaccedilatildeo desses trabalhadores 83 e de 63 no niacutevel 3 E uma baixaprobabilidade de permanecircncia no niacutevel mais alto 23

Tabela 6 ndash Matriz de Probabilidade de Transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo entre 2003e 2013 para Trabalhadores de Firmas de Origem Exportadoras

Ocupaccedilatildeo deOrigemDestino

Status deOcupaccedilatildeo 1

Status deOcupaccedilatildeo 2

Status deOcupaccedilatildeo 3

Status deOcupaccedilatildeo 4

Status deOcupaccedilatildeo 1 085 009 003 002

Status deOcupaccedilatildeo 2 037 037 016 010

Status deOcupaccedilatildeo 3 013 008 055 024

Status deOcupaccedilatildeo 4 050 009 011 030

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

Para o grupo dos trabalhadores que em 2003 estavam vinculados agraves firmas ex-portadoras tabela 5 verifica-se tambeacutem o mesmo comportamento do grupo analisadoanteriormente No entanto para os trabalhadores que estatildeo vinculados agraves firmas expor-tadora a permanecircncia no segundo niacutevel (trabalhadores de niacutevel teacutecnico) e o uacuteltimo niacutevelocupacional eacute maior do que para aqueles que natildeo estatildeo vinculados a esse tipo de empresa

Nota-se ainda que para o grupo das firmas exportadoras os trabalhadores temuma maior probabilidade de movimento de um niacutevel de ocupaccedilatildeo de origem menor paraum niacutevel de destino maior Registra-se tambeacutem uma menor probabilidade de ir para umaocupaccedilatildeo de niacutevel menor do que o de origem

39

Sugere-se portanto que haacute uma maior possibilidade de mobilidade ascendente entreas ocupaccedilotildees dentro das firmas exportadoras em comparaccedilatildeo com as natildeo exportadorasDessa forma perante a esse resultado inicial espera-se que aleacutem das caracteriacutesticasindividuais dos trabalhadores e de questotildees salariais a mobilidade ocupacional ascendenteseja favorecida tambeacutem pelo contato e aprendizagem dos trabalhadores com o setorexportador Para verificar empiricamente este fato faz-se uso da metodologia exposta naproacutexima seccedilatildeo e nas seguintes os principais resultados

34 Estrateacutegia EmpiacutericaO trabalhador ao enfrentar uma escolha ocupacional iraacute considerar os proacutes e

os contras de cada opccedilatildeo de ocupaccedilatildeo e assim tomaraacute a decisatildeo que maximizaraacute seusinteresses pessoais Dado isso os meacutetodos economeacutetricos que representam esse cenaacuterio satildeoos meacutetodos de escolha discreta sendo o Logit o meacutetodo escolhido na presente pesquisaestimado com erros padrotildees agrupados ao niacutevel de empresa

Como abordado no modelo teoacuterico na seccedilatildeo 2 entre os proacutes e os contras analisadospelos indiviacuteduos estatildeo os ganhos salariais a perda de habilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeoinicial e o fato do trabalhador estaacute em uma empresa exportadora ou natildeo Eacute possiacutevel aindaque a mobilidade entre ocupaccedilotildees seja tambeacutem influenciada por caracteriacutesticas pessoaisda firma e da regiatildeo onde vive Logo o modelo pode ser expresso por

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(32)

onde

∙ 120572 120573 120579 120575 120574 120583119895 120590 120588119895 satildeo os paracircmetros a serem estimados e 119895 = 2 3 4 satildeo os niacuteveisde Status de Ocupaccedilatildeo

∙ 120585119894 termo de erro aleatoacuterio

∙ 119872119894 denota a variaacutevel dependente que assume o valor de 1 se houve mobilidade deocupaccedilatildeo ascendente entre o ano de 2003 e 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119875119894 satildeo as caracteriacutesticas pessoais do trabalhador tais como cor (1 para branco e 0natildeo branco) sexo (1 para masculino e 0 feminino) idade e idade ao quadrado Aleacutemdisso incluiu-se 4 dummies uma para cada niacutevel de escolaridade do trabalhadorcomo por exemplo Ensino Fundamental I Ensino Fundamental II Ensino Meacutedio eEnsino Superior onde a base de comparaccedilatildeo eacute se o trabalhador eacute analfabeto

40

∙ 119862119865119894 satildeo as carateriacutesticas da firma onde o trabalhador possui viacutenculo como a clas-sificaccedilatildeo de atividade dada pela CNAE 20 (satildeo 4 dummies uma para cada tipode atividade Induacutestria Construccedilatildeo Civil Comeacutercio e Serviccedilos onde a base decomparaccedilatildeo eacute Agropecuaacuteria e Pesca) Aleacutem disso utilizou-se mais duas dummies aprimeira possui o valor 1 se a empresa eacute micro ou pequena e 0 caso contraacuterio e asegunda possui valor 1 se a empresa eacute privada e 0 caso contraacuterio

∙ 119862119877119894 satildeo as caracteriacutesticas da regiatildeo onde o indiviacuteduo vive como a unidade federativa(satildeo 26 dummies uma para cada Unidade Federativa com exceccedilatildeo do estado deRoraima que foi utilizado como base de comparaccedilatildeo) e o percentual de migrantesestrangeiros com alta escolaridade por unidade federativa

∙ ΔW119894 representa o diferencial de salaacuterio esperado Foi calculado pela diferenccedila entreo salaacuterio estimado da ocupaccedilatildeo final com relaccedilatildeo a inicial A estimaccedilatildeo foi feitapelo meacutetodo de regressotildees quantiacutelicas devido a presenccedila de grande variabilidade nossalaacuterios O quantil estimado utilizado corresponde ao quantil observado de salaacuterioem 2013 Considerou-se como variaacutevel dependente o salaacuterio em 2013 como funccedilatildeodas variaacuteveis de caracteriacutesticas pessoais da empresa da ocupaccedilatildeo e salaacuterio em 2003como um componente autoregressivo

∙ 119862119861119874119894119895 indica o Status de Ocupaccedilatildeo antes de ocorrer a mobilidade satildeo 3 dummiesuma para cada categoria CBO2 CBO3 CBO4 e como base de comparaccedilatildeo a CBO1

∙ 119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador possui viacutenculo em uma firma exportadora noano de 2003 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901119894119862119861119874119894119895 eacute a interaccedilatildeo do status de ocupaccedilatildeo e o setor de exportaccedilatildeo antes

de ocorrer a mobilidade ocupacional satildeo trecircs dummies onde o valor 1 indica se otrabalhador estaacute em uma firma exportadora e na ocupaccedilatildeo j

Destaca-se ainda que as variaacuteveis utilizadas representam as condiccedilotildees iniciais dotrabalhador a ideia eacute captar quais os fatores no primeiro ano de anaacutelise 2003 que influen-ciaram a mobilidade ocupacional ascendente saindo de uma ocupaccedilatildeo hierarquicamentemenor para uma de maior niacutevel

Para construir esse modelo de escolha entre as ocupaccedilotildees foi necessaacuterio primeira-mente estimar o salaacuterio esperado para o uacuteltimo periacuteodo 2013 com base nas caracteriacutesticase salaacuterios no periacuteodo inicial Realizou-se essa estimaccedilatildeo para dois grupo de trabalhadoresos que se moveram ascendentemente entre as ocupaccedilotildees e os que natildeo se moveram Por fimcalculou-se a diferenccedila entre o salaacuterio estimado para 2013 e o salaacuterio de 2003 colocando-acomo variaacutevel explicativa representada por ΔW119894 na equaccedilatildeo(32)

A variaacutevel chave dessa atual pesquisa eacute se o trabalhador estaacute em uma firmapertencente ou natildeo ao setor exportador no ano de 2003 Com a mudanccedila de ocupaccedilatildeo

41

eacute possiacutevel que o trabalhador se direcione em 2013 tanto para uma firma exportadoracomo para uma natildeo exportadora Dessa forma decidiu-se testar se haacute diferenccedilas sobre aprobabilidade de mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees caso o trabalhador se direcionassepara setor exportador em relaccedilatildeo ao natildeo exportador isto dado que a origem destetrabalhador eacute o setor exportador Dessa forma o modelo da equaccedilatildeo (32) se transformaem

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_Exp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_Exp119894CBO119894119895 + 120585119894(33)

M119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 + 120590Exp_NtildeExp119894+

+4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 +4sum119895=2

120588119895Exp_NtildeExp119894CBO119894119895 + 120585119894

(34)

A diferenccedila entre a equaccedilatildeo (32) e as equaccedilotildees (34) e (33) eacute apenas a trocada variaacutevel de exportaccedilatildeo A variaacutevel de exportaccedilatildeo na equaccedilatildeo (32) eacute Exp119894 para aequaccedilatildeo (33) a variaacutevel eacute Exp_Exp119894 e na equaccedilatildeo (34) a variaacutevel eacute Exp_NtildeExp119894 incluindosuas respectivas interaccedilotildees com a variaacutevel de Status de Ocupaccedilatildeo as demais variaacuteveispermanecem as mesmas nas duas uacuteltimas equaccedilotildees As novas variaacuteveis satildeo definidas como

∙ 119864119909119901_119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firma exporta-dora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e 0 caso contraacuterio

∙ 119864119909119901_Ntilde119864119909119901119894 o valor 1 indica se o trabalhador 119894 possui viacutenculo em uma firmaexportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de 2013 e 0 caso contraacuterio

a) Profundidade da Mobilidade

O intervalo de tempo considerado eacute de 10 anos Nesse periacuteodo diversos aconte-cimentos podem ter influenciado a decisatildeo do trabalhador ainda mais considerando ocrescimento econocircmico as poliacuteticas sociais e educacionais ocorridas principalmente apoacuteso Plano Real

Todos esses aspectos podem contribuir para uma mobilidade ocupacional de formamais intensiva por exemplo eacute possiacutevel que um trabalhador saia de um status ocupacionalde niacutevel 1 e no periacuteodo final estar ocupando o de niacutevel 4 ou seja a distacircncia entre osniacuteveis eacute de trecircs representando a profundidade maacutexima da mobilidade

Dessa forma eacute possiacutevel que as covariadas consideradas incluindo a de exportaccedilatildeoafetem de forma diferenciada aqueles trabalhadores que subiram 1 niacutevel ou 2 ou 3 entreo periacuteodo considerado Por exemplo 55 dos trabalhadores que se moveram de forma

42

ascendente entre as ocupaccedilotildees subiram apenas 1 niacutevel jaacute 27 subiram 2 e os outros 18subiram 3 niacuteveis de categoria ocupacional

Trata-se esta questatildeo como um aspecto de profundidade da mobilidade ocupacionalAssim procurou-se verificar qual o efeito do setor exportador sobre esta profundidade Paratanto estimou-se a equaccedilatildeo (32) com um Logit Ordenado com erros padrotildees agrupadosao niacutevel de empresa considerando trecircs categorias

∙ Categoria 1 aqueles trabalhadores que subiram apenas um niacutevel de status ocupacio-nal

∙ Categoria 2 aqueles trabalhadores que subiram 2 niacuteveis de status ocupacional

∙ Categoria 3 aqueles trabalhadores que subiram 4 niacuteveis de status ocupacional

Deve-se considerar ainda que nesse mesmo intervalo de tempo seja provaacutevel que amobilidade de ocupaccedilatildeo ocorra acompanhada por uma mudanccedila de firma Dessa formacaso a mobilidade de ocupaccedilotildees ocorra na mesma firma seraacute denominado de mobilidadeintrafirma e se for em firmas diferentes de interfirmas Para captar uma possiacutevel dife-renccedila desse efeito optou-se por estimar todos os modelos propostos para os dois gruposseparadamente

b) Possiacutevel Presenccedila de Endogeneidade

Segundo Girma Greenaway e Kneller (2004) Schank Schnabel e Wagner (2008)Bernard et al (2003) Helpman Itskhoki e Redding (2010) mudanccedilas na poliacutetica comercialque levam ao surgimento de empresas exportadoras induzem a mudanccedilas na composiccedilatildeo daforccedila de trabalho dessas empresas que satildeo diferentes das natildeo exportadoras principalmenteem termos de produtividade tamanho composiccedilatildeo do emprego e salaacuterios Melitz (2003)tambeacutem coloca a exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacional levam a novas alocaccedilotildees de recursose matildeo-de-obra para empresas mais produtivas

Aleacutem disso esses autores apontam que se o processo de alocaccedilatildeo de matildeo-de-obraestaacute sujeito a fricccedilotildees de busca e correspondecircncia de emprego (search and matching) asempresas exportadoras podem examinar os trabalhadores de forma mais intensiva empregartrabalhadores com maior capacidade e pagar salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agraves empresasnatildeo exportadoras Frente a isso eacute impossiacutevel supor que a atribuiccedilatildeo dos trabalhadores aqualquer empresa ou seja a ocorrecircncia do matching trabalhador-empresa seja aleatoacuteriaSendo assim segue-se que os trabalhadores empregados em empresas exportadoras estatildeode forma natildeo aleatoacuteria

A atribuiccedilatildeo endoacutegena de trabalhadores agraves empresas exportadoras surgem devido aefeitos de produtividade natildeo-observados Este efeito gera uma melhora da composiccedilatildeo da

43

forccedila de trabalho nas empresas exportadoras em relaccedilatildeo agraves empresas nacionais em termosde capacidade inata ou especifica do trabalhador (HELPMAN ITSKHOKI REDDING2010)

Ignorando a existecircncia da natildeo aleatoriedade do matching de trabalhadores emempresas exportadoras leva-se a um vieacutes nas estimativas do efeito do setor exportadorsobre a mobilidade ascendente de ocupaccedilatildeo A natildeo aleatoriedade implica em uma correlaccedilatildeoentre o termo de erro 120585119894 que assume as caracteriacutesticas natildeo observaacuteveis associadas aostrabalhadores e as caracteriacutesticas das empresas descritas na equaccedilatildeo (32)

Tendo posto essa questatildeo procurou-se minimizar o vieacutes causado aplicando o meacutetodode Escores de Propensatildeo (Propensity Score) de Rosenbaum e Rubin (1983) sobre umaamostra balanceada pelo meacutetodo da entropia Esta aplicaccedilatildeo conjunta eacute denominada deEscores de Propensatildeo Reponderados como posto por Watson e Elliot (2016) Segundoesses uacuteltimos autores o objetivo eacute minimizar o vieacutes causado por amostra natildeo aleatoacuteriacujo principal problema eacute a exclusatildeo de observaccedilotildees importantes dessa amostra que defato represente a populaccedilatildeo

Segundo Hainmueller e Xu (2013) e Watson e Elliot (2016) o balanceamento porentropia calcula pesos para ajustar as distribuiccedilotildees das variaacuteveis A ideia eacute ponderara amostra natildeo aleatoacuteria de modo que as distribuiccedilotildees das variaacuteveis nas observaccedilotildeesreponderadas satisfaccedilam um conjunto de condiccedilotildees especiais de momentos

A aplicaccedilatildeo dos pesos agrave amostra natildeo aleatoacuteria resulta em ponderar com maiorpeso grupos sub-representados e menor peso grupos sobre-representados ajustando aprobabilidade desigual da seleccedilatildeo amostral Dessa forma espera-se que haja um equiliacutebriosobre os momentos das distribuiccedilotildees das variaacuteveis independentes entre os grupos detratamento e controle Ou seja que os momentos da amostra do grupo de controle espelhemos momentos correspondentes da amostra do grupo de tratamento Nesta pesquisa o grupode tratamento e controle satildeo determinados pela principal variaacutevel 119864119909119901119894 descrita na equaccedilatildeo(32) onde 119864119909119901119894 = 1 indica ser tratamento (trabalhador i estaacute no setor exportador) casocontraacuterio estaacute no grupo de controle (trabalhador i estaacute fora do setor exportador)

A partir disso com a finalidade de equilibrar com maior robustez as covariadasaplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo pois como posto por Hainmueller e Xu (2013)o balanceamento por entropia pode ser combinado com outros meacutetodos de pareamento

O Escore de Propensatildeo eacute definido por Rosenbaum e Rubin (1983) como a probabi-lidade condicional de receber o tratamento dado as caracteriacutesticas de preacute-tratamento

119901(119883) equiv 119875119903(119863 = 1|119883) = 119864(119863|119883) (35)

onde 119863 = 0 1 eacute o indicador de exposiccedilatildeo ao tratamento e X eacute o vetor de caracteriacutesticasdo trabalhador

44

A estrateacutegia eacute aproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o maissemelhantes possiacutevel Essa semelhanccedila iraacute ocorrer com a comparaccedilatildeo dos valores dos escoreque se comporta como um iacutendice no qual resume as caracteriacutesticas observaacuteveis de cadatrabalhador que torna viaacutevel a comparaccedilatildeo entre os grupos (ROSENBAUM RUBIN 1983BECKER ICHINO 2002)

Os Escores de Propensatildeo foram estimados atraveacutes de um modelo de regressatildeologiacutestica com base em um conjunto de caracteriacutesticas observaacuteveis comuns a ambos osgrupos de tratamento e controle a especificaccedilatildeo estaacute descrita na equaccedilatildeo (36)

Exp119894 = 120572 + 120573CP119894 + 120579CF119894 + 120575CR119894 + 120574ΔW119894 +4sum119895=2

120583119895CBO119894119895 + 120590I119894 + 120585119894 (36)

Aleacutem das variaacuteveis jaacute descritas na equaccedilatildeo (32) adicionou-se as interaccedilotildees entrevariaacuteveis dicotocircmicas representadas por I A mesma especificaccedilatildeo de (36) foi utilizadapara calcular as ponderaccedilotildees pelo balanceamento por entropia

De posse do vetor 119901(119883119894) decidiu-se estratificaacute-lo em trecircs partes tal que dentro decada estrato as unidades tratadas e de controle tenham o mesmo escore de propensatildeoPode-se supor que cada estrato imita uma situaccedilatildeo aleatoacuteria refletindo portanto o equiliacutebriodas distribuiccedilotildees das variaacuteveis entre os grupos

Por fim foi estimado para cada estrato a equaccedilatildeo (32) reponderada pela funccedilatildeopeso 120596119894 com valor 1 para aqueles trabalhadores do grupo de tratamento (119863 = 1) e para ogrupo controle (119863 = 0) o valor 119901(119883119894)

1minus119901(119883119894) onde a funccedilatildeo 120596119894 eacute definida como

120596119894(119863119883) = 119863 + (1 minus119863)(

119901(119883119894)1 minus 119901(119883119894)

)(37)

A seccedilatildeo seguinte apresenta os principais resultados dentro do objetivo proposto e arespectiva metodologia acima apresentada

35 ResultadosApresenta-se nesta seccedilatildeo os resultados para os determinantes da mobilidade de

ocupaccedilotildees ascendente destacando os efeitos de um ambiente exportador Em todos osresultados controlou-se por efeitos de regiatildeo e de setor de atividade representados pordummies de Unidade Federativa (UF) e Classificaccedilatildeo Nacional de Atividade Econocircmica(CNAE 20)

A tabela 7 mostra os resultados do Logit aplicado sobre as equaccedilotildees (32)(33) e(34) que satildeo respectivamente as colunas

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a) Emp Expor 2003 com valor 1 indicando se o trabalhador possui viacutenculo em umafirma exportadora no ano de 2003

b) Emp Export 2003 para Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora tanto no ano de 2003 quanto 2013 e

c) Emp Export para Natildeo Export 2013 com valor 1 indicando se o trabalhador 119894 possuiviacutenculo em uma firma exportadora no ano de 2003 e natildeo exportadora no ano de2013

Em todos os casos estimou-se para dois grupos amostrais Inter considerandomobilidade interfirmas e Intra mobilidade intrafirmas entre os anos 2003 e 2013

Tabela 7 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente 2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Emp Exporem 2003

Emp Export 2003para Export 2013

Emp Export 2003para Natildeo Export 2013

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02167 00398 02162 00401 02160 00489(00163) (00642) (00164) (00641) (00164) (00639)

Sexo minus04366 minus03048 minus04369 minus03036 minus04359 minus03052

(00163) (00496) (00162) (00494) (00162) (00500)Fund I 06721 09737 06767 09727 06694 09694

(01053) (02780) (01053) (02774) (01051) (02766)Fund II 11292 14213 11340 14212 11269 14157

(01030) (02942) (01030) (02937) (01028) (02925)Meacutedio 19951 21917 20009 21901 19934 21793

(01030) (03011) (01031) (03006) (01028) (03001)Superior 30560 30567 30634 30618 30514 30452

(01056) (03321) (01057) (03323) (01053) (03308)Idade minus01109 minus00987 minus01104 minus00989 minus01110 minus00966

(00065) (00143) (00064) (00142) (00064) (00142)1198681198891198861198891198902 00012 00011 00012 00011 00012 00011

(00001) (00002) (00001) (00002) (00001) (00002)

Caracteriacutesticas da Firma

46

MPE 00984 minus01688 00856 minus01626 00960 minus01450(00165) (01066) (00148) (01059) (00165) (00891)

Empr Priv minus03905 07464 minus03778 07430 minus03867 07333

(00544) (01521) (00547) (01529) (00546) (01563)

Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant minus625014 minus3371686 minus619842 minus3346247 minus596458 minus3581436(587897) (2780560) (587023) (2780457) (586617) (2699385)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Diff Salaacuter Esper 00012 00006 00012 00006 00012 00006

(000004) (00001) (000004) (00001) (000004) (00001)Expt 00618 minus01284 minus minus minus minus

(00236) (01757) minus minus minus minusExpt Expt minus minus 00264 minus01107 minus minus

minus minus (00563) (01913) minus minusExpt Natildeo Expt minus minus minus minus 00608 minus01161

minus minus minus minus (00249) (02089)Ocup 2 minus06789 minus02568 minus06966 minus02626 minus07245 minus02891

(00450) (02236) (00436) (02206) (00445) (02108)Ocup 3 minus30084 minus24882 minus29362 minus24675 minus28993 minus22295

(00791) (03527) (00767) (03474) (00764) (03156)Ocup 4 minus159772 minus150965 minus160163 minus150983 minus160488 minus151820

(00650) (01400) (00666) (01387) (00661) (01628)ExpOcup2 minus05277 minus03262 minus07745 minus02937 minus01966 minus04317

(00791) (02973) (01138) (03011) (00856) (04948)ExpOcup3 10419 14609 09841 15202 09273 05787

(01241) (03946) (01936) (04157) (01115) (04849)ExpOcup4 minus08177 minus08667 minus13620 minus11717 minus03789 minus00277

(01420) (04013) (02086) (04661) (01867) (05265)Const minus16890 minus42678 minus16936 minus42612 minus16762 minus42802

(02757) (08057) (02754) (08026) (02749) (07933)

No Obs 461527 119946 461527 119946 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

47

Considerando as caracteriacutesticas pessoais observa-se que para ambos os gruposamostrais as variaacuteveis Branco e Sexo mostraram-se significantes com sinal positivo e nega-tivo respectivamente indicando que trabalhadores brancos tem uma maior probabilidadede se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente e caso os trabalhadores sejam do sexomasculino essa probabilidade eacute menor Esse resultado natildeo se aplica para a variaacutevel Brancodo grupo Intra pois apresentou-se estatisticamente natildeo significante

Com relaccedilatildeo a escolaridade verifica-se que as dummies de Ensino FundamentalI II Meacutedio e Superior apresentaram-se significantes e positivas em todos os modelos eamostras Aleacutem disso as magnitudes apresentaram-se crescentes a medida que o niacutevel deescolaridade aumenta

Isto indica que quanto mais escolarizados satildeo os trabalhadores maior a probabilidadede ascensatildeo ocupacional Segundo Sicherman (1990) os retornos da escolaridade natildeo estatildeosomente em uma forma de salaacuterios mais altos mas tambeacutem em forma de uma probabilidademais alta de avanccedilar para ocupaccedilotildees de niacutevel mais alto

Jaacute a variaacutevel Idade eacute significante e negativa indicando que os trabalhadores maisvelhos tendem a permanecer em suas ocupaccedilotildees Isto porque a medida que os indiviacuteduosvatildeo envelhecendo gera-se cada vez mais o acuacutemulo de experiecircncias e por tanto maishabilidades especiacuteficas da ocupaccedilatildeo tornando-se custoso deixar a sua ocupaccedilatildeo atual

Evidencia-se ainda que esse efeito eacute crescente agrave taxas crescentes a medida que aidade aumenta esse resultado eacute dado pelo sinal positivo do coeficiente da variaacutevel idadeao quadrado

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel dummy MPE que significaMicro e Pequena Empresa apresentou-se significante e positiva apenas para interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

Caso o trabalhador esteja em uma empresa do setor privado isto influencia po-sitivamente na mobilidade ascendente de ocupaccedilotildees se este trabalhador permanecer namesma firma Esse efeito muda quando a mobilidade ocupacional eacute acompanhada de umamudanccedila de empregador

Para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeo a variaacutevel de percentual de migrantes porUnidade Federativa mostrou-se estatisticamente natildeo significante

Como abordado no referencial teoacuterico um dos benefiacutecios para a ocorrecircncia demobilidade ocupacional seria o diferencial de salaacuterio entre a ocupaccedilatildeo de destino e a deorigem Os resultados para essa variaacutevel demostrou-se significante e positiva para todosos grupos amostrais e modelos propostos indicando que quanto maior a diferenccedila entreos salaacuterios das diferentes ocupaccedilotildees maior a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo deforma ascendente

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Como colocado por Gibbons e Waldman (1999) e Klaauw e Silva (2011) asprogressotildees na carreira dos trabalhadores estatildeo associadas a aumentos salariais haacute umacorrelaccedilatildeo serial e significativa entre essas duas variaacuteveis

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 3 e 4 apresentaram-se significantes e negativacom exceccedilatildeo da primeira para intrafirmas Esses resultados jaacute eram esperados uma vezque essas variaacuteveis representam o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo

Observe que a variaacutevel Status de Ocupaccedilatildeo 4 possui uma alta magnitude em relaccedilatildeoas demais em termos absolutos justamente devido ao fato desta ser a categoria de niacutevelmais alto de modo que eacute extremamente custoso sair desta ocupaccedilatildeo

Assim como posto por de Kambourov e Manovskii (2005) Chen Fougegravere e Lin(2008) e Xiong (2015) pode-se explicar o custo de saiacuteda da ocupaccedilatildeo como uma perda decapital humano especiacutefico dela pois a habilidade e a experiecircncia acumulada eacute parcialmentetransferiacutevel entre as ocupaccedilotildees E essa perda de transferecircncia constitui aparentementeuma obstruccedilatildeo agrave mobilidade ocupacional ascendente

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo representada pela variaacutevel Expt mostrou-sepositiva e significante apenas para o grupo de interfirmas indicando que se um trabalhadorsai de uma ocupaccedilatildeo em um setor exportador e se direciona para outra firma eacute possiacutevel quenesta nova firma este trabalhador atinja um niacutevel maior de ocupaccedilatildeo uma vez que estepossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdo setor exportador

Pode-se dizer ainda que uma ocupaccedilatildeo a niacutevel mais alto em relaccedilatildeo agrave ocupaccedilatildeoanterior funciona como um precircmio pelo fato do trabalhador apresentar uma habilidadeespeciacutefica do setor exportador na qual poderaacute ser revertida em ganhos de produtividadepara a firma que o contrata

Verificou-se ainda que a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo apresentou magnitudes menores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas dasvariaacuteveis de Status Ocupacional e ateacute com sinal positivo portanto o trabalhador ao estarpresente em um ambiente exportador apresenta uma queda nos custos de mobilidade

Procura-se captar com as variaacuteveis Expt Expt e Expt Natildeo Expt a diferenccedila doefeito do setor exportador considerando o destino desse trabalhador se para uma empresaexportadora ou natildeo

Os resultados mostraram-se estatisticamente natildeo significante para o primeiro casoMas ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status de Ocupaccedilatildeoobserva-se que a maioria eacute estatisticamente significante e negativa Apenas para o status 2haacute um aumento da magnitude indicando que a saiacuteda de um trabalhador de uma ocupaccedilatildeoeacute custosa mesmo que este saia de um setor exportador para outro

49

Considerando o segundo caso a variaacutevel Expt Natildeo Expt apresentou-se positiva esignificante apenas para o grupo interfirmas Este resultado indica que se um trabalhadorestaacute em um ambiente exportador ele apresenta habilidades especiacuteficas diferenciadas emrelaccedilatildeo a quem natildeo estaacute de modo que este se torna mais atrativo para o mercadoprincipalmente para aquelas empresas que natildeo pertencem a esse setor e pretendem ganharprodutividade ao contratar essa matildeo de obra diferenciada

As interaccedilotildees entre a dummy de exportaccedilatildeo e status ocupacional tambeacutem mostraram-se estatisticamente significantes apenas para o grupo de interfirmas e com magnitudesmenores em comparaccedilatildeo agraves magnitudes isoladas das variaacuteveis de Status Ocupacionalportanto sugere-se que o trabalhador ao estar presente em um ambiente exportadorapresenta uma queda nos custos de mobilidade

Na tabela (8) apresenta-se o efeito marginal apenas da variaacutevel status de exportaccedilatildeosobre a profundidade da mobilidade dado que todas as demais variaacuteveis satildeo iguais as suasrespectivas meacutedias Em todos os casos esta variaacutevel mostrou-se significante estatisticamenteporeacutem positiva para o grupo interfirmas e negativa para o intrafirmas

Na primeira linha tem-se os resultados para probabilidade da Profundidade Ocupa-cional ser igual a 1 O resultado indica que estar no setor exportador tem um efeito positivode 023 pontos percentuais (pp) do trabalhador subir um niacutevel no status ocupacionalem relaccedilatildeo agravequeles que estatildeo em empresas natildeo exportadoras isto se essa mudanccedila foracompanhada por uma mudanccedila de empregador Para aqueles que se moveram um niacutevelocupacional mas permaneceram na mesma firma o efeito do setor exportador eacute negativoem 055 pp

A mesma interpretaccedilatildeo eacute dada quando observa-se a profundidade da mobilidadeocupacional de niacutevel 2 e 3 poreacutem com um destaque a de que o efeito do setor exportadorseja para inter como para intrafirmas eacute decrescente em termos absolutos a medida queessa profundidade aumenta Por exemplo esse efeito eacute de apenas 005 pp quando haacuteum aumento de trecircs niacuteveis ocupacionais para o grupo de interfirmas e de 018 pp deintrafirmas em comparaccedilatildeo ao aumento de niacutevel 1 destacado acima

50

Tabela 8 ndash Efeito Marginal sobre a Intensidade da Mobilidade de Ocupaccedilatildeo

Status de Exportaccedilatildeo Inter Intra

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==1)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00023 minus00055

(00008) (00011)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==2)119889119909(119864119909119901119900119903119905)00010 minus00018

(00004) (00004)

119889119910(119875119903119900119891119906119899119891119894119889119886119889119890119874119888119906119901==3)119889119909(119864119909119901119900119903119905) 00005 minus00018

(00002) (00004)

No Obs 461527 119946

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt001 plt001 plt005

Todas as demais covariadas estatildeo fixas na meacutedia

Mais uma vez verifica-se o efeito positivo do setor exportador sobre a mobili-dade ocupacional ascendente quando esta eacute acompanhada por mudanccedilas de empregadorressaltando que um trabalhador empregado em um ambiente voltado para este setorpossui caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalho emcomparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora do setor exportador

Como colocado na seccedilatildeo de Estrateacutegia Empiacuterica suspeita-se que haja uma atribuiccedilatildeoendoacutegena dos trabalhadores agraves empresas exportadoras Para minimizar o vieacutes causado poresse fato aplicou-se o meacutetodo de Escores de Propensatildeo Reponderados com o objetivo deaproximar os grupos tratado e controle de forma que sejam o mais semelhantes possiacutevel

O graacutefico 1 da figura 7 apresenta a comparaccedilatildeo entre os escores de propensatildeo dogrupo tratado (cor azulada) e controle (cor avermelhada) e nos graacuteficos abaixo essesescores estatildeo plotados para cada estrato O estrato 1 corresponde ao intervalo de [0 046]jaacute o segundo estrato de (046 056] e o terceiro (056 1]

Ao comparar os escores observa-se uma leve semelhanccedila entre os grupos de modoque cada estrato eacute uma subamostra aproximadamente aleatoacuteria na qual permite estimar omodelo da equaccedilatildeo (32) com o vieacutes causado pela seleccedilatildeo amostral natildeo aleatoacuteria minimizado

Figura 7 ndash Escores de Propensatildeo Reponderados0

40

00

80

00

12

00

0

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045 050 055 060 065 070 075 080 085 090 095 100

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

10

00

15

00

Estrato1

000 005 010 015 020 025 030 035 040 045

12

00

06

00

00

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

01

00

00

Estrato2

050 055

40

00

02

00

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

05

00

15

00

Estrato3

055 060 065 070 075 080 085 090 095

80

00

40

00

0

Fre

qu

ecircn

cia

Psc

ore

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

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52

A partir dos estratos calculados estimou-se para cada um a equaccedilatildeo (32) para osgrupos inter e intrafimas Os resultados estatildeo expostos na tabela (9)

Tabela 9 ndash Determinantes da Mobilidade Ocupacional Ascendente por Estrado de Pscore2003 e 2013

Logit Mobilidade Ocupacional Ascendente = 1

Estrato 1 Estrato 2 Estrato 3

Inter Intra Inter Intra Inter Intra

Caracteriacutesticas Pessoais

Branco 02446 00426 02060 00919 01890 00042(00226) (00475) (00138) (00354) (00164) (00367)

Sexo minus03921 minus03668 minus04007 minus02523 minus05226 minus03649

(00219) (00472) (00123) (00310) (00153) (00327)Fund I 04038 16454 06619 06194 07046 09372

(02270) (07374) (01366) (02401) (01325) (03937)Fund II 08851 22401 11175 09418 10589 17814

(02225) (07336) (01353) (02384) (01299) (03893)Meacutedio 18013 30491 19850 18202 19234 24492

(02218) (07328) (01351) (02375) (01295) (03889)Superior 28061 39075 31798 25930 27885 35280

(02244) (07359) (01365) (02406) (01315) (03911)Idade minus01094 minus01123 minus01185 minus01132 minus00967 minus00548

(00104) (00181) (00061) (00118) (00073) (00132)1198681198891198861198891198902 00012 00013 00013 00012 00010 00005

(00002) (00003) (00001) (00002) (00001) (00002)Caracteriacutesticas da Firma

MPE 00822 minus01346 00905 minus01176 01135 minus00404(00263) (00606) (00148) (00374) (00199) (00477)

Empr Priv minus01438 06798 minus03299 13051 minus08205 minus01731

(00416) (00690) (00271) (00490) (00319) (00545)Caracteriacutesticas da Regiatildeo

() Migrant 1217796 3021494 minus1222015 minus107544 minus1411643 minus397523(545949) (3212122) (351924) (1933179) (413192) (1660754)

UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim Sim

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Diff Salaacuter Esper 00010 00003 00011 00011 00016 00008

(000003) (00001) (000002) (000004) (000002) (000004)Empr Export 01756 minus00894 00575 minus01277 minus00316 minus04178

(00491) (00896) (00210) (00464) (00356) (00904)Ocup 2 minus05422 00034 minus07820 minus11367 minus06835 03460

(00407) (00653) (00262) (00646) (00296) (00443)Ocup 3 minus28700 minus23478 minus28941 minus22437 minus33321 minus23222

(00751) (01471) (00444) (00859) (00662) (01083)Ocup 4 minus157727 minus147976 minus160328 minus155849 minus151944 minus153628

(553269) (1016063) (315998) (659681) (327995) (1053353)ExpOcup2 minus05671 minus04798 minus04068 minus00249 minus09625 minus15518

(01352) (02194) (00577) (01026) (01400) (02853)ExpOcup3 07686 07073 09114 08085 14173 17783

(01668) (03058) (00797) (01342) (02008) (03852)ExpOcup4 minus08615 minus12676 minus07879 minus12537 minus01116 minus02429

(2388712) (4719773) (869885) (2089450) (1541505) (4496450)Const minus15949 minus51784 minus17543 minus29578 minus15549 minus189142

(02911) (08197) (01801) (03744) (02416) (5189765)

Dummy UF e CNAE Sim Sim Sim Sim Sim SimNo Obs 142808 45515 233381 52587 81298 20133

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Comparando com os resultados expostos nas duas primeiras colunas da tabela(7) observa-se que para as variaacuteveis de Caracteriacutesticas Pessoais como Branco SexoEscolaridade Idade e Diferencial de Salaacuterio Esperado os sinais e a significacircncia estatiacutesticasatildeo iguais mesmo apoacutes a reduccedilatildeo de vieacutes causado pela natildeo aleatorizaccedilatildeo para todos osestratos e grupos inter e intrafirmas

Sugere-se portanto que trabalhadores com caracteriacutesticas de cor branca do sexofeminino sendo mais jovens e com maior niacutevel de escolaridade e salaacuterio esperado possuammaior probabilidade de se mover entre ocupaccedilotildees ascendentemente

Com relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas da firma a variaacutevel de Micro e Pequena Empresaapresentou-se significante e positiva em todos os estratos para o grupo de interfirmasindicando que se um trabalhador estaacute em uma empresa desse porte a probabilidade de semover ascendentemente entre as ocupaccedilotildees eacute positiva

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Esse resultado muda caso o trabalhador permaneccedila na mesma firma dado o sinalnegativo e significante nos dois primeiros estratos Assim se o trabalhador permanecer emuma firma e estaacute eacute de porte micro ou pequeno a probabilidade deste mudar para um niacutevelocupacional eacute reduzida provavelmente devido ao fato das firmas nesse porte possuiacuteremuma dinacircmica interna mais riacutegida cujo os benefiacutecios de uma mudanccedila ocupacional satildeomenores do que os custos

Os resultados para a variaacutevel que indica se o trabalhador estava ou natildeo em umaempresa privada em 2003 permaneceram os mesmo nos dois primeiros estratos para ambosos grupos amostrais No terceiro estrato essa dummy se torna negativa para o grupo deinterfirmas acompanhando o sinal do grupo de intrafirmas

Assim no estrato onde a amostra mais se aproxima do tratamento ou seja ondeas observaccedilotildees satildeo mais propensas a estarem no setor exportador pertencer a uma firmado setor privado gera custos sobre a mobilidade ocupacional ascendente

Diferentemente do resultado anterior para as caracteriacutesticas a niacutevel de regiatildeoverificou-se um efeito estatisticamente significante para o percentual de migrantes porUnidade Federativa apenas para o grupo de interfirmas

No primeiro estrato onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadade natildeo pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantes apresentou-secom sinal positivo no estrato 1 natildeo caracterizando portanto um custo

Jaacute nos demais estratos onde as observaccedilotildees possuem uma probabilidade aproximadae cada vez maior de pertencerem ao setor exportador a variaacutevel percentual de migrantesexibiu um sinal negativo Isto indica que quanto maior o nuacutemero de migrantes estrangeirosaltamente escolarizados na regiatildeo do trabalhador menor seraacute a probabilidade deste de semover de forma crescente entre as ocupaccedilotildees

Isto porque acredita-se que os trabalhadores brasileiros sofrem concorrecircncia coma matildeo-de-obra estrangeira principalmente se a empresa pertencer ao setor exportadore portanto desejar manter um niacutevel de competitividade internacional Esta empresaprocura natildeo soacute no mercado de trabalho interno por trabalhadores altamente escolarizadose qualificados mas tambeacutem no mercado internacional

Dessa forma essa variaacutevel entra como uma proxy para as fricccedilotildees de mercado detrabalho representando-se assim um custo para a mobilidade entre ocupaccedilotildees Lembrandoque este resultado eacute vaacutelido apenas para aqueles grupos mais proacuteximos de pertencerem aosetor exportador

As variaacuteveis Status de Ocupaccedilatildeo 2 e 3 apresentaram-se significantes e negativa comexceccedilatildeo do uacuteltimo estrato para o niacutevel 2 do grupo intrafirmas que possui sinal positivoEste uacuteltimo resultado natildeo era esperado pode-se dizer que trabalhadores de niacutevel teacutecnicoem empresas que possuem caracteriacutesticas mais aproximadas do setor exportador tem

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peculiaridades tiacutepicas da ocupaccedilatildeo que influenciam de forma positiva na probabilidadede se mover de forma ascendente quando acompanhada de uma permanecircncia na mesmafirma

Com relaccedilatildeo a variaacutevel de exportaccedilatildeo mostrou-se positiva e significante apenaspara o grupo de interfirmas assim como no resultado anterior com exceccedilatildeo apenas doterceiro estrato no qual natildeo obteve significacircncia estatiacutestica

No entanto para os primeiros estratos tem-se que a mobilidade ocupacionalascendente acompanhada de uma mudanccedila de empregador eacute facilitada pela passagem dotrabalhador em uma firma exportadora mais uma vez acredita-se que este trabalhadorpossui um diferencial em termos de produtividade e habilidades especiacuteficas provenientesdeste setor

Um diferencial encontrado em relaccedilatildeo aos primeiros resultados foi a significacircnciaestatiacutestica da variaacutevel de exportaccedilatildeo em 2003 nos dois uacuteltimos estratos para o grupointrafirmas O sinal negativo indica que uma mudanccedila ocupacional de forma ascendente eacutecustosa se o trabalhador permanecer com o mesmo empregador e este estiver participandodo setor exportador

O sinal negativo da variaacutevel de exportaccedilatildeo no conjunto de intrafirmas pode ser ex-plicada quando observa-se que haacute um niacutevel similar de produtividade entre os trabalhadoresuma vez que todos estatildeo em um mesmo ambiente exportador

Assim eacute possiacutevel que esses trabalhadores concorram entre si por uma ocupaccedilatildeo deniacutevel hieraacuterquico maior o que dada essa alta concorrecircncia torna-se arriscada e custosauma tentativa de se mover na ocupaccedilatildeo Dessa forma o setor exportador acaba porafetar negativamente a mobilidade crescente de ocupaccedilatildeo destes trabalhadores quandoconsidera-se que estes estatildeo em uma mesma firma

No entanto ao verificar a interaccedilatildeo da variaacutevel de exportaccedilatildeo com a de Status deOcupaccedilatildeo observou-se que haacute uma reduccedilatildeo na magnitude em comparaccedilatildeo agraves magnitudesisoladas das variaacuteveis de Status Ocupacional em todos os estratos Isto indica uma possiacutevelqueda dos custos de mobilidade Este resultado eacute observado tambeacutem para o grupo deinterfirmas em todos os estrados

Em termos gerais verificou-se que o setor exportador de uma certa maneira contribuide forma positiva para a ocorrecircncia de mobilidade ocupacional de forma ascendente istoquando esta mobilidade eacute acompanhada por mudanccedilas de empregador

Esse efeito eacute decorrente principalmente da queda dos custos de mobilidade e tambeacutempelo fato dos trabalhadores empregados em um ambiente voltado para o setor exportadorpossuiacuterem caracteriacutesticas diferenciadas tornando-o mais atrativo ao mercado de trabalhoem comparaccedilatildeo aqueles que estatildeo fora deste setor

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36 Consideraccedilotildees FinaisDada a limitaccedilatildeo da literatura nacional sobre mobilidade ocupacional no Brasil foi

proposto nesta pesquisa evidenciar os principais determinantes da mobilidade ocupacionalascendente destacando principalmente o efeito que um ambiente voltado para o ComeacutercioInternacional exerce sobre ela

Com os dados disponiacuteveis da RAIS e considerando o periacuteodo entre 2003 e 2013descreveu-se o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente bem como a probabilidadede transiccedilatildeo entre os Status de Ocupaccedilatildeo considerando as firmas exportadoras e natildeoexportadoras e por fim um modelo economeacutetrico que destaca-se principalmente o efeito dosetor exportador sobre a probabilidade de mudanccedila de ocupaccedilatildeo de um niacutevel hieraacuterquicomenor para um maior

Em termos gerais o padratildeo de mobilidade ocupacional ascendente eacute dado princi-palmente por trabalhadores brancos do sexo masculino relativamente jovens que estatildeo noensino meacutedio ou superior residentes na Regiatildeo Sudeste possivelmente saindo de micro oupequena empresa do setor privado cuja principal atividade estaacute no setor de serviccedilos

Aleacutem disso constatou-se que os trabalhadores tem uma maior taxa de movimentode um niacutevel de ocupaccedilatildeo do menor para um niacutevel maior caso estes trabalhadores estejamem firmas exportadoras Registrou-se tambeacutem que os trabalhadores nessas mesmas firmaspossuem uma menor probabilidade de ir para uma ocupaccedilatildeo de niacutevel menor em relaccedilatildeo aocupaccedilatildeo inicial

Com relaccedilatildeo aos resultados economeacutetricos considerando todos os grupos amostraisaparentam estar consistentes com a literatura empiacuterica citada principalmente nas variaacuteveischaves como o diferencial salarial e o desconto de capital humano utilizado como umamedida conceitual do custo de mobilidade representados pelas dummies de ocupaccedilatildeoinicial

Jaacute para a variaacutevel que identifica o efeito do setor exportador esta mostrou-se queafeta positivamente a mobilidade ocupacional ascendente quando o trabalhador muda deocupaccedilatildeo acompanhado de uma mudanccedila de firma Verificou-se ainda que esse efeito eacuteinteiramente positivo se o trabalhador sair de uma empresa exportadora e encaminhar-separa uma natildeo exportadora Isto sugere que as firmas natildeo exportadoras aleacutem de ofereceremum salaacuterio maior ofereceratildeo tambeacutem uma ocupaccedilatildeo de niacutevel hierarquicamente mais alto

Acredita-se que esse efeito ocorra devido agrave exposiccedilatildeo ao comeacutercio internacionalque traz um ritmo acelerado de mudanccedilas tecnoloacutegicas estas por suas vez passa a exigirhabilidades especiacuteficas de capital humano mais elevadas em comparaccedilatildeo aqueles que natildeoestatildeo em contato com o comeacutercio internacional

Dessa forma pode-se considerar a existecircncia dos efeitos da produtividade decorren-

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tes da exportaccedilatildeo que consequentemente levam agrave aprendizagem por esse setor e portantoum acreacutescimo diferenciado sobre o capital humano Sendo assim eacute possiacutevel que hajaa presenccedila de habilidades especiacuteficas do setor exportador e isto possa vir favorecer amobilidade ocupacional de forma crescente

Isso contribui com a ideia de que mesmo ocorrendo o desconto de capital humanoo trabalhador ao sair de uma empresa exportadora possui um diferencial em termos deprodutividade (incorporada em suas habilidades especiacuteficas provenientes deste setor) emrelaccedilatildeo aos demais trabalhadores que estatildeo fora este diferencial interessa principalmenteas empresas natildeo exportadoras

Este mesmo resultado eacute confirmado quando se analisa a profundidade da mobilidadeou seja o setor exportador influencia de forma positiva sobre a mobilidade ocupacionalascendente mesmo quando o trabalhador se move em 12 ou 3 trecircs niacuteveis hieraacuterquicosocupacionais

Todos esses resultados satildeo observados apenas quando a mobilidade eacute acompanhadapor mudanccedilas de empregador Quando o trabalhador permanece em uma mesma firma amobilidade ocupacional ascendente eacute custosa inclusive quando o trabalhador pertence auma firma voltada para o setor exportador

Em relaccedilatildeo aos outros determinantes o niacutevel mais alto de educaccedilatildeo e ser brancoaumenta a probabilidade de um indiviacuteduo mudar de ocupaccedilatildeo para um niacutevel maiorenquanto a idade ser homem e estar em uma regiatildeo com elevada participaccedilatildeo de migrantesestrangeiros altamente escolarizados reduzem a probabilidade de mudanccedila de formaascendente de ocupaccedilatildeo Este uacuteltimo resultado foi encontrado apoacutes a minimizaccedilatildeo do vieacutesda natildeo aleatorizaccedilatildeo da amostra

Os demais resultados satildeo semelhantes ao utilizar as teacutecnicas para minimizar o vieacutescausado pela natildeo aleatoriedade do matching entre os trabalhadores e as firmas exportadorasPortanto em termos gerais o contato com um ambiente exportador contribui para aformaccedilatildeo de capital humano especiacutefico e diferenciado tornando o trabalhador mais atrativopara o mercado de trabalho facilitando a mobilidade ocupacional para um niacutevel mais altoquando este muda de firma

Em linhas gerais pretendeu-se destacar os principais fatores que influenciam amobilidade ocupacional ascendente e evidenciar o papel de uma ambiente exportador paraque venha a contribuir com poliacuteticas que promovam um mercado de trabalho e comercialmais flexiacutevel

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4 Matching entre Firmas e Trabalhadores noSetor Exportador Evidecircncias para o Brasil

41 IntroduccedilatildeoDesde o final da deacutecada de 70 observa-se aumentos acentuados na desigualdade

salarial em muitos paiacuteses Frente a isso nos uacuteltimos vinte anos estudos tem procuradoaveriguar se haacute contribuiccedilotildees da globalizaccedilatildeo refletida por uma maior integraccedilatildeo comercialsobre as disparidades salariais Isto porque variaacuteveis padrotildees como capital humano educa-ccedilatildeo e experiecircncia natildeo satildeo suficientes para explicar este fenocircmeno pois estas representamapenas partes do efeito explicativo sobre o crescimento da desigualdade salarial tanto empaiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento

Nessa linha de pesquisa destaca-se Melitz (2003) Yeaple (2005) e Davidson Matusze Shevchenko (2008) ambos tentam explicar por que as empresas exportadoras geramganhos agregados de produtividade em relaccedilatildeo agravequelas voltadas apenas para o mercadodomeacutestico Como resultado verificaram que as empresas exportadoras satildeo tipicamentemaiores mais produtivas e pagam salaacuterios mais altos que as natildeo exportadoras Em termosgerais esse resultado nos sugere que a participaccedilatildeo de paiacuteses no comeacutercio internacionalseja acompanhado por crescimentos na desigualdade salarial

Uma seacuterie de anaacutelises empiacutericas sobre essa aacuterea tem sido construiacuteda em cima demodelos com dados desagregados onde a unidade baacutesica de anaacutelise satildeo as firmas e ostrabalhadores Isto proporcionou a geraccedilatildeo de fatos estilizados em relaccedilatildeo agrave heterogenei-dade dos resultados a niacutevel de empresa dentro das induacutestrias incluindo diferenccedilas entreempresas exportadoras e natildeo exportadoras bem como diferenccedilas entre trabalhadores comcaracteriacutesticas observaacuteveis similares

Destaca-se dentro da linha de modelos com heterogeneidade de firmas e trabalhado-res juntamente com a inclusatildeo de efeitos de fricccedilotildees do mercado de trabalho as pesquisasde Davidson Matusz e Shevchenko (2008) e Helpman Itskhoki e Redding (2010) em umaperspetiva teoacuterica e na empiacuterica os trabalhos de Friacuteas Kaplan e Verhoogen (2012) para oMeacutexico Card Heining e Kline (2013) para Alemanha e Krishna Poole e Senses (2012)Krishna Poole e Zeynep (2014) e Helpman et al (2016) para o Brasil onde trabalhadoresidecircnticos recebem salaacuterios mais altos em empresas mais produtivas sendo isto relacionadoao status de exportaccedilatildeo da empresa

As anaacutelises para o Brasil partem do efeito do comeacutercio internacional representadopela abertura comercial ocorrida nos anos 90 sobre a desigualdade salarial do paiacutes O

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modelo tanto na pesquisa de Krishna Poole e Senses (2012) quanto na de Helpman etal (2016) eacute construiacutedo em um contexto de empresas e trabalhadores heterogecircneos sobfricccedilotildees no mercado de trabalho Nessas caracteriacutesticas o processo de ajuste no mercadode trabalho apoacutes a abertura comercial dependem dos mecanismos que levam ao matching(combinaccedilatildeo) entre trabalhadores e empresas Junto a isso as fricccedilotildees no mercado detrabalho podem levar a uma situaccedilatildeo onde trabalhadores idecircnticos antes da aberturapodem experimentar diferentes mudanccedilas salariais apoacutes a abertura Como resultado geralos autores encontraram que as empresas mais produtivas tanto exportam como buscamtrabalhadores de forma mais intensiva e por isso empregam trabalhadores de maiorhabilidade especiacutefica tendo como consequecircncia salaacuterios mais altos em relaccedilatildeo agrave empresasnatildeo exportadoras

Como destacado acima Krishna Poole e Senses (2012) colocam que o processode ajuste no mercado de trabalho na presenccedila de comeacutercio internacional incluindo osajustes salariais dependeratildeo dos mecanismos que levam ao matching entre trabalhadorese empresas ou seja de como as empresas selecionam e contratam seus trabalhadoresDefinindo matching perfeito como a situaccedilatildeo onde as exigecircncias e condiccedilotildees da firmacorrespondem agraves exigecircncias e condiccedilotildees do trabalhador

Sampson (2014) coloca que grande proporccedilatildeo do precircmio salarial dos exportadores(cerne de todas as teorias que ligam o comeacutercio intra-induacutestria e a desigualdade salarial)pode ser explicada por diferenccedilas entre firmas na sua composiccedilatildeo da forccedila de trabalho

A preocupaccedilatildeo em averiguar como se daacute essa composiccedilatildeo ou melhor como serealiza o matching estaacute na importacircncia que esta exerce sobre a produccedilatildeo pois a alocaccedilatildeoexata entre empregador e empregado tem grandes implicaccedilotildees na eficiecircncia produtiva ena desigualdade salarial (EECKHOUT KIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICETITO 2015)

A partir disso deduz-se que a produccedilatildeo seraacute maacutexima quando as empresas e ostrabalhadores satildeo complementares e quando a alocaccedilatildeo do trabalhador certo ocorre com aocupaccedilatildeo do trabalho certo Sendo assim questiona-se como o matching eacute afetado peloacesso das empresas ao mercado de exportador Segundo Bombardini Orefice e Tito (2015)quando as empresas obtecircm acesso ao mercado externo seu potencial de receita aumentade modo que o matching com o trabalhador certo torna-se particularmente importanteporque os desvios da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente o valor da relaccedilatildeo entre firmae trabalhador sobre a produccedilatildeo

Dado isso pretende-se nesta pesquisa identificar se a participaccedilatildeo no comeacuterciointernacional por meio das exportaccedilotildees afeta o padratildeo de matching entre as empresas eos trabalhadores brasileiros em um periacuteodo apoacutes a abertura comercial Eacute possiacutevel que essaparticipaccedilatildeo no comeacutercio internacional leve a uma associaccedilatildeo positiva entre trabalhadorese firmas Se sim o fato de selecionar e contratar trabalhadores de tipos elevados justificaria

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um salaacuterio tambeacutem elevado Dessa forma empresas exportadoras pagariam maioressalaacuterios aos seus trabalhadores natildeo soacute porque estas ganham produtividade ao entrar nocomeacutercio internacional mas tambeacutem porque selecionam e contratam trabalhadores detipo alto Neste sentido trabalhadores do tipo alto satildeo aqueles que possuem habilidadesnatildeo observaacuteveis que elevam a produtividade da empresa

Isto levaria portanto ao fato de que a desigualdade de salaacuterio estaacute intrinsecamenteassociada ao tipo de trabalhador contratado cujas caracteriacutesticas como habilidades eprodutividade satildeo natildeo observaacuteveis e que por sua vez podem ser afetadas pelo ambientede trabalho Por exemplo as firmas exportadoras possuem diferenccedilas em relaccedilatildeo as natildeoexportadoras principalmente porque as primeiras experimentam uma queda no limite deprodutividade quando abrem para mercados externo em relaccedilatildeo as segundas Kremere Maskin (1996) tambeacutem compartilha da loacutegica pela qual os trabalhadores altamentequalificados satildeo pagos com maiores salaacuterios natildeo soacute por causa de sua maior produtividadeinata mas tambeacutem porque trabalham com empresas e colaboradores altamente produtivos

Aleacutem de investigar se as empresas exportadoras brasileiras empregam trabalhadoresde tipo alto objetiva-se tambeacutem nesta pesquisa averiguar se essas empresas possuemtrabalhadores idecircnticos ou seja se a dispersatildeo de tipos de trabalhadores eacute menor do queem relaccedilatildeo agraves firmas natildeo exportadoras

As questotildees postas seratildeo examinadas usando um conjunto de dados empregador-empregado do Brasil para os anos de 2003 a 2013 Esses dados satildeo fornecidos pelaRelaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais no qual conteacutem informaccedilotildees sobre trabalhadoresindividualmente identificaacuteveis em todos os seus empregadores idade gecircnero educaccedilatildeoocupaccedilatildeo e tempo na firma Completa-se a essas informaccedilotildees a niacutevel de trabalhador comdados a niacutevel da firma sobre status de exportaccedilatildeo provenientes da Secretaria de ComeacutercioExterior (Secex) Para tal anaacutelise utilizou-se o modelo teoacuterico de Eeckhout e Kircher (2011)e Bombardini Orefice e Tito (2015) Este uacuteltimo tambeacutem traz uma metodologia empiacutericaque serviraacute como base para esta pesquisa bem como o trabalho de Abowd Kramarz eWoodcock (2008)

A captaccedilatildeo do efeito da participaccedilatildeo do setor exportador baseou-se na construccedilatildeodo tipo de cada trabalhador utilizando-se uma regressatildeo salarial tradicional A partir dissofoi gerado medidas de meacutedia e de dispersatildeo de tipos de trabalhadores no niacutevel da empresa

Em termos de resultados encontrou-se que empresas exportadoras possuem umameacutedia alta de tipos aleacutem de apresentarem uma dispersatildeo mais baixa no grupo de traba-lhadores contratados o que vai de encontro com a literatura de que os exportadores pagamsalaacuterios mais altos porque entre outros fatores empregam melhores trabalhadores

Aleacutem dessa Introduccedilatildeo este capiacutetulo estaacute divido em mais quatro seccedilotildees a proacute-xima descreve brevemente as principais definiccedilotildees e justificativas do Modelo Teoacuterico na

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segunda trata-se da Estrateacutegia Empiacuterica terceira os principais Resultados e na uacuteltima asConsideraccedilotildees Finais

42 Modelo TeoacutericoNesta seccedilatildeo pretende-se descrever brevemente as principais hipoacuteteses e deduccedilotildees

do modelo teoacuterico que fundamentam o presente estudo A questatildeo teoacuterica proposta pelosestudos de Eeckhout e Kircher (2011) e Bombardini Orefice e Tito (2015) eacute o de investigaro porquecirc das empresas exportadoras realizarem o matching com um grupo de trabalhadoresdiferentes do grupo das natildeo-exportadoras e avaliar se haacute variaccedilotildees no tipo de trabalhadoresempregados pelo mesmo tipo de empresa Para averiguar isso extrai-se duas medidas o tipomeacutedio de trabalhador e a variaccedilatildeo nesse tipo e compara-se entre empresas exportadoras enatildeo exportadoras

Assume-se inicialmente um modelo dinacircmico onde o matching entre as empresas etrabalhadores heterogecircneos ocorre na presenccedila de fricccedilotildees de busca As receitas das firmassatildeo obtidas a partir da venda de uma variedade de produtos e satildeo crescentes no tipo deempresa e trabalhador Considera-se ainda a complementaridade entre firma e empregado

A ideia da existecircncia da complementaridade entre empregador e empregado eacute chavepara se considerar a existecircncia de um matching positivo no equiliacutebrio Este uacuteltimo eacutedefinido inicialmente com base na Teoria do Casamento por Becker (1973) onde em ummercado de casamentos com participantes heterogecircneos a competiccedilatildeo por esposa levaagrave triagem de companheiros por caracteriacutesticas como riqueza educaccedilatildeo famiacutelia dentreoutras de modo que o casamento preferencial eacute aquele onde os valores dos traccedilos dosmaridos e esposas correspondem e essa combinaccedilatildeo eacute dita positiva aleacutem de gerar ganhosde utilidade para ambos

Trazendo essa mesma ideia para o mercado de trabalho Kremer (1993) e Kremere Maskin (1996) colocam que o mercado tem trabalhadores com habilidades diferentesonde um trabalhador com maior habilidade eacute aquele menos propenso a cometer erros naexecuccedilatildeo de sua tarefa e a complementaridade ocorre quando esse tipo de trabalhador eacuteadquirido por uma empresa que exige a conclusatildeo de cada tarefa sem erros no processoprodutivo Esse encontro eacute o matching positivo e segundo os autores explicam as grandesdiferenccedilas salariais e de produtividade entre os paiacuteses em desenvolvimento e os paiacutesesdesenvolvidos que natildeo podem ser explicadas por suas diferenccedilas nos niacuteveis de capital fiacutesicoou humano

A motivaccedilatildeo em averiguar a existecircncia de matching positivo estaacute na importacircnciaque isto exerce sobre a produccedilatildeo de modo que quando as empresas e os trabalhadoressatildeo complementares a alocaccedilatildeo do trabalhador certo para o trabalho certo maximizao resultado Portanto esta alocaccedilatildeo exata entre empregador e empregado tem grandes

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implicaccedilotildees sobre a produccedilatildeo tanto em termos de eficiecircncia produtiva bem como para adesigualdade de salaacuterios na forccedila de trabalho (KREMER MASKIN 1996 EECKHOUTKIRCHER 2011 BOMBARDINI OREFICE TITO 2015)

No modelo colocado por Bombardini Orefice e Tito (2015) assumiu-se a premissade que a alocaccedilatildeo oacutetima dos trabalhadores natildeo pode ser alcanccedilada por causa da presenccedila decustos de pesquisa pois em sua ausecircncia observaria-se um matching positivo perfeito ondesob esse cenaacuterio todo tipo de empresa seria combinada com um uacutenico tipo de trabalhadorComo exemplo uma empresa mais produtiva seria combinada com um trabalhador maisprodutivo e a variaccedilatildeo de tipos de trabalhadores em uma determinada empresa seria nulaDessa forma contando com custos e fricccedilotildees as empresas aceitam algum grau de desajusteem equiliacutebrio porque o custo da busca excede o benefiacutecio de um parceiro mais adequado

Posto isso constroacutei-se um modelo de dois periacuteodos onde no primeiro os trabalha-dores e as empresas realizam o matching aleatoriamente Ambos se observam e decidem sedevem ou natildeo realizar o matchig e por conseguinte o processo produtivo Caso decidam natildeorealizar ambos incorrem em um custo que seria aquele de se realizar uma nova pesquisarem busca de um outro par no segundo periacuteodo Jaacute no segundo periacuteodo a combinaccedilatildeo ocorreem um ambiente sem atrito e competitivo portanto o matching perfeito eacute o resultado deequiliacutebrio como exposto por Becker (1973)

Neste cenaacuterio Bombardini Orefice e Tito (2015) descreve como seria a decisatildeode participar do comeacutercio internacional por meio das exportaccedilotildees Os autores adotaramuma estrateacutegia na qual permite que diferentes empresas tenham custos de exportaccedilatildeodiferentes assim assumiu-se que algumas obtecircm um custo fixo proibitivamente elevado deexportaccedilatildeo enquanto as outras obtecircm um custo fixo insignificante de modo que expressecomportamentos de exportaccedilatildeo heterogecircneos entre empresas de tipos idecircnticos

Os autores colocam ainda que a produccedilatildeo realizada por uma firma com umtrabalhador eacute dada por 119891(120579 120595) = (120579120595)120590 onde 120590 gt 0 com 120579 representando o tipo dotrabalhador e 120595 eacute o da firma Nessa formataccedilatildeo as receitas estatildeo aumentando tanto notipo de empresa quanto no de trabalhador apresentando complementaridade entre os doistipos logo 119891120579120595 gt 0 A empresa aloca sua produccedilatildeo em dois mercados o domeacutestico e oestrangeiro de modo que as receitas marginais sejam igualadas em ambos e que quando umaempresa exporta suas receitas aumentam As receitas (119877) de uma empresa exportadora enatildeo exportadora satildeo descritas da seguinte forma

119877119889(120579 120595) = (119860119889120579120595)120590(120578minus1)

120578 (41)

119877119909(120579 120595) = (119860119909120579120595)120590(120578minus1)

120578 (42)

Define-se 119860119889 = 1198641

120590(120578minus1) e 119860119909 = (119864 + 119864120591 1minus120578)1

120590(120578minus1) onde 120578 gt 1 eacute o paracircmetro da

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elasticidade da demanda o subscrito 119889 indica mercado domeacutestico e 119909 o estrangeiro 119864representa as despesas reais totais domeacutesticas 119864 as estrangeiras e 120591 gt 1 o custo detransporte que caracteriza as diferenccedilas entre as empresas exportadoras

Verifica-se diretamente que dado 120579 e 120595 as receitas de uma empresa exportadorasatildeo maiores do que as de uma natildeo exportadora Assim foi estabelecido a propriedade deque a exportaccedilatildeo eacute isomoacuterfica para o aumento da produtividade de uma empresa o quepermite analisar o efeito do status de exportaccedilatildeo sobre o matching a partir do efeito queempresas mais produtivas versus menos produtivas tem sobre o mesmo

Dessa forma falta deduzir as condiccedilotildees que levam a decisatildeo de realizar ou natildeo omatching Primeiramente os autores caracterizaram como seriam os salaacuterios os lucros eas condiccedilotildees do segundo periacuteodo O trabalhador e a empresa aceitaratildeo realizar o mtchingse o excedente dessa relaccedilatildeo for positivo Isto eacute verificado a partir da seguinte condiccedilatildeodeduzida pelos autores

(120579120601)120572 minus 12120601

2120572 minus 12120579

2120572 + 2119888 ge 0 (43)

Com 120601 = 119860119894120595 e 119888 o custo de busca Essa condiccedilatildeo define o conjunto de aceitaccedilatildeoou seja o conjunto de pares (120579 120601) onde um matching eacute mutuamente aceitaacutevel O conjuntode trabalhadores que realizam o matching com a firma 120601 satildeo indicados por 119860(120601) ondeos limites desse conjunto satildeo monotonicamente crescentes em 120601 o que demonstra que omatching positivo eacute vaacutelido na presenccedila de custos ou de fricccedilotildees de busca no mercado detrabalho

Definindo 119906(120601) e 119897(120601) respectivamente o tipo de trabalhador mais alto e maisbaixo que realiza o matching com firma do tipo 120601 As empresas exportadoras (ou maisprodutivas) toleram variaccedilotildees maiores ou menores no conjunto de trabalhadores com asquais elas realizam o matching Esse questionamento eacute respondido pelo principal resultadoteoacuterico estabelecido na Proposiccedilatildeo 1 onde a dispersatildeo de tipos de trabalhador eacute menorpara firmas exportadoras do que em relaccedilatildeo as natildeo exportadoras com idecircntico niacutevel deprodutividade inicial

Posto isto na proacutexima seccedilatildeo seraacute apresentado os dados e a metodologia paraverificar esse resultado de forma empiacuterica para os dados de mercado de trabalho e setorexportador brasileiros

43 Estrateacutegia EmpiacutericaPara atender ao objetivo proposto aplicou-se a estrateacutegia empiacuterica de Bombardini

Orefice e Tito (2015) para criar medidas que representam o tipo de trabalhador empregadopor firma O primeiro passo eacute construir os tipos este foi realizado com trecircs diferentes

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meacutetodos O primeiro seguiu a teoria descrita pelos mesmos autores ao usar o salaacuterio meacutediodo trabalhador durante o periacuteodo que estava empregado O segundo e terceiro adota-se ametodologia pioneira de Abowd Kramarz e Margolis (1999) que estima os efeitos fixos dotrabalhador partir de uma equaccedilatildeo de salaacuterios a diferenccedila entre o segundo e o terceiroestaacute no meacutetodo de estimaccedilatildeo no segundo utiliza-se a proposta inicial de Guimaratildees ePortugal (2010) e no terceiro o meacutetodo de penalizaccedilatildeo Least Absolute Shrinkage andSelector Operator - Lasso apresentado pioneiramente por Tibshirani (1996)

Em um segundo momento de posse da variaacutevel que representa os tipos de traba-lhadores constroacutei-se trecircs medidas que representam o conjunto de matching ideal para cadaempresas a meacutedia o desvio padratildeo e o intervalo interquartiacutelico de tipos de trabalhadorescom o intuito de averiguar se essas medidas satildeo sistematicamente diferentes entre exporta-dores e natildeo exportadores Antes de descrever com mais detalhes essas medidas faz-se umabreve descriccedilatildeo da base de dados utilizada no modelo empiacuterico

431 Base de Dados

A base de dados utilizada foi do tipo empregador-empregado combinados para osanos de 2003 a 2013 Essa base tem uma caracteriacutestica singular pois permite acompanharos trabalhadores e as firmas ao longo dos anos possibilitando identificar os movimentosentre eles Essas informaccedilotildees estatildeo presentes na Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais(RAIS) divulgada pelo Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) que tem como fontedireta as proacuteprias empresas registradas formalmente que satildeo obrigadas por lei a comunicaranualmente informaccedilotildees sobre cada trabalhador contratado por ela Essa base conteacuteminformaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas individuais das empresas e dos trabalhadores Comrelaccedilatildeo as empresas haacute informaccedilotildees sobre o seu porte classificaccedilatildeo de atividade naturezajuriacutedica e quantidade de trabalhadores Quanto aos trabalhadores haacute informaccedilotildees sobreraccedila sexo grau de instruccedilatildeo idade tipo de admissatildeo salaacuterio anual e ocupaccedilatildeo que estaacutede acordo com a Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de 2002 (CBO 2002)

Aleacutem disso utilizou-se de informaccedilotildees a niacutevel de firma sobre o seu status deexportaccedilatildeo estas foram provenientes da Secretaria de Comeacutercio Exterior (Secex) para operiacuteodo de 2003 a 2013 Com isso foi definida uma variaacutevel binaacuteria que indica o status deexportaccedilatildeo da empresa cujo valor seraacute 1 se a firma for exportadora de qualquer produtopara qualquer destino

A base final utilizada para as estimaccedilotildees conta com 183432 observaccedilotildees paracada ano Eacute composta por trabalhadores com viacutenculo ativo no mercado formal brasileirono periacuteodo de 2003 a 2013 e que permaneceram empregados durante esse periacuteodo Foiconsiderado os indiviacuteduos com idade entre 18 a 65 anos em 2003 com carga horaacuteria detrabalho de 40 ou mais horas por semana Os salaacuterios foram deflacionados pelo INPC como ano de 2003 como base

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Para controlar os possiacuteveis outliers removeu-se as observaccedilotildees nas quais o logaritmodo salaacuterio real fosse maior do que 5 desvios padrotildees em relaccedilatildeo a meacutedia Considerou-se tambeacutem apenas empresas que tinham a partir de 5 empregados Excluiu-se aindatrabalhadores com dados incoerentes por exemplo aqueles que apresentaram em 2003 idadeou escolaridade acima do que foi apresentado em 2013 Natildeo foi considerado os trabalhadoresque permaneceram em uma uacutenica empresa durante todo o periacuteodo considerado poispara captar o efeito do trabalhador e da firma sobre os salaacuterios necessita-se separaras caracteriacutesticas de ambos e para tanto precisa-se observar um trabalhador em firmasdiferentes e observar as firmas com trabalhadores diferentes formando um grupo que seraacutedenominado de grupo ldquoconectadordquo na subseccedilatildeo seguinte essa questatildeo seraacute mais detalhada

432 Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma

Destaca-se inicialmente que o modelo teoacuterico pressupotildee que os salaacuterios satildeo oresultado de um jogo de barganha entre empresas e trabalhadores Isto eacute importante para aanaacutelise empiacuterica uma vez que os salaacuterios devem refletir as caracteriacutesticas dos trabalhadorese das empresas Dado que os salaacuterios no Brasil satildeo regidos pela Consolidaccedilatildeo das Leis doTrabalho (CLT ) onde o

Art 444 - As relaccedilotildees contratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulaccedilatildeo das partes interessadas em tudo quanto natildeo contravenhaagraves disposiccedilotildees de proteccedilatildeo ao trabalho aos contratos coletivos que lhessejam aplicaacuteveis e agraves decisotildees das autoridades competentes (BRASIL1943)

Este artigo trata das relaccedilotildees de trabalho e uma das condiccedilotildees tratadas eacute o valordo salaacuterio que pelo artigo eacute objeto de livre negociaccedilatildeo entre as partes envolvidas Dessaforma assume-se que o quadro institucional brasileiro atende a premissa posta pelo modeloteoacuterico de Bombardini Orefice e Tito (2015)

Posto isto parte-se para a descriccedilatildeo mais detalhada da construccedilatildeo da variaacutevel querepresenta o tipo de trabalhador A primeira construccedilatildeo utiliza de um ponto de vistateoacuterico a meacutedia de salaacuterio durante a vida como proxy para o tipo de trabalhador paracaptar isso foi utilizado o logaritmo do salaacuterio real entre o periacuteodo considerado 2003 a2013 Justifica-se o uso dessa proxy porque a meacutedia de salaacuterio da vida eacute monotonicamenterelacionado ao tipo de trabalhador (120579) uma vez que um trabalhador mais produtivocontribui mais para as receitas ganhando em meacutedia um salaacuterio mais alto ao esperarrealizar um matching com uma empresa do tipo alto isto considerando um equiliacutebrio sematrito Bombardini Orefice e Tito (2015) demonstra formalmente que a meacutedia salaacuterio davida eacute crescente no tipo de trabalhador (120579)

A primeira medida aleacutem de capturar o tipo de trabalhador captura tambeacutem osefeitos da medida do conjunto de matching e a produtividade meacutedia da empresa dentro

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desse conjunto de um trabalhador com habilidade 120579 Para remover esse efeito construiu-seos tipos de trabalhadores a partir da metodologia de Abowd Kramarz e Margolis (1999) eAbowd Kramarz e Woodcock (2008)

Esta uacuteltima metodologia visa decompor os salaacuterios nos componentes dos traba-lhadores e da firma A equaccedilatildeo (44) descreve o log dos salaacuterios para o trabalhador 119894empregado na empresa 119895 no tempo 119905

ln119908119894119905 = 119909prime119894119905120573 + 120579119894 + 120595119869(119894119905) + 120576119894119905 (44)

onde 119908119894119905 eacute o logaritmo dos salaacuterios reais anual 120579119894 eacute o do componente do trabalhadori e 120595119869(119894119905) eacute o componente da firma A funccedilatildeo 119869(119894 119905) = 119895 identifica a empresa que estaacuteempregando o trabalhador i no tempo t O vetor 119909119894119905 inclui caracteriacutesticas do trabalhadorque variam no tempo como educaccedilatildeo experiecircncia idade portanto o componente 120579 capturaas diferenccedilas no salaacuterio explicada pela habilidade e outras caracteriacutesticas do trabalhadorinvariantes no tempo por isso seraacute uma proxy para identificar o tipo do trabalhador

Assumi-se ainda que o termo de erro 120598119894119905 possui meacutedia zero eacute iid ao longo dotempo e entre trabalhador No entanto para manter esse pressuposto exige-se que amobilidade do emprego seja exoacutegena dependendo apenas de caracteriacutesticas observaacuteveisdos trabalhadores e das firmas Manteremos esse pressuposto ao considerar 120579 e 120595119869(119894119905)

Para isolar os efeitos fixos originados do trabalhador e da firma separadamenteprecisa-se observar o mobilidade dos trabalhadores entre as empresas gerando-se umgrupo de empresas e trabalhadores cuja ldquoconexatildeordquo entre eles eacute dada pelo movimento dostrabalhadores entre essas empresas A partir disso eacute possiacutevel identificar o efeito fixo dotrabalhador pois este efeito eacute comum a todos os periacuteodos de trabalho do indiviacuteduo e suaidentificaccedilatildeo requer a observaccedilatildeo deste indiviacuteduo em diferentes firmas Da mesma forma eacutepossiacutevel identificar o efeito fixo da firma pois este efeito eacute comum a todos os trabalhadoresda empresa e sua identificaccedilatildeo exige coletar observaccedilotildees sobre vaacuterios funcionaacuterios destaempresa (ABOWD KRAMARZ MARGOLIS 1999 BOMBARDINI OREFICE TITO2015)

De modo geral o grupo ldquoconectadordquo eacute definido como o grupo onde haacute um movimentode trabalhadores entre as empresas ou seja eacute formado por todos os trabalhadores quejaacute trabalharam ou trabalham para qualquer empresa do grupo juntamente com todas asempresas que possuiacuteram ou possuem estes trabalhadores que estatildeo incluiacutedos no grupo

Com essa amostra formada estima-se os efeitos fixos da equaccedilatildeo (44) por dois meacute-todos 119886) por Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO) proposto inicialmente por Guimaratildeese Portugal (2010) e 119887) pelo meacutetodo de penalizaccedilatildeo do Lasso

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a) Procedimento proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)

Bombardini Orefice e Tito (2015) utiliza o algoritmo Gauss-Seidel que consisteem resolver um conjunto particionado de equaccedilotildees como (44) dando inicialmente umchute sobre os coeficientes Esse meacutetodo foi proposto por Guimaratildees e Portugal (2010)no entanto eacute um procedimento dispendioso computacionalmente por isso optou-se pelouso do estimador proposto recentemente por Correia (2016) para modelos lineares comvaacuterios niacuteveis de efeitos fixos Este estimador eacute uma versatildeo melhorada do estimador deGuimaratildees e Portugal (2010) por ser mais viaacutevel e eficiente em termos computacionaisaleacutem de conduzir a uma melhoria nas estimativas e na inferecircncia de modelos com mais deum tipo de efeitos fixos

Os efeitos fixos dos trabalhadores e das empresas seratildeo portanto os coeficientes dasvariaacuteveis dummies que identificam o trabalhador e a empresa em que este estaacute empregadoA vantagem desse meacutetodo estaacute na natildeo necessidade de se calcular a matriz inversa quedetermina o vetor de coeficientes Foi possiacutevel obter as estimativas dos efeitos fixos para183432 indiviacuteduos e 9113 empresas

b) Meacutetodo do Lasso

Um alternativa ao que foi descrito anteriormente seria atraveacutes do meacutetodo do Lassocomumente utilizado para estimar sobre um conjunto de dados conhecido como HighDimensional Sparse (HDS) caracterizado por ter um grande nuacutemero de observaccedilotildees e decovariadas

A questatildeo principal estaacute no fato do modelo (44) ser composto em grande partepor dummies que identificam individualmente o trabalhador ou a firma Por exemplodado que haacute 183432 trabalhadores o modelo contaraacute com no miacutenimo 183432 dummiesde identificaccedilatildeo de trabalhadores aleacutem das covariadas e das dummies que identificamas firmas Nessas condiccedilotildees a dimensatildeo da matriz torna lento e talvez ateacute inviaacutevel aexecuccedilatildeo computacional do modelo nos moldes tradicionais

Uma seacuterie de estudos recentes tecircm mostrado que Lasso eacute uma atraente meacutetodocomputacionalmente eficiente para se estimar os paracircmetros em modelos HDS O seuobjetivo eacute ldquopenalizarrdquo a soma dos quadrados dos resiacuteduos atraveacutes da soma ponderada dosvalores absolutos dos coeficientes(BELLONI CHERNOZHUKOV HANSEN 2011)

Esse procedimento cria uma ldquoaproximaccedilatildeordquo do domiacutenio da funccedilatildeo objetivo no zeroe obriga os coeficientes que seriam proacuteximos a zero caso fossem estimados por MQO aserem exatamente zero ao utilizar o Lasso Dessa forma eacute possiacutevel encontrar dentre 119901prime119904

coeficientes potenciais apenas 119904 coeficientes diferentes de zero que possuem alto poderexplicativo

Como descrito por Belloni Chernozhukov e Hansen (2011) o modelo de regressatildeo

68

HDS eacute caracterizado por ter muitas variaacuteveis de controle (119901) e provavelmente muito maiordo que o tamanho da amostra (119899) No entanto os autores consideram que apenas umnuacutemero relativamente pequeno (119904 lt 119899) destes regressores satildeo importantes para a capturacom precisatildeo das principais caracteriacutesticas da funccedilatildeo de regressatildeo Sendo assim considereum modelo de regressatildeo parameacutetrico

119910119894 = 1205730 + 119909prime

119894120573 + 120598119894 120598119894 sim 119873(0 1205902) 1205730 isin Rp 119894 = 1 119899 (45)

onde 119910prime119894119904 satildeo observaccedilotildees da variaacutevel resposta 119909prime

119894119904 satildeo as covariadas com dimensatildeo fixa119901 e 120598prime

119894119904 satildeo os termos de erro aleatoacuterio iid normalmente distribuiacutedo onde 119901 le 119899 oupossivelmente 119901 ge 119899 O pressuposto fundamental do modelo eacute que o verdadeiro valor doparacircmetro 120573 tenha apenas 119904 componentes diferentes de zero tal que 119904 lt 119899 Portantopara encontrar o vector de estimativas 119897119904119904 Lasso realiza-se a minimizaccedilatildeo dos quadradosdos resiacuteduos sujeita a uma restriccedilatildeo dada pela penalizaccedilatildeo a partir da norma 1198711 doscoeficientes assim temos a expressatildeo para o Lagrangiano

119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

| 120573119895 | (46)

onde sum119901119895=1 | 120573119895 | le 119904 observe que quanto menor 120582 mais as estimativas se aproximam

do MQO e quanto maior 120582 maior seraacute a penalizaccedilatildeo sobre os coeficientes No entanto foiquestionado se o Lasso fornece a propriedade de consistecircncia dos coeficientes selecionadosZou (2006) observou situaccedilotildees nas quais o Lasso natildeo atende a essa propriedade e propocircso chamado Lasso Adaptativo (adaLasso) Esse meacutetodo possui as mesmas caracteriacutesticasdo Lasso inicial o que diferencia eacute a adoccedilatildeo de pesos para os coeficientes A expressatildeo donovo estimador eacute dado por

119886119889119897119904119904 = arg min12057301205731120573119901

119899sum119894=1

1205981198942 + 120582

119901sum119895=1

120596119895 | 120573119895 | (47)

Dessa forma aqueles coeficientes que possuem um menor peso aparentemente satildeomenos relevantes para o ajuste do modelo e portanto seratildeo mais penalizados Assimconsiderando a penalizaccedilatildeo apenas sobre os coeficientes das dummies dos trabalhadores edas firmas foi possiacutevel captar 156284 coeficientes com maior poder explicativo para ostrabalhadores e 9113 para as firmas

433 Medidas de Tipo de Trabalhadores

Seguindo com a estrateacutegia empiacuterica e com as estimativas dos tipos de trabalhadoresdisponiacuteveis parte-se agora para a construccedilatildeo das medidas de meacutedia e dispersatildeo do tipo de

69

trabalhador a niacutevel da empresa Foi construiacuteda as variaacuteveis 119872119890119889119879119879119895119905119863119901119879119879119895119905 e 119868119868119876119879119879119895119905

119872119890119889119879119879119895119905 = 1120578119895119905

sum119894120598119868119895119905

120579119894 (48)

119863119901119879119879119895119905 = 1120578119895119905

⎯sum119894120598119868119895119905

(120579119894 minus119872119890119889119879119879119895119905)2 (49)

119868119868119876119879119879119895119905 = 12057911989575o minus 12057911989525o (410)

onde a variaacutevel 119872119890119889119879119879119895119905 eacute a meacutedia de tipos de trabalhador a variaacutevel 119863119901119879119879119895119905representa o desvio padratildeo dos tipos de trabalhador e 119868119876119877119879119879119895119905 eacute o intervalo interquartiacutelicodado pela diferenccedila entre o terceiro e primeiro quartil da distribuiccedilatildeo de tipos do tralhadorambas as variaacuteveis satildeo construiacutedas para cada firma 119895 O termo 119868119895119905 eacute o conjunto detrabalhadores empregados pela empresa 119895 no tempo 119905 e 12057911989575o e 12057911989525o satildeo os tipos detrabalhadores nos 75o e 25o percentil da distribuiccedilatildeo de tipos de empregados da empresa 119895

Apoacutes a criaccedilatildeo dessas variaacuteveis ao estimar o efeito do setor exportador sobreas escolhas do matching eacute necessaacuterio ainda controlar para o tipo de empresa Comocolocado por Eeckhout e Kircher (2011) e adotado por Bombardini Orefice e Tito (2015)o componente da firma extraiacutedo da regressatildeo de salaacuterios pelo meacutetodo Abowd Kramarz eMargolis (1999) eacute teoricamente ambiacuteguo isto eacute pode ser positivo negativo ou zero Aleacutemdisso os autores argumentam que o componente da firma ideal eacute uma medida do tipo deempresa que eacute especiacutefica para cada trabalhador dentro dessa empresa No entanto essamedida natildeo eacute mensuraacutevel pois as que estatildeo disponiacuteveis aparecem apenas como variaacuteveisagregadas e natildeo expressatildeo a relaccedilatildeo de trabalho dentro da empresa como eacute o caso daproduccedilatildeo e dos lucros onde os quais natildeo satildeo possiacuteveis de serem mensuraacuteveis para cadatrabalhador

Seguindo essa estrateacutegia Bombardini Orefice e Tito (2015) fez uso de proxiesque possam captar os efeitos fixos da firma (120595) dentre elas estatildeo o valor adicionado portrabalhador a participaccedilatildeo no mercado domeacutestico e o logaritmo do emprego total Para oBrasil soacute foi possiacutevel ter acesso ao logaritmo do emprego total da empresa 119895 (119897119899119864119898119901119895119905)Utiliza-se essa uacuteltima como uma proxy de produtividade ou de intensidade da demanda deum produto da empresa

Com essas informaccedilotildees parte-se para verificar o efeito na participaccedilatildeo do comeacuterciointernacional sobre o comportamento dos diferentes matching de firmas e trabalhadores

434 Especificaccedilatildeo Empiacuterica

Dado a teoria da heterogeneidade do trabalhador e o modelo proposto por Bom-bardini Orefice e Tito (2015) espera-se que a especificaccedilatildeo empiacuterica (411) venha a captar

70

se as firmas exportadoras contratam trabalhadores de maior tipo meacutedio e devido a issoesta firma pagaraacute salaacuterios mais altos porque emprega melhores trabalhadores e natildeo so-mete porque aufere receitas mais elevadas com o mesmo tipo de trabalhador Com issoexpressa-se a especificaccedilatildeo de meacutedia de tipos de trabalhadores como

119872119890119889119879119879119895119905 = 1205730 + 1205731119864119909119901119900119903119905119895119905 + 1205732119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906119895119905 (411)

onde 119864119909119901119900119903119905119895119905 = 1 se a empresa j exporta no tempo t e 119863119894119899119889119905 satildeo dummies que identificamo setor de atividade da firma informados pela CNAE 20 e o tempo

Procura-se verificar para dados brasileiros se as firmas exportadores apresentamum matching com baixa dispersatildeo dos tipos de trabalhadores ou seja seraacute que as firmasparticipantes do setor exportador tendem a ter trabalhadores de tipos mais similaresPara captar isso tem-se a seguinte especificaccedilatildeo

119863119901119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (412)

Utiliza-se ainda como medida de dispersatildeo de tipos de trabalhadores o inter-valo interqartiacutelico utilizado como medida de robustez para a (412) que teraacute a seguinteespecificaccedilatildeo

119868119868119876119879119879119895119905 = 1205730 + 120573prime1119864119909119901119900119903119905119895119905 + 120573prime

2119897119899119864119898119901119895119905 +119863119894119899119889119905 + 119906prime119895119905 (413)

Ambas as especificaccedilotildees (411) (412) e (413) foram estimadas por MQO com errospadrotildees agrupados ao niacutevel de empresa Acrescenta-se em ambas especificaccedilotildees as variaacuteveisNuacutemero de Ocupaccedilotildees que a firma emprega e Proporccedilatildeo de Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevadodentro da firma ambas construiacutedas a partir da Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees de2002 (CBO 2002) de 2 diacutegitos denominada de Subgrupo Principal disposta no Apecircndice AFoi considerado trabalhadores como ldquoNiacutevel Elevado de Ocupaccedilotildeesrdquo aqueles que estavamna categoria cujo coacutedigo estaacute no intervalo de 01 a 27 do Subgrupo Principal da CBO 2002

Inclui-se essas uacuteltimas variaacuteveis devido ao fato das diferenccedilas na meacutedia de tipos detrabalhadores entre firmas exportadoras e natildeo exportadoras refletirem tambeacutem as diferenccedilasexistentes na estrutura ocupacional entre elas Eacute possiacutevel que empresas exportadorastenham em meacutedia tipo de trabalhadores mais elevados por empregarem trabalhadores deocupaccedilotildees maiores e portanto pagam maiores salaacuterios Espera-se que quanto maior onuacutemero de trabalhadores com ocupaccedilotildees mais elevadas maior seraacute a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados

71

44 ResultadosAntes de abordar os resultados empiacutericos procurou-se investigar de forma descritiva

se mesmo apoacutes a abertura comercial no Brasil ainda observar-se desigualdade salarialentre empresas participantes do setor externo e as natildeo participantes

Ao observar a figura 8 que expotildee a dispersatildeo do logaritmo dos salaacuterio reais para operiacuteodo entre 2003 a 2013 verificou-se uma leve diferenccedila positiva sobre a meacutedia de salaacuterios(identificada por um ponto) das firmas do setor externo em comparaccedilatildeo as domeacutesticaspara todos os anos considerados

Para complementar essa informaccedilatildeo foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnovcom o intuito de testar se as duas amostras exportadores e natildeo exportadores satildeo proveni-entes de uma mesma distribuiccedilatildeo contiacutenua Uma vez rejeitada essa hipoacutetese as diferenccedilasnas meacutedias salarias encontradas na figura 8 se devem ao fato das distribuiccedilotildees salariais dosetor exportador e do setor natildeo exportador serem diferentes

Ao observar os resultados na tabela 10 verifica-se que a hipoacutetese nula foi rejeitadaem todos os anos considerados sugerindo que as distribuiccedilotildees de salaacuterio satildeo diferentesentre as firmas exportadoras e as voltadas apenas para o mercado domeacutestico

Figura 8 ndash Dispersatildeo do Logaritmo dos Salaacuterios entre Empresas Exportadoras e Natildeo Exportadoras 2003 a 2013

Natildeo Exp Exp4

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2003

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2004

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2005

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2006

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2007

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2008

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2009

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2010

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2011

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2012

Natildeo Exp Exp

5

6

7

8

9

10

Log(Salaacuterio) 2013

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAIS

72

73

Tabela 10 ndash Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)Ano Statistic Ano Statistic2003 014189 2009 016701

2004 015349 2010 019592

2005 015567 2011 021021

2006 017544 2012 016605

2007 018118 2013 015534

2008 018026

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001

Parte-se agora para a anaacutelise dos resultados das estimaccedilotildees das equaccedilotildees (411)(412)e (413) para as trecircs metodologias propostas para o caacutelculo do tipo de trabalhador 1)a meacutedia do salaacuterio de vida 2) decomposiccedilatildeo do salaacuterios pelos meacutetodo deGuimaratildees ePortugal (2010) e 3) do Lasso Em cada coluna para todas as tabelas estatildeo as estimaccedilotildeesao acrescentar nessa ordem as seguintes variaacuteveis status de Empresa Exportadora Nuacute-mero de Ocupaccedilotildees Logaritmo do Total de Empregados a niacutevel de firma e Percentual deEmpregados com Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado da CBO 2002

Os resultados dispostos nas tabelas 11 12 e 13 diz respeito a meacutedia de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas Observa-se pela coluna 1 dessas tabelas uma relaccedilatildeopositiva e estatisticamente significante entre o status de exportaccedilatildeo e o tipo meacutedio dotrabalhador empregado pela empresa para ambos os meacutetodos economeacutetricos encontrados

O resultado para o status de exportaccedilatildeo permanece o mesmo ao colocar os controlepara estrutura ocupacional (Nuacutemero de Ocupaccedilotildees e Percentual de Ocupaccedilotildees de NiacutevelElevado) e para tipo de empresa (Logaritmo do Emprego)

Eacute possiacutevel indicar ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacional dasfirmas e quanto maior o percentual de ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002maior tenderaacute a ser o niacutevel meacutedio de tipos de trabalhadores empregados

Em relaccedilatildeo a variaacutevel tipo de empresa dada pelo logaritmo do total de empregadosna firma se apresentou tambeacutem positivo e significante Essa variaacutevel funciona como proxypara intensidade da demanda por produtos de uma firma indicando que quanto maioressa intensidade da demanda maior seraacute a meacutedia de tipos de trabalhadores empregadospor esta firma

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Tabela 11 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05259 04117 03680 03334

(00268) (00276) (00277) (00256)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00128 00049 00038

(00009) (00012) (00012)Log No Empregados 00836 00725

(00082) (00077) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 21674

(00701)Constante 69750 66313 63464 65430

(00567) (00605) (00663) (00628)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0057 0075 0088 0183AdjR2 0056 0075 0087 0182

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 12 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo de Guimaratildees ePortugal (2010)

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 05128 04030 03432 03171

(00197) (00202) (00201) (00187)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00124 00016 00008

(00007) (00009) (00008)Log No Empregados 01133 01051

(00064) (00061) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16127

(00549)Constante minus05021 minus06687 minus11465 minus11502

(00414) (00414) (00513) (00497)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0108 0134 0166 0242AdjR2 0108 0133 0166 0242

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

75

Tabela 13 ndash Meacutedia de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo do AdaLasso

Meacutedia de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 03154 02340 01975 01807

(00132) (00135) (00134) (00125)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00091 00025 00020

(00005) (00006) (00006)Log No Empregados 00699 00644

(00042) (00041) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 10523

(00381)Constante minus04303 minus06746 minus09128 minus08172

(00285) (00301) (00343) (00335)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0089 0119 0147 0219AdjR2 0089 0119 0147 0219

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

As tabelas 14 15 e 16 expotildee os resultados para o desvio padratildeo de tipos detrabalhadores empregados pelas firmas cuja distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalente aoexposto nas primeiras tabelas

Na coluna 1 onde natildeo satildeo adicionados os controles verificou-se uma relaccedilatildeo negativae significante entre o status de exportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregadosem uma firma Esse efeito permanece quando controlamos por estrutura ocupacional dafirma e por tipo de empresa para todas as propostas metodoloacutegicas para caacutelculo de tiposde trabalhadores

Os resultados mostram ainda que quanto mais diversificada a estrutura ocupacionaldas firmas maior seraacute a dispersatildeo de tipos de trabalhadores e quanto maior o percentualde ocupaccedilotildees de categorias elevadas da CBO 2002 menor tenderaacute a ser essa dispersatildeo detipos Esse resultado eacute apontado pela segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos detrabalhadoresem ambas as vaiaacuteveis nuacutemero de ocupaccedilotildees e percentual de trabalhadoresem niacuteveis elevados da CBO 2002 apresentaram-se positivos e significantes Jaacute a primeirametodologia apresentou resultado oposto em termos de sinal para as mesmas variaacuteveis

A variaacutevel tipo de empresa apresentou negativo e significante tambeacutem apenas paraa segunda e terceira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores indicando quequanto maior a de intensidade da demanda menor tenderaacute a ser a dispersatildeo de tipos detrabalhadores empregados por uma firma

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Tabela 14 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00108 minus00115 minus00162 minus00183

(00040) (00042) (00043) (00043)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00001 minus00008 minus00008

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados 00089 00082

(00016) (00016) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01324

(00168)Constante 03724 03702 03398 03518

(00094) (00102) (00113) (00113)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0008 0008 0012 0023AdjR2 0008 0008 0012 0023

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 15 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo deGuimaratildees e Portugal (2010)

Desvio Padratildeo de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00172 minus00383 minus00322 minus00307

(00064) (00066) (00066) (00066)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00024 00035 00035

(00002) (00003) (00003)Log No Empregados minus00116 minus00112

(00020) (00021) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00955

(00173)Constante 09637 09316 09807 09809

(00181) (00186) (00208) (00207)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0014 0023 0026 0029AdjR2 0014 0023 0026 0028

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

77

Tabela 16 ndash Desvio Padratildeo de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodo doAdaLasso

(1) (2) (3) (4)Empresa Exportadora minus00223 minus00413 minus00358 minus00350

(00058) (00059) (00060) (00060)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00021 00031 00031

(00002) (00002) (00002)Log No Empregados minus00104 minus00101

(00018) (00019) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus00496

(00153)Constante 07474 06904 07258 07213

(00171) (00184) (00201) (00202)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 0012 0021 0024 0025AdjR2 0012 0021 0024 0025

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Jaacute as tabelas 17 18 e 19 expotildee os resultados para o intervalo interquartiacutelico detipos de trabalhadores empregados pelas firmas A distribuiccedilatildeo de resultados eacute equivalenteao exposto nas tabelas anteriores

Esses resultados tambeacutem expressatildeo uma medida de dispersatildeo de tipos de trabalha-dores e expotildees os mesmos resultados quando utilizamos o desvio padratildeo como medidade dispersatildeo de tipos de trabalahdorescom exceccedilatildeo da variaacutevel de tipo de firma queapresentou-se positiva e significante em todos os meacutetodos adotados logoquanto maioro niacutevel de intensidade da demanda por produtos de uma firma maior seraacute o intervalointerquartiacutelico de tipos de trabalhadoresum resultado natildeo muito condizente com a teoriaadotada

No entanto com relaccedilatildeo a principal variaacutevel testada a status de exportaccedilatildeoverificou-se o mesmo resultado do que o encontrado para o desvio padratildeo de tipos comexceccedilatildeo do segundo meacutetodo ao controlar apenas por essa variaacutevel Portanto para os demaismodelos e meacutetodos encontrou-se uma relaccedilatildeo negativa e significante entre o status deexportaccedilatildeo e a dispersatildeo do tipo de trabalhador empregados em uma firma

78

Tabela 17 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores por Salaacuterio Meacutedio de Vida

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00184 minus00207 minus00231 minus00260

(00070) (00074) (00074) (00074)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00003 minus00002 minus00003

(00003) (00003) (00003)Log No Empregados 00046 00036

(00026) (00026) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01819

(00237)Constante 05209 05139 04984 05148

(00160) (00171) (00189) (00189)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0006 0006 0007 0014AdjR2 0006 0006 0007 0014

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Tabela 18 ndash Intervalo Interquartiacutelico do Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetodode Guimaratildees e Portugal (2010)

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora 00228 minus00336 minus00428 minus00397

(00117) (00119) (00121) (00121)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00064 00047 00048

(00004) (00005) (00005)Log No Empregados 00174 00184

(00037) (00037) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01914

(00303)Constante 12565 11709 10974 10978

(00340) (00343) (00382) (00380)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53733 53733 53733 53733R2 0009 0027 0029 0032AdjR2 0009 0027 0029 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

79

Tabela 19 ndash Intervalo Interquartiacutelico de Tipos de Trabalhadores Efeitos Fixos pelo Meacutetododo AdaLasso

Intervalo Interquartiacutelico de Tipos(1) (2) (3) (4)

Empresa Exportadora minus00030 minus00500 minus00550 minus00529

(00095) (00097) (00099) (00099)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00053 00044 00044

(00003) (00004) (00004)Log No Empregados 00095 00102

(00029) (00029) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado minus01304

(00242)Constante 09642 08229 07904 07786

(00289) (00302) (00326) (00326)Dummy Ano e CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 53721 53721 53721 53721R2 001 0029 003 0032AdjR2 0009 0029 003 0032

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepriaNota plt01 plt005 plt001 Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo

Os resultados aqui encontrados estatildeo conforme previsto pela teoria de BombardiniOrefice e Tito (2015) e vatildeo de encontro com os seus resultados para dados de empregador-empregado da Franccedila Como exemplo considere no trabalho de Bombardini Orefice eTito (2015) o resultado da primeira metodologia de caacutelculo de tipos de trabalhadores e asegunda especificaccedilatildeo com os controles de nuacutemero de ocupaccedilotildees e logaritmo do nuacutemero deempregados

Nesse resultado a magnitude do coeficiente da variaacutevel status de exportaccedilatildeo emtermos absolutos foi de 0073 para a meacutedia de tipos e de 0020 para a dispersatildeo de tiposou seja a diferenccedila esperada na meacutedia e na dispersatildeo do tipo de trabalhador entre a firmaexportadora e as natildeo exportadoras eacute de aproximadamente 0073 e 0020 respectivamente(mantendo as demais variaacuteveis constantes) Ao compararmos com os resultados encontradospara o Brasil sob o mesmo contexto verifica-se que essa diferenccedila esperada eacute de 0368para a meacutedia e 00162 para a dispersatildeo isso sugere que o setor exportador brasileiroapresenta um efeito relativamente maior sobre a meacutedia e menor sobre a dispersatildeo de tiposde trabalhador em comparaccedilatildeo com as empresas francesas exportadoras

Nas tabelas do Apecircndice A2 e A3 reporta-se os resultados considerando umapotencial endogeneidade sobre a dummy de status de exportaccedilatildeo causado por variaacutevelomitida ou vieacutes de seleccedilatildeo amostral como por exemplo caracteriacutesticas natildeo observaacuteveisdas firmas que podem afetar ao mesmo tempo o conjunto de tipos de trabalhadores e o

80

status de exportaccedilatildeo

Para abordar essa preocupaccedilatildeo desenvolveu-se duas estrateacutegias de variaacuteveis instru-mentais diferentemente da empregada pelos autores Bombardini Orefice e Tito (2015) Naprimeira estrateacutegia utilizou-se como instrumento para o status de exportaccedilatildeo a primeiradefasagem da meacutedia de tipos de trabalhadores Esta comporta-se como uma proxy paraprodutividade da firma no periacuteodo anterior atendendo ao fato de que firmas mais produti-vas tendem a ter melhores condiccedilotildees de arcar com custos de entrar no setor exportador emum periacuteodo seguinte O modelo foi estimando por Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios(2SlS)

A segunda estrateacutegia optou-se por adotar o meacutetodo de Lewbel (2012) geralmenteutilizado quando natildeo se tem instrumentos externos disponiacuteveis Este tambeacutem foi estimadopor Miacutenimos Quadrados de Dois Estaacutegios onde os instrumentos satildeo gerados internamente apartir da heterocedasticidade dos resiacuteduos das regressotildees do primeiro estaacutegio e multiplicadopor cada uma das variaacuteveis exoacutegenas

Realizou-se as duas estrateacutegias apenas para a meacutedia e desvio padratildeo de tipos detrabalhador gerados a partir do meacutetodo de Guimaratildees e Portugal (2010) e para os anos de2004 e 2010 Em termos gerais os resultado permaneceram os mesmos para o efeito do setorexportador para as duas estrateacutegias Assim firmas exportadoras empregam trabalhadoresde tipo alto em meacutedia e estes possuem baixa dispersatildeo

45 Consideraccedilotildees FinaisEstudos realizados para o Brasil sugerem que abertura comercial ocorrida nos anos

90 tenha gerado desigualdade salarial entre empresas participantes do setor externo eaquelas voltadas apenas para o setor domeacutestico Este trabalho expocircs de forma descritivaque essa desigualdade ainda existe em periacuteodos apoacutes a abertura mas precisamente entre2003 e 2013

Esses estudos apontam ainda que essa desigualdade salarial tem origem no fato deque trabalhadores com maior habilidade tendem a encontrar empresas mais produtivasEstas uacuteltimas por sua vez tem maiores condiccedilotildees de estar no setor exportador o queimplica em obter maiores receitas refletindo em meacutedia em salaacuterios mais altos

Partindo deste fato e utilizando dados empregador-empregado para o Brasilprocurou-se investigar se haacute diferenccedilas na realizaccedilatildeo do matching com trabalhadoresentre firmas exportadoras e natildeo exportadoras Essas diferenccedilas foram encontradas para operiacuteodo analisado aplicando trecircs diferentes meacutetodos de construccedilatildeo de tipos de trabalhado-res

Seguiu-se o modelo teoacuterico de matching com fricccedilotildees de busca no mercado de

81

trabalho de Bombardini Orefice e Tito (2015) Em linhas gerais os resultados sugeremque os exportadores empregam trabalhadores de tipo meacutedio mais alto ou seja realizam omatching com melhores trabalhadores

Adicionalmente essas empresas toleram um menor grau de dispersatildeo de tipos ouhabilidades entre os trabalhadores empregados Uma vez que o matching com o trabalhadorcerto torna-se importante pois um desvio da combinaccedilatildeo ideal reduzem rapidamente apossibilidade de receita Assim dado que as empresas exportadoras satildeo tambeacutem as maisprodutivas e empregam melhores trabalhadores estas realizam em meacutedias receitas maioreso que sugere-se o pagamento de salaacuterios maiores nesse setor em relaccedilatildeo ao domeacutestico

Dessa forma os resultados mais gerais vatildeo de encontro com o achado por Bombar-dini Orefice e Tito (2015) na Franccedila e para o Brasil segundo Krishna Poole e Zeynep(2014) e Helpman et al (2016) em que a composiccedilatildeo da forccedila de trabalho melhorasistematicamente nas empresas exportadoras em termos de combinaccedilatildeo de habilidadedos trabalhadores e qualidade do matching trabalhador e empresa apoacutes a liberalizaccedilatildeocomercial

Em termos de limitaccedilotildees deste trabalho estatildeo a falta de acesso a informaccedilotildees a niacutevelde firma como por exemplo o valor adicionado por trabalhador a participaccedilatildeo da firmano mercado interno o valor exportado eou importado por firma bem como o destino desuas exportaccedilotildees e a origem de suas importaccedilotildees As duas primeiras informaccedilotildees poderiacaptar de melhor forma a produtividade da firma e suas condiccedilotildees de mercado As uacuteltimasinformaccedilotildees seriam uma outra forma de captar o efeito do Comeacutercio Internacional sobre arealizaccedilatildeo de matching da firma com os trabalhadores do que apenas o uso da dummy destatus de exportaccedilatildeo

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ZOU H The adaptive lasso and its oracle properties Journal of the American StatisticalAssociation v 101 n 476 p 1418ndash1429 2006

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APEcircNDICE A ndash Classificaccedilatildeo Brasileira deOcupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos

Tabela A1 - Subgrupo Principal da CBO 2002

Coacutedigo Tiacutetulo1 MEMBROS DAS FORCcedilAS ARMADAS2 POLICIAIS MILITARES3 BOMBEIROS MILITARES11 MEMBROS SUPERIORES E DIRIGENTES DO PODER PUacuteBLICO12 DIRIGENTES DE EMPRESAS E ORGANIZACcedilOtildeES (EXCETO DE INTERESSE PUacuteBLICO)

13 DIRETORES E GERENTES EM EMPRESA DE SERVICcedilOS DE SAUacuteDE DA EDUCACcedilAtildeOOU DE SERVICcedilOS CULTURAIS SOCIAIS OU PESSOAIS

14 GERENTES20 PESQUISADORES E PROFISSIONAIS POLICIENTIacuteFICOS21 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS EXATAS FIacuteSICAS E DA ENGENHARIA22 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS DA SAUacuteDE E AFINS23 PROFISSIONAIS DO ENSINO24 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS JURIacuteDICAS25 PROFISSIONAIS DAS CIEcircNCIAS SOCIAIS E HUMANAS26 COMUNICADORES ARTISTAS E RELIGIOSOS27 PROFISSIONAIS EM GASTRONOMIA30 TEacuteCNICOS POLIVALENTES

31 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS FIacuteSICAS QUIacuteMICAS ENGENHARIAE AFINS

32 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO DAS CIEcircNCIAS BIOLOacuteGICAS BIOQUIacuteMICASDA SAUacuteDE E AFINS

33 PROFESSORES LEIGOS E DE NIacuteVEL MEacuteDIO34 TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO EM SERVICcedilOS DE TRANSPORTES35 TEacuteCNICOS DE NIVEL MEacuteDIO NAS CIEcircNCIAS ADMINISTRATIVAS

37 TEacuteCNICOS EM NIVEL MEacuteDIO DOS SERVICcedilOS CULTURAIS DAS COMUNICACcedilOtildeESE DOS DESPORTOS

39 OUTROS TEacuteCNICOS DE NIacuteVEL MEacuteDIO41 ESCRITURAacuteRIOS42 TRABALHADORES DE ATENDIMENTO AO PUacuteBLICO51 TRABALHADORES DOS SERVICcedilOS52 VENDEDORES E PRESTADORES DE SERVICcedilOS DO COMEacuteRCIO61 PRODUTORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA62 TRABALHADORES NA EXPLORACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA63 PESCADORES E EXTRATIVISTAS FLORESTAIS64 TRABALHADORES DA MECANIZACcedilAtildeO AGROPECUAacuteRIA E FLORESTAL71 TRABALHADORES DA INDUacuteSTRIA EXTRATIVA E DA CONSTRUCcedilAtildeO CIVIL72 TRABALHADORES DA TRANSFORMACcedilAtildeO DE METAIS E DE COMPOacuteSITOS73 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO E INSTALACcedilAtildeO ELETROELETROcircNICA74 MONTADORES DE APARELHOS E INSTRUMENTOS DE PRECISAtildeO E MUSICAIS75 JOALHEIROS VIDREIROS CERAMISTAS E AFINS

76 TRABALHADORES NAS INDUacuteSTRIAS TEcircXTIL DO CURTIMENTO DO VESTUacuteARIOE DAS ARTES GRAacuteFICAS

77 TRABALHADORES DAS INDUacuteSTRIAS DE MADEIRA E DO MOBILIAacuteRIO78 TRABALHADORES DE FUNCcedilOtildeES TRANSVERSAIS79 TRABALHADORES DO ARTESANATO

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81 TRABALHADORES EM INDUacuteSTRIAS DE PROCESSOS CONTIacuteNUOS EOUTRAS INDUacuteSTRIAS

82 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES SIDERUacuteRGICAS E DE MATERIAISDE CONSTRUCcedilAtildeO

83 TRABALHADORES DE INSTALACcedilOtildeES E MAacuteQUINAS DE FABRICACcedilAtildeO DECELULOSE E PAPEL

84 TRABALHADORES DA FABRICACcedilAtildeO DE ALIMENTOS BEBIDAS E FUMO

86 OPERADORES DE PRODUCcedilAtildeO CAPTACcedilAtildeO TRATAMENTO E DISTRIBUICcedilAtildeO(ENERGIA AacuteGUA E UTILIDADES)

87 OPERADORES DE OUTRAS INSTALACcedilOtildeES INDUSTRIAIS91 TRABALHADORES EM SERVICcedilOS DE REPARACcedilAtildeO E MANUTENCcedilAtildeO MECAcircNICA95 POLIMANTENEDORES99 OUTROS TRABALHADORES DA CONSERVACcedilAtildeO MANUTENCcedilAtildeO E REPARACcedilAtildeO

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APEcircNDICE B ndash Resultados para Meacutedia eDispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental

Tabela B1 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumentalpara Status de Exportaccedilatildeo

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 127897 104198 minus10613 minus07528

(12094) (08569) (01246) (00859)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees minus01448 minus01248 01778 00156

(00184) (00141) (00019) (00014)Log No Empregados minus03854 minus02213 00252 00067

(00678) (00499) (00070) (00050) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 01899 06120 minus00059 minus00061

(03621) (02772) (00406) (00308)Constante 04533 minus03753 08029 09023

(05827) (05313) (00590) (00481)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Weak instruments⋆ 1118 1487 1118 1487

Wu-Hausmandagger 541244 680876 1851 1294

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeo⋆O p-valor em Weak instruments rejeita a hipoacutetese nula de instrumentos fracosdagger Wu-Hausman tem hipoacutetese nula de que os estimadores de IV e OLS satildeo iguais e

portanto poderia tratar a variaacutevel endoacutegena como exoacutegena nesse caso rejeita-setal hipoacutetese assim a variaacutevel status de exportaccedilatildeo eacute de fato endoacutegena

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Tabela B2 - Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos de Trabalhadores Variaacutevel Instrumental Lewbel(2012)

Meacutedia de Tipos Desvio Padratildeo de Tipos

2004 2010 2004 2010

Empresa Exportadora 03059 03629 -00398 -00310

(00369) (00355) (00130) (00132)Nuacutemero de Ocupaccedilotildees 00016 -00029 00057 00068

(00020) (00019) (00006) (00006)Log No Empregados 00867 01050 -00135 -00166

(00093) (00087) (00031) (00030) Ocupaccedilotildees de Niacutevel Elevado 16408 16755 -01239 -00906

(00784) (00625) (00253) (00221)Constante -06114 -06441 08906 08885

(00495) (00484) (00179) (00175)

Dummy CNAE Sim Sim Sim SimNuacutemero de Observaccedilotildees 4565 4304 4565 4304Overidentificationdagger 204641 60418 12652 00907F-test Statistics Weak IV⋆ 9140538 5442671 9140538 5442671

Fonte Elaborado pelos Autores a partir dos dados da RAISNota plt01 plt005 plt001

Entre parecircnteses estaacute o desvio padratildeodagger A hipoacutetese nula eacute de que os instrumentos satildeo vaacutelidos ou seja satildeo natildeo

correlacionados com o termo de erro e que os instrumentos excluiacutedos satildeocorretamente excluiacutedos da equaccedilatildeo estimada

⋆ Uma estatiacutestica parcial F (F-test Statistics) maior do que 10 rejeitaa hipoacutetese nula de instrumentos fracos seguindo o criteacuteriode Staiger e Stock (1997)

  • Folha de rosto
  • Folha de aprovaccedilatildeo
  • Dedicatoacuteria
  • Agradecimentos
  • Epiacutegrafe
  • Resumo
  • Abstract
  • Lista de ilustraccedilotildees
  • Lista de tabelas
  • Sumaacuterio
  • Introduccedilatildeo
  • O Comeacutercio Internacional e Produtividade Uma Anaacutelise Geral
    • Introduccedilatildeo
    • Estatiacutesticas Descritivas Brasil e o Comeacutercio Internacional
    • Aspectos Teoacutericos Comeacutercio Internacional
    • Consideraccedilotildees Finais
      • Efeito do Comeacutercio Internacional sobre a Mobilidade Ocupacional
        • Introduccedilatildeo
        • Modelo Teoacuterico
        • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
          • Base de Dados
          • Padrotildees de Mobilidade Ocupacional
            • Estrateacutegia Empiacuterica
            • Resultados
            • Consideraccedilotildees Finais
              • Matching entre Firmas e Trabalhadores no Setor Exportador Evidecircncias para o Brasil
                • Introduccedilatildeo
                • Modelo Teoacuterico
                • Estrateacutegia Empiacuterica
                  • Base de Dados
                  • Medidas de Tipos de Trabalhadores por Firma
                  • Medidas de Tipo de Trabalhadores
                  • Especificaccedilatildeo Empiacuterica
                    • Resultados
                    • Consideraccedilotildees Finais
                      • Referecircncias
                      • Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees 2002 - 2 diacutegitos
                      • Resultados para Meacutedia e Dispersatildeo de Tipos por Variaacutevel Instrumental
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