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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS ENSILAGEM DE AVEIA PRETA: ESTABILIDADE AERÓBIA, PERDAS DE NUTRIENTES E POTENCIAL POLUIDOR DO EFLUENTE Autor: Samuel Laudelino Silva Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim MARINGÁ Estado do Paraná abril - 2014

ENSILAGEM DE AVEIA PRETA: ESTABILIDADE AERÓBIA, …ENSILAGEM DE AVEIA PRETA: ESTABILIDADE AERÓBIA, PERDAS DE NUTRIENTES E POTENCIAL POLUIDOR DO EFLUENTE ... Maria de Lourdes Scarparo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

ENSILAGEM DE AVEIA PRETA: ESTABILIDADE

AERÓBIA, PERDAS DE NUTRIENTES E POTENCIAL

POLUIDOR DO EFLUENTE

Autor: Samuel Laudelino Silva

Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim

MARINGÁ

Estado do Paraná

abril - 2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

ENSILAGEM DE AVEIA PRETA: ESTABILIDADE

AERÓBIA, PERDAS DE NUTRIENTES E POTENCIAL

POLUIDOR DO EFLUENTE

Autor: Samuel Laudelino Silva

Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim

Tese apresentada, como parte das exigências

para obtenção do título de DOUTOR EM

ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação

em Zootecnia da Universidade Estadual de

Maringá - Área de concentração: Pastagens e

Forragicultura.

MARINGÁ

Estado do Paraná

abril - 2014

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Silva, Samuel Laudelino

S586e Ensilagem de aveia preta: estabilidade aeróbia,

perdas de nutrientes e potencial poluidor do

efluente / Samuel Laudelino Silva. -- Maringá,

2014.

79 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim.

Tese (doutorado) - Universidade Estadual de

Maringá, Centro de Ciências Agrárias, 2014.

1. Silagem de aveia preta - Estabilidade

aeróbica. 2. Cereal de inverno. 3. Silagem de aveia

preta - Composição química. 4. Silagem de aveia

preta - Minerais. 5. Silagem de aveia preta -

Potencial poluidor. I. Jobim, Clóves Cabreira,

orient. II. Universidade Estadual de Maringá.

Centro de Ciências Agrárias. III. Título.

CDD 22.ed. 636.0862

ii

Que Mundo Maravilhoso

Que Mundo Maravilhoso

Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também

Eu as vejo florescer para nós dois

E eu penso comigo,

Que mundo maravilhoso

Eu vejo o céu azul e as nuvens tão brancas

O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da boa noite

E eu penso comigo,

Que mundo maravilhoso

As cores do arco-íris, tão bonitas nos céus

Estão também nos rostos das pessoas que se vão

Vejo amigos apertando as mãos, dizendo:

"Como você vai?"

Eles realmente dizem:

"Eu te amo!"

Eu vejo bebês chorando, eu os vejo crescer

Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei

E eu penso comigo,

Que mundo maravilhoso

Sim, eu penso comigo,

Que mundo maravilhoso

... E eu digo a mim mesmo,

Que mundo maravilhoso

Louis Armstrong (1901 – 1971)

iii

Ao Criador do Universo, pela essência, pela vida e por toda sapiência que dela

decorre.

OFEREÇO.

iv

Aos meus pais, Ozidio Laudelino Silva (in memoriam) e

Maria de Lourdes Scarparo Silva, pelo amor e pelas orações em meu favor.

A minha esposa, Valdirene Francisca Teixeira Silva, pelo amor, companheirismo

e compreensão e a nossa filha, Suíse Teixeira Silva, pela força que me faz sentir

renovado a cada dia.

Aos irmãos e irmãs e respectivas famílias, Ademir Passos,

Almir L. Silva (in memoriam), Ana L. Cassassus, Eliane L. Silva, Eni L. Silva,

Paulo L. Silva e Vandeir L. Scarparo.

Ao Sr. Claudiomir Soares Teixeira e Sra. Virgínia Francisca Teixeira.

A estas pessoas, parte e razão de minha existência,

DEDICO.

v

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado de Mato Grosso e à Universidade Estadual de Maringá,

pela oportunidade oferecida através do Programa de Doutoramento Interinstitucional

(Dinter) Unemat/UEM/Fapemat e apoio para a realização deste curso.

Ao Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de

Maringá, por possibilitar o desenvolvimento desse trabalho e à Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), pela concessão da bolsa de estudos.

Ao Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim, pela dedicada orientação e condução das

ideias, ensinamentos, estímulo e amizade no decurso dessa pesquisa.

Ao Prof. Dr. Elias Nunes Martins e a Profª. Drª Eliane Gasparino, por coordenar

as ações do Dinter pela UEM.

Ao Prof. Dr. Luiz Juliano Valério Geron, por coordenar as ações do Dinter, pela

Unemat.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação e do Departamento de Zootecnia

da UEM, Profª Drª Alice Eiko Murakami; Prof. Dr. Antonio Ferriani Branco; Prof. Dr.

Carlos Eduardo Furtado; Profª Drª Claudete Regina Alcalde; Prof. Dr. Ferenc Istvan

Bánkuti; Prof. Dr. Geraldo Tadeu dos Santos; Prof. Dr. Júlio Cesar Damasceno; Prof.

Dr. Ricardo Pereira Ribeiro; Prof. Dr. Ricardo Souza Vasconcellos; Profª Drª Paula

Adriana Grande; Prof. Dr. Marcos Weber do Canto e Prof. Dr. Ulysses Cecato, pela

vivência e pela oportunidade de ser sapiente no dia a dia da ciência.

Ao Departamento de Zootecnia, UEM, em especial ao servidor Francisco Wilson

de Oliveira, sempre prestativo nas informações, contribuindo para esse doutoramento.

Aos colegas e amigos doutorandos: Ana Lúcia Teodoro; Cristiano da Cruz; Edson

Sadayuki Eguchi; Edson Júnior Heitor de Paula; Herena Naoco Chisaki Isobe; Leandro

Castilho, Marice Cristine Vendruscolo; Maurício Arantes Vargas; Mábio Silvan José da

vi

Silva; Marcos Rogério Oliveira; Márcia de Matos Abreu; Osvaldo Martins de Souza;

Tamara Tais Três; Tatiani Botini Pires e Tatiane Oliveira, obrigado pelos momentos de

discussão, crescimento, apoio e demonstração de companheirismo.

Ao secretário do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Denílson Santos.

Aos funcionários do Laboratório de Análise de Alimentos e Metabolismo Animal

do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá, Cleuza Volpato e

Creuza de Souza Azevedo, pelo auxílio na realização das análises laboratoriais.

Ao servidor, Wilson Marssola, do Setor de Bovinocultura de Corte da Fazenda

Experimental Iguatemi, pelo auxílio e cooperação no desenvolvimento dos trabalhos.

Ao bolsista de apoio tecnológico do CNPq, Bruno Lala Silva, pelas instruções quando

das atividades laboratoriais.

Ao mestrando Antonio Vinicius Iank Bueno, por auxiliar nas discussões e

interpretações dos dados iniciais.

Aos acadêmicos do Grupo de Estudos em Silagens e Feno (GESF) Rafael Pires,

Rafael Novaes, Janaína Prietto, Caio Feitosa, Fernanda Donini e Viviane Gritti, pelo

apoio físico nas atividades práticas da pesquisa.

Por fim, não menos importantes, às pessoas que anonimamente colaboraram com

as atividades desta pesquisa, ajudando em mais essa etapa de minha formação.

vii

BIOGRAFIA

SAMUEL LAUDELINO SILVA, filho de Ozidio Laudelino Silva (in memoriam)

e Maria de Lourdes Scarparo Silva, brasileiro, casado, nascido em Barra do Bugre,

Mato Grosso, no dia 13 de maio de 1975.

Em março de 1993, iniciou na Escola Agrotécnica Federal de Cáceres, no curso

Técnico em Agropecuária (Agricultura e Zootecnia) concluindo em dezembro de 1996.

Em março de 1997, iniciou no curso de Bacharelado em Química, concluindo em

julho de 2001, e em março de 2002 inicia no segundo curso de graduação obtendo a

Licenciatura Plena em Química em junho de 2004, ambos pela Universidade Federal de

Mato Grosso.

Em março de 2006, iniciou no mestrado em Educação, na linha de pesquisa em

Educação e Meio Ambiente pelo Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade Federal de Mato Grosso, obtendo o título de mestre em março de 2008.

Em agosto de 2006, optou pelo cargo de professor da Universidade do Estado de

Mato Grosso - Unemat na área de Química, onde se efetivou e atualmente é lotado no

Departamento de Zootecnia, Campus Universitário de Pontes e Lacerda/MT.

Coordena desde 2008 projetos de extensão em interface com a pesquisa,

financiados pelo CNPq, MDA, MEC, Fapemat e Unemat na área de Agroecologia. Em

agosto de 2010, iniciou no doutoramento pelo Programa de Pós-graduação em

Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá, realizando pesquisas em conservação

de forragens, área de pastagens e forragicultura.

Tem experiência profissional nas áreas de Meio Ambiente e Química Ambiental,

atuando em consultorias nos temas: Agroecologia, Educação Ambiental e Tratamento

convencional e alternativo de água e efluentes.

Reside n Rua Porto Carreiro nº 917, em Cáceres-MT. mailto: [email protected]

viii

ÍNDICE

Página

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. xi

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xiii

RESUMO ................................................................................................................. xv

ABSTRACT ............................................................................................................ xvii

I – INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................. 1

II – REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 3

2.1 Potencial poluidor de silagens ............................................................ 3

2.2 Silagens de gramíneas tropicais e o efeito da densidade e do

tamanho da partícula na produção de efluentes .................................. 5

2.3 Densidade da massa ensilada (DE) .................................................... 6

2.4 Perda de matéria seca por gases produzidos na ensilagem ................ 6

2.5 Efluentes de silagens .......................................................................... 7

2.6 Estabilidade aeróbia ........................................................................... 9

2.7 Fatores e relações que influenciam a degradação da matéria orgânica ..... 10

2.8 Nitrogênio ........................................................................................... 11

2.9 Nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal ...................................... 12

2.10 Nitrito ................................................................................................. 12

2.11 Nitrato ................................................................................................. 12

2.12 Fósforo como fosfato .......................................................................... 13

2.13 Minerais em forrageiras ...................................................................... 13

2.14 Minerais ferro, zinco, cobre, cálcio, potássio, sódio, magnésio e

manganês ............................................................................................ 14

ix

2.15 Legislações e definições sobre efluentes ............................................ 14

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 17

III– OBJETIVOS GERAIS ............................................................................. 23

IV – Valor nutricional e perdas totais de matéria seca em silagens de aveia

preta (Avena strigosa Schreb.), em diferentes tamanhos de partícula e

densidade na ensilagem ............................................................................... 24

RESUMO ..................................................................................................... 24

ABSTRACT ................................................................................................. 25

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 26

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 27

Ensilagem e monitoramento dos silos ................................................ 28

Análises químico-bromatológicas ...................................................... 29

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 30

CONCLUSÕES ........................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 34

V – Estabilidade aeróbia de silagens de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

ensiladas com diferentes densidades e tamanhos de partícula ..................... 37

RESUMO ..................................................................................................... 37

ABSTRACT ................................................................................................. 38

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 39

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 39

Ensilagem e monitoramento dos silos ................................................ 40

Estabilidade aeróbia ........................................................................... 41

Degradação e mensuração da matéria orgânica ................................. 42

Modelo estatístico ............................................................................... 42

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 43

CONCLUSÕES ........................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 50

VI – Potencial poluidor e perdas de macro e micronutrientes por efluente de

silagem de aveia preta (Avena strigosa Schreb.) ......................................... 53

RESUMO ..................................................................................................... 53

ABSTRACT ................................................................................................. 54

INTRODUÇÃO ........................................................................................... 55

x

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 56

Avaliações agronômicas...................................................................... 57

Ensilagem............................................................................................ 57

Extração do suco e preparo das amostras............................................ 58

Análises de caracterização do potencial poluidor do efluente ........... 59

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 60

Teor de nitrogênio .............................................................................. 62

Teor de fósforo ................................................................................... 63

Teores de potássio e sódio .................................................................. 65

Teores de magnésio e cálcio ............................................................... 65

Teores de ferro, cobre e zinco ............................................................ 67

Teor de manganês ............................................................................... 68

Potencial poluidor de efluentes de silagens de aveia ......................... 68

Oxigênio dissolvido (O2) e a degradação da matéria orgânica (MO) .... 69

Relação carbono/nitrogênio e perda de matéria orgânica .................. 71

Caracterização do efluente de silagem de aveia preta ........................ 72

CONCLUSÕES ........................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 75

VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 79

xi

LISTA DE TABELAS

Página

II – REVISÃO DE LITERATURA

Tabela 1 Concentrações e contribuições unitárias típicas de DBO5 de

efluentes de acordo com sua classificação .........................................

4

Tabela 2 Definições de acordo com as Resoluções Conama n° 357 de 2005 e

430 de 2011 ........................................................................................

15

Tabela 3 Condições e padrões de lançamento de efluentes .............................. 15

IV – Valor nutricional e perdas totais de matéria seca em silagens de aveia preta

(Avena strigosa Schreb.), em diferentes tamanhos de partícula e densidade

na ensilagem

Tabela 1 Perdas de matéria seca por gases e efluente no 5° e no 60° dias após

a ensilagem de aveia preta .................................................................

31

Tabela 2 Composição química de silagem de aveia preta no momento da

abertura dos silos experimentais ........................................................

31

V – Estabilidade aeróbia de silagens de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

ensiladas com diferentes densidades e tamanhos de partícula

Tabela 1 Temperaturas médias da silagem de aveia preta e do ambiente no

intervalo de 0 a 96 h de exposição ao ar ............................................

43

Tabela 2 Diferenças de temperatura (°C) entre o ambiente e as silagens de

aveia preta, durante o tempo de exposição ao ar ...............................

44

Tabela 3 Valores de temperatura máxima (Tmax), tempo para atingir

temperatura máxima (TTmax) e tempo para quebra da estabilidade

aeróbia (TEA) de silagens de aveia durante 96 h de exposição ao ar ....

46

xii

Tabela 4 Valores médios de pH de silagens de aveia em diferentes

densidades e tamanhos médio de partículas, durante 192 h de

exposição ao ar ..................................................................................

47

Tabela 5 Concentração de matéria mineral (MM) em silagens de aveia no

intervalo de 0 a 96 h de exposição ao ar ............................................

49

VI – Potencial poluidor e perdas de macro e micronutrientes por efluente de

silagem de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

Tabela 1 Concentração de minerais nos efluentes (sucos) extraído no dia do

corte (APF), ao final da avaliação da estabilidade aeróbia das

silagens (SFE) e na silagem adicionado de água (SFA) ....................

60

Tabela 2 Caracterização físico-química do efluente de suinocultura e de

efluente (suco) de silagens de aveia preta, obtido após192 h de

exposição ao ar ..................................................................................

69

Tabela 3 Razão carbono/nitrogênio e carbono/fósforo no efluente da aveia

preta fresca e na silagem na abertura dos silos ..................................

72

Tabela 4 Caracterização do efluente extraído da forragem fresca de aveia

preta e ao final da avaliação da estabilidade aeróbia da silagem,

com 192 h de exposição ao ar ............................................................

72

Tabela 5 Relações de caracterização do efluente APF, SFE e SFA ................. 74

xiii

LISTA DE FIGURAS

Página

IV – Valor nutricional e perdas totais de matéria seca em silagens de aveia preta

(Avena strigosa Schreb.), em diferentes tamanhos de partícula e densidade

na ensilagem

Figura 1 Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio

à ensilagem da aveia preta, obtidos da estação metereológica da

Fazenda Experimental de Iguatemi ...................................................

28

V – Estabilidade aeróbia de silagens de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

ensiladas com diferentes densidades e tamanhos de partícula

Figura 1 Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio

à ensilagem da aveia preta, obtidos da Estação Metereológica da

Fazenda Experimental de Iguatemi ...................................................

40

Figura 2 Temperaturas médias das silagens em função do TMP (A; B e C) e

temperatura média do ambiente e das silagens avaliadas (D) ...........

45

Figura 3 Curvas do pH para os três TMP nas três DE com respectivas

equações de regressão ........................................................................

48

Figura 4 Perdas de MO (%) e concentração de MM (%) em silagens de

aveia, no intervalo de 0 a 96 h de exposição ao ar ............................

49

VI – Potencial poluidor e perdas de macro e micronutrientes por efluente de

silagem de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

Figura 1 Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio

à ensilagem da aveia preta, obtidos da Estação Meteorológica da

Fazenda Experimental de Iguatemi ...................................................

57

Figura 2 Concentração dos minerais: fósforo, magnésio, cálcio e manganês

nos extratos da forragem verde (APF) e nas silagens de aveia (SFE

e SFA) ................................................................................................

61

xiv

Figura 3 Concentração de cobre e zinco nos efluentes APF; SFE e SFA ........

61

Figura 4 Teor de nitrogênio, potássio, sódio e ferro nos efluentes APF; SFE

e SFA .................................................................................................

62

Figura 5 Valores de temperatura, pH e concentração de oxigênio dissolvido

nas amostras de efluente de aveia preta em três tamanhos médios de

partícula (TMP) e nas três densidades (DE) ......................................

70

Figura 6 Perda de MO ao longo de 192 h de exposição ao ar ......................... 71

RESUMO

No presente estudo foram conduzidos três experimentos. Avaliou-se a composição

química da forrageira e da silagem e a estabilidade aeróbia da silagem. O efluente

gerado no processo de ensilagem e após a abertura dos silos da silagem de aveia preta

(Avena strigosa Schreb.) foi submetido à análise mineral e de potencial poluidor. Os

trabalhos foram conduzidos na Fazenda Experimental de Iguatemi da Universidade

Estadual de Maringá situada no distrito Iguatemi, em Maringá/PR. No Experimento I,

objetivou-se determinar o valor nutricional e perdas de matéria seca por gases e por

efluentes em silagens de aveia preta. Ensilou-se em silos experimentais com volume de

0,015 m3. Após 60 dias abriram-se os silos e iniciou-se o monitoramento da

estabilidade aeróbia por 96 h. Findou-se a avaliação, classificando a silagem de aveia de

alta estabilidade aeróbia. A ensilagem foi produzida em três tamanhos de partículas

(TMP 5,0; 8,0 e 12,0 mm) e três densidades (DE 550; 600 e 650 kg/m3) totalizando

nove tratamentos com quatro repetições. As características fermentativas das silagens

mostraram-se dentro dos padrões esperados para a cultura de aveia. As perdas médias

de matéria seca foram maiores no tratamento TMP 5 mm e 600 kg/m3 no quinto dia, já

aos 60° dias a maior perda foi registrada no tratamento TMP 8 mm e 650 kg/m3. Não

houve diferenças (P<0,05) para os teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),

fibra em detergente neutro (FDN), matéria mineral (MM), lignina (Lig), hemicelulose

(Hem), celulose (Cel), carboidratos totais (CHO) e capacidade tampão (CT), em função

do tratamento aplicado. Porém, foram observadas diferenças para os valores de proteína

bruta (PB), extrato etéreo (EE), digestibilidade “in vitro” (DIVMS) e fibra em

detergente ácido (FDA). No Experimento II, objetivou-se avaliar a estabilidade aeróbia

da silagem de aveia preta, colhidos em três tamanhos de partícula e ensilados em três

densidades. No Experimento III, objetivou-se caracterizar, via análises físico-químicas

xvi

e bioquímicas, as perdas de nutrientes e estabelecer o potencial poluidor ocasionado

pelo efluente da silagem de aveia preta. As análises foram realizadas nos sucos-extratos

da forragem fresca (APF), das silagens no final do monitoramento da estabilidade

aeróbia (SFE) e aos 13 dias após o final da estabilidade em nove silos, os quais

receberam 50 mL de água por quilo de silagem. Os sucos extraídos foram submetidos à

análise dos minerais Nitrogênio (N); Fósforo (P); Potássio (K); Cálcio (Ca); Magnésio

(Mg); Sódio (Na); Cobre (Cu); Zinco (Zn); Ferro (Fe) e Manganês (Mn). Analisaram-se

os parâmetros de determinação do efeito poluidor, quais sejam: pH; demanda

bioquímica de oxigênio (DBO); demanda química de oxigênio (DQO); sólidos

suspensos totais (SST); nitrogênio amoniacal Kjeldahl (NAK); Nitrato (NO3-) e fósforo

total (Pt). Pela interpretação dos dados, pode-se inferir a seguinte ordem de potencial

poluidor para os três conjuntos de amostras APF<SFE<SFA. Esses efluentes da silagem

de aveia preta mostraram relação DQO/DBO maior que 2, indicando a existência de

matéria orgânica não biodegradável o que impacta negativamente o ambiente.

Palavras-chave: estabilidade aeróbia, cereal de inverno, composição química, minerais,

potencial poluidor

ABSTRACT

In the present study, three experiments were carried out. We evaluated the chemical

composition of forage and silage and aerobic stability of silage. The effluent generated

in the ensiling process and after opening the experimental silo of oat silage (Avena

strigosa Schreb.) were subjected to mineral analysis and pollution potential. The works

were carried out at the Iguatemi Experimental Farm, State University of Maringá

situated in the district of Iguatemi, in Maringá / PR. In the first experiment the objective

was to determine the nutritional value and losses of dry matter by gases and effluents in

oat silage. It was ensiled in experimental silo with a volume of 0,015 m3. After 60 days

the silo were opened and then began the monitoring of aerobic stability for 96 hours.

Ended up the evaluation, the oat silage was classified as high aerobic stability. The

silage was produced in three sizes of particles (MPS 5.0, 8.0 and 12.0 mm) and three

densities (550, 600 and 650 kg/m3) totaling nine treatments with four replications .

Fermentation characteristics of silages were within the expected for the cultivation of

oats standards. The average dry matter losses were highest at MPS 5 mm and 600 kg/m3

on 5th day, however at the 60 th

day the highest loss was recorded in the treatment MPS

8 mm and 650 kg/m3. There were no differences (P < 0.05) for dry matter (DM),

organic matter (OM) , neutral detergent fiber (NDF), mineral matter (MM), lignin (Lig),

hemicellulose (Hem), cellulose (Cel), total carbohydrates (CHO) and buffer capacity

(BC), considering the treatment applied. However, differences in the values of crude

protein (CP), ether extract (EE), in vitro digestibility of dry matter (IVDDM), and acid

detergent fiber (ADF) were observed. The second experiment aimed to evaluate the

aerobic stability of oat silage, harvested at three particle sizes and ensiled at three

densities. The third experiment aimed to characterize, via physicochemical and

biochemical analyzes, the nutrient losses, and establish the potential polluter caused by

xviii

effluent from oat silage. Analyses were performed in the silage effluent extracted from

fresh forage (EFF), at the end of monitoring aerobic stability (SAS) and thirteen days

after the end of stability in nine silo which received 50 ml of water per kilogram of

silage. The extracted effluent were subjected to analysis of mineral Nitrogen (N),

Phosphorus (P), Potassium (K), Calcium (Ca), Magnesium (Mg), Sodium (Na) , Copper

(Cu), Zinc (Zn), Iron (Fe) and Manganese (Mn). We analyzed the parameters for

determining the effect of pollution, namely: pH, biochemical oxygen demand (BOD),

chemical oxygen demand (COD) , total suspended solids (TSS), Ammonia Nitrogen

Kjeldahl test (ANKT), Nitrate (NO3-) and total Phosphorus (P). By the data

interpretation, we can infer the following order of pollution potential for the three sets

of samples APF < SFE < SFA. These effluents of oat silage showed a relationship

COD/BOD greater than 2 indicating the existence of non - biodegradable organic matter

which negatively impacts the environment.

Keywords: aerobic stability, winter cereal, chemical composition, minerals, pollution

potential

I – INTRODUÇÃO GERAL

A ensilagem surgiu a mais de 3.000 anos na Tunísia – Norte da África, conforme

papiros egípcios encontrados em escavamentos arqueológicos (Kirstein, 1963). Nesses,

são relatados o processo de ensilagem ocorrido entre os anos de 1500 - 1000 anos a.C.

Segundo (Amaral e Bernardes, 2010; Bolsen, 1995; Shukking, 1976), nessa época

utilizavam a planta inteira. A atividade de ensilar tornou-se manejo comum na idade

média avançando até os dias atuais, com as devidas atualizações tecnológicas que se

fizeram necessárias. O uso sistemático de silagem surge em torno de 1830, na

Alemanha e na Áustria. No Brasil, de acordo com Amaral e Bernardes (2010), a prática

da ensilagem teve seu início no final do século XIX.

Atualmente, a gestão agropecuária tornou-se indispensável o que torna o

conhecimento dinâmico e acelerado. Nesse aspecto, a produção de alimento caminha

lado a lado com a inovação para diminuir os impactos ambientais que a produção

agropecuária gera.

Atividades agropecuárias e de processamento de produtos de origem animal e

vegetal têm gerado sérios problemas ambientais como a poluição do ar, do solo, de

águas superficiais e em águas subterrâneas (Silva, 2011).

Os efluentes provenientes de atividades agropecuárias apresentam, em geral,

grande concentração de material orgânico, o seu lançamento em cursos d’água pode

proporcionar grande decréscimo na concentração de oxigênio dissolvido nesse meio,

cuja magnitude depende da concentração de carga orgânica e da quantidade lançada,

além da vazão do curso d'água receptor (Matos, 2005). Segundo Marcantonio et al.,

(2007), o lançamento de material orgânico oxidável na fonte hídrica, causa desequilíbrio

pelo excesso de material a ser oxidado o que leva as bactérias aeróbias a trabalharem em

ritmo acelerado, reduzindo significativamente a concentração de oxigênio no local,

2

podendo, com isso, provocar a morte por asfixia de peixes e demais animais aquáticos.

As águas residuárias de atividades agropecuárias podem conter resíduos de fertilizantes,

pesticidas, patógenos e, grande carga orgânica constituída por ácidos orgânicos,

carboidratos solúveis e insolúveis, proteínas e fibras. Dentre as formas de tratamento de

águas residuárias, que são consideradas de baixo custo de implantação e operação,

destacam-se as dos Sistemas Alagados Construídos (SACs) ou Wetlands na literatura

internacional (Eustáquio Júnior et al., 2010). É necessário observar que nem toda

espécie vegetal apresenta características adequadas para cultivo em SACs, pois devem

tolerar a combinação de inundação contínua e exposição a altas cargas tóxicas. Algumas

plantas forrageiras, dentre elas a aveia preta (Avena strigosa Schereb.), possuem essa

característica, suportando inundação e cargas de 400 kg dia-1

de Demanda Bioquímica

de Oxigênio (DBO) (Eustáquio Júnior et al., 2010).

Segundo Silva (1977), a DBO é definida como a quantidade de oxigênio

necessária para estabilizar a matéria orgânica, por microrganismos aeróbios mantidos

em temperatura e período de tempo determinados e a Demanda Química de Oxigênio

(DQO), como a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar a matéria orgânica,

por meio da utilização de um forte oxidante, geralmente o dicromato de potássio em

ácido sulfúrico e um catalizador. Quando a relação DQO/DBO é menor que 2, é

considerada como resíduo facilmente biodegradável recomendando o tratamento

biológico convencional (Agudo, 1992; Aquino et al., 2006; Braile e Cavalcanti, 1993).

Quando essa relação é maior que 2, indica a existência de matéria orgânica não

biodegradável, devendo, portanto, ser realizado tratamento físico-químico.

Na pesquisa bibliográfica verificou-se que a aveia preta tem aptidões que vão

além da fonte de alimentos (forragens, grãos e subprodutos destes). A aveia pode ser

utilizada também como agente despoluidor de fluxos de efluentes em sistemas SAC’s.

Nesse aspecto, a pesquisa traz abordagens sobre a utilização da forrageira como

silagens, a composição química da forragem e da silagem, características quanto à

estabilidade aeróbia e às perdas de matéria seca e matéria orgânica no decurso do tempo

de armazenamento e quando da exposição ao ar. Traz também informações sobre o

potencial poluidor do efluente de silagens em duas situações, na armazenagem e no

descarte de sobras agravados pela chuva.

II – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Potencial poluidor de silagens

A pecuária intensiva é uma forma de exploração concentradora de dejetos

animais, sabidamente possuidores de grande carga poluidora para o solo, o ar e a água

(Matos, 2005). Para diminuir eventuais danos ambientais, a produção agropecuária deve

atender aos diversos dispositivos legais em vigor nas esferas federal, estadual e

municipal (Marcantonio et al., 2007).

Considerando que silagens têm grande frequência na alimentação de animais

confinados (total ou parcial), surge a questão: o que pode ser feito para minimizar o

volume de efluentes produzidos pelo processo de ensilagem, minimizando os possíveis

impactos ambientais e as perdas de nutrientes?

Atento a essa questão, destaca-se que a ensilagem é um dos métodos mais

importantes de conservação de forragens com a finalidade de alimentar os animais no

período de escassez de forragem ou em diferentes sistemas de produção. Para Candido

et al. (2002), com a intensificação dos sistemas de produção, cresceu a demanda por

silagens com alto rendimento de forragem e valor nutritivo.

A busca por informações estará centrada no processo de produção de silagem,

visando identificar o quanto de efluentes é produzido e quanto de nutrientes pode ser

perdido por esse caminho. As principais características do efluente produzido por

silagens de capins e sua relação potencial poluidor ambiental, depende de diversos

fatores. Alguns destes serão abordados nesta pesquisa na tentativa de compreender os

fenômenos envolvidos na produção de silagem de qualidade e, o que isto implica nas

relações ambientais quando se produz efluente com elevadas taxas de DBO e DQO.

4

Loures et al. (2005), trabalhando com silagem de capim-tanzânia, encontraram as

seguintes médias para DBO (11.289 mg/L), DQO (36.279 mg/L), DQO/DBO (3,35), pH

(4,9), sólidos totais (34.395 mg/L) e sólidos totais fixos (16.533 mg/L). Os autores

afirmam que as quantidades encontradas para esses parâmetros encontram-se dentro da

amplitude aceita para efluente de silagens de gramíneas. Registra-se que mesmo sendo

inferiores àqueles reportados em outros artigos (Loures et al., 2003), representa um alto

valor, visto que a legislação brasileira estabelece valores máximos de DBO e DQO de

120 e 90 mg/L, respectivamente, para os esgotos e dejetos lançados em cursos de água

ou rios (CONSELHO..., 2011).

Na Tab. 1 estão dispostas algumas concentrações de DBO de acordo com a

origem do efluente.

Tabela 1. Concentrações e contribuições unitárias típicas de DBO5 de efluentes de

acordo com sua classificação

Tipo de Efluente Concentração DBO5 (mg/L)

Faixa Valor típico

Esgoto sanitário 200-500 300

Laticínio 1.000-3.500 1.500

Curtume 8.000-32.000 2.500 Cervejaria 400-2.000 1.700

Açúcar e álcool 1.000-25.000 7.000

Adaptado pelo autor de Braile e Cavalcanti (1993).

Porém, conforme Jobim et al. (2007), em qualquer sistema de produção animal a

qualidade dos alimentos que compõem a ração é de fundamental importância na busca

da eficiência. Ainda, destaca-se que, na maioria das explorações, os gastos com

alimentação animal representam a maior parte dos custos de produção. Diante disso, o

emprego de tecnologia adequada na produção de alimentos é fator primordial.

Especialmente as forragens conservadas como feno ou silagem podem ter seu valor

alimentício bastante alterado em razão dos procedimentos adotados para a sua produção

e conservação, e dos fenômenos bioquímicos e microbiológicos que ocorrem no

processo. Essas considerações, feitas por Jobim et al. (2007), levam a refletir sobre os

resíduos oriundos da produção da silagem e seus danos ao ambiente.

Muitos autores têm evidenciado que os diferentes processos de conservação de

forragens resultam em perdas de nutrientes de diversas ordens quer seja pelo manejo

empregado na colheita, quer seja no processo de ensilagem (Loures et al., 2003).

Estudos comprovam que no processo de ensilagem, a qualidade final do alimento está

diretamente relacionada à forragem que lhe deu origem e às condições em que o mesmo

5

foi ensilado. A qualidade da silagem é dependente da espécie vegetal utilizada no que se

refere ao seu grau de maturidade e teor de açúcares solúveis, assim como das operações

realizadas ao longo do processo de conservação, como rápido enchimento do silo,

expulsão do oxigênio da massa ensilada e correta vedação do silo ao longo de todo o

período de conservação (Loures et al., 2005). Porém, são escassas as informações a

respeito das perdas de nutrientes que ocorrem ao longo do período de ensilagem, na

forma de efluente.

Segundo McDonald et al. (1991), o efluente oriundo de silagens contém grande

quantidade de compostos orgânicos como açúcares, ácidos orgânicos, proteínas e outros

componentes provenientes do material ensilado, constituindo uma fonte nutricional para os

diferentes microrganismos saprófitos que vivem em córregos e rios. O efluente com essa

carga orgânica consome o oxigênio presente no leito, causando danos ambientais ao

ambiente aquático (Matos, 2005). A DBO no efluente da silagem é elevada, chegando a

superar em muito os valores encontrados no esgoto doméstico, considerada um sério

poluente para lençóis freáticos e cursos d'água (McDonald et al., 1991). O efluente é

corrosivo, fato que o torna difícil de ser armazenado. Em vista disso, o seu aproveitamento

tem sido recomendado, com ressalvas, como adubo de culturas e, na impossibilidade desta

reciclagem, deve-se efetuar o tratamento químico do efluente (Silva, 1977).

De acordo com Loures et al. (2003), o volume do efluente produzido em um silo é

influenciado, principalmente, pelo conteúdo de matéria seca da espécie forrageira

ensilada, tamanho de partícula e pelo grau de compactação, além de outros, como tipo

de silo e dinâmica de fermentação. A produção de efluente ocorre principalmente na

primeira semana de ensilagem (Bastiman, 1976; Haigh, 1999). Loures (2000),

estudando a produção de efluente para diferentes compactações, encontrou que mais de

55% do total de efluente foram produzidos nos primeiros dois dias em todas as

compactações estudadas.

2.2 Silagens de gramíneas tropicais e o efeito da densidade e do tamanho da

partícula na produção de efluentes

Em estudo realizado por Loures et al. (2005), as variáveis relativas à composição

química e fermentação das silagens, exceto o pH, não são alteradas em função de

tamanhos de partículas. Já o teor de MS da forragem influencia a compactação do silo,

determinando a densidade. A compactação da massa ensilada pode ser favorecida pela

6

redução do tamanho de partícula. Para McDonald et al. (1991), quanto menor o

tamanho de partícula maior a disponibilidade de carboidratos solúveis (CS) que

favorece o crescimento das bactérias láticas. Vários autores (Loures, 2000; Nussio et

al., 2002; Igarasi, 2002; Loures et al., 2005) destacam que o maior grau de compactação

está diretamente associado à redução do tamanho de partícula da forragem, podendo

contribuir para aumentar as perdas por efluente em forragens com menor teor de MS.

Loures et al. (2005) afirmam que a produção de efluentes em silagens representa perdas

de valor nutricional e risco de poluição ambiental.

2.3 Densidade da massa ensilada (DE)

Segundo Loures et al. (2005), em silagens não emurchecidas pode ocorrer

aumento da concentração de FDN em função das perdas por efluente, especialmente de

componentes do conteúdo celular. Ainda, o desaparecimento de carboidratos

fermentescíveis pode favorecer a elevação do teor de FDN como efeito de concentração

(Mahanna, 1993). Moser (1995) afirma que a respiração da forragem causa perdas de

carboidratos solúveis e ácidos orgânicos, o que ocorre durante o emurchecimento. Para

Loures et al. (2005), esse efeito poderia estar associado à menor intensidade de

degradação da fração FDN. Ainda segundo esses autores, somente o pH respondeu à

alteração no tamanho de partícula. Em avaliação do tamanho de partícula, Igarasi (2002)

verificou efeito significativo para pH, de modo que as silagens com menor tamanho

apresentaram valores de pH inferiores aos daquelas com partículas maiores. Resultados

correspondentes foram encontrados por Aguiar et al. (2000).

A produção de efluente é diretamente proporcional à umidade da forragem

ensilada, e na literatura há equações que podem ser utilizadas para sua estimativa

(Bastiman, 1976; Rotz et al., 1993).

2.4 Perda de matéria seca por gases produzidos na ensilagem

As silagens tendem a perder matéria seca no processo de ensilagem na forma de

gases e líquidos. Diminuem consequentemente o valor nutritivo (Pedroso et al., 2007),

em decorrência do desaparecimento de compostos de alta digestibilidade, como

carboidratos solúveis. Esse efeito é verificado na maior parte dos trabalhos em que a

produção de etanol não foi controlada. Schmidt et al. (2011b) e Balieiro Neto et al.

7

(2009) afirmam que, em média, as perdas de MS na forma de gases responderam por

96% das perdas totais de matéria seca nas vias fermentativas em silagens de gramíneas.

Para McDonald et al. (1991), em condições anaeróbias, leveduras obtêm energia da

fermentação de açúcares, produzindo dois moles de CO2 para cada mol de glicose

fermentado até etanol.

A produção de gases nas silagens significa perda de matéria seca. O estudo da

produção de gases e de compostos orgânicos voláteis (COV) em silagens tem recebido

da comunidade científica nacional e internacional pouca atenção, em estudos que tenha

como objetivo identificar, quantificar e viabilizar a diminuição das emissões (Aquino,

2006; Tavares, 2012) vindo a desenvolver novas tecnologias que mantenha a

sustentabilidade ambiental na produção desse volumoso essencial para a produção de

proteína animal.

Na ensilagem, a produção de gases está relacionada a duas etapas do sistema:

gases produzidos durante a fermentação e gases produzidos após a abertura dos silos

(Schmidt et al., 2011a). A importância para o estudo dos gases oriundos do processo de

ensilagem se deve ao grande volume de silagem que é produzido anualmente. Segundo

Schmidt et al. (2011a), citando divulgação realizada pelo Serviço Nacional de

Estatísticas Agrícolas, instituição americana, mais de 100 milhões de toneladas de

silagens de milho são usadas anualmente na alimentação dos rebanhos somente nos

EUA. Poucos estudos que avaliam a produção dos gases do efeito estufa (GEE) e dos

COV em silagens são realizados, onde diversos fatores (condições ambientais) e a

metodologia afetam os resultados obtidos (Hafner et al., 2010).

2.5 Efluentes de silagens

O surgimento de efluentes em silagens é ruim. Tal fenômeno decorre inicialmente

da ruptura celular durante o período de armazenamento da forragem. Pode ser

interpretado como reflexo de um processo de ensilagem inadequado, vindo a causar a

deterioração da silagem, levando a perdas em quantidade e qualidade do alimento.

Outro fator a ser considerado é que materiais com muita umidade são facilmente

compactados, resultando numa barreira física, que dificulta o escoamento do efluente,

deteriorando um volume maior de silagem (Woolford, 1984). Na observação de Loures

et al. (2003), o volume do efluente produzido em um silo é influenciado, pela

quantidade de matéria seca na forrageira ensilada e o grau de compactação. Ainda

8

segundo essa autora, há outros gargalos como o formato do silo, tratamento mecânico

recebido pela forragem, processo de fermentação e as condições climáticas quando do

corte e da ensilagem. De acordo com Vissers et al. (2007), a ensilagem de plantas com

alta umidade propicia a produção de efluente e favorece o crescimento de bactérias do

gênero Clostridium, que realizam proteólise e reduzem sobremaneira o consumo das

silagens. O efluente produzido é constituído por água, macro e micronutrientes,

compostos orgânicos solúveis, como proteínas, ácidos orgânicos, açúcares e

carboidratos (McDonald et al., 1991; Vissers et al., 2007). A produção de efluentes em

silagens causa prejuízo financeiro, ambiental e nutricional, uma vez que carreia

componentes fundamentais para a nutrição animal.

Segundo alguns autores (Loures et al., 2003; 2005; Schmidt et al., 2011a), os

parâmetros utilizados para a qualificação do potencial poluidor do efluente de silagens é

realizado via avaliação da DBO5 e DQO. Esses testes mensuram a concentração de

material orgânico em águas residuárias e efluentes de esgotos domésticos e industriais

(Silva et al., 1997). Segundo esses autores, as diferenças básicas entre os dois métodos

estão no oxidante utilizado e nas condições operacionais durante a análise. No teste da

DBO5, o oxidante utilizado é o oxigênio e a oxidação requer crescimento microbiano. O

resultado é obtido após cinco dias. No teste da DQO5, utiliza-se um oxidante forte, o

dicromato de potássio em ácido sulfúrico e um catalisador, e temperatura. A oxidação

do material orgânico é total para a maioria das substâncias orgânicas, fornecendo o

resultado em até 3 h (Silva et al., 1997). Só é possível firmar relações de

proporcionalidade entre as medidas de DBO5 e DQO, quando uma amostra é analisada

em ambos os parâmetros. Caso a amostra seja formada por compostos que são oxidados

por ambos os processos analíticos DBO5 e DQO, a DQO pode substituir a DBO5 ou ser

usada como indicação da diluição necessária para análise da DBO5.

A DBO5 do efluente de silagens é caracterizada como alta, normalmente muito

superior aos valores encontrados no esgoto doméstico e nos dejetos animais (Loures et

al., 2003; 2005). O potencial poluidor desse resíduo apresenta DBO5 entre 30 e 80 mil

mg O2/L (Arnold et al., 2000), enquanto no efluente doméstico encontram-se valores

entre 300 e 500 mg O2/L (McDonald et al., 1991; Silva et al., 1997).

O pH do efluente das silagens é enquadrado como ácido, podendo oferecer risco

às estruturas de concreto e ou metal de alguns tipos de silos e implementos (O’Donnell

et al., 1995). Pode também causar a morte da vegetação que entra em contato com esse

resíduo. Essas características diminuem as chances de aproveitá-lo como adubo de

9

pastagens ou na alimentação animal. A colheita no estádio fisiológico correto da planta

até a retirada da forragem e fornecimento reduz as perdas e, consequentemente, a

geração de compostos poluentes.

2.6 Estabilidade aeróbia

A fase de estabilidade aeróbia (EA) é tão importante quanto manter a ensilagem

em anaerobiose durante a fase de fermentação e armazenamento, quando é feito o

fornecimento no cocho. Silagem com boa EA pode elevar a temperatura do material em

2°C acima da temperatura ambiente em até 8 h, o que preserva o valor nutritivo do

material ensilado. A deterioração da silagem quando exposta ao ar é inevitável e pode

resultar em perda substancial de matéria seca (Woolford, 1984), o que geralmente

ocorre pela interação de atividades fúngicas e bacterianas (Taylor et al., 2002). O pH

tende a aumentar, ocorre acúmulo de amônia e o nível de ácidos orgânicos (láctico e

acético) são reduzidos (Kung e Ranjit, 2001). Dessa forma, a deterioração aeróbia da

silagem é função do aumento da temperatura e do pH pelo metabolismo de açúcares e

ácidos orgânicos por leveduras e bactérias (Spoelstra et al., 1988), o que normalmente

reduz a qualidade do material ensilado.

Têm sido realizados muitos estudos que tratam do efeito dos inoculantes

bacterianos sobre a estabilidade aeróbia de silagens, tanto no Brasil quanto no exterior.

Diversos fatores podem interferir nos resultados, como a microflora epifítica original,

umidade, teor de MS no momento da ensilagem, teor de CHO totais dentre outros.

Contudo, a eficiência fermentativa em silagens de gramíneas tende a ser

melhorada com a utilização de inoculantes contendo bactérias homoláticas, diminuindo

as acentuadas perdas que normalmente ocorrem tanto no processo de fermentação em

decorrência da maior produção de ácido lático quanto da exposição aeróbia (Kung et al.,

2003), o que poderia levar a maior consumo e desempenho dos animais (McDonald et

al., 1991).

Os cuidados com a estabilidade aeróbia da silagem são especialmente importantes

no período do verão pela ação da temperatura ambiente sobre a estabilidade do material.

Para Ashbell et al. (2002), a maior intensidade de deterioração acontece em temperatura

ambiente de 30ºC ou superior, o que favorece a proliferação de fungos, maior produção

de CO2 e maior aumento do pH.

10

2.7 Fatores e relações que influenciam a degradação da matéria orgânica

Atento ao tema, o principal ponto a ser discutido é a matéria orgânica em

suspensão ou dissolvida e os nutrientes, nitrogênio e fósforo como os principais

parâmetros que indicam o potencial poluidor de efluentes de silagens de gramíneas. Por

definição, mineralização é a transformação do material orgânico em ácidos orgânicos e

húmus ou mineralizados - nitratos, fosfatos, sulfatos, formas amoniacais, dióxido de

carbono e água (Taiz e Zeiger, 2004; Moreti et al., 2007). Segundo Moreti et al. (2007),

este processo está diretamente associado às condições de pH, umidade, temperatura e a

ação de microrganismos.

Para ocorrer o processo de decomposição e mineralização da matéria orgânica

(MO) com a liberação ou não de efluentes, algumas condições devem ser atendidas, o

pH fica no intervalo de 6,0 a 8,0 (Santos et al., 2006), a temperatura deve estar entre 20º

e 30ºC dependo da influência da temperatura ambiente e da concentração de oxigênio

dissolvido (OD) que deve estar no intervalo de 1 e 4 mg/L.

Quimicamente, a matéria orgânica é a principal fonte de macro e micronutrientes

(Santos et al., 2006), atuando indiretamente na disponibilidade destes por diferentes

rotas, inclusive pode retê-los de acordo com as características de rearranjo de cátions

mono e divalentes com grupos fosfatos e carbonatos. O que pode favorecer a

mineralização e ao mesmo tempo a retenção imediata de alguns minerais na forma de

fosfato e carbonato.

É necessário atender a algumas relações químicas e bioquímicas partindo da

DQO/DBO5 e desta se desdobra para as demais relações para a completa caracterização

do potencial poluidor do efluente, quais sejam: DQO/SST; DQO/P; DQO/N-NH3;

DQO/N/P; DQO/NOx; N-NH3/P; P/N-NH3; SST/DBO5 e NOx/N-NH3.

Saraiva e Koetz (2002), trabalhando com efluente de parboilização de arroz,

sugerem que a relação DQO/P fique em torno de 25. Segundo esses autores, o efluente

desse processo é rico em matéria orgânica e apresentou teores de nitrogênio e fósforo

em quantidades entre 67 a 171 mg/L; 20,5 a 192 mg/L, respectivamente.

No efluente de arroz, Saraiva e Koetz (2002), as relações DQO/N/P mantiveram-

se em média de 36:1:1,25. Chernicharo (1997) estimou o intervalo das relações de

DQO/N/P para sistemas anaeróbios e despejos contendo proteínas e ácidos graxos entre

1000:5:1 e 400:7:1. No processo de depuração de efluentes é necessário atender às

necessidades elementares da população microbiana, que são referidas em função da

11

quantidade de carbono disponível no meio. Dessa forma, considerando a relação entre

os nutrientes constituintes de um efluente para que o tratamento seja eficiente os

nutrientes devem obedecer à relação DBO/N/P que é de 100:5:1 (Von Sperling, 1997;

2005). Essa relação significa que para cada 100 g de matéria orgânica (DBO5) presentes

no efluente são necessários 5 g de nitrogênio (N) e 1 g de fósforo (P). O

desbalanceamento dessa relação ou a falta de nutrientes N/P poderá ocasionar o

crescimento de bactérias, o que prejudicará a eficiência da depuração do efluente.

Tam et al. (1992) observaram que a relação ótima de DQO/NOx para

desnitrificação deve estar compreendida no mínimo entre 3:1 até 6,6:1. Saraiva e Koetz

(2002) encontraram 2,20 mg/L de NOx e 12,00 mg/L para N-NH3, ao trabalhar com

efluente de arroz significando muita nitrificação e pouca desnitrificação. Isto pode ser

explicado pela competitividade dos microrganismos pela matéria orgânica disponível

em ambos os meios. Relacionando NOx/N-NH3, esses autores encontraram razão de

5,45. Logo, quanto menor a relação NOx/N-NH3 mais fácil será o processo de

depuração do efluente pelo ambiente.

Segundo Hao e Chang (2001), no processo de compostagem de resíduos

agropecuários, as emissões de amoníaco (NH3), óxido de nitrogênio (N2O), e nitrogênio

molecular (N2) diminuem o valor fertilizante do composto final. Raviv et al. (2004)

concluíram que a maioria das perdas de N são causadas pela volatilização de NH3. Por

outro lado, Amon et al. (2001) afirmam que a emissão de gases com efeito de estufa

(N2O) e metano (CH4) foi muito superior quando o chorume da pecuária leiteira é

trabalhado em condições de anaerobiose, em relação às condições aeróbias.

2.8 Nitrogênio

O nitrogênio está presente no efluente de silagens, inicialmente em quatro formas.

Nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras são

denominadas de formas reduzidas e as duas últimas, formas oxidadas. De acordo com

Piveli e Kato (2005), pode-se associar o tempo decorrido da poluição com a relação

entre as formas de nitrogênio, ou seja, se numa amostra de efluente as análises

indicarem predominância das formas reduzidas significa que a poluição é recente; se

prevalecer nitrito e nitrato significa que a fonte poluidora é antiga.

Segundo Teixeira et al. (2008), em efluentes, o nitrogênio apresenta-se sob as

formas de nitrato (NO3–), nitrito (NO2

–), amônia (NH3), íon amônio (NH4

+), óxido

12

nitroso (N2O), nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico dissolvido (peptídeos,

purinas, aminas e aminoácidos), nitrogênio orgânico particulado (microrganismos e

detritos). Teixeira et al. (2008) concluiram que os processos bioquímicos de oxidação

do amônio a nitrito e deste para nitrato implicam em consumo de oxigênio dissolvido do

meio, o que normalmente afeta a vida aquática quando a oxigenação do ambiente é

menor que o consumo por esses processos.

2.9 Nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal

Segundo Teixeira et al. (2008), o nitrogênio amoniacal está presente em duas

formas dissolvidas: o amoníaco ou amônia não ionizada (NH3) e o íon amônio (NH4+),

cujas proporções relativas dependem do pH, da temperatura e da salinidade do

ambiente. Com o aumento da temperatura e diminuição do pH, as concentrações do íon

amônio aumentam. De acordo com Piveli e Kato (2005), altos valores do íon amônio

são encontrados em meios não oxigenados onde ocorre uma intensa mineralização da

matéria orgânica.

2.10 Nitrito

O íon nitrito representa o estado intermediário entre o amônio e o nitrato, sendo

também considerado nutriente. Em baixas concentrações de oxigênio, pode haver

redução parcial do nitrato, elevando as concentrações de nitrito (Teixeira et al., 2008).

O amônio presente em águas fracamente oxigenadas transforma-se em nitrito. Logo, a

presença de altos teores de nitrito em efluentes significa alta atividade microbiológica e

carência de oxigênio. O nitrito é considerado como indicador de poluição orgânica

(Baungarten e Pozza, 2001).

2.11 Nitrato

O nitrato é a forma oxidada mais estável do nitrogênio em solução aquosa. É

regenerado por via bacteriana a partir do nitrogênio orgânico através da decomposição

da matéria orgânica, transforma-se em nitrogênio amoniacal. Portanto, a produção do

nitrato resulta da oxidação bacteriana do amônio, tendo o nitrito como intermediário.

Segundo Teixeira et al. (2008), a velocidade de formação ou regeneração de nitrato em

13

um meio orgânico é, em geral, menor que a assimilação pelos produtores primários, o

que pode resultar em baixas concentrações de nitrato no meio. Geralmente, o nitrato

ocorre em baixas concentrações em águas de superfície. Em efluentes recentes, a

concentração de nitrato é baixa. Já em efluentes de estações de tratamento biológico

com tanques de aeração, o nitrato é encontrado em níveis elevados (Baungarten e Pozza,

2001). Quanto maior o teor de nitrato menos poluidor é o efluente.

2.12 Fósforo como fosfato

Os maiores responsáveis pela redução nas concentrações de fósforo no efluente

são as reações que ocorrem com os minerais, cálcio, alumínio e ferro, normalmente

presentes em meios de adsorção (Ucker et al., 2012). Segundo Naval e Couto (2005), o

fósforo é assimilado na forma de ortofosfato e é liberado para o meio também nesta

forma através da hidrólise de compostos orgânicos excretados pelos microrganismos,

autólise e mineralização da matéria orgânica.

A concentração de fósforo é importante parâmetro de classificação das águas

naturais e efluentes (Piveli e Kato, 2005). O fósforo está presente nas plantas em

ligações ésteres a uma molécula de carbono (Taiz e Zeiger, 2004) o que torna difícil a

quebra da ligação deste com a estrutura orgânica.

2.13 Minerais em forrageiras

Em estudo para estabelecer as médias de macro e micronutriente realizado com

171 amostras de aveia em grão, McMullen (2000) encontrou para os minerais as

seguintes médias P (3.800); Mg (1.300); Ca (1.100); K (4.700); Na (20); Cu (4,7); Zn

(37) e Mn (45) em mg/L.

A concentração de minerais está associada à fertilidade do solo, disponibilidade

de água, adubação, manejo e forma de utilização. O grão de aveia tem maior

concentração de fósforo e magnésio em relação aos demais nutrientes minerais. No grão

de aveia, os minerais encontram-se distribuídos na casca (31% a 47%), no farelo grosso

(15% a 30%), no farelo fino (16% a 22%) e na farinha (8% a 47%) (Gutkoski e Pedó,

2000).

Em revisão publicada, Gutkoski e Pedó (2000) afirmam que a casca apresenta

grande quantidade de cálcio, significativo nutricionalmente, mas não disponível para a

14

absorção, por estar ligado com outros constituintes, aplicável a não ruminantes. Para

esses autores, do fósforo total no grão de aveia, 58% estão sob a forma de ácido fítico.

2.14 Minerais ferro, zinco, cobre, cálcio, potássio, sódio, magnésio e manganês

O ferro, zinco e o cobre estão presentes nas estruturas vegetais em associação com

moléculas de citocromo, clorofila e proteínas, é formador de complexos clorofila-

proteína e precipita como óxidos e fosfatos, o zinco é um ativador enzimático, está

presente no citocromo e o cobre forma o complexo cobre-ácido tartárico (Taiz e Zeiger,

2004).

Os elementos potássio, sódio, magnésio e manganês são encontrados em solução

no citosol ou em vacúolos, ou ligados eletrostaticamente ou como ligantes de compostos

de carbono (Taiz e Zeiger, 2004). Os elementos potássio e sódio são elementos de alta

mobilidade, não constituem nenhuma estrutura vegetal. Para os autores Taiz e Zeiger,

(2004) os elementos (N, P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Cu e Zn) ficam disponíveis no intervalo

de pH entre 5,5 e 6,5.

2.15 Legislações e definições sobre efluentes

A compreensão de que o ser humano é parte integrante do meio ambiente é

consensual. Assim, as relações sociais, econômicas e culturais também fazem parte

desse meio e, portanto, é objeto da área ambiental, por consequência, da educação

enquanto processo. Com isso, todos têm compromisso com o desenvolvimento social e

não pode ausentar de seu poder fiscalizador.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão responsável pela

legislação ambiental brasileira estipulava para o lançamento de efluentes em ambientes

aquáticos o limite máximo de 5,0 mg/L de nitrogênio na forma de amônia (artigo 21,

Resolução n° 20 – 1986). Acredita-se que por pressões motivadas pela economia, esse

órgão elevou este limite para 20 mg/L através da Resolução de n° 357 (artigo 34) de 17

de março de 2005, sendo mantido esse valor na Resolução n° 430 (artigo 16) de 13 de

maio de 2011.

As Resoluções do Conama n°430 de 13 de maio de 2011 e n° 357 de 17 de março

de 2005 definem o termo efluente e as condições de lançamento e padrões de emissão,

conforme os itens dispostos na Tab. 2:

15

Tabela 2. Definições de acordo com as Resoluções Conama n° 357 de 2005 e 430 de 2011 Resolução Artigo Inciso Texto

430 4° V Efluente: termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos.

430 4° XII Parâmetro de qualidade do efluente: substâncias ou outros indicadores representativos

dos contaminantes toxicologicamente e ambientalmente relevantes do efluente.

357 2° XIII Condições de lançamento: condições e padrões de emissão adotados para o controle de lançamentos de efluentes no corpo receptor.

357 2° XXVI Padrão: valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade

de água ou efluente.

Adaptado pelo autor de Art. 4° incisos V e VII da Resolução Conama n° 430 de 13 de maio de 2011 (CONSELHO..., 2011) e do Art. 2° incisos XIII e XXVI da Resolução Conama n° 357 de 17 de março de 2005 (CONSELHO..., 2005).

A Resolução Conama n° 430 estabelece nos Artigos 2° e 3° condições para a

disposição final de efluentes no solo, independente da origem, mesmo que tratados, não

podendo em hipótese nenhuma causar poluição ou contaminação das águas superficiais

e subterrâneas. Já o Artigo 11° proíbe o lançamento, mesmo que tratados de efluentes

ou disposição de resíduos domésticos, agropecuários, de aquicultura, industriais e de

quaisquer outras fontes poluentes, em águas de classe especial. O Artigo 16° estabelece

condições para o lançamento, quando possível, de efluentes de qualquer fonte poluidora

no corpo receptor, conforme demonstrado na Tab. 1.

Na Tab. 3 são demonstradas as condições para o lançamento de efluentes em

corpos receptores.

Tabela 3. Condições e padrões de lançamento de efluentes Parâmetro Permitido

pH 5 – 9

DBO5 120 mg/L

Cobre dissolvido (Cu) 1,0 mg/L

Ferro dissolvido (Fe) 15,0 mg/L

Manganês dissolvido (Mn) 1,0 mg/L Nitrogênio amoniacal total (N) 20,0 mg/L

Zinco total (Zn) 5,0 mg/L

Adaptado pelo autor de Art. 16 incisos I e II da Resolução Conama n° 430 de 13 de maio de 2011 (CONSELHO..., 2011).

As concentrações contidas na Tab. 2 é o valor máximo permitido quando do

lançamento de efluentes no ambiente.

A Resolução n° 357 do Conama no que trata de efluentes foi alterada pela Resolução n°

430 tornando-a mais eficiente, enquanto instrumento normativo legal. A legislação trata com

o mesmo rigor todos os efluentes independentes da origem. Na questão dos efluentes, no § 3º

do Artigo 28,° é tratado dos relatórios, laudos e estudos que fundamentam a declaração de

carga poluidora (DCP) que deverá ser mantida arquivada no empreendimento ou atividade,

bem como uma cópia impressa da declaração anual subscrita pelo administrador principal e

pelo responsável legalmente habilitado, acompanhada da respectiva anotação de

16

responsabilidade técnica (ART), os quais deverão ficar à disposição das autoridades de

fiscalização ambiental.

Com a edição da Resolução 430, os órgãos ambientais estaduais ganharam autonomia

para inúmeras ações de fiscalização, essa agilidade poderá significar o acompanhamento de

perto das atividades agropecuárias, em especial aos confinamentos pela elevada carga

orgânica que produzem por animal/dia.

Na atualidade, a produção de silagens de capins já se destaca em volume, contudo ainda

não possuímos estudos estatísticos que indique qual é a quantidade de silagem produzida

anualmente e qual a qualidade e em quais condições. Grande volume de silagens pode

ocasionar volume significativo de efluentes, o que justifica investimentos em linhas de

pesquisa com essa abordagem possibilitando continuidade a pesquisa nessa área.

No Brasil, a disponibilidade de dados sobre o impacto de efluentes de silagens no

ambiente é insignificante, carecemos de muitos estudos para, inclusive fortalecer a legislação

que trata sobre o tratamento e lançamento de efluentes em corpos receptores. Não existe

nenhum trabalho científico sobre o impacto do efluente de silagens aos mananciais. Nesse

contexto, esse estudo pretende gerar conhecimento sobre a composição de efluentes

potencialmente tóxicos produzidos na ensilagem, podendo contribuir com a política ambiental

brasileira sob a responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente, podendo a vir despertar

pesquisadores para essa temática.

A pesquisa teve por objetivo compreender o potencial poluidor e as perdas por efluente

de silagem de aveia-preta, uma gramínea C3 com ampla utilização no Sudeste e Sul do Brasil

pelo seu valor nutricional.

Considerando a literatura revisada, construíram-se questões para reflexão de

pesquisadores e produtores quanto às possibilidades de ensilar com técnicas adequadas

visando diminuir a contaminação ambiental por efluentes de silagens. Buscou-se também a

abordagem conceitual prevista na legislação sobre as questões ambientais inerentes à

produção de efluentes e sua destinação com menor impacto negativo ao meio ambiente.

Destaca-se o vazio de produções científicas no que concerne à temática ambiental quando o

assunto é efluente de silagens. É intenção oportunizar com esta pesquisa para contribuir com

aqueles que se interessam por efluentes de silagens de gramíneas, ou apenas pela silagem em

si, mas atentando para as questões ambientais no cenário atual da produção animal.

17

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III – OBJETIVOS GERAIS

Neste trabalho foram realizados três experimentos, com os seguintes objetivos:

determinar o valor nutricional da silagem de aveia preta; avaliar a estabilidade aeróbia e

as perdas totais de matéria seca da silagem de aveia preta em função de três tamanhos

de partícula e em três densidades; caracterizar as perdas de nutrientes e o potencial

poluidor do efluente formado pelo exsudado da silagem por análises físico-químicas e

bioquímicas.

IV – Valor nutricional e perdas totais de matéria seca em silagens de aveia preta

(Avena strigosa Schreb.), em diferentes tamanhos de partícula e densidade na

ensilagem

[Nutritional value and dry matter total losses in the silages of oat (Avena strigosa

Schreb.), in different sizes and particle density in silage]

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito do tamanho médio da partícula (TMP) e da densidade (DE)

na ensilagem da aveia preta (Avena strigosa Schreb.), colhida no estágio de grão leitoso

sobre o valor nutricional e perdas de matéria seca por gases e por efluentes no período

de ensilagem e armazenamento. Os tratamentos foram constituídos por três densidades

na ensilagem (550; 600 e 650 kg MV/m3) e três tamanhos médio de partículas (5; 8 e 12

mm), com quatro repetições. Para a ensilagem, utilizaram-se silos experimentais de

PVC com volume de 0,015 m3. No quinto dia após a vedação dos silos, procedeu-se a

pesagem para verificar as perdas de matéria seca por gases e efluentes. As perdas

registradas variaram de 0,22 a 1,37%, respectivamente para DE 650 kg/m3 e TMP 12

mm e para DE 600 kg/m3 e TMP 5 mm. Antes da abertura dos silos, realizou-se a

segunda pesagem para aferir a perda total de matéria seca ao longo de 60 dias de

armazenagem. As perdas totais de MS variaram de 2,82 a 5,95%, sendo a menor,

respectivamente, para DE 600 kg/m3 e TMP 12 mm e a maior perda para DE 650 kg/m

3

e TMP 8 mm. Não houve efeito de tratamento para a maioria das variáveis nutricionais

avaliadas nas silagens, exceto para os teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra

em detergente ácido (FDA) e carboidratos totais (CHO). O tamanho médio da partícula

e a densidade na ensilagem da aveia preta afetaram os teores de proteína, de extrato

etéreo e de fibra em detergente ácido, com consequente alteração na DIVMS. As perdas

totais de matéria seca e recuperação de matéria orgânica não foram afetadas pela

densidade e pelo tamanho médio de partícula na ensilagem da aveia.

Palavras-chave: forrageira de inverno, proteólise, gases, valor nutricional

25

ABSTRACT

Was aimed to evaluate the effect of average particle size (APS ) and density (DE) of

oat silage (Avena strigosa Schreb) harvested at milky grain stage on nutritional value

and dry matter losses by gas and effluent during ensiling and storage. The treatments

consisted of three silage densities (550, 600 and 650 kg MV/m3), and three average

particle sizes (5, 8 and 12 mm ) with four replications. For silage were used

experimental PVC silo with a volume of 0,015 m3. On the 5th day after the sealing of

the experimental silo, the weight was carried out to check the dry matter losses in gas

and effluent. Losses recorded ranged from 0.22 to 1.37 % respectively for DE 650

kg/m3 and 12 mm APS and DE 600 kg/m

3 and 5 mm APS. Before the opening of the

experimental silo, it was carried out the 2nd weighing to measure dry matter total loss

during 60 days of storage. The total DM losses ranged from 2.82 to 5.95%, the lowest

being respectively for DE 600 kg/m3

and APS 12 mm and greater loss for DE 650 kg/m3

and APS 8 mm. There was no treatment effect for most nutritional variables evaluated

in the silages, except for neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF) and

total carbohydrates (CHO). The average particle size and density of oat silage affected

the levels of protein, ether extract and fiber acid detergent, with consequent change in in

vitro digestibility of dry matter (IVDDM) . The dry matter total losses and recovery of

organic matter were not affected by the density and the average particle size of oat

silage.

Keywords: winter forage, proteolysis, gases, nutritional value

26

INTRODUÇÃO

A aveia preta (Avena strigosa Schreb.) é uma gramínea com múltiplos usos podendo ser

empregada para a produção de grãos para fins de alimentação humana e animal (grãos,

pastejo, feno, silagem ou cortada e fornecida fresca no cocho) pelo seu valor

nutricional, podendo ser utilizada como cobertura do solo e adubação verde e inibir as

infestações de plantas invasoras.

A composição química, por si só, não deve ser utilizada como único determinante da

qualidade de uma forragem ou de sua silagem. A digestibilidade “in vitro” com base na

matéria seca (DIVMS) é componente indispensável à correta interpretação do valor

nutricional de uma forrageira “in natura” ou conservada.

A parede celular pode ser separada em fibra detergente neutro (FDN) que expressa a

fibra digestível (celulose e hemicelulose) e a fibra detergente ácido (FDA) determinam

a qualidade da parede celular e expressa a fração indigestível (lignina). Os teores de

FDN e FDA determinam, respectivamente, o potencial de consumo e a digestibilidade

da matéria seca. Esses parâmetros são indispensáveis na avaliação da qualidade da

silagem.

Com relação à produção de silagem, o processamento mecânico durante a colheita tem

grande influência sobre a qualidade final do material. Silagens com tamanho de

partícula muito elevado apresentam problemas de compactação e, em consequência,

fermentação inadequada o que pode incrementar a perda de matéria seca por gases e

efluentes. Loures et al. (2003) observaram que com o aumento da pressão de

compactação houve incremento na produção de efluente em silagem de capim-elefante,

sendo que os autores concluíram que a pressão de compactação mais adequada seria de

550 kg/m3. Silagens com adequado teor de matéria seca e compactação eficiente

preservam uma quantidade elevada de açúcares residuais, que posteriormente serão

utilizados pelos microrganismos ruminais (Senger et al., 2005).

Quando ocorre a redução do tamanho de partícula há maior facilidade no processo de

ensilagem, pois a compactação é facilitada. E com o maior processamento da forragem,

ocorre aumento na disponibilidade de nutrientes para as bactérias produtoras de ácido

lático, facilitando a proliferação destas (McDonald et al., 1991; Neumann et al., 2005;

Senger et al., 2005).

Amaral et al. (2008) observaram melhoria nutricional em silagem de capim Marandu,

quando esta teve maior densidade, com diminuição na concentração de nitrogênio

27

insolúvel em detergente neutro (NIDN) e maiores coeficientes de digestibilidade “in

vitro”. Autores também relataram efeito benéfico da maior densidade com relação às

perdas após abertura do silo e maior estabilidade aeróbia.

Porém, plantas forrageiras que não contenham teor de matéria seca adequada para

ensilagem podem produzir efluente, o qual carreia grande quantidade de nutrientes

como açúcares, ácidos orgânicos, proteínas, minerais (McDonald et al., 1991) o que

resulta em silagem de baixa qualidade. Além disso, os efluentes produzidos pelas

silagens podem apresentar alto potencial de poluição ambiental.

Sendo assim, o objetivo do experimento foi estudar o efeito do tamanho médio da

partícula (TMP) e da densidade (DE) na ensilagem da aveia preta sobre o valor

nutricional da silagem e sobre as perdas totais por efluentes e gases.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental de Iguatemi – FEI, localizada

à latitude de 23º 25' S; 51º 57' O e a 550 m de altitude. A região apresenta clima

subtropical (Cfa), segundo a classificação de Köppen, temperatura média do mês mais

frio, inferior a 18ºC e temperatura média no mês mais quente, acima de 22ºC

(Caviglione et al., 2000). O solo da região experimental é classificado como Latossolo

Vermelho eutroférrico de textura areno-argilosa (Gomes et al., 2011).

As análises químico-bromatológicas da silagem foram realizadas no Laboratório de

Análises de Alimentos e Nutrição Animal (LANA), ambos pertencentes à Universidade

Estadual de Maringá.

A área de plantio da aveia preta comum (Avena strigosa Schreb.) foi constituída de 1,0

ha nas dependências da FEI. A análise de solo da área experimental apresentou o

seguinte resultado: pH de 6,65; teor de P2O5 de 9,16 mg/dm3; K2O de 0,16 Cmol/dm

3;

matéria orgânica de 21,94 g/dm3 e saturação de base 60,30%. Considerando o resultado

da análise de solo foi feita adubação no plantio com 300 kg ha-1

da formulação química

NPK 08-30-16. Não se realizou adubação de cobertura.

O preparo do solo foi convencional, com utilização de arado de disco e grade

niveladora. A semeadura da aveia foi realizada no dia 05 de maio de 2012 com

densidade de 60 kg/ha de sementes. A semeadura foi realizada com semeadora de

plantio em linhas, regulada para espaçamento entre linhas de 17 cm.

28

Na Fig. 1 são apresentados os dados obtidos na estação meteorológica da FEI, sendo

que no período de plantio da aveia, houve pouca precipitação pluviométrica, sendo

registrado um pico em 20/06/2012 com o um volume de 144,6 mm. Depois, seguiram-

se 47 dias até o corte para a ensilagem, nesse período a precipitação total foi de 18,4

mm.

Figura 1. Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio à

ensilagem da aveia preta, obtidos da estação meteorológica da Fazenda Experimental de

Iguatemi.

Ensilagem e monitoramento dos silos

O corte da aveia foi realizado no ponto considerado ideal para ensilagem sendo

realizada a análise visual para a identificação do grão leitoso, conforme preconiza a

literatura (Portas e Vechi, 2007), atingido os 93 dias do plantio. O corte foi realizado

com uso de ensiladeira modelo JF92Z10, regulada para os tamanhos de partículas pré-

definidos como tratamentos.

Os tratamentos avaliados foram três tamanhos médio de partículas (5 mm; 8 mm e 12

mm) e três densidades na ensilagem (550 kg/m3; 600 kg/m

3 e 650 kg/m

3), arranjados em

delineamento fatorial (3 x 3), com quatro repetições. As densidades tiveram por

objetivo simular a pressão existente em silos de maior escala, como descrito por

O’Donnell et al. (1995), em estudos para avaliação de ocorrência de efluentes em

silagens.

A ensilagem foi feita em silos experimentais de PVC, com volume de 0,015 m3 o que

permitiu acomodar até 9,750 kg na densidade 650 kg/m3 da forrageira em cada silo.

Após o corte em cada tamanho de partícula, a forragem foi inoculada com inoculante

bacteriano (Master tropical – Katec Lallemand), com níveis de garantia na ordem de 2,0

x 108ufc/g de Lactobacillus plantarum MA 18/5u e de 0,5 x 10

9 ufc/g de Pediococcus

29

acidilactici MA 18/5m, com aplicação na dosagem recomendada pelo fabricante. As

densidades das silagens foram obtidas, considerando-se o volume dos silos e a

quantidade de massa de forragem a ser armazenada em cada silo.

Ao final do enchimento, os silos foram lacrados com lona preta e fita adesiva, pesados e

armazenados em área coberta. No final dos primeiros cinco dias de fermentação, foi

realizada a pesagem dos silos para quantificar as perdas parciais de matéria seca por

gases e por efluentes. Para compreender o processo de deterioração da matéria orgânica

(MO) da silagem de aveia preta, durante o período de armazenagem, utilizou-se a

relação C/N, a qual foi calculada pelo quociente entre a concentração de carbono e a

concentração de nitrogênio. A concentração de carbono total foi calculada

multiplicando-se a concentração da MO pela constante 1,80, conforme Gonçalves e

Baptista (2001).

As perdas de MO (PMO) foram estimadas pela concentração de matéria mineral no

momento da ensilagem e na abertura dos silos, segundo equação proposta por Paredes et al.

(2000), em que: PMO (%) = 100 – {100 [X1 (100 – X2)] / [X2(100 – X1)]}, em que X1 e X2

representam a percentagem de matéria mineral (MM) no início e no fim do período de

avaliação. No presente estudo, o X1 refere-se ao teor de MM no dia do corte da aveia e

o X2 o teor de MM no dia de abertura dos silos.

Após o período de armazenamento de 60 dias, os silos foram pesados para determinação

das perdas totais por gases e efluentes e abertos para retirada de amostras para análises

químico-bromatológicas das silagens.

Análises químico-bromatológicas

As amostras das silagens, em cada tratamento, foram descongeladas em temperatura

ambiente e secas em estufa a 60˚C, com ventilação de ar forçada por 72h, e,

posteriormente, moídas com auxílio de um moinho tipo faca, com peneira de 1 mm de

crivo e armazenadas em potes plásticos para posteriores análises químicas.

As amostras da forragem ensilada foram submetidas às seguintes determinações:

proteína bruta (PB) e matéria mineral (MM) realizadas, segundo Association... (1997).

A fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), segundo Van

Soest et al. (1991); matéria seca (MS), de acordo com Silva (2002). A lignina (LIG),

pelo método LDA (lignina em detergente ácido), com uso de solução de ácido sulfúrico

a 72%, após a determinação de FDA, empregando-se o equipamento Daisy Incubator

30

Ankom. Com esse equipamento, determinou-se a digestibilidade “in vitro” da matéria

seca (DIVMS), conforme Holden (1999). O teor de celulose (CEL) e hemicelulose

(HEM) foi determinado, conforme Van Soest (1967). Foram determinados os

carboidratos totais (CHO), dados da metodologia da Universidade de Cornell, descrita

por Sniffen et al. (1992), em que: %CHO = 100 – (%PB + %EE + %MM). A

capacidade tampão (CT) foi analisada, conforme Playne e McDonald (1966). As

variáveis MS; MO; MM; PB; FDN; FDA; HEM; CEL; LIG; EE; DIVMS; CHO e CT

das silagens foram avaliadas para cada tamanho de partícula e densidade, adotando-se o

delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial (3 x 3), com quatro

repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, segundo pacote

estatístico Sistema... (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A caracterização da forragem verde, no momento do corte para ensilagem, apresentou a

seguinte composição químico-bromatológica, com dados expressos com base na MS:

MS (28,12%); MO (94,18%); MM (5,82%); PB (10,18%); FDN (66,32%); FDA

(29,43%); HEM (36,89%); CEL (21,66%); LIG (4,77%); EE (2,97%); DIVMS

(79,14%); CHO (81,03%) e CT (46,58 mg NaOH /100 g MS).

Na abertura dos silos, ocorrida em 08 de outubro de 2012, fez-se uma avaliação

subjetiva de características das silagens como odor, coloração, camada deteriorada e

presença de mofo. Do total de 36 silos, apenas um continha sinais de que a fermentação

não ocorreu de forma satisfatória. Neste havia fungos, odor de amônia e forragem

apodrecida. A essa situação atribuiu-se a possível falha no sistema de vedação utilizado.

Nos demais silos, as silagens se apresentaram com coloração, odor, ausência de mofos e

pequena camada deteriorada, conforme o previsto para silagem de aveia.

Na Tab. 1 são apresentados os dados de perdas totais de matéria seca durante a

armazenagem e àquelas referentes ao período inicial de fermentação (até o 5° dia). As

perdas de MS foram consideradas baixas com valores que variaram de 2,81 a 5,91% nas

diferentes silagens estudadas, sendo a média de 4,18% para o período todo, não sendo

observado efeito (P>0,05) da densidade e do TMP na ensilagem. Até o quinto dia, as

maiores perdas, em valores absolutos, ocorreram no TMP 5 mm nas três DE avaliadas.

Já no período de 60 dias, a tendência de perda permaneceu com exceção da ocorrida na

DE 550 kg/m3, que inverteu da menor para a maior partícula.

31

Tabela 1. Perdas de matéria seca por gases e efluente no 5° e no 60° dias após a

ensilagem de aveia preta

Variáveis

Densidade (kg/m3)

Média CV

(%)

550 600 650

Tamanho médio de partículas (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12

MFF(g) 8.255 8.229 8.281 9.048 9.048 8.963 9.832 9.802 9.679 9.015 1,02

MSi 5(g) 8.168 8.193 8.217 8.926 9.019 8.925 9.641 9.768 9.658 8.946 1,61

MSi 60(g) 8.015 7.955 7.948 8.606 8.736 8.651 9.293 9.255 9.414 8.653 1,92

Perdas em 5 dias (%) 1,07 0,44 0,78 1,37 0,32 0,43 1,01 0,35 0,22 0,78 53,88

Perdas em 60 dias (%) 3,01 3,44 4,21 5,18 3,57 3,61 5,85 5,95 2,82 4,18 46,77

MFF-massa de forragem fresca; MSi5-massa silagem com cinco dias de ensilado e MSi60-massa de silagem com 60 dias de ensilado.

Fazendo a aplicação da equação, proposta por Paredes et al. (2000), constatamos que

para esse ensaio a equação não possibilitou entendimento satisfatório da quantidade

perdida de MO. Os valores em função dos tratamentos apresentaram inconsistência de

dados, não refletindo nesse momento interpretação adequada para a perda de MO nos

silos. As perdas no período de fermentação, calculadas em função da diferença direta

das massas inicial, ao quinto e ao 60° dia da ensilagem demonstraram perda média de

4,18%, o que representa recuperação de 95,82% de MO sendo avaliado como muito

bom.

São apresentados, na Tab. 2, os dados referentes à composição químico-bromatológica

das silagens. Não houve diferença significativa (P<0,05) para os teores de MS das

silagens, com média de 30,42%, ou seja, uma elevação de 8,17% em relação ao teor de

MS na forrageira no momento da ensilagem. De forma geral, apenas o TMP 5 mm na

DE 650 kg/m3 apresentou valor menor que 30% de MS. Também para o teor de MO não

houve diferença significativa (P<0,05), com valor médio de 94,55%, representando

elevação de 0,39% em relação ao teor de MO na forrageira no momento da ensilagem.

Tabela 2. Composição química de silagem de aveia preta no momento da abertura dos

silos experimentais

Variáveis

(%)

Densidade (kg/m3)

Média

(%)

CV

(%)

550 600 650

Tamanho médio de partículas (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12

MS 29,99 29,92 30,52 30,21 30,73 31,60 28,58 30,86 30,42 30,42 3,18

MO 94,14 95,14 94,46 94,74 95,12 94,31 94,24 94,62 94,22 94,55 12,87

PB 11,45b 10,08a 11,39b 11,05 11,53 11,74 12,07b 10,97ab 10,23a 11,16 6,28

FDN 60,34 60,3 59,49 60,15 60,16 60,05 60,87 61,70 60,74 60,43 2,24

FDA 25,1a 26,1a 27,49b 25,66 25,89 25,00 24,73a 26,35ab 27,21b 25,95 4,87

MM 5,86 4,86 5,54 5,26 4,88 5,69 5,76 5,38 5,78 5,45 12,88

LIG 5,28 5,14 4,28 5,67 5,02 4,45 5,18 4,39 4,42 4,87 15,58

HEM 32,25 34,50 36,13 34,29 34,27 35,35 32,00 34,41 32,14 34,26 4,81

CEL 19,80 20,00 19,55 20,94 20,86 21,96 23,21 21,89 22,33 21,17 6,90

EE 3,05 3,12 2,76 3,29b 2,74a 2,71a 3,19 2,84 2,80 2,94 8,68

DIVMS 72,66ab 76,32b 68,30a 71,69 73,94 67,76 69,64ab 63,95a 71,62b 70,65 6,10

CHO 79,63 81,34 79,66 80,99 80,85 80,04 79,38 80,68 81,21 80,42 1,35

MS-matéria seca; MO-matéria orgânica; PB-proteína bruta; FDN-fibra em detergente neutro; FDA-fibra em detergente ácido; MM-matéria mineral; LIG-lignina; HEM-hemicelulose; CEL-celulose; EE-extrato etéreo; DIVMS-digestibilidade “in vitro” da MS e

CHO-carboidratos totais. Letras diferentes na linha diferem pelo teste de Tukey a 5%.

32

Houve diferença significativa (P>0,05) nos teores de PB das silagens, sendo a menor

média de 10,08% e a maior de 12,07%, referente às silagens com DE 550 kg/m3

e TMP

8 mm e DE 650 kg/m3 TMP 5 mm, respectivamente. O teor médio de PB das silagens

foi de 11,16%, o que representou aumento de 9,6% em relação ao teor de PB na

forrageira no momento da ensilagem. Apenas a silagem com TMP 8 mm e DE 550

kg/m3 apresentou teor de PB menor que 10,18% (média da forrageira). Souza et al.

(2011), trabalhando com ensilagem de aveia branca inoculada e não inoculada com

(Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentosaceus) e utilizando TMP de 10 mm,

encontraram valores semelhantes aos observados no presente estudo. Os autores

concluíram que a PB foi afetada somente pela utilização do inoculante, de forma que a

silagem inoculada apresentou menor teor de PB.

Para a fração FDN, as médias variaram entre 59,49 na DE 550 kg/m3 e TMP 12 mm e

61,70% na ME 650 kg/m3 e TMP 5 mm. A média da concentração de FDN nas silagens

foi de 60,43%, sendo 9,7% menor que o teor de FDN na forragem fresca. Este

comportamento é contrário ao esperado, uma vez que normalmente as perdas de

compostos não estruturais no processo de fermentação aumentam o teor da fração fibra

na forragem. Contudo, o desaparecimento desse percentual de FDN indica que a fração

hemicelulose foi solubilizada. Esse efeito pode ser considerado positivo ao processo,

por fornecer carboidratos solúveis aos microrganismos da silagem e possibilitar maior

consumo da silagem pelos animais. Cysneiros et al. (2006), estudando capins tropicais e

Santos et al. (2008), estudando aveia, encontraram resultados semelhantes quando

avaliaram a utilização de enzimas fibrolíticas e inoculantes bacterianos.

Para o teor da FDA, os valores variaram entre 24,73% na silagem com ME 650 kg/m3 e

TMP 5 mm e 27,49% na silagem com ME 550 kg/m3 e TMP 12 mm. As médias das

silagens resultaram no teor médio de 25,95% de FDA, que é 13,4% menor que o teor

médio na forragem fresca. Observa-se que os valores de FDA foram superiores

(P<0,05) com o aumento do TMP, sendo este efeito mais pronunciado para a silagem

com menor DE. Isso mostra que a elevação do TPM reduz a qualidade da silagem, pois

a concentração de FDA está correlacionada com o valor nutricional e em consequência

ao desempenho animal.

O consumo voluntário de MS está relacionado à concentração de fibra em detergente

neutro (FDN) no volumoso. Este constituinte é um limitador do consumo pelo excesso

de fibra que dificulta a digestibilidade pelo rúmen. Quanto maior a concentração de

FDN na forragem, menor o consumo de MS. Já a digestibilidade da MS depende do teor

33

de fibra em detergente ácido (FDA), pela ligação entre lignina-celulose-hemicelulose

(lignocelulose), é o principal limitante à degradação dos carboidratos estruturais pelos

microrganismos ruminais.

Foi observado decréscimo nos valores da DIVMS das silagens no TMP de 12 mm,

exceto quando a DE foi de 650 kg/m3. Provavelmente, isso se deva a maior perda de

conteúdo celular quando o material sofre intenso processamento aliado a uma

compactação elevada.

Não houve diferença significativa (P<0,05) para os teores de MM. A menor média foi

4,86% e a maior foi 5,86% referente à silagem com DE 550 kg/m3 e TMP 8 mm,

enquanto a maior média foi na DE 550 kg/m3 e TMP 5 mm. O teor de MM, média de

todas as silagens, foi de 5,45% representando redução de 6,8% em relação ao teor de

MM na forrageira quando da ensilagem. A redução do teor de MM da forragem, após a

ensilagem, pode significar perda de minerais por carreamento em fluídos extravasados

do núcleo celular e realizando um processo de movimentação descendente no interior

dos silos.

Os teores de lignina (LIG) nas silagens não mostraram diferença (P<0,05), com valores

entre 4,28 e 5,28% e média 4,87%, representado um aumento na concentração de LIG

de 2,31% em relação à forragem fresca, o que pode ser explicado pela perda de

compostos solúveis. A lignina é constituída de um polímero fenólico associado aos

carboidratos estruturais, à celulose e à hemicelulose (Norton, 1982) e é o componente

que mais limita a digestão dos polissacarídeos da parede celular no rúmen (Jung e

Deetz, 1993).

Também para os teores de HEM não houve efeito de tratamento, com teor médio de

34,26%, ou seja, 7,7% maior que a encontrada na forragem fresca, representando um

aumento diário de 0,13%, o que pode ser atribuído ao efeito de diluição em relação a

componentes não estruturais da planta. Alterações no teor de HEM durante o processo

de ensilagem pode ser justificada pela hidrólise de carboidratos estruturais que ocorre

durante o processo de fermentação (McDonald et al., 1991). Embora alguma celulose

também possa ser hidrolisada, a HEM é fonte de carboidratos solúveis o que significa

que o aumento de sua concentração favorece a atuação de microrganismos na

fermentação. Não houve diferença significativa (P>0,05) para os teores de CEL em

relação aos tratamentos testados na ensilagem de aveia. Foi observado que o maior teor

ocorreu na silagem com DE 600 kg/m3 e TMP 12 mm, enquanto o menor valor ocorreu

na DE 550 kg/m3 e TMP 5 mm.

34

Já para o teor de EE houve efeito (P<0,05) de tratamento DE 600 kg/m3 e TMP 5 mm.

Pode significar que nesta densidade e nesse tamanho de partícula pode ter ocorrido

maior extravasamento de ácidos graxos, ceras e outras substâncias que são solúveis em

éter. Comparando as médias entre a forragem fresca e a silagem, percebemos redução

de 1,02% no teor de EE.

Entre as médias obtidas para a fração CHO das silagens não foi observado diferenças

significativas (P>0,05), quando comparado como a média encontrada na forragem

fresca observa-se redução de 0,76% sobre a fração CHO. Possivelmente, essa baixa

redução pode estar associada ao consumo por microrganismos. Salienta-se que a

redução no teor de CHO pode ser maior, fato observado em silagens com fermentação

inadequada, havendo grande consumo de carboidratos solúveis. O valor nutricional da

silagem de aveia preta, aos 60 dias de ensilagem, pode ser evidenciado pelas alterações

ocorridas no decurso da fermentação, fato observado nos teores de nutrientes nas

silagens. Devem-se considerar ainda as concentrações em elementos minerais, os quais

não foram comparados nesse estudo. Contudo, infere-se que os teores desses

constituintes foram maximizados em função da baixa perda média de MS (4,18%).

CONCLUSÕES

O tamanho médio da partícula e a densidade na ensilagem da aveia preta afetaram os

teores de proteína, de extrato etéreo e de fibra em detergente ácido, com consequente

alteração na DIVMS.

As perdas totais de matéria seca e recuperação de matéria orgânica não foram afetadas

pela densidade e pelo tamanho médio de partícula na ensilagem da aveia.

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V – Estabilidade aeróbia de silagens de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

ensiladas com diferentes densidades e tamanhos de partícula

[Aerobic stability of the silages of oat (Avena strigosa Schreb.) silages of different

densities and particle sizes]

RESUMO

Objetivou-se com esse estudo avaliar os efeitos de diferentes densidades (DE) e

tamanhos médios de partícula (TMP) na estabilidade aeróbia de silagens de aveia preta

(Avena strigosa Schreb.). Os tratamentos foram distribuídos em delineamento

experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3, com quatro

repetições. Após o corte da forrageira, na ensilagem foi utilizado inoculante microbiano

com níveis de garantia na ordem de 2,0 x 108ufc/g de Lactobacillus plantarum MA

18/5u e de 0,5 x 109 ufc/g de Pediococcus acidilactici MA 18/5m, com aplicação na

dosagem recomendada pelo fabricante. A ensilagem foi feita em silos experimentais de

PVC, com capacidade de 9,750 kg de silagem. As densidades das silagens foram

obtidas considerando-se o volume dos silos (0,015 m3). Utilizaram-se as densidades

(DE) 550; 600 e 650 kg/m3 e os tamanhos médios de partícula (TMP) 5; 8 e 12 mm.

Após 60 dias de armazenagem, os silos foram abertos e coletadas amostras para análises

químicas e iniciou-se o monitoramento da estabilidade aeróbia (EA) das silagens

durante 96 h. Na abertura dos silos e por quatro dias após, foi realizado monitoramento

dos valores de temperatura e pH e coleta de 25 g de amostra para determinar o teor de

matéria mineral (MM). Os resultados evidenciam que, exceto nas primeiras 8 h de

exposição ao ar, em nenhum outro momento a temperatura das silagens foi inferior aos

valores da temperatura ambiente, caracterizando silagens com alta estabilidade aeróbia.

A quebra da EA, considerando todos os tratamentos, ocorreu entre 8 e 24 h. Sendo

registrado o tempo para atingir a temperatura máxima (TTmax) de 35,22°C para a

silagem com menor TMP e DE 550 kg/m3 em 96 h de exposição aeróbia. Concluiu-se

que o TMP e a DE da silagem tem a capacidade de alterar a estabilidade quando exposta

ao ar, sendo que a maior compactação, aliada ao menor tamanho de partícula pode

melhorar a fermentação do material, o que reduz o tempo de estabilidade ao ar.

Palavras-chave: forragem, matéria mineral, temperatura

38

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of different densities (DE) and

average particle sizes (APS) on the aerobic stability of oat silage (Avena strigosa

Schreb.). After cutting the forage, microorganisms silage inoculant was used with

assurance levels on the order of 2.0 x 108

ufc/g of Lactobacillus plantarum MA 18/5u

and 0.5 x 109 cfu/g of Pediococcus acidilactici MA 18/5M, with application in the

dosage recommended by the manufacturer. The silage was made in experimental PVC

silo with capacity of the approximately 10,0 kg of silage. The densities of the silages

were obtained considering the volume of experimental silo (0.015 m3). We used the

density (DE) 550, 600 and 650 kg/m3 and the average particle size (APS) 5, 8 and 12

mm. After 60 days of storage, the experimental silos were opened and samples collected

for chemical analysis and then began the monitoring of the aerobic stability (AS) of

silages for 96 hours. At the opening of the experimental silos and by four days after it

was carried out the monitoring of the temperature and pH values and collecting 25 g of

sample to determine the content of mineral matter (MM). The results show that except

for the first 8 h of exposure to air, at any other time the temperature of the silage was

lower than the values of the ambient temperature, characterizing silages with high

aerobic stability. The breaking of the AS, considering all treatments occurred between 8

and 24 hours. And recorded the time to reach the maximum temperature (maxT) of

35.22 ° C for silage with lower APS and DE 550 kg/m3 at 96 hours of aerobic exposure.

It was found that the APD and DE of silage has the ability to modify the stability when

exposed to air, and the greater compression, coupled with the smaller particle size may

improve the fermentation of the material, which reduces the time stability in air.

Keywords: forage, mineral matter, temperature

39

INTRODUÇÃO

O processo de ensilagem tem como objetivo conservar o material colhido o mais

próximo do seu estado original. Para tanto, durante a produção da silagem é necessário

atenção com relação a alguns aspectos referentes à planta como, por exemplo, o estádio

de desenvolvimento, teor de matéria seca e, também em relação à tecnologia de

ensilagem, como o tamanho de partícula e a compactação. Tais variáveis podem

influenciar na qualidade final do material, com diminuição das perdas por processos

fermentativos indesejáveis e concentração adequada de nutrientes.

Porém, durante a fase de utilização, a exposição da silagem ao ar pode ser prejudicial,

reduzindo a qualidade da forragem. Geralmente, silagens com grande concentração de

açúcares residuais e fermentação adequada, predominantemente lática, quando exposta

ao ar apresentam alta proliferação de organismos espoliadores. Primeiramente, as

leveduras consomem ácido lático elevando o pH, tornando o ambiente adequado para

atuação de outros organismos oportunistas, como fungos filamentosos e bactérias,

resultando em queda do valor nutricional do alimento (Woolford, 1990).

Silagens com alta densidade (DE) possuem maior quantidade de nutrientes residuais

(Amaral et al., 2008), porém se durante o período de utilização esta não for bem

manejada podem ocorrer grandes perdas pela extensa proliferação de microrganismos

deterioradores.

Já o tamanho de partícula pode influenciar positivamente o processo de produção de

silagens, onde tamanhos adequados podem diminuir os custos de produção por diminuir

as perdas no período de pós-abertura do silo (Balsalobre et al., 2001), pois estas podem

auxiliar aumentando a eficiência de compactação (Neumann et al., 2007).

Assim, objetivou-se com esse experimento estudar o efeito do tamanho médio da

partícula (TMP) e da densidade na ensilagem da aveia preta sobre a estabilidade aeróbia

das silagens.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental de Iguatemi – FEI, localizada

à latitude de 23º 25' S; 51º 57' O e a 550 m de altitude. A região apresenta clima

subtropical (Cfa), segundo a classificação de Köppen, temperatura média do mês mais

frio, inferior a 18ºC e temperatura média no mês mais quente, acima de 22ºC

40

(Caviglione et al., 2000). O solo da região experimental é classificado como latossolo

vermelho eutroférrico de textura areno-argilosa (Gomes et al., 2011).

As análises químico-bromatológicas da silagem foram realizadas no laboratório de

Análises de Alimentos e Nutrição Animal (LANA), ambos pertencentes à Universidade

Estadual de Maringá.

A área de plantio da aveia (Avena strigosa Schreb.) foi constituída de 1,0 ha nas

dependências da FEI. A análise de solo da área experimental apresentou o seguinte

resultado: pH de 6,65; teor de P2O5 de 9,16 mg/dm3; K2O de 0,16 Cmol/dm

3; matéria

orgânica de 21,94 g/dm3 e saturação de base 60,30%. Considerando o resultado da

análise de solo foi feita adubação no plantio com 300 kg ha-1

da formulação química

NPK 08-30-16.

O preparo do solo foi convencional, com utilização de arado de disco e grade

niveladora. A semeadura da aveia foi realizada no dia 05 de maio de 2012 com

densidade de 60 kg/ha de sementes. A semeadura foi realizada com semeadora de

plantio em linhas, regulada para espaçamento entre linhas de 17 cm.

Na Fig. 1 são apresentados os dados obtidos na Estação Meteorológica da FEI, e no

período de plantio da aveia, houve pouca precipitação pluviométrica, sendo registrado

um pico em 20/06/2012 com o um volume de 144,6 mm. Depois, seguiram-se 47 dias

até o corte para a ensilagem, nesse período a precipitação total foi de 18,4 mm.

Figura 1. Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio à

ensilagem da aveia preta, obtidos da Estação Meteorológica da Fazenda Experimental

de Iguatemi.

Ensilagem e monitoramento dos silos

O corte da aveia foi realizado no ponto considerado ideal para ensilagem sendo

realizada a análise visual para a identificação do grão leitoso, conforme preconiza a

41

literatura (Portas e Vechi, 2007). O corte foi realizado com uso de ensiladeira, modelo

JF92Z10, regulada para os tamanhos de partículas pré-definidos como tratamentos.

Os tratamentos avaliados foram três tamanhos médio de partículas (5 mm; 8 mm e 12

mm) e três densidades na ensilagem (550 kg/m3; 600 kg/m

3 e 650 kg/m

3), arranjados em

delineamento fatorial (3 x 3), com quatro repetições. As densidades tiveram por

objetivo simular a pressão existente em silos de maior escala, como descrito por

O’Donnell et al. (1997), em estudos para avaliação de ocorrência de efluentes em

silagens.

A ensilagem foi feita em silos experimentais de PVC, com volume de 0,015 m3 o que

permitiu acomodar até 9,750 kg na densidade 650 kg/m3 da forrageira em cada silo.

Após o corte em cada tamanho de partícula a forragem foi inoculada com inoculante

bacteriano (Master tropical – Katec Lallemand), com níveis de garantia na ordem de 2,0

x 108ufc/g de Lactobacillus plantarum MA 18/5u e de 0,5 x 10

9 ufc/g de Pediococcus

acidilactici MA 18/5m, com aplicação na dosagem recomendada pelo fabricante. As

densidades das silagens foram obtidas considerando-se o volume dos silos e a

quantidade de massa de forragem a ser armazenada em cada silo.

Ao final do enchimento, os silos foram lacrados com lona preta e fita adesiva, pesados e

armazenados em área coberta. No final dos primeiros cinco dias de fermentação, foi

realizada a pesagem dos silos para quantificar as perdas parciais de matéria seca por

gases e por efluentes.

Após o período de armazenamento de 60 dias, os silos foram pesados para determinação

das perdas totais por gases e efluentes e abertos para retirada de amostras para análises

químico-bromatológicas das silagens.

Estabilidade aeróbia

As avaliações da AE tiveram início com a abertura dos silos após 60 dias de ensilagem.

Em cada silo, a silagem foi descompactada para simular a exposição ao ar em situação

de descarga do silo durante a utilização, conforme descrito por Kung Jr. et al. (2000).

Para determinar a estabilidade aeróbia da silagem, nos oito dias seguintes após a

abertura dos silos, foi realizada a leitura da temperatura do ambiente e das silagens

diretamente nos silos, utilizando um termômetro digital de haste longa modelo Gulterm

1001digital.

42

As medições de temperatura foram realizadas diariamente às 8 h e às 16 h, sendo

definida a quebra da EA como o tempo observado para que a silagem apresentasse

elevação de 2°C em relação à temperatura ambiente (Kung Jr., 2001). A cada dia

foram retiradas 25 g de amostra, para determinar o teor de matéria mineral (MM),

utilizada como indicador na determinação de perdas durante a exposição ao ar,

segundo equação proposta por Paredes et al. (2000).

Também foi determinado o pH das silagens, diariamente às 8 h, com uso de

peagâmetro digital, sendo realizado a leitura do pH via infusão de 10 g de amostra de

silagem em 100 mL de água destilada à temperatura ambiente, aguardando 30 min

após homogeneização do material, conforme Cherney e Cherney (2003).

Degradação e mensuração da matéria orgânica

Para compreender o processo de deterioração da matéria orgânica (MO) das silagens

de aveia preta, durante o período de avaliação da estabilidade aeróbia, utilizou-se a

relação carbono/nitrogênio (C/N), a qual foi calculada pelo quociente entre a

concentração de carbono e a concentração de nitrogênio. A concentração de carbono

total, destinado ao cálculo da relação C/N, foi calculada pela fração entre a

concentração da matéria orgânica e a constante 1,80, conforme Gonçalves e Baptista

(2001).

As perdas de MO (PMO) foram estimadas pela equação proposta por Paredes et al.

(2000), em que: PMO (%) = 100 – {100 [X1 (100 – X2)] / [X2(100 – X1)]}, em que X1

e X2 representam a percentagem de MM no início e no fim do período de avaliação.

No presente estudo, o X1 refere-se ao teor de MM no dia de abertura dos silos e o X2 o

teor de MM da silagem a cada dia de avaliação da estabilidade aeróbia.

Modelo estatístico

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (fatorial 3 x 3)

com nove tratamentos e quatro repetições. Os resultados obtidos foram submetidos à

análise de variância e comparados, utilizando-se o teste de Tukey em nível de 5% de

significância. Para realização das análises estatísticas, utilizou-se o Sistema de

Análises Estatísticas (Sistema..., 2007), segundo o modelo:

43

Yij = µ + TMPi + DE+ TMP*DE+ eij

em que:

Yij = observação referente aos TMP e DE;

µ = constante geral;

Ti = efeito do TMP; sendo i = 1...;

DE= efeito da DE ; sendo i = 1...4;

eij = erro aleatório associado a cada observação Yij.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 8 h de exposição ao ar, todas as silagens apresentaram temperaturas mais

elevadas que as registradas no ambiente (Tab. 1). Isso pode significar a ocorrência de

intenso mecanismo de degradação das silagens por ação de microrganismos

deterioradores.

Tabela 1. Temperaturas médias da silagem de aveia preta e do ambiente no intervalo de

0 a 96 h de exposição ao ar

Horas

Densidade (kg/m3)

550 600 650

TMP (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12 Média

Sil °C

Média

Amb

CV(%)

0 25,38 25,28 25,83 25,08 23,35 26,40 25,55 25,48 25,87 25,57 27 2,62

8 30,63 30,87 32,42 30,4 31,3 32,1 31,02 33,45 32,15 31,52 29 6,04

24 31,77 31,97 31,57 32,65 32,05 31,00 32,27 30,02 31,25 31,62 29 3,21

32 23,75 25,47 23,6 22,97 25,00 23,35 23,75 28,75 23,8 24,5 22,5 6,07

48 25,87 27,45 24,50 24,27 26,75 23,80 25,35 30,60 24,20 25,87 22,5 6,81

56 27,42 27,55 22,77 24,92 28,17 22,35 29,57 31,05 22,27 26,15 22 9,19

72 26,35 25,92 23,1 23,55 28,4 23,5 28,75 29,12 22,95 24,61 21,5 7,24

80 32,12 30,00 25,17 30,32 30,97 22,80 31,67 32,40 24,60 28,89 21,5 7,09

96 35,22 33,72 27,37 33,72 35,10 25,75 34,07 35,05 27,65 31,96 25,5 6,26

Média (°C)-temperatura média da silagem; Média Amb(°C)-temperatura média do ambiente e CV(%) coeficiente de variação das

médias dos nove tratamentos.

Na avaliação da estabilidade aeróbia, constatou-se que o maior tamanho médio de

partícula proporcionou temperaturas máximas (T max) menores (exceto no caso da DE

600 kg/m3) e menor tempo para que atingissem tais temperaturas (Tab. 2).

44

Tabela 2. Diferenças de temperatura (°C) entre o ambiente e as silagens de aveia preta,

durante o tempo de exposição ao ar Densidades (DE)

Horas

550 kg/m3 600 kg/m3 650 kg/m3

Tamanho médio de partículas (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12 Media CV(%)

0 -1,62 -1,72 -1,17 -1,92 -1,65 -0,60 -1,45 -1,52 -1,17 -1,43 6,62

8 1,63 1,87 3,42 1,40 2,30 3,10 2,02 4,45 3,15 2,52 6,66

24 2,77 2,97 2,57 3,65b 3,05ab 2,00a 3,27b 1,02a 2,25ab 2,62 9,21

32 1,25 2,97 1,10 0,47 2,50 0,85 1,32b 6,25a 1,30b 2,00 9,07

48 3,37ab 4,95a 2,00b 1,77ab 4,25a 1,30b 2,85b 8,10a 1,70b 3,37 9,81

56 5,42a 5,55a 0,77b 2,92ab 6,17a 0,35b 7,57a 9,05a 0,27b 4,15 9,40

72 4,85a 4,42a 1,60b 2,05b 6,90a 2,00c 7,25a 7,62a 1,45b 3,11 10,24

80 10,62a 8,50a 3,67b 8,82a 9,47a 1,30b 10,17a 10,90a 3,10b 7,39 11,09

96 9,72a 8,22a 1,87b 8,22a 9,60a 0,25b 8,57a 9,55a 2,15b 6,46 12,26 Letras diferentes diferem no teste de Tukey a 5%.

Observa-se que após 8 h de exposição ao ar, a EA foi quebrada nas silagens com DE

550 e TMP 12 mm, com DE 600 TMP 8 e 12 mm e naquelas com DE 650 kg/m3. A

quebra da EA nesse intervalo de tempo mostra que a silagem possui boa qualidade

nutricional, podendo-se inferir que o processo de fermentação ocorreu de forma

adequada. Silagens com bom padrão fermentativo apresentam adequado teor de

carboidratos solúveis residuais e elevado teor de ácido lático, substratos que podem

ser utilizados pelas leveduras, principais microrganismos deterioradores da silagem

(Kung Jr., 2001; Velho et al., 2007; Young et al., 2012). No tempo de 24 h, as

silagens com TMP 5 mm e 8 mm na DE 550 kg/m3 e o TMP 5 mm na DE 600 kg/m

3

quebraram a EA. Amaral et al. (2008), trabalhando com silagem de capim Marandu,

notaram que as maiores DE utilizadas (120, 140 e 160 kg/m3) apresentaram maiores

elevações de temperatura em relação a menor densidade (100 kg/m3), o que é

explicado pelos autores pela melhor qualidade do material compactado com maior

eficiência.

Nos intervalos de tempo onde foi monitorado a T ambiente e a T das silagens não foi

evidenciando apenas taxa de elevação da temperatura, havendo também queda.

Esse comportamento pode ser explicado pela variação na temperatura

ambiente, especialmente à noite, que no período do estudo variou entre 21,5 e

29°C.

Na Fig. 2 são representadas as variações de temperatura durante a exposição aeróbia

para todas as silagens avaliadas. A temperatura média de todas as silagens, no

intervalo entre o tempo 0 e 96 h, foi superior à temperatura média do ambiente. Esse

comportamento é explicado em função da atuação de microrganismos de forma

constante, com liberação de calor no interior dos silos. Quando o silo é aberto, com a

entrada de oxigênio ocorre o aceleramento do processo de degradação da silagem.

45

Na abertura dos silos não há interferência do ambiente externo e a temperatura

permanece abaixo da temperatura ambiente. Nos demais tempos, o processo é

acelerado o que justifica a elevação da temperatura da silagem.

A B

C D

Figura 2. Temperaturas médias das silagens em função do TMP (A; B e C) e

temperatura média do ambiente e das silagens avaliadas (D).

Observa-se (Fig. 2) que as maiores diferenças médias de temperatura ocorrem para a

TMP 5 mm no espaço entre 48 e 80 h nas três DE. Para a TMP 8 mm, observam-se

diferenças entre o período compreendido entre 8 e 80 h. Já no TMP 12 mm, a diferença

ocorre nas últimas 16 h. O que pode significar melhor EA para o TMP 8 mm. Quanto às

médias de temperatura do ambiente e dos silos (todos os tratamentos), nota-se que a

temperatura das silagens foi superior à média da temperatura ambiente a partir de 8 h de

exposição ao ar.

46

Tabela 3. Valores de temperatura máxima (Tmax), tempo para atingir temperatura

máxima (TTmax) e tempo para quebra da estabilidade aeróbia (TEA) de silagens de

aveia durante 96 h de exposição ao ar Densidade da silagem kg/m³

550 600 650

Tamanho médio de partículas (mm)

Parâmetro 5 8 12 5 8 12 5 8 12

Tmax (°C) 35,22 33,72 32,42 33,72 35,10 32,10 34,07 35,05 32,15

TTmax (horas) 96 96 8 96 96 8 96 96 8 TEA (horas)1 24 24 8 24 8 8 8 8 8

1Horas para quebrar estabilidade aeróbia (2°C acima da temperatura ambiente).

As silagens produzidas com maior densidade (650 kg/m3), independente do TMP,

quebraram a estabilidade aeróbia com 8 h de exposição ao ar. Esse resultado pode ser

atribuído a maior quantidade de substrato disponível para os microrganismos

deterioradores. Quando da abertura dos silos, o pH da silagem com DE 650 kg/m3 foi

maior, contudo com o passar do tempo não houve elevação significativa, possivelmente

em função da grande liberação de amônio e de cátions básicos e neutralizados os ácidos

formados.

Na silagem com menor densidade (550 kg/m3), a EA foi quebrada em 24 (TMP 5 e 8) e

com 8 h no TMP de 12 mm. A Tmax foi mais elevada para as partículas de menor

tamanho (5 e 8 mm). Já a TTmax foi alcançada no tempo de 96 h de exposição ao ar

para os TMP de 5 e 8 mm.

As silagens com 5 e 8 mm de TMP, na DE 650 kg/m3 mostraram quebra da estabilidade

a partir 8 h de exposição ao ar, e TTmax de 96; 96 e 8 h, divergindo em 3°C para a

temperatura máxima. Observa-se que para estas silagens, houve um pico de tempo e

temperatura mais elevada, que pode estar relacionado com um padrão mais elevado de

fermentação da silagem, o que gerou maior concentração de substrato residual e

consequentemente maior atividade microbiana.

Na Tab. 4 constam os valores de pH do tempo zero (abertura dos silos) até 192 h de

exposição ao ar. A literatura mostra que a exposição é de até 96 h é suficiente para a

avaliação da EA. No experimento, fez-se uma janela de observação de 192 h com o

objetivo de verificar o processo de degradação da silagem, envolvendo o mecanismo de

perda de MO por volatilização de compostos de menor peso molecular importante na

determinação da estabilidade aeróbia das silagens.

47

Tabela 4. Valores médios de pH de silagens de aveia em diferentes densidades e

tamanhos médio de partículas, durante 192 h de exposição ao ar

Horas

(h)

Densidade (kg/m³)

550 600 650

Tamanho médio de partícula (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12 Média

pH CV(%)

0 4,13a 4,22ab 4,31b 4,12 4,18 4,28 4,10 4,16 4,23 4,19 2,2

24 4,07a 4,21ab 4,34b 4,05a 4,21a 4,38b 4,04a 4,15ab 4,27b 4,19 2,1

48 4,21 4,31 4,38 4,06a 4,29b 4,46b 4,10a 4,31b 4,38b 4,28 2,54

72 4,21a 4,53b 4,43ab 4,12a 4,54b 4,58b 4,15a 5,03b 4,47a 4,46 4,28

96 5,26 5,18 4,47 4,97 5,72 4,50 5,97ab 7,03b 4,43a 5,28 17,89

120 6,93b 6,54ab 4,66a 6,63b 7,31b 4,39a 6,28ab 7,87b 5,35a 6,22 19,34

144 8,31b 7,89b 5,33a 7,44b 8,15b 4,58a 7,60b 8,80b 5,64a 7,08 14,59

168 8,43b 8,26b 6,35a 8,56b 8,54b 4,78a 8,57b 8,75b 6,92a 7,69 10,69

192 8,87 8,51 7,99 8,83b 9,06b 5,61a 8,99b 9,06b 7,49a 8,27 6,42

Médias no teste de Tukey.

Não houve interação entre DE e TMP de partícula para os valores de pH das silagens.

Durante o tempo de exposição ao ar, houve aumento do pH para todas as silagens em

todas as DE e TMP, o que é um indicativo de atividade dos microrganismos

deterioradores. De acordo com Kung Jr. (2001) e Young et al. (2012), as leveduras são

os principais microrganismos que iniciam a deterioração aeróbia, utilizando açúcares

residuais e ácido lático para o metabolismo. A atividade microbiológica na silagem

consome ácido lático, aumentando o pH, permitindo que os organismos anteriormente

inibidos pela acidez voltem à atividade, continuando com o processo de deterioração,

elevando a temperatura na massa de forragem (Woolford, 1990). O pH é um dos

principais fatores capazes de determinar o crescimento e a sobrevivência dos

microrganismos presentes, além de ser empregado como parâmetro na qualificação do

processo de ensilagem. Dias et al. (2010), com base em Woolford (1990) e Pereira e

Reis (2001), ressaltam que é possível a preservação da qualidade da forragem ensilada

com alto conteúdo de matéria seca com valores de pH de até 5,0. Nessa pesquisa, os

valores de pH permaneceram entre 4,19 no tempo zero até 24 h, elevando para 4,28 e

4,46 nos tempos 48 e 72 h de exposição aeróbica das silagens, que evidencia que o

processo de fermentação ocorreu de forma satisfatória, mantendo a média de pH abaixo

de 5 conforme os observados por esses autores.

Verificou-se que as silagens com TMP de 12 mm apresentaram valores de pH inferiores

em relação àquelas nos demais TMP a partir de 72 h de exposição ao ar. Observou-se

também que essas silagens tendem a ter temperaturas mais baixas, o que conferiu maior

estabilidade aeróbia.

48

Figura 3. Curvas do pH para os três TMP nas três DE com respectivas equações de

regressão.

O pH das silagens na abertura dos silos foi em média 4,19 (Fig. 3), estando dentro dos

padrões aceitáveis para silagem de gramíneas com boa fermentação (McDonald et al.,

1991; Loures et al., 2005; Taffarel et al., 2010). A acidez é considerada um fator

importante na conservação das silagens. Nesses termos, um pH elevado indica perdas de

nutrientes, principalmente de carboidratos não estruturais. No processo de degradação,

ocorrem perdas elevadas de componentes orgânicos de interesse para a nutrição animal.

A silagem com sinais de degradação é pobre em nutrientes e um risco para a saúde dos

animais submetidos à dieta.

Na Fig. 3, a partir das médias, as curvas de pH foram ajustadas de forma a demonstrar

seu comportamento. Constata-se que nas silagens com menor TMP (5 mm) houve pouca

variação nos valores de pH em função do tempo de exposição ao ar, enquanto que nos

maiores TMP a variação foi maior em relação a DE na ensilagem.

49

Na Tab. 5, é evidenciado que, com o passar das horas em exposição ao ar, houve

acréscimo nos teores de MM. Isso pode ser explicado pela atividade microbiológica

sobre os componentes orgânicos das silagens.

Tabela 5. Concentração de matéria mineral (MM) em silagens de aveia no intervalo de 0

a 96 h de exposição ao ar

Horas

Exposição

Densidade (kg/m3)

550 600 650

Tamanho médio de partículas (mm)

5 8 12 5 8 12 5 8 12 Média

(%)

CV

(%)

0 5,86 4,86 5,54 5,26 4,88 5,69 5,76 5,38 5,78 5,45 12,88

24 6,13 6,18 6,12 6,20 6,02 6,02 6,11 6,11 5,92 6,09 3,56

48 6,38 6,24 6,21 5,98 5,99 6,03 6,09 6,19 6,14 6,13 3,91

72 6,46 6,47 5,95 6,33 6,27 5,85 6,26 6,47 5,94 6,22 6,13

96 6,25 6,25 6,20 6,29ab 6,43b 5,80a 6,60 6,47 6,29 6,29 5,40

Constata-se (Tab. 5) que não houve diferença entre tratamentos (P>0,05) para o teor de

MM durante a exposição ao ar. Nota-se que as médias de MM foram ascendentes em

função do tempo de exposição ao ar, porém não apresentando diferença estatística

(P>0,05). Isso evidencia que a silagem perdeu MO de forma contínua ao longo do

tempo de exposição ao ar, elevando gradativamente o teor de MM, o que é explicado

pela atividade microbiológica.

Na Fig. 4 é demonstrada a perda de MO e de MM, conforme a equação proposta por

Paredes et al. (2000).

A

B

Figura 4. Perdas de MO (%) e concentração de MM (%) em silagens de aveia, no

intervalo de 0 a 96 h de exposição ao ar.

Pode ser evidenciado, na Fig. 4, que a concentração de MM, no intervalo entre 0 e 96 h,

foi gradativa, tendo seu ponto de máxima concentração em torno de 72 h após a

abertura dos silos. Em contraste, às perdas de MO se elevaram após 24 h de exposição

ao ar, fato que pode ser explicado pela maior proliferação de leveduras e de outros

microrganismos deterioradores.

50

CONCLUSÕES

O tamanho de partícula e a densidade na ensilagem alteram o comportamento na

deterioração da silagem quando esta é exposta ao ar, sendo que maiores densidades,

aliadas ao menor tamanho de partícula reduz o tempo de estabilidade ao ar.

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VI – Potencial poluidor e perdas de macro e micronutrientes por efluente de silagem

de aveia preta (Avena strigosa Schreb.)

[Pollution potential and loss of macro and micro for wastewater oat silage (Avena

strigosa Schreb.)]

RESUMO

Objetivou-se mensurar o potencial poluidor e perdas de macro e micronutrientes por

efluente de silagens de aveia preta (Avena strigosa Schreb.). O corte da aveia foi realizado

com uso de ensiladeira, modelo JF92Z10, regulada para os tamanhos de partículas pré-

definidos de 5, 8 e 12 mm. A ensilagem foi feita em silos experimentais de PVC, com

capacidade para 10 kg de silagem. No dia da ensilagem foi extraído suco da forrageira

fresca (APF) nos três TMP, que permaneceram por 60 dias armazenados em local protegido

e a temperatura ambiente para posteriores análises. Ao final da avaliação da estabilidade

aeróbia (192 h), procedeu-se a extração de suco das silagens (SFE) e do suco das silagens

adicionadas de água (SFA). Foram analisados parâmetros químicos (DQO, DBO5, SST,

NOx, N-NH3), e macro e micronutrientes (N; P; K; Ca; Mg; Na; Cu; Zn; Fe e Mn) para a

identificação do potencial poluidor dos extratos, da forragem fresca (APF) e das silagens

(SFE) e com água (SFA). Em porcentagem, o efluente da silagem de aveia é mais

concentrado que o efluente de suinocultura para os nutrientes N (61%); P (323%); K

(333%); Ca (965%); Mg (1.402%); Fe (388%) e Mn (2.014%) e, possui concentração

menor para Na (-85%); Cu (-40%) e Zn (-64%). A relação DQO/DBO5 encontrada foi,

respectivamente, de 2,40; 2,65 e 3,91 para os extratos APF, SFE e SFA, o que torna

necessário seu tratamento antes de ser lançado no meio ambiente. Os extratos APF e das

silagens (SFE e SFA) demonstram o processo de degradação do material vegetal pelo

processo de mineralização da MO. Pode-se inferir a seguinte ordem de potencial poluidor

para os três conjuntos de amostras, como sendo: APF<SFE<SFA. O conjunto de amostras

SFA ao tempo em que foi diluído, sofreu maiores alterações demonstrando grande potencial

poluidor pelo DBO. Os três efluentes (APF; SFE e SFA) mostraram relação DQO/DBO

maior que 2, indicando a existência de matéria orgânica não biodegradável o que impacta

negativamente o ambiente. Em função dos resultados obtidos, concluiu-se que o efluente

gerado no processo de ensilagem apresenta alto potencial de poluição ambiental.

Palavras-chave: degradação, efluente, matéria orgânica, mineralização, potencial poluidor

54

ABSTRACT

This study aimed to measure the pollution potential and loss of macro and

micronutrients by oat silage effluent (Avena strigosa Schreb.). The oats cut was

performed using shredder model JF92Z10 regulated to the pre–defined sizes of particles

of 5, 8 and 12 mm. The silage was made in experimental PVC silo with capacity of 10

kg of silage. On the silage was extracted effluent from fresh forage (FF) in the three

APS, which remained for 60 days stored in a protected location and room temperature

for later analysis. At the end of the assessment of aerobic stability (192hours), we

proceeded the silage effluent extraction (SEE) and the effluent of silage added with

water (SAW). for the identification of potential polluter of extracts from fresh forage

(FF) and silage and water (SAW). In percentage, the silage effluent from oats is more

concentrated than the swine effluent for nutrients N ( 61%) , P (323 %), K ( 333% ), Ca

( 965 %), Mg (1.402%); Fe ( 388 %) and Mn ( 2.014 %) and have lower concentration

of Na ( -85%), Cu (-40 %) and Zn ( -64 %). The BOD/COD5 relationship found was

respectively 2.40, 2.65 and 3.91 for APF, SFE and SFA extracts, necessitating their

treatment before being released into the environment. The APF extracts and from

silages (SFE and SFA) demonstrate the process of degradation of plant material by the

process of mineralization of OM. It can infer the following order of pollution potential

for the three sets of samples as: APF<SFE<SFA. The set of samples SFA at the time it

was diluted, was more affected demonstrating great polluter potential by BOD. The

three effluents(APF; SFE and SFA) showed a relationship COD/BOD higher than 2

indicating the existence of non - biodegradable organic matter which negatively impacts

the environment. Considering The results obtained was concluded that the effluent

generated in the ensiling process has a high potential for environmental pollution.

Keywords: degradation, effluent, organic matter mineralization, potential polluter

55

INTRODUÇÃO

A pecuária brasileira esta passando por profundas alterações tecnológicas. Nas últimas

décadas, tem sido objeto constante de discussões pela dualidade do momento aumento

de produtividade e redução dos custos de produção, do impacto negativo social e

ambiental. Para Candido et al. (2002), com a intensificação dos sistemas de produção,

cresceu a demanda por silagens com alto valor nutritivo o que tem sido alcançado com o

avançar das pesquisas.

Conforme Jobim et al. (2007), em qualquer sistema de produção animal a qualidade dos

alimentos que compõem a ração é de fundamental importância na busca da eficiência. O

emprego de tecnologia adequada é primordial. As forragens conservadas, especialmente

a silagem pode ter seu valor alimentício alterado em função de procedimentos

inadequados para a produção e conservação. Essas considerações, feitas por Jobim et al.

(2007), levam a refletir sobre os resíduos oriundos da produção da silagem e seus danos

ao ambiente.

Em muitas situações, a pecuária intensiva é concentradora de resíduos orgânicos

animais (dejetos) e vegetais (restos de ração...), incluindo nesse contexto os efluentes de

silagens. O efluente de silagem possui elevado potencial poluidor para o solo, o ar e a

água. Mas não são contínuos, depende do fluxo de produção que normalmente ocorre

nas águas. O efluente possui elevada carga de sólidos em suspensão e dissolvidos totais

(SST), além de macro e micronutrientes. Loures et al. (2005) afirmam que a produção

de efluentes em silagens representa perdas de valor nutricional e risco de poluição

ambiental.

Nos últimos anos, aditivos biológicos estão sendo submetidos a testes em aplicações em

processo de ensilagem com a finalidade de eliminar a produção de efluentes, contudo

apresentam resultados falso-positivo, havendo relatos de redução (Haigh, 1999; Igarasi,

2002) e de aumento (Jones e Jones, 1996; Jaster, 1995; Loures et al., 2005).

A perda de nutrientes minerais ocorre por efluentes, contudo a perda de matéria seca

pode favorecer a perda de açúcares, ácidos orgânicos e proteínas no decurso da

fermentação. Porém, são escassas as informações a respeito das perdas de nutrientes que

ocorrem ao longo do período de ensilagem, na forma de efluente. O efluente em geral

quando extravasado para mananciais de superfície podem causar danos ao ambiente

aquático, por consumir o oxigênio do meio (Matos, 2005).

56

A preocupação e por consequência o interesse pelo estudo do tratamento de resíduos

líquidos e sólidos provenientes da agropecuária têm aumentado nos últimos anos

(Moraes e Paula Junior, 2004). O desenvolvimento da tecnologia da ensilagem tem

proporcionado melhorias à qualidade nutricional do alimento. Contudo, a falta de

costume por parte do produtor em utilizar corretamente as técnicas adequadas às ações

de ensilagens ainda é uma constante.

A produção de efluente carreia nutrientes da silagem, o que a empobrece

nutricionalmente, além de representar elevação de custos para o produtor e prejuízos

para o ambiente. Esse líquido quando é lixiviado carreia substâncias tóxicas para os

mananciais. O material orgânico é por excelência habitat para proliferação de micro e

macrovetores (Matos, 2005) o que potencializa seu efeito danoso ao ambiente e a

qualidade de vida dos trabalhadores envolvidos no processo.

Em face ao exposto, objetivou-se, com este trabalho, avaliar o potencial poluidor e

perdas de macro e micronutrientes por efluente de silagem de aveia preta. O estudo visa,

ainda, compreender as implicações nas relações ambientais quando no processo de

ensilagem ocorre a produção de efluente com elevadas taxas de demanda bioquímica de

oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), localizada

à latitude de 23º 25' S; 51º 57' O e a 550 m de altitude. A região apresenta clima

subtropical (Cfa), segundo a classificação de Köppen, temperatura média do mês mais

frio, inferior a 18ºC e temperatura média no mês mais quente, acima de 22ºC

(Caviglione et al., 2000). O solo da região experimental é classificado como latossolo

vermelho eutroférrico de textura areno-argilosa (Gomes et al., 2011).

As análises de quantificação de macro e micronutrientes foram realizadas no

Laboratório Agroquímico e Meio Ambiente e as análises de caracterização do potencial

poluidor foram realizadas no Laboratório de Saneamento e Meio Ambiente, estruturas

da Universidade Estadual de Maringá.

57

Avaliações agronômicas

A área de plantio da aveia (Avena strigosa Schreb.) foi constituída de 1,0 ha, nas

dependências da FEI. A análise de solo da área experimental apresentou o seguinte

resultado: pH de 6,65; teor de P2O5 de 9,16 mg/dm3; K2O de 0,16 Cmol/dm

3; matéria

orgânica de 21,94 g/dm3 e saturação de base 60,30%. O preparo do solo foi

convencional, com utilização de arado de disco e grade niveladora. Considerando o

resultado da análise de solo foi feita adubação no plantio com 300 kg ha-1

da formulação

química NPK 08-30-16.

A semeadura da aveia foi realizada no dia 05 de maio de 2012 com a densidade de 60

kg/ha de sementes. A semeadura foi realizada com semeadora de plantio em linhas,

regulada para espaçamento entre linhas de 17 cm.

Na Fig.1 são apresentados os dados obtidos na Estação Meteorológica da FEI, onde se

nota que no período de plantio da aveia, houve pouca precipitação pluviométrica, sendo

registrado um pico em 20/06/2012 com o um volume de 144,6 mm. Depois desse

excesso, seguiram-se 47 dias até o corte para a ensilagem, nesse período a precipitação

total foi de 18,4 mm, ou seja, uma média de 0,39 mm/dia. A última precipitação

produziu 2,0 mm, ocorreu em 28/07/2012, portanto dez dias antes do corte.

Figura 1. Dados pluviométricos e de temperatura do ar no período do plantio à

ensilagem da aveia preta, obtidos da Estação Meteorológica da Fazenda Experimental

de Iguatemi

Ensilagem

O corte da aveia foi realizado no ponto ideal para ensilagem sendo realizada a análise

visual para a identificação do grão leitoso, conforme preconiza a literatura (Portas e

Vechi, 2007). O corte foi realizado com uso de ensiladeira, modelo JF92Z10, regulada

58

para os tamanhos de partículas pré-definidos como tratamentos. Os tratamentos

avaliados foram três tamanhos médios de partículas (TMP), 5,0; 8,0 e 12,0 mm e nas

três densidades (DE) na ensilagem (550 kg/m3; 600 kg/m

3 e 650 kg/m

3), arranjados em

delineamento fatorial (3 x 3), com quatro repetições, totalizando nove tratamentos e 36

silos. As densidades tiveram por objetivo simular a pressão existente em silos de maior

escala, como descrito por O’Donnell et al. (1995), em estudos para avaliação de

ocorrência de efluentes em silagens. A ensilagem foi feita em silos experimentais de

PVC, com capacidade para 9,750 kg de silagem. Após o corte em cada tamanho de

partícula, a forragem foi inoculada com inoculante bacteriano (Master tropical – Katec

Lallemand), com níveis de garantia na ordem de 2,0 x 108ufc/g de Lactobacillus

plantarum MA 18/5u e de 0,5 x 109 ufc/g de Pediococcus acidilactici MA 18/5m, com

aplicação na dosagem recomendada pelo fabricante. As densidades das silagens foram

obtidas considerando-se o volume dos silos (0,015 m3) e a quantidade de massa de

forragem a ser armazenada em cada silo.

Extração do suco e preparo das amostras

No dia da ensilagem, foi extraído suco da forrageira fresca (APF) nos três TMP, os

quais foram armazenados em frasco de plástico opaco com tampa e foram

acondicionados em lugar à temperatura ambiente, ventilado, protegido de umidade e da

luz solar. Essas amostras permaneceram nessas condições por 81 dias. O objetivo de

extrair o suco foi analisá-lo para melhor compreender o mecanismo de degradação da

silagem e, consequentemente, quantificar o potencial poluidor do efluente assim

produzido. Analisaram-se as variáveis pH, oxigênio dissolvido (OD) e a composição

química da forrageira fresca e da silagem, compreendido os parâmetros (MS; MO; PB;

FDN; FDA; MM; LIG; HEM; CEL; EE; DIVMS e CHO). Os dados foram submetidos à

análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa

SISVAR, versão 5,6 (Ferreira, 2011). Após a abertura dos silos (08/10/2012), avaliou-se

a estabilidade aeróbia (EA) das silagens por 192 h. No final da avaliação da EA,

realizou-se a extração do suco das silagens, os quais foram acondicionados em potes de

polietileno e congelados a -10°C. No período de 192 h iniciais em EA, foi determinado

o pH das silagens, diariamente às 8 h por oito dias consecutivos, com uso de

peagâmetro digital, sendo realizada a leitura do pH das silagens via infusão de 10 g de

amostra de silagem em 100 mL de água destilada à temperatura ambiente, aguardando

59

30 min após homogeneização do material, conforme Cherney e Cherney (2003). Após

esse período, dos 36 silos, escolheram-se aleatoriamente nove silos (3 silos para cada

TMP), aos quais se adicionaram 50 mL água por kg de silagem em uma única aplicação,

sendo acompanhados por mais 13 dias, quando foi realizada a extração do suco,

totalizando 21 dias após a abertura dos silos (SFA) e 81 dias do fechamento dos silos. O

objetivo de adicionar água às silagens, no final da avaliação da EA, foi simular a

ocorrência de chuva em uma situação de campo e, verificar o comportamento das

silagens em eventual efeito diluidor ou potencializador das reações de decomposição do

material. Na extração do suco das silagens, utilizou-se uma prensa hidráulica de 8 ton.

de pressão. Os extratos das silagens (APF, SFE e SFA) foram encaminhados para a

análise de macro e micronutrientes e de componentes químicos com potencial poluidor.

Nas amostras de suco da forragem, extraído no momento da ensilagem, e nas amostras

de efluentes coletados após a finalização da avaliação da estabilidade aeróbia, foi feita a

leitura de oxigênio dissolvido em Oxímetro Instrutherm MO-900.

Análises de caracterização do potencial poluidor do efluente

Os parâmetros demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio

(DBO5), sólidos suspensos totais (SST), total de nitrato e nitrito (NOx) e nitrogênio

amoniacal (N-NH3) foram analisados conforme metodologias APHA (2005). O

parâmetro sólidos suspensos voláteis (SSV) foi calculado com base em Metcalf & Eddy

(2003), onde consta que o SSV é 30% do total de sólidos suspensos totais (SST). Macro

e micronutrientes (K; Ca; Mg; Na; Cu; Zn; Fe e Mn) analisados conforme metodologia

da espectrometria de absorção atômica em amostra digerida por solução nitro-perclórica

(HNO3 e HClO4) proposto por Horwitz (1982) e atualizada por Welz e Sperling (1999).

O fósforo total (P) analisado por espectrofotometria UV-Vis em amostra digerida por

solução nitro-perclórica, metodologia proposta por Strickland e Parsons (1972), e

nitrogênio total (N) pelo método clássico de Kjeldahl. Para a identificação do potencial

poluidor dos efluentes (APF; SFE e SFA), utilizaram-se para efeito de comparação

valores de macro, micronutrientes e pH encontrados por Pacheco (2012) em estudo do

efluente de suinocultura como fertilizante das culturas de milho e aveia preta. No

decurso das observações diárias, não se registrou produção significativa de efluente em

todo o período de armazenamento e exposição aeróbia da silagem de aveia preta. Pelo

volume reduzido de efluentes, os resultados numéricos obtidos para a composição

60

química e parâmetros de classificação dos efluentes não foram submetidos à análise

estatística, sendo considerados como valores absolutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse estudo, o efluente produzido espontaneamente em todas as silagens avaliadas foi

insignificante, possivelmente pelo teor de MS (28,12%) no momento da ensilagem, não

sendo mensurado. Porém, as análises realizadas no extrato da forragem fresca (APF) e

nos extratos obtidos após a avaliação da estabilidade aeróbia (SFE) e (SFA) revelaram

as informações de grande relevância (Tab. 1).

Tabela 1. Concentração de minerais nos efluentes (sucos) extraído no dia do corte

(APF), ao final da avaliação da estabilidade aeróbia das silagens (SFE) e na silagem

adicionado de água (SFA)

Minerais (mg/L) Aveia preta

APF SFE SFA

N 1.420 2.533 1.353

P 1.009 396 152

K 2.290 2.345 2.195 Mg 761 476 263

Ca 1.313 353 178

Na 6 31 25

Cu 0,25 0,52 0,70

Zn 0,20 1,20 3,0

Fe 8,71 30 21 Mn 8,70 5,0 4,7

N-nitrogênio; P-fósforo; K-potássio; Mg-magnésio; Ca-cálcio; Na-sódio; Cu-cobre; Zn-zinco; Fe-ferro e Mn-manganês. Valores

médios absolutos calculados sem estatística.

Avaliando-se os valores absolutos da concentração de minerais nos extratos da forragem

verde e das silagens, constata-se que há diferenças bastante evidentes. Os teores de P,

Mg, Ca e Mn diminuíram a concentração nos efluentes das silagens (SFE e SFA) em

relação ao extrato obtido da forragem fresca. Isso pode ser pelas funções

desempenhadas na estrutura vegetal. Possivelmente, para a forrageira colhida há pouco

tempo, não ocorreram reações químicas ou biológicas que propiciassem a quebra de

tecido lignificado, o que dificultou a liberação destes elementos no suco da forragem. .

Assim, somente foram mensurados os elementos que foram liberados da estrutura

vegetal pela força aplicada pela prensa hidráulica.

Os teores encontrados para Cu e Zn tiveram comportamento contrário, aumentando a

concentração em SFE e SFA, em relação ao extrato da forragem fresca. Já os elementos

N, K, Na e Fe tiveram concentração crescente de APF para SFE e decrescente de SFE

para SFA.

61

As diferenças de concentração dos minerais, observadas em cada material, podem ser

explicadas pelas formas que cada elemento se apresenta no meio, sendo discutidas a

seguir.

Na Fig. 2 é representado graficamente o comportamento dos minerais de acordo com os

extratos avaliados (APF, SFE e SFA).

Figura 2. Concentração dos minerais: fósforo, magnésio, cálcio e manganês nos extratos

da forragem verde (APF) e nas silagens de aveia (SFE e SFA).

Na Fig. 3 encontram-se os teores de Cu e Zn nos efluentes APF; SFE e SFA.

Figura 3. Concentração de cobre e zinco nos efluentes APF; SFE e SFA.

62

Já os elementos N; K; Na e Fe tiveram concentração crescente de APF para SFE e

decrescente de SFE para SFA, conforme demonstrado na Fig. 4.

Figura 4. Teor de nitrogênio, potássio, sódio e ferro nos efluentes APF; SFE e SFA.

Teor de nitrogênio

O nitrogênio encontrado no efluente é originado de processos de degradação de

materiais orgânicos da forragem, e pode estar em quatro formas: nitrogênio orgânico,

nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato. As análises e monitoramento centraram-se na

evolução da silagem de aveia preta ao longo do tempo, primeiro em sistema anaeróbico

(silos) e ao final, aeróbico (silos abertos). De acordo com Teixeira (2006), em efluentes,

o nitrogênio apresenta-se como nitrato (NO3–), nitrito (NO2

–), amônia (NH3), íon

amônio (NH4+), óxido nitroso (N2O), nitrogênio molecular (N2), nitrogênio orgânico

dissolvido (peptídeos, purinas, aminas e aminoácidos) e nitrogênio orgânico particulado

(bactérias e detritos).

Na forragem fresca, 75 a 90% do N total estão na forma de proteína, constituindo

principalmente peptídeos, aminoácidos livres, amidas, nucleotídeos e clorofila o que

justifica a menor concentração de N em APF. McDonald et al. (1991) e Jaster (1995)

encontraram que durante a ensilagem a proteólise determina que 40 a 60% desse

63

nitrogênio total seja solubilizado em compostos nitrogenados não proteicos (NNP). O

experimento mostrou a elevação de nitrogênio amoniacal (N-NH3), nitrato e nitrito

(NOx), respectivamente 20 e 90; 72 e 237; 444 e 230 mg/L APF; SFE e SFA, o que

atribuímos aos diferentes efluentes em análise.

O teor de N total aumentou de 1.420 mg/L em APF para 2.533 mg/L em SFE em 60

dias de ensilagem mais oito dias de avaliação da estabilidade aeróbia (EA), o que

corresponde a 16 mg/L/dia de acréscimo, conforme modelo linear representado por y =

12,002x + 1407,3 sendo R² = 1. Em 21 dias de avaliação da EA, nas amostras de SFA,

o N diminuiu para 1.313 mg/L. Comparando o teor de N no dia do corte com o teor de

N no último dia de EA em SFE, houve acréscimo de 78,3%, seguida de diminuição da

concentração de 87,2%. Isso pode significar que o N que estava preso às estruturas

fibrosas do material ensilado foi liberado, facilitando sua quantificação no efluente da

silagem SFE. No extrato SFA, a diminuição do teor de N total pode representar perda de

compostos nitrogenados de baixo peso molecular para o ambiente. Isso aconteceu,

possivelmente, pela ação de microrganismos na quebra de estruturas em que o

nitrogênio é constituinte, favorecendo a liberação de compostos de nitrogênio de menor

peso molecular. Na extração física utilizada não se pode obter a totalidade dos

nutrientes minerais que constituem a espécie vegetal. É possível, partindo dessa

hipótese, inferir que transformações se desenvolveram com o processo de fermentação

seguido pela degradação em função da exposição do material ao ar. Matos (2005)

registrou valores de até 5.400 mg/L de nitrogênio total (Nt) em resíduo de palha de

aveia. No presente estudo foram observados valores médios de Nt no intervalo de 1.420;

2.533; 1.353 mg/L refentes as médias simples.

Teor de fósforo

A menor concentração de P no extrato SFA pode ser explicada pela água adicionada, a

qual proporcionou meio ideal para o intenso desenvolvimento de microrganismos

decompositores o que possibilitou a quebra das estruturas orgânicas com a liberação

seguida de rearranjo de novas estruturas de maior densidade o que pode ter sido

carreado para o fundo dos silos experimentais. Como as amostras foram tomadas da

parte superior dos silos, a leitura pode ter ficado prejudicada. A concentração de P nos

vegetais é bastante variável. Como exemplo, Scheffer-Basso et al. (2003), em

experimento de avaliação do valor nutritivo de silagens de milho e de aveia,

64

encontraram 0,20% de fósforo na silagem de aveia não deteriorada. No experimento de

Freitas et al. (1994) trabalhou-se com silagem de aveia em estádio de grão pastoso, na

abertura do silo encontram valores médios de 2,10% desse mineral. A diferença entre

esses dois resultados é de 10,5 vezes.

No presente estudo, ao final de 21 dias em monitoramento da EA, já em deterioração

total da matéria orgânica (MO), foram registrados valores de 1.009; 396 e 152 mg/L de

fósforo para as amostras APF; SFE e SFA, respectivamente. Valores equivalentes a 0,1;

0,04 e 0,02% de fósforo. Esses valores são em média 1,25 vezes menor que o

encontrado por Scheffer-Basso et al. (2003) e 13 vezes menor que o encontrado por

Freitas et al. (1994). Essa comparação serve para diferenciarmos as três situações, quais

sejam 0,20% de P, possivelmente de silagem de aveia não homogênea; 2,10% de P,

aveia em grão pastoso homogêneo e 0,04% silagem de aveia não homogênea e ao final

de 21 dias de exposição ao ar. Essas informações mostram que o teor de P está

diretamente relacionado ao ponto de corte para ensilagem, e é função do momento da

amostragem e da forma como é coletada e preparada.

Para efeito de comparação, encontramos 1.009 mg/L de P no suco da forragem fresca

no dia da ensilagem. Temos duas interpretações para esse fato: i) não padronização do

ponto de corte, forrageira não estava homogênea em estádio de desenvolvimento para a

ensilagem (grão pastoso); ii) o processo de extração do suco não foi eficiente para

extrair todo o mineral dissolvido na fase líquida da forrageira. As quantidades de

fósforo total (Ptotal) medidas no efluente produzido na extração de suco da forragem

antes de ser ensilada foram maiores que as quantidades encontradas no suco da silagem.

O fósforo é considerado elemento circulante, possui mobilidade na estrutura vegetal,

logo quando do processo de extração do suco pode ter sido encontrado livre

(circulante), considerando que as células vegetais estavam vivas. Já na silagem em EA,

não existe mais movimentação como antes, o fósforo já está combinado ou em fase de

complexação na forma de fosfatos ou de ácido fítico que, segundo Teixeira (1998), é

um forte quelante de minerais essenciais como o cálcio, magnésio, ferro, zinco e cobre.

O ácido fítico é um potente antioxidante, sendo que em experimento para determinar a

estabilidade desse composto, Reda (2011) encontrou que o processo de decomposição

deste ocorre no intervalo de temperatura entre 180-200ºC, justificando em parte a

diminuição dos teores de cálcio, magnésio e manganês observados nesse estudo.

65

Teores de potássio e sódio

As concentrações de potássio foram de 2.290; 2.345 e 2.195 mg/L e de sódio 6; 31 e 25

mg/L, o que resulta numa relação de K:Na de 1:381; 1:76e 1:88, respectivamente para

os estratos APF, SFE e SFA. A Tab. 1 mostra que o potássio teve aumento na

concentração de 2,4% seguida de diminuição de 6,8%. Já o nutriente sódio teve

elevação de 416% seguida de redução de 24% representando que esses elementos foram

liberados intensamente das estruturas vegetais nos extratos SFE e SFA.

Em experimento de avaliação do valor nutritivo de silagens de aveia, Scheffer-Basso et

al. (2003) encontraram 1.900 mg/kg de K na silagem de aveia não deteriorada. Os

teores de K e Na encontrados por McMullen (2000) em aveia é 4.700 e 20 mg/kg

respectivamente. Os vegetais são em geral pobres em sódio, e, considerando que esse

mineral possui alta mobilidade, pode substituir o potássio por afinidade química,

facilitando a movimentação de fluídos celulares, o que pode dificultar a análise de

misturas de diferentes partes de vegetais.

Na análise, comparativamente entre APF e SFE, percebe-se que ocorre elevação da

concentração do teor de Na de 6 para 31 caindo para 25 mg/L na SFA o que pode

mostrar o efeito diluidor da água. Outra possível explicação para a diminuição da

concentração desse elemento pode ser em função de sua mobilidade, uma vez que

quando a célula está em atividade sua movimentação é intensa circulando por todos os

tecidos do vegetal. Quando cessam as atividades celulares em decorrência da morte,

esse nutriente deixará sua mobilidade até ser novamente integrado ao mecanismo de

ciclagem. Como o material foi ensilado, e após essa fase foi estabelecida a avaliação da

EA e deixou-se esse material deteriorar com a finalidade de acompanhar o processo de

degradação, o sódio teve sua concentração alterada para mais, ou seja, concentrou-se

deixando a extração mais eficiente.

Teores de magnésio e cálcio

Em função da degradação da matéria orgânica (MO) no extrato da silagem, houve

liberação do magnésio (Mg) em quantidade suficiente para reagir com o fósforo

liberado na forma de fosfato, o que pode favorecer a produção de fosfato de magnésio.

O fosfato de magnésio pode ter precipitado, ficando retido na massa ensilada quando da

extração do suco da silagem após a avaliação da EA. Isso pode ter mascarado o valor

66

real de Mg nos extratos de SFE e de SFA. Outra explicação proposta para a diminuição

de Ca e Mg nos extratos da silagem, se baseia no observado por Pavinato e Rosolem

(2008) em que a oxidação biológica de compostos orgânicos que contêm Ca e Mg pode

resultar na formação de carbonato de cálcio e de carbonato de magnésio dado às

características físico-químicas. Nesse caso, o teor de Ca2+

e de Mg2+

no extrato veio a

diminuir, uma vez que o carbonato é menos solúvel que as formas orgânicas de Ca e de

Mg.

O pH do extrato SFE poderia aumentar para valores entre 7,0 e 8,0 inicialmente, se

considerarmos que o ambiente (silagem em exposição aeróbia) contém amônia em

equilíbrio com o amônio. Esse comportamento é função das reações entre os cátions

básicos e o os compostos nitrogenados. A elevação do pH no sistema ocorreu

inicialmente pela decomposição da MO pela ação dos microrganismos, favorecendo a

descarboxilação de ânions orgânicos os quais consomem prótons. Assim, completa-se a

explicação da diminuição do teor de Ca e Mg, concordando com o encontrado por

Pavinato e Rosolem (2008), que relatam a formação de carbonatos (de cálcio e de

magnésio) pela elevação do pH e pela descarboxilação de ânions orgânicos que podem

ocorrer simultaneamente durante a decomposição de resíduos vegetais.

No presente estudo, observamos redução no teor de Ca no extrato de APF em relação ao

extrato SFE de 272%, e de 98% da SFE para SFA. Para o Mg no extrato APF em

relação ao SFE a redução foi de 60% e no SFE para o SFA foi de 81%. O Mg, elemento

central da clorofila, apresentou maior concentração no extrato da forragem fresca em

relação ao extrato da silagem. No processo de extração por prensa hidráulica,

possivelmente, esse elemento foi extraído com facilidade pelas características físico-

químicas da clorofila. Já na silagem, podem ter formados complexos insolúveis com o

fosfato, óxido ou carbonato que precipitam podendo ficar retidos nas fibras, dificultando

sua extração por processo físico.

O elemento Ca forma complexo com o ácido poligalacturônico das paredes celulares

(Taiz e Zeiger, 2004). Pelo processo de degradação da (MO) no extrato da silagem SFE,

houve liberação dos elementos Ca o qual pode combinar com o fosfato, o que pode

favorecer a produção de fosfatos de cálcio. Esta substância possivelmente precipitou,

ficando retido na massa ensilada quando da extração dos sucos SFE e SFA.

No processo de extração do suco da forragem fresca, o elemento Ca foi extraído sem

dificuldades conforme demonstra os dados contidos na Tab. 1. A quantidade de Mg e

67

Ca determinado no extrato APF foi de 761 mg/L e de 1.313 mg/L, equivalente a 0,08%

e 0,13%, ou seja, 1,6 e 3,71 vezes maior que o observado no SFE.

Pelos diferentes momentos de coleta de amostra nesses experimentos, podemos inferir

que os teores de cálcio e magnésio, mesmo estando respectivamente 20 e cinco vezes

menor que o registrado na literatura, estão dentro de uma lógica aceitável, considerando

que o efluente não possui um padrão para a concentração de minerais. Ainda o Ca e o

Mg que permanecem na silagem podem precipitar na forma de fosfatos de cálcio e

fosfato de magnésio os quais possuem baixíssima solubilidade em meio aquoso. Sendo

também essa uma possível explicação para a baixa concentração de cálcio e magnésio

na silagem de aveia após oito dias de exposição ao ar (EA).

Teores de ferro, cobre e zinco

Na Tab. 1 observa-se que as quantidades de cobre e zinco aumentaram no sentido de

APF<SFE<SFA e o ferro APF<SFE>SFA. Cobre e zinco foram maiores nos extratos da

silagem em relação ao extrato da planta fresca. Já o ferro diminuiu a concentração no

SFA em relação à SFE, o que pode indicar formação de compostos insolúveis que

podem ter sido precipitados, ficando aderidos às fibras quando da extração pela

metodologia utilizada. Outra possibilidade para explicar o teor de Fe no extrato SFA é o

efeito de diluição. Taiz e Zeiger (2004) informam que o ferro, zinco e o cobre estão

presentes nas estruturas vegetais em associação com moléculas de citocromo, clorofila e

proteínas. Logo, esse resultado pode ser pela impossibilidade física em quebrar essas

estruturas orgânicas em que esses elementos são parte no momento da extração do

efluente, pelas condições da amostra. Já no extrato da silagem, após o período de

deterioração, há natural degradação da silagem, e estes elementos tornam-se disponíveis

em maior quantidade. Um fator primordial na liberação desses elementos é a elevação

do pH do meio. Para Taiz e Zeiger (2004), os elementos N, P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Cu e

Zn ficam disponíveis no intervalo de pH entre 5,5 e 6,5. Esse pH foi atingido no

intervalo de 96 e 120 h de exposição ao ar, elevando-se até 8,27 com 192 h de avaliação

da EA. O pH acima de 8,0 indica que a MO está em decomposição acelerada. Dessa

forma, fica demonstrada a elevação da concentração desses nutrientes, significando sua

disponibilidade através da mineralização da MO.

Considerando que os elementos Fe, Cu e Zn podem ter sido complexados pelo ácido

fítico, estes minerais possivelmente ficaram retidos nas estruturas lignificadas da aveia

68

fresca, dificultando a extração pelo procedimento utilizado. Porém, após a degradação

da MO foram liberados, pois enzimas e microrganismos podem ter agido sobre essas

estruturas, quebrando-as e liberando esses elementos para o meio, conforme sugere

Teixeira (1998). Logo, o processo de extração utilizado foi suficiente para extrair, nas

amostras de APF, SFE e SFA, teores de Fe, respectivamente, de 8,71 mg/L, 30 mg/L e

21 mg/L; teores de Cu de 0,25 mg/L, 0,52 mg/L e 0,70 mg/L e teores de Zn na ordem

de 0,20 mg/L, 1,20 mg/L e 3,0 mg/L, representando aumento da concentração entre as

amostras APF e SFE para os nutrientes Fe, Cu e Zn, respectivamente, 3,5; 2 e 6 vezes

maior. Isso demonstra que na mineralização houve a quebra das estruturas orgânicas

com a consequente liberação desses minerais para o meio.

Teor de manganês

O manganês (Mn) precipita na forma de óxidos sendo um dos elementos responsáveis

pelo escurecimento de vegetais em processo de decomposição da MO. Segundo

Camargo et al. (1999), na degradação da MO os sistemas reduzidos do ferro, manganês

e do ácido carbônico, favorece a ação tamponante pelas reações de oxirredução

envolverem o consumo ou a produção dos íons H+/OH

–, o que pode favorecer a

elevação do pH. Isso explica a elevação do pH observada com o passar do tempo no

monitoramento da EA de silagens. Dessa forma, no processo de decomposição da MO

há a produção de CO2, o qual normalmente reage com a H2O para formar ácido

carbônico, que se dissocia em íons H+

e HCO3– podendo formar carbonatos de Fe e de

Mn.

No presente estudo, houve a diminuição do teor de Mn de 8,7 mg/L na forragem fresca

(APF) para 5,0 mg/L no extrato SFE e 4,7 mg/L no SFA, significando que 74% do Mn

encontrado inicialmente ficaram retidos na massa da silagem. Pode ter ocorrido o

mesmo mecanismo defendido para explicar a redução dos teores de Ca e Mg.

Potencial poluidor de efluentes de silagens de aveia

O potencial poluidor de efluentes produzidos em silagens pode ser estimado a partir da

comparação com aqueles oriundos de outras culturas como, por exemplo, a

suinocultura. Na Tab. 2 têm-se os constituintes minerais (macro e micronutrientes) e pH

da água residuária de suinocultura, encontrados por Pacheco (2012), em estudo do

69

efluente como fertilizante para culturas de milho e de aveia preta. Na mesma Tab. são

apresentados componentes do efluente produzido por silagens de aveia preta, com a

finalidade de demonstrar genericamente o potencial poluidor desses efluentes.

Tabela 2. Caracterização físico-química do efluente de suinocultura e de efluente (suco)

de silagens de aveia preta, obtido após192 h de exposição ao ar

Minerais (mg/L) Tipo de efluente

Método de análise *Suinocultura Aveia

N 1.097,6 1.768,7 Kjeldhal P 122,8 519,0 Espectrofotômetro visível

K 525,4 2.276,7 EAA

Ca 57,7 614,7 EAA

Mg 33,3 500,0 EAA

Na 133,6 20,7 EAA

Cu 0,81 0,49 EAA Zn 4,07 1,47 EAA

Fe 4,08 19,9 EAA

Mn 0,29 6,13 EAA pH 8,02 8,27 pHgâmetro

*Valores médios absolutos. EAA= Espectrofotômetro de absorção atômica.

Fonte: Pacheco (2012).

Analisando os teores dos nutrientes apresentados na Tab. 2, percebe-se que o efluente

de silagens de aveia preta tem maior potencial poluidor que o efluente gerado por

suinoculturas. Em porcentagem, o efluente da silagem é mais concentrado que o

efluente de suinocultura para os nutrientes N (61%); P (323%); K (333%); Ca (965%);

Mg (1.402%); Fe (388%) e Mn (2.014%) e, possui concentração menor para Na (-85%);

Cu (-40%) e Zn (-64%). Já em relação aos valores de pH, o suco gerado pelas silagens

foi 3,12% mais alcalino. Esses valores podem indicar viabilidade da aplicação de

efluentes de silagens de gramíneas em processos de fertirrigação, o que dependerá de

estudos complementares para a definição de critérios de diluição e formas de aplicação.

Oxigênio dissolvido (O2) e a degradação da matéria orgânica (MO)

Analisando a concentração de oxigênio dissolvido (OD) no extrato das silagens (Fig. 5),

constata-se que quando a temperatura do efluente é maior, a concentração de OD será

menor. A ilustração mostra que quando a temperatura da amostra está entre 10,5°C e

11,5°C a concentração de OD é maior. Já quando a temperatura se eleva o oxigênio

tende a diminuir, o que pode justificar, em parte, as baixas concentrações de OD

encontradas. Outra justificativa para a baixa concentração de oxigênio dissolvido nas

amostras é o teor de N-NH3 que se elevou de APF 20 mg/L; SFE 72 mg/L e SFA 444

mg/L. Nessas concentrações, a amônia consome oxigênio dissolvido ao ser oxidada

biologicamente a nitrito e nitrato.

70

Figura 5. Valores de temperatura, pH e concentração de oxigênio dissolvido nas

amostras de efluente de aveia preta em três tamanhos médios de partícula (TMP) e nas

três densidades (DE).

A análise dos efluentes SFE e SFA demonstrou-se elevada carga orgânica o que

contribui para a baixa concentração de OD. As concentrações de OD ficaram entre 0,37

e 1,00 mg/L, sendo a média de 0,60 mg/L. Estes valores podem ser considerados baixos,

considerando o tipo de amostra. Essa baixa quantidade de O2 indica que existe muito

carbono no extrato, demonstrando processo de degradação acelerado o que consome

muito oxigênio. O balanço entre estes elementos dá a noção de quanto o efluente está

carregado com material orgânico em processo de decomposição. Verificou-se que

silagens, quando expostas ao ar por longo período, podem produzir efluentes com todas

as características de resíduo com enorme potencial de poluição ambiental. Isso pode

servir como referência para estimar o impacto ambiental que pode ser ocasionado ao

meio ambiente, no caso de manejo/uso inadequado de silagens.

A degradação de material orgânico leva inicialmente à produção de gases, seguido por

efluentes. Os resíduos sólidos orgânicos provenientes de restos de silagens podem sofrer

processos de fermentação, formando ácidos orgânicos, constituintes do efluente com

elevada DBO. Quando a silagem produz efluente, é sinal de que houve falhas ou falta de

tecnologias para o correto processamento e armazenamento em silos para que ocorra a

fermentação anaeróbia.

Os valores de pH do extrato de aveia preta na fase final do estudo da estabilidade

aeróbia (192 h) foi em média de 8,27.

71

Relação carbono/nitrogênio e perda de matéria orgânica

Em valores absolutos, o teor de MO na forragem (Fig. 6) diminuiu durante a avaliação

da estabilidade aeróbia das silagens, sendo no tempo 0 (0%); 24 (1,19%); 48 (2,71%);

72 (3,39%) e 96 (14,12), obedecendo a equação y = 0,0023x2 – 0,0905x + 0,7998 com

R2 = 90,98%.

Figura 6. Perda de MO ao longo de 192 h de exposição ao ar.

As perdas de MO, calculada ao longo dos 60 dias de ensilagem foi de 4,18%. Já

compreendendo o período de 192 h após a abertura dos silos, a deterioração da silagem

foi elevada. Pode-se observar (Fig. 6), que a perda total foi de 35,53% de MO. O teor de

MO perdido foi calculado com base na equação descrita por Paredes et al. (2000).

A razão C/N diminuiu de 11,99 no dia do corte da aveia para 7,95 no tempo zero das

medidas de EA (abertura dos silos), registrando razões 7,90 (24 h); 7,90 (48 h); 7,89 (72

h) e 7,88 (96 h). Esses dados mostram que a diferença na razão C/N entre o tempo zero

e 96 h foi de 0,07, equivalente a 0,88%. Já a relação percentual entre 11,99 e 7,95 é de

33,7%. Esses resultados estão de acordo com o encontrado por Brito et al. (2007), que

observaram que a concentração de N aumentou inversamente às perdas de MO no

esterco de bovino leiteiro atingindo, níveis até três vezes superiores aos iniciais.

No presente estudo, houve aumento de nitrogênio total de 33,66% quando comparamos

o teor inicial do extrato de aveia fresca e o teor final, após o quarto dia de EA, ou seja,

64 dias após a ensilagem. No presente estudo, observaram-se relações para C/N

menores que aquelas encontradas na literatura correlata. Considerando que o suco de

silagem utilizado nas análises contém, em princípio, os mesmos constituintes que a

silagem, com exceção da estrutura vegetal lignificada, o processo de degradação pode

72

guardar semelhanças. Contudo, os resultados mostraram que existe um mecanismo

complexo que faz cada conjunto de amostras ser diferente. O fato de APF ser forragem

fresca, SFE ser a silagem ao final da EA e a SFA ser a silagem em estado de degradação

não deveria produzir resultados com grande diferença para os parâmetros analisados.

Tabela 3. Razão carbono/nitrogênio e carbono/fósforo no efluente da aveia preta fresca

e na silagem na abertura dos silos Razão Forragem fresca Silagem em EA

C/N 11,99 7,95

C/P OD 16,86 53,77

C/P Total 42,34 66,37

Valores médios absolutos.

Zucconi e Bertoldi (1987), trabalhando compostagem de resíduos do corte de gramas de

jardins, e Brito et al. (2007), em ensaio de compostagem de resíduos de alimentação da

pecuária leiteira, registraram valores para a razão de C/N entre 40 e dez,

respectivamente, no início e no final dos experimentos de mineralização da MO. No

experimento com a aveia preta, encontramos que a razão C/N na forragem foi de 11,99

e na silagem foi de 7,95 mostra que se encontram na menor faixa encontrada por esses

autores.

Caracterização do efluente de silagem de aveia preta

Na Tab. 4 são apresentadas as características do potencial poluidor do efluente da

silagem de aveia preta nas três situações em estudo.

Tabela 4. Caracterização do efluente extraído da forragem fresca de aveia preta e ao

final da avaliação da estabilidade aeróbia da silagem, com 192 h de exposição ao ar Parâmetros Aveia preta

APF SFE SFA

pH 5,37 7,03 7,96

DBO5 (mg/L) 20.650 19.768 7.750 DQO (mg/L) 49.465 52.408 30.300

Sólidos suspensos totais (mg/L) 43.150 46.472 29.960

Sólidos suspensos voláteis (mg/L) 12.945 13.942 8.988 Nitrogênio amoniacal Kjeldahl (mg/L) 20 72 444

Nitrato (mg/L) 90 237 230

Fósforo total (mg/L) 402 310 143

APF-Suco da aveia preta fresca; SFE-Suco de silagem no final da estabilidade aeróbia (EA); SFA-Suco de silagem que recebeu água no final da EA na proporção de (50 mL/kg) e extraído 13 dias após a EA; DBO5-demanda biológica de oxigênio e DQO -

demanda química de oxigênio. Todas as análises foram realizadas 81 dias após o corte da forrageira. Médias ponderadas, valores

absolutos.

A quantidade de suco extraída da aveia verde no dia da ensilagem foi pequena,

possivelmente em função do estresse hídrico que a cultura passou nos últimos 30 dias

anteriores ao corte, resultando em teor de MS de 28%. Analisando os valores de pH,

73

observa-se elevação de 5,37 para 7,03 e 7,96, respectivamente, para as médias dos

efluentes de APF, SFE e SFA. Esses resultados revelam que a forragem foi submetida

ao processo de fermentação alterando as características físico-químicas. O suco APF

mantido em frascos hermeticamente fechados, quando analisado aos 81 dias de

armazenamento revelou pH de 5,37 enquanto o suco SFE elevou o pH próximo a 100

vezes em relação ao aferido em APF. Também em relação ao suco APF, o suco SFA

elevou-se 1.000 vezes. No suco SFE, o ambiente contribuiu para a elevação do pH. Já as

amostras adicionadas com água, o pH foi elevado a 7,96 o que demonstra que houve

degradação da silagem. Pode-se afirmar que as amostras APF tiveram comportamento

semelhante ao observado nas silagens, com pH médio de 4,19 na abertura dos silos.

Após 81 dias de extraído e armazenado em frascos hermeticamente fechados, suco APF

conservava valor próximo daqueles encontrados quando da desensilagem da aveia.

O extrato da forragem fresca (APF) e das silagens no final da EA (SFE) e com adição

de água (SFA) demonstram o processo de degradação do material vegetal e inicia o

processo de mineralização. A decomposição é o processo de quebra da matéria orgânica

em partes menores, feita por microrganismos decompositores. O conjunto de amostras

SFA ao tempo em que foi diluído, sofreu maiores alterações, demonstrando grande

potencial poluidor pelo DBO, que reduziu possivelmente em função da elevada

concentração de substâncias tóxicas colaborando com a biodegradabilidade.

No efluente da SFA, a elevação do pH mostra que o meio apresentou intensa proteólise

e liberação de amônia. Essa informação é confirmada pela elevação do nitrogênio

amoniacal e do nitrato. Efluentes com alto teor de nitrato significam que está em estágio

avançado de depuração. A redução dos teores de sólidos suspensos totais (SST) no SFA

corrobora com o processo de depuração do efluente. Por fim, a redução do fósforo total

evidencia que esse efluente pode ser descartado no ambiente em quantidade assimilável

sem causar danos ambientais.

O processo de tratamento químico, quando necessário, deve reduzir a DQO e aumentar

a DBO, ou seja, aumentar a biodegradabilidade do efluente. A água adicionada,

simulando ocorrência de chuvas, demonstrou efeito diluidor, no entanto diminuiu a

concentração de DBO para as relações entre os conjuntos de amostras APF:SFE 4,5%;

SFE:SFA 155% e APF:SFA 166%. Já a DQO aumentou em APF:SFE 6,0% e diminuiu

em SFE:SFA 73% e APF:SFA 63%.

Pela análise dos dados, o potencial poluidor de efluentes de silagens é grande, podendo

causar danos ambientais significativos. Se considerarmos todos os parâmetros elencados

74

da Tab. 4, o efluente SFE é a que possui os piores indicadores. O valor médio de pH

(7,03) mostra a variação existente entre os efluentes avaliados no experimento. O pH

(5,37) evidencia o efluente formado no primeiro dia da ensilagem, e que mantido nas

condições do silo terá o maior impacto no ambiente, se considerado o valor de pH

enquanto acidez. De acordo com a Resolução n° 430 do Conama (Conselho..., 2011),

valores de pH entre 5,0 e 9,0 é permitida para lançamento de efluentes no ambiente,

contudo vários outros parâmetros devem ser observados.

O conjunto de amostras APF é o que possui a menor relação DBO/DQO evidenciando

ser mais fácil sua depuração no ambiente, conforme Agudo (1992) e Braile e Cavalcanti

(1993).

Na Tab. 5 são apresentadas as relações estabelecidas a partir dos indicadores constantes

da Tab. 4.

Tabela 5. Relações de caracterização do efluente APF, SFE e SFA

Parâmetros Aveia preta

APF SFE SFA

DQO / DBO5 2,40 2,65 3,91

DQO / SST 1,14 1,12 1,01 DQO / P 123 169 211

DQO / NAK(N-NH3) 2.473 727 68

DQO / NOX (NO2 e NO3) 550 221 132 DBO / SSV 1,60 1,42 0,86

NAK(N-NH3) / P 0,05 0,23 3,10

P / NAK (N-NH3) 20 4,30 0,32 SST / DBO5 2,08 2,35 3,86

NO3– / NAK (N-NH3) 4,45 3,79 0,52

APF-Suco da aveia preta fresca; SFE-Suco de silagem no final da estabilidade aeróbia (EA); SFA-Suco de silagem que recebeu água no final da EA na proporção de (50 mL/kg) e extraído 13 dias após a EA. Todas as análises foram realizadas 81 dias após o

corte da forrageira. Médias ponderadas, valores absolutos.

A relação alimento/microrganismos (A/M) é definida como a quantidade de alimento

(DBO) por unidade de biomassa representada pelos sólidos suspensos voláteis (SSV), e

expressa em DBO/SSV. Os microrganismos têm uma capacidade limitada para

consumir o substrato (DBO) na unidade de tempo, uma elevada relação A/M pode

significar maior oferta de matéria orgânica biodegradável. Já baixos valores de A/M

significam que a oferta de substrato é inferior à capacidade de sua utilização pelos

microrganismos. A fração de organismos nitrificantes decresce à medida que a relação

C/N cresce. O efluente analisado apresentou uma relação DQO/NAK de 2.473; 727 e

68, respectivamente, para APF; SFE e SFA. Os autores Metcalf & Eddy (2003)

sugerem, para o bom desempenho de processos de nitrificação, que esta relação esteja

entre 5 e 3. Os valores encontrados estão muito acima do patamar estabelecido pela

literatura especializada em efluentes gerais.

75

CONCLUSÕES

Em função dos resultados obtidos nos parâmetros analisados, concluiu-se que o efluente

gerado no processo de ensilagem apresenta alto potencial de poluição ambiental.

O experimento mostrou que silagens que receberam água (SFA), simulando a

ocorrência de chuvas durante a utilização, o efluente assim produzido demonstra grande

potencial poluidor. Embora tenha reduzido a DBO, a relação DQO/DBO foi maior. Ao

tempo que contribui com biodegradabilidade do meio, a água propiciou condições para

decomposição da matéria orgânica, liberando substâncias potencialmente tóxicas.

Os três efluentes (APF; SFE e SFA) do experimento da silagem de aveia preta

mostraram relação DQO/DBO maior que 2 indicando a existência de matéria orgânica

não biodegradável o que impacta negativamente o ambiente.

Sugere-se que sejam desenvolvidos novos estudos em efluentes de silagens de

gramíneas com o objetivo de investigar as várias relações entre os parâmetros

estabelecidos para diminuir o dano ambiental.

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VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os experimentos com silagens de aveia preta demonstraram o quanto o efluente

de silagem é potencialmente poluidor para o ambiente. Levaram a reflexões sobre a

Política Ambiental Brasileira quanto à fiscalização aos empreendimentos agropecuários.

Antes, porém é necessário ser instituído e financiado grupo de pesquisa de abrangência

nacional para propor mecanismos e protocolos de estudo a fim de levantar número

significativo de variáveis com o objetivo de melhorar textualmente e, aplicávelmente às

normas brasileiras, em especial as Resoluções 357 de 2005 e 430 de 2011 do Conama

no que trata de efluentes.

Os estudos aqui registrados mostraram vários parâmetros, significados e suas

relações, envolvendo conhecimentos da Biologia, da Engenharia de Saneamento, da

Química e da Zootecnia. Estes evidenciam a necessidade de estudos complementares

em formato multidisciplinar para elucidar melhor a questão, que parece esclarecida e

pequena, mas de enorme impacto negativo, social e ambiental considerando o

crescimento projetado para a agropecuária brasileira nas próximas décadas.