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1 ENSINANDO HISTÓRIA DO PARANÁ: A QUESTÃO INDÍGENA LILIAN MARY ALBERTON 1 RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise de como a temática relacionada ao ensino de História do Paraná é percebida pelos professores da rede pública de ensino nas séries finais do ensino fundamental do Estado do Paraná, bem como da pesquisa que levou à criação de um Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC) sobre “Os Indígenas Paranaenses”. Palavras-chave: História do Paraná, escola pública, Indígenas, Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC). ABSTRACT: This work presents an analysis of as the thematic one related to the education of History of the Paraná is perceived by the professors of the public net of education in the final series of the basic education of the State of the Paraná, as well as of the research that led to the creation of an Object of Learning Collaborative (OAC) on “the Paranaenses Indigenous”. Key words: History of Parana, public school, Indigenous, Object Learning Collaborative (OAC). INTRODUÇÃO O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE instaurou uma modalidade de formação continuada, a qual integra a política de valorização dos professores que atuam na Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, que por sua vez reitera os princípios político-pedagógicos da SEED. Tal política incorpora uma nova concepção de Formação Continuada. Essa proposta de capacitação visa ofertar ao Professor PDE, através do retorno às atividades acadêmicas de sua área de formação inicial, condições de atualização e aprofundamento de seus conhecimentos teórico-práticos, permitindo a reflexão teórica sobre a prática e possibilitando mudanças na prática pedagógica.. Poderá ingressar no PDE o professor integrante do Quadro Próprio do Magistério da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná – QPM que estiver em exercício no nível II, classe 11, da Carreira de Professor. Foram oferecidas 1.200 mil 1 Professora Licenciada em História, trabalha na Rede Estadual de Ensino desde 1986, pós-graduada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

ENSINANDO HISTÓRIA DO PARANÁ: A QUESTÃO INDÍGENA … · 3 Partiu da delimitação clara da situação problema, seguida da justificativa, dos objetivos, da fundamentação teórica,

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ENSINANDO HISTÓRIA DO PARANÁ: A QUESTÃO INDÍGENA

LILIAN MARY ALBERTON1

RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise de como a temática relacionada ao ensino de História do Paraná é percebida pelos professores da rede pública de ensino nas séries finais do ensino fundamental do Estado do Paraná, bem como da pesquisa que levou à criação de um Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC) sobre “Os Indígenas Paranaenses”.

Palavras-chave: História do Paraná, escola pública, Indígenas, Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC).

ABSTRACT: This work presents an analysis of as the thematic one related to the education of History of the Paraná is perceived by the professors of the public net of education in the final series of the basic education of the State of the Paraná, as well as of the research that led to the creation of an Object of Learning Collaborative (OAC) on “the Paranaenses Indigenous”.

Key words: History of Parana, public school, Indigenous, Object Learning Collaborative (OAC).

INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE instaurou uma

modalidade de formação continuada, a qual integra a política de valorização dos

professores que atuam na Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, que por

sua vez reitera os princípios político-pedagógicos da SEED. Tal política incorpora

uma nova concepção de Formação Continuada. Essa proposta de capacitação visa

ofertar ao Professor PDE, através do retorno às atividades acadêmicas de sua área

de formação inicial, condições de atualização e aprofundamento de seus

conhecimentos teórico-práticos, permitindo a reflexão teórica sobre a prática e

possibilitando mudanças na prática pedagógica..

Poderá ingressar no PDE o professor integrante do Quadro Próprio do

Magistério da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná – QPM que estiver em

exercício no nível II, classe 11, da Carreira de Professor. Foram oferecidas 1.200 mil

1 Professora Licenciada em História, trabalha na Rede Estadual de Ensino desde 1986, pós-graduada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

2

vagas nos anos 2007 e 2008 e para 2009 serão ofertadas 2.000 vagas sendo que o

ingresso no PDE acontece mediante processo de seleção anual.

Esse novo modelo de Formação Continuada proporcionou o retorno às

atividades acadêmicas da área de formação inicial. Este retorno foi realizado de forma

presencial, na Universidade Federal do Paraná (UFPR) através de Seminários

Temáticos, Encontros Regionais, Encontros de Áreas, Encontros de Orientação e

Cursos.

O ingresso no PDE permitiu o direito a afastamento remunerado de 100% da

carga horária efetiva no primeiro ano e de 25% no segundo ano do Programa. Este

afastamento foi regulamentado por Resolução Secretarial n. 1.905/2007, conforme

disposto no Art. 13 da Lei Complementar nº 103/04.

A atividade inicial neste processo foi a elaboração de um Plano de Trabalho em

conjunto com o professor orientador da UFPR. O Plano de Trabalho constituiu em

uma proposta de intervenção na realidade escolar, a ser estruturada a partir de três

grandes eixos: a proposta de estudo que foi desenvolvida ao longo de dois anos, a

elaboração de material didático para uso nas escolas e a orientação de Grupo de

Trabalho em Rede que envolveu um grupo de professores da rede pública estadual.

As atividades foram desenvolvidas sob a responsabilidade dos Professores

Orientadores das Instituições de Ensino Superior do Estado, a partir da definição do

objeto de estudo pelo professor PDE, de acordo com sua área/disciplina de ingresso

no Programa, e de acordo com as seguintes atividades:

I. Plano de Trabalho do Professor PDE: foi elaborado pelo professor PDE no 1º

período do Programa, sob orientação do Professor Orientador da IES,

compreendendo:

a) Produção didático-pedagógica: caracterizou-se como material didático e constituiu

em uma das atividades que foi elaborada no 2º Período do Programa, sob a

orientação do Professor Orientador da IES;

b) Projeto de intervenção pedagógica na escola: atividade que foi realizada no 3º

período do Programa e Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na

Escola: ocorre no 3º período, pela atuação do Professor PDE, na escola.

II. Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

3

Partiu da delimitação clara da situação problema, seguida da justificativa, dos

objetivos, da fundamentação teórica, das estratégias de ação, do cronograma e das

referências.

II. Trabalho Final (Artigo Científico): atividade realizada no 4º período e que consistiu

na etapa conclusiva da atividade de aprofundamento teórico-prático, em articulação

com as atividades anteriores. Neste artigo será apresentado e discutido o Plano de

Trabalho desenvolvido no PDE, ressaltando-se sua fundamentação e principais

resultados. 2

1. DISCUSSÕES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA DO PARANÁ

A História do Paraná vem sendo objeto de estudo desde meados do século

XIX quando aparecem as primeiras obras que estabeleceram um entendimento do

nosso passado, ainda que de maneira descritiva, factual e elitista. O ensino de

História do Paraná Tradicional está associado à constituição da identidade

paranaense através do movimento do paranismo, o culto a figuras da história política

linear, factual, personificada em heróis, que exclui a participação de outros sujeitos.

Isto ocorreu pela influência da historiografia tradicional, representada principalmente

no Paraná pelos historiadores Romário Martins e Sebastião Paraná, que se

empenharam através de suas obras na construção de um regionalismo (paranismo)

no Estado.

A História do Paraná contida nos manuais destes dois autores pautou-se na

valorização da História política e econômica, limitada à descrição de causas e

conseqüências, não problematizando a construção do processo histórico, uma vez

que a História era tida como verdade inquestionável.

Com a instauração do regime republicano, o Paraná estava ainda se

constituindo enquanto espaço geográfico e, portanto, necessitava ter o

reconhecimento tanto regional como nacional. O movimento do paranismo se

constitui pela necessidade de construção de uma identidade e tinha a intenção de

“criar um sentimento de pertencimento a uma terra”. Teve o apoio não somente do

governo local, mas fundamentalmente do “engajamento de toda a intelectualidade

paranaense do período” (PEREIRA, 1998, p. 74).

2 Informações obtidas a partir do site: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

4

Segundo Romário MARTINS paranista “é todo aquele que tem pelo Paraná

uma afeição sincera, e que notavelmente a demonstra em qualquer manifestação de

atividade digna, útil à colectividade paranaense.” (1948, p.38)

Em 1953, Brasil Pinheiro Machado, um intelectual paranaense em sua obra

intitulada “Sinopse da História Regional” elaborou e aplicou o conceito de

regionalismo à História do Paraná. Segundo ele a sociedade paranaense formou

comunidades diferenciadas, a região dos Campos Gerais, com a sociedade

tradicional fundada no latifúndio campeiro; o Paraná Moderno, com a comunidade do

Norte do Paraná, fundado na economia cafeeira, e com a comunidade do Sudoeste

e do Oeste Paranaense, com produção com base no regime da pequena

propriedade.

Muitos autores têm publicado obras referentes à História do Paraná a partir da

década de 80, destacamos algumas obras e o tema abordado:

1- Ocupação do território:

CHMYZ, Igor; RODRIGUES, Aryon; WESTPHALEN, Cecília. Curitiba: origens, fundação e nome. 1995.

BENATTI, Antonio Paulo. O centro e as margens: prostituição e vida boêmia em Londrina (1930-1960). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2001.

HARA, Tony. Caçadores de notícias. Curitiba: Aos Quatro ventos, 2001.

ROSAS, José Pedro Novaes. A fundação da cidade de Castro. Castro: prefeitura municipal, 1993.

ANDREAZZA, Maria Luiza. Paraíso das delícias: um estudo da imigração ucraniana 1895-1995. Curitiba: Aos Quatro ventos, 1999.

2- Política: (província e república):

KARVAT, Erivan Cassiano. A sociedade do Trabalho: discursos e práticas de controle sobre a mendicidade e a vadiagem em Curitiba, 1890- 1993. Curitiba: Aos Quatro ventos, 1998.

MACEDO, Francisco Ribeiro de Azevedo. Conquista pacífica de Guarapuava. Coleção Farol do Saber. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1995.

3- Governo: (província e república):

LAMB, Roberto Edgar. Uma jornada civilizadora: imigração, conflito social e segurança pública na Província do Paraná (1867-1882). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.

5

4- Economia: ouro, mate, agropecuária:

PADIS, Pedro Celil. Formação de uma economia periférica: o caso do Paraná. São Paulo/Curitiba: Hucitec/Secretaria da Cultura e do Esporte do Governo do Estado do Paraná, 1981.

SANTOS. Carlos Roberto Antunes. História da alimentação no Paraná. Curitiba: Farol do Saber, 1995.

5- Economia: café, soja, industrialização:

PAZ, Francisco M.(org.). Cenários de economia e política: Paraná. Curitiba: Prephacio, 1991.

6- Urbanização: constituição das cidades:

OLIVEIRA, Dennison. Urbanização e industrialização no Paraná. Curitiba: SEED, 2001.

_________________. Curitiba e o mito da cidade modelo. Curitiba: Editora. da UFPR, 2000.

7- Cultura e educação: aspectos gerais (séc. XVI-XIX):

ARCHANJO, Lea Resende. Relação de gênero e educação escolar: Colégio Estadual do Paraná 1950-1960. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.

OLIVEIRA, Maria Cecília. O ensino primário no Paraná: 1853-1889. Curitiba: Biblioteca Pública do Paraná, 1986.

8- Cultura: artes no Paraná:

Leandro, José Augusto. Palco e tela em Castro. Teatro, cinema e modernidade. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999.

9- Cultura e formação identitária I: geografia

CARDOSO, Jayme Antonio & WESTPHALEN, Cecília Maria. Atlas Histórico do Paraná. Curitiba: Ind. Gráfica Projeto, 1981.

10- Cultura e formação identitária II: política.

TRINDADE, Etelvina Maria de Castro. Clotildes ou Marias. Mulheres de Curitiba na Primeira República. Curitiba: Fundação Cultural, 1996.

DE BONI, Maria Ignes M. O espetáculo visto do alto: vigilância e punição em Curitiba. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.

11- Cultura e formação Identitária III: intelectuais.

Martins, Romário. Terra e gente do Paraná. Coleção farol do Saber. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1995.

PEREIRA, Luis Fernando L. Paranismo: o Paraná reinventado. Cultua e Paraná da república. Curitiba: Aos Quatro ventos, 1997.

6

SVARÇA, Décio R. O Forjador: ruínas de um mito. Romário Martins (1893-1944). Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1998.

DICIONÁRIO-BIOGRÁFICO DO ESTADO DO PARANÁ. Curitiba: Editora do Chain, 1991, 1991.

12- Cultura e formação identitária IV: modernidade, progresso e imagem.

PEREIRA, Magnus Roberto de M. Semeando iras rumo ao progresso. Curitiba: Editora da UFPR, 1997.

13- Colonização e Violência no Paraná: Sudoeste e Oeste.

REGO, Rubem Murilo Leão. Tensões sociais na frente de expansão: a luta pela terra no sudoeste do Paraná (1940-1970). In: Santos, José. Revoluções camponesas na América Latina. São Paulo: Editora Unicamp, 1985.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2 ed. Curitiba: Ed. Vicentina, 1987.

GOMES Iria Zanoni. 1957: a revolta dos posseiros. 2. Ed. Curitiba: Criar edições, 1987.

GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial. Cascavel: Edunioeste, 1998.

Com a evolução das discussões historiográficas no ensino da História,

surgiram inúmeras correntes que influenciaram e continuam influenciando o dia-a-

dia dos professores. Em virtude disso o que importa para o professor de História não

é ser um especialista sobre assuntos teóricos, mas sim conhecer de forma suficiente

as correntes históricas para entender que as mesmas influenciaram na maneira de

escrever e ensinar a História do Paraná. Sempre é interessante retomar as palavras

de um dos fundadores da Escola de Annales: “É bom, a meu ver, é indispensável

que o historiador possua ao menos um verniz de todas as principais técnicas [e

teorias] de seu ofício [...]” (BLOCH, 2001, p. 81).

Na segunda metade da década de 1980 e no início dos anos 1990, cresceram

debates em torno das reformas democráticas na área educacional no Paraná. Houve

uma tentativa de aproximar a produção acadêmica de História ao ensino dessa

disciplina no Primeiro Grau3, fundamentada na pedagogia histórico-crítica, por meio

do Currículo Básico para a escola Pública do Estado do Paraná.

3 Denominação alterada para Ensino Fundamental pela LDB 9294/96.

7

Com a implantação na década de 1990, do Currículo Básico para a Escola

Pública do Paraná, a concepção de História ali abordada, indicava um resgate da

História abordada enquanto Ciência, exigindo, portanto, uma nova visão de

conteúdo, um novo método de ensino e, um olhar crítico aos livros didáticos, bem

como à bibliografia de apoio (CABRINI, 1987).

Naquele contexto, buscava-se resgatar a especificidade da História, ao tomar

como fio condutor um ensino renovado da disciplina que possibilitasse ao aluno o

conhecimento historicamente acumulado e a reflexão crítica desse conhecimento,

assim poderia se situar no seu tempo e em sua sociedade, estabelecendo relações

com outras sociedades em outros tempos.

Porém, na prática, observou-se que o ensino da História permaneceu tendo

como linha norteadora os temas definidos pela historiografia regional tradicional,

enquanto que em relação aos conteúdos de História do Paraná o currículo

estabelecia que os mesmos fossem trabalhados em algumas séries como estudo de

caso:

5ª série 6ª série

Estudo de caso: mineração e pecuária no Paraná.

Estudo de caso: o Paraná e o movimento migratório.

Estudo de caso: a classe operária no Paraná.

Fonte: Currículo Básico – PARANÀ (1990 p.88)

No dia 18 de dezembro de 2001 foi sancionada a Lei estadual 13.381 que

propôs a obrigatoriedade do ensino de História do Paraná. Segundo o texto da lei,

com a implantação da obrigatoriedade da disciplina História do Paraná em mais de

uma série ou distribuídos os seus conteúdos em outras matérias “pretende-se

promover a incorporação dos elementos formadores da cidadania paranaense no

âmbito escolar “(PARANÀ, 2001, p.1).

A aprovação da lei trouxe à tona, a questão do ensino de História do Paraná

no currículo visando a promover reflexões no contexto escolar, tendo como

parâmetros as novas abordagens da historiografia da História do Paraná.

8

Segundo Bittencourt (2004, p. 24) a contribuição do ensino da história para a

constituição da identidade permanece ainda hoje “mas já não se limita a constituir e

forjar uma identidade nacional. Um dos objetivos centrais do ensino de História, na

atualidade, relaciona-se à sua contribuição na constituição de “identidades” pela

História escolar, mas, por outro lado, enfrenta ainda o desafio de ser entendida em

suas relações com o local e o mundial”.

A Secretaria de Estado da Educação em 2001, através de um convênio

estabelecido com a Universidade Federal do Paraná, produziu a “Coleção História

do Paraná”, com o objetivo de suprir a defasagem de material didático existente

sobre a História do Paraná. No ano de 2003, a Secretaria de Educação, em

comemoração ao sesquicentenário da emancipação política do Paraná, através do

Departamento de Ensino Fundamental produziu materiais didáticos sobre a História

do Paraná. Este trabalho se justificou na medida em que era identificada: “(...)

carência de material que subsidie a atuação dos professores que atuam com as

disciplinas da parte diversificada relativas ao Paraná; (...)” (PARANÁ, 2004, p.5).

Em continuidade, as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação

Básica do Estado do Paraná (2006, p. 21) estabelecem que: em atendimento ao

disposto na lei definiu orientações comuns para o ensino de História, entre elas

destaca-se: o cumprimento da Lei Estadual n. 3.381/01, que torna obrigatório, no

Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, os Conteúdos de História

do Paraná”.

Finalmente com a aprovação da Lei Federal 11.455 que entrou em vigor em

março de 2008 fica determinado que nos estabelecimentos de ensino fundamental e

de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e

cultura afro-brasileira e indígena. O conteúdo programático a que se refere esta Lei

inclui diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da

população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, visando resgatar as suas

contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil,

e no que interessa a este artigo, aos indígenas paranaenses.

2. HISTÓRIA DO PARANÁ E ENSINO DE HISTÓRIA DO PARANÁ

Com a finalidade de investigar em que medida os conteúdos de História do

Paraná são tratados; se os professores têm acesso às fontes de informação sobre a

9

história do Paraná; e quais os materiais utilizados pelos mesmos, elaborou-se um

instrumento de pesquisa intitulado: “Pesquisa sobre as fontes de informação em

História do Paraná utilizadas por professores de escolas da rede estadual”, que foi

enviado a 15 escolas, de forma aleatória, por intermédio do NRE- Curitiba no mês de

junho de 2007.

Das 15 escolas participantes obteve-se 24 questionários respondidos por

professores do NRE- Curitiba

Quando questionados sobre quais obras usavam como referência para o

planejamento das aulas de história do Paraná, observa-se que 40% utilizam as

obras: História do Paraná de Ruy C. Wachowicz (1988) e História do Paraná, de

Romário Martins (1995); 25% Coleção História do Paraná publicada pela SEED em

convênio com a UFPR (2001); 20% usam livros de 1ª a 4ª série da rede municipal de

ensino e 15% fazem uso de apostilas de cursos preparatórios para vestibular.

Quando questionados sobre quais obras usavam história do Paraná, foram

citadas as seguintes bibliografias:

• ALBUQUERQUE, Mário M. de. Pelos Caminhos do Sul; história e sociologia do desenvolvimento sulino. 1978.

• BRUCK, Fernandes, Velocino. O Paraná é assim. 2005.

• FERRRETI, Eliane, Pazzinato Kátia Regina C. Paraná: sua gente e suas paisagens. 2003.

• FERRARINI, Sebastião. A escravidão negra na província do Paraná. 1971.

• KROTZ, Lando Rogério. As Estradas de Ferro do Paraná (1880-1940). 1985.

• MAGALHÃES, Marion Brephol de. Paraná: Política e Governo. 2001.

• MARTINS, Romário. História do Paraná. 1995.

• NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: ocupação do território, População e Migrações. 2001;

• OLIVEIRA, Dennison de. Urbanização e Industrialização no Paraná. 2001.

• PARANÁ, Paraná 150 anos: o sesquicentenário do Paraná no contexto escolar. 2004.

• SANTOS, Carlos Roberto Antunes dos. Vida Material Vida Econômica. 2001.

• SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; Flores Mariléia. História do Cotidiano Paranaense, 1998.

10

• SILVA, Sérgio Aguilar. Paraná de Todas as Cores. 2003.

• STECA, Lucinéia C, Mariléia das Flores História do Paraná do século XVI à

década de 1950. 2002.

• TRINDADE, Etelvina Maria de Castro; Andreazza Maria Luíza. Cultura e Educação no Paraná. 2001.

• WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 1988.

• WESTPHALEN, Cecília; Machado Brasil Pinheiro; Balhana Altiva. História do

Paraná. 1969.

Esta pesquisa foi realizada em junho de 2007 e reflete a realidade de acesso

dos professores das escolas estaduais a recursos que eram mais comuns para a

elaboração das aulas, explicando a ausência de referências à TV Pendrive4, que

começou a ser utilizada nas escolas em 2008.

As transformações no ensino de História podem ser identificadas nas

Diretrizes Curriculares, onde se recomenda ao professor que o mesmo “faça uma

abordagem dos conteúdos sob a exploração de novos métodos de produção do

conhecimento histórico e inclua novas metodologias de trabalho para que seu

objetivo seja alcançado” (PARANÁ, 2006, p.29).

Os vinte e quatro professores que responderam os questionários citaram 38

conteúdos relacionados à história paranaense segundo os quais as fontes de

informações são de difícil acesso, deste total: 68% referem-se ao período

correspondente ao Paraná Tradicional e 32% referem-se ao Paraná Moderno e

Contemporâneo. Dos professores entrevistados 96% deles afirmaram que devido à

falta de fontes de informação, quase todos os temas sobre História do Paraná

4 TV multimídia que possui entrada para dispositivos USB e leitor de cartões de memória. A conexão USB

possibilita a integração entre o computador e a televisão de forma rápida e prática. - Os professores da rede

pública receberam um pendrive, dispositivo portátil para armazenar dados com capacidade de 2G, para gravar

objetos de aprendizagens e utilizá-los nas aulas. O televisor pode suportar arquivos de vídeo, de áudio e de

imagem.. O Portal Dia-a-dia Educação - www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive - no ícone “TV Multimídia”,

disponibiliza objetos de aprendizagem prontos para serem baixados para o pendrive, ou seja, já convertidos para

formatos aceitos ple TV Multimídia.. Esses objetos de aprendizagem contemplam sons, imagens, animações,

vídeos. São materiais que ilustram suas explicações com o objetivo de contribuir para a aprendizagem de

conteúdos escolares.

11

tornam-se difíceis de abordar em sala de aula, sendo que destacaram: Política,

realizações de governos, a formação do Paraná, a economia atual, as tribos

indígenas, religião, emancipação política, economia da Província do Paraná, o

Paraná no séc. XV, o Paraná contemporâneo, Economia, sociedade e cultura na

década de 1950, o Tropeirismo, temas relacionados ao norte do Paraná, Revolução

Federalista, as mudanças de regimes políticos.

Comprovando as informações obtidas junto aos professores na pesquisa,

Lazier (2003, p. 14) afirma que “apesar do mundo acadêmico estar produzindo

material sobre o Paraná, a História e a Geografia do Estado são pouco estudadas

nas escolas em todos os níveis, do fundamental ao superior. Existem jovens, e não

são poucos, que freqüentam o terceiro grau e não conhecem a História do Paraná.

Não é exagero afirmar que muitos professores não trabalham o tema com seus

alunos porque não conhecem, pois não foram preparados para isso na sua formação

acadêmica”.

Para que um recorte histórico fosse proposto para este trabalho, tomou-se

como parâmetro o resultado do levantamento feito com os professores, por meio do

qual foram identificados os conteúdos ou temas sobre a História do Paraná mais

difíceis de encontrar referências ou material didático. Em virtude das necessidades

apontadas pela maioria dos professores entrevistados, delimitou-se, o espaço-

tempo, entre o final do século XVI (Paraná Província), chegando até os fins do séc.

XIX.

3. DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE TRABALHO

3.1. O OAC: História do Paraná e a questão indígena

O Plano de Trabalho PDE que será aqui discutido visou valorizar os

conteúdos da História do Paraná e contribuir para a melhoria do ensino deste tema,

com a elaboração de um Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC).5

A proposta deste Portal diferencia-se dos demais, por estar embasada no conceito de Aprendizagem Colaborativa Apoiada por Computador (ACAC). Tal ambiente compartilhado foi chamado dentro do Portal de Ambiente Pedagógico Colaborativo (APC), ao qual terão acesso os professores da rede pública de ensino no Paraná, possibilitando um canal de troca de

5Resssalta-se que este trabalho poderá ser enriquecido pelos professores, alunos e interessados posteriormente à sua disponibilização no site, já que o programa prevê a inserção de outras contribuições.

12

informações e experiências, permitindo que os professores interajam neste ambiente, não somente acessando as produções intelectuais publicadas por seus pares, como também tendo a possibilidade de complementá-las e fazer comentários (REQUE, 2005, 990 p).

Considerando o problema identificado na pesquisa com professores, o

objetivo deste OAC foi localizar fontes de informação e materiais produzidos sobre

História do Paraná, em específico sobre os Indígenas Paranaenses, seguindo as

orientações contidas nas Diretrizes Curriculares e tendo como referência as

dimensões para os anos finais do Ensino Fundamental, para possível utilização no

ensino de História.

Este OAC6 intitulado “Os Indígenas Paranaenses” consiste em um espaço

virtual de divulgação contendo uma catalogação sistematizada de bibliografias,

fontes de informações e materiais relacionados que foram obtidos em bibliotecas

públicas e de universidades, arquivos públicos, casas de memória, acervos de

museus históricos, bem como em sítios de domínio público,

Além da catalogação sistematizada e análise crítica das fontes, objetivou-se,

situá-las dentro das principais tendências historiográficas, pois entende-se que não

é apenas uma questão de caráter teórico, mas trata-se também de uma necessidade

prática, porque é com base em uma concepção de história que se pode assegurar

um critério para uma aprendizagem efetiva e coerente.

O OAC “os Indígenas Paranaenses” contém além da catalogação das fontes

bibliográficas, materiais midiáticos, sítios na internet, localização de museus

históricos, bem como reportagens em periódicos.

O desenvolvimento desta proposta partiu do pressuposto de que é possível

resgatar as produções sobre a História do Paraná, contidas nos acervos de

bibliotecas públicas, e universitárias, arquivos e museus históricos e seus acervos,

bem como de secretarias de cultura e educação, patrimônio históricos e outros

espaços de memória e da história.

Sobre o tema, é importante lembrar que os livros abaixo fazem parte da

Biblioteca do Professor distribuída a todas as escolas públicas estaduais:

6O endereço eletrônico do Portal Dia-a-dia Educação é www.portaldiaadiaeducacao.pr.gov.brVer apêndice 1.

13

• MOTA, Lúcio Tadeu As Cidades e os Povos Indígenas, 2000.

__________________As guerras dos índios Kaingang — A história épica dos índios Kaingang no Paraná (1769-1924), 1994

• MUNDURIK, Daniel. Contos Indígenas Brasileiros, 2004.

• GRUPIONII, Luis Donisete Benzi. Índios no Brasil, 2004.

• RIBEIRO, Darci. Os índios e a civilização. 1996.

3.2 Grupos de trabalho em rede

O Grupo de Trabalho em Rede - GTR – constitui-se numa atividade do PDE e

caracteriza-se pela interação virtual entre o Professor PDE e os demais professores

da rede pública estadual, e busca efetivar o processo de Formação Continuada já

em curso, promovido pela SEED/PDE:

Nesse sentido um aspecto interessante que as novas tecnologias podem permitir, especialmente através da internet, é a formação de redes e de (auto) formação participada, troca de experiências e partilha de saberes que possam consolidar espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formado. (Jacinski, 2001, p. 112).

No caso deste projeto pretendeu-se a troca de experiências com os

professores que fizeram parte do GTR e propostas de novas metodologias de

trabalho para as aulas de história, em especial sobre o tema História do Paraná.

A difusão da utilização da internet no domínio das ciências históricas é a expansão da dimensão participativa da pesquisa: troca de experiências e de informações, colaboração de comunidades de sábios em torno de objetos de pesquisas e de temas de discussões comuns. Isto significa que a rede permite criar formas mais eficazes de trocas e de coordenação de trabalhos, as quais engendram comunidades novas, paralelas, integradas, mas não necessariamente subordinadas ao seu contexto universitário de origem. Deste ponto de vista, o desenvolvimento de portais de discussão constitui um fenômeno particularmente interessante, e é o símbolo de uma evolução da própria noção de comunidade científica e de pertencimento a uma disciplina (Minuti,2002, p.117- Tradução Livre).

14

Os professores que fizeram parte da Rede virtual 7 contribuíram para este

trabalho a partir de discussões e análise conjuntas das fontes de informações e

sugerindo outras fontes bibliográficas que já fazem parte do trabalho que

desenvolvem em sala de aula.

Dentro das propostas de trabalho previstas no GTR o módulo 3 previa a

socialização do conteúdo deste Plano de Trabalho para os integrantes do meu GTR.

Os professores deveriam participar de uma discussão com o grupo sobre o tema

destacando sua pertinência para Educação Básica e em relação às Diretrizes

Curriculares de Educação Básica do Estado do Paraná.

Abaixo um dos comentários deixados por professores que fizeram parte do

GTR:

“Ao tomar conhecimento do teu plano de trabalho, percebi a dificuldade encontrada pelos professores para trabalhar História do Paraná e como desabafo quero informá-la que essa mesma dificuldade tenho encontrado constantemente ao trabalhar "Arte Paranaense”. O título escolhido por você é de suma importância, pois vem de encontro às necessidades e anseios de os professores, como você mesma afirma a maioria dos profissionais tem textos "muito antigos ou de cunho universitário", o que dificulta o trabalho em sala de aula (M .A. V.).”

No módulo 4 foi apresentada aos professores do GTR a proposta de material

didático, o OAC intitulado “Os Indígenas Paranaenses” destacando seus elementos

constitutivos (objetivos e fundamentação teórica e encaminhamento metodológico).

Solicitou-se aos professores participantes uma análise da proposta e promoveu-se

uma discussão, levando em conta a pertinência e viabilidade da proposta no âmbito

escolar. Além disso, foram incentivados para que elaborassem novos materiais

didáticos o retorno em geral foi muito positivo:

“Ao apresentar teu OAC em meu colégio, os alunos no começo não se interessaram muito, mas quando eu coloquei as minhas idéias introduzindo sua implementação ao meu estudo de História da Arte os alunos se interessaram mais... Acredito que pelo fato de mudar um pouco do assunto, eles se interessem mais... Não gostam de ficar na mesma mesmice de sempre.... (M. A.C. M C.).”

No módulo 5- Proposta de Intervenção: foi apresentado aos participantes do

GTR um texto, contendo os fundamentos teórico metodológicos da proposta de 7Cada professor PDE desempenhou a função de Orientador de Grupo de Trabalho em Rede, com previsão de atendimento a, no

máximo, 37 (trinta e sete) professores da Rede. Essa atividade foi realizada de forma virtual e efetivamente implementada no 2º Período do Programa.

15

intervenção na Escola intitulada “o uso de fontes históricas primárias em sala de

aula”, que previa a utilização de uma imagem disponível no Arquivo Público Estadual

referente a um documento do século XIX, o Ofício do “Diretor Geral dos Índios” do

município de Palmeira, Hipólito Alves d' Araújo de 10 de outubro de 1878.

A Proposta de Intervenção na Escola sugerida no módulo-5 foi implementada

na Escola João Turim em Curitiba entre os meses de abril e maio de 2008. Em 5

encontros com a professora de História do período vespertino, foi apresentado o

OAC “Os Indígenas paranaenses” bem como a proposta do “Uso de fontes históricas

em sala de aula”. A mesma foi implementada na 7ª série “C” e observou-se que os

alunos ficaram muito curiosos, pelo fato do texto tratar-se de uma cópia do

documento original do período correspondente ao Paraná Província.

Segundo Schmidt, (2004) uma nova concepção de documento histórico

implica, necessariamente, repensar seu uso em sala de aula, já que sua utilização

hoje é indispensável como fundamento do método de ensino, principalmente porque

permite o diálogo do aluno com realidades passadas e desenvolve o sentido da

análise histórica. O contato com as fontes históricas facilita a familiarização do aluno

com formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-

o a associar o conceito histórico à análise que origina e fortalecendo sua capacidade

de raciocinar baseado em uma situação dada.

No módulo 5 houve uma discussão com os professores do GTR sobre o

processo de implementação da proposta de intervenção na escola de cada um

deles. Abaixo segue o relato de duas professoras sobre suas experiências dessa

implementação

“...... eu estou deslumbrada com o conteúdo de história, lemos sua proposta OAC e descobrimos que todos nós deveríamos estudar um pouco da história para descobrir através de documentos históricos as fontes históricas. O texto de seu trabalho deixa claro o procedimento para o professor quanto às diferentes maneiras de proceder ao estudo com os alunos para identificar a origem, a natureza, o autor e os pontos mais importantes de um documento histórico. É pertinente sua colocação em seu trabalho “0 uso das fontes históricas em sala de aula” quanto ao uso e construção do mesmo nas analises e no comentário do documento: introdução, desenvolvimento e conclusão. (I. B. G.).”

“Ao me interar sobre o resultado da pesquisa "Fontes de Informação em História do Paraná", percebe-se que tudo é válido e o professor recorre a

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todo o tipo de informação - como sempre segue incansável atrás de iluminar os caminhos dos educandos, direcioná-los para o conhecimento. Também estou na busca incessante sobre os conteúdos referentes à temática Arte Paranaense, tenho conseguido bons textos, participando do Projeto FERA (M. A. C. M. C.).”

No Módulo 6 intitulado “Proposta de Implementação na Escola”, foi solicitado aos professores participantes do GTR um Plano contendo as possíveis formas de implementação da proposta de intervenção, na Escola ou área de atuação. Foram discutidos com o Grupo os resultados da implementação das propostas deles de intervenção na escola. Segue o depoimento de uma das participantes que usou como tema de sua aula de arte paranaense o fandango.

“O tema aplicado foi Fandango. Embora esteja na terra do Fandango (Paranaguá) muitos nunca ouviram falar, foi por isso que fiz um projeto Valorizando o Fandango Paranaense que foi aprovado pelos alunos e coordenação. Eu trabalho no CEEBJA e o atendimento é individual. Escalava grupos marcava o horário e a 1 aula era assistir um vídeo do Grupo Folclórico Mestre Romão, os alunos faziam relatório, na minha sala cabem 15 alunos. Em outro encontro apresentava cartazes sobre a história do fandango e liam um documento e respondiam exercícios sobre o tema. Nos 3 encontros eu apresentava pequenas trovinhas e os alunos complementavam com mais idéias e cantavam parecendo paródia. Foi uma experiência notável e que os alunos recordam (M. A.V).”

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de construção do material didático em forma de OAC surgiu, a

partir da constatação de que apesar de existirem muitas publicações sobre a História

do Paraná, muitos professores ainda têm dificuldades para encontrar subsídios na

elaboração de aulas sobre o tema. Atualmente com a crescente utilização de

computadores e da internet pelos professores, a disponibilização de materiais

didáticos em forma de OAC, permite o acesso rápido a informações que auxiliam o

trabalho pedagógico. A principal idéia do OAC é dividir o conteúdo em pequenas

partes para que possam ser reutilizados em diferentes ambientes de aprendizagem.

Na busca de informações sobre o tema proposto, o retorno às atividades

acadêmicas realizado de forma presencial, na Universidade Federal do Paraná

(UFPR) através de Seminários Temáticos, Encontros Regionais, Encontros de Áreas,

Encontros de Orientação e Cursos muito contribuiu para o embasamento teórico e a

atualização tão necessária à prática pedagógica. A partir destas atividades foi

possível conhecer obras referentes ao tema, que auxiliaram na elaboração do

17

material didático. Ao publicar informações sobre um determinado tema na Internet

colabora-se com outros professores para que possam conhecer melhor o conteúdo e,

conseqüentemente, ensinar melhor seus alunos. O conhecimento não ficará restrito a

uma sala de aula ou uma escola, ele estará disponível para educadores de outras

regiões do Estado e do país.

A produção deste Objeto de Aprendizagem se deu a partir de um processo de

orientação garantiu-se assim, um aprofundamento teórico com relação ao tema

selecionado, sendo que a validação ocorrerá com a finalização do PDE em dezembro

de 2008. Qualquer pessoa pode colaborar com este OAC desde que seja um usuário

cadastrado no Portal Dia-a-Dia Educação.

No OAC intitulado “Os Índígenas Paranaenses” existem diferentes abordagens

sobre a questão do indígena no Estado do Paraná. O Ambiente Pedagógico

Colaborativo tem como premissa, permitir que os usuários tenham a possibilidade

de acesso a diferentes abordagens sobre o mesmo assunto, formando suas próprias

opiniões.. Ele apresenta ainda 13 recursos, classificados em: Recursos de Expressão,

Recursos Didáticos e Recursos de Informação.

Percebe-se pela grande quantidade de professores que fizeram inscrições

nos GTR e o pequeno número de concluintes, que houve uma dificuldade visível de

domínio da tecnologia para a realização das atividades que foram propostas aos

participantes. O uso desta nova metodologia de capacitação, utilizando esta nova

tecnologia é inovadora e por isso está sujeita a ajustes e adaptações que deverão

acontecer nos próximos GTRs. Porém aqueles que superaram as dificuldades

conseguiram deixar em seus depoimentos conclusões positivas desta nova

modalidade de capacitação e troca de experiências.

“Lendo as informações sobre OAC-Indígena Paranaense deparei com informações preciosas e concordo com a frase do ancião Wabuá Xavante “Ninguém respeita aquilo que não conhece. Precisamos mostrar quem somos, a força, a beleza, a riqueza de nossa cultura. Só assim vão entender e admirar o que temos.” É de suma importância que conheçamos a nossa história. Vamos continuar lutando, ressaltando a importância da cultura indígena e da sua valorização estudar, conhecer, lutar nos torna pessoas mais conscientes de nossos deveres para um mundo melhor (M. A. V.)''

“Quanto à sua proposta no ensino da História do Paraná, abrem-se caminhos para uma ampla discussão dos acontecimentos históricos, as manifestações culturais comparando o presente e o passado. Quero

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ressaltar a importância dos conteúdos da Arte Paranaense que se faz necessário para valorizar as tradições populares, as danças, as artes plásticas, o festival de teatro, conhecendo e preservando nossas raízes. Sua proposta e estatística provaram que a História do Paraná é de difícil acesso, mas que a tendência é melhorar, tanto é que através do PDE e do nosso GTR já se está conseguindo uma vitória: a divulgação (M. A.V.)”

6. REFERÊNCIAS

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RIBEIRO, Darci. Os índios e a civilização. A integração dos indígenas no Brasil moderno. Companhia das Letras 7ª ed.- 1996 560p.

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SCHMIDT, M. A. M. S. O porquê dos estudos sociais: implicações histórico-sociais, políticas e econômicas. História: questões e debates, Curitiba, Ano 6, n° 11, 1985.

SCHMIDT, M. A. M. dos S. Histórias do cotidiano paranaense; 1998; Editora Letraviva; Curitiba; BRASIL; 128;

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_________Maria Auxiliadora Moreira dos Santos; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. A formação da consciência histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de história. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 67, p. 297-308, set./dez., 2005.

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WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. Curitiba, Gráfica Vicentina, 1988.

7. APÊNDICES

7.1 Apresentação do OAC no Portal Dia-a-Dia Educação

A metodologia para a disponibilização da catalogação comentada das fontes

bibliográficas, materiais midiáticos e sítios de informação sobre a História do Paraná

e posterior disponibilização das mesmas através de um Objeto de Aprendizagem

Colaborativo (OAC), foi feita a partir de temas/conteúdos de História do Paraná

previstos nas Diretrizes Curriculares para a disciplina de História nas séries finais do

Ensino Fundamental.

Para encontrar o OAC “Os Indígenas Paranaenses”, o endereço eletrônico é :

http://www.seed.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/frm_roteiro.php?roteiro=7298&PHPSESSID=20080

81710173438

22

HISTORIAENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS

Dimensão Histórica

Fundamentos Teorico Metodológicos

Conteúdos Estruturantes

Encaminhamento Metodológico

Avaliação

RELAÇÕES CULTURAIS - nº 7298História do Paraná

Recurso de Expressão

Séculos de exploração e desigualdades deixaram fortes marcas na cultura indígena, a educação pode contribuir para mudar este quadro.

Recursos Didáticos

Sítios

Sons e

Vídeos

Proposta de Atividades

Imagens

Recursos de Informação

Sugestões de

Leitura Notícias

Destaques Paraná

Autor(es):

Lilian Mary Alberton

Joao Turin, C E - E Fund_medio - Curitiba

Recursos de Investigação

Investigação

Disciplinar Perspectiva

Interdisciplinar Contextualização

Recursos de Interação

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2. REFERÊNCIAS E FONTES PESQUISADAS PARA ELABORAÇÃO DO OBJETO DE APRENDIZAGEM COLABORATIVA-OAC “OS INDÍGENAS PARANAENSES”

AVE-LALLEMANT Robert. Viagens pelas Províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo (1858) p. 72.

BALDUS Herbert. Ensaios de Etnologia Brasileira. Prefácio de Affonso de E. Taunay - Cia. Ed. Nacional - São Paulo - Brasil - 346 p. 1937, p. 29.

BORBA Telêmaco. Actualidade Indígena. Coritiba: Impressora Paranaense, 1908 p.5.

ELLIOT John H.. Itinerário das viagens exploradoras: feitas nos annos de1844 a 1847 pelo sertanista o Sr. Joaquim Francisco Lopes e descriptas pelo Sr. João Henrique Elliott. RIHGB, Rio de Janeiro, 1848. p. 153-177.

MONBEIG Pierre. Pioneiros e Fazendeiros de São Paulo. São Paulo,Hucitec/Polis, 1984. 155-163 p.

MOTA, Lúcio Tadeu, - As Guerras dos índios Kaingang: a história épica dos índios Kaingang no Paraná (1769- 1924) 1953.

_____A Guerra de Conquista nos Territórios dos índios Kaingang doTibagi. Texto apresentado na V Encontro Regional de História- ANPUH-PR-1996.

PROVOPAR Vida Indígena no Paraná: Memória, presença, horizontes. AçãoSocial- Paraná Curitiba-2006.

RIBEIRO, Darci. Os índios e a civilização. A integração dos indígenas no Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras 7ª ed.- 1996. 560p.

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SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; Cainelli Marlene - Ensinar história, São Paulo:Scipione, 2004.

VASCONCELOS Zacarias de Góes e. Relatório de 15/07/1854. Publicado no Boletim do Arquivo do Paraná, ano 6, n.8, 1981, p. 11.

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SÍTIOS NA INTERNET PESQUISADOS PARA A ELABORAÇÃO DO OAC

www.portoalegre.rs.gov.br/publicacoes/Porto_Virgula/pv35/download/agires.d

oc

http://www.ambientebrasil.com.br/

http://www.ideti.org.br

www.artenossa.pr.gov.br

http://www.museudoindio.org.br

http://www.pr.gov.br/museupr

http://www.agenciadenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=132

51http://www.universia.com.br

http://fera.seed.pr.gov.br

http://www.socioambiental.org/pib/epi/kaingang/cosmo.shtm

http://tudoparana.globo.com/site.phtml?url=gazetadopovo/brasil/conteudo.pht

ml?id=444749

http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conte

udo=26

http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/exposicao_virtual_do_mae/sociedad

es_indigenas/os_cacadores_coletores_do_interior_e_os_pescadores_coletor

es_do_litoral_o_periodo_arcaico