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SRIE
Debates EDN1 Maio de 2011
ISSN 2236-2843
Prottipos curricularesde Ensino Mdio e
Ensino Mdio Integrado:resumo executivo
Educao
SRIE
Debates EDN1 Maio de 2011
ISSN 2236-2843
Prottipos curricularesde Ensino Mdio e
Ensino Mdio integrado:resumo executivo
Educao
Serie Debates 1_ED_GFCA:Layout 1 8/31/11 5:51 PM Page 1
UNESCO 2011Coordenao: Setor de Educao da Representao da UNESCO no Brasil
Redao: Jos Antnio KllerReviso: Lcia LeiriaDiagramao: Paulo SelveiraCapa e projeto grfico: Edson Fogaa
Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro, bem comopelas opinies nele expressas, que no so necessariamente as da UNESCO, nem comprometem aOrganizao. As indicaes de nomes e a apresentao do material ao longo deste livro no implicama manifestao de qualquer opinio por parte da UNESCO a respeito da condio jurdica de qualquerpas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, tampouco da delimitao de suas fronteiras oulimites.
BR/2011/PI/H/6 REV
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S U M R I O
Apresentao ...................................................................................................................................5
I. Justificativa e objetivos...................................................................................................................7
II. Prottipo, projeto pedaggico e plano de curso ............................................................................8
III. Princpios norteadores da proposta...............................................................................................8
IV. Prottipo curricular de ensino mdio (EM) ....................................................................................9
V. Prottipo curricular de ensino mdio integrado (EMI) .................................................................17
VI. Condies para a implantao da proposta ...............................................................................22
VII. Concluso ................................................................................................................................23
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Equipe de consultores do estudo
Jos Antonio Kller (Coordenador)
Francisco de Moraes (Assistente de Coordenao)
Francisco Roberto Savioli (Linguagens)
Iole de Freitas Druck (Matemtica)
Jane Margareth de Castro (Ensino Mdio)
Luis Carlos de Menezes (Cincias da Natureza)
Paulo Miceli (Cincias Humanas)
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A P R E S E N T A O
1. UNESCO. Reforma da educao secundria: rumo convergncia entre a aquisio de conhecimento e o desenvolvimento de habilidade.Braslia: UNESCO, 2008. Disponvel em: .
2. REGATTIERI, M.; CASTRO, J. M. (Orgs.). Ensino mdio e educao profissional: desafios da integrao. Braslia, UNESCO, 2009.
5As transformaes globais da sociedade, da
economia e do trabalho pressionam as escolas de
ensino mdio do mundo inteiro para que busquem
novas abordagens educativas. A preparao s para
os vestibulares que do acesso educao superior
no um objetivo adequado para a maioria dos
jovens, que no chega a este nvel de ensino. A maior
parte deles passa diretamente do ensino mdio ao
trabalho, aos cursos tcnicos, ao treinamento aligei-
rado ou ao desemprego. No Brasil, um nmero muito
significativo de jovens abandona o ensino mdio
antes de sua concluso, e o percentual daqueles
acima da idade adequada ainda muito alto no pas.
H consenso sobre a soluo para esses pro-
blemas. Todos concordam que o ensino mdio,
alm de proporcionar a desejvel continuidade de
estudos, deve preparar o jovem para enfrentar os
problemas da vida cotidiana, para conviver em
sociedade e para o mundo do trabalho. Renovando
o compromisso internacional em favor da Educao
para Todos (EPT), o Frum Mundial de Educao
(Dacar, Senegal, 2000), em seu Marco de Ao, em
consonncia, define como um dos seus objetivos:
responder s necessidades educacionais de todos
os jovens, garantindo-lhes acesso equitativo a
programas apropriados que permitam a aquisio de
conhecimentos tanto como de competncias ligadas
vida cotidiana.
preciso, para tanto, que a escola de ensino
mdio desenvolva um modelo educacional adequado
s caractersticas e heterogeneidade dos novos
grupos e setores sociais que a frequentam. Segundo
o documento da UNESCO, intitulado Reforma da
educao secundria: rumo convergncia entre a
aquisio de conhecimento e o desenvolvimento de
habilidade1, esse modelo educacional deve articular
a educao geral e a educao profissional e ser
constantemente atualizado em funo das transfor-
maes cientficas, econmicas e sociais.
Contribuindo na construo coletiva desse modelo,
a UNESCO, ao longo dos ltimos anos, realizou diver-
sos estudos sobre o ensino mdio na Amrica Latina.
Um dos mais recentes, desenvolvido pela Represen-
tao da UNESCO no Brasil, tem suas principais
concluses documentadas no livro Ensino mdio e
educao profissional: desafios da integrao,
publicado em 20092. Este estudo analisou algumas
iniciativas de implantao do ensino mdio integrado
educao profissional no Brasil. Uma das principais
concluses diz respeito ao fato de que h boa safra
de reflexes tericas, argumentaes ideolgicas
e normas sobre o tema; no entanto, so frgeis as
propostas mais operacionais e raras as experincias
de implantao efetiva de cursos integrados.
Em decorrncia das concluses deste estudo, a
Representao da UNESCO no Brasil desenvolveu um
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6projeto denominado Currculos de Ensino Mdio,
com a finalidade de propor prottipos3 curriculares
viveis para a integrao entre a educao geral, a
educao bsica para o trabalho e a educao pro-
fissional no ensino mdio. No desenvolvimento do
projeto, que conta com apoio do Ministrio da
Educao, e no desenho dos prottipos de currculos,
buscou-se obsessivamente um modelo operacional
que pudesse ser apropriado, amplamente utilizado e
continuamente aprimorado pela escola pblica.
O presente trabalho resume esses prottipos.
Descreve inicialmente um currculo de ensino mdio
orientado para o mundo do trabalho e a prtica
social. Ele est desenhado para garantir aprendi-
zagens necessrias ao desenvolvimento de conheci-
mentos, atitudes, valores e capacidades bsicas para
o exerccio de todo e qualquer tipo de trabalho. Valori-
zando a continuidade de estudos, procura preparar
o jovem para enfrentar os problemas da vida coti-
diana e participar na definio de rumos coletivos,
promovendo o aperfeioamento dos valores humanos
e das relaes pessoais e comunitrias. Deste primeiro
e originrio tipo de prottipo, decorre outro, que inte-
gra o ensino mdio com a educao profissional.
No segundo tipo de prottipo, para atender os
que requerem profissionalizao mais imediata, esse
currculo originrio pode articular-se com o contedo
dos eixos tecnolgicos e das habilitaes tcnicas
especficas, atendendo o objetivo de formao de
tcnicos de nvel mdio, conforme estabelecido na
legislao como ensino mdio integrado.
A partir de uma mesma base curricular comum e
com variantes escolha de cada escola e grupo de
estudantes, ser possvel aproximar a escola nica da
escola diferenciada e a desejada formao politcnica
da formao tcnica, sempre que necessria. Se forem
implantados em uma mesma escola, cidade ou sistema
de ensino, os currculos articulados possibilitam a
troca do ensino mdio integrado pelo ensino mdio
de formao geral ou vice-versa ou, ainda, a alterao
da escolha de habilitao profissional no meio do
percurso.
Essa forma de organizar o currculo permite
postergar a escolha profissional ou ajust-la a novos
interesses suscitados ainda durante o percurso
do ensino mdio. Tem a vantagem de possibilitar
uma escolha profissional mais tardia, mais amadu-
recida, mais fundamentada em interesses pessoais
testados na confrontao com o campo profissional
e na anlise objetiva de possibilidades e requisitos
de emprego, de trabalho ou de empreende-
dorismo.
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3. Prottipos so modelos construdos para simular a aparncia e a funcionalidade de um produto em desenvolvimento. HOUAISS, A.;VILLAR, M. S. Prottipo: primeiro tipo criado; original. In: _____; e_____. Dicionrio Houaiss da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,2009.
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Prottipos curriculares de ensino mdio eensino mdio integrado: resumo executivo
4. ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G. (Coord.). Ensino mdio: mltiplas vozes. Braslia: UNESCO, MEC, 2003. Disponvel em: . Acesso em: 30 jan 2011.
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I. Justificativa e objetivos
A proposio dos prottipos justifica-se por ne-
cessidades concretas da sociedade e da juventude
brasileiras.
O ensino mdio, como todo projeto educacional,
deve estar fundado em objetivos que so perseguidos
pelo pas: construir uma sociedade livre, justa e soli-
dria; promover o desenvolvimento social e econmico;
erradicar a pobreza; reduzir as desigualdades sociais
e regionais; promover o bem de todos sem nenhum
preconceito; defender a paz, a autodeterminao
dos povos e os direitos humanos; repudiar a violncia
e o terrorismo; preservar o meio ambiente.
O ensino mdio tambm precisa atender s
necessidades de seu pblico especfico. Em Ensino
mdio: mltiplas vozes4, pesquisa realizada pela
UNESCO em parceria com o MEC, investigaram-se
as percepes de alunos, professores e corpo tcnico-
pedaggico das escolas. Eles concordam que o
ensino mdio momento de transio e complemento
do ensino fundamental e que deve preparar o estu-
dante para o ensino superior, para o mundo do
trabalho, para viver em comunidade, para ter um
bom senso crtico e para enfrentar os problemas do
dia a dia.
A preparao simultnea do jovem para o mundo
do trabalho e a prtica social e para a continuidade
de estudos conjuga os objetivos de interesse nacional
com os interesses do pblico especfico. Sabe-se que
o ensino mdio no tem conseguido atingir plena-
mente qualquer um desses objetivos. Alm disso, os
ndices de repetio e evaso so altos. As notas
nas avaliaes nacionais e internacionais so baixas.
Face ao insucesso, se currculo for entendido como o
conjunto de todas as oportunidades de aprendizagem
propiciadas pela escola, ento necessria uma
mudana curricular.
Uma mudana nos objetivos legais, no entanto,
desnecessria. Basta observar o disposto no par-
grafo 2 do art. 1 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional (LDBEN): A educao escolar
dever vincular-se ao mundo do trabalho e prtica
social. Tambm preciso assumir como essenciais e
buscar concretizar todas as finalidades do ensino
mdio, tais como vm definidas no artigo 35 da Lei:
I. a consolidao e o aprofundamento dos conheci-
mentos adquiridos no ensino fundamental, possibi-
litando o prosseguimento de estudos;
II. a preparao bsica para o trabalho e a cidadania
do educando, para continuar aprendendo, de
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modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade
a novas condies de ocupao ou aperfeioamento
posteriores;
III. o aprimoramento do educando como pessoa
humana, incluindo a formao tica e o desenvol-
vimento da autonomia intelectual e do pensamento
crtico;
IV. a compreenso dos fundamentos cientfico-
tecnolgicos dos processos produtivos, relacio-
nando a teoria com a prtica, no ensino de cada
disciplina.5
Os grandes objetivos que podem ser destacados
na Lei so a compreenso do mundo fsico e social; a
preparao para o mundo do trabalho e o exerccio
da cidadania; o desenvolvimento da autonomia
na aprendizagem e a realizao do estudante como
pessoa humana. Essas intenes mais gerais podem
ser transformadas em resultados de aprendizagem
mais especficos como fazem os eixos cognitivos e a
matriz de competncias e habilidades do novo Exame
Nacional de Ensino Mdio (Enem).
O prottipo curricular de ensino mdio (EM)
de formao geral atende todas as finalidades da
LDBEN e, nos seus objetivos de aprendizagem, tem
como referncia o novo Enem. Objetivos relacionados
com a preparao para o mundo do trabalho e a
prtica social esto postos no centro do currculo
como o principal foco de orientao da aprendizagem.
A partir dessa base comum, o prottipo de EM
proporciona variaes que visam formao do
tcnico de nvel mdio, de forma a atender diversi-
dade de interesses da juventude brasileira.
II. Prottipo, projeto pedaggicoe plano de curso
Os prottipos que so objetos desta apresentao
devem ser compreendidos como referncias a serem
usadas pela escola na definio do currculo do
ensino mdio ou para a elaborao do currculo
(e do plano de curso) do ensino mdio integrado
com a educao profissional. Eles pretendem ajudar
as escolas na definio, na organizao e no funcio-
namento de uma estrutura curricular integrada. Faci-
litam a discusso das escolas na definio de meca-
nismos de integrao entre os componentes curriculares
do ensino mdio (reas, disciplinas etc.) ou entre o
ensino mdio e a educao profissional.
Os prottipos so referncias curriculares e no
currculos prontos. Por isso, exigem um trabalho de
crtica e complementao a ser feito pelos coletivos
escolares. Para tanto, em um primeiro movimento
de aproximao, as escolas precisam conhecer o pro-
ttipo adequado modalidade de ensino mdio
que pretendem implantar ou reformular.
Esse conhecimento deve ser complementado pela
identificao das linhas de convergncia e de distan-
ciamento entre o projeto pedaggico da escola e o
prottipo curricular. A anlise da adequao do
prottipo s concepes do projeto pedaggico
deve anteceder a uma tomada de deciso democrtica
sobre a validade de seu uso.
Tomada a deciso de usar um determinado
prottipo como referncia, o segundo movimento
us-lo na construo ou reformulao do currculo
e na reviso do projeto pedaggico da escola. O uso
do prottipo indicado especialmente na discusso
e na tomada de deciso sobre os princpios nortea-
dores do currculo e na definio da organizao, da
estrutura e dos mecanismos de integrao curricular
apresentados a seguir.
III. Princpios norteadores da proposta
Todos os prottipos curriculares resultantes do
projeto da UNESCO esto fundados na perspectiva
da formao integral do estudante. Eles consideram
que a continuidade de estudos e a preparao para
vida, o exerccio da cidadania e o trabalho so
demandas dos jovens e finalidades do ensino mdio.
O trabalho, na sua acepo ontolgica, entendido
como forma do ser humano produzir sua realidade e
transform-la, como forma de construo e realizao
do prprio homem, ser tomado, nos prottipos,
5. BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Coletnea de leis. Braslia:Presidncia da Repblica Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurdicos, 1996. Disponvel em: .
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como princpio educativo originrio. Ele articula e
integra os componentes curriculares de ensino mdio,
seja o de formao geral, seja o integrado com a
educao profissional. Isso quer dizer que toda a
aprendizagem ter origem ou fundamento em ativi-
dades desenvolvidas pelos estudantes que objetivam,
em ltima instncia, uma interveno transformadora
em sua realidade. O currculo ser centrado no planeja-
mento (concepo) e na efetivao (execuo) de
propostas de trabalho individual ou coletivo que cada
estudante usar para produzir e transformar sua
realidade e, ao mesmo tempo, desenvolver-se como
ser humano.
Associada ao trabalho, a pesquisa ser instrumento
de articulao entre o saber acumulado pela huma-
nidade e as propostas de trabalho que estaro no
centro do currculo. Como forma de produzir conhe-
cimento e como crtica da realidade, a pesquisa
apoiar-se- nas reas de conhecimento ou nas disci-
plinas escolares para o desenho da metodologia e
dos instrumentos de investigao, para a identificao
das variveis de estudo e para a interpretao dos
resultados. A anlise dos resultados da pesquisa,
tambm apoiada pelas reas ou pelas disciplinas,
apontar as atividades de transformao (trabalho)
que so necessrias e possveis de serem concretizadas
pela comunidade escolar.
Tomando o trabalho e a pesquisa como princpios
educativos, os prottipos unem a orientao para
o trabalho com a educao por meio do trabalho.
Prope-se, assim, uma escola de ensino mdio que
atue como uma comunidade de aprendizagem. Nela,
os jovens desenvolvero uma cultura para o trabalho
e demais prticas sociais por meio do protagonismo6
em atividades transformadoras. Exploraro interesses
vocacionais ou opes profissionais, perspectivas de
vida e de organizao social, exercendo sua auto-
nomia e aprendendo a ser autnomo, ao formular e
ensaiar a concretizao de projetos de vida e de
sociedade.
Os prottipos tm, como perspectiva comum,
reduzir a distncia entre as atividades escolares, o
trabalho e demais prticas sociais. Tm tambm uma
base unitria sobre as quais se assentam diversas
possibilidades: no trabalho, como preparao geral
ou formao para profisses tcnicas; na cincia e na
tecnologia, como iniciao cientfica e tecnolgica;
na cultura, como ampliao da formao cultural.
IV. Prottipo curricular deensino mdio (EM)
Um currculo sempre organizado em funo da
perspectiva educacional que de fato o anima. A forma
hoje dominante de organizar o currculo, dividido em
disciplinas estanques, adequada perspectiva de
transmisso verbal de conhecimentos (informaes
/dados) desconexos e descontextualizados. Contra-
pondo-se a isso, proposta uma nova estrutura e
organizao curricular e uma nova forma de alocao
do tempo escolar. Elas substituem as velhas grades
curriculares e o horrio-padro, sempre baseados em
uma diviso em aulas de diferentes disciplinas que
se sucedem a cada 50 minutos.
Considerando e aproveitando todas as formas j
previstas nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais,
especialmente a organizao curricular por reas
de conhecimento e as orientaes referentes a
interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e contex-
tualizao, o prottipo de EM prope mecanismos
operacionais que atuam de modo sinrgico na inte-
grao dos diferentes componentes do currculo:
ncleo articulador; reas de conhecimento; dimenses
articuladoras (trabalho, cultura, cincia e tecnologia);
forma especfica de estruturar e organizar o currculo;
metodologia de ensino e aprendizagem; e avaliao
dos resultados de aprendizagem.
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6. A palavra protagonista vem do grego Protagonists. O principal lutador. Na definio de Antonio Carlos Gomes da Costa, protagonismojuvenil a participao do adolescente em atividades que extrapolam os mbitos de seus interesses individuais e familiares e quepodem ter como espao a escola, os diversos mbitos da vida comunitria; igrejas, clubes, associaes e at mesmo a sociedade emsentido mais amplo, atravs de campanhas, movimentos e outras formas de mobilizao que transcendem os limites de seu entornosociocomunitrio. COSTA, A. C. G. Protagonismo juvenil: adolescncia, educao e participao democrtica. Belo Horizonte: ModusFaciendi, 1996.
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IV.1 Ncleo de preparao bsica para
o trabalho e demais prticas sociais
O prottipo para o ensino mdio (EM) de formao
geral prope que o currculo seja organizado e inte-
grado por meio de um Ncleo de Preparao Bsica
para o Trabalho e demais Prticas Sociais. O Ncleo
a principal estratgia de integrao curricular e
um componente curricular que constitui um objeto
novo7 ou um objeto comum8 a todas as reas de
conhecimento. Ele diretamente responsvel pelos
objetivos de aprendizagem relacionados com a pre-
parao bsica para o trabalho. Tal preparao en-
tendida como o desenvolvimento de conhecimentos,
atitudes, valores e capacidades necessrios a todo
tipo de trabalho: elaborao de planos e projetos;
trabalho em equipe; escolha e uso de alternativas de
diviso e organizao do trabalho que sejam eficazes
e adequadas ao desenvolvimento humano; capacidade
de analisar e melhorar processos sociais, naturais ou
produtivos, como exemplos.
Alm da preparao bsica para o trabalho, o
Ncleo ser tambm diretamente responsvel pelos
objetivos de aprendizagem relacionados com a
preparao para outras prticas sociais: convivncia
familiar responsvel; participao poltica; aes
de desenvolvimento cultural, social e econmico
da comunidade; proteo e recuperao ambiental;
prticas e eventos esportivos; preservao do patri-
mnio cultural e artstico; produes artsticas; e outras.
O Ncleo ocupar, pelo menos, 25% das horas
do tempo previsto para todo o currculo. No caso de
um currculo de ensino mdio, com durao mnima
de 800 horas/ano, 2.400 horas no total e trs anos
letivos, o Ncleo ter a durao total mnima de 600
horas (200 horas/ano) e ser o principal responsvel
por garantir que o trabalho e a pesquisa se constituam
em princpios educativos efetivos. Ele ser operado
por todos os professores de todas as disciplinas ou
reas de conhecimento e por todos os estudantes de
ensino mdio de uma determinada srie.
O Ncleo ser desenvolvido por meio de projetos
que envolvem a participao ativa de todos, reunidos
em uma comunidade de trabalho. Deve possibilitar
uma ampliao gradativa do espao e da comple-
xidade das alternativas de diagnstico (pesquisa) e
de intervenes transformadoras (trabalho). Para
tanto, prope um contexto de pesquisa e interveno
e um projeto articulador para cada ano letivo do
ensino mdio.
O projeto do primeiro ano Escola e Moradia
como Ambientes de Aprendizagem prev o engaja-
mento do jovem na transformao da sua escola
em uma comunidade de aprendizagem cada vez
mais efetiva e da sua moradia em um ambiente de
aprendizagem cada vez mais favorvel. A escola a
unidade social e o ambiente de trabalho mais conhe-
cido, prximo e comum a todos os estudantes. um
bom ponto de partida para a experimentao e o
exerccio dos processos de investigao (pesquisa) e
de atividades individuais e coletivas de transformao
(trabalho) que exigiro o protagonismo dos jovens e
dos professores na construo e no desenvolvimento
de uma comunidade de aprendizagem. A moradia
dos estudantes outra referncia muito prxima e
importante para a ampliao das alternativas de
investigao e a transformao em um efetivo am-
biente de aprendizagem.
O projeto do segundo ano Projeto de Ao
Comunitria tem como contexto a comunidade
que circunda a escola ou um territrio delimitado a
partir dela. A comunidade ser considerada como
um espao de aprendizagem e protagonismo. O espao
a ser delimitado para efeito de diagnstico e inter-
veno aquele passvel de ser compreendido
pela ao transformadora dos jovens. As atividades
propostas por intermdio do diagnstico criaro
o movimento de transformao, que ser to mais
abrangente quanto mais articulado com outros
movimentos do trabalho e das prticas sociais que
se cruzam no espao delimitado. Tal movimento
contextualiza e dar sentido s aprendizagens
previstas no Ncleo e nas reas de conhecimento.
O projeto do terceiro ano Projeto de Vida e
Sociedade amplia a abrangncia do contexto de
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7. BARTHES, R. O Rumor da lngua. So Paulo: Brasiliense, 1988.
8. MACHADO, N. J. Educao: projeto e valores. So Paulo: Escrituras Editora, 2004.
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pesquisa e transformao no espao (mundo) e no
tempo (histria). complementado com o autoconhe-
cimento e encerra-se com a elaborao de uma
previso de trajetria individual e de uma proposta
de transformao social. Os aspectos mais relevantes
dessas escolhas envolvem carreira profissional, encami-
nhamentos de vida e perspectivas de engajamento
em aes de desenvolvimento social. Os horizontes a
considerar so de curto, mdio ou longo prazo.
O prottipo sugere organizar os diagnsticos
(pesquisa) e as atividades de transformao por meio
da prpria escola e da moradia dos estudantes,
ampliando o contexto da ao para a comunidade e
para o mundo. Isto objetiva graduar a complexidade
da interveno, mas no significa que os contedos
necessrios compreenso e interveno, em cada
realidade, tenham de ficar restritos a cada contexto
considerado.
IV.2 As reas de conhecimento
Alm do Ncleo de preparao bsica para o
trabalho e demais prticas sociais, o prottipo de
ensino mdio prev, como outros grandes compo-
nentes curriculares, quatro reas de conhecimento:
(I) Linguagens, cdigos e suas tecnologias; (II) Ma-
temtica e suas tecnologias; (III) Cincias da Natureza
e suas tecnologias; (IV) Cincias Humanas e suas
tecnologias.9 As reas podem ou no ser divididas
em disciplinas, mas incluem sempre todos os contedos
curriculares previstos em lei.
Em todas as reas, a integrao dos contedos
ou das disciplinas ocorre por meio da definio de
objetivos de aprendizagem comuns para a rea como
um todo. As finalidades do ensino mdio estabelecidas
pela LDB so o ponto de partida para a definio dos
objetivos de aprendizagem das reas. Os objetivos
de aprendizagem do Ncleo, tanto os relacionados
preparao bsica para o trabalho, quanto os relacio-
nados s outras prticas sociais, so uma das referncias
para a definio dos objetivos das reas. O prottipo
assim integrado por meio de seus objetivos de
aprendizagem. Outra referncia para a definio dos
objetivos foi a matriz de competncias e habilidades
do novo Enem, assegurando a perspectiva de continui-
dade de estudos.
O prottipo prope uma organizao diferente
para cada rea. A rea de Cincias Humanas distribui
seus objetivos por focos temticos (trabalho, tempo,
espao, tica etc.) que fazem a integrao de todas
as disciplinas da rea. A rea de Matemtica define
seus objetivos como especificaes dos objetivos de
preparao bsica para o trabalho e outras prticas
sociais. A rea de Linguagens no faz qualquer diviso
por disciplinas de seus objetivos, mas neles se reco-
nhece sua origem disciplinar. Finalmente, a rea de
Cincias da Natureza define objetivos gerais para a
rea e objetivos especficos para cada uma de suas
disciplinas constituintes: Fsica, Qumica e Biologia.
As distintas formas so exemplos de organizao das
reas que podem ser adotadas no desenho curricular
de cada escola.
Os objetivos de aprendizagem das reas e os
projetos desenvolvidos no Ncleo sero as referncias
para a definio das atividades de aprendizagem a
serem propostas pelas reas. Dos objetivos das reas
derivam as questes, problemas ou variveis para o
diagnstico a ser realizado no Ncleo. Alm desses
mecanismos de articulao, a operao do Ncleo
pelos professores das reas induzir a maior integrao
entre projetos do Ncleo e atividades de aprendizagem
das reas. O envolvimento dos estudantes com os
projetos do Ncleo certamente tambm os levar a
ampliar demandas por orientao e por conhecimentos
das reas, que os subsidiaro para melhor eficcia de
suas atividades de diagnstico ou de transformao.
Esse movimento de dupla mo ser o principal fator
de integrao do conjunto das atividades de apren-
dizagem, evitando os efeitos negativos da frag-
mentao disciplinar do currculo, sem perder a contri-
buio educativa do conhecimento especializado.
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9. A incluso da Matemtica como rea de conhecimento procurou seguir uma tendncia normativa indicada pela matriz de competnciasdo novo Enem e pelo Ensino Mdio Inovador (Parecer CNE/CEB 11/2009).
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IV. 3 As dimenses articuladoras: trabalho,
cultura, cincia e tecnologia (TCCT)
As dimenses do trabalho, da cultura, da cincia
e da tecnologia so assumidas como categorias arti-
culadoras das atividades de diagnstico (pesquisa) e
das atividades de transformao (trabalho). No diag-
nstico, elas sero as categorias que organizaro
questes, problemas ou variveis de investigao
que se originam dos objetivos das reas e tm como
contexto o projeto anual do Ncleo. Nas atividades
de transformao, daro origem a grupos de trabalho
que sero responsveis por elas dentro dos projetos
do Ncleo.
Em sua acepo ontolgica, o trabalho princpio
educativo fundamental e estar presente em todas
as dimenses articuladoras. Especificamente como
dimenso articuladora, tambm ser considerado
em sua acepo econmica, nas formas que assume
nos distintos modos de produo. Abrange, ento, o
estudo da evoluo histrica das formas de relao
do homem com a natureza e das atuais alternativas
de organizao, diviso, relaes, condies e oportu-
nidades de trabalho. Assim entendido, o trabalho
orientar uma das vertentes do estudo, da pesquisa
ou das propostas de transformao na escola, na
moradia dos estudantes, na comunidade e na
sociedade em geral.
Como dimenso articuladora, a cultura ser
entendida como a articulao entre o processo de
socializao e o conjunto de representaes, alteraes
da natureza e comportamentos humanos, constituindo
a forma de ser e viver de uma populao. A cincia
ser considerada como o conjunto deliberadamente
produzido e sistematizado do conhecimento, tambm
obra de um fazer humano. A tecnologia ser vista
como uma mediao entre a cincia (ou conhecimento)
e a produo de bens e servios.
Nos projetos do Ncleo, as dimenses do trabalho,
da cultura, da cincia e da tecnologia so sempre
consideradas. Na presente proposta, questes, pro-
blemas ou variveis de investigao surgem das reas
de conhecimento, que segmentam o real e o saber
j construdo sobre ele. Estas questes so integradas
e sistematizadas, tendo como referncia as quatro
dimenses. Dividida entre as dimenses, a investigao
dar origem s aes transformadoras desenvolvidas
no Ncleo. As aes transformadoras vo requerer a
contribuio das reas para serem desenvolvidas e
para a posterior reflexo sobre seus resultados. Assim,
o olhar e o atuar mais especializados das reas sero
integrados pelos projetos e pelas dimenses do trabalho,
da cultura, da cincia e da tecnologia. A ilustrao a
seguir resume os mecanismos de integrao abordados
at aqui.
12
SRI
ED
ebat
es E
D
Cincias daNatureza
PesquisaTrabalho
NcleoLinguagens
CinciasHumanas
Matemtica
Projetos
Primeiro ano
Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem
Segundo ano
Ao Comunitria
Terceiro ano
Vida e Sociedade
HumanasCincias
ezaNaturCincias da
Ncleo
rabalhoTTrPesquisa
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o an
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Primeir no Segundo ano
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Matemtica
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Escola e
gem
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13
IV.4 Estrutura e organizao do currculo
O quadro a seguir sintetiza uma possvel estru-
tura curricular resultante da juno dos trs
primeiros mecanismos de integrao: o Ncleo,
as reas e as dimenses articuladoras. A durao
total do curso e sua diviso pelos componentes
curriculares so meramente exemplificativas e
ilustrativas.
O prottipo sugere uma forma de operao do
currculo. Ela envolve as aes abaixo:
Reviso anual do currculo e do projeto pedaggico:
anualmente, em perodo anterior ao incio das aulas,
haver reunio para a sistematizao dos dados de
avaliao do ano anterior e reviso da proposta
curricular e do projeto pedaggico da escola. Esta
ser uma tarefa da equipe escolar. Esta reviso dar
origem ao planejamento das reas, ao calendrio e
ao horrio escolar de cada srie.
Semana de integrao: envolve a recepo dos
estudantes e das suas famlias; a apresentao e a
discusso da proposta curricular; o estabelecimento
de um pacto de coparticipao entre professores,
estudantes e seus responsveis; a definio de regras
gerais de convivncia e de contrato de aprendizagem
por classe e turno.
Semanas de diagnstico (pesquisa): o diagnstico
poder ser feito em um nmero de semanas definido
no calendrio escolar. Este nmero poder variar
segundo o projeto previsto para o ano. O diagnstico
(pesquisa/estudo) ser a primeira etapa do projeto
anual e deve ser feito sobre o contexto (escola, comu-
nidade, sociedade) previsto para o ano. Ele deve ser
iniciado nas reas e realizado no Ncleo.
Semana de planejamento das atividades de inter-
veno: as atividades de interveno (trabalho) sero
previstas, tendo como referncia o diagnstico e os
objetivos de aprendizagem definidos para o Ncleo.
Esta ser uma atividade conjunta de professores e
estudantes. Para os estudantes, esta uma forma de
superao, dentro da vivncia escolar, da diviso entre
a concepo e a execuo do trabalho. No planeja-
mento, as atividades de interveno sero divididas
SRI
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ebat
es E
D
PROJETOS Durao
total
Primeiro ano
Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem
Segundo ano
Ao Comunitria
Terceiro ano
Vida e Sociedade
DIMENSES ARTICULADORASTRABALHO - CINCIA - CULTURA - TECNOLOGIA
Componentescurriculares
Ncleo de preparaobsica para o
trabalho e demaisprticas sociais
reas deconhecimento:
LinguagensMatemtica
Cincias HumanasCincias daNatureza
Durao total
200horas
600horas
800horas
200horas
600horas
800horas
200horas
600horas
800horas
600horas
1.800horas
2.400horas
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A
Segundo ano
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endizagemAprAmbientes de Moradia como
Escola e
ComunitriaAo
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horas800
horas800
horas2.400
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pelas dimenses articuladoras do trabalho, da cultura,
da cincia e da tecnologia.
Execuo do projeto do Ncleo e das atividades
de aprendizagem das reas: ao planejamento, sucede
a execuo das atividades de interveno previstas
para o Ncleo e das atividades de aprendizagem
previstas para as reas de conhecimento. Na execuo,
os alunos de um determinado ano do ensino mdio
sero divididos em grupos de trabalho, segundo as
dimenses articuladoras do trabalho, da cultura, da
cincia e da tecnologia, possibilitando variaes
curriculares que atendam aos interesses especficos
dos estudantes.
Semana de apresentao dos resultados dos
projetos: a semana pode assumir a forma de uma
feira de trabalho, cultura, cincia e tecnologia. Nela,
os resultados das atividades de diagnstico e inter-
veno (relacionadas s quatro dimenses) devem ser
integrados. A mostra pode reunir os estudantes dos
trs anos do ensino mdio para a exibio dos resul-
tados dos trs projetos anuais, eventualmente reunidos
e integrados pelas dimenses articuladoras (trabalho,
cultura, cincia e tecnologia). Isso possibilitaria, desde
o primeiro ano, uma aproximao sinttica entre o
todo (sociedade) e as partes (escola e comunidade).
Currculo varivel: cada estudante, em dia ou perodo
distinto do previsto para as atividades curriculares,
poder ampliar a carga horria de trabalho no grupo
escolhido (trabalho, cultura, cincia ou tecnologia)
ou participar de outros grupos, compondo um currculo
individual varivel, superior durao mnima estabe-
lecida pela escola. Essa possibilidade favorece tambm
os estudantes do perodo noturno, especialmente os
que no trabalham ou trabalham em tempo parcial.
Atividades de monitoria: para promover atividades
de nivelamento e de recuperao de estudos, um
processo de monitoria pode reunir os fazeres tradicio-
nalmente escolares do Ncleo. A monitoria poder
ser exercida pelos prprios estudantes do ensino
mdio ou por estagirios de cursos de licenciatura,
ajudando a formao de novos professores. Quando
realizada pelos prprios estudantes, a monitoria ser
exercida no contraturno e poder ser considerada
como atividade curricular e constituir o currculo
varivel antes referido.
IV.5 Metodologia de ensino e aprendizagem
Geralmente, as diferentes propostas de integrao
curricular interdisciplinaridade, contextualizao,
transversalidade ou outras esto imbricadas com
alternativas metodolgicas centradas na aprendizagem
e na ao do estudante, mas distintas da forma di-
dtica predominante no ensino brasileiro: a exposio
magistral. Existe uma ntima afinidade entre a diviso
disciplinar do currculo, a fragmentao curricular e
as aulas, estas quase sempre so entendidas como
um processo de transmisso (predominante oral) de
contedos curriculares do professor para o estudante,
do qual se espera um comportamento de ouvinte
atento e disciplinado. A necessidade de superar esta
postura metodolgica est presente em todas as
normas recentes.
Em consonncia com as normas, os prottipos
partem de uma opo metodolgica fundamental.
So valorizadas as formas didticas que privilegiam a
atividade do estudante no desenvolvimento de suas
capacidades e na construo do seu conhecimento.
Os projetos e as atividades de investigao, de inter-
veno ou de aprendizagem, com ampla participao
ou protagonismo dos estudantes, so destacados
como formas metodolgicas fundamentais para atingir
os objetivos curriculares previstos. Em contraposio,
a metodologia centrada na exposio do professor
e na transmisso de contedos ou conhecimentos
acabados e descontextualizados colocada em um
segundo plano.
Essa opo metodolgica parte de uma consta-
tao fundamental: no possvel a preparao para
a atuao no mundo do trabalho e para a prtica
social sem o envolvimento e a atuao do educando
em atividades de pesquisa, interveno ou aprendi-
zagem que requeiram as capacidades e os conheci-
mentos necessrios para tal atuao. A sequncia
metodolgica aogreflexogao fundamentalna preparao para o mundo do trabalho e a pr-
tica social. A atividade de aprendizagem deve permitir
o ensaio, a reflexo constante sobre a ao e a expe-
rimentao repetida.
Assumida essa opo metodolgica, a convencional
relao de contedos que constituem os currculos
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tradicionais ser substituda pela definio de atividades
de aprendizagem que os requeiram, tanto no Ncleo
quanto nas reas. No Ncleo, as atividades de inves-
tigao e transformao esto ainda referenciadas
s dimenses articuladoras. O quadro a seguir um
excerto dos exemplos de atividades de pesquisa e
transformao propostas para o Ncleo. Exemplifica
a possibilidade de construo de um currculo inte-
grado e em rede que tem como centro a atividade
e o protagonismo do estudante.
SRI
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es E
D
PROJETOS Primeiro ano
Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem
Dimensesarticuladoras
Trabalho
Cultura
Cincia
Levantar a ocupao dosfamiliares e dos estudantes e
caracterizar a diviso eorganizao do trabalho
que vivenciam.
Desenvolver atividades de manuteno e
preservao do patrimnio pblico (escola) e
individual (residncias).
Desenvolver programade preveno do uso
de drogas e deDST/AIDS (escola e
famlias).
Segundo ano
Ao Comunitria
Levantar as caractersticase formas de organizao,relaes e condies detrabalho exixtentes na
comunidade.
Realizar uma feira de artes ede manifestaes culturais
e esportivas da comunidade.
Desenvolver atividades depreveno ambiental na
comunidade.
Terceiro ano
Vida e Sociedade
Fazer a anlise comparada de formas de organizao,
relaes e condies detrabalho em diferentes
pases.
Criar ou participarem programas de arte
e cultura emcomunidades virtuais
nacionais e internacionais.
Criar ou participarem programas ou
comunidades virtuais deiniciao cientfica.
TecnologiaPromover o aumento
da eficincia energtica(escola e residncias).
Criar um blog e umacomunidade de
aprendizagem local.
Criar programas juvenis de desenvolvimento
tecnolgico ouparticipar deles.
Exemplos de atividades de pesquisa e transformao propostas para o Ncleo
TPROJE
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de desenvolvogramaCriar pr
deles.co ouvimentoas juvenis
Na dimenso trabalho, foram listadas apenas
atividades de investigao e, nas demais dimenses,
atividades de interveno/transformao. O prottipo
fornece exemplos nos dois campos apenas como
forma de estimular as escolas a criarem suas prprias
atividades de pesquisa e interveno, ajustadas aos
objetivos do Ncleo.
O quadro a seguir apresenta excerto dos exemplos
de objetivos e atividades de aprendizagem propostos
pelas reas.
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IV.6 A avaliao como mecanismo deintegrao curricular
A avaliao educacional sugerida nos prottipos
combina processos internos, contnuos e articulados
com o projeto pedaggico de cada escola, com
processos externos que envolvem parmetros mais
amplos e indicadores nacionais ou internacionais e
coadjuvante na integrao curricular.
Algumas avaliaes externas j buscam incentivar
a integrao curricular. Exemplo dessa busca pode
ser visto na matriz de referncia para o novo Enem,
em que, de um pequeno conjunto de eixos cognitivos
comuns a todas as reas de conhecimento deriva
uma srie de competncias e de habilidades espe-
cficas de cada rea. No Enem, a avaliao externa
busca reforar e assegurar a integrao curricular
prevista nas Diretrizes Curriculares do Ensino Mdio.
O uso do Enem, como referncia para a definio
dos objetivos de aprendizagem dos prottipos,
procurou aproveitar este efeito de integrao.
Experincias recentes de ensino mdio integrado10
tm mostrado que a avaliao interna pode tambm
exercer um papel fundamental na integrao curricular.
Isso acontece quando ela realizada em funo de
objetivos de aprendizagem compartilhados e utiliza
instrumentos, procedimentos e critrios comuns a
todos os professores que exijam destes o consenso
nas decises de atribuies de valor (nota) ou de
progresso (passar de ano). Uma avaliao integrada
permite constatar as diferenas de critrios de avaliao,
obriga dilogo sobre o desempenho individual e
coletivo dos estudantes e aponta para necessidades
de aperfeioamento dos mecanismos de integrao
e dos procedimentos de avaliao.
Como atores fundamentais do processo de inte-
grao curricular, os estudantes precisam participar,
desde o incio das atividades escolares, da elaborao
de um projeto comum de avaliao. Por meio de
critrios e indicadores negociados desde o incio
das atividades escolares, com base nos objetivos
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Projetos
Objetivos de aprendizagem
Primeiro ano
Escola e Moradia como Ambientes de
Aprendizagem
Segundo ano
Ao Comunitria
Terceiro ano
Vida e Sociedade
Exemplos de atividades propostas para as reas
Objetivo 24 de Linguagem Identificar os elementos que concorrem para a progresso
temtica e para a organizao e estruturao de textos de diferentes gneros e tipos.
Escreva uma crnica sobre um dia na sua escola, optandopor uma progresso temticaorganizada com base no tempo: chegada, as primeiras aulas, o lanche, a ltima aula, sada...
Escreva uma crnica sobre sua cidade, organizando a
progresso temtica com base nos diferentes espaos:
as escolas, as ruas do comrcio, locais de lazer,
igrejas, bares, etc.
Escolha um editorial jornalstico e resuma em poucas palavras
cada um dos estgios da progresso das ideias. Transcreva
as palavras ou expresses que funcionam como marcas desse desenvolvimento.
Objetivo 12.1 de Matemtica Avaliar e fazer previses em
situaes prticas que utilizam Matemtica Financeira.
Dispondo do dinheiro para comprar a vista, verificar se
mais vantajoso comprar a prazo (e em quantas prestaes) e aplicar o dinheiro em algum
tipo de aplicao.
Levantar as taxas de juro de cheque especial praticadas pelos
bancos da regio e elaborar um painel contendo, para cada banco, o valor de uma dvida de R$1.000,00 aps um ano.
Fazer um levantamento dos diversos tipos de financiamento
de casas oferecidos pela rede bancria e avaliar qual o
mais vantajoso.
Objetivo 4.9 de Cincias da Natureza Interpretar modelos e experimentos para explicar fenmenos ou processos em
qualquer nvel de organizao dos sistemas biolgicos.
Desafiar grupos de colegas a apresentar modelo elementar
de difuso no espao e no tempo de um surto de gripe
numa escola.
Desenvolver hipteses e modelos elementares que
procurem explicar a difuso no espao e no tempo de um surto de gripe num bairro e
numa cidade.
Estudar modelos de reproduo de microorganismos associados
rapidez com que se podem propagar viroses e infeces
bacterianas.
Objetivo 30 de Cincias Humanas Identificar as principais causas, caractersticas e resultados dos
movimentos de migrao e imigrao responsveis pelos
processos de ocupao territorial.
Elaborar painis com informaes sobre a origem
geogrfica dos integrantes da escola, registrando dados
sobre as principais caractersticas e ocorrncias de sua integrao cultural.
Elaborar painis com informaessobre a origem geogrfica dos
moradores da comunidade ondeest inserida a escola, registrando
dados sobre as principais influncias recebidas e exercidas
em sua integrao cultural.
Produzir mapas temticos, registrando causas, caractersticas e resultados dos principais fluxos
populacionais no Brasil e no mundo, a partir do sculo XVI, responsveis pelo processo de ocupao de nosso territrio.
Projetos
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10. O projeto da UNESCO incluiu um levantamento de experincias nacionais e internacionais de integrao curricular.
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17
acordados, a autoavaliao da aprendizagem deve
ser tambm adotada como prtica avaliativa eman-
cipadora, combinada com avaliao pelos colegas
e pelos docentes. Alm de apoiar a integrao
curricular, esta combinao planejada de autoa-
valiao com avaliao pelos colegas e pelos docentes
amplia o potencial de desenvolvimento da autonomia
dos estudantes, um dos objetivos fundamentais da
educao em geral e do ensino mdio em especial.
A avaliao da aprendizagem dos e pelos estu-
dantes, a avaliao das atividades de ensino, a ava-
liao da realizao do projeto pedaggico e a parti-
cipao estudantil na avaliao sero umbilicalmente
integradas, para que se reforcem mutuamente num
crculo virtuoso de aprender e ensinar, na construo
de uma comunidade efetiva de trabalho e aprendi-
zagem. Uma avaliao deste tipo, acompanhando o
Ncleo integrador e influindo decisivamente na ava-
liao das reas e das disciplinas que as podem compor,
ser a alavanca na induo e na fixao das estratgias
de integrao curricular, alm de viabilizar o constante
aperfeioamento do projeto pedaggico da escola e
da qualidade educacional do ensino mdio realizado.
V. Prottipo curricular de ensinomdio integrado (EMI)
Por lei, a educao profissional tcnica de nvel
mdio (educao profissional stricto sensu) uma alter-
nativa a ser oferecida somente se for acompanhada
da formao geral do educando ou posterior a ela.
Dentre as formas de oferta da educao profissional
tcnica, a forma integrada prevista como uma
alternativa concomitante e subsequente. Em seu
ltimo sentido e nas normas estabelecidas pela
legislao educacional, a integrao formalmente
caracterizada por uma matrcula nica no ensino
mdio e na habilitao profissional. Para alm do
formal, como afirma o Parecer CNE/CEB N 39/2004,
importante deixar claro que, na adoo da forma
integrada, o estabelecimento de ensino no estar
ofertando dois cursos sua clientela. Trata-se de um
nico curso, com projeto pedaggico nico, com
proposta curricular nica e com matrcula nica.
Com essa perspectiva, o estudo da UNESCO pro-
duziu tambm um prottipo de currculo de EMI
educao profissional. O prottipo de EMI utiliza
como exemplo a habilitao de tcnico em Agroe-
cologia. Simula uma durao de 3.200 horas, com
quatro anos letivos e 800 horas anuais, atendendo
aos requisitos mnimos definidos pelas normas espe-
cficas. Por meio destas opes, as escolas ou os sis-
temas de ensino podem fazer adaptaes, adotando
duraes alternativas.
Esse prottipo mantm os mesmos objetivos
relacionados formao integral dos estudantes,
garantindo o cumprimento do estabelecido pela
legislao. Porm, eles so ampliados, na medida em
que a educao profissional tambm contribui no
desenvolvimento global do ser humano. Como no
prottipo de EM, o prottipo de EMI toma o trabalho
e a pesquisa como princpios educativos. Prope os
mesmos mecanismos de integrao: o ncleo arti-
culador; as reas de conhecimento; as dimenses
articuladoras; a estruturao e a organizao do
currculo; a metodologia; e a avaliao. Assim como
os objetivos de aprendizagem, alguns destes meca-
nismos de integrao so ampliados e ganham
variaes, especialmente no Ncleo.
V.1 Ncleo de preparao para o trabalho
e demais prticas sociais
O prottipo para o EMI tambm prope um
ncleo articulador. Na sua denominao, quando
comparado com o prottipo curricular de EM, a
preparao para o trabalho perde a qualificao de
bsica. Agora, denomina-se Ncleo de Preparao
para o Trabalho e demais Prticas Sociais. Dessa
forma, adiciona objetivos de aprendizagem desti-
nados educao profissional de nvel tcnico aos
de preparao bsica para o trabalho. Assim, em
relao educao profissional e no Ncleo, o pro-
ttipo de EMI envolve os seguintes objetivos:
I os objetivos de aprendizagem de conheci-
mentos, capacidades, atitudes e valores relacionados
educao para o mundo do trabalho e para a
prtica social, necessrios formao e ao desenvol-
vimento profissional do cidado. Tais objetivos so
equivalentes aos do prottipo de EM de formao
geral e so perseguidos durante todos os anos de
durao do EMI, em termos de preparao bsica
para o trabalho e para a vida em sociedade;
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II os objetivos de aprendizagem para o domnio
de tecnologias comuns aos tcnicos de nvel mdio,
no mbito dos diferentes eixos tecnolgicos, e sinto-
nizadas com o respectivo setor produtivo da habilitao
tcnica, incluindo os fundamentos cientficos, sociais,
organizacionais, econmicos, estticos e ticos que
informam e aliceram estas tecnologias. Tais tecnologias
constam do Catlogo Nacional de Cursos Tcnicos,
complementadas por indicaes de levantamentos
setoriais e ocupacionais. Especialmente em relao
ao domnio das tecnologias prprias do eixo tecnol-
gico, a busca destes objetivos de aprendizagem ser
concentrada no terceiro ano do EMI, que privilegia a
formao tecnolgica;
III os objetivos de aprendizagem necessrios
ao domnio de conhecimentos, habilidades, atitudes
e valores necessrios ao exerccio especfico de cada
habilitao profissional de tcnico de nvel mdio.
Estes objetivos tm como referncia o perfil profissional
do tcnico de nvel mdio. O perfil profissional defi-
nido por meio daquele previsto no Catlogo Nacional
dos Cursos Tcnicos, suplementado por estudos e
pesquisas complementares. No quarto ano letivo,
que privilegia a formao tcnica especfica, existe
uma nfase na busca destes objetivos.
Assim, a educao profissional concentra-se no
Ncleo e est basicamente distribuda do geral para
o particular pelos diferentes anos letivos. Ao concentrar
os objetivos de aprendizagem mais diretamente
relacionados educao profissional no Ncleo, o
prottipo de EMI reafirma o trabalho e a pesquisa como
princpios educativos e d centralidade educao
profissional no processo de integrao curricular.
Como no prottipo de EM, o Ncleo ocupar,
pelo menos, 25% das horas do tempo previsto para
os dois primeiros anos letivos. Assim como no de
EM, ele ser operado por todos os professores das
reas de conhecimento e por todos os estudantes
matriculados no primeiro ou no segundo ano. Em
todos os anos letivos, alunos e professores contaro
com o apoio de um coordenador de curso (no caso
do exemplo utilizado, um especialista em Agroeco-
logia). No terceiro e quarto anos, o Ncleo ocupar
50% do currculo. Nas mnimas 800 horas anuais,
ter 400 horas de durao. Nestes anos, professores
de educao geral e de educao profissional faro,
em parceria, a mediao de projetos e oficinas do
Ncleo.
Tal como no de EM, o prottipo de EMI no Ncleo
prev a ampliao gradativa do espao e da comple-
xidade das alternativas de diagnstico (pesquisa) e
de intervenes transformadoras (trabalho). Tambm,
o Ncleo do EMI desenvolvido por meio de pro-
jetos, mas estes so ampliados no processo de inte-
grao com a educao profissional.
O projeto do primeiro ano do EM Escola e Mo-
radia como Ambientes de Aprendizagem foi mantido
no EMI. As atividades podem variar para serem mais
contextualizadas habilitao profissional pretendida.
No caso do tcnico em Agroecologia, por exemplo,
os estudos e as atividades em relao moradia
podem ser ampliados para a propriedade rural,
quando os alunos morarem no campo.
O projeto do segundo ano Projeto de Ao
Comunitria tambm foi mantido. Similarmente,
ao praticado com a moradia, a comunidade pode
ser abordada com olhar mais orientado pela formao
tcnica visada. No caso do tcnico em Agroecologia,
por exemplo, a zona rural do municpio e a agroin-
dstria local podem ser alvo de pesquisas ou de ati-
vidades de transformao.
O projeto do terceiro ano do EM Projeto de
Vida e Sociedade tambm mantido no EMI, mas
sofre transformaes. Agora ele desenvolvido no
terceiro e no quarto ano letivo. Isto permite que a
elaborao do projeto acompanhe e se apoie no
conhecimento da habilitao profissional escolhida.
Complementarmente, as propostas de engajamento
em aes de desenvolvimento social podem ser
propostas por intermdio do engajamento profissional.
Os horizontes a considerar continuam sendo os de
curto, mdio ou longo prazo.
Conjuntamente e com variadas possibilidades
de conexes com o Projeto de Vida e Sociedade, um
projeto relacionado ao eixo tecnolgico tambm
articula o currculo do terceiro ano do EMI. No caso
do tcnico de Agroecologia, este projeto foi denomi-
nado Tornar uma rea Produtiva de Forma Sustentvel.
Trata-se de planejamento, execuo e avaliao dos
resultados do aproveitamento sustentvel dos recursos
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naturais de um terreno experimental, envolvendo
basicamente atividades de agricultura e pecuria.
Tambm, conjuntamente com o Projeto de Vida e
Sociedade, outro projeto articula o desenvolvimento
da formao tcnica especfica no quarto ano. No
caso do tcnico em Agroecologia, o projeto denomi-
na-se Ao Agroecolgica Juvenil. Este projeto abrange
atividades de pesquisa e transformao que buscam
atender aos requisitos do desenvolvimento econmico,
social e cultural sustentvel e que podem ser feitas
em trs direes bsicas: das condies, das relaes
e da organizao do trabalho; da criao de alternativas
coletivas de gerao de trabalho e renda; e do empreen-
dedorismo juvenil. O projeto aprofunda a perspectiva
do protagonismo juvenil j presente no ensino mdio,
incluindo a atuao do jovem na transformao de
seu campo de trabalho concomitantemente ao seu
processo de formao profissional.
Se mudanas nos sistemas de ensino, de forma geral,
e na escola, em particular, so fundamentais para
efetivar uma aprendizagem de qualidade no ensino
mdio, nada mais prprio que engajar os jovens na
tarefa de repensar e transformar a sua organizao
de trabalho e seu currculo. Esta participao pode
ser preparatria para uma ao protagnica na comu-
nidade mais imediata, promovendo aes de desen-
volvimento local. Estes dois movimentos, j previstos
no prottipo de EM, podem ser ensaios para o enfren-
tamento do desafio maior de promover mudanas
no prprio campo profissional, ao mesmo tempo em
que perseguem os objetivos de aprendizagem rela-
cionados com sua formao tcnica especfica.
O Ncleo ainda inclui oficinas relacionadas
formao tecnolgica (terceiro ano) ou formao
tcnica (quarto ano) e aos projetos diretamente
relacionados com estas formaes. Articuladas
pelos projetos, as oficinas destinam-se ao domnio
de tecnologias especficas e introduo ou ao apro-
fundamento de conhecimentos, atitudes, habilidades
e valores que esto previstos nos objetivos de apren-
dizagem dos projetos.
V.2 As reas de conhecimento
O prottipo de EMI mantm as mesmas quatro
reas de conhecimento previstas para o ensino
mdio: (I) Linguagens, cdigos e suas tecnologias;
(II) Matemtica e suas tecnologias; (III) Cincias da
Natureza e suas tecnologias; (IV) Cincias Humanas e
suas tecnologias.
No EMI, as reas mantm os mesmos objetivos
de aprendizagem do ensino mdio, os quais cumprem
a mesma funo de integrao curricular. Como
no ensino mdio, cada rea tem uma organizao
diferente. Estruturalmente, a nica diferena reside
no fato de que a mesma durao e os mesmos obje-
tivos das reas se distribuem pelos quatros anos
letivos do EMI.
Como no prottipo de EM, os objetivos de apren-
dizagem das reas e os projetos desenvolvidos no
Ncleo sero as referncias para a definio das
atividades de aprendizagem a serem propostas pelas
reas. Em todos os anos letivos, como mais uma forma
de integrar e contextualizar as reas de conhecimento,
as atividades de aprendizagem podem ser relacionadas
com a formao tcnica especfica. O quadro a seguir
exemplifica esta possibilidade para o tcnico em
Agroecologia:S
RIE
Deb
ates
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importante observar, no entanto, que nem todas
as atividades de aprendizagem das reas esto
relacionadas com a formao tcnica especfica.
Esto previstas tambm atividades relacionadas
vida cotidiana, ao exerccio da cidadania e aos
objetivos de aprendizagem necessrios continui-
dade de estudos, evitando-se uma instrumentalizao
excessiva das reas.
Tendo em vista facilitar a integrao entre o ensino
mdio e o ensino mdio integrado, nos dois primeiros
anos letivos, os objetivos de aprendizagem do Ncleo
e das reas so os mesmos. Isto permite articular um
conjunto de habilitaes a um ciclo comum, possibi-
litando maior mobilidade entre elas e facilitando o
ajuste da oferta de ensino mdio s diferentes neces-
sidades da juventude e s flutuaes do mundo do
trabalho.
V.3 As dimenses articuladoras: trabalho,
cultura, cincia e tecnologia (TCCT)
No EMI, as dimenses do trabalho, da cultura, da
cincia e da tecnologia tambm so assumidas como
categorias articuladoras, pelo menos no que tange
preparao bsica para o trabalho e demais prticas
sociais, que se estende pelos quatro anos de durao
do segundo prottipo.
Em relao formao tcnica, no se prope
uma forma especfica de organizar, por meio das
dimenses articuladoras, as atividades de diagns-
tico (pesquisa) e as atividades de transformao dos
projetos do terceiro e do quarto anos. O diagnstico
previsto como parte dos projetos orientado pelos
objetivos de aprendizagem da formao tecnolgica
e da formao tcnica especfica.
V.4 Estrutura e organizao curricular do EMI
O prottipo de EMI tambm insere uma sntese
de estrutura curricular que pode ser usada como
ponto de partida para o debate da equipe escolar na
definio do currculo. A sntese de estrutura curricular
est apresentada no quadro a seguir. Novamente,
a durao dos componentes curriculares e a do curso
como um todo so meramente ilustrativas.
Como no prottipo de EM, os projetos do Ncleo
e as quatro dimenses so as colunas verticais da
rede curricular, em que as reas representam as linhas
horizontais. O quadro mostra que os dois primeiros
anos so similares aos do prottipo de EM. Como j
foi afirmado, isto favorece a integrao e a transio
entre o EM e o EMI. A durao em horas, os obje-
tivos de preparao bsica para o trabalho e demais
prticas sociais e os objetivos das reas so idnticos
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Objetivos da rea de Matemticae suas tecnologias
Projetos
Primeiro ano
Escola e Moradiacomo Ambientes de
Aprendizagem
Exemplos de atividades propostas para a rea de Matemtica
Segundo ano
AoComunitria
Terceiro ano
Vida e SociedadeTornar uma rea
Produtiva de FormaSustentvel
Quarto ano
Vida e Sociedade /Ao Agroecolgica
Juvenil
1 Expressar com clareza,
oralmente, por escrito e
utilizando diferentes
registros, questionamentos,
ideias, raciocnios,
argumentos e concluses
em situaes de resoluo
de problemas, debates
ou outras envolvendo
temas ou procedimentos
matemticos e estatsticos.
Elaborar um
manual simplifi-
cado com as
orientaes para
o uso de algum
insumo agrcola.
A partir de uma
matria de jornal
local sobre
agricultura, realizar
a interpretao de
informaes
quantitativas e de
grficos estatsticos
e comparar com as
concluses que
aparecem no texto.
Debater sobre a
adequao do(s)
grfico(s)
divulgado(s).
Elaborar um
painel comparativo
sobre os gastos
decorrentes da
utilizao de
energia solar,
eltrica ou outras
na produo
agrcola.
Fazer uma planilha
detalhada e com
as devidas justifica-
tivas a respeito dos
custos envolvidos
em uma horta, a
fim de que os itens
plantados possam
suprir a demanda
de uma dada
populao.
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aos do prottipo de EM. Variam as atividades do
Ncleo e das reas que, nos quatro anos, procuram
ser mais articuladas com a formao tcnica espe-
cfica, como foi demonstrado no quadro anterior.
Os dois primeiros anos tm como foco a preparao
bsica para o trabalho, que continuada por meio
do Projeto de Vida e Sociedade no terceiro e quarto
anos. Os projetos do terceiro e do quarto anos arti-
culam, ainda, respectivamente, a formao tecnolgica
e a formao tcnica.
O prottipo EMI sugere uma forma de operao
do currculo similar ao do EM, envolvendo a reviso
anual do currculo e do projeto pedaggico; a semana
de integrao; as semanas de diagnstico (pesquisa);
a semana de planejamento das atividades de inter-
veno; a execuo do projeto do Ncleo e das
atividades de aprendizagem das reas; e a semana
de apresentao dos resultados dos projetos. Prev
tambm a mesma possibilidade de um currculo
varivel e a incluso de atividades de monitoria.
V.5 Metodologia e avaliao
No prottipo de EMI, a metodologia e a avaliao
cumprem o mesmo papel que exerciam no primeiro
prottipo. Os projetos e as atividades de investigao,
de interveno ou de aprendizagem, com ampla
participao ou protagonismo dos estudantes, conti-
nuam a ser as formas metodolgicas predominantes
no desenho curricular. Novamente, a relao de
contedos (ementas dos currculos tradicionais)
substituda pela definio de atividades de aprendi-
zagem, tanto no Ncleo quanto nas reas.
Mantm-se, tambm, a mesma perspectiva de
avaliao. avaliao interna e externa prope-se o
mesmo papel na integrao curricular. No EMI, o perfil
profissional de concluso e os critrios de desem-
penho a ele associados fornecem um referencial comum
de avaliao a todos os professores envolvidos. Como
os alunos continuam sendo atores importantes do
processo de avaliao, o perfil profissional tambm
fundamental na negociao de critrios e indicadores
de avaliao com os estudantes. O perfil profissional
de concluso ainda referncia bsica no desenho e
na utilizao de procedimentos e instrumentos de
autoavaliao.
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PROJETOS Primeiro ano
Escola e Moradia como Ambientes de Aprendizagem
Segundo ano
Ao Comunitria
Terceiro ano
Vida e Sociedade
Tornar uma rea Produtiva
de Forma Sustentvel
DIMENSES ARTICULADORASTRABALHO - CINCIA - CULTURA - TECNOLOGIA
Componentescurriculares
Ncleo de preparaopara o trabalho
e demaisprticas sociais
reas deconhecimento:
LinguagensMatemtica
Cincias HumanasCincias daNatureza
Durao total
200horas
600horas
800horas
200horas
600horas
800horas
400horas
400horas
800horas
Quarto ano
Vida e Sociedade
AoAgroecolgica
Juvenil
400horas
400horas
800horas
Duraototal
1.200horas
2.000horas
3.200horas
TPROJE OST o anoPrimeir Se
gundo ano
idV
eTTe
S i d d
o anoceirer
V
id S i d dV
Quarto ano
curricuCompon
AAM
laresnentes
endizagemAprAmbientes deMoradia como
Escola eCo
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de FormPanrTo
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ma SustentvelodutivaPr
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e Sociedade V
JuveniloecolgicaAgr
oA
ida e SociedadeV
totalDurao
prticas se dem
para o traNcleo de pr
sociaismaisabalhoeparaor
horas200
TRABALHO - CIN
DIMENSE
horas200
TURA - TECNNCIA - CULLT
ES ARTICULADO
horas400
NOLOGIA
ORAS
horas400
horas1.200
prticas s
CinciaCincias H
MatemLinguag
conhecimeasr
sociais
as daumanasticagens
mento: de
horas600
horas600
horas400
horas400
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VI. Condies para a implantaoda proposta
As condies para o uso dos prottipos na orien-
tao dos desenhos curriculares das escolas no
diferem muito das condies previstas nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao Bsica (Reso-
luo CNE/CEB 04/2010). Parte delas diz respeito
formao continuada de educadores, e as outras
referem-se s condies mais gerais.
VI.1 Formao continuada dos educadores
A formao dos docentes e demais educadores
para a operao do currculo decorrente do prottipo
deve ocorrer antes e ao longo de sua implantao. A
escola dever garantir os espaos e as condies para
isso. As trs primeiras etapas adiante relacionadas devem
acontecer no semestre anterior ao incio da implantao.
Todas elas so, ao mesmo tempo, etapas de educao
continuada e de planejamento coletivo. prevista uma
estratgia desdobrada em seis iniciativas essenciais:
estudo, discusso e formulao de linhas e
propostas gerais de adaptao do prottipo
concepo pedaggica e situao concreta da
escola, da rede ou do sistema de ensino;
adaptao do prottipo ou reviso do projeto
pedaggico da escola. o momento em que,
decidido o uso da referncia curricular, so feitos
os necessrios ajustes no prottipo ou no projeto
pedaggico da escola;
estudo e domnio das estratgias metodolgicas
fundamentais para a operacionalizao do currculo
decorrente do prottipo. Este um momento
para formao sistemtica da equipe escolar para
uso das estratgias metodolgicas;
diagnstico e planejamento da implantao do
projeto do primeiro ano do ensino mdio (Projeto
Escola e Moradia como Ambientes de Aprendiza-
gem) e desenvolvimento dos projetos do Ncleo
nos demais anos. O estudo e o trabalho coletivo
necessrio ao desenvolvimento destes projetos
so educativos. A pesquisa e o trabalho tambm
so princpios educativos na formao continuada
dos educadores;
implantao do currculo decorrente do prottipo,
tomando-se a vivncia, as avaliaes e as refor-
mulaes peridicas como instrumentos para a
formao continuada em servio;
avaliao contnua em processo, com sntese
anual que orientar o planejamento do ano letivo
seguinte, alm de estudos mais aprofundados
sobre os modos de gesto escolar e a conduo
do projeto pedaggico que tenham sido indicados
pela experincia como estratgicos e necessrios.
Sntese das demais condies de uso dos prot-
tipos:
adeso voluntria da rede de ensino mdio, que
envolve o compromisso dos seus gestores com a
garantia de condies locais adequadas para as
escolas interessadas;
adeso voluntria da escola interessada no formato
curricular proposto: participao da escola por
escolha consensual de seus gestores, docentes e
equipe de apoio;
no EM, criao do Ncleo articulador, com pelo
menos 25% do tempo das aulas dos docentes
dedicados a ele; nova organizao do horrio de
aulas, do calendrio escolar e das formas de ava-
liao; novos enfoques metodolgicos. Alm disso,
no EMI, dupla docncia (um professor de formao
geral e um professor de educao profissional)
nas atividades do Ncleo relacionadas ao eixo
tecnolgico e habilitao profissional;
disposio do diretor ou dos gestores da escola
para formas participativas de gesto, com diviso
de responsabil idades e de autoridade com
professores e com estudantes;
participao efetiva dos estudantes na gesto do
Ncleo e no planejamento curricular;
docentes predominantemente em tempo integral,
concursados e devidamente contratados para
todas as reas de conhecimento, em quantidade
suficiente para atendimento a todos os estudantes;
infraestrutura adequada para funcionamento
do EM e do EMI, com salas de aula que permitam
atividades em grupos e laboratrios com o equipa-
mento mnimo recomendado, espaos escolares
e computadores com bom acesso internet.
No EMI, laboratrios de prticas prprios ou
conveniados;
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Situao atual
Educao Superior Mercado detrabalho
GSE TVET
PE
PE Educao primria GSE Educao secundria geral TVET Educao tcnico-profissional e treinamento
Educao bsica Educao bsica
Viso para o futuro
GSE TVETCompetncias
genricasessenciais
PE
Mercado detrabalho
Educao Superior
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pessoal de apoio em quantidade suficiente para
atender o total de estudantes matriculados;
disponibilidade para compartilhar a experincia
com outras escolas ou redes pblicas.
Para uso dos prottipos, fundamental o compro-
misso da Secretaria da Educao ou dos gestores
da escola em fornecer apoio tcnico e administrativo
e garantir as condies de uso do prottipo e a implan-
tao do currculo decorrente, mediante garantias
de permanncia das equipes locais, com dedicao
exclusiva ou pelo menos concentrada nas escolas
que usem o prottipo, para viabilizar sua concretizao
adequada.
VII. Concluso
Ceclia Braslavsky, ao falar sobre as experincias
de transformao do ensino mdio da Amrica Latina,
assim se reporta:
A educao secundria parece ser o nvel mais
difcil de se transformar no mundo inteiro. Prepa-
rada para receber jovens dos setores mdios e
altos, comeou, j h algumas dcadas, a rece-
ber jovens de todos os setores sociais. Por outro
lado, sua proposta cultural e pedaggica segue,
em importante medida, ancorada no sculo
XIX. O diagnstico claro. As alternativas esto
em construo.11
No documento Reforma da educao secundria:
rumo convergncia entre a aquisio de conheci-
mento e o desenvolvimento de habilidade, traduzido
e publicado pela Representao da UNESCO no Brasil
(j citado), h um quadro que sintetiza a percepo
das tendncias mundiais em relao s relaes entre
educao geral e educao profissional:
11 BRASLAVSKY, C. (Org.). Educao secundria: mudana ou imutabilidade? Braslia: UNESCO, 2002. Pargrafo final. Disponvel em:.
Os prottipos aqui apresentados so caminhos
alternativos e complementares para a construo
mencionada por Braslavsky. Juntos, os dois prottipos
correspondem exatamente viso de futuro repre-
sentada na figura anterior. Os prottipos de currculo
de EM e de EMI constituem mais uma contribuio
da Representao da UNESCO do Brasil na construo
do novo ensino mdio brasileiro.
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www.unesco.org.br/brasilia SAUS Quadra 5 - Bloco H - Lote 6Ed. CNPq/IBICT/UNESCO - 9 andar70070-912 - Braslia - DF - BrasilCaixa Postal 08559Tel.: + 55 (61) 2106 3511Fax: + 55 (61) 2106 3697
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